A Virtude No Pensamento de Santo Agostinho

A VIRTUDE NO PENSAMENTO DE SANTO AGOSTINHO

Evandro José Machado 1 José Carlos Hahn 2 Resumo:

Sendo o homem imagem e semelhança do Criador, ele é essencialmente bom e capaz de amar. Jnto com a bondade e a amabilidade, o homem também recebe a liberdade, o melhor, a capacidade de deliberaç!o. "ra, se o homem age de acordo com a sa natreza, ele est# agindo bem $virtde%. Se o homem n!o age de acordo com sa natreza, ele est# praticando o mal $pecado%. &odo homem deveria ser coerente com a sa pr'pria natreza e evitar o mal. (o entanto, o homem sente)se atra*do a praticar o mal e mitas vezes pratica)o. +ara e isso n!o aconteça e se mantenha reto na ordem de sa natreza, o homem age através da ascese e da graça, em conse-ncia, est# desempenhando ma aç!o virtosa. / virtde, para /gostinho, n!o é m 0im em si mesma. Ela é apenas m meio e condz o homem ao im. Palavras-chave:  /mor. Mal. irtde.

Cons!era"#es ncas

Santo /gostinho nasce em &agaste, (m*dia $30rica% no ano de 456. (o ano de 647, 0oi e8tirpado da vida terrena, com 0ama e aç!o de homem santo. Mas nem sempre sa condta 0oi 0oi dest destaa 0orm 0orma. a. Sant Santoo /g /gos osti tinh nhoo 0oi 0oi m gran grande de +adr +adre. e. oi oi m gran grande de 9isp 9ispoo e, imprescindivelmente, m grande crist!o. : dotor da ;gre para a concepç!o da época, m grande pecador. (arra a hist'ria?  “durante o dia passava entre os velhos e empoeirados livros das bibliotecas, à noite, porém, entre as pernas das mais belas meretrizes”.

+or +or méri mérito to de sa sa m!e, m!e, Sant Santoo M@ni M@nica ca,, seg segnd ndoo a trad tradiç iç!o !o,, conv convert erte e)s )see ao Catolicismo. +rosélito vi e mito havia 0eito a tal ponto de desmerecer a salvaç!o e vi e mito havia a 0azer para ganh#)la. Este 0ragmento er demonstrar o por do agir, do 0alar, do pensar de Santo /gostinho segir esta vereda m*stica e ascética, o se de m grande pecador, passo a ser m modelo de santidade.

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 /cadmico do crso de iloso0ia pela acldade +alotina ) /+/S. E)mail? machadinho2ABahoo.com.br   /cadmico do crso de iloso0ia pela acldade +alotina ) /+/S. E)mail? carllinhos127Bahoo.com.br 

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/gostinho é totalmente c@nscio e mito perde com sas atitdes passadas e mito h# de 0azer, através de sas açDes presentes e 0tras, para receber a graça da vida 9em) aventrada. o e8agero na lingagem F e0etivaç!o de açDes coerentes no cotidiano e ma 0orte dose de indissociabilidade entre &eologia e iloso0ia, bscaremos entender o pensamento deste s#bio acerca da virtde. / saber, a virtde n!o é o 0im, ela é apenas m dos meios e condz o homem a es.  A ascese como $ressu$os%o !o a&r vr%uoso

