.Pro .Propo ponh nho, o, junt juntame ament ntee com com outro outros, s, apro aprove veit itar ar esse esse rr10 mento mento raro raro em que que se anu anunc ncia ia uma uma cult cultur uraa nova nova para para orie orien n tar delibe deliberad radamen amente te a evolu~ evolu~ao ao em curs curso. o. Racioci Raciocinar nar em tertermos mos de imp impac acto to e con conde dena narr-se se a pad padec ecer. er. De novo novo,, a tecn tecnic ic;l ;l prop6e prop6e,, mas 0homem homem disp6e disp6e.. Cessemo Cessemoss de diabol diaboliza izarr 0vir tual tual (como (como se foss fossee 0~ontra ~ontrario rio do real!). real!). A escol escolha ha nao e entre entre a nost nostal algi giaa de urn urn real real data datado do e urn urn virt virtua uall amea amea~a ~ado dorr Oil Oil diferentes es concepr; concepr;oes oes do virtual. virtual. A ;11 excita excitante nte,, mas entre entre diferent ternat ternativa iva e simples. simples. Ou 0ciberespa~o ciberespa~o reproduzini reproduzini 0mediatico, o espetacular, espetacular, 0consum consumo o de inform informa~ao a~ao mercant mercantil il e a exclll exclll sao numa numa escala escala ainda ainda mais mais giga gigant ntesc escaa que que hoje. hoje. Esta Esta C , ;l grosso grosso modo, modo, a tenden tendencia cia natura naturall das "super "supervia viass da info inform; rm;ll ~ao" ~ao" ou da "tele "televi visao sao inter interat ativ iva". a". Ou acomp acompan anha hamo moss as tell tell
Pierre Levy
dencias dencias mais positi positivas vas da evolu~ evolu~ao ao em curso curso e criamo criamoss urn pro jeto jeto de civil civiliza iza~ao ~ao centra centra do sobre sobre os coletiv coletivos os intelig inteligent entcs cs ...
o QUE
I cole~ao
ISBN
9 1 1 ~~
TRANS
n
E
o VIRTUAL?
I
85-732b85-732b-03b03b-X X
editorall34 ~~I~~II~ ~~~~~II
,
editorall34
Os com compu puta tado dore ress e as rede redesd sdig igit itai aiss esestao cada vez mais mais presen presentes tes em nossoc nossocoti oti-diano diano.. A Intern Internet et - rede rede mundial mundial que inte interrliga liga milhoe milhoess de compu computad tadore oress e de de usuari usuari~s ~s - nao nao para para de cre cresc scer er em urn urn ritmo ritmo vert vertig igiinosa, nosa, e incorp incorporo orou u a noss nosso o vos;a vos;abul bulari ario o uma palavr palavraa que, que, ha poucos poucos anos, anos, fazia fazia parte parte dos domini domini os da fic<;ao fic<;ao cientifi cientifica: ca: 0ciberespar;o, ou espar;o virtual. Alem disso, disso, 0 constante desenv desenvolv olvime imento nto de equi equipam pament entos os e progra progra-mas destina destinados dos a simula simula<;a <;ao o faz com que seja seja possiv possivel, el, hoje, hoje, dar a urn usuari usuario o a sensa< sensa<;ao ;ao de est estar ar em outr outraa real realid idad ade, e, em uma uma realidade virtual. Mas 0que e, exatam exatament ente, e,
esse esse virtu virtual, al, do
qual qual tanto tanto se fala? fala? Trata-se, Trata-se, clara mente, mente, de uma uma revolu<;a revolu<;ao. o. Uma altera altera<;a <;ao o tadica tadicall na forma forma de conceb conceber er
urn urn modo modo de ser ser num num outr outro" o".. 0 que que ha de revolu revolucio cionar nario io nessa nessa analise analise e 0 fato fato de que, ao contr contrari ario o da tradi tradi<;a <;ao o filos6fi filos6fica, ca, mesmo mesmo a mais mais recent recente, e, ela· ela· se prop propoe oe a estuda estudarr a virvirtuali tualiza< za<;ao ;ao a contra contracor corren rente, te, remont remontand ando o do real real ou do atual para para 0virtual. Ap6s Ap6s uma trajet trajet6ri 6riaa em que que aborda aborda a virvirtualiza<;ao sob 0aspecto filos6fico (0conceito de virt virtual ualiza iza<;a <;ao), o), antrop antropol6 ol6gic gico o (a rela rela<;a <;ao o entre 0 processo processo de hominiz hominiza<;a a<;ao o e a virtuavirtualiza<;ao) liza<;ao) e s6cio-po s6cio-politi litico co ("compreen ("compreender der a muta<;ao ta<;ao contem contempo poran ranea ea para para ter uma uma chance chance de tornar tornar-se -se ator ator dela") dela"),, Levy Levy termi termina na sua obra obra concla conclaman mando do a uma uma "arte "arte da virtua virtualiz liza<; a<;ao, ao, a uma uma nova nova sensib sensibili ilidad dadee esteti estetica ca que, que, nestes nestes tempos tempos de gran grande de dester desterrit ritori oriali aliza< za<;ao ;ao,, faria faria de uma uma hospit hospitali alidad dadee amplia ampliada da sUa virtu virtu de cardinal".
o tempo, 0espa<;o, e mesmo os relacionamentos. tos. Ora, Ora, frente frente a toda toda revolu revolu<;a <;ao o hi sempre sempre dois dois grupo gruposs antag6 antag6nic nicos os que rapi rapidam dament entee se definem. definem. Face ao processo processo de virtual virtualiza<; iza<;ao, ao, encont encontram ramos os os "apoca "apocalip liptic ticos" os",, que temem temem uma desrealiza desrealiza<;ao <;ao geral, geral, e os os "integrados "integrados", ", que veem veem nas ultimas ultimas mudan< mudan<;as ;as uma panapanaceia ceia para para os males males do mundo. mundo. Pierre Pierre Levy Levy propoe, propoe, neste neste livro, livro, uma terceira ceira possibi possibilid lidade ade:: "enqu "enquant anto o tal, tal, a virtua virtua-liza<; liza<;ao ao nao nao e nem nem boa, boa, nem ma, nem neutra neutra.. Ela se aprese apresenta nta como como movime movimento nto mesmo mesmo do 'dev 'devir ir outro outro'' - ou hete hetero roge gene nese se - do huma huma-no. Antes Antes de temeteme-Ia, Ia, conden conden~-l ~-laa ou lan<;a lan<;arrse as as cegas cegas a ela, ela, propon proponho ho que se fa<;a fa<;a 0 esfor<;o for<;o de apreend apreender, er, de pensar pensar,, de compreen compreen-der em toda a sua sua amplitude amplitude a virtual virtualiza< iza<;ao" ;ao".. Acreditan Acreditando do que a virtualiza virtualiza<;ao <;ao exprime exprime uma busca pela hominiza<;a hominiza<;ao, o, 0autor autor come<;adesmo <;adesmonta ntando ndo aquilo aquilo que cham chamaa de "opo "opo-si<;ao si<;ao facil facil e engan enganosa osa entre entre real real e virtu virtual" al".. A seguir seguir;; retrab retrabalh alhand ando o concei conceitos tos de ouq' ouq'os os pensad pensadore oress france franceses ses conte contempo mporan raneos eos - como Gilles Gilles Deleuze Deleuze e Michel Michel Serres Serres -, busca busca analis analisar ar "urn "urn process processo o de trans transfor forma< ma<;ao ;ao de
Este Este livro foi publica publicado do com 0 apoio apoio do Ministeri Ministerio o das Rela<;oes Rela<;oes Exteriore Exterioress da Fran<;a. Fran<;a.
Os com compu puta tado dore ress e as rede redesd sdig igit itai aiss esestao cada vez mais mais presen presentes tes em nossoc nossocoti oti-diano diano.. A Intern Internet et - rede rede mundial mundial que inte interrliga liga milhoe milhoess de compu computad tadore oress e de de usuari usuari~s ~s - nao nao para para de cre cresc scer er em urn urn ritmo ritmo vert vertig igiinosa, nosa, e incorp incorporo orou u a noss nosso o vos;a vos;abul bulari ario o uma palavr palavraa que, que, ha poucos poucos anos, anos, fazia fazia parte parte dos domini domini os da fic<;ao fic<;ao cientifi cientifica: ca: 0ciberespar;o, ou espar;o virtual. Alem disso, disso, 0 constante desenv desenvolv olvime imento nto de equi equipam pament entos os e progra progra-mas destina destinados dos a simula simula<;a <;ao o faz com que seja seja possiv possivel, el, hoje, hoje, dar a urn usuari usuario o a sensa< sensa<;ao ;ao de est estar ar em outr outraa real realid idad ade, e, em uma uma realidade virtual. Mas 0que e, exatam exatament ente, e,
esse esse virtu virtual, al, do
qual qual tanto tanto se fala? fala? Trata-se, Trata-se, clara mente, mente, de uma uma revolu<;a revolu<;ao. o. Uma altera altera<;a <;ao o tadica tadicall na forma forma de conceb conceber er
urn urn modo modo de ser ser num num outr outro" o".. 0 que que ha de revolu revolucio cionar nario io nessa nessa analise analise e 0 fato fato de que, ao contr contrari ario o da tradi tradi<;a <;ao o filos6fi filos6fica, ca, mesmo mesmo a mais mais recent recente, e, ela· ela· se prop propoe oe a estuda estudarr a virvirtuali tualiza< za<;ao ;ao a contra contracor corren rente, te, remont remontand ando o do real real ou do atual para para 0virtual. Ap6s Ap6s uma trajet trajet6ri 6riaa em que que aborda aborda a virvirtualiza<;ao sob 0aspecto filos6fico (0conceito de virt virtual ualiza iza<;a <;ao), o), antrop antropol6 ol6gic gico o (a rela rela<;a <;ao o entre 0 processo processo de hominiz hominiza<;a a<;ao o e a virtuavirtualiza<;ao) liza<;ao) e s6cio-po s6cio-politi litico co ("compreen ("compreender der a muta<;ao ta<;ao contem contempo poran ranea ea para para ter uma uma chance chance de tornar tornar-se -se ator ator dela") dela"),, Levy Levy termi termina na sua obra obra concla conclaman mando do a uma uma "arte "arte da virtua virtualiz liza<; a<;ao, ao, a uma uma nova nova sensib sensibili ilidad dadee esteti estetica ca que, que, nestes nestes tempos tempos de gran grande de dester desterrit ritori oriali aliza< za<;ao ;ao,, faria faria de uma uma hospit hospitali alidad dadee amplia ampliada da sUa virtu virtu de cardinal".
o tempo, 0espa<;o, e mesmo os relacionamentos. tos. Ora, Ora, frente frente a toda toda revolu revolu<;a <;ao o hi sempre sempre dois dois grupo gruposs antag6 antag6nic nicos os que rapi rapidam dament entee se definem. definem. Face ao processo processo de virtual virtualiza<; iza<;ao, ao, encont encontram ramos os os "apoca "apocalip liptic ticos" os",, que temem temem uma desrealiza desrealiza<;ao <;ao geral, geral, e os os "integrados "integrados", ", que veem veem nas ultimas ultimas mudan< mudan<;as ;as uma panapanaceia ceia para para os males males do mundo. mundo. Pierre Pierre Levy Levy propoe, propoe, neste neste livro, livro, uma terceira ceira possibi possibilid lidade ade:: "enqu "enquant anto o tal, tal, a virtua virtua-liza<; liza<;ao ao nao nao e nem nem boa, boa, nem ma, nem neutra neutra.. Ela se aprese apresenta nta como como movime movimento nto mesmo mesmo do 'dev 'devir ir outro outro'' - ou hete hetero roge gene nese se - do huma huma-no. Antes Antes de temeteme-Ia, Ia, conden conden~-l ~-laa ou lan<;a lan<;arrse as as cegas cegas a ela, ela, propon proponho ho que se fa<;a fa<;a 0 esfor<;o for<;o de apreend apreender, er, de pensar pensar,, de compreen compreen-der em toda a sua sua amplitude amplitude a virtual virtualiza< iza<;ao" ;ao".. Acreditan Acreditando do que a virtualiza virtualiza<;ao <;ao exprime exprime uma busca pela hominiza<;a hominiza<;ao, o, 0autor autor come<;adesmo <;adesmonta ntando ndo aquilo aquilo que cham chamaa de "opo "opo-si<;ao si<;ao facil facil e engan enganosa osa entre entre real real e virtu virtual" al".. A seguir seguir;; retrab retrabalh alhand ando o concei conceitos tos de ouq' ouq'os os pensad pensadore oress france franceses ses conte contempo mporan raneos eos - como Gilles Gilles Deleuze Deleuze e Michel Michel Serres Serres -, busca busca analis analisar ar "urn "urn process processo o de trans transfor forma< ma<;ao ;ao de
Este Este livro foi publica publicado do com 0 apoio apoio do Ministeri Ministerio o das Rela<;oes Rela<;oes Exteriore Exterioress da Fran<;a. Fran<;a.
Editora Editora 34 Ltda. Rua Hungr Hungria, ia, 592 ]ardim ]ardim Europa Europa CEP CEP 01455 01455-00 -000 0 Sao Paulo - SP Brasil Tel/Fax Tel/Fax (011) 816-6777 816-6777
Copyright Copyright © Editora Editora 34 Ltda. Ltda. (edi<;aobms (edi<;aobmsileir ileira), a), 1996 Editions La DcwlIve DcwlIverte, rte, Paris, Paris, 1995 Qu'est-ce Qu'est-ce que Ie virtue virtuel? l? © Editions A FOTOC FOTOCOPI OPIA A
DE QUALQU QUALQUER ER
FOLHA FOLHA DESTE DESTE LIVRO LIVRO ( I, ILECAL ILECAL,, E CONFIG CONFIGURA URA
. APROPRIA<; APROPRIA<;:Ao :Ao INDEVIDA INDEVIDA DOS DIREITOS INTELECT INTELECTUAIS UAIS
I':
I'ATRIMON I'ATRIMONIAIS IAIS
UMA
DO AUTOR. AUTOR.
Titulo Titulo original: original: Qu'est-ce Qu'est-ce que Ie virtue virtuel? l?
Capa, Capa, projeto projeto grafico grafico e editora<;a editora<;ao o eletronica: eletronica: Bracher & Malta ProdUi;ao Grafica
o QUE E 0
VIRT VI RTUA UAL? L?
Revisao tecnica: Carlos Jrineu da Costa
Cataloga< Cataloga<;ao ;ao na na Fonte do Departamento Departamento Nacional Nacional do Livro (Funda<;a (Funda<;ao o Bibliotec Bibliotecaa Nacional, Nacional, R], Brasil) Brasil) Levy, Levy, Pierre, Pierre, 19561956[Qu'est-ce que Ie virtuel? Portugues] 1.668£ 0que e 0virtual? virtual? / Pierre Levy; tradu~ao tradu~ao de Paulo Neves. Neves. - Sao Paulo: Paulo: Ed. 34, 1996 160 p. (Cole~ao (Cole~ao TRANS) TRANS) Tradu~ao Tradu~ao de: Qu'est-ce Qu'est-ce que Ie virtuel? virtuel? Inclui bibliografia ISBN 85-7326-036-X 85-7326-036-X
reCVM
1. Realidad Realidadee virtual. virtual. I. Titulo Titulo.. II. Serie. Serie.
. N Q reg: '6 JlP& ,Hi! obrs :413S .Data: 4~,04 ,<18
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~ A q u js :c a o : ~
\) ~
CDD - 003.3
Para Eden Eden e Loup-Noe, Loup-Noe, a alegrla alegrla e a inocencia inocencia .
1. 0 QUE EA VIRTUALIZA<,;AO?
o atual atual
e
0
virtu virtual. al..... ........ ........ ........ ....... ....... ........ ........ ........ ........ ........ ........ ........ ........ ....... ...
15
A atualiza~ao
16
A virtualiza~ao virtualiza~ao
17
Nao estar estar presente: presente: a virtu virtualiz aliza~a a~ao o como como exodo exodo
19
Novos espa~os, novas velocidades
22
o efeito
Moebius
·.. ·
24
2. A VIRTUALIZ VIRTUALIZA<,:Ao A<,:Ao DO CORPO CORPO Reconstru~6es
27
Percep~6es
28
Proje~6es
28
Reviravoltas
29
o hipercorpo
30
Intensifica~6es
31
Resplandecencia
33 VIRTUALIZA<,:A A<,:Ao o DO TEXTO TEXTO 3. A VIRTUALIZ
A leitura, ou a atualiza~ao do texto
35
A escrita, ou a virtualiza~ao da memoria
37
A digitaliza<;:ao, ou a potencializa~ao
39
o hiperte hipertexto xto::
do texto
virtual virtualiza~ iza~ao ao do texto texto
evirtualiza~ao
o cibe iberespa~o,
da leitura
ou a virtu irtua aliz liza~ao do do computad tador
A desterritorializa~ao
do texto
Rumo a urn novo impulso da cultura do texto
41 46 47 49
4. A VIRTUALIZ VIRTUALIZA<,:Ao A<,:Ao DA ECONOMIA ECONOMIA
Informa<;:ao e conhecimento: destrutivo
consumo
51
o caso
52
das finan~as
/\ ohietiv;l<,;ao do contexto
nao
e apropria<;:ao nao exclusiva
Uma economia da desterritorializa~ao
.
() cortex de Antropia
p:lrt i1hado
. 112 115 .
Informa<;:ao e conhecimento: destrutivo
consumo
e apropria<;:ao nao exclusiva
Desmaterializa<;:ao
o trabalho
8. A VIRTUALIZAc::Ao DA INTEucl:N(Ii\
.
do real e do possivel
E A CONSTITUIc::Ao DO OB]ETO
.
o problema
.
I 19
.
12 1
.
123
.
125
,
.
12 6
cientffica e seus objetos
.
127
.
12 8
.
130
.
132
.
13 6
·
13 8
.
141
.
143
da inteligencia
coletiva
................... .................. .................. ...............
A virtualiza<;:ao do 1l1l'rl'ado
.
Economia
.
do virtllal l' illtl'ligencia coletiva
No estadio Presas, territ6rios, Ferramentas,
o dinheiro,
S. As 'I'RFs VIRTIIAUZA<;:OES QUE FI/.FI
o nascimento
A tecnica, ou a virtualiza<;:ao da a<,;ao
.
o contrato,
ou a virtualiza<;:ao da violencia
.
A arte, ou a virtualiza<;:ao da virtualiza<;:ao
.
A gramatica,
TRANSFORMA<;:AO ENTRE OUTRAS
Os quatro modos de ser As qua tro passagens Misturas
.
Dualidade
.................. ................... .................. ...
................ .................. ................... .......
fundamento
A dialetica e a ret6rica,
d a virtualiza<;:ao acabamento
da virtualiza<;:ao
. .
7. A VIRTUALIZAc::Ao DA INTELIGENCIA E A CONSTITUI<;:AO DO SU]EITO
A inteligencia
coletiva na inteligencia
linguagens,
pessoal:
tecnicas, institui<;:oes
97
Economias
cognitivas......................................................
99
Maquinas
darwinianas....................................................
101
As quatro dimensoes
da afetividade
Sociedades pens antes Coletivos humanos
e sociedades
103 108
de insetos
objeto
A VIRTUALIZAc::Ao, UMA
o TRIVIO ANTROPOL6GICO
dos seres
capital
9. 0 QUADRIVIO ONTOL6GICO:
6. As OPERA<;:OBS DA VIRTUALIZAc::Ao OU
das coisas
cadaveres
0
.
dos signos
0
o ciberespa<;:o como o que e urn objeto? o objeto / humano
das linguagells, Oil
a virtualiza<;:ao do prescnte
chefes e sujeitos
narrativas,
A comunidade
A LINGUAGEM,
i\ 'I'r::CNICi\ F () CONTRATO
o trivio o trivio o trivio
. 112 115 .
p:lrt i1hado
() cortex de Antropia
.
virtualiza<;:ao:
Oll
o que e uma in (orJll:l<,;ao? Dialetica
/\ ohietiv;l<,;ao do contexto
nao
110
· ~
do acontecimento
e da substancia
"0 virtual possui uma plena realidade, enquanto virtual." Gilles Deleuze, Difference e repetition. "A realidade virtual corrompe, a realidade absoluta corrompe absolutamente." Roy Ascott, Premia Ars electronica 1995.
Urn movimento
geral de virtualizac;:ao afeta hoje nao apenas
a informac;:ao e a comunicac;:ao mas tambem
os carpos
funcio-
boa, nem ma, nem neutra. Ela Sl"apresenta
como
mesmo do "devir outro"
-
-
tes de teme-la, conden.i-Ia que se fa~a
0
ou IWlnogcnese
do humano.
de pensar, de compreender
qllal responde este "compendio
0virtual,
illlagill;irio, Tr;lta-Sl', ao contrario,
No primeiro capitulo,
rigorosamente 0
falso,
0
ilu-
de urn modo de ser
c de virtualidade
rClltes transforma~6es lo
e
tambem
a oportunidade
futuros,
liza~ao" e outros fenomenos
plH'-OSde Sl'lItido sob a platitude
da presen~a £1-
sica illl<:dia(a.
san geralmente fill)sofos --- e niio dos mCllores -
sobre a noc,;ao de virtual, contemporaneos
ou Michel Serres. Qual e,
portanto,
a ambi~ao da presentc obra?
contentei
em definir
E muito
simples: nao me
virtual como urn modo de ser particular,
quis tambem analisar e ilustrar um processo de transformar;ao
de urn come~o de analise da vir-
dita, e em particular espa~o-temporais
san aqui explorados permitem
em rela~ao a fenomenos
analisar
economica
de maneira
o quinto
gem, dos atos £1sicos pela tecnica
tradi~ao filosofica,
ate os trabalhos
Assim, apesar de sua brutalidade
inversa, em di-
re~ao ao virtual. Ora, e precisamente
a
me parece caracteristico
tanto do movimento
fez surgir a especie humana quanto
montante
que
de autocria~ao
que
da transi~ao cultural acelera-
da que vivemos hoje. 0 desafio deste livro e portanto sofico (0 conceito de virtualiza~ao), tre
0
processo de hominiza~ao
(compreender
antropologico
e a virtualiza~ao)
a muta~ao contemporanea
triplo: filo·
(a rela~ao ene socio-polltico
nao coloca em cena uma hesita~ao grosseiramente tre
0
real e
0
maior
alinhavada
en-
virtual, mas antes uma escolha entre diversas moda-
lidades de virtualizac,;ao. Mais que isso, devemos distinguir
entre
aventura
pi'lr em evidencia
e
da muta~ao
do presente imediato pela lingua-
acumulados
e da violencia
pelo contrato.
e de sua estranheza,
a crise de
na continuidade
da
0
utiliza os
nos capftulos precedentes
nucleo invariante
!Irt'sentes em todos os processos
para
de operar;oes elementares
de virtualizar;ao:
os de uma gra-
IILitica, de uma dialetica e de uma retorica ampliadas para abrangn os fenomenos
tecnicos e sociais.
Os setimo e oitavo capftulos examinam 1 1 1 1 digencia".
Apresentam
0
funcionamento
"A virtualiza~ao tecno-social
sllhietiva~ao
da exterioridade,
virlualiza~ao.
, ' 0 1
Esses capftulos
Em primeiro
da
da cog-
Ili,i1o seguindo uma dialetica da objetiva~ao da interioridade
caturas alienantes
de outro. Don-
contemporaneos
seis, "As opera~6es da virtualiza~ao",
IIlateriais empiricos
pllilcipais.
e desqualificantes
do
humana.
o capitulo
uma virtua lizac,;ao em curso de inven~ao, de urn lado, e suas carireificantes
virtualiza~ao
l'iviliza~ao que vivemos pode ser repensada
para poder atuar nela).
Sobre este ultimo ponto, e preciso dizer que a alternativa
virtualiza~ao
capitulo analisa a hominizar;ao nos termos da teoria
ILl virtualiza~ao:
ainda, ao que eu saiba, analisou a transformar;ao
que Ihe
e cultural em curso.
do real ou do atual em dire~ao ao virtual. A estudo
a
coerente a dinamica
za~ao que retorna
esse retorno
estranhos
associados.
um modo de ser num outro. De fato, este livro estuda a virtuali-
sagem do possivel ao real ou do virtual ao atual. Nenhum
da "desterritoria-
corpo, do texto e da economia. Os conceitos obtidos anteriormente
de
mais recentes, analisa a pas-
de atualidade
a seguir, bem como as dife-
Os tres capftulos seguintes dizem respeito
incilisive alguns pens adores franceses
como C;illes Ikleuze 0
ja trabalharam
ddino os
de urn modo de ser em outro. Esse capitu-
tllaliza~ao propriamente
Muitos
"0 que e a virtualizac,;ao?",
que serao utilizados
feculldo l' podl'l'! ISO,(jIll' Pl'I('('III jogo processos de cria~ao, abre pnilira
do virtual
de virtuali/,;ll,-ao".
principais conceitos de realidade, de possibilidade,
definido, tem SOIlH'lIll' 11111;\ pl'(jllena afinidade com 0
.1
elll
a Virlll;t1i/.;ll,-;lO.
Como se ven! an IOllgo dl",ll' livro, sorio ou
An-
.It-, a Illeu vcr, a urgente necessidaJe de uma cartografia
Oil IaIH,;lr-se as cegas a ela, propollho
esforc,;ode apn'l'lllln,
toda a sua amplitude
Illovimento
0
e da
dialetica que veremos ser tfpica da desembocam
em do is resultados
lugar, uma visao renovada
coletiva em via de emergencia
da inteligen-
nas redes de comunica~ao
digi-
tais. A seguir, a constru(clo de um conceito de objeto (mediador social, suporte tecnico l' 11(')d as operac;:oes intelectuais) rematar a teoria da virlu;t1iz:1~·;io.
o nono cimentos
capitulo
adquiridos
J'('SUlIll',sistcmatiza
e relativiza
all';lv('s da obra, e depois esboc;:a
que vem os conhe0
projeto
de uma filosofia capa". dc allllhcr a dualidade do acontecimento
e da substiincia ljU('S('J';1('\aluillada,
em filigrana, ao longo de todo
o trabalho. () cpilogo, ("dill), 1lllld:1ll1a a uma arte da virtualizac;:ao, a lima lIova SI'IISIbilllLldc l'sl ('t ic] que, nestes tempos de grande desterritorializ;l~';IO, de cardinal.
Llria dt' 1IIIIahospitalidade
ampliada
slla virtu-
Consideremos,
para comec;:ar, a oposic;:ao facil e enganos~
entre real e virtual. No uso corrente, da com freqiiencia cxistencia,
a palavra virtual e emprega-
para significar a pura e simples ausencia de
a "realidade"
supondo
uma efetuac;:ao material,
presenc;:a tangfvel. 0 real seria da ordem do "tenho", virtual seria da ordem do "teras", geralmente
0
ou da ilusao,
0
enquanto
0
que permite
uso de uma ironia facil para evocar as diversas for-
mas de virtualizac;:ao. Como veremos mais adiante, gem possui uma parte de verda de interessante, tc demasiado
uma
grosseira
para fundar
essa aborda-
mas e evidentemen-
uma teoria geral.
A palavra virtual vem do latim medieval virtualis, derivado por sua vez de virtus, forc;:a, potencia. virtual
0
que existe em potencia
atualizar-se,
sem ter passado
Na filosofia escolastica,
e
e nao em ato. 0 virtual tende a
no entanto
ou formal. A arvore esta virtualmente termos rigorosamente
filos6ficos,
ao atual: virtualidade
e atualidade
0
a
concretizac;:ao efetiva
presente na semente. Em
virtual nao se opoe ao real mas san apenas duas maneiras
de
Sl'r diferentes. Aqui, cabe introduzir
uma distinc;:ao capital entre possfvel e
virtual que Gilles Deleuze trouxe
a
( ) possfvel ja esta todo constitufdo,
I
luz em Difference et repetition1. mas permanece
no limbo. 0
As referencias completas das obras citadas se encontram na biblio-
possivel se realizara sem qlle nada mude em sua determina<,:ao nem em sua natureza.
E
exatamente
0
como
Ulll real fantasmatico,
latente.
0possivel
e
real: S(')the falta a existencia. A realizac;:ao de
um possivel nao e UIll;l l r1;l<,:ao,n o sentido pleno do termo, pois a criac;:ao implica talllhl'lll
;1
produc;:ao inovadora
Ja
11111,1 ('scolha entre U111conjunto
pu-
.1'1'11'que alimenta
0virtllaln;]o
0
virtual
e como
virtual.
0
se a execuc;:ao de urn programa
1"1I:llllcnte logica, tern a ver com
0
1\
0
montante,
panha 1I1llasiI1l;H..';10, 11111 .Il'ontecimento,
I"', redefine e resolve diferentemente
um objeto ou uma enti-
rada e constitui
de resoluc;:ao: a atuali-
pertence
a
entidade conside-
indllsiv(' lima de suas dimens6es maiores. 0pro-
blema da sementc, pOl' l'x('mplo, e fazer brotar uma arvore. A semente "e" esse problem;l,
mesmo que nao seja somente isso. Isto
significa que ela "conhl'cc" expandira
finalmente
a forma da arvore que
SU;lfolhagem acima dela. A partir das coer-
c;:6esque Ihe sao proprias, circunstancias
exatamente
devera inventa-Ia, coproduzi-Ia
com as
que encontrar. por exemplo,
reorganiza
por exemplo, tra-
de modo original. Cada equipe de programado-
1llIlll:lda. A jusante,
problema
ao qual e con-
0
a atualizac;:ao do programa
em situac;:ao de
IIIdll.;ll.;;'io,p ar exemplo, num grupo de trabalho,
desqualifica cer-
1.1'.l (liltpctcncias, faz emergir outros funcionamentos, '"l1lliIOS, desbloqueia I
situac;:6es, instaura
IILlhora<,:;1o... 0programa
',.1 '1"1' 0grupo -
desencadeia
uma nova dinamica de
contem uma virtualidade
de mud an-
movido ele tambem par uma configurac;:ao di-
11,\1111,'.1 de tropismos
e coerc;:6es -
1I11'II1lS iltvcntiva. () real assemelha-se
atualiza de maneira mais ou
ao possivel; em troca,
0
atual em nada
',,' ,1·,·,('lltl'lha ao virtual: responde-lhe.
Por um lado, a entidade carrega e produz suas virtualidades:
urn acontecimento,
a intera!.;;\l)
tern a ver com a dialetica
a redac;:ao de urn programa,
l.1 IlIlt problema
zac;:ao. Esse COIllPil'xo plllhiematico
infort1lat ilo,
par possivel/real,
e sistemas infarmaticos
complexo prohil'lll;il iUl, II Ill')de tendcncias ou de forc;:asque acomdade qllalqlll'r, e qlle l'h.llila urn processo
1I1ll;1prodll~';10
till vinual e do atual.
Sl' ('Ill Ie ao real, mas sim ao atual. Contraria-
mente ao possivel, ('Sl:llll 0 e ja constituido,
de volta
Por exemplo, "lilli' humanos
logic a .
predeterminado:
.I,' '1".1lidades novas, uma transformac;:ao das idcias, llill vl'rILldl'iro
de uma ideia ou
de uma forma. A diflT('I I~;1 entre possivel e real e, portanto, ramente
"IIl.11l:llgo Illais que a dotac;:ao de realidadc a 1I1llposslvl'l Oil 'I"I'
uma problematica
anterior e e suscetivel de receber interpretac;:6es variadas. Por outro lado,
0
virtual constitui
a entidade:
urn ser, sua problematica, jetos que
0
animam,
as virtualidades
inerentes
a
no de tens6es, de coerc;:6es e de pro-
0
as quest6es
que
0
( :lIlltpreende-se agora a diferenc;:a entre a realizac;:ao (ocar-
movem, sao uma parte
1'"11.1tI(, Ilin cstado pre-definido)
essencial de sua determinac;:ao.
e a atualizac;:ao (invenc;:aode uma
',11111',,111 n;igida par urn complexo ,",",tI',:d\,/()?
Niio mais
0
virtual
, II11I,t111,1<,:IO como dinamica. , , '/II'
A atualizac;:ao aparece entao como a soluc;:ao de urn problema, uma soluc;:ao que nao estava contida previamente
no enuncia-
do. A atualizac;:ao e criac;:ao, invenc;:ao de uma farma a partir de fig
dinami
de forc
e de finalidade
Aconte
I I"
I "
III'
III till
problematico).
Mas
como maneira
0
que e a
de ser, mas a
A virtualizar,;ao pode ser definida
1/'ill1entoinverso da atualizar,;ao. Consiste em uma pas-
,111Ialao virtual, em uma "elevac;:ao
a potencia" da en-
II'I." I, , IIlIsiderada. A virtualizac;:ao nao e uma desrealizac;:ao (a I'
111"j,11111.1<,:10 de uma realidade num conjunto de possiveis), mas
1i1l1,1llilll.It,,11lde identidade
urn deslocamento
do centro de gra-
vidade ontolagico principalmente
do objeto considerado:
por sua atualidade
passa a encontrar
sua consistencia
em vez de se definir
(uma "solw;:ao"),
a entidade
essencial num campo proble-
matico. Virtualizar
uma entidade qualquer consiste em descobrir
uma questao geral
a
qual ela se relaciona,
em fazer mutar a enti-
dade em direc;:ao a cssa interrogac;:ao e em redefinir
a atualidade
de partida como res posta a uma questao particular. Tomemos
caso, muito contemporaneo,
de uma empresa.
A organizac;:ao classica reune seus empregados
no mesmo prcdio Oll nllm conjunto pregado
de departamentos.
oCllpa lJlll posto de trabalho
precisamente
livro de ponto especifica os horarios
de trabalho.
virtual, em troca, serve-sc principalmente a substituir
o desprendimento C;:O, 0
situado e seu Uma empresa
agora uma de sllas principais modalidades:
senso comum faz do virtual, inapreensivcl, 0
Seus elementos
sao nomades,
posic;:ao geografica Estara
0
do trabalho
urn problema
sempre re-
dispersos,
e a pertinencia
texto aqui, no papel, ocupando
de sua
uma pon;:ao defi-
Ilida do espac;:ofisico, ou em alguma organizac;:ao abstrata t
denadas espac;:o-temporais
"nao esta
decresceu muito.
uso de recurs os e programas
em fazer das coor-
contcm lima indica<;ao que nno
A empresa virtual nao pode mais ser situada precisamente.
atualiza numa pluralidade
a virtualizac;:ao da empresa consiste sobretudo
complementar
virtual, com muita freqilcncia,
cais pela participac;:ao numa rede de comunicac;:ao eletronica e pelo que favorec;:am a cooperac;:ao. Assim,
0
no come-
presente" .
tende
nos mesmos 10-
no que ela tern de mais
do aqui e agora. (:onlO assinalamos
se deve negligenciar:
Cada em-
do teletrabalho;
a presen<;a fisica de seus empregados
geral, vamos abordar
a virtualizac;:ao
do real, tanglvel. Essa abordagem
da "virtualizac;:ao"
0
Apos ter definido
ipografias?
que se
de Hnguas, de versoes, de edic;:oes, de
Ora, urn texto em particular
(l )!TIO a atualizac;:ao de urn hipertexto Idlimo ocupa "virtualmente"
passa a apresentar-se
de suporte informatico.
Este
todos os pontos da rede ao qual esta
pensado e nao uma solw;:ao estavel. 0 centro de gravidade da or-
l"onectada a memoria
ganizac;:ao nao e mais urn conjunto
('st"cnde ate cada instalac;:ao de onde poderia
ser copiado
l',llns segundos?
urn enderec;:o a urn
de trabalho
e de livros de ponto, mas urn processo
c;:aoque redistribui
sempre diferentemente
c;:o-temporais da coletividade membros
de departamentos,
de trabalho
de postos
de coordena-
as coordenadas
espa-
e de cad a urn de seus
em func;:ao de divers as exigencias.
A atualizac;:ao ia de urn problema
a uma soluc;:ao. A virtualiproblema.
transforma
de uma proble-
inicial em caso particular
cria urn vazio motor. Se a virtua-
lizac;:ao fosse apenas a passagem
de uma realidade a urn conjunto
de posslveis, seria desrealizante.
Mas elalimplica a mesma quanti-
dade de irreversibilidade
em seus efeitos, de indeterminac;:ao
modo transitorio
e de pouca importan-
presente por inteiro em cada uma de suas
Vl'rS()es, de suas capias e de suas projec;:oes, desprovido
de iner-
Ela
lagica. Com isso, a virtualizac;:ao fluidifica as distinc;:oes instituldas, os graus de liberdade,
em al-
digital. Mas, nessa era de informac;:oes on line, esse en-
Desterritorializado,
matica mais geral, sobre a qual passa a ser colocada a enfase ontoaumenta
Claro que e posslvel atribuir
(krcc;:o seria de qualquer (1'1.
zac;:ao passa de uma soluc;:ao dada a urn (outro) a atualidade
"rquivo
digital onde se inscreve seu codigo? Ele se
em
seu processo e de invenc;:ao em seu esforc;:o quanto a atualizac;:ao. A virtualizac;:ao e urn dos principais vetores da criac;:ao de realidade.
2 11111
Nesta sec,:ao,Pierre Levy faz uma serie de jogos de palavra com
0
ter-
Iranees "Ia". Se, por urn lado, ha uma remissao explicita ao Dasein de
11"I
I
,I
"I'rcscn<;:a", termo mais adequado no contexto. Mantivemos, l'xl'rcssao "ser-ai" na passagem em que
,,,,,'/11 de Ilcidcgger.
0 auror
contu-
cita explicitamente
0
cia, habitante produzir
ubiquo do ciberespa<;:olo hipertexto
aqui e acola acontecimentos
contribui para
de atualiza<;:ao textual, de
navega<;:ao e de leitura. Somente estes acontecimentos deiramente
situados.)Embora
necessite de suportes
dos para subsistir e atualizar-se,
0
imponderavel
ffsicos pesa-
hipertexto
nao
Quando
como "nao-presen~a".
0
A imagina<;:ao, a memoria"
tema do virtual conhecimento,
0
l11a<;:aose virtualizam,
eles se tornam
territorializam.Uma
ordinarios
E verdade
do calendario.
ou mais tarde. No entanto,
autor de Atlas leva adiante,
tamente, uma polemica com a filosofia heideggeriana
indire-
do "ser-at'.
"Ser-at' e a tradu<;ao literal do alemao Dasein que significa, em
gente. Recortam
do relogio e independentes
uma vez que devem sempre se
ffsicos e se atualizar
0
se des-
os separa do espa<;:o
e da temporalidade
do espa<;:o-tempo de referencia,
nar a presen<;a muito antes da informatiza<;:ao e das redes digitais. 0
"nao-presentes",
que nao sao totalmente
inserir em suportes
esse tema,
urn ato, uma infor-
especie de desengate
a religiao sao vetores de virtualiza<;:ao que nos fizeram abandoAo desenvolvcr
com urn minimo de inercia.
uma pessoa, uma coletividade,
fisico ou geografico
de Michel Serres, Atlas, ilustra
mas fazcndo surgir urn meio de intera<;:6es
sociais onde as rela~6es se reconfiguram
san verda-
possui urn lugar.
o livro
vili:l,;\l,'(iesde pastores,
aqui ou alhures,
agora
a virtualiza<;:ao Ihes fez tomar a tan-
espa<;:o-tempo classico apenas aqui e ali, esca-
pando a seus lugares comuns "realistas":
ubiqiiidade,
simultanei-
dade, distribui<;:ao irradiada
ou massivamente
particular,
existencia no alemao filosofico classico e existencia pro-
Iiza<;:aosubmete
classica a uma prova rude: unidade
priamente
humana -
de tempo sem unidade
precisamente,
0
ser um ser humano -
em Heidegger.
fato de nao pertencer a nenhum lugar, de freqiien-
tar urn espa<;:onao designavel
(onde ocorre a conversa<;:ao telefo-
nica?), de ocorrer apenas entre coisas claramente nao estar somente "presente" impede a existencia. assinalemos
Mas,
situadas,
ou de
(como todo ser pensante), nada disso
Embora
uma etimologia
nao prove nada,
que a palavra existir vem precisamente
do latim sis-
a narrativa
de lugar (gra<;:asas intera<;:6es em tempo
real por redes eletronicas,
as transmiss6es
de telepresen<;:a), continuidade descontfnua
lugar, e a interconexao, 0
ao vivo, aos sistemas
de a<;:aoapesar de uma dura<;:ao
(como na comunica<;:ao por secretaria
por correio eletronico). por isso
paralela. A virtua-
A sincroniza<;:ao substitui
eletronica
ou
a unidade
de
a unidade de tempo. Mas, novamente,
virtual e imaginario.
nem
Ell' produz efeitos. Embora
nao
tere, estar colocado,
e do prefixo ex, fora de. Existir e estar pre-
se saiba onde, a conversa<;:ao telefonica tern "Iugar",
sente ou abandonar
uma presen<;:a? Dasein ou existencia?
que maneira no capitulo seguinte. Embora nao se saiba quando,
se passa como se
0
alemao sublinhasse
a atualiza<;:ao e
0
Tudo latim a
virtualiza<;:ao. Uma comunidade
virtual pode, por exemplo,
sobre uma base de afinidade por intermedio nica<;:aotelematicos.
organizar-se
de sistemas de comu-
Seus membros estao reunidos pelos mesmos
comunicamo-nos
efetivamente
uiria eletronica.
Os operadores
desatrelados
por replicas interpostas
de urn enraizamento
coletivos mais virtualizados
espa<;:o-temporal
e virtualizantes
poraneo san os da tecnociencia,
gente, nao e mais nem urn ponto de partida,
Illais for<;:a,e ate com mais violencia.
e de projetos,
de conflitos
essa comunidade
esta repleta de paix6es
e de amizades.
Ela vive sem lugarde
Fazer de uma coer<;:ao pesadamente geografia, no caso) uma variavel contingente
referencia estavel: em toda parte onde se encontrem seus membros
com
moveis ... ou em parte alguma. A virtualiza<;:ao reinventa uma cul-
;1llma problematica,
tura nomade, nao por uma volta ao paleoHtico nem as antigas ci-
('m que a definimos rigorosamente
0
remontar
mais
preciso,
do mundo
os
contem-
das finan<;:as e dos meios de co-
l11unica<;:ao.S ao tambem os que estruturam
Apesar de "nao-presente",
na secre-
mais desterritorializados,
nucleos de interesses, pelos mesmos problemas: a geografia, continnem uma coer<;:ao.
veremos de
a realidade social com atual (a da hora e da tern aver clara mente
i~ventivo de uma "solu<;:ao" efetiva em dire<;:ao e portanto
com a virtualiza<;:ao no sentido mais acima. Era portanto
pre-
visivel encontrar "agora"
a desterritorializa~ao,
a saida da "presen~a",
do
e do "isto" como uma das vias regias da virtualiza~ao.
dllr:H;CIl'Sse op6em, interferem (lIlItcmporanea
e se respondem.
