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Astrologia da Escolha
Tecnicas de Aconselhamento Astrologico
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Roy Alexander
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Traduzido do original: The Astrology of Choice - A Counseling Approach Copyright © 1983, Samuel Weiser, Inc. ISBN 0-87728-563-2 Copyright © 1992 da I!! Edi~ao pela Livraria Roca Ltda. ISBN 85-7241-030-9 Nenhuma parte desta publica~ao pod era ser reproduzida, guardada pelo sistema "retrieval", ou transmitida de qualquer modo, ou por qualquer outro meio, seja este eletronico, mecanico, de fotoc6pia, de grava~ao, ou outros, sem previa autoriza~ao escrita da Editora.
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Se me derem uma base de apoio, moverei 0 mundo.
Tradu~ao:
Marcello Borges Celina Barbosa da Silva Capa: Ergom
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Dados Internacionais de Catalogar;ao na Publicar;ao (CIP) (Camara Brasilcira do Livro, SP, Brasil) /'
Alexander, Roy, 1931 Astrologia da Escolha tecnicas de aconselhamento astrol6gico I Roy Alexander; [tradu~a Marcello Borges, Celina Barbosa da Silva] - Sao Paulo: Roca 1992. Bibliografia. ISBN 85·7241·030-9 I. Aconselhamento 2. Astrologia 3. Ciencias oculus I. Titulo.
CDD·133.5 ·133.4
91·2815
indices para cal:llogo sislem:ltlco: I. Aconsclhamento : Astralogia 133.5 2. Astrologia 133.5 3. Esoterismo : Ciencias oculus 135.4
1992 Todos os direitos para a Ungua portuguesa slio reservados pela
LIVRARIA ROCA LTDA. Rua. Dr. Cesario Mota Jr., 73 CEP 01221 - Sao Paulo - SP Tel.: (011) 883-4440 Impresso no Brasil Printed in Brazil
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chamci este livro de "A Astrologia da Escolha", porque ele trata essencialmente da escolha do mapa que possufmos, ao invcs de sermos vftimas dele. 0 metoda que estou propondo oferece urn modo de enfoque e utiliza~ao da astrologia que pode desbloquear os processos aos quais nos encontramos presos, ao inves de encararo mapa como mais uma forma de descobrir nossas limita~6es . Apesar de nao estarmos conscientes do proccsso, estamos constantemente submetidos aescolha de nosso mapa. Somente quando nos conscientizamos dessa escolha "compulsiva"e adquirimos capacidade de reconhecer 0 processo, assumindo a rcsponsabilidade por ele, e que podemos criar 0 espa~o para escolher alguma coisa diferente do que estivemos vivendo desde 0 passado. As ideias colocadas na primeira parte do livro sao apresentadas como uma estrutura para aconselhamento eficiente. Elas podem, obviamente, serutilizadas para 0 auto-aconselhamento. Na verdade, para que o aconselhamento de clientes seja eficaz, as ideias devem conter mais do que conceitos ou credos meramente intelectuais; elas precisam ser experimentadas e validadas em nossa pr6pria vida. A expericncia nao precisa sermuilo grande no infcio.:E possivel come~ar, como eu mesmo fiz, com apenas urn v}slumbre da verdade contida ilesses princfpios; a
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verdade inerente aos mesmos ira crescer, amedida que sao utilizados em nossa pr6pria vida e no trabalho com os clientes. Nao e diferente de outras areas de a~ao. Utilizando urn exemplo bastante familiar, pode- . mos dizer que a posse de urn vislumbre intelectual dos princfpios da astrologia e uma cren~a em sua validade nao e a mesma coisa que interpretar urn mapa para urn c1iente na vida real. Apenas quando nos tomamos mais confiantes de que a astrologia realmente funciona, de maneira pratica, e que podemos nos estruturar bern na interpreta~ao de mapas. Da mesma forma, e preciso adquirir confian~a nos princfpios de aconselhamento que proponho, como verdadeiramente efetivos. Esses princfpios podem ser descritos resumidamente. Todos n6s temos problemas, e nossas vidas esUlo "atoladas" ou em crise, esscncialmente porque estamos ligados a uma grande massa de cren~as, conceitos, suposi~5es e preconceitos a respeito de como nossas vidas deveriam sere a respeito de como omundo deveria ser, ao inves de como as coisas realmente sao. Tomamo-nos incapazes de confiar em nossa pr6pria sabcdoria natural e em nosso pr6prio ser, e tambem incapazes de nos alinhar co nuxo inerente de nossas vidas. Algumas dessas cren~as e suposi es sao extremamente prejudiciais, mas ainda, dentro de certo nfvel, cam os ligados a elas, porque imaginamos que precisamos delas par obre iver. Pode-se dizer que esses tipos de padr5es se desenvolvem durante a infancia. Se nossos pais nao nos amaram, adotamos a cren~a de que a sobrevivencia significa aceitar a falta de amor. E tambCm nao e s6 uma questao de sobrevivcncia corporal. Emais no sentido de se teruma percep~ao de n6s mesmos como dignos de amor e de valor, para sobreviver. Paradoxalmente, as pessoas podem ate chegar a se matar para poder sobreviver. Esses padr5es continuam a dirigir nossa vida ate que os questionemos, e - 0 mais importante - ate que reconhe~amos que e a nossa pr6pria inten~ao, baseada em ideias erradas de sobrevivencia, que os mantem atuando. Se nao fomos adequadamente amados quando cramos crian~as, nao havia na epoca muito a fazer a respeito do assunto. Poderfamos continuarcom a situa~ao, ou morrer. Porem, a intemaliza~ao da falta de anlOr - ou qualquer outra situa~ao que possa ter ocorrido na infancia - faz com que ela se tome urn princfpio operaciorial basico do resto de nossas vidas. o desbloqueio de nossos problemas e seu esc1arecimento e essencialmente uma questao de se verificar 0 que estamos fazendo com nossas vidas, 0 que acontece realmente com elas, e assumir a responsa-
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bilidade por elas. Numa frase: Estar aqui, agora, e ser responsaveL por estar aqui, agora. Neste contexto, assumir a responsabilidade por nossos problemas significa reafirmar e repossuir a inten~ao que colocamos neles em primeira instancia. Y' A origem dos traumas e menos importante do que 0 fato de sua existencia, e do que a vontade que se tern de examina-Ios de maneira honesta e clara. A analise das rela~5es entre pais e mhos costuma ser uti!, e devotamov urn capftulo a considerac;ao do surgimento dos padr5es destrutivos. No entanto, 0 maior merito de tal analise nao e a descoberta da "origem" de urn problema, e, sim, 0 esclarecimento da realidade do problema. Na infancia, as quest5es estao presentes de maneira concreta e simples. Amedida que crescemos, n6s as enterramos e as encobrimos com tantas outras coisas, que, freqiientemente, nao mais podemos distingui-Ias. Algumas vezes a unica forma de fazer com que a pessoa descubra 0 que acontece com cia agora, e fazc-Ia examinar 0 que acontecia com ela quando era crianc;a. Mas 0 objetivo real e fazer com que esta pessoa accite que possui os padr5es destrutivos que estao dirigindo sua vida agora. Temos que parar de colocar em nossos pais a responsabilidade pelo que somos, nao importa quao ruins eles possam ter sido, e tambCm nao importa quao maravilhosos eles eram. A analise que se faz, ao se vol tar no tempo aprocura da origem de urn problema, nao ajuda, por si s6, a resolver 0 problema. 0 problema e resolvido pela aceitac;ao, sem preconceitos, e pel a tomada da responsabilidade sobre 0 que acontece realmente conosco. 0 grande problema e que fica diffcil divisar 0 que acontece na realidade conosco, devido aos nossos preconceitos e as nossas crenc;as. Temos que consultar alguem que possa manter urn reflexo preciso de n6s mesmos perante nossa pessoa. A reflexao em tal espelho e 0 que considero ser minha fun~ao basica e tambem a func;ao da astrologia. o lei tor que esta acostumado ao formato da maioria dos livros de astrologia, ira achar este material estranho a primcira vista. Ele ou ela pode ficar surpreso ao encontrar, comparativamente, pouca enfase na astrologia por si s6, especialmente no exemplo das sess5es de aconselhamento. A razao disto e que, apesar de havermos inc1ufdo algumas direc;5es de interpretac;ao no Setor 2, 0 livro e basicamente sobre a utilizaqao da informac;ao contida no mapa, e nao sua extrac;ao. A maioria dos livros considera a interpretac;ao do mapa como urn fim em si mesmo. Neste livro, ela e apenas 0 caminho rumo a urn objetivo - e
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cstc objetivo 6 dar ao c1iente 0 podcr de vivcr uma vida mais produtiva c satisfat6ria, ou pelo menos, chcgar ao caminho de podcr fazer isto. A simplcs interpreta~ao do mapa nao traz, por si s6, for~a ao cliente. No entanto, na epoca em que vivemos, a principal atua~ao dos astr610gos, em geral, 6 focalizada na interpreta~ao do mapa. A tecnologia que temos hoje para extrair informa~oes do mapa e considenlvel e, de modo geral, confiavel. Apesar disto, como aSlr610gos, mantemos uma posi~ao defensiva a respeito de nosso conhecimento. Muitos de n6s sentimos que devemos provar os conceitos da astrologia e fazer com que sejam aceitos pela opiniao cientffica. A maior parte do entusiasmo corrente a respeito das pesquisas realizadas com auxflio do computador foi originada em tais sentimentos. Sugiro, no entanto, que nossa posi~ao defensivaa respeito da astrologia nao seja proveniente das duvidas de sua validade cientffica, e, sim, de nossos enganos sobre sua utilidade pralica. Isto ocorre porque temos pouca id6ia do que fazer com as informa~oes que obtemos dos mapas. Dificilmente existe uma tecnologia para 0 uso de tais inform a~oes, que seja c~aravel a tecnologia voltada a sua extra~ao. Urn dos principais objeti os deste livro 6 estabelecer as bases dessa tecnologia de uso das inti a~oes. Ja e tempo que a astrologia saia de uma obsessao introve °da.ce>m as t6cnicas de interpreta~ao e comece a ser verdadeiramente eficiente no mundo. Nao pretendo subestimar a importfincia da interpreta~ao. Na verdade, qual)lO mais voce dominar tais tecnicas, melhor voce podenl serna parte de aconsclhamento. A posse de informa~oes precisas desde o infcio ea base do metoda de aconselhamento que descrevemos. Neste momento, preferimos come~ar urn atendimento com varias anota~oes por escrito sobre 0 mapa, e com cerca de meia duzia de temas principais do mapa, tudo preparado antecipadamente. Durante a consuIta, tenho 0 mapa em minhas maos, mas nem mesmo olho para ele, falando-se numa terminologia astrol6gica. 0 mapaja fez seu trabalho antes do infcio da consulta, e minha aten~ao pode ser focalizada na utiliza~ao das informa~oes obtidas a partir dele, visando os resultados pnlticos. Fica evidente que 0 metoda de aconselhamento utilizado nao depende especificamente do mapa como fonte de informa~oes. 0 metoda pode ser igualmente bern utilizado como, por exemplo, urn Tarot, urn teste de Rorschach, uma analise de sonhos, ou simplcsmente conversando com a pessoa. Qualquer coisa que forne~a informa~oes a respeito de sua estrutura psicol6gica pode servir. No entanto, parece-
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me que 0 mapa astrol6gico ainda e a fonte mais eficiente, abrangente e confiavcl de infonl1a~oes sobre 0 cliente. Partimos do princfpio de que a astrologia funciona, e de que temos cxperiencia acumulada em quantidade suficiente para saber que realmente funciona, com ou scm a aquiesccncia dos estudiosos por computador e dos cientistas. Existem, porem, mais fatos do que ser 0 mapa uma fonte de informa~oes tao poderosa. Minha suposi~ao e que cad a pessoa e, literalmente, 0 centro de seu pr6prio universo. Esse universo tern qualidades diferenciadas, e 0 mapa e urn resumo codificado de tais caracteristicas. A utiliza~ao do mapa natal para esclarecer ao cliente essas qualidades caracterfsticas, assim como torna-Io responsavel pclas mesmas, na verdadc consegue realinha-Io com seu pr6prio universo. 0 emprego da astrologia e, portanto, complctamente apropriado para a realiza~ao deste trabalho. Todas as pessoas que tiveram contato pcssoal conosco, mesmo que brevemente, contribufram para a nossa vida e, portanto, para este livro, e ficamos felizes em reconhecer este fato. Existem algumas pessoas que queremos ci tar especificamente, porque suas id6ias exerceram importantes inOucncias sobre nosso pcnsamento. Na parte astrol6gica, agradecemos especificamente aos escritos de Dane Rudhyar, Stephen Arroyo, Reinhold Eberti n, Joanne Wickenburg, Marc Robertson e Zip Dobyns. Na parte de aconselhamento, reconhecemos na estrutura do livro a inilucncia da Analise Transacional de Eric Berne. Outras - inOucncias importantes sao a da Terapia Gestalt, de Fritz Perl, e da Psicossfntese, de Roberto Assagioli. Urn reconhecimento especial c devido a Werner Erhard, 0 fundador do treinamento "cst". A maior parte dos esclarecimentos que possufmos a respeito dos processos descritos no livro sao originados de seus esclarecimentos. Finalmenle, temos de agradecer aos nossos c1ientes, as pessoas que volunlariamente se submeteram a este processo de auto-descoberta conosco - com gralidao especial aos pseudonimos Mattin, Peler e Barbara, os quais cederam generosamente 0 material de suas consultas para conteudo de exemplos. Roy Alexander
Conteudo
(~ Parte 1 - Reexaminando 0 Papel daAstrologia 123456789-
Transformando a Infonnac;ao em Conhecimento.. .... .... .... 3 A Natureza da Realidade (ou 0 Macaco e as Nozes) ....... 13 Padroes de Vida: 0 "Script" .............................................. 25 0 Poder Oculto .......... ............. ........................................... 39 Estruturando a Interpretac;ao do Mapa ............... .. ............. 51 Previsao: Indicadores Potenciais de Tempo ...................... 67 Estrutura do Aconselhamento .......... ..... ............. ......... ...... 81 Princfpios Basicos de Aconselhamento ............................ 93 Entrevistas com Clientes ..................... ............. ................. 107
Parte 2 -Astrologia como Ferramenta da Compreensiio: Principios Bdsicos 1 - Os Doze Princfpios ........ ........... .... ........... ................ .......... 151 2 - Planetas ............................................................................. 181 3 - Aspectos .......... ............. ..................................................... 193
1 Transformando a Informat;iio em Conhecimento
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Este livro mostra como a astrologia e, realmente, eficaz nas vidas das pcs,soas. Para atingir esle objetivo, precisamos examinar os fatores que detemlinam a consistcncia dos resultados, e que capacitam as pcssoas a sair da estabrna~ao denlro de seus problemas, abrindo novos e mais satisfat6rios canais de auto-expressao. Nao ha grandes misterios a respcito da natureza deste fator de for~a. Consisle no conhecimento-espccificamente, no auto conhecimento. Mas, · eSlecumimportantemas,precisamosesclareceradequadamentequalseria esse conhecimento, assim como seu conteudo. Na maior parte das vezes, confundimos conhecimento com inforrna~ao . 0 conhecimento e a for~a e poder, mas a infonua~ao nao 0 e. A infonna~ao pode ser interessante, fascinante, reconhecedora, fortalecedora do ego, ou pode, e claro, ser depJimente e desesLimulante - mas nao e poder e for~a. 0 conhecimento semprc nos coloca numa posi~ao em que podemos mudar nossa vida. Podcmos go star, ou nao, mas nos da poder. o direcionamento destc livro e de mostrar a astrologia como urn sistdma de cura e como urn instrumento psico16gico. NlIo diz respeito a
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previsao de eventos, nem aos dias bons ou ruins para se fazer algo. 0 enfoque situa-se no aconselhamento astrologico, e, especialmente, na base metaffsica ou contexto necessario, para que 0 aconselhamento seja realmente eficaz. Obviamente, a interpreta~ao de mapas e importante, e sera considerada na segunda parte,mas nao e 0 enfoque principal deste livro. Existem cxcelentes livros e cursos sobre interpreta~ao, e partimos do princfpio de que 0 lei tor conhe~a, pelo menos, suas bases. 0 enfoque aqui co que fazer com a interpreta~ao, depois de realizada: Como voce ou seus clientes podcm utilizar a interpreta~ao, para promovermudan~as em suas vidas? Como devemos proceder, a fim de transfonnar a infonna~ao em conhecimento? Parece haver uma crescente preocupa~ao entre os astrologos sobre a utilidade da astrologia. E comum urn astrologo realizar uma analise precisa e profunda do carater de urn cliente, e vcr sua analise aceita com entusiasmo por ele, apenas para verificar que, no final, essa analise trouxe pouca ou nenhuma diferen~a para a vida do cliente, pennaneccndo ele com os mesmos problemas.'Existem poucas duvidas de que a astrologia funciona, no senti do de que urn mapa pode fomecer uma avalia~ao precisa da personalidadc, mas, qual e a finalidade disto? Recentemente, esta questao levou os astrologos a investigarem varios sistemas de psicologia e psicoterapia, numa tentativa de aumentar sua compreensao da simbologia astrologica. A razao disto foi capacita-Ios a obter uma interpreta~ao mais profunda dos mapas, descobrindo as rafzes mais ocultas das dificuldades dos clientes. Quase todos os sistemas trabalhaveis de psicologia foram investigados. Freud, Jung, Reich, analise Transacional, Gestalte Psicossfntese, estao entre os sistemas que rcalizaram contribui~oes valiosas. Como resultado, nossa compreensao do simbolismo astrologico tern percorrido urn longo caminho desde as interpreta~oes fatalfsticas adivinhatorias, que eram todo 0 material disponfvel para estudo no infcio do seculo xx. Urn astrologo que queira, pode agora, com certa confian~a, levar urn cliente alem das manifesta~oes mais obvias do mapa, ate sua provavel origem dentro das pressoes da inmncia. o escopo das infonna~oes que, como astrologos, podemos dar a nossos clientes, foi certamente aumentado, mas ainda nao Ihes da for~as para mudar suas vidas. A suposi~ao sub-reptfcia de que "quanto mais profundo melhor", que parecia tao promissora ha alguns anos, tomouse bastante decepcionante, em tennos de resultados praticos.
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Se tivennos urn cliente com, por xemplo, Lua em quadratura com Satumo, e que esteja manifestando midez e inibi~ao emocional, e provavel que possamos fazer com ue con . a lidar melhor com a inibi~ao emocional, se pudennos utUiz a referencia da falta tie amor Cde aten~ao de seus pais no infcio da inmncia. Se 0 cliente estiver disposto a encarar esses pad roes, podera, no decurso do atendimento, entrar em contato com 0 mecanismo de inibi~ao, confonne tenha sido desenvolvido, em resposta ao comportamento de seus pais. Conseguiu o cliente mais infomla~oes sobre si mesmo, mas ainda e tfmido e inibido emocionalmente. Na verdade, pode ate pensarque tern melhores razoes do que nunca para continuar sendo como e. A ideia de "chegar ate a causa e, enta~, poderemos resolver 0 problema" e proveniente da fonna que aprendemos a lidar com 0 mundo ffsico. Se uma maquina parardefuncionar, existe urn procedimento bern estabelccido para se detectar 0 problema ate chegar asua origem, numa pe~a quebrada, e, entao, consertar 0 componente defeituoso. Quando tentamos aplicar este tipo de procedimento aos disturbios emocionais, nao funciona. Como podemos saberonde esta a "causa" de urn disturbio emocional? Na infancia? No parto? No utero? Numa vida passada? .. E scm pre possivel encontrar algum trauma do passado. E, se encontrarmos a causa, 0 que seria equivalcnte a substituic;ao do componente perturbado? Confonne veremos adiante, as raizes de tal dificuldade estrro em nossas idcias mecanicas de causa e efeito e de tempo e espa~o. Neste momenta em que escrevemos (1981), existe uma forte tendencia entre os astrologos de "nos precisamos de mais pesquisas". Parece haver urn senlimento, nao muilo bern aniculado, de que, se pudessemos realizar mais e melhores pesquisas por compulador, obterfaffios alguns falos irrefutaveis sobre 0 funcionamento da astrologia, e que, so entao, poderfamos fazer com que cla se tomasse rea/mente eficiente. A falacia novamente se refere asuposic;ao de que a astrologia funciona em tennos de causa e efeito mecanicos. E uma suposi~ao al tamente improvavel, dada a natureza do assunto - ninguem conseguiu colocar uma teoria plausfvel corresponc:iente ao efeito aparente dos planetas- e, apesardisso, estamos todos tao hipnotizados poresta fonna pseudocientffica de vcr das coisas, que automaticamente acreditamos nisso. Os dados novos sao scm pre bem-vindos, sejam elcs provenientes de psicologia profunda ou de pesquisas, mas a verdade e que ja possufmos Lodos os dados de que precisamos para utilizar a astrologia
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como urn sistema complcto de cura. Confonne sugerimos anterionnente, 0 problema c que nao sabemos como utilizar os dados. o motivo pclo qual a astrologia falha, da fonna como c atualmente praLicada, em fazer alguma difercn~a nas vidas das pessoas, de acordo com seu potencial para tanto, e que fica ligada ao fato de ser infonna~ao. A infonna~ao c transfonnada em conhecimento atravcs da experh~ncia, em particular da expcricncia do cliente. Existem muitas conversas nos meios astro16gicos a rcspcito de sfntesede mapas, mas 0 unicomodoeunicolugar em que urn mapa fica sintetizado equando a infonna~ao se transfonna em realidade de vida para 0 cliente. Parece muito simples e 6bvio quando fazemos tal afi mla~ao, mas sim pIes nao quer dizcr faci I. A razao de nao ser facil c que todos n6s investimos muito no estado de inconscicncia rc1ativa ao que esta realmente acontecendo em nossa experiencia. Nosso dia-a-dia consiste, em grande parte, em ocultar, eviLar e mentir para n6s mesmos, de fonna a estar de acordo com nossas imagens de como as coisas deveriam ser, ao invcs de rcconhecer como rcalmente sao. Na realidade, Ludo 0 que precisamos [azerc reconhecere aceitar, semjulgar, 0 que rcalmenteocorre conosco. Ate que isso seja feiLo, ficamos prcsos nas mentiras e evasoes. Jung coloca com bastante lucidez: "Precisamos conseguir [azercom que as coisas aconte~am na psi que. Para n6s, esta c uma arte da qual a maioria das pessoas nada conhece. A conscicncia esta scm pre interferindo, ajudando, corrigindo enegando, nuncadeixando que os processos psfquicos cres~am em paz. Seria suficientemente simples, caso a simplicidade nao fosseo mais diffcil deseconseguir."E, novamente, "A verdade mais bonita ... nao tern utilidade, a nao ser que se tome parte do cabedal de experiencias internas possufdas pelo indivfduo ... 0 necessario nao e conhecer a verdade, mas experimenta-la. Nao e ter uma concep~ao intelectual das coisas, mas encontrar nosso caminho para nossa expericncia interna, irracional e talvez scm paIavras - este e 0 grande problema." *(Destaques do original.) Quando Jung fala sobre conhecer a verdade, esta usando a palavra no sentido em que estamos usando a expressao "ter infonna~ao" - e 0
*C. G. Jung, "Psychological Reneclions", 22 edic;lio, Londres: Roulledge & Kegan Paul, 1971; C. O. Jung, "Psychological Rencctions: A New Anlhology of His Wrilings, 19051961", ed. Jolande Jacobi e R. F. C. Hull, Series Bollingen XXXI, Copyright 1953 por Princelon UniversilY Press. Excerpts, pp. 298, 299, republicados com aUlorizac;lio da Princelon Universily Press.
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conhecimento intclectual, nao a expericncia. Estamos usando a palavra "conheccr" no mcsrno sentido em que e utilizada na Bfblia, na famasa afirma~ao "Conheccras a verdade, e a verdade vos libertara", Sao Joao 8: 32. * Isto nao significa que "Existe urn grande segredo, e quando voce conseguir descobri-Io, sera rnaravilhoso", e sim que "Quando realmente vivenciar, accitar e assumir a responsabilidade por ser da forma que C, voce nao mais estara preso ao problema - estanilivre dele". Interpretado desta forma, nao constitui uma promessa nem unla instru~ao - uma instru~ao de como se tomar iluminado e liberado. Na realidade, e uma instru~ao que podemos aplicar, literalmente, em todos os minutos do dia-a-dia. Precisamos examinar mais detalhadamente 0 sentido da palavra "experiencia" util izada nesLe contexto. Definiremos "experiencia" como a soma total de visoes, sons, cheiros, sensa~oes corporais, emo~oes, imagens, pensamentos e intui~oes que esUio acontecendo com voce neste momento. A substancia da vida e experimentar 0 que voce esta vivenciando, no momenLo em que esta acontecendo. Parece lugarcomum, mas c a chave para a resolu~ao dos problemas e situa~oes, aos quais estamos presos. Dc faLo, esta expericncia comum e diaria e a pedra filosofal que os alquimistas tanto descreveram. (A pedra filosofal era a substancia que deveria transfonnar os meLais comuns em ouro. Era descrita como uma subsLancia comum, que poderia ser encontrada em Lodos os lugares, mesmo na sujeira, embora seu valor nao fosse devidamente reconhecido.) o unico momento em que temos for~a, em que podemos ser curados, c 0 agora. Fritz Perls, fundador da Terapia Gestalt, falou sobre o "contfnuo da percep~ao consciente", descrevendo uma Lccnica de se tornar total mente consciente de todas as experiencias reais e, portanto, estar em contato com a experiencia de estar dentro do "agora". Isto e extremamente diffcil de ser conseguido, porque estamos cheios de teorias, explica~oes, justificativas e sistemas de cren~as a respeito da fonna que as coisas deveriam ser. Alem disto, se ficannos conscientes do que estamos vivenciando, momenta a momento, freqUentemente chegamos a uma experiencia desagradavel. De fato, ja que a vida consiste semple em experiencias que chamamos de "agradaveis" e "desagradaveis", a pennancncia dentro do fluxo das coisas leva; inevi-
* ''The New English Bible", OUP, CUP, 1970, Novo Test., p. 123.
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tavelmente, a alguma Silua~aO desagradavel. Isto pode manifestar-se como simples tedio pclo exercfcio ou sentimentos de raiva ou, ate mesmo, de tristeza. Neste ponto, geralmente interrompemos 0 processo. Podemos bloquear 0 senlimento e fiearmos inconscientes deles, ou com('~ar a explica-lo e justifica-lo para n6s mesmos. Podemos nos lcmbrar, de repcnte; que precisamos fazer alguma coisa importante ou podcmos entrarnumalouca associa~ao livre de ideias. Sejao que for que fizennos, abortamos a perce~ao consciente do que estamos realmente vivenciando. Tendo colocado nossas maos na pcdra filosofal, que pode transformar 0 metal comum de nossas vidas em ~Uro, n6s a jogamos fora, porque nao gostamos de sua aparcncia! Em poucas palavras, raramente nos alinhamos com 0 modo como as coisas sao. Uma das razoes pelas quais nao gostamos de nos alinhar com 0 modo de ser das coisas, e porque acredi tamos que este modo e urn estado fixo. Existe urn medo de que, se eu vivenciar minha raiva, descobrirei que nao ha mais nada em meu universo alem da raiva, e ficarei preso a el a para todo 0 scm pre. Preso a cIa, ou a qualquer outro estado que cause medo de ficar total mente consciente. Nao precisa ser necessariamente uma condi~ao negativa. Muitas pessoas tern medo de vivenciar felicidade, amor ou enlusiasmo. Para superar este medo, precisamos compreender que as coisas e condi~oes s6lidas e fixas sao cria~oes do observador, ou seja, da mente hum ana. Se, ao prestarmos aten~ao anossa experiencia, entrarmos em contaLO com a expericncia do agora, descobriremos que essa expericncia basica e de urn vazio muito vivo, chcio de potencial criativo. 0 univcrso nao e estatico. Isto tern sido amplamente demostrado pela ffsica modema. Os conslituintes mais b:1sicos damateria nao podem ser considerados como "coisas", em nenhum sentido que costumamos utilizar este temlO. Ao inves disso, sao processos. Talvez a lei mais fundamental deste universo e, ccrtamente, aquela que tern as implica~oesmais importantes e praticas para 0 tipo de astrologia que cstamos falando, e que 0 universo e, essencialmente, um processo de tres estagios, que sao: cria~ao, manuten~ao e destrui~ao. 0 proprio zodlaco ofercce um exemplo conveniente deste processo, 0 qual e corporificado pclas qualidades familiarcs de signos cardinais, fixos e mutaveis. Urn tipo de encrgia muilo pcssoal e criada em Aries, mantida em Touro e destrulda ou dissipada em Gcmeos. A destrui~ao deste tipo espccffico de energia da espa~o para a cria~ao de algo diferente. Um novo tipo de energia, ainda pcssoal, mas com um senlido de prote~ao e pcrce~ao do outro e, enta~,
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criada em Cancer, mantida em Leao, sendo destrulda em Virgem. Uma energia de parceria a dois e criada em Libra, mantida em Escorpiao e destrulda em Sagitario. Finalmente, uma energia de carater coIctivo e criada em Capric6mio, mantida em Aquario e destrulda em Peixes. Para quem gosta de ter uma aplica~ao para tudo, devemos acrescentar que nao achamos que as pessoas com signos mutaveis prcdominantes em seus mapas tenham vantagens nos processos de confronta~ao com suasexpcricncias e resolu~ao de assuntos incompIctos, comparandose a outras propor~oes de signos. No entanto, como abstra~ao, 0 exemplo e valido. Esse fluxo natural de destrui~ao nao e facil de ser detectado nos assuntos humanos, devido ao fato de que tao raramente estamos alinhados a eIc, e os assuntos ficam presos na fase de manuten~ao. Os ciclos de cria~ao, manuten~ao e destrui~ao sao os processos pSlquicos que Jung fala na cita~ao. Esse cielo e a base do proeesso de cura pSlquica, e todos os nossos problemas podem ser considerados como processos que estao presos najase de manutem;ao. A razao de estarem presos e devido anossa liga~ao ou resistcncia a cles, anossa rna vontade em ficarmos conscientes e assumirmos a responsabilidade por nossa expericncia no AGORA. Tudo 0 que precisamos fazer para resolver nossos problemas e dizer a verdadc a respcito dcles, observa-Ios imparcialmente e permitir que 0 fluxo natural do universo aconte~a. Como diz Jung, "Seria muito simples, se a simplicidade nao Fosse a questUo mais diflcil de ser obtida."* o material apresentado nestas ultimas paginas esta sendo repetitivo inlencionalmente. A repeti~ao e urn mecanismo para superar a resistcncia da mente contra a perturba~ao de suas cren~as de sobrevivcncia. Essa resistcncia e s~mpre muilo grande e pode tomar muitas formas. Paradoxal como seja esta verdade, a fUIl~ao da mente na vida e resislir a verdade. PeIo menos, e 0 que considera ser sua fun~ao. Mais adiante, examinaremos mais detalhadamente 0 papeI da mente. Por enquanto, vamos considerarum exemplo do que aconteceria, se alguem vivencia sua expericncia e transforma a informa~ao em conhecimento. Vamos supor que a pessoa, por exemplo urn estudante, tenha dificuldades de concentra~ao. E esperto e inteligente, mas tira notas ruins, porque nao consegue se concentrar nos livros por mais de dez minutos de cada vez. Scm duvida, cle sabe deste fato ao nlvcl de
*10. citacrao anterior
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informac;ao. Se ele adotar a vi sao comum e superficial a respeito da questao, aceita tudo como sendo "assim mesmo". Tipicamente, podemos supor que ele resolva estudar algumas horas a mais. Neste tempo, levanta tn~~ vezes para fazer cafe, leva vinte minutos para examinar algumas anotac;oes, sente fome e ataca a geladeira e,ja que esta fazendo urn intervalo de qualquer jeito, telefona para a namorada e fala como e diffcil conseguir trabalhar. Talvez menos de cinqUenta por cento de seu tempo planejado para estudo e gasto no trabalho em si. E elc esta interessado na materia! Neste ponto, 0 que estamos tentando dizer - porque a compreensao e crucial- e que 0 estudante nao esta vivenciando 0 que esta acontecendo com ele. Esta preso a urn conceito, urn sistema de crenc;a, chamado "Nao consigo me concentrar". Esta preso a fase de manutenc;ao deste processo, nao observa 0 que esta realmente acontecendo nem diz a verdade a si mesmo a respeito do assunto. Ou sucumbe aos seus sentimentos de inadequac;ao ou resiste a cles, forc;ando sua concentrar;ao. Dc qualquer modo, a falta de capacidade de concentrac;ao persiste. Pode encontrar formas de contomar a dificuldade, de modo que possa trabalhar. Talvez ajude se ele bebcrum pouco antes de se fixarnos estudos, e seligaro radio enquanto estiver trabalhando. Se a tensao intema nao for grande demais, pode vir a descobrir truques que funcionem suficientemente bern contra a falta de concentrac;ao, fazendo com que ela de certa forma desaparcc;a. Se, por outro lado, conscientizar-se do que esta acontecendo com ele, quando tenta estudar - se prestar atenc;ao aos pensamentos reais, aos sentimentos e sensac;oes corporais que surgem - podera descobrir que a raiz do problema e 0 medo da solidao, que, por sua vez, e necessaria para 0 estudo. Vamos supor que exista, na verdade, urn poderoso propes so de medo de solidao, que ele sempre consegue manter fora de sua pcrcepc;ao consciente, e que, portanto, esta preso na fase de manutenc;ao. Agora que esta consciente do medo, tern outras opc;oes alcm da repressao. Na verdade, se puder enfrenta-Io e aceita-Io de modo imparcial, 0 processo de criac;ao-manutenc;ao-destruic;ao sera desbloqueado, comedo sera resolvido. Scm duvida, na pratica isto nao e assim tao simples, por razoes que explicaremos mais tarde, mas damos este exemplo para sustentar 0 argumento. Outro ponto essencial que 0 exemplo ilustra e que, para lidar com este problema, 0 estudante tern que comet;ar no melo, porque e onde cle se encontra. E possfvcl que, a medida que percebe sua expericncia, torna-se consciente de incidentes do passado, e que estes podem
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acrescentarmais dados a sua percepc;ao do fato. Mas, como ja dissemos, a crenc;a de que algucm passa voltar a alguma causa anterior e, desta forma, resolvc-la automaticamente, e falaciosa e, na verdade, contribui para nossa fixac;ao. 0 processo de cliac;ao-manutenc;ao-destruic;ao e irreversfvel, e temos que nos alinhar com cle, em qualquer dos pontos em que possamos cstar. Como se aplica a astrologia? Vamos tomaro caso, onde, conforme sugerido anteriormente, os truques que 0 estudante descobre funcionam suficientemente bern para superaro problema de concentrac;ao. A ferida ainda esta aberta, mas 0 tecido cicatricial a cobre de modo tao eficiente, que faz com que passe despercebida. Elc passa em seus exames e lanc;ase na vida profissional. Alguns anos mais tarde, decide consultar urn astr610go a respeito de urn problema aparentemente distinlo: talvez dificuldades em seu casamento. A falla de concentrac;ao comedo da solidao estarao indicados no mapa de varias formas di ferentes. Por exemplo, digamos que haja uma conjunc;ao Mercurio-Urano em quadratura com Netuno, e uma oposic;ao Lua-Salumo. Observando Mercurio, 0 astr610go podent indagar sobre problemas de concentrac;ao, os quais nao parecerao ameac;adores ao cliente. Com algumas tentativas e quest6es bern colocadas, 0 astr610go pode, enlao, comec;ar a encorajaro cliente a observaros pontos que estilo por tras do problema de concentrac;ao, e que estarao tam bern ligados as diliculdades do casamento. Obviamenle, esta c uma simplificac;ao grosseira, e colocaremos mais dados neSla hip6lese no Capftulo 9. Neste ponto, a vant~gem que o astr610go possui sobre qualquer outro tipo de terapeuta nao tern nenhum valor. Tern todos os problemas do cliente diante dele, no mapa. Se 0 cliente nao responder a urn deles, respondera a outro, tudo iSlO scm ter que gastar 0 tempo de varias sessoes de terapia s6 para descobrir quais sao os problemas. Este processo de vivcncia das questoes, levando-se a nfvcis de verdades mais absolutas, e muito natural. Nao depende de teorias psicol6gicas cOll'lplexas nem requer treinamento especflico - a nao ser no senlido de que todos n6s precisamos de trcinamento no processo de sermos hones lOS com n6s mesmos e em reconhecer a enorme resistcncia que temos em relac;ao a sermos honestos. A rc1ac;ao aSlr610go-cliente que esboc;amos C, claramente, muito diferente daqucla que existe na maior parte das consultas conforme pralicadas em nossa cpoca. A mudanc;a da pn1tica do aconselhamento
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aSlro16gico para urn novo nivel, nao requer mudan9as na forma de inlerprela9ao alualmente utilizada. Requer, na verdade, uma mudan9a na forma do relacionamento do astr610go com 0 cliente. Islo significa enconlrar 0 clicnte numa base de igualdade, abandonando 0 modelo autorilario tipo mcdico-paciente. Para muitos astr610gos, isto significa um grande confronto, ja que senlem a necessidade de impressiona-Io com a precisao de suas inlerpreta90es, e que precisam falar 0 tempo todo,parajustificar 0 pre90 que cobram. Apcsar dc poderem se autodenominar conselheiros, a maioria dos astr610gos c processadora de informa90es, e seu modo de operar nao e muito diferente de um consultor especializado, como, por exemplo, urn analisla de inveslimentos. Baseiam-se no conceilo de que sua fun9ao come9a e tennina com 0 fomecimenlo de informa90es precisas e nao consideram como sua rcsponsabilidade 0 uso que 0 clicnte possa fazer das informa90es rccebidas. Eimportante dizerque, c claro, isto e0 que grande parle - senao a maioria dos clientes - espera e quer. Muilo provavelmenle o c1 ienle comum nao goslara de ser convidado a entrar em contato com sua pr6plia expericncia. Muilos clientes vcm para se reconiinnare nao quercm ser jogados de volta aos seus pr6prios recursos. No enlanto, existem clientes que querem maiS de urn astr610go. Em nossas proprias consultas, cerca de cinqiienla por cenlo deles ja linham tido seus mapas interpretados antes. J:i tinham infomla90es precisas a respeito deIes mesmos, mas precisavam de apoio para transformar a infonna9ao em conhecimento. Como astrologos, precisanlOS nos equipar para fomecer este tipo de servi90 ao clienle. No proximo capilulo, conlinuaremos a desenvolveruma estrulurametaffsica que nos pemlila realizar isLo.
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Existe um aspecto do ciclo de cria9ao-manuten9ao-deslrui~ao qua[oi mencionado impliciLamente" porem nao foi discutido. Este eo [alor de quem faz a cria9ao, a manuten9ao e a deslrui9ao. Se nosso esludante hipoteLico, com falta de concentra9ao, tivesse que ficar dentro do contInuo de percep9ao, permiLindo a simples existencia de cada experiencia de forma pass iva e im parcial, poderia, eventualmente, descobrir que ele mesmo a fonte de suas experiencias. o "eu" que cria nossas experiencias nao e 0 mesmo do qual costumamos estar conscientes. N a maior parte do tempo, nossa aten9ao e consumida com as proezas de urn ou dois "eu" falsos. Urn deles e 0 "Eu" para Enfrentar. Esta e a parte de n6s que sabe como melhorar a aparencia ou, pelo menos, "ser coerente". Ea parte de nos que faz uma representa9ao, que tenta impressionar as pessoas, que aceita objetivos de vida que possam gerar aprova9ao e concordancia geral. E virtuoso, trabalhador, sempre dircito. o outro e 0 "Eu Suprimido". E aquele que conhecemos, mas tentamos manter fora do caminho e fingimos que nao existe. Esse "eu"
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e medroso, implicante, infeliz, rancoroso, desconfiado, pregui~oso, nao gosta das pessoas, etc, etc. Esses dois conceitos sao semelhantes ao "Dc cima" e "Debaixo" da Terapia Gestalt, que estao em luta constante urn com 0 outro. Fritz 'Perls os chama de dois palha~os. Nao sabemos se e possfvel relaciom1los a fatores especfficos num mapa astral, ja que ambos constituem manifesta~oes do mapa como urn todo. No entanto, pode existir algum tipo de relacionamento entre 0 De cima e 0 Ascendente mais Mcio-doCeu, e entre 0 Debaixo coLe. mais 0 Descendente. Desde que estejamos envolvidos na luta dos dois palha~os, nao conseguimos perceber nosso "Eu" Verdadeiro e 1evamos nossa vida como nossas pr6prias viti mas. Por tras do Eu Inconsciente e do Eu Suprimido encontra-se 0 "Eu" Verdadeiro. Nao deve ser descrito, apenas vivenciado. Pode ser evocado, as vezes, na medita~ao, mas 0 problema e que essas evoca~oes vao e vern, e sao diffceis de serem relacionados com a vida no mundo. Existem muitas pessoas que tiveram experiencias de maravilhosa transcendencia, mas cujas vidas sao atrapalhadas; frcqUcntemente, sua capacidade de lidarcom as coisas e menordo que a daquelas pessoas que nao passaram por essa experiencia. o "Eu" Verdadeiro e 0 espa~o em que nossas vidas acontecem; e a fonte de nossas vidas, nossas experienci as, e inclui tudo 0 que existe. Para 0 alinhamento com 0 "Eu" Verdadeiro, e para sua manifesta~ao no mundo, teremos, portanto, que estardispostos a incluirtudo 0 que existe. E existem muitas coisas que nao temos vontade de incluir. Especificamente, existem camadas de sentimentos tais como dor, raiva, ansiedade, trai~ao, desamparo, solidao e abandono. Dc varias formas, nao tern os vontade de conceder validade e existencia a esses sentimentos. Grande parte do tempo, cooperamos para permanecer inconscientes deles. Quando eclodem na pcrcep~ao, dificilmente os deixamos estar ali e os tratamos como parte do processo natural de cria~ao-manuten~ao-des trui~ao. Explicamo-Ios, ou os justificamos, para desviar nossa aten~ao deles. Sao tao dolorosos e desagradaveis, que nunca podemos suspeitar que possa existir alguma coisa maravilhosa do outro lado. Novamente, a pedra filosofal nao se parece com 0 que julgamos que deva parecer e, entao, a jogamos fora. Muitas terapias estao tentando romper essa camada de sentimentos negativos. Isto e possivel, mas e muito diffcil e, certamente, nao e 0 tipo de coisa que possamos fazer 0 dia todo. Os terapeutas Gestalt
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cham am a cam ada de sentimentos negativos suprimidos de camada implosiva, e descrevem como uma pcssoa pode ser guiada atraves dela, para poder penetrar na experiencia explosiva do "eu" autentico. 0 sistema funciona, mas necessita da presen~a do terapeuta para empurrar a pessoa atraves de toda hesita~ao e resistencia e, a nao ser que as expcricncias explosivas sejam integradas numa visao de mundo coerente, elas tendem a permanecer isoladas, com pouca utilidade na vida pratica, nao mais que urn caso de expcricncias mfsticas de cxtase. Portanto, 0 "Eu" Verdadeiro ea fonte de nossas vidas, nossa for~a e criatividade, mas os metodos geralmente utilizados para permitir sua manifesta~ao no mundo requerem tecnicas e circunstancias especiais. Quando as tecnicas e eircunstaneias funeionam - e nao parecem funeionar para todas as pessoas -, os resultados sao espasm6dicos e diffceis de serem integrados num estilo de vida coerente. 0 que costuma faltar nesses metodos - terapia e medita~ao - e uma apreensao consistente da verdade de que criamos nossas vidas, que cada urn de n6s e 0 centro do pr6prio universo e que tudo 0 que existe em nossas vidas esta h1, porque, de alguma forma, desejamos que la estivesse. Para que 0 cicio de criaqiio-manutenqiio-destruiqiio funcione para nos, afim de podermos resolver os problemas aos quais estamos presos, devemos estar dispostos a assumir, como principio funcional bUsico, que somos responsaveis pela criaqiio de tudo 0 que esta dentro de nossas vidas. Isto nao quer dizer 0 reconhecimento de sua responsabilidade, ou de ter fe ncla, ou tomaruma posi~ao em rcla~ao a cla. Significa escolher conduzir sua vida como se 0 princfpio estivesse sendo aplicado, scm se importar com 0 que estivesse acontecendo. E muito simples e muito di ffeil, e a mente tentara todos os truques para evitar que voce fa~a islo. Uma conseqUcncia maiorde assumir a responsabilidade por sua pr6pria vida e que vocc nao poe mais a culpa nos outros, em seus pais, no govemo ou na si'tua~ao econ6mica. Nem mesmo em vocc. E uma questao de se permanecer consciente 0 tempo todo e e semelhante a tomar-se consciente dentro de urn sonho. Geralmente, nos cham ados sonhos lueidos, onde a pessoa esta conseiente de que esta sonhando, 0 simples ato de estar conseiente esufieiente para esclarecer as eircunstancias negativas do sonho e para criar condi~oes mais agradaveis. 0 cicIo de cria~ao-manuten~ao-destrui~ao pode funcionar com muito mais rapidez no nivel do sonho. Como uma "dica" pnitica para tomar sua responsabilidade por sua pr6pria vida verdadeira para
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voce, considere sua vida como se fosse urn sonho, no qual esta tentando acordar. Nao acorde parapararde sonhar, mas adquira a consciencia de que esta sonhando, dentro do pr6prio sonho. Lembre-se de que, conforme veremos mais detalhadamente adiante, a fun~ao da mente e evitar que voce fa~a isto. A mente ve sua fun~ao como scndo convencer voce da realidade do mundo do tcmpoespa~o e suas circunsHincias pertinentcs. A compreensao e uma fun~lio da mente, portanto, se voce pensa que compreende a responsabilidade e 0 cic10 de cria~ao-manutcn~ao-destrui~ao, entao voce nao a1can~ou ainda 0 que e necessario. A comprcensao e uma armadilha particularmente sutil, porque cIa trans[orma a verdade da responsabilidade num sistema de cren~as, que nao tern mais for~a do que qualquer outro. As cren~as, as posi~oes e as convic~oes sao estruturas que se definem, por sercm opostas a, ou di [erentes dc, outras coisas e estruturas. A for~a nlio esta nas coisas, mas no contexto ou campo dcntro do qual as coisas existem. NITo e uma questao de compreender a ideia de responsabiIidade, mas de "adquiri-Ia", como voce "captaria" uma piada ou imagem poetica. 0 scntimcnto que vern junto com a capta~ao e de surpresa, maravilha, atordoamcnto e uma sensa~ao de scr ilimitado. A declara~ao de sua responsabilidade na cria~ao de sua pr6pria vida se parece mais com urn Koan Zen do que com uma in[orma~ao. Classifica-se na mesma categoria do famoso ditado: " Qual co som de uma s6 mao batendo palmas?". Nao [az sentido, em termos da mente, e nao tern a inten~ao de fazer senti do. Existem bons precedentes para a suposi~ao de que alguma coisa funciona, apesar de nao fazer sentido em termos de paradigmas presentemente aceitos. Em matematica, por exemplo, a ideia da raiz quadrada de menos urn nao faz sentido no contexto do pensamento numerico com urn. E diffcil ate mesmo come~ar a intuir. Mesmo assim, e uma ferramenta pratica poderosa. A teoria da corrente altemada usa extensivamente este conceito. Se voce estiverlendo estelivro sob luz eletrica, esta-se beneficiando diretamente da utiliza~ao que alguem fez da raiz quadrada de menos urn . A idcia de criar nossas vidas nao c mais louca do que isto, e c mais util encara-Ia como uma ferramenta pratica do que uma dec1ara~ao sobre a natureza da realidade. Uma das vantagens de querer ser responsavel por criar nossas vidas e que a cam ada implosiva de sentimentos negativos e inclufda como parte natural do processo. Na medita~ao, esses sentimentos sao desviados, e em tcrapias devem ser combatidos. Assumir responsabili-
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dade pe10s sentimentos negativos os toma parte do processo e retira, gradualmente, a significa~ao e os julgamentos que ligamos a e1es. Estarmos dispostos a assumir a responsabilidade pe1a cria~ao de nossas vidas e cientes do cicIo de cria~ao-manuten~ao-destrui~ao e tudo o de que precisamos, essencialmente, para criar urn contexto no qual 0 poder de diagn6stico do mapa astroI6gico possa ser eficazmente utilizado. No entanto, 0 conhecimento de que somos responsaveis por nossas vidas nao e fun~ao da mente racional. Nao ha alguma forma pe1a qual eu possa convencer voce intelectualmente. E urn paradoxo, e tudo o que voce pode [azer com urn paradoxo e deixa-Io ficar lao Mesmo que em outro nfve1, isso seja tao 6bvio. A unica realidade que voce tern e sua experiencia e, obviamente, voce tambem representa 0 local, a area de a~ao e 0 contexto em que suas expericncias acontecem. Voce pode argumentarque isto aindanao 0 fazsero criadorde tudo. Talvezos planetas estejam criando as coisas e lhe enviando raios. Talvez seus pais tcnham [eito isto com voce. Talvez haja urn Deus pcssoal submctendo-o a provas. Ou _ uma idcia muito apreciada nos meios da Nova Era - talvez 0
universotenhaalgumplanoparavocCqueaindanaoconhe~a.Talveztodas essas coisas sejam verdadeiras, ainda que existam dentro de sua experiencia. Nao ha nada em seu universo alem de voce e sua expel;encia, tomando-o responsave1 por criar os planetas, seus pais, 0 Deus pessoal e
Universo. A maioria das pessoas vivencia, geralmente na infancia ou na adolescencia, uma subita compreensao de que sao pessoas unicas, e que sao, na verdade, 0 centro do universo. 0 sentimento que costuma acompanhar a experiencia e de surpresa, tambem acompanhado pe10 entendimento de que e impossfvcl ver 0 universo a partir de outro ponto de vista e de que uma pessoa esta sempre presa a pr6pria cabe~a. Sugerimos que voce busque em sua mem6ria as experiencias desle tipo que Ihe aconteceram , porque estamos interessados na qualidadc da experiencia dir~ta e nao em conceitos. Scm duvida, a recorda~ao nao sera uma expericncia, mas, pclo menos, voce saberaque possui conhecimento pr6prio do que estamos tentando colocar. No entanto, essa expericncia de ser 0 centro do universo nao parece ter muitas conseqUcncias praticas e, geralmente, deixamo-la de lado. Novamente, e a pedra filosofal: a experiencia que pode trans[ormar nossas vidas sempre esteve presente, podendo ser obtida quando quisermos e parece nao ter valor algum, de modo que a 0
jogamos fora.
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Papel da Astrologia
Vivenciar sua realidade e a unica mancira de descobrir sc sua criac;ao e verdadeira ou nao. E interessanLe considerar a questao em Lermos da ffsica mode rna. A ffsica chissica postulava urn universo de coisas que operavam de acordo com leis mecanicas claramente definidas, objetivamente agindo e'reagindo "hi fora" numa sequencia de causa e efeito, independentemente dos observadores humanos. Este modclo, scm duvida, ainda tern crediLo - de uma forma inconscienLe e nao examinada - da maioria das pcssoas, inclusive muitos astr610gos que ainda imaginam que surgiu, algum dia, uma explicac;ao da astrologia puramente mecanica, em termos de causa e efeito. Existem boas raz5cs para conLinuar a acreditar nisto, porque corresponde com precisao a quase Ludo 0 que encontramos em nossa expericncia diaria. Dc faLo, LraLa-se de uma aplicac;ao da verdade. Funciona muiLo bern, se estivermos lidando e manipulando 0 ambiente ffsico . Pclo menos, funciona muiLo bern em seus pr6prios termos. Alguns de seus produtos colaterais, como a bomba de hidrogcnio e a poluic;ao ambiental, dificilmenLe podem ser ciLados como prova de seu born funcionamento em Lermos da mclhoria da qualidade de vida. Na antiga ffsica classica, pensava-se que 0 ultimo eSLagio de consLituic;ao da materia fossem os atom os, os quais cram considerados como entidades s6lidas separadas, como pequenas bolas de bilhar. Supunha-se que as leis conhecidas da mecanica fossem apl icaveis a cles e que as propriedades da materia poderiam ser LoLalmente compreendidas, assumindo-se que os atomos e moleculas, realmenLe, se comportavam como pequenas bolas de bilhar. Durante muiLo tempo, ate 0 final do seculo XIX, eSLa abordagem funcionou . 0 comporLamento real da maLeria, a nfveis comuns, corresponde muito de perLO as f6rmulas matematicas derivadas da Leoria da "bola de bilhar". Urn pouco antes do infcio do seculo, [oram descobcrtos os raios Xc os eleLrons, mosLrando que 0 atomo possufa uma estruLura fina e nao poderia mais ser traLado como uma bola s6lida. Alcm disto, foi descoberto que as partfculas subaLomicas eram infiniLamente pequenas em com parac;ao com 0 aLomo, por menor que fosse. Urn modclo de atomo que foi uLilizado, por algum Lempo, consisLia de uma eSLruLura semelhanLe a urn pequeno sistema solar, com os cleLrons (carga negaLiva) em 6rbiLa ao redor do nuc1eo central, composLo de proLons (carga posiLiva) e neutrons (carga neutra). Para ter uma ideia da escala de estruLura aLomica, temos que imaginar que urn atomo fique do tamanho de uma catedra1. Nessa escala,
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o nucleo central seriado tamanho de urn grao de sal, e os eletrons, em 6rbita nos limites da catedral, seriam graos de pocira dificilmente visfveis. Nenhum desses conceitos e exatamente novo; acreditamos que muitos leitores ja tiveram contato com cles, os quais, no entanto, permanecem fixos ao nfvel de informac;ao. Da mesma forma que a experiencia de ser 0 centro de nossO pr6prio universo, esse tipo de conccito nao parece ter consequcncias praticas em nossas vidas, a nao ser que sejamos cientistas ou engenheiros, e, mesmo assim, as consequcncias praticas, ficariam limitadas ao laborat6rio. No entanto, podemos criar consequcncias praticas, apenas nos conscientizando do fato de que os objetos aparentemente s6lidos no universo sao, na verdade, bern menos substanciais do que parecem. Considerando 0 conceito da estrutura do aLOmO, e 0 fato de que consiste quase em vazio, podemos questionar as suposic;oes que fazemos de maneira tao automatica e inconsciente a respeiLO da realidade [(sica. Mas isto nao encerra 0 assunto. Os ffsicos presumirarn, de infcio, que os cletrons e pr6tons poderiam ser tratados como se fossem, par sua vez, bolinhas de bilhar infinitamente pequenas. No entanto, logo ficou claro que des se comportavam tanto como parLlculas quanto como ondas, e foi desconcertante descobrir que urn cletron - que de muitas fom1as se comportava como uma partlcula s6lida, - podia estar em dois lugares ao mesmo tempo. E, para confundir ainda mais a mente, se os menores constituintes da materia sao ondas, de que sao feitas essas ondas? Obviamente, do nada. Torna-se impossfvel para a mente conceber qualquer tipo de modclo ou figura da realidade ffsica extrema. Evidentemente, n6s construfmos nosSO universo de acordo com 0 que a mente pode apreender. . No nfvel extremo da materia ffsica, a pr6pria materia torna-se completamente mutavel. Todas as partfculas - sabe-se que existem cerca de 200 variedade - podem ser transmutadas entre si, podem ser criadas a partir de energia pura, e podem ser destruidas, ou transform adas novamente em energia. 0 universo se parece como uma rede de padroes de energia, interligados uns aos outros. Nao existe nada parecido com urn objeto isolado e separado. Tudo 0 que existe e 0 processo continuo de criac;ao-manutenc;ao-destruic;ao, operando como urn todo insepanlvel que sempre inclui 0 observador. 0 mundo familiar das coisas separadas do tempo e espac;o e uma ilusao, uma construc;ao com a qual todos n6s concordamos. E como se todos n6s, como nossOS "Eus" reais, tivessemos concordado quanto a urn conjunto de regras
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bastante limitantes relalivamente a espar;o, tempo, energia e maleria, para a finalidade de poder participar de certo tipo de jogo. Achamos uti! pensar no Eu Real como urn ator que desempenha seu papel com tanto empenho, que acaba sc identificando com 0 pcrsonagem e esquecendo sua verdadeira identidade. No pr6ximo capitulo, examinaremos detalhadamente 0 assunto da criar;ao de nossas pr6prias negatividades, mas esta analogia ja fomece uma pista. Qualquer ator competente ficaria muito feliz em desempenhar 0 papcl de Hamlet. Ele consideraria 0 papel como urn desafio a sua capacidade e uma excelenteoportunidade para sua auto-expressao. Mas ningucm gostaria de ser Hamlet, no nivcl de conscicncia de Hamlet. Seu pai foi assassinado, sua mae comete incesto, sua namorada se afoga, e voce termina sendo apunhalado por uma espada envenenada - quem deseja isto? Qualquer atorque acredite ser Hamlet, sentir-se-ia completamente vilima dessas circunslancias, mesmo que clas tenham sido, na verdade, escolhidas por ele - pela sim pIes razao de que desejava 0 papel. Parecia. uma boa ideia essa escolha. o equivalenle a obter 0 papel de Hamlet e que 0 Eu Real- ou seja, voce e eu - cria urn vClculo, 0 corpo-mente, que tern urn unico objetivo: sobreviver no mundo fisico de espar;o-tempo. Nao apenas sobreviver fisicamente, mas assegurarasobrevivenciadascrenr;asedos sentimento s, dos pensamentos e atitudes que a mente acredita serem partes integrantes dcla. Hamlet tern urn sistema de crenr;a muito poderoso sobre a necessidade de salvar sua honra - nao importa quaD dilat6rio ou indeciso ele possa ser para conseguir realizar iSlo. No final, ele prcfere que seu corpo morra do que desistir, ou mesmo examinar a validade da crenr;a. Na verdade, esta e a tragedia de Hamlet. Em todas as suas interminaveis introspecr;6es, nunca the ocorreu que sua necessidade de vinganr;a nao era realmente a verdade extrema. A forr;a de sobrevivencia do corpomente - que chamaremos apenas de mente daqui em diante - e tao poderosa, que 0 "Eu" real fica preso nela, cacha que e a mente e que nao existe nada mais. Dificilmente pode-se supcrestimar a energia, a sutileza e a tenacidade da forr;a de sobrevivencia da mente. Por iSlO, fica tao dificil dominar ever o valor das nor;6es e principios que estamos explorando aqui. "Claro, c interessante supor que crio minha pr6pria vida. Ale concordo de certa forma, especialmente se a fisica diz que devemos ser da mesma forma que as outras coisas, mas nada dislo tern aplicar;ao, se tenho uma conta para pagar e nao tenho dinhcim no banco." Esta e a mente falando.
