Aristóteles Arte Poética
Aristóteles (384 a.C. — 322 a.C.) “Projeto Livro Livre”
Livro 346
Poeteiro Editor Digital São Paulo - 2014 www.poeteiro.com
Projeto Livro Livre O “Projeto Livro Livre” é uma iniciativa que propõe o compartilhamento, de forma livre e gratuita, de obras literárias já em domnio p!blico ou que tenham a sua divulga"#o devidamente autori$ada, especialmente o livro em seu formato %igital& 'o (rasil, segundo a Lei n) *&+-, no seu artigo ., os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados de / de janeiro do ano subsequente ao de seu falecimento& O mesmo se observa em Portugal& 0egundo o 12digo dos %ireitos de 3utor e dos %ireitos 1one4os, em seu captulo 56 e artigo 7), o direito de autor caduca, na falta de disposi"#o especial, 8- anos ap2s a morte do criador intelectual, mesmo que a obra s2 tenha sido publicada ou divulgada postumamente& O nosso Projeto, que tem por !nico e e4clusivo objetivo colaborar em prol da divulga"#o do bom conhecimento na 5nternet, busca assim n#o violar nenhum direito autoral& 9odavia, caso seja encontrado algum livro que, por alguma ra$#o, esteja ferindo os direitos do autor, pedimos a gentile$a que nos informe, a fim de que seja devidamente suprimido de nosso acervo& :speramos um dia, quem sabe, que as leis que regem os direitos do autor sejam repensadas e reformuladas, tornando a prote"#o da propriedade intelectual uma ferramenta para promover o conhecimento, em ve$ de um temvel inibidor ao livre acesso aos bens culturais& 3ssim esperamos; 3té lá, daremos nossa pequena contribui"#o para o desenvolvimento da educa"#o e da cultura, mediante o compartilhamento livre e gratuito de obras sob domnio p!blico, como esta, do fil2sofo grego 3rist2teles< “ Arte Poética”&
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BIOGRAFIA Aristóteles (do grego antigo: Ἀριστοτέλης) nasceu em Estagira no ano de !"# a$%$ e &aleceu na ca'ital grega Atenas em! a$%$ oi um &ilóso&o grego aluno de *lat+o e 'ro&essor de Ale,andre o -rande$ .eus escritos a/rangem di0ersos assuntos como a &1sica a meta&1sica as leis da 'oesia e do drama a m2sica a lógica a retórica o go0erno a 3tica a /iologia e a 4oologia$ 5untamente com *lat+o e .ócrates ('ro&essor de *lat+o) Aristóteles 3 0isto como um dos &undadores da &iloso&ia ocidental$ Em !#! a$%$ torna6se tutor de Ale,andre da 7aced8nia na 3'oca com 9! anos de idade ue seria o mais c3le/re conuistador do mundo antigo$ Em !!; a$%$ Ale,andre assume o trono e Aristóteles 0olta 'ara Atenas onde &unda o
cia sendo &il?o de @ic8maco amigo e m3dico 'essoal do rei maced8nio Amintas 'ai de ili'e $ B 'ro0>0el ue o interesse de Aristóteles 'or /iologia e &isiologia decorra da ati0idade m3dica e,ercida 'elo 'ai e 'elo tio e ue remonta0a ?> de4 geraCDes$ .egundo a com'ilaC+o /i4antina .uda Aristóteles era descendente de @ic8maco &il?o de 7aca+o &il?o de Escul>'io$ *ro0a0elmente com 9 ou 9F anos 'artiu 'ara Atenas maior centro intelectual e art1stico da -r3cia$ %omo muitos outros Go0ens da 3'oca &oi 'ara l> 'rosseguir os estudos$ Huas grandes instituiCDes dis'uta0am a 're&erIncia dos Go0ens: a escola de sócrates ue 0isa0a 're'arar o aluno 'ara a 0ida 'ol1tica e *lat+o e sua Academia com 're&erIncia J ciIncia (e'isteme) como &undamento da realidade$ A'esar do a0iso de ue uem n+o con?ecesse -eometria ali n+o de0eria entrar Aristóteles decidiu6se 'ela academia 'lat8nica e nela 'ermaneceu 0inte anos at3 a morte de *lat+o$ Em !#F com a morte de *lat+o a direC+o da Academia 'assa a Es'eusi'o o ual comeCou a dar ao estudo acadImico da &iloso&ia um 0i3s matem>tico ue Aristóteles (segundo o'ini+o geral um n+o6matem>tico) considerou inadeuado$ Hessa &orma Aristóteles dei,a Atenas e se dirige 'ro0a0elmente 'rimeiro a Atarneu con0idado 'elo tirano K3rmias e em seguida a Assos cidade ue &ora doada 'elo tirano aos 'lat8nicos Erasto e %orisco 'elas /oas leis ue l?e ?a0iam 're'arado e ue o/ti0eram grande sucesso$ Hurante !#F a$% e !#; a$% dirige uma escola em Assos Gunto com Lenócrates Erasto e %oriscoM de'ois em !#;N!## a$%$ con?ece =eo&rasto e com sua cola/oraC+o dirige uma escola em 7itilene na il?a de se casa com *1tias neta de K3rmias com uem te0e uma &il?a tam/3m c?amada *1tias e
@ic8maco$ Em !#!N!# a$% ili'e escol?e Aristóteles como educador de seu &il?o Ale,andre ent+o com tre4e anos de idade idade 'or intercess+o de K3rmias$ Em !!; a$%$ Aristóteles &unda sua 'ró'ria escola em Atenas em uma >rea de e,erc1cio '2/lico dedicado ao deus A'olo tica astronomia medicina cosmologia &1sica ?istória da &iloso&ia meta&1sica 'sicologia 3tica teologia retórica ?istória 'ol1tica do go0erno e da teoria 'ol1tica retórica e as artes$ Em todas essas >reas o lcides onde sua m+e tin?a uma casa e,'licando: SEu n+o 0ou 'ermitir ue os atenienses 'euem duas 0e4es contra a &iloso&iaS uma re&erIncia ao Gulgamento de .ócrates em Atenas$ Ele morreu em %>lcis na il?a Eu/3ia de causas naturais nauele ano$ Aristóteles nomeou como c?e&e e,ecuti0o seu aluno Ant1'atro e dei,ou um testamento em ue 'ediu 'ara ser enterrado ao lado de sua es'osa$
Wikipédia Maio, 2014
ÍNDICE CAPÍTULO 1: DA POESIA E DA IMITAÇÃO SEGUNDO OS MEIOS, O OBJETO
E O MODO MO DO DE IMITAÇÃO............................................................................... IMITAÇÃO............................................................................... CAPÍTULO 2: DIFERENTES ESPÉCIES DE POESIA SEGUNDO OS OBJETOS IMITADOS....................................................................................................... CAPÍTULO 3: DIFERENTES ESPÉCIES DE POESIA SEGUNDO A MANEIRA DE IMITAR............................................................................................................ CAPÍTULO 4: ORIGEM DA POESIA. SEUS DIFERENTES GÊNEROS................... CAPÍTULO 5: DA COMÉDIA. COMPARAÇÃO ENTRE A TRAGÉDIA E A EPOPÉIA......................................................................................................... CAPÍTULO 6: DA TRAGÉDIA E DE SUAS DIFERENTES PARTES........................ CAPÍTULO 7: DA EXTENSÃO DA AÇÃO.......................................................... AÇÃO................................................................... CAPÍTULO 8: UNIDADE DE AÇÃO................................................................... CAPÍTULO 9................................................................................................... CAPÍTULO 10................................................................................................ CAPÍTULO 11: ELEMENTOS DA AÇÃO COMPLEXA: PERIPÉCIAS, RECONHECIMENTOS, ACONTECIMENTO PATÉTICO OU CATÁSTROFE.......... TRAGÉDIA......................................................... ........... CAPÍTULO 12: DIVISÕES DA TRAGÉDIA.............................................. CAPÍTULO 13: DAS UALIDADES DA FÁBULA EM RELAÇÃO !S PERSONAGENS. DO DESENLACE.................................................................. CAPÍTULO 14: DOS DIVERSOS MODOS DE PRODU"IR O TERROR E A COMPAIXÃO................................................................................................... CAPÍTULO 15: DOS CARACTERES: DEVEM SER BONS, CONFORMES, SEMELHANTES, COERENTES CONSIGO MESMOS.......................................... CAPÍTULO 16: DAS UATRO ESPÉCIES DE RECONHECIMENTO.................... CAPÍTULO 17: CONSELHOS AOS POETAS SOBRE A COMPOSIÇÃO DAS TRAGÉDIAS.................................................................................................... EPOPÉ IA$ O CORO................. CAPÍTULO 18: N#, DESENLACE$ TRAGÉDIA E EPOPÉIA$ CAPÍTULO 19: DO PENSAMENTO E DA ELOCUÇÃO....................................... CAPÍTULO 20: DA ELOCUÇÃO E DE SUAS PARTES......................................... CAPÍTULO 21: DAS FORMAS DOS NOMES$ DAS FIGURAS.............................. CAPÍTULO 22: DAS UALIDADES DA ELOCUÇÃO........................................... ÉPIC A.................... CAPÍTULO 23: DA UNIDADE DE AÇÃO NA COMPOSIÇÃO ÉPICA.................... CAPÍTULO 24: DAS PARTES DA EPOPÉIA$ MÉRITOS DE HOMERO................. CAPÍTULO 25: COMO SE DEVE APRESENTAR O UE É FALSO....................... CAPÍTULO 26: ALGUMAS RESPOSTAS !S CR%TICAS FEITAS ! POESIA............ CAPÍTULO 27: SUPERIORIDADE DA TRAGÉDIA SOBRE A EPOPÉIA.................
