COORDENADORIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL TECNOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES
CAPÍTULO 10 TELHADO
Profª Alessandra Savazzini Reis 2012 Profª Alessandra Savazzini
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10. TELHADO Introdução São construções destinadas a proteger as edificações da ação de intempéries, constituindo também, um remate de sensível importância estética. A cobertura é um subsistema do edifício que se divide em dois grupos principais: - lajes de concreto impermeabilizadas; - coberturas em telhado. As coberturas em telhados possuem as seguintes características quando comparadas às lajes de concreto impermeabilizadas: menor peso; melhor estanqueidade; maior durabilidade; menor participação estrutural; menos suscetibilidade às movimentações do edifício; necessidade de forro. A estanqueidade e o desempenho térmico constituem os dois principais pontos para a avaliação de utilização de um telhado. Dentre as causas das falhas de adequabilidade a esses aspectos têm-se: - grande número de juntas; - deslocamento dos componentes durante fortes ventos (declividades e assentamentos inadequados); - deslocamento das telhas decorrentes de deformações excessivas das estruturas de sustentação; - projeto inadequado de arremates (encontro de telhados e paredes), extravasores de água, etc.; - acúmulo de algas, liquens e musgos nos encaixes; - trasbordamento de calhas e rufos. As coberturas devem apresentar as seguintes funções: utilitárias: impermeabilidade, leveza, isolamento térmico e acústico; estéticas: forma e aspecto harmônico com a linha arquitetônica, dimensão dos elementos, textura e coloração; econômicas: custo da solução adotada, durabilidade e fácil conservação dos elementos.
Para a especificação técnica de uma cobertura ideal, o profissional deve observar os fatores do clima (calor, frio, vento, chuva, granizo, neve, etc.), que determinam os detalhes das coberturas, conforme as necessidades de cada situação. O telhado possui três partes: estrutura, cobertura e captação de águas pluviais.
10.1. Estrutura Conjunto de elementos que irá suportar a cobertura e parte do sistema de captação de águas pluviais, além de fixar as telhas e fazer a transmissão dos esforços solicitantes para os elementos estruturais, garantindo assim a estabilidade do telhado. A estrutura pode ser composta de: tesouras (madeira, metálica, concreto e mista); terças (simples, armada, treliça); arcos (madeira, metálico, concreto); caibros, ripas, contraventamento e mão francesa.
A estrutura metálica (Figura 10.1) apresenta-se como alternativa à estrutura de madeira, principalmente devido à escassez da madeira em certas regiões e à necessidade de preservação do meio ambiente. Além disso, a utilização de peças pré-fabricadas aumenta o grau de industrialização, otimizando a produtividade e qualidade na construção de telhados. O uso de estrutura metálica é bastante comum em edifícios industriais e em galpões, seja sob a forma de treliças planas e vigas a elas perpendiculares (terças), usualmente feitas em aço, seja sob a forma espacial, constituída por elementos tubulares, em aço ou alumínio.
Figura 10.1- Estrutura metálica de telhado Profª Alessandra Savazzini
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10.1.1. Tesoura
São muito eficientes para vencer vãos sem apoio intermediário. São estruturas planas verticais que recebem cargas paralelamente ao seu plano, transmitindo-as aos seus apoios. As peças que compõem a tesoura são (Figura 10.2): Linha ou tirante (esforço de tração); Perna, asa ou empena (esforço de compressão); Escora ou mão francesa (esforço de compressão); Pontalete (esforço de tração).
Os caibros são assentados sobre as terças e as ripas sobre os caibros. As terças se apoiam nos nós da treliça. A distância entre os caibros é de no máximo 50 cm. A distância entre as ripas depende do tamanho da telha a ser usada. A Figura 10.3 apresenta as partes do telhado. Figura 10.2 – Partes da tesoura
pendural
perna ou empena
linha asna ou escora
terças intermediárias
Figura 10.3 – Partes do telhado 10.1.1.1.