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Os iogues na india tern uma analogi a muito boa para a forma com que a mente funciona. Parece que 0 metodo para se capturar macacos na india e pegar uma ab6bora, fazer urn buraco nela, colocar nozes dentro e deixar urn buraco de tamanho suficiente para que a mao esticada do macaco possa entrar, mas nao tao grande que possa dar passagem a urn punhO cerrado, com as nozes dentro da mao. Logo chega 0 macaco faminto, tolalmente preocupado com a sobrevivencia, sem que nenhum outro pensamento penetre em sua caber;a. Ele coloca a mao dentm da ab6bora, pega as nozes, e af entao, fica preso. Ele luta e fica en[urecido, mas nao larga as nozes. Ele nem mesmo sabe que existe alguma opr;ao. Como Hamlet, prefere morrer a desistir de sua crenr;a: aquelas nozes sao particularmente importante para sua sobrevivencia. Esta e a forma pela qual a mente [unciona. Os iogues dizem ainda que, se imaginarmos que o macaco esta bebado, e cst a sendo constantemente picado por abclhas [uriosas, a idcia fica ainda mais parecida com 0 modo de funcionamenlo da mente. Estc c 0 ponto contra 0 qual cstamos tcntando lutar; aqucle que n6s, como astr6logos, reconhecemos que nossos clientes devem trabalhar. Em algumas situar;6es, 0 ser humano esta numa posir;ao pior do que a do macaco. Ele nem mesmo sabe que esta segurando as nozes. Urn grande servir;o que 0 astr610go pode prestar seria esclarecer tal fato para ele, assim como explicar qual a espccie de nozes que cle esta segurando. Scm duvida, C diffcil. Na verdade, C extremamente diffcil "dcixar os processos psiquicos se desenvolverem em paz". Uma coisa muito diffcil de se fazer, quando se esta preso numa armadilha, morrendo de fome, bebado e sendo picado por abel has furiosas! Na ioga, csta est6ria costuma ser contada como uma introdur;ao a explicar;ao das virtudes da meditar;ao como tecnica para aquietar nossa mentc, 0 que equivale a dar a nosso macaco um poderoso sedativo. Isto pode ate funcionar para al!:,rumas pessoas, mas, no final, c apenas mais uma forma de resistir ao que realmente existe. Como dissemos anteriormente, toda dor e luta sao desviadas, ao inves de inclufdas. Se nos transformarmos em nossos verdadciros "Eus" significa incluir tudo 0 que existe, entao a unica forma de fazcristo scria tendo compaixao pcla mente- aquele pobre macaco, lutador e pre so numa armadilha. TambCm significa estar constantemente consciente dos pIanos do macaco. Uma afirmar;ao freqUentcmente atribufda a Thomas Jefferson e: "0 prcr;o da libcrdade e a etcma vigilancia". Isto foi dito dentm de um contexto politico, mas tambcm se aplica.a nossa libcrtar;ao da tirania de nossas mentes.
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Parte 1 - Reexaminando 0 Papel da Astrologia
A questao e que 0 macaco, originalmente, escolheu colocar a mao no pote, e todos os seus problemas subseqiientes sao oriundos da resistencia dele as conseqiier1cias de sua escolha e de sua crenr;a em ser a vftima dessas conseqiiencias. Tudo 0 que ele realmente precisa fazer e desistir dessas nozes e procurar outra fonte de nozes que nao esteja sujeita a uma armadilha, mas seu senso de sobrevivericia nao 0 deixa fazer isto. Pode-se dizer que toda a questao de fazer com que nossas vidas funcionem depende da reabilitar;ao e da recuperar;ao de nosso poder de escolha original, descobrindo a verdade sobre cle, sobre 0 que podemos e 0 que nao podemos escolher. Existe uma hist6ria do livro A Republica de Platao, que consideramos bastante uti! para ilustraresta questao, e costumamos conta-Ia aos c1ientes, como parte da discussao preliminar. Sua 16gica nao c inteiramente consistente com as outras analogias que emprcgamos, mas, no campo em que penetramos, a vcrdade poctica c mclhor guia do que a consistencia 16gica. Na est6ria, urn homem chamado Er c aparentementc morto numa batalha, e vai,junto com muitos outros, para urn local onde as almas vao viver na terra numa pr6xima encamar;ao. Uma das Erinias, Lachesis, possui tipos e padroes de vida em seu colo. Urn intcrprete se dirige as almas reunidas, e diz a elas que a primeira a sortear seu papel sera a primeira a escolher uma vida que sera entao adequada a cIa, por suas necessidades. Ele Ihes diz que a responsabilidade da escolha nao c de Deus, e sim da alma que efetua a escolha. Er e proibido de escolher; dizem-lhe que cle esta Ia apenas como mensageiro, para re1ataresses procedimentos ao mundo dos hom ens. 0 interprete coloca varios padroes difercntes de vidas no chao, muiLo mais numerosos do que as almas que vao escolhe-Ios, de Lodos os Lipos posslveis. A maioria das almas escolhe inconscientemente suas vidas, impelida por assuntos inacabados de vidas anLeriores. 0 homem que a tern pela primeira vez, escolhe a vida de urn grande rei. Em sua precipitar;ao e ambir;ao, ele nao Ie as enLrelinhas, e nao compreende que a primeira parte de seu deSLino e matar a esposa, comeros Ii Ihos, e passar por todos os tipos de atrocidades. Esta alma tinha sido urn born homem na vida anterior, mais por habito e cosLume do que por uma pcrcep9ao genufna da verdade. Quando compreende a totalidade das conseqiiencias de suas a90es, ja e tarde demais para mudar. Ele amaldi90a os deuses, e culpa a todos, exceLo a si mesmo, por seu desLino infeliz.
A alma de Orfeu escolhe nascer como cisne. Orfeu tinha sido assassinado e cortado em pedar;os por mulheres, e nao qucria nascer de uma mulher ap6s esse tipo de morte em suas maos. Odisseu, que tinha vivido muitas aventuras sofridas, procura bastante ate encontrar uma vida totalmente ordinaria e sem acontecimentos, que escolhe com alegria. (A est6ria nao diz se ele fica louco de tedio mais tarde, mas scm duvida, ele ficou!) Geralmente, 0 resto das almas efetua escolhas resultantes de habitos passados, tanto para continua-los quanta para reagir contra elcs, como fizeram Orfeu e Odisseu. Depois de todas as almas terem efetuado suas escolhas, elas bebem a agua do rio Lete, que faz com que se esquer;am tudo 0 que aconteceu, e entao nascem, para as vidas que cscolhcram. Esta est6ria nao precisa de muitos comentarios. Nao possufmos in[orma90es privilegiadas sobre a ocorrencia deste fatos antes de nascermos. Esta nao e a quesUio. 0 ponto principal e que esta est6ria pode ajudar-nos a ter vontade de assumir 0 fato de que criamos nossa realidade, e de sermos responsavcis por cia. Depois de contar ao c1iente a est6ria de Platao, costumamos dizer que , talvez a forma com que isto acontece entre uma vida e outra c algo parccido com 0 seguinte: E como se voce fosse urn ator desempregado, e que esta ficando U'io aborrccido de Iicar scm trabaIho. que [aria qualquer coisa para voltar ao palco ever seu nome em cartaz novamente. Urn dia voce cst:} sentado por lao extrcmamente aborrccido. convencido de que nunca mais conseguira trabalho. quando, de repente. Deus sai do escrit6rio, com urn "script" embaixo do bra<;o. chega para vocee diz: "Rapaz, tenho um grande sucesso para voce!". Voce nem mesmo pergunta qual eo salario.ja que esta com tanta vontadc de retomar ao drama do tempo-espa90. Seu mapa de nascimento e uma versao codificada daquele "script" que Deus trouxe do escrit6rio. 0 que vamos farer durante este atendimento e decodiIicar 0 mapa, de modo qtle voce possa lcmbrar e tomarnovamente consciencia do "scri pt", esse drama que voce esta estrel ando. e voce pode entao se lcm brar de quem realmente e. Isto costuma ser eficiente para estabelecer 0 "clima" do atendimento. A maioria das pessoas acha tudo pelo menos divertido, e costuma Iicarmais ateilta; cria-se urn espa90 que facilita sua observar;ao das questoes Msicas de suas vidas. Apesar de a escolha de urn "script" em particular ser fcita fora do rnundo do tempo-espac;o. costumamos recapitular sua essencia de varias formas. no infcio da vida. E mais facil para a mente capturar a
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Parte 1 - Reexaminando 0 Papel da Astrologia
ideia da fonna~ao do "script" porocasiao da infancia, e e uti! ter alguma compreensao do processo pelo qual reagimos as influencias dos pais. Como mencionamos anterionnente, nao ha poder na compreensao apenas do paSsado, mas ela frequentemente ajuda, esclarecendo 0 presente, e 0 esclarecimento e urn primeiro passo essencial. No pr6ximo capitulo, examinaremos 0 processo de fonna~ao do "script" nos primeiros anos da infancia.
3 Padroes de Vida: 0 "Script"
Ao inves de considerar que as dificuldades da infilncia estabclecem as bases para os problemas que acontecem mais tarde na vida, sob o ponto de vista de assumir a responsabilidade pelos problemas, e mais uti! pensar que os fatos que aconteceram na infancia sao passagens expcrimentais do drama como urn todo. Tendo escolhido nosso papel fora da dimensao do tempo-espa~o, logo que chegamos ao mundo do tempo-espa~o come~amos a representa-Io, seja com quais forem os vefculose circuQstancias disponfveis para n6s. Os nove mcses desde a concep~ao podem ser urn tipo de penodo de ensaio, mas, na ocasiao do nascimento, quando 0 mapa natal fica efetivo, a cortina sc levanta e come~a 0 espetaculo. Parece haver bastante evidcncia da realidade do que se chama de "trauma de nascimento". 0 processo real de nascimento e considerado como estabeleccdor de padr6es automaticos, que governam 0 resto de nossas vidas. Porexemplo, se 0 bebe quase se su[oca porfalta de ar, fica estabelecida uma expectativa generalizada atemorizante de escassez, a qual se manifesta mais tarde, talvez como falta de capacidade de obter
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Parte 1 - Reexaminando
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Pape/ da Astr%gia
3 - Padroes de vida: 0 "Script" 27
amor ou de obter dinheiro suficiente. Ou ainda, se 0 bebe e imediatamente retirado dos bra~os de sua mae, e colocado num ber~o de hospi tal, existira urn padrao estabclecido de pc rcorrer a vida com pouca esperan~a de calor humano e contaLo humano. Alguns tipos de Lerapia procuram, atravcs de varios metodos, fazer com que 0 clicnLe revivencie as experiencias do nascimento, supondo que, ao fazer isto, os padroes compulsivos que se revelam mais tarde na vida sejam removidos. As pessoas realmente vivenciam sentimentos e sensa~oes que parecem estar relacionados com 0 processo de nascimento, e esses sentimentos sao urn reflexo de seus principais problemas na vida. Costuma sermuiLo mais dramaLico do que os "insights" inte1cctuais da psicanaiise tradicional, e freqilentemente proporciona aos clientes acesso a emo~oes que haviam sido bloqueadas. Em Lermos mais amplos, no entanto, Ludo 0 que COsLuma aconLecer c que 0 cliente transfere a culpa de seus pais para 0 trauma de nascimenLo, scm, contudo, acessar seu pr6prio poder e sua inten~ao no assunLo. Nao achamos que precisamos IUlar contra a idcia de que 0 trauma de nascimento exisLe, e que os pad roes sao eSLabelecidos assim Lao cedo. la fizemos mapas de crian~as muito pequenas a pedido de seus pais. Ficamos surpreso ao constatar as informa~oes dos pais de que suas crian~as, de apenas algumas semanas de idade, ja estao manifestando, tao cruelmente quanto posslvel, as caracterfsticas mosLradas em seus mapas. Isto ocorre, e claro, bastante antes de os padroes de infiuencia dos pais terem Lido tempo de fazer algum efeito. A quesLao nao e se 0 trauma de nascimento existe ou nao, mas se e util para n6s em nosso presente objeLivo - 0 desenvolvimenLo de uma estrutura para utiliza~ao efetiva da aSITologia. Considerando-se 0 [ato de que as informa~oes pertinentes ao trauma de nascimento s6 podem ser checadas em circunsUincias especiais (nem todas as pessoas conseguem ser hipnoLizadas ou fazer regressoes), ele nao tern, na verdade, muita utiliza~ao imediata. Bastante mais acesslvcl e a canlada de influencia dos pais, e esta compreensao de sua dinamica e muito util no aconselhamento astrol6gico. Mas s6 se 0 aSLr610go nao ficar obcecado em achar que essa influencia e a fonte dos problemas. E necessario repetir esta afirma~ao, ja que a opiniao pSico16gica convencional c de que cIa e a fonte dos problemas. E esta e, certamente, a vi sao mais popular da opiniao pSicol6gica convencional. E poss(vcl trabalhar com eficiencia, utilizando apenas 0 mapa natal e o-modelo de escolha pre-natal, juntamente com a responsabi-
lidade que discuLimos anLeriormenLe. Na verdade, raramenLe gastamos muiLo Lempode urn aLendimenLodiscuLindo ainfluenciados pais, apcsarde, em ouLra cpoca, Lermos passado basLanLe Lem po fazendo-o. Algumas vezcs, no entanto, a discussao se Lorna necessaria, devido ao Lipo de contexto no qual 0 cliente se enconLra no momenlO inserido. Enecessario apcnas poder lidarcom 0 assunto para seguir adiante. Alcm disso, 0 estagio da influencia dos pais dentro do espcLaculo e quase tao simples e completo quanta 0 Lrauma de nascimento, e, com 0 metodo que aprcsentamos neste capILulo, comparativamente facil de compreender e, se neccssario, de elucidar, aprcsenlando-o ao clicnLe. A tecnica que descreveremos ca da Amilisc Transacional (AT). Parcccnos a forma mais simples e cocrente de sc examinar a forma~o dos padrocs emocionais ou, ainda, como a escolha pre-natal sc manifesla durdI1lC 0 drama da inlluencia dos pais. Equasc imposs(vcl eviLaro uso de linguagem reativa na descri~ao do proccsso, e scguiremos a convenc;ao normal de falar como sc a crian~a fossc uma entidade scparJda e vulneravcl, completamenLe moldada pclas prcss5es emocionais do ambienLe. Na verdade, para a menLe, C assim mesmo que acontccc. 0 problema c anaIogo ao da ffsica: para falar sobre os aconLccimenLos do mundo comum, Lemos que utilizaruma linguagem comum. Os dados apresentados aseguir, nao devem serconsiderados como urn sistema de cren~as, nem mesmo urn modclo preciso da forma como as coisas sao. Como ja vimos, na essencia nao existem modclos. No entanto, e uma forma lucida e convenienLe de descrever alguns dos processos que acontecem na mente. 0 verdadciro objeLivo c faciliLar e abrir espa~o para a realidade da experiencia. Quando voce vivencia a verdade, nao importa que Lipo de palanque voce tenha uLilizado como auxflio para chegar ate a experiencia. Se aLingir seu desLino final, nao importa se 0 trem que Lomou se chamava Freud, lung, AT, Gestalt ou mesmo a pr6pria astrologia. A Analise transacional foi fundada por Eric Berne, um psiquiatra califomiano, no final da decada de 50. E um conccito reaLivo, essencialmente relacionado com Freud, e se encontra agora num estagio bem mais elaborado que 0 modelo basico que descreveremos a seguir. 0 valor especial dela, para nossos objetivos, eo conceiLo de "roLeiro" ou "script de vida". A ideia da AT sobre 0 roteiro e a de urn plano de vida, que contem Lodas as coisas significativas que uma pessoa vai fazer e vai ser, e 0 que vai acontecer a ela. Nao e alguma coisa decidida pelo desLino ou pCIos deuses, mas, na verdade, e originada nas decisoes premaLuras sobre a vida, feiLas durante a infancia .
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3 - Padroes de vida: 0 "Script" 28
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Parte 1 - Reexaminando 0 Pape/ da Astr%gia
Alem da discordancia a respeito do ponto da origem do roteiro (que ja era de se esperar), sua defini~ao chega ao mesmo ponto com 0 qual estamos trabalhando. A AT coloca bastante enfase na im portancia de 0 roteiro ser 0 resultado de uma decisao tomada pela pessoa quando pequena. No entanto, ela nao acha que a pessoa pudesse ter lido grande libcrdade de escolha. Como a crian~a depende totalmente dos pais, como caso de vida ou morte, a escolha - de acordo com 0 ponto de vista da AT - consiste em concordar com 0 modo como as coisas sao, ou morrer. Como 0 myel onde a inten~ao opera nao c apropriadamente reconhecido, a eficiencia principal da Analise Transacional c bastante limitada, mas seu valor em termos de informa~ao e muito alto. Para comprcender a formac;ao de roteiros, temos que entender primeiro aformacom aqual a Analise Transacional ve a estrutura da mente. Esta visao comec;a a partir da observac;ao de que todos n6s opcramos sob tres "estados de ego": 0 Pai, 0 Adulto e a Crianc;a. As lctras maiusculas distinguem essas palavras como termos tccnicos das mesmas palavras utilizadas no senti do comum. Esta estrutura simples e original tern sido submetida a muitas discussoes e elaborac;oes desde que foi proposta, mas permanece eficiente e servira pcrfeitamente bern para nossos prop6sitos. o Pai e derivado da forma pela qual os pais reais e outras Jiguras de autoridade se comportaram em nossa inmncia. Quando neste estado de ego, voce fala, age e responde aos outros da forma com que algumas figuras paternas fizeram . Mesmo quando voce nao exibe 0 estado de Pai, ele pode agir internamente, como fonte tanto de inibic;oes quanta de permissao para fazer as coisas. 0 Pai funciona como urn armazem de formas de disciplina e de consolo. Ele pode, portanto, ser convenientemente dividido em Pai Cntico (CP) e Pai Consolador (NP). o Adulto e urn estado de funcionamento 16gico e objetivo. Quando voce esta em seu Adulto, voce considera e avalia as situac;oes friamente, com base na experiencia passada. 0 Adulto lida com os fatos e com as dedu~oes que sao tiradas desses fatos. Eseu pr6prio "Dr. Spock", imune as emo~oes. Existe alguma tendencia, na literatura de AT, sugerindo que 0 estado de Adulto e 0 mais valioso dos tres estados. Ele nao e, mas 0 estado basi co para tomar a primeira providencia para esclarecer nossos padroes ou seja, tornar-se claramente consciente dos mesmos.
e
*Claude M. Steiner, "SCRIJYfS QUE AS PESSOAS VIVEM, Nova York, Grove Press Inc. 1974, p. 53.
o estado de ego da Crian~a e bastante parecido com a palavra que
o define. E a parte de n6s que permaneceu como 0 garotinho ou garotinha, geralmente entre dois e cinco anoS de idade. Contem nossO poder, nossas motiva~oes, nossoS instintos, nossa capacidade de amar ede odiar, nossa criatividade, sexualidade, intui~ao, alegria, extase. Nao deve ser considerado como "infantil" no senti do de "imaturo"; estas sao palavras de julgamento do PaL Eric Berne diz que a Crian~a e a parte mais valiosa da personalidade. E tambem a parte mais arcaica, em contato com o misterio, a magica e a poesia. E a Crian~a dentro de n6s quem conhece a verdade a respcito de sermos criadores de nosso universo. Novamente, e conveniente dividir a Crian~a em duas partes, a Crian~a Natural (NC) e a Crian~a Adaptada CAC). As qualidades descritas no ultimo paragrafo pertencem 'a Crian~a Natural. A Crian~a Adaptada e a parte que aprendeu padroes de comportamento, para ser aceita e sobreviver. Os estados de ego estao demonstrados na Fig. 1.3.1. Desta forma, podemos utilizar as seguintes figuras, para esclarecer as intera~oes que ocorrem entre as pessoas: A outra pessoa nao precisa responder a partir do mesmo estado de ego que a outra Ihe esta dirigindo. Na Fig. 1.3.2.c, a mulher pode, na verdade, dizer "Eu adoraria", partindo de sua Crian~a. Ela poderia tam bern responder: "Nem que voce fosse 0 ultimo homem da Terra" (Pai) ou "Tenho que trabalhar hoje a noite" (Adulto). A desculpa costumeiramente accita de que "Tenho que ir para casa para lavar a cabe~a" seria da CrianC;a Adaptada: ("Eu nao quero sair com voce, mas nao posso dizer isto diretamente") .. As mensagens que ativam 0 estado de Crianc;a sempre podem ser poderosas. Em algumas circunstancias, podem parecer demandas irresistfveis. Isto e particularmente verdadeiro, quando sao provenientes do poderoso estado de Crianc;a da mae ou do pai verdadeiros, que ativam o estado altame~te responsivo da Crianc;a do menino ou da menina. Estes sao, na verdade, os fundamentos do script. Eles nao costumam ser
~ Figura 1.3.1 _ Estados de Ego: P= Pai; A= Adulto; C= Crianr;a.
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Parte 1 - Reexaminando
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Papel da Astrologia
3 - Padroes de vida: 0 "Script"
a)
Mae
~ b)
"SS{;f
be
JilIJl;Jr."
'Il1'il};}
.
il}fle. "
2° Homem "Que horas sao?" "... +ou - 3 horas."
Homem
~.
.~ Mulher
"Quer jantar comigo?" "Eu adoraria."
.~
Figura 1.3.2 - a) Pai para Crianr;a: Vma pessoa em rclar;ao de aUloridade com a Oulra. b) Adulto para Adulto: Procura nao emoliva de informar;oes. c) Crianr;a para Crianr;a: Crianr;a que gosta de se divertir, apela para a Crianr;a que gosla de se diverlir da oulra pessoa.
expressos abertamente, mas comunicados de [onna nao vernal. Quasc scmpre, podem ser expressos como implicac;Oes de nao fazer algo ou scr algoma coisa. Porexemplo, ospais podern estarexLremamente fixados em terum filho homem, mas nasce uma menina. Eles engolem a decep9 ao e continuam tentando urn menino para a pr6xima vez. Dc modo geraJ, seu comportamento para com a mha pode ser de bondade e cuidados, mas haven1 uma mensagem do estado de Crian9a decepcionada tanto da mac quanto do pai, para 0 estado de Crian9a da mha, que diz: "Nao seja uma rnenina". Isto nao c urn script, mas constiLui 0 fundamento de urn script, conforme rnostrado na Fig. 1.3.3.
~
Mac
~
"v,ellha .
IQHomem
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Joaozinho
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Filli,
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31
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~
Figura 1.3.3 - ESlado Crianr;a dos pais para eSlado Crianr;a da filha .
As mensagens Crian9a-Crian9a, emitidas nestas circunsLancias, sao chamadas de injun90es. Elas Lcm a for9a de injun90es legais - na verdade, mais [or9a ainda, porque existe pelo menos a possibilidade de se agircontra uma injun9ao de origem legal, mesmo com conseqticncias desagradaveis, mas nem scm pre c possfvel agir conLra injun90es de rotciros, se Liverem sido aceiLas. Nao ao nfvel no qual sao implanLadas, ou seja: ningucm age contra elas a ouLros nfveis, menos poderosos. Devemos lembrar que a Crian9a desta menina vivencia sua mac e seu pai como seres onipotentes, e ela esta, absoluta e literalmente, dependenLc oeles para a sua sobrevivcncia. Ela Lorna a decisao de que a forma de podersobreviverno mundo c nao sendo menina. Na analogia, equivale ao macaco pcgando a noz rotulada "Nao serci uma menina", e recusando-se a desisLir dela, porque sua sobrevivcncia depende deja. Claramente, uma questao imponanLe para esta pessoa sera sua pr6pria feminilidade e sua capacidade de se relacionar LotalmenLe com 0 mundo sen do mulher. Repare que nao precisa havernenhurn incidente Lraumalico ou doloroso em ~uas lembran9as mais tarde na vida. 0 roteiro Lera sido estabelecido pcla sensa9ao LoLalmenLe persuasiva de que ser mulher nao c coisa toLalmcnte aceiLavel. Outra fonna de senLir 0 grande poder dessas injun90es de roLciro c considerarque os seres humanos possuem uma intensa fome de eSLruLuras. Scm alguma sensa9ao de apoio e de cstruLura, exisLe grande medo e mesmo panico. Para se teruma idcia de como isto ocorre para uma clian9a pcquena, suponha que voce acorde ccno dia e descubra que foi misteriosamenLe Lransponado duranLe a noiLe para as ruas de uma cidade eSLranha, numa area nao Lotalmente salubre, onde voce nao sabia [alar nenhuma palavra da lfngua local. Nessas circunsLancias, a fome de estruLuras selia imensa.
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Parte 1 - Reexaminando
3 - Paddies de vida: 0 "Script" 0
Muito provavelmente voce iria se agarrar a, ou agir confonne a primeira orienta~ao coerente que pudesse obler, sem se importar se ela pudesse tomar-se ate mesmo prejudicial mais tarde. Da mesma [onna, podemos supor que a primeira orienla~ao coerente para nossa garotinha, que esta tentando descobrir como agir neste mundo novo aterrorizante e surpreendente, e a sensa~ao de "Nao seja uma menina.". Ela se agarra fervorosamente a ela, porque ela c, pelo menos, urn tipo de estrutura, algo que cIa pode se apoiar. Ela toma uma decisao a respcito dela, e compromete sua inten~ao criativa em nao ser uma menina, criando desta fonna urn padrdo criador de realidade. Consideradas as circunstancias desta tomada de decisao, e uma decisao ccrta e inteligente. 0 problema e que ela passara 0 resto de sua vidajustificandoa e provando para si mesma que tomou a decisao correta, muito depois que . esta decisao tenha sido aplicavcl e adequada. Umaestrutura de roteiro emuito mais complicada do que isto, e, para urn exame mais detalhado de uma, considere 0 seguinte cemirio: Dcsta vez temos urn garotinho. Sua mae e intcligente, boa e generosa, mas tem dificuldades consideraveis com sua propria sexualidadee a transmissao de amor ffsico. 0 pai c uma pessoa confiaveI, responsavc1, urn pro fissional que trabalha duro, mas nem sempre obtcm 0 sucesso que acha que merccc, e al!:,TUmas vezes fica amargurado. Ele ccortes e bastante rcservado. Geralmente, a injun~ao de roteiro mais poderosa vern do progenitordo sexo oposto. Confonne 0 garotinho (vamos chama-lo de Joao) se adapta ao mundo, ele imediatamente obtcm a mensagem de sua mac de que existe algum desprazer para cla em embala-Io, acaricia-lo e amamenta-Io, e existe alguma coisa desagradavel a respeito de suas pr6prias necessidades de contato ffsico intenso e amoroso. A injun~ao aqui e"Nao fique perto". Por causa desta enonne fome de estrutura, Joao escolhe a injun~ao "Nao chegue perlO" como seu modo de sobrcvivencia, de conseguir viver. Ele ja decidiu como sua vida ira ser. Nos primeiros meses de vida, nao e tao complicado levar adiante esta decisao. Tudo 0 que cle tern a fazer eficar urn pouco tenso, e abstrair-se um pouco, quando e abra~ado e alimentado. Nao ha grandes problemas. Mais tarde, quando elc aprende a andar e falar e aumenta sua consciencia do ambiente, ele descobre que precisa de mais infonna~6es sobre como nao chegar perlo das pessoas. Entao ele olha para seu pai como modelo. Ele ve seu pai sendo reservado, cortes, ajudando os outros de modo desprendido. Neste estagio, ele come~a a pcgar a injun~ao da Crian~a de seu pai: "Nao tenha sucesso".
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Pape/ da Astr%gia
Dc mancira geral, sua mae, de seu estado Pai, pode estar dando a
cleli~6es de vida, como porexemplo "Tenha sempre considera~ao pelos
outros". Seu Pai, de seu estado de Pai, pode estar dizendo coisas como "Se voce quer chegar a ser alguma coisa neste mundo, deve dar duro no trabalho". Essas mensagens vao de Pai para Pai, e tomam-se um "Contra-roteiro" - aquilo que Joao acredita conscientemente estar em oposi~ao ao que ja havia decidido inconscientemente (vcr Fig. 1.3.4). Quando cle estiver com uns cinco anos de idade, ja tera decidido muito bem como sua vida sera. Para se ter ideia de uma das maneiras como 0 roteiro pode funcionar amedida que Joao cresce, suponha que, aparte 0 problema com 0 amor ffsico, sua mae seja excelente. Ela procura fazer com que ele recebe comida e roupas adequadas, ela c conscienciosa quanlo asua educa~ao e tem urn interesse bem embasado em seus interesses. Elc nao tern motivo para supor que alguma coisa estaria faltando. 0 fato de que seus pais nunca mostram muito afero urn pclo outro ou por cle, apenas rellete 0 modo como sao as coisas. Dc certo modo, a intimidade emocional nunca e urn problema. Ele se sente pouco avontade quando esta assistindo aTV perro dos seus pais e surge uma cena de amor ou um rclacionamento emocional entre pais e mho. Ou enHio, quando outras pessoas se comportam de maneira demonstrativa com de ou entre clas, cle fica urn pouco tenso e se retrai. Nao chega a incomoda-Io, mas algo parece levemente errado. Ele preferiria nao experimentar as limita~6es realmente nocivas de sua decisao de roteiro, antes da epoca em que estiver sentindo uma forte atra~ao sexual por uma mulher. Lcmbre-se de que, ao nfvel da cria~ao inconsciente da realidade, sua pr6pria sobrevivencia depende de nao ter sucesso e de nao chegar perlo.
•
Pai
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O £\s cot1\~ t\~ . corteS e reset'i'3.d ~sso:'
Figura 1.3.4 - 0 rotciro
C0
contra-rotciro.
A C
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Parte 1 - Reexaminando 0 Pape/ da Astrologia
Paradoxalmente, a satisfa~ao emocional e vista, nesse mvel, como uma amea~a que pode abrir 0 pilnico ca6tico e desestrulurado. A parte de sua mente que esta gravada pclo roteiro pcnsa que, cusle 0 que custar, para protege-Io e assegurar que sobreviva, ela precisa evitar que ele tenha sucesso e que chegue perto das pessoas. Ela nao pode impcdi-Io de se apaixonar-pclo menos eo que supomos, pois estamos prcsumindo um desenvolvimento "neur6tico normal", nao uma patologia grave-, mas cIa fani for~a para que ele s6 sc apaixone por mulheres que iran rejeit:1-lo, ou que nao sao adequadas em alguma outra coisa. Ele vai tomar muito cuidado para nao se apaixonarporuma mulherque 0 amee com quem nao haja obstaculos para urn relacionamento fntimo. A medida que Joao cresce, sabe conscientemcnte que 0 caminho que deve seguir no mundo C0 do trabalho duro e da considera~ao para com os outros. Ele c considerado e confi
3 - Padroes de vida: 0 "Script"
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e a nao conseguirviverseu pleno potencial. Querdizer, enquanto elenao estiver disposto a assumir a responsabilidade por ser a fonte de seu roteiro. Enquanto ele pcnsarque, de alguma forma, a "vida" fez isto com cle, estara preso ao roteiro. Isso permanece valido, ate se ele visitar urn terapeuta e conseguirum "insight" razoavel do problema. A quantidade de vontade criativa disponfvcl em Joao, como um homem de trinta anos, nao c nada, se com parada com a vontade criativa de Joao como um bebe tomado pelo panico, tentando desesperadamente agarrar alguma forma de sobreviver num mundo estranho. As for~as que atuam na cria~ao do rotciro podem ser comparadas a energia nuclear. As for~as dispomveis para 0 ego consciente podem, paralelamente, sercomparadas as energias de uma rea~ao qufmica normal. Da senti do ao assunto dizerque, tentardestruirum roteiro pel a determina~ao consciente de ir contra ele, c como tentar deter a rea~ao em cadeia do uranio despcjando acido nele. Pode ocorrcr uma rea~ao qufmica, mas nao sera rclevante quanta ao t6pico essenciaL Estes conceitos tornam 0 processo da influencia dos progenitores facil de se entender e de se apresentar para um cliente. Alem disso, se for preciso, pode-se facilmente deduzir uma aproxima~ao funcional do roteiro do c1ient~. Isto pode ser muito util com 0 tipo de cliente que tem tido muito pouca experiencia na avalia~ao de suas pr6prias motiva~oes. Basicamente, tudo 0 que c preciso e pedir ao cliente que descreva seus pais, e depois montar um diagrama de como os pais eram quanto as mensagens referentes a manciras de ser. Um modo de faze-Io e ter um conjunto de perguntas preparadas que chega ao cerne da questao. Elas podem serentregues ao cliente antes da consulta, e voce pode pedir-Ihe que mande as respostas pelo correio [ou por tclefone] com antecedencia. As perguntas sao: 1. Descreva seu pai em poucas palavras. 2. Descreva sua mae em poucas palavras. 3. Qual foi 0 conselho de seu pai a respeito da vida? Se ele nao deu conselho direto, qual a mensagem nao-verbal que voce captou, observando a mancira como ele se portava no mundo? 4. Responda a mesma pergunta acerca de sua mae. S. Se voce escrevesse uma pe~a sobre a vida de seu pai, qual seria 0 tftulo? 6. Qual 0 tftulo de uma pe~a a respeito da vida de sua mae? 7. 0 que seu pai menos queria que voce rizesse? 8. 0 que sua mac menos queria que voce fizesse?
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Parte 1 - Reexaminando
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Pape/ da Astr%gia
Urn conjunto tfpico de respostas e dado a seguir, extraldo de urn cliente que tern lido uma vida muito pouco realizadora por causa de urn forte senso de inferioridade, apesar de se comportar de maneira confiante, desprcocupada e ate agressiva. Ele era urn ator amador notavel, e queria se profissionalizar, mas seu senso de inferioridade nunca deixou que dcsse tal passo. As respostas as perguntas foram: 1. Urn homem gentil, mas incapaz de se comunicar. Adorava crian~as, especialmente meninas-nao sabia lidar muito bern com garotinhos. Muito confiante junto a seus pares. Na juventude, muito agressivo e "na sua". A tristeza de seu casamento e a pobreza contfnua afetaram-no demais. Muito protetor com seus filhos e respeitador com sua mulher. Religioso e humilde. 2. Uma mulher orgulhosa. Voltou-se muito para suas filhas, que scm pre puderam contarcom cIa. (0 cliente era 0 unieo mho, e 0 ea~ula de uma famflia com mais tres irmas.) Nunca amou mesmo meu pai, mas buscou ncle eonfortoe seguran~a. Tinha alguma afei~ao pormim, mas me considerava imltil em qualqucr coisa que cIa achava importante. 3. Va para lugares distantes de casa. (Londonderry, Irlanda do Norte, onde as oportunidades cram muito fracas.) 4. Voce precisa de uma boa mulher, que fa~a de voce urn alguem . 5. 0 Humilde Caipira. 6. Mae das Tristezas. 7. Nao tenho res posta clara. 8. Case-se. Tome-se urn ator.
E facil ver, por estas respostas, que havia uma grave desvaloriza~ao da masculinidade e,
ao mesmo tempo, uma enfase em ser orgulhoso e independente em outro nlvel. Pode-se dizer que urn palpite razoavcl para as injun~5es provenientes dos pais era, "Nao seja urn hom em". 0 pai fomeceu 0 "veja como", sendo humilde e amargurado. 0 conselho do Pai nao e muito claro, mas deve ser algo como "saia de casa e seja independente", que e exatamente 0 que 0 cliente estava tentando fazer. Ele estava vivendo na Inglaterra;nao mantinha contato com a famfliaja havia alguns anos e, uma vez, tentou ser marinheiro mercante. A figura 1.3.5 mostra urn esbo~o de roteiro para esse homem. Nao devemos esperar, natural mente, que urn procedimento relativamente simples nos de urn roteiro plenamente v~lido, mas, para nossos prop6sitos, este nao e necessario. Ele da, no entanto, urn ponto de partida
3 - Padr6es de vida: 0 "Script" 37 Pai
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Figura 1.3.5 - 0 orgulhoso subemprccndedor.
e uma ferramenla para ajudaro clicntc a dcsenvolvcr maior clareza com rela~ao ao que esta de fato acontecendo cm sua vida. Quercmos enfatizar que vern os 0 uso dos coneeitos da AT como urn auxiliar do uso da carta astro16gica, assim como os astr610gos de eventos usam, as vezes, 0 taro para obter informa~5cs adicionais. Nao e uma tecnica central da abordagcm desenvolvida neste livro, mas, para alguns clientes, pode ser muito uti!. A julgar por nossa·experiencia, nao c muito util tentar encontrar rela~5es exatas entre 0 diagrama de roteiro e 0 mapa astral. Isto C certamente possfvel . A Lua e Satumo parcccm estar ligados as injun~5cs, eo Meio Ceu pareee reiletir 0 eontra-roteiro. Alguns atributos de Mercurio se encaixam, obviamente, com a dcfini~ao do Adulto. No entanto, 0 simbolismo astrol6gico e, em grande parte, 0 mais rico dos dois sistemas, c tentar rclaciona-lo especificamente com 0 rotciro da AT vai limita-lo. Com pesquisa e expcriencia adequadas, pode ser posslvel extrair a matriz de roteiro diretamentc do mapa natal scm usar 0 qucstionario, mas essa pesquisa e experiencia ainda nao estao disponfveis. Para os leitores que quiserem saber mais a rcspeito da Analise Transacional, h:i muitos livros no mereado. Recomendamos especialmente 0 "Scripts People Live", de Claude M. Steiner, Grove Press Inc., Nova York, 1974.
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o Poder Oculto
Estamos agora em posi~ao de come~ar a olhar para 0 poder que rcalmente conlrola nossas vidas, para podermos fazer algo a seu respcito. A dificuldade cque ha total incompatibilidade entre expcrimentar 0 podcr e [alar dele. Como se diz no" Zen, "os que sabem nao falam, e os que fa1am nao sabem". Saber C, essencialmenle, uma expcriencia scm palavras, naoracional. Quando estou ocupado com 0 conhecer, nao posso, pordefini~ao, estar falando. Quando estou ocupado em falar, nao posso, por delini~ao, estar conhecendo. Fazer as duas coisas ao mesmo tempo c tao impossfvcl quanta ir para 0 norte e para 0 suI ao mesmo tempo. Para se ter uma no~ao pratica do assunto, analise 0 seguinle trecho de poesia. Quando 0 estiver lendo, tente, 0 maxtmo que puder, suspender seus julgamentos. Nao a compare com outras poesias. Nao importa se voce gosta dela ou nao. Simplesmente permita-se estar com cIa e deixe que cla trabalhe em voce. Permita-se experimentar a poesia. A barca~a em que estava sentada, como um trono polido Reluzia na agua. 0 tombadilho era de ouro batido; Purpura as vclas, e tao perfumadas, que 4
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Os ventos se apaixonavam por elas; os remos eram de prata, E ao som das fiautas mantinham 0 ritmo, e faziam Com ·que a agua em que batiam seguisse mais depressa, Tao amorosas com seus golpes .... .... A cidade lan90u Seu povo para ela; e Antonio, Entronizado no mercado, sentou-se solitario, Vagueando para 0 ar; que, por falta, Passou tambem a olhar para Oe6patra, E criou urn vacuo na natureza. *
Pode ser que voce queira le-Ia duas ou tres vezes para senlir 0 impacto pleno dela. Note e experimente 0 efeito. Note depois que, em urn n{vcl, cla poderia ser reduzida a uma simples declara9ao, onde Cle6patra chegou a cidade em sua barca9a, e todos, menos Antonio, correram para recebC-Ia. A difercn9a entre a simples declara9ao e a experiencia desse poema e a diferen9a entre ter informac;ao a respeito de alguma coisa e conhece-Ia. Note que, quando voce come9a a falar da experiencia, nao aestamais vivenciando. Voce pode descrevero poema, falardo impacto que exerce sobre voce, discutir como 0 poeta extrai seus efcilos, observar as coisas que nao soam tao bern, e assim por diante. Pode ser urn jcito bern interessante e agradavel de passar 0 tempo, mas nao tern nada a ver com a vivacidade atemporal da poesia em si. o assunto, 0 conteudo dos versos e, como parece, agrad<1vcl c digno de aten9ao, mas poderia nao tcr sido. Muitas das poesias que exibem a experiencia autentica da vida tern temas tristes, cntediantes, assustadores ou desagradaveis. E como se 0 poeta tomasse a matcriaprima da cxperiencia, qualquerque sejaela, e, aceitando-a, voltasse para a experiencia de vivacidade criativa da qual ela veio. Assim c com nossas vidas. Podemos chegar a certa cxperiencia, quer por mcio de sentimentos desagradaveis, querde agradaveis. Urn roteiro "perdedor", tal como os dcscritos no capitulo anterior, eurn ponto de partida tao born quanta urn roteiro "vencedor".
* William Shakespeare. Antonio e Cleopatra. London & Glasgow: Collins. 1978. Ato 2. Cena2.
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o ponto e: 0 conhecimento intelectual dos temas da vida de alguem, ou a profunda consciencia dos sentimentos que alguem tern acerca desses tern as, nao sao a mesma coisa que estar em contato com a vivacidade criativa e atemporal da qual vieram. Como dissc, este e 0 motivo pclo qual a maioria das terapias e, certamente, das formas de pratica astrol6gica "emperra". E como se vivessemos numa gaiola invisivel, feita das decisoes inconscientes que tomamos em nossas vidas. N6s nao podemos, Iiteralmente, fazer nada, sentir nada ou pensar ou dizer nada fora daquela gaiola. Ecomo se nascessemos com mascaras de mergulho com lentes vermelhas. Nao s6 as coisas parecem servermelhas, como nao podemos experimentar a vermelhidao. Nao podemos sequer saber que ela parece servermelha, porque 0 vermelho c tudo 0 que existe. Bebemos nas aguas do Letcs, para que nao soubcssemos nem que estamos representando uma pec;a. 0 caso e que agora nossa mem6ria esta voltando. Precisamos de uma palavra para nos referirmos a vermelhidao da analogi a, que tudo permeia. 0 problema com a palavra "roteiro" e que cla se refere, em boa parte, ao mecanismo que controla nossas vidas, e quero vol tar para a energia que da for9as ao mecanismo, e que e, na verdade, de onde 0 mecanismo vern. Ou, para usarnovamente a analogi a do poema, quero que dirijamos nossa aten9ao a experiencia da poesia, e nao as palavras que constituem 0 veiculo da experiencia. Werner Erhard, fundador do metoda est. usa a palavra "contexto" para descrever a maneira bcisica de perceber a vida que da forma e importancia a toda nossa experiencia. E uma boa palavra, mostrando 0 valor do pano de fundo contra 0 qual, e dentro do qual uma certa experiencia se da. Por exemplo, considere a palavra "astrologia" e veja como 0 seu significado muda, quando e colocado nos seguintes contextos: (1) urn livro como este, que trata da essencia fundamental que constitui a astrologia; (2) urn livro ou artigo serio, a respcito do mecanismo de interpreta9ao de mapas; (3) a coluna de "sua sorte nas estreIas" num jomaI; (4) urn artigo hostil, escrito por urn (chamado) cientista, que esta convencido de que tudo isso e bobagem. A palavra muda de significado de modo quase radical, e, no primeiro e no quarto exempIo, seus significados sao quase totalmente opostos. o contexto nao e uma coisa ou mecanismo. E urn potencial que gera e que atua por meio de urn mecanismo, assim como a poesia gera e atua por meio de certa disposi9ao das palavras. Urn contexto estabelece 0 tom e determina 0 resultado de todos os eventos que se dao dentro
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dele. Voce nao pode mudar 0 contexto mani pulando 0 conteudo. Todos n6s tentamos fazer isso, mas e tao absurdo quanta tentar transformar urn filme de guerra num romance, colocando uma tela diferente diante do projetor. Suponha que h;1, sobre uma mesa, urn certo numero de agulhas de bUssola sem magnetiza~ao, dotadas de piva, que podem mover-se livremente em todas as dire~oes. Agora, voce aciona urn poderoso campo magnctico. Isto gera campos secundarios nas agulhas, e todas oscilam e apontam para 0 norte. Voce pode dizerque 0 campo age sobre as agulhas de maneira mecanica, fazendo com que apontem para 0 norte. Esta certo, mas perde de vista 0 verdadeiro poder do sistema, a nfvcl nao-mecanico. 0 sistema todo fica comp1etamente imbufdo da qualidade do norteamento. Talvez voce conclua que, apesar disso, voce quer que uma das agulhas aponte para 0 leste. Voce a gira, fazendo com que aponte para 0 leste. Se voce a soItar, cIa vai oscilar de vol ta para 0 norte. Se voce passar 0 resto da sua vida se gurando a agulha na di re~ao do leste, nao fara a menor diferen~a quanta ao seu norteamento essencial. Voce nao esta criando 0 "lcsteamento" na agulha, esta apenas resistindo ao norteamento, de modo que este se pare~a com 0 "lesteamento". Toma muito tempo e c bern cansativo. o contexto nao C 0 campo magnctico em si, mas a condi~ao do norteamento, que envolve tudo dentro de si mesmo, inclusive essas coisas que, aparentemente, nao tern a qualidade do norteamento. E fundamental compreender iSlO, e sei que estou repetindo 0 mesmo material de maneiras diferentes. Fa~o-o, porque a for~a do contexto nao pode ser captada pela mente. No exemplo dado no ultimo capftulo, 0 contexto da vida de Joao e a falta de amor, e, a tftulo de clareza, descrevemos uma das suas possfvcis manifesta~oes, a lim de parecer, obviamente, com falta de amor. Mas podemos supor que Joao passa uma boa parte do tempo "mexendo" nas agulhas para que apontem para 0 leste. S6 pcIo esfor~o, ele pode estabelecer relacionamentos com mulheres que tcm urn elevado conteudo emocional e uma boa dose de permanencia. Ele pode convencer, e a todos os demais, de que e realmente born em seus relacTonamentos femininos. No entanto, enquanto ele nao se confrontar com 0 contexto de sua vida e criar urn novo, tudo que ele lizer sera uma expressao da falta de am or. Outra imagem que pode nos ajudar a "captar'·' 0 contexto e a imagem que Jung usava para os arquctipos--que sao, em si, contextos.
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Ele dizia que cIes podem ser comparados com a presen~a invisfvcl de uma rede cristalina numa solu~ao saturada. (para os leitores que nao se lcmbram de qufmica basica, faz-se uma solu~ao saturada dissolvendo grande quantidade de alguma substancia cristalina-digamos, sulfato de cobre--cm agua, atemperatura devada. Quando a solu~ao esfria, 0 sulfato de cobre vai lentamente formando cristais.) Mal podemos nos dar conta da presen~a invisfvel da rede, em qualquer senti do que normalmente usamos esta palavra, damesma fornla que 0 "norteamento" existe em termos de uso normal; apesar disso, a rede dctermina, de modo absoluto, a forma dos cristais que se manifestarao. Um exemplo da cria~ao e manifesta~ao de um contexto na vida real, e de como ele e pouco entendido, ou mesmo reconhecido, c 0 desenvol vimento da avia~ao a motor. Atc 1899, quando Wilbur Wright come~ou a invesligar 0 problema, 0 mundo agia num conlexto onde 0 vao de algo mais pesado que 0 ar era impossfvel. Dc algum modo, os irnlaos Wrighl* criaram um contexto chamado "0 vao motorizado e uma realidade", e dali por diante, foi inevitavel 0 cxito de seus vaos. Quando come~aram a operar do contexto da realidade do vao motorizado, entao fizeram as coisas de maneira adequada, e os problemas que precisavam ser resolvidos foram resolvidcJs. Outros experimentadores tinham adisposi~ao exatamente os mesmos fatos que os innaos Wright. Eles nao puderam fazer uso frutffero desses fatos, porque estavam dentro do contexto da impossibilidade do vao. Presume-se que acreditavam que 0 vao era possfvc1, ou nao teriam gasto tanto tempo, esfor~o e dinhciro atras dele, mas os outros experimentadores estavam usando suas cren~as para resistir ao contexto que os rodeava, ao invcs de criar um novo. Para se vcr quaD pouco 0 poder do contexto c considerado e reconhecido, basta pensarna imagem que a maioria das pessoas tem dos irmaos Wright. Asviagens aereasmexeram com as vidasde praticanlente todos neste planeta, direta ou indiretamente. Contudo, a maioria das pessoas - seequechegam apcnsarem WilbureOrviIIe Wright - pensa neles como uma dupla de sagazes mecanicos de biciclelas, que mexiam com uns cacarecos de aparencia estranha nas horas de folga, e que
* N. do E. - Hli uma polemica hist6rica a rcspcito do inventor do aviao. 05 amcricanos atribucm esta dcscobcrta aos irmaos Wright, cnquanto Fran~a c Brasil accitarn como fato incontestavcltcr sido Santos Dumonto autordo invento . Dcixarnos aconsidcra~ao do lei tor a sua cscolha sobre cssas duas vers5cs.
