1) REGRAS DE SEGURANÇA Regras de segurança para o correto manuseio de armas de fogo: a) Ao manusear uma arma, mantenha a mesma apontada para uma direção segura (controle de cano); b) Ao sacar ou co coldre ldrear ar um umaa arma, arma, man manten tenha ha o ded dedoo aci aciona onador dor do gat gatilh ilhoo ao lon longo go da armação até que você esteja realmente apontando para o alvo e pronto para o disparo; c) Trate uma arma de fogo como se ela estivesse sempre carregada; d) Certifique-se de que seu alvo e a zona que o circunda é capaz de receber os impactos com segurança; e) Jamais aponte uma arma para qualquer coisa ou pessoa que você não pretenda atingir; f) Nunca atire em superfícies planas e duras, pois os projéteis podem ricochetear; g) As travas de segurança de uma arma são apenas dispositivos mecânicos sujeitos a falhas; h) Drogas e bebidas alcoólicas não se misturam com armas de fogo; i) Cuidado com obstruções no cano. Caso ouça ou sinta algo de anormal com o recuo ou a detonação, interrompa imediatamente os disparos; j) Nunca puxe uma arma em sua direção segurando-a pelo cano; k) Nun Nunca ca aaban bandon donee sua sua ar arma. ma.
2) FUNDAMENTOS DO TIRO Bons resultados na execução do tiro só podem ser obtidos com a estrita observância dos fundamentos do tiro, os quais são destacados a seguir: a) Base: a base deve ser feita com as pernas ligeiramente abertas e um pouco flexionadas, a fim de permitir uma posição estável para o disparo, observando-se sempre o centro de gravidade do corpo. Pernas juntas e corpo muito ereto devem ser evitados.
b) Empunhadura: a emp mpun unhhad adur uraa de devve se serr “alt “alta” a”,, ou se seja ja,, as mão ãoss de devvem es esta tar r posicionadas o mais alto possível, a fim de minimizar a ação do ferrolho durante o disparo. Mão forte: o dedo indicador fica sempre ao longo da armação e serve apenas para o acionamento do gatilho. O dedo polegar apenas descansa sobre a trava de segurança, caso ela exista. Os outros três dedos que seguram o punho da arma devem fazer força suficiente para manter a mesma bem firme na mão. Mão fraca: o polegar fica ao lado da armação, apontando em direção ao alvo, e os outros quatro dedos fecham a empunhadura por baixo do guarda-mato da arma. c) Visada: a visada consiste no perfeito alinhamento do aparelho de pontaria com o alvo. O aparelho de pontaria de uma arma (mira não-eletrônica) é composto de alça-de-mira (parte de trás) e massa-de-mira (parte da frente). Na realidade, a visada correta é o perfeito alinhamento do AMA (alça-massa-alvo).
d) Acionamento do gatilho: o acionamento do gatilho deve ser feito de forma gradativa e com pressão constante do dedo sobre o mesmo. Não se deve esquecer que enquanto se aciona o gatilho, não se descuida do alinhamento do AMA. Ambos os fundamentos (“c” e “d”) andam de “mãos dadas”. e) Respiração: o controle de respiração é aplicado apenas para tiros de precisão extrema. Ela não é empregada no tiro rápido policial, portanto, não será feita a abordagem deste fundamento neste caderno.
3) POSIÇÕES DE TIRO As posições preliminares para o tiro adotadas pela Polícia Federal são as seguintes:
3.1 – POSIÇÕES DE TIRO PARA ARMA CURTA (PISTOLA) POSIÇÕES PARA O TIRO COM ARMA CURTA (PISTOLA) a) Posição inicial: de frente para o alvo, um passo à retaguarda da linha do cabo de aço ou da linha que marca a distância do atirador ao alvo, os pés ficam em paralelo e os braços relaxados e ligeiramente estendidos ao longo do corpo.
b) Posição 1: dá-se um passo à frente com a perna fraca, ao mesmo tempo em que se leva a mão também fraca na altura do abdome, empunhando-se a arma com a mão forte, sem retirá-la do coldre.
c) Posição 2: saca-se a arma do coldre e, imediatamente, sem levá-la à frente, fr ente, posiciona-se a mesma em um ângulo de 45º, ao lado do abdome 1. Nessa posição é possível realizar o chamado “tiro de entrevista”, que se caracteriza pelo disparo de emergência para cessar a eventual agressão, logo que a arma sai do coldre, onde não há tempo para o policial terminar a empunhadura e ir até a posição 4.
d) Posição 3: leva-se a arma à frente do abdome, em um ângulo de 45º, completando a empunhadura com a mão fraca. A arma deve ficar junto ao corpo e o dedo acionador do gatilho deve ficar sempre ao longo da armação. 1
O ângulo da arma se dá em relação ao corpo em pé do operador.
e) Posição 4: leva-se a arma à frente dos olhos, apontando-se a mesma em direção ao alvo. O dedo indicador é colocado na tecla do gatilho durante a transição da posição 3 para a posição 4. Vale lembrar que não é a cabeça que se posiciona na altura da arma, e sim a arma que se posiciona na altura da cabeça.
3.2.) POSIÇÕES PARA O TIRO COM ARMA LONGA a) Posição inicial: os pés ficam em paralelo e os braços relaxados e ligeiramente estendidos ao longo do corpo. A arma fica suspensa pela bandoleira, com a coronha aberta ou estendida a 4 dedos do queixo, logo à frente do corpo.
b) Posição 3: leva-se a arma à frente do abdome, em um ângulo de 45º, mão forte segurando o punho, dedo indicador ao longo da armação e mão fraca segurando as placas do guarda-mão. A arma deve ficar junto ao corpo, de forma um pouco lateralizada, a fim de permitir o acesso mais fácil ao registro de segurança pelo polegar da mão forte e possível identificação de panes.
c) Posição 4: leva-se a arma à frente dos olhos, em um ângulo de 90° em relação ao corpo, apontando-se a mesma em direção ao alvo. Vale lembrar que não é a cabeça que se posiciona na altura da arma, e sim a arma que se posiciona na altura da cabeça.
OBSERVAÇÃO: note-se que para as armas longas não existem as posições 1 e 2.
