UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Radioisótopos na indústria Importância da radioatividade no controle de qualidade Nara Emília Santos Benedicto 17/12/2013
Trabalho solicitado pela docente Vilma Barreto, da disciplina de Radioisótopos como instrumento de avaliação do curso de Biotecnologia no semestre 2013.2. 2
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE CIENCIAS DA SAUDE DEPARTAMENTO DE BIOINTERAÇÃO CURSO DE BIOTECNOLOGIA DISCIPLINA RADIOISÓTOPOS DOCENTE: VILMA BARRETO
RADIOISÓTOPOS NA INDÚSTRIA: IMPORTÂNCIA DA RADIOATIVIDADE NO CONTROLE DE QUALIDADE
Salvador, 2013 3
SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO..........................................................................................2 2. HISTÓRICO..............................................................................................3 3. ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS...............................................................4 4. EQUIPAMENTOS E TÉCNICAS INDUSTRIAIS.......................................5 4.1 EMISSORES DE RAIO X....................................................................5 4.2 EMISSORES DE RAIOS GAMA ........................................................6 4.3 FLUOROSCOPIA NA INDÚSTRIA ....................................................8 4.4 TOMOGRAFIA NA INDÚSTRIA (TC)..................................................8 4.5 MEDIDORES DE NÍVEL.....................................................................9 4.6 NEUTRONGRAFIA ..........................................................................10 5. TRAÇADORES RADIOATIVOS INDUSTRIAIS......................................11 6. RADIOATIVIDADE NO CONTROLE DE QUALIDADE DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO.......................................................................................12 7. RADIOATIVIDADE NA INDÚSTRIA DE TECIDOS SINTÉTICOS..........13 8. RADIOATIVIDADE NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS............................14 9. QUALIFICAÇÃO DE PROFISSIONAIS PELA CNEN E LEGISLAÇÃO..15 10. CONCLUSÃO.........................................................................................18 11. REFERÊNCIAS.......................................................................................18
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1. Introdução Controle de qualidade é uma medida adotada por organizações de diferentes segmentos
em
todo
mundo para
definir padrões
em
procedimentos, políticas e ações, de maneira uniforme. É um sistema que considera o grau de satisfação do consumidor, acionistas, funcionários, fornecedores e sociedade, como um todo. As propriedades de produtos, serviços, atendimentos ou ações são testadas, para a certificação de um padrão de qualidade de tal corporação. Além do controle de qualidade interno, existem vários órgãos em todo o mundo que regulamentam tais padrões e especificações técnicas. Cada país possui sua legislação sobre o assunto e o não cumprimento da lei pode render sanções. Nesse contexto, a radioatividade é uma importante ferramenta nos procedimentos de controle de qualidade. O núcleo é instável de um elemento que emite energia na forma de ondas eletromagnéticas ou de partículas até atingir a estabilidade é denominado isótopo radioativo ou radioisótopo. Na natureza, existem 92 elementos. Cada elemento pode ter quantidades diferentes de nêutrons. Os núcleos com mesmo número de prótons, mas que diferem no número de nêutrons são denominados isótopos de um mesmo elemento. Para determinadas combinações de nêutrons e prótons, o núcleo é estável – nesse caso, são denominados isótopos estáveis. As radiações emitidas pelo núcleo têm características diferentes e são denominadas: 1. Radiações gama, ou seja, radiação eletromagnética, da mesma natureza que a luz visível, as microondas ou os raios X, porém mais energética; 2. Radiação alfa (núcleos de hélio, formados por dois prótons e dois nêutrons); 3. Radiação beta (elétrons ou suas antipartículas, os pósitrons, cuja carga elétrica é positiva). A indústria é uma das maiores usuárias das técnicas nucleares no Brasil, respondendo por cerca de 30% das licenças para utilização de fontes radioativas. Elas são empregadas principalmente para a melhoria da qualidade dos processos nos mais diversos setores industriais. As principais aplicações
