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AFIS
AFIS – SISTEMAS AUTOMÁTICOS AUTOMÁTICO S DE DE IMPRESSÕES IMP RESSÕES DIGITAIS DI GITAIS
CLEMIL JOSÉ JOSÉ DE ARAÚJO BRASÍLIA – DF 2.000
ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO * 2. A PROBLEMÁTICA DO ARQUIVO DATILOSCÓPICO MANUAL. file:///C:/Users/Denimar/Desktop/afis.html
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3. HISTÓRICO DO AFIS * 4. COMO FUNCIONA UM AFIS?
*
I. PROCESSAM ENTO DA IMA GEM: *
II. PROCESSAMENTO DE BUSCA * III. VERIFICAÇÃO : *
5. AFIS NO BRASIL:
*
6. CONCLUSÃO: * 7. BIBLIOGRAFIA *
1.
INTRODUÇÃO
Estamos em final de século. Uma fase marcada pelas descobertas científicas e pelo desenvolvimento tecnológico que estão mudando o mundo numa velocidade que não conseguimos acompanhar. Entretanto nas polícias as mudanças não se operam de forma tão rápida assim. Não obstante reconhecer os méritos da prudência da polícia judiciária de não se deixar levar pela euforia da procura da novidade como um fim em si mesmo em detrimento de sua função principal - promover a justiça em bases seguras e consistentes, por outro lado não devemos ficar a margem do processo de modernização, pois trata-se de questão de sobrevivência da própria instituição. Se a polícia não se moderniza, o crime sim. Portanto, é preciso encontrarmos um meio termo para conciliarmos justiça e eficiência. Os Papiloscopistas Policiais Federais, são agentes técnicos da polícia judiciária dedicados à área da identificação. A identificação para a polícia significa dispor de meios que com exatidão, e sem a menor margem de dúvida, possa dizer que aquele que cometeu o crime é o mesmo que está sendo julgado. A identificação é que determina as características do réu, de forma que este não possa ser confundido com outrem, procedimento que sem o qual cairia por terra a aplicação do conceito clássico de justiça – dar a cada um o que lhe corresponde em conformidade com a sua natureza e os seus atos. A identificação criminal para atingir os seus objetivos, têm-se utilizado da ciência Papiloscópica, e em particular a um de seus ramos, Datiloscopia, considerada como a forma mais exata de identificação técnica do ser humano. Para aqueles que são ávidos pela novidade e pensam que a Papiloscopia é coisa do passado, que está totalmente superada por outras formas de identificação aconselho um pouco mais de cautela, e que se informe melhor. file:///C:/Users/Denimar/Desktop/afis.html
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Não obstante sabermos que existem outras partes do corpo que podem ser objetos de identificação das pessoas, os países mais avançados tecnologicamente concluíram que o sistema datiloscópico, em relação à aplicação criminal, é ainda o mais vantajoso por ser de mais fácil execução, o de maior simplicidade e principalmente pelo fato das impressões papilares serem deixadas em locais de delito, o que permite a identificação precisa do anônimo infrator. Mas é preciso modernizar a forma de emprego das impressões digitais. Sabe-se que os sistemas de classificação tradicionais Henry e Vucetich, por serem realizados manualmente, não permitem uma identificação sem margem de erro. Ao contrário observa-se que a medida que o arquivo se expande a alguns milhões as consultas tornam-se muito exaustivas para os técnicos, expondo-os a falhas. Além disso o arquivo deixa de ser operacional devido ao longo tempo de resposta das buscas que neles são feitas. A solução encontrada foi aliar a datiloscopia aos recursos da informática. Surgiram então os AFIS – " Automatic Fingerprint Identification Sistem" , ou seja, Sistemas Automáticos de Impressões Digitais. As pesquisas iniciaram na década de 60 nos Estados Unidos, espalhou-se rapidamente pelo mundo inteiro e hoje não mais se questiona a viabilidade técnica das impressões digitais no sistema de identificação datiloscópico e nem da viabilidade econômica de um AFIS. A Agência de Polícia Internacional - INTERPOL - está realizando encontros com objetivo de uniformizar os meios de comunicação entre os AFIS dos países membros. O Brasil sediou o último encontro, no mês de novembro deste ano. É notória a preocupação da INTERPOL em que o Brasil se modernize e que passe a fazer parte do grupo dos países que possuam o AFIS. Ainda não chegamos lá, infelizmente. Porém as perspectivas nunca foram tão concretas como agora, com a implantação do PROMOTEC - Projeto de Modernização Técnica da Polícia Federal, a começar no ano de 2001. Acredito que nos próximos anos estaremos ingressando numa nova era da identificação, no Departamento de Polícia Federal. Diante dessa perspectiva pretendo que este trabalho venha servir de alguma ajuda no sentido de que possamos melhor entender essa nova realidade dos sistemas automáticos de impressões digitais. O trabalho fará uma análise dos problemas que envolvem arquivamento e pesquisa manual de impressões digitais, fará uma investigação do histórico do AFIS. Serão analisados os principais itens que o compõe um sistema AFIS. E finalmente analisará a situação atual do AFIS no Brasil.