4 - ARMAS E ARMAS DE FOGO 4.1 - Armas Genericamente, armas são instrumentos de ataque ou defesa, que têm por objetivo causar dano, permanente ou não, a seres vivos ou coisas.2 Qualquer objeto pode ser considerado arma, desde uma simples pedra, um jornal dobrado de forma apropriada, uma simples caneta, um veículo, um avião ou até mesmo o mais complexo míssil. No entanto, são considerados armas os instrumentos criados com o objetivo específico de causar cortes ou transformações a algum objeto, animal ou pessoa. Logo, existem diferentes tipos de armas, tais como: a) Armas brancas (punhais, navalhas, espadas, sabres, etc.); b) Armas de fogo (pistolas, revólveres, espingardas, metralhadoras, canhões, etc.); c) Armas químicas (gás mostarda, gás sarín, etc.); d) Armas biológicas (vírus, antraz, etc.); e) Armas não-letais (arma de eletrochoque taser , munições de borracha, etc.); −
f) Armas de efeito moral (emitem barulhos, luzes, e outros efeitos em intensidade altíssima, testando os limites humanos).
4.2 - Armas de fogo HISTÓRICO: Com a invenção da pólvora pelos chineses houve uma verdadeira revolução na fabricação das armas. Foi possível construir armas que arremessavam objetos a distâncias maiores que as armas de energia mecânica, tais como as antigas catapultas. Surgiram desde 2
Definição dada pelo decreto nº 3.665, de 20 de novembro de 2000 – R105.
então os canhões, mosquetes, pistolas, etc., que conseguiam lançar projéteis a velocidades e distâncias antes inimagináveis pelo homem.
4.2.1 – Definição de arma de fogo Arma de fogo é a arma que arremessa projéteis impulsionados pela força expansiva dos gases gerados pela combustão de um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está solidária a um cano, que tem a função de, além de propiciar continuidade à combustão do propelente, dar também direção e estabilidade ao projétil.3
4.2.2 – Raiamento de arma de fogo Raias são estriamentos paralelos usinados no interior do cano, em formato espiral ou helicoidal, que têm por objetivo dar movimento de rotação ao projétil, em torno de seu próprio eixo, visando à precisão e a estabilidade dinâmica do mesmo. Os raiamentos das armas podem ser do tipo convencional, que são aqueles formados pelas estrias cavadas no metal, e também do tipo poligonal, onde o raiamento é formado dentro do cano por uma figura geométrica espiralada (pentagonal, hexagonal, heptagonal, etc.).
Figura 1: visão em corte do cano de arma raiada. Note-se os estriamentos no interior do cano, causando o movimento rotacional no projétil.
Figura 2: visão em corte de um cano de canhão. Atentese para o tipo de raiamento, do tipo convencional, onde se destacam os altos e os baixos relevos.
3
Definição dada pelo decreto nº 3.665, de 20 de novembro de 2000 – R105
Figura 3: outro exemplo de raiamento em cano de arma longa.
As raias de armas de fogo podem também ter orientação à esquerda (sinistrógiro) ou à direita (destrógiro). Essa particularidade (orientação) não afeta o desempenho do projétil. Os fabricantes é que definem como fabricam os canos de suas armas, os quais são geralmente feitos apenas para serem diferentes de outras marcas e/ou fabricantes.
Figura 4: visão do interior de um cano com raiamento de orientação sinistrógiro (esquerda).
Figura 5: visão do interior de um cano com raiamento de orientação destrógiro (direita).
4.2.2.1 – Passo do raiamento Passo do raiamento é a distância que o projétil tem que percorrer para completar uma volta completa em torno de seu próprio eixo. Essa distância é comumente expressa em polegadas, mas também pode ser exibida em centímetros ou milímetros. A volta completa do projétil necessariamente não precisa se completar dentro do cano, pois existem passos de raiamento que ultrapassam o tamanho do mesmo, como, por exemplo, o passo 1:16 (lê-se 1 por 16), onde o projétil percorre 16 polegadas para completar uma volta completa. Se o cano possui
4 ou 5 polegadas, que é geralmente o caso das armas curtas, o projétil sai do cano muito antes de executar essa volta.
Figura 6: passo do raiamento.
Vale ressaltar que os passos de raiamentos podem ser simples e mistos (ou progressivos), conforme as figuras abaixo:
Figura 7: raiamento simples.
Figura 8: raiamento misto.
No caso dos passos de raiamento simples, as distâncias entre cada volta completa dada pelas raias são iguais. No raiamento de passo misto, a distância de uma volta completa inicial é diferente da distância das revoluções subsequentes. Um exemplo de raiamento misto é encontrado nos canos Schullmann AET para pistolas modelo 1911. Nesse caso o raiamento inicia quase em paralelo com o cano e vai gradualmente se acentuando até o passo final. Essa tecnologia foi desenvolvida visando a minimizar o efeito de torção que a arma sofre quando o projétil sai da câmara de explosão e imediatamente entra pelo raiamento.
4.2.3 – Classificações das armas de fogo As armas de fogo, no decorrer do processo evolutivo de fabricação, foram projetadas e construídas nos mais diversos tipos, voltadas a diferentes empregos. Nesse contexto, as mesmas podem ser classificadas conforme segue: a) Quanto ao tamanho: curtas e longas. •
Arma curta: arma de pequenas dimensões, que pode ser empregada utilizando-se apenas uma das mãos;
•
Arma longa: arma cujas dimensões requerem, primariamente, o emprego de ambas as mãos, e geralmente se utilizam do apoio do ombro para melhor aproveitamento e eficiência do disparo.
b) Quanto à portabilidade: portáteis e não-portáteis. •
Arma portátil: arma cuja característica é aquela que pode ser transportada e/ou empregada por apenas uma pessoa.
•
Arma não-portátil: arma que não pode ser empregada e/ou transportada por uma só pessoa.
c) Quanto à alma do cano: raiadas e não-raiadas. •
Arma de cano raiado: arma que possui como característica, estriamentos em forma de espiral na parte interna do cano, cujo objetivo é prover rotação ao projétil.
•
Arma de cano não-raiado: arma que tem por característica a ausência dos estriamentos espiralados no interior do cano, sendo também conhecida como arma de alma-lisa. Ex.: Espingardas de caça.
Figura 9: diferença entre cano raiado e cano não-raiado.
d) Quanto ao sistema de funcionamento: automáticas, semiautomáticas, monotiro e repetição: •
Arma automática: arma que se utiliza do aproveitamento dos gases da pólvora em queima para alimentar os cartuchos na câmara e que tem por característica disparar múltiplos cartuchos com um único acionamento de gatilho (rajada).