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CAPÍTULO 1: DA POESIA E DA IMITAÇÃO SEGUNDO OS MEIOS, O OBJETO E O MODO DE IMITAÇÃO 1. Nosso propósito é abordar a produção poética em si mesma e em seus diversos !"eros# di$er %ua& a 'u"ção de cada um de&es# e como se deve co"struir a '(bu&a visa"do a co"%uista do be&o poético) %ua& o "*mero e "ature$a de suas +da '(bu&a, diversas partes# e também abordar os demais assu"tos re&ativos a esta produção. -eui"do a ordem "atura começaremos pe&os po"tos mais importa"tes. . A epopéia e a poesia tr(ica# assim como a comédia# a poesia ditir/mbica# a maior parte da au&ética e da citar0stica# co"sideradas em era todas se e"%uadram "as artes de imitação. . Co"tudo 2( e"tre estes !"eros tr!s di'ere"ças: seus meios "ão são os mesmos# "em os ob3etos %ue imitam# "em a ma"eira de os imitar. 4. Assim como a&u"s 'a$em imitaç5es em mode&o de cores e atitudes 6u"s com arte# outros &evados pe&a roti"a# outros com a vo$ 7# assim também# "as artes acima i"dicadas# a imitação é produ$ida por meio do ritmo# da &i"uaem e da 2armo"ia# empreados separadame"te ou em co"3u"to. 8. Ape"as a au&ética e a citar0stica uti&i$am a 2armo"ia e o ritmo# mas também o 'a$em a&umas artes a"(&oas em seu modo de e9pressão) por e9emp&o# o uso da '&auta de Pã. . A imitação pe&a da"ça# sem o co"curso da 2armo"ia# tem base "o ritmo) com e'eito# é por atitudes r0tmicas %ue o da"çari"o e9prime os caracteres# as pai95es# as aç5es. ;. A epopéia servee"arco. ?. As imitaç5es em tr0metros# em versos e&e0acos ou "outras espécies vi$i"2as de metro. 1@. -em estabe&ecer re&ação e"tre !"ero de composição e metro empreado# "ão é poss0ve& c2amar os autores de e&e0acos# ou de épicos) para &2es atribuir o "ome
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de poetas# "este caso temos de co"siderar "ão o assu"to tratado# mas i"disti"tame"te o metro de %ue se servem. 11. Não se c2ama de poeta a&uém %ue e9ps em verso um assu"to de medici"a ou de '0sicaB "treta"to "ada de comum e9iste e"tre Domero e mpédoc&es# sa&vo a prese"ça do verso. Eais acertado é c2amar poeta ao primeiro e# ao seu"do# 'isió&oo. 1. Fe iua& modo# se aco"tece %ue um autor# emprea"do todos os metros# produ$ uma obra de imitação# como 'e$ Guerémo" "o Centauro# Centauro# rapsódia em %ue e"tram todos os metros# co"vém %ue se &2e atribua o "ome de poeta. H assim %ue se devem estabe&ecer as de'i"iç5es "estas matérias. 1. D( !"eros %ue uti&i$am todos os meios de e9pressão acima i"dicados# isto é# ritmo# ca"to# metro) assim procedem os autores de ditirambos# de "omos# de traédias# de comédias) a di'ere"ça e"tre e&es co"siste "o empreo destes meios em co"3u"to ou em separado. 14. Tais são as di'ere"ças e"tre as artes %ue se prop5em a imitação.
CAPÍTULO : DIFERENTES ESPÉCIES DE POESIA SEGUNDO
OS OBJETOS IMITADOS
1. Como a imitação se ap&ica aos atos das perso"ae"s e estas "ão podem ser se"ão boas ou rui"s +pois os caracteres disp5em
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. O car(ter da imitação também e9iste "o ditirambo e "os "omos# 2ave"do "e&es a mesma variedade poss0ve como em Os persas e Os ciclopes ciclopes de Timóteo e Ii&ó9e"o. ;. H também essa di'ere"ça o %ue disti"ue a traédia da comédia: uma se prop5e imitar os 2ome"s# represe"ta"do
CAPÍTULO : DIFERENTES ESPÉCIES DE POESIA SEGUNDO A
MANEIRA DE IMITAR
1. 9iste uma terceira di'ere"ça em re&ação J ma"eira de imitar cada um dos mode&os. . Com e'eito# é poss0ve& imitar os mesmos ob3etos "as mesmas situaç5es e "uma simp&es "arrativa# se3a pe&a i"trodução de um terceiro perso"aem# como 'a$ Domero# se3a i"si"ua"do
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de"omi"am dhmoz# dhmoz# do"de resu&ta %ue os comedia"tes derivam o "ome da comédia# "ão do verbo cwmazeiu +ce&ebrar uma 'esta com da"ças e ca"tos,# mas de outro 'ato: por serem despre$ados "a cidade# e&es a"dam de a&deia em a&deia. Gua"to ao verbo air# %ue e"tre e&es se di$ drau# drau# os ate"ie"ses e9primem<"o por pratteiu. pratteiu. ;. H basta"te o dito# sobre as di'ere"ças da imitação# %ua"to a seu "*mero e "ature$a. CAPÍTULO 4: ORIGEM DA POESIA. SEUS DIFERENTES GÊNEROS 1. Parece 2aver duas causas# e ambas devidas J "ossa "ature$a# %ue deram oriem J poesia. . A te"d!"cia para a imitação é i"sti"tiva "o 2omem# desde a i"'/"cia. Neste po"to disti"uem
=. O !"ero poético se dividiu em di'ere"tes espécies# co"soa"te o car(ter mora& de cada su3eito imitador. Os esp0ritos mais prope"sos J ravidade reprodu$iram as be&as aç5es e seus rea&i$adores) os esp0ritos de me"or va&or vo&taram
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"atura& e 'i9a. 1;. Com re'er!"cia ao "*mero de atores: Hs%ui&o 'oi o primeiro %ue o e&evou de um a dois# em detrime"to do coro # o %ua em co"se%!"cia# perdeu uma parte da sua import/"cia) e criou
CAPÍTULO 8: DA COMÉDIA. COMPARAÇÃO ENTRE A TRAGÉDIA E A EPOPÉIA 1. A comédia é# como 3( dissemos# imitação de maus costumes# mas "ão de todos os v0cios) e&a só imita a%ue&a parte do i"omi"ioso %ue é o rid0cu&o. . O rid0cu&o reside "um de'eito ou "uma tara %ue "ão aprese"ta car(ter do&oroso ou corruptor. Ta& é# por e9emp&o# o caso da m(scara cmica 'eia e dis'orme# %ue "ão é causa de so'rime"to. . Não i"oramos "e"2uma das tra"s'ormaç5es da traédia# "em os autores destas muda"ças. -obre a comédia# %ue em seus i"0cios 'oi me"os estimada# "ada sabemos. em tardiame"te o arco"te &2e atribuiu um coro# até e"tão composto por vo&u"t(rios.