A multiplica~ao
dos espa~os faz de nos nomades
de urn novo es-
t II(I: em vez de seguirmos linhas de errancia e de migra~ao dentro de lima extensao
dada, saltamos de uma rede a outra, de urn sis-
tellla de proximidade
ao seguinte. Os espa~os se metamorfoseiam
a
(' se hifurcam a nossos pes, for~ando-nos Mas
0
mesmo movimento
tempo ordin:lrio
que torna contingente
Antes de analisar essa propriedade
virtualizal;iio, cahe-nos primeiramente
uniforme, mas uma quantida-
a
inventa seu mundo (do micr6bio aye migratorial
especificos.
arvore, da abelha ao elefante,
e, com esse mundo,
0 universo
cultural,
estende ainda mais essa variabilidade ralidades. transporte
uma
e de dura<;:ao. Cada forma de vida
de de tipos de espacialidade
tempo
a significa~ao e
entram em jogo, nao se pode mais considerar
unica extensao ou uma cronologia
a
capital da
evidenciar a pluralidade dos
tempos e dos espal;os. Assim que a subjetividade,
da ostra
espa~o-
ahre novos meios de intera~ao e ritmo das cro-
nologias incditas.
a pertinencia
0
urn espa~o e urn
proprio
aos humanos,
dos espa~os e das tempo-
Por exemplo, cada novo sistema de comunica~ao modifica
o espa~o pertinente
0
sistema das proximidades
para as comunidades
constroi uma rede ferroviaria,
dizer do automovel,
fone etc. Cria-se, portanto, de proximidades
isto e,
Quando
se
fisica-
pelos trilhos e afastasse-
nao conectadas.
andam de trem, as antigas disrancias mo se poderia
humanas.
e como se aproximassemos
mente as cidades ou regioes conectadas mos desse grupo ascidades
praticas,
e de
Mas, para os que nao
ainda san validas.
do transporte
0 mes-
aereo, do tele-
uma situa~ao em que varios sistemas
e varios espa~os praticos coexistem.
missao (tradi<,:ao oral, escrita, registro audiovisual, constr6em
ritmos, velocidades
tes. Cada novo agenciamento, centa urn espa~o-tempo,
ou qualidades cada "maquina"
uma cartografia
redes digitais)
de historia diferentecnossocial
acres-
especial, uma musica
singular a uma especie de trama elastica e complicada
A virtualiza~iio por desconexiio em rela~iio a um meio par(imlar nao come~ou com
em que as
humano.
leros, os melhoramentos
Ela esta inscrita na propria
0
hist6ria da vida. Dos primeiros
unicelulares
da locomo~ao
ate as aves e mami-
abriram,
segundo Joseph
Reichholf, "espa~os sempre mais vastos e possibilidades Il'ncia sempre mais numerosas
de exis-
aos seres vivos" (Reichholf, 1994,
p. 222). A inven~ao de novas velocidades
e
0
primeiro
grau da
v irtualiza~ao. Reichholf observa que
numero de pessoas que se deslo-
" 0
cam atraves dos continentes
nos periodos de ferias, hoje em dia,
t' superior ao numero total de homens que se puseram a caminho
no momento acelera~ao
das grandes invasoes" das comunica~6es
crcscimento
da mobilidade
onda de virtualiza~ao.
(Reichholf,
e contemporanea
199, p. 226). A de urn enorme
ffsica. Trata-se na verdade da mesma
0 turismo e hoje a primeira industria mun-
dial em volume de negocios. 0 peso economico das atividades que slistentam e mantem a fun~ao de locomo~ao fraestruturas,
carburantes)
scculos passados. crescimento
A multiplica~ao
ffsica? Provavelmente
aumento
superior ao que era nos acabado
0
por substi-
As pessoas que mais telefooutras pessoas em car-
da comunica~ao
rapido participam
e
nao, pois ate agora os dois
as que mais encontram
nc e osso. Repetimos:
ffsica (veiculos, in-
dos meios de comunica~ao
sempre foram paralelos.
nam san tambem do transporte
e infinitamente
dos gastos com a comunica~ao
tllir a mobilidade crescimentos
De maneira analoga, diversos sistemas de registro e de trans-
heterogenese.
e generaliza~ao
do mesmo movimento
de virtua-
liza~ao da sociedade, da mesma tensao em sair de uma "presen~a". A revolu~ao morfoseou
dos transportes
complicou,
mas isto evident
ent
foi
encurtou
e meta-
com impo
problemas
da locomo<;ao, devemos nos interrogar
a ser pago pela virtualiza<;ao queimado,
informacional.
sobre 0 pre<;o
e
Que carburante
sem que ainda sejamos capazes de contabiliza-lo?
0
ll'lll·rioS pUl';lmcntc pessoais uma temporalidade
publica.
mill's 11.10sao mais dados. Os lugares e tempos se misturam. Irtlntciras
Sao as proprias
das? Aqui, 0 suportc final e subjetivo. Assim como a ecologia opos
11;ldas.Prossigamos:
a reciclagem e as tccnologias
lllna atribui<;ao clara das rela<;oes de pertencimento.
ao desperdfeio
<;ao, a ecologia humana devera opor a aprendizagem
e a poluipermanen-
te e a valoriza~ao das cOlllpetencias a desqualifica<;ao e ao acumulo de detritos
humanos
Retenhamos
(aquclcs que chamamos
dcssa mcdita~ao
que a virtualiza<;ao nao se contenta nhecidos,
de "exduidos").
falei de "membro"
assalariado
classico com contrato
contrato
determinado,
dns sociais,
em acelerar process os ja co-
I ( lI'nccedora, 0 consultor esporadico,
e ate mesmo aniqui-
lar, 0 tempo ou 0 espa<;o, como pretende Paul Virilio. Ela invenqualitativamente
novas, espa-
<;os-tempos mutantes.
da empresa, 0 que supoe
0
membro
Ll0
uma vez que entre 0
indeterminado,
de uma empresa
(()lItinuum estende-se.
Ora, e pre0
assalariado
0 free lancer, 0 beneficiario
sobre a saida da "presen<;a"
nem em colocar entre parenteses,
ta, no gasto e no risco, velocidades
no<;oes de privado e de publico que sao questio-
visamcnte isto que come<;a a criar problema, l'OIll
As
nftidas dao lugar a uma fractaliza<;ao das reparti<;oes.
que sofre desgaste e degrada<;ao? Ha paisagens de dados devastaadaptadas
Os li-
0
associada,
de medi-
ou cliente ou
independente
fiel, to do urn
E para cada ponto do continuum,
a ques-
sc recoloca a to do instante: para quem estou trabalhando?
sistcmas interempresas
de gestao eletronica de documentos,
Os assim
C0l110os grupos de projetos comuns a varias organiza<;oes, tecem COIllfreqiiencia liga<;oes mais fortes entre coletivos mistos que as q uc unem passivamente
pessoas pertencendo
Ina cntidade juridica. A mutualiza<;ao ~'(-)ese das competencias Alem da desterritorializa<;ao,
urn outro carater
e freqiien-
temente associ ado a virtualiza<;ao: a passagem do interior ao exterior e do exterior ao interior. Esse "efeito Moebius" em varios registros:
0 das rela<;oes entre privado
prio e comum, subjetivo e objetivo, mapa e territorio,
autor e lei-
tor etc. Darei numerosos exemplos disso na continua<;ao deste livro mas, para oferecer desde agora uma imagem, essa ideia pode ser ilustrada
com
0
caso ja evocado
o trabalhador ca,
0
participante
pa<;o privado
empresa.
classico tinha sua mesa de trabalho. da empresa virtual
mero de recursos imobiliarios, tros empregados.
da virtualiza<;aoda
0membro
Em tro-
compartilha urn certo nu-
mobiliarios
e programas
com ou-
da empresa habitual passava do es-
de seu domicflio ao espa<;o publico do lugar de tra-
balho. Por contraste,
0 teletrabalhador
transforma
seu espa<;o
a mes-
dos recursos, das informa-
provoca claramente
esse tipo de indeci-
sao ou de indistin<;ao ativa, esses circuitos de reversao entre extel'ioridade e interioridade.
declina-se
e publico, pro-
oficialmente
As coisas so tern limites claros no real. A virtualiza<;ao, passagcm a p~oblematica, que necessariamente
deslocamento
do ser para a questao, e algo
poe em causa a identidade
classica, pensa-
mento apoiado em defini<;oes, determina<;oes, exclusoes, inclusoes l'
tcrceiros
excluidos.
Por isso a virtualiza<;ao
gC'nese, devir outro, processo de acolhimento Vl-Illevidentemente Irj
rio proximo
cu caracterizaria
nao confundir
e sempre heteroda alteridade.
a heterogenese
como reifica<;ao, redu<;ao a coisa, ao "real".
seguintes sobre tres casos concretos:
contempodneas
com seu con-
e amea<;ador, sua pior inimiga, a aliena<;ao, que
Todas essas no<;oes vao ser desenvolvidas clpitulos
Con-
e ilustradas
nos
as virtualiza<;oes
do corpo, do texto e da economia.
Estamos
aqui e 1 < i gra~as as tecnicas
ao mesmo tempo
l"()munica~ao e de telepresen~a. medicos tornam transparente
Os equipamentos
nossa interioridade
xertos e as pr6teses nos misturam prolongamento ;dimenta~ao
das sabedorias inventamos
de
de vizualiza~ao organica. Os en-
aos outros e aos artefatos.
No
do corpo e das artes antigas
da
hoje cern maneiras
de nos construir
de
Irpn'sl'lIlac,',\o c ia voz: transporta
a propria voz. 0 telefone sepa-
m a v 0'1. (Oll corpo sonoro) do corpo tangivel e a transmite Estudemos agora algumas fun<;:oessomatic as em detalhe para desmontar
0
funcionamento
do processo contemporaneo
tualiza<;:ao do corpo. Comecemos trazer
0
pela percep<;:ao, cujo papel e
mundo aqui. Essa func,:ao e claramente externalizada
sistemas de telecomunicac,:ao. intera<;:ao sensorio-motora,
tate e a
As pessoas que veem
letivo. Gra<;:asas maquinas
0
fotograficas,
0
mesmo programa
de
diferentes modalidades
periencia sensorial completa
A fun<;:ao simetrica
Eo corpo sonoro de meu interlocutor
afetado pelo mesmo desdobramento. I\lOS,
respectivamente,
Iribui<;:ao dos
de outra pessoa ..
De modo que ambos estana dis-
corpos tangiveis.
Os sistemas de realidade virtual transmitem
mais que ima-
gens: uma quase presen<;:a. Pois os clones, agentes visiveis ou marionetes virtuais que comandamos ou modificar
por nossos gestos, podem afe-
outras marionetes
ve acionar a distancia aparelhos
Podemos quase reviver a ex-
e igualmente
aqui e la, mas com urn cruzamento
as cameras e aos grava-
alem disso, uma integra<;:ao dinamica de perceptivas.
IIhiqiiidade.
tar
e outro lugar. Os sistemas ditos de realidade virtual nos
permitem experimentar,
hrado, esta aqui e la. 0 telefone ja atualiza uma forma parcial de
mesmo grande olho co-
perceber as sensa<;:oes de outra pessoa, em outro
dis-
Lll1cia. Meu corpo tangivel esta aqui, meu corpo sonoro, desdo-
os
a coloca<;:ao em comum dos or-
televisao, por exemplo, compartilham dores, podemos
0
todos esses dispositivos virtualizam
sentidos. E ao faze-lo, organizam gaos virtualizados.
pelos
0 telefone para a audi<;:ao, a televi-
sao para a visao, os sistemas de telemanipula<;:oes para
momento
de vir-
a
ou agentes visiveis, e inclusi-
"reais" e agir no mundo ordina-
rio. Certas fun<;:oesdo corpo, como a capacidade ligada a retroa<;:ao sensorio-motora
a
ramente transferidas
distancia,
de manipula<;:ao
em tempo real, sao assim claao lunge de uma cadeia tecnica
complexa cada vez mais bem controlada em determinados
am bien-
res industriais.
o que
da percep<;:ao e a proje<;:ao no mundo,
torna
0
corpo visivel? Sua superffcie: a cabeleira,
a
tanto da a<;:aocomo da imagem. A proje<;:ao da a<;:aoesta eviden-
pcle,
0
temente ligada as maquinas,
vcr
0
interior do corpo sem atravessar
liar
vasos, sem cortar tecidos. Dir-se-ia que fazem surgir outras
as redes de transporte,
de produ<;:ao e de transferencia
da energia, as armas. Nesse caso,
urn grande mimero de pessoas compartilham bra<;:os virtuais
e desterritorializados.
mente esse aspecto relacionado fenomeno tecnico.
aos circuitos
os mesmos enormes
Inutil desenvolver
mais especificamente
A proje<;:ao da imagem do corpo e geralmente
longa-
a analise do
pcles, dermes escondidas, do fundo do organismo.
a
a pele sensivel, sem secio-
superficies insuspeitadas,
vindo a tona
Raios X, scanners, sistemas deressonan-
ria magnetic a nuclear, ecografias, cameras de positons virtualizam ;1
associada
brilho do olhar. Ora, as imagens medicas nos permitem
superficie do corpo. A partir dessas membranas
st'
reconstruir
modelos
virtuais, pode-
digitais do corpo em tres dimensoes e, a
no<;:ao de telepresen<;:a. Mas a telepresen<;:a e sempre mais que a
partir dai, maquetes solidas que ajudarao
simples proje<;:ao da imagem.
plo, a preparar
os medicos, por exem-
uma opera<;:ao. Pois todas essas peles, todos esses
a reconstrw;,:ao do corpo nao implica mais a dor nem a morte.
Ill'lIri:irio de uma transfusao,
Virtualizada,
I
do, ja
e
a pele torna-se permeavel.
possivel conhecer
0
sexo e quase
Cada novo aparelho acrescenta
0
rosto dos filhos.
urn genero de pele, urn cor-
e
po visivel ao corpo atual. 0organismo
o interior
Antes que tenham nasci-
revirado como uma luva.
passa ao exterior ao mesmo tempo em que permanece
dentro. Pelos sistemas de vizualiza~ao medicos, uma massa folhea-
III"pOcoletivo acaba por modificar
sistemas de comunica~ao,
diveis e sensiveis se multiplicam no universo
e se dispersam no exterior. Como
de Lucrecio, uma quantidade
tros dermat6ides
os corpos visiveis, aude peles ou de espec-
emanam de nosso corpo: os simulacros.
de hormonios.
a carne primaria.
Illdividuos nessa comunidade lIIl'dia<;oes puramente
ou religiosas:
llllla dose de inteligencia
desde
011Ios que participam
(lII"pO individual
0
tempo dos afonsinos
e de visao do mundo com os que falam
Illesma lingua, hoje nos associamos
I
"Isto e meu cor-
Hoje ela recorre a meios tecnicos.
Assim como compartilhamos
.1
virtualmente
num s6 corpo
das mesmas redes tecnicas e medicas. Cada
torna-se
parte integrante
(OI"pOhibrido e mundializado.
Fazendo
de urn imenso hipereco ao hiperc6rtex
l'Xpande hoje seus axonios pelas redes digitais do planeta, )rpo da humanidade
I I
estende seus tecidos quimericos
('pidermes, entre as especies, para alem das fronteiras A virtuaIizac,;ao do corpo incita as via gens e a todas as trocas. Os transplantes
De urn individuo
de uma especie a outra: enxertam-se por bacterias.
a fronteira
Os implantes
que e mineral e
0
e as pr6teses confundem
que esta vivo: 6culos, lentes de contato,
dentes falsos, silicone, marca-passos,
pr6teses acusticas, implan-
filtros externos funcionando
Os olhos (as c6rneas),
0
esperma,
como rins sadios.
os 6vulos, os embrioes e e pre-
servados em bancos especi~is. Urn sangue desterritorializado
corre
sangue saD agora socializados,
de corpo em corpo atraves de uma enorme rede internacional qual nao se po de mais distinguir tecnol6gicos
os componentes
da
economicos,
e medicos. 0fluido vermelho da vida irriga urn cor-
po coletivo, sem forma, disperso. deix
1I0S,de uma margem a outra do rio da vida.
intimidade
A carne e
bj iv
0
sangue, postos em io
Como se fosse para reagir a virtualizac,;ao dos corpos, nossa 1'lHlCaviu desenvolver-se
Ma
uma pratica esportiva
que certamente
1:lll1aisatingiu uma proporc,;ao tao grande da popula~ao. ;Iqlli dos corpos "sadios" lilt'S politicos autoritarios
mutualizados
0
e dos ocea-
nas pessoas cora~oes de baproduzidos
sobretudo
entre as
mas igualmente
buino, figados de porco, fazem-nas ingerir hormonios
tes auditivos,
hiper-
a outro, mas tambem
entre os mortos e os vivos. Entre a humanidade,
0
0
que
criam uma grande circulac,;ao de 6rgaos en-
tre os corpos humanos.
entre
dos
fisica serviu-se por muito tempo de
simb6licas
po, isto e meu sangue".
0
As vezes,
Il'sslIscita-a ou fecunda-a in vitro. A constitui~ao de urn corpo coletivo e a partieipa~ao
da de peliculas prolifera em dire~ao ao centro do corpo. Pela telepresen~aecpelos
ao consumidor
I '
a publicidade,
Ir:ltarei 1
e atleticos postos em cena pelos reg iou promovidos
nem mesmo dos esportes
pelas revistas de moda de equipe, dos quais
no capitulo sobre a virtualizac,;ao da inteligencia.
Ill' a esse esforc,;ode ultrapassar
dc intensificar S('
Nao falo
Refiro-
limites, de conquistar novos meios,
as sensac,;oes, de explorar
outras velocidades
que
manifesta numa explosao esportiva especifica de nossa epoca. Atraves da nata~ao (esporte muito pouco praticado
SI'Cldo
XX), domesticamos
0
meio aquatico,
aprendemos
antes do a per-
gulho submarino
maximiza essa mudan<;:a de meio. A espeleologia,
que conduz ao "centro
da terra",
era pouco praticada
Julio Verne. 0alpinismo confronta
a
frio intenso,
subida implacavel.
se tornou praticamente
antes de
os corpos ao ar rarefeito,
E precisamente
I'ortanto
ao
por isso que ele
urn esporte de massa. Em cada caso, tra-
lllilquista
novos espa<;:os. Verte-se no exterior e reverte a exterio-
IId"de tecnica ou a alteridade
ta-se do mesmo movimento
de safda da norma, de hibrida<;:ao, de
Iii. 1\0
"devires" que tendem quase
a
IIIIISorganismos
nar-se cabra-sclvagem,
metamorfose.
tornar-se
Os mais emblematicos
passaro
Tornar-se peixe, tor-
dentre os esportes extremos de devir
com elastico) e de deslizamento fe e windsurfe). equipamentos
(esqui alpino, esqui aquatico,
individuais,
sur-
nao necessitam de grandes
coletivos e com freqiiencia utilizam apenas artefa-
tos discretos. Acima de tudo, intensificam ffsica aqui e agora. Reconcentram seu "ponto
asa delta, saIto
Em urn certo sentido, sao rea<;:6es a virtualiza<;:ao.
Esses esportes, puramente
ao maximo a presen<;:a
a pessoa em seu centro vital, em
E no entanto, tal encarna<;:ao maxima neste lugar e nesta hora terra e
0
os limites. Entre
ceu, entre a base e
0
lan<;:ajamais esta inteiramente
vertice,
0
0
0corpo
se multiplica.
virtuais que enriquecem
ar e a agua, entre a
surfista ou aquele que se
presente. Abandonando
0
IIII1Scom
0
exemplo
Criamos para nos mesnosso universo senslvel
de uma desencarna<;:ao? Verifica-
do corpo que a virtualiza<;:ao nao po de ser
Il'dul',iJa a uma processo de desaparecimento ',11,;10.
Correndo
0
ou de desmateriali-
risco de sermos redundantes,
I'~S" virtualiza<;:ao e analisavel essencialmente 1I1t'111
concre-
lembremos
que
como mudan<;:a de
idade, passagem de uma solu<;:aoparticular a uma problematica
HI'!';llllU transforma<;:ao de uma atividade especial e circunscrita em Ilull'iollamento
nao localizado,
dessincronizado,
coletivizado.
A
vll'lu;lliza<;:aodo corpo nao e portanto uma desencarna<;:ao mas uma II'U1Vl'll<;ao,uma reencarna<;:ao, uma multiplica<;:ao, uma vetoriza-
de ser" mortal. A atualiza<;:ao parece reinar aqui.
so se obtem estremecendo
se virtualizar,
biologica em subjetividade
~I'1I1uos impor a dor. Trata-se
ou morcego.
e de tensao sao as praticas de queda (para-quedas,
corpo sai de si mesmo, adquire novas velocidades,
0
chao e
,,10, uma heterogenese
do humano.
Contudo,
dl'j iuitivamente tra<;:ado entre a heterogenese
0
limite jamais esta
e a aliena<;:ao, a atua-
Illil,';lO e a reifica<;:aomercantil, a virtualiza<;:ao e a amputa<;:ao. Esse Iilllill' illdeciso deve ser constantemente
considerado,
avaliado com
seus pontos de apoio, ele escala os fluxos, desliza nas interfaces,
1 '~ lc 11\0 renovado, tanto pelas pessoas no que diz respeito a sua vida
serve-se apenas de linhas de fuga, se vetoriza, se desterritorializa.
I'I"SI);1I,quanta pelas sociedades
Cavalgador
de ondas, vivendo na intimidade
californiano
se metamorfoseia Submisso
atetornar-se
aereo,
seu peso. Torna-se mesmo quando
0
a
0
gravidade
e
0
hipercorpo
mas jogando com
0
velocidade,
ao
equilfbrio
corpo em queda ou em deslizamento
perdeu
passagem, sobrevoo. Ascensional
parece cair ou correr na horizontal,
eis
Meu corpo pessoal e a atualiza<;:ao temporaria
surfista
em surfista da Net. Os vagalh6es
do Pacifico remetem ao diluvio informacional hipercortex.
da agua,
0
corpo
glorioso daquele que se lan<;:aou do surfista, seu corpo virtual.
no ambito das leis.
III" hipl'rCorpO hfbrido, social e tecnobiol6gico.
0corpo
l'I)I,Ull'O assemelha-se a uma chama. Freqiientemente I'" ,LIlIII, separado, ',I
,1'"
11111
"11,;10
01
e minusculo,
pelos esportes ou pel as drogas, funciona
satelite, lan<;:aalgum bra<;:ovirtual bem alto em dire<;:ao longo de redes de interesses ou de comunica<;:ao. Pren-
. I" ' ,, ' "lILio ao corpo publico e arde com , 1 )1 1 1
contem-
quase im6vel. Mais tarde, corre para fora de
IIII'SIIIO,intensificado
""""
de urn enor-
0
mesmo calor, brilha
1IIl'Sillaluz que outros corpos-chamas.
0 1 " . II iUlsl'ormado, a uma esfera quase privada,
Retorna
em segui-
e assim sucessiva-
Desde suas origens mesopotamicas, 111;11,
abstrato,
IldaJe virtual
in de pendente atualiza-se
,nt's, exemplares 1o aqui
e agora,
de urn suporte
em multiplas
e copias. Ao interpretar, 0
a texto e urn objeto virespecffico.
Essa en-
vers6es, tradw;;6es,
edi-
ao dar sentido ao tex-
leitor leva adiante essa cascata de atualiza~6es.
I;alo especificamente
de atualiza<;ao no que diz respeito
a
leitu-
linearidade contrar
do discurso, costuramo-Ios
juntos: ler urn texto e reen-
os gestos texteis que the deram seu nome.
As passagens correspondencia,
do texto mantem
de nossa arquitetura
entre si virtualmente
quase que uma atividade
investido de uma intensidade especial, com determinada
IllS,
epistolar,
uma
que atuali-
I
mnemanica,
urn outro com determinado
h,) dc nossas redes intelectuais.
zamos de urn jeito ou de outro, seguindo ou nao as instrw;:6es do
1;1,
autor. Carteiros
"specie de efeito de limiar brutal,
do texto, viajamos
espac;:o do sentido valendo-nos e de indicll,:i)t's que
0
podel11os desohedecer produzir
dohras
autor,
0
de uma margem a outra do
de urn sistema de enderec;:amento editor,
interditas,
trahalho
estabelecer
tura.
E ao
0
redes secretas,
0
Mas
ou
de tor-
sentido. 0 espac;:o do sentido nao preexiste a leique
0
amarrotando,
.10-0 em nos, destruindo-o,
semanticas.
ao cartografa-Io
fabricamos,
que
0
novelo enredado
0
recortando
contribufmos
0
dobramos
sim sua relac;:ao consigo
proprio,
semantica, relacionamos
tambem
sobre si mesmo, produzindo sua vida autanoma,
de represen-
as-
sua aura
a construir-se.
Na
0
texto, incorporan-
para erigir a paisagem
de sentido que nos habita. 0 texto serve aqui de vetor, de suporII'
ou de pretexto Confiamos
a atualizac;:ao de nosso proprio as vezes alguns fragmentos
dt' signos que nomadizam
espac;:o mental.
do texto aos povos
dentro de nos. Essas insfgnias,
essas
rcliquias, esses fetiches ou esses or<1culos nada tern a ver com as illtcnc;:6es do autor nem com a unidade
Mas enquanto
como por uma
hertura ao esforc;:o de significac;:ao que vem do outro, trabalhan-
texto para abrir urn meio vivo no qual possa
percorre-Io,
dramaticamente,
olhar, ler equivale finalmente
do, esburacando,
atualizamos.
discursos,
Escutar, ,I
clandesti-
inicial, esse ato de rasgar, de amarrotar,
cer, de recosturar se desdobrar
balisaram.
da leitura: a partir de uma linearidade
0
de uma platitude
tipografo
por efeito reorganizar
nossa leitura, nossa escu-
I;H;ilcs e de emoc;:6es que nos constitui.
as instruc;:6es, tomar caminhos transversais,
nas, fazer em<:rgir outras geografias Tal e
0
ted
tre-
Ele nos tera servido de interface
nos mesmos. So muito raramente
,')111
zona
luas contribuem
semantica
para criar, recriar e reatualizar
viva do texto, 0
mundo de sig-
llificac;:6es que somos.
texto a outros textos, a outros
0
a imagens, a afetos, a toda a imensa reserva flutuante
de desejos e de signos que nos constitui.
Aqui, nao e mais a uni-
dade do texto que esta em jogo, mas a construc;:ao de si, construc;:aosempre a refazer, inacabada.
Nao e maiso
sentido do texto
Essa analise e provavelmente
aplicavel
que nos ocupa, mas a direc;:aoe a elaborac;:ao de nosso pensamento,
,)ntros tipos de mensagens complexas
a precisao
Illcogramas, diagramas,
projetos, Desta vez
de nossa imagem do mundo, 0
despertar
0
de nossos prazeres,
texto nao e mais amarrotado,
sobre si mesmo, mas recortado,
0
fio de nossos sonhos.
dobrado feito uma bola
pulverizado,
do segundo criterios de uma subjetividade Do texto, propriamente,
a culminac;:ao de nossos
distribufdo,
Il'onograficas Desde
que produz a si mesma.
"hipertexto".
em breve nada mais resta. No me-
que nao
l 'T
sos modelos do mundo. Talvez tenha servido apenas para par em
I,.s,
texto alfabetico:
ou fflmicas, por exemplo. Deve-se entender "texto" 0
infcio deste capftulo, No entanto,
voce ainda nao leu a palavra
e selecionar
ligac;:6esentre essas zonas, co nectar arrima-lo
ou proposito deliberado.
nao se tratou de outra coisa a nao ser
.Iisl-o. Com efeito, hierarquizar
lhor dos casos, teremos, grac;:as a ele, dado urn retoque em nos-
0
de
mapas, esquemas, simulac;:6es, mensagens
IH)sentido mais geral: discurso elaborado
avalia-
a interpretac;:ao
0
areas de sentido, te-
texto a outros documen-
a toda uma memoria que forma como que
0fundo
Uma tecnologia jetiviza, virtualiza
intelectual,
uma fun~ao cognitiva,
Assim fazendo, reorganiza em seu conjunto supostamente
quase sempre, exterioriza,
a economia
uma atividade mental.
ou a ecologia intelectual
c Illodifica em troca a fun~ao cognitiva
que ela
dcvcria apenas auxiliar ou refor~ar. As rela~6es entre
a escrita (tecllologia
intelectual)
e a memoria
(fun~ao cognitiva)
estao al pa ra tcstclllllnha-lo.
o
aparccilllcnto
1111
0
texto contclllporaneo,
line e conferencias
clctronicas,
1l'ITitorializado, mergulhado Il'xtO dinamico Illfinitamente
reconstitui,
superior,
da escrita acelerou urn processo
de artifi-
e de virtualiza({ao da memoria que
COIllC<;Ollc om a hominiza~ao.
Virtualiza~ao
e nao
mas de outro modo e numa escala
parcial de urn corpo
lor (e em particular
vivo, coloca<;ao Clll COlllum, heterogenese.
Nao se pode reduzir
Il'conhecido
a escrita a um registro da fala. Em contrapartida,
sob
da mensagem e de seu con-
a comunica~ao
oral. De novo, os crite-
daqueles do dialogo ou da conver-
gra~as
as referencias;
simples prolonga Illcnto; ou seja, separa~ao
0
correspondencias
em redes, fluido, des-
em fun~ao do momento,
g:]res virtuais; brevidade, diatamente
correndo
a copresen~a
Il'xto vivo que caracteriza ":I<;ao:pertinencia
alimentando
no meio oceanico do ciberespa~o, esse
lios mudam. Reaproximam-se
cializa<;ilo, dc cxtcrioriza~ao certalllentc
Pois
ob-
a
dos leitores e dos lu-
possibilidade
de apontar
eficiencia, pois prestar
ajuda-lo
a navegar)
ime-
servi~o ao lei-
eo melhor meio de ser
dihivio informacional.
ao nos fazer
conceber a lembrane,:a como urn registro, ela transformou
0
ros-
to de Mnemosine. A semi-objetiva~ao o desenvolvimento
de uma tradi~ao critica. Com efeito,
cava uma distancia entre nao sou mais
da memoria no texto certamente permitiu saber e seu sujeito.
0
E talvez
0
porque nao
que sei que posso recolocar este saber em questao.
0
Virtualizante,
a escrita dessincroniza
e deslocaliza.
o novo
escrito
texto tern, antes de mais nada, caracteristicas
tecni-
cas que convem precisar, e cuja analise esta ligada, como veremos, :1
uma dialetica do possivel e do real.
o leitor
Ela fez
de urn livro ou de urn artigo no papel se confronta
surgir urn dispositivo de comunica~ao no qual as mensagens muito
com urn objeto ffsico sobre
frequentemente
integralmente manifesta. Certamente ele pode anotar nas margens,
estao separadas no tempo e no espa~o de sua fonte
de emissao, e portanto da leitura,
foi portanto
sao recebidas necessario
fora de contexto. refinar
as praticas
Do lado interpre-
0
qual uma certa versao do texto esta
fotocopiar, recortar, colar, proceder a montagens, cial esta la, preto no branco, ja realizado
mas
0
integralmente.
a
texto iniNa lei-
tativas. Do lado da reda~ao, teve-se que imaginar sistemas de enun-
Iura em tela, essa presen~a extensiva e preliminar
ciados auto-suficientes,
parece. 0 suporte digital (disquete, disco rigido, disco otico) nao
ceram as mensagens
independentes que respondem
do contexto,
que favore-
a urn criterio de universali-
dade, cientifica ou religiosa. Com a escrita, e mais ainda com modos de conhecimento tanto a prevalecer
informaticos 0
alfabeto e a imprensa,
teoricos e hermeneuticos
sobre os saberes narrativos
passaram
os
por-
e rituais das socie-
dades orais. A exigencia de uma verdade universal, objetiva e critica so pode se impor numa ecologia
contem urn texto legivel por humanos
cognitiva
largamente
es-
1\
tela apresenta-se
qual
0
mas uma serie de codigos
que serao eventual mente traduzidos
tador em sinais alfabeticos leitor explora
leitura desa-
para urn dispositivo
entao como uma pequena
por urn compude apresenta~ao. janela a partir da
uma reserva potencial.
Potencial e nao virtual, pois a entalhe digital e dc leitura predeterminam
urn conjunto
programa
0
de possiveis que, mesmo
10-
o posslvel do virtual, do-se apenas
0
0
essencial esta em outro lugar: consideran-
suporte Illecanico (hardware
e software),
matica nao oferece seniio lima combinatoria, e jamais urn campo prohkm~1tico.
a infor-
ainda que infinita,
0 armazenamento
em memo-
ria digital e uma pOIl'llciali/,a<,:ao, a exibi<;ao e uma realiza<;ao. Urn hipertexto
t' llilla matriz de textos potenciais,
alguns dell's viio St' reali/,ar sob rio. Nenhulllil
0
efeito da intera<;ao com urn usua-
difl'l"t'IlI,'a se introduz
cOlllbin,l('lria
entre urn texto posslvel da
siio Ill,iquinas de exibir (realizar) mensagens
tos, imagens etc.) a parlir de urn dispositivo
computacional
que
UIll universo de possiveis. Esse universo pode ser imen-
so, ou fazer intervir procedimentos inteiramente tamente
(tex-
0
aleatorios,
mas ainda assim e
pre-conti do, calculavel. Deste modo, seguindo estri-
vocabulario
filos6fico, nao se deveria falar de imagens
t
1110
XIX. Pode-se dizer
IIICfcitos por computador 'il'
considerarmos
gClls) que 11111
0
computador
11OVO
quando
num mesmo movimento
mina<;ao do sentido e a propensao
surgem a indeter-
do texto a significar,
tensao
potencial-real sublinhar
e
0
do par virtual-atual,
seu envolvimento
formas de apresenta<;ao 0
a digitaliza<;ao e as novas
do texto so nos interessam
aces so a outras maneiras Para come<;ar,
recfproco:
convem imediatamente
de ler e de compreender.
leitor em tela e mais "ativo"
em papel: ler em tela e, antes mesmo de interpretar, comando
porque dao
a urn computador
0
produzir
0
como uma ferramenta
textos classicos, ell' sera apenas urn instrumento
pratico que a associa<;ao de uma maquina foto piad
te
fixo
0
cultural, ou seja,
aparecimento
I igados it interatividade. o computador e, portanto, I}()tencializa({ao
de novos generos
antes de tudo urn operador
de
Dito de outro modo: a partir de
da informa({ao.
estoque de dados iniciais, de urn modelo ou de urn metatexto, pode calcular urn numero
indefinido
de diferentes
lllanifesta<;6es vislveis, audlveis e tanglveis, em fun<;ao da situa<;ao l'lll
curso ou da demanda
dos usuarios. Na verdade e somente na
lcla, ou em outros dispositivos
interativos,
que
texto em papel (ou
filme em pelfcula) for<;osamente ja
0
csta realizado por completo. A tela informatica 0
leitor encontra a
do texto ou da imagem, uma vez que, como ja
0
quina de ler",
0
e uma nova "ma-
lugar on de uma reserva de informa<;ao POSSIVelvem
se realizar por sele<;ao,aqui e agora, para urn leitor particular. Toda e Ulna edi<;ao, uma montagem
singular.
la Urn text
o HIPERTEXTO:
VIRTUALIZA<;:Ao DO TEXTO
E VIRTUALIZA<;:Ao DA LEITURA
para mais
de escrever mecanica,
n tubo de
a
enviar urn
para que projete esta ou aquela rea-
computador
apenas como urn instrumento
leitor
liza<;ao parcial do texto sobre uma pequena superffcie luminosa. Se considerarmos
num
textos, sons ou imagens sobre suporte
kitura em computador que
com
propriamente
disse,
do par
interagindo
equivale a negar sua fecundidade
tura. Uma vez claramente
0
de todos os textos (de todas as ima-
(papel, pelfcula, fita magnetica)
nova plasticidade
esses dois pIanos,
conjunto
computador
que uma atualiza<;ao, ou seja, uma interpreta<;ao, resolvera na leidistinguidos
e vistos sobre suportes classicos. Mas
0
Illais para produzir
Illn programa
no circuito,
mesmo de uma imagem ou de urn fil-
a partir de uma matriz digital, penetramos
Considerar
slveis sendo exibidas. humana
do se-
universo de cria<;ao e de leitura dos signos.
11m
so eclode com a entrada da subjetividade
0
0
leitor pode divulgar automaticamente
virtuais para qualificar as imagens digitais, mas de imagens pos-
o virtual
estetica fundamentalmente
"i Ivrel1tes dos de urn texto redigido com os instrumentos
e UIlllext'o real que sera lido na tela. A maior parte
dos progr;lmas determina
sendo que
,'sl.llulo onto!<'lgico nem propriedade
im
Pode-se dizer que urn ato de leitura e uma atualiza<;ao das significa<;6es de urn texto, atualiza<;ao e nao realiza<;ao, ja que a il1terpreta<;ao comporta
uma parte nao eliminavel de cria<;ao. A
Enfim,
tido em que produz, a partir de urn texto inicial, uma reserva textual e instrumentos
de composi~ao
gra~as aos quais urn navega-
dor podera projetar
uma quantidade
0texto e
de outros textos.
sllporte digital permitc novos tipos de Icitu r" " (c
0
dt' escritas) coletivas. Urn continuum variado se estende assil11cntre " leitura individual
de urn texto preciso e a navegac;:ao em vastas
transformado em prohlematica textual. Porem, mais uma vez, so
I('des digitais no interior das quais urn grande numero de pessoas
ha problematica
"Ilota, aumenta,
se considerarmos
quinas e nao processos
acoplamentos
informaticos
humanos-ma-
apenas. Entao se pode falar
de virtualizac;:ao e nao mais apenas de potencializa~ao. hipertexto
nao se deduz logicamente elementares,
do tamanho
agenciamento
dos nos ou dos
das conexoes,
estrutura
fl,;Ic;:oeshipertextuais. Urn pensamento
0
do texto Fonte. Ele resulta
de uma serie de decisoes: regulagem modulos
De fato,
da
conecta os textos uns aos outros por meio de li-
Ilira
se atualiza num texto e urn texto numa lei-
(numa interpreta~ao).
Ao remontar
/;Ic;:ao, a passagem ao hipertexto rl'tomar ao pensamento
essa encosta da atuali-
e uma virtualiza~ao.
do autor, mas para fazer do texto atual
interface de navega~ao etc. No caso de uma hipercontextaliza~ao
IIIlla das figuras possfveis de urn campo textual
automatica,
vel, reconfiguravel
essas escolhas (a invenc;:ao desse hipertexto
vao intervir ao nfvel da concep~ao Uma vez enunciadas
particular)
e da sele~ao do programa.
essas constata~oes
rece muito diffeil falar da potencializa~ao
quase tecnicas, pa-
e da virtualizac;:ao do
texto como fenomenos homogeneos. Muito pelo contrario, confrontados
a uma extrema
diversidade
mente a tres fatores misturados:
a natureza
somos
que se deve essencialda reserva digital ini-
cial, a do programa de consulta e a do dispositivo de comunicac;:ao. Urn texto linear classico, mesmo digitalizado, como urn verdadeiro
hipertexto,
nao sera lido
nem como uma base de dados,
nem como urn sistema que engendra
automaticamente
textos em
programa o programa primeiros
estabelece uma relac;:ao muito mais intensa com urn
de leitura e de navega~ao permite
programas
que com uma tela. sera que
apenas urn desenrolar
de texto que durante
algum
a
manipulac;:ao fastidiosa
do an-
tigo rolo, aquem inclusive das paginas truir vfnculos automaticos
do codex)? Que func;:oes
Ilializac;:ao multiplica
a
interpreta~ao.
Com isso, a hipertex-
as ocasioes de produ~ao
consideravelmente
e diversos
de sentido e per-
a leitura.
Eis-nos portanto de volta ao problema da leitura. Sabe-se que os primeiros textos alfabeticos nao separavam
as palavras. Foi so
Illuito progressivamente
que foram inventados os espa~os em bran-
co entre os vocabulos,
a pontua~ao,
os paragrafos,
as divisoes
c1aras em capftulos, os sumarios, os fndices, a arte da paginac;:ao, a rede de remissao das enciclopedias
e dicionarios,
as notas de pe
documentos estrutura-Ios,
escritos. Contribuindo para articula-Ios
11010giasauxiliares aparelhagem
compoem
para dobrar os textos, para
alem de sua linearidade, 0 que poderfamos
essas tec-
chamar de uma
de leitura artificial.
o hipertexto, adiante, portanto,
hipermfdia urn processo
ou multimfdia
interativo
levain
ja antigo de artificializac;:ao
da
em esquematizar,
entre diferentes partes do texto, pode
truir uma rede de remissoes intemas
ao texto, em associar a ou-
de diferentes it
com outros corpus hipertextuais
de auxflio
Illite enriquecer
e faze-Io en-
leitura. Se ler consiste em selecionar,
tipos? Pode 0 leitor personalizar
de leitura? Eis af uma serie de variaveis importan-
s que vao influi
instrumentos
e ate para conecta-Io
mo-
oferece? Ele permite cons-
de pesquisa e de orienta~ao 0 programa
seu programa
(como os
de tratamento
tempo fizeram a leitura regredir
conter anota~oes
seqiiencial
em composi~ao
vontade,
disponfvel,
de pagina ... em suma, tudo 0 que facilita a leitura e a consulta dos
fun~ao das intera~oes com as quais 0 leitor 0 alimenta.
o leitor
Irar
a
Nao para
fo
br
in le
em cons-
tros dados, em integrar as palavras e as imagens a uma memoria i
pessoal em reconstru~ao
permanentelentao os dispositivos hiper-
textuais constituem de fato uma especie de objetivagao de ex-
consideramos
mais apenas os processos tecnicos de digitalizac,;ao
e de apresentac,;ao do texto, mas a atividade
humana de leitura e
de interpretac,;ao que integra as novas ferramentas.
tenta explorar ao maximo uma nova velocidade de navegac,;ao em meio a massas de informac,;ao que saG condensadas a cada dia menores.
Como vimos, a leitura artificial existe ha muito tempo. (~ue diferenc,;a podemos se estabilizado
estabelecer,
entao, entre
0
sistema que havia
nas paginas dos livros e dos jornais e
venta hoje em suportes A abordagem
0
que se in-
digitais? que, insisto, nao
exs:Jui nem os sons nem as imagens, e a de descreve-Io, sic,;aoa urn texto linear, como urn texto estruturado hipertexto paragrafos,
seria constitufdo
musicais etc.) e de liga-
c,;oesentre esses nos (referencias, notas, indicadores, A leitura
sumarios
de uma enciclopedia
dos instrumentos
que
classica ja e de tipo hiper-
lexicos, fndices, thesaurus,
de orientac,;ao que saG atlas, quadros de sinais,
uma diferenc,;a consideravel
anteriores
tendencia
contemporanea
a informatica:
0
suporte
em relac,;ao aos hi-
a pesquisa nos fndices,
de orientac,;ao, de passagem
fazem-se nele com grande rapidez,
complementar,
a hipertextualizac,;ao
dos documentos
pode ser definida como uma tendencia a indistinc,;ao, a mistura das tualizac,;ao propriamente freqiiencia,
aqui
problema
da vir-
dita, que tern por efeito, como ocorre com
colocar em loop a exterioridade
caso a intimidade
0
do autor e a estranheza
e a interioridade,
texto. Essa passagem contfnua de dentro para fora, como num anel de Moebius, caracteriza der,
0
ja a leitura classica, pois, para compreen-
leitor deve "recriar"
0
texto mentalmente
e portanto
0
uso
de urn no a outro,
da ordem
de segundos.
Por
tanto em urn esforc,;o para tornar-se Ora, a hipertextualizac,;ao
objetiva,
estranho
ao proprio
operacionaliza
texto.
e eleva a po-
tencia do coletivo essa identificac,;ao cruzada do leitor e do autor. Consideremos mos urn hipertexto
primeiro a coisa do lado do leitor. Se definir-o como urn espac,;o de percursos
sfveis, urn texto apresenta-se hipertexto.
0 navegador
de leitura pos-
como uma leitura particular
participa
de urn
assim da redac,;ao ou pelo me-
nos da edic,;aodo texto que ele "Ie", uma vez que determina
mixar finamente os sons, as imagens animadas
e os textos. Segun-
organizac,;ao final (a dispositio da antiga retorica).