•
Arma semiautomática: arma que se utiliza do aproveitamento dos gases da pólvora em queima para alimentar os cartuchos na câmara e que necessita ter seu gatilho acionado para cada disparo a ser efetuado.
•
Arma monotiro: arma que tem por característica a inserção manual de um novo cartucho para cada disparo a ser realizado.
•
Arma de repetição: é a arma que pode ser carregada com vários cartuchos e que necessita de uma intervenção manual a cada vez que um cartucho precisar ser disparado.
e) Quanto à alimentação: antecarga e retrocarga. •
Arma de antecarga: arma que tem por característica o carregamento do projétil pela boca do cano.
•
Arma de retrocarga: arma que tem por característica o carregamento da munição pela parte traseira do cano, em um local denominado de câmara.
Note-se que em sua maioria, principalmente nas armas baseadas em projetos mais modernos, a alimentação sempre se dá pela parte traseira do cano. Como a alimentação de antecarga está restrita, em sua maioria, a armas antigas (mosquete) e também a exemplares de modelos de caça em países como Estados Unidos, esse tipo de classificação, quanto à alimentação, está caindo em desuso. Exemplificando, uma arma do tipo revólver teria a seguinte classificação: arma curta, portátil, raiada, de repetição e retrocarga; Já uma espingarda poderia ter a seguinte classificação: arma longa, portátil, não-raiada (ou alma-lisa), monotiro e retrocarga; Uma pistola: arma curta, portátil, raiada, semiautomática e retrocarga; Fuzil-de-assalto: arma longa, portátil, raiada, automática e retrocarga.
5- MUNIÇÕES
5.1 - Definição Munição é o artefato completo, pronto para carregamento e disparo de uma arma, cujo efeito desejado pode ser: destruição, iluminação, ocultação de alvo, efeito moral sobre pessoal, exercício, manejo ou outros efeitos especiais.4
5.2 – Componentes dos cartuchos (munições) Os cartuchos de armas de fogo modernas são construídos com a utilização de vários componentes, que são: projétil ou ponta, cápsula ou estojo, propelente ou pólvora e por último a espoleta. Vejamos a seguir: a) Projétil ou ponta: parte que é lançada através do cano. Cartuchos de fogo central e de fogo circular são carregados, via de regra, com um único projétil, alojado total ou parcialmente no interior do estojo. Entretanto, as munições do tipo glaser , embora carregadas com um único projétil, contêm múltiplos projéteis em seu interior.
Figura 10: munições do tipo glaser .
4
Figura 11: interior de uma munição do tipo glaser .
Definição dada pelo decreto 3.665, de 20 de novembro de 2000 – R105.
O projétil pode ser dividido em três partes básicas, conforme figura a seguir:
(A) Ponta: parte superior do projétil que, quase sempre, fica exposta. (B) Corpo: de forma cilíndrica, geralmente possui canaletas para receber lubrificante sólido (cera especial) e para auxiliar na fixação do projétil ao estojo. (C) Base: parte inferior do projétil. Fica totalmente dentro do estojo e recebe a ação dos gases resultantes da combustão do propelente. Existem muitos tipos de projéteis disponíveis no mercado mundial, com várias finalidades e emprego, sendo os mesmos distribuídos em três grandes grupos, que são: projéteis de chumbo, projéteis encamisados (ou jaquetados) e projéteis especiais. A seguir, alguns exemplos desses projéteis e suas utilizações:
Projétil encamisado: é feito normalmente com um núcleo de chumbo revestido com uma jaqueta metálica, geralmente feita de uma liga de cobre e latão. Este tipo de projétil é amplamente utilizado na grande maioria das munições fabricadas atualmente, desde armas curtas até armas longas, em munições militares, civis e esportivas.
Projétil de chumbo: é feito unicamente de uma liga de chumbo com antimônio ou estanho a fim de aumentar sua dureza. O chumbo por si só é muito mole e não é apropriado para ser utilizado em projéteis destinados a canos raiados. O projétil com liga de chumbo não deve ser usado em projéteis de alta velocidade, sob pena de causar acúmulo de chumbo nas raias do cano, tendo como consequência a perda imediata da precisão e da estabilidade do projétil. É comumente utilizado em armas esportivas em virtude do custo muito menor que os dos projéteis encamisados.
Projéteis especiais: são aqueles de emprego específico, tanto na área civil quanto na área militar. Na construção civil, por exemplo, os cartuchos especiais, geralmente no calibre .22, possuem pinos de aço ao invés de projéteis convencionais. A detonação da carga de pólvora projeta esses pinos de aço que são cravados em concreto e em estruturas de metal. São utilizados para fixar tubulações de água, de esgoto, de eletricidade, de ar-condicionado, tetos de gesso, etc. Já na área militar e policial existe uma ampla variedade desses projéteis, que podem ser dos tipos traçante, perfurante, incendiária, perfurante-incendiária, perfurante com núcleo de metal duro, etc.