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4. -ó mesmo %ua"do a comédia assumiu certas 'ormas# os poetas %ue se di$em seus autores começaram a ser citados. "ora
CAPÍTULO : DA TRAGÉDIA E DE SUAS DIFERENTES PARTES 1. Ia&emos da traédia e# em 'u"ção do %ue dei9amos dito# 'ormu&emos a de'i"ição de sua ess!"cia própria. . A traédia é a imitação de uma ação importa"te e comp&eta# de certa e9te"são) deve ser composta "um esti&o tor"ado arad(ve& pe&o empreo separado de cada uma de suas 'ormas) "a traédia# a ação é aprese"tada# "ão com a a3uda de uma
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"arrativa# mas por atores. -uscita"do a compai9ão e o terror# a traédia tem por e'eito obter a puração dessas emoç5es. . "te"do por Qum esti&o tor"ado arad(ve&Q o %ue re*"e ritmo# 2armo"ia e ca"to. 4. "te"do por Qseparação das 'ormasQ o 'ato de estas partes serem# umas ma"i'estadas só pe&o metro# e outras pe&o ca"to. 8. Como é pe&a ação %ue as perso"ae"s produ$em a imitação# da0 resu&ta "ecessariame"te %ue uma parte da traédia co"siste "o be&o espet(cu&o o'erecido aos o&2os) a&ém deste# 2( também o da m*sica e# e"'im# a própria e&ocução. . Por estes meios se obtém a imitação. Por e&ocução e"te"do a composição métrica# e por me&opéia +ca"to, a 'orça e9pressiva musica desde %ue bem ouvida por todos. ;. Como a imitação se ap&ica a uma ação e a ação sup5e perso"ae"s %ue aem# é de todo modo "ecess(rio %ue estas perso"ae"s e9istam pe&o car(ter e pe&o pe"same"to +pois é seu"do estas di'ere"ças de car(ter e de pe"same"to %ue 'a&amos da "ature$a dos seus atos,) da0 resu&ta# "atura&me"te# serem duas as causas %ue decidem dos atos: o pe"same"to e o car(ter) e# de acordo com estas co"diç5es# o 'im é a&ca"çado ou ma&ora
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1. A parte mais importa"te é a da ora"i$ação dos 'atos# pois a traédia é imitação# "ão de 2ome"s# mas de aç5es# da vida# da 'e&icidade e da i"'e&icidade +pois a i"'e&icidade resu&ta também da atividade,# se"do o 'im %ue se prete"de a&ca"çar o resu&tado de uma certa ma"eira de air# e "ão de uma 'orma de ser. Os caracteres permitem %ua&i'icar o 2omem# mas é da ação %ue depe"de sua i"'e&icidade ou 'e&icidade. 1. A ação# pois# "ão de desti"a a imitar os caracteres# mas# pe&os atos# os caracteres são represe"tados. Fa0 resu&ta serem os atos e a '(bu&a a 'i"a&idade da traédia) ora# a 'i"a&idade é# em tudo# o %ue mais importa. 14. -em ação "ão 2( traédia# mas poder( 2aver traédia sem os caracteres. 18. Com e'eito# "a maior parte dos autores atuais 'a&tam os caracteres e de um modo era& são muitos os poetas %ue estão "este caso. O mesmo sucede com os pi"tores# se# por e9emp&o# compararmos R!u9is com Po&i"oto) Po&i"oto é mestre "a pi"tura dos caracteres) ao co"tr(rio# a pi"tura de R!u9is "ão se i"teressa pe&o &ado mora&. 1. -e um autor a&i"2ar uma série de re'&e95es morais# mesmo com sumo cuidado "a orie"tação do esti&o e do pe"same"to# "em por isso rea&i$ar( a obra %ue é própria da traédia. Euito me&2or seria a traédia %ue# embora pobre "a%ue&es aspectos# co"tivesse "o e"ta"to uma '(bu&a e um co"3u"to de 'atos bem &iados. 1;. A&ém disso# "a traédia# o %ue mais i"'&ui "os /"imos são os e&eme"tos da '(bu&a# %ue co"sistem "as peripécias e "os reco"2ecime"tos. 1=. Outra i&ustração do %ue a'irmamos é ai"da o 'ato de todos os autores %ue empree"dem esta espécie de composição# obterem 'aci&me"te me&2ores resu&tados "o dom0"io do esti&o e dos caracteres do %ue "a orde"ação das aç5es. sta era a ra"de di'icu&dade para todos os poetas a"tios. 1?. O e&eme"to b(sico da traédia é sua própria a&ma: a '(bu&a) e só depois vem a pi"tura dos caracteres. @. A&o de seme&2a"te se veri'ica "a pi"tura: se o artista espa&2a as cores ao acaso# por mais sedutoras %ue se3am# e&as "ão provocam pra$er iua& J%ue&e %ue advém de uma imaem com os co"tor"os bem de'i"idos. 1. A traédia co"siste# pois# "a imitação de uma ação e é sobretudo por meio da
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ação %ue e&a imita as perso"ae"s em movime"to. . m terceiro &uar vem o pe"same"to# isto é# a arte de e"co"trar o modo de e9primir o co"te*do do assu"to de ma"eira co"ve"ie"te) "a e&o%!"cia# é essa a missão da retórica# e a tare'a dos po&0ticos. . Eas os a"tios poetas aprese"tavam<"os perso"ae"s %ue se e9primiam como cidadãos de um stado# ao passo %ue os de aora os 'a$em 'a&ar como retores. 4. O car(ter é o %ue permite decidir após a re'&e9ão: eis o motivo por %ue o car(ter "ão aparece em abso&uto "os discursos dos perso"ae"s# e"%ua"to estes "ão reve&am a decisão adotada ou re3eitada. 8. Com re&ação ao pe"same"to# co"siste em provar %ue uma coisa e9iste ou "ão e9iste ou em 'a$er uma dec&aração de ordem era&. . Temos# em %uarto &uar# a e&ocução. Como dissemos acima# a e&ocução co"siste "a esco&2a dos termos# os %uais possuem o mesmo poder de e9pressão# ta"to em prosa como em verso. ;. A %ui"ta parte compree"de o ca"to: é o pri"cipa& co"dime"to +do espet(cu&o,. =. -em d*vida a e"ce"ação tem e'eito sobre os /"imos# mas e&a em si "ão perte"ce J arte da represe"tação# e "ada tem a ver com a poesia. A traédia e9iste por si# i"depe"de"teme"te da represe"tação e dos atores. Com re&ação ao va&or atribu0do J e"ce"ação vista em separado# a arte do ce"óra'o tem mais import/"cia %ue a do poeta.
