Para atravessar contigo o deserto do mundo Para atravessar contigo o deserto do mundo Para enfrentarmos juntos o terror da morte Para ver a verdade, para perder o medo Ao lado dos teus passos caminhei. Por ti deixei meu reino meu segredo Minha rápida noite meu silêncio Minha pérola redonda e seu oriente Meu espelho minha vida minha imagem E abandonei os jardins do paraíso. Cá fora à luz sem véu do dia duro Sem os espelhos vi que estava nua E ao descampado se chamava tempo. Por isso com teus gestos me vestiste E aprendi a viver em pleno vento
Análise formal: •
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Classificação do texto: é um poema constituído por 14 versos distribuído por uma quintilha, uma quadra, um terceto e um dístico. Esquema rimático: ABCD-CEFGH-IJK-LM Classificação da rima: quanto à rima, pode-se classificar como não rimada, pois este poema não rima nada. Divisão métrica:
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Tema: O tema deste poema é a imaginação (mistério) Justificação do título: O título “Para atravessar contigo o deserto do mundo” é este porque o sujeito poético pretende superar a situação de durabilidade que lhe impõe a vida.
Segmentação em partes e referência aos principais aspetos de cada uma
- O sujeito poético declara na 1ª estrofe o grande e único objetivo da sua vida, isto é, superar a condição dura (“atravessar (…) o deserto do mundo”), temporal, terrífica (“terror da morte”) da vida e do mundo; vencer os obstáculos do medo (“perder o medo”) e encontrar a verdade (“ver a verdade”) contando com a ajuda de um “Tu” para a realização deste objetivo (“Ao lado dos teus passos caminhei”). - Para isto, tal como mostra a 2ª estrofe, o Eu deixa, larga tudo o que possuía – tesouros (“meu reino”, “minha pérola”), o seu “segredo”, as suas ilusões (“meu espelho”, “minha imagem”, ou seja, avida – aquilo que constitui o seu paraíso (“abandonei os jardins do paraíso”). - Parece nos estranho o Sujeito Lírico abandonar todo o que é seu o que o torna individual, este despir-se de si mesmo, mas a finalidade deste ato já nos foi dita na 1ª estrofe – a procura da intemporalidade, da essência, do eterno, e da verdade. - A solidão impõe-se e o Eu enfrenta-se, o advérbio “cá”, que inicia a 3ª estrofe. Cria dois espaços do poema. “Cá” é o inicio dum tempo, um outro em que o Eu – despido do que é finito – se enfrenta a si mesmo, à
sua essência, deixando de ser cego mas sim estando “à luz” e “sem véu do dia duro / sem os espelhos” vê-se liberto – “vi que estava nua” – este é o encontro por excelência, o encontro consigo mesmo.
- A última estrofe conclui o processo iniciado valorizando, através da antítese metafórica da nudez e do ato de se vestir (“estava nua” versus “me vestiste”), a aprendizagem espiritual da autêntica liberdade e da resistência `adversidade: “ E aprendi a viver em pleno vento”.
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Levantamento dos recursos estilísticos mais significativos
- A anáfora de «Para», nos três primeiros versos do poema e de «minha», nos 2º e 3º verso da segunda estrofe. - O paralelismo, de grande efeito estético, utilizado em expressões como: “Para atravessar (…) o deserto do mundo Para enfrentarmos (…) o terror da morte” “Para ver a verdade Para ver o medo” “meu reino meu segredo […]
meu silêncio”
- A antítese utilizada em: “estava nua” (…) “me vestiste”
- As metáforas são muito frequentes e a sua articulação tão íntima que leva à imagem.
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Justificação da escolha do poema:
O poema que mais gostamos foi “ Para atravessar contigo o deserto do mundo”, porque o poema transmite-nos a ideia de que nunca devemos viver na ilusão apesar de aparentemente isso nos parecer mais cómodo, uma vez que nessa “realidade” estamos presos num mundo virtual. Devemos sempre ver o Mundo de uma forma clara, ou seja, sermos verdadeiramente livres. Percebi ainda que as pessoas que nos amam realmente são aquelas que nos ajudam a sair do mundo de “mentira”, e não aquelas que nos ajudam a construir as ilusões.