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IrIneu FIlaleto Júnior
Caro amigo, Procuramos ajuntar neste arquivo todos os textos encontrados na Internet de Irineu Filaleto. Sabemos, no entanto, que ainda existem por aí alguns textos escritos por este alquimista, assim como referências históricas sobre ele escritas por outros autores as quais não tivemos acesso. Se você por acaso tiver ou encontrar algum destes textos, que ainda não foi compilado neste arquivo, pedimos, por favor, enviar uma cópia eletrônica do mesmo para o e-mail:
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Índice IRINEU FILALETO ENTRADA ABERTA AO PALÁCIO FECHADO DO REI - EXPERIENCIAS - MEDULA DA ALQUIMIA - COMENTÁRIO DA VISÃO DE SIR GEORGE RIPLEY - PRINCÍPIOS: PARA DIRIGIR AS OPERAÇÕES NA OBRA HERMÉTICA - O SEGREDO DO ELIXIR DA IMORTALIDADE CHAMADO ALKAEST OU IGNIS AQUA - ELUCIDANDO A PRÁTICA
ENTRADA ABERTA AO PALÁCIO FECHADO DO REI Índice APRESENTAÇÃO PREFÁCIO DO AUTOR DA NECESSIDADE DO MERCÚRIO DOS SÁBIOS PARA A OBRA DO ELIXIR DOS PRINCÍPIOS QUE COMPÕEM O MERCÚRIO DOS SÁBIOS DO AÇO DOS SÁBIOS DO ÍMÃ DOS SÁBIOS O CHAOS DOS SÁBIOS O AR DOS SÁBIOS DA PRIMEIRA OPERAÇÃO DA PREPARAÇÃO DO MERECÚRIO FILOSÓFICO PELAS ÁGUIAS VOLÁTEIS. DO TRABALHO E DOS CUIDADOS DA PRIMEIRA PREPARAÇÃO DO ENXOFRE QUE SE ENCONTRA NO MERCÚRIO FILOSÓFICO DA INVENÇÃO DO PERFEITO MAGISTÉRIO DA MANEIRA DE REALIZAR O PERFEITO MAGISTÉRIO EM GERAL DO EMPREGO DE UM ENXOFRE MADURO NA OBRA DO ELIXIR DAS CIRCUNSTANCIAS QUE SE PRODUZEM E QUE SÃO REQUERIDAS PARA A OBRA EM GERAL DA PURGAÇÃO ACIDENTAL DO MERCURIO E DO OURO DO AMÁLGAMA DO MERCÚRIO E DO OURO E DO PESO ADEQUADO DE UM E DE OUTRO DAS PROPORÇÕES DO VASO , DE SUA FORMA, DE SUA MATÉRIA E A MANEIRA DE FECHÁ-LO. DO ATANOR OU FORNO FILOSÓFICO DO PROGRESSO DA OBRA DURANTE OS QUARENTA PRIMEIROS DIAS DA CHEGADA DO NEGROR NA OBRA DO SOL E DA LUA
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br DA COMBUSTÃO DAS FLORES E DO MEIO DE EVITÁ-LA O REGIME DE SATURNO, O QUE É, E POR QUE É ASSIM CHAMADO DOS DIFERENTES REGIMES DESTA OBRA. DO PRIMEIRO REGIME DA OBRA, QUE É O DO MERCÚRIO DO SEGUNDO REGIME DA OBRA, QUE É DE SATURNO DO REGIME DE JÚPITER DO REGIME DA LUA DO REGIME DE VÊNUS DO REGIME DE MARTE DO REGIME DO SOL A FERMENTAÇÃO DA PEDRA A EMBEBIÇÃO DA PEDRA A MULTIPLICAÇÃO DA PEDRA DA MANEIRA DE REALIZAR A PROJEÇÃO DOS MÚLTIPLOS USOS DESTA ARTE
EXPERIENCIAS Índice SEGREDO DO ARSÊNICO FILOSÓFICO SEGREDO PARA PREPARAR O MERCÚRIO COM SEU ARSÊNICO E RETIRAR-LHE AS FEZES DEPURAÇÃO DO MERCÚRIO DOS' SÁBIOS OUTRA PURGAÇÃO EXCELENTE SEGREDO DA JUSTA PREPARAÇÃO DO MERCÚRIO DOS SÁBIOS SEGREDO DO MERCÚRIO DOS SÁBIOS OUTRA PURGAÇÃO MUITO BOA TRIPLA PROVA DE EXCELÊNCIA DO MERCÚRIO PREPARADO OUTRA, E SEGUNDA PROVA. EXTRAÇÃO DE ENXOFRE DO MERCÚRIO, PELO MEIO DA SEPARAÇÃO SEGREDO PARA TIRAR O OURO MÁGICO DESTA MODO DE TIRAR O OURO POTÁVEL DESTE ENXOFRE AURÍFICO CONJUNÇÃO GROSSEIRA DO MÊNSTRUO COM SEU ENXOFRE PARA FORMAR A PRODUÇÃO DO FOGO DA NATUREZA
ELABORAÇÃO DA MISTURA POR UM TRABALHO MANUAL IMPOSIÇÃO DO FETO NO OVO FILOSÓFICO E ÚLTIMO. REGIME DO FOGO
MEDULA DA ALQUIMIA Índice
COMENTÁRIO DA VISÃO DE SIR GEORGE RIPLEY Índice VI QUE UM SAPO AVERMELHADO... ... BEBIA O SUCO DE UVAS... ... COM TANTA PRESSA... ... QUE, CHEIO TRANSBORDANDO DO CALDO, LHE EXPLODIRAM AS TRIPAS. DEPOIS DISTO, DO SEU CORPO ENVENENADO ESCAPOU O VENENO LETAL, E OS SEUS MEMBROS COMEÇARAM A INCHAR, SE SENTIA TÃO DOÍDO E TÃO MAL. EMPAPADO EM SUOR ENVENENADO, SE DIRIGIU À SUA SECRETA MADRIGUEIRA, E EXALANDO UM CHEIRO PESTILENTO BRANQUEOU AS PAREDES DA COVA. DEPOIS DE UM TEMPO, COMEÇOU A APARECER UMA NEBLINA DE COR DOURADA, CUJAS GOTAS PINTAVAM O CHÃO DE VERMELHO AO CAIR DO ALTO E QUANDO AO SAPO COMEÇOU A LHE FALTAR O ALENTO VITAL, NEGRO COMO O CARVÃO FICOU O MORIBUNDO ANIMAL. E DESTA FORMA, SE AFOGOU DENTRO DO VENENO QUE PELAS SUAS VEIAS FLUÍA. ASSIM ESTEVE, APODRECENDO, DURANTE OITENTA E QUATRO DIAS. EU DESEJAVA EXPERIMENTAR PARA EXTRAIR AQUELE VENENO, COM O VENENO OBTIDO UM REMÉDIO FABRIQUEI, GLÓRIA AO QUE NOS PROPORCIONA ESTES SECRETOS MÉTODOS,
PRINCÍPIOS: PARA DIRIGIR AS OPERAÇÕES NA OBRA HERMÉTICA Índice
O SEGREDO DO ELIXIR DA IMORTALIDADE CHAMADO ALKAEST Ó IGNIS AQUA ELUCIDANDO A PRÁTICA
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IRINEU FILALETO ENTRADA ABERTA AO PALÁCIO FECHADO DO REI Índice
IRINEO FILALETO
APRESENTAÇÃO
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Protegido pelo nome de Adepto, Filaleto (amigo da verdade ou , num jogo de palavras, amigo do esquecimento) admoestava ao longo do prefácio de sua obra (dita extremamente clara sobre a Arte Real) sobre' a necessidade de se ter o cuidado, que o estado obtido pelo adeptado obrigava a ter, necessário com o comum dos mortais: 'Mas os hábeis são ardilosos, sutis, perspicazes e seguramente são penetrantes como Argus; alguns são curiosos, outros maquiavélicos, que buscam mui profundamente na vida, nos costumes e nas ações dos homens e de quem, pelo menos, se as relações são íntimas, é muito difícil se ocultar-. E tudo isto decorre de um fato claramente exposto em outra passagem da mesma obra: "E juro, de boa-fé, que se o regime fosse somente exposto à luz do dia, os próprios tolos troçariam da Arte". Refere-se Filaleto precisamente ao mais importante deste livro que apresentamos: o conhecimento dos regimes secretos do fogo. Esta informação fundamental para a arte conhecida também sob a designação de Filosofia do Fogo, juntamente com o saber da matéria prima seriam suficientes para a obtenção da Pedra Filosofal e do Elixir da Longa Vida Contudo, que o leitor se ponha em guarda: nosso autor não é Mo claro e idoso quanto se pretende. Alguns trechos de seu livro são propositadamente obscuros a fim de evitar que o arcano seja completamente te desvelado e venha a cair na posse daqueles que muito mau uso dele poderiam fazer. Neste sentido é suficiente, para se ter urna idéia dos - pelo menos - péssimas conseqüências que adviriam de tal propalação do saber iniciático, ler o curioso livro de Lovecraft - 0 Estranho caso de Charles Dexter Ward. Como recomendação final ao leitor, gostaríamos de sugerir-lhe o livro extremamente claro de Eugéne Cânseliet - L'Alchimie expliquée sur ses textes classiques, Jean-Jacques Pauvert, Paris, 1972 em que os ensinamentos de Filaleto, entre outros, são cuidadosamente discutidos. Ainda, para os que se dispõem a ler em Português, são muitíssimo importantes dois outros livros desta mesma coleção: 0 Triunfo Hermético, de Limojon de Saínt-Didier e A Grande Arte, de Dom Pernety. Márcio Pugliesi
PREFÁCIO DO AUTOR
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ITendo penetrado, eu, Filaleto, Filósofo anônimo, os arcanos os da medicina, da química e da física, decidi redigir este pequeno tratado, no ano 1645 da Redenção do mundo e o trigésimo terceiro de minha idade, a fim de resgatar o que devo aos Filhos da Arte e para estender a mão aos que estão desencaminhados pelos labirintos do erro. Assim, parecerá aos Adeptos que sou seu par e irmão; quanto àqueles que foram seduzidos pelos vãos discursos dos sofistas, verão e receberão a luz, graças à qual retomarão à rota mais segura. E pressagio, em verdade, que numerosos dentre eles serão esclarecidos
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br por meus trabalhos. IINão se trata de fábulas, mas de experiências reais que vi, fiz e conheci: o Adepto o inferirá facilmente lendo estas páginas. Por isso, escrevendo-as pelo bem de meu próximo, basta-me declarar que jamais ninguém falou desta arte tão claramente quanto eu; certamente, minha pena hesitou freqüentemente em escrever tudo, desejoso que estava de esconder a verdade sob zelosa máscara; mas Deus me constrangia, e não pude resistir-lhe, a ele, único que conhece os corações, e a quem se remete a glória no ciclo do Tempo. Donde creio que muitos, nesta última era do mundo, terão a felicidade de possuir este segredo; pois escrevi com franqueza, não impedindo ao noviço sinceramente curioso de apreender nenhuma dúvida sem urna resposta plenamente satisfatória. IIIE já sei que muitos, assim corno eu, detêm este segredo; persuado-me que há muitos mais ainda, com os quais entrarei muito proximamente, por assim dizer, em íntima e cotidiana comunicação Que a santa Vontade de Deus faça o que lhe aprouver, reconheço-me indigno de operar tais maravilhas: adoro, entretanto, nelas, a santa Vontade de Deus, a quem todas as criaturas devem estar submetidas, pois que é em função dela somente que ele as criou e as mantém criadas.
CAPÍTULO PRIMEIRO DA NECESSIDADE DO MERCÚRIO DOS SÁBIOS PARA A OBRA DO ELIXIR
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I Quem quer que deseje possuir esse Tosão de ouro, deve saber que nosso pó aurífero, que chamamos de nossa pedra, é o Ouro, simplesmente alçado ao mais alto grau de pureza e fixidez sutil a que puder ser levado, tanto por sua natureza, quanto pela arte de hábil operador. Este ouro assim essencificado não é o do vulgo: chamamo-lo "nosso ouro"; ele é o grau supremo de perfeição da natureza e da arte. Poderia, a este respeito, citar todos os filósofos, mas não necessito de testemunhas, pois que sou eu mesmo Adepto, e que escrevo com mais clareza do que qualquer outro anterior. Crer-me-á quem quiser, desaprovar-me-á quem puder; que se me censure, mesmo, se o deseja; só se chegará a uma profunda ignorância. Os espíritos demasiadamente sutis, afirmo-o, sonham com quimeras, porém, o pesquisador assíduo encontrará a verdade seguindo a via simples da natureza. II O ouro é então o único, exclusivo e verdadeiro princípio a partir do qual se pode produzir ouro. No entanto, o nosso ouro que é necessário à nossa obra é de duas naturezas. Uma levada à maturidade, fixa, é o Latão Rubro, cujo coração, ou núcleo, é um fogo puro. ë por isso que seu corpo se defende no fogo, que é onde recebe a purificação, sem nada ceder à violência deste, nem sofrer. Esse ouro, em nossa obra, exerce o papel de macho. Une-o a nosso ouro branco mais cru (nosso segundo ouro, menos cozido que o precedente), tendo o lugar de semente feminina, com o qual se conjuga e onde deposita seu esperma; e unem-se um ao outro por liame indissolúvel, de onde se faz o nosso Hermafrodita, que tem a potência dos dois sexos. Assim, o ouro corporal é morto antes de ser unido à sua noiva, com o qual o enxofre coagulante que, no ouro, é extrovertido, torna-se introvertido. Então, a altura é oculta, e a profundidade, manifestada. Também o fixo se faz volátil por um tempo, afim de possuir em seqüência, um estado mais nobre por sua herança, graças ao que obterá poderosíssima fixidez. III Vê-se que todo o segredo consiste no Mercúrio, do que o filósofo diz: "No Mercúrio se encontra tudo o que procuram os sábios". E Geber declara a seu respeito: "Louvado seja o Altíssimo, que criou nosso Mercúrio e concedeu-lhe natureza que domina o Todo. Decerto, efetivamente, se não existisse, os Alquimistas poderiam se glorificar à vontade, ma s a Obra Alquímica seria vã". Evidencia-se que esse Mercúrio não é o vulgar, mas aquele dos Sábios, pois todo Mercúrio vulgar é macho, quer dizer, corporal,
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br específico, morto, ao passo que o nosso é espiritual, feminino, vivo e vivificante. IV Atenta, pois, a tudo o que disser do Mercúrio, porque, segundo o Filósofo, "Nosso Mercúrio é o Sal dos Sábios, e quem quer que trabalhasse sem ele assemelhar-se-ia ao arqueiro que quisesse, sem corda, lançar flechas". Não se pode, entretanto, encontrá-lo em nenhum lugar sobre a terra. O Filho tampouco é por nós conformado, nem criado, mas extraído daquelas coisas que o encerram, com a cooperação da natureza, de maneira admirável, e graças a arte sutil. CAPÍTULO II DOS PRINCÍPIOS QUE COMPÕEM O MERCÚRIO DOS SÁBIOS
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I O objetivo daqueles que se aplicam a esta arte é purgar o Mercúrio de diferentes maneiras: uns o sublimam pela adjunção de sais, e o limpam de impurezas diversas, outros vivificam-no unicamente por si mesmo, e afirmam ter , pela repetição dessas operações, fabricado o Mercúrio dos Filósofos; mas enganam-se, porque não trabalham pela natureza, que só é aperfeiçoada em sua natureza. Que saibam então que nossa água, composta de numerosos elementos, é no entanto, coisa única feita de diversas substancias coaguladas a partir de única essência. Eis o que é requerido para a preparação de nossa água( em nossa água, com efeito, encontra-se nosso dragão ígneo): primeiramente, o fogo que se encontra em todas as coisas, secundariamente, o licor de Satúrnia vegetal; terciariamente, o liame do Mercúrio. II O fogo é aquele de um enxofre mineral. Porem, não é propriamente mineral e, menos ainda, metálico; mas sem participar destas duas substancias, tem o meio entre o mineral e o metal. Chaos ou espírito: com efeito, nosso dragão ígneo, que de tudo triunfa, pode ser penetrado pelo odor da Satúrnia vegetal, e seu sangue se coagula com o suco da Satúrnia num só admirável corpo; entretanto, não é corpo, pois que é totalmente volátil, nem espírito, porque ao fogo, assemelha-se a metal fundido. É então, verdadeiramente, um Chaos, que ocupa o lugar de Mãe de todos os metais; pois sei daqui extrair todas as coisas, mesmo o Sol e a Lua, sem o auxilio do elixir transmutatório, o que pode ser atestado por quem o viu, tanto quanto eu. Chama-se a este Chaos o nosso Arsênico, nosso Ar, nossa Lua, nosso Imã, nosso Aço, mas sempre sobre diversos aspectos, porque nossa matéria passa por diferentes estados, antes do mênstruo de nossa prostituta seja extraído o Diadema Real. III A prendei, então, quem são os companheiros de Cadmo e qual a serpente que os devorou, e qual é o carvalho oco onde Cadmo pregou a serpente. Sabeis quais são as pombas de Diana, vitoriosa do Leão, domesticando-o, este Leão verde, digo-o, que é verdadeiramente o Dragão Babilônio, a tudo destruindo por seu veneno. Enfim, sabei o que é o caduceu de Mercúrio, com a qual ele opera maravilhas, e quais são estas Ninfas que ele instruiu com seus encantamentos. Apreendei tudo isso, se quereis atingir o objetivo de vossos desejos. CAPÍTULO III DO AÇO DOS SÁBIOS
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I Os sábios Magos transmitiram a seus sucessores numerosos ensinamentos a respeito de seu Aço, atribuindo-lhe considerável importância. Por isso entre os Alquimistas houve grande controvérsia em saber o que se devia entender pelo nome de Aço. Cada um interpretou à sua maneira. O autor da "Nova Luz" dele falou sinceramente, mas de forma obscura. II O ciúme não me levando a esconder aos investigadores de nossa Arte, eu, o descreverei
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br verazmente. Nosso Aço é a verdadeira chave de nossa Obra, sem a qual o Fogo da lâmpada não pode ser iluminado por nenhum artifício: é a mina de ouro, o espírito puro entre todos, por excelência, um fogo infernal, secreto em seu gênero, extremamente volátil, o milagre do Mundo, a reunião harmônica das virtudes dos seres superiores nos seres inferiores. É por isso que o Todo Poderoso marcou-o com este signo notável pelo qual a natividade foi anunciada no Oriente. Os Sábios viram-no no Oriente e contemplaram-no, maravilhados, e reconheceram que um Rei sereníssimo acabava de nascer no mundo. III E tu, que vires tua estrela, segue-a, até seu Berço: aí verás belo infante, separando-o de suas impurezas. Honra esse rebento real, abre teu tesouro para oferecer-lhe ouro; e, após sua morte, ele te dará da sua carne e de seu sangue, medicina suprema para os três reinos da terra. CAPÍTULO IV DO ÍMÃ DOS SÁBIOS
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I Assim como o aço é atraído para o ímã, e o ímã se volta espontaneamente para o aço, igualmente o Ímã dos Sábios atrai seu Aço. Sendo o Aço, como vos ensinei, a mina de ouro, devemos também considerar nosso imã como verdadeira mina de nosso Aço. II Por outra, declaro que nosso Ímã tem um centro oculto, onde jaz abundância de sal. Este sal é um mênstruo na esfera da Lua e pode calcinar o ouro. Este núcleo, por uma tendência original, volta-se naturalmente para o pólo, onde a virtude de nosso Aço é exaltada gradativamente. No pólo, se encontra o coração do Mercúrio, que é verdadeiro fogo, onde está o repouso de meu Senhor. Navegando sobre este vasto mar, para abordar a uma e outra das Índias, governa sua rota pelo aspecto da estrela do Norte que nosso Ímã te fará aparecer. III O Sábio se rejubilará, mas o insensato fará pouco caso disto, e não se instruirá com a sabedoria, nem mesmo quando tiver visto o Polo central voltado para fora e marcado pelo signo reconhecível do Todo Poderoso. Tem a cabeça tão empedernida que veriam prodígios e milagres sem por isso abandonar seus falsos arrazoados e entrar no bom caminho. CAPÍTULO V O CHAOS DOS SÁBIOS
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I Que o filho dos filósofos escute os Sábios, unânimes em concluir que esta obra deve ser comparada à criação do Universo. Pois, no princípio, Deus criou o céu e a terra, e a terra era vazia e deserta, e as trevas cobriam o abismo, e o espírito de Deus era levado sobre as superfícies das águas. Então Deus disse: "Faça-se a Luz!" e a Luz se fez. II Estas palavras bastarão ao filho da Arte. É preciso, de certo, que o céu seja unido `a terra sobre o leito da amizade e do amor; destarte poderá ele reinar honradamente sobre toda vida universal. A terra é corpo grave, a matriz dos minerais, porque ela os conserva em si mesma, secretamente, levando para a luz as árvores e os animais. O céu é o espaço onde as grandes luminárias, com os astros, executam suas revoluções e, através dos ares, comunica sua força as seres inferiores; mas no princípio, todos os corpos confundidos formaram o Chaos. III Eis, desvelei-vos sincera e santamente a verdade; com efeito, nosso Chaos é como uma terra mineral, tendo em vista sua própria coagulação, e, entretanto, é um ar volátil no interior do qual se encontra o Céu
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br dos Filósofos, em seu centro, núcleo este verdadeiramente astral, irradiando por seu esplendor, a terra, até sua superfície. E qual é o Mago sábio o bastante para inferir do que acabo de dizer que um novo rei nasceu, mestre de todas as coisas, que resgatará seus irmãos, da impureza original, que deve morrer e ser exaltado a fim de dar sua carne e seu sangue para a vida do mundo? IV Ó Deus cheio de bondade, como tuas obras são admiráveis! Tu fizeste isto, e surge a nossos olhos como milagre. Rendo-te graças, Pai, Senhor do céu e da terra, por teres ocultado estas maravilhas aos sábios e aos prudentes, para desvelá-las aos pequeninos. CAPÍTULO VI O AR DOS SÁBIOS
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I O espaço, ou o firmamento, é chamado de AR nas Santas escrituras. Nosso Chaos é também chamado de AR, e isto não deixa de ser um segredo notável, pois como o ar firmamental, nosso ar é o separador das águas. Nossa Obra é pois realmente um sistema harmônico no mundo maior. Com efeito, as águas que estão sob o firmamento são-nos visíveis, a nós que vivemos sobre a terra; mas as águas superiores escapam a nossos olhares, em razão de sua distancia. Da mesma forma, em nosso microcosmo, há águas minerais sadias do núcleo, que aparecem, mas aquelas que estão encerradas no interior nos são invisíveis, e, não obstante, existem de fato. II São estas as águas de que fala o autor da "Nova Luz": elas existem, mas aparecem somente quando o artista o julga conveniente. Assim como o ar faz uma separação entre as águas, também nosso AR impede que as águas excêntricas penetrem ate aquelas que estão no centro. Pois se elas aí chegassem, e se misturassem, logo se uniriam inseparavelmente. III Direi então que o enxofre externo, vaporoso, comburente, adere tenazmente ao nosso Chaos, à tirania do qual ele não tem forças para resistir, se bem que, puro, ergue-se do fogo sob a aparência de um pó seco. Mas se sabe irrigar esta terra árida com uma água de seu próprio gênero, alargarás os poros desta terra, e este gatuno externo será expelido para fora juntamente com as operações da desordem, a água será purgada pela adição de um verdadeiro enxofre de seus excrementos leprosos e de seu humor hidrópico supérfluo; e terás em tua posse a fonte do Conde Trévisan, cujas águas são propriamente dedicadas à virgem Diana. IV Este ladrão é um birbante, armado de arsenical malignidade, que o rapaz alado abomina, e foge. E se bem que a água central seja sua noiva, ele não ousa mostrar o amor mais ardente que experimente por ela, por causa das emboscadas do biltre cujas artimanhas são quase inevitáveis. Que Diana aqui favoreça, que saiba domar as bestas selvagens e cujas duas pombas ( que foram encontradas voando sem asas nos bosques da Ninfa Vênus) temperem com suas plumas a malignidade do ar; para que o jovem entre facilmente pelos poros, logo abale as águas polares superiores, que não foram comovidas pelos maus odores, e suscite negra nuvem: aí verterás as águas, até que apareça a brancura da Lua. As trevas que estavam sobre a face do abismo serão dissipadas pelo espírito movendo-se sobre as águas. V Daí, pela ordem de Deus, aparecerá a luz. Separa sete vezes esta luz, das trevas, e esta criação filosófica do Mercúrio será perfeita; o sétimo dia será para ti um sabbat de repouso. Deste tempo, até o fim da passagem do ano, poderás esperar a geração do filho do Sol sobrenatural que virá ao mundo ao fim dos séculos para libertar seus irmãos de toda a impureza. CAPÍTULO VII
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br DA PRIMEIRA OPERAÇÃO DA PREPARAÇÃO DO MERECÚRIO FILOSÓFICO PELAS ÁGUIAS VOLÁTEIS. Índice
I Sabe, meu irmão, que a exata preparação das Águias dos Filósofos é considerada como o primeiro grau da perfeição, o que só se deixa conhecer por mente hábil. Não crê, realmente, que esta ciência tenha chegado a algum de nos por acaso, ou por imaginação fortuita, como o pensa nesciamente a massa dos ignorantes: a busca da verdade custou-nos longo e pesado labor, numerosas noites sem sono, muitos penares e suores. Portanto tu, estudioso aprendiz, sê fortemente persuadido que, sem esforço nem trabalho, a nada chegarás na primeira operação. Quanto à segunda, é apenas a natureza que opera, sem que seja necessária tua mão, senão para aplicar, externamente, um fogo moderado. II Compreende, pois, irmão, o que querem dizer os Sábios quando escrevem que devem levar suas águia a devorar o leão; quanto menos águias há, mais a batalha é rude e mais tardia a vitória; mas a operação é perfeitamente executada com um numero de sete ou nove Águias. O Mercúrio Filosófico é o pássaro de Hermes, que é chamado ora de Ganso, ora Faisão, ora este, ora aquele. III Quando os magos falam de suas Águias, delas falam no plural e contam-nas entre três e dez. Mas não querem dizer com isso que se deva ajuntar a um peso dado de terra, tantas medidas d’água quanto forem as águias, mas deve-se compreender que falam do peso interno ou da força do fogo, quer dizer, sem duvida que se deve tomar água tantas vezes sutilizadas quantas águia contam; esta atuação é feita por sublimação. Assim, cada sublimação do Mercúrio Filosófico corresponde a uma águia, e a sétima sublimação exaltará teu Mercúrio a ponto de formar um banho mui conveniente para teu Rei. IV Para desfazer a dificuldade, lê atentamente o que segue: toma quatro partes de nosso Dragão Ígneo, que esconde em seu ventre o Aço mágico, e nove partes de nosso ímã: mistura-os juntos com o auxílio do tórrido Vulcano, de modo que formem uma água mineral onde sobrenadará uma escuma que deve ser rejeitada, deixa a crosta e toma o núcleo, purga-o três vezes pelo fogo e o sal, o que será feito facilmente se Saturno contemplou sua própria beleza no Espelho de Marte. V Daí nascerá o Camaleão, quer dizer, nosso Chaos, onde estão escondidos todos os segredos, não em ato , mas em potência. É esse o infante Hermafrodita; envenenado desde o berço pela mordida do cão enraivecido de Corascena, por causa de uma hidrofobia permanente, ou medo da água, que o torna louco e insensato; e agora que a água é o elemento natural mais próximo dele, ele a abomina e foge dela. Ó Destinos! VI Não obstante, encontram-se na floresta de Diana, duas pombas que suavizam sua raiva insensata ( se as aplica com arte da Ninfa Vênus ). então para impedir que esta hidrofobia o retome, mergulhe-o nas águas, e que ele pereça. Neste momento, o Cão Negro Enraivecido, sufocado, incapaz de suportar as águas, subirá quase até a sua superfície; persegue-o à forca de chuva e golpes, e faz com que fuja para bem longe; assim desaparecerão as trevas. VII Quando a Lua brilhar plenamente, dará asas à Águia, que voará, deixando mortas atras de si as pombas de Diana, que se não sendo mortas no primeiro encontro, de nada podem servir. Reitera sete vezes esta operação, e enfim encontrarás o repouso, tendo simplesmente que fazer cozer; é a mais perfeita tranqüilidade, jogo de crianças e trabalho de mulheres.