2.
A PROBLEMÁTICA DO ARQUIVO DATILOSCÓPICO
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MANUAL. Praticamente todos os métodos de classificação datiloscópico hoje existes originaram-se do método Vucetich, – argentino, ou Henry - Inglês. Os que deles não se originaram pelo menos foram por eles influenciados. Podemos dizer que todos o métodos de classificação datiloscópicos são délticos. Isto significa que os desenhos classificam-se quanto a presença, quantidade e localização dos deltas.
VUCETICH
HENRY
OLORIZ
(1893)
(1897)
(1908)
Arco
A
Arch
A
Adelto
A
Presilha interna
I
Left Loop
L
Dextrodelto
D
Presilha Externa
E
Right Loop
R
Sinistrodelto
S
Verticilo
V
whorl
W
bidelto
B
Tabela 1: Comparação dos tipos fundamentais entre os métodos de Vucetich, Henry e Oloriz. Este último, espanhol, originou-se daqueles.
O sistema datiloscópico, logo após o seu surgimento, causou grande entusiasmo ao setor de polícia científica. O sistema era considerado praticamente perfeito. Era simples e de fácil manutenção e permitia a pesquisa de impressões papilares em locais de crime. Apresentava uma ampla possibilidade de combinações o que levou a idealização da identificação de toda a população civil, originando as nossas carteiras de identidade – um antigo sonho de Vucetich. file:///C:/Users/Denimar/Desktop/afis.html
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Quando os arquivos começaram a ficar abarrotados com alguns milhões de fichas, começaram a surgir alguns efeitos colaterais, antes imperceptíveis. Se combinados os 4 tipos fundamentais (arco, presilha interna, presilha externa e verticilo) nos dez dedos das mãos estaríamos diante de um simples problema de análise combinatória que resultaria em 1.048.576 combinações possíveis (410). Esta cifra de possibilidade de combinações demonstra que poderíamos organizar enormes arquivos com milhões de individuais datiloscópicas. Porém é justamente neste ponto que começam os problemas. Na prática verifica-se que algumas combinações incidem muito mais enquanto outras nem sequer existem. As combinações mais freqüentes começaram a crescer em evidente desproporção. Este problema é um velho conhecido de qualquer especialista em impressões digitais. Uma investigação deste fato nos remete a algumas constatações muito interessantes. 1 – OBSERVAÇÕES DO COMPORTAMENTO DAS LINHAS PAPILARES NAS PALMAS DAS MÃOS E DEDOS. As linhas tanto digitais como palmares tendem a acompanhar o sentido das dobras principais de nossas palmas (transversal distal, transversal proximal e radial longitudinal). Elas são descendentes no sentido do dedo polegar para o mínimo; ou seja, alinham-se para a esquerda, no caso da mão direita, e para a direita, no caso da mão esquerda. Vide figura 1.
Figura 1: Mostra a inclinação natural das linhas nas palmas das mãos e dos dedos.
2 – A SIMETRIA BILATERAL DAS MÃOS: Um fenômeno curioso é o da simetria bilateral, no qual os desenhos digitais e palmares de uma mão tendem a se repetir na outra, como o efeito de um espelho. Por isso, nas impressões das mãos direita e esquerda as posições dos deltas e o fluxo das linhas aparecem invertidas. Uma presilha interna de um dedo tenderá a corresponder a uma presilha externa, no dedo correspondente da outra mão. file:///C:/Users/Denimar/Desktop/afis.html
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A simetria entretanto não é uniforme entre os dedos. Alguns tipos fundamentais são mais sensíveis à simetria que outros (presilha, verticilo e arco, nesta ordem).