Materiais usados nas tesouras
Os materiais usados nas estruturas são: concreto, madeira e peças metálicas (pregos, parafusos, chapas de aço, etc.). Devem apresentar propriedades m ecânicas compatíveis com as cargas a que estarão submetidas e atender as Normas. Independente do material a ser usado na execução de estrutura tipo tesoura as concepções estruturais são definidas pelas necessidades arquitetônicas do projeto e das dimensões da estrutura requerida, podendo-se ter os seguintes esquemas (Figura 10.4):
Tesoura simples
Tesoura com lanternim Tesoura de mansarda
Tesoura tipo sheed
Tesoura simples com asnas Tesoura com lanternim
Tesoura com tirantes e escoras
Tesoura sem linha
Tesoura de alpendre
Figura 10.4 – Esquemas de telhado Profª Alessandra Savazzini
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10.1.1.2.
Detalhes de ligações dos elementos (Figura 10.5)
São tipos de ligações práticas entre duas peças de madeiras definidas após verificação das resistências das superfícies de contato ao esmagamento e, às vezes, ao cisalhamento de um segmento da peça. Cantoneira CH 50x6mm
A
+ + + ++ + + + + + + + + +
+ + + ++ + + + ++ + + + +
Cobrejuntas de madeira pregadas Chapa reta 50x6mm
Corte AA
A
Cobrejuntas de madeira pregadas e t n e d o d o ã ç e r i
/2
α
/2
α
D
ß/2
ß/2
a
Junta intermediária inferior α
a ß/2 ß/2
b d
Figura 10.5 – Detalhes de ligações 10.1.1.3.
Junta central superior
Construção das tesouras
As tesouras de madeira são colocadas a distância média de 3,00m, e em geral não precisam de escoras. Para as pernas e linhas, empregam-se peças de 8x12, 8x16, 8x20 e 10x30 (cm). As escoras são feitas geralmente de caibros de 8x8 ou 10x10 (cm), sendo que nos grandes vãos, algumas peças são de 8x12 ou 8x16 (cm). O pontalete principal tem, em geral, a mesma bitola que as pernas. Os pontaletes secundários têm bitolas iguais ou inferiores. As terças apoiam-se sobre as tesouras ou pontaletes e suas bitolas dependem da distancia entre elas, do tipo de madeira e telha empregadas. A madeira a ser usada, em geral, devem ser madeiras de lei, tais como o parajú, peroba, ipê. 10.1.1.4.
Telhado pontaletado (Figura 10.6)
Pode-se construir o telhado usando pontaletes ao invés das tesouras. Em construções residenciais, as paredes internas e as lajes oferecem apoios intermediários. O pontalete trabalha à compressão e é apoiado na laje. A distância a ser adotada entre os pontaletes é igual a da tesoura. Figura 10.6 – Telhado pontaletado 10.1.1.5.
Dimensionamento das peças do madeiramento
O dimensionamento pode ser feito baseado em Tabelas de dimensionamento (Tabelas 10.1, 10.2, 10.3, 10.4). a) Dimensionamento das terças (Tabela 10.1): Tabela 10.1 – Tesoura Distância entre Distância entre tesouras peças 2,50 m 3,00 m 3,50 m 1,50 m 6 x 12 cm 6 x 16 cm 6 x 16 cm 2,00 m 6 x 16 cm 6 x 16 cm 6 x 18 cm 2,50 m 6 x 16 cm 6 x 18 cm 8 x 24 cm 3,00 m 6 x 18 cm 6 x 24 cm 10 x 24 cm Profª Alessandra Savazzini
4,00 m 6 x 18 cm 8 x 24 cm 10 x 24 cm 10 x 24 cm 4
b) Dimensionamento das peças da tesoura (Tabela 10.2): Tabela 10.2 – Peças da tesoura Peça da Tesoura Vão em metros 6m 8m Linha 6 x 12 cm 6 x 16 cm Perna 6 x 16 cm 6 x 16 cm Mão Francesa 6 x 12 cm 6 x 12 cm Pendural 6 x 12 cm 6 x 12 cm Tirante 6 x 12 cm 6 x 12 cm
10 m 6 x 16 cm 6 x 16 cm 6 x 12 cm 6 x 12 cm 6 x 12 cm
c) Dimensionamento das peças do vigamento (Tabela 10.3): Tabela 10.3 – Peças do vigamento Peça do Vigamento Dimensão Frechal, Terça ou cumeeira 6 x 16 cm d) Dimensionamento dos elementos do madeiramento (Tabela 10.4): Tabela 10.4 - Madeiramento Peça Dimensões Caibro 7 x 5 cm Ripa 5 x 1,5 cm 10.2. Cobertura
A cobertura das edificações tem como finalidade principal abrigá-las contra as intempéries e deve possuir propriedades isolantes, ser impermeável, ser resistente, ser inalterável quanto à forma e peso, ser leve, de secagem rápida, de fácil colocação, de longa duração, de custo econômico, de fácil manutenção e ter bom escoamento das águas de chuvas. 10.2.1. Tipos de cobertura
A cobertura é formada por superfícies planas inclinadas para um perfeito escoamento das águas. Uma água (Figura 10.7) Caracterizada pela definição de somente uma superfície plana, com declividade, cobrindo uma pequena área edificada ou estendendo-se para proteger entradas (alpendre). 10.2.1.1.