H# diversos gras de pri0icaç!o e per0eiç!o da alma o, simplesmente, 0ormas 4  para se chegar F virtde. Entretanto, apenas m nos interessa, a saber? a constante batalha e o homem realiza contra o mal. E, dependendo da ataç!o 6 do homem, ele poder# desencadear m agir reto, o virtoso $h#bito para o bem%. " ent!o, o homem poder# agir de 0orma err@nea, concretizando o v*cio $h#bito para o mal%. / obra agostiniana é mito di0*cil de ser manseada dentro de m campo estritamente 0ilos'0ico, pois, além de trazer esta dalidade ling-*stica entre a iloso0ia e a &eologia, /gostinho n!o 0oi nenhm poco sistem#tico em ses escritos. (o entanto, este n!o é m 0ator determinante para saber e /gostinho nnca escreve sobre a ascese. Mas, aler leitra atenta Fs obras agostinianas, nos aponta e, para haver o agir virtoso do homem, é  preciso e ha
 iversos s!o os caminhos e condzem o homem ao agir virtoso, entre eles, trs s!o os 0ndamentais? a lta contra o mal, 2. a ni0icaç!o interior e 4. a hmildade. +orém, como este trabalho é de car#ter 0ilos'0ico, trataremos apenas do primeiro gra por acreditarmos ser o e mais se identi0ica com o estilo deste trabalho. 6  Esta ataç!o ser# tratada no decorrer do presente escrito. Mesmo assim, podemos adiantar e a aç!o virtosa do homem corresponde F sa pr'pria natreza, portanto, o h#bito para o bem. 5  /gostinho nnca menciono propriamente o termo ascese, no entanto, a lta e o homem deve travar continamente contra as pai8Des e, por sa vez, levam)no a praticar o mal, é entendida como m ramo do e8erc*cio ascético. isto e, a 0inalidade da ascese n!o é otra sen!o, o e8erc*cio espirital de devoç!o e leva o homem F realizaç!o da virtde. entro da es0era do pensamento agostiniano, podemos nos pergntar? como chegar F aç!o virtosa se o homem é constantemente atra*do a 0azer o malK /ssim sendo, entendemos a antecedncia do e8erc*cio ascético sobre a aç!o virtosa, o se
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Nodrigo, 2774, p. 1OO%. Nelativo pore depende das diversas e di0erentes épocas e, acima de tdo, precisamos levar em conta e as pessoas s!o di0erentes mas das otras. +ortanto, n!o  podemos dizer e o homem da ;dade)média, via ascese corporal, se com a intervenç!o da graça. / graça, por sa vez, é m dom concedido por es a todos os homens e e tem por 0inalidade o a8*lio nesta ine8ar*vel lta contra as pai8Des da alma. /s pai8Des da alma di0icltam o agir virtoso do homem. i0icltam pore s!o totalmente birtasI, isto é, apontam sa atenç!o para antos ob pois, segidamente algo de novo se mostrar# a elas e as conistar#. esta 0orma, tornam)se sscet*veis F admiraç!o 0alha, visto e, o =nico Ser digno de admiraç!o é es. " apreço do homem n!o deve ser dividido com nenhma otra criatra, pois nos criastes para 's e o nosso coraç!o vive inieto, enanto n!o reposa em 'sI $/gostinho, 1POA, p. 7P%. O

 El predominio de la condcta racional  virtosa, la b=seda de la ni'n con n /bsolto, la conista de la libertad, el acceso a na sperconciencia de tipo m*stico... sin e, por otra parte, n aspecto e8cla al otro.