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tiveram a sorte de topar com 0 segredo do vO<>. E foi s6 por acaso que eles 0 fizeram antes de qualquer outra pessoa. A verdade e que ninguem estava sequer bcirando 0 sucesso, quando Wilbur fez 0 primeiro voo, em 17 de dezembro de 1903 (ao meio-dia, EST, na cidade de Kitty Hawk, Carolina do Norte - uma conjun~ao estreita do Sol e Urano com 0 Meio Ceu). Outros experimentadores nao estavam sequerna pista certa, e suas descobertas mostraram-se imlteis para os Wright, que nao s6 criaram 0 primciro avHio, como tambCm criaram a ciencia funcional da aerodinamica, que pennitiu 0 desenvolvimento da avia~ao. Este exemplo tambem ilustra quao imltil e a cren~a que nao esta alinhada com 0 contexto no qual existe. S6 acreditar que poderiam voar nao levou os outros pionciros a parte alguma. Dizcm-nos que 0 pens amento e criativo, que, se quisennos alguma coisa, devemos acreditar nela, visualiza-Ia ou afinnar verbalmente que assim sera. Ha imlmeros livros e cursos a respcito dessas tecnicas a sua disposi~ao. Mas 0 fato e que eles parecem nao dar muito certo na maioria dos casos. 0 pcnsanlento nao e criativo; e 0 vcfculo para a criaLividade do contexLo. Uma dada pessoa podera ter exito com alguma tecnica de visualiza~ao ou afinna~ao , mas isso depend era do grau em que 0 contexLo, no qual a vida daquela pessoa atua, pennile ou nao 0 sucesso. Nao que tais Lecnicas sejam erradasou imlteisem si mesmas, mas, sem capLarocontextoonde sao usadas, s6 Lemos parte do quadro. Como, enUio, criamos urn novo contexto? Como Joao, com seu contexto de falta de amor (para usar urn exemplo especffico), faria para criar urn contexto de amor satisfat6rio e abundante? A primeira coisa-e e cIa que detem muita gente logo de infcio--e teruma no~ao clara do contexto que ja lemos, que criamos inconscientemenle, aceitando-o e complctando-o. Quando fazemos isso, come~a mos automaticamente a extrair energia deJc-a energia que estamos dedicando a sua manuten~ao. Significa come~ar do mcio, come~ar de onde voce real mente esta. Voce nao pode voltar para 0 come~o e decidir que vai fazer as coisas de modo diferente, embora seja essa a premissa das (de fato, a mensagem aberta da maioria, senao de todas) das fomlas de terapia. Viver nossa vida e uma questao de experimentar 0 que ha para se experimentar, no momenta em que esta sendo experimentado. Isso nao significa sucumbir a ela. As pessoas costumam ter medo de que, se pennitirem experimentaro quelhes esta acontecendo, nao conseguirao "funcionar". Como ja percebemos, todos tern uma camada de senti men-
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tos negativos e dolorosos, geralmente guardada fora da consciencia. Uma das grandes ilusoes que nos mantem limitados e a cren~a de que ficaremos amerce desses sentimentos, se os accitannos. A mente do macaco tern urn mlmero infinito de truques para justificar que se mantenha apegado as nozes, e este e urn deles. As pessoas dizem-me, as vezes, coisas como, "nao posso me defrontar com meus sentimentos, pois tenho urn emprego para manterou mhos para cuidar, e, se eu dcixar que minhas emo~oes tom em conta de mim, nao poderci continuar a faze-Io" . Neste tipo de circunstancia, 0 que acontece, na verdade, e que elas estao lidando com seu trabalho e se tomando conscientes de sentimentos potencialmente amea~adores. E isto 0 que elas tern de reconhecer e experimentar para poderem ir adiante. E bern 6bvio, mas somos quase totalmente despreparados para ver 0 6bvio. Penso, as vezes, que a razao pel a qual a astrologia e tao obcecada com a tentativa de previsao do futuro e que e muito mais facil vcr 0 futuro do que vcr 0 presente! Parece antinatural e contra qualquer instinto que, diante de circunstancias ou sentimentos tristes, 0 caminho de safda seja acompanhalos; por outro lado, ao assumir a responsabilidade pel as circunstancias, ao nos alinhannos com aquilo que realmente cobramos 0 poder de conLrolar tais circunstancias. Nos primeiros tempos da avia~ao, os pilotos nao sabiam 0 que fazer quando 0 aviao entrava em parafuso. Aparentemente, 0 que se deveria fazer seria resistir ao parafusol tentar for~ar no aviao uma rota~ao oposta a dire~ao do giro. Mas esta seria a receita para urn desastre. Lutar com 0 parafuso faria com que de aumentasse, e 0 aviao se espatifaria no solo. 0 problema estava scm solu~ao, ate que alguem pensou em fazer exatamente 0 contrario, acompanhando a rota~ao do parafuso. Em tennos do cicIo de cria~ao manuten~ao-destrui~ao, alinhando-se com 0 que ocorria, 0 piloto permitia que 0 cicIo se fechasse, e 0 parafuso acabava sendo destrufdo. Conscientemente ou nao, eJc estava agindo a partir de urn contexto de domfnio da condi~ao de rota~ao, ao inves de urn contexto de ser a vftima dessa rota~ao. Voce nao pode voitare recome~ar. 0 que voce pode fazere deixar que os contextos de sua vida completem seus ciclos; entao, voce tera espa~o para criar outros, novos, que iraQ apoiar sua auto-expressao no mundo, ao inves de danifica-la. Mas isso nao e facil; temos que lidar com a mente do macaco, e cIa fara tudo 0 que po de para justificar a sobrevivencia. Urn modo muito forte de tentar tirar sua noz e criar a
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ilusao de que poderfamos estarfazendo al!,llJma coisa diferente daquela que estamos de fato fazendo. Ou enta~, sentindo ou pcnsando alguma outra coisa e, de modo geral, sendo de maneira outra que nao a que somos. o poder do contexto existe AGORA, neste momenta de AGORA, mas 0 que e AGORA? Urn segundo? Urn deeimo de segundo? Um milioncsimo de segundo? Algumas partfculas fundamentais tern 0 tempodevidamedidoem term os de 1O-18segundos, ou seja, com dezessete zeros depois do ponto decimal, e ha pclo menos uma partfcula com tempo de vida ainda mais curto. Durac;oes de vida assim sao tolalmente inconcebfveis para a mente humana, mas ha urn ponto em que as partfculas exislem AGORA. Parece que AGORA nao eSla relacionado com 0 t~mpo, tal como o imaginamos, e a ilusao de que poderfamos ser de maneira diferente da que somos AGORA depende da ilusao de 0 AGORA ser definido pclo tempo. Mais uma vez, 0 problema fica 6bvio, quando comec;amos a ve10 claramente, e, mais uma vez, ele parece trivial demais (a primeira vista), para que tenha qualquer valor ou significado. Evital que fique claro: a experiencia do AGORA nao tem lugarno tempo; caso contrario, a verdade de que nao podemos ser de maneira diferente da que somos toma-se assustadora demais para se encarar. Estou eiente de que parece que digo que voce nao pode ser de outra maneira que a que voce e-jamais. Soa como se eu dissesse que voce tem de fazer 0 melhor que puder e se acomodar com suas limitac;oes e frustrac;oes. Em termos da analogi a do aviao em parafuso, estou dizendo: reconhec;a que voce estaem parafuso, para que possa sairdcle e fazer alguma coisa mais divertida e mais alegre. Sc voce estivesse realmente nos con troles de um aviao que tivesse entrado em parafuso rumo a terra a duzentos quilometros por hora, e pouco provavel que voce estivesse pensando que preferiria estar no cinema, ou fazendo amor, ou que deveria estar lavando suas roupas, ou o carro, ou seja hi 0 que for. Voce estaria tao focalizado no imediatismo da situac;ao, que estaria cern por cenlo presente nela. Mesmo se voce estivesse paralisado de medo, estaria cem por cento presente. Nesse ponll>, eslaria claro 0 sufieiente para voce que nao haveria escolha alcm de estar onde estaria. E esta qualidade - estar cem por cento presente - que queremos deixar bem claro, porque cla c a chave para a criac;ao de novos contextos para nossas vidas. Momentos de foco tao intenso assim nao acontecem com muita freqiieneia na vida da maioria de n6s. A situac;ao nao precisa ser
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desagradave1. Qualquer sensac;ao fortemente excitante ira colocar nosso foco no AGORA e, enquanto e1a durar, estamos cern por cento presentes enos sentindo plenamente vivos. Muitos saem por af procurando sensac;oes excitantes, que fac;am isso com e1es. Este e 0 motivo pelo qual 0 SGxo e os esportes de alto risco sao tao populares. No final das contas, estes nao vao resolver, porque se resumem na procura de circunsHineias que poderiam fazer com que voce se sentisse vivo, mas s6 voce tern 0 poder para fazer com que se sinta plenamente vivo. A maneira de criar urn novo contexto para sua vida c, primeiro, escolher ser do jeito que voce e AGORA, scm condic;oes. Se 0 fizer, estara se alinhando com a verdade do que e. A verdade e que voce nao tern outra escolha, aIcm de ser do jeito que e AGORA. Sabemos disso, quando estamos bern focalizados numa forte sensac;ao, mas, na maior parte do resto do tempo, temos a Husao de que ha toda sorte de outras possibilidades diante de n6s, 0 que nos impede de nos focalizamlos no AGORA e, assim, de estarmos em contato com nosso poder de criac;ao. Nao posso estar fazendo nada AGORA alcm de escrever estas palavras. Ha cinco segundos, eu estava olhando pelajanela. Dois minutos depois de AGORA, poderci estar tomando uma xfcara de cafc. Quando estava olhando pelajanela, nao tinha escolha alcm de estarolhando pclajanela, e quando estou tomando cafe, nao tenho escolha alcm de tomar cafc. Mas minha mente, 0 macaco maluco, joga todo tipo de imagens e distrac;oes, tentando convencer-me de que eu deveria estar tomimdo cafc, quando estou escrevendo, e que eu deveria estar escrevendo, quando estou tomando cafe. E c isto que nos toma tao impotentes, que nos impede de nos tomarmos conseientes da responsabilidade por nossas vidas e de sabermos quem, na realidade, somos n6s. o usa de exem plos concretos, como escrcver e tomar cafc, ajuda-nos a provar 0 ponto, mas sao meio 6bvios, e e razoavelmente faeil descobrir o que estamos fazcndo. Em nfvcis mais profundos, fazemos 0 possfvel para licarmos inconscientes do que estamos sendo ou fazendo. Enquanto Joao estiver funcionando no contexto da falta de amor, em qualquer momenta do tempo cle estara sendo um perdedor junto as mulheres, mesmo que possa estar agindo como um vencedor. Quando cle aceitar o fato de que e um perdedor, estara em posiC;ao para criar 0 "ser urn vencedor". E urn paradoxo; nao faz sentido para a mente. Vai com pletamente contra a sabcdoria reccbida.accrca da vida, mas funciona. Urn cxemplo claro e c1assico disso code uma moc;a que lutava h6. tempos para superar-por coincidencia-justamente este senso de
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isolamento e disUlncia das pessoas que estamos supondo no caso do hipotetico Joao. Ela acabou chegando ao ponto de decidir que a verdade sobre si mesma e que eia era, de fato, uma pessoa fria e desapegada, e descobriu, quase imediatamente, que pas sou a urn novo nfvel de cordialidade e de habilidade em estar pr6xima dos outros. Como disse antes, nao e faci1. Epreciso ter clareza e coragem consideraveis para vcr o 6bvio, para vcr 0 que se passa conosco. E praticamente impossfvcl faze-Io sozinho. E aqui que vejo 0 tremendo valor e poder-ou, pelo menos, 0 valor e poder potenciais-da astrologia. Os Lemas basicos de nossas vidas estao claramente colocados no mapa natal, e, por isso, a astrologia pode ser uma ferramenta muito eficaz para levar urn cliente a dar 0 primeiro passo rumo aliberta~ao de seus padroes-o passo que se poe claro 0 que e, na verdade, AGORA. Apresso-me em acrescentar que a informa~ao disponfvel no mapa deve ser usada com pericia e compaixao, e nao como uma espada ou marreta, mas este cum assunto com que estaremos lidando nos capftulos sobre aconselhamento. A unica escolha que temos a fazer c a de decidir ser 0 que somos e lero que Lemos AGORA. Qualqueroutra coisa c uma i1usao que a mente cria parajuslificar seu apego pel as nozes, para nos manter presos afase de manuten~ao dos ciclos que criamos. Tenho falado da cria~ao de urn novo contexto para nossas vidas, mas esse nao c 0 modo mais preciso de expor 0 assunto. A medida que percebemos--e assumimos essa responsabilidade -os contextos da limila~ao que criamos, descobrimos que 0 contexto ultimo do qual safmos e de amor, alegria e capacidade. N6s nao "lranscendemos nossos mapas", no senti do de nos lomarmos completamente diferentes do que indicam; ao invcs disso, criamos para n6s mesmos a op~ao de viver plena e conscienlemente nossos mapas, e de nao nos prendermos asua 'experiencia limitada e mecanica. o primeiro passo e poder olhar para nossas vidas em lermos de preto e branco, especfficos mesmo, e nao no tipo de generalidades vagas, com os quais a mente prefere lidar. Quando a mo~a do exemplo acima pOde dizer, "0 que acontece comigo e que sou fria e desapegada", eia pode ir em frente. Em geral, estamos boiando em meio a uma confusao, do Lipo "parece que eu sou meio frio e desapegado, mas nao quero ser assim de faLo, mas talvez eu qucira, porque nao se pode mesmo confiar nas pessoas, mas ao mesmo tempo ha uma parte de mim que e amavel e recepliva de verdade, embora eu, provavelmente, nao deva deixar que os ouLros saibam disso, porque elcs nao saberao lidar com
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isso e quem liga para essa hist6ria ... " E assim pordiante, aLe 0 infiniLo.
E coisa da mente. A mente pode produzir essa arenga continuamente, vinte e quatro horas por dia, sem parar para respirar. Quando voce se mantem especffico, esta no jogo. No pr6ximo capftulo, veremos como usar 0 mapa para exLrair os temas basicos da vida e para obrigar a mente a ser especffica.
5 Estruturando a Interpretat;iio do Mapa
Podemos come~ar agora a definir e esclarecer 0 prop6sito de uma scssao de aconselhamento astro16gico, feita no parametro das idcias expostas neste livro: ajudar 0 cliente a ter mais clareza quanta aos principais temas de sua vida, e a dcscobrirqual desses temas tern 0 status de contexto equal tcm 0 status de conteudo; ou, em termos da analogi a do campo magnctico, vcr quais dos temas do mapa se equiparam aos campos secundarios das agulhas, e quais ao cam po controlador geral. 0 fato de se estar disposto a ser responsavc1 pelo contexto da vida - para ocampo geral- c importante, pois, ao faze-Io, scu status se reduz ao de conteudo. Ele se torna apenas mais uma agulha. o que reli ra do aconselhamento astrol6gico boa parte do seu poder de fazeralguma diferen~a para 0 cliente e0 tratamento de todos os tern as de urn mapa como sendo de igual status.:E comum os astr610gos faze rem comentarios assim: "Bern, voce tern uma conjun~ao Venus-Saturno, que c limitadora, em termos emocionais, mas voce tambCm tern urn trigono Marte-Jupiter, que c bern afortunado e grcgario. Voce dcvcria concentrar-se no seu Marte-Jupiter e abafar 0 Venus-Saturno".
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Pape/ da Astr%gia
Parece plausfvel, mas se 0 lema Vcnus-Satumo tern 0 status de contexto, e 0 lema Marte-Jupiter 0 status de conleudo, Marte-Jupiler esta numa posi~ao inferior a Vcnus-Salumo. A iniciativa e a capacidade empreendedora da pessoa irao, talvez sutilmente, lransfomlar-se em insatisfa~ao emocional. Ele pode ser presidente da sua empresa e, ai nda assim, ver-se secretamenle como urn fracasso, pois seu casamento nao eSla indo bern. Poroulro lado, 0 tema Marte-Jupiterpode sero conlexlo, e 0 Vcnus-Salumo 0 conleudo. Neste caso, a pcssoa definira aulOmaticamente 0 amor e aquilo que cia espera dos relacionamenlos amorosos, de maneira tal que sao visloS como produlos bem-sucedidos do empreendimenlo e da iniciativa. ESle arranjo poderia, porexempJo, signiiicar 0 Don-Juan ou seu equivalcnle feminino. A segunda pessoa pode ter menos lendencias a buscar aconselhamento, pois, embora suas rela~6es possam ser ocas e aridas - na realidade -, e improvavcl que cia esteja claramenle ciente do falo, pois seus relacionamentos correspondem as suas limitadas expeclativas. S6 pelo mapa, nao se pode ler certeza de quais partes da pessoa sao o contexto e quais 0 conleudo. Isso s6 po de ser descobcl10 em dialogo com 0 cliente. Conlexlos ou rolciros, porem, sao sempre limiladores, e o signo, cas a e aspeclos da Lua e de Satumo darao pistas valiosas. Eu certamente come~ariasempre com ahip6tese deque os lemas nalais que envolvem esses falores sao, mais provavclmente, os que tcm 0 status controlador de conlexlo. o diagn6slico e feilo de maneira urn pouco mais facil, devido ao fato de os faton~s limiladores com os quais as pessoas provavclmente estao lidando poderem serclassificados em lres grupos. Elcs podem serdescrilos pelas iiljun~6es dos pais, "nao pense", "nao ame" e "nao seja poderoso". Todos ja liveram pelo menos uma dessas, em alguma medida, e nao e nem urn pouco incomum encontrar pessoas que lcm lodas as lrcs. Eborn Icm brar aqui que essas sao eSlralegias basicas de sobrev ivcncia. A mente se agarrou a c1as como maneiras vida-ou-morte de ser neste mundo. Nao s6 a menle nao abrini mao del as, como lamocm opora loda sorte de ~sislcncia conlra dcixar que essas eSlralegias basicas sejanl lcvadas a luz da conscicncia. Como observanlos no ultimo capllulo, obrigar a menle a ser especffica, em prelo e branco, e 0 passo inicial essencial, mas esla longe de ser faci\' E razoavelmenle facil para voce, como aslr610go, vcr 0 que deseja a menle de seu cliente - esla la no mapa - , mas ap~senlar a informa~ao ao c1iente para loma-Ia conhecimento funcional e vivo ja e oulra hisl6ria. NesLe ponLo, porem, precisamos apenas nos preocupar com 0 processo de
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exlra~ao da informa~ao crua do mapa, de maneira que possa ser usada como ponto de partida do dialogo explorat6rio com 0 cliente. Na verdade, a quesUio nao e tanto extrair a informa~ao, mas organiza-Ia. ESle e urn problema basi co com que os estudantes de astrologia se defrontam em urn estagio inicial. A pessoa pode aprender, ate depressa, 0 significado de cada item do mapa, pelo menos em n(vel superficial, mas a dificuldade esta em po-los todos juntos. Foram apresentadas varias maneiras deesLrulurar a informa~ao para auxiliarna sfntese. Dentre as mais populares, temos: usar os planelas como base, come~ando pelo Sol, e interpretar cada urn por signo, casa e aspecto; dividiro mapaem calegorias, como lrabalho, amor, personalidade, etc., e interpretar os falores associ ados a cada urn; finalmente, usar as casas como base, inlerpretando 0 mapa lodo casa a casa. Esses meLodos funcionam bern como meio de mosLrar a informa~ao, mas, por si s6, nao focalizam os temas centrais do mapa de maneira suficicntemente clara. Algumas pessoas usam urn sistema de pondera~ao, atribuindo pontos para temas como 0 e1emento predominante ou mais fraco, planeta em seu pr6plio si b'l1o, etc. Tal metoda de mostrar a informa~ao pode ate assinalar a presen~a de certos lemas, mas nao vai sinteliza-Ios aulomalicamenle. Sugerimos anteriormenle que e enganoso pensar que a sfntese que o astr610go faz do mapa (e a sfntese da informa~ao do mapa) s6 tern lugar dentro da expericncia do cliente. Quando os astr610gos falanl de sinteLizar urn mapa, estao falando de Icvar a informa~ao ao mais allo grau de organiza~ao, reduzindo-a aforma mais convincente e coerente de expressao. Tende a haver uma boa dose de mislerio e ofuscamento no tema da sfnlese de mapas, mas, visla sob essa luz, ludo 0 de que se necessila e a habilidade de identiiicar os ponlos essenciais de urn argumento. QuaJquer urn pode faze-Io; e uma faculdade perfciLamente cOlidiana, e nao depende de qualquer habilidade psfquica ou intuiLiva fora do com urn. Depende da mesma faculdade que pode idenLificar as esLruLuras basicas de urn quadro, uma melodia, uma pe~a de Leatro, urn problema adminisLrativo, ou seja 0 que for. A inLui~ao tern seu papcl nesse processo, mas esle continua a ser, acima de Ludo, uma queslao de clareza de pensamenLo. o meLodo pelo qual voce mostra a informa~ao do mapa nao e, de fato, importante. No entanto, voce precisa ler alguma forma de organizar 0 maLerial, para que possa detectar os padr6es subjacentes. 0 faLo de voce continuar, na pniLica, a fazer longas anota~6es, mesmo depois
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Parte 1 - Reexaminando
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Pape/ da Astr%gia
de haver se tornado habil em identificar os temas de urn mapa, equestao deescolha pessoal. Nossa opinHio eque isso pode serdesejavel. Se voce tiver suas informa~oes bern preparadas, podera voltar toda a sua aten~ao para expor esses dados ao cliente. Se nao tiver, enta~ parte da sua aten~ao estara voltada para a interpreta~ao do mapa, 0 que poderia ter sido feito antes de come~ar a sessao. Sabemos quemuitos astr610gos preferem chegar"fresquinhos" ao mapa, na presen~a do cliente, sentindo que isto lhes permite uma leitura mais pessoal e mais inspirada. Com certeza, mexe com a adrenalina, mas nos dias em que voce nao esta se sentindo tao bern, ou quando a inspira~ao e a intui~ao deixam de funcionar, por algum motivo, e menos provavel que voce fa~a 0 melhor trabalho com seu c1iente do que se voce tivesse manejado a parte meramente medl.nica da interpreta~ao com antecedencia. Nab estamos defendendo a astrologia de "livro de receitas" - ou seja, buscar a interpreta~ao nos livros antes da consulta e for~a-Ia no c1iente. Astr610gos que pre[erem lidar com 0 mapa sem estuda-lo antes, argumentan1 que urn dado [ator (digamos, Venus em Gemeos) nao atua exatamente da mesma forma em duas pessoas diferentes. Everdade, mas podemos atribuirumaespCciedesib'llificado medio oude manifesta~ao mais provavcl a Venus em Gemeos e usa-lo como ponto de partida, prcparandonos para 0 fato de que a interpreta~ao com que daremos infcio asessao pode ser um tiro no escuro. No entanto, continuamos a nos surprcender com a precisao que essas interprcta~ocs-padrao costumam ter. Se voce prefere usar urn grande numero de pequenos fatores na interpreta~ao do mapa, tais conio arvores de ponto medio, planetas uranianos [escola alemti - N. do T.], aster6ides, etc., enta~ as notas preliminares sao virtualmente essenciais, especialmente se a sessao sera de aconselhamento genufno, e nao uma exibi~ao pirotccnica de sua habilidade interpretativa. Na interpreta~ao de urn mapa, uma coisa deve ser entendida para evitar uma boa dose de confusao posterior. E que urn mapa contem informa~oes que, alcm de certo grau, simplesmente se repetem em nfv~s diferentes. Os estudantes costumam achar que devem extrair a ultima gota de informa~ao de um mapa, mas isto raramente e (se c que chega a ser) necessario, desde que os principais temas do mapa estcjam plenamente cobertos e compreendidos. Por exemplo, urn dos principais temas de urn mapa pode ser 0 conservadorismo, uma preocupa~ao fortemente centrada nos recursos
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materiais. 0 mapa pode ter a Lua em Touro, Sol na casa 2, Touro na cuspide da 4, Marte em Cancer e Jupiter na 10. De maneiras distintas, todos os fatores citados lidam com a preserva~ao de recursos. Epreciso uma analise convincente, concentrando-se no tema da preocupa~ao com os recursos, e nao uma interpreta~ao de fatores individuais genericos, scm relaciona-Ios com 0 tema comum. Isto e particularmente valido, quando se faz a primeira apresenta~ao das informa~oes ao cliente. Isso nao significa, naturalmente, que a interpreta~ao detalhada nao e util a seu tempo, mas e melhorcoloca-Ia como urn aprofundamento dos temas mais amplos, ao inves de mergulhar direto nela. Normalmente, ha de seis a oito temas principais em urn mapa, e eles costumam ser, quase sempre, passfvcis de redu~ao a uma s6 frase que resume a carta astrol6gica em termos abrangentes. Essa [rase e mais facil de se vcr em alguns mapas do que em outros, e nao consideramos essencial encontra-Ia. Obviamente, no entanto, ela pode ajudar 0 astr6logo se for localizada, pois toda a vida do c1iente pode ser posta em perspectiva nos primeiros minutos da entrevista-se isto for apropriado ou desejavel. Pode nao ser. Podemos distinguir cinco nfveis de interpreta~ao: Nivel1: A frase ampla, formada pela carta. Nivel2: Os principais temas do mapa. Nivel3: Interpreta~ao dos planetas nos signos e casas e dos principais aspectos fortes e fracos. Nivel4: Signos nas cuspides das casas. Nivel5: Aspectos menores e sutis, regentes de casas, indicadores adicionais como aster6ides, partes arabes, etc., se usadas. Diferenciamos aspectos menores principais e sutis. Os principais aspectos menores sao 0 semi-sextil, semiquadratura, sesquiquadratura e quinconcio. Os menores sutis sao 0 nonagono, septil, quintil e biquintil - alt~m de outros com que voce lida bern . Cremos que os menores principais sao quase tao poderosos quanta os aspectos fortes, mas devem ser usados com orbc muito menor (uns 3°). Os menorcs suti s devem ser observados, mas, aparentemente, nao atuam em todos os mapas. Eles parecem vir a tona em pessoas que tern urn senso de prop6sito ou de dire~ao excepcionalmente forte. 0 orbe dos aspectos menores sutis devem ser mantidos em 1Y20. 0 orbe dos aspectos fortes e de 8°, exceto para 0 sextil, que recebe 6°.
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5 - Estruturando a /nterpretaqao do Mapa
Parte 1 - Reexaminando 0 Pape/ da Astr%gia
Pcssoalmenle, nao damos muila aten~ao 11 preponderancia ou falla de elementos e qualidades nem a pad roes de aspectos, tal como Tquadrados. Nao sentimos que as indica~oes desses significadores sejam especialmente claras ou confiaveis. Contudo, esse C0 reOexo do nosso modo particular de pensar, e nao a condena~ao do seu uso. Se voce acha que extrai de1es informa~oes importantes, sugerimos que os enquadre, em temlOS do formato acima, no Nfvel 3. Dc qualquer forma, queremos deixar claro que 0 usa dos cinco nfveis c apenas uma plataforma para a cria~ao de algum tipo de estrutura aberta eexperimenlal para aentrevisla. Nao deve implicarem afinnativas dogmaticas a rcspeito de como conduzi-la. Na sessao nom1al, seja cIa a unica com 0 cliente ou a primeira de algumas, esperariamos operarem termos dos nfveis 1, 2 e 3, mas nao queremos dizer que haja uma progressao linear. Com certeza, nao estamos dizendo quc os primciros nfveis de inlerpreta~ao devem ser esgotados, antes de se passar para os oulros. As vezes, pode ser adequado, por exemplo, come~ar expondo 0 tema amplo ou urn dos temas principais, e depois, dependendo da rca~ao do cliente, irdircto para as informa~oes dosnfveis4 e5. Se urn dos temas principais tern a vcr com relacionamentos, digamos, pode ser interessante - depois de apresenta-lo ao cliente - ir direto para a analise do signo da cuspidc da 7 cdc seu regente. Ou entao, se ha urn septil VenusMarte, pode ser adequado explora-lo. Nao ha urn jeito "certo" de fazer as coisas, mas a estrutura dos cinco nfvcis e util, se nao por nada mais, por pcm1itir que a pessoa mantenha 0 senso de propor~ao quanta a massa de informa~oes disponfveis. Para demonslrar aexlra~aodas in[orma~oes de urn mapae a sua organiza~ao em temas, usaremos 0 [ormato que avalia cada planeta por seu lumo e que 0 delineia por signo, casa e aspectos, lratando 0 Ascendenle, Meio Ceu e nodos como ponlos semelhantes a planetas. Como apresenlado, 0 [ormalo c uma versao levemente modificada do que c ensinado pela Faculdade de ESludos ASlrol6gicos da Inglaterra. Seria utillcr urn mapa de lrabalho que reOetisse as dificuldades de nossohipotctico "Joao". A tftulo de clarezado exemplo, inventamos urn mapa que contcm os [atores aSlrol6gicos que se poderia esperar para tal indivfduo (vcr Fig. 1.5.1). Em outras palavras, c um mapa astronomicamente valido, mas, ate onde sabemos, nao "pertence" a ningucm. Foi calculado para 0 dia 30 de junho de 1952, as lOh e 48min
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da manha, BST* (British Summer Time), em Londres. 0 horario foi escolhido para produzir uma quadratura exata entre 0 Sol e Salumo. Mais tarde, veremos como 0 mapa pode ser usado para 0 aconselhamentode "Joao", e tambcm veremos alguns exemplos da vida real. Penso que e utn pensar nos planetas como motores que precisam de certo lipo de combuslfvcI, mostrado pcIo signo, e que tentam operar em certas areas de expcriencia, mostradas pelas casas. Esta idcia sera
7 :xx: 4
12 ~ 34
12 )(
------1
1-1
34
7><"4
Figura 1.5.1 - Joao. Nascido a 30 de junho de 1952 em Londres, na Inglaterra, as 1011 48min da manha, fuso BST. 0 mapa [oi calculado com casas do sistema topoccntrico. Estes dados [oram inventados para criar um mapa de exemplo para nossa discussao. Calculado pel a Astro-Computing Services.
* Nota do T. -
Horario de Verao da Inglaterra, ou [usc -1:00.
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Parte 1 - Reexaminando 0 Pape/ da Astr%gia
5 - Estruturando a /nterpretar;ao do Mapa
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~
desenvolvida mais tarde, na segunda parte do livro. Mencionamo-Ia aqui, uma vez que ficani implfcita no fraseado das interpreta~oes.
BQ 4: Potencial para ser sociavel, extrovertido e confiante. Pode se envolverem interesses ou atividades espirituais ou religiosas, como parte da busca por seguran~a. d l?: Cuidadoso na expressao de seus scntimentos, mas nao necessariamente das opinioes. Sentimcntos de inferioridade, inadequa~ao. Tendcncia it depressao, dificuldade nos relacionamentos. Tende a ser reservado c retrafdo. Sentimentos parecem congelados abaixo de certo nivel. Prefcre ordem, estrutura e rotina na vida. ~
Analise do Mapa de folio
o
em $
na 10: A energia central e 0 prop6sito da vida necessitam de seguran~a e de uma atmosfera calida e protetora para atuar plenamente, c buscarao expcriCncias de accita~ao social, sucesso e status.
~
0 ~: Pode sercriativo e inventivo; muita tensao. Inclinado aenfatizar as diferen~as entre si mesmo e os demais. Tendcncia a ser defensivo, temperamental, distante.
o
0 ~: Rea~oes emocionais e ffsicas fortes e dissonantes. Forte energia extemalizada, provavelmcnte manifestada como teimosia, autocentrismo. Scntimentos de auto-estima podem gerar algum tipo de problema.
o
d ~: Afetuoso, extrovcrtido, forte natureza emocional e sexual, passfvcl de sentimentalismo e/ou passividade, sc frustrado. Provavclmente, prefcre consenso em nfvcl superficial a lidar com dificuldades em relacionamentos.
o
6.
a:
Corajoso, empreendedor, ativo . Considenlvel dose de natural. Forte natureza sexual.
autoconfian~a
o
0 l?: Forte senso de auto-disci plina, dever, responsabilidade. Pouco potencial para 0 prazer. Tendcncia deprcssao, inibi~ao, auto-ncga~ao, 6dio de si mesmo. Talvez saude ffsica dcbil.
o
a
d ~: Idcias e atitudes ongmais. Sente que e diferente. Fica
superexcltado, brusco, impulsivo. Impaciente, pode nao ter poder de permancncia, quer scm pre coisas novas. ~
e m ~ na 2: 0 impulso de criar urn sistema seguro de apoio necessita de hamlOnia e relacionarnentos gratificantes para agir. Amigavcl, diplomatico, arnavel,razoavel. Buscaraexpressaopormciodcexpcricnciasdc auto-estima, posses, estabilidade. Grande necessidade de ser querido; dificl!Jdade para lidar com inimizades. Ao mesmo tempo, auto-afirma~ao automatica leva a conflitos intemos e extcmos. ~
0 ~: Afetuoso, sensfvel, gentil. Scntimentos geralmente recebem a preferencia. Forte natureza sensual e sexual. Simpatico, com passivo. Tendencia a se tomar passivo e se fazer de vftima.
~ L~: Muito emocional e intenso, embora nao muito abertamente.
II
Forte desejo de controlar as rea~oes emocionais, com muita energia bloqueada. Tende a nao confiar no livre fluir das emo~oes. ~
em $ na 11: A busca de conhecimentos e a comunicabilidade precisam de seguran~a emocional para funcionar. Pensamento muito pessoal, bastante influenciado pelos sentimentos. Toma decisoes por palpite, nao pela 16gica. A comunica~ao busca expressao por mcio de atividadcs em grupo; envolve-se com os outros de modo nao-emocional. As idcias funcionarao melhor em equipe do que com esfor~o individual. (Alguns autores diriam que, com Mercurio tao pr6ximo da cuspide, poderfarnos esperar urn efcito adicional de Leao. Prcferimos ignorar quaisquer efeitos de cuspide e tomar as fronteiras entre signos como indicadores de saltos quilnticos.) 0 a: Rapido e/ou pressionante no falar e pcnsar. Irritadi~o, sagaz, extremarnente inquieto. Pode ser supcrcrftico, ate sarcastico ou satfrico.
~
~ em $ na 10: Impulsos de arnor e de amizade precisam de urn profundo sentimento de seguran~a emocional para f uncionar. Atencioso e cuidadoso nos relacionarnentos, tende a se apegar demais. Amor busca exprcssao por meio da expericncia da aprova~ao sociaL A expressao do amorsera intensa, apaixonada e alimentadora; extemamente, pOrCm, parcccra rcservada e conform ada.
6. a: Potencial para 0 livre fluxo das energias emocional e sexual. Ativo, afetuoso e demonstrativo. Amor e sexo sao temas importantes. (0 aspecto tern orbe amplo, quase no limite de 8 graus, e podemos presumir que a sua expressao sera um tanto fragmentada c dilufda.)
~
J
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Parte 1 - Reexaminando 0 Pape/ da Astr%gia
* 4: Habilidade para
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trato social, generoso, charmoso, popular, mas tera de fazerum esfor~o consciente para expressar essas qualidades. Born cora~ao, mas pode ter certa sensa~ao sutil de nunca estar satisfcito, e de estar scm pre em busca de alguma felicidade imaginaria. Apesar disso, tern verdadeiro ta1ento para 0 prazer e a felicidade.
sao por meio de experiencias de auto-estima e recursos pessoais. Em outras palavras, tendencia para ser serio, cortes e observador da forma nos relacionamentos, ao inves de se mostrar expansivo ou emotivo. Recursos pessoais serao experimentados como insulicientes e inadequados, seja fa to ou nao.
~
0 "??: Tende a ser cauteloso e defensivo nos relacionamentos, a se senti r de sloe ado, rejeitado. Inibi~ao dos impulsos criativos, eventualmenle evita ou nao deseja ser pai. Pode nao gostar de ser tocado; acha diffcil rcccbcr elogios ou qualquer forma de aprova~ao ou afeto.
"?? 0 >&<: Muita tensao e estresse interior, Iura constante para romper os padroes estabelccidos e, ao mesmo tempo, desejo de mante-los. Grande capacidade de resistcncia, mas, provavelmente, tenta fazer demais e acumula mais tensao.
d >&<: Pode ser muito excitavel, desejando drama e sensa~ao nos relacionamentos, mas a energia esta sujeita a desligamentos subitos. Pode ser muito amigavcl, mas scm muita intimidade ou compromisso.
>&<
~
0
~
~
N~: Potencial de expressao sexual muito forte e transfonnadora, mas que precisa ser trabalhada e desenvolvida em nfvcl razoavelmente profundo. Manifesta~ao clara improvaveI. c3' em lilt na 3: Impulso de a~ao dircta rcquerintensamotiva~ao passional e sexual, com tendencias sigilosas; for~a interior. Podc ser cruel, desprovido de humor, urn pouco paran6ico. Buscara exprcssao por meio das expcriencias de comunicac;ao e de procura por conhecimentos. Trcmcndo poder emocional, que pode ser transform ado em ideias e expressado verbal mente ou por escrito.
4 em ~ na 9: 1m pulso de crescer e assim ilarneccssita de um born senti do de substanciae recursos para opcrar, e buscara expcriencias de crescimenlo pormcio do envolvimento social ou de interesses rcligiosos ou filos6licos. Ha uma cSpCcie de pcrmanente fmpcto para a frenle. Dados alguns recursos basicos e estabilidade, 0 crescimento lcvara a mais cresci mento, 0 que aCaITetara a mais recursos e estabilidade. 4 BQ "??: Potencial para sucesso em caminhos pacientes, cautelosos e conservadores. Pode fazcrmuita coisa com pequcnas opoltunidades.
*
4 >&<: Capta rapidamente as situac;oes e se benelicia disso; dcseja 0 crescimento por meio de desenvolvimento interior. Intuitivo, mas pode ser ~ogmatico e teimoso demais quanta as suas intuic;oes. 4 0 ~: Desejo de poder e lideran~a. Geralmenle sincero e franco, a ponto de ser rude e brusco. Precisa agir de maneira grandiosa. "?? em ~ na 2: Impulso para estabclecer limites e frontciras; precisa de relacionamentos harmoniosos e cooperativos para agir, e buscara exprcs-
na 10: 0 impulso para insights extraordinarios b~usca expressao por mcio de cxperiencias de aprovac;ao social e status. Sujeito a experiencias fora do comum, dramaticas ou sensacionais na carreira; sensac;ao generalizada de fazer parte de um grupo.
0 ~*: Tendcncia a nao ser pratico, "fora de 6rbita", faltando-lhe fmpeto e vitalidade ffsica. Capacidade de compreensao intuitiva, compaixao. Sai facilmente tin caminho por causa de novos fatores.
>&<
~
na 2: 0 impulso para abranger tudo busca expressao em experiCncias de auto-estima e recursos pcssoais. Senso de auto-estima pode ser confundido com senso de busca de padroes inatingfveis, embora estes sejam vagos.
~
*
~oes
~*: Capacidade de auto-sacriffcio, busca intensa de metas e ambifora do comum. Preocupa-se com a explora~ao do seu interior.
~
na 12: Impulso para transfomla~ao total busca expressao por meio de expcricncias de solidao, privac;ao e forc;a interior. Na pralica, enquanto nao ganhar alguma percepc;ao, havera quase que uma compulsao para experimentar esse tipo de restric;ao.
tb na 6: As associac;oes com os outros buscarao exprcssao por meio de trabalho de rotina e portras docemirio, num papel de apoio, nao no principal.
* Estes aspectos [oram interpretados a tftulo de manter completo 0 estudo, mas, de modo geral, os aspectos entre os planetas exteriores nao devem reeebcr tanto peso, uma vez que sao de longa dura'rao, 0 que tambem se aplica aos planet as exteriores nos signos. 0 sextil Netuno-Plutao esta presente em todos os mapas natais, de 1942 ate 0 seculo XXI, e sent, em geral, mais earaeterfstieo do pcrfodo que do indivfduo. Neste mapa, c1e reeebe ceo e apoio poreausado Plutao muito mais pessoal naeasa 12, e podemos supor que Joao tern algum aeesso ao uso pessoal da energia do scxtil.
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Parte 1 - Reexaminando 0 Pape/ da Astr%gia
[\, Q 0: Relacionamentos podem trazer algum tipo de problema. Pode cooperar com facilidade ou, altemativamente, csta scm pre as voltas com os colegas. Pode ser urn senso de superioridade interior.
[\, Q
[\, Q ~: Agradavcl, born amigo e companheiro, mas nao se dispOe a fazcr
5 - Estruturando a /nterpretac;8.o do Mapa
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Asc !::::. 4: Aberto, expansivo, tern interesse nos outros. Generoso com seu tempo e energias. Encontra afinidade com as pcssoas rapidamente.
*
Asc ~: Alta energia, muito ativo, excitavel. Nao percebe muito os outros, e parece urn pouco distante e nao-abordaveL MC U: Percep~ao de si em rela~ao aos outros c de ser 16gico, intelectual, entendido, nao muito emocionaL
muitos esfo~os para manter 0 contato, se os sentimentos nao estiverem presentes. Tende a medir os contatos por seu potencial sexual.
MC ~ 0: Ambicioso, provavclmente muito capaz e habilitado, mas pode ser autocentrado e patemalista. Autopcrce~ao razoavel.
[\, Q 1>: Tende a ser cauteloso e reservado com os outros, mas assumira quaisquer responsabilidades muito a serio quando surgirem. Pode sentir-se deslocado e inferior em grupos.
MC!::::.
[\, !::::. ~: Pode ser vago e idealista com rela~ao a grupos e associa~oes, esperando rnais deles do que the podem dar, levando-o a desapontamentos.
MC ~ ~: Considenivel habilidade social, pode mostrar charme, geralrnente amig:1vcl e sociaveL Po de tender a confiar no channe, ao invcs de se esfor~ar.
[\, ? ~: Carisma, lideran~a inspiradora, pode-se ligar a um modo satisfat6rio e inspirado de vida e apresenta-Io as pessoas em geral.
MC!::::. 1>: Cautc1oso, prefere trabalhar com mctodos e procedimentos bern estabelecidos, consolidando cada passo antes de iradiante. Pode ambicionar o poder e status, embora expcrimente uma boa dose de frustra~ao.
o
na 12: Tendcncia a entrar automaticamente em isolamento e especialmente quando ele e o~odo Norte tcm tantos aspectos diffccis.
introspec~ao,
MC Q ~: Capaz de esfor~o prolong ado e concentrado, mesmo quando muiLo desencorajado. Pode ser um tipo de cruzado.
Asc 11}l: A maneira caracterfstica de se apresentarc modesta, respcitosa, com tendencia a ser crftico de si mesmo e dos outros, caso os pad roes de comportamento nao sejam observados.
~
*
na 2: Auto-estima e a expericncia de ter recursos pessoais dependem de rc1acionamcntos hannoniosos c ambicntc agrad:1vcl. Vcja a posi~ao de Vcnus. ' comunica~ao
Asc 0 : Confian~a, individualismo. Grande necessidade de ser reconhecido e admirado pclos outros. Se a energia exteriorizante deste aspecto for bloqueada, pode haver uma tendcncia 'a autodramatiza~ao passiva, ou seja, doen~as ou melancolia.
lilt na 3: Pensamento e
AscL ~: Tendcncia a ser falador, pode usar palavras como cortina de fuma~a para os sentimentos, ou como arma. Pode ser nervoso, indeciso.
abordagem filos6lica da vida e dependcncia de c6digos de conduta aceitos. Veja a posi~ao de Jupiter.
*
Asc ~: Afetuoso, gracioso, culto. Pode ter inclina~ao para fazer pose, genero. Precisa de atmosfera segura e harmoniosa para sentir-se bern. Asc S if: Dcsejo pro rundo de ir alcm de seus limites reconhecidos, sentindo que tern de fazc-Io por sua conta e apcnas com a for~a de vontade.
influenciada por sentimentos intensos e passionais, gcralmente em nfveis inconscientes. Note a posi~ao de Marte e de Plutao.
it na 4: Senso de seguran~a e identidade pessoal sao mantidos poruma
na 5: Auto-expressao criativa c ajustada para se adcquar as nonnas sociais. Ecalculada e objetiva, nao espontanea. Veja a posic;ao de Satumo.
vj
~
na 6: Ajuste pessoal, trabalho diario e servic;o ao pr6ximo sao reitos a partirda necessidadede agircomo parte de um grupo. Note as posic;ocs de Vrano e de Satumo.
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Parte 1 - Reexaminando
0
Papel da Astrologia
5 - Estruturando a Interpretaqao do Mapa
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)( na 7: Rclacionamentos pessoais sao condicionados pela necessidade de romance, auto-sacriffcio e beleza. Note as posi~oes de Jupiter e de Netuno.
3. Sensa~ao de falta de oportunidades, em grande parte devida 11 necessidade de submeter os sentimentos pessoais ao mores social. Sempre a ambi~ao subjacente e a luta para vencer.
'Y' na 8: A expericncia de profunda partilha de energia com os outros ou de profunda autodescoberta depende da auto-afirma~ao e da a~ao espontaneas. Veja a posi~ao de Marte.
4. Tra~os extremamente brilhantes, originais e magncticos, com um profundo fmpeto de limpar os problemas de sua vida.
na 9: A expericncia de ter uma filosofia funcional de vida, princfpios morais e sabedoria social depende do senso de estabilidade, recursos pessoais e de auto-estima. Observe a posi~ao de Vcnus.
't$
na 11: A expericncia de ser um membro ativo de um grupo e de participar de atividades coletivas depende de sentir-se nutrido e emocionalmente apoiado. Veja a posi~ao da Lua.
$
cS? na 12: Isolamento,
recolhimento, expericncia de frustra~ao ou confinamento tcm a qualidade da autodramatiza~ao e da busca por uma autoexpressao criativa. Note a posi~ao do Sol.
Descobrindo os Temas Temos agora um conjunto bem replcto de informa~oes, fomecido pclo mapa. 0 lei tor vai notar que empregamos um significado do Nodo como sendo 0 impulso para fom1ar rclacionamentos. Alcm disso, com o prop6sito de manter as notas razoavclmente curtas, tratamos todos os aspectos como tendo um mesmo significado, ou seja, consideramos 0 fato de dois planetas estarem em aspecto mais importante do que a natureza do aspecto. 0 significado da natureza do aspccto seria considerado num estagio posterior, se fosse necessario. Desta massa de informa~oes, algumas contradit6rias, emergcm os tcmas b:isicos. Os principais sao: 1. Sentimentos muiLo fortes e passionais, que exigem uma boa dose de seguran~a e apoio nos rclacionamentos fntimos para se cxpressarem. Orgulho ferido, remofdo. 2. Severo senso de limita~ao e de inadequa~ao, com forte tendcncia a mascara-lo sendo solfcito, otimista, cortcs e sociavel, e dando contribui~oes valiosas a aLividades em grupo.
5. Tendcncia marcante a se introverter, aceitando aItemadamente desafios aprescntados pelos relacionamentos e rccusando-os. 6. Disposi~ao para fazer 0 papcl de "vftima", mas com muito ressentimento causado pela inibi~ao de sua expressao pessoal. 7. IdCias e opinioes fortemente sustcntadas, e, as vczes, expressadas com insistcncia, mas nao rapidamcnte. Podc tcr fantasias a rcspcito da raiva. Podemos combinare condcnsaresses temas mais ainda, reunindoos numa s6 frase. Uma pessoa amavcl e expansiva, que precisa de uma boa dose de amor e seguran~a pessoal para se expressar, que nao consegue esse amor e seguran~a por causa de um senso profundamcnte enraizado de falta de valor e de poder. Com a frase global, os temas principais e as no Las comp1ctas, dispomos de um quadro de informa~oes, dentro do qual podcmos comc~ar uma entrevisLa de aconsclhamento com 10ao. A palavra que funciona c dcome~ar". Toda essa informa~ao acima deve ser tratada como se representasse uma posi~ao preliminar, atc que seja valid ada pela pr6pria experiencia de Joao. A sessao c urn emprccndimento conjunto, urn proccsso de descoberta em parcelia. 0 bom aconselhamento nao pode ser feito com 0 ponto de vista do astr6logo que acha que precisa impressionar e espantar o c1iente com a precisao de sua 1citura de mapa. Alguns 1citores podem, de infcio, achar aquela frase an1ea~adora, mas, na verdade, cia toma a vida rt'Iuito mais facil-desde que voccnao parta da posi~ao de "veja como accrto". Atc aqui, nada dissemos sobre 0 papel das tccnicas de previsao nesse ti po de aconselhamento. Como a cnfase est a em fazer 0 c1iente descobrir e experimentaros pad roes do mapa natal, vemosas tccnicas de previsao como mera fonte de infom1a~ao sup1cmentar a esse objetivo. Contudo, elas sao uteis, e antes de lidarmos com os pontos especfficos do aconselhamento, vamos dar uma olhadela no trabalho de previsao.