b) Cápsula ou estojo: termo frequentemente aplicado para cartuchos vazios. É feito de uma liga de cobre e zinco que tem por finalidade reunir todos os demais elementos do cartucho em um só corpo, formando a munição propriamente dita. O estojo também pode ser fabricado com outro material, como por exemplo, o plástico, alumínio, etc. c) Propelente ou pólvora : é um agente químico que queima com rapidez e gera grandes quantidades de gases quentes sem a necessidade do oxigênio atmosférico. É o material que, após iniciada a sua queima, permite a propulsão do projétil pela expansão dos gases resultantes. As pólvoras são divididas em dois tipos básicos: “Pólvora sem fumaça”, que são as pólvoras químicas modernas, utilizadas na maioria das armas de fogo e, a “pólvora negra” que é utilizada em armas antigas, especialmente aquelas de carregar pela boca do cano. As pólvoras são produzidas em uma ampla variedade de tipos, formas e marcas, voltadas para aplicações específicas, variando entre elas no que diz respeito à velocidade de queima. As pólvoras de “queima rápida” são usadas em projéteis leves, canos curtos e baixas velocidades. Por outro lado, pólvoras de “queima lenta” são usadas em canos compridos, em maior quantidade, para impulsionar projéteis mais pesados em velocidades mais altas. A maioria das pólvoras contém maior porcentagem de nitrocelulose em sua fórmula, com pequenas quantidades de outros componentes que têm por objetivo controlar a velocidade da queima e prevenir sua deterioração. A essas pólvoras dá-se o nome de BASE SIMPLES, podendo ser encontradas em munições de armas longas e também de armas curtas. Pólvoras que contêm uma apreciável porcentagem de nitroglicerina são chamadas de BASE DUPLA e são encontradas
basicamente em munições de armas curtas, onde a capacidade volumétrica dos estojos é reduzida. Por último, pólvoras que contêm quantidades substanciais de outros nitratos orgânicos, como por exemplo, a nitroguanina, são chamadas de pólvoras MULTI-BASE (ou BASE TRIPLA) e são encontradas em munições militares de canhões, morteiros, etc. As pólvoras também podem ser classificadas pelo seu formato, que são: tubular, floco e esférica. d) Espoleta: é o reservatório que contém a mistura iniciadora que é usada para dar ignição ao propelente. A mistura iniciadora comumente utilizada nas espoletas de armas de fogo atuais é o estifinato de chumbo. No passado, as espoletas continham fulminato de mercúrio, que ao contrário do que se pensa, não são corrosivas. Na realidade, elas formam um amálgama como reação química do contato com o latão do estojo, dando uma aparência muitas vezes de munição velha e defeituosa. Espoletas corrosivas são aquelas que contêm clorato de potássio na formulação de sua mistura iniciadora. Como essa substância é higroscópica, seus resíduos deixados no cano da arma absorvem a umidade, possibilitando o aparecimento de ferrugem e, consequentemente, danificando-o. As espoletas podem ser de três tipos: boxer, berdan e bateria.
Espoleta
boxer :
a espoleta boxer caracteriza-se por possuir
uma bigorna montada dentro da cápsula que contém a mistura. A bigorna dá apoio ao percussor da arma, que comprime e esmaga a mistura, provocando chamas que passam pelo evento (pequeno furo para saída da chama) do estojo da munição. Dessa forma, tem início a queima da pólvora. A espoleta tipo boxer é montada no bolso dos estojos tipo boxer que não possuem bigorna.
Espoleta
berdan :
a espoleta berdan é constituída apenas por
uma cápsula com a mistura iniciadora. Ela é utilizada apenas nos estojos do tipo berdan, isto é, estojo com bigorna. Sua iniciação ocorre no momento em que o percussor da arma massa o culote da cápsula da espoleta contra a bigorna existente no estojo.
Espoleta bateria: a espoleta bateria caracteriza-se por ser constituída por cápsula, bigorna e estojo próprio, com evento (pequeno furo). A espoleta do tipo bateria é montada no alojamento existente nos cartuchos de caça. Observação importante: a espoleta do tipo boxer possui bigorna colocada na própria espoleta enquanto a bigorna do tipo berdan é parte integrante do estojo.
5.3 - Tipos de munições As munições modernas podem ser divididas nos seguintes tipos: a) Fogo central: é o cartucho composto de projétil, estojo, propelente e espoleta. A espoleta fica localizada na base do cartucho, exatamente no centro de seu diâmetro, onde ocorre a percussão.
Figura 12: munição de fogo central.
b) Fogo circular : é o cartucho composto, assim como o cartucho de fogo central, de projétil, estojo, propelente e espoleta mistura iniciadora (explosivo). Entretanto, a espoleta não é um elemento independente. A mesma é parte integrante do cartucho, não estando situada no centro deste, mas sim, concentrada internamente, em toda a extensão da extremidade de sua borda, como um círculo. O composto iniciador está depositado nas áreas externas do aro, como um círculo. (O cartucho de fogo circular é percutido quando o percussor da arma atinge qualquer parte de sua borda.
Figura 13: munição de fogo circular.
c) Cartucho de caça: é um cartucho similar ao de fogo central, porém possuindo características internas que o diferenciam deste por ser destinado para o uso em armas de cano não raiado. É composto, geralmente, por projéteis múltiplos, uma bucha plástica (utilizada para separar o propelente dos projéteis), propelente e espoleta. Este tipo de cartucho pode conter apenas um único projétil (balote).
Figura 14: cartucho de caça.
6 – FUNCIONAMENTO DE UM CARTUCHO DE ARMA DE FOGO Para se entender corretamente o funcionamento de uma arma de fogo, é necessário observar a seguinte seqüência de eventos, conforme as figuras ilustrativas abaixo 5: a) Ao se acionar o gatilho de uma arma de fogo, libera-se um conjunto de mecanismos que fará com que uma peça metálica, de forma semelhante a uma agulha, chamada de percussor, atinja a espoleta do cartucho.
b) O percussor, por sua vez, deflagra a espoleta iniciando a combustão da pólvora. c) Os gases expandem-se emergindo velozmente da pólvora em queima. d) A pressão e a temperatura na câmara da arma aumentam muito rapidamente.
e) Ao atingir uma pressão de 2 a 10 mil PSI ( pounds per square inch), o projétil começa a se mover, deixando o estojo ou alojamento inicial. f) O projétil então se encrava no raiamento (note-se as marcas no projétil em si), causando uma resistência ao movimento inicial, que por sua vez aumenta a pressão atrás do projétil. g) Devido à pressão e temperatura muito altas, a taxa de combustão da pólvora aumenta rapidamente. h) O movimento do projétil aumenta, assim como o volume de gases dentro da câmara. Esses gases tendem a se expelir pelo lado que oferece menos resistência, que é o lado do projétil... 5
HAKULINEN, Esko. Vihtavuori Reloading Manual. 3rd edition. 2002.
i) O raiamento do cano força a rotação do projétil. A pressão máxima ocorre logo após a entrada do projétil no raiamento. j) O projétil é expelido, juntamente com os gases, deixando o cano em altíssima velocidade.
Figura 15: projétil sendo expelido.
7 - AS NOMENCLATURAS DOS CALIBRES DE ARMAS DE FOGO O calibre de uma munição é a bitola ou diâmetro do projétil utilizado em uma arma de fogo. Normalmente ele é expresso em centésimos de polegadas ou então em milímetros. Essas medidas diferem por questões culturais, já que muitos países do mundo fabricam armas e dão as designações conforme seus sistemas de medidas. Os dois sistemas de medidas mundialmente utilizados são o Sistema Métrico Decimal, que é utilizado em quase todos os países do mundo, e o Sistema Imperial, que é utilizado, basicamente, nos Estados Unidos e Inglaterra.
