O TALMUD, YESHU E OS MINIM Sugiro cautela aos leitores, o objetivo desse estudo é apenas acadêmico, não o utilize com o propósito de incitar o ódio. O Talmud possui diversas referências a Yeshua e os seus discípulos. Para evitar o antissemitismo e a perseguição aos judeus, alguns rabinos desmentem isso, pois tais referências estão codificadas dentro dessa obra. Referindo-se ao termo “Balaão” no Talmud a Enciclopédia Judaica revela: “O nome Nicolaítas Nicolaítas dado aos cristãos heréticos (...) é provavelmente derivado de uma grecizada do termo Balaão, e também é o pseudônimo dado a Jesus em Sanhedrin 106b e Git. 57a” (Enciclopedia Judaica Vol II, p. 469). A passagem aludida encontra-se no Talmud Babilônico, na qual Rabbi Abba BenKahana diz, em referência a Balaão: “É como alguém que amaldiçoando a si mesmo, refere-se refere-se a uma maldição sobre outros. Ele disse a ele: „Elohim odeia a perversidade, e eles são muito parciais com o linho. Venha te aconselharei: construa para eles tendas cercadas de cortinas, que seja um lugar para prostitutas, mulheres idosas dentro, mulheres jovens fora, para vender a eles vestes de linho.‟ Então ele ergueu tendas com cortinas desde o monte nevado, tanto quanto Beit HaYeshmot, e colocou prostitutas, mulheres fora dentro, mulheres jovens fora”. Após a prostituição dos jovens israelitas, o Talmud afirma que eles se separaram da Torah de Moshe, talvez uma referência ao cristianismo, se considerarmos verdadeira a informação da Enciclopédia Judaica. Aparentemente, possuímos apenas referências ao relato bíblico, no fim da explanação Rabbi Yochanan diz em relação a Balaão: “„No começo ele era um profeta, mas depois um advinho‟ Rabbi Papa observou: „Isto é o que os homens dizem: Ela que era uma descendente de príncipes e governadores, se prostituiu com carpinteiros‟”. O relato bíblico aqui se mescla com uma condenação a Yeshua, chamando sua mãe de prostituta. Afora a crítica velada, impressiona o relato de que a mãe de Yeshua realmente era considerada uma descendente da família de David, da linha real, conforme atestado em outras fontes. Outro manuscrito do texto possui “carpinteiro”, uma clara referência a Yosef (José). Outras referências a Balaão são encontradas no Talmud, que podem possuir uma ligação com Yeshua, a outra passagem referida pela Enciclopédia Judaica está no tratado de Gitin. 57a, porém as referências não são muito claras, tornando-se difícil determinar se outras passagens do Talmud que referem-se a Balaão também não se referem a Yeshua. A referência de que Balaão era um mágico e que iludia por meio de encantamentos faz parte da crença que os milagres praticados por Yeshua eram feitos pelos mesmos meios, envolvendo mesmo os órgãos sexuais do indivíduo. Os relatos encontrados a respeito desse tema no Talmud são pueris, e não devem ser levados em muita consideração. Extraímos delas o seguinte: havia uma grande rejeição dos rabinos aos ensinamentos e milagres praticados por Yeshua. Em outros tratados Yeshua praticava seus milagres porque conhecia a pronúncia correta do Nome YHWH,
o utilizando em seus milagres, considerado proibido pelos rabinos “porque ele pronunciava o nome em sua grafia completa. Mas como ele poderia fazer isso? Nós não aprendemos que as seguintes pessoas não terão parte no mundo vindouro: Aquele que diz que a Torá não é do Céu, que a ressurreição dos mortos não é ensinada na Torá. Abba Sha‟ul diz também: aquele que pronuncia o nome em toda a sua ortografia” (Avodah Zarah 18a) O código “Balaão” é também usado como uma referência dos ensinamentos dos chamados Minim. No tratado de Sanhedrin 106b, um “min” pergunta a Rabbi Hanina: “Ouviste quantos anos Balaão (ou seja, Yeshua) tinha? Ele respondeu: Isto não é atualmente indicado, mas assim está escrito: „Homens de sangue e de fraude não viverão metade dos seus dias‟, ele tinha trinta e três ou trinta e quatro anos. Ele replicou: „Tu disseste corretamente, eu pessoalmente tenho visto as Crônicas de Balaão, na qual se afirma: Balaão o coxo tinha trinta anos quando Fineias o ladrão o matou”. O termo “Crônicas de Balaão” é uma referência aos evangelhos, Finéias seria Pilatos. O nome Yeshu é encontrado no Talmud em algumas passagens, tal termo omitindo-se o Ayin final do nome é encontrado como Yeshu BenPandera, Yeshu BenStada. No tratado de Sanhedrin 67ª (Masnuscritos de Munique e Oxford, em outros manuscritos