Duas águas Caracterizada pela definição de duas superfícies planas, com declividades iguais ou distintas, unidas por uma linha central denominada cumeeira ou distanciadas por uma elevação (tipo americano). O fechamento da frente e fundo é feita com oitões (Figura 10.8). 10.2.1.2.
o ã ç a c i f i d E
Tipo cangalha
Alpendre
Meia-água
Figura 10.7 – Telhado de uma água 10.2.1.3.
Duas águas
Tipo americano
cumeeira
Figura 10.8 – Telhado de duas águas
Três águas (Figura 10.9)
Caracterizada como solução de cobertura de edificações de áreas triangulares, onde se definem três tacaniças unidas por linhas de espigões. 10.2.1.4.
Quatro águas (Figura 10.10)
Caracterizada por coberturas de edificações quadriláteras, de formas regulares ou irregulares.
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tacaniça ã o i g p e s
com beirais cumeeira
Três águas tacaniça
Quarto águas
com platibanda
rufo e calha
ventilação
Figura 10.9-Telhado 3 águas 10.2.1.5.
Figura 10.10-Telhado 4 águas
Múltiplas águas (Figura 10.11)
Edificações cujas plantas de cobertura são determinadas por superfícies poligonais quaisquer, onde a determinação do número de águas se faz pelo processo do triângulo auxiliar.
Figura 10.11 – Telhado de múltiplas águas 10.2.2. Tipos de telhados
a) Sheed ou dente de serra (Figura 10.12) Usado em construções de fábricas, galpões, hospitais, escolas, quando não se pode obter luz pelas laterais, ou esta é insuficiente pelas dimensões excessivas do edifício. b) Mansarda (Figura 10.13) Permite o aproveitamento do vão e do espaço sob o telhado.
Figura 10.12 - Shed
Figura 10.13 - Mansarda
10.2.3. Cobrimento ou Telhamento
O mercado oferece uma diversidade de materiais para telhamento de coberturas, cuja escolha na especificação de um projeto depende de diversos fatores, entre eles o custo que irá determinar o patamar de exigência com relação à qualidade final do conjunto, devendo-se considerar as seguintes condições mínimas: deve ser impermeável, sendo esta a condição fundamental mais relevante; resistente o suficiente para suportar as solicitações e impactos; possuir leveza, com peso próprio e dimensões que exijam menos densidade de estruturas de apoio; deve possuir articulação para permitir pequenos movimentos; ser durável e devem manter-se inalteradas suas características mais importantes; deve proporcionar um bom isolamento térmico e acústico.
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a) Chapa de aço zincado (Figura 10.14) existem perfis de seções diversas, tais como: ondulados, trapezoidais e especiais; podem ser obtidas em cores, com pintura eletrostática; permitem executar coberturas com pequenas inclinações; podem ser fornecidas com aderência na face inferior de poliestireno expandido para a redução térmica de calor.
Figura 10.14 – a) seção trapezoidal
b) seção ondulada
b) Telhas autoportantes (Figura 10.15) executadas com chapas metálicas ou concreto protendido, em perfis especiais (autoportantes) para vencer grandes vãos, variando de 10 a 30 metros, em coberturas planas e arcadas, sem a existência de estrutura de apoio; utilizadas em construções de galpões industriais, agrícolas, esportivos, hangares etc.