0
hipertexto
digital seria portanto
definido como uma colec,;ao de informac,;oes multimodais
dispos-
ta em rede para a navegac,;ao rapida e "intuitiva". Em relac,;ao as tecnicas anteriores gitalizac,;ao introduz mais
0
navegador
sados volumes, doravante
nao e
virando as paginas, transportando
pe-
com seus passos a biblioteca,
mas
e urn texto movel, caleidoscopico,
facetas, gira, dobra-se Inventa-se
de leitura em rede, a di-
que segue as instruc,;oes de leitura e se desloca percorrendo
e desdobra-se
que apresenta
a vontade
o navegador
suas
diante do leitor.
hoje uma nova arte da edic,;ao e da documentac,;ao que
pode se fazer autor de maneira
da do que percorrendo da estruturac,;ao
uma pequena revoluc,;ao copernicana:
fisicamente no hipertexto,
en-
a dificuldade de escrever consiste em reler-se para corrigir-se, por-
na mesma mfdia e
abordagem,
no
do leitor em relac,;ao ao
outro lado, a digitalizac,;ao permite associar do essa primeira
a
trar dentro dele. Ela diz respeito tambem a redac,;ao, uma vez que
e remissoes ao final dos artigos. No entanto,
digital apresenta pertextos
"botoes"
de urn no a outro).
textual, uma vez que utiliza as ferramentas os dicionarios,
por opo-
em rede. 0
de nos (os elementos de informac,;ao,
paginas, imagens, seqiiencias
efetuam a passagem
De acordo com uma segunda abordagem,
func,;oes de leitura e de escrita. Tocamos
mais simples do hipertexto
em volumes
sistemas
uma rede preestabelecida:
do hipertexto,
registram
os caminhos
mais visfveis, por exemplo) c,;aoda maneira
criando
sua
mais profunparticipando
novas ligac,;oes. Alguns
de leitura e reforc,;am (tornam
ou enfraquecem
como elas saG percorridas
as ligac,;oes em funpela comunidade
dos
navegadores. Enfim, os leitores podem nao apenas modificar mas igualmente
acrescentar
ou modificar
etc.), conectar urn hiperdocumento hipertextos
separados
as ligac,;6es
nos (textos, imagcns
a outro e fazer assini de d(lis
urn unico documento,
ou trac,;ar lig,HJ)CS
hipertextuais
entre uma serie de documentos.
essa pratica encontra-se net, notadamente
Sublinhemos
hoje em pleno desenvolvimento
que
lado, componentes
de material
na Inter-
rias, processadores
etc.) podem se achar noutras
na World Wide Web. Todos os text os publicos
acessfveis pel a rede Internet doravante de urn mesmo imenso hipertexto hiperdocumentos
fazem virtualmente
em crescimento
ininterrupto.
acessiveis pOl' uma rede informatica
rosos instrumentos
de escritil-!eitura
em computadores
parte Os
sao poc1e-
coletiva.
distribuidores
propriamente
automaticos,
putador
ramificado
por sua vez, fazem
quem atualiza um pcrcllrso Oll manifesta
distantes
taneamente caminhos corporados
uma escrita intcrmin,\vel. de sentido originais que
As cosluras e remissoes, os
0
lcitor inventa podem ser in-
a estrutura mesma dos corpus. A partir do hipertcxto,
toda leitura tornou-se
0
mesmo),
o computador
incompleto
na passagem do papel a tela do computador. suporte
de mensagens
potenciais
vetorizados. evoquemos
Antes de abordar portanto
Durante
putador
para texto, mas tornou-se
E
proprio
tra<;:ar seus
cujo centro esta em urn computador
inacabado,
hi-
virtual, urn com-
ciberespa<;:o.
desconstroi
Milhoes de pessoas e de institui<;:oes no mundo trabalham
pela "maquina",
balca-
e preciso distin-
Web. Na Web, como em todo hiperdocumento,
computador
para dar
guir conceitualmente
cen-
dois tipos de memorias diferentes. De urn lado,
a reserva textual ou documental que quase amorfo, suficientemente
de marcas diferentes podem ser montados quase identicos,
da Wodd Wide
contem-
0
e computadores
ma marca con tern pe<;:asde origens muito diferentes.
a
da mesPor outro
na
constru<;:ao e na disposi<;:ao do imenso hipertexto
a informatica
trado nos fluxos de informa<;:ao. partir de componentes
0
urn
do texto,
lugar a urn espa<;:ode comunica<;:ao navegavel e transparente Computadores
em nenhuma,
disperso, vivo, pululante,
de Babel:
impossfvel
urn computador
do
e quase se dissol-
a desterritorializa<;:ao
pelos programas, -
cada elemento
zona de transito para signos
muito tempo polarizada
soft e hardware
pertextual,
impregnam
uni-
como
a virtualiza<;:ao do computador.
nizada ate recentemente poranea -
0 computador
ja se integrou
veu no ciberespa<;:o, essa turbulenta
unicamente
da rede calculadora
No limite, so ha hoje urn unico computador,
toda parte e a circunferencia do texto e da leitura se a focalizassemos
e, cada vez mais, distribufdas.
nao e urn centro mas urn peda<;:o, urn fragmento
urn componente
limites, fixar seu contorno.
temporanea
da rede (que,
(captura, digitaliza<;:ao, memoria, tratamen-
versal. Suas fun<;:oespulverizadas
uma visao parcial da virtualiza<;:ao con-
urn com-
bem como a diversos aparelhos
to, apresenta<;:ao) sao distribufveis
unico suporte
somente
Enfim, e sobretudo,
e de apresenta<;:ao de informa<;:ao. Todas as
fun<;:oesda informatica
tecnocosmo.
Terfamos
nos
faxes, cameras de vfdeo,
e de calculo de outros computadores
de captura
da trama,
urn ato de escrita.
em
no hiperespa<;:o pode recorrer as capacidades
de memoria
contrihlli para a red,H;ilo, COllcilii !l1omen-
robos, aparelhos eletrodomesticos,
automaticamente.
das possfveis dobras do selHido, j , \ C llln lcitor. Simctricamcnte, da reserva documental
memo-
partes que nao
telefones, radios, televisoes ... onde quer que a informa<;:ao digital
que participa da estrlltllra~'ilo do hipcrtexto, do tra<;:ado pontilhado este Oll aquele aspecto
(captadores,
ditos: em cartoes eletronicos,
de redes de comunica<;:ao, fotocopiadoras, seja processada
Assim a escrita e a Icitllra trocam seus papeis. Todo aquele
informatico
seus elementos estruturas,
tenham
multimodal,
os dados, urn esto-
balisado, no entanto, para que
urn endere<;:o. De outro, urn conjunto
percursos, vfnculos ou redes de indicadores,
senta organiza<;:oes particulares,
de
que repre-
seletivas e subjetivas do estoque.
Cada individuo, mentar
0
cada organiza~ao
sao incitados nao apenas a au-
estoque, mas tambem a propor aos outros cibcrnautas
urn ponto de vista sobre
0
conjunto,
uma estrutura
ses pontos de vista subictivos se manifestam ga~6es para individuo
0
subjctiva. Es-
em particular
nas li-
as home pages afixadas pOI' urn
exterior associadas
ou grupo. No ciberespa~o,
como qualquer
c
ponto
di-
branco das margens, caracteres
lavrado
pelo autor;
sopotamica,
de linhas e semeado
a pagina,
aderindo
seus signos soltos vao juntar-se
a torrente
a tendencia a substituir
ajudar a produzir, a dobrar diversamente,
pertextuais: no limite, basta que
texto exista fisicamente uma unica
0
vez na mCI1l<>riadc UI1lcomputador
conectado
a rede para que ele
fa~a parte, gra~as a urn conjunto de vinculos, de milhares ou mesmo de milh6es de percursos ou de estruturas
semanticas
tes. A partir das home pages e dos hiperdocumentos
diferen-
on line, pode-
se seguir os fios de diversos universos subjetivos. pertinencia.
no~6es de unidade,
0 ciberespa~o
de identidade
esta misturando
as
e de localiza~ao.
estatisticos,
situa~6es politicas,
por satelite ... Assim, como e duas vezes janela para
0
0
0
imagens do mundo transmitidas
rio de Heraclito,
mesmo. Alimentado hipertextuais
0
hipertexto
pOI' captadores,
fluxo cosmico e a instabilidade
Os dispositivos
lizaram
0
em tempo real: resultados
ele abre uma
social. nitidas,
definivel. Nao ha mais l1l11texto, discernivel e
de sublinhar
isto? As formas
do periodo precedente
A analise vale igualmente
impedem
te, nao constituem
para as imagens que, virtualmen-
mais senao urn unico hipericone,
em crescimento,
musicas, elevando-se
sem limites,
sujeito a todas as quimeras. E as
dos bancos de efeitos sonoros, dos reperto-
rios de timbres organizados
em amostras,
e de arranjo
dos programas
automaticos,
de sin-
as l1lusicas do
ciberespa<;:o comp6em juntas uma inaudivel polifonia ... ou se perdem em cacofonia. A interpreta~ao,
isto e, a produ~ao do sentido, doravante nao
remete mais exclusivamente a hierarquias
a
interioridade
de uma inten<;:ao, nem
de significa~6es esotericas, mas antes
sempre singular de urn navegador
nas reeies digitais desterritoria-
texto. Fizeram emergir urn texto sel1l fronteiras
sem interioridade
jamais
a retomar, a modificar,
hoje que esse movimento de desterritorializa<;:ao chegue a seu termo.
tese, de seqiienciamento
Os vinculos podem remeter a endere~os que abrigam nao urn texto definido mas dados atualizados
e juridicas herdadas
caleidoscopico,
No mundo digital, a distin~ao do original e da copia ha muito perdeu qualquer
acessivel em todo lugar, e que todos pudessem
a dobrar de novo ... Ha necessidade economicas
digital.
se a digitaliza~ao estabelecesse uma especie de imenso
plano semantico,
por ligalSocs hi-
essa pagina
sob a inunda~ao informacional,
retamente acess,'ivcl a partir de qualquer outro, sera cada vez maior as capias de documentos
da argila me-
sempre a terra do neolitico,
muito antiga se apaga lentamente
E como
de letras e de
ainda carregada
emerge de efeitos de pertinencia
a
apropria<;:ao
ou de uma surfista. 0 sentido
locais, surge na intersec~ao de urn
plano semiotico desterritorializado cia ou prazer. Nao me interesso
e de uma trajetoria
de efica-
mais pelo que pensou urn autor
mas apenas texto, assim como nao ha uma agua
inencontravel,
pe<;:oao texto para me fazer pensar, aqui e agora.
e uma areia, mas apenas agua e areia. 0 texto e posto em movi-
A virtualidade
do texto alimenta minha inteligencia
individualizavel,
mento, envolvido em urn fluxo, vetorizado, esta mais proximo
do proprio movimcnto
em ato.
I1lctamorfico. Assim do pensamento,
ou da
imagem que hoje temos deste. Perdendo sua afinidade com as ideias imutaveis que supostamente torna-se
dominariam
0
analogo ao universo de processos
o texto
continua
subsistindo,
ll1undo sensivel,
texto
0
ao qual se mistura.
mas a p5gina funou-se.
A pa-
gina, isto e, 0 pagus latino, esse campo, esse territorio cercado pelo
Se ler consiste em hierarquizar,
selecionar,
esquematizar,
construir
uma rede semantica
e integrar ideias adquiridas
memoria,
entao as tecnicas
digitais de hipertextualiza<;:ao
a uma e de
navegac;:ao constituem
de fato uma especie de virtualizac;:ao tec-
nica ou de exteriorizac;:ao dos processos Grac;:as a digitalizac;:ao,
0
de leitura.
texto e a leitura receberam hoje urn
novo impulso, e ao mesmo tempo uma profunda se imaginar
que os livros, os jornais,
administrativos
mutac;:ao. Pode-
os documentos
tecnicos e
impressos no futuro serao apenas, em grande par-
te, projec;:oes temporarias
e parciais de hipertextos
on line muito
mais ricas e sempre ativos. Posto que a escrita alfabetica uso estabilizou-se suporte,
hoje em
sobre urn suporte estatico, e em func;:ao desse
e legitimo indagar se
0
aparecimento
de urn suporte di-
namico nao poderia suscitar a invenc;:ao de novos sistemas de escrita que explorariam nes" informaticos,
Os "ico-
melhor as novas potencialidades.
certos videogames,
as simulac;:ocs graficas in-
A economia
contemporanea
torializac;:ao ou da virtualizac;:ao. volume de neg6cios, lembremos,
e
da desterri-
setor mundial
em
do turismo: viagens, hoteis,
0
terativas utilizadas pelos cientistas representam os prilllciros passos
restaurantes.
em dircl.;ao a uma futura ideografia
estar presente, a comer, dormir, viver fora de sua casa, a se afas-
dinalllica.
A lllultipliGll.;30 Jas tclas anuncia 0 filll do cscrito, como dao
A humanidade
e uma economia 0principal
tar de seu domicilio.
jamais dedicou tantos recursos a nao
Se acrescentarmos
ao volume de neg6cios
a entendcr ccrtos profctas dn dcsgral.;a? Essa idcia e muito prova-
do turismo propriamente
dito
velmente
culos (carros, caminhoes,
trens, metros, barcos, avioes etc.), car-
errCmca. C:crtnlllcntc
a
configuravel
vontaJe,
0 tcxto digitalizado,
fluido,
re-
que sc organiza dc Ulll modo nao linear,
burantes
0
para os veiculos e infraestruturas
que circula no interior de redes locais ou Illundiais das quais cada
tos ... ), chegaremos
participante
mundial a servic;:odo transporte.
e urn autor e urn editor potencial,
esse texto diferen-
difusao unilateral que e
0
nao confundir que e a imprensa,
0
cam 0
texto nem com
nem com
papel, nem com uma estrutura
sagens. A cultura do texto,
a cerca de metade
0
0
modo de
suporte estatico
linear e fechada das men-
que ela implica de diferido na
eletronicos
e digitais nao substituiram
pelo contrario:
da desterritorializac;:ao
levada a urn imenso desenvolvimento
no novo
espac;:o de comunicac;:ao das redes digitais. Longe de aniquilar
0
subitamente
medicina
devir do texto. Enfim, como se saissemos de uma certa
0
acabassemos
e a aventura de inventar
do texto comec;:asse realmente.
a informatica,
lhando para a heterogenese
texto, a virtualizac;:ao parece faze-lo coincidir com sua essencia Como se a virtualizac;:ao contemporanea
transporte
fisico, muito
como ja sublinhamos,
0
virtual.
da economia
e farmacia -,
ele virtualiza
dos espiritos,
Quanto
acrescentar
os meios de comunicac;:ao,
ensino e a formac;:ao, bem como as industrias coisa senao
pre-hist6ria
economic a
e a distribuic;:ao, por
fisica, cum pre evidentemente
que sao outros setores ascendentes
de intertextualidade
0
comunicac;:ao e transporte,
radas no interior de urn universo semantico
realizasse
da atividade
aeropor-
fazem parte da mesma onda de virtualizac;:ao geral. Pois ao setor
expressao, de distancia critic a na interpretac;:ao e de remissoes cer-
desvelada.
(estradas,
0comercio
as telecomunicac;:oes,
e, ao contrario,
que fabricam vei-
sua vez, fazem viajar signos e coisas. Os meios de comunicac;:ao
cia-se do impresso classico. Mas convem
das industrias
do virtual.
nao produzem
ao poderoso
0
da diversao, trabaoutra
setor da saude -
como vimos num capitulo
precedente,
os corpos.
Como se
a escrita.
Como funcionam dos operadores
os mercados
financeiros
financeiros?
baseiam-se
Os raciocinios
essencialmente
no racio-
Como funcionam dos operadores
o setor
financeiro,
Cor;1<;;10pulsante da economia
e sem duvida uma das atividadcs
mais caractedsticas
mundial,
da escalada
da virtualizac;:ao. A moeda,
localizou em grandl' cscaLl 0 trabalho, consumo,
e des-
a transac;:ao comercial e 0
quc pOl' nluito tTIllPO intervieram
nas mesmas unida-
baseiam-se
que cada membro praticasse nomicos
desses raciocinios publicados
sao sobretudo
peis, ac;:oese instrument os financeiros.
mum quc cntidadcs nwis concretas como terra ou servic;:os. Reen-
ceiro certamente funcionamento
da moeda (e dos
os trac;:osdistintivos da
virtllaliz;1<';;10,quc SolOn;lo apenas 0 arrancar-se
ao aqui e agora
das negocia<;:6es e das relac;:oes de for-
faz circular 1I11lr econhccimento
impessoal.
A letra de cambio
de urn modo recursivo
dc divida de uma moeda a outra
e de uma pessoa a outra, 0 contrato
de seguro mutualiza
cos, a sociedade por ac;:oeselabora a propriedade
os ris-
e 0 investimen-
Podedamos propria
historia que a qualquer
diferenciac;:oes, trabalhos
seguradoras)
1994). Os fluxos comercio
financeiros
internacional
sao superiores
aos do
e, no interior mesmo do setor financei-
ro, 0 crescil1lento dos produtos sobre os produtos
mundiais
constituem (Goldfinger,
derivados
(especies de seguros
classicos e virtuais por excelencia) e mais acen-
Para voltar
incidem sobre 0 julgamento
como vetor, indicador
a
da arte
operac;:oes dos outros,
ou comutador
na dina-
coletivo.
virtualizac;:ao da economia,
dos on line, sistemas especialistas
os bancos de da-
e outros instrumentos
maticos tornam cada vez mais transparentes ciocinios do mercado".
infor-
a si mesmos os "ra-
As financ;:as internacionais
desenvolvem-
se em estreita simbiose com as redes e as tecnologias
de suporte
tuado que a media. De maneira mais geral, a primazia crescente
digital. Elas tendem a uma especie de inteligencia
da economia
buida para a qual 0 dinheiro e a informac;:ao progressivamente
monetaria
e dos imperativos
financeiros
e uma das
manifestac;:oes mais notaveis da virtualizac;:ao em curso. Em numeros absolutos,
0 maior l1lercado do mundo
moeda, 0 mercado cambial, mais importante
e 0 da propria
que 0 dos tttulos e
o das ac;:oes.
sendo caotica, com freqi"lcllcia imprevisfvel
seria antes cOllvergellte, no sentido em que (contra ria men-
coletiva distrise
equivalem. Claro que se trata de uma inteligencia coletiva grosseira, uma vez que conhece urn unico criterio de avaliac;:ao ou, se preferirem, urn unico "valor".
e sujeit::t a arrebata-
sua
outra coisa: citac;:oes, derrisoes,
sobre 0 limite ou a identidade
mica recursiva do julgamento
a
a si me sma e
etc. Do mesmo modo que nas financ;:as, as principais a obra intervindo
as financ;:as (bancos,
do
arriscar urn paralelo com boa parte da arte con-
e que acentuam Atualmente,
de suas proprias
0 funcionamento
que faz muito mais referencia
da arte contemporanea
entre 5% e 7% do PIB dos paises industrializados
finan-
vimos, cada urn de seus "processa-
simula grosseiramente
to coletivo. Outras tantas invenc;:oes que prolongal1l as da 11l0eda a virtualizac;:ao da economia.
a partir dos resultados
operac;:oes. Mais: conforme
temporanea,
0mercado
antes de tudo
conjunto.
pOl' 11mmccanismo
a que chega 0 mercado apos a seu proprio
dores" elementares
c;:aindividllais
Ora, esses prec;:os,cotac;:oes
leva em conta dados "exteriores"
ao anl>nimo, a possihilidadc parcial do jogo inccssantc
eco-
de esta-
(guerras, eleic;:oesetc.), mas trabalha
ou a JestclTitori;llil',o1<,;;IO,Illas igualmente a passagem ao publico, de partilha e de troca, a substituic;:ao
Os "ar-
os indicadores
coletivo, paralelo e distribuido.
contralllos
c no desenvolvimento
no racio-
tisticas, bem como os prec;:os, cotac;:oes e taxas dos diferentes pa-
urn raciocinio
na invl'n,;lo
essencialmente
pelos governos e pelos organismos
e taxas sao eles proprios "conclusoes"
e de existir em co-
Os raciocinios
a psicologia das multidoes.
dentcmcntc
Illais f:kil dc trocar, de partilhar
financeiros?
financeiros, como numa multidao em
des de tempo c dc lugar. Enquanto objeto virtual, a moeda e evi-
instrlllllcnt"os finanCl'iros IIIa is complexos)
mentos
financeiros
dnio dos outros operadores gumentos"
quc (' a hasc das financ;:as, dessincronizou
os mercados
Olt odo momenta dos conhecime
Por outro lado, sua din arnica global, mesmo
recolocar
em questao a ordem e a importancia
sendo caotica, com freqi"lcllcia imprevisfvel
e sujeit::t a arrebata-
Olt odo momenta
mentos, seria antes cOllvergellte, no sentido em que (contra ria mente
a
evolw;:ao biol6gica,
pOl' exemplo)
Passou-se portanto da aplica~ao de saberes estaveis, que cons-
mente abertos varios cOlmin!Jos de diferencia<;;ao. Pode-se sOllhar
tituem
com uma atividade
te,
explorar
em questao a ordem e a importancia
dos conhecimentos.
nao mantem simultanea-
fillOlllceira ainda mais inteligente,
recolocar
capaz de
varias hip{)tesl's de avalia<;;ao ao mesmo tempo, que da-
a
0
a
plano de fundo da atividade,
aprendizagem
navega<;;ao continua num conhecimento
jeta em primeiro
perman en-
que doravante
plano. 0 saber prendia-se
se pro-
ao fundamento,
hoje
ria prova de imaginOl<.;iioe projetaria varios futuros em vez de reagir
se mostra como figura move!' Tendia para a contempla<;;ao, para
principallllellte
o imutavel,
de LlIllmodo reflexo.
ei-Io agora transformado
opera~6es eficazes, ell' proprio
DESTRUTIVO E APROPRIAc,:Ao NAo
que san levadas a aprender,
EXCLUSIVA
de maneira
cooperativa
mas a grande massa das pessoas
transmitir
e produzir
em sua atividade
As informa<;;6es e os conhecimentos Alem dos setores da virtualiza<;;ao proprialllente o turismo,
as comunica<;;6es e as finan<;;as,
dades depende hoje, a montante,
0
dita, como
conjunto
das ativi-
dos bens econC>micos muito par-
ticulares que san as informa<;;6es e os conhecimelltos. A informa<;;ao e
0
conhecimento,
sao,
0
soldado
0
ca<;;ador, 0 campones,
deviam necessariamente
tencias e se informar desde a Segunda setenta,
0
a
e radicalmente
cias adquiridas geralmente
e sobretudo
depois dos anos metade do seculo
Mais do que isto, transmitia
seu saber, quase inalterado,
.1
seus fiIhos ou a apren-
dizes. Hoje, esse esquema esta em gra Ilde pa rte obsoleto. soas nao apenas san levadas a mudar os conhecimentos
suas ta-
no final de sua carreira as competen-
em sua juventude.
em sua vida, como tambem,
arte-
que experimentamos
nova. Ate a segullda
XX, uma pessoa praticava
0
certas compe-
para executar
conhecimento
Guerra mundial,
Illercador,
adquirir
sobre seu ambiente
refas. Mas a rela<;;ao com
0
no interior
As pes-
-,
0
mantinha
conhecimentos
cotidiana. passaram
a constar en-
que nem sempre foi verda-
sua posi<;;ao de infraestrutura
-
fala-se de infos-
de fonte ou de condi<;;.aodeterminante evidente,
para todas as
enquanto
antes se
na penumbra.
Ora, os novos recurs os chaves san regidos por duas leis que tomam pelo avesso os conceitos e os raciocfnios economicos sicos: consumi-Ios jam perdidos. trabalho
clas-
nao os destroi, e cede-Ios nao faz com que se-
Quem da urn saco de trigo, urn carro, uma hora de
ou uma soma em dinheiro
perdeu alga em proveito
de
urn outro. Quer se fabrique farinha, se ande de carro, se explore o trabalho
de urn operario
ou se gaste dinheiro, urn processo irre-
versfvel efetua-se: desgaste, gasto, transforma<;;ao, A economia
repousa largamente
dade dos bens. A propria truidor
do consumo,
raridade
sobre
0
consumo.
postulado
se funda sobre
bem como sobre a natureza
0
da rari-
carater des-
exclusiva
ou
v.irias vezes de profissao
privativa da cessao ou da aquisi<;;ao. Ora, uma vez mais, se trans-
da mesma "profissao",
mito a voce uma informa<;;ao, nao a perco, e se a utilizo, nao a
tern urn ciclo de renova<.;ao cada vez mais cur-
to (tres anos, ou ate menos, em inforll1
de. Ademais, trutura
primordiais,
outras formas de riqueza tornou-se
de fato, san doravante
principal fonte de produ<;;ao de riqueza. Poder-se-ia retorquir que isto sempre foi assim:
tre os bens economicos
as
opera<;;ao. Alem disso, nao e mais
apenas uma casta de especialistas CONSUMO NAo
INFORMAc,:AO E CONHECIMENTO:
em fluxo, alimentando
Tor-
"de base" num domfnio.
Novas tecnicas ou novas configura<;;6es socio-economicas
podem
destruo. Como a informa<;;ao e 0 conhecimento
estao na fonte das
outras formas de riqueza e como figuram entre os bens economicos principais
de nossa epoca, podemos
de uma economia da abundancia,
considerar
a emergencia
cujos conceitos, e sobretudo
as
praticas, estariam em profunda
ruptura
com
0
funcionamento
Segundo a teoria materna tic a da comunica~ao,
da
uma infor-
economia cblssica. Na verdade, vivemos ja mais ou menos sob esse
ma~ao e urn acontecimento
que provoca
regime, mas continuamos
teza acerca de urn ambiente
dado. Nessa teoria, nao se considera
inadequados
a 1l0Sservir dos instrumentos
da CCOIlOllliade raridade
(Goldfinger,
doravante
1994).
que urn universo
de signos e a ocorrencia
mensagem estejam associados exemplo, DESMATFRIAI.I/,Al.Al)
()II
uma redu~ao de incer-
a ocorrencia
de cad a signo numa
a uma informa~ao
mensuravel.
ma~ao, que sera tanto maior quanta mais improvavel ela for. Ora,
VWl'lrALIZAc;:Ao:
o QUF
(: IrMA INI:()I(MAl,:A()?
o qlll',
Ila llallll'l'~,;1da IlllorJll;1I,':10Cdo conhecimento,
uma ocorrencia
'
nao e uma coisa. Nao e material como uma ma~a,
nem imaterial como uma alma imortal. Simetricamente, cOllfcrc proprit'd;llks
l'COIHllllic;lS (;10 particulares?
Ihes
A primeira
nao e nem provavel nem improvavel. to ou urn "fato"
uma coisa
Somente urn acontecimen-
pode estar ligado a uma probabilidade,
rcspos(;\ (jilt' Vl'lll ao l'spil'ito l' (jilt' St' Il'a(a dt' hcns "imateriais". Exalllilll'lllOS alt'll(allll'lllt't'SS;1 pI'OpOSil,;ao.I,ll SIIPOCem primeiro
tal coisa estar presente agora ou nao existir. Intuitivamente,
lugar 11111;1 111l'lafisica da slIhs(;'IIlCi;l, IL\vt'l'ia coisas "materiais"
timos claramente
e coisas "imateriais".
dade subjetiva de ocorrencia
em contexto, terial".
()I';I, IlIl'SIIlOOSht'lls dilos Illateriais valem
por silas
II'l1laS,SII;ISt'sl rill IIras, silas propriedades
Ie
ou seja, l'llI hill dt' ('OIlLIS,pOl' slia dimensao
Rigorosamentl'
riais so se encontrariam
L1L1I1do,elllre os hellS pllramente as m;llt'ri;ls,pl'illlas.
pode separar as informalJ>cs de UllI Sllpo
1 '1 L'fisico
multiplica-Ias "material"
facilmente.
desaparecessem,
a
qualquer,
sob
transmiti-Ias,
Mas, sc lodos os Iligares de inscri~ao a inform:H;ilo dl'saparl'ccria
pre. Quanto ao conhecimento ainda mais ligado
nao se
para sem-
quc 11111 scr hliltlallO possui, ell' esta
"materia",
pois SUpl-IL'11111 corpo vivo e uns
que a informa~ao
justamente,
surpreendente
nos traz realmente
urn acontecimento
a natureza da informa~ao.
que uma elei~ao tenha se realizado num certo pais.
Essa elei~ao produziu-se so. Enquanto
num certo lugar e num momenta
tal, esse acontecimento
e agora" particular.
Diz-se justamente
e indissociavel
que a elei~ao teve "Iugar".
atual. Numa primei-
Diremos que se trata de urn acontecimento ra aproxima~ao,
quando as agencias de notfcias a anunciam
comentam, elas nao difundem
0
acontecimento
mento. Mas, dira voce,
tecimento e atual, a produ~ao
sariamente
todos os atributos
nao sao "imateriais"
lizados; longe de estarem privilegiado,
exclusivamente
prcsos a um suporte
e sobretudo
A alternativa do material e do imaterial
vale apenas para substiincias, e 0 conhecimento
coisas, ao passo que a informa~ao
sao da ordem do acontecimento
de urn pais estrangeiro.
na Bolsa de determinad
prendimento
eles podem viajar. Mas informa<,:ao e conhecimento
tampouco sao "materiais"!
mercado financeiro
conheci-
0
c Silll desterritoria-
ital
n6mic
ou do processo.
Em determinado tra
<;:
dia,
ingula
lizam
que ate aqui associamos
de urn aqui e agora particular, heterogenese.
acontecimento
0
elas participam
cria<
a
provida de
virtualiza~ao:
Com efeito, as mensagens
des-
que virtua-
sao ao mesmo tempo seu prolongamento,
a
sultado da elei~ao repercute
e
acon-
passagem ao publico
de sua efetua~ao, de sua determina~ao
fazclll parte dela. Gra~as
de ll111saher
dito,
0
e a difusao de mensagens a seu res-
peito constituem uma virtualizar,;ao do acontecimento,
ligado a uma unica pessoa. PrccisalllL'l ltC:
ou a
propriamente
to possa passar de urn cerebro a outro, quc ('Ie 1l;~Oesteja necesmento e a informa~ao
preci-
de urn "aqui
mas uma mensagem que the diz respeito. Diremos que, se
ponto esscncial aqui c quc 0 conhecimen-
sen-
urn fato intei-
dois quilos de massa cinzenta e umida L'I11 cOlldil,/ll's de funciona0
fato de
uma informa~ao.
Estudemos agora cuidadosamente Suponhamos
0
esta ligada a uma probabili-
ou de aparecimento:
ramente previsivel nada nos ensina, enquanto
mate-
Illvcrsamente,
pena de destrui-Ias. Claro qllc t' possivcll'ccopi:i-Ias,
"ima-
como por exemplo,
e por-
tanto ser informativo,
principalrnente
Por
de cada letra deste texto traz uma infor-
imprensa
e a seus comentarias,
desta au daquela
lima resolu<;:ao inventiva
inacabada,
maneira
de urn problema,
re-
0
sobre a
uma
mercado financeiro
de urn pais estrangeiro.
na Bolsa de determinada res se produziram:
0
Em determinado
capital econ6mica,
acol1tecimento
tempos e lugares particlilares.
dia,
transa<;:oes singula-
continua
de ll111saher
e
lima resolu<;:ao inventiva
de urn problema,
uma
pequena cria<;:ao.
a se atualizar em
Mas essa atualiza<;:ao adquire ela
mesma a forma de prodlll,;i"iode mensagens e de informa<;:oes, de micro-virtualiza~()es.
Rel'l1colll"ralllos al nosso tema do anel de
Moebius: a mcnsagem sohre () acol1tccimento e indissoluvclmel1ll'
fa 1 ', parle do Il'I'ril(')rio (0 acontecimento)
mensagcm) rio
e
Iargaml'lllc
constitllido
articllla~ilo din.lmica,
c
que
vel' com uma dinamica
Dito tern a
da atualiza<;ao (territorializa<;:ao,
desprendimento,
<;:aoa problematical.
atualiza<;:ao e da virtualiza<;:ao que a uma alternativa
de uma
da ordem do acontecimento
cia<;:aoaqui e agora, solu<;:ao particular) territorializa<;:ao,
produ<;:ao e seu consumo
eo territo-
de lima adi~ao indefinida,
0
Voltemos agora a nossos sacos de trigo e nossos carros. Sua
0 mapa (a
de ll111arede de mapas em expansao.
de olltro modo, tudo
tecimentos
e ao mesmo tempo
lima scqiil"l1cia do acontecimento.
instan-
e da virtualiza<;:ao (des-
coloca<;:ao em comum,
eleva-
rial", deve-se ten tar compreender
Seu consumo
(comer
0
de possibilidades,
trigo, conduzir
0
carro) equivale a uma
realiza<;:ao, isto e, a uma escolha exclusiva e irreverslvel entre os existencia
a uma "queda
de potencial".
a certas possibilidades
posslveis sao candidatos e
no qual se
"potenciais".
posslveis,
de uma informa<;:ao nao e destrutivo
tipo de dinamica
<;:aoe exclusiva sao reservatorios
e suas fun<;:oes a cada etapa
consumo
0
e a apropria-
trocam suas identidades 0
do POSSIVel
inscreve seu uso. Os bens cujo consumo e destrutivo
e informa<;:oes sobre os acon-
Por que
da
e do real. Em vez de permanecer fascinado por sua natureza "mate-
Acontecimentos
da dialetica dos processos significantes.
esta menos ligada a uma dialetica
A realiza<;:ao so confere
em detrimento
de outras.
e nao urn campo problematico,
Os
a realiza-
<;:aoe uma elei<;:aoou uma sele<;:aoe nao uma resolu<;:ao inventiva
sua posse nao e exclusiva? Porque a informa<;:ao e virtual. Confor-
de urn problema.
me ja sublinhamos
campo de interpreta<;:ao, de resolu<;:ao ou de atualiza<;:ao, enquanto
amplamente,
tintivos da virtualidade ra particular, 0
sem percle-Io. Por outro lado, lembremo-nos
virtual pode ser assimilado
a urn problema
uma solu<;:ao. A atualiza<;:ao nao e portanto ao contrario,
uma produ<;:ao inventiva,
criativo,
produtivo.
uma aprendizagem, experiencia
0 conhecimento, ou seja,
imediata.
pode ser aplicado, rentes daquelas
atualizo-a. 0
a interpreto,
Em sentido
Iigo-a a
Efetuo portanto
urn ato 0
fruto de
de uma virtualiza<;:ao da
inverso,
ou melhor, ser atualizado
da aprendizagem
atual a
me sirvo dela
por sua vez, e
resultado
0
urn ato de cria<;:ao. Quan-
do utilizo a informa<;:ao, ou seja, quando uma decisao,
e
uma destrui<;:ao mas,
, outras informa<;:oes para fazer sentido ou, quando para tomar
dis-
de urn aqui e ago-
e por isso posso dar urn bem virtual, por essencia
desterritorializado, de que
urn dos principais caracteres
e seu desprendimento
este conhecimento em situa<;:oes dife-
inicial. Toda aplica<;:ao efetiva
0 bem virtual coloca urn problema,
urn envoltorio de possibilidades
abre urn
presta-se apenas a uma realiza<;:ao
exclusiva. Potencial de realidade,
0
bem destrutivel e privativo nao
pode estar ao mesmo tempo aqui e la, desprendido do aqui e agora. Ele e regido pela lei da exclusao mutua: ou ... ou ... Nao fosse assim, poderia
se realizar de duas maneiras
gares e dois momentos
distintos,
diferentes em do is lu-
que, por defini<;:ao, e... impos-
0
slvel. As reservas de posslveis, os bens cujo consumo e uma realiza<;:ao,nao podem portanto
ser separados
Para evitar qualquer malentendido,
de seu suporte flsico.
sublinhemos
que se trata aqui de distin<;:oes conceituais
de imediato
e nao de urn princlpio
de classifica<;:ao exclusivo. Uma obra de arte, por exemplo, possui simultaneamente Enquanto
aspectos de possibilidade
fonte de prestigio
e de virtualidade.
e de aura ou como puro valor mer-
cantil, urn quadro e uma reserva de posslveis (0 "original")
que
mercado
financeiro
de urn pais estrangeiro.
na Bolsa de determinada res se produziram:
0
Em determinado
capital economica,
acontecimento
tempos e lugares particulares.
transa<;:6es singula-
continua
Moebius:
Reencontramos
a mensagem
e indissoluvelmente mensagem)
sobre
de outro modo, tudo
(0 acontecimento)
produ~ao
e
atualiza~ao
0 territo-
de uma adi<;:ao indefinida,
de uma
que e da ordem do acontecimento
tern a
da atualiza<;:ao (territorializa<;:ao,
cia~iio aqui e agora, solu<;:ao particular) tcrritorializa~ao,
0 mapa (a
Dito
vcr com uma dinamica
desprendimento,
cria~ao.
Voltemos
de uma rede de map as em expansao. 0
e seu consumo
e da virtualiza<;:ao (deseleva-
(comer
0
e suas fun<;:6esa cada etapa
existencia
consumo
e
e
destrutivo
de possibilidades,
trigo, conduzir de potencial".
a certas possibilidades
possiveis sao candidatos
de uma informa<;:ao nao e destrutivo
tipo de dinamica
0
no qual se e a apropria-
"potenciais".
carro) equivale a uma
realiza<;:ao, isto e, a uma escolha exclusiva e irreverslvel
tccimcntos
da dialetica dos proccssos significantes.
0
inscreve seu uso. Os bens cujo consumo Seu consumo
da
do possivel
fascinado por sua natureza "mate-
rial", deve-se tentar compreender
possiveis, a uma "queda
0
que a uma alternativa
e do real. Em vez de permanecer
e informa<;:6es sobre os acon-
trocam suas identidades
esta menos ligada a uma dialetica
e da virtualiza~ao
<;:aoe exclusiva sao reservatorios
instan-
coloca<;:ao em comum,
agora a nossos sacos de trigo e nossos carros. Sua
~iio a problcll1~ltica). Acontecimentos
Por que
uma
ela
e ao mesmo tempo
uma sequencia do"acontecimento.
articula<;:ao dinamica,
de urn problema,
ai nos so tema do anel de
acontecimento
constituido
pequena
inventiva
e de informa<;:6es, de
0
faz parte do territorio
rio e largamente
de urn saber e uma resolu~ao
a se atualizar em
Mas essa atualiza<;:ao adquire
mesma a forma de produ<;:ao de mensagens micro-virtualiza<;:6es.
dia,
entre os
A realiza<;:ao so confere
em detrimento
de outras.
e nao urn campo problematico,
Os
a realiza-
<;:aoe uma elei<;:aoou uma sele<;:aoe nao uma resolu<;:ao inventiva
sua posse nao e exc1usiva? Porque a informa<;:ao e virtual. Confor-
de urn problema.
me ja sublinhamos
campo de interpreta<;:ao, de resolu<;:ao ou de atualiza<;:ao, enquanto
amplamente,
tintivos da virtualidade ra particular,
0
e seu desprendimento
por essencia
sem perde~lo. Por outro lado, lembremo-nos
virtual pode ser assimilado
uma solu<;:ao. A atualiza~ao ao contrario,
dis-
de urn aqui e ago-
e por isso posso dar urn bem virtual,
desterritorializado, de que
urn dos principais caracteres
a urn problema
nao e portanto
uma produ~ao
e
0
atual a
uma destrui<;:ao mas,
inventiva, urn ato de cria~ao. Quan-
do utilizo a informa<;:ao, ou seja, quando
a interpreto,
ligo-a a
outras informa<;:6es para fazer sentido ou, quando me sirvo dela para tomar criativo,
uma decisao,
produtivo.
uma aprendizagem, experiencia
0 conhecimento, ou seja,
imediata.
pode ser aplicado, rentes daquelas
atualizo-a.
0
por sua vez, e
resultado
Em sentido
ou melhor,
da aprendizagem
Efetuo portanto
urn ato 0
fruto de
de uma virtualiza~ao
inverso,
ser atualizado
da
este conhecimento em situa~6es dife-
inicial. Toda aplica<;:ao efetiva
urn envoltorio
0 bem virtual coloca urn problema,
de possibilidades
exclusiva. Potencial de realidade,
presta-se apenas a uma realiza<;:ao bem destrutivel e privativo nao
0
po de estar ao mesmo tempo aqui e la, desprendido Ele e regido pela lei da exclusao sim, poderia
distintos,
do aqui e agora.
mutua: ou ... ou ... Nao Fosse as-
se realizar de duas maneiras
gares e dois momentos
0
diferentes
em dois lu-
que, por defini<;:ao, e... impos-
sivel. As reservas de possiveis, os bens cujo consumo
za<;:ao,nao podem portanto
abre urn
ser separados
Para evitar qualquer malentendido,
de seu suporte fisico.
sublinhemos
que se trata aqui de distin~6es conceituais
e uma realide imediato
e nao de urn principio
de classifica<;:ao exclusivo. Uma obra de arte, por exemplo, sui simultaneamente Enquanto
aspectos de possibilidade
pos-
e de virtualidade.
Fonte de prestigio e de aura ou como puro valor mer-
cantil, urn quadro
e uma reserva de posslveis (0 "original")
que
nao podem se realizar (exposic.;ao, venda) simultaneamente e ali. Enquanto
portador
de uma imagem a interpretar,
tradic.;ao a prosseguir
ou a contradizer,
na hist6ria
urn quadro
original,
cultural,
as c6pias, gravuras,
enquanto
aqui de uma
unidade pertinente para a medida do trabalho.
Essa inadequac;;ao
ha muito era flagrante para a atividade dos artistas e dos intelec-
acontecimento
e urn objeto virtual do qual
Uma coisa < : certa, a hora uniforme do rel6gio nao e mais a
0
fotos, reproduc.;oes, digitalizac.;oes,
tuais, mas hoje se estende progressivamente vidades. Compreende-se
ao conjunto
colocac.;oes em rede interativa sao outras tantas atualizac.;oes. Cada
Iho nao pode ser uma soluc;;ao a longo prazo para
efeito mental ou cultural produzido
desemprego:
por uma dessas atualizac.;oes
0
problema do
ela pereniza, com urn sistema de medida, uma con-
cepc.;ao do trabalho
e, por sua vez, uma atualizac.;ao do quadro.
das ati-
por que a reduc.;ao do tempo de traba-
e uma organizac.;ao da produc.;ao condenadas
pela evoluc.;ao da economia e da sociedade. 56 se pode medir portanto remunerar -legitimamente
urn trabalho por hora quan-
do se trata de uma forc.;a de trabalho-potencial
(ja determinado,
pura execuc.;ao) que se realiza. Urn saber alimentado, Na instituic.;ao c1
0
operario
tal como foi fixada no
vende sua forc.;a de trabalho
e recebe urn
salario em troca. A forp
de trabalho
potencial ja determinado
pel a organizac.;ao burocratica
c.;ao. E urn potencial,
e urn trabalho
possivel, urn da produ-
ainda, ja que uma hora dada e irremedia-
velmente perdida. 0 trabalho
assalariado
e uma queda de poten-
0
trabalhador
contemporaneo
der nao mais sua forc.;a de trabalho, melhor, uma capacidade
tende a ven-
mas sua competencia,
continuamente
alimentada
ou
e melhorada
de aprender e inovar, que pode se atualizar de maneira imprevisivel elll contextos
A for<,:ade trahalho do assalariado clas-
va ri~iveis.
sico, U111potcncial,
sucede portanto
uma competencia,
ser, ou llleSIllO UIllsahcr-devir, que tem a ver com toda virtualidadc,
e cOIlt"rarialllente ao potencial,
0
o centro do problema:
a competencia
a ntualiza<,:iio da competcncia,
eclosao de uma qualidade
urn saber-
virtual. Como
nao se consollle qU~lI1doutili/,ada, Illuito pelo contnirio.
E al esta ou seja, a
no cOlltexto vivo, < : hem mais dificil de
avaliar que a realiza<,:ao de U111afor<,:ade trabalho. Em verdade, ser tornado
0
trabalho
ja111aisfoi pura execw;ao. 5e pode
como uma queda de potencial,
apenas em conseqiiencia bora utilizando)
problema
uma realizac.;ao, foi
de uma violcncia social que negava (em-
uma com-
e uma resoluc.;ao inventiva de urn
numa situac.;ao nova. Como avaliar a reserva de inteli-
gencia? Certamente em contexto?
fiao pelo diploma.
