FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO
SEMINÁRIO FILOSOFIA I O Problema do conhecimento em Descartes
Maria Inês Figueiredo Gomes Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundário 31 de Janeiro de 2012
Pensar? Aqui descubro: o pensamento é; apenas este atributo não pode ser separado de mim. Eu sou, eu existo, isto e certo. Mas por quanto tempo? Certamente enquanto penso, porque pode porventura acontecer que se eu cessasse totalmente de pensar deixaria, desde logo, inteiramente de ser. Agora não admito nada que não seja necessariamente verdadeiro: portanto eu sou, por precisão, apenas uma coisa pensante, isto é, um espirito ou uma alma ou um intelecto ou uma razão, termos cuja significação ignorava antes (...) e assim reconheço que nenhuma das coisas que posso perceber graças à imaginação pertence ao conhecimento que tenho de mim mesmo e que devo pelo contrário desviar o espirito delas, para conhecer bem distintamente a natureza deste. Mas que sou eu então? Uma coisa pensante. O que quer isto dizer? Quer dizer: uma coisa que duvida, que compreende, que afirma, que nega, que quer, que não quer, que também imagina e que sente.≫ ≪
R. Descartes, Meditações sobre a Filosofia Primeira, 2a Meditação
SEMINÁRIO FILOSOFIA I
O problema do conhecimento em Descartes
Introdução
O presente trabalho de investigação realiza-se no âmbito do estudo no seminário de Filosofia I, no Mestrado de Ensino de Filosofia no Ensino Secundário, referente à parte da atividade cognitiva. É neste contexto que procuramos aliar o conhecimento adquirido ao longo das sessões do seminário acima referido, com os conteúdos programáticos da disciplina de Introdução à Filosofia do décimo primeiro ano de escolaridade. É de facto nossa motivação que a presente investigação contribua para um ensino e aprendizagem mais rigoroso e aprofundado da temática escolhida, aquando da lecionação em estágio profissional e ao longo de toda a carreira docente futura. Por isso mesmo reconhecemos a importância desta investigação para o ensino e aprendizagem do ponto programático referente à “descrição e interpretação da atividade cognoscitiva”, e mais especificamente, na “análise comparativa de teorias explicativas
do conhecimento”. Em suma, a figura de Descartes e de todo o seu sistema filosófico constituem um marco inegável do estudo da problemática do conhecimento, motivo pelo qual é opção recorrente na abordagem à questão do conhecimento no ensino secundário de Filosofia.
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Um sonho profético…
Descartes constitui-se como referência inegável no estudo das teorias da perceção, porquanto nos apresenta argumentos a propósito da natureza da perceção ou representação, nomeadamente, que poderá existir um fosso entre a aparência do mundo por ela apresentada, e a realidade exterior. Ter um conhecimento imediato e íntimo dessa mesma aparência é distinto do que podemos afirmar saber da realidade exterior, e tal é filosoficamente problemático. Uma das consequências deste problema filosófico é de caráter epistemológico, isto é, quanto à natureza do conhecimento humano, mas Descartes não irá, através dos seus argumentos, refugiar-se na impossibilidade absoluta de conhecer bem, ou de conhecer ao certo, ou ainda da possibilidade de conhecimento, mas antes questionar o modo como o conhecimento provém, unicamente ou especialmente, da experiência percetiva. Haverá, porventura, uma forte extrapolação contida no modo como se considera que por vezes os sentidos são enganadores, logo será tão mais prudente nunca confiar neles; ainda assim, o papel confiável da razão também não é esquecido no poder da dúvida. A defesa da importância do uso da razão no conhecimento verdadeiro da realidade prevalecerá enquanto método infalível, porquanto as meditações metafísicas não provam a certeza dos sentidos, e provam a certeza do Eu, da matéria, e de Deus. Mais do que alcançar um conhecimento real, é alcançar um conhecimento verdadeiro porque deduzido com rigor e ordem e de modelo científico-matemático. Em suma, a indubitabilidade do conhecimento empírico, como base da experiência de toda a forma de conhecimento, será portanto colocada em causa. Mais do que propor uma resposta inabalável do idealismo ao problema do conhecimento, pela posição filosófica em Descartes, a história da filosofia herdou a incómoda exigência da evidência e das ideias claras e distintas. …Não se passa o mesmo na filosofia, onde, acreditando todos que as suas proposições são problemáticas, poucas pessoas se aplicam à procura da verdade…
Meditações Metafísicas, epístola dedicatória
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O papel do método no alcance do conhecimento verdadeiro:
A investigação matemática em Descartes confere-lhe não só a resolução de problemas que lhe deram destaque nesta área, mas também, a inspiração para construir uma “nova filosofia”, uma filosofia verdadeira que desse o fundamento metafísica às resoluções da
ciência, e acima de tudo, permitisse o alcance seguro e certo das razões, as razões que explicassem o saber. A aplicação de um método está, assim, em estreita ligação com o alcance da verdade, por meio da razão, como descrito no «Discurso do Método», do qual as regras são de fácil compreensão, porque já contidas no espírito, e porque orientam o mesmo na sua intuição e na sua dedução. O método tem então como objetivo colocar em ordem os objetos a conhecer, dispondoos em série, segundo a forma como se conhecem uns a partir dos outros, por forma a por em evidência as naturezas simples ou absolutas de que dependem os outros conhecimentos. As regras do método devem sempre guiar-nos na descoberta e alcance da verdade, mas talvez o facto de terem ficado inacabadas revele a complexidade perante a diversidade dos domínios do conhecimento. É prova de que se sabe uma coisa perfeitamente quando podemos fornecer dela uma explicação bem curta, geral e clara; como, pelo contrário, se acrescentarmos coisas supérfluas, particulares e embaraçadas é sinal de que tal coisa se ignora.