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De certa fonna, 0 fato de sair de urn contexto onde se cria e se e responsavel pela pr6pria vida, vendo-a toda como uma etema dan~a de processos cria-mantem-destr6i, torna a previsao desnecessaria, ate indesejavel. Como a verdade e que s6 podemos lidar com nossas vidas AGORA, nao hU muita 16gica em especular a respeito do que teremos de enfrentar daqui a seis meses ou urn ano. As tecnicas preditivas fomecern, no entanto, infonna~5es adicionais. 0 que clas apresentam e uma infonna~ao sobre quais areas do mapa e quais temas da vida estarao sendo ativ~dos numa certa epoca. N a maior parte do tempo, estamos tao inconscientes do que esta se passando conosco e tao resisLentes a dar uma boa olhada nisso, que precisamos, na pratica, de toda a orienta~ao externa e seguran~a posslvel. Provavelmente, hU mais confusao sobre 0 usa da previsao do que em qualquer outra area da astrologia. Para encontrar nela algum senLido, precisamos reconhecer que criamos 0 que vai acontecer, tanto quanta criamos 0 que esta acontecendo. Alem disso, 0 que vai acontecer esta
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totalmente sujeito ao contexto global onde lidamos com nossas vidas. Embora possam nao ter colocado as coisas nesses termos, os antigos astr610gos foram, aparentemente, muito mais claros quanta a isso do quemuitosdos astr610gos da atualidade. Os livros mais antigos declaram que nada pode acontecer, se nao estiver mostrado no mapa natal, e enfatizam que a pessoa deve conhecer completamente 0 senti do do mapa natal antes de tentar sequer fazer previsoes. Parece haver urn tipo de tendencia, hoje em dia, de ignorar esta regra basica. Em parte, pode ser devido, cremos, a pressao que os clientes fazem para que Ihes digam quando sua "sorte" ira mudar. Em parte, porque muitos astr610gos - confrontados com a aparente intratabilidade da natureza humana e urn mapa di ffcil- nao sabem como manusca-las, e, compreensivelmente, tentam confortar seus clientes, tratando 10ngamente dos transitos e progressoes com aparencia mais positiva. Nao estamos afirmando que isto seja necessariamente errado. Se urn clienteesta num espa~o onde s6 pode ouvir- ganhando seguran~a - que as coisas vao melhorar dentro de alguns meses, quando Jupiter fizer urn trfgono ao Sol, seria cruel omitir essa infonna~ao. Afinal, islo pode ajuda-l0 a encarar 0 fUluro pr6ximo com mais confian~a do que se nao a tivesse. Alguem nos conlou, certa vez, como e a maneira pela qual esse tipo de previsao se da. "Voce nao acredita de verdade ncIa e cIa nao se confirma, mas, pelo menos, faz voce senlir-se melhor na hora!" Fazer esse tipo de coisa e, em termos da AT, uma transa~ao Pai Educador para Crian~a. Equivale a dizer para uma criancinha: "Nao se preocupe, voce vai-se sentirmelhorde manha". Se cIa acreditaem voce, cIa podera realmente sentir-se mcIhor. Mesmo que cIa nao acred ite, 0 mero fato de voce compreende-Ia e se preocupar com cIa a ponto de querer que se sinta melhor, trara algum efeito positivo. No caso do rc1acionamento astr610go-cliente, e altamente improvavcl que 0 astr610go tenha algo parecido com 0 poder de sugestao de que dispoe urn progenitor de verdade, lidando com urn filho de verdade. Contudo, algumaquantidade deamore aten~ao podesertransmitida ao cliente. Se e tudo 0 que pode ser feito, e bern melhor que 0 clienle saia sentindo-se urn pouquinho confortado, do que nada confortado. Ha dois problemas com esse tipo de transa~ao . A primeira, e pior, e que 0 cliente nao tern muitos beneffcios, e, mesmo assim , nao em carater pennanenle. 0 segundo problema e que, geralmente, 0 conforto e falso, pois 0 pr6prio astr610go nao acredita em previsoes e pode estar tao preocupado em mimar sua pr6pria Crian~a assustada quanta a do
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cliente. A coisa toda c como assobiar para manter-se alegre - se funciona, nao deve ser desprezada! Alguns astr610gos de inclina~ao cientffica argumentariam dizendo que este efeito placebo nao e valido, e que nao tern nada a ver com a astrologia. Com certeza, nao e urn uso muito nobre, ou, a Ion go prazo, muito eficiente da astrologia, mas 0 que vale a pena defender aqui e que e mais importante urn cliente levar algum beneffcio de uma sessao do que analisannos se os seus problemas devem ser enquadrados num conjunto de princfpios te6ricos. Obviamcnte, porem, 0 tipo de cliente que descrevemos nao seria urn candidato adequado para a tecnica de aconselhamento de que este livro esta tratando. Uma pessoa assim esta completamente presa a seu rotciro, e nao tern sequer 0 espa~o para come~ar a levar em considera~ao 0 fato de que existe urn roteiro. Na verdade, e muito facil preyer 0 futuro, quando voce conhece 0 roteiro da pessoa. 0 futuro sera mais e mais daquilo que a pessoa foi no passado, com varia~oes superficiais. Mas quem quer dizer isso a urn cliente, ou encarar essa realidade em sua pr6pria vida? A area de previsoes e muito cheia de truques. As pessoas estao muito condicionadas a pcnsar em previsao como algo fatalista, e a mente, 0 macaco scm pre ativo, adora se agarrar as previsoes como urn modo de justificar a falta de responsabilidade. Isso se aplica tanto para as previsoes positivas, como para as negalivas. Minha experiencia com clientes mostra que, se cles chegam a estar abertos a essa abordagem, c relativamente facil leva-los a aceitar a responsabiJidade pcIo modo como sao agora. Conludo, logo que pcnsam no futuro, voltam para 0 "alguma coisa 1:1 fora esta fazendo isso comigo". Na verdade, esse deslizamento e incentivado pela maneira como os astr610gos costumam usar as tecnicas de predi~ao. Mesmo aqueles com orienta~ao psicol6gica tendem a relacionar predi~oes a eventos. Ou entao, caso nao falem de evenlos, falam, em tennos gerais, de perfodos de estresse, ou de restri~ao, ou de expansao, ou de algum planela sendo ativado. Alguns usam expressoes como "daqui a uns lres meses, seu processo de crescimento pedira urn perfodo de intensa alividade". E 0 cliente pensa, "oh, meu Deus, ate meu processo de crescimento est:1 aprontando comigo". Transitos, progressoes, dire~oes em arco solar, etc., podem ser uteis como indicadores daquilo que os psic610gos cham am de processo de crescimento. Eles s6 exislem no tempo, ou, pelo menos, dependem do tempo para que se manifestem. 0 mapa natal costuma ser chamado
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de foto instantanea de urn dado momenta do tempo. Parece plausfvel, mas, se analisado mais de perLO, nao faz sentido. Tempo scm mudan~a nao tern significado; assim, evidentemente, 0 mapa natal-ou 0 contexto total representado porele-existe fora do tempo. (Obviamente, qualquer representa~ao ffsica do mapa natal existe no tempo e esta sujeito a mudan~as, mesmo que as mfnimas e lentas altera~oes da tinta e do papel.) Seria perfeitamente possfvel, embora extremamente entediante, fazer uma lista de todos os possfveis transitos, progressoes, dire~oes de arco solar e assim por diante, desde 0 nascimento atc uma data alcm da prov:1vel morte. Elas tampouco mudam, e assim, de certa fomla, tambcm existcm fora do tempo. Sugerimos, num capftulo anterior, que seria util pensar no mapa natal como urn padrao que a pessoa escolhe com entusiasmo antes de nascer e, natural mente, 0 padrao tambcm contcm todos os elementos "preditivos". o futuro c tao parte do contexto total de nossas vidas quanta 0 passado e 0 presente.:E como se a vida de cada pessoa fosse uma unidade tctradimensional compIcta, e tivesse de ser imersa no espa~o-lempo para funcionar. A analogia com pe~a de teatro pode ser novamenle uti\, Podemos consideraruma pe~a, que conhecemos bern, como urn todo. 0 final e todos os eventos intemlediarios de Hamlet est50 implfcitos nas palavras iniciais, mas a pe~a em si necessita de duas ou tres horas e de urn certo espa~o para ser encenada. A grande dificuldade em falar sobre isso C, naturalmente, que s6 podemos faze-lo dentro do espa~o-tempo. Tenho de usar pensamentos lineares e pad roes de palavras, para que 0 processo todo de a no~ao de estar limitado pelo tempo. 0 modo como descrevemos a escolha de nossas vidas antes de nascer, com todos os eventos e desdobramenlOS implfcitos, soa fatalista. Mas isto se deve total mente as limita~oes da linguagem restrita pelo tempo. Parece, apenas, que escolhemos 0 rotciro antes de nascer. Na verdade, n6s 0 escolhemos AGORA. A escolha esta-se dando compulsivamente, fora do tempo e espa~o de AGORA. E eAGORA que temos a oportunidade de reconhecer a escolha, de assumir responsabilidades por ela e de estamlOS dispostos a abrir mao dela e, assim, de criar a possibilidade de escolher alguma coisa diferente do mais e mais daquilo que tivemos no pass ado. A premissa subjacente de toda (pelo que sabemos) predi<;ao astrol6gica eque ha urn universo objetivo, separado de n6s, e que eIc faz coisas conosco. EIc nos recompensa, pune ou despreza, as vezes como
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resultado aparentemente l6gico de nossas a~oes, as vezes de maneira aparentemente arbitraria. Ao mesmo tempo, ha a no~ao (nem sempre com clareza expressada) de que, se sabemos de antemao 0 que 0 universo ira fazer conosco, podemos - de algum modo - usar suas maquina~oes em nosso beneffcio, ou, pelo menos, suportar filosoficamente os choques que chegarem. Se falamlos em termos do desenvolvimento de urn processo de crescimento, nao alteraremos de fato esse quadro. Soa mais digno e humano, mas 0 poder de nossas vidas fica agora nas maos do processo de crescimento. Parece mais elcvado dizer que nosso processo de crescimento pede urn perfodo de restri~ao, do que falar de Satumo pondo-nos diante de urn verdadeiro inferno; mas, ao faze-Io, estamos criando urn monstro Frankenstein. Podemos ve-Io criado, mas ele agora c uma fOri a descontrolada e asolta. Nao ficaremos nem urn pouco melhor do que com a visao - obviamente mais ingenua - de que Satumo la em cima esta com seu olho anc1ado posto em n6s, e que c melhor tomamlOS cuidado. Quanto a assumimlos a responsabilidade por nossas vidas para podemlos recria-la conscientemente, 0 usa atual das previsoes astrol6gicas e enganador, desorientador e atc opressivo, pois refor~a a cren~a em, e a dependencia de, algum poderou processo exterior. Como vimos, 0 mapa natal contem certos potenciais que, "eventualmente", iran se manifestar no mundo do espa~o-tempo. Esses potenciais sao indicados pelas tccnicas familiares de previsao, e a previsao praticada hoje em dia consiste em usar 0 conhecimento dos potenciais de tempo do mapa para especular sobre 0 futuro, as vezes acertadamente, as vezes nao, de mancira a atrair a mente do macaco e desviar a aten~ao do AGORA, com seu potencial de libcrta~ao. Ao dizer isto, nao queremos que pensem que se trata de um ataque a astr610gos que fazem previsoes- uma categoria que inc1ui muita gente que merece meu maior respeito e afeto. 0 que estamos dizendo c que, se queremos usar a astrologia como ferramenta para liberta~ao e ilumina~ao, nao podemos, logicamente, usar a predi~ao como fOmla especulativa do futuro. Como dissemos no infcio deste capitulo, ha outros usos da astrologia, que tambem sao validos em seus pr6prios temlos, nos quais cabe a predi~ao. Na verdade, e uma quesUIo de ter clareza sobre a maneira como voce usa a astrologia, e sobre 0 que e apropriado. Nada poderia ser menos apropriado que empurrar a ideia de ser responsavel pcla pr6pria vida pela garganta de um cliente que nao esta no ponto de se dispor a
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lidar com essa premissa, e que experimentanl sua insistencia no assunto como uma fria rejei~ao das suas necessidades e problemas. Alinal, voce criou aquele cliente na sua experiencia, e cabe a voce fazer 0 que deve ser feito para beneficia-Io. Se 0 que precisa ser fcito 6 fazer previsoes, que seja. Havera uso, na astrologia que poderfamos chamar"da transfonna~ao", para os potenciais de tempo do mapa? Ha, mas 6 urn uso muito menos importante do que 0 que tern na tradicional astrologia orientada para eventos, ou na astrologia humanista, orientada para processos de crescimento. Criamos, constantemente, oportunidades para nos tomarmos conscientes e responsavcis pelos contextos nos quais vivemos nossas vidas, e podemos usar transitos, progressoes e dire~oes de arco solar para tomar mais clara a natureza das oportunidades que estamos criando. Como dissemos, se pud6ssemos sair consistentemente de uma experiencia clara de responsabilidade par nossas vidas, nao seria preciso usar esses indicadores de potencial de tempo dessa maneira. Tampouco seria necessario fazer a amHise astrol6gica basica. Do modo como 6, com a mente gerando tanta confusao e resistencia ao insisti r em que tern razao e que deve se ater ao roteiro original, podemos usar todos os recursos que pudennos obter em beneflcio da clareza. Antes de usar os indicadores de potencial de tempo-urn tenno que empregamos para nao falar em "t6cnicas de previsao" - eessencial ter uma compreensao clara dos temas basicos da vida, tais como exibidos pelo mapa natal e esclarecidos durante a intera~ao com 0 cliente. Este vira sempre com urn tema que 6 a manifesta~ao especflica do contexto generalizado e que constitui uma oportunidade para ele ter mais clareza, quer da manifesta~ao especffica em si, quer do contexto geral subjacente. 0 cIiente pode nao saber (na verdade, geralmente nao sabe) qual 6 0 tema, e urn dos principais objetivos da sessao 6 identifica10, como veremos depoisnos capftulos sobre aconsclhamento. As vezes, os transitos atuais podem indicar nitidamente esse tema. Urn exemplo disso 60 deuma pessoa com Sol em Aries, Marte em conjun~ao com Satumo em Leao, Jupiter em sesquiquadratura ao Sol e Venusem Touro opondo-se aLua. Na sessao, licou claro que 0 principal tema especflico era urn anseio material compulsivo, fortalecido pelo medo da pobreza e de perder todos os recursos de que dispunha. Isso foi estabelecido totalmente a partir do mapa natal, em especial dos significadores que mencionamos. Uma vez que isto ficou claro e 0 cliente estava a ponto de se dispor a aceitar e ser responsavcl por esse
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padrao de anseio e medo, seria utH olhar para os transitos do momenta para ter mais infonna~oes. Eram: Plutrro-T em quinconcio a Venus, Netuno-T em quinconcio a Venus, Jupiter-T em oposi~ao ao Sol e Satumo-T em oposi~ao ao Sol. E1cs poderiam ser interpretados como: auto-estima, recursos interiores, apoio dado e recebido e senso basico de identidade (Venus em oposi~ao a Lua) sendo submetidos a urn impulso de reavaIia~ao total (Plutrro), e muitos medos vagos, confusao e incerteza (Netuno). Ao mesmo tempo, 0 senti do central de quererestar presente no mundo (Sol) estava sendo estimulado por impulsos tanto para crescimento e assimila~ao (Jupiter), como por forte senso de Iimita~oes aparentemente necessarias (Satumo). Esta infonna~ao adicional pem1itiu ao cliente que entrasse em contato com (e esclarecesse) os sentimentos que tinha quanta a esses temas. Este exemplo 6 urn pouco incomum, pois os transitos e outros indicadores de tempo nem sempre mostram 0 assunto especflico tao claramente como fizeram neste caso. Vejo 0 usa de indicadores de tempo como tendo urn duplo valor. Primeiro, eles podem dar mais clareza ao que esta acontecendo; segundo, cles confinnan1 0 que eSla se passando . Da ao cliente a seguran~a de saber que sua posi~ao e os sentimentos que cle esta experimentando sao, de fato, exatamente a posi~ao e os sentimentos que deveria estar experimentando; assim, cIe pode confronta-Ios e deixar que sejam processados. A diferen~a entre isto e dizer que tudo [az parte do processo de crescimento 6 sutil mas crucial, pois se enfatiza a responsabilidade do cliente em criar as circunstancias atuais, bem como 0 padrao geral da vida. Fica ainda a questao de saber se 6 valida dar infonna~oes antes da hora. Cremos que a resposta depende de cada cIienle. Se elc 6 daqucles que seguem algum programa psico16gico ou espirilual e realmenle lem a inten~ao de ser responsavel por sua vida, pode ser ulil dar alguns indicadores gerais sobre os assuntos que entrarao em deslaque em perfodos fuluros. Deste modo, 0 c1iente lem infonna~oes que pode usar na hora que os transilos, etc. eSliverem tendo efeilo em sua vida. Em outras palavras, a pessoa pode dizer algo como, "daqui a tres mescs, lal e tal assunlo tera algum lipo de deslaque. Se voce observar 0 que eSliver aconlecendo entrro com voce, aluz desta infonna~ao, vera que cIa pode ajuda-lo a entender mclhor a questrro". Mas mesmo se colocamos as coisas desta [onna, estamos fazendo urn convile amenle-macaco. Se cIa puder nos persuadir a jogar alguma coisa para 0 fUluro, cIa 0 fara. Em
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qualquer tipo de previsao, e grande a tenta~ao de pensar em termos de nos reservarmos para quando 0 transito chegar, 0 que nos distrai daquilo que precisamos fazer AGORA. o que temos feito, no momento, Cnao fornecer voluntariamente informa~oes sobre tendencias futuras. Como 0 objetivo da sessao C ajudar 0 cliente a chegar a urn lugar onde pode criar seu pr6prio futuro, nao sera util falar do futuro como se este tivesse algo "reservado" para o cliente. Se elc pede especificamente alguma informa~ao sobre tendencias futuras, devemos tentar desencoraja-lo, chamando a aten~ao para 0 fato de que e a mente que quer saber, nao 0 Eu Real. Ha duas exce~oes principais a esta regra. Uma C 0 caso mencionado antes, quando acreditamos que ter a informa~ao vai ajudar 0 cliente a assumir a responsabilidade por sua vida nessas datas futuras. 0 outro C aquele em que 0 cliente esta prestes a come~ar uma nova empreitada, e esta preocupado ou ansioso quanta a cla. A regra central C, ainda, sempre identificar primei ro os pad roes de roteiro e avaliar a em prei tada sob esse prisma. Mas, se havera importantes indicadores de potencial de tempo em a~ao naepocada empreitada, 0 fato de teras infomla~oes de antemao pode, uma vez mais, ajudar 0 cliente a ter clareza e a assumir a responsabilidade por aquilo que acontecer, quando chegar a hora. Ha uma terceira exce~ao; as vezes, fornecemos informa~oes sobre o futuro se parece intuitivamente correto faze-Io, dentro do contexto geral da sessao. Cada sessao e individual, e nao podemos nos restringir totalmente por conta de regras gerais. Normalmente, porcm, procuramos lcvar a sessao scm falar em futuro. Dc qualquermodo, e diffcil fazerprevisoes em temlOS especfficos. As vezes, transitos importantes, arcos solares ou progressoes podem passar scm ter qualquer efcito visfvel, quer intemo, quer externo. Noutras ocasioes, dao-se eventos importantes sem qualquer correla~ao astro16gica aparente. No primeiro caso, pode-se suporque a pessoa esta tao despreparada para lidar com os assuntos indicados que, aparentemente, eles nem se ativaram . Tivemos urn caso em que uma indica~ao forte!-em teoria - Sol progredido em conjun~ao com Marte -, passou, scm que houvesse qualquer manifesta~ao detectavel. Havia urn roteiro blisico muito forte de introspec~ao e de passividade, que estava bern atuante na vida do cliente naquela ocasiao. No segundo caso, pode-se, quase sempre, encontrar uma correla~ao astro16gica ap6s ocorrer 0 evento, se procurar bastante. Mas nao e 0 tipo de fato pelo qual se procuraria anLes do evento. Urn caso que nos vern a mente code urn
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homem que, de repente, fez uma mudan~a drastica em todas as areas de sua vida. Abandonou seu casamento, famflia, profissao e pais de origem, para viver, em circunstancias rclativamenLe reduzidas, com uma mulher por quem se apaixonara. 0 tinico indicador para tudo isso era que 0 Sol progredido esLava em conjun~ao com 0 ponto medio de MarteIU rano. Esta configura~ao seria, de fato, apropriada para 0 even to, mas poucos aSLr610gos the teriam dado aten~ao numa avalia~ao roLincira de previsoes. Assumir responsabilidade pela pr6pria vida e, portanto, estar disposto a complctar os ciclos cria-mantcm-destr6i, real e Iiteralmente destr6i uma parte do roteiro, nao importa quaD pequena. Se iSlO acontece durante a sessao de aconsclhamento - e c essa nossa inten~ao - 0 cliente nao e mais 0 mesmo depois, liLeralmente. Ele tera ganhado alguma dose de liberdade do roteiro. Pode ser uma pcquena quantidade, a ser imaginada como a cabe~a de urn alfinete, se com parada com 0 mecanismo do roteiro como urn todo, mas esta la, e a estruLura do roteiro foi enfraquecida. A probabilidade C, portanto, de que ele nao reaja aos indicadores de pOLencialde Lempodamesma fonnaquefaria, seasessao nao tivesse acontecido. Isto, novamente, torna qualquer forma de previsao perigosa. Quanto mais bern feito 0 seu trabalho, maior a probabilidade de 0 cliente "usar" 0 mapa de maneiras diferentes, que nao aparecerao durante algum tempo. Assim, a base sobre a qual voce [aria previs6es teria mudado, de maneiras que voce nao poderia saber durante a sessao. Em suma, minha opiniao acerca do valor dos indicadores de potencial de tempo c que, se urn cliente tern uma dose razoavcl de clareza a respeito de seus padr6es de roteiro, os indicadores nao serao realmente necessarios. Eles podem, contudo, ser titeis para 0 cliente, caso sejam usados no tempo presente para se obLer mais clareza quanta ao que esta acontecendo na ocasiao e para associar esses fatos aos padr6es de roteiro, tornando-se, com isso, mais consciente das ramifica~6es e sutilezas dos padr6es de roteiro. Dos tres tipos de indicadores de tempo que mencionamos, os transitos nos parecem ser 0 que funciona de modo mais consistenle e claro, com as dire~6es de arco solar num born segundo lugar, e as progress6es secundarias num terceiro, rclativamente pobre. Ate bern recentemente, calcuhlvamos todos os transitos, arcos solares e progress6es secundarias para 0 dia da sessao, atentos nao apenas aos aspectos maiores, como tam bern a semiquadraturas, sesquiquadraturas e
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quinconcios. Nossa pnltica atual ea de observar apenas os transitos, mas prestando tam bern atenr;ao aos aspectos menores fortes. A razao para usar transitos eapenas pragm<1tica; eles fomecem toda a informar;ao de que, provavelmente, iremos necessitar na pratica. Calcular arcos solares e progressoes secundarias da muito mais trabalho, sem muito resuItado extra. (Se voce tern urn computador ou usa os servir;os de urn, e 6bvio que esta observar;ao nao se aplica tanto.) Ao interpretar transitos - ou entao, direr;oes de arco solar e progressoes - , atribufmos a maior importiincia ao planeta que esta sendo aspectado no mapa natal. Fazendo assim, fica mais facil verquais os padroes de roteiro que estao sendo confrontados. Naturalmente, 0 planeta aspectante e a natureza do aspecto fazem diferenr;a quanta ao modo como 0 assunto natal e ativado, mas 0 que e uti! ea oportunidade de se perceberem os itens basicos envolvidos. Assim, se Venus cst:! sendo aspectado, 0 valor esta em se tomar mais consciente dos padroes e sistemas de crenr;a que envolvem 0 amor eo valor pessoal. o fato de Venus estar sen do ativado porum trfgono de Jupiter, ou por uma conjunr;ao com Satumo, e, neste ponto de vista, muito menos importante. Dc novo, ao falar desta maneira, estamos esbarrando numa dificuldade de 1inguagem. E diffcil evitar a impressao de que algum efeito extemo estava estimulando 0 item basico. Emais preciso e util dizerque o planeta natal, 0 planeta aspectante e a natureza do aspecto de transito mostram 0 ilem basicoeo modo pclo qual estamosescolhendomanifesla10 e confronla-10. 0 planela transitante e a nalureza de seu aspeclo podem servislOs como aroupaou disfarcequeoitem basico eSla usando naquele momento. As vezes, como no exemplo dado anleriormente, 0 mesmo tema aparece com dois disfarces simultaneos. Aqui, Venus estava sendo aspectado por Netuno e P]utao - ambos, planetas cuja ar;ao raramenle fica clara para a mente racional -, e ambos estavam fazendo um quinconcio, aspecto que, em si, tern a natureza incomoda e dissolvedora. Esta e sua situar;ao extremamente complexa, que s6 pode ser enfrentada indo raiz do problema, notando que, neste caso especffico, os assunlos referentes ao amor e aauto-estima estariam prestes a ser confrontados. Considerar;oes similares se aplicam ao transito simuItiineo sobre 0 Sol, por Jupiter e Satumo. E preciso ainda levar em conta a condir;ao lotal do planeta nalal. No caso, Venus eslaem Touro enacasa 9, em semiquadralura com 0 Sol
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e em oposir;ao aLua. Assim, nao e s6 Venus que esta sendo ativado, mas todo esse conjunto. Esta e, novamente, outra razao pela qual precisamos fazer uma analise natal completa antes de avaliar os potenciais de tempo. Ha muitos livros excelcntes que delineiam os efeitos provaveis dos triinsitos, mas eles devem ser usados considerando-se a condir;ao global do planela. Por exemplo, Marte em triinsito em conjunr;ao aLua ira, muito provavclmente, correspondera sentimentos de raiva, irritar;ao e separar;ao dos oulros. Os itens basicos subjacentes a tais scntimentos serao, contudo, muiLo diferentes quando Marte transitarnum mapa com, digamos, a Lua em Aries na casa 7 e em quadratura a Urano, do que quando Marte transitar uma Lua em Touro na 12, em quadralura a Satur;no. A questao relaliva adurar;ao de urn transito, direr;ao de arco solar ou progressao secundaria nao e facil. Alguns autores defendem 0 uso de um orbe de 1° antes e depois do triinsito serexato. Outros reduzem este numero para 1/2°; outros, especialmente Eberlin, dizem que 0 ponlo de exatidao marca 0 final efetivo do triinsito, e que este s6 deve ser considerado pclo tempo que 0 planela leva para atravessar 1° ate chegar ao aspeclo exato. Se estamos falando de eventos, estas regras sao apropriadas. Urn indicador de potencial de tempo agita os tcmas mostrados pclo conjunto planetario natal, e essa atividade pode, ou nao, se manifeslar como um evento extemo. Se assim se der, e mais provavcl que 0 far;a quando 0 aspecto ficarexato, ou eslivermuito pr6ximo disso. Conludo, ha excer;oes. Aspectos que envoI vern Satumo, seja como pI aneta aspcclanle, seja 0 nalal, tendem a produzir urn efeito apropriado algum lempo anles do momenlo exato. Esse e um fenomeno bcm identificado. Menos reconhecido e 0 [ato do lransito de Plutao aparentemente produzirum evento bcm antes do que seria de se espcrar - a uns 3° ou mais do ponto exalo. Falando genericamente, porem, os orbcs pcquenos devem ser aplicados. Nossa tendencia pessoal e usar a regra de ±lho para lriinsitos e ± 5' para direr;oes de arco solare progressoes sccundarias. Poralgum mOlivo, as dircr;oes de areo solar pareccm ser os indicadores que produzirao, com maior probabilidade, um evento concreto, e 0 fazem denlro de um pcrfodo de cerca de uma semana em cada lado do ponLO exalo. Por este mOlivo, 0 metoda euma ferran1enla uti! para a retificar;ao de mapas. Algumas pessoas parecem muito mais propensas a manifestar;ao dos evenlos sugeridos pe10s indicadores de lempo do que outras. E
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diffcil dizer qual seria a razao para isso, mas cIa parece, ao menos em parte, relacionar-se a tendencia das pes so as a se dividirem em dois grupos. Ha aquc1as que se identificam melhor com seus proccssos mentais, e as que se identificam mc1hor com seus sentimentos. As pessoas com afinidade mental mostram menortendencia a tais eventos. As que se identificam com os sentimentos, precisam de bastante drama em suas vidas, e, com isso, estITo mais inc1inadas a criar muitos eventos. Uma pessoa com forte identifica~ao mental, pode passar anos scm vcr a manifesta~ao de eventos importantes com conseqOencia pessoal. Uma pessoa muito identificada com sentimentos, por outro lado, tera um estilo de vida qlJe consiste em pular de uma crise pessoal e dramatica para outra. Para fazer com que a pessoa usc 0 que esta acontecendo para vcr com clareza os padroes de roteiro, nao cmuito importante haver ou nao um evenlO, desde que haja alguns sentimentos e atitudes razoavclmente fortes com que se defrontar. Pode ser mais diffcil defronta-Ios quando ha um evento, por causa da necessidade de lidar com as conseqOencias ffsicas do evento. Em parte por este motivo, e em parte para se dar 0 maximo tempo posslvel para vera que esta acontecendo, parece sensato usar um orbe para transitos que os colocam numa escala de tempo com parada com as progressoes e dire~oes de arco solar. Arcos solares se movem arazao aproximada de 10 = 1 ano. As progressoes dependem da velocidade do planeta progredido, e podem variar de 10 = 9 meses, para Mercurio, a ate 10 = 2 anos, para Marte. Para a Lua progredida, naturalmente, 10 = 1 mes, aproximadamente. Em seulivroTransitos,O tempo da sua vida, BeLLyLundsteddefende o uso de um orbe aplicativo de 10° para cada planeta transitante. Tal ideia me paI-eceu espantosa, de irucio, mas, depois que a apliquei, come~ou a fazer muito sentido. E especialmente aplicavcl a transitos de Marte e Jupiter, que, se usados orbes pequenos, estao praticamente acabando antes de voce saber 0 que esta acontecendo. 0 usa de um orbe de 10° significa, naturalmente, que pode haverum monte de aspectos transitantes ao mesmo tempo,o que pode criar confusao. Vejo que 0 melhor nao e olhar para 0 aspecto e depois tentar identificar os sentimentos e atitudes, mas fazer 0 conti1rio. Isto e, comece com 0 que voce esta experimentando eveja quais planetas transitantes num orbe de 10° de um aspecto maior, podem lan~ar alguma luz e c1areza asua experiencia. Isso c bastante proveitoso quanta ao seu proprio mapa. Ao analisaros trdnsitos para uma sessao aqui-e-agora com um cliente, porem, usa orbes de 5°, dirigidos aos aspectos maio res, e de 2° para os menores.
6 - Previsao: Indicadores Potenciais de Tempo
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A maioria dos autores presume que 0 efeito de um transito, arco solar ou progressao termina quando 0 aspecto fica exato, ou pouco depois. Em termos da probabilidade de se produzir um evento, isso e valido. Mas 0 modo como estamos sugerindo encararos indicadores de potencial de tempo nao eve-los como algo que adiciona qualquer coisa avida, mas como revel adores da estrutura subjacente que ja estava hi. Se a pessoa se conscicntiza de um padrao de roteiro importante e 0 confronta sob 0 efeito de, digamos, um transito especffico, a explora~ao e confronta~ao daquele assunto pode continuar por um born tempo depoisdeo transito teracabadoem termos astronomicos. Alinal, se voce tem estado meio inconscienle de algum padrao de sua vida por trinta ou quarenta anos, e bem improvavcl que ele seja resolvido e aclarado no perfodo relativamente curto de um transito. Dc fato: se a pessoa lida inteligentemente com um transito, arco solar ou progressao, temos a impressao de que 0 ponto exato coincide com a maxima conscientiza~ao do assunto que cIa pode atingir, em fun~ao do seu nlvcl geral de autopercep~ao.
Neste sentido, 0 efeito de um indicadorde potencial de tempo nao acaba senao quando se permitiu que 0 referido assunto do roteiro pode encaminhar-se para a destrui~ao . 0 que acontece e que 0 assunlo deixa de ser enfatizado, nao sendo mais proeminente em sua vida, e, se tiver sido tratado adequadamente, pode-se tomar apenas um item nom1al.
7 Estrutura do Aconselhamento
Temos agora os prineipais remas da vida colocados como proposimples, e podemos ter tambem uma estrutura metafisica, dentro da qual a informa~ao pode serusada de maneira pnitica. 0 prop6sito da sessao de aconselhamento e fazer com que 0 cliente identifique esses tern as, dcixando-lhe claro quais destes tern 0 status de contexto, e lcvando-o a querer defrontar-se com os temas a partir do contexto b:1sico de ser responsavel por eles. Note, em especial, que dissemos urn "contexto" basico, nao uma posi~ao . A posi~ao e uma condi~ao, criada pc1a mente, na qual 0 cliente acredita em responsabilidade, concord a ou discorda dela ou espera que funcione. 0 contexto, por outro lado, e uma fun~ao do Eu Real. Ele e superior a, e inclui todas as cren~as, acordos ,e desacordos e esperan~as. Assim, tam bern podemos dizer que 0 prop6sito da sessao de aconselhamento e ajudaro cliente a entrarem contato com seu Eu Real. Como visto no capitulo anterior, 0 cliente sempre vern com urn tema principal, quer esteja consciente disso ou nao, e que pode ou nao estar indicado pclos transitos e progress5es atuais. Em nossa opiniao, 0 si~5es
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principal objelivo da sessao e fazer com que 0 cliente entre em contalo com seu Eu Real em re/aqao a esse tema principal. Se ele experimentar seu pr6prio poder, entao, estara finnemente enraizado e canalizado, relacionando-se com um padrao nftido de sua vida pratica, cotidiana. Parle da informa~ao disponfvel no mapa natal estara diretamente rclacionada com 0 tema principal, mas boa parte dela nao eSlara. Porlanto, fazemos distin~ao entre dois usos da infonna~ao do mapa. 0 primeiro consisle em ajudar 0 clienle a ter uma expericncia de miniilumina~ao quanlo ao seu tema principal. 0 segundo e dar-Ihe urn material que possa usar mais tarde, por conta pr6pria. Coslumamos fazer a grava~ao da sessao em fita, para que a informa~ao fique permanenlemenle disponfvel para 0 cliente. A maioria das sessoes e fomlada por lres fases . Ha uma apresenta~ao preliminar, moslrando as no<;oes da cria<;ao da nossa realidade, 0 que fomla a estrulura basica da sessao. Depois, ha 0 lrabalho com os lemas principais, para descobrir quais deles sao contexluais e para levar 0 cliente a um ponto de clareza acerca do que elc eSla fazendo com sua vida. Esta segunda fase cOSluma ser uma inlera~ao concenlrada e inlensa, pois deve ser lcvada a cabo conlra a resiSlencia da menle do macaco. Essa parte pode ser descrita assim: como usar a informa~ao do mapa para martelar a mente ale que alguma coi sa quebre, e 0 macaco largue a noz, mesmo que por alguns segundos. Quando se chega ao ponlo declareza, isto e tudo 0 que se pode fazer em lemlOS de afrouxar 0 aperto do roteiro, pclo menos no caso da sessao unica. A terceira fase e geralmente mais lranqiiila, e e uma transmissao de infomla~ao mais ou menos objetiva, para regislro e para uso fUluro. Aproximadamente noventa e cinco por cenlo das entrcvistas seguem este padrao, mas h:1 algumas que nao lcm a lerccira fase, a de lransmissao de infomla<;ao. Islo ocorrcquando se leva lanto tempo para chegar ao ponto de clareza contra a rcsislencia da menle, que nao resta tempo ou energia para fazer qualquer coisa. Algumas entrevistas nao cheganl nem ao ponto de clarcza, mas sao raras. Se esla claro para voce 0 que a menle do macaco de seu clienle pode fazer, tudo 0 quecostuma serprcciso paraquecle tenha clareza e bastante pcrsislencia e adesao ao assunto. Vamos analisar essas lres fases com mais detalhe. A primeira e a cria~ao da estrulura de lrabalho, e ha tres ponlos que devem ser eSlabelecidos. Os do is principais sao 0 ciclo cria-mantem-deslr6i, com enfase no fato de a mente procurar apegar-se a fase do "manlcm" e na ideia de que tudo na vidaesta ali intencionalmentc. 0 tercciro ponlo, que
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costuma serutil paraestabcleccros dois primeiros, e aideiade que a vida e como uma pe~a em que 0 Eu Real decidiu estrelar - e ficou identificado com 0 papel que representa. o modo funcional de apresentar essas ideias e fazer com que elas sejam as regras dojogo que voce e 0 cliente vao jogarnas pr6ximas duas horas. Nao the pe~a que acredite nelas, ou que se atenha a elas alem do tempo da entrevista. 0 objetivo e trata-las como hip6tese cientffica, e ver qual 0 valor de presumi-Ias verdadeiras. Com a pratica, todos acabam desenvolvendo seu pr6prio modo de fazcr a apresenta~ao inicial. Geralmente, come~amos perguntando a pessoa se ela esta disposta, durante as pr6ximas duas horas, a aceitar a hip6tese de que, em algum nfvel, ela e a responsavel pcla cria~ao da sua pr6pria realidade. Quando voce come~a a trabalhar desla maneira, os clientes tendem a ser auto-sclelivos, no sentido de que estao abertos a tal abordagem, e faz ja muito tcmpo que algum cliente me disse "nao" a esta pergunta. As vezes, colocamo-Ia como afirma<;ao, ao inves de questao, e dizemos algo como, "nas pr6ximas duas horas, quero que partamos da premissa de que existe urn nfvel em que, real e Iiteralmente, criamos nossa realidade pessoal". Entao, scm dar lempo para 0 cIiente reagir de alguma fonna, falamos de como n6s nos apeganlos a certas maneiras de ser no mundo, que seriam mecanismos de sobrevivencia adotados dcsde 0 infcio da infancia. Passamos a explicar que essas decisoes ou escolhas da infancia se tomam inconscientes, mas continuanl a controlar nossas vidas - com mais for~a ainda, na verdade, porque estao agora inconscientes. Nesle ponto, descrevemos 0 ciclo cria-mantem-deslr6i. Mostramos que os problemas sao processos "emperrados" na fase de manu ten<;ao do cicIo, e que eles podem ser liberados quando ficam claros e quando assumimos responsabilidades por eles. Trazemos a baila a analogi a do macaco que esta preso porque nao solta as nozes. E uma imagem forte, com a qual a maioria das pessoas se idenlifica, e sera util tennos a mel:ifora do macaco amao, quando estiveml0s na segunda fase da sessao. Neste ponto, posso lrazer atona a ideia de escolhennos nossas vidas antes do nascimento, ou podemos reserva-la para a segunda fase, como maneira de refor~ar 0 que esLiver acontecendo entao. Apesar de as pessoas poderem ter pouca familiaridade com essas idcias, descobrinnos que a sua apresenta~ao e muito menos diffcil do que se pode imaginar. Costumamos descobrir se elas nao vao ser aceitas na conversa preliminar. Basicamente, ou a pessoa esta interessada numa
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abordagem em profundidade, ou n11o. Quase scm pre, percebemos que, se 0 cliente eSla dispOSlO a dar uma olhadela urn lanto profunda em sua vida, nao havera dificuldade em leva-Io a aceitar a eslrulura como uma hip6tese de lrabalho para aquc1a sessao. As vezes, urn cliente deixa claro que nao quer nenhum lipo de abordagem profunda, s6 informaftoes objetivas a seu respcito, scm qualquer aulo-revelaftao. Em casos assim, fazemos 0 que ele pede, e acaba ocorrendo que, no meio da sessao, 0 cliente diz, "e 0 que eu posso Jazer a respeilo disso?" Nesse ponto, podem-se, pelo menos, apresentar as ideias das decisoes de infancia e 0 processo cria-mantcm-destr6i. Pode serutil moslrar que se trala de urn mecanismo nalural, autocurador e auto-rq,rulador. o segundo eSlagio da entrevista consiste na apreSenlaftaO da informaftao do mapa, com a intenftao de revelar 0 lema principal. Na pralica, islo significa que temos amao uma relaftao dos temas principais do mapa, e 0 lcmos como ponto de partida da discussao. Neste eSlagio, nao usamos nenhuma lerminologia astrol6gica. Costumavamos empregar lermos astrol6gicos de modo liberal, explicando 0 mapa ao longo da sessao, mas somos agora de opiniao que iSlO nao atende a nenhum prop6sito real e que, de falo, pode retardar a chegada do c1ienle ao ponlo de clareza. Alguns clientes pedem as refercncias aSlrol6gicas. ESlas podem ser dadas na lerccira fase da sessao. E algo que precisa ser observado com cuidado, pois 0 desejo de se leressa informaftao cosluma servir de cortina de fuma~a para a mente do macaco. Pensar e falar da quadralura entre 0 Sol e a Lua, ou seja lei 0 que for, pode ser um jeilo de evilar a realidade - e, em especi al, os sentimentos que sao parte dessa realidade- do significado que esse aspeclo (ou signo, cas a, elc.) lem, de falo, na sua vida. Explicamos que os lemas apresentados sao declaraftoes hipOlClicas, e perguntamos ao c1iente se fazem senti do para ele; em caso afirmalivo, como c1es se manifestan1 realmente na sua vida. MuilOS clientes aceitam a maioria dos lemas na fom1a em que sao apresentados, mas nunca insistimos na forma especffica de uma declaraftao. Na rara ocasHio em que urn cliente nao aceita um lema da carta, perguntamos se ha alguma area da sua vida onde 0 espfrilo geral daquilo que dissemos se aplica. Quase scm pre isso cosluma dar uma formulaftao com a qual podemos lrabalhar. Se nao, abandonamos aquele lema particular. Ha muilas razoes para urn clienle nao reconhecer urn tema especffIco do mapa. Geralmente, sao as palavras com que a declaraftao C
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construfda que nao se ligam com a maneira como 0 cliente as usaria. As vezes, e 0 fato de a declaraftao locar de perto em algo que c1e nao quer revc1ar. Pela nossa expericncia, no entanto, os clientes nao costumam negartais coisas de modo claro. Eles demonstram desconforto, murmuram algo vago e, obviamente, querem que passemos para outro assunto. Mais uma vez, muito embora eu possa sentir que urn tema importante esta sendo ativado, nao insisto na hist6ria. Tentar ir contra tanta resislcncia num eSlagio tao inicial pode causar a alienaftao do cliente e tomar 0 trabalho muito mais diffci1. A negaftao di reta de uma colocaftao especffica, sem qualquer carga emociona16bvia, pode ocorrercom maior probabilidade quando 0 mapa foi elaborado a pal1irde dados duvidosos-horario dubio de nascimento, porexem plo. Idealmente, todos os mapas deveriam ser retificados, mas, na pratica, isto e impossfve1. Pessoalmente, adoro precisao e gostaria de trabalhar scm pre com mapas que tivessem ate os segundos. Em tem10S de levar a pessoa a aclarar caler responsabilidade quanta a um tema importante, porcm , voce pode fazer 0 seu trabalho com horeirio duvidoso, ou ate scm horario. (0 que voce nao podera fazer tao bem, natural mente, e dar a informaftao delalhada na fase lrcs.) Ao trabalhar desla mancira, e importante evitar 0 modelo aulorilario de entrevisla, lipo medico-paciente, e dcixar claro que 0 que voce eslara fazendo c uma exploraftao conjunta do mapa e da vida do clienle. Se ele espcra ficar impressionado por seu conhecimenlo de segredos ocultos e misleriosos e que vocc ficara sabendo dele muilo mais do que c1e mesmo, cle nao C, definilivamente, 0 material adequado para esta lecnica. Os praticanles da Psicossfntese lcm uma analogia que me parece muito boa. 0 terapeula - ou, no caso, 0 astr610go - e como um guia de alpinismo. 0 cliente 0 contratou porque quer ajuda para chegar aonde deseja ir - nao aonde voce ql;ler ir ou aonde voce pensa que ele develia ir. Obviamenle, voce sabe muilo mais de alpinismo do que ele, mas ele tem 0 dircito de esperarque sua habilidade seja usada a servifto dele, nao para impressiona-Io com sua capacidade de subir um precipfcio com uma s6 mao. Essa imagem descreve a posiftao de muitos astr610gos que lcm uma capacidade consideravel - ale brilhante - para interprelar mapas, mas pouca noftao sobre como aplica-la numa rclaft ao de aconsclhamcnto. Ser um virtuoso diante de cada cliente e trabal ho du ro. Tralarcada sessao como um empreendimenlo cooperativo e nao s6 mais prodUlivo, como bem mais facil para os nervos.
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Na verdade, com todas as informac;oes do mapa, sejam natais ou de potenciais de tempo, e utn dar a ideia de que voce as esta usando para ajudaro cliente a descobriro que ja esta la, ao inves da noc;ao de que voce esta dizendo algo que ele nao sabc. E como se a psi que do cliente fosse urn artefato recem-desenterrado, que ficou soterrado por muito tempo. Seu trabalho e escovar a poeira para revelar a estrutura sob ela. E 0 mapa The diz exatarnente onde escavar, 0 que the da uma grande vantagem sobre terapeutas mais convencionais. Quando voce passa pelos temas principais junto com 0 cliente, cos tum a haver ao menos urn que chama a atenc;ao. Geralmente, ele e sinalizado pelo cliente com algum sinal de alfvio. Ele pode dar indfcios de que esta particularmente interessado nesse tema, ou pode comec;ar a falar dele com alguma insistencia. Nesse caso, trate-os como pistas claras para 0 verdadeiro trabalho com 0 cliente. Se nenhum dos temas causou este e[eito, escolha urn e pec;a ao cliente que 0 desenvolva. Provavelmente, nenhum dos temas apresentados sera 0 pr6prio tema principal do clienle. Aquele que provocar interesse 6bvio provavclmente 0 conduzira mais depressa ao lema principal, mas nao impona realmente de onde voce comec;a, desde que comece em algum lugar. Ao levar 0 cliente a falar de urn ou de todos os temas do mapa, duas coisas acontecem. Primeiro, voce esta fazendo com que 0 cliente se ligue as declarac;oes que voce fez, recebcndo-as e incorporando-as a experiencia. Se elc nao fizer iSlO, as observac;oes permanecerao ao nfvel da informac;ao intelcctual e terao muito pouca [orc;a. Segundo, voce eSla procurando urn modo de encapsular a expericncia que ele esla lentando expressar de lal maneira, que ela sera gravada em lodos os nfveis do cliente - mental, emocional e ffsica. A razao para lentar encapsular 0 que 0 cliente esta dizendo e dar a ele facilidade para experimentaro contexto no qual ele esta criando sua vida. As palavras textuais que voce usar dependerao daquilo que elc disser especificamente, mas 0 contexto podera ser sempre descrito em termos de uma das injunc;oes da Analise Transacional. As mais comuns sao: Nao tenha intimidade Nao tenha sentimentos Nao arne Nao aceite amor Nao confie
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Nao seja sexual Nao desfrute 0 seu corpo Nao seja do seu sexo Nao seja voce mesmo (sempre agrade alguem) Nao se realize Nao pense (banque
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estupido)
Voce pode adicionaroutras, com sua pr6pria experiencia, mas esta lista e certarnente suficiente para ajudar a desenvolver a percepc;ao do que procurar em seus clientes. Quando voce e seu cliente comec;am 0 dialogo - que devera criar a oporLunidade para que eIe tenha a experiencia do contexto - , sua mente ira resistir a essa experiencia. A resistencia pode tomar formas variadas, mas as mais comuns sao: 1. 2. 3. 4.
Recusa a sequer discutir 0 assunto. Racionalizac;ao e justificac;ao. Quer que 0 problema seja resolvido naquele instante. Nega a generalidade do contexlo.
No caso nQ 1, ha pouco que voce possa fazer, exceto tentar novarnente, sob novo prisma. Estarnos presumindo que isto nao tenha acontecido se 0 dialogo prossegue, mas, as vezes, urn cliente mostra disposic;ao para tratar de urn assunto e depois 0 engana. Isto nao deve ocorrer com muita freqiicncia, mas vamos ver como Iidar com tal situac;ao no pr6ximo capftulo. No caso nQ2, 0 cliente vai entrarem detalhes interminaveis a respeito de tudo. Pode-se tomaraquele tipo de fofocacompulsivaa respci to de coisas que as pessoas fazem no dia-a-dia, cheio de anedotas e 0 que ela disse, eo que eu disse e tal. Pode parecermuito auto-revelador, especialmente se as anedotas dizem respeito a encontros emocionais fntimos, mas e, na melhor hip6tese, urn estagio pelo qual 0 cliente deve ser conduzido, e pode ser, ao mesmo tempo, urn modo de evitar a experiencia do contexto. Esta racionalizac;ao e justificac;ao ex; ~~ "\ paciencia; e questao de saber quando intervir. Por urn lado, voce tern de deixar 0 cliente entrarum pouco nelas, pois constituem a materia-prima da sessao, e ele pode. necessitar da experiencia de falar de si mesmo nesse nfvel, de anedota e explicac;ao, antes de ir adiante. Por outro lado, se voce nao o pararem algum ponto, a sessao toda pode se tomar apenas conversa,
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e acaba sendo desperdir;ada. Tivemos urn cliente que estava tao obcecado com a narrativa de todos os detalhes, que nao pudemos controla10. Nao s6 n6s nao chegamos a urn ponto de clareza, como mal pudemos lhe dizer alguma coisa a respeito do seu mapa. Teria sido melhor se ele tivesse ido conversar com urn barman de bons ouvidos, mas esse foi urn caso extremo. Ao contnlrio do que fazem supor as imagens sexuais estereotipad as, descobrimos que sao os clientes do sexo masculino que costumam entrar mais na conversa compulsiva. Isto nao c de surpreender, pois serve de defesa ao contato com as emor;oes, e, na nossa cultura, os homens tern mais treinamento contra a expressao (ou mesmo a experiencia) das emor;oes que as mulheres. 0 cliente em questao tinha uma forte enfase em Peixes, Escorpiao e a casa 8; elc pode ter tido urn medo catastr6fico de ser dominado pelas emor;oes, se Ihes desse qualquer chance. Com as mulheres, percebemos que 0 que funeiona c deixa-Ias falar, e, mais cedo ou mais tarde, clas acabam dizendo alguma coisa que as poem em Iagrimas. Isto detcm 0 iluxo de palavras, e c quase um indicador de que cla esta pronta para innos para 0 pr6ximo estagio. As condir;oes necessarias para Iidar com a racionalizar;ao e a justificar;ao precisam sercriadas na primeira fase do estabcleeimento de princfpios gerais, enquanto a mente do cliente nao esta amear;ada por dados especfficos. Tendo estabeleeido, naquele estagio, que estamos procurando por uma declarar;ao simples que descreva 0 padrao de vida do cliente, e que a mente fara tudo 0 que puder para resistir que se chegue a essa declarar;ao especffica, voce pode trazer 0 cliente de vol ta ameta, lembrando-lhe freqUentemente desses dois fatos. Se a pessoa envereda por longa e detalhada explicar;ao sobre um rclacionamento, incidente de infaneia ou problemas profissionais, geralmente dcixamos que fale um pouco e dizemos, "tudo isso c 0 macaco tentando manter-se agarrado as nozes. 0 que esta realmente acontecendo? Quais os sentimentos que voce tem quando fala nissoT A pessoa pode responder, "acho que eu deveria ter agido de modo diferente", ou, "acho que minha mae deveria ter ficado mais vezes em cas a", ou algo do genero. Neste caso, voce tern de ensinar ao seu cliente 0 que sao sentimentos; sao condir;oes de alegria, tristeza, amor, prazer, ira, raiva, medo, e assim por diante. Se 0 cliente ja tem alguma experiencia anterior com terapias, seu caminho sera mais faeil de percorrer. Vejamosquec bastanteutil, quando lidamoscom variasfOlniasde resistencia, fazerlivre uso de todas as analogias discutidas nos capftulos
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anteriores. Pensarno contexto como 0 campo magnctico que da a todas as agulhas de bussola a qualidade do norteamento, ou da mascara vennelha, que se encaixa de maneira tao justa que sequer sabemos que o mundo nos parece vennelho, sao de grande ajuda para manter 0 cliente na raia. E 0 macaco que se prende sozinho, segurando as nozes que cle acredita serpreciso manter para sobreviver, ajuda 0 cliente a reconhecer sua resistencia ao que vier. Talvez devessemos deixarclaro que nao estamos usando a palavra "resisteneia" no sentido que os terapeutas mais convencionais, especialmente os psicanalistas, tendem a empregar. Nesseoutro sentido, cIa costuma significar a falta de disposir;ao do cliente em aceitar alguma interpretar;ao. No sentido que estamos usando, denota a falta de disposir;ao do cliente em aceitar a si mesmo. Esta falta de disposir;ao atua em dois nfveis. Primeiro, nao estamos dispostos a aceitar que 0 que h:i conosco assim, independentemente de nosso julgamento a respeilo. Segundo, nao estamos dispostos a aceitar que, na verdade, somos seres magnificos, poderosos, amaveis, quase divinos. A mente nao pode conceber isso, pois seu unico prop6sito c sobreviverno limitado mundo do espar;o-tempo. Eis a razao pcla qual c tao importante continuar a confrontar 0 cliente com 0 que sua mente eSla fazendo. Eventualmente, entendera que ele nao c sua mente, mesmo que por um breve instanle. Urn breve instante, que na verdade c AGORA, c Ludo 0 que leva para fazer um furo peffilanente no roteiro. A fonna de resistencia para 0 nQ 3 ea necessidade de se acertar. Ela pode ser acompanhada por uma atitude de urgencia e desespero. Por outro lado, 0 cliente pode ser sagaz e positivo, pronto para arregar;ar as mangas e realmente par as maos na massa. Em qualquer hip6tese, sao coisas da mente. A mente c muito mais cheia de truques do que um macaco de verdade. A vontade tfpica de se acertar, de resolver 0 problema, surge quando a pessoa compreende claramente que cIa esta vivendo sua vida de acordo com um padrao de crenr;as destrutivo - por exemplo, "nao importa 0 que eu far;a, nunca chego ao exito". Ela pode dizer tambcm, "diga-me 0 que posso!azer para me livrar desta crenr;a", de maneira urgente, em panico, ou "6timo, agora eu posso me Iivrar dessa estupida crenr;a quanto a nao conseguir sucesso". Qualquer que seja a fonna da rear;ao, estar:i apcnas estabclecendo outra crenr;a (posso me livrar disso), em oposir;ao ao que foi descobcrto. 0 macaco esta tentando outro truque para poder ficar segurando as nozes. 0 que se deve fazer quanto a isso e mostrar que a vontade de resolver 0
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problema tambem faz parte do padrao, e que nao e poss{veL resolve-Io nos terrnos que a mente compreende. Lembre ao cliente 0 ciclo criamantem-destr6i, e que aquilo que ele realmente precisa fazere perrnitir que 0 ciclo se processe, e perrnitir que a crcn~a se destrua no curso natural das coisas. A maneira de faze-Io e: reconhecerque a cren~a esta ali, aceitando-a sem juigamentos, dispondo-se a se responsabilizar por ter criado e por ter continuado a manter a cren~a, e a querer livrar-se dela. Pode ser utiller, para 0 cliente, a cita~ao de Jung, no capitulo 1, come~ando com "precisamos estar aptos a deixar as coisas acontecer na psi que". (Grifo nosso.) Deixar de atacar ou de ir contra uma cren~a destrutiva, assim que foi identificada, parece, de fato, completamente contrario ao modo em que norrnalmente estamos condicionados a pensar. Contudo, ataca-Ia ou agirdeliberadamente em oposi~ao aela, faz apenas com que se resista a cia, aumentando sua massa. Como visto no capitulo 5, este fato transforrna em insensatez uma grande quantidade de conselhos astrol6gicos aparentemente razoavcis (ponha emjogo seu Marte-Jupiter e abafe seu Venus-Satumo!). A resistencia do ti po 4 nega a generalidade ou a presen~a global do contexto. Vamos usar novamente 0 exemplo do contexto de nao conseguir ser bem-sucedido. Quando come~amos a expor esse tema, 0 cliente pode come~ar a trazer atona, indignado, exemplos de ocasioes em que ele conseguiu sucesso. A primeira coisa a fazer, quando isso acontece, e considerar que voce pode estar errado, dizendo-o francamente ao cliente. Se voce esta real mente em duvida, abandone sua linha e tente outra hi p6tese baseada em uma das injun~oes listadas acima. Se sua intui~ao estivercerta desde o inlcio, a conversa retomara ao nunca conseguir ser bem-sucedido. (E sem pre utillembrar que 0 Eu Real de seu cliente quer esclarecer 0 tema, mesmo se sua mente nao quer. Essa e a razao que 0 levou ate sua sala de consultas.) Na verdade, se 0 cliente nega, indignado, a generalidade da proposi~ao, a pr6pria indigna~ao costuma ser urn indicador de que voce esta no caminho certo, e esta encontrando resistencia. Em alguns casos, pode ser adequado confrontar diretamente 0 cliente com a proposi~ao. Isto depende do grau de comunica~ao que existe entre voces. :E: mais seguro sugerir, gentil mas persistentemente, que ele veja os exemplos que esta dando das ocasioes em que conseguiu exito, e que veja se ha alguma coisa nc1as que seja menos do que completamente satisfat6rio.
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Mais cedo ou mais tarde, ele vai sairde sua posi~ao defensiva em rela~ao ao tema, e come~ar a procurar ver 0 que e realmente born para ele. Pode ser que isso nao aconte~a durante 0 tempo limitado de uma sessao, e, se nao acontecer, pode serque voce nao tenhanada a fazer, exceto sugerirIhe continuar a olhar para a questao por conta pr6pria, da maneira mais objetiva que ele puder. Esta e outra razao para dar ao cliente uma fita gravada da sessao. Ja aconteceu de pessoas me ligarem meses depois da sessao, dizendo que ouviram a fita e ouviram a si mesmas dizendo coisas que nao cram bern como pensavam. Urn exemplo gritante de alguem que saiu de uma posi~ao defensiva durante a entrevista foi 0 de uma mulher que, imaginamos, estava agindo num contexto de nunca obter a verdadeira satisfa~ao no amor. Expusemos isto a ela, e, com a indigna~ao tlpica, ela insistiu em dizer que urn relacionamento em particular tinha sido maravilhoso em todos os sentidoS. Entre outras coisas, ela possula uma oposi~ao exata VenusNetuno, com Venus em Peixes, 0 que nos deu confian~a para afirrnar que 0 desapontamento e a auto-ilusao no amor seriam pontos im portantes. Nosso contato era born, de modo geral, e tinha eia urn prop6sito claro e firrne em rela~ao ao trabalho que estavamos fazendo. Continuamos a pedir-Ihe que analisasse 0 que, naquele relacionamento, nao the teria agradado. Eventualmente, ela disse que, embora 0 conteudo ffsico e emocional do relacionamento tivessem sido maravilhosos, 0 homem era casado, e eles nao podiam levaruma vida a dois com pI eta. A aceita~ao desse fato trouxe-Ihe muita tristeza, e 0 reconhecimento de que 0 contexto no qual ela estava levando sua vida era 0 de que nunca obtinha amor da maneira que queria. Nao que ela soubesse disso conscientemente e estivesse escondendo 0 fato deliberadamente. E que sua mente tinha se recusado a perrnitir que cIa visse 0 assunto em terrnos tao especfficos antes daquc1e momento. :E: preciso alguma experiencia para reconhecer quando seu clicnte realmente "pegou", em todos os nfveis, a ideia de que esta vivendo sua vida num contexto limitado, como 0 que vimos acima. Quando voce pass a por essa experiencia algumas vezes, ela come~a a ser reconhecida prontamente, mas nao e particularrnente facil de descrever. A principal caracterfstiea do estado e que a pessoa age como se estivesse at6nita por causa da percep~ao que teve, embora isto nao costume durar mais do que alguns segundos. Pode ser seguida de dor ou tristeza, tal como no
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exemplo anterior. Nao c incomum que a pessoa veja como foi absurdo fazer 0 que fez consigo mesma e comece a rir asolta. Dc qualquer fonna, pergunte ao cliente se ele esta disposto a abrir mao do padrao e a deixa-Io claro. 0 cliente que acabou de rir ira, provavcImente, responder com urn lfmpido "sim", com sinceridade, e voces dois iraQ sentir finneza na resposta. Ainda assim, pe~a-Ihe que realmente examine as possiveis consequencias que 0 abrir mao dessa noz especifica podem trazer para sua vida. Ele pode come~ar a ser bemsucedido, e isso pode querer dizer, por exemplo, que ele tera de come~ar a Ii dar com uma rejei~ao intemalizada dos pais, da qual sua falta de sucesso 0 protegia. 0 cliente que teve a experiencia do contexto, mas que nao se iluminou muito, pode responder apergunta com urn "sim", movido peIo desejo de agradar a voce ou de consertar 0 problema. Este nao C, obviamente, urn "sim" autentico, e 0 fato sera facilmente detectado. Neste caso, continue a pressiona-lo ate obter urn "sim" autentico, ou urn "nao" claro. Nao importa qual a resposta, desde que 0 c1iente esteja sendo sincero. Se estiver claro para ele 0 fato de que esta sendo administrado peIo padrao de nao ser bem-sucedido, e que ele nao esta disposto a abrir mao desse padrao, 0 "nao" vai acabar se trans formando num "sim", se ele continue com 0 padrao. o que da resultado co mero fato de dizer a verdade a respeilO de onde estamos na vida, mas c diffcil faze-Io. Esse ponto de sinceridade s6 costuma ser atingido numa sessao de aconselhamento depois de uma hora ou uma hora e meia. Quando ele c atingido, uma parte do roteiro e realmente destruida. 0 cliente pode nunca mais ser 0 mesmo, se nao por outros motivos, peIo menos pelo fato de nao poder mais estar inconsciente do tema especffico. Fazemos questao de enfatizar isto para que 0 cliente 0 saiba, sejam seus sentimentos favoraveis ou nao. A fase final da sessao e a simples transmissao de infonna~oes adicionais do mapa, que nao foram usadas ate enta~. Neste ponto, nao se deve tentar usa-las para chegar a resultados; cIas devem servir de referencia e usa futuro do cliente. Como os contextos sao tao penetrantes, de costuma fazer conexoes com 0 que aconteceu antes. Se, por exemplo, a area focalizada na segunda fase era a de problemas vocacionais, pode serque 0 padrao ailoreem outras areas, como a de rcIac;oes familiarcs ou a sexualidade.
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No ultimo capitulo, demos uma olhadela no esquema amplo do aconselhamento em tennos especfficos da estrutura metaffsica recomendada neste livro. Neste capitulo, queremos levar em considera~ao alguns dos princfpios b:1sicos do aconselhamento em geral. Tais princfpios parecem ser, para n6s, a essencia do bom aconselhamenlo, quer voce usc a estrutura da responsabilidade ou nao, e quer pratique astrologia, ou nao. Primciro, c preciso que fique claro 0 que e, e 0 que nao c aconsclhamento. Como observamos no Capitulo 1, M, entre os astr610gos, a tendencia de dizerem que estao fazendo aconselhamento, quando, na verdade, 0 que estao fazendo c interpretar mapas e dar conseIhos. Nao que haja algo de errado com isto, mas nao se trata de aconseIhamento, e nao deve serchamado porcsse nome, se quisennos serclaros a respeito do que estamos fazendo. Tennos como "lcituras de mapas" ou "consultas astrol6gicas" podem ser manlidos para 0 tipo de trabalho que, aproximadamente, comec;a e acaba com a transmissao de infom1a~oes precisas. Nao M razao para que 0 astr610go nao facta uma leitura ou consulta
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em urn dia, e uma sessao de aconselhamento no pr6ximo, dependendo do que for adequado para 0 cliente. N a verdade, sugeriria que os lei to res, tendo-se interessado em adotar a abordagem da transfonnar;ao aqui descrita, introduzam-na gradualmente em sua pnitica de "consultas" ja existente. Definir aconselhamento nao emuito faci!, mas uma regra pratica e dizer que, se voce esta tendo mais do que 50% do trabalho na entrevista, cIa nao eaconselhamento. Produzirinterpretar;oes brilhantes e sutisnao eaconselhamento, pormais profundas e cheias de insightelas possam ser. Respalda-Ias em linguagem esoterica ou psicol6gica tampouco faz delas aconselhamento. Uma atividade se transfonna em aconselhamento, quando tern 0 caraterde urn processo de descobrimento em conjunto, com 0 astr610go e 0 cliente agindo em parcerias mais ou menos iguais. o prop6sito do aconselhamento pode ser definido como: levar 0 cliente a vcr que ele nao precisa continuar repetindo os mesmos antigos pad roes, por mais poderosos que cles parer;am ser. Talvez a Regra basica mais importante em qualquer tipo de aconselhamento, da qual as outras regras derivam, em maior ou menor grau, seja Abandone sua necessidade de ter raziio. Todos os consultores, terapeutas e negociantes em infonnar;ao especializada depositam urn tremendo investimento pessoal emsua pr6pria disciplina ou teoria particular. Isto se aplica tanto para a astrologia como para a psicanaiise, taro, analise junguiana, AT, Gestalt ou 0 que for. E, contudo, inevitavel. A menos que uma disciplina especffica tenha urn valor emocional profundamente satisfat6rio para 0 praticante, elc sequer teria se motivado a ponto de se tomar competente em sua pratica. A atrar;ao por urn campo especffico e a opr;ao de trabalhar nele, como tudo 0 mais, tern embutida uma boa dose de energia de roteiro. Assim, 0 praticante se sentiria irracionalmente amear;ado, se 0 seu sistema fosse desafiado. Cremos que os astr6logos sao especialmente vulneraveis a senti remse amear;ados dessa fonna. Primeiro, a pr6pria disciplina nao esta embasada em qualquer autoridade estabelecida. Compare 0 caso dos astr610gos com 0 de urn medico, por exemplo. A medicina carrega uma grande dose de autoridade, simplesmente por ser aceita pelo tipo e quanti dade de fundamentos e pesquisas que entram nela. Cada medico passa por peJiodos de treinamento extenso e rigoroso, e suas qualificar;oes sao reconhecidas por lei. Urn praticante de medicina pode ter preocupar;oes quanto a sua competencia para por em pratica seu
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treinamento - e seus pacientes podem-se preocupar com isso tambem, mas ha, certamente, 100 por cento de acordo quanto a validade da medicina como sistema de cura. Qualquer que seja 0 tipo de credito que urn medico atribui pessoalmente a sua profissao, ele nao precisa se preocupar em provar que a medicina funciona. Em contrapartida, 0 astr610go, especial mente 0 inexperiente, nao s6 precisa se preocupar com sua competencia pessoal, como tam bern com a pr6pria validade de sua disciplina. Ha uma boa chance de que algum cliente seja, ao menos, urn pouco cetico com relar;ao 11 astrologia, e por isso 0 astr610go esta, desde 0 infcio, em posir;ao defensiva. Pior ainda: a pr6pria convicr;ao do astr610go quanto 11 validade da astrologia e, provavelmente, fragil. Nao e urn assunto universitario, praticamente nao tern bases claras ou pesquisas realizadas, e ninguem, no ambito da autoridade estabelecida, leva-a a serio - pclo menos, nao em puolico. 0 pouco de pesquisa ja feita parece, na melhor hip6tese, mostrar que ha nela alguma validade. Por exemplo, 0 trabalho mais conhecido, 0 de Michel Gauquelin, apenas indica que os planetas, enfatizados por posir;ao angular, correspondem, de fato, a urn conjunto de indfcios semelhante ao tipo de trar;os que se poderia esperar da tradir;ao astro16gica. As descobertas de Gauquelin nao sao suficientes para dar base 11 totalidade da pratica astrol6gica, e, de fato, ele mesmo cuida de insistir nesse ponto. Quanto ao que sabemos, ate esse momento, nenhuma pesquisa mostrou qualquer evidencia que de validade aos signos, tal como sao usados nonnalmente. Quanto as casas, ha pouco entendimento ate na tradir;ao, que dizer entao de fundamentos por pesquisa - em bora, como disse, 0 trabalho de Gauquelin de alguma base para a ideia da importancia dos planet as nos angulos. o pior de tudo e que a maioria dos astr6logos ja teve a expericncia de dar infonnar;oes baseadas em fatores especfficos de urn mapa, aparentemente preciso, e descobrir depois que 0 mapa estava errado. Isto e suficiente para abalar a fe em qualquer urn. Por aJguma variante daLei de Murphy (Se alguma coisa puderdarerrado, dad), isso costuma acontecer com urn cliente a quem 0 astr61ogo queria impressionar com a natureza cientffica e rigorosa da astrologia. Todas essas dificuldades podem ser enfrentadas com mais facilidade se aceitannos que a astrologia nao e urn assunto cientffico e racional, sujeito a pesquisa estatfstica. Elae, em essencia, profundamente nao-racional e paradoxal. Claro, ha urn lado que parece racional.