3 – O COMPORTAMENTOS DOS TIPOS FUNDAMENTAIS Determinados tipos fundamentais são mais freqüentes que outros. Existem algumas combinações de tipos que são pouco freqüentes, enquanto outros são freqüentes demais. Alguns tipos fundamentais tem preferência por determinados dedos, quase não aparecendo em outros. 4 – O PERFIL DOS TIPOS FUNDAMENTAIS Nos levantamentos que realizei nos arquivos datiloscópicos do Instituto Nacional de Identificação, no ano de 1987, quando este contava com cerca de 900 mil individuais datiloscópicas pude observar que: As PRESILHAS INTERNAS E EXTERNAS são mais numerosas que os outros tipos, somam 65%, entretanto as presilhas externas tendem a incidir somente na mão direita e as internas na mão esquerda, com exceção dos dedos indicares. As presilhas têm preferência de ocorrer nos dedos mínimos e médios e raramente aparecem em outros dedos sem estar combinados com estes dedos. O efeito da simetria bilateral mais sensível nos dedos mínimos; Os VERTICILOS são menos numerosos do que as presilhas – 35% do arquivo. Estes, porém apresentam boa variabilidade, distribuindo-se igualmente na mão direita e esquerda. Por isso é responsável pela maior variedade de fórmulas datiloscópicas. Sua aparição tem preferência pelos dedos polegar, indicador e anular. O efeito de simetria bilateral é mais sensível nos dedos polegares. Os ARCOS são poucos freqüentes – 5% do arquivo. Incidem mais nos dedos indicadores e, em menor quantidade, nos polegares. O efeito da simetria bilateral dos arcos é fraco, mais fraco que nos outros tipos. E Combina mais freqüentemente com as presilhas do que com verticilos. A observação destes fenômenos é muito útil na perícia papiloscópica para a determinação de mãos e dedos. Porém torna-se indesejável no caso do arquivamento datiloscópico, pois é preciso que os tipos se distribuam de forma eqüitativa nos dedos de ambas as mãos, a fim de que se possa esgotar todas as possibilidades de combinações. Mas não é o que se verifica. Estes fatores reduzem sensivelmente o número de fórmulas disponíveis, tornando a disposição das individuais de forma irregular. Algumas fórmulas muito volumosas file:///C:/Users/Denimar/Desktop/afis.html
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tornam a pesquisa datiloscópica muito cansativa e por isso suscetível de erros. Para fazer frente a esta dificuldade a saída da maioria dos órgãos técnicos de identificação optam pelos desdobramentos das fórmulas primárias, ou seja, criam subdivisões nos arquivos. O próprio Vucetich chegou mencionar essa possibilidade. A forma mais utilizada é a contagem de linhas. Trata-se de um processo de aplicar uma linha imaginária, conhecida como linha de Galton, onde um de seus extremos incide no elemento que caracteriza o delta e a outra no ápice da laçada mais interna, no caso das presilhas. A aplicação da contagem de linhas dos verticilos é realizada pelo número de linhas entre o delta da esquerda até o ápice da linha curva mais interna. A segunda forma seria aplicada nos verticilos segundo a posição dos respectivos deltas (convergente, divergente direito e divergente esquerdo). Também existem as subdivisões morfológicas – de eficácia duvidosa, devido ao excesso de margem de interpretação subjetiva do técnico. No caso do FBI, devido ao seu volumoso arquivo, muito cedo já se depararam com esta dificuldade o que os levou a fazer alterações no método original Henry e a criar um complexo método de classificação e arquivamento. Também foi criado o método de classificação do NCIC (National Criminal Information Center), que realiza a classificação dedo a dedo individualmente. No Instituto Nacional de Identificação, no ano de 1988, quanto o arquivo contava com um pouco mais de 1 milhão de individuais datiloscópicas, algumas revisões foram feitas. Porém estas alternativas não podem suportar os crescentes aumentos dos volumes dos arquivos. Mais alguns milhões de fichas, que chegam a cada ano, o trabalho manual torna-se impraticável. Para esses arquivos as impressões latentes, encontradas em locais de delito, de nada servem a não ser que haja suspeitos, indicados por outro tipo de evidências. É preciso mencionar o enorme espaço físico despendido para a instalação desses arquivos, despesas com manutenção mecânica e elétrica e o grande número de pessoas envolvidas. Portanto a necessidade de modernização do processo de identificação datiloscópico não é uma questão apenas técnica mas também econômica. E é exatamente neste momento que surge o sistema automático de impressões digitais – AFIS - como importante aliado da identificação papiloscópica.
