ION
ΙΩΝ — Íon pertence ao grupo dos "diálogos socráticos" de Platão e relata a conversa entre Sócrates e Íon de
Éfeso, um rapsodo muito conhecido em Atenas. Não sabemos a data exata da composição, mas a partir de diversas informações contidas no texto é possível situá-la entre -394 e -391. OS
RAPSODOS
Os rapsodos, ao contrário dos aedos aedos,, declamavam e recitavam versos que não eram de sua própria autoria nos concursos das numerosas festas e solenidades religiosas das póleis gregas. Sua atuação era freqüentemente comparada à dos atores: empunhando uma espécie de bastão, o rábdos, rábdos, com roupas coloridas e chamativas e uma coroa de ouro na cabeça, subiam a uma pequena plataforma e declamavam. Recorriam com liberalidade à mímica durante a apresentação e, habitualmente, não havia acompanhamento musical. Embora declamassem obras de vários poetas, as epopéias homéricas constituíam o repertório principal dos rapsodos. R ESUMO ESUMO
DO DIÁLOGO
O diálogo, bastante curto perto dos demais, ocupa apenas 19 páginas da edição de Méridier (1931), na qual se baseia este resumo. Os dois únicos personagens são Sócrates e Íon de Éfeso.
Íon, recém-chegado a Atenas, conta a Sócrates que acabara de vencer o concurso do festival de Asclépio em Epidauro e se gaba de sua capacidade de declamar e comentar os poemas homéricos. homéricos . Depois de cumprimentar o rapsodo, Sócrates começa a interrogá-lo (530a-531a). O filósofo, inicialmente, comenta a afirmação do rapsodo de que seu talento se aplica somente a Homero Homero.. Após apresentar seus argumentos, conclui que Íon deveria ser igualmente hábil em todos os poetas que, em suas obras, falam dos mesmos assuntos. Íon, porém, conta que os demais poetas lhe dão sono (531a-532c). Sócrates,, então, começa a desenvolver o argumento principal, o de que não existe a arte ( τέχνη) do rapsodo. Sócrates Após mencionar artes como a da pintura, da escultura e da música, afirma que é a inspiração divina que produz as obras dos bons poetas épicos e líricos (532 c-536d), e demonstra que as artes são independentes umas das outras. Íon, teimosamente, diz que o rapsodo que conhece Homero conhece as artes mais nobres, como a de dirigir exércitos, mas não a do pescador, do cocheiro, do médico e outras mencionadas por Sócrates (536e540b). Sócrates aprofunda seus argumentos, e concede a Íon a decisão final; o próprio Íon reconhece, r econhece, finalmente, que sua atuação se dá por inspiração divina (540b-542b). R EFERÊNCIA EFERÊNCIA
PLATON. Oeuvres complètes tome IV, 1 e partie. Trad. L. Méridier. Paris: Belles Lettres, 1964.