O sistema métrico utiliza como unidades o metro (m), o grama (g), o litro (l) etc. Já o sistema imperial utiliza a jarda (yd), a libra (lb), o pé (ft), o galão (gal), etc. É importante observar que os calibres nem sempre expressam exatamente as medidas referentes ao projétil. Alguns calibres utilizam nomes comerciais que podem não ser indicadores das medidas exatas. Esses calibres, muitas vezes, são conhecidos pelas suas medidas nominais, já que as medidas reais podem não coincidir. Como exemplos de calibres expressos em medidas no sistema imperial, tem-se o .38 Special, cujo projétil possui medida nominal (ou designação comercial) de 0,380 da polegada e medida real de 0,357 da polegada. O calibre .223 REM possui projétil com medida nominal de 0,223 da polegada e real de 0,224 da polegada. O calibre .44 Magnum possui projétil com medida nominal de 0,440 da polegada e medida real entre 0,429 e 0,432 da polegada. Já para os calibres expressos em medidas no sistema métrico decimal, pode-se citar o 9mm, o 10mm, o 5,56mm, o 7,62mm, o 7,65mm, etc. Para o caso das armas de cano raiado (exceto espingardas), o calibre do projétil é dado pelo diâmetro entre os fundos6, isto é, a medida entre um baixo relevo e seu oposto (maior diâmetro interno desse cano)7. Para melhor entendimento dessa questão, observe-se as ilustrações abaixo:
Figura 16: exemplo de raiamento convencional (esquerda) e raiamento poligonal (direita). Note-se que o diâmetro dado pela linha tracejada denota o calibre do projétil (baixos 6
Disponível em . Acesso em 4 de janeiro de 2010. 7 Disponível em . Acesso em 4 de janeiro de 2010.
relevos). Em complemento, o diâmetro dado pela linha sólida denota o calibre do cano (altos relevos).
Figura 17: exemplo de calibres.
Os conceitos sobre a nomenclatura dos calibres dados anteriormente são válidos para a maioria das armas de fogo, porém, para as espingardas (armas de canos longos de alma-lisa), o conceito de calibre é um pouco diferente. Para essas armas, o calibre é obtido da seguinte forma: para o calibre 12, por exemplo, toma-se 1 libra (453,6 gramas) de chumbo e divide-se a mesma fazendo 12 esferas iguais. O diâmetro obtido com apenas uma dessas esferas será exatamente o diâmetro do calibre pretendido, no caso o calibre 12. Para o calibre 20, faz-se o mesmo procedimento com diferença que a libra de chumbo deve ser dividida de forma a fazer 20 esferas iguais.
Visualizando-se as ilustrações abaixo, pode-se ter um perfeito entendimento sobre essa particularidade da nomenclatura desses calibres.
Figura 18: cálculo de calibre.
Por obedecerem a essa lógica diferente, segue abaixo tabela para os calibres de espingarda de canos não-raiados (alma-lisa) com suas respectivas medidas em milímetros.
Ainda em complemento aos sistemas de medidas internacionais apresentados, vale ressaltar que, para se aferir a massa dos projéteis, utiliza-se o “grama” e o “grain”. É muito comum os fabricantes de projéteis se utilizarem das duas unidades acima mencionadas. A unidade de medida mais comumente utilizada para se medir à massa do projétil e também a massa da pólvora, no Brasil, é o “grain”. Já para se medir a velocidade, a unidade de medida utilizada é o pé por segundo. Veja-se o equivalente na tabela abaixo:
TABELA DE CONVERSÃO 1 grama
15,432 grains
1 grain
0,0648 gramas
1 m/s
3,2808 pps (fps)
1 pps (fps)
0,3048 m/s
8 - OS TIPOS DE ENERGIA GERADOS PELAS ARMAS DE FOGO As armas de fogo, ao serem empregadas, geram alguns tipos de energia, a saber: a) Energia cinética: é a energia mecânica adquirida por um corpo quando em movimento. A energia cinética depende de dois fatores: massa e velocidade. A fim de exemplificar a energia cinética, pode-se citar o exemplo do carro de passeio que, a 1km/h, bate contra uma parede. Se esse mesmo carro bater contra a mesma parede a 100 km/h o resultado será totalmente diverso. De outra forma, um caminhão (muito maior massa) empreendendo a velocidade de 100 km/h e atingindo a parede em questão, terá um resultado muito diverso que o do carro de passeio. Com essa breve análise, percebe-se que quanto maior o peso e/ou quanto maior a velocidade, maior energia cinética terá o corpo. Assim sendo, um projétil de arma de fogo que imprime certa velocidade e possui certa massa, também pode ter a energia cinética calculada. Observa-se que, quanto maior a energia cinética, maior o dano que será causado contra o obstáculo.
b) Energia inercial: em Dinâmica (Física) estudamos as Leis de Newton, também conhecidas como leis do movimento. A primeira Lei de Newton é o do princípio da inércia. Essa lei diz que, quando a resultante de uma força sobre um corpo for nula e ele estiver em repouso, continuará em repouso; se ele estiver em movimento, continuará em movimento (MRU – movimento retilíneo uniforme). Quando um projétil está em movimento, se não encontrar obstáculo, sofre apenas a ação da resistência do ar como força contrária ao seu deslocamento, até que o mesmo venha a cair em solo e parar totalmente. Vale lembrar aqui, que a ação da gravidade sobre o projétil independe de sua velocidade e da ação da resistência do ar. Assim, como na energia cinética, quanto maior a massa e maior a velocidade empreendida por um corpo, mais inércia este terá. Um exemplo: um carro de passeio, sem freios, em um declive leve, iniciará a mover-se. Se uma pessoa aplicar sua própria força para cessar esse movimento, provavelmente terá sucesso. No entanto, se um caminhão na mesma situação do carro de passeio começar a mover-se, dificilmente uma pessoa poderá pará-lo. Fica patente neste exemplo que, quanto maior a inércia (resultante da massa e da velocidade), mais energia contrária terá que ser aplicada para fazer parar esse corpo em movimento. c) Energia térmica: é uma forma de energia que está associada à temperatura de um determinado corpo. Em armas de fogo essa energia é adquirida de várias formas, que vão desde a explosão da espoleta, a queima do propelente e também através do próprio atrito do projétil dentro do cano. Em dias de muito calor, dependendo do número de disparos efetuados e do calibre utilizado, a arma pode atingir elevados níveis de temperatura, podendo até mesmo causar queimaduras graves ao operador da mesma, se este não tomar os devidos cuidados. d) Energia sonora: o som é uma forma de energia provocada pela agitação das moléculas do ar ou dos sólidos. Ela é produzida sempre que um disparo é efetuado. Dependendo da munição disparada, essa energia pode ser muito forte, a ponto de prejudicar os tímpanos, ou então muito fraca, podendo vir a ser imperceptível.