Nao sera usando
Como medir a qualidade
urn rel6gio. No dominio
do tra-
balho, como alhures, a virtualizac.;ao nos faz viver a passagem de uma economia das substancias
a uma economia dos acontecimen-
tos. Quando irao as instituic.;oes e as mentalidades
cial, uma realizac.;ao, por isso pode ser medido por hora. Em contrapatida,
petencia virtual que se atualiza,
e
ceitos adequados? panham
Como aplicar os sistemas de medida que acom-
essa mutac.;ao? remunerava
o salario trabalho
acolher os con-
recompensam
dades bem-sucedidas
0
0
potencial,
os novos contratos
de
atual. Na economia do futuro, as socie-
reconhecerao
o virtual e seus portadores
e alimentarao
em prioridade
vivos. Com efeito, dois caminhos
abrem aos investimentos
para aumentar
ou a reificac.;ao da forc;;a de trabalho virtualizac.;ao das competencias
se
a eficacia do trabalho:
pela automatizac.;ao,
por dispositivos
ou a
que aumentem
a
inteligencia coletiva. Num caso, pensa-se em termos de substituic.;ao: 0 homem, .caminho
desqualificado,
da virtualizac.;ao,
e substituido
pela maquina.
em troca, concebe-se
eficacia em termos de coevoluc.;ao homem-maquina,
0
aumento
de
de enrique-
cimento das atividades,
de acoplamentos
inteligencias
e a mem6ria din arnica dos coletivos.
individuais
No
qualificadores
entre as
seu carater de atualiza<,:ao criadora.
1l11:Jiarios parasitas sores, medicos
da informa<;ao (jornalistas,
advogados
funcionarios
editores, profes-
medios) ou da transa<;ao
1l11:Jiarios parasitas
da informa<;ao (jornalistas,
sores, medicos, advogados, Nos discursos politicos, <;ao" e acompanhado mercados",
0
com freqiiencia
que supostamcnte
to e criariam emprcgos. Aqui, os novos proJutos,
amea<;ados. Esse fen6meno
sintermedia<;ao".
As institui<;oes e profissoes
0
erro consiste em dirigir
0
foco para
(produtos
a mais e empregos
pcrceber que as no<;oes classicas de merca-
sintermedia<;ao competencias
ferenciad6
midores, dos produtores profundamente.
o mercado
e dos intermediarios
as distancias
Todos os seus pontos estao em principio sumo e a demanda nores detalhes.
0
comprador
transparencia produtores
deveria
geograficas. "proximos"
(telecompra).
e perseguidos
0 con-
em seus me-
lado, os servi<;os de orienta<;ao
visibiliza<;ao das ofertas se multiplicam. que
igualmente
potencial
nele sao captados
Por outro
e mais transparente
se transformam
0
mercado
beneficiar
Em suma,
0
cibermercado
classico. Em principio,
os consumidores,
e acelerar a desterritorializa<;ao
e de essa
os pequenos
da economia.
progride
assim questionar
urn diagnostico
profissional
continuamente.
"de vizinhan<;a",
Os indivfduos
ou urn conselho
podem
dado por urn
e ate mesmo ter acesso direto a in-
"retromarketing"
quase inteiramente
Todo ato registravel
concebidos
Como os produtores
para ser consultados
pelo gran-
trar diretamente
em contato
de profissionais
corre doravante
e os requerentes
podem en-
uns com os outros, toda uma classe 0
risco de ser vista como inter-
ajustar-se em No limite, da produ<;ao
as maos dos consumidores cria efetivamente
o ciberespa<;o e por excelencia registrados
e transformados
(De Ros-
0
ou virtual mente in-
da informa<;ao, riqueza. Ora,
meio em que os atos podem ser
em dados exploraveis. Por isso
sumidor de informa<;ao, de transa<;ao ou de dispositivos nica<;ao nao cessa, ao mesmo tempo, de produzir <;aovirtualmente
cheia de valor. 0 consumidor
da informa<;ao que consume,
tor cooperativo
dos "mundos
mo agente de visibilidade
virtuais"
do mercado
valorizados 0
para os que exploram 0
0
os
e servi<;os mais
que significa, em se deslo-
ou melhor, que convem substi-
pela de coprodu({ao de mercadorias
a virtualiza<;ao
dos generos entre
produ-
ou
Assim como a virtualiza<;ao do texto nos
faz assistir a indistin<;ao crescente tor, tambem
de comu-
nos quais evolui, bem co-
que a produ<;ao de valor agregado
tuir a no<;ao de consumo
con-
uma informa-
mas e tambem
no novo mercado sao interativos, lado do "consumidor",
0
nao apenas se torna
vestfgios de seus atos no ciberespa<;o. Os produtos
de servi<;os interativos. primarios
e do
em fluxo tenso entre redes de
forma<;ao, ou seja, numa economia
ca para
sistemas hipermfdia de publico.
ou de
so-
nay, 1995).
termos econ6micos,
especialistas
coletiva
da demanda.
e fabricas flexfveis, a pilotagem
forma<;ao pertinente junto aos melhores especialistas mundiais por de dados, de sistemas
da inteligencia
permite aos produtores
pode-se imaginar urn acoplamento
intermedio
de bancos
so poderao
sua migra<;ao de
crescente de urn mercado cada vez mais di-
e personalizado
coprodutor
A consulta a bancos de dados medicos e jurfdicos on line por nao especialistas
da transparencia
para a organiza<;ao
"de-
fragilizadas pela de-
no ciberespa<;o efetuando
real as evolu<;oes e a variedade
passando
on line nao conhece
uns dos outros para
dos consu-
crescimento
A transparencia tempo
no qual os papeis respectivos
0
e chamadoa
auxflio a navega<;ao.
mo por vir que <.Inemergencia
de urn espa<;o de transa<;ao quali-
e
breviver e prosperar
urn mercndo novo, so que se trata menos de uma onda de consudiferente,
agentes financeiros diversos) e tern seus
papeis habituais
do e dc trnhalho csti]o prestes a mudar. 0 ciberespa<;o abre de fato
tativamente
banqueiros,
pela evoca<;ao de "novos
quantitativa
SCIll
(comerciantes,
editores, profes-
medios) ou da transa<;ao
dariam novo impulso ao crescimen-
os novos servi<;os, os novos empregos, ou seja,
para uma ahordagcm suplementares),
tema das "super-vias da informa-
funcionarios
consumo
dos papeis do leitor e do au-
do mercado
poe em cena a mistl;lra
e a produ<;ao.
Munida
Hoje, se quisermos
de um cOll1putador, de um modem e de programas
utilizar uma foto num servic;:o multimi-
de filtragem e de explora<;ilo dos dados, associado a outros usua-
dia on line, e preciso antes de mais nada pagar direitos ao pro-
rios em redes de trocas cooperativas
prietario
quase gratuitas,
0
de servic;:os e de informac;:6es
lIsll,lrio final esta cada vez melhor equipado para
refinar a inform,H •.•. io. () "produtor" jornalista,
prodlltor
habitual
de programas
(professor,
de televisao) luta assim para
nao se ver rclegado ao papel de simples fornecedor prima. De ollde a batalha, dos", pam rcinstallrar illteratividade,
editor,
de materia-
do lado dos "produtores
de conteu-
tanto quanta possivel, no novo espac;:o de
papel que eles ocupavam
0
no sistema unilateral
das Il1fdias Oll Ila forma rfgida das instituic;:6es hierarquicas. do lado da oferta,
0
novo ambiente
vonivel aos fornecedores
economico
e muito mais fa-
de espac;:os, aos arquitetos
dades virtuais, aos vendedores
de instrumentos
Mas,
de comuni-
de transac;:ao e de
as maneiras
a
explorac;:ao economica
habituais
mac;:ao (compra
a propriedade
em questao, sabre a infor-
do suporte flsico da informac;:ao ou pagamento
de direitos autorais carater
de valorizar
dos conteudos
classicos) sao cada vez menos adaptadas
fluido e virtual
a
qualquer pretensao
das mensagens.
propriedade
Abandonar
e a infor-
seria arriscar-se
a voltar aquem da invenc;:ao do dire ita autoral e da patente, em que as ideias suadas dos trabalhadores bloqueadas por monop6lios au apropriadas potencias economicas
ao
totalmente
sabre as programas
mac;:ao, como certos ativistas da rede prop6em,
a
epoca
intelectuais podiam ser sem contra partida por
ou polfticas. as direitos de propriedade
as formas de bens de software, c;:aodescarada
dos produtores
sao os trabalhadores
0
que equivaleria
sabre todas
a uma espolia-
au alugado a terreno previ-
amente. Essa coerc;:ao bloqueia consideravelmente
a inovac;:ao eco-
nomica e cultural no ciberespac;:o. 0 pequeno empreendedor vador simplesmente
ino-
nao possui as meios de pagar as direitos,
neste caso a proprietario
nao ganha nada;
0
e
autor ve sua ideia con-
finada a urn drculo restrito e a surfista da Net fica privado da imagem. A soluc;:ao consistiria,
portanto,
nao em suprimir completa-
mente a direito auroral, mas em substitui-Io
por sistemas de con-
tagem continua do consumo de informac;:6es pelos usuarios finais. A aquisic;:ao da informac;:ao sobre a usa poderia ser feita, par exemplo, no momenta
da decodificac;:ao da mensagem.
nao seria lesado, e a fornecedor
Deste modo
0
de servic;:os poderia
contar com a foto (par exemplo) sem ter que desembolsar
de an-
temao uma soma da qual geralmente
nao disp6e. Pagar-se-ia
as-
sim a informac;:ao da mesma maneira
que a agua ou a eletricida-
de: por debito em conta. Mas com uma diferenc;:a significativa, pois seria como se cada gota de agua comportasse
seu pr6prio micro-
contador.
empregada,
dida
0
quanta se quisesse, sem nenhuma
acionado ubiqua,
Assim, a foto poderia ser copiada, automaticamente a pequeno programa
tua automaticamente
difun-
limitac;:ao. S6 que seria
com a imagem,
doravante
lfquida e
que registra a decodificac;:ao e efe-
urn debito minusculo na conta do consumi-
de base, dos novos proletarios
Essa medida dos fluxos de consumo pelo que poderfamos
pode ser aperfeic;:oada
chamar provisoriamente
de pagamento
"valor de usa". Par exemplo, na rede americana
do
AMIX, a infor-
que
mac;:ao vendida e paga em func;:ao de sua data de origem e da de-
intelectuais, a tendencia parece antes se orien-
manda de que e objeto. Mais do que uma revista de informac;:oes
tar no sentido de uma sofisticac;:ao do direito autoral. feic;:oamento se desenvolve direito territorial
Esta fora de
dor e urn credito infima na do autor ou do proprietario.
Mas na epoca da economia da informac;:ao e do conhecimento, em vez de abandonar
questao utiliza-Io sem ter comprado
proprietario
navegac;:ao que aos classicos difusores de conteudos. Quanta
da foto. A foto e como urn microterrit6rio.
Esse aper-
em duas direc;:6es: passagem
de urn
a urn direito de fluxo e passagem do valor de
troca ao valor de uso.
cujo prec;:o e fixado pelo vendedor,
a AMIX funciona como uma
Balsa na qual a demanda contribui
em tempo real para a fixac;:ao
do prec;:o (Goldfinger, ciberespac;:o funcionam
1994). Numerosos
servic;:os oferecidos
nesse espirito, registrando
no
as usos, as na-
vega<;:6es e as avalia<;:oes individuais uma avalia<;:ao cooperativa lizada. Citemos,
para devolver aos usuarios
ou urn auxilio
a
medida
orienta<;:ao persona-
visiveis conforme
por exell1plo, na World Wide Web, Fish-Wrap
que diz respeito a doculllentos,
za<;:ao(copia, impressao
das
110
dissociavel
entanto, nao tern, em 1995, uma tradu<;:ao
moneta ria diret;l. l.es ;Hbres de connaissances®
(Authier, Levy, 1992), com seu programa
nhecimentoJ constituem
[As arvores de£o-
igualmente
urn dispositivo
ou de qualquer
forma<;:ao), varia vel conforme os contextos
Gingo
da
a
de uma propriedade
territorial
retribui<;:ao de flutua<;:6es desterritorializadas,
ma<;:ao de uma economia
torna-se tao impalpavel
rfgi-
tabilizado,
tra<;:ado e representado,
vre para circular sem obstaculo
do va-
virtuais. poderia
eu diria que, quando compro urn livro ou urn dis-
co, pago algo real,
0
suporte fisico da informa<;:ao. 0livro que
nao leio me custa tao caro quanto
0
que leio. A quantidade
de
livros e limitada:
urn livro que esta em minha biblioteca nao esta
na sua. Estamos
ainda no dominio
de realizar ou de copiar a informa<;:ao quantas
zes eu quiser. Ora, necessidade
0
novo mercado
on line,
0
cibermercado,
de meios ineditos para tratar cia dialetica
nova economia
dependera
li-
a outros bens
conforme
0
con-
Esse valor
por grupos de usuarios em
mas de delineamento inventados
em grande parte, portanto,
dos siste-
do virtual e de medida do atual que serao
nos proximos
anos.
a ve-
tern
do virtual
Dada a nova economia do virtual e do acontecimento,
Antes de sua leitura, a informa-
<;:aoexclusiva do par real-possivel)
e
nentes para compreender
potencial,
mas sim virtual, na
(muito ligadas
"Les arbres de connaissances®" e "Gingo®" sao marcas registradas
tampouco.
nascimentos,
desaparecimentos:
E como
ordem da sele-
os processos em andamento.
aprendizagem Para quem?
a
as no-
nem sempre sao as mais perti-
nao e nem material nem imaterial,
da Tri Vium®.
inteiramente
livres ou Bolsas da informa<;:ao e das ideias. A forma da
potencialnao
3
da eco-
bem virtual seria con-
do ambiente e do momento.
<;:6esde produ<;:ao e de consumo
sao mais adaptados.
problema
e para se misturar
e do atual. Os sistemas de medida e de valoriza<;:ao do real e do <;:aoque corre no ciberespa<;:o nao
0
0
mas gratuito,
ser fixado cooperativamente
mercados
as infor-
dos recursos raros. Se com-
pro direitos, nao pago mais por algo real, mas algo potencial, possibilidade
para
0pre<;:oda atualiza<;:ao seria indexado
texto corrente, dependendo
Estrita-
original. No ciberespa<;:o,
e virtual quanto
nomia do virtual e do atual e a seguinte:
ra do que uma caracteriza<;:ao conceitualmente mente falando,
0
sem perde-
ideias.
lor de uso. Na verdade, essas formula<;:6es sao mais uma metaforigorosa.
custo geral de manuten<;:ao do
A solu<;:ao que parece delinear-se
e a transfor-
do valor de troca em economia
o documento
ma<;:6es e as proprias
de uma moeda especial chamada de SOL (standard open learning). a passagem
0
e reempregar partes dele sem destruir
incorpora UIl1sistema completo de fixa<;:aodo valor de uso por meio Evocamos
nada, salvo
10
tipo de in-
e os momentos.
significa<;:ao in-
de pelo menos urn ser hu-
ciberespa<;:o. Virtual porque posso dar urn documento
de medida do valor de uso
das c0ll1pet2ncias (ou dos documentos,
etc.), mas a atualiza<;:ao, a leitura, isto e,
Virtual porque sua reprodu<;:ao, sua copia, nao
custam praticamente
Gingo®3,
ou
aquilo que esta em jogo nao e a reali-
da participa<;:ao deliberada
mano consciente.
e impre-
hiperdocumento
a significa<;:ao que ela pode assumir em contexto,
ideias cientfficas e tecllol6gicas. Esses servi\os,
significa<;:6es diferentes
se insira em determinado
em outro. Virtual porque
Ringo++ dedicado aos titulos mu-
sicais, ou Idea Futures que organiza uma especie de mercado
em que pode assumir
Uma guerra
urn amor, uma inven<;:ao, uma
Aumentos,
diminui<;:6es, reorganiza<;:6es,
alguma coisa acontece.
se fossem opera<;:6es de pensamento,
Onde?
emo<;:6es,
conflitos,
entusiasmos
Oil csqllecimentos
no seio de uma maqui-
na pensante hibrida, ao IIlt'SlllOtempo cosmica, human a e tecnica. Talvez convcllha
,'ollsidcrar
as opera<;:oes da economia
do
virtual como acollI'ccillll'II1os 110illterior de uma especie de megapsiquismo
social, par;I
estado nascente,
slljci\o de uma inteligencia coletiva em
0
IksCllvolvcrclllos
mais adiante esse tema da in-
-
criar ou modificar representa<;:oes, imagens, fazer evoluir
de uma maneira ou de outra as linguagens
circula<;:ao (artes, ciencias, tecnicas, industrias, -
criar, transformar
afetos sociais: o penoso,
determinantes
ral, artes ...);
Cssclll'iais, () Illanopsiquismo
pode se decomp6f"'
-
lima l'(lllc,'livid:lllc
constantc: -
-
Oll lIlll "espa<,:o" em transforma<;:ao
:lSS(K'ia~'lH's,villndos
l' C:lI11inhos;
0
bem e
belo e
0
modificar,
0
0
ou manter os tropismos, mal,
util e
0
0
prejudicial,
feio etc. (educa<;:ao, religiao,
deslocar,
aumentar,
os valores, os 0
agradavel
e
filosofia, mo-
diminuir a for<;:ados afe-
tos ligados a esta ou aquela representa<;ao em circula<;ao (meio de comunica<;ao,
lIllla Sl'llli('l\il'a, islO l", 11111 sistTma aberl"o de representa-
meios de comuni-
Gl<;ao etc.);
teligencia coletiva, Illas j ; i podclllos esbo<;:ar uma analise de seus segundo qll:Hro dillll'I1S0l'S C(lillpicmentares:
em uso e os signos em
publicidade,
Todo acontecimento
comercio, participa
retorica ... ). em maior ou menor grau, de
<,:rles,dc il11agl'ns, dc signos de t'odas as formas e de todas as ma-
modo molecular,
tcrias qllc circlIl:lI11 no cspal.;o das conexoes;
quismo coletivo, mesmo aqueles nao registrados em nenhuma tran-
-
lima axiologia
ou "valores"
positivos ou negativos, qualidades
que determinam
tropismos
afetivas associadas as represen-
ta<,:oes ou as zonas do espa<;:opsiquico; -
uma energetica,
o psiquismo
enfim, que especifica a for<;:ados afetos
melhante
social pode entao ser concebido
em diferentes
espiritos infrapessoais
que se reproduz
escalas de grandeza,
quismos transindividuais
de pequenos
psiquismo
como urn hide maneira
passando
(zonas do cerebro, "complexos"
por psi-
inconscien-
contem por sua vez urn
vivo, uma especie de hipertexto
de tensoes e de energias, colorido
se-
grupos, almas individuais,
tes). Cada no ou zona do hipercortex
dinamico atravessado
de qualidades
afetivas, anima-
do de tropism os, agitado de conflitos. No seio desse megapsiquismo
mesmo
-
agir sobre a conectividade: ou, ao contrario,
montar
redes, abrir portas,
reter a informa<;:ao, manter
filtrar a informa<;:ao, ou ainda garantir
barreiras,
a seguran<;:a do conjunto
(comunica<;:oes, transportes,
comercio, forma<;:oes, servi<;:ossocia is,
policia, exercitos,
etc.);
governos
0 consumo
e produtor.
Vimos que a atualiza<;:ao
de uma informa<;:ao era simultaneamente
trutivo classico, tao logo e captado vendedor,
ha mais:
e devolvido
a uma instancia qualquer
pro-
0
(0 "con-
uma pequena 0
consumo
des-
ao produtor,
ao
de regula<;:ao ou de medida,
torna-se ele tambem, ipso facto, cria<;:aode informa<;:ao, contribui para urn aumento da inteligencia generalizada
social global. Essa ideia pode ser
assim: todo ate e virtualmente
produtor
de riqueza
social via sua participa<;:ao na inteligencia coletiva. Qualquer humano
e urn momento
de urn megapsiquismo
social, as opera<;:oes consistem
para
esse quadro de pensamento,
cria<;:ao (uma interpreta<;:ao). Contudo,
ate
do processo de pensamento
e de emo<;:ao
fractal e poderia ser valorizado
e ate remu-
nerado enquanto tal. Se todos os atos pudessem ser captados, transmitidos,
difundir
Cada urn, a todo instante, contribui
cesso da inteligencia coletiva. Uma vez mais, para uma economia
sumo")
fractal, urn hipercortex
desses aspectos da vida do megapsi-
do virtual, que aceita explicitamente
ligados as imagens. pertexto
sa<;:aomercantil.
do conjunto
integrados
produtores,
a circuitos
e participassem
de regula<;ao e devolvidos
a seus
deste modo de uma melhor informa-
<;:aoglobal da sociedade sobre si mesma, a inteligencia coletiva conheceria uma enorme muta<;:ao qualitativa Tal perspectiva
praticamente
existencia dos microprocessadores,
da maior importancia.
so se tornou possivel depois da dos nanocaptadores,
da infor-
matica distribufda da de interfaces
em rcdc, funcionando
amigavcis(imagem,
pode ser considerado ro, demasiado
como
em tempo real e provi-
voze etc.). 0 mercado
cmbriao ainda imperfeito,
0
unidimcnsional,
atual
5. AS TRES VIRTUALIZA<;OES QUE FIZERAM 0 HUMANO: A LINGUA GEM, A TECNICA E 0 CONTRATO
grossei-
de urn sistema geral de avalia<;:ao
e de remunera<;:ao dos ,ll'os dc cada urn por todos. Para que essa perspectiva nao sc transforlllc cm pesadelo, convem imediatament~ precisar
que, nCSS;lCOIlCL'P\'i'io,as avalia<;:oes devem permanecer
e
anonimas,
c quc cad,l ato
Ili'i o apenas avaliado
o sistema
dc inl'e gra\"i'io, dc Illcdida e de regula<;:ao aqui conside-
rado, uma cspecie dc "Illcta mcrcado" e, antes dc mais nada, tiva, distribuida
instrumento
0
e multicriterial
integrado
mas avalt~~te. ao ciberespa<;:o
de uma avalia<;:ao coopera-
da sociedade por ela mesma.
A virt4aliza<;:ao dos corpos, ilustra urn movimento
das mensagens
contemporaneo
<;:aoao virtual. Proponho
muito mais geral em dire-
pensar esse movimento
de uma hominiza<;:ao continuada. you tentar mostrar
e da economia como a busca
Com efeito, nossa especie, como constituiu-se
na e pela virtua-
liza<;:ao. Sendo assim, a muta<;:ao contemporanea
neste capitulo,
pode ser enten-
dida como uma retomada
o NASCIMENTO
da autocria<;:ao da humanidade.
DAS LrNGUAGENS,
OU A VIRTUALIZA<:;:AO DO PRESENTE
Tres processos humana:
0
de virtualiza<;:ao fizeram emergir
desenvolvimento
das linguagens,
tecnicas e a complexifica~ao
a especie
a multiplica<;:ao das
das institui<;:oes.
A linguagem, em primeiro lugar, virtualiza urn "tempo real" que mantem aquilo que esta vivo prisioneiro do aqui e agora. Com isso, ela inaugura
0
passado,
0
urn reino em si, uma extensao
futuro e, no geral, provida
cia. A partir da inven<;:ao da linguagem, a habitar urn espa<;:ovirtual, todo, que gazmente.
0
0
imediato presente
Tempo como
de sua propria
consisten-
nos, human os, passamos
fluxo temporal atualiza
0
tornado
como urn
apenas parcialmente,
fu-
Nos existimos.
o tempo humano
nao tern
0
modo de ser de urn parametro
ou de uma coisa (ell' nao e, justamente,
"real"),
situa<;:ao aberta. Nesse tempo assim concebido o pensamento
mas
0
de uma
e vivido, a a<;:aoe
nao consistem apenas em selecionar entre possfveis
ja determinados,
mas em reelaborar
gura<;:ao significante
de objetivos
constantemente
uma confi-
e de coer<;:6es, em improvisar
da narrativa,
solu<;:6es,em reintrepreta r deste modo uma atualidade passada que continua a nos com pro meter. Por isso vivemos blema. Em sua conexilo viva, reinterpretado, simplesmente
0
!m'scll!c
0
tempo como pro-
passado herdado,
rememorado,
0
ativo e
esperado,
futuro
0
temido ou
il1lagill:ldo, san de ordem psfquica, existenciais.
0
tempo como extellsilO cOlllpleta nao existe a nao ser virtualmenre. Claro que forl1las elaboradas ja san praticadas
de memoria e de aprendizagem
e11l"reanimais superiores,
nao disp(-)elll de linguagens complexas.
mesmo entre os que
No entanto, pode-se cons-
truir a hip6tese de que, na vida animal, a memoria cipalmente
se reduz prin-
a uma Illodifica<;:ao atual do comportamento
acontecimentos
passados.
temos acesso "direto"
cole<;:aode lembran<;:as datadas
sob a forma de uma imensa
e de narrativas
interiores.
Os signos nao evocam apenas "coisas ausentes" intrigas, series completas
ligado a
Por outro lado, gra<;:as a linguagem,
ao passado
de acontecimentos
em dire<;:aoa temporalidades
intern as a linguagem: tempo proprio
ritmo endogeno
A passagem
do privado ao publico e a tranforma<;:ao
mas cenas,
da virtualiza<;:ao que
tambem
a partir do operador
podem ser muito bem analisadas
semiotico.
Uma emo<;:aoposta em palavras ou em desenhos po de
ser mais facilmente
compartilhada.
sentido: quando escutamos musica,olhamos
urn quadro ou lemos
urn poema, internalizamos
urn item publico.
ou privatizamos
A partir do momenta
em que falamos, as entidades eminen-
temente subjetivas que sao as emo<;:6escomplexas, tos e os conceitos sao externalizadas,
materiais,
os acontecimentos
desintegra<;:ao do presente
virtualizam
da mesma cria<;:ao, 0tempo e
verso da existencia. Acrescentando
humanos
podem se desligar parcialmente
te e recordar,
evocar, imaginar,
devemos esses poderes 0
corren-
e outros mundos. Nao
apenas as lfnguas, como
wolof, mas igualmente
musicais, matematicas
da experiencia
jogar, simular. Assim eles deco-
lam para outros lugares, outros momentos gles ou
Os seres
as linguagens
0
frances,
plasticas,
0
0
divino,
complexidade
0
tempo real, as coisas
surgem, como as duas faces
fora-do-tempo,
0
das linguagens. 0
re-
0
ideal tern uma historia. Ell'S crescem com a Quest6es,
problemas,
abrem buracos no aqui e agora, desembocando, espelho, entre
anverso e
0
ao mundo uma dimensao nova,
tempo e a eternidade,
hipoteses
do outro lado do
na existencia virtual.
in-
visuais,
ete. Quanto mais as linguagens se enrique-
cern e se estendem, maiores sao as possibilidades
de simular, ima-
ginar, fazer imaginar urn alhures ou uma alteridade. Neste ponto, reencontramos portante
o eterno,
0
atuais e as situa<;:6es em curso. Da absoluto
de nos desligarmos
ao mesmo tempo nossa existencia.
intercambiadas,
espfrito a outro.
nem colocar quest6es, nem
sente intensificando
os conhecimen-
objetivadas,
podem viajar de urn lugar a outro, de urn tempo a outro, de urn
contar historias,
do pre-
0 que era interno e privado
torna-se externo e publico. Mas isto e igualmente verdade no outro
tros. Sem as lfnguas, nao poderfamos duas bel as maneiras
reei-
proca do interior em exterior sao atributos
As linguagens humanas
ligados uns aos ou-
da musica ou da dan<;:a.
mais uma vez urn carater
da virtualiza<;:ao: ao liberar
A virtualiza<;:ao, vamos repetir mais uma vez, nao e necesim-
sariamente
acompanhada
por urn desaparecimento.
Ao contrario,
que era apenas aqui e ago-
acarreta com freqiiencia urn processo de materializa<;:ao. Isto pode
ra, ela abre novos espa<;:os,outras velocidades. Ligada a emergencia
ser facilmente ilustrado no caso da virtualiza<;:ao tecnica, que nos
da linguagem,
cabe agora analisar.
0
surge uma nova rapidez
celeridade de pensamento
de aprendizagem,
uma
inedita. A evolu<;:ao cultural anda mais
depress a que a evolu<;:ao biologica.
0 proprio
tempo bifurca-se
De onde vem as ferramentas?
Primeiro,
uma fun<;:ao ffsica
ou mental dos seres vivos (bater, pegar, caminhar,
voar, calcular)
e identificada.
Depois, essas fun<;;oes sao separadas
gada particular paradas,
de ossos, carne e neuronios.
Assim elas sao se-
ao mesmo tempo, de uma experiencia
va.,A fun<;;aoabstrata o gesto habitual.
e materializada
interior,
subjeti-
sob outras formas que nao
0 corpo nu e substitufdo
dos, outros suportcs:
de urn agre-
por dispositivos
hfbri-
martelo para a batida; a armadilha,
0
zol ou a rede para a captura;
a roda para
0
andar;
0
do de ar, as asas dc aviiio ou as pas de helicoptero
0
para
0
voo;
para as opera<;;oes matematicas
Gra<;;as a essa matl'l'ializa<.;iio,
0
torna-se
publico,
lhado. 0 que era indissociclvel de uma imediatidade uma intcrioridade te ao exterior, dialetica,
organica,
se for internalizada deve-se aprender
0
...
parti-
subjetiva, de
agora passou por inteiro ou em par-
tecnica muitas vezes so ganha eficacia
de novo. A fim de utilizar uma ferramenta gestos, adquirir reflexos, recompor
dade mental e ffsica. 0 ferreiro,
esquiador,
0
0
uma identi~
motorista
de au-
tomovel,
a ceifeira, a tricotadora
musculos
e seus sistemas nervosos para integrar os instrumentos
ou a ciclista modificaram
em uma especie de corpo ampliado, como a exterioridade
modificado,
tecnica e publica ou partilhavel,
bui em troca para forjar uma subjetividade Entretanto, produtos, finalmente
a dinamica
fun<;;oescorporais
ela contri-
coletiva. rizomaticas,
a arranjos complexos
muito afastados
cognitivas
ponto -
nao podem
ou termostaticas,
individuais.
interiorizados
de
simples. Urn barco a vela, urn moinho movido
motoras,
mas -
ser compreendidos
voltaremos
a esse
reintegrados
de volta na escala de megamaquinas
das ou de hipercorpos
fun<;;oes
como prolongamentos
Eles so sao plenamente
ou
sociais hfbri-
coletivos.
A concep<;;ao de uma nova ferramenta
virtualiza uma combi-
na<;;aode orgaos e de gestos que so aparece, entao, como uma solu<;;aoespecial, local, momentanea.
tar, agora e uma eventualidade mada em variavel.
Ao conceber
uma ferramenta
aberta. Uma coen;:ao foi transfor-
minado de situa<;;oes. 0 surgimento a urn estfmulo particular classe de problemas.
da ferramenta
mas materializa
<;;aogeneric a, cria urn ponto
indeter-
nao responde
parcialmente
uma fun-
de apoio para a resolu<;;ao de uma
A ferramenta
De acordo com
0
que seguramos
,
que toi proposto
e Andre Leroi-Gourhan,
na mao e uma indefinido
de
por Marshall
McLuhan
diz-se as vezes que as ferramentas
sao
continua<;;oes ou extensoes
do corpo. Essa teoria nao me parece
fazer justi<;;aa especificidade
do fenomeno tecnico. Voce pode dar
4. pedras talhadas a seus primos. Pode produzir milhares de bifaces
Mas Ihe e impossfvel multiplicar
suas unhas ou empresta-las
vizinho. Mais que uma extensao do corpo, uma ferramenta
a seu e uma
virtualiza<;;ao da a<;;ao.0 martelo pode dar a ilusao de urn prolongamento
do bra<;;o;a roda, em troca, evidentemente
prolongamento
nao e urn
da perna, mas sim a virtualiza<;;ao do andar.
Ha poucas virtualiza<;;oes da a<;;aoe muitas atualiza<;;oes das ferramentas.
0 martelo
pode ter sido inventado
tres ou quatro
vezes ao longo da historia. Digamos tres ou quatro virtualiza<;;oes. Mas quantas marteladas liza<;;oes.A ferramenta,
e conduz
a agua, urn relogio ou uma central nuclear virtualizam
de corpos
E,
tecnica se alimenta de seus proprios
opera combina<;;oes transversais, a maquinas,
seus
virtualizado.
a<;;aoem cur-
usos possfveis.
para um objeto. Mas, por uma especie de espiral
a exterioridade
sobre determinada
so, i<;;amo-nos a escala bem mais elevada de urn conjunto
coisa real, mas essa coisa da acesso a urn conjunto
balao infla-
abaco ou a rcglla de dlculo
privado
an-
mais do que nos concentrarmos
moria do momenta ferramenta
cristaliza
foram dadas? Bilhoes e bilhoes d~ atuaa permanencia
de sua forma sao uma me-
original de virtualiza<;;ao do corpo em ato. A 0
virtual.
A tecnica nao virtualiza
apenas os corpos e as a<;;oes,mas
tambem as coisas. Antes que os seres humanos dido a entrechocar
houvessem
apren-
pedras de sflex acima de uma pequena acen-
dalha, eles so conheciam
0
fogo presente
inven<;;ao das tecnicas de acendimento,
0
ou ausente. Depois da fogo pode tambem ser
virtual. Ele e virtual onde quer que haja fosforos. A presen<;;a ou a ausencia do fogo era urn fato com
0
qual se era obrigado
a con-
tar, agora e uma eventualidade
aberta. Uma coen;:ao foi transfor-
mada em variavel. Em suma,
0
meStllOobjeto tecnico pode ser considerado
gundo quatro modos dc ser. Enquanto problematiza~ao, ritorializa~ao, passagctll
;10
de uma fun~ao corporal,
se-
dester-
publico, metamorfose e recomposi~ao obieto tecnico e urn operador de vir-
0
tualiza~ao. Tal lll;lI'lclo [lirtualiza quando
0
consideramos
como
A humanidade
emerge de tres processos de virtualiza~ao.
primeiro esta ligado aos signos: a virtualiza~ao do tempo real. 0 segundo e comandado
pelas tecnicas: a virtualiza~ao
das a~6es,
do corpo e do ambiente ffsico. 0 terceiro processo cresce com a complexidade
das re!a~6es sociais: para designa-Io da maneira
memoria da itlVClll,.;\O do martelo, vetor de urn conceito, agente
mais sintetica posslve!, diremos que se trata da virtualiza~ao
de hibri,h,.ao
violencia.
do corpo. Entao,
0
martelo existe e faz existir.
A cada golpe de marreta ou de camartelo, lizante, testelllunha
hoie do que foi urn dia
0
0
surgimento de uma
da
Os rituais, as re!igi6es, as morais, as leis, as normas economicas ou pollticas sao dispositivos para virtualizar
os relaciona-
martelo con-
mentos fundados sobre as rela~6es de for~as, as puls6es, os ins-
tal hibrida~ao desse corpo, acon-
tintos ou os deseios imediatos. Uma conven~ao ou urn contra to,
nova Illaneir,) de bater, atualiza-se. Ao atualizar, duz a a<.;ao.Tal configura~ao,
martelo virtua-
0
0
tece efetivamente por meio dele, aqui e agora, e cada vez dife-
para tomar urn exemplo privilegiado,
rentemente.
relacionamento independente de uma situa~ao particular; indepen-
Cada marte!ada e uma ocorrencia,
uma tentativa de
resolu~ao de problema em escala molecular, alias malograda
de
vez em quando: pode-se bater mal, com demasiada for~a ou fora
tornam a defini~ao de
dente, em principio, das varia~6es emocionais daqueles que ()contrato envolve; independente
da flutuar;ao das relar;oes de f()r~:a.
Uma lei envolve uma quantidade
do alvo.
o marte!o
real e essa marreta,
esse ma~o, esse martelo de
escultor: a coisa com seu pre~o, seu peso, seu cabo de madeira,
l1ll1
indefinida de detalhes vir-
tuais dos quais somente urn pequeno
numero e explicitamente
previsto em seu texto. Numa dada sociedade, urn ritual (digamos
I f
sua cabe~a de metal, sua forma 'precisa. 0 martelo real deve ser
urn casamento ou uma cerimonia de inicia~ao) aplica-se a uma va-
fori ado, montado, realizado pelo fabricante, armazenado,
riedade indefinida de pessoas. A mudan~a de estatuto ("a partir
prote-
gido. 0 marte!o resiste ou subsiste.
o martelo,
de agora, sois casados",
enfim, encerra urn potencial, uma potencia, urn
poder. Considerado
e
identica para todos. Nao somos obrigados a reinventar e negociar
martelo se revela pereci-
algo de novo em cada situa~ao particular. Os exemplos da inicia-
vel, e uma reserva finita de golpes, de usos particulares. Nao mais
~ao, do casamento ou da venda mostram que a virtualiza~ao dos
vetor de metamorfose
relacionamentos
ffsica com
0 mundo
como potencial,
"agora, sois urn adulto") e automatica
0
do corpo, abertura
(0marte!o
de uma nova rela~ao
virtualizante),
nao mais condutor
e dos impulsos imediatos, ao mesmo tempo que
estabiliza os comportamentos
de urn ato singular aqui e agora (0 marte!o batedor atualizante),
cedimentos
nao mais coisa material (0 martelo real), mas reservatorio de pos-
estatutos pessoais.
slveis. Assim,
0
potencial de urn martelo novo e maior que
urn ve!ho, e
martelinho
0
cial qualitativo que
0
do sapateiro nao tern
do vidraceiro.
0
de
mesmo poten-
0
0 marte!o insiste.
e as identidades, tambem fixa pro':
precisos para transformar
os relacionamentos
Atraves da linguagem, a emo~ao virtualizada va voa de boca em boca. Gra~as
a tecnica,
e os
pela narrati-
a a~ao virtualizada pela
ferramenta passa de mao em maa,. Do mesmo modo, n3;esfera das rela~6es socia is, pode-se organizar torializa~ao de relacionamentos
0
movimento
virtualizados.
ou a desterri-
Urn tItulo de pro-
priedade,
a~oes de uma companhia
vendem e se transmitem.
ou urn contrato
Urn reconhecimento
tra de cambio ou uma ohriga~ao,
de seguro se
de divida, uma le-
que na origem diziam respeito
tiva, a arte nos faz compartilhar lidade de experiencia de, a dar,
0
do de pessoas.
seguimos
0
Podc-sc do mesmo modo eleger urn porta-voz,
ensinar uma ora<,:uo Ol1 comprar Relacionamcntos contratos,
uma socicdadc. tamento
urn fetiche.
publicas
sc articulam
sobre as precedentes.
das culturas humanas:
lItica, economia.
A concordia
0
caso dos
no seio de
novas regras de compor-
nuo de virtualiza<,:ao de relacionamentos complexidade
como e
e compartilhadas
Novos procedimentos,
Urn processo forma
aos poucos
a
religiao, etica, direito, po-
a constru<,:ao social passa pela
virtualiza~ao.
Por que a arte interessa a tanta gente embora seja tao diffeil de descrever? Porque ela representa, apice da humanidade. as belas-artes.
Nenhuma
por mais de uma razao, urn
especie animal jamais praticou
E nao sem motivo: a arte esta na confluencia
tres grandes correntes de virtualiza~ao as linguagens,
e de hominiza~ao
das
que sao
as teenicas e as eticas (ou religioes). A arte e diffeil
de definir por estar quase sempre na fronteira gem expressiva,
da tecnica ordinaria
social muito claramente
designavel.
pratica a mais virtualizante
da simples lingua-
(0 artesanato)
ou da fun~ao
Ela fascina porque poe em
das atividades.
Com efeito, a arte da uma forma externa,
uma manifesta-
~ao publica a emo~oes, a sensa~oes experimentadas mo da subjetividade.
Embora sejam impalpaveis
mos nao obstante
que essas emo~oes sao
las independentes
de urn momenta
pelo menos (para as arte$,;ivas)
0
desgaste. Em busca da seguran~a e do controle,per-
virtual porque nos leva para regioes ontologicas
no mais inti-
e fugazes, senti-
sal da vida. Ao torna-
e de urn lugar particular,
ao dar-Ihes uma dimensao
dencia, e portanto mesmo movimento
ou cole-
reviravoltas.
que
nao mais atingem. A arte questiona essa tenvirtualiza
a virtualiza~ao,
porque busca num
uma saida do aqui e agor~" e sua exalta~ao
sensual. Retoma a propria
conti-
talvez nao seja urn estado natural,
uma vez que, para os humanos,
em geral, e uma guerra contra a fragilida-
os perigos ordinarios
virtuais coagulados,
suo cntidades
subjetiva.
A virtualiza~ao,
a apenas duas partes, podcm circular entre urn numero indefini-
uma maneira de sentir, uma qua-
tentativa
de evasao em suas voltas e
Em seus jogos, con tern e libera a energia afetiva que
nos faz superar
0
caos. Numa ultima espiral, denunciando
o motor da virtualiza~ao,
problematiza
0
assim
esfor~o incansavel,
as
vezes fecundo e sempre fadado ao fracasso, que empreendemos para escapar a morte.
6.
A S OPERAc;:OES DA VIRTUALIZAc;:Ao
OU () TRIVIO ANTROPOLOGICO
Ha urn nucleo invariante das opera~6es de virtualiza~iio, uma receita do virtual? Arriscaremos
uma resposta positiva a essa ques-
tiio, mas apenas parcial e bastante geral. Ela niio dispensa, em cada caso particular,
nem uma descoberta
tru~iio coletiva longa e trabalhosa. tar, portanto, posteriori,
se permite
analisa-lo
reconhecer
e apresenta-lo
e urn guia de inven~iio infalfvel.
audaciosa,
nem uma cons-
A teoria que vamos apresenurn caso de virtualiza~iio claramente,
infelizmente
a
niio
ca e a arte de compor
pequenas
mentos nao significantcs discursos)
unidades
significantes
c grandes unidades significantes
com pequcnas.
Notemos
com ele(frases, Minha hipotese e que as opera<;:oes gramaticais,
que as opera<;:oes "gramati-
cais" de separa<;:ao e de arranjo de elementos nao dizem respeito apenas a lingua mas tal11bem a escrita, inclusive as escritas nao alfabeticas. Depois da gramatica,
a dialetica.
Inicialmente
arte do dia-
logo, a dialetica passou a designar a ciencia da argumenta<;:ao e, na universidade medieval, a logica e a semantica. A gramatica dizia
a
respeito ramentas
articula<;:ao intema da lingua, a manipula<;:ao das ferlingufsticas e escriturais.
lece uma rela<;:ao de reciprocidade ha esfor<;:o argumentativo paridade
intelectual.
0
colocado
pel~s interlocutores
elas correspondem
implica ao mesmo tempo
a referencia).
estabelecimento
em
ou falsas,
a urn estado do 0
outro (a argumenta<;:ao) e a rela<;:ao com
semantica,
pois nao
uma especie de
Serao as proposi<;:oes verdadeiras
e por que? De que maneira com
entre interlocutores,
que nao subentenda
objetivo,
posi<;:aode mediador. A dialetica
em troca, estabe-
Com isso, a dialetica conecta urn sistema de
signos e urn mundo
mundo?
A dialetica,
relacionamento 0
"exterior"
(a
Nao ha lingua sem essas opera<;:oes de
de correspondencia,
ou de substitui<;:ao conven-
cional entre uma ordem dos signos e uma ordem das coisas. Enfim, a retorica mundo com
0
designa a arte de agir sobre os outros e
0
auxflio dos signos. No estagio retorico ou pragma-
tico, nao se trata mais apenas de representar mas igualmente
de transforma-lo,
uma realidade
safda da linguagem;
urn mundo virtual: mental humano.