3. HISTÓRICO DO AFIS O uso sistemático das impressões digitas para identificação data de 1902, pela Comissão de Serviço Civil de Nova York. Logo em seguida com a rápida aceitação deste novo meio de identificação logo passou a ser prática corrente no meio policial de todo o país. A medida que cresciam estes arquivos, logo ficou patente a necessidade de um repositório central de impressões digitais. file:///C:/Users/Denimar/Desktop/afis.html
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A primeira tentativa ficou por conta da Associação internacional dos Chefes de Polícia (IACP) e da penitenciária de Leavenworth, em 1904. E começou inicialmente a coletar impressões somente para os crimes federais. Posteriormente começou a aplicar para diversos casos, tanto criminais como civis. Por ato do congresso americano foi criado em 1º de julho de 1924, a Divisão de Identificação do FBI, nele consolidando os arquivos da Penitenciária de Leavenworth e do Departamento Nacional de Identificação criminal. A Divisão é composta dos seguinte setores de trabalho: Seção de Impressões Latentes (para coleta de impressões latentes em locais de crime); Esquadrão para desastres (equipe para atuação na identificação de cadáveres); Seção de Pesquisa e Automação; Seção de Postagem; Seção de Registros e Trocas de Informações Internacionais; Seção de Índice; Seção Técnica; Seção de Correspondências; Seção de Apoio Logístico. O arquivo crescia rapidamente. Em 1939 contava com 10 milhões de individuais. Os arquivos cresceram vertiginosamente, principalmente na época da Segunda Guerra Mundial. Com este alto volume de impressões a Divisão de Identificação sempre teve como meta a automação dos processos de identificação. Em 1934, a Divisão tentou uma informatização mas o processo, ainda utilizando cartões perfurados, mostrou-se impraticável para um arquivo tão dinâmico, que na época chegava a receber 30 mil individuais datiloscópicas, diariamente. Os esforços pareciam ganhar novas perspectivas na década de 60. A motivação foi a aparição comercial dos computadores eletrônicos digitais. Havia uma esperança de que estes pudessem auxiliar no intenso trabalho de classificação, pesquisa e confronto de impressões digitais. A iniciativa correu por conta do o Agente Especial Corl S.Voelker. Voelker era chefe da Divisão de Identificação. A Divisão contava com 1.300 especialistas em impressões digitais. Esses técnicos pesquisavam uma média de 10.000 novas individuais datiloscópicas, diariamente, nos arquivos que contavam com cerca de 15 milhões de individuais. Voelker entrou em contato com a Divisão de Computação, do Departamento Nacional de Padrões (NBS - National Bureal of Standards) procurando ajuda no sentido de ser viabilizado um projeto de automatização das impressões digitais. Explicada a natureza do problema começaram a estudá-lo os Senhores Raymond T. Moore e Joseph H. Wegstein, daquele Departamento. A solução parecia ser similar ao processo de rastreamento topográfico computadorizado, já existente. Porém no caso a topologia das impressões digitais tinha algumas particularidades e, mais complexas, que deveriam ser examinadas com mais cuidado. Eles observaram que:
A identificação das impressões digitais está baseada em pequenos detalhes da file:///C:/Users/Denimar/Desktop/afis.html
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estrutura de suas linhas;
Tipicamente estes detalhes, ou minúcias, são finais de linha ou bifurcações;
O relacionamento de cada minúcia com as outras e com as linhas é topologicamente único, porém não são invariáveis em termos de dimensões. O dedo humano é macio e muda ligeiramente o formato conforme é rolado ou batido para se fazer a identificação. Em cada diferente impressão do dedo, esta deformação plástica normalmente muda a absoluta distância entre qualquer par de minúcias. Isso não muda a relação topográfica de umas com as outras ou com as linhas adjacentes; esta não variação topológica é de fundamental importância para o processo de identificação datiloscópica.
