UNIME – UNIÃO METROPOLITANA DE EDUCAÇÃO E CULTURA
Carlos Antônio Leite Brandão
A Formação do Homem Moderno Vista Através da Arquitetura Editora UFMG, 1991
Lauro de Freitas Novembro 2011
Fernanda Carla Batista Portella
A Formação do Homem Moderno Vista Através da Arquitetura Editora UFMG, 1991
Resenha crítica apresentada como trabalho da disciplina Historia e Teoria da Arquitetura, do Urbanismo e do Paisagismo I do curso de arquitetura e urbanismo da UNIME ministrada pela professora Ceila Rosana
Lauro de Freitas Novembro 2011
IDENTIFICAÇÃO DA OBRA:
O conteúdo dessa resenha se baseia em no capitulo IV –O BARROCO do livro “ A Formação do Homem Moderno Vista Através da Arquitetura” de Carlos Antônio Leite Brandão, Editora UFMG, 1991
APRESENTAÇÃO DA OBRA:
Na sua obra o autor discorre sobre o estilo Barroco, tecendo considerações sobre as características que conferem sua identidade bem como analisando as diferenças entre este e outros estilos arquitetônicos. A arquitetura de Michelangelo abre caminho para a arquitetura barroca, por romper com a arché vigente (renascentista), abrindo um leque de novas possibilidades estéticas para produção de arte. A beleza da arquitetura clássica dá lugar ao tenso, dinâmico e desproporcional; rompendo, alargando abrindo e derrubando os ideais estéticos.
DESCRIÇÃO DO CONTEÚDO
A arquitetura de Michelangelo não é vista como um início da arquitetura barroca e sim como um leque de novas possibilidades estéticas para produção de arte. A beleza agora não mais coincide com a proporção, o equilíbrio e a racionalidade da composição estática. O belo passa a ser tenso, dinâmico e desproporcional; rompendo, alargando abrindo e derrubando os ideais estéticos. O arquétipo da obra de Michelangelo enfatiza o conflito, a crise, o drama a ruptura espacial abrindo caminho para arquitetura BARROCA. Enquanto na arquitetura Gótica a relação homem – DEUS é representada pela imitação de um universo hierarquizado, estruturado e governado de acordo com as leis divinas, a arquitetura renascentista toma como modelo o universo, baseando-se na homogeneidade e na racionalidade geométrica. Na Basílica de São Pedro de Michelangelo, as paredes grossas pela qual a luz divina deveria banhar o edifício, isolam o espaço interno que é sagrado do externo visto como mundano. A luta entre as forças verticais e horizontais para dominar o exterior da parede. No século XVI pelo rompimento da proporção homem mundo, este entra em conflitos e incertezas, ficando alienado por não ter nenhuma fonte de referência com o mundo.
A inspiração distancia-se do que é objetivo (racional e geométrico) dando lugar ao subjetivo, que regula a criação. Em Michelangelo não há interação entre os espaços internos e externos. O dinamismo e tensão estão contidos no interior pelas paredes. Enquanto que na arquitetura barroca ocorre uma liberação espacial dessas forças reprimidas, deixando de lado o estático, a simetria e a separação dos espaços internos e externos. O barroco é liberal, criador e nele não existem preconceitos intelectuais e formais.
O autor comenta ainda sobre o estudo de Daniel Payot sobre a arquitetura barroca onde ele relata que o belo agora não é mais o perfeito, o clássico e sim a interpretação deles. O que importa agora é como são empregados os objetos arquitetônicos. No barroco não há espaço para submissão, só para determinação e inovação. O essencial do barroco é o subjetivismo. O poder fazer, fabricar e produzir demonstra a autoridade e a excelência da arquitetura barroca. O espaço barroco não é predeterminado, o arquiteto observa a história e a natureza não para imitá-la, mas para, a partir dela, elaborar sua própria síntese. O arquiteto barroco é gênio, ele inventa, produz; sua arquitetura é uma expressão de fantasia, da mutabilidade, do movimento, da multiplicação de efeitos cenográficos, da assimetria, da desordem e
principalmente da práxis conferindo ao seu edifício liberdade e dinamismo. O espaço barroco se volta para a dimensão existencial humana na qual se vive. Os edifícios passam a transbordar para o exterior estruturando-se ao meio ambiente a sua volta. O espaço sagrado deve invadir o profano. Os edifícios passam a ser um objeto de comunicação, adquirindo um caráter dinâmico e aberto. O homem barroco busca a segurança e cria um novo sistema, uma nova ordem segura e absoluta.
ANÁLISE CRÍTICA:
Trata-se de um texto importante conciso, de fácil compreensão que permite o conhecimento das particularidades dos estilos arquitetônicos apresentados. É interessante observar as relações históricas e cronológicas, que permitem a compreensão do momento político-social da segunda metade do século XVI, com a ascensão do humanismo e de uma nova relação entre o homem e Deus.
RECOMENDACÃO DA OBRA:
É uma obra fundamental para arquitetos e estudantes da área por permitir a compreensão dos estilos arquitetônicos, suas relações, diferenças e o momento sócio-cultural vivido na época em que surgiram.
IDENTIFICAÇÃO DO AUTOR: Carlos Antônio Leite Brandão é arquiteto formado pela EA-UFMG (1981), onde atualmente é professor de história e teoria da arquitetura e diretor. Especialista em Cultura e Arte Barroca (UFOP, 1987), mestre em Filosofia (UFMG,1987) e doutor em Filosofia (UFMG, 1997). Autor de "A formação do homem moderno vista através da arquitetura" (Editora da UFMG, 1999) e "Quid tum? O combate da arte em Leon Battista Alberti" (Editora da UFMG, 2000)
Bibliografia BRANDÃO, Carlos Antônio Leite - A Formação do Homem Moderno Vista Através da Arquitetura – Capitulo IV