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br CAPÍTULO VIII DO TRABALHO E DOS CUIDADOS DA PRIMEIRA PREPARAÇÃO
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I Alguns ignorantes, que brincam de químicos, imaginam que a obra inteira, do começo ao fim, é apenas pura recreação, onde só se encontra o deleite, e decretam que a dificuldade está fora deste lavor; que gozem desta opinião, tranqüilamente; na obra que estimam ser tão fácil, só recolhem ventos, graças as suas operações ociosas. Quanto a mim, sei por experiência própria que, uma vez adquirida a benção divina e um bom começo, só se pode Ter sucesso com muito penar, engenhosidade e assiduidade II E, certamente, não há trabalho tão fácil que se possa considerar que seja divertimento ou adivinhas, e que leve ao objetivo tão procurado. Ao contrario, como diz Hermes, não se deve poupar nenhum esforço, quer intelectual, quer físico. Senão , o que predisse o Sábio em suas parábolas, verificarse-a: o desejo do preguiçoso fá-lo-á perecer. Também não se deve surpreender que tantas pessoas se intrometem com a alquimia tenham-se reduzido à indigência, pois que fogem do trabalho, sem recear as despesas. III Mas eu, que conheço a operação, por tê-la praticado cuidadosamente, sei com certeza que não há trabalho mais enfadonho que nossa primeira preparação. Por isso que Morien advertiu seriamente o Rei Calid que muitos sábios queixam-se do cansaço que lhes causava esta operação. E não gostaria que isso fosse tomado metaforicamente, pois não considero os fatos tais como aparecem no inicio da obra sobrenatural, mas tais como se encontram desde o começo. Tornar a massa bem disposta, diz o poeta, é o trabalho, é a obra. E acrescenta: "Um, (Jasão) de um pico conhecido (mostra-te) o tosão de ouro... O outro, (Hércules), (ensina-te) que fardo deves suportar e com que trabalho submeter esta massa espessa e este enorme peso..." Ë o que faz dizer ao celebre autor do "Segredo Hermético", que o primeiro trabalho é um trabalho de Hércules. IV Encontram-se, de fato, em nosso princípio, numerosos elementos heterogêneos supérfluos impossíveis de levar à pureza (aquela que convém à nossa obra) e que se deve então completamente eliminar, o que não se pode fazer, ignorando a Teoria de nossos segredos, graças à qual ensinamos o meio de tirar do sangue menstrual desta prostituta o Diadema Real. E quando se conhece esse meio, resta ainda, um grande trabalho, tão pesado que, como diz o Filosofo, muitos, assustados pelas dificuldades, abandonam sua obra inacabada. V Não crê, no entanto, que uma mulher não possa empreender esse trabalho se ele o considera seriamente, e não como jogo. Mas uma vez preparado o Mercúrio, que Bernardo Trévisan chama a sua fonte, encontra-se enfim o repouso que, segundo o Filosofo, é bem mais desejável que todos os outros louvores. CAPÍTULO IX O PODER DE NOSSO MERCÚRIO SOBRE TODOS OS METAIS I Nosso Mercúrio é essa serpente que devorou os companheiros de Cadmo, o que nada tem de surpreendente, pois que anteriormente devorou o próprio Cadmo, se bem que mais forte que eles. Ao fim, porem, Cadmo a trespassará desde que pela força de seu sopro saiba coagulá-la. II Saberei pois que nosso Mercúrio comanda todos os corpos metálicos e pode resolvê-los em sua
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br mais próxima matéria mercurial separando seus enxofres; e sabe que o Mercúrio de uma, duas ou três águias comanda Saturno, Júpiter e Vênus; de três a sete águias, comanda a Lua; enfim, comanda o Sol, quando se tem de sete a dez. III Concluo dizendo que esse Mercúrio é mais próximo do primeiro ente metálico do que qualquer outro Mercúrio; por isso penetra radicalmente os Corpos Metálicos e manifesta suas profundezas secretas. CAPÍTULO X DO ENXOFRE QUE SE ENCONTRA NO MERCÚRIO FILOSÓFICO
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I O mais extraordinário de tudo é que em nosso Mercúrio encontra-se um enxofre não somente atual, mas ativo e verdadeiro, e que entretanto, conserva todas as propriedades e a forma do Mercúrio. Ë pois necessário que esta forma lhe tenha sido dada por nossa preparação: esta forma é enxofre metálico, e este enxofre é um fogo que putrefaz o sol composto ou decomposto. II Este fogo sulfuroso é a semente espiritual que nossa Virgem (permanecendo imaculada) não deixou de receber, porque a virgindade pode suportar um amor espiritual sem ser corrompida, como a experiência o mostra e como o disse o autor do "Segredo Hermético". É graças a este enxofre que nosso Mercúrio é Hermafrodita, quer dizer, que a partir do mesmo grau visível de digestão ele contem ao mesmo tempo um princípio ativo e um princípio passivo. E se é unido com o Sol, abranda-o, liqüefazendo-o e dissolvendo-o pelo calor temperado que exige o composto; pelo mesmo fogo ele coagula a si mesmo, e sua coagulação produz o Sol e a Lua, à vontade do artista. III Isto parecer-te-á, quiçá , incrível, mas é real que o Mercúrio Homogêneo, puro e limpo, acrescido de enxofre interno por nosso artifício, coagula a si mesmo, sob a única ação de um calor externo adequado. Esta coagulação se faz em forma de creme de leite como terra sutil sobrenadando as águas. Mas quando se une ao Sol, não somente ele não se coagula, mas sendo assim composto, a cada dia assume um aspecto mais mole até que, o corpo estando bem dissolvido, os espíritos começam a se coagular, assumindo nigérrima cor e desprendendo odor extremamente fétido. IV Vê-se, destarte, que esse enxofre espiritual metálico é realmente o primeiro motor, que faz girar a roda e virar o eixo circularmente. Este Mercúrio é, em verdade, ouro volátil, não ainda suficientemente digerido, mas bastante puro: é por isso que, por simples e única digestão, transforma-se em Sol. Mas se o conjuga ao Sol já perfeito, ele não se coagula; mas dissolve o ouro corporal, e após essa dissolução permanece com ele sob a mesma forma; porem, a morte deve necessariamente preceder a união perfeita, a fim de que após a morte sejam unidos não simplesmente numa perfeição uma só vez perfeita, mas mais de mil vezes perfeita. CAPÍTULO XI DA INVENÇÃO DO PERFEITO MAGISTÉRIO
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I Eis a maneira pela qual os Sábios de outrora, que adquiriram o conhecimento desta ciência sem o auxílio de livros, foram levados a possui-la, com a permissão de Deus. Com efeito, não chego a persuadirme que ninguém a tenha tido por revelação imediata, exceto talvez Salomão, questão que prefiro não abordar. Mas mesmo tendo-a adquirido assim, nada impediria que a tivesse obtido pela pesquisa, quando simplesmente pedira a sabedoria, que Deus concedeu, para que com ela possuísse a riqueza e a paz. Nenhuma pessoa sensata poderia negar que aquele que sondou a natureza das plantas e das arvores, do cedro do Líbano até o hissopo e a parietária, não tenha semelhantemente penetrado a natureza mineral,
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br estudo não menos agradável. II Mas, retornando a nosso assunto, digo que há lugar para crer que os primeiros Adeptos, dentre os quais coloco Hermes, a terem possuído o Magistério, como falavam-lhes os livros, não procuraram de início a maior perfeição, mas contentaram-se em exaltar os metais imperfeitos à dignidade Real; e como deram-se conta que todos os corpos metálicos tinham uma origem mercurial, e que o Mercúrio era totalmente semelhante, quanto ao peso e à homogeneidade, ao mais perfeito dos metais, que é o ouro, esforçando-se por levá-lo ao cozimento à maturidade do ouro; mas nenhum fogo permitiu-lhes lá chegar. III Por isso pensaram que, para obter o fogo necessário ao sucesso, o calor exterior deveria ser acompanhado de um calor interno. Então procuraram este calor em diversas coisas. Inicialmente, extraíram dos minerais menores, por destilação, águas extremamente quentes, com as quais corroeram o Mercúrio; mas por mais artifícios que empregassem, não puderam assim fazer com que o Mercúrio mudasse suas qualidades intrínsecas, porque todas essas águas corrosivas eram apenas agentes externos, como o fogo, se bem que diversamente; e aqueles mênstruos, como os chamavam, não permaneciam com o corpo dissolvido. IV Pela mesma razão, rejeitaram todos os sais, salvo um, o ente primordial de todos os sais, que dissolve qualquer metal que seja e coagula o Mercúrio da mesma maneira; mas isso só se faz por via violenta; eis porque um agente desta espécie é novamente separado dos corpos que dissolveu, nada perdendo de seu peso nem de suas qualidades. Também observaram os sábios, finalmente, que no Mercúrio havia condensações aquosas e impurezas terrosas que, profundamente incrustadas, impediam que ele fosse digerido, e que não poderiam ser eliminadas, senão destruindo todo o composto. Digo que aprenderam a fixar a Mercúrio quando puderam se desembaraçar destas escórias. Ele Contem em si mesmo, de fato, um enxofre fermentativo, cujo menor grão bastaria para coagular o corpo de todo o Mercúrio, desde que se lhe retirassem suas impurezas e coágulos. Experimentaram então diferentes métodos de purgação, mas em vão, porque esta operação exige uma destruição, e depois uma regeneração, para as quais um agente intermediário é preciso. V Aprenderam, enfim, que o Mercúrio havia sido destinado a ser um metal nas entranhas da terra, e que para chegar a isto, conservava um movimento continuo tanto quanto o lugar e outros caracteres exteriores permanecessem bem dispostos. Mas, se por acaso se produzisse qualquer perturbação, este fruto ainda verde caía por si mesmo, de forma que, privado de movimento, parecia privado de vida, pois é impossível retornar imediatamente da falta à posse. VI É um enxofre passivo o que se encontra no Mercúrio, enquanto que deveria ser ativo; deve-se então introduzir outra vida, de mesma natureza, que desperta a vida latente no Mercúrio: "assim a vida recebe a vida". Ele é finalmente transformado basicamente, e rejeita espontaneamente de seu Centro as impurezas e as escorias, como disto falamos suficientemente nos capítulos precedentes. Ora, esta vida só se encontra no enxofre metálico, que os magos procuraram em Vênus, e nas substancias semelhantes, mas em vão. VII Enfim, interessam-se por um filho de Saturno, e experimentaram sua ação sobre o ouro; e como tinha a força de desembaraçar o ouro maduro de suas impurezas, foram levados pelo argumento do maior ao menor, a crer que teria o mesmo efeito sobre o Mercúrio; mas a experiência mostrou-lhes que ele conservava suas próprias escórias. Então, recordaram-se da bem conhecida máxima: sê puro, tu que desejas purificar a outrem. Convenceram-se de que era impossível, apesar de seus esforços, purgá-lo inteiramente, porque não continha nenhum enxofre metálico; encerrava porem, em abundância, o sal mais
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br puro da natureza. VIII Descobriram que no Mercúrio havia muito pouco enxofre, e que era somente passivo; não encontraram enxofre atual nesta posteridade de Saturno, mas somente enxofre potencial. Por isso que ela faz aliança com um enxofre arsenical ardente, sem o qual enlouqueceria e só poderia subsistir sob forma coagulada; no entanto ela é estúpida aponto de preferir coabitar com o inimigo, que a mantém rigidamente aprisionada, e se prostituir, do que renunciar a ele a aparecer sob uma forma mercurial. IX Então, procurando mais ainda este enxofre ativo, os magos o encontraram profundamente escondido na casa de Áries. O filho de Saturno acolheu-o com avidez, sendo ele mesmo matéria metálica puríssima, muito branda e próxima do estado primeiro dos metais, completamente desprovida de enxofre atual, mas capaz de receber o enxofre. Por essa razão, ele o atrai como um ímã, o absorve e oculta em suas entranhas. E o Todo Poderoso , para perfazer esta obra, imprime-lhe seu selo real. Então rejubilaram-se os magos, não somente por Ter encontrado o enxofre, mas por vê-lo preparado. X Tentaram dele se servir para purgar o Mercúrio, mas sem sucesso, porque ainda havia, absorvido neste filho de Saturno, uma malignidade arsenical misturada a este enxofre; e se bem que muito pouco, tendo em vista a grande quantidade que o enxofre detinha em sua natureza mineral, impedia a união daquele enxofre com o Mercúrio. Por esta causa, tentaram temperar esta malignidade do ar com as pombas de Diana, e tiveram êxito. Então , misturaram a vida com a vida, umectaram a seca pela a liquida, subtilizaram a passiva pela ativa, e vivificaram a morte, pela vida. O céu permaneceu nublado por um pouco; mas depois das abundantes chuvas, reencontrou sua serenidade. XI Daqui surgiu um Mercúrio Hermafrodita. Puseram-no sobre o fogo e coagularam em pouco tempo; em sua coagulação, encontraram o Sol e a Lua. XII Por fim , esses sábios, para si mesmos, observaram que o Mercúrio assim purificado e não ainda coagulado não mais era metal, mas era bastante volátil para não deixar nenhum deposito no fundo do vaso, em sua destilação. Por isso chamaram-no seu Sol ainda não amadurecido, e sua Lua viva. XIII Consideraram igualmente que sendo o ente primordial do ouro, mas ainda volátil, poderia tornarse o campo em que o Sol, uma vez semeado, cresceria em virtude. Por isso é que aí puseram o Sol; e para sua grande surpresa, o que no Mercúrio era fixo tornou-se volátil, o corpo duro abrandou-se, e o que era coagulado se encontrou dissolvido, para surpresa da própria natureza. XIV Foi o que os levou a conjugar estes dois corpos; encerraram-nos num vidro, o qual puseram sobre o fogo, e prosseguiram a obra, como a natureza o exigia, durante um longo período. Assim, foi vivificado o morto e morreu o vivo, o corpo se putrefez, o espírito exaltou-se, glorioso, e a alma foi exaltada numa quintessência, medicina soberana para animais, metais e vegetais. CAPÍTULO XII DA MANEIRA DE REALIZAR O PERFEITO MAGISTÉRIO EM GERAL.
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I Devemos oferecer a Deus eternas ações de graças por nos Ter mostrado esses arcanos da natureza, que ocultou aos olhos da maioria. Desvelarei, pois, fiel gratuitamente aos outros pesquisadores o que me foi gratuitamente concedido por aquele doador. Sabe, por conseguinte, que em nossa operação
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br não há maior segredo que a coobacão das naturezas, uma sobre a outra, até com a ajuda de um corpo cru se extraia de um corpo digerido, uma virtude muito digerida. II Para requer-se, primeiramente, a aquisição exata das matérias que entram na obra, sua preparação e sua adaptação; secundariamente, uma boa disposição dos elementos exteriores; terciariamente, após esta preparação, um bom regime; quaternariamente, devem-se conhecer antecipadamente as cores que aparecem no decurso da obra, para não agir às cegas; quinariamente, paciência, para que a obra não seja regida com pressa, ou precipitação. Falaremos de tudo isso por ordem, com fraterna sinceridade. CAPÍTULO XIII DO EMPREGO DE UM ENXOFRE MADURO NA OBRA DO ELIXIR
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I Já falei da necessidade do Mercúrio, e mostrei, a propósito do Mercúrio, numerosos segredos que, antes de mim, estavam sem significação no mundo, porque quase todos os livros de química estão cheios de enigmas obscuros, ou operações sofisticadas, ou ainda de um acúmulo de palavras intrincadas. Eu não agi similarmente, submetendo, para tanto, minha vontade para à divina que, neste ultimo período do mundo, parece-me desejosa de desvelar estes segredos. Por isso receio menos que possa aviltar-me a Arte, e desapareça. Tal não pode suceder, pois a real sabedoria guarda-se a si mesma e ternamente com sua honra. II Apraza a Deus, porém, que o ouro e a prata, os grandes ídolos que o mundo inteiro até hoje tem adorado, fossem tão comuns quanto o estrume! Então nós, que praticamos esta Arte, não nos aplicaríamos zelosamente em nos esconder, nós, que já nos cremos cumulados com a maldição de Caim, chorando e gemendo; parece que somos afastados da vista do Senhor, e da doce sociedade de nossos amigos de que fruíamos sem receio, outrora. Somos atormentados como se fossemos assediados pelas fúrias, e em nenhum lugar podemos julgar-nos em segurança, por muito tempo, chegando a gemer e muito repetindo a lamentação de Caim ao Senhor; "Quem quer que me encontre, matar-me-á". III Não tendo ousado cuidar de nossa família, erramos, vagabundos, de nação em nação, sem encontrar nenhuma moradia garantida; e se bem que tudo possuamos, devemos com pouco nos contentar; em que a felicidade encontraríamos, se não na contemplação, com que a alma experimenta grande satisfação? Muitos, estranhos a esta arte, crêem que se a possuíssem, isto e aquilo fariam: foi o que pensamos, no passado, mas, tornados prudentes pelos perigos, escolhemos método mais secreto. Quem quer que tenha uma vez escapado à morte iminente, tomar-se-á, crede-me, mais sábio para o resto da vida. Há um provérbio que diz que as mulheres dos celibatários e os filhos das virgens estão sempre bem vestidos e alimentados. IV Encontrei o mundo num estado tão corrompido, que não se encontra uma só pessoa, dentre aqueles que se atribuem o aspecto da honestidade, ou apregoem seu amor pelo bem publico, cujo anelo pessoal não seja um interesse sórdido e indigno. E nenhum mortal pode fazer algo, nem mesmo na solidão, nem mesmo obras de misericórdia, sem por sua vida em perigo. Experimentei recentemente, no estrangeiro, o seguinte: havia dado remédio a doentes afligidos por misérias corporais e abandonados por todos; e por milagre , recobraram a saúde; logo se começou a falar do Elixir dos Sábios, a um tal ponto que sofri, diversas vezes grandes incômodos, obrigado a alterar as vestimentas, raspar a cabeça e usar uma peruca, adotar nome falso, e evadir-me noturnamente, sem o quê, teria caído nas mãos dos perversos que me estendiam ciladas ( por causa de uma simples suspeita, unida à sua execrável sede pelo ouro) . Poderia contar copias de historias deste gênero, que pareceriam risíveis a muitos.
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br V Dirão, com efeito: "Se possuísse esses segredos, conduzir-me-ia bem diversamente". Que saibam, no entanto, quão penoso é às pessoas nobres conviver com imbecis. Mas as outras pessoas de intelecto sutil são finas, penetrantes, perspicazes, têm olhos de Argos; alguns são curiosos, outros, maquiavélicos, procuram perscrutar profundamente a vida, os costumes e as ações dos homens; em todo caso, são pessoas com quem, desde que somos seus amigos, é muito difícil dissimular. VI Se tivesse ocasião de falar com algum daqueles que pensam isso de si mesmos ( que fariam tal ou tal coisa, se possuísse a pedra), e se eu lhes dissesse: "És amigo de um Adepto", logo se poriam a refletir e me responderiam: "Impossível, eu o teria percebido; vivo tão familiarmente com ele que o teria notado". Tu que pensas aquilo de ti mesmo, crês que os outros não tem perspicácia igual à tua, para verem quem és? VII Pois é preciso bem viver com as pessoas, sob pena de passar por um Cínico ou um outro Diógenes. Se te associas à plebe, é indigno, mas se freqüentas a sociedade das pessoas cultas, deves estar sempre em guarda, para que não te descubram com a mesma facilidade que crês possuir para reconhecer em uma outra pessoa um Adepto ( pois que ignoras um segredo que todos conhecem), sob pretexto de que tens com ele uma certa familiaridade. Terás até dificuldade em te dares conta de que se alimentam suspeitas de ti, o que é grave inconveniente, pois a menor conjectura bastará para que te armem ciladas. VIII Tão grande a maldade dos homens, que conheci certas pessoas que foram estranguladas ou enforcadas apenas pela suspeita ( de que possuíam a Pedra Filosofal), quando de fato eram estranhas à nossa arte. Bastaria que pessoas desesperadas tivessem ouvido dizer que tal pessoa tinha a reputação de ser hábil nesta ciência. Seria fastidioso enumerar tudo o que eu mesmo vivi, o que vi e ouvi sobre isso, tanto mais nesta era do mundo que em todas as precedentes. A alquimia serve de pretexto a todos, de modo que, se fazes a mínima coisa em segredo, não podes dar três passos sem te traíres. IX Estas precauções excitarão o ardor de alguns para examinar mais de perto a tua conduta, e falarão de dinheiro falso. E o que mais não dirão? Mas, se pelo contrario, ages um pouco mais abertamente, descoberto será que fazes coisas insólitas, quer em Medicina, quer em Alquimia; se possuis grande soma de ouro e prata que desejes vender, logo se perguntará de onde provém esta quantidade de ouro fino e prata puríssima, que só podem ser encontrados na Berbéria ou em Guiné, e sob forma de pó extremamente tênue; ao passo que o teu, de título mais elevado, estará sob forma de lingotes. Isto não deixará de causar muita murmuração. X Os mercadores não são tão tolos, mesmo se, como crianças, brincam contigo, dizendo que compram de olhos fechados, que nada vêem e que se pode vir com toda a confiança; se vais até eles, num piscar de olhos te denunciarão o bastante para te lançar em grande embaraço. A prata que produzimos graças a nossa ciência é tão fina que não pode ser proveniente de nenhum país. A melhor , que vem da Espanha, não vale mais que a esterlina inglesa, e ainda se apresenta sob a forma de peças assaz grosseiras, que são contrabandeadas, malgrado a interdição das leis dos reinados. Se então pões à venda grande quantidade de prata pura, já te traíste; segundo as leis da Inglaterra, Holanda e de quase todos os Estados, que prevêem que toda alteração do titulo do ouro e da prata que não seja para atender à banca do ourives, é passível de pena capital, se não é exercitada por profissional registrado. XI Eu mesmo experimentei tais coisas, quando tentei vender nada mais que seiscentas libras de prata finíssima, no estrangeiro, disfarçado de mercador, pois não ousei fazer uma liga, pois que cada
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br nação, tendo seu titulo particular para a prata e para o ouro, os ourives o conhecem bem: a tal ponto, que se tivesse dito que provinha de alhures, logo pediriam provas, e fariam apreender o vendedor. Aqueles a quem o apresentei, logo me disseram ser prata fabricada pela arte. Perguntei-lhes como o afirmavam, e responderam-me simplesmente que eu não os ensinaria a distinguir a prata vinda da Inglaterra, Espanha, ou alhures, e que aquela que eu lhes apresentava não era deste tipo. Este discurso fez com que eu me evadisse furtivamente, abandonando minha prata e seu valor, sem reclamar mais nada. XII Se, não obstantes, finges que essa grande quantidade de ouro, e sobretudo prata, foi trazida do estrangeiro, lembra que uma tal coisa ano seria feita sem ser conhecida. O patrão do navio dirá que não transportou uma tal massa de prata, e que não poderia ser carregada no barco, com o desconhecimento geral. E aqueles que souberem desta historia, que terão vindo para negociar, rirão, dizendo não ser verossímil que se possa conseguir tamanha quantidade em ouro e prata e embarcá-la, sendo as interdições tão estritas e as medidas preventivas tão severas. Este caso logo fará barulho não só em seu país, mas também nos reinos vizinhos. Instruído pelos perigos corridos, decidi permanecer oculto, e comunicar-te esta arte, curioso de ver o que farás para o bem público, quando fores um Adepto. XIII Tendo ensinado mais acima da necessidade do Mercúrio em nossa obra, adverti a propósito do Mercúrio, sobre particularidades que ninguém dentre os Antigos havia mostrado antes de mim; assim digo que, por outro lado, deve-se procurar o enxofre sem o qual o Mercúrio não poderá sofrer a congelação necessária à obra sobrenatural. XIV O enxofre, nesta obra, faz o papel de macho, e quem quer que aborde sem ele a arte transmutatória, nunca terá sucesso, afirmando todos os Sábios que não se pode fazer nenhuma tintura sem seu latão ou seu bronze, sendo este, sem dúvida, o Ouro, a que assim chamam. O famoso Sendivogius disse a esse propósito: "O sábio reconhece nossa pedra até no excremento, enquanto que o ignorante não crê que ela exista nem mesmo no ouro". É no ouro, o Ouro dos Sábios, que se encontra a tintura aurífica; se bem que seja um corpo perfeitamente digerido, entretanto, se reencrua num só corpo, nosso Mercúrio, e de Mercúrio ele recebe a multiplicação de sua semente, menos em quantidade que em qualidade. XV E se bem que muitos Sábios pareçam sofisticamente negá-lo, tudo é realmente como afirmei. Pretendem, por exemplo, que o ouro vulgar seja morto, enquanto que o seu seja vivo; igualmente, o grão de trigo está morto, quer dizer, que sua atividade germinal foi suprimida, e permaneceria eternamente se fosse conservado num ar ambiente seco; mas lançado à terra, logo retoma sua vida fermentativa, incha, abranda-se e germina. XVI O mesmo ocorre com nosso ouro: está morto, quer dizer, sua força vivificante está selada sob a escoria corporal; no que se assemelha ao grão, com diferenças, porem, em proporção à grande distancia que separa o grão vegetal do ouro metálico. E assim como este grão que permanece imutável, enquanto está ao ar seco, é destruído pelo fogo e vivificado somente na água, também o ouro, que é incorruptível malgrado qualquer ataque e dura eternamente, é redutível apenas em nossa água, e então vive, e tornase nosso ouro. XVII Quando o trigo é semeado no campo pelo lavrador, ele muda de nome e toma o de semente, em lugar de frumento , que leva enquanto é guardado no celeiro para fazer o pão e outros alimentos desse gênero, tanto quanto para a semeadura. Assim o ouro, enquanto está sob a forma de anéis, vasos ou dinheiro, é vulgar; mas desde que esteja misturado à nossa água, ele é filosófico. No primeiro estado, dizse que está morto, porque permaneceria imutável até o fim do mundo; no segundo, diz-se que está vivo,
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br porque está em potência; esta potência pode em alguns dias ser convertida em ato; neste momento, o ouro não é mais ouro, mas o Chaos dos Sábios. XVIII Os Filósofos têm então razão dizendo que o ouro filosófico é diferente do ouro vulgar; e esta diferença reside na composição. Diz-se, realmente, que um homem está morto quando ouviu sua sentença de morte; também se diz que o ouro está vivo quando mistura-se a uma tal composição, submetido a um tal fogo, no qual deve receber necessária e rapidamente a vida vegetativa e mostrar, alguns dias mais tarde, os efeitos de sua vida nascente. XIX Assim, os mesmos Sábios que dizem que seu ouro é vivo, ordenam-te, que faças pesquisas na arte, de vivificar o morto. Se conheces o método e após ter preparado a prata, executas a mistura conforme as regras, teu ouro não tardará a se tornar vivo: mas, nesta vivificação, teu mênstruo vivo morrerá. Por isso os Magos aconselham vivificar o morto e mortificar o vivo; mas, é antes sua água, que eles chamam viva, e dizem que o tempo da morte do primeiro principio e do renascimento do segundo têm a mesma duração simultânea. XX Donde se vê que se deve tomar o nosso ouro quando está morto e sua água, quando se está viva; mas fazendo-se um composto que se coze por um breve momento, a semente do ouro torna-se viva, enquanto que morre o Mercúrio vivo, que dizer, que o espírito é coagulado pelo corpo dissolvido; e um e outro se putrefazem ao mesmo tempo em forma de lama, até que todos os membros do composto sejam dispersos em Átomos. Eis pois em que consiste a natureza de nosso Magistério. XXI O mistério que guardamos com tantos cuidados é a preparação do Mercúrio propriamente dita. Não se pode encontrá-lo sobre a terra já pronto para o nosso uso, e isso por razões particulares conhecidas pelos Adeptos. Com o Mercúrio, amalgamamos perfeitamente este ouro puro, purgado ao extremo grau de pureza, reduzido a limalha ou lamelas, encerramo-lo num recipiente de vidro e o fazemos cozer em fogo contínuo: o ouro é dissolvido pela virtude de nossa água; e retorna à sua matéria mais próxima, na qual a vida do ouro aprisionada é libertada, e ele recebe a vida do Mercúrio dissolvente, que é, em relação ao ouro, o que é a boa terra para o grão de trigo. XXII O ouro dissolvido neste Mercúrio se putrefaz, e é assim que deve ser obrigatoriamente, por necessidade da natureza. Pois após a podridão da morte renasce o corpo novo, da mesma essência que o primeiro, mas de substancia mais nobre, que recebe proporcionalmente diferentes graus de virtude segundo as quatro qualidades dos elementos. Tal é a ordem de nossa obra. Tal é toda nossa Filosofia. XXIII Por isso dizemos que nada há de secreto em nossa obra, à exceção apenas do Mercúrio, cujo Magistério consiste em prepará-lo convenientemente, extrair o Sol nele escondido, e casá-lo com o ouro, em justa proporção; e em reger o fogo como o Mercúrio exigir; porque o ouro por si mesmo não teme o fogo, e quanto mais é unido ao Mercúrio, mais isto o torna capaz de resistir a este fogo; a dificuldade desta obra é então acomodar o regime de calor à tolerância do Mercúrio. XXIV Mas se não se preparou seu Mercúrio segundo as regras, mesmo se lhe se une o ouro, este ouro permanecerá vulgar, pois que está unido a um agente extravagante, no qual ele não se transforma mais do que se tivesse sido deixado no cofre; e nenhum regime de fogo fará desaparecer sua natureza corporal, se não há nenhum agente vivo para acompanhá-lo. XXV
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br Nosso Mercúrio é uma alma viva e vivificante, e eis por que nosso ouro é espermático, como o trigo semeado é uma semente, enquanto que o mesmo trigo encerrado num celeiro permanece simples frumento, morto. Mesmo se o enterra numa caixa( ou, como o praticam os habitantes das Índias, Ocidentais que põem suas colheitas no interior de uma fossa na terra, ao abrigo de todo vapor d’água), se ele não recebe o vapor úmido da terra, está morto, quer dizer, fica improdutivo e bem longe de vegetar. XXVI Sei que muitos condenarão esta doutrina, e dirão: "Este homem afirma que o ouro vulgar é o suporte material da pedra, com o Mercúrio corrente; mas sabemos que é o contrário". Vamos, senhores filósofos, olhai em vossos bolsos: vós, que tantas coisas sabeis, aí encontrareis a pedra? Eu a possuo, sem tê-la recebido de ninguém (se não de meu Deus) nem tê-la roubado: eu a tenho, e a fiz, guardo-a diariamente comigo, freqüentemente trabalhei-a com minhas próprias mãos. Escrevo o que sei, mas isto não é para vós. XXVII Tratai pois vossas águas pluviais, vossos rocios de maio, vossos sais, tagarelai a torto e a direito, louvai vosso esperma mais poderoso até que o diabo; cobri-me de injurias; estais seguros de que vossa linguagem insultante me desola! Assevero que o ouro apenas, e o Mercúrio, são nossas matérias. Sei o que escrevo, e DEUS que perscruta os corações, sabe que eu escrevo a verdade. XXVIII E não tem cabimento acusar-me de ciúmes , escrevendo eu com a pluma audaciosa, em estilo incomum, em honra de DEUS, para utilidade de meu próximo e para condenar o mundo e as riquezas; pois já o Artista Elias nasceu, e se dizem maravilhas da Cidade de Deus. Ouso mesmo assegurar Que possuo mais riquezas do que todo o Universo conhecido; mas as emboscadas dos maldosos não me permitem delas servir-me. XXIX É com razão que desprezo e detesto essa idolatria do ouro e da prata, com os quais tudo tem preço, e que só servem à pompa e à vaidade do mundo. Que infâmia, que vão pensamento nos leva a crer que, se oculto meus segredos, é por ciúme? Enganai-vos: asseguro estar profundamente entristecido por ser um vagabundo errante por toda a terra, como se o Senhor me expulsasse de sua vista. XXX Mas, é inútil falar: o que vi, toquei e trabalhei, o que detenho, possuo e conheço, é apenas a compaixão que experimento pelos pesquisadores que me leva a esta desvelação; e também a indignação com o ouro, a prata e as pedras preciosas, não enquanto criaturas de Deus, pois assim são honráveis, e os respeito, mas porque os Israelitas, conjuntamente com o resto do mundo, os idolatram. Por isso, como o veado de ouro, desejo que sejam reduzidos a pó. XXXI Espero e aguardo que em poucos anos a prata será como esterco e que esse sustentáculo da besta do Anticristo se esboroe em ruínas. O povo está enlouquecido, e as nações insensatas tomam como Deus a esse peso inútil. Em que isso é compatível com nossa redenção próxima, tão longamente aguardada? Quando as praças da Nova Jerusalém se cobrirão de ouro, quando suas portas cintilarão com pérolas finas, e com as mais preciosas pedras, e quando a Arvore da Vida plantada no meio do Paraíso dará suas folhas para a saúde do gênero humano? XXXII Eu sei, eu sei, meus escritos serão estimados por muitos como o ouro mais fino, e o ouro e a prata, graças a meu trabalho, também assumirão tão pouco valor quanto o esterco. Crede-me, jovens aprendizes, e vós, seus pais, o tempo está às nossas portas( e não digo isso sob o império da vã ilusão, mas vejo-o, em espírito) em que nós, os Adeptos, retornaremos dos quatro cantos da terra, em que não recearemos as emboscadas engendradas contra a nossa vida, e em que daremos graças a Deus nosso
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br Senhor. Meu coração murmura-me maravilhas inauditas, minha alma exulta idéia da felicidade de todo o Israel de Deus. XXXIII Anuncio tudo isso ao mundo como pregoeiro público, a fim de não morrer inútil ao mundo. Que meu livro seja o precursor de Elias, a fim de que ele prepare a via real do Senhor. Praza aos céus que as almas nobres do mundo inteiro conheçam esta arte! Então, a abundância extrema do ouro, da prata e das pedras preciosas seriam causa de sua depreciação, e seria apreciada somente a ciência que os produz. Então, por fim, a virtude, toda nua, porque é amável por si mesma, seria honrada. XXXIV Conheço muitas pessoas que possuem a Arte, e detém suas verdadeiras chaves: todas desejam o silêncio mais rigoroso a seu respeito. Quanto a mim, a esperança que tenho em meu Deus faz-me pensar diversamente, razão pela qual escrevi este livro, desconhecido pelos Adeptos meus irmãos (com os quais estou em contato cotidiano). XXXV Deus concedeu o repouso a meu coração, dando-me fé inquebrantável, e não duvido que, usando meu talento, servirei meu senhor, a quem o devo, e a todo o meu próximo, e sobretudo, Israel; sei que ninguém pode fazê-lo frutificar tanto quanto eu mesmo, e prevejo que centenas de espíritos serão, talvez, iluminados por meus escritos. XXXVI Conseqüentemente, não consultei a carne, nem o sangue, escrevendo esta obra, tampouco procurei o assentimento de meus irmãos. Deus faça, para a glória de seu nome, que eu chegue ao objetivo que espero. Então, todos os Adeptos que me conhecem se rejubilarão com a publicação destes escritos. CAPÍTULO XIV DAS CIRCUNSTANCIAS QUE SE PRODUZEM E QUE SÃO REQUERIDAS PARA A OBRA EM GERAL. Índice
I Destaquei da arte química todos os erros vulgares e, após ter refutado os sofismas e os sonhos exóticos dos sonhadores, ensinei que a Arte deve Ter como princípios o Ouro e o Mercúrio; mostrei que o Sol é o ouro, sem duvida nem ambigüidade, e que isto não deve ser tomado metaforicamente, mas num verdadeiro sentimento filosófico; e declarei sem o menor equivoco que o Mercúrio é o azougue. II Demonstrei que o primeiro é perfeito por natureza, e que pode ser comprado; mas que o segundo deve ser fabricado pela Arte e que é uma chave. Acumulei razões tão claras e evidentes, que, ao menos que queira fechar os olhos para não ver o Sol, é impossível nada descobrir. Afirmei, e repito-o, não Ter afirmado isso pela fé que tenho nos escritos alheios: vi e reconheço o que sinceramente relatei; fabriquei, vi e possuo a pedra, o grande Elixir. III E não tenho ciúmes deste conhecimento; ao contrario, desejo que tu o consigas por meus escritos. Por outra , faço saber que a preparação do Mercúrio Filosófico é mui delicada; sua principal dificuldade é encontrar as Pombas de Diana, que estão envolvidas nos abraços eternos de Vênus, e que somente um verdadeiro Filósofo pode ver. Apenas este conhecimento é a perfeição da Teoria; enobrece o Filosofo que o detém, fazendo-o ver todos os nossos segredos; tal é o nó górdio que aquele se iniciando na arte jamais saberá desfazer se o dedo de Deus lá não estiver para guiá-lo; e é tão difícil, que é necessário se beneficiar de particular graça de Deus para chegar a seu exato conhecimento. IV
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br Dei tantos pormenores, o que ninguém fizera antes, sobre a fabricação desta água, que nada mais saberei dizer, senão dar a receita. O que, aliás, já fiz, mas sem designar os elementos sob seus próprios nomes. Resta-me descrever-te o uso e a prática, que te ensinarão facilmente a distinguir as qualidades ou defeitos do Mercúrio, assim poderás modificá-lo e corrigi-lo à tua vontade. Quando possuíres o Mercúrio animado e o Ouro, falta a purgação acidental de um e de outro; depois, as bodas; em terceiro lugar, o regime. CAPÍTULO XV DA PURGAÇÃO ACIDENTAL DO MERCURIO E DO OURO.