0
0
estado das coisas,
e mesmo de criar inteiramente ou seja, em termos rigorosos,
da arte, da fic<;:ao,da cultura,
do universo
Esse mundo gerado pela linguagem servira even-
tualmente de referencia a opera<;:oes dialeticas ou sera reempregado por outros projetos gio retorico.
de cria<;:ao. A linguagem
Entao ela se alimenta
poe suas finalidades
e reinventa
0
so al<;:avao no esta-
de sua propria mundo.
atividade,
im-
retoricas, chaves da capacidade terizam igualmente
virtualizante
dialeticas
e
da linguagem, carac-
a tecnica e a complexidade
dos relacionamen-
tos. Longe de mim a ideia de "reduzir
tudo a linguagem"!
contrario,
por tras da eficacia das
trata-se de par em evidencia,
Ao
llnguas, uma estrutura abstrata, neutra, que caracteriza igualmente outros tipos de atividades
humanas
capazes de nos fazer escapar
ao aqui e agora. Para a tecnica, a gramatica consiste no recorte de gestos elementares que poderao ser empregados
em diversas seqiiencias, ou
a<;:oesem situa<;:ao. Que se pense na maneira como aprendemos ginastica,
a dan<;:a, 0 tenis, a esgrima, as artes marciais e numero-
sas habilidades trabalhos
profissionais.
de Michel Foucault,
tares e urn fenameno
Poder-se-ia
afirmar,
recente, aparecido
na Europa na era classidisciplinar do corpo. Cer-
tamente. Mas, por urn lado, nao e sem importancia
que possamos
assim nossos atos ffsicos e que isto nos confira em geral
urn acrescimo
de eficacia, pelo menos na aprendizagem
sa. Por outro lado,
0
si) em determinada implicitamente
fato de tal recorte se tomar
de mas-
explicito
(para
cultura nao significa que nao esteja atuando
(em si) nas outras. 0 caso das linguas nos mostra
isso de maneira evidente. Nao hi gramatica
como disciplina cons-
titufda antes da escrita, e a quase totalidade aprende
com base nos
que esse recorte em gestos elemen-
ca, e que tern a ver com uma abordagem recortar
a
dos seres humanos
a falar sem ter a menor no<;:aodisso. 0 que nao impede
as palavras
de serem realmente
combina<;:oes de fenamenos,
nem
impede que cada lingua seja (entre outras coisas) uma especie de sistema combinatorio <;:aode seqiiencias
que obedece a regras especiais de constitui-
sonoras.
A gramatica
tecnica nao diz respeito apenas aos gestos, mas
tambem a modulos
materiais
elementares
nados para compor gamas de artefatos tulo de exemplo,
0
que podem ser combiou de ferramentas.
mesmo cabo pode servir a montagem
A tfde uma
pa au de uma picareta, e tijolos identicos podem ser usados na
quele "referente"
constru~ao de casas muito diversas.
dade indeterminada
Se nao e muito dificil admitir uma especie de gramatica tec-
particular,
remetendo portanto
a uma quanti-
de situa~6es au de dispositivos concretos de
deslocamento.
A lingua-
Finalmente, a tecnica possui -
gem refere-se ao mundo real, permite produzir proposi~6es ver-
no sentido em que seu movimento
nao se limita em acumular
dadeiras au falsas, suscita emo~6es au ideias. Em suma, ela sig-
artefatos au ferramentas
e "uteis", que fazem ganhar
nifica. Em troca, a tccnica parece pertencer a uma outra ardem
tempo e energia. A inven~ao tecnica abre possibilidades
que nao a da significa~ao: a da a~ao eficaz, da operacionalidade.
mente novas cujo desenvolvimento
A linguagem provoca estados mentais, a ferramenta
mundo autanomo,
nica, ja uma dialetica das coisas parece problematica.
desloca ma-
"praticas"
ela tambem -
sua retorica,
radical-
acaba par fazer crescer urn
cria~ao proliferante
que nao po de mais ser
teria. Como poderia haver uma dialetica dos instrumentos? E, nao
explicada par nenhum criteria estatico de utilidade. De fato, se
obstante, tambem a tecnica faz sentido.
nao fassemos alem da dialetica tecnica, poderfamos ainda confi-
No centro da significa~ao acha-se a opera~ao de substitui~ao. Se a palavra "arvare" tas circunstancias
significa, e sobretudo porque, em cer-
e para usos determinados,
ela faz as vezes da
nar as ferramentas
a
no reino dos meios. Os fins de beber au de ir
aldeia vizinha permanecendo
inalterados, as tecnicas de adu~ao
de agua au do velocipede servem para atingi-Ios mais depressa e
, arvore real. Ora, e quase do mesmo modo, urn dispositivo tecni-
com menor custo. Mas a produ~ao de artefatos atinge a estagio
co vale por urn outro dispositivo, nao tecnico au de uma tecni-
retorico quando ela participa da cria~ao de novas fins. Par exem-
cidade menos complexa. Par exemplo, a sistema moderno de agua
pia, as calculadoras
corrente em todos as andares substitui a balde que vai
a
fonte. A
fonte instalada na pra~a, par sua vez, substitui a caminhada a nascente au a ria. As torneiras da cozinha e do banheiro notam" a "significa~ao"
ate "de-
seguinte: voce nao precis a mais trazer a
permitiram
eletranicas
aperfei~adas nos anos quarenta
efetuar opera~6es aritmeticas mil vezes mais rapida-
mente que as calculadoras
eletromecanicas
e analogicas anterio-
res. Mas seus inventores nao se contentaram
em fazer as novas
maquinas efetuar mais depressa as mesmas opera~6es que as a~-
agua do po~o au alugar as servi~os de urn carregador. Outro exem-
tigas. Exploraram
plo: a bicicleta so e urn objeto tecnico porque substitui uma ca-
calmente a concep<;:aodas maquinas de calcular. Em vez de cons-
minhada
truir instrumentos especializados na computa~ao deste au daquele
sem equipamento
oneroso. Via de regra,
0
mecanico au urn cavalo demasiado
sentido de urn artefato ou de uma ferra-
menta e a dispositivo que serfamos obrigados
a empregar para
essa velocidade acrescida para modificar radi-
genera de opera~ao, conceberam
calculadoras
universais, pro-
gramaveis, capazes de executar qualquer tip a de tratamento
a velocidade
de
obter a mesmo resultado se ele nao tivesse sido inventado. 0 objeto
informa<;:ao. Isto so foi posslvel gra~as
tecnico nao apenas cumpre, como a signo, uma fun~ao de substi-
eletranica, que permitiu otimizar a disposi~ao material dos circui- .
tuir,;ao, como tambem opera, alem disso,
tos em fun~ao das opera~6es requeridas. Foi assim que nasceu a
0
mesmo tipa de abstra-
r,;ao.A palavra "arvore" nao remete apenas a esta figueira em meu jardim, a esta betula na floresta, mas a qualquer arvore particu-
informatica
e que
0
adquirida pela
universo do software se pas a proliferar.
Uma visao estreita da informatica,
limitada
a
.
dialetica, a
lar e, mais ainda, ao conceito geral de arvore. Do mesmo modo,
reduz a urn conjunto de ferramentas
uma bicicleta nao substitui especialmente estas pernas em via de
ceber e comunicar
andar au este cavalo na estrebaria. Vale par uma fUlll;ao geral de
retorica descobre nela urn espa~o de produ~ao e de circula~ao qos
transporte,
uma fun~ao abstrata, desligada a priori deste au da-
para calcular, escrever, con-
mais depressa e melhor. A plena abordagem
signos qualitativamente
diferente dos anteriores, no qual as regras
de eficicia e os critl'rios de avalia<;:ao da utilidade mudaram.
Nossa
especie lan<;:ou-se senl retorno nesse novo espa<;:oinformacional. A questao portanto
n:lo l"avaliar sua "utilidade"
em que dire<;:ao prossl'guir reverslvel. Poder-se-ia transporte,
di/Tr
llm processo
mesmo do conjunto
ir-
dos meios de
0
que lIl11ito Inais metamorfosearam
plificam
mas determinar
de cria<;:ao cultural
a geografia e dis-
solveram as ,lilt ig:ls distin<,:()esentre cidade e campo do que aceleraram
os vl'il'ldos a cavalo e os barcos a vela. 0 automovel
certamcnte
lJlll
pal operador
A
11Il'iode transporte,
urhanistico
porem mais ainda e
e
0 princi-
contemporaneo.
Illedida que se desenvolve
0
se fundelll no lTn:irio, se naturalizam,
tecnocosmo,
seus elementos
entram na dialetica dos fins
recebidos e dos Illeios que se aperfei<;:oam. Mas em sua fronteira avan<,:ada, na interface
m(lvel da cria<;:ao e do desconhecido,
atividade tecnica ahre lll11ndos virtuais nos quais se elaboram
processo
a no-
vos fins.
virtualizante 0
da Hngua que do is sons distintos
mesmo fonema.
exem-
0 mesmo vale para classes de senti-
mentos ou de atos sociais, todos diferentes num plano psicologico estrito, mas que nao obstante mo atomo de relacionamento
servem de instancia para
mes-
0
no jogo de constru<;:ao da comple-
xidade social. A partir dos elementos de base vao ser elaboradas uma quantidade
infinita de sequencias
cie de texto ou de hipertexto Ja abordamos
de intera<;:oes, uma espe-
relacional.
mais acima a dimensao dialetica da etica, to-
mada aqui no sentido geral de complexidade portamental.
Urn contrato
discussao permanente;
e com-
substitui uma rela<;:ao de for<;:aou uma
urn ritual economiza
desejo ou de uma identidade. eticas, e isto recursivamente
a negocia<;:ao de urn
Como no caso da linguagem
tecnica, uma cadeia de atos pode remeter fica<;:oes simultaneas,
relacional
a outras constru<;:oes
ate formar urn amontoado
como uma dimensao
e da
de signi-
harmonica
do vIncu-
lo social. Uma opera<;:ao simbolica substitui urn sacriffcio animal; urn sacriffcio animal vale por urn sacriffcio humano; cio humano economiza Enfim, a complexidade
dos relacionamentos
mente com urn trlvio antropologico matical,
foi preciso
identificar
tern aver igual-
generalizado.
e separar
Na etapa gra-
elementos
entrar em composi<;:ao nos arranjos contratuais,
capazes
legais, sociais, po-
Hticos, morais ou religiosos. Esses elementos recombinaveis, temo-Io, sao tao convencionais nemas: sentimentos,
de
e nao-significantes
no-
quanto os fo-
paixoes, atomos de relacionamentos,
de ges-
No estagio retorico,
deve-se finalmente
mento de urn universo relacional titucional,
urn sacrifl-
uma guerra civil.
poHtico, comercial,
autonomo
constatar
0
cresci-
nos pIanos legal, ins-
moral e religioso. De novo, a ques-
tao da utilidade, da fun<;:aoou da referencia da lugar ao poder de fazer sentido, ou melhor, de fazer mudar versos de significa<;:ao radicalmente
0
sentido, de criar uni-
novos: inven<;:oes do mono-
tefsmo, do direito romano, da democracia, da economia capitalista ...
tos, partes da alma, sujeitos, pessoas, eis al outros tantos tijolos de base para os comportamentos,
os relacionamentos
e as identi-
dades sociais.
E preciso
que haja elementos invariaveis
a colera, a ofens a, a promessa numa variedade estritamente
ou padrao.
ou a homenagem,
infinita de circunstancias,
tiva possa se estabilizar
como a salva<;:ao,
e se complexificar.
para que a vida coleDe urn ponto de vista
ffsico, todos os sons sao diferentes.
Esses ,1tollloS silo destacaveis,
reconhecfveis
transferfveis,
E
somente
indepen-
no
Por que os tres estagios do trIvio formam urn caminho virtualiza<;:ao? Retomemos
de
as tres etapas uma por uma.
As opera<;:oes de gramatiza<;:ao recortam
urn continuum for-
temente ligado a presen<;:as aqui e agora, a corpos, a rela<;:oesou situa<;:oes particulares,
palavras
para obter afinal elementos convencionais
entre si para produzir
frases. No que concerne
a
infor-
ou padrao.
Esses ,1tollloS silo destacaveis, vivos . .f a formam
dentes de contextos
0
transferfveis,
na medida em que cada UIllpode ser atualizado indefinida
de ocorrellcias,
no entanto
rccollheclveis
indepen-
grau mfnimo do virtual numa variedade
todas qualitativamente como exemplares
diferentes, mas
do mesmo elemento
virtual. Portal1fo Ilao se trata de atom os reais ou substanciais. ponto cleve Sl'l' suhlillhado, analise
a
pois ell' faz toda a diferen<;:a entre a
l1loda ca rtesiana,
que separa partes reais, e a grama-
tiza<;:ilo que cria particulas nificancia autoriza
0
virtuais. Sua propriedade
reemprego
de nao-sig-
gos eletronicos
falar de uma articula<;:ao de n termos: codi-
de base, linguagens-maquinas,
grama<;:ao, linguagens tradu<;:6es multiplas
para finalmente
A rela<;:ao entre os fenomenos
significantes.
a priori da
de uma atualiza<;:ao criadora
em
mas de informa<;:ao, sistemas economicos,
bem a grama-
gramma, em grego antigo, de urn sopro,
de urn corpo vivo e de uma situa<;:ao leva adiante esse processo ao padronizar
texto lido do tra<;:odireto de uma perfor-
descolado
equivalente
virtualizante
da impressao
das situa<;:6es concretas,
A informatiza<;:ao acelera
e
0
em quase todos os processos
de urn "caractere
ao reduzir todas as mensagens
sistemas de transporte
Ela autoriza deste modo a constitui<;:ao de espa<;:oseco-
nomicos,
informacionais
ou ffsicos abertos,
verdade uma superffcie coordenada,
0
movel",
reprodutfvel
movimento
ponentes articulaveis. Assim como as computadores
acabaram par
se fundir no crescimento
as avi6es nao
do ciberespa<;:o, tambem
de transporte
de urn sistema internacional
aereo cujo nucleo e a coordena<;:ao entre
as aeroportos. Apos os signos e a tecnica, vejamos agora alguns exemplos
ca-
no domfnio das formas sociais. De que modo a gramatiza<;:ao faz
de
surgir novos tip as de contratos
liberado,
e circulante.
iniciado pela escrita
a combina<;:6es de do is sfmbolos
e de comportamentos?
Steven Shapin e Simon Schaffer,
[Leviara e a bomba de ar], reconstitui
a nascimento
Hobbes e Boyle. Boyle quer definir as regras que devem reger ra<;:ao entre, de urn lado, fatos que reunam
em e por qualquer computador.
Seja qual
ell's comp6em sequencias tradutfveis A informaica e a mais virtualizante
das tecnicas por ser tambem a mais gramaticalizante.
Sabe-se que
dutfveis em laboratorio
0
a estrita sepa-
a consenso,
por testelllunhas
repro-
dignas de
fe e, de outro, hip6teses, teorias au explica<;:6es causais, sabre as quais a concordancia
da comunidade
por uma dupla articula<;:ao, a que junta os
Hobbes, em contrapartida,
fonemas e as unidades
significantes
fatos e das explica<;:6es causais. Se
e a que junta as
e em particular
e constataveis
a Ifngua se caracteriza
(as palavras)
da comuni-
dade cientffica moderna no seculo XVIII atraves da polemica entre coletivo dos "experimentalistas",
de memoria.
A obra de
Leviathan and the Air Pump
possfveis, identicos
em todos os suportes
cobrem na
flutuante e contfnua de com-
elementares, zero e urn. Esses caracteres sao os menos significantes for a natureza da mensagem,
de circula<;:ao livre,
cujas figuras salientes (carras, avi6es, computadores)
ractere m6vel. Reencontraremos 0
de dester-
distintos.
integrado
virtualiza<;:ao
contemporaneos
entre siste-
confirma:
0 aspecto
a novos sistemas
ritorializa<;:ao e de mundializa<;:ao, de urn lado, e a padroniza<;:ao
sao mais que as modulos aparentes
mance muscular.
a
escrita classic a,
de signos interativos.
de uma presen<;:a viva aqui e agora. A escrita (a gramatiza<;:ao da
0
a
lingua gem, a todas as formas visuais e sonoras,
fala) separa a mensagem a grafia, separando
chegar
de pro-
e opera do res de
evidente. A padroniza<;:ao permite a compatibilidade
da escrita ilustra particularmente
A impressao
linguagens
de alto nfvel, interfaces
de outro, e
e a letra. A fala e antes de mais nada indissociavel
particular.
infor-
(a virtualiza<;:ao) de elementos de base recombinaveis,
uma quantidade
A significa<;:ao de urn composto nao pode ser deduzida
tiza<;:ao; 0 que a etimologia
poder-se-ia
a
frases. No que concerne
para construir
infinita de scqi-iencias, de cadeias ou de compostos lista de seus elementos: trata-se contexto.
matica,
entre si para produzir
de urn conjunto limitado de tijo-
los de base, livres e destacaveis,
o destino
Esse
palavras
cientffica nao e necessaria.
se recusa a admitir essa separa<;:ao dos 0
nucleo da atividade
"filoso-
fica" nao for a explica<,:Jo pelas causas, ele nao ve a utilidade dis-
_ terrivelmente
grosseiro:
as pessoas que tern 0IllL'Sl 110di-
so. Alem do mais, slIhlinha que na realidade e impossivel separar
ploma nao tern as mesmas competencias,
sobretudo
a constata<;:ao dos btos t' a formula<;:ao das hip6teses ou interpre-
suas experiencias diversas; _ e, finalmente, nao padronizado:
os diplomas
condi<;:oesfavor(]vcis para desmontar os "fatos" obtidos por Boyle,
culados a universidades
a Estados, e nao ha sis-
mostrando
tema geral de equivalencia
ta<;:oesque orienta IIIe formam
0
olhar. Hobbes esta portanto
sell ca r;iter cOllvencional e construido.
tido, Hobbbes
Num certo sen-
tTIll raZJo: a separa<;:ao dos fatos "sem significa-
<;:ao"e das ex plic;llJlL's e artificial. Mas sera de Boyle e dos cxperilllentalistas se ao real?
em
0 problema
0
0
problema
essencial
de ter razao, ou seja,
0
de ater-
dell's nao seria antes montar urn disposi-
tivo capaz de isolar do silber uma parte virtual, dutivel, illdependelltt'
m6vel, repro-
das pessoas, ainda que seja apenas no seio
da rede restrita dos laborat<>rios providos dos meios de refazer as experiencias?
Aqui,
0
caracter
m6vel, destacavel, nao-significan-
e 0 fato. 0esfor<;:opara instituir a ciencia como
te e circulante,
maquina virtualizante
foi provavelmente
mais fecundo que a von-
tade de ater-se ao real ou de dizer a verdade. Urn exemplo privilegiado cia virtualizante
pela comunidade
dos saberes e das competencias
reconhecimento
Num sentido profundo,
cientifica, mas a do pela sociedade em dos indi-
de vida singular,
inse-
de urn corpo sensivel e de urn mundo de significa<;:oes
pessoais. Isto e e continuara cessidades
sendo verdade. Todavia,
da vida economica
para as ne-
e social, mas igualmente
satisfa<;:ao simb6lica dos individuos, essas competencias identificadas
e reconhecidas
dade de reconhecimento
de maneira convencional.
para a
devem ser A necessi-
e de identifica<;:ao e tanto mais premen-
te na medida em que, como sublinhamos competencias
e conhecimentos
riqueza. Ora,
0
o diploma -
e ao mesmo tempo:
-
a poten-
as competencias
viduos sao unicas, ligadas a seu trajeto paraveis
para terminar,
num capitulo
anterior,
sao hoje a fonte da maior parte de
modo classico de reconhecimento
dos saberes -
ba alguma coisa;
o sentido das palavras que a compoem).
oficial de reconhecimento
la<;:ao.Os diplomas nao sao compostos e reempregaveis uma unidade
de paises diferentes. dos saberes nao ofereoutra forma de articu-
de elementos mais simples
significante
Varios diplomas nao formam
de nivel superior,
mas apenas uma jus-
taposi<;:ao bruta. Face a essa situa<;:ao, 0 sistema das arvores de conhecimentos foi imaginado os saberes
e desenvolvido
e as competencias
para virtualizar
breve
a rela<;:aocom
(Authier, Levy, 1992). Assim, ele
aos grupos e aos individuos
identificar-se
e orientar-se
finamente num universo de conhecimentos em fluxo. As arvores de conhecimentos propoem uma verdadeira matiza<;:ao do reconhecimento tares de reconhecimentos,
dos saberes. As particulas
gra-
elemen-
ou breves, nao tern significa<;:ao com-
pleta nelas mesmas, mas somente em brasoes, que sao seqiiencias de breves (curricula) obtidos por urn individuo bre a arvore de conhecimentos
e projetados
de uma comunidade.
to de breves pode servir para compor uma quantidade caminhos dividual
de aprendizagem adquire
so-
Urn conjuninfinita de
diferentes. 0mesmo curriculum
uma significa<;:ao e urn valor diferentes
in-
na ar-
yore de uma ou de outra comunidade. Obtem-se claramente urn sistema de dupla articula<;:ao. Primeiramente,
entre os breves e os curricula individuais
tre os fonemas
e as palavras).
Segundo,
arvores: uma arvore emerge dos percursos de uma comunidade
de aprendizagem
e os estrutura
de brasoes (como entre as palavras
(como en-
entre os curricula e as dos
em troca na forma
e as frases: a frase e feita de
palavras com valor semantico indeterminado
A priori, qualquer
. estao vin-
numa outra seqiiencia de elementos qualquer. Sao
agregados molares indecomponiveis.
membros
deficiente: nem todos tern diploma, em bora cada urn sai-
entre diplomas
ce dupla articula<;:ao, nem, alias, qualquer
permite
da gramatiza<;:ao. Evocarei agora nao mais a vir-
tualiza<;:ao do conhecimento seu conjunto.
ilustrara,
o c6digo
ou, no maximo,
por causa de
l'lltra em novas combina<,;oes, e arrebatada
e atualiza
C il l
I
roca
num processo de he-
A priori, qualquer
o sentido das palavras que a compoem). -
com maior ou mellor sucesso -
curriculum, e qualquer pode se introduzir
curriculum -
em qualquer
breve
pode se integrar em qualquer com fortunas
arvore. 0 breve e
0
diversas _ caracter mo-
vel da identificac;ao dos S,lheres. Esse funcionamento
gramatical
em dupla articula<,:ao e a mndi<,:ao de possibilidade
de uma pa-
dronizac;ao, de uma desterritorializa<,;ao, saber reconhecido. petencias, cia.
0
E inteiramcllte
outro
Especil' de fonema da identifica<,;ao das com-
breve represellta
do, indepcndellte
de uma virtualiza<,;ao do
virtual de competen-
uma particula
necess;lrio, portanto,
que ele seja estereotipa-
das pessoas, dos lugares ou dos estudos.
Por
l'lltra em novas combina<,;oes, e arrebatada
nUIll cOlltexto dado; ell' oferece uma imagem da atualizar;ao das competencias
pre singular em situac;ao.
Essa abordagem rosos problemas
sem-
de uma pessoa
e racional e pratica. Permite resolver nume-
que sao ao mesmo tempo prementes
e concretos.
capacidade
de interpretar
tidos que se pratica na linguagem
ou inventar sen-
e na tecnica, na bricolagem
e
na leitura. Assim como ha uma dialetica dos signos e uma dialetica das coisas, a dialetica das pessoas, por sua vez, nos obriga mutuamente a integrar
0
ponto de vista do outro, a significarmo-nos
camente nas negocia<,;oes, nos contratos, tados, nos acordos, locarmo-nos
recipro-
nas conven<,;oes, nos tra-
nas regras da vida publica em geral. Ao co-
(virtualmente)
no lugar do outro, entregamo-nos
ao
jogo dialetico da substitui<,;ao.
lado, um hras.lo lluma .'irvore exprime os saberes de urn
indivlduo
E a mesma
tcrogenese.
num processo de he-
Caberia falar da dialetiza<,;ao como de uma operac;iio ativa. Dialetizar,
como vimos, e organizar
redproca
de argumentos
uma correspondencia:
troca
entre sujeitos, mas tambem rela<,;iioen-
tre entidades
que se poem de subito a significar-se
Ao contrario
de uma grande divisiio entre os signos e as coisas, a
dialetica
virtualizante
estabelece
mutuamente.
rela<,;oes de significac;iio, de as-
No entanto, ela "cheira a enxofre" pela razao mesma que faz disso
sociac;iio ou de remissiio entre uma entidade e uma outra qualquer.
uma inven<,;ao: 0 reconhecimento
T oda coisa pode passar a significar; simetricamente,
desconectado
de qualquer
saberes. Sao os caminhos diferentes, variadas,
de aprendizagem
que fazem emergir visualizadas
das competencias
hipotese particular
e inteiramente
sobre a ordem dos
dos coletivos, sempre
classifica<,;oes de conhecimentos
depende
de uma inscri<,;iio flsica, de urn material
Arrastados
nesse processo
uma parte, permanecem
por arvores. Alguma coisa foi liberada.
dialetico,
uma imagem duplicada.
0
Ele envesga os olhos sobre
imagina como bastiio. 0 galho significa bastiio virtual. capacidade
homem, ao dialetizar, 0
0
de tor<,;iio, de desdobramento
real. Uma entidade
0
bastiio. 0 galho e urn nessa
ou de heterogenese
real, imersa em sua identidade
desprende subitamente
ve
galho e
Substituic;iio. Toda a tecnica esta fundada
os seres se desdobram:
por
eles mesmos, por outra, siio vetores de
identidade
seja precisamente
significar.
0 si e
0
0
fundamento
outro formam urn loop,
do
e sua fun<,;ao,
uma outra fun<,;iio,uma outra identidade,
de sua capacidade 0
interior e
0
de
exterior
a seu oposto, como num anel de Moebius.
A opera<,;iio dialetica funda ve urn galho. Reconhece-o pelo que
e. Mas a historia niio termina ai, po is
de expressiio.
urn outro. Com isso, ja nao siio mais eles mesmos, embora sua
pass am continuamente Urn homem pre-historico
cada signo
0
virtual porque abre, sempre de
uma forma diferente, urn segundo mundo.
0 mundo publico ou
religioso surge do proprio seio da intera<,;iio dos sujeitos privados que
0
social por sua vez produz. 0 tecnocosmo
complexifica<,;iio fractal da natureza.
0 mundo das ideias, enfim,
imagem das imagens, lugar dos arquetipos, numa face e reflete a realidade
o
cresce como uma
modela a experiencia
na outra.
segundo mundo de que falamos nao preexiste
dialetica, niio e, justamente,
a opera<,;iio
"real" e estatico. Ele nasce e renasce
sem cessar, semprc no esrado nascente ainda urn outro mundo -
e sempre como urn outro
de urn processo infinito de desdobra~
7. A VIRTUALIZA<;:Ao E A CONSTITUI<;:Ao
DA INTELIGENCIA DO SUJEITO
mento, de remissao e de correspondencia. As opera<;oes gramaricais de. No terreno flexihilizado
multiplicam
as graus de liberda-
pela gramatica,
cadeias de desvios e os processos
a dialerica impele as
rizomaticos
do sentido
abrin-
do assim 0 caminho aos mundos virtuais que a retorica habita e faz crescer com roda a autonomia. Gram,irica,
dialetica e retorica sucedem-se
Apos ter examinado,
apenas numa or-
dem logica de exposi<;ao. Nos processos concretos de virtualiza<;ao,
da virtualiza<;ao,
sao sil11ultaneas, ou mesmo puxadas
melhor, a surgimento
pela retorica.
A gramatica
substitui<;oes e correspondencias.
varei
de toda combinatoria,
de toda referencia,
tual como urn mundo autonomo.
para desdobrar
0
A retorica geral que invocamos
aqui reune as opera<;oes de cria<;ao do mundo humano,
tanto na
ordem da lingua gem quanto na ordem tecnica ou relacional: ven<;ao, composi<;ao, estilo, memoria, to, a cria<;ao situa-se alem da utilidade, dade. Mas
0
movimento
escava os atratores retorico,
que diz respeito
dis~oe tensoes e propoe
a<;ao.Jorro ontologico
a
inbru-
da significa<;ao ou da ver-
mesmo que carrega
e caminhos
vir-
essa positividade
que the cedem a passagem.
0 ato
essencia do virtual, coloca questoes,
finalidades;
ele as poe em cena, as poe
0 leitor
no capitulo
seguinte,
as operac;i5es seu objeto,
au
do objeto como conclusao da virtualiza<;ao.
Mas, a fim de chegar ate
separa seus objetos
precedente,
evocarei,
separa elementos e organiza seqiiencias. A diaIetica faz funcionar A retorica
no capitulo
0
objeto por uma progressao
logica, le-
a uma explora<;ao previa da virtualiza<;ao da inteli-
gencia. Tres temas serao entrela<;ados neste capitulo e no seguinte: a parte coletiva da cogni<;ao e da afetividade tao do "coletivo
pensante"
en quanta tal, e a inteligencia coletiva
como utopia tecnopolltica. inteligencia
pessoal, a ques-
A trama da questao do objeto e a da
coletiva so podera se justificar no curso da discussao
a segmr. Nos, seres humanos, ramentas.
jamais pensamos
As institui<;oes,
as llnguas,
sozinhos au sem fer-
as sistemas
de signos, as
tecnicas de comunica<;ao, de representa<;ao e de registro informam profundamente
nossas atividades
cognitivas:
toda uma socieda-
em Jogo no processo vital. A inven<;ao suprema e a de urn proble-
de cosmopolita
pensa dentro de nos. Par esse motivo, nao obstante
ma, a abertura
a permanencia
das estruturas
de urn vazio no meio do real.
profundamente proposito
historico,
neuronais
de base,
data do e situado,
0
pensamento
e
nao apenas em seu
mas tambem em seus procedimentos
e modos de a<;ao.
Se a coletivo pensa dentro de nos, pode-se afirmar que existe urn pensamento
atual, efetivo, dos coletivos humanos?
se falar de uma inteligencia pensamento
as no<;oes de pensamento de urn hipercortex
planetaria,
unificada
ou de urn
Ate que ponto e preciso redefinir
e de psiquismo
gruentes com as sociedades? problemas
sem consciencia
sem subjetividade?
Pode-
para que se tornem con-
Tornamo-nos, portanto
dizem, os neuronios
e urgente esclarecer esses
e marcar as diferen<;as entre especies de inteligencia co-
letiva, em particular as que separam as sociedades human as dos formigueiros e das colmeias.
o desenvolvimento
da comunica<;ao assistida por computa-
dor e das redes digitais planetarias urn projeto
0
ao enigma da hominiza<;ao.
Veremos
do mercado l'apll" 1 t~ 1 ,1
finalmente
chave da inteligencia coletiva, suporte
aparece como a realiza<;ao de
mais ou menos bem formulado,
na constitui<;ao dos coletivos inteligentes,
que
0ohj{'lo,
por excelencia da virtu"
lidade, opoe-se a coisa "real" como a seu duplo tenaz e perverso.
da constitui<;ao
deliberada de novas formas de inteligencia coletiva, mais flexiveis, mais democraticas,
fundadas
sobre a reciprocidade
das singularidades.
Neste sentido, poder-se-ia
cia coletiva como uma inteligencia distribuida
e
0
respeito
definir a inteligen-
LINGUA GENS, TECNICAS, INSTITUI<;:0ES
em toda parte, con-
tinuamente valorizada e sinergizada em tempo real. Esse novo ideal poderia substituir
a inteligencia artificial como mito mobilizador
do desenvolvimento
das tecnologias
digitais ... e ocasionar,
disso, uma reorienta<;ao das ciencias cognitivas, espirito e da antropologia nomia da inteligencia. Ao explorar
da filosofia do
os conceitos de
precedentes,
bem como a
por virtualiza<;ao. Tornaremos
a encon-
as opera<;6es de eleva<;ao a problematica,
desterritorializa<;ao, a virtualiza<;ao desde
e da exterioridade 0
Ap6s ter evocado
de
que foram associadas
cognitiva.
0
das tecni-
compatfvel
tentarei
e depois a completar
rito. Num terceiro momento, ligencia coletiva possibilitadas
formular
humanos
cole-
as concep<;6es darwinianas
A analise do funcionamento
descreverei as novas formas de inte-
a analise do operador
l11aquinas de interpretar,
heran~a de julgal11cntos implkitos
em fun<;ao de uma implica<;ao em comunidades
carregam
real ou imagivivas com suas
heran<;as, seus conflitos e seus projetos. Em plano de fundo ou em plano, essas comunidades
estao sempre presentes
no
quer elas forne<;am interlocutores,
intelectuais ou objetos de reflexao. Conhecimentos,
val ores e ferramentas 0
transmitidos
pela cultura constituem
caldo intelectual
individuais
0
con-
e moral a partir do qual os
se desenvolvem,
tecem suas pequenas
as vezes inova<;oes importantes.
primeiro lugar.
E impossivel
pendentemente
das lfnguas, linguagens
que herdamos
sobre os instrumentos,
exercermos
nossa inteligencia
em inde-
e sistemas de signos (no-
atraves da cultura
e que milhares
ou miJh()es de
outras pessoas utilizam conosco. Essas linguagens arrastam sigo maneiras de recortar,
"objeto"
de categorizar
e de perceber
con-
mundo,
0
contem metaforas que constituem outros tantos filtros daquilo que
toda uma
e de linhas de pensamento
sozinhos, mas sempre
ta<;oes cientfficas, c6digos visuais, modos musicais, simbolismos)
e as
do ciberespa<;o tera servido para pre-
parar a ultima parte, consagrada
No
implica uma
subestimada.
Iremos nos deter especialmente
do espi-
pelas redes digitais interativas
cognitivas
na corrente de urn dialogo ou de urn multidialogo,
varia<;oes e produzem
da
essas no<;6es por uma abordade interioridade
sao todos inteligentes.
Antes de mais nada, jamais pensamos
pensamentos
que elas abrem para uma evolu<;ao social positiva.
e dado e pequenas
os individuos
Na medida em que possuem es-
exercfcio de suas capacidades
texto nutritivo,
uma defi-
com a ideia de pensamento
gem afetiva, que de conta da dimensao
perspectivas
0
instrumentos
os temas centrais da ecologia ou da economia
tivo. Isto me levara a examinar inteligencia,
entanto,
menor de nossos pensamentos,
papel capital das linguagens,
Num segundo momenta,
ni<;ao do psiquismo
sas aptidoes,
primeiro
infcio deste livro.
cas e das institui<;6es na constitui<;ao do psiquismo individual, irei expor brevemente
de perceber, de lembrar, de apren-
der, de imaginar e de raciocinar.
nado. Nao exercemos nossas faculdades mentais superiores senao
de coloca<;ao em com urn, de constitui<;ao re-
cfproca da interioridade
conjunto canonico das aptidoes cog-
0
parte coletiva ou social geralmente farei trabalhar
virtual e de atual obtidos nos capitulos trar especialmente
Chamo "inteligencia"
nitivas, a saber, as capacidades
alem
para as questoes da ecologia ou da eco-
esses problemas,
teoria da antropogenese
A INTELIGENCIA COLETIVA NA INTELIGENCIA PESSOAL:
ja
Deste modo, mais uma vez, participamos que as produziu.
da inteligencia coletiva
e dado e pequenas
l11aquinas de interpretar,
heran~a de julgal11cntos implkitos
carregam
toda uma
e de linhas de pensamento
ja
Deste modo, mais uma vez, participamos
tra~adas. As Hnguas, as linguagens e os sistemas de signos induzem nossos funcional11cntos
intelectuais:
as comunidades
que os
Enfim, as institui~oes sobre
sa inteligencia possui uma dimensao coletiva consideravel
soa seja pesquisador
somos seres de Iinguagem. e os artefatos que nos cercam
a memoria longa da humanidade.
utilizamos,
recorremos
portanto
coletiva. As casas,
resumem linhas secu-
lares de pesquisa, de inven~oes e de descobertas. para produzi-Ios
de organiza~ao
maquinas
de perceber
Cristalizam igual-
0
em tres nlveis dife-
Diretamente,
lentes, micros-
0
alcance e transformam
mundo humano
socialmente
em troca, nossa inteligencia efeito, a dimensao
decidir
materiais
ga participar
compartilhados,
por metafora,fenomenos
corpo como uma especie de mecanismo,
hoje modelos computacionais
compartilhamos
e nos
aqui e agora. que nos cerca e que
pensa dentro de nos de mil maneiras
organ organiza iza<, <,:a :ao o dos conheci conhecime mento ntos, s,
0
mesmo modelo que
que 0
dos
as linguagens,
e altamente variavel e coletiva. Com
social da inteligencia
esta intimamente
as tecnicas e as institui~oes,
notoriamente
ligada diferen-
ou
da cogni~ao: Os arte-
de coisas e de ferramentas
bem de suas suas especi especies: es: gener generos os litera literario rioss
possui urn cerebro particular,
a
dos homens e sua inteligencia lon-
de nossa percep~ao do mundo,
o universo
assim
nos ofere-
Assim, Aristoteles refletia sobre a cau-
imenso trabalho
humanas
das pessoas que nelas participam.
tes conforme os lugares e as epocas.
Com as institui~oes coletivo enquanto
0
coletiva das comunidades
sao individuais e semelhantes (embora nao identicas). Pela cultura,
dimensoes
fatos fazem
aos ti-
outros membros de sua especie. Pela biologia, nossas inteligencias
representavam construlmos
Presidindo
as "regras do jogo" social mo-
a grosso modo, sobre
salidade a partir do exemplo do oleiro, as pessoas do seculo XVII 0
distintos.
de coordena~ao,
ou nossa maneira de per-
cern muitos modelos
partir dos quais podemos apreender,
de Esta-
ca-
os carros, os avioes ou
e artefatos
concretos,
em vez de uma
a natu-
(por exemplo) modificam profundamen-
cebe-Io. Enfim, os instrumentos
problemas mais abstratos.
e de memoriza~ao
Cada indivlduo humano se desenvolveu,
mundo, e em particular nossas rela~oes com
0
de aprendizagem
delam a inteligencia
tempo, de tal modo que se torna imposslvel
se eles transformam
chefe
cada uma, formas diferentes de inteli-
como as aptidoes cognitivas
reza de nossas percep~oes. Indiretamente,
0
do ou a Boisa encarnam,
sao tambem
que podem funcionar
intelectual
gencia coletiva, com seus modos de percep~ao,
nao sao apenas memorias,
meras, televisoes ete. estendem
o espa~o e
uma pes-
cientlfica, a Igreja, a burocracia
pos de intera~ao entre indivlduos,
c6pios, telescopios, raios-X, telefones, maquinas fotograficas,
te nossa rela~ao com
terceira. A comunidade
empregados
rentes: direto, indireto e metaforico.
as redes de computadores
Assim, conforme
em flsica de altas energias, sacerdote,
e de coopera~ao
efetivamente.
Mas as ferramentas
curso de nossos pensamentos.
cada caso, uma ou outra qualidade
Todas vez que os
a inteligencia
os carros, as televisoes e os computadores mente os tesouros
0
que
influem de modo determinante
de urn servi~o publico ou operador financeiro, sera favorecida, em
Por Olltro Indo, as ferramentas incorporam
sociais, leis, regras e costumes
regem nossos relacionamentos
forjaram e fizeral11 cYoluir lentamente pens am dentro de nos. Nosporque
da inteligencia coletiva
que as produziu.
ou artis artistic ticos, os,
coletivas da inteligencia
pos humanos
tal.
E posslvel,
do jogo",
individual
passamos
a inteligencia
com efeito, considerar
ou de ideias aparecem
do
os gru-
e morrem,
se
ou regridem, competem entre si ou vivem em simbiose,
conservam-se
ou transformam-se.
Nao falamos apenas das ideias,
diferentes.
representa~oes,
mensa gens ou proposi~oes
modos modos de
e as prime primeiras iras
formas formas de admini administra stra<,: <,:ao ao economi economica ca
tipos tipos de argum argument enta< a<,: ,:6es 6es ou de
das
como "meios" ecol6gicos ou economicos nos quais
especies de representa~oes propagam
e as "regras
individuais,
mastam-
centrali centralizada zada
(impost (imposto, o, gestao gestao de grandes grandes dominios dominios agricola agricolas). s). 0 aparecim aparecimento ento
bem de suas suas especi especies: es: gener generos os litera literario rioss organ organiza iza<, <,:a :ao o dos conheci conhecime mento ntos, s,
ou artis artistic ticos, os,
modos modos de
tipos tipos de argum argument enta< a<,: ,:6es 6es ou de
"logi "logica cas" s"
em uso, uso, estil estilos os e suport suportes es
huma humano no e
0
das mensag mensagens ens..
pa ko de uma uma econom economia ia
Urn Urn coleti coletivo vo
ou de uma uma ecolo ecologia gia cognit cognitii-
va no seio das quais evoluem evoluem especies especies de represen representa<, ta<,:6es :6es (Sperbe (Sperber). r). Formas Formas sIH:iai sIH:iais, s, institui institui<,: <,:6es 6es e tecnicas tecnicas modelam modelam cogni cognitiv tivo o
0
ambiente
e as prime primeiras iras
formas formas de admini administra stra<,: <,:ao ao economi economica ca
(impost (imposto, o, gestao gestao de grandes grandes dominios dominios agricola agricolas). s). 0 aparecim aparecimento ento do alfab alfabeto eto na Grec Grecia ia antiga antiga e contem contempor poril ilneo neo moeda, moeda, da cidade cidade antiga antiga e sobretud sobretudo o ao difun difundir dir-se -se
da emerg emergen encia cia da
da inven< inven<,:ao ,:ao da democrac democracia: ia:
a prati pratica ca da leit leitura ura,, todos todos podia podiam m
difusa difusao o dos livros livros e a propr propria ia
existe existenc ncia ia dos jornai jornais, s, fundam fundament ento o
tern mais mais chal1l'l' chal1l'l' dc se reproduz reproduzir ir que outros. outros. Entre Entre todos todos os fatores fatores
da opini opiniao ao public publica. a. Sem Sem ela, ela, as democr democrac acias ias
que coagel11 coagel11 a iUI-elig iUI-eligenci enciaa coletiva coletiva,, as tecnol tecnologia ogiass
nasci nascido. do. Por Por outro outro lado, lado, as grafic graficas as repres represent entam am
que
sao sao os sistcm sistcmas as de comuni comunica< ca<,: ,:ao, ao, de escri escrita, ta, de regist registro ro e de tratra-
tria tria de mass massa, a, e 0 desenvol desenvolvim vimento ento
tamento tamento cia informa informa<,: <,:ao ao desem desempenh penham am
recer receram am
urn papel papel consider consideravel avel..
De
foi urn urn dos motore motoress
fato, fato, certos certos tipos tipos de represen representa<, ta<,:6es :6es dificilm dificilmente ente
podem podem sobrevisobrevi-
audiovis audiovisuais uais
ver ou mesmo mesmo aparecer aparecer em ambi ambiente entess
de certas certas tecnotecno-
cipar ciparam am da eme emerge rgenci nciaa
logias logias intelec intelectua tuais is,, cognit cognitiva ivas". s".
desprovi desprovidos dos
ao pass passo o que prospe prosperam ram
em outr outras as "ecolo "ecologia giass
Por exemp exemplo, lo, as listas listas de nume numeros ros,,
conhec conhecim iment entos os
organi organizad zados os
de modo modo siste sistemat matico ico
os catalo catalogos gos,,
tomar tomar conhec conhecii-
mento mento das leis leis e discutidiscuti-las. las. A impressa impressao o tornou tornou possivel possivel uma larga larga
dc lalllH lalllHldo ldo que certos certos tipos tipos de ideia ideiass ou de mensag mensagens ens intelect intelectuais uais
centrali centralizada zada
os
nao pode podem m ser
do seculo seculo
moder moderna nass
nao teriam teriam
a prime primeira ira indus indus--
tecnocie tecnocientif ntifico ico
que elas favofavo-
da revolu revolu<, <,:ao :ao indu industr strial ial..
(radio, xx (radio,
As midi midias as
televisa televisao, o, discos, discos, filmes) filmes) parti-
de uma uma socied sociedade ade do espe espetac tacul ulo o
que subsub-
verteu verteu as regr regras as do jogo jogo tanto na vida vida polftic polfticaa quanta quanta no merca merca-do (publicidad (publicidade, e,
economia economia
da informa< informa<,:ao ,:ao e da comunic comunica<, a<,:ao) :ao)..
Impor Importa ta no enta entant nto o sublin sublinhar har que 0 aparecim aparecimento ento
ou a extenexten-
facilme facilmente nte transmi transmitido tidoss
em cultu culturas ras sem escrit escrita. a. Em troca, troca, as sociesocie-
sao de tecno tecnolog logias ias
dades dades orais orais favorece favorecem m
a codifica codifica<,:a <,:ao o das representa< representa<,:6e ,:6ess sob for-
te este este ou aquele aquele modo de conhec conhecime imento nto
ou de organiza organiza<,: <,:ao ao social. social.