CAPÍTULO ;: DA EXTENSÃO DA AÇÃO 1. Após estas de'i"iç5es# diremos aora %ua& deve ser a tessitura dos 'atos# 3( %ue este po"to é a parte primeira e capita& da traédia. . Asse"tamos ser a traédia a imitação de uma ação comp&eta 'orma"do um todo %ue possui certa e9te"são# pois um todo pode e9istir sem ser dotado de e9te"são. . Todo é o %ue tem pri"c0pio# meio e 'im. 4. O pri"c0pio "ão vem depois de coisa a&uma "ecessariame"te) é a%ui&o após o
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%ua& é "atura& 2aver ou produ$ir
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CAPÍTULO =: UNIDADE DE AÇÃO 1. O %ue d( u"idade J '(bu&a "ão é# como pe"sam a&u"s# ape"as a prese"ça de uma perso"aem pri"cipa&) "o decurso de uma e9ist!"cia produ$em
CAPÍTULO ? 1. Pe&o %ue atr(s 'ica dito# é evide"te %ue "ão compete ao poeta "arrar e9atame"te o %ue aco"teceu) mas sim o %ue poderia ter aco"tecido# o poss0ve seu"do a verossimi&2a"ça ou a "ecessidade. . O 2istoriador e o poeta "ão se disti"uem um do outro# pe&o 'ato de o primeiro escrever em prosa e o seu"do em verso +pois# se a obra de Deródoto 'ora composta em verso# "em por isso dei9aria de ser obra de 2istória# 'iura"do ou "ão o metro "e&a,. Fi'erem e"tre si# por%ue um escreveu o %ue aco"teceu e o outro o
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%ue poderia ter aco"tecido. . Por ta& motivo a poesia é mais 'i&osó'ica e de car(ter mais e&evado %ue a 2istória# por%ue a poesia perma"ece "o u"iversa& e a 2istória estuda ape"as o particu&ar. 4. O u"iversa& é o %ue ta& cateoria de 2ome"s di$ ou 'a$ em determi"adas circu"st/"cias# seu"do o veross0mi& ou o "ecess(rio. Outra "ão é a 'i"a&idade da poesia# embora d! "omes particu&ares aos i"div0duos) o particu&ar é o %ue A&cib0ades 'e$ ou o %ue &2e aco"teceu. 8. Gua"to J comédia# os autores# depois de terem composto a '(bu&a# aprese"ta"do "e&a atos veross0meis# atribuem<"os a perso"ae"s# da"do<&2es "omes 'a"tasiados# e "ão procedem como os poetas i/mbicos %ue se re'erem a perso"a&idades e9iste"tes. . Na traédia# os poetas podem recorrer a "omes de perso"ae"s %ue e9istiram# e por traba&2arem com o poss0ve i"spiram co"'ia"ça. O %ue "ão aco"teceu# "ão acreditamos imediatame"te %ue se3a poss0ve&) %ua"to aos 'atos represe"tados# "ão discutimos a possibi&idade dos mesmos# pois# se tivessem sido imposs0veis# "ão se teriam produ$ido. ;. Não obsta"te# "as traédias um ou dois dos "omes são de perso"ae"s co"2ecidas# e os demais são 'or3ados) em certas peças todos são 'ict0cios# como "o Anteu de Anteu de Aatão# "o %ua& 'atos e perso"ae"s são i"ve"tados# e apesar disso "ão dei9a de aradar. =. Porta"to "ão 2( obriação de seuir J risca as '(bu&as tradicio"ais# do"de 'oram e9tra0das as "ossas traédias. -eria rid0cu&o proceder desse modo# uma ve$ %ue tais assu"tos só são co"2ecidos por poucos# e mesmo assim causam pra$er a todos. ?. Fe acordo com isto# é ma"i'esto %ue a missão do poeta co"siste mais em 'abricar '(bu&as do %ue 'a$er versos# visto %ue e&e é poeta pe&a imitação# e por%ue imita as aç5es. 1@. mbora &2e aco"teça aprese"tar 'atos passados# "em por isso dei9a de ser poeta# por%ue os 'atos passados podem ter sido 'or3ados pe&o poeta# aparece"do como veross0meis ou poss0veis. 11. "tre as '(bu&as e as aç5es simp&es# as episódicas "ão são as me&2ores) e"te"do por '(bu&a episódica a%ue&a em %ue a co"e9ão dos episódios "ão é co"'orme "em J
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verossimi&2a"ça "em J "ecessidade. 1. Tais composiç5es são devidas a maus poetas# por imper0cia# e a bo"s poetas# por darem ouvido aos atores. Como desti"am suas peças a co"cursos# este"dem a '(bu&a para a&ém do %ue e&a pode dar# e muitas ve$es procedem assim em detrime"to da se%!"cia dos 'atos. 1. Como se trata# "ão só de imitar uma ação em seu co"3u"to# mas também de imitar 'atos capa$es de suscitar o terror e a compai9ão# e estas emoç5es "ascem pri"cipa&me"te#... +e mais ai"da, %ua"do os 'atos se e"cadeiam co"tra "ossa e9peri!"cia... 14. ...pois desse modo provocam maior admiração do %ue se"do devidos ao acaso e J 'ortu"a +com e'eito# as circu"st/"cias prove"ie"tes da 'ortu"a "os parecem ta"to mais maravi&2osas %ua"to mais "os dão a se"sação de terem aco"tecido de propósito# como# por e9emp&o# a est(tua de E0tis# em Aros# %ue em sua %ueda esmaou um espectador# %ue outro "ão era se"ão o cu&pado pe&a morte de E0tis,. 18. Fa0 resu&ta "ecessariame"te tais '(bu&as serem mais be&as.
CAPÍTULO 1@ 1. Fas '(bu&as# umas são simp&es# outras comp&e9as# por serem assim as aç5es %ue as '(bu&as imitam. . C2amo ação simp&es a%ue&a cu3o dese"vo&vime"to# co"'orme de'i"imos# perma"ece u"o e co"t0"uo e "a %ua& a muda"ça "ão resu&ta "em de peripécia# "em de reco"2ecime"to) . ação comp&e9a a%ue&a o"de a muda"ça de 'ortu"a resu&ta de reco"2ecime"to ou de peripécia ou de ambos os meios. 4. stes meios devem estar &iados J própria tessitura da '(bu&a# de ma"eira %ue pareçam resu&tar# "ecessariame"te ou por verossimi&2a"ça# dos 'atos a"teriores# pois é ra"de a di'ere"ça e"tre os aco"tecime"tos sobrevi"dos por causa de outros e os %ue simp&esme"te aparecem depois de outros.
CAPÍTULO 11: ELEMENTOS DA AÇÃO COMPLEXA: RECONHECIMENTOS, ACONTECIMENTO PATÉTICO OU CATÁSTROFE
PERIPÉCIAS,
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1. A peripécia é a muda"ça da ação "o se"tido co"tr(rio ao %ue parecia i"dicado e sempre# como dissemos# em co"'ormidade com o veross0mi& e o "ecess(rio. . Assim# "o Hdipo# o me"saeiro %ue c2ea 3u&a %ue vai dar osto a Hdipo e &ibert(<&o de sua i"%uietação re&ativame"te a sua mãe# mas produ$ e'eito co"tr(rio %ua"do se d( a co"2ecer. . Fo mesmo modo# "o Li"ceu# tra$em Li"ceu a 'im de ser &evado J morte e F/"ao acompa"2a
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1@. O patético é devido a uma ação %ue provoca a morte ou so'rime"to# como a das mortes em ce"a# das dores audas# dos 'erime"tos e outros casos a"(&oos.
CAPÍTULO 1: DIVISÕES DA TRAGÉDIA 1. Tratamos a"teriorme"te dos e&eme"tos da traédia# e de %uais se devem usar como suas 'ormas esse"ciais. Gua"to Js partes disti"tas em %ue se divide# são e&as: pró&oo# ep0&oo# !9odo# ca"to cora&) . Compree"de"do este *&timo o p(rodo e o est(simo) . stas partes são comu"s a todas as traédias) outras são pecu&iares a a&umas peças# a saber# os ca"tos da ce"a e os ca"tos '*"ebres. 4. O pró&oo é uma parte da traédia %ue a si mesma se basta# e %ue precede o p(rodo +e"trada do coro,. 8. O episódio é uma parte comp&eta da traédia co&ocada e"tre ca"tos corais comp&etos) . O !9odo +ou sa0da, é uma parte comp&eta da traédia# após a %ua& 3( "ão 2( ca"to cora&. ;. No e&eme"to musica o p(rodo é a primeira i"terve"ção comp&eta do coro) =. O est(simo é o ca"to cora& do"de são e9c&u0dos os versos a"apésticos +UU6, e os versos trocaicos +6U,) ?. O commoz é commoz é um ca"to '*"ebre comum aos compo"e"tes do coro e aos atores em ce"a. Tratamos primeirame"te dos e&eme"tos esse"ciais da traédia# %ue "e&a devem 'iurar) e acabamos de i"dicar o "*mero das partes disti"tas em %ue a peça se divide.
