77 Gatos Japoneses

77 Gatos Japoneses

Retratos Ilustrados

AR TE FEL INA

Curadoria, organização, projeto gráco e diagramação: Claudio Hideki Kurahayashi Contato: [email protected] Edição: 1 Ano de Edição: Edição: 2017 Local de Edição: São Paulo, SP Páginas: 84 Referências das imagens: Wikimedia Commons, Shutterstock e ukiyo-e.org.

Felinos artistas

Este livro é uma forma de enaltecer a grandeza discreta, elegante e de singular independência destes animaizinhos tão especiais, que ajudam a transformar os nossos dias mais pesados em momentos de tranquilidade e de paz interior. Sim, somente quem tem gatos sabe o quanto a companhia deles é terapêutica. E eles sabem disso! Podemos ver nos gatos o mistério e o fascínio para a compreensão do mundo da introspecção que eles tão bem conhecem quando se enam em uma caixa de papelão. E poucas coisas fazem tanto sentido quanto o olhar reexivo deles quando observam o mundo através de uma janela, por exemplo. Que as gravuras carinhosamente selecionadas sejam um motivo para olharmos para os gatos como obras perfeitas da Natureza. Anal, poucos são os animais que têm uma representatividade tão diversicada no mundo das artes. Claudio Hideki Kurahayashi

“O menor dos felinos é uma obra de arte.” Leonardo da Vinci Vinci

N

o século VI d.C., monges budistas viajaram da China para o Japão e, em seu navio, trouxeram escrituras, desenhos e relíquias; itens que eles esperavam que os ajudaria a introduzir os ensinamentos do budismo à grande nação insular. Eles também tinham algo mais a bordo que deixaria uma impressão marcante - para proteger seus pertences, viajavam com gatos domesticados. Acreditavam que os bichanos poderiam trazer boa sorte e que seriam capazes de guardar os textos sagrados dos ratos famintos que tinham invadido a embarcação. Enquanto a inuência duradoura do budismo no Japão era certamente algo que os monges esperavam, é improvável que qualquer um deles pudesse ter imaginado quão grande a impressão que seus companheiros felinos fariam no país. Os primeiros gatos eram raros, eram mantidos apenas pela elite e cuidados com esmero. A arte do período mostra-os em coleiras e vivendo dentro de casa. Mas mesmo naquela época, os gatos poderiam ser celebridades. Um manuscrito da Era Heian (794 d.C. à 1185 d.C.) detalha os hábitos e a personalidade de um gato g ato preto dado como presente ao Imperador Imperador Uda. Na arte daquela época, os gatos gatos são mostrados vivendo de forma luxuosa, contrastando com a arte chinesa do mesmo período, que tendia a enfatizar sua habilidade natural para a caça. Mas os bons tempos não durariam. Eventualmente, gatinhos eram tirados de seu estilo de vida aristocrático para trabalharem nas ruas e nos campos. Em 1602, por exemplo, o governo decretou que todos os felinos deveriam ser libertados para caçar roedores que estavam arruinando a indústria da seda.

A vida à solta pode pode ter tido algumas desvantagens, mas tornou mais fácil para eles se reproduzirem. reproduzirem. E mais gatos signicava que mais pessoas poderiam conhecê-los e tornarem-se obcecadas por eles. E a obsessão levou-os à arte. Atualmente, os gatos podem ser encontrados em quase todos os lugares no Japão. De De cafés e santuários especiais até ilhas inteiras habitadas por eles. Não faz muito tempo, os proprietários de uma estação de trem caram tão enamorados de seu gato que o nomearam nomea ram chefe da estação. E há até mesmo um Dia dos Gatos (22 de fevereiro). É justo dizer, portanto, que a xação felina do país não tem limites. E, ainda assim, essa obsessão não é um fenômeno recente; ela pode ser encontrada em todos os aspectos da história do país e não demoramos muito para encontrar alguns exemplos realmente fascinantes.