Fragmentos, AT, IV.
Realismo Científico
Num sentido amplo, o termo ‘realismo’ denota já uma posição filosófica acerca do
problema de certas classes de objetos, ou de proposições sobre esses objetos. Do mesmo modo, e no âmbito metafisico, o realismo concerne aos objetos de classes e caracteriza-se pela afirmação de que “os objetos realmente existem”, ou “desfrutam de uma existência independente de qualquer cognição”, ou ainda “estão entre os
constituintes últimos do mundo real exterior”. Poderá porventura ser esta a conceção de 3
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realismo que permitirá a posição realista face a certas classes, conjuntamente com a posição não – realista face a outras classes, ou seja, o anti-realismo em relação aos estados e processos mentais consubstanciado no behaviorismo, em relação aos objetos materiais ordinários com o fenomenalismo, entre outras posições. De entre as posições realistas, podemos considerar que talvez Descartes tenha sido dos primeiros filósofos a considerar o problema do realismo, pela busca do ideal da fundamentação rigorosa do conhecimento.
O itinerário metafísico:
No Inverno de 1619, Descartes propôs-se a levar a cabo, sozinho, uma reforma do conhecimento humano, onde demonstrasse, à luz da ciência matemática, a possibilidade do conhecimento verdadeiro. Para tal, há uma rejeição da ideia aristotélica de acordo com a qual a alma é a forma do corpo, o que desde já rompe com uma conceção grega e que assume, como corolário de todo o sistema cartesiano, o dualismo entre substância pensante e matéria, e uma desnaturalização da alma (ou consciência, ou espírito, ou mente). De facto, a constatação de que o homem tem, na sua essência ou natureza, pensar, descarta a necessidade do corpo para fazer do homem aquilo que ele é; ele é, antes, essencialmente mental.
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O papel da dúvida como instrumento da procura da verdade:
… É certo que essas razões são suficientemente fortes para nos obrigar a duvidar que são elas próprias duvidosas e incertas, e que por isso não devem ser retidas, mas rejeitadas…
Resposta às objecções à Primeira Meditação
A fundação para o edifício do conhecimento em muito depende da aceitação do verdadeiro e do falso, pelo que uma dúvida metódica recuperará o valor de sujeitar todas as convicções aos princípios sólidos da verificabilidade e da demonstração. 4
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Assim, e descartando a força do empirismo em atribuir aos sentidos uma fonte inegável de perceção, os sentidos, as sensações e as emoções são altamente enganadores e uma profunda forma de cepticismo. Há, de facto, um mergulho profundo na posição céptica porquanto se configuram os sonhos, um deus enganador, um génio maligno e a possibilidade de o mundo real exterior ser uma ilusão da mente, o que em muito, atrai a interrogação comum do mundo adolescente personificado pelo ‘Matrix’, e assim, apela a uma problematização
mais rigorosa porque filosófica. Há algo de iminentemente filosófico no questionar o sem fundamento, o duvidoso, o irreflectido, porquanto tal não nos permite radicalizar o conhecimento e o pensamento. Este objetivo inicial que se perpetua em todo o sistema cartesiano, traz consigo uma lição inspiradora, na medida em que convida ao questionamento filosófico, ou seja, ao colocar em causa com vista à resposta racional. Contudo, as meditações não residem exclusivamente na dúvida, na incerteza, elas oferecem um sistema de respostas, quase práticas, como uma teia da qual fica difícil desapegar uma vez que se aceitem os argumentos cartesianos, e tal verifica-se na demonstração racional da existência de Deus, e na distinção espírito-corpo que conduz à certeza do cogito. É a resistência do cogito, e da impossibilidade de um Deus enganador, ao sonho, à loucura e à dúvida que preparam caminho, desde a primeira meditação, à inferência (ou à intuição) do cogito. A primeira grande constatação a partir da dúvida é o limite da possibilidade pensada, a saber, que não nos é possível conseguir pensar que não existimos, e como tal, o pensar é o