CAPÍTULO 1: DAS UALIDADES DA FÁBULA EM RELAÇÃO !S PERSONAGENS.
DO
DESENLACE
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1. Gue 'im devem ter os poetas em mira ao ora"i$arem suas '(bu&as# %ue obst(cu&os deverão evitar# %ue meios devem ser uti&i$ados para %ue a traédia surta seu e'eito m(9imo# é o %ue "os resta e9por# depois das e9p&icaç5es precede"tes. . A mais be&a traédia é a%ue&a cu3a composição deve ser# "ão simp&es# mas comp&e9a) a%ue&a cu3os 'atos# por e&a imitados# são capa$es de e9citar o temor e a compai9ão +pois é essa a caracter0stica deste !"ero de imitação,. m primeiro &uar# é óbvio "ão ser co"ve"ie"te mostrar pessoas de bem passar da 'e&icidade ao i"'ort*"io +pois ta& 'iura produ$# "ão temor e compai9ão# mas uma impressão desarad(ve&,) . Nem co"vém represe"tar 2ome"s maus passa"do do crime J prosperidade +de todos os resu&tados# este é o mais oposto ao tr(ico# pois# 'a&ta"do<&2e todos os re%uisitos para ta& e'eito# "ão i"spira "e"2um dos se"time"tos "aturais ao 2omem 7 "em compai9ão# "em temor,) 4. Nem um 2omem comp&etame"te perverso deve tombar da 'e&icidade "o i"'ort*"io +ta& situação pode suscitar em "ós um se"time"to de 2uma"idade# mas sem provocar compai9ão "em temor,. Outro caso di$ respeito ao %ue "ão merece tor"ar
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perso"ae"s id!"ticos# %ue tiveram de suportar ou rea&i$ar coisas terr0veis. =. sta é# seu"do a téc"ica pecu&iar J traédia# a ma"eira de compor uma peça muito be&a. ?. Por isso# erram os cr0ticos de ur0pides# %ua"do o ce"suram por assim proceder em suas traédias# %ue "a maioria das ve$es termi"am em dese"&ace i"'e&i$. Como 3( dissemos# ta& co"cepção é 3usta. 1@. A me&2or prova disto é a seui"te: em ce"a e "os co"cursos# as peças deste !"ero são as mais tr(icas# %ua"do bem co"du$idas) e ur0pides# embora 'a&2e de ve$ em %ua"do co"tra a eco"omia da traédia# "em por isso dei9a de "os parecer o mais tr(ico dos poetas. 11. O seu"do modo de composição# %ue a&u"s e&evam J cateoria de primeiro# co"siste "uma dup&a i"tria# como "a Odisséia# o"de os dese"&aces são opostos: 2( um para os bo"s# outro para os maus. 1. sta *&tima cateoria é devida J pobre$a de esp0rito dos espectadores# pois os poetas &imitam
CAPÍTULO 14: DOS DIVERSOS MODOS DE PRODU"IR O TERROR E A COMPAIXÃO 1. O terror e a compai9ão podem "ascer do espet(cu&o c!"ico# mas podem iua&me"te derivar do arra"3o dos 'atos# o %ue é pre'er0ve& e mostra maior 2abi&idade "o poeta. . "depe"de"teme"te do espet(cu&o o'erecido aos o&2os# a '(bu&a deve ser composta de ta& ma"eira %ue o p*b&ico# ao ouvir os 'atos %ue vão passa"do# si"ta arrepios ou compai9ão# como se"te %uem ouve a '(bu&a do Édipo. Édipo. . Eas# para obter este resu&tado pe&a e"ce"ação# "ão se re%uer ta"ta arte e e9ie< se uma coreia dispe"diosa. 4. Os autores %ue provocam# pe&o espet(cu&o# "ão o terror# mas só a emoção
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pera"te o mo"struoso# "ada t!m em comum com a "ature$a da traédia) pois pe&a traédia "ão se deve produ$ir um pra$er %ua&%uer# mas ape"as o %ue é próprio de&a. 8. Como o poeta deve "os proporcio"ar o pra$er de se"tir compai9ão ou temor por meio de uma imitação# é evide"te %ue estas emoç5es devem ser suscitadas "os /"imos pe&os 'atos. . 9ami"emos# pois# e"tre os 'atos# a%ue&es %ue apare"tam a "ós serem capa$es de assustar ou de i"spirar dó. Necessariame"te aç5es desta espécie devem produ$ir
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14. 9iste um terceiro caso: o %ue se prepara para cometer um ato irrepar(ve mas ae por i"or/"cia# e reco"2ece o erro a"tes de air. A&ém destes# "ão 2( outros casos poss0veis) 18. Iorçosame"te# o crime comete
CAPÍTULO 18: 18: DOS CARACTERES: DEVEM SER BONS, CONFORMES, SEMELHANTES, COERENTES CONSIGO MESMOS 1. No %ue di$ respeito aos caracteres# %uatro são os po"tos %ue devemos visar. . O primeiro é %ue devem ser de boa %ua&idade. . sta bo"dade é poss0ve& em %ua&%uer tipo de pessoas. Eesmo a mu&2er# do mesmo modo %ue o escravo# pode possuir boas %ua&idades# embora a mu&2er se3a um e"te re&ativame"te i"'erior e o escravo um ser tota&me"te vi&. 4. O seu"do é a co"'ormidade) sem d*vida e9istem caracteres viris# e"treta"to a coraem desta espécie de caracteres "ão co"vém J "ature$a 'emi"i"a. 8. O terceiro po"to é a seme&2a"ça# i"teirame"te disti"ta da bo"dade e da
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co"'ormidade# tais como 'oram e9p&icadas. . O %uarto po"to co"siste "a coer!"cia co"sio mesmo# mas se a perso"aem %ue se prete"de imitar é por si i"coere"te# co"vém %ue perma"eça i"coere"te coere"teme"te. ;. Um e9emp&o de car(ter i"uti&me"te mau é o de Ee"e&au em Orestes) Orestes) de um car(ter sem co"ve"i!"cia "em co"'ormidade é o de U&isses &ame"ta"do
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assu"to 'a&ei basta"te "os tratados 3( pub&icados. CAPÍTULO 1: DAS UATRO ESPÉCIES DE RECONHECIMENTO 1. Fissemos acima o %ue vem a ser o reco"2ecime"to. Fas espécies de reco"2ecime"to# a primeira# a mais desprovida de 2abi&idade e a mais usada J 'a&ta de me&2or# é o reco"2ecime"to por meio de si"ais e9teriores. . "tre estes si"ais# u"s são devidos J "ature$a# como Qa &a"ça %ue se v! sobre os Ii&2os da TerraQ# ou as estre&as do %iestes de %iestes de C(rci"o) . Outros si"ais são ad%uiridos# dos %uais u"s aderem ao corpo# como as cicatri$es# e outros "ão 'a$em parte de&e# como os co&ares ou a cesti"2a