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o fato
de que, com dados precisos, pode-se calcular urn mapa com bastante exatidao, e de que todos os tipos de operar;oes matematicas sofisticadas - que darao informar;ao adicional- podem ser feHas a parti r do mapa basico, da astrologia, com certeza, a aparencia de eslar no mesmo nivel de um assunto como economia, por exemplo. Novamente, o fato de que os falores do mapa lem significados mais ou menos padronizados e de acordo, podendo ser reunidos alc por um com putador, para produzir um retrato fiel de uma pessoa, faz com que cIa contenha uma disciplina logica, fria. Como observamos antes, muitos astrologos parecem adoLar a ideia de que, se tivcssemos mais dados, poderiamos realmente saber como funciona a aSLroiogia. Nesse prisma, tClll-se a impressao de quc a aSlrologia eSLa, atualmcnte, num estagio analogo ao da mcdicina no secuIo dezenove. NaqueIa cpoca, todas as grandes descobcltas - que lomaram a medicina modema 0 que c hoje - ainda cstavam para scr fcitas. Dc modo scmclhante, ainda temos de dcscobrir o cquivalcnte aSLrologico dos microbios e da ancstesia. Se csla analogi a fosse valida, certamcnle a pesquisa pareccria ser a soIur;ao, c ler-se-ia a impressao de que, para a aSlrologia ser aceita do modo como a medicina alopatica 0 C, so precisariamos de mais infonnar;ao basica. Mas a analogia nao c vaJida. As disciplinas cienlfficas atuam num sislcma de causa e cfeilo, cJaramenle definido. Elas se lomaram mais eficienles e poderosas, quando a pesquisa cstabclcceu as cadeias de causa-e-efeilo. Alem disso, as disciplinas cientfficas lem, como premissa filosofica basica, 0 poslulado cartesiano de que 0 homcm c scparado do universo. A aSlrologia, por seu Jado, nao e urn sislema de causa e efeilo demonsln1vel. Pelo que sabemos, a unica pessoa de qualquer proje~ao que reconheceu esle falo e tentou lidar com ele foi lung, com sua teoria da sincronicidade. Alualmcnle, a leoria nao causa muilO impacto, plincipalmenle devido ao [alo de que lung, reconhecendo a exislellcia de um "principio de conexao acausal", passa a discuti-Io de uma fonna que [az com que eIc se parer;a com uma variante mais suLiI da causalidade. Toda a nossa linguagem e eslrulura de pensamenlo dependcm da causalidade. E quase imposslvcl captar e definir um principio acausal com a linguagcm causal. Nao ha senlido em [azer isso, e nao funciona. E como lentar dcfinir a poesia com formulas maLemalicas. 0 que podemos [azer, na verdade, aceilar 0 [alo de que ha algumas areas na vida que nao podem ser examinadas, de modo uli!, com os oculos da causalidade. Ajuda a [azer iSlO se vemos a causalidade como uma
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estrutura ou conjunto de regras convenientes, que nos permilem lidar com muitos aspectos do mundo material. 0 que alrapalha lanto quando tentamos examinar assuntos como astrologia cque elevamos a causalidade a nlvel de fato imulavel do universo, contra 0 qualludo 0 mais tem de ser medido. Causa-e-efeito parecem ser, principalmente, uma propriedade do universo visto dentro da estrutura da objetividade. Em oulras palavras, quando safmos do contexlo carlesiano da separar;ao enlre homem e universo, precisamos poslular, ou criar, a causalidade, para fazer com que 0 sistema funcione. A astrologia, porcm, vem de um contexto onde o homem e 0 universo sao uma enlidade unica, indivislvel. Nesle contexlo, naa precisamas criar a causalidade, para que a sistema funciane. E bern simples, e 0 grande debale sobre a base cientffica da astrologia de [alo, um giganlesco ardil para despistar. Achamos incrivcl que algucm pudesse imaginarque esludos fci lOS em com putador baseados na premissa de um universo objelivo e separado da consciencia pudessem descobrir qualquer coisa de ulH com respeiLo astrologia, que eSla baseada numa premissa exalamcnte oposla. 0 [alo de alguns estudos feilos em computador produzirem resultados que correspondem ao que se espcra da astrologia, nao c tanlO uma evidencia do valor dos esludos de compulador, mas, sim, a indicar;ao de que a verdade basica da aSlrologia c lao poderosa, que se manifesta alravcs de qualqucr mtro dislorcedor. Isto pode parecer uma digressao do lema do aconselhamenlo e do prop6silo deste capllulo. No entanlo, sao assunlos que deverao surgir dianle do aSlr610go, obslruindo 0 caminho de quem quer abrir mao da nccessidade de eslar com a razao. Se voce se move pcla necessidade mais ou menos inconscienle de juslificare provar a aSlrologia, voce lera a tendencia de insisLir em suas intcrpreta~oes e de [or~a-Ias sobre 0 clicnle. Alguns astr610gos costumam iniciar uma entrevisla impressionando 0 cliente, impondo-lhe um recital de inlerpretar;ao de mapas. Se cles conseguirem urn numero suficienle de acerlos, 0 clienle fican1 propenso a concordar com a validade da aSlrologia e com a capacidade do aSlr610go. E uma eSlralcgia razoavcl para alguns lipos de lrabalho, mas nao uma abordagem de aconselhamenlo. Vivemos num mundo que funciona base de causalidade, e a astrologia nao esta em conformidade com esse mundo. Para fazer um bom aconselhamento, precisamos accitar isso, accilar lodos os medos e duvidas e defesas que surgem a respeilo da aSlrologia e, simplesmenle,
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deixa-Ias no lugar. Mais cedo ou mais tarde, elas acabam se destruindo, como tudo 0 mais que deixamos a sua sorte. Elas deixam de ser um problema. De vez em quando, elas serao reativadas por urn cliente que age de maneira desafiadora, ou por urn artigo de revista hostil a astrologia. Apenas deixe 0 que esta la ficar la. Se voce discutir 0 assunlo, defender-se dele ou ele 0 perturbar, i,sso fara com que ele ganhe massa e persista. N ada disso e facil de se fazer. A mente do macaco quer estar com a razao; ela nao podeconcebero ir-se alem do problema do certo-errado . Contudo, isto e 0 que precisa ser feito . Constitui-se no conduzir a entrevista disposto a que ela venha do Eu Real, que sera, com toda certeza, um guia melhor do que urn macaco bebado, obcecado e irado! Obviamente, todos n6s passamos por uma fase onde precisamos descobrir, por n6s mesmos, que a astrologia realmente funciona. Para praticar aconselhamento, a pessoa precisa estar num ponto tal que sua habilidade de interpreta~ao nao crie embara~os. Mas a astrologia nao e diferente, nesse ponto, de qualquercoisa. Urn medico ou urn encanador precisam ter habilidade suficiente para nao ter de concentrar a maior parte de sua aten~ao naquilo que deve fazer depois. Esta e a razao pela qual sou hoje a favor, ate para 0 astr6logo experiente e habilidoso, de ter notas bern extensas e completas para consultarou, pclo menos, uma lista dos temas bcisicos do mapa. A luta com a mente do cliente C cheia de truques e exigente, de modo que nao e born voce ficar imaginando se sabe 0 que esta fazendo. A Regra 2 e: Esteja sempre onde esta 0 ellente. Isto quer dizer que nao devemos moralizar ou julgar. Se a moraliza~ao ou 0 julgamento surgirem, como acontece as vezes, identifique-os e deixe ficarem ali. E uma questao de identificar e acei tartotalrnente aqui 10 que 0 cl iente percebc como sendo sua realidade. As vezes, 0 que acontece e que 0 cliente revela um sistema de valores que se choca com 0 seu, reativando seus padroes de roteiro e fazendo com que voce se sinta frustrado e ate amea~ado. Por exem plo, voce pode se chocar com 0 que 0 cl iente disser sobre preferencias sexuais. Ou, ao contrario, pode se "ligar". Cada rea~ao deve ser identificada e deixada ali para ser processada, scm que interfira com a sessao. Quando dizemos identificada, queremos dizer interiormente. As vezes, pode ser born partilhar uma rea~ao positiva com 0 cliente. Raran1ente, ou nunca, sera bom partilhar uma rea~ao negativa, pois ela pode soar como rejei~ao. Dc vez em quando, acontece alguma coisa que nao e processada, deixando voce num estado de carga
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emocional depois da sessao. Neste caso, limpe-a, partiIhando-a mais tarde com urn amigo, ou trabalhe-a com urn terapeuta. Nao passe tal fardo para 0 cliente.
o que costuma acontecer e que voce ve 0 cliente evitando claramente um assunto importante. Se ele fala de como seus relacionamentos sao maravilhosos e voce ve urn suculento aspecto VcnusNetuno no mapa, pode ser muito tentador dizer, "Pare com isso. Pare de se enganar! "Nao que tal interven~ao seja intrinsecamente errada. Eque, se voce vai dizer algo, deve dize-Io de modo apropriado, quando puder ter um efeito construtivo. Boa empatia e comunica~ao com 0 cliente serao obviamente necessarias para permitir que voce julgue quando deve fazer tal interven~ao. 0 importante e aceitar 0 mYel de realidade do cliente, vendo-o como urn ponto valido para ele. Se voce ap6ia a validade no seu nlvel, ele entrara no tema automaticamente. E algo assim: se voce nao oferece resistencia ao que ele diz, voce cria urn espa~o onde 0 problema pode ser dissipado. Uma exce~ao aparente desta regra ocorre quando 0 cliente mostra resistencia, entrando em detalhes superficiais. Neste caso, para chegar a algum lugar, voce tern de continuar a confronta-Io para entender 0 significado que 0 assunto tern para ele, bern como os seus pensamentos e sentimentos a respeito. Contudo, voce tambcm pode faze-lo numa posi~ao de aceita~ao; voce nao precisa apontarparao erro dele, pormais irritante que isso possa ser. Este e um born Iugar para se tra~ar a diferen~a entre simpatia e compaixao. Etimologicamente, ambas significam a mesma coisa _ "sentir-se com" -, mas, na pratica, sao bern diferentes. Compaixao e aquilo de que estou falando - a aceita~ao, sem juIgamentos, de tudo 0 que envolve a outra pessoa. Voce nao precisa gostar ou concordar com nada. Na verdade, voce pode ter a forte impressao de que a pessoa precisa esc1arecer algumas coisas 0 mais depressa posslve!. Por exemplo, uma cliente pode the dizer que odeia 0 marido, e voce pode acharque 0 6dio calgo muito desagradavel e feio, e que esse senlimento e 0 que a prende a urn casamento infeliz. Voce pode muito bern eSlar certo, mas nao trara beneffcios dizer isso a cIa, enquanto voce nao liverestabclecido as condi~oesjustas de compaixao e aceita~ao. Do mesmo modo, se concordar que 0 marido e urn monstro e que seus sentimenlos sao juslificados, voce ira bloquear-Ihe qualquer possibilidade de passar pelo 6dio e de transforma-Io. ESla implfcita, na compaixao, 0 reconhecimento de que a outra pessoa tern a for~a e os recursos necessarios para lidar com suas
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dificuldades. E uma condi~ao na qual voce nao esta sendo forc;ado a concordar com 0 drama da outra pcssoa, ou a rejeita-lo, mas sendo receptivo ao falo de que e urn material que deve ser lrabalhado. Em essencia, e 0 reconhecimenlo do Eu Real da pessoa. A simpalia, por sua vez, consisle essencialmente em entrar em entendimento com 0 drama da outra pessoa, lomando os arroubos do macaco bern a serio. Ha sempre urn "pobre de voce" envolvido, e a presun~ao de que as dificuldades da pessoa sao maiores do que ela. Nao epraticamente nunca apropriado, em aconselhamento-pelo menos, no tipo de aconselhamento de que estamos falando. Isso nao significa que voce deva b:mcar 0 durao diante dos senlimentos da pcssoa. Significa aceitar a realidade do 6dio, desconfOrlO, desespero ou seja 0 que for, e, ao mesmo tempo, reconhecer a exislencia de urn quadro de referencia, onde senlimentos negalivos nao tern uma realidade ullima, nem precisam ser levados lao a serio. Na verdade, as vezes urn cliente pode se lomar tao insensfvcl as perdas serias, que se toma necessario moslrar a ele que as ci rcunstancias de sua vida sao realmenle lerrfvcis. As pessoas podem ficar tao aferradas a urn n(vel baixo de expeclativas, que fica quase impossfvcl para elas imaginar urn modo de vida mais expansivo. Pode ser bern apropriado fazer com que olhem como as coisas esUio feias, mas scm que voce concorde com isso e se envolva emocionalmenle. E necessario manter seu pr6prio senso de nfveis de realidade aberlO, e nao perder de vista 0 padrao de referencia mais clevado. EimpossfvcI cobrir cada evenlualidade e prescrever urn modo de lidar com clas, e lentar faze-lo, faria com que 0 aconsclhamenlo parecesse bern mais complicado e diffcil do que realmente e. Se voce esta realmenle dispOSlO a permilir que seu clienle seja como e, e nao como voce acha que cle deveria ser, e se e verdadeiramente seu prop6silo dar-lhe for~as para melhorar a sua qualidade de vida, voce sabeni inluitivamente como procedcr. E voce s6 sabera quando pralicar. Nao e passfvcl fazer esse tipo de trabalho seguindo um livro. Dc certa fomla, a unica regra e que nao h:i regras, e as regras que estou sugerindo vao the dar um formalo basico, com 0 qual voce pode lrabalhar. A Regra 3 e, simplesmcnte, Escute. Islo significa nao s6 ouvir as palavras, mas tambem as alitudcs e senlimentos por lras das palavras. Tambem signilica a obscrva~ao da linguagem de corpo usada por seu cliente. Signilica colocar todas as suas rea~oes pessoais em pausa (nao climina-las). Para os aSlr6logos, significa, especialmenlc, nao espcrar
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impacientemente que 0 cliente acabc de falar, para que voce exiba a maravilhosa interpreta~ao do seu mapa. o ponto e, escule 0 que seu clienle esta comunicando, para que voce possa rccriar 0 que ele esta sentindo. Pergunte sempre ao cliente o que esta experimentando. Nunca presuma que ja sabc. As pessoas podem ter experiencias muito diferentes com eventos muito similares. A morte de urn progenitor, porexemplo, po de significaruma dorlerrfvel para uma pessoa, e aHvio para oulra. Nao e incomum, em nossa cultura, que as pessoas fiquem lao fora de conlato com os sentimenlos, que acabem por confundi-las com opiniOes. Se voce diz para alguem, "como voce se senLiu quando sua maemorreu?", a pessoa pode dizer algo como "crcio que os preparalivos para 0 enlerro correram muilo bern". Pode ser preciso cerla persistencia para chegar ale os verdadeiros senlimenlos presentes. Dc modo geral, nao encorajamos a expressao dramatica de senlimentos durante a sessao, pais isto pode atrapalhar 0 processo de passar pclos sentimentos. As vezes, estes irrompem na pessoa de maneira lao irresislfvel, que e mclhor dcixar que clas se esgolem. Se urn cliente come~a a chorar, ofcreeem os len~os de papel e espero acabar. Quando senlimenlos assim come~am a ser expressados, entao coslumamos encorajar 0 clienle a Ihes dar vazao. Nem sempre as explosoes de senlimentos sao ncgalivos. Tivemos uma clienle que ficou lao enlusiasmada com urn insight, que live cerla diliculdade em acalma-la e leva-I a a vcr que 0 lrabalho nao linha acabado, s6 porque cIa alingira uma camada de boas emoc;oes. ESleja sempre onde 0 cliente eSla. De valor a expressao de sentimentos, se ocorrer, mas nao dcixe 0 cliente se apegar a cIa. Uma exce~ao a nossa regra geral de nao lentar parlicularmenle provocar a expressao de sentimenlos eque sempre encorajamos 0 riso. Ele e, em si mesmo, urn mecanismo de cura, e geralmenle da resultado quando 0 clienle enlra no padrao superior de referencia e ve 0 absurdo daquilo que seu mecanismo de defesa quer fazer. Naluralmenle, devese dislinguir esse riso daquele que consisle em rir de si mesmo como mecanismo de defesa, que e urn modo de fingir que os senlimentos dolorosos nao eslao lao Com 0 riso curador, a pessoa esla confirmando plenamente a dor dos senlimentos, mas se recusando, por enquanto, a leva-los tao a serio ease deixar enredar pclo drama e por sua imporlancia. Ecomo se 0 atorque represenla Hamlet se visse, de subilO, agonizando de verdade pela morte de Ofelia.
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As vezes, esse riso de cura e provocado por urn retorno agudo e claro, para 0 cliente, daquilo que esta acontecendo. Com urn cliente, que tinha uma forte enfase em Virgem-Capric6rnio, identificamos uma cren~a profundamente enraizada (com a qual ela nao contava): qualquer coisa que ela fazia nlio causava efeitos reais nos outros. Tentamos fazela ver a questao do ponto de vista de que a cren~a estaria ali por sua pr6pria inten~ao e escolha. Ela come~ou a ficar zangada conosco, acusando-nos de pressiona-Ia, de nao the dar espa~o e de nao pres tar aten~ao suficiente a seus sentimentos. Fomos meio lentos em perceber que esta era a manifesta~ao do seu contexto basico de "nao fazer diferen~a" . A intensidade de sua ira nos reativou, e tornamo-nos defensivos. Come~amos a justificar nossas a~oes e a tentar acalmar suas obje~oes. Depois de alguns minutos, se tanto, e justo quando pensavamos que estava perdendo 0 controle da sessao, percebemos que estava acontecendo. Como se 0 assunto nao tivesse sido mencionado antes, disse, "ah, creio que sei 0 que esta acontecendo. Voce esta-se sentindo como se nao fizesse d i [eren~a" . Isso provocou riso imediato, quando ela percebeu a obsessao com que seu mecanismo de defesa continuava a buscar algo que, em outro nivel, elaja havia reconhecido como sendo apenas uma cren~a. Num caso como este, 0 riso parece vir espontaneamente da aceita~ao do padrao e da responsabilidade por ele. 0 fil6sofo frances Henri Bergson disse que 0 humor deriva de vermos uma coisa viva comportando-se de modo previsivel e mecanico. E 0 tipo de riso que surge quando nos pegamos agindo mecanicamente, especialmente quando vemos quanta energia emocional estamos investindo no ato. Claro, nao se deve nunca rir do c1iente. Isso seria completamente invaIido, e nem nos terfamos preocupado em mencionar esse tipo de coisa, se nao tivesse acontecido conosco, quando estavamos do lado de quem e cliente de uma sessao. o incidente com a senhora que achava que nao fazia di[eren~a e, tambcm, urn born exemplo do fato de que nao ha uma forma espccialmente correta de faze-Io. Cada sessao de aconselhamento e unica, e se desenvolve fora da intera~a9 entre voce e seu cliente. Se suas inten~oes sao claras, enta~ a sessao funciona, e tudo 0 que acontecer, incl uindo erros, sera material util. Na regra de escutartotalmenteesta implfcita a necessidade deestar consciente, 0 tempo todo, daquilo que esta acontecendo dentro de voce. o que aconteceu naquele encontro foi que nos fixamos na certeza aeerea do que estavamos fazendo e come~amos a apertar nosso cliente urn
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pouco cedo demais, em busca de uma atitude diante de sua cren~a de "nao fa~o diferen~a". Se nao tivessemos conseguido abrir mao de nossa necessidade de estar certos, nao terfamos percebido 0 que estava acontecendo com clareza suficiente para poderviraro even to a favor, ao inves de deixar que estragasse a sessao. Realmente, tudo 0 que voce deve fazer e, no fim das contas, que voce pode fazer e sair do caminho do cliente, para que seu processo natural de cura tenha lugar. 0 ideal e que voce sirva apenas de perfeito espclho para ele, ajudando-o conscientemente a recriar os padroes que originalmente criou no inconsciente. Como sugerimos no ultimo capitulo, as vezes temos clientes cuja inten~ao secreta e de fazer da sessao urn fracasso. Em termos de AT, sao pessoas cuja Crian~a Adaptada esta presa numa posi~ao tal, que ninguem pode ajudar, e que ninguem e born. Se fosse s6 isso, voce nunca os veria, porque des nem chegariam perto de urn astr6logo ou terapcuta - para que? Mas, nesses casos, a Crian~a Adaptada tern tambcm a compulsao de provar como Ccerto estar naquela posi~ao de vez em quando. Assim, voce arranja uma pessoa que pode oao ser abertamente cetica (pode mesmo sercooperadora e aberta), mas que esta intimamente determinada a sabotar a sessao. Nao vimos casos suficientes de sse tipo para ter certeza de saber identifica-los no mapa. Urn fator que me poe em alerta para isso, no en tanto , sao os aspectos tensos entre a Lua e Plutao, incluindo 0 quincunce. Em menor grau, tambcm receamos aspectos tensos entre Mercurio e Plutao, embora estas pessoas costumem ser mais francas quanto ao seu ceticismo. Elas podem ser - e costumam ser - muito resistentes e diffceis para se trabalhar, mas a inten~ao de sabotar fica evidente, ou levemente disfar~ada. Nao estou dizendo que todos os clientes com esses aspectos sera urn sabotador secrelo, mas costuma ser um fator comum nos mapas de clientes que ja vimos apresentar esse tipo de atitude, em grau maior ou menor. Um aspeclo lenso LuaSaturno, em si, nao parece indicaro sabotador,mas, se esta presente em adi~ao a uma tensao Lua-Plutao, parece refor~ar a tendencia. Dc qualquer forma, 0 truque c loealiza~ e confrontar 0 tema antes que 0 cliente possa lan~ar 0 gancho: As vezes, um cliente come~a a sessao dizendo que esta fazendo analise ha tres anos, que seu mapaja foi interpretado algumas vezes e que ja foi a sabc-se la quantas sessoes de terapia em grupo, e que nenhuma dessas coisas the fez umminimo bem. Ele pode contempla-Io com as falhas do seu analista e dos outros
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astr610gos que consul tou. E tudo isso com urn sorriso triste e suave, que diz, "mas, naturalmente, posso dizer-lhe isso porque sci que voce c difercnte". Tudo sera fcito de modo muito mais sutil que 0 que mostrci, claro, e pode ser urn material muito plausfvcl e sedutor, especialmente nos primciros tempos da carreira de aconselhamento, quando voce nao tern muila experiencia e se sente inseguro. Porcm, aquele sorriso triste e suave vai atraf-lo para a ponta de uma baioneta, se voce "cair" nele. 0 mclhor a fazer c dizer, de mancira tao natural e neutra quanta possfvcl, "parece-me que voce pode ter urn padrao de preparar as coisas, de mancira tal que voce acaba provando que ningucm pode fazer nada por voce; assim, voce sai desapontado, e, talvez, secretamente triunfante". Dependendo de quao con[rontador voce quer ser, pode acrescentar, "sera que voce tern a inLen~ao de fazer isso comigo?" 0 ponto c tratar esse padrao como qualquer outro que possa aparecer; nao e born, nem mau; apenas, material para ser trabalhado. Se 0 cliente admite 0 padrao, voce pode explora-Io. Se ele nega, voce pode dizer, "ainda penso que se trata de uma possibilidade que devemos contemplar", e pergunte quais sao seus sentimentos quando ele percebe que nao obteve nada com as outras sess5es. (Na verdade, uma boa regra C, em caso de duvida, pergunte dos sentimentos.) Mas, aconte~a 0 que acontecer, nao se apegue a querer vencer essa pessoa. Se seu estratagema [or bem-sucedido, sera f:1cil ficar inchado com a idcia de que voce e, na verdade, 0 primciro que conseguiu ser esperto 0 suficiente para quebrar essa noz dura. Af, voce tera cafdo na armadilha que ja estava preparada antes mesmo de voce a perceber. Mas, infelizmente, nem todos os sabotadores dao sinal de suas intenc;5es dessa maneira, se e que os dao. E quase como se esse tipo de c1iente quisesse ser descobcrto e, talvez, ser rcconfortado pclo fato de voce nao ser urn tolo que cai nos seus truques. Urn pequeno percentual de c1ientesjoga umjogomuitomaisdiffcilecomplicado. Ele vai aceitando o que voce disser, e voce acha que esta passando as idcias para cle, fazendo progressos. Entao, num momenta cntico, quase no fim da sessao, ele faz alguma coisa que rejeita e invalida completanlente tudo o que aconteceu. E, ao mesmo tempo, ponto, set e partida para 0 c1iente. Voce pode tentar salvar alguma coisa dos destro~os, mas 0 fato c que voce foi enganado. 0 mclhor que tern a fazer e acompanhar seu clienLe ate a porta, do modo mais gracioso que puder, e, depois, examinar-se para vcr o que foi que deu errado, e a respei to do que voce estava tao ansioso para demonstrar a certeza que permitiu ao seu cliente logra-lo.
8 - Principios Basicos de Aconselhamento
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Por mais desagradavcis e humilhantes que possam ser tais encontros, eles devem ser tratados como valiosas experiencias de aprendizado. Isso quer dizer: eles devem ser vistos scm julgamento, num contexto de ser responsavcI por te-Ios criado. Eles sao atirados de tempos em tempos porsua pr6pria psique, pois voce esta preso a alguma coisa que precisa remover. Esse tipo deenconLro com clientes pode sertrazido aluz pel a teoria dos "jogos" da Analise Transacional. Urn jogo e uma scrie de transa~5es plausfveis que, na realidade, estao se dirigindo para urn desfecho ulterior. A pessoa que joga, experimenta urn de seus sentimentos negativos favolitos. A inten~iio de experimentar 0 mau senLimento c inconsciente. 0 desfecho do jogo c provar como a pessoa esta certa quanto a manter certa posic;ao a respeito da vida. Como sugerimos, os clientes que tern a inten~ao secreta de sabotar a sessao provavclmente jogam jogos que tern 0 desfecho de provar que ningucm vale nada. Os jogos podem ser jogados scm parceiro, e assim, se um cliente jogou com sucesso e obteve 0 desfecho esperado, voce tambcm jogou um jogo complementar e teve seu pr6prio desfecho. E menos util preocupar-se com a analise dos jogos que seus cl ientes podem estar jogando, do que ter c1areza ace rca do jogo que voce estajogando. Se voce pararcom 0 seu lado do jogo, os clienLes nao terao oportunidade para jogar 0 deles. Os jogos praticados pclo astr610go nessas circunstancias serao, geralmente, variantes do que Eric Berne chamou de "Chute-me". A hist6ria c: sua mente de macaco tern a impressao de que sentirse um pouco indcfeso, desajeitado e humilhado c necessario para sua sobrevivencia. Assim, de vez em quando, voce inconscientemenLe inicia, ou se deixa envolver por urn comportamento que prova como aquilo c certo. NITo fa~a urn esfor~o conscienLe para deter esse jogo; isso s6 seria resistir-Ihe, fazendo com que persista. Deixe que esteja ali, e processe-o. Voce sabera quando c1e se [oi, pclo fato de seus clientes nao jogarem mais 0 jogo da sabotagem - pelo menos, nao com sucesso. o aconselhamento c urn processo contfnuo de aprendizado, mais ate do que a interpreta~ao. E verdade que voce pode sempre aprender mais sobre 0 signi ficado dos sfmbolos astrol6gicos, mas chega uma hora em que seu dep6sito de informa~5es sobre 0 tema c grande 0 suficiente, e a aquisi~ao de mais informa~5es se torna mais uma questao de polimento e acabamento do que de melhoria radical. Atc certo ponto, 0 mesmo pode ser dito da tecnica de aconsclhamenLo. Voce pode chegar
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a urn certo nfvel de habilidade na conduta de entrevistas, que se torna mais ou menos automatico. Mas, como dissemos no come~o deste capItulo,o aconselhamento e urn proccsso conjunto de descoberta. Nao e apenas para a psique do seu cliente que 0 holofote esta dirigido, mas para a sua tambem. Ao final da sessao, voce deveria nao s6 ter dado ao cliente 0 poder de melhorar a qualidade de sua vida, como tam bern dado a si mesmo, for~a para melhorar a qualidade da sua pr6pria vida. Se voce nao recebeu alguma coisa alem dos seus honorarios, voce praticou a transmissao de informa~oes, e nao aconselhamento. Este metoda de uso do mapa astro16gico ainda esta numa etapa inicial, e somos todos princi piantes. Tudo 0 que dissemos, bern como os exemplos que daremos depois, devem ser vistos como linhas basicas para que voce descubra sua pr6pria tecnica de aconselhamento astro16gico eficiente, ao inves de regras rfgidas e simplistas, de aplica~ao mecanica.
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Os dialogos a seguir sao transcri~oes de fitas de sessoes reais, usadas com a permissao das pessoas envolvidas. Os nomes foram mudados, e detalhes pessoais - que poderiam fornecer pistas quanta a identidade - omitidos, mas, no restante, os mapas estao corretos, e as transcri~oes apcnas lcvementeeditadas. Sao, inevitavelmente, urn tanto rcpetitivas. Vma das caracterfsticas mais visfvcis deste trabalho e a necessidade de trazer, com freqiiencia, 0 clicnte de volta ao assunto em pauta. A resistcncia oferecida pela mente fica bern evidente nesses tcxtos. o que sera pouco familiar para 0 astr610go leitor e, talvez, desconcertante aprimeira vista, e 0 usa que fa~o da informa~ao do mapa. o astr610go que esta acostumado com 0 contato extenso com caracterfsticas individuais do tema, fornecendo muitas informa~oes detalhadas, pode achar que estou reduzindo a importancia da astrologia. Nao e bem assim. A diferen~a entre esse modo de trabalhar e 0 tipo mais convencional de entrevista astro16gica e que uso a informa~ao do mapa com 0 intuito de obter urn resultado, nao como urn fim em si mesm~ 0
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resultado almejado e que 0 cliente tenha uma confrontac;ao clara e nada ambfgua com urn ou varios dos mais importantes princfpios organizadores inconscientes de sua vida. Para esse fim , parece-me mais eficiente apresentar a informaC;ao em termos dos temas amplos do mapa, que sao escolhidos de modo a incluir todos os detalhes significativos. Como dissemos no Capftulo 7, depois da confrontaC;ao ter tido lugar e ser claramente estabelecida, passo algum tempo dando informac;oes detalhadas. No entanto, consideramos isto opcional e nao inclufmos exemplos, pois eles aumentariam 0 tamanho dos dialogos scm prop6sito real, e essa fase difere muito pouco da entrevista convencional de transmissao de informac;oes. Queremos enfatizar, mais uma vez, 0 ponto que levantamos no primeiro capftulo, quando dissemos que 0 prop6sito da entrevista nao e entendimento, mas sim - por falta de palavra melhor- "iluminac;ao". E o que queremos dizer com "iluminac;ao", neste contexto, e 0 emprego experimental de urn importante princfpio operacional da vida. Para n6s, a transmissao de informac;oes e, em essencia, uma entrada de energia. Ela deve impregnar os circuitos psicol6gicos importantes, para que possamos vcr 0 que ha mesmo neles. Dc modo bern analogo, urn cletricista vai ligar uma fonte a urn circuito eletrico para conferir 0 seu funcionamento. A passagem de informac;oes, em termos amplos, ativa mais circuitos, e faz com que a entrevista tenha uma partida mais rapida. Assim, queremos dcixar claro que 0 mapa em si exerce, neste metodo, uma func;ao diferente da que mostra na sessao astro16gica convencional. Aprimeira vista, pode parecerum papel menor. A pessoa poderia conduzir esse tipo de entrevista com infonnac;oes extrafdas de qualquer fonte, nao especificamente astrol6gica. A pessoa poderia igualmente usar, e bern, informac;oes obtidas por meio de testes psico16gicos convencionais, sonhos ou fantasias do cl iente, taro, numerologia, quiromancia ou percepc;ao extra-sensorial. Repetindo, a essencia deste metoda de aconselhamento reside no uso da informac;ao, nao em sua derivac;ao. Contudo, n6s argumentarfamos que 0 mapa astrol6gico e, de longe, a melhor fonte de informac;ao. Os significados dos sfmbolos astrol6gicos sao bern entendidos, de modo geral, e, na sua maioria, razoavclmente assentes. Os significados dos planetas em signos, casas e aspectos tern significados padronizados. Como dissemos no Capftulo 5, embora urn fator qualquer - tal como Venus em Gemeos - nao se manifeste exatamente da mesma maneira em duas pessoas diferentes,
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ha, ainda assim, urn significado comum basico que sera aplicavel em todos os casos, e que pode ser usado como ponto de partida. A interpretac;ao de mapas pode ser ,muito confiavcl, e nao depende de qualquer dom psfquico ou clarividente especial- os quais parecem ser afetados por fatores alem do controlc da pessoa. A interpretac;ao pode ser preparada com antecedencia, para que voce possa depositar sua atenc;ao total no cliente. Finalmente, a quantidade e gama de informac;oes disponlvcis a partir do mapa nao tern paralclo, e seu nlvcl pode ser facilmente ajustado as necessidades de cada cliente. Como os dialogos dcixarao evidente, nao estamos tao preocupados com a analise como estamos em fazer com que 0 cliente confronte 06bvio. A analise conduz, ou podeconduzir, amaisemais compreensao. o cliente tern mais e mais razoes para ser do jeito que e. Esse tipo de conhecimento cerebral nao tern poder para fazer diferenc;a. Jung se refere a urn jovem que produziu uma auto-analise de sua neurose, comp1cta e por escrito, tao perceptiva e precisa quanta a que Jung teria feilo. E cIa nao fez diferenc;a, uma vez que ficou no estagio de conhecimento cerebral e, assim, nao foi confrontada na experiencia do jovem rapaz. A analise pode ser urn beco scm safda, caso seja usada para se buscar razoes e causas no passado. Ela tern valor, na medida que pennite a pessoa termaiorcompreensao do AGORA. Os clientes falan1 a respeito de experiencias de infancia e do rclacionamento com seus pais, e n6s estimulan10s a faze-Io como modo de verem as coisas no presente. Como dissemos no Capftulo 3, 0 drama pais-mhos e 0 drama da vida representado numa forma mais simples e clara, e os temas nao sao acobertados e obscurecidos, tal como ocorre mais tarde, na vida aduIta. Em dois dos dialogos, os clientes passaram urn born tempo avaliando assuntos da inmncia. Segundo nossa opiniao atual, nao cremos que os assuntos de infilncia contenham alguma chave magica para a situaC;ao. E que aquilo que 0 cliente traz como sendo urn assunto da inmncia, tambem e 0 tema atual. Nao costumamos iniciar conversas falando sobre os pais, mas, as vezes, quando 0 cliente parece estar dando voltas na superffcie das coisas, n6s 0 fazemos. Muitos clientes, especialmente os que ja meditaram a respcito de si mesmos ou que fizeram terapia, costumam estar na posiC;ao de quem tern todos os pedac;os de urn quebra-cabec;as e ja os uniu corretamente, mas que ainda nao consegue identificar a figura que tern a frente. 0 que buscamos, nesses casos, e 0 equivalcnte de fazer 0 cliente olhar para 0
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quadro e lhe dizer: "0 que voce tern af ea figura de urn rinoceronte". Ele nao pode ver que e a figura de urn rinoceronte, porque esta muito ocupado tentando encontraro significado profundo do chifre e da cauda, e imaginando porque a criatura teria quatro patas. Para repetir novamente 0 que dissemos antes, ver e confrontar-se com 0 6bvio requeruma condi~ao semelhante it ingenuidade infantil, a habilidade de vcr alguma coisa pelo que ela nao por nossos julgamentos ou expectativas do que seja. Outra razao pela qual as pessoas nao conseguem ver que estao com 0 quadro de urn rinoceronte nas maos, eque, depois de terem juntado duas ou tres pe~as de urn animal cinzento, elas sabem que s6 pode ser urn elefante. Quem sabe elas queriam, 0 tempo todo, que fosse urn leao. Isso aparece de maneira forte no primciro dialogo com Martin, onde ele esta tao concentrado no que ele acredita ser a necessidade de entrar mais em contato com seus sentimentos referentes it sua mae, que morreu quando ele tinha sete anos, que nao consegue verque aquilo com que ele realmente precisa lidar e suafalta de habilidade para entrar em contato com esses sentimentos. Infelizmente, os diaIogos nao podem transmitir a sensa~ao e a atmosfera da sessao, e, em frio preto-e-branco, pode, as vezes, dar a imprcssao de que estamos sendo irreverentes ou pouco simpaticos. Procuram os semprc partir da premissa de que 0 cliente e maior do que seus problemas, e tentamos estabelecer essa tonica desde 0 infcio da sessao. Pode ser que isso nos fa~a dizer coisas como: "Bern, voce quer matar 0 seu marido. E af?" Pode parccer insensibilidade, mas cuma tentativa de lcYar o cliente a olhar para a questao de uma pcrspectiva superior. Nao c a invalida~ao de alguma coisa horrfvel que 0 cliente tenha dito, e uma aceitar;ao. Nao far;amos isso, exceto se virn10s que 0 nfyel de comunicar;ao que temos com 0 cliente e born 0 suficiente para que urna tal interven~ao seja apropriada, e para que seja percebida pelo cliente de mancira correta. As sessoes come~am sempre com uma discussao preliminar, que dura uns vinte minutos, discorrendo sobre a estrutura Msica que iremos usar. Discutimos, ideias como escolher nossas vjdas, a mente orientada para sobrevivencia que obscurece os assuntos 6byios, a necessidade de confrontar e de assumir responsabilidade por tais assuntos, para que possam ser processados por meio do ciclo natural de cria~ao-manuten ~ao-destruir;ao. Apresentamos sempre a analogi a da mente orientada para a sobrevivencia, como 0 macaco que teve a mao presa na cumbuca, e freqiientemente nos referimos ao "macaco", mais tarde, para chamar
e,
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a aten~ao para aquilo que a mente do cliente esta tramando. Explicamos que a sessao propriamente dita versara princi palmente sobre como lidar com a resistencia da mente quanto a se defrontar com 0 6bvio. Afirmamos, especificamente, que nao queremos que ele acredite em qualquer dessas coisas, mas que esteja disposto a adota-Ias como regras Msicas do jogo que estaremos jogando durante a pr6xima hora e meia, ou duas. Temos sempre em mente que a sessao devera demorar uma hora e mcia, mas estamos preparado para 0 caso dela demorar mais, e nunca agendamos outro cliente ou marcamos outro compromisso em horario pr6ximo ao do fim preyisto da sessao. Mantemos scm pre em mira fazer com que 0 cliente de uma volta completa em sua vida em uma s6 sessao. Pelo que lembramos, isso nunca ocorreu, mas e uma 6tima forma de focalizar sua intenr;ao, alcmde estar de acordo com a orienta~ao de Eric Berne, 0 criador da Analise Transaciona1. A sessao comer;a, e lemos 0 primeiro dos temas do mapa em nossa lista, perguntando ao cliente qual foi sua rear;ao a ele. Apesar dessa maneira de trabalhar dar a impressao de diminuir a importancia do mapa, como ja dissemos, na pratica isso nao e verdade. Quanto maior sua compreensao da astrologia e rnais completa e detalhada sua analise preliminardo mapa, maior a probabilidade de que voce consiga condensa10 em colocar;oes amplas, que vao chegar ao ponto e dar nova energia aos circuitos do cliente.
MARTIN: Principais Temas do Mapa 1. Parece ser 0 fazedor compulsivo. Da muito valor a ter 0 controlc, tanto sobre si mesmo como sobre os outros. Forte senso de autodisciplina, dever e responsabilidade. Nao se permi te mui to prazer. Pode ser um lfder realmente carismatico e inspirador. 2. Seu senso do que se espera dele no mundo e muito confusototalmente diyidido em si mesmo. Proyavelmente, os pais tiveram comportamento muito inconsistente e impreYisfve1. Sente-se incompreendido e reage com provoca~ao e desafios. Tende a criar muitas crises, em parte devido ao desejo de drama e sensa~ao, em parte para descobrir 0 que anima os outros.
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~
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emo~ao
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que podem ser potencial mente destrutivos, devendo ser
evitados. Suas expectalivas Msicas dos outros tendem a ser fixas cum tanto 5. irrealistas, e por isso ele esla vulneravel a sofrermuilos desapontamentos. Tende, em especial, a idealizar as mulheres. Ao mesmo tempo, precisa de um grande cfrculo de amizades e 0 apoio de pessoas que pens am de modo semelhante ao dele para obter equillbrio emocional e funcionamento sexual.
" 29
)(29 I - _. -- --
"Y1J1
25
25
V 22 ]) )( 25 20)( R 36
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27 )( 55
29)( 48
Figura 1.9.1 - Martin. Nascido em 20 de junho de 1955 It 1:15 AM, B.S.T., em Chesterfield, Inglaterra. 0 sistema de casas usado IS 0 topoccntrico. Estes dados [oram extrafdos da memoria de sua mae quanto ao parto. Calculos feitos pela AstroComputing Services.
3. Impressionavel, hipersenslvcl, sente-se amea~ado ou invadido facilmenLe. Tendcncia a lelargia, a retrair-se para seu mundo interior, inclinado a ser passivo e resignado. Muita energia concenLrada no passado, de alguma forma - pode ler emo~5es amargas sobre alguma coi sa, talvez urn amor materna inadequado. 4. Forte natureza sexual, centralizando toda sua vida, mas cria muitas dificuldades para cIa. Capacidade para 0 []uxo aberto, natural e harmonioso do amor e do sexo, mas nao confia no livre []uir das emo~5es. Pode sentir que os relacionamentos sao lao carregados de
Martin tem 26 anos, e e conLador. Deixamos a discussao preliminar e a transmissao de informa~5es para 0 final. No mais, esta c a transcri~ao de quase toda a sessao. Fizemos comentarios entre parcnteses onde nos pareceu necessario. Os leitores dcvem imaginar nossos freqiientes murmurios de incenlivo, "sim" e "ha-ha", os quais se somariam ao comprimento ffsico da transcri~ao scm contribuir para sua substancia. Ao longo das transcri~5es, somos indicados pela lelra "R", co cliente por uma inicial apropriada. R: Vamos come~ar dando uma olhada nos principais lemas do mapa e vcr que tipo de sino eles tocam. Bern, cis 0 primeiro. "Parece ser 0 fazedor compulsivo. Da muito valor a ter 0 controIe, tanto sobre si mesmo como sobre os outros. Forte sen so de auto-disciplina, dever e responsabilidade. Nao se permite muito prazer. Pode ser urn lfder realmente carismatico e inspirador". Alguma rea~ao a isso? M: Essa c uma parte de mim, mas ha outra, quase 0 oposto. As vezes, acompulsividade fica muito[orte mesmo. A maioria das coisas quefa~o c por compulsao. R: E que tal 0 conlrolc? Parece que 0 controle e estar numa dominante sao areas importantes da sua vida.
posi~ao
M: Sim, eu diria isso. Porexcmplo, trabalho para mim mesmo, de modo que tenho contro1c. Preocupo-me com 0 conlroIe. Euma posi~ao na qual eslou sempre me colocando. Quando crian~a, (kava sempre imaginando porque c que tinha de me fazcr de importante. (Ate aqui, tudo bern . Nenhuma rea~ao muito forle. A intera~ao conseguiu formar confian~a na validade do mapa, mas nada com que se apro[undar. 0 assunto do controle tornar-se-a importanLe, mais tarde, mas agora nada sera ganho por urn aprofundamenlo deste primeiro ponto.)
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R: Certo, vamos para 0 ponto dois. "Seu senso do que se espera dele no mundo e muito confuso - totalmente dividido em si mesmo. provavelmente, os pais tiveram comportamento muito inconsistente e imprevisfvel. Sente-se incompreendido e reage com provoca~ao e desafios. Tende a criar muitas crises, em parte devido ao desejo de drama e sensa~ao, em parte para descobrir 0 que anima os outros". M: Tenho tido muitas crises, ee verdade que hi:1 uma parte de mim quequer urn pouco de drama na vida. Ediffcil saber 0 que e espcrado de mim. Como voce disse, estou dividido por dentro, e muito confuso. Minha mac morreu quando eu tinha sete anos, e e meu rclacionamento com ela que nao consigo .ordenar. Ele vern a tona por causa de quaJquer sentimento, e e uma emo~ao muito carregada, naqualnao possoporodedo. Haalguma coisa muito bern trancada no meu subconsciente. Penso que me envolvi terrivclmente com cla, e nao consigo ter acesso aqucla partedemim. (Definitivamente, cis algo a explorar. Essa informa~ao ativou urn de seus circuitos, enta~ come~amos tentando descobrir algo mais.) R : 0 que voce esta fazendo a respeito? Qual sua atitude perante aquela parte
a qual voce nao tern acesso?
M : Quase nao consigo imaginar que a tenho; esse e urn belo problema. Nao tenho muitasmem6rias especfficas, 0 que estamecausando muitos problemas. As vezes, fico bern desesperado com isso. Estive fazendo terapia, tentando lidar com essas coisas, mas tenho aim pressao de estar vagando no escuro. R : Voce tern alguma cren~a parecida com "nao posso seguir adiante na vida enquanto nao desenterrar essa coisa a respeito da minha mac?" (Repita 0 que cles estao dizendo da maneira mais simples e clara que voce puder.) M:Sim. cE isso! Atingimos 0 tema principal com dez minutos de sessao. Agora, e puxar urn pouco para ter mais clareza e aceita~ao desse sistema de cren~as. Eurn cfrculo vicioso bern forte. Ele nao pode lidar direito com a vida enquanto nao trabalhar a hist6ria referente a sua mae, e ele nao pode faze-Io, e por isso nao consegue lidar com sua vida.) R: Muito bern, e isso. E exatamente disso que estavamos falando no come~o. Essa e uma noz que sua mente de macaco agarrou. Tern urn
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padrao af que diz, "nao consigo lidar com minha mae e nao sei do que se trata, e 6 assim que e minha vida. Para sobreviver, tenho de lutar e me preocupar com isso, e, para culminar tudo, estou com medo tamb6m, pois, nao sci 0 que vai acontecer". Voce pode passar por essa, colocando toda a hist6ria numa tela, observando que voce tern nela tudo 0 que acha que nao consegue e que acha que precisa ter. Perceba ainda os sentimentos e julgamentos de valor que voce coloca ao redor da questao. Eles vao impedir que voce veja 0 que esta ali, caso voce se preocupe com cles, e por isso e born que fique ciente delcs tambem. Quais sao as coisas que aparecem na tela? M: Tenho a sensa~ao de estarsendo atormentado por minha mac, e de ser visto por cla de maneira muito sensual. E tenho muita raiva dela, como se estivesse me guardando. Parece haver muita culpa por nao conseguir trazer de volta essas lcmbran~as.
R: Voce esta disposto a deixar que as coisas fiquem ali, apenas sejam . M: Bern, eu sci que esta tudo ali. (Fica intrigado; elc ainda nao percebeu bern as coisas.)
R: 0 que acontece quando voce faz isso: olha para tudo de modo impessoal? (Mantenha a sessao em movimento. Fa<;a 0 cliente trabalhar.)
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M: (Ionga pausa) A primeira coisa que me vern mente e que eu nao deveria for~ar tanto. Pois eu for<;o demais. Esta na minha natureza.
R: Lembre-se do cicIo: cria-mantcm-destr6i. Voce criou toda essa hist6ria e voce a esta mantendo. E uma das maneiras de mante-la 6 por meio da id6ia de que voce tern de for<;ar e de dar duro. Se voce dcixar ser, isso passa. M: Estou ciente de parte de mim que quermanteresse drama. Sinto is so muito bern. (Ele ainda nao entendeu 0 "espfrito" da coisa. Ha acordo intelectual com o que estou dizendo, mas pouca ou nenhuma experiencia.) M: (aparentemente, tangenciando 0 que acabou de dizer) Estou ciente de urn lado forte em mim que querencontrar algu6m e se estabelecer. Se isso acontecer, eu vou dcixar tudo isso para tras. Mas, tern todo urn drama em tomo da morte da minha mac e do novo casamento do meu
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pai, e estou envolvido por ele. Ainda nao consegui ficar finne sobre meus pes, deixando tudo isso para tnis e seguindo minha pr6pria vida. Esta come~ando a acontecer, mas esta levando muito tempo. R: Quando olhamos claramente para essas coisas, elas sao destrufdas, e isso costuma acontecer fora do espa~o e do tempo. Assim, quero tirar sua aten~ao da ideia de que leva tempo. Veja, isso pade parecer fantasia, mas ha uma scita budista que diz que 0 universo e criado e destrufdo quarenta mil veies por segundo - 0 que, na verdade, se encaixa com 0 que sabemos da ffsica atamica. Quem sabe, quando voce olha para alguma coisa com clareza, voce destr6i seu universo durante uma fra~ao inconcebfvcl de segundo. Af, voce 0 cria de novo, mas algo esta faltando. 0 bloqueio se foi - em urn nfvel, 0 da cria~ao, embora voce ainda tenha de passar por urn processo quanta a isso. Ha urn grande cfrculo vicioso naquilo que voce disse urn minuto atnls, a respeito de querer encontrar uma pessoa com quem possa se estabelecer e, quando voce 0 fizer, padeni esclarecera questao rclativa asua mac. H:1 urn grande "se acaso" nisso. Na verdade, voce pode fazer isso AGORA. Em tennos de olhar para a questao deste ponto de vista puramente objetivo, voce pode ir alem de todos os problemas referentes a morte de sua mac e 0 novo casamento de seu paL M : (longo suspiro, como se confrontasse com enonne tare fa) Bern!!! Sera? Sera? (em tom de duvida e ceticismo) R: Voce acaba de faze-lo, ao menos em parte. (Uma referencia aM, di zendo antes que de sabia que tudo estava lao Nao foi uma grande experiencia, mas ele captou suficientemente seu Eu Real para en tender a mensagem, de que forc;ar esse assunto nao iria dar certo. Reforce e encoraje mesmo os pequenos avanc;os.) M: Tern havido ocasioes, recentemente, em que senti exatamente isso. Por urn breve instante, pude vcr meu caminho atraves de tudo isto.
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R: Bern, nao se puna porisso, nem se pennita terorgulho disso. Apenas perceba que esta ali. "Oh, veja, tern essa hist6ria de retirada e eu nao quero brincar com 0 mundo". Quando voce come~ar a remover a sensac;ao de que isso e urn grande problema, af voce deixa lluir de verdade.
o que quero que voce fac;a quando sair daqui e que comece a olhar para sua vida como se ela fosse urn desses simuladores de direc;ao. 0 que quer que aparec;a na tela e 0 que voce precisa ver, identificar e lidar. 0 que se opoe a isso sao as coisas que parecem tao 6bvias, ou triviais ou poderosas que pcnsamos: "Nao pode ser isto. 0 que estou procurando mesmo e a pr6xima rua aesquerda". Assim, nao vamos muito alem por que 0 cachorro que atravessa a rua, continua atravessando a rua, enquanto nao lidamos com ele, ao inves de concentrar nossa atenc;ao naquilo que pensamos ser 0 verdadeiro alvo, dobrando a pr6xima esquina. 0 problema e que achamos diffcil reconhecer 0 6bvio. M : Para mim, no momento, sinto que ouvi 0 que voce disse, mas, as coisas estao comec;ando agirarum pouco. Estou lidando com 0 que voce falou. Que born que tenho a fita para ouvir de novo. (Sim, mas nao confie na fita. Ela pode se partir ou serperdida. Fac;a com que ele tenha clareza agora, se possfve!.) R: Com
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que voce esta lidando? 0 que nao esta claro?
M : Bern, eu ouvl 0 que voce disse, mas fico imaginando se conseguirci lembrar-me, se conseguirei prestar atenc;ao nisso. Tenho medo de empurrar tudo para urn lado e seguir em frente, exatamente como antes. R: Isso tern jeito de urn born e tfpico exemplo de mente de macaco. (Ponho em relevo 0 medo de nao conseguir entrar no contexto. Eoutra a respeito do assunto. Poderia terelaborado urn pouco mais aqui, embora Martin venha depressa com sua pr6xima observac;ao.) cren~a
R: Sim. Acontece que, por uma frac;ao de segundo, voce consegue vcr que voce e voce, e nao 0 macaco que esta se debatendo com as nozes. Af, 0 macaco se debate com elas, com intensidade dobrada, porque precisa delas para sobreviver - pelo menos e 0 que acha.
M: 0 que voce esta me dizendo me lcmbra do que Ii de Carlos Castaneda. Don Juan fala de procurar pelo 6bvio. Tenho urn intelecto altamente desenvolvido, e sou muito born em resolver problemas impossfveis. Pec;a-me para fazer alguma coisa 6bvia e entro num n6 terrfvel e perco a calma.
M: Estou comec;ando a me sentir como uma crianc;a birrenta, dizendo "nao, eu nao vou brincar com 0 mundo". Ecomo me sinto.
R : Para par a hist6ria em tennos concretos, 0 6bvio para voce, no momento, e que voce tern toda essa coisa acerca de sua mae e voce niio
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e isso! Eis 0 cachorro atravcssando a rua. Voce tern tudo e voce nao consegue chegar 1a e se sente cuI pado por isso, e se voce pudesse encontrar a mulher ideal. .. tudo isso, cis 0 que C6bvio com voce. 0 que voce esta fazendo e bern 0 que voce disse-tentar entrar na parte quase imposslvel de que voce nao conseguc lembrar, e nao lida com 0 que eSla lao Parece estupido colocar as coisas nesses termos, mas, na Yerdade, a vida se reduz asimples proposir;ao de que, o que e, Ce, 0 que nao C, nao c.Gastamos tanto tern po tentando lidar com o que nao Cmas pensamos que C, que nunca lidamos com 0 que c. E al n6s nos perguntamos porque nao chegamos a parte alguma! consegue lidar com isso. E
M: Isso me lcmbra inslanlaneamente de que, com freqiiencia, espccialmente na terapia que estive fazendo, fico teniando vcr aonde me levam as coisas. Estou procurando algum segredo terrivelmente sombrio. Minha mente Ccapaz de gerarcoisas enormes com muito pouco ... S6 queria Ihe contar isso; tocam sinos em mim. R: Bern, voce esta fazendo isso agora? (Obviamente, urn ponto crucial; nunca chegaremos a parte algum a se elc estiver fazendo isso agora.) M: NITo, agora nITo. Eslou muito ocupado no momento. (Significa que esta completamente presente e concentrado no que esta acontecendo; sua expressao e linguagem corporal confirmam suas palavras.) R: Vamos passarentITo para 0 ponto tres. "Impressionavel, hipersenslvel,
sente-se amear;ado ou invadido facilmenle. Tendencia a letargia, a se retrair para seu mundo interior, inclinado a ser passivo e resignado. Muita energia concentrada no passado, de alguma forma-pode ter emor;6es amargas sobre alguma coisa, talvez urn amor materna inadequado". Bern, esle ultimo delalhe chegou anles da hora!
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Ponto 5: "Suas expectativas basicas dos outros tendem a ser fixas e urn tanto irrealistas, e por isso cle esta vulnef
M: Sou impressionavel, especi al mente com homens, 0 que vern do meu paL Ele era 0 maiorser humano do mundo. (Segue adiante, confirmando as afirmar;6es fcitas de modo geral.) Sinto-me facilmente amear;ado, mas as mulheres me amear;am mais do que os homens.
M: Tern duas coisas af. Vma, e que sempre penso que, se pudesse encontrarpessoas com quem me senti sse avontade, eu poderia me sol tar urn pouco e me divertir, mas isso nunca acontece. :E uma ilusao.
R: Sim, isso esta no ponto cinco. Bern, vamos pular para ele.
R:
(NITo ha carga suficienteem sua rear;ao ao ponto tres, e a questao do amor materna ja tinha surgido antes, por conta pr6pria.)
M: Ate agora, nITo live de fato urn relacionamento sexual satisfat6rio, tongo e bem-sucedido com uma muTher. Estive propenso - digo "pro-
:E oulro "se acaso".
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penso" porque nao 0 entendo bern - a ter relacionamentos homossexuais. Nunca entendi isso - por que eu deveria optar por relacionamentos homossexuais, quando sei, por instinto interior, que 0 que desejo de fato e urn relacionamento sexual aconchegante e calido com uma mulher? Mesmo assim, fico indo para 0 outro lado. E, dentro desse meu lado amavel e calido - que sei que tenho, em algum lugar, e c outra coisa que nao consigo acessar muito bern -, costumo transferir esses sentimentos para outro hom em. (Ele, entao, passa a descrever, com alguns detalhes, urn encontro recente com outro homem, e diz: "Transferi todos os meus sentimentos de temura para ele".)
R: Nao sei se isto e verdade, mas me ocorreu quando voce estava falando, e e algo que se deve analisar. Parece-me que e assim. Primeira parte: mamae nao esta acessfvel, e essa e uma noz queo macaco agarrou. Voce tern de te-la para poder sobreviver. Portanto, 0 tipo de mulher com quem voce poderia ter 0 tipo de relacionamento que deseja tambcm c inacessfvel. E assim que ela tern de ser, porque voce ainda esta jogando com as coisas de sua mae e qualquermulherporquem voce se sinta atrafdo se toma sua mae, para os fins do relacionamento. Lcmbre-se, fique olhando para isso. Ealgo a que voce se agarrou quando Deus saiu do escrit6rio com aquele roteiro suculento edramatico que prcparou para vocc. Quanto a isso, tenho certeza. A segunda parte ja nao esta tao clara, mas parece que voce tern muitos problemas para possuir de fato os sentimentos de afeto ... M: Tenho. Tenho problemas terrfveis com isso. R: Certo. Assim, voce os projeta sobre outros homens, e se envolve emocionalmente com outros hom ens como maneira de ter seus pr6prios sentimentos por tabela. M: E bern assim. Foi preciso que urn grande amigo meu, que c psiquiatra, me dissesse isso. Acredito nele. Acho que ele tern razao. (Ha algo errado aquL Eborn ter meus diagn6sticos confirmados por urn psiquiatra, mas 0 ponto e que ele disse que nao entendia seus sentimentos homossexuais. Agora, ele esta consciente da explica~ao que sugeri. A leitura da transcri~ao me sugere que perdi uma oportunidade nesse momento, e que eu poderia te-Io confrontado com esta anomalia. Do jeito que foi, dcixei passar com 0 comentario de que parecia ser apenas uma compreensao intelectual. Mais conversas a respeito disso, dar ele traz novamente a tona a questao da mae. A entrevista entao repassa 0 terreno percorrido, e eu yOU mostrando e repetindo que aquilo com que
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ele precisalidareo paradoxo de "minha vida nao vai funcionarenquanto eu nao puder lidar com meus sentimentos de temura e/ou entrar em contato com meus sentimentos referentes a minha mac e nao posso fazer isso, entao, minha vida nao vai dar certo". Isso e valido, e c 0 que costuma acontecer. A resistencia da mente e tao grande que voce precisa estar preparado para desgasta-Ia pacientemente. [Se seus pr6prios sentimentos de exaspera~ao ou de desespero vierem a tona, identifique-os e dcixe que fiquem aIL] 0 dialogo continua pormais uns 15 minutos, e eu sempre 0 trago de volta ao problema e repasso a estrutura basica. Estou omitindo esses t6picos, pois nao creio que contribuiriam muito.) M: Talvez 0 problema mais crucial para mim, e que esta me ocorrendo mais e mais, seja 0 fa to de eu nao ter uma idcia bern clara a respeito de quem sou. Voce esta me dizendo para dar uma olhada meio de longe em todos os pontos importantes na minha vida e para me vcr, mas nem sci para quem estou olhando. (lsso ecoisa bern sofisticada e plausfvcl do macaco. Se voce cair nessa, a sessao pode morrer af.) R: OK. Bern, ponha isso na tela tambcm. "Nao sei nem que diabo eu sou!" M: (nao entendeu nada) Sim, se eu pudesse saber quem eu sou ... R: (com for~a, quase gritando) Mas olhe aqui! Voce fica voltando para o "se acaso". 0 problema eque voce nao sabe quem C. Eat? (Tentando urn efcito de choque. Dcsta vez funciona. Dois outros, na passagem omitida, foram ignorados. Atc este ponto, Martin me acompanhou bern, mas ele esteve falando de tudo num tom muito racional, como se fossem coisas pelas quais ja passara muitas vezes antes, e, de [ato, passou. Vma das vantagens de urn cliente que ja fez algum tipo de terapia c que cle tern familiaridade com 0 processo como urn todo e com a ideia de olhar para si mesmo. A desvantagem e que ele acaba ficando [amiliarizado demais com suas coisas, 0 que faz com que percam seu valor potencial de choque. Agora, quando Martin responde, sua voz parece mais irri tada e animada.) M: Entao esse problema parece ser, para mim, uma coisa desesperadora. Eisso af. Quase nao quero falar quando percebo que nao sci quem sou, porque nao tenho nada para dizer.