Figura 10.15-Telha de concreto protendido com 20m comprimento c) Telhas de alumínio (Figura 10.16) é o material mais leve, e de maior custo; fornecidas em perfil ondulados e trapezoidais; refletem 60% das irradiações solares, mantendo o conforto térmico sob a cobertura. São resistentes e duráveis; cuidado deve ser observado para não apoiar as peças diretamente sobre a estrutura de apoio em metal ferroso, as peças devem ser isoladas no contato;
Fig. 10.16-Telha de alumínio d) Telhas plásticas fornecidas em chapas onduladas e trapezoidais, translúcidas e opacas, de PVC ou poliester e em cores. A Figura 10.17 apresenta uma telha translúcida confeccionada em plástico reforçado com fibra de vidro (PRFV)
Figura 10.17-Telha plástica e) Telhas de fibro-cimento (Figura 10.18) são fabricadas com cimento portland e fibras de amianto, sob pressão; incombustíveis, leves, resistentes, de baixo custo e de grande durabilidade; fácil instalação com peças de concordância e acabamento, e exigindo estrutura d e apoio simples; não proporcionam adequado conforto térmico. perfis variados e também autoportantes, com até 9,0 m de comprimento.
esp.4mm esp.6 e 8 mm Figura 10.18 – Telhas de fibrocimento
Canalete 90
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Canalete 49
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e) Telhas cerâmicas COLOCAÇÃO DAS TELHAS A colocação das telhas deve ser feita por fiadas, iniciando-se pelo beiral e prosseguindo em direção à cumeeira levando-se em consideração o sentido do vento. As telhas da fiada seguinte são colocadas de forma a encaixarem-se perfeitamente naquelas da fiada inferior. Para cada tipo de telha cerâmica faz-se na obra um gabarito (Figura 10.19) para instalação das ripas de apoio. A aplicação das telhas de capa e canal (tipo colonial, paulista) deve ser iniciada pela colocação dos canais, posicionando-se com sua parte mais Figura 10.19 -Gabarito larga voltada para cima. As capas são posicionadas sobre os canais com a parte mais larga voltada para baixo. As capas e os canais devem apoiar-se nas fiadas inferiores, observando-se recobrimento longitudinal mínimo. BEIRAL O primeiro apoio da primeira fiada de telhas deve ser constituído por duas ripas sobrepostas ou por testeiras (tabeiras), de forma a compensar a espessura da telha e garantir o plano do telhado (Figura 10.20). Em beirais desprotegidos, deve-se fixar as telhas à estrutura de madeira: as telhas de encaixe devem ser amarradas às ripas; as telhas de capa e canal devem ter as capas emboçadas e os canais fixados às ripas. As telhas não necessitarão ser fixadas à estrutura de madeira, caso haja platibanda ou caso seja empregado forro do beiral. No caso de beirais laterais, a proteção pode ser feita mediante o emboçamento de peças cerâmicas apropriadas (cumeeiras ou capas de telhas do tipo capa e Figura 10.20 – Ripa sobreposta e tabeira canal). CUMEEIRA A cumeeira deve ser executada com peças cerâmicas específicas, que devem ser cuidadosamente encaixadas e emboçadas com argamassa, obedecendo-se um sentido de colocação contrário ao dos ventos dominantes, deve-se observar ainda um recobrimento longitudinal mínimo entre as peças subsequentes. ESPIGÃO O espigão pode ser executado com peças de cumeeiras ou capas das telhas de capa e canal, como as do tipo colonial. No espigão, as peças são colocadas do beiral em direção à cumeeira, observando-se o recobrimento longitudinal mínimo. As peças devem ser emboçadas com argamassa. RINCÃO OU ÁGUA FURTADA O rincão é geralmente constituído por uma calha metálica (chapa de aço galvanizado) fixada na estrutura de madeira do telhado. As telhas, ao atingirem o rincão, devem ser cortadas na direção do rincão de tal forma que recubram a calha metálica. A largura livre da calha deve ser de aproximadamente 10cm, sendo que suas bordas devem ser viradas para cima para não permitir o vazamento da água que ali se acumula. ARREMATES Os encontros do telhado com paredes paralelas ou transversais ao comprimento das telhas devem ser executados empregando-se rufos metálicos ou componentes cerâmicos, de forma a garantir a estanqueidade do telhado. ARGAMASSA DE EMBOÇAMENTO A argamassa a ser empregada no emboçamento das telhas e das peças complementares (cumeeiras, espigão, arremates), deve ser de traço, em volume, 1:2:9 (cimento:cal:areia). As telhas cerâmicas são tradicionalmente usadas na construção civil. A Figura 10.21 apresenta alguns tipos: Figura 10.21 – Telhas cerâmicas
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f) Telhas de vidro (Figura 10.22) formatos similares às telhas cerâmicas; utilizadas para propiciar a iluminação zenital.