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reco"2ecime"to i"ve"tado pe&o so'ista Po&0ido# a propósito de 'i!"ia# por ser veross0mi& %ue Orestes# sabe"do %ue sua irmã ti"2a sido sacri'icada# pe"sasse %ue também e&e o seria. Outro e9emp&o é o de %ideu de %ideu de Teodectes# o %ua te"do vi"do com a espera"ça de sa&var o 'i&2o# e&e próprio 'oi morto. Outro e9emp&o# 'i"a&me"te# aparece "as (ineidas# (ineidas# o"de as mu&2eres ao verem o &uar em %ue c2earam# racioci"aram sobre a sorte %ue as auardava: a%ue&e 'ora o &uar pe&o desti"o desi"ado para morrerem# pois a&i 'oram e9postas. 1@. O reco"2ecime"to pode iua&me"te basear
CAPÍTULO 1;: CONSELHOS 1;: CONSELHOS AOS POETAS SOBRE A COMPOSIÇÃO DAS TRAGÉDIAS
1. Gua"do o poeta ora"i$a as '(bu&as e comp&eta sua obra compo"do a e&ocução das perso"ae"s# deve# "a medida do poss0ve proceder como se e&a decorresse dia"te de seus o&2os# pois# ve"do as coisas p&e"ame"te i&umi"adas# como se estivesse prese"te# e"co"trar( o %ue co"vém# e "ão &2e escapar( "e"2um porme"or co"tr(rio ao e'eito %ue prete"de produ$ir. . A prova est( "esta cr0tica 'eita a C(r"ico: A"'iarau sa0a do temp&o) escapou este porme"or ao poeta# por%ue "ão o&2ava a ce"a como espectador# mas 'oi o basta"te para a peça cair "o desarado# pois os espectadores se i"di"aram. . Na medida do poss0ve é importa"te iua&me"te comp&etar o e'eito do %ue se di$ pe&as atitudes das perso"ae"s. m virtude da "ossa "ature$a comum# são mais ouvidos os poetas %ue vivem as mesmas pai95es de suas perso"ae"s) o %ue est( mais vio&e"tame"te aitado provoca "os outros a e9citação# da mesma 'orma %ue suscita a ira a%ue&e %ue me&2or a sabe se"tir. 4. Por isso a poesia e9ie /"imos bem dotados ou capa$es de se e"tusiasmarem: os 23
primeiros t!m 'aci&idade em mo&dar seus caracteres# "ão se"tem di'icu&dade em se dei9arem arrebatar. 8. Gua"to aos assu"tos# %uer te"2am sido 3( tratados por outros# %uer o poeta os i"ve"te# co"vém %ue e&e primeiro 'aça dos mesmos uma idéia &oba e %ue em seuida disti"a os episódios e os dese"vo&va. . is o %ue e"te"do por Q'a$er uma idéia &oba&Q: por e9emp&o# a propósito de 'i!"ia. Uma do"$e&a# prestes a ser deo&ada dura"te um sacri'0cio# 'oi tirada dos sacri'icadores# sem estes darem pe&o 'ato) e tra"sportada a outra reião o"de uma &ei orde"ava %ue os estra"eiros 'ossem imo&ados J deusa) e a do"$e&a 'oi i"vestida "esta 'u"ção sacerdota&. Passado a&um tempo# o irmão da sacerdotisa c2ea J%ue&a reião# e isto ocorre por%ue o or(cu&o do deus &2e prescrevera %ue se diriisse J%ue&e &uar# por motivo a&2eio J 2istória e ao e"trec2o dram(tico da mesma. C2ea"do &(# e&e é 'eito prisio"eiro) mas %ua"do ia ser sacri'icado# deu
CAPÍTULO 1=: N#, 1=: N#, DESENLACE$ TRAGÉDIA E EPOPÉIA$ O
CORO
1. m todas as traédias 2( o "ó e o dese"&ace. O "ó co"siste muitas ve$es em
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'atos a&2eios ao assu"to e em a&u"s %ue &2e são i"ere"tes) o %ue vem a seuir é o dese"&ace. . Fou o "ome de "ó J parte da traédia %ue vai desde o i"0cio até o po"to a partir do %ua& se produ$ a muda"ça para uma sorte ditosa ou desditosa) e c2amo dese"&ace a parte %ue vai desde o pri"c0pio desta muda"ça até o 'i"a& da peça. . Por e9emp&o# "o *inceu *inceu de Teodectes# o "ó abarca todos os 'atos i"iciais# i"c&ui"do o rapto da cria"ça e a&ém disso... o dese"&ace vai desde a acusação de assassi"ato até o 'im. 4. D( %uatro espécies de traédias# correspo"de"tes ao "*mero dos %uatro e&eme"tos. 8. Uma comp&e9a# co"stitu0da i"teirame"te pe&a peripécia e o reco"2ecime"to... . A outra# a peça patética# do tipo de A+a$ de A+a$ e e de Í9io") ;. A traédia de caracteres# como (ti,tidas e (ti,tidas e -eleu) -eleu) =. A %uarta... como as (,rcidas e (,rcidas e -rometeu e -rometeu e todas as %ue se passam "o Dades. ?. -eria co"ve"ie"te %ue os poetas se es'orçassem ao m(9imo para possuir todos os méritos# ou pe&o me"os os mais importa"tes e a maior parte de&es# ate"de"do pri"cipa&me"te as severas cr0ticas de %ue são a&vo em "ossos dias) como 2ouve poetas %ue se disti"uiram "este ou "a%ue&e e&eme"to esse"cia e9ie
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dime"s5es co"ve"ie"tes# sistema este %ue# "a arte dram(tica# seria co"tra a e9pectativa. 14. A prova em %ue todos os %ue se propuseram a represe"tar por i"teiro a ru0"a de Tróia# e "ão ape"as parcia&me"te# como 'e$ ur0pedes# ou toda a 2istória de Niobe# em ve$ de 'a$erem como Hs%ui&o# ou 'racassam ou são ma& co&ocados "o co"curso) 'a&2ou ape"as por este motivo a peça de Aatão. 18. Eas "as peripécias e "as aç5es simp&es# os poetas a&ca"çam maravi&2osame"te o 'im %ue se prop5e a&ca"çar# a saber# a emoção tr(ica e os se"time"tos de 2uma"idade. 1. Assim aco"tece %ua"do um 2omem 2(bi& mas perverso é e"a"ado como -0si'o# ou %ua"do um 2omem cora3oso mas i"3usto é derrotado. 1;. sto é veross0mi e9p&ica<"os Aatão# pois é veross0mi& %ue muitos aco"tecime"tos se produ$am# mesmo co"tra toda verossimi&2a"ça. 1=. O coro deve ser co"siderado como um dos atores) deve co"stituir parte do todo e ser associado J ação# "ão como em ur0pedes# mas J ma"eira de -ó'oc&es. 1?. Na maioria dos poetas# os ca"tos corais re'erem
CAPÍTULO 1?: DO PENSAMENTO E DA ELOCUÇÃO 1. Fepois de termos 'a&ado sobre os outros e&eme"tos esse"ciais da traédia# resta< "os tratar da e&ocução e do pe"same"to. . O %ue di$ respeito ao pe"same"to tem seu &uar "os %ratados sobre ret,rica# ret,rica # pois este !"ero de i"vestiaç5es é seu ob3eto próprio. . Tudo %ue se e9prime pe&a &i"uaem é dom0"io do pe"same"to. 4. Fisso 'a$em parte a demo"stração# a re'utação# e também a ma"eira de mover as pai95es# tais como a compai9ão e o temor# a có&era e as outras.