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são na medição de espessuras de matérias, medição de vazões de líquidos, bem como no controle da qualidade de junções de peças metálicas. A facilidade de penetração da radiação em diversos materiais, bem como a variação de sua atenuação com a densidade do meio que atravessa, tornam seu uso conveniente em medidores de nível, espessura e umidade. Na indústria de papel e tecidos tecnológicos, esses medidores são utilizados para garantir que todas as folhas tenham a mesma espessura (padrão de gramatura), para atender às exigências de qualidade do mercado mundial, enquanto, na indústria de bebidas, a radiação é usada para controle de enchimento de vasilhames. Outro uso importante das radiações nucleares está na aplicação de traçadores radioativos. Nesse método, uma substância com material radioativo é injetada em um meio, e é feito um acompanhamento de seu comportamento nos processos que se deseja observar. Traçadores radioativos também têm sido cada vez mais utilizados para detectar problemas de vazamentos e mau funcionamento em grandes plantas da indústria química, permitindo economia de tempo e de dinheiro. Na exploração de petróleo, fontes de nêutrons são utilizadas em processos para determinar o perfil do solo, enquanto outras podem auxiliar a distinguir, nesse processo, a quantidade de água, gás e óleo existentes no material extraído, facilitando e barateando o processo de exploração. (Fonte: biodisel.com, 2010).
2. Histórico Em 1895 teve início a ciência das radiações, com a descoberta dos raios x pelo físico alemão Wilhelmm Konrad Roentgen, seguindo-se a observação da radioatividade natural por Henri Becquerel em 1896 que estudava a fosforescência e fluorescência de vários elementos, quando observou que algumas
placas
fotográficas
que
se
achavam
guardadas,
ficavam
estranhamente escurecidas ao permaneceram próximas de uma amostra de um composto do elemento Urânio. Alguma emanação desconhecida proveniente da amostra atravessava o invólucro protetor das placas. Becquerel concluiu que o Urânio tinha propriedade de emitir radiações penetrantes, capazes de atravessar corpos opacos à luz. Logo depois, em 1898, os
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estudantes de Becquerel, Marie e Pierre Curie, anunciaram mais dois novos elementos de grande atividade, denominando-os de Polônio e Radio. Estas descobertas empolgantes conduziram a uma nova era com muitos avanços científicos para o bem da humanidade e alguns para a fabricação de armas poderosas que destruíram as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, causaram danos à população das ilhas Bikini, Chernobyl e Goiânia. Apesar destes acidentes, a utilização de fontes radioativas possui um histórico de segurança muito satisfatório. Em 1967 o Brasil assinou o tratado para a Proscrição de Armas Nucleares na América Latina e Caribe e no ano seguinte foi estabelecido pela AIEA o Tratado de Não-proliferação. Em 1984 Angra 1 entrou em operação comercial, trazendo à tona a importância da radiação no setor energético. Radio e os raios-x foram logo utilizados para o tratamento de câncer. A Medicina Nuclear (MN) tem contribuído de forma importante para o esclarecimento das causas de várias patologias, notadamente no diagnóstico diferencial das complicações clínicas e cirúrgicas. A vantagem destes procedimentos de Medicina Nuclear é que eles fornecem informações funcionais adicionais, enquanto as imagens obtidas pela radiologia e pela ultrasonografia convencional são estáticas e predominantemente anatômicas. Os efeitos da radiação não podem ser considerados inócuos, a sua interação com os seres vivos pode levar a teratogenias e até a morte. Os riscos e benefícios devem ser ponderados. A radiação é um risco e deve ser usada de acordo com os seus benefícios.