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R: (acompanhando seu tom - esta come~ando a parecer urn concurso de gritos) Sim. Eoutro cachorro atravessando a rna. A idcia que estou tendo c que, no final das contas, nenhuma dessas coisas vale muito. Quer dizer, claro, parecem ser importantes quando estamos lidando com c1as: sao terrfvcis. Mas, do ponto de vista do seu Eu Real, nao sao grande coisa. M: Para mim, no momento, parece urn problema enorme. Ealgo como: "Se eu nao descobrir quem sou, e 0 fim do mundo". R: "Se, se". Acho que you dar urn exercfcio para voce fazer. Escreva quinhentas vezes, "se eu conseguisse entender tudo, minha vida seria maravilhosa". (Segue-se urn silencio fervente, quebrado de modo muito animado por Martin.) M: 0 que confunde minha cabe~a e que voce csta me dizendo isso como se todas essas coisas fossem partes inerentes a mim. Estive pensando, durante anos, que aculpa toda fosse dosmeus (interjei~ao omitida) pais! (come~a a rir) R: (finge, ironico) Puxa, desculpe por isso, Martin! (riso) M: (ainda rindo) Estou confuso, porque estive olhando para 0 lado errado da hist6ria de quem faz 0 que a quem.(Pc1o menos 0 macaco soltou a noz! 0 problema se iIuminou, e este c 0 ponto de inllexao da entrevista, embora, ainda haja muito a fazer apoiar a "mini-ilumina~ao" de Martin, como veremos.)
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R: Continue a culpa-los, mas fa~a-o com consciencia. Dcscubra 0 quanta puder sobre as maneiras como voce culpa seus pais. Tenha 0 maximo de c1areza a respeito dessa hist6ria. Mas pare de leva-Ia a serio. Essa e a diferen~a. M: (rindo) Gostei disso! "Pare de leva-Ia a serio!" Para mim, c uma questao de vida ou morte. (Ele esta altemando muito, neste ponto, entre a leveza e 0 peso. Por urn lado, ele ja viu que, de fato, nao precisa continuar apegado a seus antigo.s padr5es. Por outro, ele se sente tao pouco avontade e assustado sem eles, que continuara a usa-los. Naturalmente, isso e 0 que costuma acontecer, e esse processo devera continuar. Se elc continuar a estar disposto a deixarque 0 assunto existae continue a existir, mas com clareza, urn dia ele percebera que a hist6ria de quererentrarem contato com 0 problema referente asua mac deixou de ser urn problema. Pclo que sci, 0 principal objetivo da sessao foi cumprido. Martin, no entanto, ainda quer discutir o problema de querer levar a serio as coisas.)
R: Vamos deixarbem claro. Nao estou the pedindo quefQl;a isto, que pare agora, de fato, a levar esse tema a serio. Voce nem pode. Voce s6 fari a urn a encena~ao. 0 que estou Ihe pedindo e para estar dispos to a fazer isso, para que esse tema nao seja mais serio, para criar urn espa~o para voce mesmo ao redor dele. Na verdade,faze-Io pode ser algo para mais alem no caminho. Estar disposto a faze-Io pode ser algo para agora. M: Minha resposta mais sincera e que penso que estarei disposto urn dia, mas nao no momento.
R: Real e verdadeiramente, voce tern de parar de culpar os seus pais. E paradoxal, porque voce temjustificativas perfeitas para culpa-los. Elcs nao sabiam como !idar com voce, e ferraram-no dircitinho. Isso e verdade. Nao que eles quisessem ferra-Io, mas porque eles estavam presos a seus problemas. Se voce quiser jogar 0 jogo da cuI pa, voce tern de voltaratcAdao eEva. Voce tern de subirum nfvel. 0 desejo de culpar seus pais nao vai passar - pelo menos nao de imediato. E uma questao de colocar 0 assunto num enquadramento mais amplo: "Eu escolhi isso. Eu crici isso". Ha urn jogo maior e mais excitante parajogar do que se justi licar por causada inepcia de seus pais.
R: Muito bern. Esta certo. Apenas note que voce nao esta disposto a sair
M: Mas, para onde you? Estou nessa terapia, que me encoraja a cuI par mcus pais.
M: (ri, novamente) Isso me Iembra de que ha uma coisa que sempre consigo levar a serio, que sao os exames. Posso ficar fervendo durante
do problema. Nao se assuste.
E onde voce esta.
M: Parece muito diffcil sait disso. R: 0 que aconteceria - como seria sua vida se voce parasse de levar essa hist6ria tao a serio? M: (triste) Ha uma forte possibilidade de que eu seria feliz. R: Isso seria assustador, nao? Algucm disse, certa vez, que os seres humanos pre[erem estar com a razao a serem felizes, e isso e verdade.
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umas tres ou quatro semanas antes, mas, quando piso na sala, recuso-me a fazer dela uma questao de vida ou morte. E olhe que tenho sido muito bem-sucedido nos exames.
linica coisa. Por isso, sujeito a se apegar aos caminhos da a~ao, uma vez que eles aliviam a tensao - e nao porque eles representam 0 que ele quer fazer.
R: Bern, veja s6. Voce sabe que funciona.
3. Muito impressionave1, receia ser enganado. Em parte por isso, tende a se manter meio afastado dos outros. Hesita em entrar em qualquer coisa que possa significar auto-reve1a~ao. Basicamente, uma pessoa excitavel e emocional, mas controla esse lado sevcramente. Isso faz com que passe muito tempo fazendo aquilo que e1e imagina que os outros esperam, ao inves de ser ele mesmo.
M: Eu sei que funciona! Voce tern razao. Voce tern toda a razao.
R: Certo, onde voce esta? Que vai fazer agora? Esta claro dissemos?
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que
M: Meu sentimento global e que terei de sair e repassar a fita, pois eu falci tanto e voce falou tanto que nao consigo lembrar de tudo ... Mas sei que posso me lembrar nitidamente de tudo. (Com efeito, este e 0 fim da sessao. Ha urn pouco mais de refor~o do insight e, final mente, alguma passagem objetiva de informa~ao, mas 0 aperto do cfrculo vicioso no qual ele se encontrava foi afrouxado. Naqucle nlvcl, nao importa se ele se lembra ou nao da sessao, porque sua "mini-ilumina~ao" vai continuar trabalhando por ele. No entanto, o contelido da sessao e importante, uma vez que constitui ferramentas que ele podera usar para recriar a experiencia da mini-ilumina~ao e para lidar com outros materiais que surgirem. Do modo como ocorreu, vi Martin novamente uns dois ou tres dias depois da sessao; ele disse, entre outras coisas, que 0 fato de ter sido apresentado aidcia de "parar de levar a serio" foi uma importante contribui~ao para sua paz de esplrito.)
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PETER: Principais Temas do Mapa 1. Forte senso de disciplina, de dever, de isolamento dos outros e de ter de fazer as coisas por sua conta. Austero, perfeccionista. Sente que a vida e, em esscncia, esfor~o e luta, e e motivado pe1a necessidade de ser visto como trabalhador e executivo. Muito born em lcvar tarefas a cabo e em inventar maneiras novas e produtivas de faze-las. 2. Tern dificuldade para ver urn caminho claro para si mesmo, tende a vaguear e, apesar disso, sente-se culpado, porque acha que deveria estar agindo. Slibitas mudan~as de humor e quedas de energia. Ve muitas possibilidades, mas nao gosta -de se comprometer com uma
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Figura 1.9.2 - Peter. Nascido em 17 de dezembro de 1947 as 10h 45min, G .M.T., em Durham City, Inglaterra.O sistemade casas usado e0 topocentrico. Dados obtidos junto a sua mae. Calculos feitos pela Astro-Computing Services.
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4. Necessidade de poder e lideran~a. Espera Iealdade total dos associ ados e subordinados, mas, na verdade, nao confia muito nas pessoas. Acha que elas nao sao confiaveis, que eIas podem estar cheias de boa vontade e de promessas, mas que nao podem cumprir 0 que prometem. Ao mesmo tempo, capaz de provocarum profundo impacto nas pessoas a sua voILa. Born juiz de sua platcia, e pode empolgar os outros pela qualidade de seu pr6prio entusiasmo. 5. Tal como ocorre com seus sentimentos, de modo geral, a sexualidade c bern forte, mas elc tende a ser urn tanto austero com cIa, desaprovando-a, em algum nfveI, em si mesmo enos outros. Tendera a subordinar as necessidades sexuais ao servi~o, ou a outras considera~6es pnlLicas. Noutro nfveI, 0 amor co sexo sao experimentados como algo vital ao seu funcionamento pleno e como chaves da transforma~ao ou auto-aperfeic;oamento. Peter tern 34 anos e e comerciante. Estou dando, aqui, apenas urn resumo da sessao. A sessao e interessante por ilustrar dois pontos. Urn e que se traz aluz urn sentimento aparentemente inaceitavel- 6dio pelos pais. 0 segundo ponto e que cle acabou revelando uma subpersonalidade de sabotador, 0 que quase destruiu a sessao toda. Em certo nfvcl, parece-me que cometi alguns bclos erros, e que 0 resultado foi obtido quase apesar dos meus esfor~os, ao inves de por causa deles. 0 sabotador secreta vai encanta-lo por meio do desejo que 0 astr610go mostra em parecer born, tentar bastante e fazer urn trabalho particulamlente born. Eu estava ciente da possibilidade de sabotagem desde 0 infcio da sessao, mas, por algum motivo, nao 0 confrontei diretamente. Peter era muito aberto, agradavel e coopemdor, com urn ar do tipo: "Camarada, vamos ao assunto". Eu estava parcialmente ciente de que minha rcac;ao a e1c foi a de achar que precisava fazer alguma coisa especial e impressionante, cdc ser bastante pratico e de pes no chao. Isso melevou a fazeruso da teo ria da subpersonalidade, 0 que raramente fac;o porque a ideia de subpersonalidade pode ficar muito concrcta. Foi 0 que aconteceu. N6s identificamos, e ativamos intensamente, uma subpersonalidade que cham amos de Menino MacambUzio. Era um conceitQ claro, bonito, pratico, e meu pr6prio senso err6neo quanto ao que era necessario me lcvou a enfatiza-Io demais, dando-Ihe muito peso. Incrivelmente, deixei ate passaros sinais no ponto tres dos Lemus do mapa. Quando eu estava lcndo " ... receia ser enganado ... hesita em entrar em qualquer coisa que
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possa significar auto-revela~ao", ate comentci com Peter que talvez precisassemos lidar com isso em termos da pr6pria sessao. A sessao teve lugar anoite, depois de urn dia razoavelmente cheio, e eu estava bem cansado. Peter parecia ser tao cooperador e tranqiiilo que me deixei persuadirde que nao havia necessidade para urn confronto direto num estagio tao incipiente da entrevista. Ra muitas coisas que eu poderia ter feito de maneira diferente, mas creio que um dos principais valores desta transcric;ao c que cIa demonstra claramente 0 poder de abrir-se mao da necessidade de estar com a razao. Bem mais adiante na sessao, quando pensci que 0 trabalho estava mais ou menos conclufdo, 0 Menino Macambuzio tenta invalidar tOdD 0 metoda de trabalho. Ra um ponto do dialogo em que Peter, ou melhor, 0 Menino MacambUzio em Peter, me desafia a defender e provar 0 que estou fazendo em temlOS intelcctuais. Teria sido muito facil entrarnessa, e, se eu 0 tivesse feito, teriacafdodecabec;ana armadilha. Eu teria me sentido incompctente, desajeitado e fraudador. Presumivelmente, Peter teria safdo de la se sentindo logrado, enganado e, de modo geral,justificado em sua opiniao de que nada iria realmente ajuda-Io a mudar alguma coisa em sua vida. Embora tenha ficado consideravclmente desconcertado pelo desdobramento da coisa, mantive-me suficientemente a1crta quanta ao que estava fazendo, e pude deixar que 0 ataque ficasse ali, tratando-o tal como algo que estava aflorando e convidando Peter para vc-lo sob esse prisma. Eventualmente, nas palavras de Peter, 0 fmpeto de atacar a validade daquilo que estava sendo fciLO desapareceu. Nao que tenha sido discutida, e que elc tenha se convencido ou persuadido de alguma coisa. :E que ambos 0 estavamos aceitando, deixando que ficasse ali e que [osse destrufdo. Na verdade, csta parte do dialogo c uma ilustrac;ao clara de como algo pode ser destrufdo dentro de uma sessao. A entrcvista come~a com uma discussao bern animada dos pontos 1 e 2. Foi uma boa preparac;ao de terreno, mas nlio surgiu nada que mercccsse ser explomdo depois. 0 que pOs tudo em movimento foi a afimla~ao no ponto 3, que dizia que ele era, basicamente, uma pessoa excit~lvel e emocional, mas controlava isso com firmeza. A declara~ao trouxe aLana muitomaterialdeinfiincia.Seuspaisestavamsempreocupadosdemaispam lhe dar aten~ao, e ele ficava espumando de raiva e frustrac;ao por isso. 0 que tomou ainda pi or as coisas foi 0 fato de proibirem-no de exprcssarqualquer sentimento. Peterse lembrou de querer sair rasgando os livros contabeis, que pareciam sermais importantes para os seus pais do que e1c mesmo,
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cdc gritar, "eu os odeio, todos", e de ter medo de fazer isso. 0 6dio era por seus pais, e tambCm por seus neg6cios. Odiar uma entidade tao intangfvel parece ter contribufdo para mais frustra~ao. R: 0 que aconteceu com esse 6dio hoje em dia? P: Muito! Bern, quero dizer... acho que deve ... deve estar ainda aqui dentro.
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R: Dc que consiste essa barreira? (pe~a sempre ao cliente para ser 0 mais especffico que puder.)
P: E como uma gclatina ao meu redor. R: 0 que a gelatina esta Ihe dizendo? P: Algo como, "voce nao pode responder; mamae nao vai gostar".
R: Sim, acho que e1e e uma das nozes que 0 macaco ainda esta segurando. (longa pausa) Quem voce odeia? 0 que procuro fazere levar voce a se permitir 0 6dio, sem julgar-se por ele ..
R: E que tal: "NITo you responder isso porque yOU provar para meus pais como eles estavam errados em me tratar desta maneira. Vou passar minha vida toda provando que meus pais esta:o errados".
P: 0 6dio e, com certeza, pelos neg6cios dos meus pais, entao, e algo intangfvel. Era a hist6ria toda em que vivfamos. Essa coisa que tomava todo 0 tempo delcs - ou melhor, para a qual e1es dedicavam tOdD seu tempo. Tenho 6dio pelos neg6cios dos meus pais e por eles tambCm, porque eles eram estupidos a ponto de dedicar aos neg6cios tanto do seu tempo, mas nenhum para mim.
P: Hum. Eisso que nao gosto de admitir, e claro. Eaf que 0 6dio aparece. Ecomo 0 6dio por cles entra em ac;ao. E eu nao you larga-lo. (pausa) E
R: Penso que 0 que aconteceu e que, em algum ponto, voce criou todo esse 6dio, e e1e nao c aceitavel e voce nao pode expressa-lo, entao voce resiste e fica inconsciente dele e ele esta preso na rase de manutenc;ao. Assim, ha muito 6dio para voce permitir-se ter e para voce olhar scm julgar. Pode fazer isso, levando em conta que muita coisa vai vir atona? Talvez a culpa, em particular. Voce sabe - "eu nao deveria me sentir assim a respeiLo dos meus pais, que racharam de trabalhar por mim".
R:
P: (risada de identifica~ao):
E diffcil faze-lo aqui.
R: Bern, cum lugar tao born quanta qualqueroutro - na verdade, mclhor do que muitos. Nao estou The pedindo que abra mao de Loda a hist6ria de uma vez. Estou Ihe pedindo que a veja na tela. P: Posso ve-la na tela, sim. R: Etudo 0 que tern a fazer. Parte da dificuldade vern do fato de estarmos muito condicionados a pensar que temos de consertar as coisas. Tudo 0 que temos a fazer e dizer a verdade, e tudo se processa. No final, 0 fato e que voce odeia seus pais. P: Sao dois senLimentos completamente opostos. 0 outro e uma parte de mim que esta cheia de alegria e quer ser realmente extrovertida, mas existe essa barreira que me detcm 0 tempo inteiro.
sci que isso e estupidez. R: Sim. (ambos riem) P: Entao, de onde vern essa estupidez? Por que sou tao estupido?
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macaco, de novo.
P : Sim, eo 6dio, nao e? A menos que 0 6dio seja expresso, a estupidez fica. (Essa e uma crenc;a comum, e que deixa as pessoas presas. Nao e a expressao do 6dio que 0 faz ir embora, e assumir responsabilidade pelo 6dio. Esta e a falacia dos encontros de grupo. As pessoas expressam e purgam sentimentos negativos e se sentem urn pouco melhor por uns tempos, mas 0 padrao basico nao muda. Martin, na ultima transcri~ao, e urn exemplo disso; ele estava fazendo urn tipo de terapia de catarse.) R: Ele nao precisa ser expresso. Ele precisa saber a verdade - que e 0 que voce esta fazendo agora. Voce estaria disposto a limparesse 6dio de sua vida? Estaria disposto a desistir de cuI par os seus pais? P: Parte de mim nao esta. R: Exato, essa e a resposta honesta. 0 ponto e justamente perceber isso. Se voce tivesse dito "sim", eu iria suspeitar. P: Porcm, e para onde todos n6s estamos indo, ao longo do tempo. Quando dizemos "assumir responsabilidade por minhas a~5es", c 0 que queremos dizer. .
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(Wio se entendi bern 0 que ele quis dizer aqui. Ele esta intclectualizando muito, e nao crcio que ele esteja realmente achando que tudo 0 que tern a fazer c reconhecer seu conteudo. Tento buscar alguma a~ao, ao invcs de conversa.) R: 0 que eu quero que voce perceba cque 0 que importa e estar disposto, e voce pode fazer isso agora, neste minuto. Voce nao pode decidir, subitamente, ser responsavcl por sua vida. Alem de tudo, ha essa parte de voce que preferiria passar por mais quinze encama~oes voltando com seus pais porlhe tratarem tao mal. E mais algo como "estou disposto a presumir que sou responsavel. Estou disposto a jogar 0 jogo com essa regra". Pode [azer isso? P: Voce quer dizer que, "estou disposto a ser responsavel por minhas a~oes, tanto quanta puder. .. " isso me da uma safda, nao da ... "tanto quanta puder"? (Seu Eu Real fica aparecendo, mas accitar esse [ato significaria largar o 6dio, 0 que ele nao esta disposto a [azer.) R: Nao estou dizendo compreender sua responsabilidade. Estou dizendo, "voce estara disposto a vir dessa posi~ao?" P: Posso coloca-la no futuro. Estarci disposto a ser responsavel por minhas a~oes . . . no ana que vern. (Nao estou Ihe pedindo para estar disposto a ser responsavcl por suas ar;6es apenas, mas por sua vida. Nao quero confrontar seu uso de palavras neste momento, pois crcio que isso iria nos levar a uma discussao inte1cctual abstrata, que nao c 0 que desejo.) R: Assim nao da certo. Voce esta disposto a fazer isso agora? Voce nao tent muitas oportunidades melhores para se livrar disso do que neste exato minuto. Nao estou Ihe pedindo para abrir mao do 6dio, longe disso; na verdade, quero que voce 0 explore e 0 conhe~a bern. Estou pedindo que voce 0 coloque num quadro maior. P: Ser responsavel por esse 6dio? R: Sim, que elc esta la porque voce quis assim. E voce quis isso porque quando Deus saiu do escrit6rio com aquele rotciro debaixo do bra~o, ele disse, "Peter, voce vai terde odiar seus pais". Drama adoravel, suculento. P: Mas, porque eu deveria querer fazer isso?
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(Macaco, macaco, macaco. Sua mente esta procurando razoes, e ele nao esta se pcrmitindo vcr 0 quadro real.) R: Nao h:1 urn motivo. Para lidarcom esse assunto, voce tern de aceitar que voce fez isso porque fez. De outra forma, voce vai continuar a achar motivos para odiar seus pais, depois motivos para os motivos, e depois motivos para esses e assim por diante. Entretanto, voce ainda estara ligado ao 6dio por eles, com todo 0 efeito que e1c tern em todas as outras areas da sua vida. P: Mas, 0 fato de ter esse 6dio evita que eu tenha de ser responsavel por minhas a~oes. E parte de mim quer leva-lo junto. R: Sim, mas isso tudo e 0 macaco, Peter. Olhe para 0 que esta acontecendo. 0 macaco esta espemeando e berrando para continuar a odiar seus pais. Toda essa procura por motivos e analises e discussoes c pura mente. E sobrevivcncia. Voce foi programado, se pre[erir, ou, para dizer de outra maneira, voce aceitou a idcia de que 0 que precisa fazer para sobreviver c manter esse 6dio reprimido. (Voltamos ao tema de suas circunstancias de infancia, e ficou evidente que a parte dele que tinha 0 6dio reprimido e que estava se mantendo afastada do mundo poderia ser com parada a uma crian~a triste. Peter se apegou a isso, como algo que facilitava a visao de seus pad roes. Com algum alfvio, continuei com 0 tema e, por uns trinta minutos, n6s analisamos 0 que estava se passando em termos da subpcrsonalidade do Menino MacambUzio. Antes, quando estavamos passando pelo ponto 1 dos temas do mapa, sugeri que aquela parte dele era uma ftgura do tipo John Wayne, 0 que era bern atraente para ele. Ele agora come~ou aver que boa parte da sua vida foi urn conflito entre John Wayne e Menino MacambUzio. Foi urn insightvaJido, mas nao foi produtivo determo-nos nele. A teoria da subpersonalidade foi, em grande parte, desenvolvida pela escola de terapia da Psicossfntese, fundada por Robelto Assagioli. A idcia basica c que consistimos de muitas personalidades diferentes, cad a uma com suas necessidades, desejos e visoes de mundo. Algumas das subpersonaJidades ap6iam outras e algumas estao em conflito, tal como 0 caso entre John Wayne e Menino MacambUzio. Na vida diaria, n6s nos identiftcamos com uma subpersonalidade atras da outra, de maneira mais ou menos inconsciente. A teoria da subpersonalidade pode superenergiza-Ia, tal como e 0 caso. Alem disSo, ha uma tendencia
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para que as pessoas que a usam nao se responsabilizem por suas vidas, de maneira seme1hante aque algumas pessoas usam a astrologia. E tao facil entrar numa posic;ao de "nao sou eu, e minha subpersonalidade Vftima", como entrar num "nao sou eu, e meu Netuno". Por esses motivos, raramente fac;o muito uso da teoria da subpersonalidade. Pareeeu-me que, se 0 fizesse no caso de Peter, estaria nos ajudando a ter maior clareza sobre 0 que estaria acontecendo. De fato ajudou, mas houve urn prec;o a se pagar.) P: Sera que 0 Menino MacambUzio assume tal importancia para todos? Nao vejo 0 que pode estar impedindo todos de safrem-se com essa. R: E diferente em pessoas diferentes, mas, todos temos algo parecido. A enfase e diferente, mas a maioria das pessoas passa suas vidas tentando provar como seus pais estavam errados pornao darem as coisas do jeito que queriam. (Nao ha nada de errado com esta declarac;ao, mas deixei de vcr para onde cIa levaria. Felizmente, a ideia de confrontaro que surgisse como sendo provcitoso estava muito bern estabclecida, 0 que nos pcrmitiu evitar 0 completo desastre.) P: Senti uma decepc;ao curiosa quando percebi que -todos sofrem da sfndrome do Menino MacambUzio. [Isto nao e verdade, e nao foi 0 que eu disse, mas nao quis entrar em uma disputa por causa de palavras e dcixei a colocac;ao passar.] Sinto-me como se tivesse passado pel a sumula. Esta c a apresentac;ao do Menino Macambuzio. Eis do que trata esta terapia. Apresentando 0 Menino Macambuzio... ah, Menino MacambUzio falando novamente. R: Ele vai tentar invalidar tudo. P: 0 que acontece agora e que estou pensando, "a tccnica desse cara e apresentar as pessoas aos seus Meninos Macambuzios. Ele sabe essa na ponta da lfngua". R: Na verdade, voce e a primeira pessoa, em muito tempo, com quem uso essa ideia especffica. Mas e verdade que muitos de n6s tern esse tipo "Menino MacambUzio" como padrao. (Estou realmente desconcertado nesse momento, comp1etamente apegado a estar com a razao e ajustificar a linha da sessao. Estou ate dizendo algo que nao e verdade. Nao que todos tenhamos urn Menino
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MacambUzio. Temos todos uma subpersonalidade de Menino Rejeitado
ou Magoado, mas nao necessariamente macambuzio.) P: (suspicaz) Bern, quais sao os outros padr6es, se nao MacambUzio?
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(Note a completa ruptura da comunicac;ao. Acabo de dizer, incorretamente, que e 0 Menino MacambUzio. Ele esta realmente a fim de me pegar. A hostilidade sublinha suas palavras. Ele- ou sua subpersonalidade sabotadora - esta me acusando, basieamente, de agir com uma f6rmula petu] ante e oca de "Menino Macambuzio", disfarc;ando-a com a astrologia. Estou bern atrapalhado nesse momento, e preso a necessidade de estar com a razao, com a quebra de comunicac;ao. Pec;o-lhe que fac;a urn exercfcio de imaginac;ao, pondo todas as suas coisas num cesto, largando-o. Isso parece funcionar brevemente, quando Peter relata sensac;6es de clareza e de nao-manipulac;ao. Estou comec;ando a relaxar quando 0 Menino MacambUzio vol ta abaila. Em meio a tudo isso, estou preso a estar com a razao. Sinto que minha pr6pria sobrevivencia esta sendo ameac;ada e que usei 0 exercfcio, na verdade, para tentar "punir" Peter por me desafiar.) P: A sensac;ao que tive quando descobri que todos tern alguma coisa parccida com isso ainda esta lao (longa pausa) Sinto-me como se me tivessem pass ado 0 discurso- imagine, sinto que me passaram urn discurso - que todo mundo recebe, e ja recebeu, usando 0 vefculo de urn mapa ac;tro16gico. (Entramos novamente em pesada discussao a respeito da maneira pcla qual as pessoas sao ou nao diferentes, onde eu tentava mostrar a Peter que nada disso era importante, e que 0 problema era 0 que ele iria fazer com seus padr6es. Estou me recuperando urn pouco do ataque e abrindo mao, gradualmente, da minha necessidade de estar com a razao.) P :. Sim, todos n6s agimos com trac;os humanos bern semclhantes. Mas esse Menino MacambUzio esta bern forte no momento. R: Estou vendo. E a questao nao e resistir, mas, vcr 0 que esta acontecendo como uma oportunidade realmente boa para descobrir mais a respcito dele, deixando que tenha mais espac;o. Assim, quero encoraja-Io a ser 0 Menino Macambuzio tanto quanto quiser. (Deixei de lado a necessidade, agora, e posso vcr que mais dentro de Peter do que entre n6s.)
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P: (longa pausa) Mas, ainda tenho a impressao de que recebi alguma coisa que qualquer urn receberia, e e isso que quero esclarecer.
R: Voce acha que recebeu urn "prato-fcito"? P: 0 Menino MacambUzio acha. Eu quero saber. Quero vcr se e isso.
R: Nao posso responder essa pergunta. Se eu fosse passar as pr6ximas duas horas mostrando mapas astrais e expl icando como casos di ferentes saodiferentes,jamais poderia provarisso a voce. Voce tern de olharpara o problema como uma jogada do Menino Macambuzio. (Ele nunca obteve 0 que queria dos pais, e nao ten1 0 que espera de mim. A unicamaneirade passarporisso cleva-Io aconfrontaraquestao. Teria sido mais util dize-lo explicitamente.) P: Mas ele vai invalidar toda a sessao se nao obtiver a resposta. R: Vamos deixar claro. 0 que e que voce nao recebeu da sessao e que achava que iria conseguir? P: Eu esperava vcr algum aspccto do Menino Macambuzio em
a~ao.
R: Bern, isso voce certamente viu. Voce pode vera pestinha saindo feito urn maluco agora mesmo. P: Sim, posso ve-l0 todo, nesse sentido ... Bern, vou sair daqui com a observa~ao de urn Menino MacambUzio. Dc vez em quando, John Wayne vai chegar e tentar pO-lo para fora. E havera sentimentos de culpa e de abuso, depois, de nao se fazer nada, e assim vai. E poderci obselvar tudo.
R: Grande. P: Mas ainda quero saber. Sera que alguem vai entrar aqui amanha e sair com as mesmas sensa~5es?
R: E se [or assim? Sao os seus sentimentos que nos preocupam. E posslvel que eu possa ter outro cliente com um mapa bem parecido com 0 seu. P: Bem, minhas palavras-chave sao "Menino MacambUzio", certo? R : Espere af. Acontece apenas que foi conveniente usar 0 conceito de um menino triste. Pode ser que 0 melhor que voce tem a fazer seja esquecer essas palavras. 0 fato de voce estar visualizando 0 Menino MacambUzio tao fortemente e de estar tao fixo nele vai fazer com que ele se mantenha af.
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(Um comentario atrasado. Se eu 0 tivesse fcito 20 ou 30 minutbs antes, poderi a ter pou pado m ui tos embara~os. Por outro lado, tal vez nao. Essa subpersonalidade e bem trai~oeira de se lidar.) P: Em outras palavras, 0 "Vclho Eu". R: Como quiser chamar. 0 essencial, quer 0 chamemos de Menino MacambUzio ou nao, eque ha uma parte de voce que real mente acredi ta que, para sobreviver, voce tem de fazer com que sua vida seja ferrada. E nisso que voce precisa se concentrar. P: Estou com voce. A razao para esta sessao e mostrar que uma pessoa nao tem de se apcgar as suas idcias prc-concebidas. R: Sim. Alcm disso, voce s6 vai saber 0 valor que extraiu desta sessao quando cIa entrar em a~ao . Pode levar dias ou semanas. (Verdade,embora um pouco defensivo da minha parte.) P: Como se pode dar vida a esta sessao?
R: Vma fonna c usar a fita; c para isso que cIa existe. Mas, 0 principal agora c que, se voce acha que recebeu urn discurso, continue venda a coisa assim, que voce recebcu urn discurso. Porque quando eu digo, "esteja atento a tudo 0 que surgir", quero dizer literalmente isso. Se c para isso que esta ali, a melhormancirade usar asessao e obtervalordela c ficar pensando nisso, "eu recebi urn discurso", por mais paradoxal que possa soar. P: Na verdade, 0 fmpeto ja passou. R: Otimo, mas, se voltar, observe-o junto com as outras coisas. P: Da realmenLe urn alfvio falar sobre essas coisas.
... Tivemos uma bela quantidade de Lrabalho, embora a transcri~ao nao seja, obviamenLe, urn modelo de como ele deve ser feiLo. A raiva de Peter, a convic<;ao magoada de que nunc a iria obter apoio adequado que fica evidente em seus sentimentos de Ler sido de ningucm, negligenciado emocionalmente por seus pais, pode ser trabalhada, principalmente por ter sido representada sobre mim. Idealmente, eu poderia ter detectado a raiva antes - em retrospeeLiv a, cIa pode ser vista claramente-e feito dela a principal figura de uma con[ronta<;ao. Dessa
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maneira, terfamos tido mais tempo e energia para exploni-Ia a fundo, e eu nao tcria devotado tanta atcn~ao para 0 simplcs fato dc mantcr 0 controlc da sessao. Porcm, esta diffcil sessao parece ilustraralguns pontos importantes melhor do que uma que transcorre suavemente. Em espccial, como disse, iluslra 0 poder inerente a nao ter dc cstar com a razao e a accitar scm julgamento aquilo que 0 c1iente possa trazcr. Tambem ilustra 0 fato de que voce devc estar sempre prcparado para ter consciencia e aceita~ao do que esta se passando. Percebo agora que Peter cslava me sondando em assuntos que eu mesmo nao tinha resolvido, na mesma arca gcral. Apesar de ter ind icado nos comcntarios que poderia ter fcito as coisas de maneira diferentc, na pratica nao tive escolha, cxcelO levar a sessao como levcL Eulil pcnsarem cada sessao como um encontro entre dois Eus Reais, quc precisam agir par meio dos vcfculos dos dois egos. Ecomo sc os Eus Reais - 0 de Peler co meu - estivesscm delerminados a lcvar 0 1mbalho a cabo, apcsarde lodos os erros que nossos egos cometem. Eventualmente, chegamos onde queriamos. 0 fato de termos feilo 0 que padcria ser chamado dc um dcsvio desnccessario par terreno muito acidentado nao leve, em realidadc, qualquer efeito sobre 0 resultado final.
BARBARA: Principais Temas do Mapa
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4. Muito ativa, energica, corajosa, mas se sente isolada, como se tivessc de dcpcnder apenas da for~a de vontade e da resistencia. Pode fazer muito por causa da poderosa autodisciplina. Tende a ver a vida em termos de conquista e competi~ao. 5. Insatisfa~ao profunda e cronica com amor e sexo. 0 padrao e de necessidade de vcr, na pratica, que certas coisas nao funcionam com ela, para descobrir as que funcionam.
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1. Necessidadc de um relacionamento estavel, protetor. Tende a idealizar 0 amor e 0 afeto, talvez em fun~ao de uma carcncia de inmncia. Espera que 0 amor seja transformador- um anseio por algo inalingfvel. Nao confia muito em grupos; tcnde a serrescrvada e introspectiva, 2. gosta dc ordcm e de rotina. Scnlimentos congelados abaixo dc certo nfvcl. Tende a seruma solitaria. Precisa do respcilo e da aprova~ao dos outros, mas pre[ere mante-Ios adistancia em termos emocionais. 3. Tern urna grande capacidade para 0 sucesso e a realiza~ao, com, possivclrnente, alguns podcres e rccursos fora do cornurn, e caris rna considenivel. Contudo, 0 succsso e fugaz. Tern a sensa~ao de quc nada funciona de vcrdade - inclinada a desistir devido a cansa~o e frustra~ao.
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Figura 1.9.3 - Barbara. Nascida em 18 de outubro de 1950 as 15h 36min, B.S.T., em Londres, Inglaterra. 0 sistema de casas usado e 0 topod:ntrico. Estes dados foram obtidos junto a sua mac, eo mapa deve ter sido retificado. 0 honirio nao-retificado nao • foi fomecido. Calculos feitos pela Astro-Computing Services.
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6. A importancia do amor sexual esta bastante enfalizada. Pode haver uma expectativa consciente ou inconsciente de que ele sera automaticamente extalico e maravilhoso. Ao mesmo tempo, amar e ser amada sao coisas vistas com certa inseguran~a. Esta foi uma segunda sessao. Eu tinha vislo Barbara pela primeira vez um mes e meio antes. Ajulgar pela aparencia, cIa C0 tipo de mulher que parece ter tudo a seu favor. Tem uma carreira, muito inteligente, emprego de prestfgio e muito atraente, tantona aparencia como na personalidade. Quando marcou a consulta, disse especilicamente que queria abordar 0 problema da sua diliculdade em formar relacionamentos satisfat6rios com homens. Durante a primeira sessao, examinamos os temas do mapa, e ficou evidente que 0 do contexto era 0 numero 2. Ela era uma pcssoa muito rcsistente, pois tentava, 0 tempo todo, manter a sessao no nfvel de discussao intelcctual como entreterumento, no que mostrou muita habilidade. Falava com presteza, mas tudo ficou como anedota, expIica~ao e justifica~ao, com pouco ou nenhum conteudo emocional, quase impcssoal, como se cla estivesse apresentando urn estudo de caso com notas de rodape. Astrologicamente, vemos Aquario no Ascendente em quincunce a Vrano, Mercurio em Libra em quadratura a Vrano e sesquiquadmtura a Jupiter. N6s identificamos rapidamente um sistema de crcn~as onde 0 amor era inatingfvel, 0 que cIa rcconheceu - inteleclualmente- scm problemas. Durante quase toda a sessao, tentamos atravessar a cam ada de explica~ao e justifica~ao. Em resposta a minha pcrgunta "voce estaria disposta a ter amor genufno em sua vida?", eia respondeu, "eu nao sci 0 que c amor". Isto tinha 0 jeito de uma experiencia genufna, nao apcnas um conceilo, e foi ate af que conseguimos chegar. Pedi-lhe que olhasse para a expcriencia, e convidci-a a eslar disposta a aceitar e ficar com 0 na~-saber. No intervalo, cIa teve a experiencia de entender, num nfvel visceral, emocional, que cIa se envolvia com homens que agiam mal com cIa, e que cIa nao estava mais disposta a continuar com isso. Esse fato, em si, e um bom exemplo de como 0 processo funciona. Um pouco de insightede clareza, Oblido na sessao, cria mais insighteclareza, que, por sua vez, precisam apenas serem deixados ali. Vou repetir a sessao subseqiiente com alguma extensao. Ela c bem discursiva e repetitiva, mas esse palavr6rio e uma forma bem comum de resistencia, e vale ser examinado. Ediffcil de se lidar, pois, se voce lenta dele-Io muito ccdo, pode apcnas pcrturbar e alienar 0 cliente scm qualquer
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rcsultado. 0 que se deve fazer e aceitar 0 discurso, deixar que aconte~a e licar aIerta para albruma oportunidade de por em a~ao os sentimentos do cliente. Na primeira sessao, Barbara falou a beira das lagrimas - que cIa reprimiu, alcgando que estragaria sua maquiagem - antes de chegar a pcrcebcr que nao sabia 0 que e 0 amor. Barbara e, de falo, um exemplo extremo desse lipo de resislencia. Numa escala de 1 a 10, onde 10 c impossfvel de se trabalhar, eu a daria um 7, taIvez 71/2,
R: 0 ponto chave da ultima sessao foi voce dizendo: "Nao sci 0 que c o amor". Chegamos a uma rapid a idenlifica~ao inteleclual do assunlo, que fbi "0 amor c inatingfvcl", e 0 resto da sessao foi fazer com que voce experimentasse isso. Voce conseguiu, mas bem no lim, e havia muita coisa do macaco para trabalhar. B: Certo. Senli-me muito bem depois daquela sessao, e me senti "para cima" durante 0 resto do dia, e tive sonhos interessantes. (Conlinua com a descri~ao bem delalhada de uma meruna, no sonho, que parece muito serena e que, no sonho, estava de pe ao lado do pai de Barbara, de urn jeito que cIa mesma gostaria de fazer.) R: (tentando enconlrar algum ponlo de contalo) Voce se senliu abafada por seu pai? B: Elc e muito emocional, embora finja ser muito racional. (Longa descri~ao do pai, inclusive com detalhes do seu mapa - cIa tern urn a base s6lida de astrologia.)
R: Bem, vamo-nos deler com 0 que voce lem. E"nao me deixam ser eu mesma", porexemplo, e tambcm, "se eu [oreu mesma, algo lerrfvel vai acontecer comigo". B: Estive lendo uns livros, ultimamente, e ... (muitos detalhes e justifica~ao, nao reage a minha declara~ao. A unica coisa clara que vem e Barbara dizendo que se sente muito culpada e perturbada com pessoas que gostam dela e que esperam alguma coisa dela. Isto esla remolamente ligado as suas dec1ara~5es anteriores quanta a seu pai. Ela parece estar relirando seu podcr de ler qualquer efeilO sobre os homens, pclo que posso perceber.)
R: Bem, islo necessi ta de urn pouco de filtragem . Pode serverdade que voce deJato atrai homens que cacm apaixonados e de joelhos por voce, e que van licar malucos se voce disser "nao". Pode ser uma realidade, nao sci.
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B: (embaraQada) Nao, nao creio que isso aconteQa mesmo. (Muito ansiosa para rebaixar seu pr6prio poder. Estou acompanhando a inleraQao nesse nivcl de "papo", pois nao teoho muita certeza da comunicaQao entre n6s para irmais longe e ser mais con [rontador, embora eu tenha de se-Io mais cedo ou mais tarde, se e que queremos conseguir algo uti!.) B: Tenho a tendencia de atrair desajustados emocionais.
R: Sim, voce disse isso na ultima sessao. Eu deveria pensar que os desajustados emocionais se sentiriam rejeitados por voce. B: Nao sei. Parece que atraio desajustados emocionais que me rejeitam; nao sei se eIes se sentem rejeitados por mim. R: Parece que estamos nos apegando a algo que foi levantado na sessao anterior, que c a sua falta de disposiQao para aceitar 0 quaD maravilhosa voce e. B: (riso embaraQado) Sim ... Bern ... ja chega!
R: E isso se liga, para mim, com toda essa hist6ria com seu pai. B: (fugindo compIctamente do assunto) Deixe-me contaro que aconteceu comigo desde que nos vimos, antes de prosseguir.. . preciso passar uns cinco m inutos the contando sobre essa pessoa, porque isso fani com que voce entenda porque tive esse tipo de reveIaQao.
R: Diga-me apenas qual c a revelaQao. B: (bajulando-se) Bern ... ediffcil... nao, nao posso ... e...e... quero dizer, eu nao ... nao posso! S6 vai dar certo se eu contar 0 que aconteceu.
R: Espere urn pouco, porque is so e relevante. Estou bern ciente de sua dificuldade para falar alguma coisa sem justifica-Ia. Tenho certeza de que voce nao precisa gastar cinco minutos explicando e justificando sua revelaQao. Vou entender, se voce me contar 0 que houve. B: Bern, esta certo. Por causa do modo como cle estava se portando, percebi que 0 que eu estava fazendo era com pensar pclo comportamento das pessoas de que gosto. Voce disse que tenho tendencia a atrair pessoas que se comportam mal e de maneira irracional [vi no mapa], e e verdade. E tive essa reveIaQao, em nivel basi co, de que estive permitindo comportamentos de homens por quem me sinto ate ligeiramente atraida sexualmente que eu nunca tolcraria de ami gas. Ao com-
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preender isso, fiquei muito pcrturbada, pois pensava que agora tinha entendido isso e que nao iria tolerar mais essas coisas, mas achava que nao restaria nada. (Depois dessa conversa franca, cIa entra num relato con[uso sobre ter ficado bebada numa festa e ler tido mais compreensao dentro de urn carro. Nao que cIa nao saiba 0 que esta tentando dizer; c que ha urn tabu tao grande em acredi tar nela mesma, deixar ser cIa mesma e saber 0 que sabe. 0 impulso de justificar, ao inves de confrontar, faz com que cia seja temporariamente incoerente.) B: ... e, voltando para 0 carro ... e eu nao estaria falando se nao fosse ... porque eu cheguei Hesta e me aborreci... decidi ficar bebada ... foi uma bobagem fazer isso, aspectos dificeis de Netuno ... bern, nao importa ... R: Quando voce ouvir esta fita ... B: (rindo) Nao, nao, eu nunca YOU ouvi-Ia.
R: ... perceba como voce justifica e explica. B: Bern. Voltando para 0 carro, eu estava chorando, e eIes disseram, "porque voce esta tao abalada?", e eu disse, "porque nunca YOU transar de novo!" [Di to com urn ti po de humortriste, que me fez lembrar algucm como Goldie Hawn.] E as pessoas com quem eu estava nao entenderam. Elas pensaram que eu estava chateada com urn hom em em particular, mas nao estava. (Esta e outra ilustraQao do processo em aQao. Ela tinha tido urn padrao paradoxal de "para ser amada e para sobreviver, tenho de aturar mau comportamento dos homens", aturar 0 comportamento scm amor, na verdade. Agora cIa 0 esta confrontando - tendo uma experiencia em nivel profundo - e a falta de amor esta aflorando. As coisas parecem estar ficando pior. Ela passa a descrever algo que aconteceu logo depois da revelaQao: urn homem estava agindo mal com eIa, e cIa teve de ser bern direta com suas necessidades.) B: 0 que acabei entendendo em nivel profundo e que nao YOU mais aturar esse comportamento deploravel. Mas, sinto, agora, como se nao houvesse mais nada, nada. R: 0 padrao me parece ser algo assim. Nao eborn para voce ser do Jeito que e. Nao eborn para voce ser maravilhosa.Nao e born para voce sair
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para 0 mudD e ser apenas Barbara. Ou~a a fita. Ha uns dez minutos de para cada dez segundos de afirma~ilo direta.
juslifica~ilo
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R: Ha uma solidao real, basica e horrfvcl que voce nao esta confron-
R: Bern, eSla certo. Dcixe ficar lao E 0 macaco pegou uma noz que diz, "se eu me encolho e se fa~o com que as pessoas se comporLem mal comigo, posso me sair bern". Agora, voce esta come~ando a vcr aqucle padrilo e esta saindo dele. Ele nao esta operando agora. Mas 0 vazio sob ele, a sensa~ilo "eu nunc a vou ser amada" aOorou.
tando. Ela come~ou a aflorar depois da fcsta. E uma coisa muito desagradavcl para confrontar, mas e 0 que ha. Esta aOorando agora. 0 que voce precisa fazer 6 olhar para como sair de urn contexlo total de solidao. Voce sai disso acei tando e ultrapassando a coisa toda como algo que voce criou. E quando voce estiver fazendo isso, sera muito desagradavel, porque toda a solidao e 0 vazio iraQ aflorar. Acordar as tres da manhil c se sentir p6ssima e tudo 0 mais.
B: Tenho certeza de que 6 apcnas urn estagio, mas me sinto mal.
B: Parece 0 nove de espadas.
R: Sim, eu sci. E p6ssimo quando se esta nela.
(A carta do taro. No baralho Rider, cIa mostra uma mulherLrisle sentada na cama.)
B: Tanta genle ja me disse isso ...
B: Nunca linha lido isso em nfvcI profundo. Ja tinha viSlo isso inteleclualmente. R: Nesle momenlo, voce esta num estagio de transi~ao. Voce pode vcr claramente que 0 modo como eSleve lidando com seus relacionamentos com os homens nao funciona, mas voce ainda nao passou a procurar saber 0 que funciona. Quanlo vai demorar? Depende de sua disposi~ao de procurar. B: E diffcil saber 0 que fazer. Nao sci
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que [azer.
(Essa 6 uma "diga-me como sair des sa" disfar~ada.) R: Nao, 6 bern assim . Voce nao sabe 0 que fazer. Voce esla disposta a nao saber 0 que fazer?
B: Bern, eu suponho ... Parle da razao por estar me sentindo melhor acerca do amorc que meu lrabalho vai bcm, e eslive tendo boa rea~ilo a cle, 0 que me ajuda a me sentir melhor como pcssoa e menos disposla a aceilar avaliar;ocs que as pcssoas fazem a meu respcilo em oulras areas. (Ela tem de juslificar e achar uma razao para ludo. E puro material da mente, puro macaco. Ela ainda esta se venda como 0 efeilo das opinioes dos outros.)
R: Parece ternvcI e 6 ternve], mas ha dois nfveis da realidade. B: Voce lem de ir ao fundo e come~ar a subir de novo. R: Nao 6 nem isso. coisa loda.
E uma quesl1io de obler oulra pcrspecliva sobre a
(Repilo a analogia enlre 0 Eu Real e 0 ator. Ela nao eSla caplando. Note como claevitou total mente meu convile para que escolhesse estarbem .) R: Quero que voce suba um nfvel. Quando voce olhar para alguma coisa
com clareza, diga-se real mente a verdade a respeilo dela, deixe que fique ali, e cIa escorre pelo ralo. Ela nao sera mais um problema para voce. E nem sempre ha um raio cum lrovao e uma grande revelar;ao. E mais provavcl que voce apenas note, urn dia, que nao esta sozinha, e nem lem estado ha semanas. E urn processo bern nalural. (Ela nao percebe mesmo, e vern com urn monte de resislencias negando a generalidade do lema, falando de sua agilada vida social, com a indigna~ilo caraclellstica. Ela mal esta se dando lempo para me ouvir, vollando com uma resposta imediata.) B: Para mim, e impossfvcl vcr a16m da solidao.
R: Sera que voce pode dar urn grande sallo e escolher ser OK como pessoa, independentemente do lipo de rea~ao que conseguir?
R: Sim, quando voce esta presa nela If impossfvcl vcr alcm dela. Voce esta disposla a ncar nesse espa~o?
B: ... fico muito pel1urbada se invisto parle de mim em algu6m e a pcssoa nao corresponde. Nao 6 s6 uma coisa sexual, porque isso acontece com am igas lam bcm.
(Ela vem com uma longa anedola que foge compIctamente do assunto. Deixo-a fazer isso, cIa ainda nao se sente a vonlade para ler um con[ronlo rea]menle direlo com a evasividade. H:1 uma longa discussao que repassa basicamente os mesmo campos que ja vimos.)
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R: A coisa basica e que esta praticamente gritando para mim, daquilo que voce esta dizendo e do que ha no mapa, e que voce nao se permite ser maravilhosa. Voce nao tern permissao para ser maravilhosa porque, se for, seus pais nao vao ama-la. A coisa se resume a isso. E todas as anedotas e a justifica~ao e 0 drama sao maneiras de nao ver isso. B: Mas estou Ihe dizendo que estou lidando bern com isso, mas (gritando) ainda nao consigo uma boa transa, caramba!
R: (gritando tambem) SimI Exatamente! Gra~as a Deus n6s chegamos ao ponto! (Estive tentando leva-Ia a sentir, num nfvel profundo, que toda a maquina~ao que ela esteve fazendo acerca de suas rea~oes aos hom ens e muito interessante, por urn lado, mas nao traz resUltados. Nao estou tomando posi~ao de qualquer lado, a respeito de afirmar se cla deve ou nao ter novamente relacionamentos sexuais. Nao sei 0 que seria certo para cIa, e, neste ponto, nem cIa.) R: Nao estou interessado em fazer com que voce analise e especule e imagine nada. Isso e diversao e mantcm voce ocupada, mas, nao leva a parte alguma. 0 meu interesse c fazer com que voce saia disso tudo e tenha urn rclacionamento que funciona para voce - em todos os nfveis. A maneira de chegar la c captar 0 que esta lao Voce ja sabe isso. Voce viu is so funcionando nas ulLimas semanas. 0 que ha em sua vida c essa hist6ria de que voce nao se deixa ser maravilhosa, voce nao se permite ter amor. B: (afastando a hist6ria) Outra coisa que sinto fortemente e talvez seja mas ... quer dizer... desculpe, nao vou pedir desculpas.
justifica~ao
R: "Desculpe, nao vou pedir desculpas!?" B: (rindo) Puxa, essa e classica.
R: Se voce nao se pcrmitir ser maravilhosa, nao tera 0 tipo de amor que deseja, porque 0 que quero dizer com maravilhosa c, poder sair no mundo e fazer com que sua vida trabalhe para voce. E, no canlinho, ha toda essa hist6ria com seus pais; voce nao pode ser voce, voce tern de ser do jeito que eles dizem. (Uma referencia ao material da sessao anterior.) No momento"nao vamos confrontar isso. Desde que voce compreenda, esta bern.
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(Entramos depois numa discussao sobre 0 rclacionamento de Barbara com seus pais, seguida de uma discussao das dificuldades de sermulher num mundo masculino - tudo em nfvel intelectual.) R: As pessoas vao julga-la por suas pr6prias avalia~oes. Voce realmente recebe 0 que voce da. Voltamos ao mesmo ponto. Se voce quer que as pessoas se comportem de modo decente com voce, voce tern de reconhecer que e brilhante e bonita, e que e born voce se mostrar ao mundo e e born para voce ter relacionamentos amorosos. B: Por que as pessoas passam tanto tempo retomando aos seus pais? R: (meio exasperado, meio brincando) Sera que vocejamais ouve 0 que eu digo? B: Eu
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que voce diz. Desculpe.
R: Nao se desculpe, apenas perceba que voce devolve a peteca imediatamente. B: (pausa) Bern, nao posso apenas ficar sentada aqui e dizer, "sim, voce esta certo. Eu sou maravilhosa".
R: Por que nao? B: Porque nao me sinto assim. Eu poderia dizer isso, mas seria fingido. R: Mas voce nem vai ao ponto. Voce esta fazendo isso agora porque eu a detive, mas na maior pmte do tempo voce sai imediatamente pela tangente, intelectualizando isso e aquilo. B: (longo suspiro) Oh, bern. (longa pausa) Agora nao consigo pcnsarem nada para dizer. R: Grande! (pausa) E correto nao poder pensar em nada para di zer. (Comoe normal acontecer nessas ocasioes, eu gostaria de ter uma camera de vfdeo ligada para poder Ihe dar a rea~ao visual da diferen~a em seu semblante. A armadura polida de festinhas se foL Sua expressao estamuito mais suave; ela relaxa, quase desmonta no sofa, e ha urn senso muito maior de poder e de presen~a nela. Pcla primeira vez, em quase quatro horas de dialogo, sinto que estamos realmente nos comunicando. Ha urn longo silencio e eu dcixo que ela fique dentro dele, sem tentar tin1-la do gancho.)
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9 - Entrevistas com C/ientes
Pape/ da Astr%gia
B: (algo inaudfvcl) R: Embara~oso, nao 6? B: Sim, e. Nao posso ficar sentada aqui e me sentir bern . Tenho de justificar 0 que estou fazendo. R: Voce vai ler realmente de lidar com esse embara~o e fazer com que seja born estarembara~ada ... :E horrfvel. (pausa):E a isso que se resume. Voce esta embara~ada demais para ser quem realmente e. (Mais urn longo silencio. Quando Barbara fala, soa diferenle; esta falando mais devagar, e ha algum tipo de emo~ao em sua voz.) B: Nao estou tcntando inte1cctualizar, mas porque e que as pessoas tentam contrariar seus pais? Se meus pais nao me amavam como eu era, entao, se eu for 0 que c1es queriam, isso prova que nao sou digna de amor? R: N6s fazemos isso porque parte da expericncia basica e assustadora e terrlvel. Uma crian~a vern ao mundo esperando e querendo amor incondicional. E cIa nao 0 consegue, ha condi~oes junto a ele. "Cres~a e se tome urn Ph.D. e n6s 0 amaremos -se nao, nada fcito". Isso nao faz muito bern para uma crian~a. E n6s ficamos com raiva disso. (Eta retoma bern depressa apersona esperta e lagarc1a. A sessao continua por mais 20 minutos, comigo levando-a de volta a necessidade de confrontar 0 embara~o.)
R: A medida que falamos, fica para mim mais evidente que 0 que se poe entre voce e conseguir 0 que voce quer e puro constrangimenlo. Parece uma coisa trivial, mas e terrlvel. Penso que mais pessoas se atrapalham por causa de constrangimento do que por oulro molivo. :E ale mais insidioso que 0 medo. (Barbara, entao, volta as dificuldades de ser mulher num mundo masculino - "voce acaba sendo uma freira ou uma piranha" - e quanta energia cla e outras mulheres gastam para aturar isso, dcixando pouca para 0 que desejam fazer.) R: Realmente compreendo isso, mas, eventual mente, resume-se a voce nao se permitir ganhar. Esses sujeilos la fora, que estao dificultando as coisas para voce, esUio apenas demonstrando 0 conflito interior. Eles esU'io representando as expectativas que voce tern de si mesma. E voce
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pode sempre achar razoes real mente boas, irrefutavcis para nao conseguir veneer. 0 ponto e, voce estaria disposta a dcixar voce veneer? ll : (bern firme e c1aramente) SimI
(E
isto 0 que vamos obter desta sessao. Eta teve uma experiencia autcntica tao forte de si mesma, que podera afastar ainda mais 0 bloqueio cmocional.)
. ..