A taxa de sinal de uma impressão entintada é pobre. Algumas impressões têm pouca tinta: Aparecem como pontos desconectados que acompanham as linhas retas ou curvas. Outras impressões tem excesso de tinta: As estruturas das linhas (cristas) se unem ou aparecem manchadas, borradas ou outras formas que as tornam ilegíveis;
De uma individual datiloscópica para outra existe diferença quanto à tonalidade da cor branca do papel ou da cor negra da tinta. E normalmente esses fatores não estão sob o controle dos técnicos mas pelas pessoas que realizam a coleta das impressões;
Após um cuidadoso exame desses problemas, os cientistas da NBS e do FBI decidiram que tinham duas questões chaves a serem resolvidas: A primeira era: "é possível criar um dispositivo de processamento que seja capaz de ler pontos característicos de uma impressão digital e com suficiente velocidade e precisão para servir de suporte a um processamento automatizado de impressões digitais?" . E a segunda pergunta: "é possível criar um sistema computacional que seja capaz de comparar e identificar impressões digitais automaticamente a partir dos dados da imagem gerada por aquele dispositivo ?". O futuro do projeto dependia das respostas a estas perguntas. A primeira questão refere-se à viabilidade técnica do escaneamento automático de file:///C:/Users/Denimar/Desktop/afis.html
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impressões entintadas e detecção das minúcias fim de linha e bifurcações (ganchos). Se a minúcia puder ser detectada, suas posições relativas e orientações podem ser registradas. E para respondê-la o FBI celebrou contratos para pesquisa da viabilidade da detecção automática das minúcias. As empresas contratadas poderiam escanear um pequeno número de impressões, descrever a tecnologia de escaneamento, a forma de detecção de minúcias, nível de performance e apresentar ainda uma lista de posição e orientação das minúcias. Como resultado foram recebidas dez propostas, sendo que duas delas foram julgadas como as melhores: Uma da "Autonetics Division of Noth American Aviation", e a outra da "Cornell Aeronautics Laboratory, Inc." . Ambas propuseram o escaneamento das impressões digitais, por meio de um escaner de luz móvel. Após o escaneamento da impressão eles propuseram processar os dados da imagem digitalizada de formas totalmente diferentes, porém eficientes. Sendo ambas as formas consideradas promissoras os contratos foram celebrados com as duas as empresas. Enquanto os laboratórios da Autonetics e Cornell trabalhavam no problema do escaneamento e detecção de minúcias, os técnicos da NBS, se encarregavam da segunda questão, que se referia à viabilidade de duas de tais listas e determinar se vieram de impressões de um mesmo dedo. Eles começaram pelo desenvolvimento de programas de computador para identificação automática das impressões digitais. Seus primeiros esforços foram empregados no desenvolvimento de programas comparadores de minúcias. Estas minúcias seriam criadas automaticamente pelo programa e seriam processadas quanto a sua posição e orientação no campo digital. Porém este programa funcionaria a apartir das imagens escaneadas, cuja viabilidade ainda teria que ser demonstrada pelos laboratórios contratados. Como essas minúcias ainda não estavam disponíveis tiveram que simulá-las manualmente. O trabalho foi por isso extremamente lento. Em 1969, a fim de partilhar conhecimentos e se evitar esforços duplicados o FBI, procurou os países que haviam projetos de automatização do processo datiloscópico. Eles se resumiam à França e ao Reino Unido. Na França, o projeto foi apresentado na Polícia da Prefeitura de Paris, pelo Senhor M. R. Thiebault. No Reino Unido, as pesquisas estavam sendo conduzidas pelo Home Office, do Departamento de Assessoramento Científico. O Home Office estava mais interessado em manter em segredo a fim de resguardar uma futura exploração comercial do produto. Por esse motivo praticamente nada se aproveitou dessa visita. O Senhor Thiebault entretanto mostrou o projeto francês em detalhes. Ambos os países, ao contrário dos Estados Unidos, estavam mais interessados na questão das impressões latentes encontradas em locais de crimes, e os seus projetos eram carreados para este fim. O centro de suas atenções eram as impressões de baixa qualidade e fragmentárias. Entretanto as dificuldades pareciam ser as mesmas e praticamente todos estavam no mesmo patamar tecnológico, com grandes desafios a enfrentar. Neste projeto, o FBI gastou cerca de USD $ 1,25 milhões no desenvolvimento de um dispositivo de leitura de impressão digital que, em 1970, ficou a encargo da Cornell file:///C:/Users/Denimar/Desktop/afis.html
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Aeronaltics Laboratory, o protótipo foi entregue em 1972, com o nome de FINDER ("Fingerprint Reader"). Em 1974, a empresa Rockwell foi contratada para a fabricação de cinco diferentes modelos de leitoras FINDER. Elas foram entregues em 1975, já com alguns melhoramentos em relação ao protótipo original. Em 1977, iniciou o processo de conversão de 15 milhões de individuais datiloscópicas do FBI, que foi concluído nos três anos seguintes.