Figura 10.22-Telha de vidro h) Telhas de concreto (Figura 10.21) telhas produzidas com traço especial de concreto leve, proporcionando um telhado com 10,5 telhas por metro quadrado e peso de 50 kg/m2; perfis variados com textura em cores obtidas pela aplicação de camada de verniz especial de base polímero acrílica; alta resistência das peças, superior a 300 kg.
Figura 10.21 – Telhas de concreto i) Chapas de policarbonato (Figura 10.22) São apresentadas em chapas com pactas (tipo vidro) ou alveolares, transparentes ou translúcidas, em cores, praticamente inquebráveis (resistência superior ao do vidro em 250 vezes), baixa densidade, resistentes a raios ultra-violeta, flexíveis, material auto extinguível não gerando gases tóxicos quando submetido a ação do fogo. A aplicação de chapas de policarbonato, devido à variedade de tipos e espessuras, é a solução para inúmeras indicações, tais como: coberturas em geral, luminosos, blindagem, janelas e vitrines etc.
Figura 10.22 - Policarbonato 10.2.4. Inclinação
A inclinação mínima recomendada para cada tipo de cobertura é dada em graus ou em porcentagem. A Tabela 10.5 apresenta a conversão de unidades. A Figura 10.23 apresenta a inclinação das telhas. Tabela 10.5 – Conversão de inclinação Graus Porcentagem Graus Porcentagem 5º 8,7% 30º 57,7% 10º 17,6% 35º 70,0% 15º 26,8% 40º 83,9% 20º 36,4% 45º 100,0% 25º 46,6% Figura 10.23 - Inclinação de telhas Profª Alessandra Savazzini
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10.3. Captação de águas pluviais
Os elementos de captação de águas pluviais de coberturas compõem o sistema de coleta e condução das águas que vai desde o telhado propriamente dito até ao sistema público de destinação dessas águas (drenagem superficial e subterrânea da via pública). Em geral os elementos de captação e condução são executados em chapas de aço galvanizado, mas podem ser de PVC rígido, fibrocimento ou concreto armado impermeabilizado. A colocação e fixação dos elementos de captação de água devem ocorrer pouco antes do arremate final do telhado e deve-se verificar os seguintes pontos antes de liberar a continuidade dos trabalhos: conferir as emendas (soldas e rebites); verificar se o recobrimento mínimo é respeitado (8 cm em telhados comuns); fazer um teste de vazamento e caimento (ver se água fica parada em pontos da calha); ver se existem juntas de dilatação em calhas com mais de 20 m; verificar os pontos de impermeabilização.
As superfícies devem ter declividades compatíveis com aspectos tais como a rugosidade das telhas ou o seu formato (calha) para garantir a correta drenagem, evitar sobrecargas de lâminas d’água e escoar as águas o mais rapidamente possível a fim de que não haja água empoçada além do tempo de duração da chuva. Geralmente, para a construção residencial, os principais componentes dos sistemas de captação de água pluviais são: rufos, calhas e condutores verticais. Os rufos podem ser metálicos ou de PVC, devem garantir a estanqueidade à água e serem executados nos encontros dos telhados com as paredes. As calhas conduzem a água até o seu destino, ou diretamente à caixa de drenagem, ou até os condutores verticais. Para o cálculo das calhas de captação de água pluvial segue-se a NBR10844-Instalações prediais de águas pluviais. A quantidade de água de chuva sobre um telhado varia em função de diversos fatores, tais como, o clima (tropical, equatorial, etc.), a estação do ano, localização geográfica. Geralmente, no mercado se encontram calhas e condutores verticais metálicos (aço com tratamento ideal, para evitar corrosão) ou em PVC. A Figura 10.24 apresenta as partes do sistema de captação de água pluvial. Calha de platibanda Calha moldura para beiral
Calha americana para beiral
Rufo interno
Calha quadrada para encontro com parede
Rufo com pingadeira
Rufo externo
Calha de água furtada
Figura 10.24 – Partes do sistema de captação de água pluviais
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GLOSSÁRIO NA ÁREA DE EXECUÇÃO DE COBERTURAS