Índice
I O ouro perfeito se tira das entranhas da terra; lá, é encontrado em fragmentos ou sob a forma de areia. Se podes tê-lo intacto, é muito puro; senão, purga-o quer com o antimônio, quer com o cimento real, que fazendo-o ferver em água forte; e, após tê-lo reduzido em grãos e em limalha, funde-o; está pronto. II Nosso ouro produzido pela natureza, perfeito para nosso uso, que encontrei e do qual servi-me, a custo um artista em cem mil o conhece, exceto se tiver um conhecimento muito aprofundado do reino mineral; mas, também, este ouro se encontra numa matéria que todos podem achar; mas está misturado a muitos elementos supérfluos, nós o fazemos passar por numerosas provas e combinações, até que todas as escórias sejam eliminadas, e que só reste dele o que é puro, com, entretanto, alguns elementos heterogêneos; mas não o fundimos, senão sua frágil alma pereceria, e seria tão morto quanto o ouro vulgar; mas lava-o na água que tudo consome (exceto nossa matéria) ; então nosso corpo torna-se como um bico de corvo. III O Mercúrio, este, necessita uma purgação interna e essencial, que consiste na adição gradual de um verdadeiro enxofre, conforme o números das Águias: é então radicalmente purgado; este enxofre nada mais é senão nosso Ouro. Se sabes dissociá-los sem violência, depois exaltar um e outro separadamente, e de novo conjugá-los, obterás deles uma concepção que dará um filho mais nobre que qualquer substancia sublunar. IV É Diana quem pode perfazer esta obra, se é envolvida nos invioláveis abraços de Vênus. Roga ao Todo Poderoso de te descobrir este mistério, que expliquei literalmente em meus capítulos precedentes, onde este segredo foi claramente tratado; não há uma palavra ou um ponto supérfluo, e nenhum que falte. V Mas, além desta purgação essencial, falta ao Mercúrio uma purgação acidental para lavar as fezes exteriores que a operação de nosso verdadeiro enxofre rejeitou do centro à superfície. Este trabalho não é absolutamente necessário, porem acelera a obra, e eis porque é convenientemente fazê-lo. VI Toma então teu Mercúrio, que preparaste com número adequado de Águias, e sublima-o três vezes com o sal comum e pelas escorias de Marte, moendo-o ao mesmo tempo no vinagre e um pouco de sal amoníaco, ate que o Mercúrio desapareça. Então desseca-o e destila-o na retorta de vidro, com um fogo gradualmente aumentando, ate que todo o Mercúrio seja exaltado. Repete três vezes, ou mais, esta operação, depois faz ferver o Mercúrio no espírito de vinagre durante uma hora numa cucúrbita ou um vidro de fundo amplo e colo estreito, agitando-o fortemente de tempos em tempos. Decanta agora o vinagre, e leva a acetosidade com água de fonte vertida repetidamente. Enfim, faz secar o Mercúrio, e admirarás seu brilho. VII Para poupar-lhe a sublimação, podes lavá-lo com urina, ou com vinagre e sal, depois destilá-lo ao menos quatro vezes, após ter esgotado todas as Águias, sem adição, limpando a cada vez a retorta de aço com cinza e água: enfim, ferve-o no vinagre destilado durante meio dia, agitando-o fortemente de tempos em tempos. Retira o vinagre que se escurece, e recoloca-o; enfim, lava-o com água
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br quente. Pode redestilando o espírito de vinagre, liberá-lo de seu negror: manterá a mesma virtude. VIII Tudo isso serve para retirar a impureza exterior, que não adere ao centro, mas é um pouco mais obstinada na superfície; eis como será vista: toma o Mercúrio preparado com sete ou nove Águias; mistura-o com ouro puríssimo; faz o amalgama sobre papel limpo, e verás que suja o papel com um negror mui sombrio. Eliminarás esta impureza pela destilação de que já falei, pela ebulição e pela agitação. Esta preparação faz adiantar consideravelmente a obra, acelerando-a. CAPÍTULO XVI Índice DO AMÁLGAMA DO MERCÚRIO E DO OURO E DO PESO ADEQUADO DE UM E DE OUTRO. I Tudo isso sendo preparado segundo as regras, toma uma parte de ouro purgado, em lamínulas ou limalha fina, e duas partes de Mercúrio; coloca-os num almofariz de mármore que terás previamente aquecido, por exemplo, mergulhando-o em água fervente (ele seca ao ser retirado, mas conserva longamente o calor) ; mói tua composição com um pilão de marfim, de vidro, de pedra ou de ferro ( o que não é muito bom), ou de madeira; os de vidro e os de pedra são os melhores. Eu tenho o hábito de servirme de um pilão de coral branco. II Mói fortemente o composto, até que seja impalpável, mói com tanto cuidado quanto o dos pintores ao prepararem suas cores; se está tão maleável quanto manteiga, nem muito quente, nem muito frio, na condição que, colocado sobre um plano inclinado, não deixe escoar o Mercúrio como a água hidrópica subcutânea, então a consistência esta boa; se está muito seco, adicionarás exatamente o que lhe falta para obter esta consistência III A lei desta mistura é que a matéria seja bem mole e flexível , e que se possam fazer dela pequenas bolas, como manteiga, que é muito macia e cede à pressão do dedo mas que as mulheres, quando a lavam, podem moldar em bolinhas. Observa como este exemplo é correto, porque a manteiga, se é inclinada, não deixa escapar algo mais líquido que toda a massa: assim é nossa mistura. IV A natureza intrínseca do Mercúrio deve estar nesta proporção: que haja duas ou três partes do Mercúrio para uma do corpo, ou ainda, que haja três partes do corpo para quatro do espírito, ou duas por três; e segundo a proporção do Mercúrio, o amalgama será mais ou menos firme; mas recorda-te sempre que é preciso coagulá-lo em pequenas bolas, e que estas, separadas, se endurecem de tal maneira que o Mercúrio não aparece mais brilhante na parte inferior que na superior. Nota que se deixas repousar o amalgama, ele se endurece sozinho. V Deve-se julgar a consistência da composição, agitando-a; se ela tem a consistência da manteiga, se deixa moldar em bolinhas, e, colocadas com cuidado sobre papel limpo, endurecem em repouso, sem serem mais líquidas no centro que na superfície, então a proporção é correta. VI Isto feito, toma espírito de vinagre, e nele dissolve um terço de seu próprio peso de sal amoníaco. Põe neste licor, antes de seu amalgama, o Mercúrio e o Sol, num vidro de pescoço comprido; depois, deixa ferver fortemente durante um quarto de hora; retira então tua mistura do vidro, e põe de lado o licor; aquece um almofariz e tritura forte e cuidadosamente como já vimos, a composição, depois, retira todo o seu negror com água quente. Recoloca-a no mesmo licor, ferve-a de novo no mesmo vidro, tritura de novo fortemente, e lava-a. VII Recomeça esta operação até que te seja muito difícil retirara qualquer cor do amalgama; então ele
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br será tão claro quanto a mais pura prata e da brancura fulgurante do melhor polimento. Examina bem a temperatura da composição e cuida que ela esteja exatamente de acordo com as regras que dei; senão lava-a a corretas proporções e procede como indiquei mais acima. É um trabalho difícil, mas vê-lo-ás recompensado pelos sinais que aparecerão na obra. VIII Enfim, ferve teu composto na água pura, procedendo as diversas decantações, até que toda a salinidade e acrimônia tenham sido retiradas. Então, retira a água e faz secar o amalgama, o que será bem rápido. Para estar bem certo (muita água estraga a obra, pois o vapor pode partir vosso vaso, mesmo se for grande), revolve-o coma ponta de uma faca sobre um papel limpo, deslocando-o até que tudo esteja perfeitamente seco. Procede então como vou indicar-te. CAPÍTULO XVII Índice DAS PROPORÇÕES DO VASO, DE SUA FORMA, DE SUA MATÉRIA E A MANEIRA DE FECHÁ-LO. I Toma um vidro oval e arredondado, bastante grande para conter em sua esfera uma onça de água destilada no máximo, e não menos, se possível: deve-se tentar se aproximar bastante desta medida. O vidro deve ter um pescoço de um palmo ou dez dedos de altura, ser bem claro e espesso; quanto mais espesso for, melhor será, desde que possas distinguir as ações que se desencadearão dentro dele. Ele não deve ser mais espesso num ponto que no outro. II Coloca neste vidro uma meia onça de ouro com uma onça de Mercúrio; e se adicionas o triplo de Mercúrio, todo o composto não deve exceder duas onças: tal é a proporção requerida. Se o vidro não é espesso, não conseguirá resistir ao fogo, porque os ventos que são formados no vaso por nosso Embrião, quebra-lo-ão. Deve-se selar o vidro no alto com muito cuidado e prudência, que não haja a menor fenda, nem o menor orifício, senão a obra perecerá. III Assim vês que a obra, em seus princípios materiais, não ultrapassa o preço de três ducados ou três florins de ouro; mesmo a fabricação de uma libra de nossa água só custa duas coroas. Certamente reconheço que são necessários alguns instrumentos, mas não são muito caros, e se possuísses meu aparelho de destilação, não precisarias desses vidros que se partem facilmente. IV Encontram-se , mesmo assim, pessoas que imaginam que toda a despesa pouco excede um ducado; pode-se responder-lhes que isso prova que jamais realizaram praticamente a obra até o fim. Pois há outras coisas necessárias à obra, e que custam dinheiro. Mas aqueles, apoiando-se nos filósofos, pretendem que tudo o que é caro em nossa obra é enganoso. Respondo-lhes: o que é a nossa obra? Fazer a pedra? Sim, é a obra final, mas a verdadeira obra é encontrar a umidade na qual o ouro se liquefaz como o gelo na água tépida: encontrar isso é nossa obra. V Muitos se empenham em procurar o Mercúrio do Sol, outros, o Mercúrio da Lua; mas em vão. Pois nesta obra é enganoso tudo o que custa caro. Afirmo que é possível, com um florim, comprar tanto do princípio material de nossa água quanto o necessário para animar duas libras inteiras de Mercúrio, a fim de com ele fazer o real Mercúrio dos Sábios, que com tanto ardor se procura. Com ele fazemos um Sol que, assim que é perfeito, tem mais valor para o artista do que tivesse sido comprado ao preço do ouro mais puro, pois resiste também a toda prova, e é o melhor dentre todos para a nossa obra. VI Aliás os vasos de vidro ou de terra, os carvões, os vasos e os instrumentos de ferro não se dão por nada. Que os Sofistas cessem de vez seus murmúrios, suas falácias despudoradas, que a tanto
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br seduzem. Sem nosso corpo perfeito, nossa descendência de Vênus e de Diana, que é o ouro puro, não se pode obter tintura permanente. E nossa pedra, por um lado, quanto ao seu nascimento, é vil, imatura e volátil; por outro, é perfeita, preciosa, e fixa: as espécies do corpo e do espírito são do Sol e a Lua, o ouro e o Mercúrio. CAPÍTULO XVIII DO ATANOR OU FORNO FILOSÓFICO
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I Falou-se do Mercúrio, de sua preparação, e de sua virtude; do enxofre igualmente, de sua necessidade e de seu emprego em nossa obra. Indiquei como se deveria prepará-los e ensinei como misturá-los juntos. Também muito falei do vaso onde deveriam ser selados. Mas previno-te que tudo isso se deve compreender com uma pitada de sal, receando que, tudo tomado literalmente, não ocorra te enganares freqüentemente. II Expliquei, efetivamente, com inusitada clareza essas sutilezas filosóficas; mas se não suspeitaste das numerosas metáforas contidas nos precedente capítulos, não recolherás outra colheita senão a da perda de tempo, da despesa e da fatiga. Por exemplo, quando disse sem nenhuma ambigüidade que um dos princípios era o Mercúrio e o outro o Sol, que um se vendia comumente, e que o outro deveria ser fabricado por nossa arte, se não sabes qual é o ultimo, ignoras o sujeito de nossos segredos; mas podes, em seu lugar, trabalhar com o Sol vulgar; cuidando para bem compreender o que digo, porque nosso Sol é um ouro de qualidade que resiste a todo exame, e por isso pode ser vendido( uma vez reduzido a metal) sem escrúpulo. III Nosso Ouro não poderia, no entanto, ser comprado, a qualquer preço que seja, mesmo que por ele quisesses dar uma coroa ou um reino, pois é "um dom de Deus". Nosso Ouro não podemos obter em sua perfeição ( ao menos comumente) porque, para que seja o nosso, é necessária a nossa arte. Podes também, procurando bem, encontrar nosso Sol e a Lua vulgar. Pois nosso Ouro é a matéria mais próxima de nossa pedra, o Sol e a Lua vulgares são dela matéria próxima, e todos os outros metais, matéria afastada, e até mesmo estranha. IV Eu mesmo procurei e encontrei-o no Sol e na Lua vulgares, mas fazer a pedra a partir de nossa matéria é trabalho bem mais fácil que extrair nossa verdadeira matéria de não importa qual metal vulgar. Nosso Ouro , realmente, é um Chaos cuja alma não é afugentada pelo fogo, enquanto que o ouro vulgar é um corpo cuja alma deve, para estar ao abrigo da força tirânica do fogo, se refugiar num lugar bem fortificado. É o que faz dizer aos Filósofos que o fogo de Vulcano é a morte artificial dos metais porque todos aqueles que sofreram a fusão, nela perderam a vida. Então, se sabes praticar habilmente esta fusão, quer de seu corpo imperfeito, quer do Dragão ígneo, não precisas qualquer outra chave para nossos arcanos. V Mas se procuras nosso Sol numa substancia intermediária entre o perfeito e o imperfeito, podes encontrá-lo; dissolve então o corpo do Sol vulgar, o que é um trabalho de Hércules e que é chamado nossa primeira preparação, pela qual é afastado o encantamento que atava este corpo e o impedia de exercer seu papel de macho. Se segues a primeira via, deves empregar um fogo muito suave, do começo ao fim; mas seguindo a Segunda, deves implorar o socorro do tórrido Vulcano, isto é, precisas aplicar o mesmo fogo que nos administramos na multiplicação, quando o Sol corporal ou a Lua vulgar servem de fermento ao Elixir para perfazê-lo. Isto será para ti verdadeiro labirinto, donde só sairás se agires com sabedoria. VI
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br Qualquer que seja o procedimento que sigas, seja com o Sol vulgar, quer com o nosso, deverás operar com um calor igual e contínuo. Sabe também que teu Mercúrio, nas duas obras, se bem que sejam radicalmente um, é diferente em sua preparação; e tua pedra, com o nosso ouro, é completada dois ou três meses antes que nossa matéria primeira tenha sido extraída do Sol e da Lua vulgares; e o elixir de um será o primeiro grau de sua perfeição e de virtude muito maior que da outra, na terceira rotação da roda. VII Ademais, se trabalhas com nosso Sol, farás a cibação , e embebição e a fermentação, que farão crescer sua força ao infinito; na outra obra, precisas antes iluminá-la e inseri-lo como o "Grande Rosário" o explica abundantemente. VIII Enfim, se trabalha com nosso Ouro, podes calcinar, putrefazer e purificar por um fogo de natureza muito suave, interno, com a ajuda exterior de um banho vaporoso como o do esterco. Mas se trabalhas com o Sol vulgar, é preciso por sublimação e ebulição adaptar certas matérias, e depois uni-la ao leite da Virgem. Mas por qualquer caminho que sigas, não poderás chegar a nada sem fogo. Não é pois em vão que o verídico Hermes estabeleceu, ao lado do Sol que faz o papel de pai e da Lua, a mãe, o fogo, como o terceiro governador de tudo. Mas isto deve ser compreendido em relação ao forno verdadeiramente secreto, que nenhum olho vulgar jamais viu. IX Há, não obstante, outro forno, que chamamos o forno comum, que é nosso Henrique, O Lento (Henricus Lentus) , feito de tijolos ou de argila ou de laminas de ferro e bronze bem unidas com argila: chamamos este forno de Athanor, cuja forma, uma torre com um ninho, agrada-me bastante. Esta torre deve Ter aproximadamente dois pés, ou pouco mais , de altura; nove polegadas, ou um palmo comum, de diâmetro interno, entre as lâminas, aproximadamente duas polegadas de espessura, em baixo, de cada lado; a parte baixa contendo o fogo, feita de argila, será mais espessa que a parte superior, mas as concordâncias devem ser lisas, e espessuras diminuindo insensivelmente; deve Ter uma altura de sete a oito polegadas. X Acima do solo, ou dos alicerces, uma pequena porta, para retirar as cinzas, de três ou quatro polegadas de altura, ou pouco mais; que aí se coloque uma pequena grelha, com uma pedra que se adaptará um pouco acima da grelha, à altura de uma polegada, haverá dois buracos para permitir acesso ao ninho, completamente fechado alhures e soldado ao flanco da torre. Os buracos terão um diâmetro aproximado de uma polegada, o ninho uma capacidade de três a quatro ovos de vidro, mas não mais. A torre e o ninho não devem comportar a menor fissura; o ninho não pode estar abaixo da plataforma, mas o fogo pode tocar diretamente a plataforma e sair por dois, três ou quatro buracos. O ninho deve Ter uma tampa com uma pequena janela, na qual possa caber um vidro de aproximadamente um pé de altura, ou então que se coloque no topo. XI Estando tudo destarte assim disposto, colocar o forno num lugar iluminado; introduzir carvões pelo alto, inicialmente, carvões ardentes, depois outros, enfim, para que nenhum acesso se abra para o ar, fechar o topo com a tampa, que se consolidará com cinzas peneiradas. Num tal forno poderás levar a bom termo a obra, do começo ao fim. XII Mas, se és curioso, podes descobrir outros meios para administrar o fogo adequado. Mas dispõe o Athanor de modo que, sem deslocar o vidro, possas aplicar a teu talante não importa que grau de calor, desde o calor da febre até o de um pequeno revérbero, ou o fogo de um rubro sombrio, a fim de que, mesmo neste grau muito elevado, o fogo possa durar por si mesmo durante ao menos oito ou dez horas, sem que tenhas de adicionar carvão; uma queima mais rápida exigiria demasiado trabalho depois. Agora, abre-se para ti a primeira porta.