2. COMO FUNCIONA UM AFIS? A informática tem dificuldade ao lidar com a complexidade dos dados de identificação biométrica em geral. Isso ocorre por causa do grande volume de informações envolvidas e as variáveis ambientais que exigem adaptações constantes do sistema informático. No caso das impressões digitais o primeiro obstáculo está no fato de que duas "coletas de impressões nunca serem iguais". Existem diferenças quanto à quantidade de tinta aplicada, tipos de papéis, técnica de coleta empregada, a pressão utilizada sobre o dedo, etc. Partindo deste princípio, a solução seria a redução de dados a serem manipulados e reduzidos a valores matemáticos seguros e passíveis de análise pelo computador, que permita que possam ser comparados e assim estabelecer um certo grau de igualdade suficiente para se fazer uma identificação. Os elementos válidos para o computador seria os mesmos que os técnicos utilizavam a cerca de 100 anos – o método da comparação dos pontos característicos ou minúcias. É bom ressaltar que a capacidade de comparação de pontos característicos é extremamente complexa, envolvendo elementos de análise que somente o cérebro humano pode realizar. Por essa razão a determinação da identidade de uma impressão digital ficará sempre subordinada à confirmação do técnico. Em compensação a máquina tem a capacidade de realizar coisas que um ser humano comum não é capaz: a de comparar dados com extrema velocidade e precisão. O problema está em como aplicar esta capacidade nas impressões digitais? Apesar da grande variedade de sistemas automatizados de identificação de impressões digitais, todos eles funcionam com base nos mesmos princípios. A variação está mais por conta dos recursos tecnológicos empregados e da propriedade dos algoritmos de comparação das impressões. A seguir serão descritos os principais elementos dos processos de um sistema automatizado de impressões digitais. I.
PROCESSAMENTO DA IMAGEM:
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O processamento da imagem envolve várias etapas: 1) ESCANEAMENTO: A resolução abaixo de 500 dpi (ou 20 pixel/mm) é desaconselhável pois, o sistema automático de marcação de minúcias tem dificuldades nos casos de impressões finas. O tipo da imagem escolhido é o tom de cinza em 256 níveis. Resoluções altas tendem a ocupar grandes espaços de disco. E para economizar espaço é utilizado a compressão dos dados no formato WSQ. Estas especificações tendem a ser atualmente um padrão mínimo internacional para utilização dos AFIS. Para a conversão grande volume de impressões dos arquivos datiloscópicos do papel para o digital as empresas especializadas utilizam alimentadores, escaneadores, e leitoras de alta velocidade. O processo tradicional de tinta e papel está aos poucos cedendo espaço para o escaneamento, tanto digital como palmar, ao vivo diretamente na máquina escaneadora – processo conhecido como "live scan" - o que tem permitido mais velocidade e maximização da nitidez das impressões coletadas. 2) FILTRAGEM: São utilizados filtros especiais chamado "FILTROS CRISTA-SULCOS, que convertem a imagem original em binária ou em preto e branco. Eles unem as linhas quebradas e preenchem os espaços e falhas provocados por manchas e pelos poros. Veja na Figura 2: Impressão palmar, antes do tratamento da imagem e Figura 3: Impressão palmar, após o processo de filtragem (filtro sulco-crista) que a impressão palmar original encontra-se cheia de linhas quebradas e após a filtragem estas linhas defeituosas são preenchidas, a fim de facilitar a etapa posterior de assinalamento dos pontos característicos. 3) PRE-EDIÇÃO (AUTOMÁTICA): É a edição automática prévia feita pelo próprio computador. Na pre-edição são feitos testes nas regiões de difícil leitura, em que normalmente são encontrados os seguintes problemas:
a. A região está muito clara, o que normalmente significa a ausência de impressões;
b. A região está muito escura, geralmente é resultado de borrões por excesso de tinta;
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c. A estrutura das cristas não oferece contraste suficiente para permitir a detecção de minúcias que será realizada posteriormente.
Havendo um desses casos a região será bloqueada e nenhuma minúcia será ali marcada pelo computador.
Figura 2: Impressão palmar, antes do Figura 3: Impressão palmar, após o tratamento da imag em processo de filtragem (filtro sulcocrista)
4) DIRECIONAMENTO DAS LINHAS: É calculada a média das direções em cada ponto das linhas da impressão binária. Esta é uma fase necessária para que o sistema possa realizar a classificação datiloscópica da impressão, de forma automática.
Figura 4 - Impressão digital original, Figura 5 - Direcionamento das linhas imagem em tons de cinza. na impressão digital.