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8. H evide"te %ue devemos emprear estas mesmas 'ormas# a propósito dos 'atos# sempre %ue 'or "ecess(rio aprese"t(<&os comove"tes# tem0veis# importa"tes ou veross0meis. . A di'ere"ça co"siste "o 'ato de certos e'eitos deverem ser produ$idos sem o recurso do aparato c!"ico# e outros deverem ser preparados por %uem 'a&a e produ$idos co"'orme suas pa&avras. Pois %ua& seria a parte da%ue&es %ue t!m J sua disposição a &i"uaem# se o pra$er 'osse e9perime"tado sem a i"terve"ção do discurso ;. "tre as %uest5es re&ativas J e9ecução# uma 2( %ue se pre"de ao "osso e9ame: as atitudes a tomar "o decurso da dicção) mas ta& co"2ecime"to depe"de da arte do comedia"te e dos %ue são mestres "essa arte. Trata
CAPÍTULO @: DA ELOCUÇÃO E DE SUAS PARTES 1. is os e&eme"tos esse"ciais da e&ocução: &etra# s0&aba# co"3u"ção# "ome# verbo# artio# '&e9ão# e9pressão. . A &etra é um som i"divis0ve embora "ão comp&eto# mas de seu empreo "uma combi"ação resu&ta "atura&me"te um som compree"s0ve pois os a"imais também 'a$em ouvir so"s i"divis0veis# mas a esses "ão dou o "ome de &etras. . As &etras dividem
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mas tor"a
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11. A &ocução +ou e9pressão, é um co"3u"to de so"s si"i'icativos# a&umas partes dos %uais t!m si"i'icação por si mesma... 1. ...pois "em todas as &ocuç5es são co"stitu0das por verbos e "omes# por e9emp&o# "a de'i"ição do 2omem# a &ocução pode e9istir sem verbo e9presso. Feve ter# "o e"ta"to# sempre uma parte si"i'icativa) por e9emp&o# "a proposição QC&eo" a"daQ# esta parte é o "ome QC&eo"Q. 1. A &ocução aparece u"a de duas ma"eiras: %ua"do desi"a uma só coisa# ou %ua"do o'erece v(rias partes &iadas e"tre si. Assim# a Ilíada aprese"ta Ilíada aprese"ta u"idade por e'eito da reu"ião de suas partes# e o termo Q2omemQ# por%ue desi"a ape"as um ser.
CAPÍTULO 1: DAS FORMAS DOS NOMES$ DAS FIGURAS 1. is as espécies de "omes: primeirame"te o "ome simp&es. C2amo simp&es o "ome %ue "ão é composto de e&eme"tos si"i'icativos# por e9emp&o QterraQ) . Nome dup&o# é o composto ora de um e&eme"to si"i'icativo e de outro va$io de se"tido# ora de e&eme"tos todos si"i'icativos. . O "ome pode ser 'ormado de tr!s# de %uatro# e até mesmo de v(rios outros "omes# como muitos usados e"tre os marse&2eses# por e9emp&o ermocaico$an.oz. ermocaico$an.oz . 4. Todo "ome é termo próprio ou termo dia&eta ou uma met('ora# ou um voc(bu&o or"ame"ta ou a pa&avra 'or3ada# a&o"ada# abreviada# modi'icada. 8. "te"do por termo próprio a%ue&e de %ue cada um de "ós se serve) . Por termo dia&eta& +ou &osa, a%ue&es de %ue se servem as pessoas de outra reião# de sorte %ue o mesmo "ome pode ser# ma"i'estame"te# próprio ou dia&eta mas "ão para as mesmas pessoas) assim s$gunon +&a"ça, s$gunon +&a"ça, é termo próprio para os cipriotas e dia&eta& para "ós. ;. A met('ora é a tra"sposição do "ome de uma coisa para outra# tra"sposição do !"ero para a espécie# ou da espécie para o !"ero# ou de uma espécie para outra# por a"a&oia. =. Gua"do dio do !"ero para a espécie# é# por e9emp&o# Qmi"2a "au a%ui se
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deteveQ# pois &a"çar 'erro é uma ma"eira de Qdeter
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voa& mais &o"a %ue a 2abitua& ou pe&a ad3u"ção de uma s0&aba) "o seu"do caso# se "e&e se 'a$ uma supressão. 1?. A&o"ado é# por e9emp&o# polho$ em ve$ de polev$ # e phlhiadev em ve$ de phleidou) phleidou) são abreviados cri +por +por crioh X crioh X QcevadaY,# dv +por +por dwmaXQcasaQ, dwmaXQcasaQ, e d/ +por +por d/izXQvistaQ, d/izXQvistaQ, em Quma só imaem provém dos dois o&2osQ. @. D( modi'icação do "ome se# "o termo usado# co"serva,) . -ão 'emi"i"os os %ue termi"am em voa& sempre &o"a# como D e [ ou em A a&o"ado) 4. Fa0 resu&ta o mesmo "*mero de 'i"ais para os mascu&i"os e os 'emi"i"os# pois Z e > são as mesmas %ue -. 8. Ne"2um "ome termi"a em muda ou em voa& breve. . m termi"am ape"as tr!s "omes: meli +me&,# +me&,# commi +oma,# peperi +oma,# peperi +pime"ta,) +pime"ta,) em V termi"am ci"co: pvu ci"co: pvu +reba"2o,# +reba"2o,# napu +mostarda,# napu +mostarda,# gonu +3oe&2o,# gonu +3oe&2o,# doru +&a"ça,# doru +&a"ça,# aotu +cidade,. aotu +cidade,. Os "eutros termi"am por estas mesmas &etras e por N e -.
CAPÍTULO : DAS UALIDADES DA ELOCUÇÃO 1. A %ua&idade pri"cipa& da e&ocução poética co"siste "a c&are$a# mas sem trivia&idades. . Obtém
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tudo o %ue se a'asta da &i"uaem corre"te. 4. -e# porém# o esti&o comportar ape"as pa&avras deste !"ero# tor"a
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pa&avras# usarmos pa&avras corre"tes# ver
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CAPÍTULO : DA UNIDADE DE AÇÃO NA COMPOSIÇÃO ÉPICA 1. Na imitação em verso pe&o !"ero "arrativo# é "ecess(rio %ue as '(bu&as se3am compostas "um esp0rito dram(tico# como as traédias# ou se3a# %ue e"cerrem uma só ação# i"teira e comp&eta# com pri"c0pio# meio e 'im# para %ue# asseme&2a"do
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CAPÍTULO 4: DAS PARTES DA EPOPÉIA$ MÉRITOS DE HOMERO 1. A epopéia deve aprese"tar ai"da as mesmas espécies %ue a traédia: deve ser simp&es ou comp&e9a# ou de car(ter# ou patética. . Os e&eme"tos esse"ciais são os mesmo# sa&vo o ca"to e a e"ce"ação) também são "ecess(rios os reco"2ecime"tos# as peripécias e os aco"tecime"tos patéticos. Feve# a&ém disso# aprese"tar pe"same"tos e be&e$a da &i"uaem. . Todos estes méritos# o primeiro %ue os teve dispo"0veis e os empreou de modo co"ve"ie"te 'oi Domero. Cada um dos dois poemas é composto de ta& ma"eira %ue a Ilíada Ilíada é simp&es e patética# e a Odisséia Odisséia o'erece uma obra comp&e9a +o"de abu"dam os reco"2ecime"tos,# e um estudo dos caracteres. A&ém disso# em esti&o e pe"same"to# seu autor supera os demais poetas. 4. Eas a epopéia é di'ere"te da traédia em sua co"stituição pe&o empreo e dime"s5es do metro. 8. Gua"to J e9te"são# i"dicamos o &imite e9ato: é preciso %ue o seu co"3u"to possa ser abarcado do pri"c0pio ao 'im. sso aco"teceria# se as composiç5es épicas 'ossem me"os &o"as %ue as dos a"tios e se estivessem em re&ação com o tota& das traédias represe"tadas "uma só audição. . A epopéia o$a de va"taem pecu&iar "o co"cer"e"te a sua e9te"são: e"%ua"to "a traédia "ão é poss0ve& imitar# "o mesmo mome"to# as diversas partes simu&t/"eas de uma ação# e9ceto a %ue est( se"do represe"tada em ce"a pe&os atores) "a epopéia# %ue se aprese"ta em 'orma de "arrativa# é poss0ve& mostrar em co"3u"to v(rios aco"tecime"tos simu&t/"eos# os %uais# se estiverem bem re&acio"ados ao tema ce"tra o tor"am mais ra"dioso. ;. Fa0 resu&tam v(rias va"tae"s# como e"ra"decer a obra# permitir aos ouvi"tes tra"sportarem
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se"do por isso o mais apto a aco&2er &osas e met('oras# e também "este particu&ar a imitação pe&a "arrativa é superior Js outras. 1@. O iambo e o tetr/metro são metros de movime"to# 'eitos um para a da"ça e o outro para a ação. 11. O resu&tado seria de todo e9travaa"te# se se combi"assem estes metros# como 'e$ Guerémo". 1. Por este motivo# 3amais a&uém escreveu um poema e9te"so %ue "ão 'osse em verso 2eróico) e como dissemos# a própria "ature$a do assu"to "os e"si"a a esco&2er o metro co"ve"ie"te.