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br XIII Mas, quando estiveres de posse da pedra, preferirás tornar este forno portátil ( como eu mesmo fiz), porque pode ser deslocado facilmente, e as outras operações não são tão difíceis nem tão complicadas; exigem muito pouco tempo, e não há necessidade de um grande forno que seria de transporte dificultoso, mesmo se, com o hábito,, possas construi-lo mais depressa, e alimentar com carvões, com menos fumaça, durante o espaço de talvez uma semana, no máximo duas ou três, durante o tempo de multiplicação. CAPÍTULO XIX DO PROGRESSO DA OBRA DURANTE OS QUARENTA PRIMEIROS DIAS
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I Nosso Mercúrio e nosso Sol, uma vez preparados, encerra-os em nosso vaso e rege-os com nosso fogo; e em quarenta dias verás toda a matéria convertida numa sombra, ou em átomos, sem nenhum motor ou movimento visíveis, nem calor perceptível ao tato, exceto por estar a matéria quente. II Mas se o mistério de nosso Sol e de nosso Mercúrio te continua oculto, não prossegue o trabalho; seria para ti apenas despesa inútil. No entanto, se ainda não conheces em toda a extensão o processo da invenção de nosso Ouro, mas se adquiriste a ciência de nosso Mercúrio, sabendo após qual preparação ele deve ser unido ao corpo perfeito, que é grande mistério, então toma uma parte de Sol vulgar bem purificado, e três partes de nosso Mercúrio já iluminado; com eles, faz uma mistura, como se disse mais acima, e coloca-os sobre o fogo, dando-lhes calor bastante para fazê-lo ferver e suar; que circule sem descontinuidade, dia e noite, durante noventa dias e outras tantas noites, e verás que este Mercúrio terá separado e de novo reunido todos os elementos do Sol vulgar; depois, faz ferver ainda cinqüenta dias, e verás durante esta operação teu Sol vulgar transformado em nosso Sol, que é medicina de primeira ordem. III Será então, o nosso enxofre a surgir; mas ainda não oferecerá tintura. E crê-me, esta é a via que seguiram muitos Filósofos, e encontraram a verdade; é um método muito trabalhoso, feito para os ricos e poderosos da terra, porque, uma vez obtido o enxofre, não pensa já Ter a pedra, mas apenas a sua verdadeira matéria, coisa imperfeita que podes procurar e encontrar em uma semana por nossa Via, via fácil e rara, que Deus reservou para seus pobres desdenhados e seus santos desprezados. IV Decidi falar-vos demoradamente deste método, se bem que ao começar o livro, tivesse resolvido escondê-lo sob profundo silencio. É o maior Sofisma de todos os Adeptos: uns falam do ouro e da prata vulgares, e falam com justeza; outros negam a mesma coisa, e dizem também a verdade. Movido pela caridade, estender-te-ei mão segura e interpelo todos os Adeptos e os acuso de ciúme. Eu também decidira seguir o caminho do ciúme, mas Deus desviou-me de meu desígnio: que por isto seja eternamente louvado! V Digo então que ambas as vias são verdadeiras, porque ao fim, são a mesma via, se bem que no começo sejam diferentes. Pois todo o nosso segredo se encontra em nosso Mercúrio e nosso Sol. Nosso Mercúrio é nossa via, e sem ele nada se fará; igualmente, nosso Sol não é o ouro do vulgo, porém, no ouro vulgar se encontra nosso Sol, se não, como os metais seriam homogêneos? VI Se, pois, conheces o método para iluminar nosso Mercúrio como necessário, poderás uni-lo ao ouro vulgar em vez de nosso Sol ( nota porém que a preparação do Mercúrio deve ser diferente segundo o ouro utilizado). Com o regime conveniente, obterás nosso Sol após cento e cinqüenta dias: com efeito, ele
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br provém naturalmente do Mercúrio. VII Se os elementos do ouro vulgar são dispensados por nosso Mercúrio e são novamente reunidos, a mistura inteira , graças à ação do fogo, se tornará nosso Ouro; unido em seguida ao Mercúrio que preparamos e que chamamos nosso leite da Virgem, este ouro cozido seguramente te dará todos os sinais descritos pelos Filósofos, na condição de que o fogo seja aquele que indicaram. VIII Mas, se nossa decocção de ouro vulgar ( por mais puro que seja) unes o mesmo Mercúrio que usualmente se junta ao nosso Ouro, se bem que, para falar genericamente, são oriundos da mesma fonte, e se lhe aplicas o mesmo regime de calor que os Sábios dizem em seus livros ter aplicado a nossa pedra, estás indubitavelmente no caminho do erro: é o grande labirinto onde caem quase todos os iniciantes, porque todos os Filósofos, em seus livros, falam de duas vias, que são realmente a mesma fundamentalmente, mas uma é mais direta que a outra. IX Aqueles que falam do Sol vulgar, como o faço às vezes neste pequeno tratado, e como o fizeram Artephius, Flamel, Ripley e muitos outros, devem ser assim entendidos: que o Sol filosófico deve ser feito do Sol vulgar e de nosso Mercúrio, e que este Sol, por uma liquefação reiterada, dará um enxofre e um Mercúrio fixo, incombustível e fornecendo uma tintura à toda a prova. X Semelhante, e consoante esta maneira de compreender, nossa pedra existe em todos os metais e minerais, porque se pode, por exemplo, extrair destes o Sol vulgar, donde se tira facilmente nosso Sol próximo: quero dizer que nosso Sol se encontra em todos os metais vulgares, mas que está mais próximo no ouro e na prata. É por isso, diz Flamel, que alguns trabalham em Júpiter, outros em Saturno; mas quanto a mim, trabalhei com o Sol e encontrei-o nele. XI Há, porem, no reino metálico algo de origem maravilhosa, na qual nosso Sol está mais próximo que no Sol e na Lua vulgares, se o procuras a hora de seu nascimento; isso funde em nosso Mercúrio, como o gelo na água morna, mas isso se assemelha de certa forma ao ouro. Isto não aparece na manifestação do Sol vulgar, mas, pela revelação do que está escondido em nosso Mercúrio, esta mesma coisa pode ser encontrada após uma digestão de cento e cinqüenta dias neste Mercúrio; eis aí nosso ouro, procurado pela via mais longa, e ainda não tão forte quanto o que a natureza nos deu. XII Pela terceira rotação da roda, encontrarás o mesmo nos dois, com a diferença de que no primeiro o encontrarás em sete meses, ao passo que precisarás um ano e meio, senão dois, para encontrá-lo no segundo. Conheço as duas vias, mas aconselho a primeira como a mais fácil para todas as pessoas engenhosas; mas indiquei a mais penosa para não atrair sobre minha cabeça o anátema de todos os Sábios. XIII Sabe então que esta é a única dificuldade que se experimenta com a leitura dos livros dos homens mais sinceros: provém de que todos dão variantes a propósito de um só regime. E quando falam de uma operação, prescrevem o regime de outra; fiquei longamente embaraçado, antes de me desembaraçar das malhas desta rede. Assim, declaro que o calor deve ser em nossa obra o mais suave possível para a natureza, se bem compreendestes isto. XIV Se trabalhas com o Sol vulgar , esta obra não é propriamente nossa Obra, mas a ela leva diretamente, a seu tempo. É preciso, no entanto, uma cocção muito forte e um fogo proporcionado; depois
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br deve-se prosseguir com um fogo muito suave, com o nosso Athanor de torre, que acho realmente digno de elogios. XV Portanto, se trabalhaste com o Sol, vulgar, cuida de realizar o casamento de Diana e de Vênus no começo das núpcias de teu Mercúrio; depois coloca-os no ninho, e, com o fogo adequado, verás o quadro colorido da Grande Obra, a saber: o negro, a cauda de pavão, o branco, o citrino e o vermelho. Recomeça então esta operação com o Mercúrio, que se chama o leite da Virgem, dando-lhe o fogo do banho de rocio, e no máximo o de areia temperada com as cinzas; e verás não somente o negro, mas o negro mais negro que o negro, e toda a escuridão, bem como o branco e o rubro perfeito, e isto por um suave proceder. Deus, com efeito, não estava no fogo, nem no vento, mas sua voz chamou por Elias. XVI Se conheces a arte, tira nosso Sol de nosso Mercúrio: então todos os segredos emergirão duma só imagem, o que, acredita-me, é coisa mais perfeita que toda perfeição do mundo, segundo o Filosofo que disse: "Se podes levar a bom termo a obra a partir unicamente do Mercúrio, terás encontrado a obra mais preciosa de todas". Nesta obra, nada há de supérfluo; tudo , graças ao Deus vivo, se transforma em pureza, porque a ação se faz sobre um só sujeito. XVII Se é que começas o trabalho pela obra do Sol vulgar, então a ação e a paixão se farão em duas coisas, do que só se deve tomar a substancia média e rejeitar as impurezas. Se meditares profundamente sobre o que acabo de dizer em algumas palavras, possuirás a alavanca que ergue todas as contradições aparentes dos filósofos. Por isso que Ripley ensina a fazer girara roda três vezes, no "Capítulo da Calcinação", onde fala expressamente do Sol vulgar; sua tripla doutrina das proporções concorda com estas proporções, aonde, aliás, é muito misterioso, porque estas três proporções servem a três operações. XVIII Há uma secretíssima operação, se bem que puramente natural, que se faz em nosso Mercúrio com nosso Sol, e é a esta obra que se devem atribuir todos os sinais descritos pelos sábios. Esta obra não se realiza com o fogo, nem com as mãos, mas somente com um calor interior: o calor exterior apenas repele o frio e vence seus sintomas. XIX Há uma segunda operação, no Sol vulgar e nosso Mercúrio, que se faz com um fogo ardente, durante muito tempo em que um e outro cozinham, por intermédio de Vênus, até que a pura substancia de um e de outro seja expressa, o que é o suco da Lunária. É recolhido, após se ter retirado as impurezas. Não é ainda a pedra, mas o nosso verdadeiro enxofre, que se deve cozer mais ainda com nosso Mercúrio, que é seu próprio sangue, até que se torne uma pedra de fogo, muito penetrante e tintorial. XX Há, por fim, terceira operação , mista, que se faz misturando ouro vulgar e nosso Mercúrio, em peso conveniente, e adicionando um fermento de nosso enxofre em quantidade suficiente. Então se cumprem todos os milagres do mundo, e se realiza um Elixir capaz de dar a seu possuidor as riquezas e a saúde. XXI Procura pois, com todas as tuas forças, nosso enxofre. Encontraras, crê, em nosso Mercúrio, se os destinos te chamam (Si te fata vocant) . Se não, procura nosso Sol e nossa Lua no Sol vulgar, com o calor e o tempo que convém; mas esta via é plena de espinhos, e empenhei-me diante de Deus e a equidade, em nunca dizer claramente, em palavras nuas, dos dois regimes, distinguindo-os. Mas faço o juramento de que, quanto ao resto, desvelei toda a verdade. XXII
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br Toma então o Mercúrio que descrevi, e junta-o ao Sol, seu grande amigo; e após sete meses, ou nove, ou dez, no máximo, de nosso regime de calor, obterás certamente o que desejas. Mas ao cabo de cinco meses verás nossa Lua cheia. E são estes os verdadeiros termos necessários para conseguir esses enxofres cuja cocção reiterada te dará nossa pedra e as tinturas, com a graça de Deus, a quem toda a glória e toda a honra sejam dedicadas eternamente. CAPÍTULO XX DA CHEGADA DO NEGROR NA OBRA DO SOL E DA LUA
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I Se trabalhaste o Sol e Lua para neles procurar nosso enxofre, examina se tua matéria está inchada como a massa de pão, fervente como a água, ou antes, como piche fundido. Porque nosso Sol e nosso Mercúrio têm uma imagem emblemática na obra do Sol vulgar com nosso Mercúrio. Com teu forno aceso com fogo vivo, espera vinte dias, tempo durante a qual observarás diversas cores; pelo fim da Quarta semana, ou menos, se o calor foi bem contínuo, verás um verdor agradável que não desaparecerá antes de dez dias aproximadamente. II Então regozija-te, porque certamente, em breve, verás tudo negro como carvão, e todos os membros de teu composto serão reduzidos a átomos. Esta operação, de fato, nada mais é que a resolução do fixo no não fixo, a fim de que um e outro, conjugados a seguir, não sejam mais que uma única matéria, em parte espiritual, e em parte corporal. Por isso o Filósofo diz: "Toma um cão de Corascena, e uma pequena cadela da Armênia, acasala-os, e engendrar-te-ão um filho da cor do céu". Porque estas naturezas, após uma breve decocção, se transforma num caldo semelhante à escuma do mar ou uma bruma espessa tinta de cor lívida. III E juro-te pela fé prometida que nada escondi, exceto o regime; mas se és um sábio, deduzirás mui facilmente qual, das minhas palavras. Se então queres conhecê-lo bem, toma a pedra que falei acima, conduz a operação como sabes, e resultarão as seguintes coisas notáveis: primeiramente, desde que a pedra tenha sentido o fogo que lhe é adequado, o enxofre e o Mercúrio escoarão juntos sobre o fogo, como a cera; o enxofre queimará e mudará de cor a cada dia; o Mercúrio, por sua vez, permanecerá incombustível, sendo por algum tempo tingido com as cores do enxofre, mas não será impregnado, e lavará completamente o latão de todas as suas impurezas. Envia o céu sobre a terra tantas as vezes quantas necessárias, até que aterra tenha recebido natureza celeste. Ó santa natureza, que sozinha cumpres o que é impossível a qualquer homem! IV Podes estar certo de que a fêmea sofreu os abraços do macho quando tiveres visto em teu vidro as naturezas se misturarem, como um sangue coagulado e queimado. Espera então dezessete dias após a primeira dessecação de tua matéria, quando as duas naturezas se transformam num caldo grosso; circularão juntas, tal como bruma espessa ou escuma do Mar, como se disse, cuja cor será muito obscura. Então crê firmemente que a progênie real foi concebida, porque, a partir deste momento, observarás no fogo, e sobre as paredes do vaso, vapores verdes, amarelos, negros e azuis. São ventos, freqüentes durante a formação de nosso embrião, e deve-se retê-los com cuidado, para que não se escapem, e que se reduza a obra a nada. V Atenta também para o odor, que por acaso se exale por qualquer fissura , pois a força da pedra sofreria dano considerável; por isso o Filósofo ordena conservar zelosamente o vaso com seu fechamento; e previno-te que não se deve interromper o obra, nem mover o vaso sem abri-lo, nem cessar o cozimento em nenhum instante; mas continua a cozer até que vejas o humor consumido, o que se produzirá ao fim de trinta dias; então, alegra-te, e asseguro estares no bom caminho.
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br VI Vela sobre tua obra, porque talvez duas semanas após este momento, verás toda atua terra seca e extraordinariamente negra. Então, ocorre a morte do composto: os ventos cessam e todas as coisas se abandonam ao repouso. Será o grande eclipse do Sol e da Lua durante a qual nenhuma das luminárias iluminará a terra e desaparecerá o mar. Então será perfeito o nosso Chaos: ao comando de Deus nascerão todos os milagres do mundo, na ordem que lhes é própria. CAPÍTULO XXI DA COMBUSTÃO DAS FLORES E DO MEIO DE EVITÁ-LA
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I Não é erro leve, mas é cometido facilmente, a combustão das flores antes que as naturezas ainda frágeis sejam complemente extraídas das profundezas em que se encontram. Este erro deve ser particularmente evitado, após a terceira semana. Realmente, no início há uma tal quantidade de humor que, se conduzes a obra com um fogo mais forte do que o necessário. O vaso frágil não suportará a abundância dos ventos e se partirá logo, a menos que por acaso, teu vaso seja muito grande; mas então, o humor será de tal modo disperso, que não retornará sobre seu corpo, ao menos não o suficiente para restaurá-lo. II Mas assim que a terra tiver começado a reter uma parte de sua água, e como agora não há mais quase vapores, o fogo poderá ser aumentado sem nenhum inconveniente ara o vaso; mas a obra será estragada, e mostrará uma cor de papoula silvestre, e ao fim, todo o composto se tornará um pó seco, inutilmente rubificado. Julgarás, por este justo sinal, que o fogo foi muito forte, a ponto de ter sido contrário à verdadeira conjunção. III Sabe que nossa obra exige uma verdadeira mutação das naturezas, que só pode ser feita se união de uma e outra for total. Mas elas só podem se unir sob a forma da água. Pois não há união dos corpos, mas um choque, longe de que possa haver união de um corpo e de um espírito graças às partículas mínimas; mas os espíritos poderão bem unir-se entre eles. Por isso é necessária a água homogênea dos metais, à qual se prepara o caminho por uma calcinação prévia. IV Logo, esta dessecação não é verdadeiramente dessecação, mas a redução a átomos sutilíssimos, graças ao crivo da natureza, da água misturada à terra; a água exige esta redução, para que aterra receba o fermento transmutativo da água. Mas com o calor mais violento que convém, esta natureza espiritual, tendo sido como que mortalmente golpeada com um malho, o ativo se torna passivo e o espiritual, corporal, quer dizer, um precipitado rubro inútil; enquanto que o calor conveniente proporcionaria cor negra como a do corvo, por certo, triste cor, mas altamente desejável. V Vê-se entretanto, no começo da verdadeira obra, uma cor vermelha muito pronunciada; mas provém duma abundância conveniente de humor, e mostra que o céu e a terra estão unidos e conceberam o fogo natural; por isso todo o interior do vidro será tingido de cor dourado; mas esta cor não durará, e logo nascerá o verde, deve-se agora esperar um pouco o negro, mas sendo paciente, verá teus votos cumpridos; apressa-te lentamente, continua porém a aplicar um fogo forte e, entre Sila e Caribe, como piloto experimentado, dirige teu navio, se desejas recolher as riquezas de uma e outra das Índias. VI De tempos em tempos, verás como que ilhotas, espigas, ramalhetes de diversas cores aparecendo sobre as águas e sobre os flancos do vaso; dissolver-se-ão rapidamente e outros surgirão. A terra, de fato, ávida de germinação, produz sempre algo: pensarás, às vezes, perceber no vidro pássaros, animais, répteis, e cores agradáveis de se ver, mas efêmeras.
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br VII Continua-se ininterruptamente o fogo conveniente e todos estes fenômenos terminarão antes do qüinquagésimo dia num pó de nigérrima cor. Senão, o erro se deverá a teu Mercúrio, ou a teu regime, ou à disposição de tua matéria, a menos que, por acaso, tenhas deslocado ou agitado fortemente o vidro, o que pode dilatar o prazo da obra, ou até mesmo, perdê-la. CAPÍTULO XXII O REGIME DE SATURNO, O QUE É, E POR QUE É ASSIM CHAMADO.
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I Todos os Magos que escreveram sobre este trabalho filosófico falaram da obra e do regime de Saturno; muitos compreenderam-no parcialmente e foram lançados em diversos erros, alguns, por causa de seus preconceitos, outros, por cauda da excessiva confiança nesses escritos; trabalharam com o chumbo, mas com pouco sucesso. Sabe, não obstante, que nosso chumbo é mais precioso que qualquer ouro; é o limo onde a alma do ouro está unida com o Mercúrio para gerar em seguida Adão e Eva, sua esposa. II Por isso ele, o maior, humilhou-se a ponto de assumir o último lugar; é preciso que espere a redenção de todos os seus irmãos em seu sangue. Assim a tumba em que nosso rei está enterrado é chamada Saturno em nossa obra, e a chave da obra de transmutação. Feliz aquele que pode saudar este planeta de lento caminhar! Roga a Deus, meu irmão, que ele te julgue digno desta bênção, porque ela depende não daquele que a busca, ou deseja, mas unicamente do Pai das Luzes. CAPÍTULO XXIII DOS DIFERENTES REGIMES DESTA OBRA.
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I Estejas certo, tu, aprendiz estudioso, de que toda a obra da pedra só o regime é oculto, do qual o filósofo disse a verdade, daquele que tiver seu conhecimento científico, de que será honrado pelos princípios e os poderosos da terra. E juro-te, com toda a sinceridade, que apenas isto fosse claramente exposto, mesmo os imbecis mofariam da Arte. II Pois, uma vez conhecido, tudo é apenas trabalho de mulheres, jogo de crianças: basta fazer cozer. Causa de os Sábios terem com grande artifício escondido este segredo, e estejas certo de que também o fiz, se bem que tenha parecido falar d grau do calor; mas, como propus e mesmo prometi escrever com franqueza neste pequeno tratado, devo ao menos algo fazer para não decepcionar a esperança e o trabalho dos leitores estudiosos. III Sabe, pois, que nosso regime é único e linear em toda a obra: trata-se de cozinhar e digerir. Porém, este regime único contém muitos outros em si mesmo, que os invejosos esconderam sobre variegados nomes e descreveram como operações diferentes. Eu me manifestarei mais claramente o candor que prometi, o que chamarias uma lhaneza inusitada de minha parte sobre este assunto. CAPÍTULO XXIV DO PRIMEIRO REGIME DA OBRA, QUE É O DO MERCÚRIO.
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I Logo de inicio falar-te-ei do regime do Mercúrio, segredo jamais tratado por nenhum Sábio; começaram, por exemplo, pela Segunda obra, quer dizer, o regime de Saturno, e não mostraram ao principiante nenhuma luz antes do sinal essencial do negror. Sobre este ponto silenciou o bom conde
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br Bernard Trévisan, que ensina em suas parábolas que o Rei, quando vem à fonte, tendo deixado afastados todos os estrangeiros, entra só no banho, vestido com um hábito dourado, que retira e envia a Saturno, do qual recebe um hábito de seda negra. Mas ele não diz quanto tempo passa antes de deixar este hábito de ouro e emudece sobre todo o regime de talvez quarenta, ou mesmo por vezes, cinqüenta dias; e durante esse tempo, privados de guia, os infelizes principiantes entregam a experiências temerárias. Claro, depois da chegada do negror até o fim da obra, o artista é a cada dia confortado pelos novos sinais que aparecem, mas reconheço ser embaraçoso errar durante cinqüenta dias sem guia, sem dedicação e sem garantia. II Digo que todo o intervalo de tempo desde a primeira ignição até o negror é o regime do Mercúrio; do Mercúrio filosófico, que opera só durante todo este tempo, seu companheiro permanecendo morto até o momento propício. E isto, ninguém revelou antes de mim. III Assim, uma vez os materiais conjugados, que são nosso Sol e nosso Mercúrio, não crê, como os alquimistas vulgares que o pôr do sol logo chegará. Certamente que não. Esperei muitíssimo antes que houvesse a paz entre a água e o fogo, o que os ciumentos brevemente indicaram quando chamaram, na primeira obra, sua matéria de "REBIS", quer dizer, uma coisa composta de duas substancias, segundo o poeta: "Rebis é coisa única, composta de duas, Ambas formando coisa una, Dissolve-se para que em Sol ou Luna Os Espermas sejam mudados, princípios das duas." IV Estejas bem certo de que, se bem que nosso Mercúrio devora o Sol, não é da maneira que pensam os Químicos Filosofistas. Porque, mesmo se o unes ao nosso Mercúrio, após uma espera de um ano recuperarás o Sol intacto e em plena posse de sua virtude primeva, se não o fizeste cozinhar ao grau conveniente de calor. Quem o contrario afirmar, Filósofo não pode ser. V Aqueles no caminho do erro crêem que dissolver os corpos é uma operação tão fácil que imaginam que o ouro imerso no Mercúrio dos Sábios deve ser devorado num piscar de olhos, compreendendo mal a passagem do conde Bernard Trévisan, onde fala de seu livro de ouro mergulhado na fonte e que ele não pode recuperar. Mas aqueles que penaram com a dissolução dos corpos podem atestar a verdadeira dificuldade desta operação. Eu mesmo, por Ter sido freqüentemente testemunha ocular, certifico que é preciso grande sutileza para controlar o fogo, após a preparação da matéria, de modo a dissolver os corpos sem queimar suas tinturas. VI Em conseqüência, atenta para a minha doutrina. Toma o corpo que te indiquei e coloca-o na água de nosso mar, e cozinha-o ao fogo contínuo conveniente até que subam o rocio e as nuvens e que recaiam em gotículas, dia e noite, sem interrupção. E sabe que por esta circulação o Mercúrio sobe em sua natureza primeira, ate que, muito depois, o corpo comece a reter um pouco d’água: e assim comunicam-se mutuamente suas qualidades VII Mas, como nem toda a água sobe pela sublimação e permanecendo sempre uma parte com o corpo no fundo do vaso, o corpo é continuamente fervido e filtrado nesta água, ao passo que as gotas que recaem penetram a massa residual; e a água é tornada mais sutil por esta circulação continua e , enfim, extrai suavemente, delicadamente, a alma do Sol.
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br VII Assim por intermédio desta alma, o espírito é reconciliado com o corpo e a união de um e outro é realizada na cor negra, ao fim de no máximo, cinqüenta dias. Esta operação chama-se regime do Mercúrio, porque circula elevando-se, enquanto nele se embebe o corpo do Sol, embaixo: e este corpo, na operação, é passível até a aparição das cores; sobrevem discretamente após mais ou menos vinte dias de ebulição conveniente e contínua; por conseguinte, estas cores se reforçam, e multiplicam, variando até a perfeição no negror nigérrimo, que o qüinquagésimo dia te dará, se tiveres sorte CAPÍTULO XXV DO SEGUNDO REGIME DA OBRA, QUE É DE SATURNO
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I Terminado o regime de Mercúrio, cuja obra é despojar o rei de sua vestimentas de ouro, de fatigar o leão por muitos combates e atormentá-lo até a última lassidão, então aparece o regime de Saturno. Realmente, DEUS quer, para levar a bom termo a obra encetada, e é a lei deste espetáculo, que saída de um regime seja a entrada de outro, a morte de um, o nascimento de outro; apenas tenha Mercúrio terminado seu reinado, entra seu sucessor, Saturno, que ocupa o nível mais alto, depois daquele. O leão morrendo, nasce o corvo. II Este regime é igualmente linear no que concerne à cor, o negro nigérrimo. Mas, não se vê fumaça, nem vento, nem nenhum sintoma de vida, mas ora o composto está seco, ora assemelha-se ao piche fundido. Ó triste espetáculo, imagem da morte eterna, mas que mensageiro agradável ao artista! Pois não é uma negrura ordinária, mas brilhante, mais que o negro mais intenso. E assim que vires a matéria, no fundo do vidro, inflar-se como a massa de pão, jubila-te: é que o espírito vivificante aí está encerrado, e, quando achar conveniente, o Todo Poderoso dará a vida a esses cadáveres. III Tu ao menos toma cuidado com o fogo, que deves aqui conduzir com julgamento são, e juro-te pela fé empenhada, que se, à força de aumentá-lo, fazes neste regime sublimar algo, perderás toda a obra, inevitavelmente. Contenta-se, com o bom Trévisan, em seres mantido na prisão durante quarenta dias e quarenta noites, e permite à tua frágil matéria permanecer no fundo, que é o ninho de sua concepção; estejas certo que após o período determinado pelo Todo Poderoso para esta operação, o espírito renascerá glorioso e glorificará seu corpo; subirá, asseguro, e circulará, sem violência; elevar-se-á do centro para os céus, e descerá dos céus para aterra, recolhendo a força do que está no alto e do que está embaixo. CAPÍTULO XXVI DO REGIME DE JÚPITER
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I Ao negro Saturno sucede Júpiter, que é de outra cor. Pois após a putrefação necessária e a concepção feita no fundo do vaso, pela vontade de DEUS, verás novamente as cores cambiantes, e uma sublimação circulante. Este regime não é longo, não dura mais que três semanas. Durante este tempo, aparecerão todas as cores imagináveis, que não podem ser notadas precisamente. As chuvas, ao longo destes dias, se multiplicarão; e ao fim, após tudo isto, uma brancura muito bela de se ver, em forma de estrias ou cabelos, se mostrará sobre as paredes do vaso. II Então rejubila-te, pois cumpriste ditosamente o regime de Júpiter . A prudência, neste regime, deve ser extrema. Para os filhotes dos corvos, quando tiverem deixado o ninho, não retornem a ele. Igualmente, para não verter a água com tão pouca moderação, que a terra que reste seja abandonada, seca e inútil, no fundo do vaso. Terceiramente, para não irrigar a terra excessivamente, a ponto de sufocá-
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br la. Todos estes erros, evita-lo-ás com bom regime de calor exterior. CAPÍTULO XXVII DO REGIME DA LUA
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I O regime de Júpiter estando completamente terminado, ao fim do quarto mês verás aparecer o sinal da Lua crescente; e isto, sabe, porque o regime de Júpiter foi inteiramente consagrado a purificar o latão. O que purifica é alvíssimo em sua natureza, mas o corpo que ele deve limpar é de um negro extremamente escuro. Durante este trânsito do negro para a brancura, distingue-se todas as cores intermediárias; e quando elas desaparecem tudo torna-se branco, um branco que não é perfeito desde o primeiro dia, mas passa gradativamente do branco ao alvíssimo. II E sabe que neste regime tudo se torna à visão, tão líquido quanto o azougue, e é o que chama a sigilação da mãe no interior do ventre do infante que ele engendrou; ver-se-ão neste regime cores variadas, belas, momentâneas e desaparecendo rapidamente, mas mais próximas do branco do que do negro, assim como no regime de Júpiter elas participavam mais do negro que do branco. E sabe que o regime da Lua será terminado em três semanas. III Mas, antes que termine, o composto se revestirá de mil formas. Pois crescendo os rios antes da coagulação cem vezes por dia; às vezes se assemelhará a olhos de peixe, por vezes imitará a forma de uma árvore de prata mui fina com ramos e folhas. Numa palavra, ficarás a cada momento estupefato de admiração com o que vires. IV E finalmente, terás grãos muito brancos, tão finos quanto átomos do Sol, e mais belos do que qualquer coisa já vista por olho humano. Damos graças eternas a nosso DEUS, que produziu esta obra. Realmente, é a verdadeira e perfeita tintura ao branco, se bem que de primeira ordem somente, e, por conseguinte, de medíocre virtude em relação à virtude admirável que adquirirá pela repetição da preparação. CAPÍTULO XXVIII DO REGIME DE VÊNUS
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I O mais surpreendente de tudo é que nossa pedra, inteiramente perfeita e capaz de dar uma tintura perfeita, humilha-se mais uma vez, e prepara, sem que se lhe dê a mão , uma nova volatilidade. Mas, se a retiras de seu vaso, a mesma pedra, encerrada num outro, se resfria, e em vão tentarias levá-la mais adiante. Não posso, e nenhum filósofo antigo, dar-te razão demonstrativa, senão que tal é a vontade de Deus. II Ao menos neste regime cuida de teu fogo, porque a lei da pedra perfeita é que ela seja fusível: por isso, se intensificas um pouco o fogo, a matéria se vitrificará e aderirá, fundida, às paredes do vaso, e não mais poderás progredir. E é essa a vitrificação contra a qual os filósofos tomam tantas precauções, e que, antes e depois que a obra ao branco seja perfeita, ocorre ordinariamente aos imprudentes: corre-se este risco desde o meio do regime da Lua até ao sétimo ou décimo dia do regime de Vênus. III Deve-se muito pouco aumentar o fogo, para que o composto não se vitrifique, quer dizer, que não se liquefaça passivamente como o vidro; enquanto que com um calor suave liquefar-se-á sozinho, inchará, e pela vontade de DEUS será dotado de um Espírito que se exaltará e trará consigo a pedra; e dará novas
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br cores, de início, o verde de Vênus, que durará bastante, só desaparecendo totalmente ao fim de vinte dias; em seguida, o azul, e uma cor lívida, depois, ao fim do regime de Vênus, um púrpura pálido e suave. IV Cuida, no decurso desta operação, de não irritar demasiado o espírito, porque ele é mais corporal do que antes, e se o deixar voar para o alto do vaso, dificilmente, descerá por si só; é preciso observar a mesma precaução do regime da Lua. Quando o espírito começar a se espessar, então será tratado com delicadeza, sem violência, por medo de que, se fugir para o alto do vaso, tudo o que esteja no fundo seja queimado, ou ao menos, se vitrifique, o que destruiria a obra. V Quando tiverdes o verdor, sabe que há nele virtude germinativa. Então desconfia que um calor excessivo possa degenerar o verde em negro, e controla o fogo com prudência. Este regime será cumprido após quarenta dias. CAPÍTULO XXIX DO REGIME DE MARTE
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I O regime de Vênus terminado, cuja cor é sobretudo verde, avermelhando-se um pouco com púrpura obscuro, por vezes lívido; durante este tempo cresceram, na árvore filosófica, ramos de diversas cores, com ramos e folhas; vem em seguida o regime de Marte, que mostra mais freqüentemente uma cor amarelada, um amarelo diluído com marrom, e que exibe gloriosamente as cores efêmeras de Íris e do Pavão. II Então, o estado do composto torna-se mais seco, e a matéria toma formas variadas e fantasmagóricas. É a cor de Jacinto que mais usualmente aparece, com um pouco de alaranjado. É aqui que a mãe selada no ventre de seu filho surge e se purifica, e esta pureza, aonde se banha o composto é tal, que a afasta da podridão. Mas as cores que se servem de base a todo este regime são suaves; ocorrem, porém de tempos em tempos, e muito agradáveis de se ver. III Sabe que nossa terra virgem sofreu seu último trabalho, para ver semear e amadurecer nela o fruto do Sol; continua então o calor conveniente, e estará seguro de ver, pelo trigésimo dia deste regime, aparecer uma cor citrina que, duas semanas após sua primeira manifestação, impregnará quase todo composto. CAPÍTULO XXX DO REGIME DO SOL
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I Aproximas-te do fim de tua obra, e quase acabaste teu trabalho. Já tudo aparece como o mais puro ouro, e o leite da Virgem, com o qual embebes esta matéria, amarela cada vez mais. Oferece a Deus, doador de todos os bens, graças eternas, por ter conduzido a obra até aqui, e pede-lhe dirigir teu julgamento, para que teu zelo não te faça estragar a obra, já tão perto da perfeição. II Considera, pois que esperaste quase sete meses, e seria insensato reduzir tudo a nada numa só pequena hora. Quanto mais te aproximas da perfeição mais deves ser prudente. E se procedeste com as precauções necessárias, eis os sinais que observarás: Inicialmente, notará sobre o corpo uma espécie de suor cítrico, depois vapores citrinos que, o corpo se abatendo, se tingirão de violeta, e, de tempos em tempos, de púrpura obscuro.