3. Ensaios Não Destrutivos Radiografia é um método de Ensaios Não Destrutivos (END) que examina o volume de uma amostra. A radiografia utiliza os raios X e os raios gama para produzir a radiografia de uma amostra, mostrando quaisquer alterações em espessura, defeitos (internos e externos) e detalhes de montagem para assegurar a qualidade ideal em sua operação. A radiografia baseia-se na absorção diferenciada da radiação penetrante pela peça que está sendo inspecionada. Devido às diferenças na densidade e variações na espessura do material, ou mesmo diferenças nas características de absorção causadas por variações na composição do material, diferentes regiões de uma 7
peça absorverão quantidades diferentes da radiação penetrante. Essa absorção diferenciada da radiação poderá ser detectada através de um filme, ou através de um tubo de imagem ou mesmo medida por detectores eletrônicos de radiação. Essa variação na quantidade de radiação absorvida, detectada através de um meio, indica, entre outras coisas, a existência de uma falha interna ou defeito no material. É um método capaz de detectar com boa sensibilidade defeitos volumétricos. Isto quer dizer que a capacidade do processo de detectar defeitos com pequenas espessuras em planos perpendiculares ao feixe, como trinca dependerá da técnica de ensaio realizado. Defeitos como vazios e inclusões que apresentam uma espessura variável em todas direções, serão facilmente detectadas desde que não sejam muito pequenos em relação à espessura da peça.
Figura 1: Supervisor fazendo inspeção radiográfica. (Fonte: Renato Ribeiro, 2012)
A desvantagem de usar um filme radiográfico é que isso leva tempo. Por vezes, as empresas preferem utilizar a inspeção em tempo real, em que a imagem radiográfica é exibida num monitor, e um dispositivo é movido sobre o objeto a ser inspecionado. Este método tende a ter uma resolução menos clara, e não cria um registro permanente, a menos que a película de controle em tempo real seja gravada, tal como é feito em alguns casos. A vantagem é que ele pode ser feito muito rapidamente, sendo um aspecto essencial durante a inspeção e a reparação rápidas. (Fonte: Branco, 2012).
4. Equipamentos e técnicas industriais 4.1 Emissores de Raio X
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Os equipamentos de raios X industriais se dividem geralmente em dois componentes: o painel de controle e o cabeçote, ou unidade geradora. O painel de controle consiste em uma caixa onde estão alojados todos os controles, indicadores, chaves e medidores, além de conter todo o equipamento do circuito gerador de alta voltagem. É através do painel de controle que se fazem os ajustes de voltagem e amperagem, além de comando de acionamento do aparelho. No cabeçote está alojada a ampola e os dispositivos de refrigeração. A conexão entre o painel de controle e o cabeçote se faz através de cabos especiais de alta tensão. As principais características de um equipamento de Raios X são: a - voltagem e amperagem máxima; b - tamanho do ponto focal e tipo de feixe de radiação; c - peso e tamanho; Esses dados determinam a capacidade de operação do equipamento, pois estão diretamente ligados ao que o equipamento pode ou não fazer. Isso se deve ao fato dessas grandezas determinarem as características da radiação gerada no equipamento. A voltagem se refere à diferença de potencial entre o anodo e o catodo e é expressa em quilovolts (kV). A amperagem se refere à corrente do tubo e é expressa em miliamperes (mA). (Fonte: Oliveira, 2012)
Figura 2: Esquema de funcionamento de radiografia. (Fonte: Oliveira, 2005)
4.2 Emissores de Raios Gama Os equipamentos para gamagrafia (radiografia com raios gama), são mais simples, têm menor custo inicial e requerem menor manutenção, comparados aos de raios X. Além disso, a gamagrafia pode ser utilizada em
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locais e condições em que os raios X não sejam acessíveis. As três partes básicas que compõem os irradiadores são: blindagem, mangote e comandos. As fontes usadas em gamagrafia requerem cuidados especiais de segurança, pois uma vez ativadas, emitem radiação constantemente. Deste modo, é necessário um equipamento que forneça uma blindagem, contra as radiações emitidas da fonte quando a mesma não está sendo usada. De mesma forma é necessário dotar essa blindagem de um sistema que permita retirar a fonte de seu interior, para que a radiografia seja feita. Esse equipamento
denomina-se
Irradiador.