9 - CALIBRES RESTRITOS E CALIBRES PERMITIDOS As armas de uso restrito são reguladas pelo exército brasileiro, por meio do Decreto nº 3.665, de 20 de Novembro de 2000, o qual define o Regulamento para Fiscalização de Produtos Controlados (R-105). Produtos controlados são aqueles que só podem ser utilizados pelas Forças Armadas ou, desde que autorizadas pelo Exército, por instituições de segurança, pessoas jurídicas e físicas devidamente habilitadas.
9.1 - A Energia Cinética Como já visto anteriormente, energia cinética é a energia mecânica adquirida por um corpo quando em movimento. A mesma está diretamente relacionada à massa e à velocidade do corpo que, nesse caso específico, é o projétil. A fórmula genérica para o cálculo da energia cinética é a seguinte: E = m x v2 2 Onde: E = energia cinética m = massa do projétil em quilogramas v = velocidade do projétil em metros por segundo Pela definição da fórmula genérica para o cálculo da energia cinética, a massa do projétil é dada em quilogramas e a velocidade é dada em metros por segundo. Essas unidades de medida não são muito desejáveis quando se utiliza essa fórmula para o cálculo de energia dos projéteis das armas de fogo, já que os pesos desses projéteis são expressos em gramas (ou grains). A fim de se trabalhar com grandezas específicas, ou seja, com as unidades de medida
utilizadas especificamente em balística exterior 8, é necessário converter essa fórmula genérica para qualquer das duas opções que serão expostas a seguir, dependendo da unidade de medida que se deseja obter. A energia cinética, para os países que adotam o sistema imperial de medidas, é medida em libra/pé, e a fórmula correspondente é a seguinte:
8
Estudo do comportamento dos projéteis quando em deslocamento no ar.
Cálculo para resultado em libra/pé: Eft/lb = m x v2 450240 Onde: E = energia cinética em libra/pé m = massa do projétil em grains v = velocidade do projétil em pés por segundo No Brasil, especificamente para os praticantes do tiro esportivo, a energia cinética é calculada dentro de uma pequena variação do que é feito nos países de língua inglesa, sendo apenas o resultado desejado expresso em Joules, tendo-se como fórmula correspondente a seguinte: Cálculo para resultado em Joules: EJ = m x v 2 332040 Onde: E = energia cinética em Joules m = massa do projétil em grains v = velocidade do projétil em pés por segundo
9.2 - Cálculo da Energia dos Projéteis Para se proceder ao cálculo da energia dos projéteis, além, é claro, da arma de fogo e da munição correspondente, são necessários três equipamentos, conforme mostrado no capítulo 7. Esses equipamentos se resumem em uma balança de precisão que, preferencialmente, possa expressar o peso em grains, um cronógrafo para medição de velocidade de projéteis, onde se possa obter a velocidade em pés por segundo e, por último, um martelo de inércia, utilizado para a desmontagem do projétil sem ter que deflagrá-lo.
9.3 - Armas de Uso Restrito São determinadas pelo exército brasileiro como armas de calibre restrito as armas que possuam as seguintes características: 9
9
Decreto nº 3.665, de 20 de novembro de 2000 – R105 – Cap. III Art. 16.
a)
São aquelas iguais ou que possuam alguma característica no que diz
respeito aos empregos tático, estratégico e técnico do material bélico usado pelas Forças Armadas nacionais. b)
São também aquelas, que não sendo iguais ou similares ao material
bélico usado pelas Forças Armadas nacionais, possuam características que só as tornem aptas para emprego policial ou militar. c)
Armas de fogo curtas, cuja munição comum tenha, na saída do cano,
energia superior a trezentas libras/pé ou quatrocentos e sete Joules, como por exemplo os calibres .357 Magnum, 9mm, .38 Super Auto, .40 S&W, .44 Magnum, .45 Colt, .45 Auto, etc. d)
Armas de fogo longas raiadas, cuja munição comum tenha, na saída
do cano, energia superior a mil libras/pé ou mil trezentos e cinquenta e seis Joules, como por exemplo, os calibres .22-250, .223 Remington, .243 Winchester, .270 Winchester, 7mm Mauser, 30-06, .308 Winchester, 7,62 x 39, .375 Winchester, .44 Magnum, etc. e)
Armas de fogo automáticas de qualquer calibre.
f)
Armas de fogo de alma lisa de calibre 12, com comprimento de cano
menor que vinte e quatro polegadas ou seiscentos e dez milímetros. g)
Armas de fogo de alma lisa de calibre superior ao calibre 12.
h)
Armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação de mola,
com calibre superior a seis milímetros, que disparem projéteis de qualquer natureza. i)
Armas de fogo dissimuladas, conceituadas como tais, os dispositivos
com aparência de objetos inofensivos, mas que escondem uma arma, tais como bengalas-pistola, canetas-revólver e semelhantes. j)
Armas de ar comprimido, simulacro do Fuzil 7,62mm, M964, FAL.
k)
Armas ou dispositivos que lancem agentes de guerra química ou gás
agressivo e suas munições. l)
Dispositivos que constituam acessórios de armas e que tenham por
objetivo dificultar a localização da arma, como os silenciadores de tiro, os quebra-chamas e outros, que servem para amortecer o estampido ou diminuir a chama do tiro, e também os que modificam as condições de emprego, tais como bocais lança-granadas e outros. Logo, qualquer arma que se encaixe em qualquer das descrições acima, será considerada arma de calibre restrito.
Estas não se resumem apenas a armas de fogo. Há o caso de armas de ar comprimido também.