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br Após a espera de quatorze ou quinze dias neste regime do Sol, verás tua matéria, em maior parte, tornar-se úmida e pesada, o que não a impedirá de ser carregada no ventre do vento. Enfim, pelo vigésimo sétimo dia deste regime, ele começará a se dessecar; então, se liquefará, depois se congelará, e novamente se liquefará, cem vezes por dia, até que se comece a se tornar granulosa; e parecerá completamente dissociada em pequenos grãos; depois se concentrará de novo, e a cada dia se revestirá de formas fantasmagóricas, sempre renovadas. Isto durará aproximadamente duas semanas. III Mas, finalmente, pela vontade de Deus, tua matéria irradiará uma luz que dificilmente podes conceber. Espera agora pelo fim próximo, que verás ao fim de três dias, quando a matéria formar grãos como átomos do Sol, e de uma cor tão intensamente rubra, que ao lado do vermelho mais brilhante, ela parecerá enegrecer como um sangue puríssimo coagulado; e jamais terias crido que a arte pudesse criar maravilha semelhante a este elixir. Tão extraordinária é esta criatura, que ela não tem par em toda a natureza, nela nada se encontrando que sequer lhe assemelhe. CAPÍTULO XXXI A FERMENTAÇÃO DA PEDRA
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I Recorda-te que já encontraste um enxofre rubro e incombustível, que não pode ser aperfeiçoado mais por si mesmo, com qualquer fogo que seja; e atenta bastante, omiti dizer no capítulo precedente, no regime do Sol citrino, antes da vinda do filho sobrenatural vestido de púrpura tirina, não vitrifica tua matéria por uma ignição muito violenta; porque então se tornaria insolúvel, e em conseqüência, não se congelaria em belíssimos átomos, muito rubros. Sê, pois, muito prudente, para não te privar, por tua culpa, de um tal tesouro. II Não crê, porém, ver aqui o fim de teus trabalhos; precisas ainda continuar para Ter deste enxofre, a após novo giro da roda, o Elixir. Toma então três partes do Sol puríssimo e uma parte deste enxofre ígneo (podes tomar quatro partes do Sol puríssimo e uma parte deste enxofre, mas a primeira proporção é melhor). Faz fundir o Sol em um crisol próprio, e, quando estiver fundido, introduz teu enxofre, mas com precaução, para que não seja prejudicado pela fumaça dos carvões. III Faz de sorte que tudo esteja em boa fusão, depois verte numa lingoteira, e obterás massa friável de belíssimo vermelho, muito intenso, mas apenas translúcido. Toma uma parte desta massa reduzida em pó fino, duas partes de teu Mercúrio Filosófico, mistura-os bem, e coloca-os num vidro, depois, rege o fogo como antes; e em dois meses verás passar todos os regimes de que falei, pela ordem. É verdadeira fermentação, que podes recomeçar, se julgares conveniente. CAPÍTULO XXXII A EMBEBIÇÃO DA PEDRA
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I Sei que muitos autores, a propósito desta obra, tomam a fermentação como o agente interior invisível a que chamam fermento, cuja virtude fugaz condensa os espíritos tênues sem que seja necessário agir; e quanto ao nosso proceder da fermentação, chama-o cibação como pão e o leite; tal é o sentimento de Ripley. II Mas, não acostumei a citar outros, tampouco jurar por seus escritos, e sobre um assunto que
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br conheço tão bem quanto eles, e guardei minha liberdade de opinião. III Existe pois uma outra operação pela qual a pedra cresce, mais em qualidade que em quantidade. Trata-se de tomar teu enxofre perfeito, quer seja branco, quer vermelho, e adicionar a três partes deste enxofre uma quarta parte de água; e após algum negror e uma cocção de seis ou sete dias, esta água que acabas de juntar se condensará, como teu enxofre IV Adiciona agora uma outra parte d’água, não em relação a todo o composto, que já coagulou uma Quarta parte quando da primeira embebição, mas em relação à primeira quantidade de enxofre que empregaste. Quando estiver dessecada, adiciona ainda uma outra quarta parte, que coagularás com o fogo requerido; introduz agora duas partes d’água em relação às três partes de teu enxofre que tomaste e pesaste antes da primeira embebição; faz embeber e congelar três vezes nesta proporção. V Enfim, para a sétima embebição, toma cinco partes de água em relação ao enxofre empregado inicialmente; coloca-os em teu vaso e sela-o; e com fogo semelhante ao primeiro, faz de modo que todo o composto passe pelos três regimes que descrevemos, o que durará um mês no máximo. Então terás a verdadeira pedra de terceira ordem, da qual uma só parte projetada sobre dez mil as tingirá perfeitamente. CAPÍTULO XXXIII A MULTIPLICAÇÃO DA PEDRA
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I Para isso fazer, basta tomar a pedra perfeita e unir-lhe uma parte com três partes, ou quatro, no máximo, do Mercúrio da primeira obra, depois reger o fogo convenientemente durante sete dias, o vaso estando estritamente fechado: todos os regimes passarão, para teu prazer, e a pedra obterá uma virtude mil vezes maior do que antes de sua multiplicação II E se tentas ainda mais uma vez a operação, percorrerás em três dias todos os regimes, e a medicina terá para ti uma força mil vezes maior ainda. III E se ainda desejas recomeçar, bastar-te-á um dia natural para fazer passar a obra por todos os regimes com suas cores; uma só hora mesmo bastaria, se tentasses ainda mais uma vez a experiência; mas então não mais serias capaz de reconhecer a virtude da pedra; e se porventura recomeçasses uma Quinta vez a multiplicação, esta virtude seria tal que a mente não poderia concebê-la. Recorda-te então de render eternamente graças a Deus, pois tens em tua posse o tesouro de toda a natureza. CAPÍTULO XXXIV DA MANEIRA DE REALIZAR A PROJEÇÃO
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I Toma tua pedra perfeita, como foi dito, quer da branca, quer da vermelha, e pela quantidade da medicina, toma quatro partes de cada uma das duas luminárias; fazei-as fundir num crisol limpo, colocando aí tua pedra, segundo a espécie do luminar fundido, branco ou rubro; depois faz escoar a mistura num recipiente, e obterás uma massa mui friável; toma uma parte desta mistura e dez partes de Mercúrio bem purificado; aquece o Mercúrio até que comece a crepitar; põe com ele tua mistura, que o penetrará num piscar de olhos; funde-o a um fogo mais vivo, e toda a mistura formará medicina de ordem inferior. II
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br Toma agora uma parte desta matéria e projeta-a sobre qualquer metal fundido e purgado, em tão grande quantidade que tua pedra poderá tingi-lo; e obterás ouro e prata mais puros que a natureza jamais poderia proporcionar. III É, porém, preferível fazer a projeção gradativamente, até que haja mais tintura: porque projetando uma pequena quantidade de pedra sobre uma tal massa de metal, a menos que se trate de Mercúrio, ocorre um desperdício considerável de medicina, por causa das escórias que aderem aos metais impuros. Por isso quanto mais os metais são purgados antes da projeção, melhor o sucesso do trabalho com o fogo. CAPÍTULO XXXV DOS MÚLTIPLOS USOS DESTA ARTE
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I Aquele que possui perfeitamente esta arte, graças à benção de Deus, que pode desejar neste mundo, exceto poder, ao abrigo de todo o engano e malignidade dos homens, servir a Deus sem distrações? Que vaidade seria procurar uma irradiação vulgar por uma magnificência totalmente exterior? Aliás, não é o que têm no coração aqueles que possuem esta ciência, antes o desprezam e o negligenciam. II Ao bem-aventurado que DEUS gratificou com este talento são prometidos outros prazeres bem mais desejáveis que a admiração popular. 1.- Em primeiro lugar, se vivesse mil anos, e que tivesse de alimentar a cada dia um milhão de homens, nada lhe faltaria, porque poderia multiplicar a pedra a seu bel-prazer, tanto em qualidade, quanto em quantidade. De tal forma que este homem, se fosse um Adepto, poderia, se o desejasse, converter todos os metais imperfeitos do mundo em ouro ou prata verdadeiros. 2.- Em segundo lugar, poderá, pela mesma arte, fabricar pedras preciosas e gemas mais belas que todas que se poderiam, sem esta arte, encontrar na natureza. 3.- Em terceiro e último lugar, possui medicina universal, capaz tanto de prolongar a vida quanto curar todas as doenças. De modo que só Adepto, se o é realmente, está em condições de devolver a saúde a todos os doentes de todo o mundo. III Deve-se, pois, louvar incessantemente o reino eterno, imortal e único Todo-Poderoso por seus dons inefáveis e seus tesouros inestimáveis. IV E aconselho àquele que goza deste talento, servir-se dele para a honra de DEUS e a utilidade de seu próximo, afim de não parecer ingrato para com o Criador, que lhe confiou este Dom precioso, nem se ver condenado no último dia. V Esta obra foi começada no ano de 1645 e por mim terminada, que desvelei e desvelo estes arcanos, mas desejando vir em auxílio como amigo, e irmão, àqueles que se interessam sinceramente por esta arte oculta. Assino pelo nome de IRINEU FILALETO, inglês de nascimento, habitante COSMOPOLITA.
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EXPERIÊNCIAS Índice
IRINEO FILALETO Sobre a preparação do mercúrio dos sábios para a pedra, pelo régulo de marte, ou ferro, com o antimônio e estrelado, e pela lua, ou prata. Tiradas do manuscrito de um filósofo americano dito Irineu Filaleto inglês de nascimento, habitante cosmopolita. I. - SEGREDO DO ARSÊNICO FILOSÓFICO.
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Tomei uma parte do Dragão ígneo, e duas partes do corpo magnético; preparei-os juntos por um fogo de roda, e pela quinta preparação, aproximadamente oito onças de verdadeiro Arsênico filosófico foram feitas. II - SEGREDO PARA PREPARAR O MERCÚRIO COM SEU ARSÊNICO E RETIRAR-LHE AS FEZES Índice
Meu método foi tomar uma parte de ótimo Arsênico filosófico, que casei com duas partes da Virgem Diana, e uni-os em um só corpo, que triturei e reduzi em partes mínimas; com isto preparei meu Mercúrio, trabalhando todo o conjunto no calor exigido, até que estivessem muito bem trabalhados; em seguida, purguei a composição com o sal de urina para fazer-lhe cair as fezes, e as recolhi separadamente. III. -DEPURAÇÃO DO MERCÚRIO DOS' SÁBIOS.
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Destilai três ou quatro vezes o Mercúrio preparado, e que ainda tem alguma impureza externa, num alambique que lhe seja adequado, com uma cucúrbita calibrada, e depois lavai-o com sal de urina até que se clarifique, e que não deixe rastro, ao escorrer. IV. - OUTRA PURGAÇÃO EXCELENTE.
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Tornai dez onças de sal decrepitado, e outro tanto de escórias de Marte, ou ferro; com uma onça e meia de Mercúrio preparado; triturai num almofariz de mármore o sal e as escórias, reduzi-os a partículas mínimas então, introduzi o Mercúrio; triturai ainda o todo com vinagre até que estejam tão bem misturados, que não se os distinga-, colocai o todo num vaso filosófico de vidro e destilai num alambique também de vidro, por intermediação do ninho, que lhe serve de arena, até que todo o Mercúrio ascenda por sublimação, puro, claro e resplandecente; reiterai três vezes esta operação e tereis o Mercúrio muito bem preparado para o Magistério. V. - SEGREDO DA JUSTA PREPARAÇÃO DO MERCÚRIO DOS SÁBIOS.
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Cada preparação do Mercúrio com seu arsênico é uma águia assim que as plumas da águia forem purgadas da negritude do corvo, fazei de modo que a águia voe até sete vezes, quer dizer, que a sublimação se faça estas tantas vezes; então a águia, ou a sublimação, está bem preparada e disposta para erguer-se até à décima vez naturalmente. VI - SEGREDO DO MERCÚRIO DOS SÁBIOS.
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Tomei o Mercúrio requerido e misturei-o com seu verdadeiro arsênico. A quantidade do Mercúrio foi de quatro onças, mais ou menos, e aligeirei a consistência da mistura; purguei-o de maneira conveniente, depois, destilei-o, o que me deu o corpo da Lua; o que me fez conhecer que havia feito minha preparação segundo a Arte, e muito bem.
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br Em seguida, adicionei a seu peso arsenical o antigo Mercúrio, com tanto peso quanto o necessário para que este mesmo Mercúrio tornasse a composição fluida e ligeira, e tendo sido as trevas dissipadas, mesmo até que a Obra tivesse quase adquirido a brancura da Lua. Então, tornei uma meia onça de arsênico, do qual realizei o casamento requerido. Ajuntei isto com o Mercúrio, com isto fazendo uma matéria disposta em forma de argila de modelar, porém, um pouco mais leve. Purguei-o subseqüentemente segundo o uso conveniente. Esta purgação exigiu bastante trabalho; o que fiz longamente pelo sal de urina. que achei muito bom vara esta obra. VII - OUTRA PURGAÇÃO MUITO BOA.
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A melhor via que encontrei para purgar a composição foi pelo vinagre e sal puro marinho; assim em doze horas pude preparar unia águia, ou sublimação. 1. - Fiz voar urna águia. Diana a permaneceu no fundo do ovo filosófico, corri um pouco de cobre. 2. - Tentei fazer voar urna outra águia e após ter feito rejeitar as superfluidades, ainda fiz urna sublimação, e de novo as pombas de Diana permaneceram corri urna tintura de cobre. 3. - Casei a águia, fazendo juntar a sublimação com o composto, e ainda purguei afastando as superfluidades, até que aparecesse alguma brancura; então fiz voar uma outra águia, ou sublimação, e urna grande parte de cobre permaneceu corri as pombas de Diana, depois fiz voar a águia duas vezes separadamente para operar toda a extração do corpo total. 4. - Casei a águia fazendo recair a sublimação sobre a confecção e adicionando-lhe cada vez mais, e pelos graus de seu humor, ou umidade radical; e destarte e consistência foi consumada em muito bom regime; a hidropisia que havia reinado em cada uma das três primeiras águias ou sublimações, cessou inteiramente. Tal foi a boa via que encontrei para preparar o Mercúrio dos Sábios. Em seguida, coloco num crisol, e dispondo o fomo, a massa amalgamada e casada segundo a Arte; faço de modo, porém, que -não haja sublimação durante uma meia-hora; então eu a retiro do crisol e a trituro habilmente; depois remeto-a ao crisol e ao forno, e após um quarto de hora aproximadamente, retiro-a ainda e a trituro, e então sirvo-me de um almofariz aquecido. Neste labor, o amálgama começa a lançar muito pó branco; recoloco-o no crisol e sobre o fogo, como da primeira vez, e durante um tempo conveniente, de modo que não se sublime, mas quanto mais forte é o fogo, tanto melhor. Continuo a trabalhar aquecendo e triturando assim a massa, até que, quase toda, ela pareça pó; depois, purifico-a, e o que nela há de fezes se separa facilmente; então, o amálgama se toma à parte; após o que, lavo-o e purifico ainda pelo sal, reenvio-o ao fogo, trituro-o como fiz antes. Repito este proceder até que não mais subsistam fezes e impurezas. VIII - TRIPLA PROVA DE EXCELÊNCIA DO MERCÚRIO PREPARADO.
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Tomai vosso Mercúrio preparado com seu arsênico, pelo lavor de sete, oito, nove ou dez sublimações, vertei-o no ovo filosófico. lutai-o bem com o luto de Sapiência colocando-o no forno em seu ninho. que permaneça num calor de sublimação, de modo que suba e desça neste ovo de vidro, até que
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br se coagule um pouco mais espesso que a manteiga; continuai assim até uma perfeita coagulação, até que, digo, se alcance a brancura da Lua. IX - OUTRA, E SEGUNDA PROVA.
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Se o Mercúrio, agitando-se um vaso de vidro que o contenha, se converte naturalmente com o sal de urina em pó branco impalpável, de modo que não apareça mais sob a forma mercurial, e que por conseqüência também naturalmente torne a consistência ao seco e quente, como um mercúrio ligeiro e volátil, isto basta; porem é melhor, se o faz passar neste estado em glóbulos imperceptíveis pela águia da fonte dos Filósofos: pois se o corpo reside em grãos, ele não será, no entanto, convertido e separado em partículas ligeiras. X. - OUTRA, E TERCEIRA
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Destilai o Mercúrio num alambique de vidro, por meio duma cucúrbita também de vidro; nada deixando após si, então a água mineral é boa. XI. - EXTRAÇÃO DE ENXOFRE DO MERCÚRIO, PELO MEIO DA SEPARAÇÃO.
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Tornai todo o vosso composto de alma, espírito e corpos misturados, cujo corpo foi coagulado por meio da digestão e a virtude do espírito volátil, e separai o Mercúrio de seu enxofre por meio do destilatório próprio de vidro; então tereis a Lua branca fixa que resiste à água forte, quer dizer, a Prata filosófica, que é mais pesada que a Prata vulgar. XII. - SEGREDO PARA TIRAR O OURO MÁGICO DESTA
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Pelo calor do fogo, tirareis o Enxofre amarelo que é o Ouro, daquele Enxofre branco que é a Prata. É uma operação manual que ajuda à natureza, e este Ouro é o chumbo rubro dos Filósofos. XIII. - MODO DE TIRAR O OURO POTÁVEL DESTE ENXOFRE AURÍFICO.
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Convertereis este Enxofre amarelo em óleo vermelho como sangue, fazendo-o circular segundo a Arte com o mênstruo volátil, que é o Mercúrio filosófico; assim é que tereis admirável panacéia. XIV. - CONJUNÇÃO GROSSEIRA DO MÊNSTRUO COM SEU ENXOFRE PARA FORMAR A PRODUÇÃO DO FOGO DA NATUREZA. Índice Tomai Mercúrio preparado, purgado e bem tirado pelo lavor de sete, oito, nove, ou dez águias, no máximo; misturai-o com o Enxofre vermelho chamado Latão preparado, quer dizer, são precisas duas ou três partes no máximo de água filosófica para uma parte de Enxofre puro, purgado e triturado. XV. - ELABORAÇÃO DA MISTURA POR UM TRABALHO MANUAL.
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Moei e triturai esta mistura sobre um mármore em partículas finíssimas, rarefeitas e sutis; em seguida, lavai-a com o vinagre e o sal Amoníaco, até que tenha depositado todas as suas fezes negras; então, lavareis toda sua acerbidade salina e sua acrimônia na água da Fonte filosófica: fonte da Salmácia, fonte de Juvência, piscina probática; depois fá-lo-eis secar sobre um cartão limpo, sobre este vertendo-o aqui e ali, agitando-o com -a ponta de uma faca, até a fixidez perfeita. XVI. - IMPOSIÇÃO DO FETO NO OVO FILOSÓFICO.
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Agora, colocareis vossa mistura bem seca num ovo filosófico de vidro, o qual será muito branco e transparente, do tamanho dum ovo de galinha. Que vossa matéria não exceda mais de duas onças neste
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br ovo, que selareis hermeticamente; por isso, pesai-o antes de aí introduzir a matéria e repesai-o depois de tê-la introduzido, para conhecer e regular seu peso. Sabei que vossa mistura originalmente é urna água seca que não molha as mãos: nisto há grande segredo. XVII. - E ÚLTIMO. REGIME DO FOGO.
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Tende um fomo construído de maneira que nele possais conservar um fogo imortal I, quer dizer, um calor contínuo sem interrupção, desde o começo da Obra até o fim; cuidareis de nele entreter um calor do primeiro grau na entrada do ninho. Neste fomo, o rocio de nosso composto deve elevar-se e circular por si mesmo, quer dizer, por sua própria virtude, continuadamente, dia e noite, sem nenhuma interferência, e operar naturalmente todas as maravilhas da Obra. Neste fogo, o corpo morrerá e o espírito será renovado; enfim, nascerá uma alma nova que será glorificada e unida a um corpo imortal e incorruptível; desta arte será feito um novo Céu.
A MEDULA DA ALQUIMIA Índice
IRINEO FILALETO 1. Da Arte Dourada, tão estimada por muitos, temos provado, e ensinado por exemplos, que não era fábula como muitos estimavam, era real; agora nossa musa ao fim é levada a ordem para revelar sua devida prática, para que possam conseguir a prata e o ouro. 2. E como fundamento do que pretendemos considera bem e calibra com bom juízo, a razão de nosso trabalho, ou de outro modo gastará teu dinheiro em vão e sua obra não sufragará das inúteis cargas que possa consumir, não conseguindo delas senão fedor e humo. 3. A pedra que buscas, dissemos e todavia afirmamos, é somente o ouro levado a uma perfeição tão alta quanto é possível a tal, porém é um corpo firme e compacto, sem problemas, pela direção da arte e a operação da natureza, se converte em um espírito que nunca se desvanece. 4. Esta pedra não pode ser confeccionada somente pelo engenho da natureza. Por que? É seguro que o ouro não tem a intenção de levar-se tão longe, e assim permanecerá sempre constante em sua forma. 5. Aquele que queira conseguir esta essência, deve fazer pela arte, que o ouro se converta em pó. E que depois seja abrandado em água mineral, e logo circulada com um fogo devido, até que a umidade seja esgotada pela secura , e seja depois fixado segundo o desejo de seu coração. Embeba-o então e volte a congelar, e sela a criança no útero de sua mãe. Alimenta-o até que lhe chegue a fortaleza que o torna capaz de superar seus tenazes opositores, ao qual, fermentado, deve sofrer sua sentença da negrura repetida que se desenvolverá, porém, que as naturezas se apodreçam e morram, da qual esteja seguro irá revivificar. Sublima, exalta e depois a terra a faça voltar, permitindo que permaneça no calor até que o grito seja transformado em regozijo 6. Coloca então o Rei sobre seu assento real, que brilha como a chama cintilante. É a esta pedra oculta que chamamos de nosso enxofre. Multiplique-a até que chegues ao elixir que chamamos de espírito, que como o juiz no dia da sentença julga a fogo toda a terrestreidade que adere aos metais imperfeitos, a substancia perfeita que aqui há. Poré assim é nosso sujeito. Devemos pois encontrar um agente que possa abrir esse sujeito, o qual, se sabes procurar em seu próprio gênero, não necessitará empregar muito dinheiro para prepará-lo pois é de matéria vil, e seu exterior asqueroso é muito sujo.