Disti Distinga ngamos mos
as a<,: a<,:6esd 6esdee causa causarr ou de de
ma de narra narrativ tivas as,,
que pode podem m ser ser retid retidas as e transm transmit itida idass
mais mais fa-
intele intelectu ctuai aiss
portan portanto to
nao determ determina inam m
cuidad cuidadosa osame mente nte
cilme cilmente nte na ausenc ausencia ia de urn urn supor suporte te escrit escrito. o. Para Para tomar tomar um exemexem-
deter determi minar nar,,
plo mais conte contempor mporilne ilneo, o,
de outr outro. o. As tecnic tecnicas as nao determ determina inam, m,
se exprim exprimee
uma parte parte crescent crescentee de conhecim conhecimento entoss
hoje hoje por model modelos os digita digitais is inter interati ativos vos
que era eviden evidentem tement entee
impen impensav savel el
interfac interfaces es graficas graficas intuitiv intuitivas. as. valec valecem em nesta nesta ou naqu naquela ela dos de conhecim conhecimento ento estilo estilos, s, os crit criteri erios os
e sim simula ula<, <,:6e :6es, s, 0
antes antes dos comp computa utador dores es
com
Os tipos tipos de represen representa<, ta<,:6es :6es que prepre-
"econo "economi miaa
distinto distintoss
cognit cognitiva iva""
homens homens disp6em disp6em..
ter ter profun profundas das
sobre sobre a intelige inteligencia ncia
bem conhe conhecid cidos. os.
intel intelige igenci nciaa
das das quai quaiss some soment ntee
ou perc percebi ebido do
urn urn
pelos pelos atores atores sociai sociais. s.
poderpoder-sese-ia ia
dizer dizer que a tecni tecnica ca prop6e prop6e e que os
A no<,:ao no<,:ao de intel inteligen igencia cia
coletiva coletiva nao e uma uma simples simples metafometafo-
ra, uma uma analo analogia gia mais mais ou menos menos escla esclarec recedo edora, ra,
mas mas de fato fato urn urn
Recorde Recordemos mos
a esse esse respeito respeito
concei conceito to coeren coerente te.. Vamo Vamoss agora agora tenta tentarr const construi ruirr
tal concei conceito. to. PrePre-
0 nascim nasciment ento o
da escr escrit itaa esta esta
cisamos cisamos encontra encontrarr
ligado ligado aos prime primeiros iros Estados Estados burocrat burocraticos icos
de hierarqu hierarquia ia
cujo cujo slIi slIit' t'ito ito st'i st'iaa ao mcsm mcsmo o tempo tempo mult multipl iplo, o,
geneo, geneo, distribu distribufdo, fdo,
intelecintelec-
estrei estreitas tas rela<, rela<,:6e :6ess com as formas formas de
organiza organiza<,: <,:ao ao economi economicc as e polftica polfticas. s. alguns alguns exemplo exemploss
Abrem Abrem
coletiva coletiva..
de comunica comunica<,: <,:ao ao e as tecnolog tecnologias ias
tuais tuais sempre sempre estabe estabelec lecera eram m
possi possivel vel,,
que lhes correscorres-
de meios meios de comu comunic nica<, a<,:ao :ao podem podem
indir indireta etame mente nte
ou torna tornarr
elas elas cond condici iciona onam. m.
Se as tecnica tecnicass nao fossem fossem elas mesmas mesmas condensa condensa<,: <,:6es 6es da intelige inteligencia ncia
(mito, (mito, teoria, teoria, simula<, simula<,:6es :6es), ), com os intelect intelectuais uais ou
As infraest infraestrutu ruturas ras
numero numero e selec selecio ionad nado o
coleti coletiva va humana humana,,
pondem, pondem, de modo que as mudan<,: mudan<,:as as de tecnolog tecnologias ias repercus repercuss6es s6es
urn urn largo largo lequ lequee de nov novas as poss possib ibil ilid idad ades es pequen pequeno o
momo-
de aval avalia< ia<,: ,:ao, ao, os "valore "valores" s"
favor favorece ecem m
de urn urn lado, lado, e as de de cond condici iciona onarr
autom automati aticc amenamen-
t:oopt' t:oopt'rntivo!t r ntivo!t:om :ompeti petitivo tivo
piramid piramidal al
heter heteroo-
e que esteja estejacons constantan-
rame rament ntee
uma defini<,: defini<,:ao ao de urn "espiri "espirito" to"
comp compat ativ ivel el
com com urn urn sujei sujeito to cole coleti tivo vo,,
do ciberesp ciberespac;: ac;:o, o, poderia poderia em breve represen representar tar sistema sistemass darwinia darwinianos nos
capazes capazes de aprendi aprendizage zagem m
que seja seja inteiintei-
isto isto e, com com uma uma
0
mais mais novo novo dos dos
e de autoc autocriac riac;:ao ;:ao..
intel intelige igenci nciaa
cujo cujo slIi slIit' t'ito ito st'i st'iaa ao mcsm mcsmo o tempo tempo mult multipl iplo, o,
geneo, geneo, distribu distribufdo, fdo,
t:oopt' t:oopt'rntivo!t r ntivo!t:om :ompeti petitivo tivo
e que esteja estejacons constantan-
temente engajado 1H1Il1 prot't'SSo prot't'SSo auto-organizador auto-organizador
o conjunto
ou autopoietic autopoietico. o.
dessns t:Ol1dil,. t:Ol1dil,.Cll'S Cll'S l'limi l'limina na automatica automaticament mentee
los calculat calculatorio orioss
ou il1fol'1 il1fol'111;l 11;ltico ticosdo sdo tipo "maquin "maquinaa
que nao tern a propl'il propl'il'da 'dadt' dt'
heter heteroo-
os modemodede Turing" Turing",,
de autocri autocriac;: ac;:ao. ao.
lhores lhores candidat"o candidat"os, s, l'slwt l'slwt.'i .'iaIl1le aIl1lel1tea l1tea abordage abordagem m Eles Eles fazem fazem atuar atuar
"darwin "darwiniano ianos" s"
"darwin "darwiniana iana". ".
11111 11111 j.;l' j.;l'rado radorr de varia variabili bilidade dade
mutac mutac;: ;:oes oes gen gencti ctit: t:as, as, uso de lima lima nova nova conex conexao ao biente, biente, a maquina maquina
darwinia darwiniana na
tadas tadas pelo pelo gerador gerador.. populac; populac;:6es :6es provida providass apres apresent entam am
uma uma capaci capacidad dadee
mas mas ele ele e mais mais "inte "inteli ligen gente" te"
POI' POI'
nianas nianas (organiz (organizac; ac;:6es :6es que aprende aprendem, m,
que
0
anim animam am
dizage dizagem m indiv individu idual al..
a seu seu aminjeinje-
limi limita tada da pela pela viabiviabi-
se funcio funciona na
como uma maquina maquina
se as as empre empresa sass
e os concon-
forem forem,, pOl' pOl' sua sua vez, vez, maquina maquinass
darw darwii-
associa associac;:6 c;:6es es de consumidoconsumido-
res). res). Urn cerebr cerebro o e ao ao mesm mesmo o temp tempo o darwini darwiniano ano
etc. Acopla Acoplada da
e de autoc autocriac riac;:ao ;:ao..
em varias varias escalas escalas ou nfveis de criac; criac;:ao :ao encaixad encaixados. os. mercado mercado po de ser ser consi considera derado do
sumido sumidores res
inveninven-
mais mais novo novo dos dos
e ainda ainda mais mais inteli inteligen gente te
0
ou de novida novidade: de:
de repr reprodu oduc; c;:ao :ao dos indivf indivfduo duoss do novo novo carater. carater.
"fractal "fractalmen mente", te", POI'exemplo,
0
capazes capazes de aprendi aprendizage zagem m
darw darwini iniana ana
neuro neuronal nal,,
entre as nov novida idades des seleciona entre
Sua Sua escolh escolhaa e sobret sobretudo udo
lidad lidadee e a capac capacida idade de
A maq maquin uinaa
meme-
aplicam aplicam-se -se a populac populac;:6e ;:6es. s.
c;:6es,cr c;:6es,criac; iac;:uo :uo de empres empresaa ou de produtos produtos
sistema sistemass darwinia darwinianos nos
darwi darwini niana ana,,
Em trot: trot:n, n, os l1lodt l1lodt'l 'los os il1sp il1spira irados dos na biologi biologiaa parece parecem m definic; definic;:ao, :ao, os prindpio prindpioss
do ciberesp ciberespac;: ac;:o, o, poderia poderia em breve represen representar tar
0
resultad resultado o
de urn proces processo so
na escala escala da evoluc;:a evoluc;:ao o biologi biologicc a e na escala da aprenaprenAdem Ademai ais, s, ele integr integraa vario varioss tipos tipos de "popu "popu--
lac;:6esqu lac;:6esquee aprendem aprendem""
de escal escalas as diferen diferentes tes:: grupos grupos de neur6nio neur6nios, s,
mapas mapas extensos extensos de zonas zonas sensoria sensoriais, is,
sistema sistemass de regula regulac;:6 c;:6es es gloglo-
bais ete. (Edelm (Edelman, an, 1992).
ou das sub-
Os sistem sistemas as darwinia darwinianos nos nao nao dirigi dirigida da ou (0
de aprend aprendiza izagem gem
que da no no mesmo mesmo do ponto ponto de vista vista de uma uma teori teoriaa do espf espfrit rito) o) de uma capacida capacidade de
de autocri autocriac;: ac;:ao ao contfnu contfnua. a.
mutac;: mutac;:6es, 6es, das selec;:6e selec;:6ess e da transmi transmissao ssao dos, dos, as maqui maquinas nas
darwi darwinia nianas nas
arrast arrastam am
Pelo Pelo jogo jogo dialetico dialetico das dos elemento elementoss
selecion selecionaa-
consi consigo go seus seus ambi ambient entes es
Embora
0
fato fato de ser ser urn sist sistem emaa darwi darwinia niano no
dic;: dic;:ao ao neces necessar saria ia
seja seja uma concon-
para para ser ser urn urn espfr espfrito ito,, nao e, em nossa nossa opini opiniao, ao,
uma condic;:ao condic;:ao suficiente.
E na
inten intenci cion onal alid idad adee
ou no fato fato de se se
no caminho caminho de uma uma historia historia irrever irreversfve sfvel. l. As maquina maquinass darwinia darwinianas nas
refer referir ir a entid entidade adess
encarn encarnam am
como como nos debate debatess a favo favorr ou contra contra a inte inteli ligen gencia cia
a seu seu modo a memo memori riaa
Os prindp prindpios ios mo tempo tempo
a
des sa hist histori oria. a.
dores dores?? Nao, Nao, pois pois as maqu maquina inass
darwi darwinia nianas nas
cionam cionam em circu circuitos itos fechados fechados,,
sao pOl' definic definic;:ao ;:ao acoplad acopladas as
como como meios meios de dese desenvo nvolvi lvime mento nto
sumido sumidores res de bens), bens), ao psiq psiquis uismo mo ciedad ciedadee de pensam pensament entos os dpios dpios
indivi individua duall
das das repres represenen-
e de modul modulos os neuron neuronal. al.
capaze capazess de apre aprendi ndiza zagem gem
fusa, fusa, incons inconscie ciente nte,,
simula simulados dos
de conconcomo como soso-
aplic aplicam am-s -see
ao
lima lima dime dimensa nsao o
ela consti constitui tui -
e trad traduzi uzirr
0
organiza organizac;: c;:ao ao a histor historia ia
Dutro Dutro em si ou impli implica carr
em
de suas suas relac;:6 relac;:6es es com seu am-
biente. biente. Em compensa compensac;:a c;:ao, o, nada, nada, na definic;:a definic;:ao o geral geral das maquinas maquinas darw darwini inian anas, as,
imp imp liea liea nece necessa ssaria riame ment ntee
a experi experienc encia ia
subje subjetiv tiva, a,
dimensa dimensao o
a afetividade. Convem Convem distingu distinguir ir com cui dado entre entre a afetivid afetividade ade
genet genetico icoss
imagi imaginal nal'' que 0
ligado ligado ao meio meio tecno tecnolog logico ico
m{dtip m{dtipla, la, hetero heterogen genea, ea,
Sua Sua naturez naturezaa
a urn
que que os siste sistema mass
Os algori algoritm tmos os permi permite tem m
ambie ambiente nte.. sua propria propria
de modo modo algum algum fun-
segundo segundo os prinprin-
nao nao dirig dirigida ida podem podem ser, ser, junt junto o com seus seus
por por comput computado ador. r.
simbio simbiotic ticam amen ente te
riamen riamente te a consci conscienc encia ia -
cognit cognitivo ivos; s;
Acres Acrescen centem temos os
e divers diversos os siste sistema mass de "vid "vidaa artifi artifici cial" al" softw software are,,
enten entendid dido o
do cerebro, cerebro, enfim, enfim, compr compreend eendido ido
do darw darwini inism smo o
ambie ambiente ntes, s,
problema,
0
dos comp computa uta--
ecolo ecologia gia das das espec especies ies vivas, vivas, entre entre os grup grupos os humahuma-
tac;:6es, a economi economiaa de mercado mercado (populac (populac;:6e ;:6ess de produtor produtores, es,
funciona funcionamen mento to
ao espfri espfrito to que que estar estaraa
aplic aplicam am-se -se ao mesmes-
nos con consid sidera erados dos
dos siste sistema mass darwi darwini niano anoss
exteri exterior ores es
e humano humano
contra contra--
necess necessari ariaa do psiqui psiquismo smo
de inter interiori ioridade dade
e a consc conscien ienci cia. a. huma humano no
da sensac;: sensac;:ao, ao, isto e, em ultima ultima analise, analise,
Urn Urn espfri espfrito to pode pode ser ser incons inconscie cient nte, e,
rito rito de cert certos os anim animais ais,,
como como uma uma parte parte consi consider derave avell
e, confor conforme me verem veremos os,, como como os "espf "espfrit ritos" os"
de coletiv coletivos os intelige inteligentes ntes..
3. Uma Uma axiolo axiologia gia..
a
Quanto Quanto
a
afetivi afetividade dade,,
como como 0 espfdo espf espfrit rito o que emer emergem gem
que pode ser con-
As repres represent ent:ll :ll;ll ;lleS eS e as as zonas zonas do espa<;o espa<;o
psiqui psiquico co estao estao ligadas ligadas a "valor "valores" es"
positi positivos vos Ollnegativo Ollnegativoss segund segundo o
fusa, fusa, incons inconscie ciente nte,,
m{dtip m{dtipla, la, hetero heterogen genea, ea,
riamen riamente te a consci conscienc encia ia -
lima lima dime dimensa nsao o :Iextc :Iextcrio riorid ridade ade
do simp simple less meca mecani niSl Slll llO. O. lJll lJllll espir espirit ito o necessaria necessariament mentcc
contra contra--
necess necessari ariaa do psiqui psiquismo smo
e talv talvez ez ate sua essenc essenci:1 i:1.. Sell1afeti Sell1afetivid vidade ade,, retorn retornaa a insens insensibi ibilid lidade ade,,
ela consti constitui tui -
As repres represent ent:ll :ll;ll ;lleS eS e as as zonas zonas do espa<;o espa<;o
psiqui psiquico co estao estao ligadas ligadas a "valor "valores" es" difere diferente ntess
0 sistem sistemaa consid considera erado do
"siste "sistemas mas de mediJa mediJas". s".
positi positivos vos Ollnegativo Ollnegativoss segund segundo o Esses Esses valore valoress determ determina inam m
pismos pismos,, atra<; atra<;;oe ;oess e repuls repulsas as entre entre imagen imagens, s, polari polaridad dades es
e a disper dispersao sao ontolo ontologic gicaa
deve deve ser ser afet afetiv ivo, o, ele ele nao e
cOlIscil'l cOlIscil'l1l"e. 1l"e.1\ consci conscienc encia ia e 0 produt produto o
3. Uma Uma axiolo axiologia gia..
da sele<;; sele<;;ao, ao,
da lineariza<;a lineariza<;ao o e da da 1ll:lllif 1ll:lllifest:l est:ll;ao l;ao parcial parcial de uma afetivida afetividade de a qual ela deve tudo. tudo.
ou grupos de signos. signos. Os valores S:lOpor n:1l"lIrc n:1l"lIrczam<'>veis zam<'>veise mutamutaveis, embora embora alguns alguns tambcm possam possam delllonst delllonstrar rar 4. Uma Uma ener energe geti tica ca..
cert certas as liga liga<; <;oe oes, s, cria criarr outr outras as,,
psiq psiqui uism smo o
indi indi--
atrato atratores res))
ou, par par falta falta de "for "for<;; <;;a", a", perman permanece ecerr
vidual vidual qllant qllantll ll a lima lima intelig inteligcnc cncia ia coleti coletiva: va: urn conc conceit eito o de espi espiriri-
conjun conjunto to
to que seja seja inteir inteiram ament entee
por uma econo economia mia "ener "energet getica ica": ":
que que poss possaa se apli aplica carr tant tanto o a urn urn espi espiri rito to huma humano no compat compativc ivcll
Urn Urn pSiq pSiqll llis isll lllo lo inte integr gral al,, segu segund ndo o
quat quatro ro
pologi pologia, a, uma semioti semiotica, ca,
com urn sujei sujeito to coleti coletivo. vo.
port portan anto to
dimc dimcns nsoe oess
capa capazz de afe afeto to,, pode pode ser ser comp comple leme ment ntar ares es::
uma uma to-
uma axiolo axiologia gia e uma energe energetic tica. a. Ja evoevo-
quei quei essas essas quatro quatro dimens dimensoes oes no capit capitulo ulo sobre sobre a virtua virtualiz liza<; a<;;ao ;ao da desenv desenvolv olvo-a o-ass
par par uma uma cone conect ctiv ivid idad ade, e, <;;0"espec <;;0"especifi ifico: co:
sist sistem emas as de prox proxim imid idad ades es
associ associa<; a<;;oe ;oes, s, liga<; liga<;;oe ;oes, s, caminh caminhos, os,
tadore tadores, s, filtro filtros, s, paisag paisagens ens de atrato atratores res.. esta esta em tran transfo sforma rma<;; <;;ao ao consta constante nte,,
a cada cada instan instante te ou urn urn "espa "espa-portas portas,,
comucomu-
A topolo topologia gia do psiqui psiquismo smo
certas certas zonas zonas sendo sendo mais mais moveis moveis
2: Uma semioti semiotica. ca.
Hordas Hordas
mutant mutantes es
imag imagen ens, s, de sig signo nos, s, de men mensa sage gens ns
de toda todass as far farma mass e toda todass as
materi materias as (sonor (sonoras, as, visuai visuais, s, tateis tateis,, propri proprioce ocepti ptivas vas,, povoam povoam 0 espa<; espa<;;odas ;odas cone conexoe xoes. s. ao ocup ocupare arem m a pai paisa sage gem m
Ao circ circula ularem rem
as zonas zonas da topo topolog logia, ia, de atra atrato tore ress
psiq psiqui uico cos. s.
Por Por isso isso os signo signos, s, ou grup grupos os
te, as transf transform orma<; a<;;oe ;oess da conect conectivi ividad dadee
agente agentes. s. Simetr Simetrica icame menninflue influem m sobre sobre as popu populala-
<;;oes <;;oesde signos signos e de de imagens imagens.. A topol topologi ogiaa das conexo conexoes es
ou rela rela<;o <;oes, es, qualit qualitati ativam vament entee
os slgno slgnos, s, mensag mensagens ens
ou agente agentes. s.
pelos pelos caminho caminhoss
e ela ela mesma mesma 0 conjun conjunto to difere diferenci nciada adas, s,
entre entre
e
desloc deslocame amento ntoss
de
aquem aquem delas. delas. 0 ou imob imobili iliza< za<;;o ;;oes es
ou desinve desinvesti stimen mento to
em repr repree-
etc.
Result Resultaa do model modelo o que acabamo acabamoss
de esbo esbo<;; <;;ar ar em linh linhas as ge-
psiqui psiquico co e parale paralelo lo e distri distribui buido do
em vez
de seqiie seqiienci ncial al e line linear. ar. Urn afeto, afeto, ou uma emo<;a emo<;ao, o, pode ser defidefinido nido como como urn urn proc proces esso so ou urn urn acon aconte teci cime ment nto o
psiq psiqui uico co que que poe
em jog jogo o pelo pelo menos menos uma uma das das quatr quatro o dime dimens nsoe oess
que que acaba acabamo moss
topolo topologia gia,,
de
semiot semiotica ica,, axiolo axiologia gia e energe energetic tica. a. Mas, Mas, sensen-
do essas essas quat quatro ro dimens dimensoes oes mutuam mutuament entee
imanen imanentes tes,,
urn afeto afeto e, de
mais mais geral, geral, uma modifi modifica< ca<;;a ;;ao o do espirit espirito, o, urn difere diferenci ncial al
de vida vida psiquica psiquica..
Simetr Simetrica icamen mente, te,
a vida vida psiqui psiquica ca
manife manifesta sta-se -se
como como urn fluxo fluxo de afeto afetos. s. Esse Esse mode modelo lo,,
diagra diagramat matica icas) s)
hordas hordas de signos signos modifi modificam cam
de signos signos,, podem podem tambem tambem ser chamad chamados os
senta<;;oe senta<;;oes, s, conexo conexoes es
maneir maneiraa
de repres represent enta<; a<;;oe ;oes, s, de
a pai paisa sage gem m
psiqui psiquico co e assim assim irrigad irrigado o e animad animado o
taliza taliza<;; <;;oes oes de ener energia gia,, invest investime imento nto
mencio mencionar nar::
e out outra rass mais mais fixa fixas, s, algu alguma mass mais mais dens densas as e out outra rass mais mais frou frouxa xas. s.
topolo topologic gicas as
de far<;;as,fixa<;;a far<;;as,fixa<;;ao o ou mobiliza<;;a mobiliza<;;ao o de valores, valores, circula<;; circula<;;oes oes ou cris-
rais rais que 0 funcio funcionam nament ento o
agora agora mais mais extens extensame amente nte..
topologia. 0 psiqui psiquismo smo e estrut estrutura urado do 1.Uma topologia.
do funcio funcionam nament ento o
modi modifi fica carr
as
de um um grugru-
po de repres represent enta<; a<;;oe ;oess pode pode veneer veneer certas certas barrei barreiras ras (afr (afrou ouxa xarr
econom economia, ia,
lima estabilida estabilidade. de.
Os tropi tropisl sl1l 1los os Oll Oll valo valore ress asso associ ciad ados os
nao nao tem tem a vcr COll COllii 0 psil psilll llli lisl sl1l 1lo o do que que dar dar uma uma defi defini ni<; <;;a ;ao o do
anal analis isad ado o
entre entre zonas zonas
imagen imagenss podem podem ser intens intensos os ou fraco fracos. s. 0movi movime ment nto o
Intcrcssa Intcrcssa Illl'II0S II0S a nosso prop<'>sit prop<'>sito o decidir decidir 0 que tern e 0 que
trotro-
subl sublin inhe hemo mos, s,
e comp compat ativ ivel el
com com os lilt liltim imos os dado dadoss da psi psico colo logi giaa
cogn cognit itiv ivaa
que diz resp respeit eito o a organi organiza< za<;;a ;;ao o "seman "semantic tica" a" go praz prazo) o),,
com com as tese tesesp spri rinc ncip ipai aiss
esquiz esquizoan oanali alise, se,
sem contra contradiz dizer er
ao mesm mesmo o temp tempo o (em (em part partic icul ular ar
da memor memoria ia
da psi psica cana nali lise se,, tampou tampouco co
no
de lonlon-
e mesm mesmo o da
a experi experienc encia ia
intros intros--
pectiva pectiva ou a fenomenolog fenomenologia. ia. Ele e igualm igualment entee
compat compative ivell
com a abor abordag dagem em
darwin darwinian iana, a,
uma vez que que as configur configura<;;o a<;;oes es do espa<;;o espa<;;opsiqu psiquico ico abstrato abstrato de quatro quatro dimens dimensoes oes sao cont continu inuame amente nte
modifi modificad cadas as
par contrib contribui< ui<;;o ;;oes es "ex"ex-
teriores teriores"" e redistri redistrihlli hllidas das pelas pelas dinamica dinamicass proprias proprias do meio meio psiquico. psiquico.
-
conexo conexoes es,, remis remissoe soes, s,
E possivel
-
uma distri distribui bui<; <;ao ao de valore valoress posit positivo ivoss ou nega negativ tivos os sobre sobre
tra<;ar lima
C(
llTeSpondencia llTeSpondencia entre essas transforma<;oes transforma<;oes
consta constante ntess e os cfeito cfeitoss do "gerad "gerador or de vari varieda edade" de" winiana. winiana. Acoplado Acoplado ascII ascII ambiente ambiente,,
da maqu maquina ina dardar-
sistema sistema psiquico psiquico "selecio "seleciona" na"
0
dinami dinamicas cas afcti afctivas vas vi;lvc vi;lvcis is ao longo longo de uma uma histori histori a ou ou de uni caminho minho evolutiv evolutivo o irrcvlTs irrcvlTsivel ivel:: constitui<; constitui<;ao ao da "persona "personalida lidade" de"
in-
dividual dividual Oll colct colct iva, aprcll aprclldiza dizagens gens,,
de
linguagc linguagcns, ns,
illvcst illvcst i1l11'111 i1l11'111 os ou desinv desinvesti estiment mentos os
() psiqll psiqllism ismo o topologi topologi'l 'l
inven<;o inven<;oes, es, obsolesce obsolescencia ncia afetivos afetivos..
l'llll l'llllsti still llii ii lima lima interio interiorid ridade ade..
11.10t' 11111 rccipi rccipicnt cntcc neutro neutro,,
Com efeito efeito,, sua
dcnadas, Ill.ISSilll 1I111CSP;li;0 1I111CSP;li;qualitat q0ualitativo, ivo, diferenc diferenciado iado,, ranjos ranjos figllr;l figllr;ls/fu s/fulldo lldos. s. larell1 larell1 c povoa rCIll atualiza atualizarcm rcm
cujas cujas partes partes
figur figuras, as, ou ar-
Adclllai Adclllais, s, os signos signos e mensagen mensagens, s,
ao circucircu-
mutu mutuam amen ente te,,
ao
a COIH'cl cividadc, ilvidadc, forjam forjam igualmen igualmente te a interior interioridad idadee
do
espirito espirito.. POl'sua
cspa cspa\, \,o, o, ao se reme remete tere rem m
0
Vl"l.,
os valor valorcs cs se entre entre-de -deter termi minam nam
tema. tema. Enfim, Enfim, a cllcrg cllcrgia ia quc in'iga
zonas zonas e liga< liga<;oe ;oes, s, bem como como urn valor valor que emerge emerge
do conjunto; -
e enfi enfim m uma uma ener energi giaa dife difere rent ntem emen ente te
o
conjun conjunto to cia mensag mensagem em,,
e formam formam sissis-
espiri espirito to nao abando abandona na urn luga lugarr
0
rcferent rcferentes es
vilha vilhante nte e sua illtcri illtcriori oridad dadee chamento chamento.. exteri exterior. or.
Vimos Vimos que os psiqui psiquisll slllos los
winian winianas, as,
e,
isto isto
e
"a fetiv fetiva" a" nao
COIllO COIllO diz (;illcs (;illcs Delcuze, Delcuze, idcntifi idcntificamcam-se se
0
em absol absoluto uto
ferfer-
urn fefe-
inte interi rior or e uma uma dobr dobraa do
silo silo tambem maqui maquinas nas
dardar-
COIllurn COIllurn processo processo de trans transform formaa-
<;ao-tra <;ao-tradu<; du<;ao ao do outro outro elll lll11si, lll11si, Ulll si jamais jamais dcfiniti dcfinitivame vamente nte fechad fechado o mas sempre sempre em deseq desequil uilihr ihrio, io, acolhi acolhimen mento, to,
em posi< posi<;ao ;ao de aber abertur tura, a,
de que quem m a inte interp rpre reta ta..
Se
0
texto, texto, a mens mensage agem m
didos didos,, introd introduzi uzidos dos,,
assim assimila ilados dos
Urn sujei sujeito to transm transmuto utou u
e
de muta< muta<;ao ;ao;; urn si si cuja cuja ponta ponta fina fina
dade dade singul singular ar do process processo o genese genese.. Essa Essa abertu abertura ra aprend aprendiza izagem gem
e
0
talvez talvez a qualiquali-
de assim assimila ila<; <;ilo ilo do outro outro e de de heter heteroo-
come<; come<;aa na simple simpless sensa< sensa<;ao ;ao,, passa passa pela pela
dialog dialogo, o, culmi culmina na com
0
devir: quimeriza<;ilo quimeriza<;ilo ou
transi<; transi<;ao ao para uma outra outra subjetiv subjetividad idade. e.
o mode modelo lo
que que prop propus usem emos os
do psiq psiqui uism smo o
cfeito cfeito,, no caso caso de uma uma mensa mensagem gem comple complexa, xa, -
pode pode se apli aplica carr a
cado, transubstanciado,
Com
temos: temos:
uma uma cole<; cole<;ao ao de de sign signos os ou de compon component entes es
animado pe1a afetividade.
em ouro, ouro,
algo algo que nao nao se tran transf sfor orme me,,
da mensa mensagem gem;;
0 sujeito e urn
compreen compreen--
0
fisic fisicos os em
rei Midas Midas que nada
0
espir espirit ito o jamais jamais pode pode
exat exatam amen ente te
por por isso isso,, em
e dobras dobras de urn urn rico rico tecido tecido colori colorido: do: em afetos afetos.. 0que
movim moviment entos os
de diz dizer er aqui aqui das mensa mensagen genss
se aplic aplicaa preci precisam sament entee
da
mesma mesma manei maneira ra a todos todos os elem element entos os de noss nossaa experi experienc encia, ia, ao proproprio prio mundo. mundo. Para Para nos, nos, po proble problema matic tico, o,
0
mundo mundo,, nosso nosso mundo mundo humano humano,, e urn camcam-
uma uma confi configur gura< a<,:a ,:ao o dinam dinamica ica,, atrave atravess ssado ado
urn imens imenso o hiperhiperde tensoe tensoes, s, cinzen cinzen--
to e pouco pouco invest investido ido em cert certas as zonas, zonas, intens intensame amente nte
invest investido ido e lu-
xuosam xuosament entee
detalh detalhado ado em outras outras.. As proxim proximida idades des
geogra geografi ficas cas,, as
conexidad conexidades es
causais causais classicas classicas sao apenas apenas urn pequeno pequeno subconju subconjunto nto
das liga<,:oesde liga<,:oesde significa<,:ao, de analogi a e de circula<,:ao circula<,:ao afetiva que estrutur estruturam am partic particula ularr
urn texto, texto, urn fil filme, me, uma mensage mensagem m ou uma uma obra obra qualq qualquer uer..
espfrito
numa numa mater materia ia menta mentall e afetiv afetiva. a.
uma serie serie de aconte aconteci cimen mentos tos
mensage mensagem m signific significante ante,, ou melhor, melhor, assim assim como
acabam acabamos os
0
ou a obra obra funcio funcio--
nam como urn espiri espirito, to, e porque porque ja sao sao lidos, lidos, traduzidos traduzidos,,
texto texto em con con stant stantee metam metamorf orfose ose,, de
e que que remereme-
"reais", "reais", interpre interpretes. tes.
apre apreen ende derr
de uma uma multi multipli plicid cidade ade c a de
interp interpret retave avel) l)
A mens mensage agem m e ela ela mesma mesma urn agent agentee afeti afetivo vo para para
podia podia tocar tocar sem transf transform ormaa-lo lo
Mas a unida unidadc dc do psiquis psiquismo mo
significa-
uma uma especi especiee de
a seu exterior exterior para funcionar: funcionar: outras outras mensagen mensagens, s,
dena<; dena<;ao, ao, dc codcpcl codcpclld2 ld21lc 1lcia ia
no seio seio do psiquis psiquismo. mo.
a sua
se nos nos ativer ativermo moss
campo campo de for<; for<;aa instav instavel el (diver (diversam sament entee te evidente evidentement mentee
senao senao para para ocupar ocupar OUtTO, OUtTO,cOlHri c OlHrihui huindo ndo para para uma uma forma forma de coorc dc unidad unidadee
inve invest stid idaa em cer certa tass
liga<;oe liga<;oes, s, em em certos certos valores: valores: "linhas "linhas de for<;a" for<;a",, uma estrutur estrutura. a. <;ao, <;ao, funcio funciona na como como uma uma config configura ura<;a <;ao o dinam dinamica ica,,
urn sis sistem temaa puro puro de coor coor--
estuo estuo cm rel,H;; rel,H;;lo lo llll lllllas las com com as outr outras as e com compoe poem m
os eleme elemento ntos, s,
ecos ecos entre entre as partes partes da mens mensage agem; m;
universo 0universo
nosso nosso universo universo subjetiv subjetivo. o. do mundo mundo subjet subjetivo ivo que
cerca,
0
0
fisico fisico e urn caso caso
impre impregna gna e 0 susten-
ta. 0sujeit sujeito o nao e outra outra coisa coisa senao senao seu mundo mundo,, com a condi< condi<,:a ,:ao o de ente entende nder-s r-see
por este este termo termo tudo tudo
pouco pouco afirma afirmarr que apenas
0
linguagens, de no
0
psiqui psiquism smo o
0
que
0
afeto afeto envolv envolve. e. Assim Assim e
esta esta aberto aberto para para
0
exteri exterior; or; ele e
exterior exterior,, mas urn exterior exterior infiltra infiltrado, do, tensiona tensionado, do,
complicompli-
os artefatos e as institui<;:6es sociais que pensam dennj
do m do hu
as linha
cado, transubstanciado, mundo banhado
animado pe1a afetividade.
0 sujeito e urn
c,
identic;llllente,
bora esteja sell1pre conectado desdobra
os artefatos e as institui<;:6es sociais que pensam den-
tro de nos, mas
de selHido e de emo<;:ao.
A imagem qlle ;lcahamos de tra<;:ar da inteligencia do psiquismo
linguagens,
viva au
a do virtual. Por natureza, a seu corpo,
e em-
a sujeito afetivo se
pam fora do espa<;:ofisico. Desterritorializado,
dester-
0
conjunto
do mundo humano,
de desejo, suas polaridades
afetivas, suas maquinas
mentais hfbri-
das, suas paisagens de senti do forradas de imagens. Agir sobre seu meio, por pouco que seja, mesmo de urn modo que se poderia pretender
puramente
tecnico, material ou fisico, equivale a erigir
ritorializante,
ell' existe, isto e, cresce de fato para alem do "af".
o mundo comum que pensa diferentemente
o psiquisl11o,
pm constru<;:ao, transforma
nos, equivale a secretar indiretamente
a exterior em interior
com suas linhas
dentro de cada urn de
qualidade
subjetiva e tra-
(0 lado de denIm C lima dobra do lado de fora) e vice-versa, uma
balhar no afeto. Que dizer entao da produ<;:ao de mensagens
vez que
de re1acionamentos?
nllllHlo percebido esta sempre mergulhado
no e1emen-
0
to do afeto. Enfim, a paisagem psfquica tal como procurei creve-In
C:
des-
dOlordel11 da configura<;:ao dinamica. Ela e a propria vida
de Lllnn{) de fon,:as, de coen,:oes e de finalidades,
a intimidade
de
sando, tecemos
0
Eis af 0 no da moral: vivendo, agindo, pen-
tecido mesmo da vida dos outros.
E compreendemos
assim por que coletivos humanos enquanto
tais podem ser ditos inte1igentes. Porque
0
psiquismo
e, desde
um agregado de tensoes, a imagem do campo instave1 de atratores
infcio e por defini<;:ao, coletivo: trata-se de uma multidao
heterogcneos
nos-agentes
qlle define toda situa<;:ao problematica
o elemento
aberta.
psiquico oferece um exemplo canonico do virtual.
Como se atualiza esse virtual? Atraves dos afetos. Mais uma vez,
ou
em intera<;:ao, carregados
0
de sig-
de valores, investindo
com
sua energia redes move is e paisagens mutaveis. Os coletivos humanos
sao especies de megapsiquismos,
nao
as afetos designam aqui os atos psfquicos, seja qual for sua natu-
apenas por serem percebidos e afetivamente investidos por pessoas,
reza. A qualidade
mas porque podem ser adequadamente
de urn afeto depende do meio mental que the da
sentido e que e1e contribui para determinar. reciproca entre uma subjetividade
Devido
a
implica<;:ao
e seu mundo, as qualidades
afe-
mode1ados por uma topo-
logia, uma semiotica, uma axiologia e uma energetic a mutua mente imanentes. Mega-sujeitos
sociais, embora sem consciencia lineari-
tivas sao tambem dependentes das qualidades do ambiente, urn meio
zante, sao, enquanto tais, atravessados
de afetos. Urn imenso jogo
exterior que nao cessa de oferecer novas objetos, novas configura-
afetivo produz a vida social. Urn pa pel de sele<;:aoe de apresenta<;:ao
<;:6espraticas au esteticas a investir. Assim, nao existem limites a
seqiiencial desempenhado
priori para a ec1osao de novas tipos de afetos, como tampouco
de urn jeito au de outro nas coletividades
existem limites para a prodw;:ao de objetos au de paisagens ineditas.
religiosas au midiaticas que habitam em troca as sujeitos individuais.
Poder-se-ia mesmo falar de uma inventividade
Mas a compara<;:ao entre as servi<;:osprestados ao indivfduo par sua
<;:aoordinaria
afetiva. A c1assifica-
das emo<;:6es (medo, amor etc.) apresenta
portanto
apenas uma lista restrita e bastante simplificada dos tipos de afetos.
pela consciencia nas pessoas e cumprido
consciencia e aque1es que as mfdias centralizadoras
maneira
em diferentes
psiquismos
escalas de grandeza:
transindividuais
divfduos, modulos infra-individuais melhor, agora, par que a inteligencia e atra-
complementarl's
... ). (:ad;]
coletiva: e porque nao sao apenas as
11<')
Ollzona do hipercortex
coletivo con-
au as porta-vozes
que a inteligencia e fractal, au seja, se reproduz de
comparavel
sociedades, Compreende-se
polfticas,
prestam aos coletivos nem sempre e em prove ita destes ultimos.
E verdade
vessada de uma dimensao
por estruturas
xos" inconscientes), fra-individuais
agenciamentos
macro-
de pequenos grupos, in-
(zonas do cerebro, "completransversais entre modulos in-
de pessoas diferentes
(re1a<;:6essexuais, neuroses
Isto equivale a dizer, de uma maneira
mais trivial, que
0
complementarl's
... ). (:ad;]
Ollzona do hipercortex
11<')
tern por sua Vl'ZUIIIpsiquislllo
coletivo con-
vivo, uma especie de hipertexto
Isto equivale a dizer, de uma maneira homem e (antes de tudo) inteligente,
dinamico atravessoldo de leIlS()l'Se de energias tingidas de quali-
tivamente
dades afetivas, allillladas de tropismos,
menos que
agitadas de conflitos.
No
entanto, por sua lig;H,';]Oa llll1corpo mortal e a sua consciencia, persona manifl"sl a llllla IOllalidade psiquica e uma intensidade
tiva absolutallH'llle
afe-
sillglliares.
ha uma qualidade difundida em diversos
Em conlTaparlida, manas (e niio
111
ais os individuos) exemplificam
hu-
melhor que as ou-
todo do espirito coletivo, cada vez diferente-
0
tricamente,
para ela apenas numa fraca medida. no quadro
de imaginar,
estritamente
submetida
dade pode resolver problemas
dos
humanos,
os individuos
sistemas inteligentes.
Como as monadas
atuais de Whitehead,
as pessoas encarnam,
cada uma delas, uma
ligencia das sociedades
sele<;:ao,uma versao, uma visao particulares do psiquismo global.
do mundo comum ou
sos, evolutiva, 0
livres ou contratuais,
e
o estatuto funcionamento
das sociedades
pins. No entanto, as comunidades
de insetos: abelhas, formigas,
0
cu-
humanas diferem profundamentodas as outras, a in-
e
teligencia coletiva pensa dentro de nos, ao passo que a formiga uma parte quase opaca, quase nao holografica, do formigueiro
urn elo inconsciente
inteligente. Podemos usufruir inteligentemente
ligencia. Contemos ou refletimos parcialmente, uma pequenissima
do grupo. A formiga,
cada
LUll
difcrcntemente
que a compoem
0
das liga<;:oes,
que a tecem. Em troca, no qua-
especie de formigas,
0
funcionamento
do individuo
e resume
0
conjunto
num e noutro
tipo de sociedade
das diferen<;:as que os opoem. 0
papel de cada formiga estao definitivamente
veis. As formigas
(rainhas, operarias,
guerreiras)
selll perda. Em troca, as sociedades veniaI' novas categorias,
humanas
os individuos
nao cessam de in-
passam de uma classe a
pois cada individuo
humano
e de maneira criativa, para
parti-
SaGimuta-
das em castas e as formigas da mesma casta SaGintercambiaveis
a uma classe (ou a urn conjunto
beneficiaria,
ou as
(como as abelhas e os cupins) estao organiza-
e
social. Nao
fixados. No
os tipos de comportamentos
.\ sell pertencimento
em troca, tern apenas
mental. Obediente
rfgidas. A inte-
(IllITa e, sobretudo,
cipa somente as cegas dessa inteligencia.
contribuem,
Iligar e
que certos
e variavel e, no melhor dos ca-
cada urn a sua ma-
frui<;:ao ou visao da inteligencia
obtem dela um acrescimo
da
ou as burocracias
inte-
inteligencia coletiva, que aumenta e modifica nossa propria neira, a inteligencia
cristaliza
diferentes morfologias
Primeira diferen<;:a, da qual decorrem
ao passo que, entre os
fixo.
seio de uma especie particular,
te dos cupinzeiros.
originais,
gra<;:asa natureza dos individuos
do formigueiro evoca irresistivelmente
a uma programa<;:ao genetica -
humanas
dro de uma determinada
coletiva
as tecnicas, as que uma formi-
0
que e a outra face de uma mesma realidade,
geralmente
A no<;:ao de inteligencia
as linguagens,
SaGem geral mais inventivos
grupos tais como as multidoes
e,
e capaz de
e capaz de fazer. Entre os insetos, somente a socie-
SaG
de Leibniz ou as ocasioes
Vma
de fazer evoluir,
rela<;:oes sociais que vigoram em seu ambiente,
"hologrMicos"
SaGos mais holograficos
de uma cultura,
de inventar e finalmente
mente, elll cada uma de suas partes. Os sistemas inteligentes l' os grupos humanos
A formiga nao somente recebe
mesmo que muito modestamente, ga -
0
a formiga e, rela-
humano da inteligencia social, como tambem, sime-
contribui
dificilmente
0
estupida.
mulher ou urn homem, aprender,
graus em todos os tipos de espiritos mas que as sociedades tras: a de re f1clir
a
ao humano,
mais trivial, que
enquanto
proprio caminho
na verdade impossivel
1I11llldosafetivos e virtualidades 111.\)
e singular.
de aprendizagem,
reduzir uma pessoa
As pessoas,
encarnando
de classes), tendo seu
respectivamente
de muta<;:ao social (mesmo mini-
d iI'erentes, nao SaGintercambiaveis.
seio de coletividades desterritorializadas
E
Os individuos humanos
muito vastas que chama-
contribuem,
cada
difcrcntemente
LUll
e de maneira criativa, para
a vida da inteligencia colctiva que os ilumina em troca, ao passo
seio de coletividades desterritorializadas remos "comunica~ao
todos-todos".
nos chatsS
que uma formiga ohcdccc cegamente ao papel que the dita sua
na Internet,
casta no seio de
nicos, nos sistemas para 0 trabalho
vaslo tllccanismo inconsciente que a ultrapassa
LillI
tivos, nos groupwares,
absolutamentc.
muito vastas que chama-
E posslvel
experienciar
isso
(BBS), nas conferencias ou f6runs eletroou a aprendizagem
coopera-
nos mundos virtuais e nas arvores de co-
Certas civiliz~HJ)es,certos regimes pollticos tentaram
apro-
nhecimentos.