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Talvez os mais interessantes ocorreram durante o Período Edo (1603-1868). Naquela época, o país estava testemunhando um enorme crescimento econômico. Sob o controle restrito do Shogunato Tokugawa, o país foi nalmente unicado. A agitação civil terminou e um período de paz sem precedentes emergiu, trazendo grande prosperidade e novos desenvolvimentos culturais e sociais. Surgiu uma nova classe mercantil rica, ávida para gastar seu dinheiro com teatro, literatura e arte. Um dos tipos mais populares de arte naquele tempo foi o Ukiyo-e, um gênero baseado em xilogravura e pintura que oresceu no século XVII e teve o seu apogeu no século XIX. Hoje estas xilogravuras encontram-se penduradas em museus e são consideradas obras de arte delicadas e preciosas, mas durante o Período Edo era cultura pop pura. Compradas pelos novos ricos, elas descreveram os prazeres hedonistas do país e celebraram a cultura popular da época. As pessoas decoravam suas casas com cenas de belas gueixas ou estrelas do teatro kabuki; colecionaram impressões de viagem, retratos de lutadores e até imagens eróticas. Para os ilustradores, quanto mais popular o assunto, maior a probabilidade de vender suas obras. O Japão tem adoração pelos gatos melhor do que qualquer país e eles têm feito isso por mais tempo também. Sim, antes da internet, antes da televisão, tele visão, antes da eletricidade e das máquinas a vapor, o Japão estava espalhando a adoração pelos felinos através do Ukiyo-e. Longe de ser ultrapassada, a arte felina centenária do Japão é ainda tão animada, divertida e sensível como foi quando na época em que foi impressa. Talvez mais ainda.

Este livro é muito mais sobre estes animais domésticos adoráveis. Foi criado como uma linda lembrança - perfeita para amantes de gatos - mas também para reetir a natureza multifacetada e enigmática destes felinos: brincalhões, autossucientes, acolhedores, combativos e protetores. Os temas apresentados aqui são gatos brincando com pessoas e entre e ntre si e gatos como pessoas. É a apresentação do compromisso de uma das formas de arte mais visualmente dinâmicas e culturalmente matizadas de qualquer época. As gravuras aqui reproduzidas reproduzidas abrangem o período que vai do século XVIII (quando surgem as primeiras xilogravuras coloridas), passando pela fase de ouro do Ukiyo-e (no século XIX) até a primeira metade do século XX, época em que esta arte ressurge com toques mais ocidentalizados e com a individualização criativa dos artistas. Portanto, esqueça o YouTube: os gatos tornaram-se virais em cópias de xilogravura japonesas há séculos. Venha descobrir os memes de gatos que você estava perdendo por trezentos anos.

“O gato abandonado” (1920)

Artista: Fujimori Fujimori Shizuo 6

“O gato” (1920)

Artista: Hasegawa Seicho Seicho 7

“O gato” (1930)

Artista: Inagaki Tomoo Tomoo 8

“Entediado” (1930)

Artista: Ishikawa Toraji 9

“O gato preto” (1934)

Artista: Ishikawa Toraji 10

“Gato dormindo” (1889)

Artista: Kawanabe Kyosai Kyosai 11

“O gato e o rato” (1930)

Artista: Kawanabe Kyosai Kyosai 12

“O gato e a lanterna” (1877)

Artista: Kobayashi Kyochika 13

“Gato preto à noite” (1930)

Artista: Koho Shoda Shoda 14

“Gato brincalhão” (1930)

Artista: Koho Shoda Shoda 15

“O gato preto” (1930)

Artista: Maeda Masao 16

“O bibliólo a a gateira” (1896)

Artista: Mishima Shoso Shoso 17

“Visitando o onsen” (1892)

Artista: Mizuno Toshitaka Toshitaka 18

“A dama e o gato na varanda” (1897)

Artista: Mizuno Toshitaka Toshitaka 19

“Gato pegando o rato” (1930)

Artista: Ohara Shoson 20

“O gato e os três peixinhos-dourados” (1931)

Artista: Ohara Shoson 21

“Dama brincando com um gato” (1715)

Artista: Okumura Masanobu Masanobu 22

“O gato brincalhão” (1766)

Artista: Suzuki Harunobu 23

“O gato e as borboletas” (1767)


“A Princesa Sannomiya e seu gato” (primeia versão, 1768) 25

Artista: Suzuki Harunobu

“A Princesa Sannomiya e seu gato” (segunda versão, 1769) 26


“Crianças com um gato” (1769)


“Osen brincando com um gato no colo de um visitante em sua casa de chá” (1770) 28


“Tama, o Gato” (1924)

Artista: Takahashi Hiroaki 29

“Gato com coleira de sininho” (1929)


“Gatos brincando” (1929)