Água – é o tipo de caimento dos telhados em forma retangular ou trapezoidal (meia-água, duas águas, três, quatro águas). Alpendre - cobertura suspensa por si só ou apoiada em colunas sobre portas ou vãos. Geralmente, fica localizada na entrada da edificação. Amianto – originado do mineral chamado asbesto, composto por filamentos delicados, flexíveis e incombustíveis. É usado na composição do fibrocimento. Beiral – parte da cobertura em balanço que se prolonga além da prumada das paredes. Caibros – peças e madeira de média esquadria que ficam apoiadas sobre as terças para distribuir o peso do telhado. Calha – é canal ou duto em alumínio, chapas galvanizadas, cobre, PVC ou latão que recebe as águas das chuvas e as leva aos condutores verticais. Cavalete – é a estrutura de apoio de telhados feita em madeira, assentada diretamente sobre laje. Chapuz – é o calço de madeira, geralmente em forma triangulas que serve de apoio lateral para a terça ou qualquer outra peça de madeira. Clarabóia – é a abertura na cobertura, fechada por caixilho com vidro ou outro material transparente, para iluminar o interior. Contrafrechal – é a viga de madeira assentada na extremidade da tesoura. Cumeeira – parte mais alta do telhado no encontro de duas águas. Empena, oitão ou frontão - cada uma das duas paredes laterais onde se apoia a cumeeira nos telhados de duas águas. Espigão – interseção inclinada de águas do telhado. Frechal – é a componente do telhado, a viga que se assenta sobre o topo da parede, servindo de apoio à tesoura. Distribui a carga concentrada das tesouras sobre a parede. Platibanda – mureta de arremate do telhado, pode ser na mesma prumada das paredes ou com beiral. Policarbonato - Material sintético, transparente, inquebrável, de alta resistência, que pode substituir o vidro, proporcionando grande luminosidade. Recobrimentos – são os transpasses laterais, inferior e superior que um elemento de cobrimento (telha) deve ter sobre o seguinte. Rincão (água furtada) – canal inclinado formado por duas águas do telhado. Ripas – são as peças de madeira de pequena esquadria pregadas sobre os caibros para servir de apoio para as telhas. Tacaniça – é uma água em forma triangular. Terças – são as vigas de madeira que sustentam os caibros do telhado, paralelamente à cumeeira e ao frechal. Tirante – é a viga horizontal (tensor) que, nas tesouras, está sujeita aos esforços de tração. Treliça – é a armação formada pelo cruzamento de ripas de madeira. Quando tem função estrutural, chamase viga treliça e pode ser de madeira ou metálica. Varanda – área coberta ao redor de bangalôs (casas térreas), no prolongamento do telhado. Bibliografia Consultada: Apostila de Tecnologia das Construções III –CEFETES - Vitória. AZEREDO, H. A., O Edifício até sua Cobertura. Editora Edgard Blücher Ltda, SP, 1977. CARDOSO, F. F.; Coberturas em Telhados – Notas de Aula. EPUSP. São Paulo, 2000. Notas de aula profª Alessandra Savazzini dos Reis e profª Georgia Serafim Araújo. Coordenadoria Construção Civil. Ifes-Campus Colatina. 2003. Notas de aula profª Alessandra Savazzini dos Reis. Coordenadoria Construção Civil. Ifes-Campus Colatina. 1997-2012. Catálogos de fabricantes de telhas. CARDOSO, Francisco Ferreira. Coberturas em telhados. Notas de aula. USP. São Paulo. 2000. Site: http://pcc2436.pcc.usp.br/Textost%C3%A9cnicos/coberturas/ApostilaCoberturaPCC436Ano2000.pdf . Acesso em 25 de março de 2011. SABBATINI, Fernando H ; FRANCO, Luiz Sergio ; BARROS, Mercia M.B. ; ALY, Vitor evy Castex. Vedação horizontal superior – Cobertura em telhado – Aspectos construtivos. Aula 29- PCC2436-USP. São Paulo. 2006. Site: http://pcc2436.pcc.usp.br/transp%20aulas/coberturas/aula%2029%202006%20%20Coberturas%20Telhado.pdf . Acesso em 25 de março de 2011. WATANABE, Roberto Massaru. Como construir um telhado. São Paulo. 2005.http://www.ebanataw.com.br/roberto/telhado/index.php. Acesso em 26 de m arço de 2011. Sites com acesso em 16 de junho de 2008: http://www.uepg.br/denge/aulas/Coberturas/aula.htm. http://www.alcan.com.br http://www.alcoa.com.br
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