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" nosso ob
: mito di0*cil encontrar ma de0iniç!o s0icientemente satis0at'ria sobre a virtde nas obras de /gostinho. +or dois motivos? o primeiro diz respeito F n!o)sistematizaç!o de ses escritos. /gostinho trata de mitas coisas de 0orma disseminada, portanto, di0icltosa. " segndo elemento, versa sobre as in=meras consideraçDes e /gostinho 0az acerca da virtde ao longo de sas obras. Mitas s!o as de0iniçDes. Citaremos apenas algmas, tais como? virtde é ma boa alidade da mente mediante a al vivemos retamente, alidade da al ningém pode absar e e se prodz Fs vezes em n's sem nossa intervenç!oI $/gostinho apd Mora, 2771, p. 472O%. Qma otra de0iniç!o é a seginte? virtde é a boa alidade da alma, sa disposiç!o 0irme e s'lida da parte racional do homemI $/gostinho apd Mora, 1PA5, p. P11%. " esta? a virtde é m h#bito do bemI $/gostinho apd Mora, 1PA5, p. P11%.  (o entanto, dentre mitas dicas do e venha a ser a virtde agostiniana, h# ma e se torno célebre, e8atamente por e8pressar de 0orma incisiva e direta o pensamento do santo de Hipona, por isso, parece)me ser a seginte a de0iniç!o mais acertada e crta de virtde? / virtde é a ordem do amorI $/gostinho, 1PG1, p. 447%. / ordem do amor aborda sobre a pr'pria natreza hmana, a saber, todo o homem 0oi criado por amor e pelo /mor. / concls!o é 'bvia, todo homem possi participaç!o direta com o /mor. /gostinho, para chegar a in0erir esta resolç!o, vale)se do sistema aristotélico de lgar, a saber? os corpos o elementos natrais tm m lgar natral para o al se dirigem  por acordo pr'prioI $Mora, 2771, p.472O%. /n#logo a este sistema, imb*do no pensamento de /gostinho, diz)se e em cada alma h# m peso e arrasta constantemente, e a move continamente a bscar o lgar natral de se reposo? o amorI $Mora, 2771, p. 472O%. embremo)nos e o amor é algo inerente F natreza hmana, portanto, tendo em vista o sistema aristotélico de lgar $todos os corpos natrais se dirigem de 0orma natral a

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m ob este caminho é / ;9EN/E. / verdadeira liberdade s' est# em es e em assim pensa e age é m homem virtoso. +ortanto, Em concls!o, o reto erer é o amor bom e o perverso erer, o amor ma. E assim, o amor #vido de possir o ob a  posse e o des0rte de tal ob a 0ga ao e é adverso é o temor e sentir o adverso, se acontecer, é a tristeza. Semelhantes  pai8Des, por conseginte, s!o m#s, se ma o amor, e boas, se é bom. $/gostinho, 1PG1, p. 26P%. P

iz respeito Fs virtdes morais? temperança, 0ortaleza, <stiça e prdncia> bem como Fs virtdes teologais? 0é, esperança e caridade. / maior dela, porém, é a caridadeamor. 17  +odemos a0irmar, segramente, e ai est# o #pice da vida virtosa do homem enanto caminhada terrena. " homem deve 0azer de tdo para se manter virtoso neste meioI de sa vida, pore é e8atamente da* e resltar# a verdadeira vida virtosa> a ida 9em)/ventrada o, simplesmente, a Salvaç!o. isto e, na cidade dos homens, a vida virtosa do homem
G

(!o é e o amor o aler otro movimento se
" homem, por participar em essncia da verdadeira liberdade $es%, também é livre. " homem é livre para agir de acordo com a sa pr'pria natreza e é de ser bom $virtde% o dar otro rmo Fs sas açDes e n!o se
 embramos e o amor é a identidade do homem. : o elemento e o 0az participante do verdadeiro /mor, da verdadeira iberdade, do Ser /bsolto, da natreza ivina o, simplesmente, de es.

A

" amor, em instLncia algma, é mal. / natreza do amor é essencialmente boa, pois, ele é proveniente de es e, por este motivo, o homem também é essencialmente bom. E, de 0orma algma, podemos dizer e o mal est# nos ob a troca daele e tem mais ser $es% por aeles e tm menos ser $criatras%. /ssim sendo, o ma so do grande presente e es de ao homem, a liberdade, ocasionar# no ato)a0astamento em relaç!o ao Criador. /o passo e, o homem e age em consonLncia F sa natreza, cada vez mais se apro8imar# do Criador. / lta e o homem decidido a apro8imar)se do Criador desenvolve é angstiante. " homem se sente angstiado por casa do consectivo inc@modo provocado pelas pai8Des em se *ntimo. a mesma 0orma, é m processo cont*no e longo. +ois, enanto o homem ser  provido dm corpo material, haver# de labtar contra ailo e visa a0ast#)lo do reto caminho, o caminho e condz a es> a ordem do amor, a virtde. A lu%a con%ra o mal moral: camnho !e $ur.ca"+o e $er.e"+o !a alma 'ue con!u( o homem / vr%u!e