5) DETECÇÃO DAS MINÚCIAS – São abertas janelas de 16 X 16 pontos que são posicionadas em cada parte da impressão, a fim de determinar a existência de minúcias (apenas as pontas de linhas e bifurcações). Quando a minúcia é localizada nele é agregada algumas file:///C:/Users/Denimar/Desktop/afis.html
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informações, como a localização e orientação (ângulo). A opção de localizar apenas pontas de linhas e bifurcações me parece bem adequada, pois, estes são justamente os pontos mais comuns nas impressões. Mesmo os pontos característicos mais complexos, na realidade, não são mais que combinações de ganchos e fins de linha. Outras informações podem ser agregadas a cada ponto característico como a relação em número de linhas em relação aos pontos adjacentes. Quanto maior é o número de informações agregadas a cada minúcia, menor o número de minúcias necessárias para a busca no arquivo, o que é muito positivo para a pesquisa de fragmentos de impressões latentes. Mas também será maior a exigência de processamento pelo computador. Isso significa que normalmente os processadores deverão ser mais potentes, para que o sistema não se torne lento. Veja na figura 6, a seguir, que o cursor (um pequeno círculo) está centrado nas coordenadas x e y que marcam a posição da minúcia. A cauda anexa ao cursor indica a direção teta, da minúcia. Se as áreas marcadas como "A" são os sulcos interpapilares, a minúcia mostra uma bifurcação; Se são as cristas papilares, a minúcia será uma ponta de linha. A lista de valores x, y e "teta" de cada minúcia é um registro para aquela impressão digital. Se existir mais algumas minúcias, teremos um registro único para cada impressão.
5) REGISTRO E CLASSIFICAÇÃO AUTOMÁTICA – Chama-se registro a operação lógica para determinar a posição normal da impressão, a fim de evitar distorções quanto à inclinação da impressão no papel. A classificação é realizada em decorrência do trabalho de direcionamento matricial das linhas que são interpretadas pelo próprio computador. 6) PÓS EDIÇÃO (MANUAL) – É realizada sob o comando do técnico que intervirá nos casos em que o computador, por problemas de qualidade da impressão, separa as imagens correspondentes para que sejam feitas edições nas imagens e marcação manual de pontos característicos pelo próprio técnico.
I.
PROCESSAMENTO DE BUSCA É a parte mais pesada do processamento do AFIS. Geralmente são utilizados processadores em paralelo e gerenciadores do trabalho desses processadores. Realizado o processamento da imagem, com marcação de minúcias e classificação, o sistema está pronto para realizar a pesquisa no banco digital existente a fim de realizar uma identificação.
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Os algoritmos de processamento de busca são segredos que as empresas de AFIS mantêm e são propriedade exclusivas das mesmas.
II.
VERIFICAÇÃO :
Realizada a busca no arquivo digital, o sistema apresentará uma lista daqueles que apresentaram maiores coincidências de pontos característicos. Este é o ponto crítico dos AFIS. Os critérios de SELETIVIDADE terão que ser muito bem estudados para que a pessoa que está no arquivo apareça na lista, para que o técnico possa examiná-la. Se não for identificada as impressões do indivíduo pesquisado passará a fazer parte do arquivo; e caso seja identificada o técnico fará uma avaliação e deixará no arquivo sempre a de melhor qualidade.
2. 3.
AFIS NO BRASIL: O Sistema AFIS introduzido no Brasil no final de 1979 - o Printrak, da Thomas de La Rue, nos institutos de identificação da Bahia e de São Paulo, cada um tinha a capacidade para 4 milhões de registros decadactilares e 500 mil registros de impressões monodactilares. Segundo o Senhor Alberto Velho (1987) o sistema deixou de funcionar, na Bahia, por falta de manutenção. A Thomas de La Rua, que prestava serviços de manutenção técnica rescindiu, em 1987 o contrato por falta de pagamento do governo do Estado. Havia problemas como a falta de manutenção do ar condicionado na sala do AFIS, que não podendo ficar na temperatura ambiente, de cerca de 28º C, tinha que ser desligado. Também houve problemas com a estabilização de energia elétrica pelas freqüentes queimas de fontes de alimentação. Em São Paulo o Setor de Informática, instalado na própria Secretaria de Segurança Pública, estava sendo mantido por pessoal não treinado para o gerenciamento de sistemas que seria necessário para a manutenção do AFIS. Em ambos os Institutos de Identificação eram altos os índice de rejeição de individuais datiloscópicas pelo Sistema AFIS. As impressões eram consideradas de baixa qualidade, o que resultava em: 1 - Erros no arquivamento, impossibilidade de uma classificação correta pelo AFIS; 2 - Detecção de poucos pontos característicos; e 3 - queda na velocidade de conversão do arquivo de papel para o digital, devido a constante necessidade de edição manual das impressões deficientes (sem delta,