CAPÍTULO 8: COMO SE DEVE APRESENTAR O UE É FALSO 1. -em d*vida# Domero é por muitas ra$5es di"o de e&oio) e a pri"cipa& de&as é o 'ato de&e ser# e"tre os poetas# o *"ico %ue 'a$ as coisas como e&as devem ser 'eitas. . O poeta deve dia&oar com o &eitor o me"os poss0ve pois "ão é procede"do assim %ue e&e é imitador. Os poetas %ue "ão Domero# pe&o co"tr(rio# ao &o"o do poema procedem como atores em ce"a# imitam pouco e rarame"te) ao passo %ue Domero# após curto pre/mbu&o# i"trodu$ imediatame"te um 2omem# uma mu&2er ou outro perso"aem# e "e"2um carece de car(ter# e de cada um são estudados os costumes. . Nas traédias# é "ecess(ria a prese"ça do maravi&2oso# mas "a epopéia pode
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coisas 'a&sas. Se'iro
CAPÍTULO : ALGUMAS : ALGUMAS RESPOSTAS !S CR%TICAS FEITAS ! POESIA 1. -obre os po"tos de co"trovérsia e as so&uç5es para e&es# sobre o "*mero e as di'ere"tes espécies de co"trovérsia# a&uma &u$ derramarão as co"sideraç5es em seuida: . -e"do o poeta um imitador# como o é o pi"tor ou %ua&%uer outro criador de 'iuras# pera"te as coisas ser( i"du$ido a assumir uma dessas tr!s ma"eiras de as imitar: como e&as eram ou são# como os outros di$em %ue são ou di$em %ue parecem ser# ou como deveriam ser. . O poeta e9prime essas ma"eiras diversas por meio da e&ocução# %ue comporta a &osa# a met('ora e muitas outras modi'icaç5es dos termos# como as admitimos
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"os poetas. 4. Acresce"temos %ue "ão se ap&ica o mesmo critério rioroso da po&0tica J poesia# "em Js outras artes em re&ação J poesia. 8. m arte poética# são duas as ocasi5es de cometer 'a&tas: umas re'ere"tes J própria estrutura da poesia) outras# acide"tais. . -e o poeta se prop5e imitar o imposs0ve a 'a&ta é de&e. Eas se o erro provém de uma esco&2a ma& 'eita# se e&e represe"tou um cava&o move"do ao mesmo tempo as duas patas do &ado direito# ou se a 'a&ta se re'ere a a&um co"2ecime"to particu&ar como a medici"a ou %ua&%uer outra ci!"cia# ou se de %ua&%uer modo e&e admitiu a e9ist!"cia de coisas imposs0veis# e"tão o erro "ão é i"tr0"seco J própria poesia. ;. H com este critério %ue co"vém respo"der Js cr0ticas re&ativas aos poetas co"troversos. 9ami"emos primeiro o %ue di$ respeito J própria arte: se o poema co"tém impossibi&idades# 2( 'a&ta) =. No e"ta"to# isto "ada %uer di$er# se o 'im próprio da arte 'oi a&ca"çado +'im %ue 3( 'oi i"dicado, e se# desse modo# esta ou a%ue&a parte da obra redu"dou mais impressio"a"te# como# por e9emp&o# a perseuição de Deitor. ?. Co"tudo se o 'im podia ser me&2or a&ca"çado# respeita"do a verdade# a 'a&ta é i"descu&p(ve pois ta"to %ua"to poss0ve& devere"ó'a"es: Qmas a mu&tidão pe"sa de modo di'ere"teQ.
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14. Ta&ve$ também as coisas "ão se3am represe"tadas da me&2or ma"eira +para a atua&idade,# mas como eram outrora) por e9emp&o# %ua"do +o poeta di$, a respeito das armas: Q%ue suas &a"ças estavam p&a"tadas eretas como o 'erro para o a&toQ) era esse o uso outrora# como é ai"da 2o3e e"tre os i&0rios. 18. Para saber se uma perso"aem 'a&ou e aiu bem ou ma "ão devemos "os &imitar ao e9ame da ação e9ecutada ou da pa&avra pro'erida# para saber se e&as são boas ou m(s) é preciso ter em co"ta a pessoa %ue 'a&a ou ae# saber a %uem se dirie# %ua"do# por %ue e para %ue# se para produ$ir maior bem ou para evitar maior ma&. 1. No e9ame do esti&o importa re'utar certas cr0ticas# por e9emp&o# a re'ere"te ao uso da &osa +termo dia&eta&,: em ourhaz men prvton prvton Qprimeiro os mac2osQ# "ão devemos i"terpretar Qos mac2osQ# mas Qas se"ti"e&asQ. Fe iua& modo# a propósito de Fó&o" 6 e&e era de aspecto dis'orme 6 deve e"te"der
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oper(rios %ue "a rea&idade traba&2am o 'erro# de"omi"am
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1. "treta"to a cr0tica tem 'u"dame"to# %ua"do se trata do absurdo e da perversidade pura# "ão 2ave"do e"tão "ecessidade de se recorrer ao irracio"a como 'e$ ur0pedes a propósito de eu# ou J ma&dade de Ee"e&au "a peça Orestes. Orestes. 1. As cr0ticas re'erem
CAPÍTULO ;: SUPERIORIDADE DA TRAGÉDIA SOBRE A EPOPÉIA 1. Poder
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;. m seuida# "ão devemos co"de"ar toda esticu&ação# "em toda da"ça# mas só a dos maus e9ecuta"tes# como era ce"surado Ca&0pides e em "ossos dias o são a&u"s outros# por imitarem mu&2eres de co"dição servi&. =. Acresce %ue a traédia# mesmo "ão acompa"2ada da movime"tação dos atores# produ$ seu e'eito próprio# ta& como a epopéia# pois sua %ua&idade pode ser ava&iada ape"as pe&a &eitura. Porta"to# se e&a é superior em tudo o mais# "ão é "ecess(rio %ue o se3a "este particu&ar. ?. m seuida# e&a co"tém todos os e&eme"tos da epopéia) 1@. Com e'eito# a traédia pode uti&i$ar o metro desta *&tima# e# a&ém disso 6 o %ue "ão é de pouca import/"cia 6 disp5e da m*sica e do espet(cu&o# %ue co"correm para erar a%ue&e pra$er mais i"te"so %ue &2e é pecu&iar. 11. A&ém disso# sua c&are$a perma"ece i"tacta# ta"to "a &eitura %ua"to "a represe"tação. 1. mais: com e9te"são me"or %ue a da epopéia# mesmo assim e&a ati"e seu ob3etivo# %ue é imitar) ora# o %ue é mais co"ce"trado proporcio"a maior pra$er do %ue o di&u0do por &o"o espaço de tempo 7 pe"semos "o %ue seria o Édipo tratado Édipo tratado "o mesmo "*mero de versos %ue a IlíadaB IlíadaB 1. A&ém do mais# a imitação em %ua&%uer epopéia aprese"ta me"or u"idade %ue "a traédia. A prova é %ue# de %ua&%uer imitação épica se e9traem v(rios arume"tos de traédia# de modo %ue# se o poeta em sua epopéia trata uma só '(bu&a# e&a ser( e9posta de modo 'orçosame"te breve# e resu&tar( bem mes%ui"2a# ou e"tão# co"'orma"do
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1. Ia&amos sobre a traédia e sobre a epopéia# sobre a "ature$a e espécie das mesmas# sobre seus e&eme"tos esse"ciais# "*mero e di'ere"ça dos mesmos# sobre as causas %ue as tor"am boas ou m(s# e"'im sobre as cr0ticas e os e'eitos %ue provocam.
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