Dessas tres sessoes, a de Martin e, provavclmente, a mais pr6xima de uma t1pica, se e que existe tal coisa. Petere Barbara sao excepcionalmente diffceis, por motivos bern diferentes. Com Peter, nao foi tanto 0 fato da hostilidade latente que tomou a sessao diffcil, mas que eu me prendi a urn problema pessoal e deixei de detecta-Io. Nao tive uma scnsa~ao similar de amea~a e desafio com Barbara. A dificuldade foi exatamente 0 oposto. Teria sido felcil demais fazer com que a sessao se tomasse uma conversa agradavel e divertida. Comentei anteriomlente que a tendencia e a de que sao os homens que entram em detalhes, e por isso Barbara e a exce~ao a essa tendcncia. Lendo uma transcri~ao, uma pessoa pode sempre, ate com antolhos, vcr maneiras de fazer a sessao de modo diferente. Creio que eu teria confrontado Barbara e sua evasividade mais cedo. Eu estava nervoso com a possibilidade de apenas aliena-lao Se, como Marlin, cIa tivesse tido alguma experiencia previa com terapia, talvez eu a tivesse confrontado antes com 0 tema, pois, eu poderia ter presumido seguramente que ela conhccia as regras do jogo e nao teria se ofen dido. Como foi, pareceu-me apropriado faze-Io quando fiz, e acabou sendo eficiente. Vemos nossa fun~ao como sendo tripla. A primeira parte dela e prover os clientes de infomla~oes prccisas a respcito de si mesmos, que agitara a energia ligada aos temas que precisam ser examinados. A segunda fun~ao e prover uma especie de espclho combinado com urn focalizador, para que possam vcr 0 que ha ali para e1es. A terccira fun~llo, igualmente importante, e criar urn tipo de incinerador psfquico, no qual os c1ientes podem jogar seu Iixo. Levar a sessao aceitando 0 que o cliente estadizendo, ouvindo-o ativamente, scm julgamcnlos, fazcom que 0 lixo se destrua. No caso de Barbara, a necessidade de explicar e justificar foi enfraquecida 0 suficicnte para que cla pudesse cngatar outra marcha.
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Parte 1 - Reexaminando
0
Pape/ da Astr%gia
Entre a sessao de Barbara e a datilografia da transcri~ao, ouvi urn programa de radio sobre Safo, a poetisa grega que viveu cerca de 600 a.c. Fiquei espantado com a objetividade crua de sua poesia -sua nudez, como urn dos apresentadores do program a a descreveu. Parece-me urn belo exemplo do que estou constantemente tentando levar meus clientes a fazer - dizer a verdade simples e direta sobre e1es mesmos. Fa~a 0 contraste entre as afirmativas de Barbara - ou de quase todos n6s - com a descri~ao que Safo faz de seus sentimentos sexuais: Se eu me encontro subilamcnle com voce, nao posso falar - minha lfngua esta quebrada; uma chama fina pass a sob minha pe1e; nada vejo, ouvindo apenas meus pr6prios ouvidos pulsando, escorre-me 0 suor; lremores ondulam meu corpo e fico mais palida que grama seca. Nessas horas a morle nao esta longe de mim. * Nao sabemos se 0 amor de Safo chegou a ser correspondido ou nao, mas temos mui ta confian~a em dizer que eia nao teria transform ado isso num grande problema, nem quando ela podia falar dele de modo tao claro e vfvido.
* Mary Barnard, Sappho: A New Translation [Safo: Nova Traduc;:iio], Berkeley: University of California Press, 1958. Poerna 39.
Parte 2 Astrologia como Ferramenta da Compreensiio: Principios Basicos
1 Os Doze Principios
A interpreta~ao nao e tao importante, dentro da entrevista com 0 clicnte, no metoda de aconsclhameoto dclineado oeste livro. Na verdade, a interpreta~ao do mapa fomece a materia prima para a entrevista, e tenho sugerido que cIa deve scr feita antccipadamentc, e resumida sob forma de anota~5es por escrito. Mas nem sempre isto e possiveI. As vezes, urn cliente necessita ser atendido imediatamente, e nao hci quase tempo para se fazero mapa, quanta mais para fazer anota~5es sobre sua interpreta~ao. Este tipo de atendimento pode ser mais diffcil, porque e preciso extrai·r a materia prima e utiliza-la ao mesmo tempo, scm a vantagem de uma revisao complcta do mapa, que um cstudo scm pressa possibilita. Tanto para casos deste tipo de cmergencias, assim como por motivos mais generalizados, e desejavcl que 0 astr61ogo possua uma com preensao f1 uente dos simbolos que utiliza, dentro da maior abstra~ao possivel, ja que e necessaria a compreensao dos fatores do mapa e sua aplica~ao a nivcl psico16gico. Os significados mais concretos, exter-
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Parte 2- Astr%gia Como Ferramenta da Compreensao
nalizados, do tipo leitura de sorte, dificilmente sao apropriados para este tipo de trabalho. Alem disso, quanta maior a compreensao do astr610go sobre as origens do simbolismo que ele esta utilizando, maior sera sua confianr;a na precisao das interpretar;oes. As vezes, toma-se necessario explorar detalhadamente uma area especifica da vida da pessoa, e quanta maior a abstrar;ao dos significados utilizados, maior sera a area coberta por eles, e maiores serao as oportunidades de se chegar a essencia do problema. Por exemplo, se 0 ambiente ffsico de seu cliente parece ser de alguma forma importante, e sua compreensao da 4!!casa esta limitada ao lar e a famflia, voce podera fazer pouco mais do que refletir para ele, utilizando aqui a linguagem astrol6gica, 0 que ele pr6prio esta relatando. Se voce compreender a casa como a vivencia (ou falta) de uma auto-imagem segura e provida de apoio, e possfvellevar 0 cliente alem de sua fixar;ao em circunstancias ffsicas. Novamente, a compreensao de Satumo simplesmente como restrir;ao e limite nao fomece muita gama de escolha. Se ele forcompreendido como 0 impulso para a manutenr;ao dos sistemas de crenr;as existentes, como uma fase de urn processo total, cria-se bern mais espar;o para manobras. Provavelmente, a maioria das pessoas aprende astrologia atraves de palavras-chave para os planetas, signos e casas. Esta e uma excelente maneira para se captar, de formapratica, urn assunto bastante complexo. Atraves do metoda de palavras-chave, e possfvel aprender a interpretar urn mapa em poucos meses. Partindo do ponto de vista de que isto da ao estudante algum material de trabalho, de forma que ele possa confirmar as regras basicas dentro de sua pr6pria vivencia, e urn born metodo. Duvido muito que meu pr6prio interesse inicial pel a astrologia teria sido manti do e alimentado, se eu nao tivesse aprendido astrologia desta maneira. No entanto, este metodo cria a impressao de que a astrologia e urn conjunto de fatores bastante arbitrarios e sem inter-relacionamentos, dando pouco sentido ao estudante da unidade organica do assunto. Sem este senso de unidade organica, 0 estudante tam bern nao tern nor;ao dos princfpios basicos e implfcitos da interpretar;ao. Ele e mais ou menos compelido a aceitar que, por exemplo, Marte significa assertividade e vontade pessoal, sem ter capacidade de ver por que ele deveria ter este significado no esquema geral das coisas, e sem portanto, poder aumentar e expandir este significado, expansao esta que ele pode pretisar fazer a medida que se desenvolve seu trabalho.
1 - Os Doze Prinefpios 153
Felizmente, desde a obra seminal de Dane Rudhyar, ja foi realizada grande quantidade de trabalho de esclarecimento da estrutura do simbolismo astrol6gico, e de redefinir;ao da astrologia em termos mais apropriados para aconselhamento psicol6gico. 0 que apresentamos a seguirpretende, de forma geral, serum resumo conveniente do trabalho que foi feito, apresentando 0 simbolismo astrol6gico como urn conjunto de princfpios bastante basicos, com sua pr6pria 16gica inerente. Nao e tanto 0 caso de se utilizar diretamente estas nor;oes no trabalho junto ao cliente, apesar de as vezes ser utn poder fazer isto, mas de fomecer uma base s61ida para a compreensao. Alguem ja disse que e desejavel se conhecer dez vezes mais sobre urn assunto do que aquilo que vamos utilizar de fato. E urn born princfpio porque, apesar de talvez voce usar s6 dez por cento do que conhece, voce nunca pode saber, antecipadamente, quais sao esses dez por cento. Existem dois ciclos astron6micos 16gicos que lev amos em conta, e que fomecem uma base ampla para 0 simbolismo astro16gico. Urn deles toma a estrutura do sistema solar, partindo do sol, como base para o significado dos planetas. Neste ciclo, a Terra, os aster6ides e 0 pequeno planeta Qufron, recentemente descoberto, tomam parte. A segunda abordagem toma a progressao 16gica dos signos, desde Aries ate Peixes. Se assumirmos que 0 signo, seu regente e a casa correspondente sao 0 mesmo principio, operando em niveis diferentes, e possivel conceber urn sistema de doze principios basicos, que contcm os significados de todos os fatores. Levantam-se algumas objer;oes a esta segunda abordagem,ja que os significados tradicionais nem sempre tern a correspondencia tao exata quanta seria desejado. Por exemplo, Capric6mio e a 1(J! casa sao vistos como bastante orientados para 0 sucesso, e perseguidores de seus objetivos, enquanto 0 regente, Satumo, tern os significados de retardamento e obstrur;ao. Novamente, Marte e Aries parecem se ajustar bern, ja que an1bos representam inicializar;ao e energia extrovertida, mas, os si!,rnificados tradicionais da 1!!casa, da personalidade e aparencia fisica~ nao parecem, a primeira vista, corresponder ao padrao. No entanto, entre outras coisas, ocupamo-nos em redefinir a astrologia sob uma forma que seja apropriada a nossos tempos. Nao precisamos nos preocupar com os significados tradicionais, desde que o esquema que finalizamos seja capaz de incluir os significados tradicionais, como sendo casos especiais de princfpios mais generalizados. Portanto, estou sugerindo urn esquema de doze principios basicos, que
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Parte 2- Astr%gia Como Ferramenta da Compreensao
inclui os planetas, e come~a com Marte, como regente de Aries. Examinaremos tambcm os significados dos planetas apenas em termos de estrutura do sistema solar, come~ando do Sol. Os dois sistemas possuem os mesmos significados basicos para os planetas, mas oferecern perspectivas ligciramente diferentes deles. Para exam inaros doze princfpios, faremos algo bastante incom urn na literatura atual, considerando os regentes de Escorpiao, Aquario e Peixes como respcclivamente Marte, Satumo e Jupiter. Na pnilica, considerarfamos Urano, Netuno e Plutao no mapa, apoiando as indica~6es de Aquario, Pcixes e Escorpiao, respectivamente. Argumentaremosmais tarde que Urano, Neluno ePlutao operam dentro deumaesfera comp1ctamente di[erente. Seus e[eitos, dentro do mundo do espa~o tempo, sao sentidos como distor~6es dos verdadeiros princfpios, e os pr6prios planelas nao devem ser considerados como substitutos dos anligos regenles. Eles podem, no entanto, ser considerados como associados aos Si!:,TT10S aos quais costumam ser atribuldos como coregenles. Con[orme assinala Robert Hand na obra "Horoscope Symbols", 0 ajuste entre Urano e Aquario nao C, de [ato, tao born assim. Aparenlemente, a adequa~ao entre Plulao e Escorpiao centre Peixes e Netuno C boa, mas, quando examinamos delalhadamente os significados dos planetas trans-satuminos, vemos que essa adequa~ao tambcm nao c tao boa quanlo parece. Costumamos fazer certa distin~ao enlre a l6gica refinada das abstra~6es e suas manifesta~6es a nlvcl de personalidade, onde todo 0 processo acaba se tomando emba~ado e com de[jni~6es obscuras. Na pralica, considerarlamos urn aspecto Sol-Netuno como urn re[or~o do Sol em Pcixes, e, de mesma forma, aspectos de Urano e Plutao como apoio as indica~6es de Aquario e Escorpiao. Considerando 0 signo, seu regente e a casa correspondente como sendo 0 mesmo princfpio, mas, operando a nlvcis diferentes, podemos dizer que 0 signo representa uma necessidade, 0 planeta 0 impulso para satisfazera necessidade, e a casa representa a vi vencia das circunstancias relacionadas a necessidade, no mundo ffsico. Este conceilo definitivamente nao quer dizer que 0 signo, planeta e casa sao todos a mesma coisa, e sim que os tres nlveis sao 1cvados em conta, denlro de urn contexto mais abstralo. Uma analogi a ulil e que todos temos necessidade basica de alimento. A necessidade esta la 0 tempo todo, havendo ou nao consciencia delade nossa parte. Isto pode sercomparado com 0 signo. A casa
1 - Os Doze Principios 155
significa qualquer ti po de experiencia rc1ativa a comere que epropiciada pela nossa fome. Se nao ha com ida em casa, ou se estamos fazendo regime, a experiencia pode ser a de nao comer. Na pratica, as casas de urn mapa freqiientemente se relacionam com a ausencia de certas experiencias - a vivencia e, de alguma!orma, uma questao. Urn modo ligeiramente diferente de considerar isto, ja mencionado no CapItulo 5, e que os planetas sao como motores que produzem certos tipos de impulso. Os signos em que se 10calizam os planetas sao como 0 tipo especffico de combustlvel que esta disponlvel para que 0 motor funcione, e as casas sao os resultados. Marte em Leao na 1(),! significada que, para que esta pessoa possa agir com iniciativa e assertividade, cIa precisa ter urn born senso, quase dramatico, de sua pr6pria individualidade, e consideravel apoio de outras pessoas. A assertividade se manifesta, geralmente, sob [ormas que inOuenciam seu "status" e reaIiza~6es denlro de um grupo. A segunda analogia C, talvez, a mais uti! na pratica. Ela se aplica mais prontamente a situa~ao mais encontrada na interprela~ao pn1tica, onde os signos, planetas e casas eSlao geralmenle espalhados, ao invcs de estar alinhados uns com os oulros. E tambcm en[aliza, mais que a primeira analogi a, que a a~ao eSla com 0 planeta. Ao construir significados para as combina~6es signo-planela-casa, 0 pI aneta c scm pre como o verba de uma senlen~a. Marte em Libra na 5l! casa nao c a mesma coisa que Venus em Aries na 5l!, apesar de serem ambos combina~i5es dos princfpios 1, 5 e 7. 0 primeiro exemplo refere-se ao tipo de "combuSllvcl" que a pessoa precisa para agir; 0 segundo nos diz 0 que de precisa amar. Os doze princfpios,juntamenle com os signos, casas e planetas que os consliluem estao lislados na Tabela 2.1 . 1 Esses doze princfpios podem servislos como um cicIo l6gico destinado ao crescimenlO do ser humano, ou qualqueroutra entidade. Eles estao la de qualquer maneira, quer apliquemos a linguagem astrol6gica a eles ou nao. Como disse Dane Rudhyar, a aSlrologia e urn tipo de algebra que nos possibilila definir e exp10rar os funcionamentos dos doze princfpios. Este c um ponto crucial, porque nos livra da velha argumenta~ao sobre se os p1anelas, signos e casas causam as coisas ou nos influenciam. 0 papeI dcles nao c maior do que 0 da 1clras E, m e c "causando" E=m(.2. Ainda assim, da mesma forma que precisamos das lelras E, m e c e dos COI1ceilos que representam para compreender alguns dos aspectos do mundo ffsico, tambcm precisamos dos slmbolos da astrologia para nos
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Parte 2- Astr%gia Como Ferramenta da Compreensao
1 - as Doze Principios 157
Tabela 2.1.1 Os Doze PIincfpios 1. A<;ao
Os Signos
As Casas
Os Planetas
'r
1
d'
2. Manuten<;ao
~
2
2
3. Comunica<;ao
)(
3
'1j
4. Embasamcnto
$
4
:D
5. Poder
ell
5
0
6. Ajuste
~
6
'1j
7
2
7. Relacionamento
.,.,.
Para exemplo, de como os doze princfpios operam sob forma de ciclo, citemos 0 caso da pessoa come<;ando a estudar astrologia. Vamos supor que ela siga estudando ate 0 ponto onde seu interesse pelo assunto a leve a outro nfvel.
Prime ira Fase: 0 impulso de fazer, comprando urn texto elementar ou se inscrevendo em palestras e cursos. Segunda Fase: Aprender as bases do assunto, de forma que adquira alguns conhecimentos ou recursos pr6prios. Terceira Fase: Coletando mais conhecimentos, que nao teriam feito sentido scm a parte basica, realizando mais leituras e discutindo 0 assunto com outras pessoas. Quarta Fase: Assimilando e intcgrando seus conhecimentos, de tal forma que eles se tornem uma parte trabalhavel dele mesmo, e ele possa dizer "Sou urn astr6logo".
8. Compartilhar
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8
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Quinta Fase: Come<;ando a utilizar seus conhccimentos, fazendo mapas de amigos e procurando algum retorno de seu trabalho.
9. Expansao
XC
9
~
Sexta Fase: Ajuste e melhoriape sua tecnica, como rcsultado das experiencias da fase cinco.
10. Constru<;ao
1.0'
10
~
11. Libera<;ao
MI MI
11
~(>&O
12. Uniftca<;ao
)(
12
~('P)
capacitar a lidar com os processos gerais da vida. Algumas das controversias da astrologia sao mais aparentcs do que reais, e sao originadas da confusao entre a linguagem e as coisas que esta linguagem esta sendo utilizada para descrever. Algumas dessas controvcrsias, como problema sobre 0 sistema "correto" de casas, talvez reflitam uma falta de compreensao adequada da linguagem. o cicIo de doze pIincfpios separa-se em duas divisoes. Existe a primeira fase, de 1 a 6 inclusive, onde 0 foco esta basicamente na pr6pria pessoa, e a segunda fase, de 7 a 12, onde 0 foco esta basicamente nos outros.
Ate este ponto, apesar de termos estado cada vez mais prcocupados com as rca<;oes das outras pessoas, a enfase foi principalmcnte no auto-desenvolvimento.
Shima Fase: Levando seus conhecimentos (temporariamente) aperfei<;oados ao mundo. Procurando ativamente relacionamentos deftnidos com clientes. Oitava Fase: Envolvendo-se num compromisso real de troca mutua com seus clientes, onde dar assistencia a cles e mais importante do que expor seus conhecimcntos. Nona Fase: A partir do pressuposto anteIior, uma percep<;ao crescente dos princfpios e leis do que ele esta fazendo. Decima Fase: Estar suftcicntemente estabclecido no que ele csta fazendo, para podcr escrever e ensinar. Constr6i urn "estabelecimento" ao redor de si, mesmo que seja pequeno.
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Parte 2- Astr%gia Como Ferramenta da Compreensao
Decima-primeira Fase: Come~a a vcr as limiLa~oes do seu sistema, mesmo sendo cle eficiente no que se propoe. Decima-segunda Fase: Ser capaz de vcr 0 que realizou ate aque1e momento, e ter boa vontade no sentido de se desprcnderde todas as atitudes e cren~as de que precisa se 1ibertar, para poder alcan~ar urn outro nivel. As Fases 11 c 12 podem precisar de urn pouco de e1abora~ao, ta1vcz, porque emais diffcil chegar aLe elas do que aLe as outras. Como exemplo, suponhamos que nosso astr6logo, quando come~ou, estava interessado principalmenLe em previsoes e aconLecimenLos extemos, ao inves de carater e estruLuras intemas. Na Fase 11, ele pode come~ar a achar que isto e limitante, e considerar mais interessante uma abordagem psico16gica. Neste caso, na Fase 12, elc Lera que se confrontar e abandonar varias suposi~oes a respcito da importancia das previsoes e acontecimentos extemos. Como ja dissemos, este ciclo de doze partes e melhor utilizado para compreensao dos si!,fJ1oS e casas a nivcl abstrato. Pelo menos em minha expericncia pessoal, ele nao eparLicularmente adequado para scr utilizado dire tamente na interpreta~ao de mapas. Vma exce~ao a esta ulLima afirmaliva e que elc po de ser valioso ao se lidar com casas. Se esLivennos examinando a 5
1 - Os Doze Princfpios
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masculina, ou negativa e feminina. Parece estranho pensar num planeta tao essencialmente masculino como Marte como tendo uma face feminina, mas, dentro do Oitavo Princlpio, cle possui tal faceta. A energia b:1sica de Marte eo desejo, que pode ser expresso sob fomla de a~ao independenLe ou de compartilhar profundamente. Mercurio c a conceitua~ao, a qual pode ser expressa sob forma de comunica~ao extrovertidaou ajuste intemo. Venus eam or, 0 qual podeestarmantendo coisas ou situa~oes, ou se re1acionando com as outras pessoas. Jupiter e expansao, a qual pode ser crescimento mental ou uniao espiritual. Satumo c a necessidade de formas e estruturas. Ele pode ser expresso atraves da manuten~ao das vel has estruLuras, ou atraves da procura de novas. 13 colocamos os planetas trans-satuminos de lado, como sendo de outro Lipo de natureza, e precisamos reconhecer que 0 Sol e a Lua tambem cacm numa catcgoria diferente dos outros planetas. A convenicncia de co10car os luminares junto com os demais planetas, chamando a todos de "planetas", por igual, tende a obscurecer esta diferen~a. Astronomicamente, sabemos que cles nao sao planetas de verdade, e, mesmo visualmente, sao obviamente diferentes dos outros, devido ao seu tamanho e colorartao caracterfsticos. Os astr610gos antigos faziam esta distin~ao de fomla bem mais definida que hoje em dia. Elcs se referiam ao Sol e a Lua como luminarespara distingui-10s dos outros. Podemos considerar 0 Sol como sendo sempre masculino, e a Lua sempre feminina. Diferentemente dos outros cinco plane Las, que podem funcionar em ambos os gcneros, 0 Sol e a Lua precisam ser tratados como urn par. Se lcvarmos em conta que eSLe par e 0 cenLro de todo 0
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Figura 2.1.1-Signos e Regenles em sua allemanciadosprincfpios masculino e fem inino.
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1 - Os Doze Principios 161
Parte 2- Astr%gia Como Ferramenta da Compreensao
esquema, podemos chegar a uma organiza~ao de signos e regentes que forma urn padrao 16gico, com altemancia dos princfpios masculino e feminino (Ver Figura 2.1.1). Pode-se no tar que esta organiza~ao recapitula a ordem astron6mica dos planetas. Os pr6prios doze princfpios podem ser ainda subdivididos num interdimbio entre os tres princfpios do ser: Cardinal, fixo e mutavel (ou cria~ao, manuten~ao e destrui~ao), e entre os quatro elementos ou tipos de energia: fogo, ar, agua e terra. Os significados dos elementos podem ser resumidos conforme segue:
Fogo: A capacidade de perceber diretamente os significado atras das siLua~oes ou acontecimentos, de aprccnder potenciais e possibilidades. Inoccncia, confian~a infantil e entusiasmo. Idealismo, originalidade. Alto grau de energia e atividade. Senso de urgencia. Terra: PraLicidade, forte sentido de conscientiza~ao, nao procura
o sentido atras dos fatos imediatos, preocupa~ao com detalhes. Perseveran~a , tenacidade, pouca iniciativa, precisa ser motivado por outras pessoas ou pelas circunstancias. Reserva, inercia, tende a se conformar com 0 que e esperado. Ar: Capacidade de fazer liga~ao entre os fatos percebidos. Realiza julgamentos de valores indiretamente, como resultado a avalia~ao dos fatorcs envolvidos no assunto. Harmonia, amizade, sociabilidade. Tende a scr impessoal, nao se compromete, pouco emocional.
Agua: Preocupa-se em captar a totalidade da situa~ao ou coisa, sob forma de experiencias diretas. Tende a se identificar emocionalmente com 0 que esta acontecendo. Faz julgamentos de valores diretamente sobre 0 assunto considerado, 0 que causa prazer ou dor. Profundamente emotivo, vulneravel, romantico, impressiomivel, facilmente influenciavel pelo ambiente ao redor. Sabedoria, compaix1io. Temos ainda que fomecer uma defini~ao para as tres qualidades. Sugcrirfamos que a qualidade cardinal retira energia diretamente do inconsciente, a qualidade fixa a armazena e transform a, de forma que possa estar disponivel para 0 uso consciente, e a qualidade mutavel a utiliza conscjentcmente, podendo escolher a vontade.
A analogia do acumulador eletrico e util, mas nao deve ser levada longe demais. Os signos cardinais sao como a corrente que carrega 0 acumulador. Os signos fixos correspondem aqualidade do acumulador de reter a carga e estar pronto para libera-lao Os signos mutaveis correspondem ao fluxo de energia, quando 0 acumulador e ligado a algum aparelho. Cardinal, portanto, e uma carga inconsciente e unidirecional de interesse ou inten~ao. Fixo seria a armazenagem e consolida~ao desta inten~ao criativa; mutavel e 0 funcionamento consciente, multidirecional. A analogia com a bateria de acumula~ao eletrica logo se desfaz, mas pode serutil para se lidar com este conceito relativamente obscuro. Uma das fraquezas desta analogi a e que ela implica que os signos fixos nao sao expressivos. Podemos superar estas dificuldades supondo que a eletricidade se encontra visivel, com uma cor diferente para cada elcmento. Urn raio Lipo laserpenetrana bateria, que brilhacom aenergia acumulada. 0 fluxo de eletricidade nos circuitos da maquina ligada a bateria produz padroes complexos de luz. Normalmente, os elementos e quaJidades sao considerados apenas quanta asua aplica~ao aos signos do zodfaco, mas podem serigualmen: te bern utilizados para a compreensao dos doze princfpios em todos os niveis, mantendo-se em mente a ideia de que os signos, planetas e casas operam diferentemente uns dos outros. Observaremos detalhadamente os doze princfpios, e veremos como seus significados sao derivados dos ciclos principais e ciclos subsidiarios, das qualidades e dos elementos.
Primeiro Principio Aries, 1 9 casa, Marte, cardinal,fogo, positivo
o primeiro princfpio e a energia do fogo, sendo utilizada da forma cardinal. 0 primeiro princfpio e motivado a agir de forma compulsiva e pessoal, atraves da percep~ao dos significados inerentes e das possibilidades das experiencias. Nao ha outra escolha, a nao ser a a~ao. A pressao cardinal leva 0 primeiro principio ate qualquerexperiencia que va alem de urn limite minima de interesse para ele. Como conseqiiencia; costumamos reconhecer as qualidades de iniciativa, entusiasmo,
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Parte 2- Astrologia Como Ferramenta da Compreensao
assertividade e, porque a ar;ao e mais importanLe do que a consolidar;ao, uma falLa de capacidade de permanencia. Porem, a abstrar;ao subjacente a estas qualidades e 0 desejo inconsciente de experimentarse, atraves da auto-assertividade. Apenas fazendo contaLo agressivo e vigoroso com seu ambiente, ele pode vivenciar a si mesmo como sendo real. Aries c a necessidade de ser independente, corajoso, pioneiro e de se provar a si mesmo atravcs da ar;ao. De forma negativa, ele pode ser rude, insistenLe, scm considerar;ao, inc1inado a arriscar-se desnecessariarnente, apenas pelo risco em si. A energia c poderosa, mas incerta. Existe muiLo medo de se voItar ao nada. MarLe c desejo (definindo-se desejo como uma emor;ao que leva 11 ar;ao). 0 Marte positivo, do primeiro principio, e ar;ao direta, exLroverLida e espontanea. Deve-se noLar que aquilo que se quer e se senLe compelido a fazer imediatamenLe nao C, necessariamente, a mesma coisa que e realmente desejada e valorizada, e que e representada por Venus. EsLa pode ser uma grande fonte de confliLOS num mapa. o significado Lradicional de Malte como impulso sexual ffsico e de Venus como 0 amor emocional ajuda a ilustrar esta questao. Urn hom em pode aspirar (Venus) a urn lar esLavel e uma vida familiar convencional, porem seu desejo (Marte) 0 leva de enconLro a uma scrie de cnvolvimcntos amorosos, que podcm scrprcjudiciais para aquilo qucc1e vcrdadciramcnte quer. Ou enLao, pode funcionar ao contrJrio. 0 que sua funr;ao Venus podequercre umamultiplicidadedecasos amorosos, mas sua energia de Marte 0 empurra para a dircr;ao de urn lar confortavcl e urn casamenLo esLavel. Em qualquer dos casos, 0 conOiLo esLa armado. A condir;ao de Marte no mapa, pclo signo, colocar;ao na casa e pelos aspecLos, fomcce infom1ar;6es sobre a energia de desejo da pessoa. Reparar que urn MarLe forte nao signi fica, por si s6, que os desejos sao prontamente expressos e saLisfeiLos. Se exisLirem bloqueios cm ouLro ponto do mapa, ele pode simplesmcnte mosLrar um grau muiLo alto de frustrar;ao. Um bom exemplo dafaccta ariana de Marte c 0 esportista campeao, que vai de urn desafio para ouLro. AI ;! casa c sua experiencia da identidade, em Lermos da fom1a, aLraves da qual voce se apresenLa ao mundo. Nao e uma experiencia muiLo conscicnLe, porque a enfase cSLa no fazer, ao invcs da conscienLiza~ao da ar;ao. E a expcriencia de se aprcnder a eSLar num mundo que
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funcione para n6s, junto com as outras pessoas. A cuspide da I;! casa e o AscendenLe - em todos os sistemas de casas, exceto urn - e tern, portanto, uma importanciamaiordo que as cuspides das outrascasas. Os aspectos com 0 Ascendente informam como a pessoa vivencia sua abordagcm imediata 11 vida. 0 signo do Ascendente, a condi~ao do seu regente de acordo com signo, casa e aspectos, e os planetas na I;! casa, fomecem infom1a~6es adicionais.
Segundo Princfpio Touro,
2~
casa, Venus,fixo, terra, negativo
o segundo princfpio e a energia da terra utilizada no modo fixo. 0 segundo princfpio c motivado a aumentar seu senso de ser, guardando consigo fatos, mCLodos, e percepr;6es sensoriais. A pressao fixa 0 mantem num padrao de permanccer com as experiencias que sao confiaveis, com a quais esta farniliarizado . Como consequencia, tern os as qualidades gerais do segundo princlpio, que sao conservadorismo, confiabilidade, lentidao e nega~ao das mudanr;as; a abstrar;ao subjacente destas qualidades c a nccessidade de vivenciar a si mesmo identificando-se com 0 ambiente e possuindo-o. Ele s6 consegue vivenciar a si pr6prio possuindo as coisas de que Lem consciencia, sejam clas objetos materiais ou idCias. Touro c a necessidade de se estar firmemente enraizado, de se ter urn senso de aULo-estima e consciencia dos pr6prios recursos, tanto materiais quanta psicol6gieos. E a necessidade de ser praLico, com os pcs na terra, sensual, e de se obter resultados tanglvcis. Ap6s a extemalizar;ao de energia em Aries, ocorre a consolidar;ao; ao invcs do foco de intcrcsse ser a explorar;ao de possibilidades diversas, e 0 desenvolvimento de algumas op~6es limitadas. o impulso no segundo princlpio c 0 lado feminin~, negativo, de Venus. A ar;ao de amar e estabelecer valores para as coisas, opera magneLicamcnte, trazendo os objctos e pessoas valorizados para si, de forma a aumentar 0 senso de idenLidade pr6pria. A condir;ao de Venus no mapa, atravcs de signo, casa e aspectos, fomece informa~6es sobre a capacidade que a pessoa tern se ser atraente e de manter aquilo que atrai.
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Parte 2" Astr%giaComo Ferramentada Compreensao
Da mesma formaquecorrI Marte,Q fato do Venus de urn mapa estar forte e proeminentenaosigI1ifica quenao existem problemas com o fato de se ser atraente. Outras.tun~oespodem interferir com um poder de atra~ao que, de outraforma.seria saudavel, tanto restringindo-o quanto exagerando-o. Osefeitosinenosdesejaveis de Venus em Touro cC)nlida, sexo e outros prazeres podem ser 0 excesso deindulgentia sensuais, ou entao uma preocupac;aoexcessiva com dinheiro. Urn born exemplo da faceta Touro de Venus e 0 coletionador de arte, que se cerca de objetos quesa6 naoapenas valiosos, como tambem bonitos. A 2l! casa e a experienciade se 'ter ' recursos e reservas, tanto materiais quanto psicol6gicas, que capadtamvoce a alcan~aro mundo. :E a experiencia da auto-estima, de seT amado. de terseus desejos basicos satisfeitos e de ter confian~a em que continuarao a ser satisfeitos. Basicamente, e a experiencia da propriedade, tambCm no sentido ligeiramente ilus6rio de se possuir a si mesmo, sendo "dono de si pr6prio", assirri como, simplesmente, possuindo coisas. 0 signo da cuspide da 2l! casa e a condi~ao de seu regente, 0 signo, casa e aspectos, assim como a presen~a de planetas na casa, fomecem informa~oes sobre a experiencia de propriedade e auto-estima da pessoa.
em
Terceiro Principio Gemeos, 3 g casa, Mercurio, mutavel, ar, positivo
o terceiro principio e a energia do ar sendo utilizada de modo mutavel. 0 terceiro principio e motivado a funcionar de forma pessoal sob v:irias farmas, atraves da observa~ao e fazendo compara~oes, coletando informa~oes, encontrando rela~oes entre suas experiencias, e criando uma estrutura intelectual para sua vida. A pressao mutavel e consciente, e 0 terceiro principio tern urn born espectro de escolha sobre para onde devera dirigir seu interesse, ou seja, a carga inconsciente sobre qualquercoisa especifica sera pequena. Como conseqiiencia, temos as qualidades geralmente reconhecidas de versatilidade, mutabilidade, inconsistencia. A abstra~ao subjacente e a necessidade de vivenciar sua identidade atraves do conhecimento do "Eu" ambienteo Alem disso, 0 terceiro principio e mais consciente do ambiente do que 0 primeiro e 0 segundo, e esta numa posi~ao de poder reconhece-
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10 como potencialmente amea~ador. A necessidade de "conhecer", que o terceiro principio tern, e parcialmente motivada pela necessidade de controle; "controle", aqui, nao significa manipula~ao: na verdade, parece-se com a cren~a magica de que, se voce souber 0 nome da coisa, voce tern poder sobre ela. Gemeos e a necessidade de ser flexfvel, curioso, relativamente descompromissado para brincar com as palavras e as ideias. :E a necessidade de se comunicar, que as vezes se manifesta como varias habilidades ffsicas, ou entao como inquieta~ao ffsica e nervosismo, assim como (ou ao inves de) urn fluxo de palavras.:E a necessidade de ser capaz de explicar as coisas, de ter razoes 16gicas e concretas, de ser urn observador neutro ao inves de urn participante comprometido e envolvido. o impulso no terceiro principio e a face positiva e masculina de Mercurio. A energia basic a de Mercurio e conceitualizar, e aprender, de forma a ser capaz de fazer; assim, portanto, a energia de Mercurio esta tao envolvida com 0 aprendizado de uma habilidade fisica quanta com 0 exercfcio mental, puro e simples. Nao existe julgamento direto do bern e do mal junto a Mercurio; a energia e neutra. 0 aprendizado e a a~ao serao enfatizados de forma diferente, para pessoas diferentes. 0 fazer pode consistiJ em pouco mais do que falar sobre 0 que foi aprendido, como urn palestrante. Por outro lado, urn homem cujo trabalho consiste em apertaros parafusos da parte de urn carro numalinha de montagem pode estarutilizando muito pouco aprendizado para bastantc a~ao. Um exemplo da faceta Gemeos de Mercurio e 0 correspondente de guerra, que nao se envolve com nenhum dos lados e vai atras de sua rcportagem, onde que os fatos estejam. A condi~ao de Mercurio no mapa, atraves do, signo, casa e aspectos, fomece informa~oes sobre a capacidade da pessoa de conccitualizar e comunicar, e de aprender a aplicar seu conhecimento. Novamente, urn Mercurio forte nao significa automaticamente que tudo estara bern nesta area. Outros fatores, como urn conflito emocional grave, podem interferir com a expressao da energia de Mercurio. A 3l! casa e a experiencia de se ler conhecimento concreto do mundo, de se ter explica~oes l6gicas e racionais para as coisas, e de ser capaz de manter uma atitude neutra. Basicamente, e a experiencia de conhecer, reagir e se relacionar ao lidar com 0 ambiente imediato, sem comprometimento com qualquer conjunto especifico de resultados ou
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fonna de ser. 0 signo na cuspide da 3;! casa, a condi~ao de seu regente, cos planetas que estao ncla fomeccm infonna~oes sobre a fonna atravcs da qual apessoa Iida com este tipo de experiencia.
Quarto Principio Cancer, 4'1 casa, Lua, cardinal, agua, negativo
o quarto princfpio c a cnergia da agua sendo utilizada de modo cardinal. 0 quarto princfpio e motivado a agir de fomla compulsiva e pessoal, atravcs de sua percep~ao de valores e da experiencia de prazer e dor como realidade subjetiva intensa. Estamos de voILa a uma pressao cardinal inconsciente. 0 quarto princfpio nao tern escolha, a nao sercriar uma matriz de padroes de habitos, para podervivcnciaro prazcre evitar a dor. Com a expcricncia do tercciro princfpio atras dele, ele ja esta Iigeiramente consciente do seu am biente e, conseqUentemente, temos as qualidades geralmente reconhecidas de auto-prote~ao, cuidados com os outros, emocionalismo e apegos. A abstra~ao subjacente c a necessidade de vivenciar a si mesmo como urn ser coeso, atravcs da assimila~ao de algumas partes de seu ambiente e da elimina~ao de outras. Ele c apanhado entre a pressao cardinal de ganhar mais expericncia para construir uma estrutura mais segura de personalidade, comedo de encontrar a dor ao fazer tudo isto. Cancerc a necessidade de seguran~a emocionaI, de relacionamentos humanos calorosos e atcnciosos, e de assegurar-se de ter privacidade e Iimites pcssoais inviohlvcis. A necessidadefrcqUentemente se manifesta sob forma de instabilidade emocional, extrema vulnerabilidade emocional e qualidades muito fortes de sensibilidade e imagina~ao. Existe freqUentemente possessividade e uma tendcncia de sentir e agir como ofen dido diante da menor particula de crftica. Essencialmente, c a necessidade de viver num ninho seguro e protegido, enquanto, ao mesl110 tempo, se relaciona com 0 mundo exterior. Os dois prop6sitos nao sao verdadeiramente compativeis, dai a divisao intema e duaIidade associadas a Cancer. o impulso do quarto principio c a Lua. A Lua c sempre feminina, negaliva, e nao tern uma faceta masculina. E0 impulso de criar urn sistema de apoio que seja seguro para a pr6pria pcssoa, tanto psicol6gica quanLo maLeriaImente, e criar urn padrao llexfvel, mas automatico de pensamenLos,
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senti men Los e a~oes. Sentimcntos e 0 principal componente. Pensar e fazer devem ser integrados na resposta do sentimento. 0 pensamento claro e descomprometido nao e uma fun~ao do nfvcl da Lua. No entanLo, as decisoes sao tomadas pela fun~ao da Lua, e cIa c a fun~ao mais basicamente relacionada com a forma~ao do rotciro, conforme discutido 0 Capitulo 3, Parte 1. A condi~ao da Lua no mapa, atraves do signo, casa e aspectos, fomece infonna~oes a rcspeito da fonna com a qual a pessoa utiliza 0 impulso de criar 4m espa~o seguro e protegido. Geralmenle, a fun~ao Lua c automatica e exagerada. Em tennos de uma astrologia orientada ao crescimento pessoal, a Lua costuma teruma conota~ao negaLiva (no senti do de indesejavel), ja que indica urn ape go ao passado. Como exemplo deLua, podemos citaruma mac, tOLal mas inconscientemente devotada aos seus filhos, scm interesses fora de casa, e com as mesmas atitudes perante a vida e fonnas de fazer as coisas que a sua propria mac. A 4;!casa c a expcricncia de se teruma base segura, a partir da qual operar no mundo. Ea expericncia de poder que deriva da aceita~ao e da seguran~a intema e extema. 0 signo na 4;! e a condi~ao de seu regente por signo, casa e aspectos fomecem informa~oes sobre a fonna com que a pessoa vivencia esse poder pessoaJ, privado e seguro.
Quinto Principio Leao, Y casa, Sol,fixo,fogo, positivo
o quinto princfpio e a energia do fogo utilizado de modo fixo. 0 quinto princfpio c motivado a aumentar seu sen so de existcncia atravcs de guardar, dentro de si, suas percep~oes dos significados e potencialidades do seu ambiente. Devemos notar que 0 ambiente, no quinto principio, e bern maior que no primeiro, devido as expericncias do segundo, terceiro e quarto. A pressao fixa prende 0 quinto principio num padrao de alto entusiasmo em rc1a~ao ao am biente. Por deri vavao, Lemos as qualidades geralmente reconhecidas de auto-expressao, forte senso do ego, criatividade, drama - rcsumindo, as qualidades que tendem a tomar real a magnificcncia potencial da qual 0 quinto princfpio esLa tao fortemente consciente. A abstra~ao subjacente c a necessidade de vivenciar a si mcsmo marcando 0 ambicnte com sua
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personalidade, fazendo com que 0 ambiente 0 reflita. Seria errado considerar isto como narcisismo. Nao que 0 quinto princfpio esteja apaixonado por si mesmo, excluindo os outros. 0 conceito chave e "feedback". Ele s6 pode vivenciar a si mesmo se conseguir que seu ambiente responda a ele. Leao e a necessidade de ser reconhecido como alguma coisa especial e magnifica, de ser seguro de si, benevolente, confiante. E a necessidade de auto-expressao, dramatica e de todo cora~ao. Foi comparado ao orgasmo, urn comprometimento total de energia de amor e auto-expressao (apenas idealmente). A necessidade freqilentemente se manifesta sob a forma de orgulho e for~a de vontade, com grande quantidade de idealismo irreal.
o impulso do quinto princfpio e 0 Sol, que e sempre masculino, positivo e nao tern uma faceta feminina. 0 Sol e 0 impulso de expressao, o desejo central, ou prop6sito da vida; 0 impulso pela expressao total como urn ser humano individual; a plena realiza~ao do potencial da pessoa. Do ponto de vista da astrologia orientada para 0 crescimento pessoal, 0 Sol pode ser geralmente considerado como urn fator positivo (no sentido de ser desejavel), ja que e 0 impulso de se liberar e de transcender 0 passado. A condi~ao do Sol, por signo, casa e aspectos, fomece informa~5es sobre como a pessoa utiliza 0 im pulso para auto-expressao. Mesmo estando favoravelmente colocado e com born aspecto, nao significa que a auto-expressao sera faci! e recompensadora. Os padr5es compulsivos de habitos da Lua , em especial, podem militar contra a opera~ao saudavel do impulso solar. Urn exemplo do Sol e urn rei benevolente, tendo urn interesse pessoal no bem-estar de seus suditos e deseu reino. A 5l! cas a e a experiencia da auto-expressao pessoal total, da cria~ao individual ou capacidade de brincar. Tradicionalmente, as crian~as sao alocadas na quinta casa _ . urn resultado tangfvel da expressao da energia criativa. Essencialmente, e a experiencia de se utilizar 0 pode gerado na privacidade da 4l! casa. 0 signo na cuspide da 5" casa, a condi~ao de s'eu regente, por signo, casa e aspectos, ou quaisquer planetas dentro da casa, mostram como a pessoa se relaciona com 0 fato de ter seu poder de cria~ao pessoal disponfvel para seu pr6prio uso.
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Sexto Principio Virgem, 6g casa, Mercurio, mutavel, tetra".negatiyo
o sexto princfpio e a energia da terra sendousada de modo mutaveL 0 sexto princfpio e motivado a funcionar de f<;>nna pessoal, de varias formas diferentes, e com percep~ao consciente, para lidar com dados que fazem senti do e fazer usa dos fatos, metodos e tecnicas, para operar eficientemente em rela~ao aos outros. 0 sexto princfpio faz uso consciente do material com que 0 segundo princfpio apenas podia se identificar. Ele esta altamente consciente de como podem influenciar seu ambiente, e de como este ultimo pode responder a ele - tendo descoberto isto no estagio do quinto princfpio. A necessidade de conhecer e aprender para poder controlar e agora aplicada em termos concretos. Nao e mais suficiente, como era no terceiro princfpio, apenas conhecero nome magico. 0 sex to princfpio tern que chegar a urn acordo com a realidade ffsica de seu ambiente e ordena-la. Por deriva~ao, temos as qualidades geralmente reconhecidas de laboriosidade, analise, crftica e praticidade. A abstra~ao subjacente e a necessidade de vivenciar a si mesmo como bern qualificado, para se relacionar e administrar seu ambiente. Virgem e a necessidade de tecnicas de auto-expressao e de controIe das emo~5es. E a necessidade de ser auto-cntico, discriminativo, modesto e diminuir a pr6pria individualidade em deferencia aos outros. Na fase de Leao, a energia criativa e expressa para excitar a admira~ao dos outros; esta admira~ao nem sempre vern, e sao necessarios alguns aperfei~oamentos ao desempenho. A necessidade freqilentemente se manifesta como uma tendencia de ser detalhista e perfeccionista, esperando a perfei~ao de si pr6prio e das outras pessoas tambcm. A qualidade cntica de Virgem pode se tomar, de fato, uma atitudc exccssivamente cntica as outras pessoas; isto pode ser expresso abcrtamente ou nao. o impulso do sexto princfpio e a face negativa e feminina de Mercurio, cujanatureza basicaja foi discutidana abordagem do terceiro princfpio.Aqui,oimpulsodeaprenderparapoderfazer,deconceitualizar para poder lidar com 0 mundo, e dirigido para dentro. Mercurio negativo e mais preocupado com os julgamentos de valores - tanto com base em suposi~5es intelectuais quanto com base em resultaqos. Portanto, Mercurio julgara certas atitudes e sentimentos como bons ou maus,
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porque produzem resultados desejaveis ou indesejaveis-diferentemente de Venus, que julga 0 bom ou 0 mau com base nas qualidades inerentes. Pode-se assumir que Mercurio opera sob ambas as facetas dentro de um mapa, e 0 mapa como um to do fomece indica~6es sobre qual dc1as, se a positiva ou a negativa, predomina. Por exemplo, se Mercurio esta numa casa ou signo positivos, tendera a favorecer a expressao de Gemeos; em casas ou signos negativos, a expressao de Virgem. Sera mais especificamente d~sta forma, e claro, se Mercurio estiver em Gemeos ou Virgem. Um exempl0 de Mercurio negativo e 0 cientista trabalhando no laborat6rio, procurando descobrir os processos para chegar aos resultados que quer atingi r. A experiencia da 6;1 casa e a de possuir tecnicas que [uncionam, e de se sentir bem ajustado e util no mundo. A expcriencia basica e a de crescimento pessoal. Tradicionalmente, a 6;1 casa esla ligada asaude, e uma saude precaria pode ser considerada como 0 processo de crescimenlo pessoal dramalizando 0 [ato de que sao necessarias mudan~as e ajuslcs. 0 signo na cuspide da 6'!casa, e condi~ao de seu regenle, atraves do signo, casa e aspectos, assim como a presen~a de quaisquer planetas na casa, moslra como a pessoa se relaciona com a expcriencia de crescimento pessoal e ajuste. Amedida que percorremos os primeiros scis princfpios, a enfase foi mudando gradualmente do indivlduo para os outros. No primeiro princfpio, as outras pessoas pouco tomam parte, a nao ser que apresentem desafios. Essas outras pessoas se tomam cad a vez mais importantes, como fomecedoras de estabilidade, informa~ao, apoio, admira~ao e, finalmente, cnticas, mas, mesmo no sexto princfpio, 0 maior peso do interesse ainda esta no indivlduo. A medida que percorrennos os pr6ximos seis princfpios, 0 equilfbrio de aten~ao e interesse se transfere para os outros, come~ando do setimo princlpio, onde os outros adquirem importancia igual ado indivlduo, pela primeira vez.
Setimo Principio Libra,
7~
casa, Venus, cardinal, ar, positivo.
o selimo
princlpio e a energia do ar sendo utilizada de modo cardinal. 0 seLimo princfpio emotivado a se relacionarcompulsivamente
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com os outros, atraves de observa~ao e compara~ao, e criando mentalmente uma estrutura social onde suas deficiencias podem ser supridas pelos outros. A pressao cardinal e inconsciente esta novamente operante, e 0 setimo princfpio nao tem escolha a nao ser sair e vivenciar as outras pessoas como seres com direitos pr6prios. Elc precisa descobrir fatos sobre elas, e vivenciar form as de relacionamento. Por deriva~ao, temos as qualidades geralmente reconhecidas do setimo princfpio sociabilidade, gosto pela harmonia e baixo nlvel de compromisso emocional. A abstra~ao subjacente e a neccssidade de vivenciar a si mesmo e ao ambiente simultaneamente, com a mesma importiincia. Satisfazer esta necessidade e mais facil se 0 ambiente for agradavcl- 0 que justifica a necessidade de harmonia com os companheiros e com 0 ambiente. Justifica tambCm a manifesta~ao de gosto porvarias fonnas de ar1e,ja que esta e uma forma de organizar ao menos uma pequena parte do ambiente para que ele fique harmonioso e "certo". Libra e a necessidade de relacionamentos cooperativos igualitarios, sem depcndencia, ambos os parceiros contribuindo como seres que escolheram compartilhar. E a necessidade de se relacionar a partir de uma posi~ao de for~a, mas reconhecendo que a complementa~ao verdadeira s6 e posslvel dentro do contexto de um relacionamento. A preocupa~ao de acertar as coisas e manter a harmonia e 0 equillbrio freqilentemente se manifesta como [alta de a~ao e decisao, dcixando-as a cargo dos oulros. Alcm disso, a necessidade de igualdade significa que Libra tem certo medo de senlimentos profundos, a nao ser que possa ter certeza de que seus sentimentos serao correspondidos. o impulso no setimo princfpio c a faceta positiva e masculina de Venus. Contrastandocom omododeopcra~aodo tipo"atra~ao",de Venus em Touro, 0 ato de amare valorizarc projetado para fora . Basicamente, a capacidade de amar outra pessoa depende de nossa capacidade de amar a n6s mesmos, e portanto 0 funcionamento de Venus em Libra irnplica uma auto-estima suficiente (2!! princfpio) sendo projetada no mundo. A condi~ao de Venus no mapa mostra a capacidade da pessoa de projetar amor em relacionamentos igualitarios, e se elc se manifesta mais com as qualidades positivas ou negativas de Venus. Um exemplo de Venus positivo e 0 diplomata, procurando reI acionamentos justos e iguais e utilizando sabedoria para eriar harmonia. A 7" casa c a experiencia de se ter rc1acionamentos igualilarios e de encontrar realiza~ao atravcs do ser reeeptivo as neeessidades de outra
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ou outras pessoas. 0 signo da cuspide, a condi~ao de seu regente, e quaisquer planetas na casa mostram como a pessoa se relaciona com este tipo de experiencia.
Oitavo Principio Escorpitio, 8f! casa, Marte!Pluttio,fixo, agua, negativo
o oitavo princlpio e a agua sendo utilizado no modo fixo. Ooitavo princlpio e motivado a aumentar seu sentido de ser em rela~ao aos outros, guardando dentro dele sua perce~ao de valores e experiencias de prazer ou dor, sob forma de uma realidade intensa e subjeLiva. 0 estado fixo 0 mantem dentro de urn alto grau de sensibilidade. No quarto princlpio, sob pressao cardinal, a energia da agua tinha urn mecanismo de escape se os sentimentos se tomassem excessivos, porque 0 modo cardinal pode mudar para outro ponto de interesse. 0 oitavo princfpio tern que ficare suportar, nao importa quaD pesado e diffcil possa ser. Por deriva~ao, temos as qualidades reconhecidas como intensidade, controIe, resisLencia e vingan~a. A abstra~ao subjacente e a necessidade de se idenLificar com 0 ambiente, ficando ao mesmo tempo consciente de sua pr6pria identidade. Preenchendo as necessidades dos outros como se fossem suas, 0 oitavo princfpio satisfaz suas pr6prias necessidades. Para que isto possa funcionar, e necessario haver uma poderosa purga~ao da personalidade, e, na verdade, uma "morte" de partes da personalidade, para poder realizar esta necessidade. Oeste ponto de vista, 0 significado subjacenLe da associa~ao com a morte, elimina~ao e sexualidade se torna claro. Escorpiao e a necessidade de relacionamentos emocionais intensos, profundamente envolventes e comprometidos, e a necessidade de segredo e de privacidade em rela~ao a tais rciacionamentos, para proteger a sensibilidade e 0 poder oculto da pessoa. E a necessidade de se tomar apaixonado e penetrante para buscar a verdade, mesmo quando ela e dolorosa, de ser poderoso e ter autocontrole. E a necessidade de escolher entre se identificar com as emo~5es para mergulhar nelas ou para transcende-Ias. A necessidade freqiientemente se manifesta sob a forma de comportamento tacitumo, com urn controle superficial excessivo inibindo de tal forma 0 fluxo emocional, que a maior parte da energia vai para dentro.
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o impulso do oitavo princfpio e a faceta feminina e negativa de Marte. Marte, como energia de desejo, ja foi discutido no primeiro princfpio. Em sua polaridade negativa, 0 desejo e tao forte quanto na outra, mas e mais deliberado e ponderado. Onde 0 Aries do primeiro princfpio esta espontaneamente procurando 0 que e desejado, 0 Marte negativo opera atraves de planejamento aparentemente frio e , as vezes, impiedoso. Estao sempre envolvida as rea~5es dos outros, reais ou provaveis, na obten~ao do pr6prio desejo da pessoa. A condi~ao de Marte no mapa mostra como 0 desejo vai operar e se a energia de Marte tern possibilidade de ser utilizada predominantemente sob a forma negativa ou sob a forma positiva. Urn exemplo de Marte negativo e 0 politico, calculando as vantagens e conseqiiencias de proceder a uma serie complexa de eventos, para chegar ate onde ele secretamente quer chegar. Plutao e considerado geralmente como associ ado ao oitavo princfpio, e sua posi~ao de casa e de aspectos deve ser considerada na avalia~ao do oitavo princfpio de urn mapa. 0 significado de Plutao sera discuLido mais detalhadamente na pr6xima parte. A oitava cas a e a experiencia de se ter relacionamentos intensos e comprometidos, que sejam fonte de podcr emocional e uma oportunidade de crescimento. 0 signo da cuspide, a condi~ao de seu regente e a presen~a de planetas na casa mostram como a pessoa se relaciona com a expericncia de compromeLimento profundo. Nono Principio Sagitario, 9f! casa, Jupiter, mutavel,fogo, positivo
o no no princfpio e a energia do fogo sendo utilizada de forma mutavel. 0 nona princfpio e motivado a funcionar de varias maneiras em rela~ao aos outros, atraves de sua percep~ao de potenciais e de significados inerentes. Temos novamente 0 entusiasmo do fogo, que enconLramos no primeiro e quinto princfpios, agora expresso de forma bem mais consciente, assim como 0 ambiente no qual funciona e bern maior. Ap6s a experiencia do oitavo princfpio, 0 nona possui urn conhecimento intuitivo dos outros, e esta pronto a organizar e utilizar este conhecimento a respeito, do significado interno dos relacionamentos sociais. Porderiva~ao, temos as qualidades geralmente reconhecidas de enLusiasmo, franqueza, otimismo e de amizade. 0 nono princfpio e
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frequentemente descrito como "amante da Iiberdade", mas este conccito 6 urn poueo enganador. E parcialmente verdadeiro, mas 0 tipo de liberdade envolvida 6 aquela relativa ao fato de se aceito como membro da eomunidade. No nona prinelpio, 0 senso de individualidade separada come~a a afundar bastante. A abstra~ao subjacente e a necessidade de uma vivencia total do ambiente. 0 terceiro princlpio procurava controlar 0 ambiente atraves do seu conhecimento a cerea dele; 0 nona princfpio procura se render ao ambiente, permitindo que ele 0 conhe~a. Sagitario 6 a necessidade de expansao, de se ter pontos de vista abertos e filos6licos, e de ter eompreensao da vida. E a necessidade de "sabcro porque" ao inv6s de "saber como", a necessidade de princfpios que possam ser trabalhados e de julgamentos eticos e morais. A necessidade pode se manifestar como atitudes impessoais e como intolerancia. A procura do lugar da pcssoa dentro do todo e urgente em Sagilario, e pode encobrir inleresses pcssoais mais diretos. Isto pode levar ao fanatismo e a uma defesa excessiva daquilo que Sagitario percebe como verdade. Pelo menos, tato e sutileza nao sao altamente considerados (ou valorizados) aqui. o impulso no nona princlpio 6 a faceta positividade de Jupiter. ESla 6 a primeira vez que encontramos urn impulso planetario mais preocupado com a socicdade como um todo do que com a personalidade individual. Jupiter 6 0 impulso de expansao, de adquirir estima social e valor. Em seu modo positivo, ele possui caracterlsticas de um explorador, apesar da explora~ao poder ser intema ao inves de ffsica. As fun~6es-chave de Jupiter sao a assimila~ao e a coopera~ao, e tam bern a prote~ao do que foi ganho - dal a Jiga~ao tradicional com assuntos financciros e legais. Jupiter tamb6m eo impulso de acreditar e de ter [6, ja que, para se expandir, a pessoa precisa acreditar que a expansao 6 posslvel. Um exemplo deJupiterem Sagitario 6 0 explorador, motivado por uma den~a apaixonada em si mesmo e em sua procura, ampliando fronto/ras do conhecimento. A coloca~ao de Jupiter num mapa por signo, casa e aspectos fomece informa~6es sobre como a pessoa utiliza seu impulso de / cxpansao, e se este ultimo funciona do modo Sagitario ou do modo Pcixes. A nona casa e a experiencia de se ter convic~6es que expandem e apcr[ei~oam a pcssoa, de trocare disseminar id6ias atrav6s de pubJica~6es, viagens e atividades de expansao semelhantes. 0 signo na cuspide da
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casa, as condi~6es do regente e quaisquer planetas na easa mostram como a pessoa se relaciona com este tipo de experiencia.