Com efeito, 0 ciberespa~o em via de constitui~ao au-
ximar a intcligencia coletiva humana da dos formigueiros,
trata-
toriza uma comunica~ao nao mediatica em grande escala que, a
ram as pcssoas como membros de uma categoria, fizeram crer que
nosso ver, representa urn avan~o decisivo rumo a formas novas e
essa redu<,:aodo humano ao inseto era posslvel ou desejavel. Nossa
mais evoluldas de inteligencia coletiva.
posi~ao filosMica, moral e polltica e perfeitamente gresso humano rumo
a
clara: 0 pro-
constitui~ao de novas formas de inteligen-
Como se sabe, os meios de comunica~ao classicos (relacionamento um-todos) instauram
uma separa~ao nltida entre centros
Esse
emissores e receptores passivos isolados uns dos outros. As mensa-
progresso deve, ao contrario, aprofundar a abertura da consciencia
gens difundidas pelo centro realizam uma forma grosseira de uni-
individual ao funcionamento
fica~ao cognitiva do coletivo ao instaurarem urn contexto comum.
cia coletiva se opae radicalmente
integra~ao e a valoriza~ao
ao p610 do formigueiro.
da inteligencia social e melhorar das singularidades
criadoras
a
que os
Todavia, esse contexto e imposto, transcendente,
nao resulta da
indivlduos e os pequenos grupos humanos formam nos proces-
atividade dos participantes
sos cognitivos e afetivos da inteligencia coletiva. Tal progresso de
do transversalmente entre os receptores. 0telefone (relacionamen-
maneira nenhuma e garantido,
esta sempre amea~ado de regres-
to urn-urn) autoriza uma comunica~ao reclproca, mas nao permite
saes. Antes de ser uma lei da hist6ria, trata-se de urn projet~ trans-
visao global do que se pass a no conjunto da rede nem a constru-
mitido, enriquecido,
~ao de urn contexto comum. No ciberespa~o, em troca, cada urn
reinterpretado
a cada gera~ao e infelizmen-
te suscetfvel de esclerose ou de esquecimento.
e potencialmente diferenciado,
no dispositivo, nao pode ser negocia-
emissor e receptor num espa~o qualitativamente
nao fixo, disposto pelos participantes,
Aqui, nao e principalmente
exploravel.
por seu nome, sua posi~ao geografi-
ca ou social que as pessoas se encontram,
mas segundo centros
de interesses, numa paisagem comum do sentido ou do saber. A reatualiza~ao
contemporanea
desse projeto passa prova-
Segundo modalidades ainda primitivas, mas que se aperfei-
velmente por urn usa judicioso das tecnicas de comunica~ao
de
~oam de ana a ano, 0 ciberespa~o oferece instrumentos
suporte digital. As tecnologias
de
tru~ao cooperativa
intelectuais
de reorganiza~ao
xx muta~aes
de urn contexto comum em grupos numero-
massivas
sos e geograficamente dispersos. A comunica~ao se desdobra aqui
as ecologias cognitivas estao em via
em toda a sua dimensao pragmatica. Nao se trata mais apenas de
comunica~ao conhecem neste fim do seculo e radicais. Em conseqiiencia,
e os dispositivos
de cons-
rapida e irreverslvel. A brutalidade
da deses-
tabiliza~ao cultural nao deve nos desencorajar de discernir as formas emergentes mais positivas socialmente e de favorecer seu desenvolvimento.
Como urn dos principais efeitos da transforma-
~ao em curso, aparece urn novo dispositivo de comunica~ao
no
5
Chat: servi<;ooferecido na comunica<;ao que permite a participa<;ao
simulranea, atraves de urn texto ou mesmo voz, de divers os usmirios em uma mesma conversa ou debate. (N. do revisor tecnico)
uma difusao ou de um transporte
de mensagens,
mas de uma in-
tera~ao no seio de uma situa~ao que cada urn contribui dificar ou estabilizar,
de lima negocia~ao
urn processo de reconhecimento pos via atividade jetiva~ao
parcial
partilha e
a
sobre significa~6es,
de
mutuo dos individuos e dos gru-
de comunica~ao.
0 ponto capital e aqui a ob-
do mundo virtual
de significa~6es
reinterpreta<,:ao dos participantes
comunica<,:ao todos-todos.
para mo-
a
entregue
nos dispositivos
de
Essa objetiva<,:ao dinamica de urn con-
texto coletivo e um operador
de inteligencia coletiva, uma especie
nomia do saber, que oferecern a cada participante vidade uma visao sintetica da variedade grupo e the permitem
reconhecer
de uma coleti-
das competencias
de seu
sob forma de imagem sua iden-
tidade em espa<,:os de saber. Nas arvores de conhecimentos, forma~ao e sempre apresentada visual figuralfundo, festando
0
em contexto,
segundo a rela<,:ao
a figura sendo a informa~ao
contexto.
a in-
e
Assim a me sma informa~ao
0
fundo mani-
oferece urn as-
pecto, uma imagem ou uma mascara diferente conforme se encontre num contexto
ou noutro.
Quanto ao contexto
(a arvore, suas
de liga~ao viva que funciona como uma memoria, ou consciencia
formas, suas cores), ele emerge dinamicamente
comum. Uma subjetiva~ao
dizagem e de transa<,:ao do saber cfetuados pelos participantes
e,
de maneira mais geral, dos corpus de informa<,:ao considerados
e
viva remete a uma objetiva<,:ao dina-
mica. 0 objeto comum suscita dialeticamente Vejamos
alguns exemplos
urn sujeito coletivo.
de tal processo.
A World Wide
dos atos de apren-
de sua utiliza<,:ao por uma comunidade.
Web, tal como foi descrita no capitulo 3, e urn tapete de sentido tecido por milh6es permanente
de pessoas e devolvido
sempre ao tear. Da
costura pelas pontas de milh6es de universos subje-
tivos emerge uma memoria dinamica, comum,. "objetivada", vega vel. Descobrem-se gem da atividade
na-
assim paisagens de significa<,:6es que emer-
coletiva nos MUDS (Multi-users
dungeons
and
A transmissao
e a partilha
velhas quanto a humanidade.
de uma memoria
Narrativas,
social sao tao
passes de magica e sa-
dragons), especies de jogos de papeis (role-playing games) em for-
bedorias
ma de mundos virtuais de linguagem,
das tecnicas de comunica<,:ao e de registro ampliou consideravel-
elaborados
em tempo real
passam de gera~ao a gera~ao. Entretanto,
por centenas ou milhares de jovens dispersos pelo planeta. De urn
mente
modo menos elaborado,
temos igualmente
cas, cinematecas).
secretadas
nas conferencias
coletivamente
de chat, ou os news groups da Internet, nha urn mapa dinamico nantes.
Nos melhores
similar a enciclopedias questions
e permitem
dos interesses
as memorias eletronicas
comuns
dos grupos
cuja lista mutavel desede comunidades
casos, esses dispositivos vivas. As respostas
vibrio-
constituem
aos frequently
algo asked
(FAQ) de alguns foruns eletronicos evitam as repeti~6es a cada urn inscrever-se
de conhecimentos
basicos sobre
sao assim incitados sivel na inteligencia Encontramos
a participar
0
no dialogo com urn minimo
tema em questao. Os individuos
da maneira mais pertinente
pos-
coletiva. mercados livres de uma nova eco-
Para alem da mcmoria, os softwares sao outros tantos microm6dulos cognitivos automaticos
alcance do estoque compartilhavel
que vem se imbricar ao dos hum a-
Hoje, a informa~ao
ciberespa<,:o em geral compreende territorializado igualmente
"estoque"
desmas
com capacidades
digitais disponiveis
sobre esse estoque, bade inferencia
coordenam
do oceano informacional.
posta em ato no ciberespa~o
autonomas
estaticos ou dinamicos,
de significa<,:6es compartilhadas jetivas variadas
0
para todas as simula~6es.
dessas massas de documentos
(dinamica,
Alem
paisagens
as estrutura~6es A memoria
emergente,
sub-
coletiva
cooperativa,
em tempo real por interpreta<,:6es) deve ser claramen-
te distinguida petencias,
nao apenas
discote-
on line ou no
de textos, de imagens e de sons habituais,
ses de conhecimentos e modelos
(bibliotecas,
disponivel
pontos de vista hipertextuais
retrabalhada
ainda as paisagens de significa~6es partilhadas
nas arvores de conhecimentos,
0
progresso
0
da transmissao
tradicional das narrativas e das com-
bem como dos registros estaticos das bibliotecas.
A imagem via satelite de nosso planeta, as informa<;6es que nos chegam por uma quantidade
de redes mundiais de captadores
Para alem da mcmoria, os softwares sao outros tantos microm6dulos cognitivos automaticos nos e que transformam de raciodnio,
que vem se imbricar ao dos hum a-
ou aumentam
suas capacidades
de imagina<;ao, de cria<;ao, de comunica<;ao, de apren-
duzido um novo programa, gencia. COIll cfcito, se nas
0
0
acentua-se
fornecimento
0
e
ma, propriamente,
pro-
car
de informa<;ao aumenta ape-
estoqu(' COIllUIll(ou enriquece sua estrutura<;ao),
0
progra-
representa urn acrescimo aos m6dulos operat6-
rios compartilhados.
A programa<;ao cooperativa
do software no
ciberespa<;o ilustra de maneira evidente a autopoiese
(ou produ-
<;aode si) da intcligcncia coletiva, especial mente quando
0
visa ell' pn'>prio a melhorar a infraestrutura
o ciherespa<.;o
favorece
as coordena<;6es,
a inimaginavel
antiquissima do, crepitante,
compativcis
e os gru-
dos m6dulos
de viver lima "virada"
cog-
capital.
pode-se
grande hiperc6rtex
de sua filha, Antropia.
de mergulhar 0
entusiasmo
no cerebro comum e dele participela Internet.
Navegar
no ciberes-
pa<;o equivale a passear urn olhar consciente sobre a interioridade 0
ronronar incansavel, as banais futilidades e as fulgura<;6es da inteligencia coletiva. 0 acesso ao processo intelec-
tual do to do informa menta em troca
0
0
de cada parte, individuo
do conjunto.
ou grupo, e ali-
Passa-se entao da inteligencia co-
letiva ao coletivo inteligente.
aumentar.
Sahe-se que em cada cpoca hist6rica os humanos sentimento
0
par que explica
as
numa paisagem virtual de in-
e sc a diversidade
a sua substancia,
Tanto quanta a pesquisa utilitaria de informa<;ao, e essa sen-
texto vivo for Illelhor compartilhado,
nitivos comuns ou mutuamentc
a Figura arcaica de Gaia. Face a
deusa, ainda misturada
agora quase ouvir ou ver pensar, crescendo a nossos olhos, rapi-
planetarias
teresses e de competcncias,
as rea<;6es da Terra, sua hist6ria,
de sua vida de uma infinita lentidao,
surgir, no espirito dos humanos
ca6tica,
pos puderem se situar mutuamente
intimidade
opaca, enorme e dispersa, tudo isso faz aos poucos surgir, ou res-
sinergias entre as inteligencias individuais, e sobretudo se urn conse os individuos
de redes mundiais de captadores,
que integral11 esses dados, as simula-
<;6esque nos deixam adivinhar
sa<;ao vertiginosa
programa
de comunica<;ao digital.
as conex6es,
nos chegam por uma quantidade os modelos informatizados
de calculo,
dizagem ou de "navega<;ao" na informa<;ao. Toda vez que
A imagem via satelite de nosso planeta, as informa<;6es que
tiveram
Isto relativiza
0
toda
Apesar de numerosos
aspectos negativos,
risco de deixar no acostamento
e em particular
0
uma parte des-
impressao da mesma ordelll que diga respeito ao perfodo contem-
qualificada
poraneo.
des novas, que fazem dele urn precioso instrul11ento de coordena-
Nao consigo porclll desfazcr-me
da ideia de que vive-
mos hoje uma muta<;ao maior nas forl11as da inteligencia va. A objetiva<;ao dinamica do contexto
el11ergente,
lhar em massa e sempre crescente de opcradores dos e a interconexao
coleti-
comparti-
0
cognitivos varia-
em tempo real independentemente
da dis-
da humanidade,
da auto-estrada
<;ao nao hierarquica,
raro em que se anuncia radamente
psiquismo de uma fra<;ao crescente da humanidade se diretamente
psiquismos
tornam-se qua-
sensiveis as pessoas. Algumas formas de mundos
virtuais permitem componentes
Os atos do
quase exprimir,
cartografar
em tempo real os
topo16gicos, semi6ticos, axio16gicos e energeticos de coletivos.
a padecer.
nova para orientar
De novo, a tecnica prop6e, 0
virtual
mas
deli be-
datado e urn virtual amea<;ador ou excitante, mediatico,
8. A VIRTUALIZAc;Ao
hoje. Esta e, a grosso modo, a tendencia
E A CONSTITUIc;AO
0
espetacular,
0
consumo
DA INTELIGENCIA DO OBJETO
ho0
de urn real
mas entre diferen-
tes concep<;oes do virtual. A alternativa e simples. Ou 0
0
(como se Fosse
do real!). A escolha nao e entre a nostalgia
<;aomercantil e a exclusao numa escala ainda mais gigantesca que das "supervias
uma cultura
mem disp6e. Cessemos de diabolizar
reproduzira
natural
com outros, aproveitar esse momenta
a evolu<;ao em curso. Raciocinar em termos de imp acto
e condenar-se contrario
de
de coletivos inteligentes.
das caracteristicas
acuidade de sua reflexao nas inteligencias individuais.
proprieda-
de navega<;ao nos saberes e de autocria<;ao
Proponho, juntamente
tancia geogratica parecel11 refor<;ar mutual11ente seus efeitos. Uma mais salientes da nova inteligencia coletiva e a
ciberespa<;o manifesta
de sinergiza<;ao rapida das inteligencias,
troca de conhecimentos, deliberada
0
0
ciberespa<;o
de informa-
<;aomercantil e a exclusao numa escala ainda mais gigantesca que
8. A VIRTUALIZAc;Ao
hoje. Esta e, a grosso modo, a tendencia
E A CONSTITUIc;AO
da informa<;ao" as tendencias projeto
natural
ou da "televisao interativa".
das "supervias
DA INTELIGENCIA DO OBJETO
Ou acompanhamos
Illais positivas da evolu<;ao em curso e criamos urn
de civiliza<,:ilo centrado
sobre os coletivos
recria<;ao do vinculo social mediante
trocas de saber, reconheci-
mento, cscuta e valoriza<;ao das singularidades, direta, mais pa rticipativa,
inteligentes:
enriquecimento
democracia
mais
das vidas individuais,
invenc,:ao de formas novas de coopera<;ao aberta para resolver os terrfvcis problemas das infracstrutums
que a humanidade informaticas
deve enfrentar,
disposi<;ao
e culturais da inteligencia coletiva.
o problema
da inteligencia
coletiva e simples de enunciar
mas diffcil de resolver. Grupos humanos te mais inteligentes,
mais instruidos,
podem ser coletivamen-
mais sabios, mais imagina-
tivos que as pessoas que os compoem? Nao apenas a longo prazo, na dura<;ao da hist6ria tecnica, das institui<;oes e da cultura, aqui e agora, no curso dos acontecimentos Como coordenar
as inteligencias
para que se multipliquem
umas atraves das outras ao inves de se anularem? duzir uma valoriza<;ao redproca, ;
II: I'~
Ha meio de in-
uma exalta<;ao mutua das capa-
:~
cidades menta is dos individuos em vez de submete-las
iil:
ma ou rebaixa-las
!i!11
IIII~
interpretar
ao menor denominador
a uma nor-
comum? Poder-se-ia
toda a hist6ria das formas institucionais,
e das tecnologias
cognitivas como tentativas
das linguagens
mais ou menos feli-
zes de resolver esses problemas.
'
Pois se as pessoas sao todas inteligentes grupos decepcionam
dao, as inteligencias
com freqiiencia.
a sua maneira,
os
Sabe-se que, numa multi-
das pessoas, longe de se adicionar,
se dividir. A burocracia
mas
e dos atos cotidianos.
tendem a
e as formas de organiza<;ao autoritarias
asseguram uma certa coordena<;ao, mas as custas da supressao das iniciativas
e do aplainamento
das singularidades.
Sem duvida, boas regras de organiza<;ao e de escuta mutua sao suficientes para a valoriza<;ao redproca pequenos
zena de milhares de pessoas, tao do humano
tempo inevit,lvcis. Tra<;o aqui a hipotese, em concordancia
com
das inteligencias
grupos. Mas acima de uma ordem de grandeza a planifica<;ao hierarquica
por categorias
de massa pareceram
nos
da dee a ges-
por muito
capacidade de produzir coletivos inteligentes. Nao nego a existencia
tempo inevit,lvcis. Tra<;o aqui a hipotese, em concordancia urn numero crcscclltl' de atores politicos, econamicos
condenava
distribuis;ao
Por quc
que
em toda parte sera sempre mais eficiente que uma sociedade inte-
a formas de organizas;ao
po-
ligentemente
"mundo
da cultura",
no sentido burgues do ter-
filosofia, a literatura e as belas-artes,
,1
tempo tal atrativo?
Provavelmente
maneira clitista c impcrfeita,
porque
fors;a. Pois uma sociedade inteligente
dirigida. 0 problema
nao
e
decidir entre ser a favor
ou contra a inteligencia coletiva, mas escolher entre suas diferentes
dos coletivos inteligentes.
0
a
de cartas antropologica
poderiam
mo, ou scja, os grupos human os que produziram cieJlcia,
das relas;oes de poder ou de dominas;ao, tento apenas designa-Ias
e artisticos,
pelo que sao: obstaculos
as gr;llldcs coletividades
liticas muito afastadas
capacidade de produzir coletivos inteligentes. Nao nego a existencia
mO-
que as tecnicas dc cOlllunicas;ao contemporilneas dificar a antiqi'lissima
com
e desfrutaram
a
exerceu por tanto
a
se aproximou,
de urn ideal da inteligencia
sua
formas. Emergente ou imposta de cima? Respeitosa das singularidades ou homogeneizante?
Inteligencia que valoriza e poe em sinergia
a diversidade dos recursos e das competencias ou que os desqualifica em nome de uma racionalidade
ou de urn modelo dominante?
coletiva.
Eis algumas das normas sociais, valores e regras de comportamento que regeriam (idealmente) manente
das obras
constante
0
mundo da cultura: avalias;ao per-
pelos pares e pelo publico,
da herans;a, inaceitabilidade
dade, incitas;ao a enriquecer competitiva,
0
educas;ao contInua
lorizas;ao do julgamento
a
encorajamento
do argumento
patrimanio
a
com urn, cooperas;ao
a
inovas;ao,
Como, portanto,
de autori-
do gosto e do senso crltico, va-
pessoal, preocupas;ao
imaginas;ao,
reinterpretas;ao
com a variedade,
pesquisa livre. Tere-
rente
a
passar da inteligencia
condis;ao de humanidade,
otimizam
deliberadamente
seus recursos intelectuais
ra? Como fazer sociedade de maneira va ,sem no entanto
fundar
ro, nem sobre urn mecanismo
contemporilneo
com uma revelas;ao transcendente
namento
quando passarmos
a par em pratica urn funcio-
"culto" fora dos domlnios e dos meios restritos onde este
geralmente
se instala.
Urn dos melhores
entre esse mundo da cultura e os coletivos inteligentes e seu compromisso
(de princfpio)
de colocar
0
poder entre parenteses.
ideal da inteligencia coletiva nao e evidentemente e as artes no conjunto
da sociedade,
tempo outros tipos de conhecimento nhecer que a diversidade
exclusao, pode e deve ser considerada,
difundir a ciencia
desqualificando
ao mesmO
ou de sensibilidade.
das atividades
humanas, tratada,
E reco-
sem nenhuma
vivid a como "cul-
tura", no sentido que acabamos de evocar. Em conseqiiencia, ser humano
poderia,
urn pesquisador
deveria ser respeitado
numa republica
0
cada
como urn artista ou
Tal program a soa ut6pico. No entanto, a chave da fors;a econamica,
politica ou mesmo militar reside hoje precisamente
ta, e certamente
na
vitimizador,
6dio ao estrangei-
0
nem sobre a relas;ao
ou com urn chefe providencial?
alienante?
Tal regime nao se decre-
requer mais do que boa vontade.
Michel Serres nos ensinou a ler nos estadios alguns teoremas de antropologia
fundamental.
ou de rugby. Escutemos quibancadas.
Seja dada uma partida
primeiramente
Os torcedores
0
da mesma equipe gritam quase todos
viduos mal se distinguem, historia
ou memoria,
irreverslvel.
cidade de aprendizagem, amente pequena,
Os atos dos indi-
nao chegam a se entrelaS;ar para fazer
nao se entrosam
0 indivlduo
de futebol
som que sobe das ar-
juntos as mesmas coisas no mesmo momento.
em nenhuma
bifurcas;ao
e afogado na massa dos torcedores,
ruldo de fundo da multidao.
dos esplritos.
aqui e ago-
Como par em sinfonia os atos e os recursos das pessoas sem submete-Ias a uma exterioridade
sinais da proximidade
ineque
flexlvel, intensa e inventi-
coletivo sobre
0
mos comes;ado a resolver numerosos problemas cruciais do mundo
e
coletiva, que
aos coletivos inteligentes,
no
Ora, a inteligencia dessa massa (capa-
de imaginas;ao, de raciocfnio)
e
notori-
quer se manifeste no estadio ou na saida.
Vejamos agora
que se passa no campo. Cada jogador efe-
Sagazes, os jogadores fazem da bola ao mesmo tempo urn indi-
distintas dasdos
cador que gira entre os sujeitos individuais,
0
tua a~6es nitidamcnte
a~6es visam a coordena~ao,
tent am se responder,
sentido umas em rcla~ao as outras. trariamente
aos dos torcedores,
va, orientam,
outros. Todavia,
querem
fazer
a cada urn designar cada urn, e
Os atos dos jogadores,
con-
mica do sujeito coletivo. Consideraremos
intervem numa historica
cada urn diferentemente,
ainda nao dccidida. sam, arriscam.
todas as
0
coleti-
cursu de uma partida
As equipes empregam
estrategias,
improvi-
tipo do objeto-liga~ao,
0
urn vetor que permite
objeto principal,
a liga~ao dina-
a bola como urn proto-
do objeto catalisador
de inteligencia cole-
tiva. Fa~o a hipotese de que tal objeto, que chamarei
doravante
e
por conven~ao simplesmente
a abjeta, e desconhecido
dos animais.
Os mamiferos superiores, e mais particularmente
os primatas
Cada urn dos jogadores deve estar atento nao ape-
nas ao que fazem seus adversarios
mas igualmente
ao que se tra-
ma em seu proprio campo, para que os movimentos
efetuados por
seus companheiros "constroi" .
nao tenham sido tentados
Os espectadores
nao podem agir sobre
em vao. 0 jogo se
0
espetaculo
que os
sociais de que descendemos,
nao tern objetos.
Claro que conhe-
reune, todos tern a mesma fun~ao face ao ponto alto, ou ao pon-
cern as presas, como todos os animais. Num certo sentido, a pre-
to baixo, de qualquer
sa e urn proto-objeto.
maneira fora de alcance, que e
elo (0 espetaculo
do jogo) e transcendente
que comp6em
coletivo. Nas arquibancadas,
0
ser a favor e contra, os outros. No campo, adversario.
em rela~ao as pessoas fazer sociedade
torcer por urn time, aplaudir
presa capturada e
os seus, vaiar
A ca~a pode dar ensejo a coopera~ao.
suscita rivalidades
fato, urn operador
primitivo
na-se a ser devorada,
nao e suficiente
detestar
time
0
estuda-lo, adivinha-lo, preve-lo, compreende-
e preciso coordenar-se
com a propria
A
ou com bates. Assim ela e, de
de socializa~ao.
incorporada,
Mas a presa desti-
reabsorvida
sujeito. Acaso vemos os jogadores
ao contrario,
E preciso
10. Sobretudo
campo. 0
0
lacerarem,
finalmente
num
dividirem entre si e
depois comerem a bola que pegaram? Os animais conhecem tambem rela~6es fortes com os terri-
equipe em
t6rias,
cada sociedade
seu contra
a invasao
dos
tempo real, reagir de maneira fina e rapida "como urn so homem",
outros.
A sociedade animal define sua identidade
sobretudo
por
embora sejam varios. Ora, essa sinergiza~ao espontanea
sua rela~ao com urn territorio
petencias
das com-
e das a~6es so e possivel gra~as a bola. No campo,
media~ao social abandona
sua transcendencia.
a
A liga~ao entre os
defendendo
0
particular.
Os caes, os gatos e nu-
merosos outros animais marcam seu territorio poral. As aves
0
com seu odor cor-
ocupam por meio de seu canto. Por que
individuos cessa de estar fora de alcance, ela se estabelece, ao con-
torio ainda nao e urn objeto? Porque ele funciona
trario, entre as maos (ou os pes) de todos. A animada
apropria~ao
jogadores
se organiza
unidade dos
em torno de urn objeto-liga~ao
imanente.
ou da identifica~ao
Jogador plantando
sua posse exclusiva. 0 verdadeiro
que designa sucessivamente
aquele que renunciou
grupo,
0
cada urn como piv6 transitorio
grupo inteligente dos jogadores
rencia. Os espectadores nao tern necessidade chines diz que
0
tern necessidade
de espectadores.
do
e em si sua propria refe-
declarou
seu papel antropologico,
Semi-sagaz,
dedo mostra a lua e que
0
urn proverbio
idiota olha
0
dedo.
no modo da
sobre uma bola e pretendendo fundador
da sociedade civil foi
a encerrar uma por~ao do universo ffsico e
de jogadores,
as equipes
terri-
exclusiva. Voce jamais vera urn
sua bandeira
Passando pelo desvio de urn ser que circula, de urn centro movel
0
pela primeira vez: isto e urn objeto. Para desempenhar 0 objeto
de sujeito a sujeito, e subtrair-se
deve passar de mao em mao,
a apropria~ao
tifica~ao a urn nome, a exclusividade
territorial,
ou a exclusao.
a iden-
Os primatas
sociais, enfim, conhecem
de dominancia, qut' desempenham
tambem
as rela~oes
urn papel essencial na regula~ao
de suas intera<,:()t's. Notemos alias que as rela~oes estaveis de domina~ao, com grad,l~'()eS de postos e hierarquias entre os vertehmdos.
Nao as encontramos
sutis, so existem
entre os insetos sociais
que, em troca, conhecem a polietia (comportamentos cos segundo
;IS
castas) e a polimorfia
muito tfpi-
(diferen~as anatomicas
em
A bola ilustra maravilhosamente
0
tfpica de sua fun~ao de hominiza~ao, cial para
jogo e uma das principais
0
algo analogo.
c,:oesde combate,
quicas, que escapam
genetica,
xuais que poem os corpos diretamente
a programac,:ao
ser associadas
abertos.
se decidem
com
Elas devem certamente
com as aptidoes a autonomia
individual
objetos, que correspondem tao bem representado
sideram iguall11ente como urn modo de regula~ao da agressividade
menta,
rante os trabalhos
que e muito raro entre os insetos. 0 indivfduo dominante
exerce
mitem e sao transformadas
uma func,:ao de unifica~ao e de coordenac,:ao da sociedade
ao ini-
~ao, cada elo da corrente
bir a agressividade
dos indivfduos
migra~ao). De novo, nem
0
sujeito dominante,
misso sao objetos. No entanto, a rela~ao de dominancia, centro
da aten~ao.
subordinado
entre si, ao polarizar nem
0
sujeito sub-
por ser ao mesmo tempo
ou a vitima, mas virtualizando-os.
(entre as equipes) igualitaria
submissa
ela substitui
Num certo sentido,
rio, uma rela~ao cooperativa
(cac,:a,
a bola tern alguma afinidade com
uma rela~ao estavel de dominancia,
0
(na mesma
chefe,
e 0
Longe de fixar
a bola mantem,
ao contra-
equipe) e competitiva
e sempre aberta.
Claro que 0 jogo
sagra campeoes e deixa vencidos, mas esses estatutos nas entre as partidas. Nenhuma hierarquia o jogo: a circula~ao da bola as suspende. A rela~ao com
a aten-
ao impor as grandes orienta~oes
duram ape-
institufda pesa durante
cadaver
material ou
durante
0
0
territorio.
0 idiota olha
0
dedo e inventa
0
objeto.
de boca a ouvido e de gera~ao a geraescutando
e contando
tes nao requerem
coletiva. A inteligen-
no que diz respeito as ferramentas;
comentario
e menos imediato. agora chamamos inteligencia
por sua vez; 0
a
coletiva dos mitos, das lendas e do f6lclore no que Esses dois casos eviden-
particular.
0 despojo
0 exemplo
do cadaver
mortal remete ao ritual e ao que
de religiao, formas arcaicas mas poderosas
coletiva. Durante
os funerais,
0
da
grupo gira em torno
de seu morto, cerca-o, lava-o, veste-o, chora-o, reconstroi-o atraves dos panegfricos,
toca-o pOI' meio de flores ou punhados
de terra
enterra-o ou queima-o. Mesmo impuro ou intocavel,
o morto ritualizado, funebre que faz dele
circunscreve
imemoriais que se trans-
diz respeito a circulac,:ao das narrativas.
cializa~ao.
indica a presa ou
que pass am de mao em mao du-
objeto atraves de seu poder de catalise das
cia tecnica e a coopera~ao
lac,:oesde predac,:ao, de dominancia e de ocupa~ao exclusiva. 0 dedo sujeito dominante,
artefato
a ferra-
e apos os ritos funerarios.
designa a vitima, mostra
0
0
rela~oes sociais e de induc,:ao da inteligencia inventividade
outros tipos de
em maior ou menor grau ao tipo ideal
coletivos; as narrativas
Reconhece-se
interpostos,
objeto resulta de uma virtualizafao das re-
0
em contato sem passar por
pela bola. Citemos em particular:
entre memhn·)s do mesmo grupo social, urn tipo de agressividade
~ao dos outros membros,
ou de rela~oes se-
objetivo. Mas ha evidentemente
cada dos l11al11iferosem rela~ao aos insetos. Os etologos as con-
0
com uma bola ou com
de predac,:ao, de domina~ao
urn intermediario
mais mar-
espe-
de nossa es-
Os jogos animais sao na maioria das vezes simula-
As rela~oes sociais hierar-
atraves de combates
ja que uma aptidao caracterfsticas
pecie. Nenhum animal joga coletivamente
func,:iio da divisiio social do trabalho). freqiicncia
conceito de objeto. Ela e
objetivado,
Ao contrario, 0
se
0
permanece cadaver
urn operador
de so-
nao e levado a urn jogo
objeto de urn coletivo,
uma simples coisa, se a carne em decomposi~ao
se e tratado
como
nao e virtualizada
como corpo do morto, isto e 0 sinal certo da desintegrac,:ao de urn grupo, de sua desumanizac,:ao.
cadaver min
a virtualiza~ao
ia ao objet
original,
a transi~ao
ificad
do chef
do sujeito da doio do v
E tentador
se ha vagos esbo~os de ferramentas,
ver na rela~ao com
de linguagens
ou de ritos
0
cadaver
a virtualiza~ao
original,
a transi~ao
minancia ao objeto: corpo mumificado cido convertido desempenha
do sujeito da do-
do chefe ou cranio do ven-
em trofeu. A cabe~a reduzida
efetivamente
urn papel complexo
coletivo, seria uma especie de precursor
dos jivaros,
que
de refunda~ao
do
monstruoso
se ha vagos esbo~os de ferramentas, funerarios las
a
em certas sociedades
de linguagens
animais,
ou de ritos
nada se assemelha
ne-
moeda e menos ainda ao capital.
da bola?
A comunidade
cientifica
e urn outro exemplo
de coletivo
inteligente unido pela circula~ao de objetos. Esses objetos sao, em A moeda no regime capitalista
constitui certamente
urn dos
principio,
"estudados
por eles mesmos",
de urn modo desinteres-
objetos mais eficazes. Se cada urn guardasse seu dinheiro num cofre
sado: isto equivale a dizer que nao sao nem territorios,
pessoal,
nem sujeitos submissos
jogo economico contemporaneo
ca e completamente. terra, nenhuma
Em troca, se cada proprietario
conseqiiencia
cultura. Fluida, partilhavel,
It
rit6rio.
se desmantelaria
0
segundo
0
0
catastr6fica
anonima,
0
conservar sua
resultaria
para a agri-
a moeda e a antitese do ter-
que exprime de maneira figurada
qual
brus-
0
famoso proverbio
dinheiro nao tern cheiro. Nenhum individuo, por
mais malcheiroso
que seja, pode marcar
0
dinheiro com sua iden-
tidade ou com seus atos. A moeda nao existe enquanto
tal e nao
de uma dinamica manifesta~oes
ou reverenciados.
de inteligencia
particulares
T ais objetos emergem que virtualiza certas
coletiva
(frutos da observa~ao,
da experiencia,
da simula~ao) para fazer existir problemas consistentes: o buraco negro, determinado A circula~ao comunidade:
urn fenomeno
torna "cientifico"
evidenciado
se for reproduzido
num laboratorio
e nao remete mais aos outros centros de pesquisa -
o dinheiro
regulador
das rela~oes economicas.
nao e a riqueza, mas sua virtualidade.
Por para-
doxal que isto possa parecer, ele e inapropriavel,
ou melhor, por
sua incessante
em privado
privado
circula~ao,
em publico,
te, participar
transforma
da inteligencia
coletiva do mercado
lizantes que nao respeitam para
0
nenhuma
0
capitalista,
tece atualmente
poder e a
0
atividades.
mundial.
Atra-
dinheiro contribui, para regular
Arrastando e de fato
0
sem
atras de si dinheiro do que
Inutil insistir neste ponto:
que nao acolhe mais -
e finalmente elementares,
os instrumen-
os "objetos"
moleculas,
da
fenome-
nos fisicos ou biologicos, simula~oes) nao e mais urn membra ativo desta. A inventividade
cientifica consiste em fazer surgir verda-
deiros objetos, isto e, veto res de comunidades zes de interessar
transformar
no caso do futebol,
0
as outras,
e ate mesmo fazer proliferar
0
objeto Como
papel de cada urn e singular e deve se-lo (urn
e competitivo, contribuindo
irreversibilidade
capa-
em circula~ao,
assim sua identidade na comunidade.
artigo cientifico tern que ser original), cooperativo
inteligentes,
outros grupos que irao colocar
inicial ,transformando
instituida.
nas maos de bilhoes de seres humanos,
a sociedade
experimentais
enriquecer,
pior, para coordenar,
central inumeraveis
0
0
Urn laboratorio
(astros, particulas
hierarquia
os meios de trans porte e de comunica~ao, mercado
0
comunidade
for~as sociais desterritoria-
apesar dos antagonism os,
melhor e para
autoridade
e
capitalista.
uma alavanca para
mas catalisa igualmente
yes das fronteiras,
publico
fazendo cada urn, e cada urn diferentemen-
dinheiro pode ser evidentemente domina~ao,
0
tos, os protocolos
so se
(ou, no limite, reprodutivel)
em outros lab oratorios.
0
eletron,
ao mesmo tempo do objeto e da
o marcador,
vetor e
0
virus ...
e constitutiva
tern fun~ao economica positiva a nao ser por sua circula~ao. Ela e 0
nem presas,
as a~oes se "constroem"
para instaurar
complexa.
jogo e ao mesmo tempo
0
umas sobre
uma historicidade,
As disciplinas
uma
fixam em territorios
dialetica aberta dos objetos e dos coletivos cientificos.
a
Certamcl1te
jogo cientffico esta submetido a coen5:oes econo-
0
micas, sociais, politicas, particularmente
sob
0
aspecto dos "meios"
de nao-separa<;;ao
por ter sido fabricado,
pelos informatas
que a prindpio
ampliado,
eram seus principais
necessarios e dos "a poios" antecipados ou efetivos. Poder-se-ia dizer
Ele faz uma liga<;;aopor ser ao mesmo tempo
o mesmo do fllt'chol pro fissional. Mas se a tecnociencia
seus produtores
se redu-
zisse a cocn,;()l's, a rela<;()esde for<;;ae a jagos de alian<;;as, mesma no meio hihrido dos coletivas homens-coisas, gular, assim como sua influencia sabre urn pouco
se resolvessemos
COJllO
cOl1cep<;(-)('S d a marquesa
de Merteuil
aqui menos as teorias da nova
constitui<;;ao redproca conhecimento. constituir
empreendimento de coletivos
os canstroem,
cientifico poe em loop a inteligentes
e de objetos
a suas "descobertas",
transcendentes
objetos da ciencia sao imanentes
nem preda<;;ao ou aprode
ou de
para verda des absolutas,
os
aos procedimentos
tecnicos que
aos coletivos que os fazem circular.
Mas nem por
isso sao arbitrarios
ou puramente
relativos. Pois ell'S se arriscam
em process os de sele<;;aoque os qualificam
e que, por sua vez, eles
e de seus exploradores
o ciberespa<;;o
oferece objetos
mem6rias compartilhadas,
0
usuarios.
objeto comum de
1995).
(Huitema,
que rolam entre os grupos,
hipertextas
comunitarios
para a cons-
titui<;;aode coletivos inteligentes. Deve-se distingui-Io, em primeiro lugar, da televisao, que nao cessa de designar poderosos mas a massas de individuos bretudo nao confundi-Io, pervia eletronica,
separados
e impotentes.
ou viti-
Convem so-
a seguir, com seu duplo perverso,
que pOl' em cena urn territorio
a su-
(as redes fisicas,
os servi<;;oscom pedagio) em vez e no lugar de abjetos comuns. A supervia
Longe de preexistir
referentes
1989,
as vezes geradas por algumas de suas
Nem simples rela<;;aoentre humanos, 0
Seria
de As liga({oes
[personagem
das ciencias e .das tecnicas (Latour,
1993) do que as caricaturas formula<,:6es. pria<;;ao das coisas,
mundo, falhariam.
sin-
explicar a amor apenas com as
perigosas, de Laclos]. Criticamos escola de al1tropologia
0
sua criatividade
melhorado
eletronica
objeto circulante.
degrada Se
dos computadores,
em coisa apropriavel
0
ciberespa<;;o resulta de uma virtualiza<;;ao
0
a supervia
eletronica
reifica esse virtual.
aspereza dos debates em torno do carater mercantil cantil da Internet tern profundas dos orgulhos
que era urn
da comunidade
ou nao mer-
implica<;;6es antropol6gicas.
banir a comercio
inteligentemente. da Internet
Urn
que fez crescer a Net e ter inventa-
do, ao mesmo tempo que urn novo objeto, uma maneira de fazer sociedade
A
A questao
inedita
nao e portanto
(por que proibi-Io?),
mas preservar
uma maneira original de constituir
coletivos inteligentes,
diferente
julgam. De todas as proposi<;;oes de objetos que sao emitidas, muito
daquela que
0
induz. Os cibernautas
nao tern
poucas sao finalmente
necessidade
de dinheiro
que lhes permitiraa
capazes de impor a pertinencia
"ser objeto"
das provas
(Stengers, 1993).
mercado capitalista
objeto constitutivo, culo e cognitivo
porque sua comunidade
virtual, desterritorializado,
por sua propria
o ciberespa<;;o e perfeitamente tros mediadores
imanentes,
A extensao do ciberespa<;;o representa de objetos indutores
torna a Internet tao interessante?
objeto com urn, dinamico, construfdo, 0
coletiva.
0 que
Dizer que ela e "anarquista"
urn modo grosseiro e falso de apresentar por tadas os que
a ultimo dos grandes
de inteligencia
e
as caisas. Trata-se de urn
ou pelo menos alimentado,
utilizam. Ele certamente
adquiriu
esse carater
tos monetarios coletivas tualizador
e a velocidade
e cientificos.
inteligentes,
com
0
dinheiro ou ou-
ele inclusive faz crescer consideravel-
mente a for<;;avirtualizante surgimentos
de vin-
Mas, por autro lado,
natureza.
compativel
ja disp6e de urn produtor
de circula<;;ao dos obje-
Ao acolher nas liga<;;6es circulantes
a Net e urn acelerador
de objetos, urn vir-
de virtuais. No que se refere a isto, provavelmente
ainda
nao se viu nada igual. Gra<;;asaos produtos apoiando-se
da atividade
ecanomica
e cientifica,
e
nos meios do ciberespa<;;a, as rela<;;6es de preda<;;aa,
de apropriac;:ao c dc podcr ganham
novo impulso, numa escala
ainda maior. Dc lodo 0 rcillo animal, e mais alto grau 0 itupcri;llislllo
0
homem que pratica em
territorial,
a cac;:a impiedosa
e a
implac;ivel dOlllill;ll;;io. Mas c tambem no homem que esses tipos de relacionalllclllo
lac;:ao COIll 0 ohjclo.( ciberespa,'o
suspensos grac;:as a re-
s;io 1ll0lllcntaneamente :crtalllcnte
a tecnociencia,
0
dinheiro
e
l"al',('111 do hOlm'1ll urn cac;:ador, urn proprietario,
domilladOl' Illais alrrrOl'izalltc " cxpcril-Ilcia
esses poderes forc;:ando-o a
propriamente
humana
presa, da dcscn;iio do podcr c do abandono experieneia
urn
que nunca. Mas os grandes obje-
tos cOlltclllpOr;ll1COSS(')Ihc conferem sublllctcr-sc
0
titui ao fazer circular
o objeto
0
sustenta
grupo so se cons-
virtual: desterritorializado,
operador
da
passagem recfproca do privado ao publico ou do local ao global, nao destrufdo transporta
0
por seu uso, nao exclusivo, campo problematico,
0
psfquica do grupo. Essa virtualidade liza-se normalmente
ele trac;:a a situac;:ao,
no de tens6es ou a paisagem
em urn suporte objetivo atua-
em acontecimentos,
em processos sociais, em
atos ou afetos da inteligencia coletiva (passes da bola, enunciac;:6es
a
de uma narrativa,
compras
c;:6esacrescentadas
a
da virtualizac;:ao.
0
objeto.
0
A
da renuncia
da propriedade,
objeto so se mantem ao ser mantido por todos e
ou vendas, novas experiencias,
Web). Mas
po de tambem degradar-se
0
liga-
objeto, em vez de conduzir atos,
em coisa, em sujeito ou em substfmcia,
reificar"se em presa, em territorio.
Conforme
a func;:ao que lhe
fazemos desempenhar,
a mesma entidade pode ser coisa ou objeto.
o funcionamento
de urn objeto como mediador de inteligencia
coletiva implica sempre urn contrato, uma regra do jogo, uma con-
E
tempo agora de esclarecer os caracteres
antropologico,
objeto-ligac;:ao ou mediador
tiva. Esse objeto deve ser
0
gerais do objeto
de inteligencia
cole-
mesmo para todos. Mas, ao mesmo
venc;:ao. Mas convem sublinhar dos contratos
que, por urn lado, a maior parte
a
nao dizem respeito
circulac;:ao dos objetos e que,
por outro, urn contra to (respectivamente:
uma regra, uma conven-
tempo, e diferente para cada urn, no sentido em que cada urn se
c;:ao,uma lei... ) jamais e suficiente por si so para fazer emergir in-
encontra, em relac;:ao a ele, numa posic;:aodiferente. 0objeto marc a
teligencia coletiva. 0acontecimento
ou trac;:a as relac;:6es mantidas pelos indivfduos
contra to ou
tros. Ele circula, ffsica ou metaforicamente, grupo. Encontra-se,
simulatanea
uns frente aos ou-
entre os membros
ou alternadamente,
do
nas maos de
todos. Por esse motivo, cada urn pode inscrever nele sua ac;:ao,sua contribuic;:ao, seu impulso ou sua energia. apenas levar
0
to do ate
0
0objeto
permite nao
indivfduo mas tambem implicar
0
indi-
0
estabelecimento
raro nao e a imposic;:ao de urn
de uma regra, mas a eclosao de urn
objeto. A titulo de exemplo, nao ha evidentemente
objetos cientf-
ficos sem convenc;:6es nem regras de metodo, mas e muito mais faci! proclamar
receitas epistemologicas
que fazer uma descoberta!