único atributo que não pode ser separado do meditador, ainda que o meditador sem mais nada, não sabe necessariamente o que é. A certeza da constituição de uma coisa pensante ou res cogitans não abdica, por completo, da dúvida, pelo que o meditador se interroga, quanto durará tal certeza (?), «o que sou eu, este eu que sei que existe (?)». A essência ou natureza do pensar é tomada num sentido amplo, abarcando contemplação intelectual, mas também, volição, emoção, sensações e imagens mentais. Ainda assim, procura-se uma distinção mais clara entre intelecção e juízo, na medida e, que, compreender a proposição é uma perceção do intelecto, contudo, estabelecer o
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juízo de que a proposição é verdadeira ou falsa, não é um ato do intelecto, mas um ato da vontade. Deste modo, o intelecto fornece as ideias que são o conteúdo com o qual, por meio da vontade, se julga, e uma perceção clara e distinta é aquela que força a vontade, da qual não se pode duvidar. Diferentemente da perceção, por meio do intelecto e por meio da vontade, a imaginação e a sensação são concebidas como modos do pensamento que requerem operação dos órgãos dos corpos, e a operacionalização dos sentidos. A discussão acerca da univocidade da certeza da essência do pensamento, ou seja, do modo como não ter outra certeza além da essência do pensamento conduz necessariamente a ter a certeza que não tenho outra essência além do pensamento, ainda hoje se mantém, e questiona-se até que ponto Descartes terá realizado esta distinção. A relação mente-corpo, um dos principais temas de que se ocupa a meditação metafísica, afasta muitos leitores contemporâneos da terceira meditação, que discute a natureza de Deus. Ainda assim, é a descoberta em si mesmo da ideia de Deus, que permite o conhecimento de alguma coisa para além do cogito e promove a saída de um eventual solipsismo por forma da evidência segura. A incerteza de uma correspondência entre as ideias concebidas e o que existe no exterior da mente poderia corroborar a eventualidade de um Génio Maligno que enganasse e defraudasse a possibilidade de conhecimento verdadeiro. Todavia, é a luz natural ou inclinação natural que fazem acreditar nas coisas existentes fora de si, e não tanto uma tendência infalível, por meio do juízo racional. A entrada da figura de Deus e a certeza construída da sua natureza, no sistema cartesiano, é ainda hoje, criticada e apelidada de Petição de Princípio pela constituição do argumento ontológico a favor da existência de Deus. De facto, poder-se-ia afirmar que a possibilidade de nada existir que seja perfeito, e se nada é perfeito, nada é divino, então Deus não existe, fracassando a demonstração de Descartes que parte da ideia de Deus: um ser sumamente perfeito, para a perceção clara e distinta da existência da natureza de Deus. Apesar do carácter problemática desta constatação, é a figura de Deus que dá espaço para uma teoria da liberdade (aqui pela forma da possibilidade de erro), à semelhança de outros sistemas filosóficos como em Leibniz ou Berkeley. 6
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Neste contexto, obteve-se por um caminho de dúvidas e de certezas construídas, a constatação do espírito enquanto cogito e da existência de Deus, mas nada ainda garante totalmente a existência do mundo real exterior. As convicções mais básicas acerca do mundo real exterior derivam das ideias, e parte-se do princípio de que os objetos no mundo existem e se assemelham às ideias a que dão origem; para tal, retoma-se o exemplo do pedaço de cera, porquanto se procura afirmar que a cera é tão mais bem conhecida, quanto às propriedades que lhe pertencem, através do espírito, e não dos sentidos. É a sexta meditação que aborda a problemática da relação mente-corpo e confirma que o fundamento do conhecimento é mais complexo e confirmará a necessidade de envolver a figura de Deus para garantir a fiabilidade da mente humana, ao mesmo tempo que é necessário acreditar na fiabilidade da mente humana para provar a existência da figura de Deus, consubstanciando o célebre “círculo cartesiano”.