o texto foi retirado para evitar represálias): “E eles fizeram isso com BenStada em Lidda: eles o penduraram na véspera de Pesach. BenStada é BenPandera. Rabbi Hisda disse: “O marido (Yosef) foi Stada, o amante (o suposto pai com que Miriam adulterou) foi Pandera. Mas não era o marido Pappos BenYhudah? O nome de sua mãe era Stada. Mas a sua mãe era Miriam, uma aparadora de cabelo de mulheres? (Megadela neshaya) Como dizem no Pumbadita: Essa mulher se afastou do seu marido”. A morte de Yeshua é referida no capítulo 43a do tratado de Sanhedrin. Em algumas passagens, o nome dos personagens que interagem com Yeshua não são seus contemporâneos, mas conforme destacado por Richard Kalminem no artigo “Christians and Heretics in Rabbinic Literature of Late Antiquity” (p. 156): “Os rabinos aqui revelam certa ignorância da cronologia de Jesus ou uma falta de preocupação com a exatidão histórica. É concebível, embora improvável (...) tenha em mente outro Jesus que não o fundador da fé cristã.” O termo “Minim”, cujo significado é “espécies” era uma referência do Talmud aos sectários judeus, muito provavelmente aos netzarim e outros grupos. “A palavra Notserim é encontrada em dois textos do antigo rito palestino na Genizá do Cairo” (Taylor, p. 27). O termo encontrado “os Minim e os Notzerim”, fazendo uma distinção entre ambos, ou uma forma de destacar o significado de ambos os termos como um só. Entretanto, é mais provável que o termo “Minim” fosse uma referência a diversas seitas, incluindo os antigos netzarim, como afirma Nicolas De Lange (p. 44). O termo possui ligação com os pseudônimos de Yeshua “Yeshu BenPandera” e “BenStada”, como encontramos em Avodah Zarah 16b, na fala deEliezer: “Akiva, tu me fizeste lembrar, uma vez estive caminhando nas ruas de Séforis, e encontrei um homem dos discípulos de Yeshu BenPandera, e Ya‟acov, homem de Kefar era seu nome. Ele disse a mim: “Está escrito na tua Torá: Tu não trarás o salário de uma prostituta, o que pode ser feito? Um lugar separado para os sacerdotes.‟ Eu nada respondi, ele disse a mim: „Assim Yeshu BenPandera
ensinou-me: Pois foi o salário de uma prostituta que ela os reuniu, e para o salário de uma prostituta deverá retornar (Miqueias 1:7), veio de um lugar imundo para um lugar imundo retornará”. Em outro tratado (Shab 14.4 e AZ 27b) Ya‟acov curaria Eliezer em nome de “Yeshu BenPandera”, mas R. Ishmael não o permitiu. O Talmud fala que Eliezer ensinava em Tiro. Segundo o tratado de Rosh HaShana 17a: “Os Minim têm se desviado das normas da comunidade”. Essa frase é muito significativa, ao dizer “têm se desviado” demonstra que os “Minim” de fato pertenciam à comunidade e se desviaram dela. O tratado de shabbat (116) possui um debate sobre o que fazer com os “Livros dos Minim”, pois o Nome do Eterno estava neles contido: “Rabbi Yose disse: Nos dias da semana deve-se cortar os nomes divinos que eles contêm e escondê-los, e deixar queimar o resto”. Outra evidência da existência dos grupos judaico-messianicos no Talmud é a maldição criada pelos judeus, chamada “Birkat HaMinim”. Segundo Epifânio, os judeus oravam três vezes ao dia pedindo a Deus que amaldiçoasse os Nazarenos. O mesmo é afirmado por Jerônimo, que diz que a seita dos fariseus fazia isso. Qual o propósito que levou os judeus a criarem algo desse tipo? Segundo o tratado de Berachot, essa maldição foi instituída em Yavne (Jamnia), uma cidade costeira de Israel, por Samuel, o Menor quando Rabban Gamaliel perguntou aos sábios: “Algum entre vós pode compor uma bendição em referência aos Minim? Samuel o Menor se levantou e a compôs.” (Berachot 28b). Assim foi adicionada uma decima nona cláusula à oração que antes possuía dezoito. Segundo o mesmo tratado, os rabinos suspeitaram que Samuel posteriormente aceitara a fé dos “Minim”. No mesmo tratado descobrimos algumas práticas dos “Minim”, eles recitavam os dez mandamentos antes de recitar a reza do Shemá Israel (Berachot 12a), segundo o tratado os “Minim” acreditavam que somente os dez mandamentos eram válidos, por este motivo os rabinos proibiram a prática de recitar os dez mandamentos antes do Shemá. Em outras passagens lemos sobre os minim questionando determinadas passagens contraditórias das Escrituras, como se algum escriba tivesse corrompido o texto. Em todos os textos, os minim sempre são corrigidos pelos rabinos, falhando em suas interpretações das Escrituras.