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manchadas, etc). O índice de aproveitamento das impressões latentes obtidas locais de crime são extremamente baixos, o que acaba deixando o sistema AFIS subaproveitado quanto ao seu enorme potencial. Devido a baixa produtividade do sistema, a Thomas chegou a sugerir algumas medidas como emitir folhetos, com o auxílio do Instituto Nacional de Identificação, explicando como melhor colher impressões digitais. Também sugeriu-se a criação de cadastro de empregadas domésticas e registros de desaparecidos. Mas os resultados não foram animadores. Concluindo, ao contrário dos sistemas instalados nas polícias norte americanas e canadenses, nos anos de 1978/1979, no Brasil o AFIS não logrou êxito. E a causa, segundo o relatório da Thomas de La Rue, se deve ao baixo nível de qualidade das nossa impressões digitais, tanto entintadas como as latentes, somada a pouca utilização das impressões digitais nos casos policiais. Quanto ao sistema AFIS a nível nacional, trata-se de um projeto a ser implantado na Polícia Federal, que visa ao melhoramento técnico do aparelho policial. O projeto a partir do ano 2001, começará a sua operacionalização de fato. O projeto (PROMOTEC), tem como prioridade a instalação do AFIS na Polícia Federal. A lei 9.454 instituiu o CANRIC - Cadastro Nacional de Registro de Identidade Civil, que também está em andamento. Não há como este projeto funcionar como deve, se não houver um sistema informatizado de impressões digitais. Caso contrário ficaríamos na mesma situação que estamos hoje, com documentos sem nenhuma segurança na sua expedição por falta do controle datiloscópico. No Rio Grande do Sul no Sistema penitenciário, existe um AFIS, sistema ARID, nacional, desenvolvido pelo CEFET/PR - Centro de Educação Tecnológica do Estado do Paraná. Trata-se de um sistema que, segundo reportagens, está atendendo bem as necessidades locais.
4.
CONCLUSÃO: Os princípios básicos da papiloscopia continuam válidos e sempre serão, como ocorre com toda ciência. Porém a sua aplicação ganhou uma nova dimensão na era do computadores. Isso muda o perfil do profissional das impressões digitais que terá que estar preparado para ingressar neste novo mundo. O Instituto Nacional de Identificação tem uma grande tarefa pela frente. Seus técnicos serão mais exigidos. De seu desempenho dependerá o futuro da identificação de nosso país, em âmbito nacional. Muitos desafios nos esperam: A
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AFIS
aquisição de um AFIS – requererá muitos estudos e avaliações de desempenho, características técnicas específicas que agora estamos iniciando a conhecer. Novas rotinas serão introduzidas no trabalho diário, terão que haver treinamentos e adaptações a uma nova realidade. Mas não podemos retroceder. A marcha do progresso é implacável para com os acomodados. Então sigamos em frente esperando, pelo menos, evitar os erros do passado e aprender com aqueles que já passaram por aquilo que ainda nos espera.
5. BIBLIOGRAFIA
ARAÚJO, CLEMIL JOSÉ DE – A nossa identificação e o resto do mundo - Revista Impressões, nº 07, pag. 25 – INI/DPF - Setembro de 2000; BANNER, CONRAD S. e STOCK ROBERT M. STOCK – The aproach to automatic fingerprint identification – Law Enforcement Bulletin – Jan. 1975; IDENTIFICAÇÃO, INSTITUTO NACIONAL DE – Manual de identificação papiloscópica , páginas 107 e 202 – DPF/DF - 1987; LAMBERT, JEAN LOUIS FRANCOIS – International ilustrated vocabulary of frenchenglish fingerprint terminology with a sort index in six languages – RPMC – OTAWA – 1990; LEE, HENRY C. GAENSSLEN, R. E. – Advances in fingeprint Technology, Capítulos 6 a 9 – CRC Press, inc – EUA – 1994; OLIVEIRA, EDSON REZENDE DE e CHAVES, ANA LÚCIA FERREIRA – Sistemas AFIS implementados no Brasil – Palestra no IV Encontro do Grupo de Especialistas em AFIS da INTERPOL, em Brasíla – DF , 08/11/2000; VELHO, ALBERTO – Telex nº 167/87 - ao INI, informando a respeito do AFIS PRINTRAK, instalado nos institutos de identificação da Bahia e de São Paulo, Thomas de La Rue – EUA, 1987. file:///C:/Users/Denimar/Desktop/afis.html
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