O mesmo é dizer que só pela possibilidade da confiança e crença num Deus (não enganador porque perfeito) é que as aparências de corpos, exteriores e independentes da nossa mente, não são também enganadores. Antoine Arnauld irá criticar, nos seus comentários às Meditações, uma eventual circularidade do apelo à figura de Deus como garante da verdade da perceção clara e distinta, na medida em que, para se alcançar a certeza de que Deus existe, há a necessidade da certeza de que aquilo que percebemos clara e evidentemente é verdade. O problema da interacção entre mente e corpo será alvo de objecções por parte da Princesa Isabel do Palatino, com quem Descartes trocava correspondência. Este é um ponto que nos faz equacionar o rigor da escrita à distância, na resolução e crítica filosófica, à semelhança dos meios de comunicação virtuais, hoje cada vez mais utilizados no ensino (e no ensino de filosofia). Por outro lado, o ponto de vista de Descartes acerca da natureza da mente teve menor refutabilidade, durante mais tempo, do que o seu ponto de vista acerca da matéria, uma vez que esta última conceção seria refutada pelo desenvolvimento científica, bem como por Wittgenstein quando considera que mesmo quando pensamos os nossos pensamentos mais privados, estamos a utilizar como meio uma linguagem que não podemos separar da sua expressão pública e corpórea. Assim, a dicotomia cartesiana entre mente e corpo aparece-nos como insustentável.
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O papel dos princípios
Nos seus Princípios da Filosofia, Descartes apresenta-nos a sua metafísica e a sua física sob forma de um conjunto de regras, quase que um manual. Se porventura fosse considerado um manual, talvez pudéssemos afirmar que fora adotado por algumas figuras contemporâneas de Descartes, que começaram a ensinar estes pontos de vista nas Universidades. Já outros professores viam nestas novas doutrinas algo de ameaçador, uma vez que colocava em causa e até rejeitava os sistemas aristotélicos, até então admitidos no ensino da filosofia, enquanto fundamentos. Descartes esclarece, ainda, um eventual equívoco a propósito do princípio, se este servirá para procurar uma noção comum, de modo claro e geral, que sirva de princípio para provar a existência dos seres; ou se, por outro lado, na procura dos seres, nos servimos de princípios para os conhecer. No primeiro caso, o princípio serve para fazer com que quando conhecemos algo, possamos confirmá-lo por um raciocínio, e não tanto para fazer conhecer a existência de qualquer coisa. É esta aceção de princípio que permite que todas as proposições se possam reduzir e provar por ele; basta que não haja nenhum outro de que dependa.
… É com grande utilidade que começamos a assegurar -nos da existência de Deus, e, em seguida, da de todas as criaturas, pela consideração da sua própria existência.
A Clerselier, 1646
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Conclusão
O presente trabalho resulta de uma pequena investigação acerca do problema do conhecimento, e por isso mesmo, abordou a questão em Descartes, considerando por isso mesmo algumas obras do autor que resultam na explicitação do sistema cartesiano. Considerar o problema do conhecimento é, inevitavelmente, questionar o modo como percecionamos, e em Descartes, conduz-nos ao problema da relação mente-corpo, e a forma como este decorrente da certeza do cogito e de Deus. Assim, há um caminho percorrido desde um cepticismo radical, traduzido numa dúvida hiperbólica, até ao modo como o conhecimento se dá através da forma que a alma faz dos modos de pensar que há em si. As Meditações são, portanto, essenciais no estudo da presente problemática, e onde se confundem as questões da metafisica, da epistemologia e da filosofia da mente. Restam, ainda, algumas críticas possíveis ao sistema cartesiano: será que se duvida de tudo; a circularidade da constituição do cogito; da necessidade da figura de Deus; do potencial erro do dualismo entre mente e corpo, entre outros. Ainda assim, é um incontornável autor na abordagem à temática e uma escolha pertinente para a problematização do problema do conhecimento, porquanto se dão a conhecer as principais posições filosóficas, no ensino secundário de filosofia.
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Bibliografia
Beyssade, M., Descartes, Edições 70, Lisboa, 1986 Descartes, R., Cahiers de Royaumont , Les Editions du Minuit, Paris, 1957 Descartes, R., Discurso do Método , Edições 70, Lisboa, 2003 Descartes, R., Lettres sur la morale: corréspondence avec la princesse Élisabeth, Chanut et la reine Christine , Hatier-Boivin, Paris, 1955
Descartes, R., Meditações Metafísicas , Rés-Editora, Porto, 2003 Descartes, R., Os Princípios da Filosofia , Guimarães Editores, Lisboa, 1998 Châtelet, F., História da Filosofia-volume 2 , Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1995 Kenny, A., História Concisa da Filosofia Ocidental , Temas e Debates, Lisboa, 1999 Miguens, S., Compreender a mente e o conhecimento, Universidade do Porto, Faculdade de Letras, Porto, 2009 Miguens, S., Racionalidade, Campo das Letras, Porto, 2004
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