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br 7. Disto falam poucos autores, e os que o fazem obscurecem esta chave, porque muitos deles mentem. 8. Eu, porém, amado leitor, o mostrarei com sinceridade o que nunca nenhum homem o concebeu maior. 9. Atente pois primeiro a este mistério que existe em nosso agente ígneo. Creia-me esta não é uma obra a ser conseguida por um cuja ingenuidade é cega, nem tampouco por aquele que desdenha o trabalho, pois a ociosidade é um impedimento para esta arte. Porém se tem uma maneira dócil e é industrioso, então me escuta: 10. A substância que tomamos primeiro é um mineral familiar ao mercúrio, que cozinha na terra um enxofre cru, vil a vista, porém glorioso interiormente, é filho de Saturno, que mais necessita? 11. Concebe-o corretamente, pois esta é nossa primeira porta. É de cor zibelina, com veias prateadas, que aparecem entremescladas no corpo, cujo matiz cintilante mancha o enxofre. É de todo volátil e nada fixo, porém tomado em sua crueza nativa purga toda a superfluidade do sol. É venenoso em sua natureza, e mesmo assim abusado por muitos de um modo medicinal. Se lhe soltam os elementos pela arte, o interior resplandece como o dia, o qual flui no fogo como um metal, e nenhum metal é mais frágil. Este é nosso dragão do qual o deus da guerra atacou com armadura do mais forte ferro, porém tudo em vão, pois, uma estrela não vista antes mostrou que Cadmo quando sentiu esta força não pode suportar tão grande poder, e dividiu sua alma de seu corpo. 12. Ó, força poderosa! Os sábios contemplaram isto, e vendo-o se assombraram. A este chamaram de leão verde, a que conjuraram com feitiços, confiando domar com o tempo sua fúria. O deixaram depredar os associados de Cadmo, e encontraram por seu poder que alcançou o dia. A briga concluiu. Olha, uma estrela da manhã se fez aparecer da terra, separadas as carcaças, não estavam longe, porém lhes apareceu um manancial fluente. E deram a beber a besta deste mesmo manancial, e viram então algo que consideraram estranho. Pois quando a besta se acercou deste manancial, como que assustadas as águas se retiraram, a ajuda de Vulcano não valeu de nada. Então apareceram as pombas de Diana com enfeites brilhantes. O ar foi aclamado com suas asas puras e prateadas, e nelas o dragão abraçado, perdeu seu veneno. Então a água voltou com nuvens e engoliu a besta a qual a bebeu, até que seu corpo explodiu. Sua pele se tornou como carvão, e logo a fonte fedeu com um odor impuro que lhe deu nosso dragão, ele morreu, a água provou ser uma tumba para ele. 13. Com a ajuda de Vulcano este dragão ressuscitou e do céu recebeu uma alma. Ambos estão reconciliados, para o que te esforçaste, e suas almas unidas abandonaram seus corpos, este é o verdadeiro banho da ninfa, nosso leão verde, cujo semelhante nunca foi visto antes. 14. Porém para não manter-te mais em suspense, te mostrarei plenamente estas alegorias, desatando seus nós cujo sentido obscuro pode deixar perplexo o leitor. Sabe pois agora, que nosso filho de Saturno deve ser unido a uma forma de mercúrio metálico. Porque ? É o enxofre e somente ele nosso agente requerido por nossa pedra. Porém o enxofre comum não serve para nossa pedra. Está morto, porém deseja ser aguçado pelo sal da natureza, e o enxofre verdadeiro, pois é seu único cônjuge. 15. Se encontra que o sal do broto de Saturno é puro, e pode penetrar até o centro dos metais, este sal abunda em qualidades que o fazem adequado para entrar no corpo do sol, dividindo seu elementos e permanecendo com ele depois que é dissolvido. Procura este enxofre na casa de Áries, este é o fogo mágico dos sábios para aquecer o banho do Rei, que prepararás em uma semana. Este fogo permanece extremamente fechado. Abra-o, o que pode fazer em uma hora e lava-o depois com uma chuva prateada. 16. É estranho ver um metal robusto e fixo que sabe suportar o golpe atordoador de Vulcano e que não se abrandará no fogo nem se mesclará em fluxo com metal algum, que porém seja feito
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br retrogradar por nossa nova arte, quanto poder possui este pujante mineral 17. Esta obra Real é selada pelo todo poderoso, para ensinar ao prudente que aqui nasce a criança real, a qual os justos buscam diligentemente, e que são acertados por esta estrela. Porém, os néscios buscam nossos segredos em coisas sórdidas, sem seu gênero, o que os leva a ruína. Esta substância é estrelada e está totalmente inclinada a fugir do fogo: é completamente espiritual, razão pela qual se a demandas ( para satisfazer sua mente ), toma isto: a alma de um ao outro é um imã, a isto nós chamamos de o beijo do velho Saturno. Este é nosso aço, nosso hermafrodita, esta é nossa lua, chamada assim por seu brilho, este é nosso ouro imaturo, pois a vista é um corpo frágil, domado por Vulcano, cuja alma, se podes mesclá-la com mercúrio, nenhum segredo pode permanecer escondido de ti. 18. Não necessito citar nenhum autor, pois hei visto e levado a cabo este mistério com minhas mãos, com a natureza estive em freqüente conselho, e feito suave o corpo mais sólido, e um corpo grosseiro o tenho convertido em uma terra fixa que não desaparece. Porém eu lhe digo : Eu estou só? Não, muitos mais declaram o mesmo, e seus nós eu os desato aqui. 19. Artefio o nomeia, mas não chega descobrir outro segredo; Por que? É, ele diz, ser procurado por Deus, a menos que seja ensinado por um sábio mestre. Este é um enigma que há muito mal explicado para os estudantes desta arte; porque os autores dizem que nossa pedra é vil, e continuação preciosa. Vileza que é lançada livremente pelo caminho sim, está em lugares asquerosos, e que nós deveríamos tomar como verdadeiro fundamento de nossa arte. 20. Ninguém pode viver sem ela, e é aplicada para usa proibidos, todas as quais denotam, unicamente a Marte, ao qual corresponde tudo isso. Na frota de navios no oceano, e nós não podemos comerciar sem ele; sem ele nós não vemos nenhum navio e nem casa alguma. Como ele nós aramos nossa terra, nós colhemos nosso grão, nós cortamos nossa carne e nossos vestidos, com ele nós fervemos nós. O uso dele é tão grande que eu não empilharei exemplos; freqüentemente está condenado sobre o solo. Por ele se calçam os cavalos, velhos cravos rebitados, cujo encontro apenas merece pena. O que pode ser e digo ser A Casa de Marte, o robusto Áries é conhecido, nele o que todos os artistas te encarregam de começar seu trabalho, O que pode ser mais plano? Não pode ter ninguém tão bobo assim que não conceba que há nesta palavras um significado oculto no texto, significado que nunca foi explicado melhor. 21. Belus na Turba ordena juntar o lutador com aquele que não concorda em lutar. O Deus da guerra é o Marte; nomeie a ele em união a Saturno, que se encanta na paz, cujo Reino não necessito relatar, é tão conhecido por todos (seu apelido é Dourado). 22. Observa a segunda figura que é localizado no verdadeiro Rosário dos Filósofos. O Rei e a Rainha com túnicas agraciados de um modo sumamente real; sustentando entre eles nossa verdadeira lunária, que têm oito flores, mas sem raiz; entre eles um pássaro, e debaixo dos pés o Sol e a Lua. O Rei sustenta uma flor, a Rainha a outra, e um terço (no pico) sustenta o pássaro; o pássaro leva uma estrela na linha que fala de nossos segredos. O pássaro alado denota ao mercúrio, unido com a terra estrelada que ambos velam. 23. Os velhos sábios, bem mais nos instruem ao olho por figuras , que ao ouvido por palavras plenas; algumas são tão plenas que qualquer bobo pode deduzir o significado neles escondidos, Tão claro está. 24. Isto, eu, um filho da arte, lhe tenho dito para ajudar, completamente em outra parte, e tão plenamente como um sol. 25. A ela remeto o leitor estudioso, e prosseguirei em meu pretendido curso de ensinar nossa água, que tão poucos atinam, pela qual extrai-se a semente do sol tão sagrada. Aprende esta água com
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br toda sua diligência, porque ela é o fundamento de nossa quintessência. Sabes pois que os metais tem todos uma matéria, a qual não é senão o mercúrio. Este fundamente deu a principio uma entrada a transmutação, e uma possibilidade. Aqui concluímos que nossa água sumamente secreta, tem a mesma matéria que o mercúrio vulgar. E se o mercúrio cru pode converter-se em ouro, e todos os cinco metais imperfeitos, que por razão de sua crueza se queimam no fogo, isto ocorre, como ensinam todos os sábios, porque todos participam do mercúrio, e são transmudáveis por sua própria conta. E se nosso mercúrio que chamamos de nossa água viva, não é senão ouro imaturo, então qualquer coisa que seja convertida em ouro pela arte, deve Ter a mesma natureza, que possa ser convertida pela arte em nosso mercúrio, para cuja confecção se ensina a arte. 26. Assim pois, o chumbo, o estanho, e o cobre foram revertidos a um mercúrio real, a arte poderia fazer que aparecesse estas águas, tão transformada é sua forma que realmente, qualquer, ou cada uma de todas as suas águas foram chamadas como nosso mercúrio. 27. Por que? Que há necessidade disto, quando a natureza há produzido uma água e a há submetido a mão de todo artista, na qual pode ser induzida pela arte a uma forma que pode facilmente governar nossos segredos. 28. Atente pois, que mercúrio requer nosso mais secreto mênstruo, pois asseguramos que em peso ambos são iguais, também em cor, ambos igualmente fluídos, ambos metálicos, ambos voláteis ao fogo, porém no nosso buscamos um enxofre que falta nas minas, este enxofre purifica a matéria, e a faz ígnea, porém a deixa como água. Pois a água é a matriz que, carecendo de calor, é de todo inábil para a verdadeira geração, nem será reduzido nosso corpo a suor para emitir sua semente, senão em uma estação de fogo circulante, mesclado pela arte com o mercúrio ( que participa do enxofre ). 29. Porque todos os metais, embora alguns possam ser misturados com o mercúrio, eles não entram um no outro , mais do que vemos, e eles partem um do outro pelo o calor, e você perceberá que o seu centro nunca foi penetrado, nem os encontrará alterados um pelo outro 30. Este enxofre deve ser de força magnética, e por tanto da substancia do ouro (porém imaturo ), portanto são de uma só origem, tanto quanto sua matéria, quanto em sua forma, uma deve ser volátil e fugitiva e a outra fixa, desatando a primeira da outra. 31. Não há na terra senão um só corpo, ao qual o mercúrio esteja tão aliado, como para prepará-lo para nossa pedra secreta, ocultando o corpo sólido em seu ventre. É como se diz o retorno de Saturno, conhecido por todos os magos, e por mim mostrado. Porque todos os metais, embora alguns possam ser mesclados com o mercúrio, eles não entra um no outro, mas para a vista eles vão de um para o outro pelo calor, e perceberá que seu centro nunca foi alterado, nem encontrará um alterado pelo outro. Se busca a razão, toma esta resposta: que o enxofre que reside nos metais, estão selados ( se é perfeito), ou participa de fezes terrenas, e de cruezas que aborrece o mercúrio, que não se unirá a eles, porém a vista pareçam mesclados. 32. E se separar primeiro estas fezes obterás um mercúrio fluído e um enxofre cru, o qual endureceria a umidade por congelação, também encontrará um sal alumínio, porém este é de um gênero muito remoto ao do ouro. 33. Porém nosso estimadíssimo mineral exceto por seus desperdícios crus, que são todos separáveis, contém um mercúrio puro, o qual restaurará a vida dos corpos mortos, de modo que sejam capazes de propagar sua própria espécie, como todas as coisas, gerando seu semelhante. 34. Porém não contém em si enxofre algum, salvo um enxofre ardente pelo qual é congelado, porém é frágil, quebradiço e negro com veias brilhantes. O enxofre não é metálico de modo algum, e se diferencia pouco do vulgar, e quanto ao seu aspecto externo, se o prepara corretamente como mostra a arte. Separa as fezes, aparece nu na forma como um metal (porém pode ser pulverizado a golpes)
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br no qual se encerra uma alma terna, que se eleva como humo, em um fogo pequeno, como o mercúrio ligeiramente congelado, que se manifesta assim ao fogo. Isto lhe dá a penetração de nossa água, e faz com que seu corpo entre até suas raízes, reduzindo-os a sua primeira matéria, invertendo tudo desde seu centro oculto. 35. Isto requer que se tenha um verdadeiro enxofre que encontramos na casa de Áries. Somente por este mineral se consegue que Marte, pela destreza do artista, e também com ajuda de Vulcano, seja retrogradado a um mineral, como se tem sido ensinado por muitos, esta é nossa verdadeira Vênus, amada por Marte, esposa do coxo Vulcano, porém reprovada por este ato. 36. Faz pois, primeiro que esse mineral abrace a marte, de modo que ambos lancem fora sua terrestreidade, a substância metálica, em pouco tempo, brilhará como o céu, e de teu êxito encontrara por certo como sinal isto: Um selo impresso como uma estrela. Este é o selo real, esta é a marca que põe o todo poderoso sobre seus estranhos sujeitos. Este é o fogo celestial do qual uma chispa, uma vez acendida, causa nos corpos tal transformação que a negrura lustra na hora, como uma pedra preciosa cintilante e coroa a nosso jovem rei com um diadema. 37. Soma Vênus a este em uma proporção de vida, pois sua beleza é admirada por Marte, e se sabe que ela mantém um grande amor com ele, e que está pronta inclinada ao movimento, estando aliada ao ouro, e também a Marte, também a brilhante Diana, conciliando o amor e o verdadeiro deleite, Vulcano crescerá em ciúmes, e estenderá sua rede para capturar a sua esposa e Marte em seu ato. Doído de sentir sua cabeça adornada com cornos, e confiando em frustrar este concerto, mostra a ambos amantes atrapalhados em sua rede, na qual ambos estão envolvidos. 38. Não lhe pareça isto uma fábula. Observa primeiro como Cadmo é devorado por nossa besta feroz, na qual, depois de atravessar valentemente, merece o nome de campeão, pois sobrepassa em poder esta serpente, lança contra um carvalho mortal aquela que todos temiam. 39. Observa esta estrela que é solar sem dúvida, e isto pode ser provado pois o ouro se une com o filho de Saturno, purgada suas fezes. Tudo o que é perfeito cai ao fundo, e sendo vertido, depois da fusão, mostra quando se esfria, uma estrela, igual a que faz Marte. 40. Porém Vênus dá uma substância metálica, tão só desprezível , unida com Marte, envoltos como em uma rede, e é belo contemplar, o qual misteriosos poetas de visão aguda, hão descrito em linguagem oculta, e porém mais claramente para os sábios. 41. Assim quando a alma de Saturno de Marte, são misturadas tão somente por nossa arte e a ajuda de Vulcano, ambas são iguais de vôo, e suas partes não são divisíveis, até que a alma de Marte é fixada, então abandona a Saturno, e nos ensaios se encontra um ouro perfeitíssimo, cuja tintura é boa e verdadeira. Porém isto deve conseguir-se pela mediação de Vênus, ou de outro modo não serão separados por nenhuma manha do homem, nem os reverterá a pó, não obstante, unidos se reduziram, porém somente com a associação com Vênus, Diana faz deles uma separação. 42. Alguns usam as pombas de Diana para preparar a água, trabalho que é tedioso, e para atiná-la corretamente, um raro artista pode errar duas vezes de cada uma, o outro modo que é sumamente secreto, só o recomendamos a todos os que intentam ser artistas. Que o vapor mais sutil que a água, seja circulado tanto e tão freqüentemente, que as almas de ambos (abandonando a matéria grosseira), se unam e voem juntas até a colina, onde não as deixe permanecer tanto tempo que se congelem, pois então trabalhas erradamente. 43. Do filho de Saturno sejam tomadas duas partes, de Cadmo uma. E assegura-te de purificar estes pela ajuda de Vulcano tanto tempo, até que livre de fezes, a parte metálica seja pura, isto se fará em quatro reiterações. A estrela te ensinará as operações perfeitas.
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br 44. Faz a Enéias igual a sua amante, purgando-os artisticamente até que a rede de Vulcano encerre a ambos, a qual toma então e observa que com a água sejam bem molhados, com calor e, até que perfuradas as almas de ambos seja glorificadas. 45. Este é o rocio celestial que deve ser nutrido tanto e tão freqüentemente como o requeira a natureza. Três vezes ao menos, e até sete, seja conduzido por panelas e chamas, como requererá a razão. Tenha cuidado porém de não por em fuga a natureza terna, então teu fogo será correto. 46. Sabe também por certo que o mercúrio, que deve começar a obra, deve ser líquido, e branco, não o seque com um fogo excessivo a umidade deste pó (vermelho a vista), pois assim se corrompe seu esperma feminino, e perderás teu desejado resultado. Nem busque converter o mercúrio em uma goma clara e transparente, ou em azeite, ou em ungüento, pois então perdida a proporção, não pode levar a verdadeira dissolução, senão que deve encomendar teu desesperado trabalho a outra estação tão diferente, pois procede sem uma razão verdadeira. 47. Busca pois tão somente somar um espírito do qual carece o mercúrio comum, e depois sublima o grosseiro até o firmamento, separando os desperdícios pela arte, e quando ajam passados sete vezes completas, esposá-lo com o ouro, de modo que tenham um ao outro. 48. Assim é preparada a verdadeira donzela pelo artesanato e a ajuda na natureza, a qual separada das fezes de converte em um broto celestial, que abranda o solido corpo do ouro, no qual, separado em átomos negros, se apodrece e se corrompe, e depois revive e voa de novo. 49. Se eu descobrisse aqui todos os segredos que estão contidos na fabricação de nossa água, seria desdenhado por todos os verdadeiros artistas, pois somente são comunicados aqueles a quem Deus se digna ensinar-lhes, o resto deve vagar em uma bruma, e aninhar no erro. Porém aquele que inquiri estudiosamente, para encontrar com penas e orações esta verdade oculta, e a quem a ambição não excite seu desejo, senão que busque o conhecimento com uma mente limpa, esteja seguro que alcançará este mistério, pois ninguém nunca escreveu a arte tão claramente.
Comentário da Visão de Sir George Ripley por Irineu Filaleto, Inglês, Cosmopolita Índice
IRINEU FILALETO
Este texto, publicado por primeira vez em Londres no ano 1677, é um exemplo belo e muito ilustrativo da escritura alquímica. Ripley, um Adepto do século XV, incluiu a sua "Visão" num livro, The Twelve Gates. 0 ilustre e misterioso Filaleto comentou dito livro numa série de tratados, recolhidos sob * título de Ripley Revived. Filaleto goza da admiração de todos os alquimistas e sua identidade foi tema de muitas especulações. A sua “Entrada Aberta ao Palácio Fechado do Rei” é um clássico, tanto na cultura inglesa como na latina ou na francesa.
A VISÃO DE SIR GEORGE RIPLEY Cônego de Bridlington.
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Certa noite, quando com o meu Livro ocupado me achava A visão que aqui relato apareceu perante a minha vista cansada: Vi que um Sapo Avermelhado bebia o suco de Uvas com tanta pressa Que, cheio transbordando do Caldo, lhe explodiram as Tripas. Depois disto, do seu Corpo envenenado escapou o Veneno letal, E os seus membros começaram a inchar, se sentia tão Doido e tão Mal. Empapado em suor Envenenado, se dirigiu à sua secreta Madrigueira, E exalando um Cheiro pestilento branqueou as paredes da Cova. Depois de um tempo, começou a aparecer uma Neblina de cor Dourada, Cujas gotas pintavam o chão de vermelho ao cair do alto e quando ao Sapo começou a lhe faltar o alento vital Negro como o Carvão ficou o moribundo Animal. E desta forma, se afogou dentro do Veneno que pelas suas veias fluia. Assim esteve, apodrecendo, durante Oitenta e Quatro dias. Eu desejava Experimentar para extrair aquele Veneno, De modo que coloquei o Cadáver sobre um Fogo muito lento. Uma vez feito isso, oh, Prodígio para a vista que não pode ser narrado! Apareceram Cores estranhas por todo o Cadáver do Sapo: Tornou-se branco quando as cores desapareceram de lá; Logo, após se tingir de vermelho, ficou para sempre assim. Com o Veneno obtido um Remédio fabriquei, Que destrói o Veneno e salva o Envenenado. Glória ao que nos proporciona estes secretos Métodos, A 0 Domínios e Honra, Adoremos e Louvemos. Amém.
Esta visão está escrita em forma de Parábola ou Enigma, e é que os Sábios Filósofos Antigos freqüentemente expunham os seus segredos deste modo. Todos os homens gozam desta Liberdade de utilizar expressões Enigmáticas para decifrar o que é realmente misterioso. Grande parte dos ensinamentos dos Antigos Egípcios estão escritos em linguagem Hieroglífica, e muitos Pais desta Ciência empregaram também este método, embora na maioria dos casos utilizaram as descrições Cabalísticas ou Místicas, sendo esta um exemplo disso. Mas voltemos ao tema que nos ocupa. Vi que um Sapo Avermelhado...
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Aqui temos a descrição de um Sapo na qual se encerra todo o segredo dos Filósofos. 0 Sapo é o ouro; recebe este nome porque é um Corpo Terrenal e especialmente pelo veneno negro e pestilento que surge nos primeiros dias da fase preparatória desta operação, durante o reinado de Saturno, antes que apareça a cor branca. Por conseguinte, é chamado Sapo Avermelhado. Nisto, todos os Escritores mostram um total acordo, ao afirmar que a nossa pedra não é mais do que o Ouro digerido que alcançou o grau mais alto graças à ajuda da Natureza e da Arte. Como disse outro Filósofo, o primeiro trabalho consiste em sublimar o Mercúrio, colocando à continuação os corpos limpos no Mercúrio limpo. Poderia proporcionar muitos testemunhos, já que todos os escritores seguem esta linha. 0 que é que acontece com esses ingeniosos Filósofos que ao parecer negam tudo isto para confundir os ingênuos? Não nos corresponde buscar a reconciliação - embora poderíamos fazê-lo -, já que muitos deles escreveram guiados pela inveja e com a intenção de nos enganar. Todos escreveram da forma mais misteriosa que puderam fazê-lo, a fim de escurecer a verdade, inclusive no melhor dos casos, não eram mais do que homens que descreviam as coisas de acordo com as suas Crenças filosóficas e que não escreviam de uma forma completamente transparente porque acreditavam que ao fazê-lo a Arte resultaria demasiado fácil e seria condenada para sempre. Mas, que necessidade temos de palavras? Sabemos a Verdade e sabemos, mediante um Sistema de Símbolos secretos, distinguir os verdadeiros Escritores dos Sofistas; e não necessitamos Argumentos, já que nós mesmos somos testemunhas e sabemos que não existe mais do que uma verdade, que não existe mais do que um caminho, o mesmo caminho que pisaram todos os que dominaram esta Arte. Não podem nos enganar nem seríamos capazes de enganar a outros. ... bebia o suco de Uvas...
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ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br Segundo o Filósofo, o Sapo bebe o suco das Uvas. 0 corpo, afirma, não é mais nobre que o Ouro, nem tampouco a água é de mais valor que o vinho. Os filósofos chamam esta água de Aqua Ardens, e também Acetum Acerri, mas o mais normal é que digam que é o seu Mercúrio. Não analisarei esta denominação, mas lhes garanto que não significa outra coisa que Mercúrio, o mesmo Mercúrio sobre o que escrevi no meu pequeno Tratado em latim, “Entrada Aberta ao Palácio Fechado do Rei”, no que revelei toda a Verdade, sem revestimentos, completamente nua; e se não o fiz com excessiva claridade, tenho a certeza de que o fiz com claridade suficiente. Não o repetirei aqui; remeto o Leitor ao mencionado livro. Conta-nos que o Sapo bebeu este suco de Uvas; não se refere unicamente à Conjunção vulgar, que faz com que o corpo se converta em Pasta; isto se realiza com facilidade se a Água está à temperatura da Massa ou Levedura, já que existe uma grande afinidade entre a Água e o Corpo. Como diz o Filósofo, esta Água é boa e agradável para os metais. Mas há mais, a água encharca Imediatamente o nosso Corpo e circula pela sua superfície; como afirma o Filósofo, o suor, ao voltar ao Corpo, o transpassa maravilhosamente. Assim, o Corpo absorve a Água ou Suco de Uvas, embora em menor medida que quando se misturam pela primeira vez; isto acontece especialmente quando, pela decocção, a Água se infiltra até as partes mais profundas, fazendo que o Corpo mude de Forma. Esta é a Água que desgarra os Corpos e que os faz não serem Corpos mas Espíritos que voam, como da Fumaça, o Vento ou o Vapor, como explica detalhadamente Artephius. A operação é de curta duração, ao contrário das operações Subterrâneas da Natureza, que necessitam muito tempo para serem realizadas. É por isto que muitos Filósofos afirmam que são realizadas num curto espaço de tempo; no entanto, outros muitos, e não sem razão, de se queixaram da larga duração desta cocção. E, da mesma forma, o próprio Artephius, que afirmava que este fogo da Água do nosso Mercúrio demora muito pouco tempo em realizá-la se se encontra numa superfície aberta, enquanto que a natureza demora mil anos, diz em outro momento que a tintura não aparece de uma forma imediata mas que o faz lentamente, hora após hora, dia após dia, até que, após um longo tempo, a decocção acaba. Conforme as palavras do Filósofo, que cozinhe, cozinhe e cozinhe, e que a nossa, longa decocção não seja demasiado aborrecida. ... com tanta pressa...
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Dizer que o Sapo bebeu o suco de Uvas com tanta pressa implica que o trabalho deve ser realizado no tempo real da Natureza, que é, efetivamente, um período muito longo de tempo, pelo menos o que requerem todas as decocções. Isto é o parecer do Artista que se encarrega do fogo dia após dia; no entanto, deve esperar o fruto com Paciência, deve esperar até que o céu tenha lançado sobre a Terra a primeira e a última Chuva. Mas não te desesperes, e espera até o final, porque então uma abundante Colheita será a generosa recompensa a todos os teus esforços. ... Que, cheio transbordando do Caldo, lhe explodiram as Tripas.
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Na Visão, nos informam à continuação que ao cabo de um tempo o Sapo (cheio transbordando de caldo) arrebentou. Este caldo é o mesmo que preparou a bela Medeia e que verteu sobre as duas Serpentes que vigiavam as Maçã Douradas que cresciam no Jardim secreto das Virgens Hespérides. E é que o Vinagre dos Filósofos, ao circular pela superfície do Corpo, engendra uma substância similar a um Caldo sangrento que faz que as Cores do Arco íris apareçam sobre o Leão que ascende e
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br descende; finalmente, as Águias devoram o Leão. E todos juntos, já mortos, Carcaça e Cadáveres, se convertem num Sapo venenoso que se arrasta pela Terra e num Corvo que nada no meio do Mar Morto. 0 suco de Uvas, é pois, o nosso Mercúrio, extraído do Camaleão ou Ar de nossa Magnésia física e da Siderita Mágica, após circular sobre a nossa verdadeira Terra Lemnia se mistura toscamente com ela, se une a ela e se coloca sobre o fogo para ser digerido; continua encharcando o Corpo, por dentro e por fora, chegando até as partes mais profundas e fazendo que o oculto se manifeste através do ascenso e descenso contínuos, até que tudo se converte num Caldo. Este Caldo é uma substância rala de diferentes qualidades, entre Água e Corpo. Finalmente, o Corpo explode e se converte num pó semelhante aos Átomos do Sol, completamente negro e de qualidade viscosa. Depois disto, do seu Corpo envenenado escapou o veneno letal,
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Esta Redução do Corpo faz esta água se torne tão venenosa que, como testemunham os Filósofos, não exista verdadeiramente em todo o Mundo um Veneno com um cheiro tão pestilento. Portanto, diz-se que do seu corpo envenenado escapou o veneno letal; as exalações se comparam com a fumaça venenosa dos Dragões, à qual se refere Flamel no seu Sumário. Mas o Filósofo comenta nos seus Hieróglifos dos dois Dragões não percebe o seu fedor a não ser que se rompam os Recipientes; simplesmente o intui ao observar as cores da podridão das Confecções. E verdadeiramente é maravilhoso pensar (alguns filhos da Arte são testemunhas visuais) que o Corpo de Ouro, fixado e completamente digerido, se apodreça e se converta em algo putrefato, como se fosse um cadáver, coisa que se consegue graças à admirável Virtude Divina da Água dissolvente, que não pode ser comprada com Dinheiro. Todas estas operações, que se alongam muito por se apresentarem de formas muito variadas, se resumem em uma: matar o vivo e ressuscitar o morto. E os seus membros começaram a inchar, se sentia tão Doído e tão Mal.
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Esta fumaça venenosa das exalações, ao voltar ao Corpo, provoca o seu inchaço, como diz o Filósofo. 0 Corpo que está nesta Água se infla, se incha e apodrece, como um Grão de Trigo, assumindo ao mesmo tempo a natureza viva e a vegetal. E é por isto que os Filósofos chamam esta Água de sua Levedura, porque como a Levedura faz que a Massa se inche, esta Água fermenta o corpo, fazendo que se inche; também recebe o nome de veneno, porque como o veneno, causa a inchação ao atuar repetidamente sobre o nosso corpo. Esta operação é contínua, começa quando a matéria começa a reagir e dura até que ocorre a putrefação total. 0 Sapo continua exalando (deveria mais bem ser chamado Leão) até que começa a se dar por vencido e então, quando o Corpo começa a assumir ligeiramente a Natureza da Água e a Água a do Corpo, é comparado com os dois Dragões, um alado e o outro sem asas; finalmente, quando aparece essa Terra pestilenta que Hermes chama a sua Terra Foliata ou Terra de Folhas, é denominado mais corretamente Sapo da Terra, desde o momento da primeira excitação até a putrefação final. As exalações são Brancas durante a primeira fase, passando depois a ser Amareladas, Azuladas e Negruscas (por causa da virulência da matéria). As exalações vão-se condensando, formando pequenas veias e gotejando continuamente; penetram as gotas no Corpo com uma facilidade assombrosa e quantas mais penetram mais se inflama e se incha até que acaba apodrecendo completamente. Empapado em suor Envenenado, se dirigiu à sua secreta Madrigueira,
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Os dois versos seguintes não são mais que uma descrição mais Ampla do trabalho, da volatilização, que consiste na ascensão e descenso, ou seja, na circundação da matéria pelo interior do
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br Recipiente. O Recipiente é chamado aqui de Madrigueira secreta; o mesmo autor o chama em outros escritos de pequeno Barril de cristal. Trata-se de um Receptáculo de forma ovalada. Está fabricado com Cristal Branco de grande pureza e é do tamanho de um Ovo de Galinha; dentro dele se verte uma onça, ou seja, oito dracmas do preparado, que é a quantidade adequada para preparar a mistura. A continuação o gargalo do Recipiente é fechado com um Carimbo de Hermes; como possui uns seis dedos de altura e é estreito e fino, se fecha de uma forma Artificial, fundindo-o para que os Espíritos não possam escapar nem o Ar possa entrar. Por isto recebe o nome de Madrigueira secreta. Também recebe este nome pelo caráter secreto das Cinzas ou da Areia sobre as quais se coloca o Recipiente ao introduzi-lo no Forno de Atenor Filosófico. As portas do forno devem ficar hermeticamente fechadas. O Forno dispõe de uma Janela que pode ser aberta ligeiramente sempre que a ocasião o requeira ou resulte conveniente; a abertura também pode ser coberta com um Cristal, e desta forma o Artista poderá contemplar o processo. Para distinguir as cores necessitará da ajuda de uma lâmpada. E exalando um Cheiro pestilento branqueou as paredes da Cova.
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Depois de colocar secretamente o Recipiente, o Ninho e o Forno, o Artista deve, em primeiro lugar, estar disposto a permanecer encerrado durante um longo tempo; assim o afirma Bernard Trevisan. A Parte Côncava deste lugar secreto ficará tão branqueada pelas fumaças que ascendem que o Artista realizará o seu trabalho guiando-se mais pelos olhos da sua mente - a sua sabedoria e a sua lógica - que pelos do seu Corpo; porque os Espíritos, levantando-se em forma de fumaça ou de Vento, ficarão aderidos à Parte Côncava do Recipiente, que se encontra situado sobre a Areia ou as Cinzas. Lá, pouco a pouco, irão formando-se gotas que escorregarão para abaixo, encharcando o Corpo e reduzindo a parte fixa tanto quanto seja possível. E assim, o Corpo por causa da Água e a Água por causa do Corpo, alterarão as suas cores. Depois de um tempo, começou a aparecer uma Neblina de cor Dourada,
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Este processo continuará até que pareça que o Recipiente está banhado em Ouro; porque as exalações são de cor Amarela, que é o símbolo da verdadeira Copulação do Homem e da Mulher. Antes que surja esta cor Amarela irá escurecendo-se a Branca Brilhantez das fumaças, aparecendo uma mistura de Cores Escuras, apagadas e Azuladas. Esta fase não é muito longa; as diferentes etapas podem ser observadas antes que decorram quarenta dias, já que durante esse tempo as Cores dão sinais de Corrupção e Geração graças à Natureza impetuosa e demolidora das nossas Águas pônticas e à resistência do nosso Corpo. Na Luta, o Corpo é derrotado e morre, e ao morrer faz com que surjam ditas Cores; isto significa que as Águias conseguiram dominar o Leão e também que o Leão as contagiou ligeiramente, pois começaram a comer o seu Cadáver. Os Sábios Artistas dão a esta Operação o nome de Extração e Separação de Naturezas, já que a Tintura começa a se separar do Corpo. Também a chamam Redução à primeira matéria, ou seja, ao Esperma ou à Semente, que devido à sua dupla Natureza é comparada com os dois Dragões. Não aprofundarei mais nesta Visão; limitar-me-ei a explicar resumidamente o que brevemente foi exposto. Cujas gotas pintavam o chão de vermelho ao cair do alto.
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Estas cores do Mercúrio pintam adequadamente o Corpo fixo que se assenta sobre o fundo, e os Corpos procedentes das exalações se Pintam de cor avermelhada. Referindo-se a isto, Flamel afirma que estas duas Naturezas ou Dragões se mordem cruelmente; uma vez que se agarram já não se soltam até
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br que, por causa das suas babas Venenosas e dos seus ataques mortais, ficam completamente ensangüentadas. Depois, cozinhando-se no seu próprio Veneno, se convertem numa Quinta-Essência. E quando ao Sapo começou a lhe faltar o alento vital,
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Antes de se renovarem, estas Naturezas têm primeiro que atravessar um Eclipse de Lua e outro de Sol, assim como também a escuridão do Purgatório, que é a Porta da Escuridão-, depois de fazê-lo, a luz do Purgatório as renovará. Esta fase recebe a denominação Alegórica de Morte, porque embora um homem resista valentemente aos ataques violentos que possam turbar a sua vida, se os seus Inimigos são muitos e muito fortes não poderá enfrentá-los, começará a perder a força e a coragem e a Palidez, Arauto da Morte, aparecerá nos seus lábios. Assim também o nosso Corpo ou Homem, o Sol, resiste durante um longo tempo como um grande Campeão, até que é ferido e, com todo o corpo coberto de sangue, morre; ao morrer, começa a aparecer a negrura, que, como antanho os Corvos, pressagia a morte do Homem. Esta Reiteração ou Rotação das Influências do Céu, junto com o Calor que o resseca e a Umidade que o encharca na sua veloz caída, acaba fazendo finalmente que morra e se corrompa de uma forma natural, como o resto das coisas. Em seguida, começa a faltar alento ao Corpo do Sapo, ou seja, se acabam as fumaças. Como ascendem e descendem tantas vezes, os Espíritos começam a se fixarem convertendo-se em Pó e repousando no fundo do Recipiente. O processo da Putrefação começa imediatamente e os Espíritos permanecem no fundo durante um tempo, sem ascender. Portanto, controla bem o Fogo, não seja que os teus Espíritos, completamente exaltados, acendam tanto que a Terra se apodere deles sem deixá-los voltar. Esta Operação consiste, como afirma Morien, em extrair a água da Terra e em devolvê-la, fazendo-o tantas vezes e durante tanto tempo como seja necessário para que a Terra apodreça. Negro como o Carvão ficou o moribundo Animal.