“O gato e o tomateiro” (1931)


“Folhas outonais do bordo e o gato” (1911)

Artista: Takeuchi Keishu Keishu 33

“Brincando com um lhote de gato” (1912)

Artista: Takeuchi Keishu Keishu 34

“Desfrutando o dia” (1910)

Artista: Tomioka Eisen Eisen 35

“O peixeiro e a dama com o gato” (1910)

Artista: Tomioka Eisen Eisen 36

“Gueixa Inazuma, de Inagi-ro, com outra gueixa, de Naka-no-Cho” (1883) 37

Artista: Toyohara Chikanobu Chikanobu

“As ores de Saga e o misterioso gato do jardim interno” (1884) 38


“Cena de ‘O Conto de Genji: A Efêmera Flor da Lua’” (1885) 39


“Brincando com o gato” (1896)

Artista: Toyohara Chikanobu Chikanobu 40

“A dama e o gato” (1896)


“O gato e o espelho” (1901)


“Gato brincando com bandeirola” (1905)


“Gato brincando com uma borboleta de brinquedo” (1828) 44

Artista: Toyota Hokkei Hokkei

“Da série ‘Guerra entre Gatos e Ratos’” (primeira cena, 1859) 45

Artista: Tsukioka Yoshitoshi Yoshitoshi

“Da série ‘Guerra entre Gatos e Ratos’” (segunda cena, 1859) 46


“Da série ‘Guerra entre Gatos e Ratos’” (terceria cena, 1859) 47


“Imperatriz Jingu brincando com um gato” (1882) 48


“Provocando o gato” (1888)

Artista: Tsukioka Yoshitoshi Yoshitoshi 49

“Gatos se preparando para comer” (1844)

Artista: Utagawa Hiroshige Hiroshige 50

“Os arrozais de Asakusa e o Festival de Tori-no-machi” (1857) 51

Artista: Utagawa Hiroshige Hiroshige

“A dama e o gato” (1796)

Artista: Utagawa Kunimasa Kunimasa 52

“Dama de kimono listrado brincando com o gato” (1847) 53

Artista: Utagawa Kunisada Kunisada

“Flores de cerejeira na mansão de Genji Rokujo” (1854) 54



Artista: Utagawa Kunisada Kunisada 55

“A cortesã Koguruma, da série ‘Seleção das 36 Notáveis Cortesãs’” (1861) 56


“O ator Bandoh Mitsugoro, de ‘As Flores de Edo e a Vista do Famoso Palácio’” (1862) 57


Artista: Utagawa Kunitoshi Kunitoshi

“Spa de fonte termal para gatos” (1884)

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“Jogos dos gatos” (1884)

Artista: Utagawa Kunitoshi Kunitoshi 59


Artista: Utagawa Kuniyoshi Kuniyoshi 60

“Das 53 Estações da Estrada de Tokaido: Cena em Okazaki” (1835) 61

Artista: Utagawa Kuniyoshi Kuniyoshi

“Índice dos atores favoritos” (1840)


“A lha de Dainagon Yukinari” (1842)


“Gatos e Katsuo (Bonitos)” (1842)


“O poeta Saigyo Hoshi segurando um lhote de gato” (1842) 65


“Gatos como atores de teatro Kyogen” (1842)


“Crisântemos” (1842)


“Índice instrutivo de todos os tipos de provérbios” (1843) 68


“Dezesseis Considerações Maravilhosas do Lucro” (primeira versão, 1845) 69


“Dezesseis Considerações Maravilhosas do Lucro” (segunda versão, 1845) 70


“Capítulos nebulosos de ‘O Conto de Genji’” (1846) 71


“Dezesseis Mulheres Sennin Encantadoras” (1847) 72


“Besouros dourados” (1847)


“Verdadeiro e Falso: Os Dois Lados do Coração” (primeira versão, 1848) 74


“Verdadeiro e Falso: Os Dois Lados do Coração” (segunda versão, 1848) 75


“Mulheres Comparadas com os Sete Deuses da Boa Sorte” (1848) 76


“Mordida do gato” (1852)


“Depilando a nuca” (1852)


“Diversões após a primeira nevasca” (1852)


“Gravura da série ‘Desejos Auspiciosos na Terra e no Mar’” (1852) 80


“Gravura da série ‘Jogos Felinos Populares’” (1852) 81


“Brincandos com os gatos” (1854)


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