Poder-se-ia contar a historia da humanidade, seu nascimento,
a comec;:ar por
como uma sucessao de aparecimentos
vfduo no todo. Conti do e control ado pelos grupos que constitui,
tos, cada urn deles indissociavel
o objeto permanece
namica social. Entao se veri a que todo novo tipo de objeto induz
nao e membro funcionamento,
no entanto exterior,
"objetivo",
uma vez que
do grupo como urn outro sujeito. Ele coloca em portanto,
uma especie de transcendencia
girato-
urn estilo particular social consequente
ria, pondo, de maneira alternada e passageira, cada localidade que
antropologica,
ele contata numa posic;:ao de agente central. Essa transcendencia
mo Illovimcnto.
distribufda,
esse centro deslocado de urn lugar a outro, constitui
certamente
uma das figuras maiores da imanencia.
Finalmente,
objctos 0
de uma forma particular
de obje-
de inteligencia
de di-
coletiva e que toda mudanc;:a
implica uma invenc;:ao de objeto. Na durac;:ao
os coletivos e seus objetos sao criados pelo mesDimensionada
pel a circulac;:ao e
(os do eiberespac;:o, da economia
uniea, IlCSSCC;lSO,em todo
0
0
porte de seus
e da tecnociencia),
e
reino animal, a especie humana ten-
de a constituir inteligencia
uma s{>sociedade.
Nao tendo os coletivos senao a
de sellS objetos, a humanidade
devera aperfeic,;oar os
seus, e ate mesmo inventar novos a fim de enfrentar la dos problemas.
Esses objetos-mundo
a nova esca-
por vir, vetores de inteli-
gencia coletiva, deverao tomar sensivel a cada individuo os efeitos coletivos de sllas ac,;5es.Capazes de trazer a vida a imensidao junto ao individllo,
eles deverao sobretudo
var em conta cada localidade do conjunto. mantida
A objetividade
implicar cada urn, le-
singular na intotalizavel
dinamica
na escala do mundo so surgira se for
por todos, se circular entre as nac,;5es e fizer a humani-
to possa ser compartilhado
vo que emerge na linguagem mundo
material
questao
A terra meteorologica,
a terra dos tremores,
fantes e das baleias, a terra do Amazonas
a terra dos ele-
e do Artico, a terra so-
ultrapassa
que fosse povoado
da linguagem:
amplamente
qualquer
apenas por coisas. Tal e a
a existencia
de urn mundo
na mesma operac,;ao, liga os individuos
objetivo que,
e constitui os sujeitos.
Enfim, a tecnica virtualiza a ac,;aoe as func,;5esorganicas. Ora, a ferramenta,
0
artefato, nao sao apenas coisas eficazes. Os obje-
tos tecnicos pass am de mao em mao, de corpo a corpo, como testemunhas.
Eles induzem usos comuns, tomam-se
petencias, mensageiros perac,;ao. Desde
dade crescer em cultura.
por outros sujeitos. 0 mundo objeti-
0
vetores de com-
de memoria coletiva, catalisadores
primeiro biface ate os aeroportos
de coo-
e as redes di-
gitais, da cabana original as metro poles sulcadas por vias expressas e plantadas
com arranha-ceus,
objetos tecnicos e artefatos
sao a
brevoada pelos sateIites, a terra enorme e pacifica, a Terra e azul
cola que mantem os homens juntos e implica
como uma bola.
mais intimo de sua subjetividade. Assim, 0 objeto atravessa as tres virtualizac,;5es fundamentais da antropogenese,
ele e constitutivo
mundo fisico ao
0
do humano
como sujei-
to social, sujeito cognitivo e sujeito pratico. Ele entrelac,;a e unifica as subjetividades Explicamos
anteriormente
que a humanidade
tituido ao virtualizar a violencia pelo contra to, linguagem
0
havia se cons-
aqui e agora pela
e suas func,;5es organic as pela tecnica. Ora,
transversal,
vem completar
e unificar
0
objeto,
as tres virtualizac,;5es
da
tecnica, da linguagem e relacional.
Se voce nao e urn animal, se sua alma e mais virtual, mais separada
da inercia que a de urn macaco ou de urn bisao, certa-
mente e porque ela pode atingir a objetividade.
dade se abre ao jogo dos objetos comuns que tecem num mesmo
relac,;ao com os seres, da relac,;ao com os signos e da relac,;ao com
gesto simetrico e complicado
as COlsas.
gencia coletiva, como
Podemos acrescentar
agora que a virtualizac,;ao da violencia
nao passa apenas pelo contrato
mas tambem,
e sobretudo,
pelo
objeto, que induz ligac,;5es sociais nao violentas porque escapam a predac,;ao, a apropriac,;ao exclusiva e a dominancia. Por outro lado, a virtualizac,;ao do aqui e agora operada pela linguagem
estende, como vimos,
da imediatez completa
sensorial.
0
tempo e
0
espac,;o para alem
Mas esse processo de virtualizac,;ao so se
com a construc,;ao do objeto,
urn objeto independente
das percepc,;5es e dos atos do sujeito individual,
urn objeto cuja
imagem sensivel, cujo manejo, cujo efeito causal ou cujo concei-
Nossa subjetivi-
bordando
a inteligencia
anverso
0
e
individual
e a inteli-
reverso do mesmo tecido,
0
em cada face a marca indelevel e flagrante
do outro.
9.0 QUADRfvIO ONTOLOGICO:
A VIRTUALIZAc.=Ao, UMA TRANSFORMAc.=Ao ENTRE OUTRAS
Chegou
0
momento
virtualiza<;ao, ou passagem urn desaparecimento Convem
de recapitular
a
nossas descobertas.
problern
no ilusorio,
nem uma desmaterializa<;ao.
antes assimiLi-la a uma "dessubstancia<;ao",
demos verificar nos exemplos
do corpo-chama,
da economia dos acontecimentos. declinada to Moebius
em muta<;6es associadas: -
que organiza
A
0
como pu-
do texto-fluxo
Essa dessubstancia<;ao a desterritorializa<;ao,
e
pode ser 0
efei-
loop sem fim do interior e do exte-
- "gramat"iClis", rccorte de elementos virtuais, seqiienciamemos, dupla articlIla<,;:lo; -
"diah~ticas", sllhstitui<;:oes, coloca<;:oes em corresponden-
cia, processos -
rizolll:llicos
e "retoricas",
de agenciamemos dentemente
de desdobramento'
,
sen<;:a.0 real e
clllcrgencia de mundos autonomos, referencia a uma "realidade"
cria<;:ao indepen-
previa e de
separa
0
ao virtual.
na inven<;;lo dc novas ideias ou formas, na composi-
<;:aoe recomposi<;:ao dessas ideias, no surgimento
com memoria,
ao virtual. Todavia,
tual san complementares equivalente.
0
Antes de come<;:ar, gostaria
titulo deste capItulo. forjado
0
rica), a saber: a aritmetica, Esse prograllla sabedoria
-,
0
de justificar
ou via quadrupla,
0
foi
os estudos
dialetica e reto-
a musica e a astronomia.
de estudo, trivia e quadrivio foi seguido pelas "faculdades
-
os sete pilares da
das artes"
da Idade
a
nossa questao
das rela<;:oes entre posslvel,
real, atual e
a clivagem que
virtual e
0
Problematico
ao posslvel enquanto por essencia,
0
0
atual, de
que modifica
0
atual responde
virtual e como uma si-
uma configura<;:ao dinamica
de tendencias,
de
e de coer<;:oes que uma atualiza<;:ao resolve. no sentido forte da palavra.
Efetua-se um ato que nao estava pre-definido
em parte alguma e
por sua vez a configura<;:ao dinamica
na qual ell'
adquire uma significa<;:ao.A articula<;:ao do virtual e do atual anima a propria
virtual
Media europeia durante seculos. Apos esse desvio filol6gico, voltemos virtual.
real assemelha-se
for<;:as,de finalidades
dialetica
do acontecimento,
do processo,
do ser como
criar,;Clo.
ell'S formam jun-
no entanto
trivio (gramatica,
a geometria,
vir-
ontologica
jogar
por Boecio no seculo VI d.C. para designar 0
0
palos, que vamos agora
0 termo quadrivio,
cientlficos que deviam seguir
contra-
atual e
uma dignidade
tos uma especie de dialetica de quatro examinar.
posslvel,
modos de ser. Indissociaveis,
a
e processos que
nao e certamente
estao presentes e claramen-
de um lado, e
A atualiza<;:ao e um acontecimento,
real,
e possuem
Nosso proposito
contra os outros
0
0
tua<;:ao subjetiva,
no desen-
virtualiza<;:ao, ou seja,
corrente da atualiza<;:ao, aos divers os movimentos conduzem
de "maneiras"
e ma-
outro? Na esteira de Gilles Deleuze, eu escrevi no primeiro capItu-
desemboca
a
as promessas,
posslvel l'oreal,
lo que
Esta livro e consagrado
do que oferecem uma pre-
atual, em troca, sao um e outro patentes
nifestos. Desdenhando
qualquer utilidade. Atra ves das opera<;:oes retoricas, a virtualiza<;:ao
originais, no crescimento de maquinas volvimento de sistemas de a<;:ao.
0
antes urn futuro
te presentes. De que maneira, entao, compreender
dc signos, de coisas e de indivlduos
de qualqucr
nifestos. Anunciam
Em troca, a realiza<;:ao seleciona entre posslveis predeterminados, ja definidos. Poder-se-ia
a
dizer que
0
posslvel e uma forma
qual uma realiza<;:ao confere uma materia. Essa articula<;:ao da
forma e da materia caracteriza
um polo da substcmcia, oposto ao
polo do acontecimento. Obtem-se assim urn quadro
simples de quatro posi<;:oes em
que as duas colunas do latente e do manifesto
cruzam-se
duas linhas da substancia
Posslvel, real, vir-
e do acontecimento.
tual e atual assumem naturalmente casas. Cada um dell'S apresenta
o real,
a substiincia,
com as
um lugar em suas respectivas
uma maneira
de ser diferente.
a coisa, subsiste ou resiste. 0 possivel
contem formas nao manifestas,
ainda adormecidas:
ocultas
no
interior, essas determina<;:oes insistem. 0 virtual, como foi suficientemente desenvolvido
neste livro, nao esta aI, sua essencia esta na
saida: ell' existe. Enfim, manifesta<;:ao de urn acontecimento, acontece,
Posslvel e virtual tem evidentemente explica sua confusao
tao freqiiente:
um tra<;:ocomum que
ambos sao latentes, nao ma-
sua opera<;:ao e a ocorrencia.
0
atual
Latente
cente. Postado junto a uma janelinha mentos de urn recipiente
Substancia Acontecimento
fechado
que separa dois comparti·
cheios de urn gas igualment(
morno, esse minusculo
demonio imaginario
s6 deixa passar par"
urn dos compartimentos
as moleculas mais rapidas. Desta maneira
quase sem dispendio de energia, obter-se-ia ao cabo de certo tempe urn compartimento
cheio de gas quente e outro de gas frio. A di
feren'ra assim produzida
e ela mesma uma fonte de energia po
tencial. A desordem ou a mistura Ora, essas maneiras
de ser passam constantemente
de uma
para a outra, donde a defini<;ao de quatro movimentos formafoes
principais,
causalidade
que correspondem
e de temporalidade
analogia entre
cada uma a formas de
diferentes. Vou agora sugerir uma
quadrivio onto16gico e as quatro causas de Aris-
0
t6teles. Brevemente
ilustrados
eram os tipos de causalidade sa material
ou trans-
designa
tornos do kouros
0
no caso de uma estatua, distinguidos
marmore;
eis quais
pelo Estagirita.
A cau-
a causa formal se une aos con-
[guerreiro nobre] que dormem na pedra ou no
espirito do escultor antes que resplande<;am sob
0
sol de Delos;
0
pr6prio escultor, agente da a'rao, e a causa eficiente; enfim, a causa final da estatua remete a seu uso, por exemplo. A realizafao,
a
sua utilidade:
culto de Apolo,
a
como ja sugerimos, pode ser assimilada
salidade material: ela nutre de materia
Paralelamente,
0
a realiza<;ao encarna
mecanica, determinista.
Dissipando irreversivelmente
urn dispositivo que assegura a irreversibilidade ra'roes (a janelinha).
cau-
linear,
a energia uti-
ou reconstituir
potenciais
crescimen-
to da entropia num sistema fechado e inevitavel. A temporalidade realizante cons orne, faz cair 0 potencial. Lan<;ando-se do real ao possivel, a potencializafao, sa formal, pode ser assimilada
entropia.
A potencializa<;ao
a
da
produz ordem e informa<;ao, recons-
titui os recursos e reservas energeticos. Pode-se comparar ra<;ao
ou cau-
a uma subida a contra-corrente
do demonio imaginado
sua ope-
pelo ffsico James Clerk Maxwell,
que devia ser capaz de mudar a dire<;ao da lei da entropia
cres-
tra
e identicamente
uma forma, urn,
pertencem
ambas
a
ordem d,
sele'rao: escolha molar entre os poss!veis, para a realiza'rao. Tria gem molecular
e reconstitui'rao
liza'rao. Oponho transforma'rao
de uma forma, para a potencia
aqui essa ordem da sele'rao a outro registro d,
completamente
diferente,
a atualiza'rao
0
da cria'rao ou do devir
e a virtualiza'rao.
A atualiza'rao inventa uma solu'rao ao problema colocado pelc virtual. Com isso, nao se contenta em colocar uma forma
a
em reconstituir
recursos, nen
disposi'rao de urn mecanismo
de realiza
<;ao. Nao: a atualiza<;ao inventa uma forma. Ela cria uma informa da atualiza'rao
0
0
par orden
energetic os e a mesma coisa. 0 POsS!
Realiza'rao e potencializa'rao
'rao radicalmente
qual
faz mais ou menos
ou uma reserva.
segundo principio da termodinamica,
0
das referidas ope
Em escala molecular,
vel, ou diferen'ra de potencial,
lizavel ou os recursos dispon!veis, a realiza'rao segue a encosta do segundo
A potencializa'rao
balho do demonio de Maxwell.
estrutura
sao combatidai
de triagem ou de sele'rao fina do demonio e pO
ao qual pertencem
uma forma preexistente.
uma temporalidade
pela capacidade
indiferenciada
nova. Colocamos a causalidade eficiente do lade porque
operario,
0
urn ser vivo e pensante, executante: ele interpreta,
escultor,
0
demiurgo,
0
jamais pode ser reduzido
sendl
a urn simple
improvisa, resolve problemas.
A tempo
ralidade da atualiza<;ao e ados processos. Para alem da descida d entropia liza<;ao),
(realiza<;ao) e seu retorno
a contra-corrente
tempo criativo da atualiza<;ao tra'ra uma hist6ria, tram
0
creve uma aventura do sentido constantemente A virtualiz;H;i'io, enfim, passa do ato problema,
(potencia
reposta em jogc aqui e agora -
aos Ilc')Sde coer<;oes e de finalidades
que inspiram
a, 0
atos. ClassificarrnlOs,
portanto,
a causalidade final, a questao do
porque, do lado da virtualizac;:ao. Na medida em que existem tantas temporaJidades
quantos problemas
vita is, a virtualizac;:ao mo-
ve-se no tempo dos tcmpos. A virtualizac;:ao sai do tempo para enriquecer a cternidadc.
Ela e Fonte dos tempos, dos processos,
das
historias,
j; i que comanda,
Criadora
pOI"excclcncia, a virtualizac;:ao inventa questoes, proble-
mas, dispositivos
geradores
sem determina-las,
as atualizac;:oes.
de atos, linhagens de processos,
tar na ac;:aoinventiva. falivelmente processos
ao sufocamento,
conduz in-
extinc;:ao dos
a realizac;:ao, enfim, os proces-
sua base, seu suporte,
desencarnam.
a
ao esgotamento,
vivos. Se for impedida
sos perdem mentares
A inibic;:ao da potencializac;:ao
seu ponto de apoio, eles se
Todas as transformac;:oes saG necessarias e comple-
umas das outras.
ma-
quinas de dcvi r. Longe de constituir Transforma<,:ao
Defini<;:ao
Ordem
Causalidade
Temporalidade
os termos de uma classificac;:ao exclusi-
va, a oposic;:ao possivellvirtual
nunc a se encontra
definitivamen-
te resolvida e se recria a cada nova distinc;:ao. Por analogia, quando Re aliza <;:a o
Elei<;:a o,
Potencializa<;:ao
S ele <;:ao
Ma teria l
Me ca nismo
se corta urn [ma em dais, nao se obtem urn ima que repele e ou-
queda de
tro que atrai, mas do is pequenos
potencial
seu polo positivo e negativo. Par exemplo, uma bigorna sera aproSeIe<;:ao
Produ<;:ao
Formal
Trabalho
de recursos
[mas completos,
ximada do polo do real (pois tern a ver com a subsrancia aquilo que "resiste"),
Resolu<;:ao
Cria<;:ao
Eficiente
Processo
de problemas Virtualiza<;:ao
Inven<;:aode
Cria<;:ao Final
Eternidade
deste Iivro, urn fenomeno particular, quatro
passagens
conceitual-
analisar, como as vezes foi feito ao longo
das quatro
causas,
descobrirfamos
dos quatro
de uma maneira
de ser
uma mistura
modos
de ser, das
a outra. Se a virtua-
Iizac;:aofor bloqueada,
a alienac;:ao se instala, os fins nao podem
mais ser reinstituidos,
nem a heterogenese
c;:oesvivas, abertas, canismos mortos. os problemas
em devir, transformam-se Se for cortada
tornam-se
("Vamos
cumprida:
maquina-
de subito em me-
a atualizac;:ao, as ideias, os fins,
bruscamente
estereis, incapazes de resul-
a
ao polo do atual. Mas posso, se dese-
a Erase em dois elementos:
realmente
(relacionada
continuar
uma questao implicita
a nos deixar envenenar
desta ma-
neira?") e a proposic;:ao que responde a essa questao ("Nao, ja que no ana 2010, etc."). A questclO sera dita virtualizante
As quatro transformac;:oes sao aqui distinguidas
inextricavel
sera associada
jar, decompor
problemas
mente. Se devessemos
ocorrencia)
ou com
ao passo que a frase "No ana 2010 todos
os carros que circulam na cidade serao eletricos" Atualiza<;:ao
cada urn tendo
e a propo-
sic;:aoantes potencializante,
ja que pode adquirir varios valores de
verdade predeterminados.
Prosseguindo
0
trabalho
de fragmen-
tac;:ao, pode-se ainda dividir a proposic;:ao no surgimento hip6tese,
que tern a ver com uma virtualizac;:ao: "No ano 2010,
todos os carros, ete.", e em urn julgamento: dadeira",
de uma
"Esta hipotese e ver-
que e uma especie de realizac;:ao. 0mesmo ocorre com
a bigorna. Ela sera virtual como suporte de bricolagem e de desvio, mas potencial
inventiva
como reserva de ferro, ferramenta
ca-
paz de desgaste ete. Real, posslvel, atual e virtual saG quatro modos de ser diferentes,
mas quase sempre operando
juntos
em cada fenomeno
concreto
que se pode analisar. Toda situa<;ao viva faz funcionar
uma especie de motor
ontologico
jamais deve ser "guardada" timentos.
a quatro
de processamento
mednico,
uma dialetica
pois, de urn lado, as possibilidades se realizam
Substancia
envolvido
envolvida
Acontecimento
Virtualizac;:ao
Subjetivac;:ao
envolvente
Atualizac;:ao
Objetivac;:ao
Substancia
Reificac;:ao
envolvente
Institucionalizac;:ao
Realizac;:ao Potencializac;:ao
compar-
COm0 auxilio de urn
de texto. Sob 0 aspecto puramente
do potencial
Acontecimento
e portanto
em bloco num dos quatro
Estou escrevendo em meu computador programa
tempos
e do real esta operando,
do program a e da maquina
e urn texto e apresentado
(se realiza) na tela, resul-
tante de toda uma serie de codifica<;6es e tradu<;6es bem determinadas.
De outro lado, a energia eletrica potencializa
na e eu potencializo 0 texto ao selecionar por intermedio do teclado. Paralelamente,
atualizo problemas,
a maqui-
codigos informaticos
espa<;o virtual de significa<;6es ao qual ele responde titui portanto uma virtualiza<;ao). Ve-se que os process os de potencializa<;ao
(0 que cons-
simetricamente,
os modos de realiza<;ao e de potencializa<;ao
texto (0 aspecto
puramente
e influenciam
tecnico ou material, fortemente
do
se preferirem)
a cria<;ao de uma mensa-
gem significante (dialetica da virtualiza<;ao e da atualiza<;ao). Capturada pelo real, a dialetica do virtual e do atual e reificada.
Re-
tomada pelos process os de virtualiza<;ao e de atualiza<;ao, possivel e real san objetivados tecimento
ou subjetivados.
nao cessa de implicar
xifica<;ao e deslocamento subjetivantes,
Assim, 0 polo do acon-
0 p610 da substancia:
dos problemas,
montagem
constru<;6es e circula<;6es de objetos.
comple-
de maquinas
E deste
modo
que 0 mundo pensa dentro de nos. Mas, em troca, 0 polo da substancia envolve, degrada,
fixa e se alimenta
mento: registro, institucionaliza<;ao,
entre a substancia
do p610 do aconteci-
reifica<;ao.
ramente
-
san acontecimentos,
aquilo que e verdadei-
chamados
ocasi6es atuais san especies de monadas geralmente
certos dados de precedentes
e 0 acontecimento
unidade. Na filosofia de Whitehead,
os term os ultimos da analise filos6fica -
percep<;ao elementares,
e de realiza<;ao so
sentido pela dialetica da atualiza<;ao e da virtualiza<;ao.
condicionam
dualismo
esconde talvez uma profunda
ideias, intui<;6es, coer<;6es
de escrita ao redigir esse texto, cuja releitura modifica em troca 0
adquirem
o aparente
ocasi6es
transit6rias,
inconscientes,
atuais.
processos de que recebem
ocasi6es atuais, os interpretam,
mitem a outros sua sintese e desaparecem.
As
trans-
Ainda que estejamos
dispostos a admitir que as ocasi6es atuais sejam a ultima palavra em "acontecimento" dos a constatar
da realidade,
mesmo assim somas obriga-
que ha de fato, pelo menos em aparencia,
tancias permanentes, blema explicando
coisas duraveis.
nossa experiencia
Whitehead
subs-
resolve 0 pro-
das co isas duraveis em ter-
mos de sociedades coordenadas de acontecimentos, que compartilham e transmitem
entre si caracteres
particulares.
Uma pedra,
por exemplo, e uma sociedade de ocasi6es atuais semelhantes, herd am linearmente de reagir,
0
que
umas das outras seus dados e suas maneiras
que explica que, num curto intervalo de tempo, a pedra
conserve mais ou menos a mesma cor, a mesma dureza etc. Para estabelecer a ponte entre a substancia to, poder-se-ia
especie de substancia o ato pontual. aparencia
e 0 acontecimen-
criar a hip6tese de que 0 acontecimento molecular,
Simetricamente,
de uma sociedade
miniaturizada, a substancia
seria uma
fragmentada
ate
nao seria senao a
de acontecimentos,
uma multidao
coordenada
de microexperiencias
imagem de uma "coisa":
grosseiramente
em suma, acontecimento
Alias, por Illais duraveis mais estaveis ser itltcrpretadas
agregadas
Polo do
molar.
que sejam, nao podem como acontecimentos
a uma durac;:ao que as ultrapassa,
na
como a existencia
Processo
Iatente
manifesto
as coisas
Ordem da
em relac;:ao
selec;:ao
de monta-
!
nhas na escala da historia da Terra? 0 raciocfnio po de evidentemente se inverter:
0
que e urn acontecimento
cimento ou 0 surgimento substancia evanescente?
de uma substancia,
Talvez caiba considerar tecimento
como
veri a passagem, urn deles exprime
0
yin e
0
senao
0
0
desapare-
ou mesmo uma
dualismo da substancia perpetua
de urn no outro. Cada
uma face nao eliminavel
o POTENCIAL
e do acon-
yang na filosofia chinesa classica: ha-
transformac;:ao
Polo do
e complementar
dos
OREAL
[/ )
~
'ul:: ...,
<~
Conjunto
de
Coisas
possibilidades
persistentes
e
[/ )
fenomenos,
como a onda e a partfcula
na fisica quantica.
..0
;:l
predeterminadas
resistentes
[/ )
INSISTE
prodw;:iio
de
SUBSISTE
recurs os
Ordem da criac;:ao
Problemas. Nos de tendencias,
Soluc;:ao particular
de coerc;:6es, de
a urn problema,
forc;:as e de
aqui e agora
objetivos
remontar inventivo
EXISTE
de uma solu~iio a uma problematica
L-~~~~~~~---"
ACONTECE L~~~~~~~---"
Epflogo BENVINDOS
AOS CAMINHOS
DO VIRTUAL
Gosto do que e fragil, evanescente,
unico e carnal. Aprecio
as seres e as lugares singulares, insubstitufveis, das para sempre a situa~6es e a momentos.
as atmosferas
Estou convencido
ligade
que parte essencial da moral consiste simplesmente em aceitar existir no mundo, em nao fugir, em estar presente para as outros e para si. Mas a assunto deste livro era a virtualiza~ao. da virtualiza~ao.
Isto nao implica a esquecimento
ces do ser; e incito evidentemente
Tratei portanto das outras fa-
se houver necessidade
disso a
A virtualidade
nilo tern absolutamente
nada a ver com aquilo
em dar consistencia,
que a televisao mostra sohre ela. Nao se trata de modo algum de
Assim, para
urn mundo falso ou imaginario.
que permitir
Ao contrario,
a virtualiza\=ao e a
din arnica mesma do Illundo comum, e aquilo atraves do qual com-
estruturas
partilhamos
diretamente
mentira,
0
UIW l
realidade.
c
virtual
Longe de circunscrever
precisamente
0
0
reino da
modo de existencia
de que
0
em ceder uma voz a criatividade
artista, trata-se
menos de interpretar
que dinamicas socia is ou coletivas tomem
a palavra.
A arte nao consiste mais, aqui, em com-
por uma "mensagem",
mas em maquinar
entre as forllligas, os peixes ou os lobos: apenas pistas e engodos.
proprio
Os animais nao tern pensamento
mais historia.
dade silo indissociaveis ciado subentende
de enunciados
uma questao.
de uma estranha
articulados;
e falsi-
e cada enun-
A interroga\=ao e acompanhada
tensao mental, desconhecida
entre os animais.
urn dispositivo
E urn
arquiteto
de mundos
que per-
cosmica fazer ouvir seu
canto. Urn novo tipo de artista aparece,
engenheiro cui pe
que
matematicas,
mita a parte ainda muda da criatividade
Verdade
mundo de
0
que processos biologicos atuais ou hipoteticos,
surgem tanto a verdade como a mentira. Nao h:i verdadeiro e falso proposicional.
cosmica.
que nao conta
do espa\=o dos acontecimentos,
para bilhoes de historias
0 virtual. Falo de arte e de estetica porque,
urn
por vir. Ele es-
como muitos,
a conster-
Esse vacuo ativo, esse vazio seminal e a essencia me sma do virtual.
na\=ao me invade assim que considero a instancia polftica tradicio-
Lan\=o a hipotese de que cada saito a urn novo modo de virtua-
nal. Mas trata-se, no fim de contas, de fazer prevalecer uma preo-
liza\=ao, cada alargamento
cupa({iio artistica, criterios propriamente
espa\=os para a verdade mentira.
do campo dos problemas e, por conseqiiencia,
Viso a verdade logica, que depende
abrem novos
igualmente
para a
da linguagem
e da
escrita (dois grandes instrument os de virtualiza\=ao), mas tambem outras formas de verdade,
talvez mais essenciais: as que sao ex-
esteticos (os que acaba-
mos de evocar), urn espirito de cria\=ao no seio mesmo da a\=ao polftica, assim como na engenharia -
por que nao? -
mais "puramente
nas praticas economicas.
Por que essa arte transversal dinamica
as humildes e vitais verdades que cada urn de nos testemunha
qiiencia para a realiza\=ao. Porque a heterogenese
sua existencia cotidiana. abertas as pesquisas a descoberta
Uma das mais interessantes
artisticas contemporaneas
entre as vias
e provavelmente
e a explora\=ao das novas formas de verda de obscu-
ramente arrastadas
°
perceptivel,
acessivel aos sentidos e as
acaba as vezes por desqualificar muito freqiientemente
entre
sensibilidade
tuamos tao freqiientemente
as cegas e contra nossa vontade. Mas
diferen\=as, essas defasagens,
tura e
0
design fundamentais
do hipercorpo,
do hipercortex,
mentos e da abundancia, tistas supostamente
de nosso tempo acaso nao sao os da nova economia
do flutuante
exprimiram
A arquite-
dos aconteci-
espa\=o dos saberes? Os ar-
a si proprios apenas durante
periodo muito curto da historia da arte. Muitas pesquisas cas contemporaneas
retornam
a praticas
urn
esteti-
arcaicas que consistem
se de-
teriora facilmente em simples acelera\=ao. Porque a virtualiza\=ao
para dentro da virtualiza<;ao que efeno processo.
na
pode degenerar
em aliena\=ao. Porque a inven\=ao de uma nova velocidade
emo<;<-)es salto vertiginoso
a arte pode tambem intervir ou interferir
ativamente
Porque a atualiza\=ao tende com fre-
0
atual. Porque a coloca\=ao em
comum, que e a opera\=ao caracterfstica
pela dinamica da virtualiza\=ao.
A arte po de tornar
da virtualiza\=ao?
deve intervir
pressas pela poesia, religiao, filosofia, ciencia, tecnica, e finalmente em
tecnica" ou
0
0
em estado nascente
nas situa\=oes concretas.
virtual, quando a substancia
uma essas
Quando
sufoca
0
da virtualiza\=ao contemporanea
tao grandes que exilam as pessoas de seus proprios de sua identidade,
pessoas sao empuradas
de sua profissao,
nas estradas,
0
aconte-
pape! da arte viva (ou arte da vida) e restabe!ecer
equilfbrio. A for\=a e a ve!ocidade pulsam-nas
oscila
E preciso
confisco e a exclusao.
de artista para perceber
possive! esmaga cimento,
0
da virtualiza\=ao,
0
sao
saberes, ex-
de seu pais. As
amontoam-se
nos barcos,
acotovelam-se verdadeiros
nos aeroportos.
Outros,
imigrados da subjetividade,
ainda mais numerosos, sao fon;:ados a urn no-
madismo do interior. Como responder a essa situa~ao? Resistindo
a
virtualiza~ao,
crispando-se
dades amea~adas? Este e
0
sobre os territorios
e as identi-
erro fatal que nao deve ser cometido
de forma alguma. Pois a conseqiiencia so pode ser, com o desencadeamento
0
tempo,
da violencia brutal, como os terremotos
vastadores que resultam da inelasticidade
de-
e do bloqueio mantido
por demasiado tempo por alguma placa da crosta terrestre. Devemos antes tentar acompanhar inventando
a
e dar sentido
virtualiza~ao,
ao mesmo tempo uma nova arte da hospitalidade.
A
mais alta moral dos nomades deve tornar-se, neste momenta
de
grande desterritorializa~ao,
uma nova dimensao estetica,
0
pro-
AUROUX,Sylvain. La revolution technologique
de la grammatisation,
Mar-
daga, Liege, 1994. Uma engenhosa analise das operac;:6es de exteriorizac;:ao e de formalizac;:aodos atos de comunicac;:ao, por urn historiador
da lingiiistica.
AUTHIER,Michel e LEVY,Pierre. Les arbres de connaissances, La Decouverte,
prio tra~o da cria~ao. A arte, e portanto a filosofia, a politica e a
Paris, 1992. Como introduzir a dupla articulac;:ao e a liberdade do virtual no reco-
tecnologia que ela inspira e atravessa, deve opor uma virtualiza~ao
nhecimento dos saberes? "Les arbres de connaissances"
requalificante,
inclusiva e hospitaleira
a
virtualiza~ao pervertida
ca registrada da sociedade TriVium.
que exclui e desqualifica. Preste aten~ao
a
AUTHIER,Michel. "IIne manque que Ie ballon!", documento fotocopiado da
interpela~ao desta arte, desta filosofia, desta
politica inedita: "Seres humanos, voces que sao arrastados
pessoas daqui e de toda parte,
no grande movimento
na~6es, voces que vivem capturados,
0
hipercortex
esquartejados,
das
nesse imen-
do mundo que nao cessa de voltar a si e de re-
criar-se, voces que sao jogados vivos no virtual, voces que sao pegos nesse enorme salto que nossa especie efetua em dire~ao
a
nascente do fluxo do ser, sim, no nucleo mesmo desse estranho turbilhao, voces estao em sua casa. Benvindos genero humano.
a
nova morada do
Benvindos aos caminhos do virtual!"
ta
0 esboc;:ode
BALPE,Jean-Pierre.
e cuja pulsa~ao ecoa as gigantescas pulsa~6es deste hipercorpo, voces que pensam reunidos e dispersos entre
missao Universidade da Franc;:a, 1991,4 p. Texto fulgurante que contem em potencia as arvores de conhecimento como "quase-objetos"
da desterrito-
rializa~ao, voces que sao enxertados no hipercorpo da humanidade
so acontecimento
sao uma mar-
das sociedades contemporaneas
urn "equivalente
geral" para
Hyperdocuments,
e que proje-
0 saber.
hypertextes,
hipermedias, Eyrolles,
Paris, 1990. Urn obra ja classica sobre hipertextos por urn dos melhores especialistas franceses. BATESON,Gregory. Vers une ecologie de l'esprit (2 voL), Seuil, Paris, 1980. BATESON,Gregory. La Nature et la Pensee, Seuil, Paris, 1984. Gregory Bateson, antrop6logo, cibernetico, epistem6logo,
foi urn dos
primeiros a pensar a dimensao "ecoI6gica" do psiquismo. Seus trabalhos influenciaram profundamente
a escola contemporanea
de terapia
familiar. BERARDI,Franco. Mutazione e cyberpunk, Costa &Nolan, Genova, 1994. Uma analise original da mutac;:ao cultural contemporanea ao desenvolvimento
relacionada
do ciberespac;:o. Franco Berardi evidencia a novi-
dade radical da relac;:ao contemporanea
com a informac;:ao.
DEBRAY,Regis. Manili'sit's lIIediologiques, Gallimard, Paris, 1994. Arrazoado em favor de uma tomada de consciencia "materiais" das ideias e cia cultura.
GOLDFINGER,Charles. L'utile et Ie futile. L'economie
das dimensoes
Urn brilhante ensaio de "psicotecnologia" pelo digno sucessor de Marshall McLuhan na universidade de Toronto. DE ROSNAY,Joel. L'Homme
Seuil, Paris, 1995.
symbiotique,
Uma impressionante
descri\=ao da emergencia de uma inteligencia co-
letiva da humanidade
nas redes digitais de comunica\=ao. Lamenta-se
' que
,
porem, um uso demasiado exclusivo das metaforas biologicas, Impedem as vezes Joel de Rosnay de situar claramente a dimensao
propriamente humana da inteligencia coletiva. Do formigueiro a cultura ha mais do que uma diferen\=a de grau. DELEUZE,Gilles. Difference et repetition, PUF, Paris, 1968. Aprendi nessa obra a diferen\=a entre nas paginas 169 a 176.
0 possivel
Jacob, Paris, 1994. Urn livro muito bem documentado
DE KERCKHOVE,Derrick. Hrainframes. Technology, Mind and Business, Bosh &Keuning BSO/ORIGIN, Utrecht, 1991.
e 0 virtual, sobretudo
DELEUZE,Gilles e GUATTARI,Felix. L'Anti-CEdipe, Minuit, Paris, 1972.
de l'immateriel, Odile
sobre a muta\=ao atual da econo-
mia. Meu capitulo sobre a virtualiza\=ao da economia Ihe deve muito. Contesto, todavia, 0conceito de "imaterialidade", que me parece proceder de uma metafisica inadequada
para a compreensao
das evolu-
\=oesem curso. GOODY,Jack. La Raison graphique, Minuit, Paris, 1979. GOODY,Jack. La Logique de l'ecriture, £lUX origines des societes humaines, Armand Colin, Paris, 1986. La raison graphique e La logique de l'ecriture analisam as mudan\=as
culturais ligadas a passagem da oralidade a escrita. Por. urn grande antropologo, autor do conceito de "tecnologia intelectual". GUATTARI,Felix. Chaosmose, Galilee, Paris, 1992. Em particular, encontra-se neste pequeno livro urn sistema (ja apresentado nas Cartographies schizoanalytiques) ontologicos" possivel.
dos "quatro functores
baseado no cruzamento do virtual, do atual, do real e do
DELEUZE,Gilles e GUATTARI,Felix. Milles plateaux, Minuit, Paris, 1980. L 'Anti-CEdi/Je e Mille plateaux figuram entre as grandes obras filosoficas do seculo xx. Nelas se encontram desenvolvidos, em particular, os conceitos de rizoma, de desterritorializa\=ao e a distin\=ao entre processos molares l' ll10lcculares de que usei e abusei em varios de meus livros. DESCOLA,Philippe. I,es Lances du crepuscule, Pion, Paris, 1993. Bclo est'lido sohre a cliitura jivaro. Da cabe\=areduzida do inimigo como precursora da hola. EDELMAN,(;l'rald.
Hiologie de la conscience, Odile Jacob, Paris, 1992. Ree-
ditaclo elll livro de ho!so pela Seuil em 1994. Edi\=ao original: Bright Air, Brillianl Fire:on the Matter of Mind, Basic Books, 1992.
A hip6tese do darwinismo neuronal explicada por um de seus criadores, premjo Nohel de meclicina. ETTIGHOFFER,Denis. L 'entreprise virtuelle ou les nouveaux modes de travail Odile Jacoh, Paris, 1992. ' Sobre
0 teletrahalho
e a empresa em rede.
EUROTECHNOPOLISINSTITUT,soh a dire\ =ao de Gerard BLANC. Le Travail au XXle siixle, Dunod, Paris, 1995. Sobre as muta\=oes contemporaneas
do trabalho.
Phylum tecnicos, ou
discursividade maquinica
Universos de val ores e de referencia, ou complexidade incorporal
Fluxo, ou discursividade
Territorios existenciais,
energetico-espa\=o-temporal
ou encarna\=ao caosmica
HEIDEGGER,Martin. Etre et temps (tradu\=ao francesa de Fran\=ois Vezin), Gallimard, Paris, 1986. Primeira edi\=ao alema: Sein und Zeit, 1927. A existencia concebida como "ser ai". Ontologia contestada por Michel Seres em Atlas. HUITEMA,Christian. Et Dieu crea !'Internet, Eyrolles, Paris, 1995. Uma divertida desmistifica\=ao da rede das redes por um de seus meIhores conhecedores. LATOUR,Bruno. La Science en action, La Decouverte, Paris, 1989. Um classico da nova antropologia
das ciencias e da tecnica. sera inte-
ressante aproximar a no\=ao de "move! imutavel" desenvolvida emLa Science en action da no\=ao de objeto construida em meu livro.
McLuHAN, Marshall. La Galaxie Gutenberg. Face a ['ere electronique, HMH
LATOUR,Bruno. La Clef de Berlin, La Decouverte, Paris, 1993. Estudos de antropologia
das ciencias e tecnicas por urn ourives no as-
sunto. Os dois primeiros capitulos do livro tratam especialmente sobre 0funcionamcnto da substituic;:ao e da combinac;:ao no fato tecnico. LEOPOLDSEDER,Hannes e SCHOPF, Christine. ternational compendium
Prix Ars electronica 95, In-
Ltee, Montreal, 1967. Urn dos livros que fizeram compreender
c;:aocomo "prolongamento
of the computer arts, ORF, Linz, 1995.
Encontra-se nesta obra coletiva urn artigo-manifesto de Roy Ascott, pio-
0 papel
capital das tecnicas
de comunicac;:ao na evoluc;:ao cultural e na formac;:ao do psiquismo. Critico sua abordagem demasiado unilateral dos meios de comunicados sentidos".
RASTIER,Franc;:ois. "La triade semiotique,
Ie trivium et la semantique
lin-
neiro das artes em rede, "a favor de uma estetica do aparecimento", bem como urn texto de Derrick de Kerckhove que analisa a arte da Web
guistique", Nouveaux Actes semiotiques, no 9, 54 p., 1990. Por urn dos melhores lingiiistas franceses, urn estudo engenhoso da
e a Web como arte.
analogia entre a classificac;:ao moderna "sintaxe, semantica e pragmatica" eo antigo trivio "gramatica, dialetica e retorica". Franc;:oisRastier
LEROI-GOURHAN,Andre. Le Geste et la parole, tomos 1 e 2, Albin Michel,
mostra a relac;:ao entre essas tripartic;:6es e a tria de semiotica de base:
Paris, 1965. Uma referencia inevitavel da antropologia e da filosofia da tecnica. Devo muito a seu paralelismo da evoluc;:aoda linguagem e da tecnica ao longo da hominizac;:ao. Pode-se, no entanto, criticar uma concepc;:ao demasiado simplista da ferramenta como prolongamento LEVY,Pierre. De la programmation Decouverte, Paris, 1992.
dos orgaos.
"artesanal".
a
['ere
informatique, La Decouverte, Paris, 1990. Reedic;:ao em livro de bolso: Seuil, Paris, 1993.
dos group wares e da simu-
lac;:ao. 0livro analisa relac;:6esentre tecnologias intelectuais e formas culturais a luz das ciencias cognitivas, e enuncia quisa de uma "ecologia cognitiva". LEVY,Pierre. L'Inteligence
0
collective. Pour une anthropologie du cyberspace,
torico da comunicac;:ao assistida por computadores
e urn estudo inte-
ressante dos MUDS, jogos de papeis em redes de computadores.
vulgarizac;:ao tecnica, historica e apresentac;:ao dos atores.
A inteligencia coletiva como projeto de civilizac;:ao,recolocado em persTerra, Ter-
SERRES,Michel. Le Parasite, Grasset, Paris, 1980. Urn grande livro de antropologia filosofica. Michel Serres trata sob0 mesmo angulo de relac;:6es sociais, biologia, teoria da comunicac;:ao e metafisica. E em Le Parasite que se acha enunciada pela primeira vez
Editions du CNRS,
A economia da informac;:ao do ponto de vista dos documentalistas dos bibliotecarios.
1993. Howard Rheingold participou ele proprio, durante dez anos, de uma comunidade virtual. 0livro contem, em particular, urn precioso his-
ginal: Virtual Reality, Simon &Schuster, Nova York, 1991. Uma das melhores obras sobre 0assunto para 0grande publico, com
La Decouverte, Paris, 1994.
MAYERE,Anne. Pour une economie de ['information, Paris, 1990.
RHEINGOLD,Howard. Les Communautes virtue lies, Addison Wesley, Paris, 1995. Ed. original: Virtual Community, Addison Wesley, Nova York,
RHEINGOLD,Howard. La Realite virtuelle, Dunod, Paris, 1993. Edic;:aoori-
program a de pes-
pectiva por uma teoria dos quatro espac;:osantropologicos: ritorio, Mercadoria, Saber.
animal et evolution. Courir, voler, nager,
tualizac;:ao pela mobilidade.
da, sobre quatro casos concretos, do trabalho inventivo e criativo que
Uma abordagem filosofica do hipertexto,
REICHHOLF,Joseph. Mouvement
deriva da leitura desse artigo.
scher Taschenbiicher Verlag, Munique, 1992. Movimento, locomoc;:ao e velocidade, no mundo animal e vivo. A vir-
consideree comme un des beaux-arts, La
LEVY,Pierre. Les Technologies de ['intelligence. L'avenir de la pensee
nha concepc;:ao do trivio antropologico
sauter, Flammarion, Paris, 1994. Edic;:aooriginal em alemao pela Deut-
Coletanea de estudos critic os de ecologia cognitiva. Analise detalhae a programac;:ao informatica
significante, significado, referente, ou ainda vox, conceptus e res. Mi-
a teoria do quase-objeto e
que, ao circular, constitui
0 coletivo.
SERRES,Michel. Statues, Franc;:ois Bourin, Paris, 1987. Excelente meditac;:ao sobre a passagem continua do objeto ao sujeito e do sujeito ao objeto.