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Aqui acaba o Combate, porque nesta Terra de Folhas todos os elementos se reconciliam e finalmente reina a Paz. As diferenças Naturais se abraçam, sem ter outra forma que a do Pó impalpável e sem ter outra cor que a do negro mais negro. A partir deste momento as Naturezas se unem, fervendo e cozinhando-se todas juntas como se fossem Breu derretido e intercambiando as suas formas. Tem cuidado, para que não obtenhas, em lugar de um Pó Negro como o que mais como o do Bico do Corvo- um inservível Precipitado seco e meio vermelho; este Precipitado de cor laranja indica, sem dúvida, que se produziu a Combustão das Flores ou Virtude da Semente Vegetativa. Eu mesmo dei este tropeço e por isso lhes advirto. E desta forma, se afogou dentro do Veneno que pelas suas veias fluía.
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Considerando o que anteriormente foi exposto e o fidedigno Testemunho de todos os Filósofos, parece ser Certo que este trabalho não é demasiado oprimente, mas que, pelo contrário a Mestria se alcança de uma forma completamente natural. Porque, uma vez que o verdadeiro corpo se Empasta com a verdadeira Levedura, se calcina e se dissolve, convertendo-se em uma Água negra que às vezes muda de cor; isto indica que a Tintura está expandindo-se, que os Espíritos estão Coagulando-se e convertendose em um Pó negro, tão Negro como a Fumaça. Este é o Período de Escuridão inferior, que é o Final da
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br Eclipse, uma fase de Contrição que começa pouco depois que apareçam os tons Amarelados, Azulados, etc. Assim esteve, apodrecendo, durante Oitenta e Quatro dias.
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A Calcinação se inicia com estas Variações de Cor que demoram em aparecer, se o Processo foi levado a cabo de forma satisfatória, uns quarenta e dois dias; uns cinqüenta como máximo. Depois tem lugar a Corrupção e a Putrefação e tudo adquire um aspecto parecido ao da porcaria que surge de ferver Sangue ou derreter Breu. No entanto, a cor Negra, pelo menos de uma forma Superficial, começa a aparecer aos quarenta dias de ter sido removida a matéria. Sempre que o Processo tenha sido correto e o Fogo adequado; como muito, pode demorar cinqüenta dias. Ao dizer que se afoga no seu próprio Veneno e se cozinha no seu próprio Caldo, o autor se refere ao Negrume total, à lúgubre Escuridão da Podridão absoluta que, de acordo com ele, dura oitenta e quatro dias. Os Escritores não se põem de acordo na duração deste período de tempo, mas no que sim coincidem todos é em afirmar que para que o processo chegue ao seu Fim tem que decorrer muito tempo. De acordo com um deles, <
>. De acordo com outro, <>. E de fato, decorrerão quarenta e dois dias antes que se coloque esta Camisa Negra em lugar da sua Túnica Dourada; o que acontece é que tudo o que se refere às suas Qualidades solares se destrói, e, deixando de ser Fixo, Citrino, Terrenal e Sólido, se converte numa Substância Volátil, Negra, Espiritual, Aquosa e Fleumática. A Putrefação não começa até que não desapareçam as primeiras Formas, pois o fato de que um Corpo possa recuperar a sua Natureza anterior implica que ainda não está bem moído e umedecido. Portanto, moa-o e umedeça-o até que vejas que os Corpos deixam de ser Corpos e se convertem em Fumaça e Vento; observarás que, após circular durante um período de tempo equivalente a uma estação, se assentam e apodrecem. Então, no Oeste, Saturno regerá a Terra Ocidental, Retentiva e Outonal; depois irá para o expulsivo Norte, onde Mercúrio rege a Água e onde a Matéria é Aquosa, Flemática e Invernal. Os que dividem a Operação em duas partes, o Reinado de Saturno e o de seu sucessor, Júpiter, adscrevem a Saturno toda a parte da Putrefação e a Júpiter o período de variedade cromática. Depois de Júpiter, que só reina durante uns vinte ou vinte e dois dias, vem a Lua, a terceira Pessoa, brilhante e bela, que reina durante pelo menos vinte dias, algumas vezes durante vinte e dois. Ao realizar o Cômputo, o melhor é contar desde o dia quarenta ou cinqüenta -partindo do início da formação da Pedra- até o dia quatorze ou dezesseis do Reinado de Júpiter. Durante este período, ao lavar o Latão continua aparecendo a cor Negra, embora misturada com outras Cores mais alegres. A soma destes dias é o tempo que, conforme calcula o Autor, demora em se realizar a Putrefação; ou seja, oitenta e quatro dias. Tendo em conta todo o período de Negrume, como faz Augurellus, transcorrerão quatro vezes onze dias com as suas respectivas noites, o que nos dá um total de quarenta e quatro dias. Conforme outro Filósofo <>. Eu desejava Experimentar para extrair aquele Veneno,
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De modo que coloquei o Cadáver sobre um Fogo muito lento. Uma vez feito isso, oh, Prodígio para a vista que não pode ser narrado! Apareceram Cores estranhas por todo o Cadáver do Sapo
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br Tornou-se branco quando as cores desapareceram de lá; Logo, após se tingir de vermelho, ficou para sempre assim. Darei a minha própria Opinião: Mistura bem as duas Naturezas, e se as matérias, tanto o Corpo como a Água, são puras, a Temperatura interior do Banho é a correta, e o Fogo externo o adequado - não demasiado violento para que as Matérias possam circular bem, a Natureza Espiritual sobre a Corporal, depois que passem quarenta e seis ou cinqüenta dias poderás ver aparecer o princípio do completo Negrume; depois que passem outros cinqüenta e seis dias,, verás a Cauda do Pavão Real e as Cores do Arco-íris, e quando decorram outros vinte e dois ou vinte e quatro dias poderás ver a Lua perfeita, o Branco mais Branco, que, ao longo de vinte dias, ou vinte e dois ao sumo, irá tornando-se cada vez mais brilhante. Depois disto, após aumentar ligeiramente o volume do Fogo, verás o Reinado de Vênus, que durará quarenta ou quarenta e dois dias. A continuação virá o Reinado de Marte, que durará outros quarenta e dois dias. depois seguirá o Reinado do Sol Flavus durante quarenta ou quarenta e dois dias e, finalmente, aparecerá, de modo repentino, a Cor Tíria, o Vermelho Brilhante, o Vermelhão ardente, o Vermelho da Amapola da Roca. Com o Veneno obtido um Remédio fabriquei,
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Que destrói o Veneno e salva o Envenenado. Assim, mediante a Decocção simplesmente, estas Naturezas mudam e se modificam maravilhosamente, até se converterem nessa bendita Tintura que obriga a sair todo o Veneno; apesar de que antes da Preparação fosse ela mesma um Veneno letal, se converte agora no Bálsamo da Natureza, expulsando todas as Doenças e cortando de um Golpe tudo aquilo que seja prejudicial para o frágil Corpo Humano, o que é verdadeiramente maravilhoso. Glória ao que nos proporciona estes secretos Métodos,
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Ao Domínios e Honra, Adoremos e Louvemos. Amém. Agora bem, DEUS é o único que pode dispensar estes gloriosos Mistérios. Fui para ti uma fiel Testemunha da Natureza e sei que tudo o que escrevo é certo e que todos os Filhos da Arte saberão pelos meus escritos que sou, como eles, um Herdeiro dessa Habilidade Divina. Para que me entendam os Ignorantes escrevi da forma mais clara que pude e tivesse escrito mais se o Criador de todas as coisas me tivesse dado maior Autoridade. Para Ele e unicamente para Ele é toda a Honra, o Poder e a Glória; para Ele, que criou todas as coisas e que concede o dom da sabedoria a quem considera os seus Servos, retirando-o conforme a sua vontade; para Ele é todo a Honra e a Adoração. E tu, Irmão, que gozas desta preciosa Bendição Divina, utiliza toda a tua força para lhe servir, porque tudo é merecido por quem criou todas as coisas e para cuja glória todas as coisas são e foram criadas. Fim da Visão de Sir George Ripley, Cônego de Bridlington.
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PRINCÍPIOS: PARA DIRIGIR AS OPERAÇÕES NA OBRA HERMÉTICA Índice
IRINEU FILALETO Texto extraído de: Guillaume Salmon. "Biblothèque des Philosophes Chimiques". Paris. 1740. [Translated by José Luis Rodríguez Guerrero.] E para o português por José Oswaldo Santana Júnior
Não empreenda jamais a Grande Obra seguindo as regras que sejam sugeridas pelos ignorantes e os livros dos sofistas, e não se aparte nem no mínimo deste princípio: O objeto de vossas aspirações é o Ouro ou a Prata, o ouro ou a prata devem ser os únicos objetivos que necessitarás perseguir por meditação de nossa fonte mercurial preparada para banhá-los, o qual requer toda sua laboriosidade. Não faças eco de quem argumenta que nosso Ouro não é o ouro ordinário, que não é o ouro físico.O ouro ordinário está morto, isso é certo; porém, tal como nós o preparamos, revive, como um grão de trigo morto que renasce na terra. Ao cabo de seis semanas, o ouro que está morto recobra a vida em nossa Obra, se faz vivo e espermático, porque se o há cultivado na terra apropriada, quero dizer, em nosso composto. Assim pois, podemos chamá-lo, com razão de nosso Ouro, pois nós o associamos a um agente que sem dúvida lhe devolve a vida, assim mesmo, empregando uma denominação contrária, podemos denominar homem morto ou rei da morte, porque o sujeito morrerá pronto, mas no entanto está vivo todavia. Separe o Ouro, que é o corpo e representa o papel de macho em nossa Obra; necessitareis, todavia outro esperma, que é o espírito ou alma ou a fêmea. Este esperma é o mercúrio fluido, semelhante por sua forma ao azougue comum, porém mais limpo e puro. Muitos empregam no lugar do mercúrio diversos licores e águas, que denominam mercúrio Filosófico. Não se deixe seduzir por seus formosos discursos, não empreenda tais trabalhos, porque tudo será inútil, é impossível colher o que não se semeou, só se recolhe o fruto quando se semeou a semente, portanto, se semear vosso corpo, que é o ouro, em uma terra onde haja um mercúrio não metálico nem par igual aos metais, em lugar de um elixir metálico, só obterá de vossa operação uma cal árida, sem virtude alguma. Nosso mercúrio parece ser uma substância similar ao azougue ordinário, porem difere por sua textura, pois possui uma forma celeste e ígnea e uma virtude excelsa, qualidades que recebe de nossa Arte, dedicada a sua preparação. O segredo desta preparação consiste em escolher um mineral que tenha certa semelhança com o ouro e o mercúrio. É preciso impregná-lo com o ouro volátil que se encontra sobre a região lunar (lumbar?) de Marte, se deve purificar o mercúrio com este elemento sete vezes pelo menos. Uma vez feito isto se prepara o mercúrio para o banho do Rey, quer dizer do ouro. Com o requerido tratamento – entre sete e dez vezes – o Mercúrio se purifica de forma crescente e se faz cada vez mais ativo, porque nosso enxofre autentico o liquefaz em cada preparação; porem se o submetemos a um número excessivo de preparações ou sublimações, se faria demasiado ígneo, e em vez de dissolver o corpo, coagularia a si mesmo, se coagular-se a si mesmo o ouro não se fundiria nem se dissolveria. Após a liquefação ou vitalização desse Mercúrio, há de destilá-lo duas ou três vezes em uma retorta de vidro, porque possivelmente caiam alguns átomos do corpo no momento de sua preparação, ato seguido se deve lavar com vinagre e sal amoníaco, então será quando está pronto para nossa Obra, o qual deve entender aqui de uma forma metafórica.
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br Eleja sempre para esta obra um ouro puro e sem mescla, se não for assim quando o comprar purifica-o, você mesmo pelos métodos ordinários. Uma vez concluída esta operação reduza-o a pó com uma lima ou outra ferramenta, ou converta-o em laminas sutis, se o preferir pode calciná-lo com corrosivos o procedimento é o de menos, só importa que a pulverização seja muito sutil. Vamos agora a mistura: Toma uma onça ou duas desse corpo já preparado, e duas ou três onças, a maioria de Mercúrio vitalizado, que se obtêm como já indiquei, mistura a ambos os ingredientes em um almofariz de mármore previamente aquecido com água fervendo ou algo similar, amasse-os e triture-os até que formem um conjunto homogêneo. Adicione seguidamente vinagre e sal para conseguir a pureza perfeita, depois o lave com água morna e o seque muito bem. Mesmo que este procedimento lhe pareça enigmático, posso assegurar que o estou falando com absoluta sinceridade; todos nós nos servimos deste caminho que mostro aqui; e todos os filósofos antigos hão se servido deste meio, que é o único. Nosso sofisma está somente nas duas classes de fogo empregado em nossa Obra. O Fogo secreto interno é um instrumento de Deus, e suas qualidades são imperceptíveis para os homens. Aqui falamos freqüentemente deste fogo, embora pareça que nos estamos referindo ao calor externo, esta é de origem dos freqüentes erros que em que tropeçam os falsos filósofos e os imprudentes. Dito fogo é nosso fogo graduado, já que o calor externo é quase linear, ou seja, uniforme e igual em todo o processo, este não sofre nenhuma alteração durante a Obra do vermelho ao branco se excetuam os sete primeiro dias em que o rebaixamos para conservar a pureza da obra, porém o filósofo experimentado não necessita de tais advertências. Com respeito ao fogo externo, se gradua com sensibilidade de hora em hora, e o reanima cada dia, como resultado da cocção, as cores se alternam, e amadurecem o composto. Acabo de fazer um nó muito difícil e intrincado; procura conservar esta idéia em sua memória para não deixar-se enganar na seqüência. Necessitarás prover-vos de um recipiente ou vazo de vidro, sem o qual não poderá terminar vossa tarefa. Deve ter forma ovalada ou esférica e capacidade suficiente para vosso composto, quer dizer, sua capacidade deve ser duas vezes superior a matéria que se proponha a colocar nele. Nós o chamamos ovo filosófico, o vidro deve ser espesso, muito transparente e limpo. Quando colocar ali sua matéria, fecha a boca hermeticamente, não deve ter nenhuma abertura, pois do contrário, mesmo que seja muito pequena se evaporaria o espírito sutil e se frustraria a obra. Para comprovar se seu recipiente esta fechado de uma forma hermética, faça o seguinte experimento, cuja infabilidade é indiscutível: quando o recipiente esfriar, coloca-o nos lábios no lugar onde o fechou e aspira com força, se houver alguma abertura, absorverá o ar armazenado dentro do vaso, quando retirar a boca da abertura da vasilha, o ar penetrará outra vez por esse orifício de tal forma que vosso ouvido perceberá claramente um sibilo, esta prova experimental não falha nunca. Também necessitará de forno – o qual os sábios denominam de “Atanor” – com o qual poderá realizar toda a sua tarefa. O que precisara nos seus primeiros trabalhos deverá estar disposto de tal forma que proveja um calor vermelho escuro – ou algo menor, a sua vontade e se mantenha pelo menos durante doze horas com absoluta uniformidade em seu mais alto grau de calor. Se possuir um forno semelhante procura ater-se as estas cinco condições: A Primeira: Que a capacidade de seu forno não deve ser superior a necessária para conter se vaso e com um espaço vazio circular de uma polegada mais ou menos para que o fogo procedente da ventilação da chaminé possa circular ao redor do recipiente.
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br A Segunda: Que vosso forno deve conter somente um recipiente, vaso ou ovo, e a distância das brasas do o vaso por todos os lados deve ser de aproximadamente uma polegada. E recorda sempre das palavras do filósofo: “Um só recipiente, uma só matéria, um só forno”. Este vaso deve ser colocado de tal forma que se encontre exatamente sobre a abertura de ventilação por onde chega o fogo; aqui só deve haver uma abertura com um diâmetro de duas polegadas aproximadamente, por cujo conduto se canalizará uma língua de fogo ascendente e inclinada que tocará a parte alta do recipiente rodeará seu fundo e o manterá continuamente como é devido. A Terceira: que se seu vaso fosse demasiado grande, não poderias aquecer o recipiente com a exatidão e continuidade requeridas, já que seu forno deve ter uma capacidade três ou quatro vezes superior a seu diâmetro. A Quarta: que se sua chaminé não é de seis polegadas aproximadamente no segmento do fogo, jamais obterá a proporção necessária nem o ponto justo de calor, se rebaixar essa medida e fazer flamejar demasiadamente vosso fogo, este será excessivamente débil. A Quinta: que a parte dianteira de seu forno deverá ter exatamente um só orifício, de uma amplitude necessária para introduzir o carvão filosófico – quer dizer, uma polegada mais ou menos -, de tal maneira que se projete o calor de baixo para cima com maior força. Assim dispostas as coisas, coloca neste forno o ovo onde se encontra a sua matéria, dá-lhe o calor que exige a natureza, quer dizer, suave, não demasiado violento, e eleva-o até onde a natureza cesse de atuar. Não ignore que a natureza há deixado vossa matéria no reino mineral, e embora hajamos estabelecido comparações entre vegetais e animais, é preciso que conceba uma relação pertinente no reino onde está situada a matéria que quereis trabalhar, por exemplo, se comparo a procriação de um homem com a germinação de uma planta, não creia que em meu juízo o calor próprio de um seja também adequado para o outro, pois nós estamos seguros de que na terra onde crescem os vegetais há um calor que percebem as plantas, inclusive desde o começo da primavera; no entanto um ovo não poderia se abrir com esse calor, e um homem longe de percebê-lo se veria surpreendido por um grande atrevimento. Como nossa tarefa se desenvolve a toda luz no reino mineral. Você deve conhecer o calor que necessita e distinguir com precisão o débil do violento. Agora somente lhe convém recordar que a natureza os tem deixado no reino mineral, senão que necessita trabalhar também o ouro e o mercúrio, os quais são incombustíveis; que o Mercúrio é fluido e pode romper os recipientes que o contenham se o fogo é demasiado violento. Que é incombustível e, portanto, o fogo não pode alterá-lo, no entanto faz falta retê-o com o esperma masculino em um mesmo recipiente de vidro o qual seria impossível se o fogo fosse demasiado vivo, e então o verias ante a impossibilidade de executar vossa obra Assim, pois, o grau de calor requerido é necessário para fundir o chumbo e o estanho, e inclusive algo mais forte, porém não mais do que possam resistir os recipientes sem romper-se, em outras palavras, o calor temperado. Como vê aqui se demonstra que se deve iniciar o grau de calor com aquele que é próprio do reino aonde a natureza os há deixado. Todo o desenvolvimento desta obra que implica uma coobação da lua sobre o solo está em ascender como nuvens e cair como chuva, por isso os aconselho que o sublimeis em vapores contínuos para a pedra tome ar e possa viver. Porém isso não basta se queremos obter uma tintura permanente; é preciso que a água de nosso
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br lago ferva com as brasas da arvore de Hermes. Eu os aconselho que a façam ferver dia e noite sem cessar, para que a natureza celeste possa acender e a natureza terrestre possa descender nos trabalhos de nosso mar tempestuoso. Se esta operação de ferver não se desenvolve com exatidão jamais poderemos denominar o carro de nossa obra, senão de digestão, porque quando os espíritos circulam sós em silêncio e o composto que encontra abaixo não se move nem no mínimo por efeito da ebulição então a denominação apropriada é digestão. Não se precipite com a esperança de fazer a colheita – quero dizer a Obra – antes de amadurecer, pelo contrário, deve trabalhar com absoluta confiança durante um período de cinqüenta dias no máximo, e então vereis o pico do corvo como um bom augúrio. Segundo Afirma o filósofo, muitos imaginam que nossa solução é sumamente sensível, porém quem a tem ensaiado ou experimentado sabe bem quantas dificuldades encontra. Por exemplo, se semear um grão de trigo, o encontrará inchado três dias depois, porém se o arrancar da terra, se secará e retomará a seu estado inicial, embora, haja sido acomodado em uma matriz conveniente e a terra seja seu próprio elemento, porém, lhe haverá faltado o tempo necessário para a vegetação. As sementes duras necessitam de um tempo mais longo na terra para germinar, tal como a nozes e as ciruelas e outras frutas, cada espécie tem um tempo próprio, e quando se espera este tempo prescrito para sua ação, sem acelerações prematuras, se terá a prova incontestável de que a operação será natural e frutífera. Acaso crê que o ouro, o corpo mais sólido do mundo, pode mudar de forma em tão pouco tempo? É preciso manter-se em expectativa até o quadragésimo dia, quando se deve ver o início do enegrecimento. Tão pronto como o observará, considerando que seu corpo se destrói (desmonta), quer dizer, cai reduzido a uma alma vivente, e seu espírito morre, ou seja, se coagula com o corpo, porém, se não chega a esse enegrecimento, o ouro e o mercúrio conservarão sua forma e sua natureza. Cuida de que não se apague seu fogo nem um só instante, porque uma vez se esfrie a matéria se perderá sem remição a Obra. Tudo quanto acabamos de dizer significa que nossa obra se reduz a fazer ferver nosso composto no primeiro grau de umidade e calor, que se encontra em nosso reino metálico onde o vapor interno circula ao redor da matéria, nessa umidade morrerão e ressuscitarão um ao outro. Alimenta, pois, vosso fogo até a aparição das cores, e então vereis, ao fim o branco. Quando este se fizer visível, o que ocorrerá até o final do quinto mês, estará já certa formação da pedra branca, então poderá celebrar, porque o rei, vencedor da morte, aparecerá no oriente envolto em glória, e seu sinal será um círculo citrino. Atiça com animo o fogo até que as cores reapareçam, e então contemplareis um formoso vermelhão e a dormideira silvestre. Glorifica a Deus e mostra-se agradecido. Por último, embora vossa pedra seja perfeita, faça-a ferver, ou melhor, cozer uma vez mais na mesma água, com a mesma proporção e o mesmo regime, somente procura que vosso fogo seja mais débil, por este meio aumentarás sua quantidade e suas virtudes tanto quanto o desejar, e poderá reiterar uma vez mais e outra, esta operação se o considerar necessário. Que Deus Pai das Luzes, Senhor e soberano, Autor de toda a vida e de todo o bem, o conceda a graça de mostrar essa regeneração da luz para entrar da terra vital, na terra prometida a seus fieis, e a participar um dia da vida eterna. Assim Seja!
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O SegredO dO elixir da ImortalIdade Chamado alkaest ó IgnIs aqua IrIneu FIlaleto Comunicado a seu amigo, um filho da Arte e atualmente um Filósofo em forma de perguntas e Respostas O Segredo do Licor Alkahest
Pergunta: Que é Alkaest? Resposta: É um menstrum Católico e Universal, e em uma palavra, pode ser chamado uma Água Ardente (ignis-Aqua), um ens simples e imortal. Penetrante, que reduz todas as coisas a sua substância líquida original, e a cujo poder nada pode resistir, posto que atua, sem reação alguma por aprte do paciente. Não lhe falta nada porque está equilibrado e por ele se pode subjugar, e sem dificuldades, depois de haver dissolvido todas as demais coisas, sua natureza original permanece inalterada, e depois de mil operações, conservará as mesmas virtudes que possuía ao princípio. Pergunta: De que matéria é feito? Resposta: É um sal nobre corrente, preparado com preciosa arte até satisfazer os desejos do artista engenhoso. Assim pois, não é nenhum sal corpóreo convertido em líquido por simples solução, senão um espírito salino ao qual o calor não pode fazer coagular por evaporação da umidade, está formado de uma substância espiritual uniforme, volátil por um suave calor sem deixar nenhum resíduo. Assim pois, este espírito não é acido nem alcalino, senão um sal. P: Qual é seu igual? R: Se conhecer uma, podereis conhecer sem dificuldade a outra; busca portanto, porque os deuses hão feito das Artes a recompensa da engenhosidade. P: Qual é a segunda substância ou matéria do Alkaest? R: Hei dito que é um sal, um fogo rodeou o sal a águam envolveu o fogo, sem dificuldades o queimou, porque assim está feito o fogo dos filósofos do qual falam: o vulgo queima com fogo, nós com a água. P: Qual é o sal mais nobre? R: Se deseja aprender isto, desça dentro de si mesmo, porque, como o sal a seu Vulcano, a levais convosco, se sois capaz de discerni-la. P: Qual é ? Diga-me eu lhe rogo. R: O sangue do homem fora do corpo, ou a urina humana, porque este é um excremento separado do sangue em sua maior parte. Cada um dá um sal volátil e um fixo se sabe como coletá-lo e elaborá-lo, terás o mais precioso balsamo da vida. P: São as propriedades da urina humana mais nobres que as de outras bestas?
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R: Em muitos aspectos, pois que embora seja um excremento, seu sal não tem rival em toda natureza universal. P: Quais são suas partes? R: Uma volátil e uma mais fixa, porém podem ser alteradas de diversas maneiras segundo a variedade que se recebe. P: Há algo na urina que seja diferente de sua mais intima e específica natureza urinácea? R: Sim, a saber, uma fleuma aquosa, e sal marinho que assimilamos com a carne. Este permanece inteiro e sem digerir na urina, por separação pode ser retirado, e deixa de existir depois de um tempo conveniente se não se ingere a quantidade suficiente na carne. P: De onde vem esse fleuma, ou umidade aquosa insípida? R: Na maior parte das diversas bebidas,e ademais cada coisa tem seu próprio fleuma. P: Explica-me mais claramente. R: Deve saber que a urina, que consiste em parte de um humor excremental do sangue, do que se separa o fermento úrico pelo odor, é conduzido pelas bebidas até a bexiga, em parte por sua virtude separativa, e desde ali penetra mais profundamente sem ser alterada sua salinidade, a não ser que a salinidade do sangue e da urina sejam iguais. Assim pois, separe o sal contido na urina, todo o demais é uma fleuma inaproveitável. P: Como é que parece haver tanta fleuma na urina. R: Se supões assim, em primeiro lugar pelo sabor, sem segundo lugar pelo peso, e em terceiro lugar por suas propriedade. P: Sede vosso próprio intérprete. R: O sal da urina contem tudo o que é propriamente essencial da urina, seu odor, é muito penetrante e o sabor difere segundo a variedade que haja sido receitada (ingerida?), assim que algumas vezes é também sal com salinidade úrica. P: Que haveis observado em relação a seu peso? R: Hei observado muitas coisas: que três onças de urina, ou um poço mais extraídas de um homem são, pesariam um pouco mais de oitenta gotas de água mineral. Delas hei visto destilar-se um licor de igual peso que dita água, porque é evidente que a maioria do sal caiu aparte. P: Que haveis observado sobre sua virtude? R: A congelação da urina pelo frio é um argumento a favor da existência de fleuma nela, posto que o sal da urina não se congela se está um pouco mesclado com algum líquido, embora seja com água. P: Sem dificuldades esta mesma fleuma, cuidadosamente separada por destilação, retém a natureza da urina, como pode perceber por seu odor e sabor.
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R: O Admito, embora muito pouco se possa discernir pelo sabor, tampouco poderias perceber mas, já fora mediante aos odor e o sabor, que o que poderias perceber do sal de urina dissolvido em água pura. P: Que nos há ensinado a ciência do fogo em relação a urina. R: Me há ensinado a fazer volátil o sal de urina. P: Logo, que é o que cai? R: Um pó espesso negro e malcheiroso P: É o espírito completamente uniforme? R: Assim Aparece a vista, ao olfato e ao sabor, e sem duvidas contem qualidades diretamente opostas entre si. P: Quais são? R: Segundo sua virtude inata, por causa de uma se coagula e por outra se dissolve. P: Que mais? R: Na coagulação da urina se descobre seu espírito etílico. P: Existe tal espírito na urina? R: Por suposição, realmente existe em toda urina, inclusive na do mais são dos homens, e pela Arte se pode preparar uma grande quantidade. P: Que eficácia tem este espírito? R: Uma que é de lamentar, e que realmente pode mobilizar nossa compaixão pela umanidade. P: Porque? R: Daqui o Dulech (?), seu mais encarniçado inimigo tem sua origem. P: Dareis um exemplo disto? R: O Farei. Toma urina e disolva um uma quantidade conveniente de salitre. Deixado durante um mês depois do qual a destilarás. Emanará um espírito que queimará a língua como se fosse um carvão em brasa viva. Verta novamente este espírito e destila repetidamente quatro ou cinco vezes, extraindo cada vez no mais da metade, assim o espírito se encontrará mais penetrante, embora não até sua última agudeza. O calor que se desprendia na primeira destilação do licor se modera depois sensivelmente, e se desvanece . No segundo espírito, o que a princípio era muito agudo se percebe mais suave, tanto pelo olfato como pelo gosto. P: Que haveis observado com respeito ao primeiro espírito? R: Se se revolve um pouco, aparecem veias azeitosas resvalando aqui e ali, exatamente igual ao espírito etílico quando se destila e desce pelo colo do alambique formando linhas que parecem veias.