 (o linear do presente escrito, mencionamos e h# diversos gras e condzem o homem F virtde. " nosso intito, a partir de agora, é 0azer ma abordagem concisa em

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 &odo o elemento e 0oi criado por es é bom. : bom pelo simples 0ato de e8istir $ser%.  / possibilidade de haver dois princ*pios, como entendiam os manies, no interior do homem é descartada. " =nico elemento e h# no interior do homem e, sempre em ato, é o bem. (o entanto, pelo 0ato do homem ser  provido de pai8Des, ele possi a possibilidade de praticar o mal. Mas n!o e este se
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apenas m gra. "ptamos por este esse gra de pri0icaç!o e per0eiç!o da alma por acreditarmos ser o mais compat*vel com o estilo deste trabalho de cnho 0ilos'0ico. embramos e este gra de pri0icaç!o e per0eiç!o da alma é e0etivado em parceria entre es $graça% e o homem $ascese% e e a =nica 0inalidade é 0azer com e o homem leve ma vida reta $virtosa% a tal ponto de chegar F +#tria Celeste. &odo o mal moral é classi0icado como pecado pore diz respeito F aç!o. /gostinho assim de0ine o mal moral? 0actm vel dictm vel concpitm aliid contra aeternam legemI16 $apd alindo, 2774, p. 1OP%. +ara época de /gostinho, ma e8*mia de0iniç!o. Mas como empregar tal de0iniç!o na atalidade, sendo e, tdo o e o homem vir a 0azer $0eito, dito o dese
/ &radiç!o 9*blica considera a criaç!o como m grande gesto de amor. " homem 0oi criado por amor, pelo /mor e, especialmente, para o /mor. +ortanto, o homem é 16

 Calier hecho, o dicho, o deseo contra la le eterna.  ...podr*a ser m#s aceptable teniendo en centa las orientaciones de la ética  de la moral actales. 1G  El mal moral o pecado se podr*a de0inir, seg=n eso, como aversio a eo et conversio ad creatras. 15

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essencialmente participante deste /mor e a sa grande e =nica 0inalidade é a propagaç!o deste amor. " amor e o Criador tem por sas criatras é ine8ar*vel. / prova concreta desta 0onte inesgot#vel de caridade mani0esto)se na 0orma com e o Criador crio as sas criatras, a saber, o mais pr'8imo poss*vel de Sa ;magem e Semelhança. &ornando)as, assim, peenas e8tensDes de sa grande e magnLnima natreza ivina. +elo 0ato do homem ser militante da natreza ivina, ele é provido de in=meras alidades predicadas F natreza de es. E é nisto e se baseia a grande preocpaç!o de /gostinho, o se
/"S&;(H", Santo. As con.ss#es. &rad. de Tngelo Nicci. 6 ed. S!o +alo? Editora (ova Cltra tda, 1POA.  UUUUUUU . O 2vre-Ar)3%ro . &rad. de ;r. (air de /ssis "liveira. S!o +alo? +als, 1PP5.

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 UUUUUUUUUUU .   A C!a!e !e Deus. &rad. de "scar +aes eme. S!o +alo? Editora das /méricas, 1PG1. v. 1, 2 e 4. 9V9;/, Evangelho segndo Mates. +ortgs. Ave-Mara . S!o +alo? /ve)Maria, 2777. /;(", Nodrigo, José /ntonio. a ascesis cristiana en la espiritalidade de San /gst*n. TEO2OGIA ESPIRITUA2. alencia? acltad de &eologia. S!o icente errer, v. 6A, n.

167, p. 1OA)222, 2774. M"N/, errater J.  Dcon1ro !e 4loso.a . &omo ; $R)W%. EdiçDes oola, S!o +alo, 2771, ;N&QE, +. 472O. ;N&QE. ;n? ENN/&EN M"N/, J.   Dcconaro !e .loso.a . 9enos /ires? Editora Sdamericana, 1PA5. v. ;;. $)W%. p. P11.