Decimo Principio Capricornio, 10~ casa, Saturno, cardinal, terra, negativo
o
d6cimo princfpio e a energia da terra, operando no modo cardinal. 0 qecimo princfpio 6 motivado a agirem rela~ao aos outros de forma compulsiva, atraves de sua percep~ao dos [atos, sentido dos dados, necessidades praticas e problemas. Novamente, estamos lidando com uma pressao cardinal inconsciente. 0 d6cimo princfpio 6 compelido a trazer 0 conhecimento ganho no nono princlpio, organizando-o numa estrutura rfgida e estavel. A abstra~ao subjacente e a necessidade de vivenciar 0 ambiente, definindo-se a si mesmo total mente. 0 quarto princfpio era os estlmulos ambientais, utilizados para se eriar uma matriz de personalidade. 0 d6cimo princfpio se coloca dentro da matriz ja existente do ambiente, e no dCcimo princfpio 0 senso de individualidade esta em seu menor pico. A unidade s6 existe para servir aos prop6sitos do todo. Capric6mio 6 a necessidade de respeito e reconhecimento contInuos por pm1e dos outros, devido aos m6ritos e a posi~ao da pessoa. E a necessidade de ser ambiciosos, pratico e cheio de recursos, de ter responsabilidades reconhecidas e de ser honrado e confiavel. 0 principal Coco de interesse, sob Capric6mio, sao a fonna e a corre~ao. Existe grande necessidade de um senti do de prop6sito de vida socialmente aceitavel. A necessidade frequentemente se mani[esta sob forma de avareza, senso comercial e laboliosidade. o impulso no dCcimo princfpio e a faceta negativa de Satumo. Novamente, estamos lidando com um planela cujo Coco principal 6 mais social do que pcssoal. Salumo 6, essencialmente, 0 impulso para dar fomla concreta as coisas, estabclecer limites e concentrar poder dentro de limites estabclecidos. A faceta Capric6mio de Satumo negativo esta basicamente preocupada com 0 estabclecimento destes limites e com 0 trabalho dentro dos mesmos. P0l1anto, este modo de Satumo 6 senti do frequentemente como restritivo e inibidor. Salumo negativo de Capric6mio 60 impulso paraestabeleceruma identidade social , atrav6sdo conformismo as regras e aos requisitos de um grupo em particular.
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Parte 2- Astr%gia Como Ferramenta da Compreensao
As demandas de Satumo variam de cultura para cullura e de urn perfodo hist6rico para outro. Os requisitos para a obten9ao de respeito e reconhecimento em nossa sociedade sao diferentes agora dos que faziam senlido na era vitoriana. Eles diferem, nas sociedades civilizadas, dos conceitos de algumas sociedades primitivas, onde roubar e matar sao considerados . atributos sociais valiosos. A coloca9ao de Satumo no mapa, por signo, casa e aspectos, fomece informa90es sobre a forma com a qual a pessoa utiliza 0 impulso para limita9ao, e se este ultimo opera basicamente do modo Capric6mio ou Aquario. Urn exemplo do Satumo de Capric6mio e 0 funcionario publico, reconhecido por seu poder e posi9ao, e operando atraves de processos e limites claramente definidos. A 1cr- casa e a experiencia de se ter urn lugar claramente definido dentro do 'grupo; a experiencia de prote9ao garantida e aceita9ao, desde que 0 individuo permane9a dentro de sua posi9ao, atribuida como tal. 0 signo da cuspide e a condi9ao de seu regente, assim como a presen9a de planetas na casa, mOSLra como a pessoa se relaciona com a experiencia de possuir identidade social.
Decimo-primeiro Principio Aquario, 11 ~ casa, Saturno/Urano,jixo, ar, positivo
o decimo-primeiro princfpio e a energia do ar, operando.de modo fixo. 0 decimo-primeiro princfpio e motivado a aumentar seu senso de ser em rela9 ao aos outros atravcs de observa9ao, compara 9a o e argumenta9ao 16gica. Ele esta lidando com 0 mesmo material que 0 terceiro e setimo principios, mas, diferentemente deles, cle e for9 ad o a fazer alguma coisa com 0 material que recolheu,ja que a pressao fixa 0 pende a urn foco definido. 0 decimo-primeiro principio esta preocupado com o poder das ideias, especialmente 0 poder que elas tern de criar novas realidades sociais. Relaciona-se com 0 poderque as ideias tern de criaruma consciencia de grupo e objetivos de grupo, e, damesma forma que 0 quinto princfpio, que era a livre expressao da identidade pessoal, 0 decimoprimeiro principio e aexpressao da identidadc do grupo. 0 quinto principio significa sair da matriz da identidade pessoal para expressar 0 poder inerente a mesma, e no decimo-primeiro princfpio 0 significado e sair da matriz da identidade social para expressar 0 poder inerente a mesma.
1 : Os Doze Principios
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Por deriva9ao, temos as qualidades geralmente reconhecidas de originalidade, rebeliao, humanitarismo. A abstra9ao adjacente e anecessidade de vivenciar a si mesmo, atraves de opera9ao num unfssono poderoso e criativo com os outros. Existe ainda pouco sen so de ser individual. 0 decimo-primeiro princfpio pensa em termos de humanidade, e nao de homens e mulheres individuais. Ele esta preocupado com os direi tos do individuo, mas apenas de forma abstrata. Aquario e a necessidade de quebrarvelhas estruturas e criar novas. Como vimos, Capric6mio esta preocupado com 0 poder criado pela estrutura, mas com enfase na utiliza9ao do poderpara manter a estruLura. Em Aquario, ha necessidade de se usar a estrutura para libera9ao de poder. E a necessidade de fazer coisas diferentes, de ser original, rebelde, independente. Mas, a independencia e relativa. A necessidade e, verdadeiramente, de quebrar limites que se tomaram opressivos, de forma que possa surgir uma nova perceI'Vao grupal. o impulso no decimo-primeiro princfpio e a faceta positiva de Satumo. Como ja vimos, eo impulso de liberar 0 poder que havia sido criado pelas estruLuras sociais, poder este que esta disponivel devido a uma posi~ao social estabelecida. A coloca~ao de Satumo no mapa, por casa, signo e aspecLos, fomece informa90es sobre como a pessoa utiliza o impulso para criarnovas realidades, e se Satumo tern possibilidade de operar predominantemente no modo negaLivo ou positivo. Urano tambCm esta associ ado ao decimo-primeiro princfpio e deve ser examinado, mas sera discutido em parte separada deste livro. Como urn exemplo de urn Satumo de Aquario, podemos citar 0 revolucionario, que trabalha para implementarnovas realidades sociais, motivado por sua percep9ao de que as estruturas de poder existentes se tomaram prejudiciais avida. A II!! casa e a experiencia de se envolver com os outros em busca de urn objetivo comum. 0 signo na cuspide e as condi~oes do regente, por signo, cas a e aspectos, assim como quaisquer planetas na casa, mostram como a pessoa !ida com este ti po de expericncia.
Decimo-segundo Principio Peixes,
12~
casa, ]upiterINetuno, mutavel, agua, negativo
o decimo-segundo princfpio e a energia da agua, operando de modo mutavel. 0 decimo-segundo princfpio e motivado a funcionarde difercntes
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fonnas em reJa~ao aos outros, atravcs de sua pcrce~ao de valorcs e de total idade, e atravcs da expericnci a de prazer ou dor sob fonna de realidade subjeliva intensa. Sob a pressao da energia mutavcl, 0 12Q pIincfpio possui a libcrdade incondicional de vivenciar tudo. Por deriva~ao, temos as qualidades geralmente reconhecidas de ser vago, transcendente, imprcssionavcl e ilus6Iio. A abstra~ao subjacentc c a necessidade de vivcnciar a si mesmo como se estivesse unido ao ambienle, neste caso, pod em os definir o anlbiente como sendo 0 universo. A diferen~a entre estc c 0 "estado de coisas" do decimo e decimo-primciro princfpios pode necessitarde al!:,ruma expansao. 0 dccimo princfpio pennite que 0 grupo 0 defina, mas apenas tomam parte dcsta decisao as parcclas do grupo consideradas "corretas". 0 1F pIincfpio precisa do poder do grupo, mas, novamente, eo poder das opinioes semelhantes. 0 12Qprincipio inclui todo 0 grupo, esteja elc de acordo consigo mesmo ou nao. Eo fim de urn cicIo, e, portanto, contem 0 potencial de outro cicIo. Peixes e a necessidade de amore belcza infinitos e transcendenles, a necessidade de for~a interna, fe no desconhecido. E a necessidade de ser idealista e auto-expressivo. Ja que e a necessidade de incluir todas as coisas, nao e selctivo, e todas as coisas sao igualmente importantes. Pode haver, portanlo, uma Iiga~ao muilo forte a urn potencial, uma rclulancia a manifesta~ao concreta, fatores que podcm operar sob a fonna de urn baixo grau de compromisso com 0 mundo exterior e com alto grau de compromisso com os valores internos. A auto-confian~a ao lidar com 0 mundo nao e grande. o impulso no 12Qprincfpio e Jupitcr negativo. Como ja vimos, Jupiler c expansao. No 9Q princfpio, a expansao ocorre sob forma de movimento de extroversao. No 12Q princfpio, cIa c mais como se a expericncia corresse para preencher urn vazio. Jupiter negativo se expande mais por se tomar do que por conquistar. Com Jupiter negativo, as fun~oes de fe e cren~a operam em termos de se ter fe em que Deus e 0 Universo darao apoio; e uma cren~a mais passiva do que aliva. A coloca~ao de Jupiter no mapa fomece infonna~oes sobre a fOllna pela qual a expansao passiva funciona, e se a a~ao de Jupiter tem mais possibilidade de ser predominantemente positiva ou negativa. Neluno tam hem esta associ ado com 0 12Qprincfpio, e sua coloca~ao deve ser considerada. Ele sera discutido em parte separada. Urn exemp]o deJupiternegati~~ eo artistacriativo, ou escritorque se pemlite ser Ievado pel a energia, suas percep~oes intemas.
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A 12" casa eaexpericncia de confronto da unidade com 0 universo, ou, em tell110s dos 3 primeiros capftulos dcstc livro, de confronto com a responsabilidade do individuo de tercriado 0 universo. Na pratica, isto significa confronto e desapego aos padroes de roteiros, sendo que a 12" cas a esta corretamente associ ada ador e ao sofrimento auto-intligidos, e tambem a um comportamento aparentemente auto-destrutivo. Basicamente, e a cxpericncia do poder real do indivfduo. 0 signo na cuspide da casa, a condi~ao de seu regente e quaisquer planetas na casa mostram como a pessoa aborda esta expericncia.
2 Plan etas
~'
o SiblTIificado dos planetas ja foi disculido no capflulo anterior, mas, visando uma compreensao mais complcla dos mesmos, e util considera-los separadamente. Isto se aplica especialmente a Urano, Neluno e PlutaQ, freqtientemente cham ados de "oitavas superiores" de Mercurio, Venus e Marte respeclivamenle, tendo assumido as regencias de Aquario, Peixes e Escorpiao, scm, no enlanto, um exame profundo as quesl5es destas regencias. Everdadciramente muilo diffcil captar os significados de Urano, Netuno e Plutao atravcs da mente racional, mas podemos chegar a um senti do aproximado de suas naturezas. Vamos primeiro dividir os planetas em quatro grupos : 1. 2. 3. 4.
So], Lua (Sol) Mercurio, Venus, Marte, Aster6ides, Jupiter e Satumo Qufron Urano, Nctuno, Plutao
c
Esta a primeira vez que meneionamos Qufron cos aster6ides nestc livro. Qufron foi descobcrto em 1977, e c urn planeta muito pequeno, cuja
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6rbiLa fica enlre Satumo e Urano. Nao se sabc ainda muiLo a respeiLo dele, mac; parece que ele age como uma liga~ao definida entre os grupos 3 e 4. Eu nao 0 incluf nos doze princfpios, apcsar de parecer ter liga~ao com 0 setimo princfpio. No momento em que escrevemos este livro, nao Lemos certeza suliciente de como ele funciona em mapas individuais para poder utiliza-lo nos mesmos. No entanto, eIc precisa ser mencionado por motivo de integridade do texto, e poderemos vcr, mais tarde, como eIc se encaixa na sequencia planetaria. o cinturao de aster6ides csta inclufdo, porque ele tern significado para a compreensao do cicIo planetario. Na pratica, nao utilizamos os aster6ides na interpreLa~ao de mapas, mas existem efemerides de alguns aster6ides grandes disponfveis para consulta.
) Sol e Lua
o Sol e a vonLade central de viver. Nao a vida organica e psicol6gica como a consideramos, mas, ao inves disLO, 0 potencial da vida. Ele e 0 proposito, delinindo-se como urn impulso contfnuo de manifesLa~ao do ser. Ele tern 0 sentido de "querer". 0 Sol no mapa mostra como expressamos nosso prop6sito central, como luLamos para alinhar Lodos os elementos dfspares do mapa com 0 prop6sito de nosso Sol individual. A Lua e a matriz de estruturas ffsicas e emocionais, que coloca tudo isLo "com os pes na Lerra" e possibilita a realiza<;ao do potencia1.E o mecanismo de sobrevivcncia basico tipo "esLfmulo-resposLa", que modilicao prop6siLo lirmedoSoleo adapta a umaforma adequada para expressao no plano ffsico. Vamos ciLar a analogia de urn equipamento cletrico complexo, digamos urn gravador. Scm uma baLeria, 0 gravador se Lorna inutil. 0 gravador aqui corresponde aLua. A bateria pode ser com parada ao Sol; cIa e energia potencial, uma fonte central de poder. Por si s6, nao e garantia de 0 gravador funcionar ou nao, ou se funciona bern ou mal, mas, sozinha, tambem nao possui uLilidade pratica. Se esta bateria for colocada num gravador em born estado, esLe come~a a f uncionar, e pode ser util izado para varias finalidades. Uma analogi a ainda melhor para 0 nfvel de ser Sol-Lua e urn computador. 0 computador responde inteligentemente a qualquer coisa
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com que eSLeja programado para lidar. Urn ser humano operando a este nfvel esLa funcionando apenas nos alicerces da vida. Existe pouco es pa~o para crescimento pessoal, apesarde, e claro, as estruturas lunares poderem ser bastante complexas e ricas por si s6. Na praLica, nao e possfvel encontrar pessoas que s6 operem a nfvel Sol-Lua, apesar de algumas comunidades primitivas estarem bastante pr6ximas disto. Um d ivertido exem plo de pessoas operando a este nfvel, em fic~ao, co "Lord Emsworth" de P. G. Wodehouse, cujos maiores interesses na vida sao seu porco premiado e serdeixado em paz. Isto nao significa, e claro, que uma pessoa que eSLeja operando em nfvcl Sol-Lua seja necessariamente esquiva e sonhadora. Ela pode ser bastanLe intrometida e agressiva, se esla for sua programa~ao. Pensa-se nos tipos de personagens interpreLados frequentemente por AnLhony Quinn. As fun<;6es Sol -Lua esliIo sem pre operando, mesmo quando estamos dom1indo. Os processos corporais, emocionais e menLais continuam, apesar de podermos nao estar conscientes dos mesmos, a nao ser atraves do mecanismo dos sonhos. Pode-se dizer que 0 pareamento Sol-Lua e 0 que compartilhamos com Lodos os seres vivos. As esLruLura lunares de um ser humano sao muiLo mais complexas do que as de uma lagarta, e as de um gaLo ficam numa posi~ao relaLivamente intermediaria. Apesar de Ludo, 0 princfpio e 0 mesmo: 0 desejo de vida sendo expresso atraves de estruLuras conscientes e inconscienLes, as quais sao baseadas em resposLas emocionais. o par Sol-Lua pode ser considerado uma forma basica de ser, uma colora<;ao da estruLura permanenLe de nossas vidas.
Mercurio ate Saturno EsLes sao os planetas que Dane Rudhyar chama de vida orgiinica. Em oulras palavras, elcs representam fun<;6es que Lodos n6s utilizamos em nossas vidas diarias. ExisLe urn maior grau de escolha sobre a magniLude aLe a qual utilizamos estes pJanetas, e podem surgirsiLua<;6es onde eSLamos funcionando quase totalmente atraves de apenas um planeLa. Um homem no calor da batalha (Marte) nao deve estar usando seu poder de argumenta<;ao e percep<;ao (Mercurio). E verdade que ele pode estar planejando algum tipo de eSLraLegia a medida que luta, mas csta
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ulLima sera baseada em treinamento anterior ou experiencia previa, ou talvez apenas em ensaio mental rclativo a formas de a~ao nestas circunstancias. Seja rio que for que esteja pensando, os pensamentos se relacionam mais com a fun~ao sempre ativa da Lua, e mais ainda se ele esta com raiva. o sistema Sol-Planetas e muito mais complcxo do que 0 sistema Sol-Lua. Os planetas podem ser considerados uma sequencia 16gica, cujo significado depende de seu relacionamento com 0 Sol e com a Terra. o signi ficado astrol6gico exato da Terra e normalmente evasivo. Se elc for considerado, costuma ser descrito como "voce mesmo", apesar de nao estar claro 0 que e este "mesmo", relativamente as varias fun~5es planetarias. A questao nao e facil. Como sempre, quando tentamos descrever processos psicol6gicos, estamos lidando com conceitos esquivos, que podem ser captados apenas parcial mente pela mente concreta e argumentativa. Astronomicamente, fica claro que a Terra e 0 ponto a partir do qual os planetas, signos e casas sao vistos. Psicologicamente, entao, ela deveria ser 0 ponto de partida do qual "voce" considera seus impulsos, necessidades e objetivos. :E aquele local de desprendimento, a partir do qual compreendemos que temos impulsos , necessidades e objetivos e que nao somos esses impulsos, necessidades e objetivos. :E urn lugar dentro de n6s que raramente e atingido, exceto atraves de exercfcios especiais de medita~ao, e, mesmo assim, 0 senti do do "Eu" sem identidade pode ser efemero. 0 "Eu!. e nomlalmente preso a, e identificado atravcs de, alguma outra parte da personalidade. Possivclmente, esta e a razao pela qual 0 significado astrol6gico da Terra tern sido objeto de tao pouca aten~ao. A nao serque fa~amos esfor~os espcciais, nao costumamos estar conscientes dela. Os planetas talvez nao devam serconsiderados como fun~5es por si mesmos, e sim, ao inves disto, como diferencia~5es do desejo primario solar de vida, da mesma fOlma que as cores do espectro fusao diferencia~5es da luz branca. Antes de apresentar qualquer mani festa~ao ffsica, deve constituir primeiro uma idcia, uma constru~ao mental, sendo que a primeira diferencia~ao do prop6sito do Sol e Mercurio, 0 princfpio da atividade mental. Por si s6, uma ideia nao se manifesta. Ela precisa ser valorizada e carregada de emo~ao e de magnetismo, portanto, a segunda diferencia~ao c Venus. Em seguida, c preciso haver algum tipo de a~ao, para que a idcia seja manifestada. Esta c a fun~ao Marte. Observe-se que
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Marte c 0 primeiro planeta alcm da 6rbita da Terra, e e 0 primeiro princfpio planetario que se expressa sob forma de a~ao extema. Alem de Marte ficam os aster6ides, que nao costumam ser eonside rados em Astrologia. No entanto, eles tern seu papcl na sequencia psicol6gica, porque a a~ao de Marte e sempre destruidora, pois ela quebra as condi~5es existentes e as modifica. Os aster6ides podem ser considerados como os resfduos dos padr5es antigos que Marte rompeu. Pode ser que 0 esfor~o de lidar com os resfduos seja tao grande que Marte falha, sendo que neste caso a sequencia e abortada. Marte esta ag indo como vontade pessoal, que e urn substituto da vontade solar, podendo estar ou nao alinhado com esta ultima. Jupiter, a fun~ao de fe, otimismo e prop6sito social, esta do outro lado do cinturao de aster6ides. Se a energia de Marte puder ser apoiada pela eonfian~a e percep~ao de urn sentido maior e estrutura, proporcionados por Jupiter, ela pode atravessar os obstaculos represcntados pelos aster6ides, sendo valorizada (Jupiter) a medida que conseguc, fi nal mente se manifestando de alguma forma concreta e claramente definida em Satumo. Vamos aplicar esta sequencia a urn exemplo especffico para · esclarece-Ia. Suponhamos que temos urn homem, trabalhando num emprego rotineiro e insatisfat6rio. Urn dia, elc tern ideia (Mercurio) de que poderia ter seu pr6prio neg6cio. Ela pode permaneccr apenas sob forma de ideia durante algum tempo, mas eventual mente cle desenvolve uma carga de entusiasmo e emo~ao a respeito da mesma (Venus). Isto leva a um forte desejo (Marte), e ele sai de seu emprego e se estabelece por si (Marte). Neste ponto, ele vai encontrar algumas dificuldades que e1e havia ou nao previsto (aster6ides). Sua renda pode cair, criando dificuldades para sua famnia; ele tern que cuidar dos diferentes problemas que surgem do fato de serempresario. Se, no entanto, sua percep~ao do valor e do significado daquilo que elc esta fazendo for suficientemente forte (Jupiter), elc vai superar estes problemas e elevar a quantidade de energia que tern disponfvel para seu projeto. Ele tera capacidade para se estabelccer (Satumo) como empresario por seus pr6prios meritos. A sequencia e 0 fluxo de energia solar em dire~ao centrffuga, mas existe tambem urn fluxo centrfpeta. Presa na estruturas permanentes de Satumo, a energia pode perceber as possi bil idades de expansao (J upiter). Desta vez, os obstaculos (aster6ides) podem sermais confortavelmente combatidos, e com 0 otimismo ja existente. Se a fun~ao Jupiternao tiver
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sido convertida em extravagancia, 0 combate aos obstaculos representados pclos aster6ides pode ser antecipadamente planejado. A a~ao e entao realizada (Marte), resultando, se tudo dercerto, num aumento da auto-estima (Venus). 0 efeito magnetizante de uma auto-estima aumentada leva a urn aumento da capacidade de ter ideias, pensamentos cdc se comunicar (Mercurio). Voltando ao nosso exemplo, 0 empresario estabelecido, confiante em sua posi~ao (Satumo) pode decidir-se expandir produzindo outra linha de produtos aUm daquclaja existente (Jupiter). Neste ponto, ele pode estar tao distrafdo pclo otimismo de Jupiter, que nao leva em considera~ao as dificuldades que tera que superar (aster6ides). Neste caso, cle pode ter problemas. Se, no entanto, ele fizer urn planejamento correto (Jupiter) e lcvar em conta realisticamente suas limila~5es (Satumo), tudo ira bern. Elc entao entra numa nova linha de neg6cios (Marte). Se ele tiver sucesso, sua auto-estima (Venus) como empresario aumenta. Isto 0 leva a ter mais ideias para seu neg6cio, e traz provavclmentemais contatos de neg6cios (Mercurio ). Portanto, 0 prop6sito solar, ou prop6sito do Eu, foi realizado, nao apcnas pclo l1uxo centrffugQ, mas tambCm pclo fluxo ccntrfpcto. Mesmo que haja alguma falha em algum ponto da sequencia, algo ja foi realizado, e nao se pode for~armuito 0 falo e aquilo que foi vivenciado sob forma de dor ou fracasso pcla pcrsonalidade possa ser urn succsso sob 0 ponto de vista do Eu ou da psi que total. Apesar das fun~5es planetarias terem sido descritas como uma sequencia I6gica, sob cujo ponto de vista devem ser consideradas, na pratica elas podem operar - como verdadeiramente fazem - fora de sequencia. Existe tambem, normalmente, urn fluxo nos dois sentidos entre planetas consecutivos, antes que 0 estagio seguinte seja alcan~ado. A primeira ideia do hom em do exemplo e Mercurio. 0 fato de sentir emo~5es fortes a respeito da ideia e Venus. Ele tera entao que voltar a Mercurio para pensar urn pouco mais, 0 que por sua vez estimula ainda mais 0 entusiasmo (Venus). Da mesma forma, vimos que, no fluxo de volLa, foi necessario que 0 otimismo de Jupiter fizesse refcrencia a limita~ao pratica e apoio de Satumo. Talvez 0 exemplo mais frequente de uma fun~ao agindo fora da sequencia seja Satumo, em seu aspccto de medo e pessimismo. Ela pode chegar e matar todo 0 processo ainda no estagio de Mercurio. Ou talvez o homem pode chegar a estar com tudo pronto para agir e desistir, por permitir que Satumo entre prematuramente em cena. Ou entao, se 0
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homem tiver outro tipo de temperamento, Jupiter pode entrar muito depressa, gerando a~ao baseada em otimismo excessivo irrcal.
Vrano, Netuno e Plutiio Apesar da sequencia que come~a em Mercurio e vai ate Satumo oferecer possibilidades de crescimento pessoal bern maiores do que a sequencia Sol-Lua, ela ainda e uma coisa que ocorre dentro do universo tern po-espa~o-energia. Para se fazer qualquercoisa dentro da sequencia de Mercurio ate Satumo, e necessario estabelecer-se urn processo, sob a forma de sequencia linear de eventos. Isto e 0 que fazemos ao longo da vida comum, organica, onde e necessario realizar coisas no mundo ffsico. Existe, no entanto, outro espa~o, a16m das palavras, onde tudo 0 que precisamos fazer para conseguir as coisas e cria-las, dec1arando sua existencia. Talvez seja mais exato dizer que criamos as coisas tendo vontade de que elas existam. Portanto, se digo "tudo em minha vida, nao importa que pare~a ruim ou restritivo, e uma oportunidade para crescimento", sera assim, simplesmente pelo fato de que criei a situa~ ao desta maneira. Nao precisamos percorrer nenhum processo para chegar ao resultado. Nao temos que provar nada a ninguem. Tudo o que fizemos foi criar urn contexto no qual os eventos de nossa vida, bons ou rins, agradaveis ou desagradaveis, sao oportunidades de crescimento pessoal. Ou ainda, possamos dizcr "tudo 0 que acontecer em nosso relacionamento, nao importa 0 quao comprometedor ou distorcido possa ficar, e uma expressao de nosso amor total porvoce". lnstantaneamente, isto se toma verdade, e existe urn ponto onde fica c1aramente 6bvio, apesar de uma pessoa nao chegar a isto atraves de qualquer processo de compreensao. Seria como entender a gra~a de uma anedota, ou vivenciar uma imagem poetica. Este e Urano, 0 magico. Werner Erhard chama este ato de cria~ao instantanea de "varinha magica". Com 0 cuidado de saber que as palavras nao podem fazer muito mais do que apenas apontar em dire~ao ao significado dos planetas trans-satuminos, podemos dizerque Urano Ca liberta~ao dos processos ligados a tempo-e-espa~o dos planetas que sao limitados pela 6rbita de Satumo. Na maior parte das vezes, estamos tao hipnotizados pela realidade aparente do universo tempo-espa~o, e
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pelos processos lineares dos planetas intra-satuminos, que prestamos pouca atenc;ao a existencia desta propriedade. Tomando emprestada outra imagem de Werner Erhard, e como terum carro estacionado fora de casa; temos as chaves dele, mas dificilmente 0 ligamos e safmos para urn passeio. Isto nao quer dizer que nao utilizamos a energia de Vrano, apenas si gni fica que poucosde n6s a utilizam conscientementeou freqiientemente. Portanto, com bastante freqiiencia, a energia de Vrano opera sob forma de alguma forma de destruic;ao das func;oes intra-sarturninas - urn acidente, urn golpe repentino e inespcrado de boa sorte, "insights"; pontos de vista incomuns. Se a energia for muito poderosa, e estiver muito bloqueada, ela funcionanl como excentricidade e rebeliao. Pode ser considerada como sendo uma extensao do decimo-primeiro princfpio. Portanto, Vrano esta fazendo a ponte para urn nfvel de con sci encia que nao c limitado pelo tempo-espac;o. Mas dar este salta nao final iza a questao. 0 ato da criac;ao de um novo contexto, 0 insight, deve ser manifestado no mundo de tempo-espac;o. A primeira reac;ao da consciencia tempo-espac;o e invalidaro novo contexto. No dia seguinte que escolho criar 0 contexto de que "tudo 0 que acontecer em nosso relacionamento c uma expressao de meu amor total por voce", descubro-me detestando voce. Descubro defeitos que nunca tinha visto antes. Voce e uma fonte de raiva e de irritac;ao para mim. Vern en tao um estagio de querer partir do novo contexto, apesar de tudo. Nao importa quao estupido possa parecer, dizer que meu 6dio por voce e uma expressao de meu amor total por voce, continua operando a partir deste contexto. Nao quer dizer que parei de odiar voce ou que estou fingindo quenao faz diferenc;a. Significa que incluodetestarvoce dentro de amarvoce. Esta e a func;ao de Netuno. Netuno e a qualidade de incluir tudo, e tam bern dissolver as estruturas rfgidas e pad roes de habitos de Satumo. Novamente, nao costumamos utilizar a energia como acabci de descrever, e as manifestac;oes mais comuns de Netuno sao bern menos conscientes. Elas, freqiientemente, ope ram sob fonna de confusao e i1usao. Fingir que nao detesto voce, e que tudo e de alguma fonna romantico e diafano, e Netuno inconsciente. Netuno num mapa pode ser produtivamente interpretado como uma ligac;ao a urn potencial ou falta de fonna, uma rclutancia a tomar fonna concr'7a: Ainda e a mesma energia de [alta de limites e inclusao de tudo, \endo c1aramente uma extensao do 12Q princfpio.
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Finalmente (e impossfvel nao utilizar as palavras que sugerem uma sequencia linear), toda nossa vida fica penneada pelo novo contexto. Todo nosso relacionamento, nos detalhes mais mundanos, esta alinhado ao contexto de meu am or total por voce. 0 conteudo do relacionamento esta de certafonna sedimentado, colocado num novo enfoque, atraves do novo concci to. Tudo no rclacionamento se toma uma manifestac;ao do nosso amor total por voce. 0 rclacionamento e rcnovado, purgado dos joguinhos neur6ticos, e absolutamente transfonnado. Esta e a ac;ao de Plutao, e n6s gostarfamos de citar a definic;ao de Plutao da obra "A Pratica da Astrologia" de Dane Rudhyar: "Plutao produz urn novo padrao de integrac;ao, com uma insistcncia que tende a obliterar ate mesmo a lembranc;a do passado, pulverizando as estruturas vclhas e cimentando os restos numa tela, atraves da qual e projetada a nova Imagem".*
)
Do ponto de vista de interpretac;ao de mapas, Plutao c urn poder subterraneo e incansavel em direc;ao a criac;ao da unidade. Pode, freqiientemente, manifestar-se sob forma de obsessao ou impiedade. Pode ser considerado como uma extensao do oitavo princfpio, e, portanto, 0 co-regente de Escorpiao, mas alguns astr610gos 0 atribufram a regcncia de Aries. Celtamente, a ac;ao de Plutao leva a urn renascimento e a um novo comec;o, sendo, portanto, apropriada para 0 primeiro principio e para Aries. Este cum ponto de vista interessante, mas, para objetivos praLicos de interpretac;ao de mapas, eu recomendo que Plutao seja considerado como estando associ ado a Escorpiao e a 8" casa natural. Da mesma forma, na interpretac;ao pnitica, V ranD e Netuno pod em ser considerados como estando associ ados a Aquario e Peixes, nao esquecendo de que este planetas nao pertencem ao mesmo plano dos planetas intrassartuninos. Eles podem ser observados para se descobrir onde a pessoa pode ser estimulada a dar 0 salta em direc;ao a urn novo contexto. Por exemplo, 0 primeiro exemplo que usei: "tudo e uma oportunidade para 0 crescimento", pode estar relacionado com V ranD na
*Publicado atraves de acordo especial com Shambala Publications. Inc. 1920 13th Street, Boulder Colorado 80302. Extrafdo da "Pnitica da Astrologia" (Practice of Astrology), 1968, Dane Rudhyar, p.73.
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casa. ou fazendo aspecto com Jupiter. 0 segundo exemplo pode ser Vrano na 7~, ou fazendo aspecto com Venus. Neste ponto, nao e possfvel oferecer aqui mais do que pequenas "dicas". Muitos textos astrol6gicos colocam, ou pclo menos sugerem, que os trans-sartuninos assumiram 0 papel dos velhos regentes. N6s recomendarfamos que os velhos regentes continuassem a ser utilizados juntamente com os novos planetas associados. Finalmente, existe a questao da interpreta9ao de Vrano, Netuno Plutao por signos. 0 conceito mais generalizado sobre isto parece ser 0 de que estes p1anetas ficam tanto tempo num signo que seus efeitos se tomammuito generalizados e devem ser ignorados na interpreta9ao de urn mapa individual. De forma geral, costumamos seguir esta ideia, e na maioria das vezes observamos estes tres planetas apenas em re1a9ao as casas e aos aspectos. Se Plutao em Clncerforo unico Planeta em Cancer num mapa, eu nao esperaria ver muita enfase no princfpio de "cuidar", a nao ser que a 4~ casa esteja bastante ocupada. Achamos, no entanto, importante observar que a pessoa tern acesso a urn pouco de energia canceriana.
e
Qllfron Pareceu me1hor dcixarmos este "potro" em paz, ate que houvcssemosfalado de Vrano,NetunoePlutao. Adescobertadeum novo planeta - tomando-o do conhecimento do publico - parece coincidir com uma disponibilidade muito maior da energia daquele planeta. Portanto, os tremendos progressos cientfficos e tecno16gicos dos ultimos 200 anos, come9aram perto da epoca em que Vrano foi descoberto. A descoberta de Netuno se relacionou com 0 interesse por assuntos paranomlais, com o usa dos anestcsicos e com as especula90es sobre a natureza da mente. A descoberta de Plutao coincidiu com a libera9ao da energia atomica. Qufron parece ser uma ponte entre a consciencia limitada pclo tempo-espa90 e a consciencia tipo "varinha magica", confomle sugere sua 6rbita, ligando Satumo e Vrano. Em termos gerais, eu diria que sua descoberta significa que a capacidade para fazer 0 tipo de salta de consciencia que descrevi esta se tomando mais disponfvel, de forma geral. Em termos de mapas individuais, ele parece agir como urn irritante. Os assuntos da casa que ele ocupa e as energias dos planetas
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que elc aspecta sao mantidos fora de equilibrio e atormemados, COnlO para lembrar que 0 espa90 da cria9ao de contextos esta disponfveL- 0 autom6vel esta 1a fora, esperando ser dirigido por n6s. No entanto, a nao ser que fa9a urn aspecto bastante exato (2 ou 3 graus) com 0 Ascendente, Meio-do-Ceu, Sol, Lua, Mercurio, Venus ou Marte, ele parece permanecer apagado, e mesmo quando faz tais aspectos, seu efeito parece, freqtientemente, obscuro. Ele deve certamenle ser observado. Nossa pratica pessoal, no momento em que escrevemos este livro, e considera-Io separadamente, numa outra folha de papel, perto de nossas outras anota90es e calculos.
Os N 6dllios LllnareS Os n6dulos-1unares nao sao planetas, mas e conveniente consideralos aqui. Eles sao os pontos nos quais a 6rbita da Lua intersecciona 0 percurso aparente do Sol, portanto eSlao sempre a exatos 1800 de distancia urn do outro. Nao existem conceitos de usa generalizado sobre seu significado, mas existem dois significados sugeridos que descobri funcionarem bern para mim. o primeiro e que os n6dulos operam como uma polaridade com o Nodo Norte mostrando, pela cas a onde esta posicionado, a area da vida onde existe bastante oportunidade de crescimento, mas onde se necessita de es[or90 considenivel. 0 Nodo SuI, na casa oposta, mostra uma area on de as experiencias chegam facil e naturalmente, e que, conseqtientemente, tern possibilidade de ser utilizado como "atalho". Pode-se dizer que a cas a onde se localiza 0 Nodo Norte indica 0 conjunto de experiencias cujo domfnio e uma tarefa especffica desta encama9ao, casa do Nodo SuI indica as expericncias para as quais a pessoa se volta, caracteristicamente, como forma confortavel de evitar taltarefa. Portanto, com urn Nodo Norte na 7~ casa e urn Nodo SuI na 1~, por exemplo, os relacionamentos serao diffceis, mas uma area de enorme crescimento potencial. No entanto, a facilidade relativa de assertividade e de trilhar 0 pr6prio caminho capacitam a pessoa a sair com facilidade dos relacionamentos espinhosos. Se as posi96es forem invertidas, a tarefa principal sera a da assertividade individual, com uma forte tendcncia a ser evitada, atraves da dependencia dos outros.
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Parte 2 - Astrologia Como Ferramenta da Compreensao
Os aspectos aos Nodos fomecem algumas infonna~oes adicionais sobre a facilidade ou a dificuldade de se lidar com a tarefa do Nodo Norte, mas os signos dos Nodos nao parecem ter muita influencia. A outra fonna de usa-los econsiderar apenas 0 Nodo Norte e seus aspectos, tratando-o como urn planeta. Esta e a abordagem da escola Eberlin de Cosmobiologia, a qual da ao Nodo significados de adaptabilidade, companheirismo, sociabilidade e a fonna geral pc1a qual nos associ amos aos outros. Tern, portanto, urn significado bastante parecido com 0 da combina~ao Jupiter-Satumo em seu 11 Q princfpio e no modo positivo (ou Vrano positivo). Tanto 0 signo quanta a casa do Nodo Norte, -assim como os aspectos ao mesmo, parecem contribuir para esta interpreta~ao do Nodo. Tenho algumas provas, em nosso proprio trabalho, de que 0 eixo nodal tern alguma liga~ao com partir novamente, seja dentro da cabe~a da pessoa, seja em circunstancias ffsicas. Isto se relaciona urn pouco com a sugestao de Ebertin sobre adaptabilidade. Ainda nao temos dados suficiente sobre este assunto, neste momenta em que escrevemos 0 livro. Sugerimos que 0 leitor pesquise um pouco.
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Temos cada vez mais nos aproximado da ideia de que 0 tipo de aspecto entre dois planetas e menos importante do que a simples existencia de algum aspecto. Os aspectos possuem cada qual sua propria natureza, a qual acrescenta seu saborpeculiar a combina~ao de planetas. No enlanto, considcramos, agora, que tudo islo e uma questao de sintonia fina, e nao fazemos mais as distin~oes convencionais entre os lipos de aspectos. Vma das razoes pelas quais interpretamos os aspectos deste modo c que, pela abordagem transformacional para a utiliza~ao das informa~oes do mapa, inclui-se, essencialmente, a supera~ao das dualidades do mundo tempo-espa~o, permitindo-se que tudo 0 que haja nele eSleja de fato ali, sem fazer julgamentos, de forma que nao fiquemos presos a esses fatos. Isto se aplica tanto as aparentemente "boas" qualidades de urn trigono Venus-Jupiter quanto as aparentemente "mas" qualidades de uma quadratura Marte-Satumo. Tudo faz parte do drama, parte do roteiro que Deus traz de seu escrit6rio.
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A segunda razao e do tipo empfrico. Na pnltica, as distin~oes entre os aspcctos bons ou ruins, faceis ou diffceis, nao estao assim tao claras quanta muitos livros nos fazcm acreditar. Nao somos os unicos a obscrvar isto. Charles Carter* chamou a aten~ao para isto em seu livro sobre aspectos ha alguns anos, e outros astr6logos cminentes tambem disscram coisas parccidas desde enUlo, mas, de alguma forma, 0 mito continua a scr perpetuado. Temos observado, repetidamente, a questao dos aspectos faceis de Saturno. Os trfgonos e sextis a Saturno, especiallllcnte com Lua e Venus, sao tao inibidores c rcstritivos como as conjun~oes ou quadraturas. A diferen~a e que os aspectos faceis se relacionam com urn tipo de Tesigna~ao, e com esperar pouco das coisas. As pessoas com estes aspectos di licilmente conhecem a extensao de seus problemas. Elas quase sempre possuem a virtude de parecer boas, e vivem como se tivessem tudo sob controle, scm nada a preocupa-las. Barbara, na 3l! transc ri~ao do capftulo 9, Parte I, e um exemplo, com seu trigono LuaSaturno. 0 que parece acontecer e que os trigonos e sextis a Saturno . tornam a inibi~aomais facilde serm anejada. Em algunscasos, isto torna as s itua~oes mais diffceis de lidar do que com os aspectos diffceis, porque a situa~ao e mais insidiosa. As pessoas com aspectos diffceis de Saturno com Lua e/ou Venus sabem que sao infelizes, e tentam fazer algo a respeito de tal fato, mesmo se for apenas reclamando. As pessoas com aspectos faceis ou nao sabem que sao infelizes, ou estao muito envcrgonhadas de falar sobre isto, ou de fazer algo a respeito disto. Cons idera~oes semelhantes se aplicam aos aspectos faccis de Netuno. o segredo, pensamos n6s, esta na declara~ao, freqtientemente repetida, de que os aspectos faceis representam configura~oes emocionais que sao relativamente inertes, e os aspectos diffceis representam conligura~oes altamente instaveis. No caso de configura~oes emocionais dcsagrad<1veis, os do is ti pos de aspectos podem ser comparados com ferilllcntos que nao do em versus ferimentos que doem. Superficialmente, o segundo tipo parece obviamente mais problematico, mas, 0 primeiro tipo pode envolver inibi~oes iguallllente graves de funcionamento elllocionai. Por outro lado, uma quadratura Marte-Jupiter, por exelllplo, nao parecc ser, para n6s, menos indicadora de sucesso do que um trigono
*Edilado no Brasil pcla Editora Pensamento
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entre cste planetas. 0 possuidor da quadratura pode ter mais possibilidade de magoar pessoas para conseguir 0 que quer, mas, tamocm pode adotar 0 ponto de vista de que e problema delas (das outras pessoas), e nao se preocupar com isto de forma alguma. Temos ja comentado a questao, torna-se definitivamente uti! ter alguns conhecimentos a respeito dos significados dos diferentes tipos de aspectos. Pode-se chegar a um ponto, no atendimento, onde 0 fato de se estar lidando com um trigono e nao uma quadratura torna-se um fator crucial. Porem, nossa experiencia indica que e durante a analise, realizada em presen~a do clicnte, que voce pode vcrificar como 0 mesmo utiliza as energias planetarias, e a diferen~a sera mais importante ali do que na analise preliminar, feita por voce sem a presen~a do cliente. A distin~ao cntre aspectos diffccis e faccis, "inertes" ou "dinamicos", permanece uti! e valida, desde que seja utilizada dentro das diretrizes que indicamos. Alcm disto, consideramos uti! classificar os aspectos em tres grupos: aspectos maiores, aspectos menores e aspectos menorcs sutis. Os aspectos maiores sao as conjunr;oes, sex tis, quadraturas, trfgonos e oposir;oes. Os aspectos menores poderosos sao os semisextis, semiquadraturas, sesquiquadraturas e quinconcios. Os aspectos menores suUs sao 0 nonagono, septil, quintil e bi-quintil. A diferen~a entre os aspectos maiores e os aspectos menores poderosos parece, em nossa opiniao, estar mais na orbe permisslvcl do que na forr;a real do aspecto. Temos tendencia a tratar os aspectos maiores cos menores poderosos do mapa como iguais, sob 0 primeiro nfvcl de interpretar;ao. Os aspectos menores sutis parecem possuir uma diferenr;a qualitativa em relar;ao aos outros. Uma das razoes e que nao parecem funcionar da mesma forma em todos os mapas. Um certo nfvel de autoconsciencia e de prop6sito parece ser 0 fator que os traz a baila. Se a pessoa estiver operando abaixo deste limite, os aspectos menores sutis nao serao signilicativos. Neste momento, nao tenho certeza sobre a utilidade dos mesmos. Eu costumava anota-los, por questao de rotina, mas simo, agora, que rcpresentam uma sintonizar;ao muitfssimo refinada, na verdade. Sc pens arm os nos aspectos como linhas num desenho de, digamos urn tapcte,os aspectos maiores sao grandes linhas de cores primarias, que se destacam imediatamente. Os aspectos menores sao linhas mais finas e delicadas, que ainda estao relativamente bern demarcadas, e os mcnorcs sutis sao cores sombreadas e formas obscuras, que s6 podcm
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ser notadas ap6s um cuidadoso exame da estampa. Fica evidente, a partir das transcri~6es dos atendimentos realizados, que e bastante diffcil fazer 0 cliente ver os temas principais de sua vida. Vemos a maioria dos clientes apenas uma vez, no maximo duas vezes. Neste caso, as informa~6es provenientes dos aspectos menores sutis nao costumatn ser apropriadas. Com uma ou duas pessoas, que atendemos varias vezes dentro de um periodo de dois ou tres anos, no entanto, os aspectos menores sutis, ja lan~aram ocasionalmente algumas luzes adicionais. Elcs talvez devam ser notados, mas nao se deve insistir neles numa analise preliminar. Por outro lado, os aspectos menores poderosos parecem, em nossa opiniao, correr 0 serio risco de serem subestimados por muitos astr610gos e autores de livros de astrologia. Alguns bons textos os ignoram, e ja ouvimos mesmo astr610gos experientes dizerem coisas como: "E apenas uma semiquadratura", ou um semisextil. E tambem toda a ideia da Lua fora-de-curso depende da suposi~ao de que estes aspectos nao funcionam . Talvez 0 caso seja 0 mesmo que 0 dos aspectos menores sutis, e as pessoas precisem estar num certo nfvel de desenvolvimento, antes que os aspectos menores poderosos funcionem realmente em seus mapas. Se for assim , no en tanto, entao a maioria das pessoas ja esta operando acim a do limi te em que os aspectos menores poderosos podem aparecer. Pode ter sido valido ignorar-se esses aspectos nao-ptolomaicos M cinqUenta ou cem anos atras, mas hoje em dia isto nao e mais valido, e podem ser perdidas informa~6es vitais quando eles nao sao utilizados. o poder do quincunce parece estar sendo geralmente mais reconhecido do que costumava ser, mas ainda existe uma forte tendencia de considerar-se aspectos menores, de forma geral, como itens opcionais numa interrreta~ao .
Certamente, os aspectos menores nao tem um orbe de influcncia tao grande quanta os maiores, e s6 prestamos aten~ao a eles quando se encontram dentro de um orbe de 3°. Para os aspectos maiores, utilizamos um orbe de 8°, exceto no caso do sextil, onde 0 orbe utilizado e6°. A famosa questao do tamanho do orbe e verdadeiramente pragmatica, e deriva ate 0 ponto mais fraco de um efeito que se esta preparado para considerar como sendo significante. Scm duvida, e muito diffcil quantificar estes efcitos. Temos uma impressao intuitiva de que os aspectos maiores operam com for~a rclativamente total dentro do orbe de 0° a 5°, com for~a media no orbe de 5° a 8°, e entao decrescem rapidamente.
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Existc um efcito residual ate 10°, e varios astr610gos excelcntes utilizam este ultimo orbe rotineiramente. Os aspectos menores poderosos parecem pcrmanecer com for~a total ate 3°, e entao decrescem rapidamente em efc ito ate 4° ou 5°. Os menores sutis parecem funcionar ate 1 grau e meio ou 2°, no maximo. Da mesma forma que para os sistemas de casas, e uma questao de encontrar aquilo que funciona para voce e adotar tal sistema, estando, no entanto, aberto a mudan~as a medida que sua abordagem do trabalho vai-se transformando. Dos aspectos listados, os sextis, quintis, biquintis e trigonos podell1 ser considerados como faceis. Todos os outros sao inerentemente desafiadores e geradores de energia.
Aspectos Maiores A Conjwu;iio e uma fusao espontanea deenergias; os dois planetas agem cm alinhamento um com 0 outro, como dois c6rregos se juntando. Se cIa e facil ou diffcil, depende dos planetas. Uma conjun~ao SatumoMarte, por excll1 plo, e como m isturar6leo com agua. Geralmente, podese dizcr que, se os planetas forem harmoniosos, a conjun~ao representa uma poderosa fonte de energia, utilizada pronta e jubilosamente. Se os planetas envolvidos nao forem harmoniosos um com 0 outro, a energia ainda poderosa, porcm discordante. Uma conjun~ao Sol-Lua nao e, como se poderia supor, tao feliz, ja que a Lua esta constantemente utilizando a energia do signo para reverter ao passado, enquanto 0 Sol esti usando a energia do signo para transcender 0 passado. 0 efeito e como se fosse um eco desconcertante. A energia basica da conjun~ao ea extroversao inconsciente. Isto significa espontaneidade porum lado, porcm com uma tendcncia supervaloriza~ao ou obsessao, de outro. o Sextil representa uma oportunidade para que os dois planetas funcionem juntos. E]e e um dos aspectos faceis, que funciona produtivamenLe mesmo com planetas desarmoniosos. FreqUentemente, um sextil num mapa nao parece estar particu]armente ativo e parece precisar de esfor~o consciente para funcionar. Ele e urn recurso pronto para se usado, mas precisa ser reconhecido. E]e mostra mais as qualidades de ser do que a~ao. A Quadratura se parece com dois carros batendo num cruzamento. Os do is planetas envolvidos estao num estado altamente carregado
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de crise e tensao. :E um aspecto que gera energia, que deve ser liberada de alguma forma. A energia e sempre poderosa e sempre discordante, mesmo entre planetas compatfveis. As quadraturas fomecem impulso num mapa; elas sao aspectos com energia dinamica. o Trigono representa um relacionamento muito facil e fiuente entre os dois planetas, e e um dos aspectos faceis. Diferentemente do sextil, ele opera prestando-se ou nao aten~ao a ele. Ele tambcm mostra mais a fomla de ser do que a a~ao em si. Os comentarios escritos e as refercncias ao trigono 0 mostram como se ele fosse inteiramente desej ~lvel, mas isto deve ser considerado com alguma reserva. Ele pode mostrarum estado de coisas indesejavcl, que, no entanto, ebastante faci! de ser manejado, de forma que a pessoa se toma inconsciente dos problemas e se resigna a cles. A Oposit;iio Csemelhante aquadratura, no senti do de tamMm ser um aspecto gerador de tensao e crise, mas tem uma natureza mais consciente. :E mais parecida com dois carros andando ao mesmo tempo poruma estrada estreita, onde um nao pode ultrapassar outro. Existe um empate e uma necessidade de avaliac;ao conscicnte de ambos os participantes, para que 0 confronto seja resolvido. A oposic;ao e, portanto, caracterizada por uma necessidade de pcrce~ao consciente de relacionamcnto.
Aspectos M ellores Poderosos
o Semi-Sextil mostra um recurso que csta em processo de desenvolvimento. :E uma parceira recente entre dois planetas. :E como um blinquedo novo, que nem sempre funciona bem, e necessita constantemente de conserto. Assim mesma, nao pode ser descartado. A Semiquadratura e a Sesquiquadratura podem, na maioria dos casos, ser consideradas em conjunto. Da mesma forma, ·que com a quadratura e a oposic;ao, clas indicam crise e tensao, mas 0 elemento de confronto di reto ainda nao esta presente. Seria como urn relacionamento, onde as questoes estao se acumulando, mas ainda nao estao totalmente reconhecidas. Existe urn sentimento de incerteza, de se estar operando sem expcriencia previa. Existe muito poder potencial nestes aspectos, mas ha tambCm frustra~ao, pela falta de conhecimentos para se lidar com cles.
o QuillcQncio vem sendo tratado, cada vez mais, pelos escrilorcs, como um aspecto maior, e ainda euma questao duvidosa se cle deve scr inclufdo entre os aspectos maiores. :E urn aspecto de tensao c desequilfbrio, apesardeos dois planetas envolvidos trabalharemjuntos, com no entanto algo que os lira de seu curso. 0 aspecto indica que certas suposi~oes e ideias fixas associadas aos dois planet as precisam ser examinadas, de forma que os mesmos possam trabalhar juntos scm disc6rdia. Aspectos Mellores Sutis
o Nonago1l0 representa a qualidadc de algo que precisa ser construfdo pclos dois planetas. Freqilentemente, parece que 0 planeta mais rapido entre os dois planetas envolvidos tern alguma deficiencia de expressao, para a qual necessita da ajuda do planeta mais lento, mas existe uma relutancia em se reconhecer a deficicncia e em aceitar a ajuda. Portanto, 0 nonagono freqilentemcnte mostra uma area de "retenc;ao" na vida da pessoa. o Septil tern sido descrito como aspecto de "destino". Dirfamos que ele indica uma necessidade constante de ir alcm das limitac;oes da pessoa; a area especffica de limita~ao c indicada pelo planeta mais rapido, co tipo de pressao fomecida eindicado pelo planeta mais lento. o Quintil tem sido chamado de aspecto de talento e criatividade. :E talvcz mclhor dizer que ele mostra a possibilidade de auto-expressao bem sucedida das fun~oes combinadas dos dois planetas. o Biquintil e bastante semelhante ao quintil, mas a energia tem mais possibilidade de ser intemalizada e guardada dentro da pessoa. Compreelldendo Como os Aspectos Funcionam Quando cscrevemos 0 primeiro rascunho deste livro, afirmamos categoricamente que se devia tomar cuidado com a utilizaC;ao dos significados-padrao dos aspectos ou de qualquer outra configura~ao. Como fica evidente a partir de observac;oes anteriores, no entanto, modificamos consideravelmente este ponto de vista. Parece-me agora
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que a utilizar;ao dos signficados-padrao e uma economia valiosa de tempo e de energia. Nossa postura anterior era real mente consciente dos pcrigos da utilizar;ao cega dos significados-padrao. Muitos astr6logos iniciantes confiam demais nos significados comuns, de forma a chegar a dizer ao cliente que alguma coisa e assim porque seu livro-texto favorito 0 afirma. Os principais cuidados na utilizar;ao dos significados-padrao devem ser no senti do de se compreender os princfpios primordiais dos quais 0 delineamento e derivado, e de que os significados-padrao s6 devem ser apresentados aos clientes como pontos para discussao, ao invcs de sob forma de fatos estabelecidos. 0 mesmo aspecto nao funciona exatamente da mesma forma em dois mapas diferentes, ou mesmo em dois mapas virtualmente identicos, como os de irmaos gcmeos. Geralmente, um dado aspecto sera parte de urn complexo de aspectos, que difere de urn mapa para outro. As posir;oes dos signos e casas tern tam bern urn efeho. Por exemplo, uma quadratura MercurioJupitcr semprc teni caracterfsticas de urn relacionamento discordante e sobrecarregado entre 0 pensamento racional e a fe e 0 otimismo. Este confronto sera grandemente intensificado se Mercurio estiver em Virgem c Jupiter estiver em Sagitario, mas havera mais volteios para comprometimentos se as colocar;oes estiverem ao contr
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sejam diferentes. Os pontos medios estao alem do escopo deste livro, mas constituem uma fonte poderosa de informar;oes adicionais. Todas estas considerar;oes devem ser realizadas dentro de sua caber;a, ao inves de serem jogadas ao cliente. Quanto mais simples e coesa ror a apresentar;ao ao cliente, mais eficiente eia sera; eis a razao pela qual sou favoravel a que as informar;oes sejam resumidas, dentro de cerra de meia-duzia de tema amplos. Para que voce seja urn born consel heiro as trol6gico , voce precisa ter uma compreensao tao profunda quanta possivel dos sfmbolos basicos do mapa. Voce precisa saber 0 que significa uma quadratura Mercurio-Jupiter sem ter que consulLar algum texto. Voce precisa estar constantemente procurando melhorar sua capacidade de interpretar;ao, e tam bern procurando aprender mais astrologia. Mas, e este e urn grande "mas", voce tambem tern que ir alem de tudo isto, e se tomar eficiente na utilizar;ao das informar;oes. 0 mapaja deve terfeito seu trabalho antes de seu cliente entrar na sala, de fOlma que voce possa estar totalmente concentrado em fazer com que as informar;oes funcionem para ele.
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Poder Magico dos Cristais
A. Gallotti A autora nos revela, ap6s exaustivas pesquisas, os segredos da autocura com os crista is, descrevendo-nos os efeitos beneficos que a energia mineral tem sobre 0 corpo humano, 0 modo de conserva-Ia para alcan~ar um estado perfeito de harmonia no nivel fisico, no psiquico e nas emoc;:6es.
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