Os
irradiadores
compõem-se,
basicamente, de três componentes fundamentais: Uma blindagem, uma fonte radioativa e um dispositivo para expor a fonte. As blindagens podem ser construídas com diversos tipos de materiais. Geralmente são construídos um elemento (chumbo ou urânio exaurido), sendo contida dentro de um recipiente externo de aço, que tem a finalidade de proteger a blindagem contra choques mecânicos. Uma característica importante dos irradiadores, que diz respeito à blindagem é a sua capacidade. As fontes de radiação podem ser fornecidas com diversas atividades e cada elemento radioativo possui uma energia de radiação própria. Assim cada blindagem é dimensionada para conter um elemento radioativo específico, com uma certa atividade máxima determinada. Portanto, é sempre desaconselhável usar um irradiador projetado para determinado elemento, com fontes radioativas de elementos diferentes e com outras atividades. Apenas poucas fontes radiativas seladas sejam atualmente utilizadas pela indústria moderna, as mais utilizadas são as seguintes:
Cobalto - 60 (Co-60, Z=27)
Irídio - 192 (Ir-192, Z=77)
Túlio - 170 (Tu-170, Z=69)
Césio - 137 (Cs-137, Z=55)
Selênio - 75 (Se-75)
Esse tipo de operação só pode ser feita por profissionais especializados e nunca pelo pessoal que opera o equipamento. A fonte radioativa consta de uma determinada quantidade de um isótopo radioativo. Essa massa de
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radioisótopo é encapsulada e lacrada dentro de um pequeno envoltório metálico muitas vezes denominado "porta- fonte" ou “torpedo” devido a sua forma, ou fonte selada, simplesmente. O torpedo se destina a impedir que o material radioativo entre em contato com qualquer superfície, ou objeto, diminuindo os riscos de uma eventual contaminação radioativa. (Fonte: Oliveira, 2012).
4.3 Fluoroscopia na indústria Esta técnica é empregada nos processos onde a grafia não é possível, e quando o tempo entre a exposição do objeto analisado e a obtenção da imagem resultante seja imediata. A imagem, nesse caso é registrada eletronicamente em vez de filme radiográfico. A imagem formada é positiva uma vez que as áreas mais brilhantes indicam onde há maior incidência de radiação transmitida a tingir a tela. Tal imagem é oposta à imagem negativa produzida no filme radiográfico. Em outras palavras, na fluoroscopia, quanto mais clara a área, menos espessa e/ou menos densa a seção da peça ou componente sob análise. O ensaio por fluoroscopia é um método de ensaio não destrutivo tendo aplicações nas indústrias automotiva, aeronáutica, eletrônica e militar, entre outras. O uso desse método tem crescido devido à redução no custo do equipamento e à solução de problemas como proteção e armazenamento de imagens digitais. A resolução da imagem fluoroscópica é geralmente inferior à imagem num filme radiográfico. Uma maneira de melhorar a resolução é usar ponto focal menor para reduzir a penumbra. Pontos focais menores são recomendados particularmente nos casos em que a magnificação do objeto ou região do objeto é necessária. (Fonte: PARIZOTI, 2009).
4.4 Tomografia na indústria (TC) A TC na industrial, analogamente à TC na área médica, utiliza o princípio da medição da atenuação da radiação ao longo de diferentes direções nas quais os raios atravessam o objeto sob exame, seguida pelo uso de algoritmos de reconstrução de imagem.
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Desse modo, a TC permite a obtenção de imagens 2D de seções transversais do objeto, e pela combinação de sucessivos cortes, de imagens 3D. A figura seguinte apresenta uma radiografia, um corte tomográfico 2D e a reconstrução 3D de um mesmo molde de cerâmica. A TC proporciona uma melhor informação quanto à profundidade e distribuição de descontinuidades do que a radiografia convencional.