9.4 - Armas de Uso Permitido São determinadas pelo exército brasileiro como armas de calibre permitido as armas que possuam as seguintes características: 10 a) Armas de fogo curtas, de repetição ou semiautomáticas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia até trezentas libras/pé ou quatrocentos e sete Joules, como por exemplo, os calibres .22LR, .25 Auto, .32 Auto, .32 S&W, .38 SPL, .380 Auto, etc. b) Armas de fogo longas raiadas, de repetição ou semiautomáticas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia até mil libras/pé ou mil trezentos e cinquenta e seis Joules, como por exemplo, os calibres .22LR, 32-20, .38-40, 44-40, etc. c) Armas de pressão por ação de gás comprimido ou por ação de mola, com calibre igual ou inferior a seis milímetros e suas munições de uso permitido. d) Armas de fogo de alma lisa, de repetição ou semiautomáticas, de calibre 12 ou inferior, com comprimento de cano igual ou maior que vinte e quatro polegadas ou seiscentos e dez milímetros. As de calibre inferior ao 12 poderão ter cano de qualquer tamanho. e) Armas que tenham por finalidade dar partida em competições desportivas e que utilizem cartuchos contendo unicamente pólvora. f) Armas para uso industrial. g) Armas que utilizem projéteis anestésicos para uso veterinário.
9.5 - Como determinar se o Calibre é Restrito ou Permitido Para se determinar se um calibre é restrito ou permitido, primeiramente recorre-se às características de cada calibre, conforme descrito no R-105. Na eventualidade de não se ter certeza sobre uma determinada munição, como é o caso de munições pouco conhecidas, há a necessidade de se seguir alguns procedimentos para calcular a energia cinética do referido projétil. Nesse caso, utilizando-se de um cronógrafo, de uma balança de precisão e de um martelo de inércia, segue-se o seguinte procedimento: 10
Decreto nº 3.665, de 20 de novembro de 2000 – R105 – Cap. III Art. 17.
a)
Toma-se uma munição intacta e faz-se a desmontagem da mesma
utilizando-se do martelo de inércia; b)
Ao separar o projétil do estojo, toma-se aquele e faz-se a pesagem,
tomando-se nota do peso do mesmo; c)
Na sequência, toma-se outra munição intacta, e procede-se ao
disparo da mesma, com a arma correspondente, através dos sensores do cronógrafo, registrando-se a velocidade, a qual será utilizada para o cálculo mais tarde; d)
Aplica-se a fórmula já descrita anteriormente para se determinar qual
a energia cinética produzida pela munição/arma; e)
Compara-se o resultado com os critérios ditados pelo exército e
verifica-se então se o calibre é restrito ou permitido. Nota-se nesse contexto que o que é permitido no Brasil é apenas uma pequeníssima fração das armas e calibres existentes no mundo afora.
10 – PODER DE PARADA (STOPPING POWER ) Poder de parada é a capacidade que uma arma tem de interromper as ações ofensivas de um adversário com um só disparo, em decorrência da combinação ideal entre calibre e munição. Não é relevante se tal disparo ocasiona a morte ou não. O que é significativo é o poder de interromper as ações do oponente antes que este cause danos ou lesões.
10.1 – Fatores e Variáveis Há de se considerar, entretanto, que existem muitos fatores que compõem as variáveis dessa complicada equação chamada poder de parada. Abaixo, relacionam-se alguns dos fatores que interferem diretamente nessa questão: a) Ponto de impacto do projétil; b) Quantidade de energia dissipada no corpo; c) Condições físicas do oponente; d) Condições psíquicas do oponente; e) Conhecimento, por parte do oponente, dos efeitos de um disparo com arma de fogo;
f) Calibre utilizado; g) Tipo de projétil utilizado.
10.2 – Energia Dissipada A energia dissipada nos tecidos é dada pela seguinte fórmula: Ed = Ei - Edef - Er Onde: Ed – energia dissipada nos tecidos, que pode resultar em lesões. Ei – energia cinética inicial do projétil. Edef – energia consumida na deformação do projétil. Er – energia cinética residual, após transpor o corpo atingido.
10.3 – Energia Aplicada ao Tiro A unidade de medida “JOULE” (símbolo: J) é a unidade de energia e trabalho no Sistema Internacional de Unidades, e é definida como:
Logo, entre vários exemplos, 1 joule é igual à energia potencial de uma massa de 1 kg posta a uma altura de 1 m sobre um ponto de referência, num campo gravitacional de 1 m/s². Como a gravidade terrestre é de 9,81 m/s² ao nível do mar, 1 kg a 1 m acima da superfície da Terra tem uma energia potencial de 9,8 joules relativa a ela. Ao cair, esta energia potencial gradualmente passará de potencial para energia cinética11, considerando-se a conversão completa no exato instante em que a massa atingir o ponto de referência12.
11 12
Energia cinética é a energia mecânica adquirida por um corpo quando em movimento. Disponível em . Acesso em 5 de janeiro de 2010.
Figura 19: demonstração da energia aproximada de 1 Joule.
JOULES
PESO
1J
100 gramas
10 J
1 kg
100 J
10 kg
500 J
50 kg
1.000 J
100 kg
5.000 J
500 kg
10.000 J
1.000 kg
50.000 J
5.000 kg
100.000 J
10.000 kg
ALTURA
01 metro
Tabela de Equivalência de Energia
Toda munição gera uma determinada quantidade de energia a ser disparada e essa energia varia em função da massa do projétil (peso) e também da sua velocidade (que é aferida na saída do cano).