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P: A que tipo de putrefação deve submeter a urina para que possa obter-se dela tal espírito? R: Deve estar em um recipiente ligeiramente fechado ou simplesmente coberto e submetido a um calor tão escasso que apenas seja perceptível. Pode estar mais quente algumas vezes ou mais frio outras, sem que em nenhum caso o calor ou o frio excedam um devido ponto. P: Como pode ser mais claro este espírito alcoólico? R: Com uma putrefação como a causada por um fermento que estimule a ebulição. Isto não ocorreria senão ao cabo de muito tempo se a urina se guardasse em um recipiente de madeira e em um lugar que não fosse quente e nem tão pouco frio, como por exemplo, atrás de um forno de inverno, onde, guardado ali até que o fermento emergisse por si meso na urina e produzisse bolhas, poderia extrair dela uma aguardente que seria um pouco etílico. P: Há algum outro espírito na urina? R: O há, posto que a urina putrefada com o calor suave durante aproximadamente duas semanas emite um espírito coagulante, que produzirá uma bem retificada “Aqua Vitae”. P: Como se prepara este espírito que forma o Dulech (coagulação) de si mesmo com uma clara estalagmite aquosa, e que também o dissolve? R: A urina, putrefada durante um mês e meio sob um calor mais ou menos igual ao calor do esterco de cavalo, os dará, no recipiente adequado, este estalagmite de acordo com os vossos desejos. P: Todos os espíritos coagulam o espírito de vinho? R: Não muito menos. Este segundo espírito carece desta propriedade. P: Que contem a urina, assim obtida, aparte dos espíritos mensionados? R: Seu mais fixo sal de urina, e acidentalmente, sal marinho. P: No alambique e submetido a um suave calor, pode este sal mais fixo ser convertido em um licor? R: Pode, porém se requer are e engenhosidade. P: Onde está a fleuma? R: No sal, posto que na preparação da putrefação, o sal, sendo putrefado na fleuma, ascende junto com ela. P: Podem ser separadas? R: Podem, porém não por todo artista. P: Que faz este espírito ao chegar este momento? R: Prova-o e vos surpreendereis do que vereis na solução dos corpos. P: Não é isto o Alkahest?
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R: Dito licor não pode ter uma composição que não compartilhe das propriedades do sangue humano, e se observam indícios dela na urina. P: Assim, pois o alkahest se esconde na urina e também no sangue? R: A natureza nos dá ambas: o sangue e a urina; e da natureza destas cocções nos dá um sal circulatório que roda no interior do sal de Paracelso. P: O explicaria brevemente? R: Somarei isto: o sal do sangue deve ser transmutado pelo fermento urináceo de modo que possa perder sua última vida, conservar sua vida media e reter sua salinidade. P: Que propósito em isto? R: De por manifesto as excelências do sangue do homem por cima de qualquer outro sangue. Estas são transmitidas a urina ( depois que o licor excrementoso seja separado dela), pelo que a urina humana sobre-passa a todas as demais é a causa de suas magníficas propriedades. P: Porque soma a urina? R: Deveis saber que para transmutar as coisas é necessário um fermento corruptivo, e a este respeito, não há outro sal com a força do sal de urina. P: Pode-se obter a fleuma aparte do sal? R: Se poderia, se a urina não fosse primeiro putrefada. P: Quanta quantidade de água se calcula que é fleuma? R: Umas nove partes de dez, destiladas de urina recente, devem ser rejeitadas. A décima parte (sempre extraída em forma de licor) deve guardar-se. Pode extrair-se o sal de urina seca, que cai no fundo, com água e um fogo suave ( que cause sublimação), com tanta quantidade de água como a metade da quantidade de urina de onde provenha este resíduo. Deixado que transfira por decantação o que seja que está embebido na água, coado ou purgado por dissolução, e filtrado através de um cristal. Verta água doce e repita esse procedimento até que o sal apareça puro. Então mescla este sal enormemente moendo-o com vosso último espírito e faça uma coobação.
BENDITO SEJA O NOME DO SENHOR - AMEM
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Elucidando a Prática Londres 1654
IrIneu FIlaleto Tradução de Paulo Cruz.
O Primeiro Livro A Alquimia - que alguns chamam de Arte Dourada - trata-se não de uma fábula, como muitos quereriam, mas de uma verdadeira Ciência, como ficou por nós provado e por exemplos demonstrado na parte anterior deste tratado, Ciência esta cuja prática passaremos a elucidar nesta Segunda Parte, através da qual será possível obter grande provisão de prata e ouro. E para uma boa compreensão das nossas intenções considera corretamente, e com justeza pesa bem a razão da nossa Obra, caso contrário é mais certo que percas o teu tempo e dinheiro em vão, encontrando apenas esforço e despesa, tal como muitos já o fizeram. De maneira que a Pedra que procuras, como já o dissemos e voltamos a afirmar é apenas ouro levado à máxima perfeição possível; pois embora se trate de um corpo firme e compacto é no entanto, através do engenho da Arte e operação da Natureza transformado num Espírito tingente que nunca se esgota que a Natureza, por si nunca teria conseguido produzir pois o ouro em si não possui o poder de se elevar a tal grau de perfeição antes se mantendo eternamente na sua constância. Aquele que se presta a encontrar tal Essência deverá então, através da Arte, transformar o seu ouro em pó e fazer com que se converta numa água mineral, que então circulará com um bom fogo até que quando toda a umidade se seque esta seja fixada; a qual será com freqüência embebida e fixada de modo a que o infante quede selado no ventre da sua mãe, e sendo alimentado até que se fortaleça e se torne suficientemente capaz de resistir aos seus robustos oponentes: então fermentando, deve por longo tempo residir em repetida negrura até que a Natureza apodreça e morra, que deves logo revificar, sublimar e exaltar, e de novo retornar à terra onde o deves deixar no calor o tempo necessário para que a negritude se transforme na mais pura brancura; o Rei, sendo então colocado sobre o seu Selo Real, brilhará como a chama faiscante e a pedra escondida a que chamamos enxofre. Isto tu deves multiplicar até que se transforme no elixir espiritual; que será então como juiz no Dia do Juízo Final, condenando ao fogo toda a escória que aderir à mais pura substância nos metais imperfeitos. Donde que, sendo o nosso Sujeito o ouro, teremos que procurar o agente adequado para o abrir, o qual, se souberes procurar a variedade mais adequada, pouco trabalho terás a preparar; este será vil à vista e grandemente desprezado pelo seu aspecto exterior. Deste assunto poucos autores tratam e os que o fazem obscurecem esta chave o mais que podem, mas eu, querido leitor, serei de uma sinceridade como nunca viste; garanto-te no entanto que este não é trabalho para mentes opacas nem para aquele que desdenha trabalhar, pois a ociosidade é um verdadeiro obstáculo para esta Arte; mas se possuis uma mente tranqüila e és trabalhador presta bem atenção ao que irei declarar, e que trata primeiramente daquilo que jaz escondido no nosso Agente ígneo. A substância que tomamos primeiro em mãos é um mineral semelhante ao Mercúrio que coze na Terra um enxofre cru. Este é chamado de Filho de Saturno, parece de facto vil à vista mas o seu interior é glorioso. É cor de sabre, com veios prateados misturados com o corpo cuja linha cintilante mancha o enxofre inato; é todo volátil e não fixo, no entanto, quando tomado na sua crueza nativa purgou o Sol de toda a sua superfluidade. A sua natureza é venenosa e muitos abusaram dele medicinalmente. Se pela Arte soltamos os seus elementos o seu interior aparece resplandecente, o qual então flui no fogo como um metal, embora nada exista de natureza metálica assim tão frágil.
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br Este é o nosso Dragão, que o Deus da guerra assaltou com uma armadura do aço mais robusto, mas em vão, pois logo uma Estrela nunca vista apareceu, de modo que quando Cadmus primeiramente sentiu esta força não conseguiu agüentar um tal poder, mas do seu corpo a sua Alma se separou. Oh força poderosa! Pois quando os Sábios a avistaram grandemente se surpreenderam e assim a chamaram o seu Leão Verde, cuja fúria com encantos esperaram com o tempo domar. Pelo que, deixando-o presa dos sócios de Cadmus, verificaram que pelo seu poder os derrotou e tendo a luta terminado, olhai, uma Estrela matutina foi vista a sair da Terra e após as carcaças terem sido removidas logo apareceu uma fonte corrente, onde se disse que a Besta saciou a sede até que o seu ventre estoirou. Mas pareceu-lhes deveras estranho que logo que este Dragão se tivesse aproximado da Fonte, as Águas se retirassem como que assustadas, pese embora o esforço de Vulcano em reconciliá-las. Então apareceram as Pombas de Diana com adornos ofuscantes, com cujas asas prateadas o ar se acalmou, no qual o Dragão dobrado para dentro perdeu a sua picadura. Então as Águas como uma inundação logo voltaram e engoliram a Besta, cuja cor se tornou negra como o carvão, e nisto o nosso Dragão fez com que a fonte exalasse um cheiro fétido onde ele morreu e que lhe serviu de sepultura. Mas com a ajuda de Vulcano este Dragão voltou à vida e recebeu dos Céus uma Alma, pelo que ambos se reconciliaram, aqueles que antes eram inimigos, sendo as suas almas agora unidas, deixaram os seus corpos e transformaram-se no verdadeiro banho das ninfas, e no nosso Leão Verde, pelo que nunca nada assim tinha sido visto antes. Mas para não te manter mais em suspenso, iremos agora explicar claramente o significado destas alegorias, desatando estes nós cujo sentido obscuro poderá deixar perplexo o leitor. Pelo que agora observa que o nosso Filho de Saturno deve ser unido a uma forma metálica e mercurial, pois é apenas azougue o agente que a nossa obra requer, mas o azougue comum não serve para a nossa Pedra; estando morto, presta-se no entanto a ser animado pelo sal da Natureza e verdadeiro enxofre que é o seu único conjugue. Este sal, que se encontra no rebento de Saturno e é puro interiormente, tem o poder de penetrar o centro dos metais, e tem em abundância as qualidades necessárias para entrar no corpo do Sol, o qual divide em elementos e no qual reside após a dissolução. O Enxofre deves procurá-lo na casa de Áries, é este o fogo mágico dos sábios para aquecer o banho do Rei (que deves preparar numa semana). Este fogo está estreitamente escondido, mas podes revelá-lo numa hora e depois lavá-lo em chuva prateada. Parecia deveras estranho que um metal suficientemente robusto e fixo para suportar o golpe atordoante de Vulcano e que não se abrandará em nenhum calor nem se misturará em fluxo com nenhum metal seja no entanto pela nossa Arte retrogradado neste penetrante licor mineral. Este trabalho real foi selado pelo Todo-Poderoso para ensinar os prudentes que o Infante Real é aqui nascido, a quem eles diligentemente procuram sendo pela Estrela guiados, mas os tolos procuram os nossos segredos em coisas sórdidas e sem sentido e o que encontram é apenas a própria ruína. Esta substância tem uma natureza estrelada e completamente espiritual, sendo totalmente inclinada a fugir do fogo; a razão é que a alma de cada um é como um íman para o outro, e a isto nós chamamos a urina do velho Saturno. Este é o nosso aço, o nosso verdadeiro hermafrodita, a nossa Lua, assim chamada pelo seu brilho: este é o nosso ouro imaturo, que à vista é um corpo frágil e quebradiço, mas é domado por Vulcano e cuja alma se sabes misturar com Mercúrio nenhum segredo te será ocultado. Não tenho necessidade de citar qualquer autor, pois eu vi e com as minhas mãos trabalhei este mistério, e por constantemente seguir a sabedoria da Natureza fui levado a tornar brando o corpo mais sólido e do corpo mais grosseiro fazer uma Terra tingente e fixa, que nunca se desvanecerá. E não sou o único que o diz, pois muitos outros o fizeram, cujos segredos aqui vos revelo. Artephius nomeou-o, mas o outro segredo não o revelou, antes disse que este deveria ser pedido a Deus, a não ser que o ensinasse um sábio Mestre. Este é o enigma que tanto tem deixado perplexos os estudantes desta Arte. Assim Zeumon na Turba p.18, Ars Aurif: Vol.2, disse: A nossa Pedra é vil e no entanto é combinada com o mais precioso. É aquilo que é deitado à rua, nos caminhos, nas estrumeiras e nos lugares impuros que é a matéria que
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br deveremos tomar como verdadeiro fundamento da nossa Arte. Ninguém pode viver sem ela, e há quem a aplique em usos sórdidos, o que demonstra que apenas com Marte ela pode ser associada. Em barcos ela flutua sobre os oceanos, e sem ela não há barco ou casa que possa ser construído, ou mercadoria que possa ser transportada; com ela aramos a nossa terra, ceifamos o nosso milho, vestimos, fervemos e cortamos a nossa carne, e com ela são ferrados os cavalos. Muitos mais usos ela tem os quais seria fastidioso enumerar e, no entanto, encontramo-la freqüentemente num estado contemplativo sobre a terra, em velhos pregos sem cabeça, que pouco valem o achado, e que por isso como vil é estimado. Para mais, Áries é conhecido da casa do robusto Marte, pelo qual todos os artistas dizem que deves começar a tua obra, o que pode ser mais claro? Dificilmente pode existir alguém tão ignorante que julgue que estas palavras ocultam ainda um outro significado, pois nunca até agora isto tinha sido tão claramente explicado. Belus na Turba, p.27, Ars Aurif: Vol.2, insta-nos a combinar o lutador com aquele que não deseja lutar; pelo qual a Marte o Deus da Guerra ele atribui Saturno em união, que se deliciava na paz e cujo reino não é necessário revelar uma vez que é de todos tão conhecido. Repara na segunda figura do Rosarium Philosophorum Irne, p.212, Ars Aurif, Vol.2, na qual o Rei e a Rainha em vestes reais seguram entre ambos a nossa verdadeira Lunária que contém oito flores e no entanto não tem raiz. Entre ambos há um pássaro. Sob os seus pés o Sol e a Lua. O Rei tem na mão uma flor e a Rainha outra e o pássaro segura com o bico numa terceira, tendo também na cauda uma estrela que representa o nosso grande segredo, pois o pássaro alado representa Mercúrio combinado com a Terra Estrelada até que ambos se tornem voláteis e alados. Assim parece que os antigos Sábios escolheram antes instruir o olho por imagens do que o ouvido por palavras. No entanto alguns dos seus discursos são tão simples que qualquer palerma poderá perceber o sentido que eles contêm, e para o mesmo propósito, sendo eu um filho da Arte, tenho na Cabala Sapientum a mesma explicação, para a qual remeto o leitor aplicado. Prosseguirei agora com o objectivo deste curso mostrando como obter esta Água, que tão poucos encontram, de onde retiramos a mais secreta semente do Sol, pelo que aplica-te diligentemente em aprender a obter esta Água, pois ela é o fundamento da nossa Quintessência. Sabe então que todos os metais têm apenas uma matéria, que não é senão o Mercúrio; que como fundamento possibilitou primeiro a transmutação e por isto nós concluímos que a nossa muito secreta Água tem a mesma matéria que o vulgar Mercúrio. E se o Mercúrio bruto e todos os cinco metais imperfeitos se podem transformar em ouro, (sendo neste processo, e devido à sua crueza consumidos pelo fogo), a razão é então como todos os Sábios ensinam que todos os metais contêm em si o Mercúrio e todos são por conseguinte igualmente transmutáveis. Se o nosso Mercúrio, ao qual chamamos a nossa Água viva, for outro que não o ouro imaturo, então qualquer metal que seja pela Arte convertível em ouro deverá conter em si essa natureza, da mesma forma que pela Arte é feita o nosso Azougue. Assim, se chumbo, estanho ou cobre fossem convertidos num verdadeiro Mercúrio, então poderia a Arte causar essas Águas, pois seriam já tão diferentes na forma que qualquer um deles se poderia enquadrar no nosso Mercúrio Filosófico. Mas para que precisaríamos disso se a natureza produz já uma Água ao alcance do artista, na qual através da Arte uma forma pode ser induzida de modo a comandar os nossos segredos? Atenta então bem para o que deverá ser o nosso Mercúrio que deseja ser o nosso mais secreto Menstruum, pois nós garantimos que ambos são Metálicos de peso e cor semelhante, e que ambos são fluídicos e voláteis sob o fogo mas, no nosso, deverá existir um Enxofre que não encontras no das minas, e este Enxofre purifica a matéria, torna-a ígnea e no entanto não deixa de ser uma Água. Pois a Água, que é o ventre, não tendo calor é totalmente inútil para a verdadeira geração, nem o nosso corpo será reduzido a um humor, nem produzirá a sua semente, enquanto não estiver sob a circulação do fogo, combinado pela Arte com um mercúrio que tenha em si Enxofre. Este Enxofre deverá ter uma força, ou virtude, magnética, pelo que deverá ser ouro verdadeiro, embora imaturo, como também da mesma origem tanto a matéria como a forma, apenas com esta diferença, que é que enquanto o outro é fixo este deve ser volátil e alado, tendo o poder de abrir e soltar o
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br primeiro. E só há um corpo na Terra suficientemente próximo do Mercúrio para o poder preparar para a nossa pedra secreta e para poder esconder o corpo sólido no seu ventre e este, como disse anteriormente, é o rebento de Saturno sobejamente conhecido por todos os magos, e que eu aqui te mostrei. E embora alguns metais possam ser fixados com Azougue não penetram uns nos outros mais que à vista, e pelo calor podem facilmente ser separados, pois verás que eles nunca penetram o centro, nem são por isso melhorados. A razão é que o Enxofre que se encontra nos metais perfeitos encontra-se selado, ou nos outros partilha das fezes terrestres e impurezas que o Mercúrio abomina e com as quais nunca se unirá embora pareça à vista com eles se misturar. Se separares estas fezes encontrarás Mercúrio fluídico e um Enxofre cru que endureceram a umidade pela congelação bem como um Sal aluminoso mas todos eles são de natureza demasiado distante do ouro. Mas o mineral que tanto estimamos, exceto as suas escórias (que são totalmente separáveis) contém um Mercúrio mais puro, que fará reviver os Corpos mortos de forma a que estes possam como todas as outras coisas gerar a sua espécie. Mas em si não contém nenhum Enxofre, embora, sendo quebradiço e negro com veios brilhantes esteja congelado num Enxofre ardente. Este Enxofre não tem nada de metálico, mas se corretamente separado segundo a Arte, as escórias sendo removidas, aparece uma noz de aspecto metálico (que poderás moer em pó) na qual se encontra fechada uma alma terna que se mostra como fumo sob um fogo suave, semelhante ao Azougue, levemente congelado, e que o fogo de fato evapora. É isto que dá penetração à nossa Água e lhe permite penetrar até ao centro dos corpos, invertendo-os completamente e reduzindo-os à sua verdadeira matéria primeira e isto deseja ser reunido com um verdadeiro Enxofre, que deverá ser procurado na casa de Aries. Através deste mineral apenas e com a habilidade do artista, é Marte retrogradado num mineral; como por muitos foi já ensaiado. Esta é a nossa verdadeira Venus, a esposa do coxo Vulcano, e que é amada por Marte. Primeiramente então faz com que Marte abrace este mineral, de forma que ambos se libertem das suas características terrenas, e em pouco tempo a substância metálica deverá brilhar como os céus, e como prova do teu sucesso deverás seguramente nela encontrar a impressão do selo de um rei estrelado. Este é o selo real, a marca que o Todo-Poderoso afixa neste estranho corpo. Este é o fogo celestial, no qual ao fazer despertar uma centelha, grandes mudanças ocorrerão nos corpos, de tal modo que a negritude é feita brilhar como uma gema cintilante, com a qual como um diadema o nosso jovem rei é coroado. A isto adiciona Venus na proporção adequada, cuja beleza é admirada por Marte e que é conhecida por lhe ter grande amor e desejo de com ele se unir, assim que logo é inclinada ao movimento, sendo ela afim do ouro, Marte e da brilhante Diana, com quem ele concilia o amor e a verdadeira união. Mas Vulcano ficará cada vez mais ciumento e é com desgosto que o coxo cornudo sente os cornos adornarem-lhe a cabeça, e na esperança de os destruir atira a sua rede sobre os amantes apanhando a esposa e Marte durante o ato, exibindo-os desta forma aprisionados. No entanto, que isto não seja tomado como mera Fábula. Primeiro observa como Cadmus é devorado pela nossa besta feroz a quem Cadmus depois de a ter intrepidamente perfurado fez merecer nome de campeão, pois esta Serpente (de poder inquestionável) ele com a sua lança mortal trespassou contra um carvalho, perante o qual todos sentiram temor. Observa também a Estrela, que na realidade é Solar, como se pode provar, pois o ouro unido intimamente com o filho de Saturno cujas fezes foram purgadas quando tudo o que era perfeito se abateu no fundo, depois de fundido e vertido, ao arrefecer nos mostra uma Estrela, assim como faz Marte. Mas Venus fornece uma substância metálica que só por si é desprezível, mas que ao ser unida com Marte, como que dobrados numa rede, aparece como agradável à vista, como descreveram os poetas misteriosos de vista apurada, de forma velada mas no entanto suficientemente clara para o Sábio. De forma que a alma de Saturno, e Marte, são através da nossa Arte e com a ajuda de Vulcano intimamente misturados, mas ambos são semelhantes e voláteis, não sendo divisíveis até que a alma de
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br Marte seja fixada e então deixe Saturno, e então um ensaio revelará o mais puro ouro, e uma tintura da mais pura e verdadeira. Mas esta mediação deve ser feita através de Vénus, caso contrário nenhum artifício humano seria capaz de os separar, nem os poderia reduzir a pó. No entanto após a sua união serão reduzidos apenas pela associação de Venus, da qual Diana produz neles a separação. Alguns para preparar esta Água usam as Pombas de Diana, o que é um trabalho tedioso em que por cada vez que o artista acerta há sempre duas em que falha: mas a outra forma (que é a mais secreta) nós recomendamos a todos os que desejam ser verdadeiros artistas. Pelo que deverás assegurar que o vapor mais subtil da Água seja longa e repetidamente circulado, até que as almas de cada (deixando a matéria grosseira) se unam e voem juntas para o alto; onde não as deves deixar residir durante muito tempo, para que não congelem, pois de contrário laboras em erro. Assim tira do Filho do velho Saturno duas partes, de Cadmus uma parte e estas purifica com a ajuda de Vulcano até que (sendo liberta das suas fezes) a parte Metálica seja a mais pura; o que deves fazer em quatro reiterações, cujas operações perfeitas te serão ensinadas pela Estrela. Faz com que AEneis (?) seja igual ao seu amado, purgando-os com arte até que a rede de Vulcano os envolva a ambos, pelo que deves então molhá-los bem com a água e mantê-los em calor e umidade até se tornem perfurados e a suas Almas sejam ambas glorificadas. Este é o Orvalho celeste, que deve ser alimentado durante tanto tempo quanto seja requerido pela natureza, pelo menos três vezes, ou até sete, assim os guiando através das ondas e chamas como a razão ordenará, mas atenta para que a terna natureza não fuja pela força de um fogo demasiado forte. Sabe também com certeza que o Mercúrio, com o qual a obra deve ser iniciada, deve ser líquido e branco, mas toma cuidado para que não seques a umidade em pó devido a um fogo muito forte, de modo que se mostre vermelho, pois nesse caso o teu esperma feminino estaria corrompido e falharias o teu desejado objetivo. Nem faças com que o Azougue se torne numa clara e transparente goma, óleo ou ungüento, pois caso tenhas perdido a proporção certa nunca chegarás a uma verdadeira dissolução mas serás obrigado a suspender o teu trabalho já sem esperança, e a adiá-lo para outra altura, pois procedeste de forma contrária às regras da Arte. Preocupa-te apenas então em aumentar um espírito que falta ao Azougue comum, sublimar o grosseiro no firmamento e separar as escórias segundo a Arte; o que reiterado sete vezes deves então desposar com o ouro até que quedem ambos perfeitamente combinados. Assim através da Arte e com a ajuda da Natureza é a verdadeira Donzela preparada, a qual sendo separada das fezes se faz um rebento celeste que tornou macio o corpo sólido do Sol e ao ser separado em átomos se tornou negro e putrefato, que depois no entanto revive e se torna volátil. Mas se eu aqui revelasse todos os segredos do fabrico desta nossa Água seria desprezado por todos os verdadeiros artistas, pois apenas àqueles a quem Deus deseja ensinar estes devem ser comunicados, enquanto que outros devem permanecer perdidos num labirinto de erros. Mas aquele que com sofrimentos e orações dedicadamente procurar este segredo, sem nessa busca ser excitado por desejos de cobiça, mas procurar apenas o conhecimento com candura resolverá certamente este mistério, sobre o qual ninguém em nenhuma altura falou tão claramente. Há alguns que através da Arte sabem preparar um maravilhoso Licor, que os Adeptos chamaram Fogo do Inferno, e cujas virtudes são tão estranhas e poderosas que (pela sua força) são capazes de resolver qualquer composto na sua Matéria primeira, ou Água; isto numa suave dissolução de Azougue tão uniforme que como gotas de cristal possa ser dela separado sem que nada seja depositado no fundo do vaso nem a sua virtude de qualquer maneira enfraquecida. Pois sendo repetidamente destilada deixa para trás o Azougue que como verás se assemelha a um sal fixo, de odor lembrando o almíscar, ou
ACADEMIA DE CIÊNCIAS FUTURAS Escola Iniciática www.academiadecienciasfuturas.org.br aroma, e de sabor semelhante ao mel tal é a sua doçura, que podes pulverizar como ferrugem e que nenhum fogo pode consumir, isto no ensaio com Saturno aparece tão fixo como a mais pura Luna. Esta substância ao ser coobada cinco ou seis vezes com a dita Água (com digestão prévia) aparecerá como que um Óleo, e pouco tempo depois destila como um Espírito, que pela adição de um pequeno sujeito pouco a pouco se separa em duas substâncias distintas, que estando prontas serão guardadas separadamente, sendo a primeira um Óleo ou Tintura solúvel em Licor; a outra (se a fazes ferver) é através da Arte redutível em Mercúrio, cujo Azougue é uma substância tão maravilhosa que não se encontra igual debaixo dos céus. Esta nem com sais ou água forte poderá ser corroída em precipitado, ou por circulação freqüente pelo fogo ser combinada, ou sublimada, ou seca em pó, nem tão pouco ser fixada mas para sempre se manterá volátil. O grande Elixir não conseguirá transmutar mas de fato dissolve e destrói; é de tal forma estranha que todos os artistas surpreende, pois nenhum tem poder ou mestria para a alterar: e através da forma mencionada, poderá ser produzida de todos os corpos Metálicos. No entanto na nossa Arte isto não serve de nada, pois nós procuramos multiplicar o Enxofre que é uma Hematina Solar e cuja cauda é lunar; são estes os únicos planetas que consideramos no nosso céu terrestre, rejeitando todos os outros e todas as outras artes. Pois se Ouro, que pela natureza é feito puro e perfeito puder através deste nosso fogo secreto ou Água ser retrogradado em Mercúrio e Enxofre, sendo completo em substância, e que antes não podia ser separado pela força do fogo, mas firmemente nele residia. Quem não vê que tal Mercúrio está distante da nossa obra? Pois nós procuramos aumentar uma Tintura e apenas o Enxofre, que como uma capa envolve o Mercúrio e é agradável à natureza Metálica e sem o qual a Água não poderá reclamar o nome de um metal. Este Enxofre encontra-se mais ou menos em toda a coisa Metálica, mas em algumas uma certa escória inquina a substância pura, pelo que deve ser destruída pelo fogo, pois tudo o que é grosseiro e inútil neste é consumido. Mas dos metais o Sol e a Lua são revestidos tão intimamente por um puro Enxofre que suportam grandemente a maior força de Vulcano, e nenhum Artifício humano poderá alguma vez dividir este Enxofre da sua Água excetuando o mencionado licor, cuja virtude é tão poderosa que reduzirá até o Sol e a Lua do seu estado fixo e os tornará voláteis. Não apenas ele, mas também o nosso admirável Fogo podem fazer o mesmo ao ouro, e de uma forma direta e gentil forçar a sua retrogradação, e no entanto sem dividir o Enxofre do seu centro, antes o vestindo com uma veste Mercurial para que ambos habitem combinadas numa Água Dourada. Mas o mencionado Licor estranho ao dissolver destrói a homogeneidade Metálica, pois ao separálos causa um desentendimento e desunião, de modo que nenhum pode desfrutar do outro e portanto o Mercúrio Central ao ser separado do Licor tingido mantém-se em baixo de forma que a Hematina que antes no ouro tinha o Pondus de um Metal se encontra agora tão alterada que se torna num Azougue mais leve, à vista como que um Óleo ou mesmo um Sal untuoso, que é uma nobre medicina para os enfermos. E assim parece que tanto mais uma substância Metálica seja dissolvida nesta umidade tanto mais é transformada de uma natureza Metálica cujo Enxofre, pela força deste Licor poderá (embora contravontade) ser pelo menos trazido até uma Água elementar; tal é o poder que este Licor tem sobre qualquer matéria. Com isto todos os Filósofos concordam, e todos concluem que o nosso Mercúrio é apenas um, que umidifica apenas aquilo que é homogêneo nos metais, e que é a mãe da nossa Pedra e cujo segredo, se já não ignoras, deves calar; pois ninguém alguma vez sobre isto escreveu mais claramente. Fim do Primeiro Livro.