Figura 3: Radiografia em um molde cerâmico, corte tomográfico 2D de corte cerâmico e corte tomográfico 3D de corte cerâmico. (Fonte: Oliveira, 2005)
Outra importante característica da TC é que resulta em dados digitalizados que podem ser prontamente processados com softwares de processamento de imagem, disponibilizados para os usuários e compatíveis com diversos aplicativos. As desvantagens da TC são o alto custo do equipamento e da instalação,
a
necessidade
de
pessoal
altamente
especializado
e,
consequentemente, o alto custo da análise da tomografia. Por essas razões, o uso da TC tem se limitado a poucas aplicações onde a segurança e a confiabilidade são de tamanha importância que compensam os custos. (Fonte: Oliveira, 2012)
4.5 Medidores de Nível O sistema de medição por raios gamas consiste em uma fonte de emissão de raios gamas montado verticalmente na lateral do tanque e do outro lado do tanque teremos uma câmara de ionização que transforma a radiação Gama recebida em um sinal elétrico de corrente contínua. Como a transmissão dos raios é inversamente proporcional a altura do líquido do tanque, a radiação captada pelo receptor é inversamente proporcional ao nível do líquido do
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tanque, já que o material bloquearia parte da energia emitida. Em geral os medidores de nível, e de espessuras, são dotados de fontes radioativas com meia vida muito longa, como o Césio (Cs-137) ou o Cobalto (Co-60), com atividades de ordem de milicuries, sendo sua operação bastante segura, uma vez que a fonte radioativa não opera fora de blindagem.
Figura 4: Engarrafamento de bebidas em linha de produção. (Fonte: Renato Ribeiro, 2012)
4.6 Neutrongrafia A neutrongrafia, semelhantemente a outras técnicas radiográficas, consiste em um feixe de radiação (nêutrons, neste caso) que atravessa um dado objeto e sensibiliza um sistema de registro de imagem. Porém, a forma como os nêutrons interagem com a matéria, no entanto, difere totalmente de como fótons X ou gama interagem, enquanto fótons interagem com os elétrons orbitais dos átomos, nêutrons o fazem com os núcleos. Como resultado, a radiografia com nêutrons permite revelar materiais mais leves que não atenuam raios-x ou gama como, por exemplo, H, B, Be, Li, N, O, além de penetrar em materiais muito mais pesados. (Fonte: Andreucci, R. 2002). A obtenção de Neutrongrafia convencional envolve três componentes: um fluxo de nêutrons apropriado, o objeto a ser investigado e um dispositivo registrador contendo filme radiográfico com conversor de nêutrons em radiação secundária capaz de sensibilizar o filme. As fontes de nêutrons podem ser reunidas em 03 grupos (aceleradores de partículas, fontes isotópicas e reator
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nuclear, este último é o mais utilizado atualmente). (Fonte: Moraes, A.C.A, 2011).
5. Traçadores radioativos industriais Traçadores radioativos vem sendo muito aplicado para o exame de equipamentos industriais. A técnica consiste na aplicação de material radioativo de meia-vida (tempo em que a radioatividade é reduzida à metade através do decaimento radioativo) curta (horas ou dias) no equipamento a ser analisado. O material emite radiação, que ao ser detectada por um aparelho especial, mostra o estado real da unidade analisada, identificando a existência de obstruções ou vazamentos. As aplicações industriais de traçadores radioativos vem aumentando cada vez mais graças as vantagens oferecidas por essa técnica que é a possibilidade de ser aplicada no ambiente de produção, sem que seja necessário paralisar a unidade. Desenvolvendo trabalhos nessa área desde 1998, o Laboratório emprega traçadores sólidos como o Lantânio 140, o Ouro 198, o Manganês 56, o Cromo 51 e a Prata 110 e traçadores gasosos como o Criptônio 85 e o Argônio 40. As indústrias de vidros, cimento, mineração e química em geral são usuárias dos traçadores radioativos, empregados na análise de misturadores de matérias-primas. Em outras indústrias como a de petróleo, é uma importante ferramenta para calibração e aferição de medidores de vazão em unidades que trabalham com gás, oleodutos ou para avaliação de caldeiras, identificando zonas mortas – partes que não estão sendo utilizadas por algum problema operacional causando danos aos produtos ou perda de material. Na área de meio-ambiente, principalmente em unidades de controle de emissão de poluentes (sólidos, líquidos ou gasosos), a utilização da técnica de traçadores radioativos permite a avaliação em tempo real de centrais de tratamento de efluentes, possibilitando uma análise das condições operacionais destas unidades, identificando possíveis problemas e otimizando toda a rotina de operação. (fonte: Nery, 2002).