Levando-se em consideração as leis da física, vale a pena lembrar que, aumentandose o peso do projétil (massa) se ganha maior energia. Nesse caso a energia ganha será de ordem linear, ou seja, se aumentar a massa do projétil em 50% por exemplo, desde que se mantendo a mesma velocidade, o aumento de energia será também de 50%. Exemplo: Massa projétil 1: 100 grains Velocidade: 1.000 pps (pés por segundo) Energia: 301 joules Massa projétil 2: 150 grains (aumentou-se o peso em 50%) Velocidade: 1.000 pps (pés por segundo) Energia: 452 joules (houve aumento de energia na proporção de 50%) O aumento de energia também ocorre quando aumentamos a velocidade do projétil. Porém, quando se aumenta a velocidade, mantendo-se o mesmo peso de projétil, o ganho de energia será exponencial de ordem quadrática, ou seja, se aumentarmos a velocidade em 50%, mantendo a mesma massa de projétil, o aumento de energia será da ordem de 125%. Exemplo: Massa projétil 1: 100 grains Velocidade: 1.000 pps (pés por segundo) Energia: 301 joules Massa projétil 2: 100 grains Velocidade: 1.500 pps (aumento de velocidade em 50%) Energia: 678 joules (houve aumento de energia na proporção de 125%)
Tabela Demonstrativa de Energia Cinética com o aumento da massa do projétil: Massa (grains): Velocidade (pps): Massa Cinética: (grains): Energia Velocidade Aumento de Massa(pps): (%): Cinética: GanhoEnergia de Energia (%): Aumento Velocidade (%): Ganho de Energia (%):
100 1000 100 301 1000 301
110 331 1100 10 364 10
120 361 1200 20 434 20
130 392 1300 30 509 30
140 422 1400 40 590 40
150 452 1500 50 678 50
160 482 1600 60 771 60
170 512 1700 70 870 70
10 21
20 44
30 69
40 96
50 125
60 156
70 189
180 190 200 542 572 602 1800 80 1900 90 2000 100 976 80 1087 90 1205 100 80 224
90 261
100 300
Demonstrativa de Energia Cinética com o aumento da velocidade do projétil:
Tabela
10.4 – As Munições e suas energias e equivalências
CALIBRE .22 LR
ENERGIA
EQUIVALÊNCIA EM PESO SUSPENSO A 01
(mín. / máx.)
METRO DE ALTURA
268 a 389 J
26,8 a 38,9 kg
Peso equivalente a um galão de 20 litros com água.
CALIBRE
ENERGIA
EQUIVALÊNCIA EM PESO SUSPENSO A 1
(mín. / máx.)
METRO DE ALTURA
.380
256 a 300 J
25,6 a 30 kg
.38 Special
268 a 389 J
26,8 a 38,9 kg
Peso equivalente a um botijão de gás/ um ar condicionado de 10.000 BTU’s.
CALIBRE
ENERGIA
EQUIVALÊNCIA EM PESO SUSPENSO A 1
(mín. / máx.)
METRO DE ALTURA
9 mm
492 a 610 J
49,2 a 61 kg
.40 S&W
555 a 665 J
55,5 a 66,5 kg
Peso equivalente a um saco de cimento de 50kg / um freezer horizontal.
CALIBRE
ENERGIA
EQUIVALÊNCIA EM PESO SUSPENSO A 1
(mín. / máx.)
METRO DE ALTURA
.45
600 a 712 J
60 a 71,2 kg
.357
710 J
71 kg
Magnum
Peso equivalente a um refrigerador duplex.
CALIBRE
ENERGIA
EQUIVALÊNCIA EM PESO SUSPENSO A 1
(mín. / máx.)
METRO DE ALTURA
5.56 NATO / 1.660 a 1.740 J
166 a 174 kg
.223 REM
Peso equivalente a uma motocicleta esportiva.
CALIBRE Calibre 12
ENERGIA
EQUIVALÊNCIA EM PESO SUSPENSO A 1
(mín. / máx.)
METRO DE ALTURA
3.000 J
300 kg
157 a 760 J
15,7 a 76 kg
SG Calibre 12 Não letal
Peso equivalente a um tambor de 230 litros de óleo lubrificante.
CALIBRE
ENERGIA
EQUIVALÊNCIA EM PESO SUSPENSO A 1
(mín. / máx.)
METRO DE ALTURA
7.62 NATO / 3.388 J
338,8 kg
.308 WIN
Peso equivalente a um cavalo puro-sangue.
CALIBRE .50 BMG
ENERGIA
EQUIVALÊNCIA EM PESO SUSPENSO A 1
(mín. / máx.)
METRO DE ALTURA
17.234 J
1.723,4 kg
Peso equivalente a uma camionete S-10 Cabine Dupla.
11 – Inspeção de arma Para a correta inspeção da pistola Glock segue-se obrigatoriamente os seguintes passos: a) Retirar o carregador, atuando no retém do carregador com a mão forte; pode ser necessário um pequeno giro da arma na mão a fim de permitir que o polegar alcance o retém do carregador; b) Verificar se o carregador está vazio, e colocá-lo no bolso;
c) Com a mão fraca, em forma de concha, puxa-se o ferrolho à retaguarda, atuando no retém do ferrolho com o polegar da mão forte e mantendo a arma aberta;
d) Executar a inspeção visual, inicialmente olhando-se o alojamento do carregador, por cima do ferrolho, tendo a mão fraca fazendo luz na base do punho e na sequência olhando para dentro da câmara de explosão, verificando se a mesma está vazia;
e) Realizar a inspeção tátil, colocando o dedo indicador da mão fraca na entrada da câmara para confirmar se a mesma não possui nenhum cartucho alojado em seu interior;
f) Proceder ao fechamento do ferrolho e, na posição 4, fazer a inspeção material, acionando o gatilho com a arma apontada para o alvo.
11.1 – Desmontagem e manutenção de 1º escalão Para proceder à desmontagem de qualquer arma é sempre necessário manter a mesa de desmontagem limpa e sem nenhum outro objeto a não ser as ferramentas necessárias e o material para anotações, atentando-se para: a) Fazer inspeção de arma antes de iniciar a desmontagem;
b) Desmontar a arma e manter uma sequência lógica de peças. Isso vai ajudar na montagem; c) Chamar o instrutor que estiver mais próximo diante de qualquer dúvida na desmontagem ou montagem; d) Não se adiantar na instrução. O colega ao lado pode não acompanhar sua experiência anterior; e) Manter o silêncio. Será mais fácil para sanar eventuais dúvidas.
11.2- Passo-a-passo da desmontagem Passo 1: retirar o carregador pressionando o retém do carregador; Passo 2: destravar o ferrolho, puxando-o levemente à retaguarda com a mão forte, e, ao mesmo tempo, com os dedos polegar e indicador da mão fraca, baixar a trava do ferrolho em ambos os lados da arma;
Passo 3: separar o ferrolho da armação, levando o mesmo à frente, deslizando pelos trilhos da armação;
Passo 4: atuando na parte posterior do conjunto da mola recuperadora, retirar a mesma, pressionando para frente e para cima;
Passo 5: retirar o cano, puxando-o para cima.