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6. Radioatividade no controle de qualidade da indústria de Petróleo Os radioisótopos também são aplicados na indústria de petróleo para melhor exploração, como também para controle de qualidade.
Gamagrafia: Trabalhos realizados em chapas e tubulações com o objetivo de identificar descontinuidades. Os radioisótopos comumente usados são o SELÊNIO-75 e IRÍDIO-192.
Radiografia industrial: Trabalhos realizados em chapas e tubulações com o objetivo de identificar descontinuidades.
Medidores nucleares: Os medidores nucleares são dispositivos que usam fontes de radiação associadas a um detector, numa geometria tal que permite por atenuação ou espalhamento da radiação, saber se o material medido está ou não presente no nível pré-estabelecido. Os medidores que utilizam radiações são completamente isentos do contato com os produtos que estão sendo medidos, são blindados, e dispensam o uso de sondas ou outras técnicas que mantém contato com sólidos ou líquidos tornando-se possível, em qualquer momento, realizar a manutenção desses medidores, sem a interferência ou mesmo a paralisação do processo. Podem ser usados para indicação e controle de materiais de manuseio extremamente difícil e corrosivo, abrasivo, muito quente, sob pressões elevadas ou de alta viscosidade. Equipamentos utilizados em algumas unidades marítimas com o objetivo de monitorar a vazão dos poços de produção, podendo ser submarinos ou de superfície. Estes equipamentos operam com radioisótopos de Cézio-137 e Cobalto-60.
Operações de perfilagem: São operações que utilizam o método do Densitômetro radioativo para avaliar as propriedades físico-químicas das rochas com o uso dos radioisótopos de Cesio-137 e amerício Berílio-241 nas fases de:
Perfuração: Registros de densidade, porosidade e tipo de Fluido nas rochas da formação durante a perfuração.
Perfilagem: Ferramentas nucleares (Via Cabo) registram informações de densidade, porosidade e tipo de fluido nas rochas da Formação.
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7. Radioatividade na indústria de tecidos sintéticos Toda radiação carrega consigo certa quantidade de energia particular. Partindo desse pressuposto, o princípio de utilização para medição da gramatura ocorre por diferença de gradiente de energia, onde uma quantidade controlada de radiação é emitida por um equipamento emissor contendo a fonte radioativa, sendo essa radiação direcionada para uma área específica do laminado sintético, atravessando-o e consequentemente dissipando energia durante essa travessia. Após a travessia a radiação com menos energia por conta da dissipação e absorção chega a um receptor que quantificará essa energia, por consequência a sua variação (Energia Inicial – Energia Final), traduzindo essa leitura para o parâmetro que se quer analisar, ou seja, o equipamento determina a gramatura do material que está em linha de produção.
Figura 5: Esquema de funcionamento do medidor.
Para um perfeito funcionamento do equipamento é necessário que ele seja calibrado com periodicidade semanal, pois se trata de um equipamento de alta precisão e com bastante sensibilidade a interferências externas como trepidação da máquina, variações de temperatura, dentre outros. As calibrações são feitas desde a ausência de material entre o emissor e o receptor (gramatura zero), passando por vários corpos de calibração com pesos padronizados.
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Figura 6: Curva de calibração do medidor de gramatura.
De acordo com a curva de calibração o equipamento está habilitado para medições de até 25g/m 3, pois a partir desse ponto a curva de calibração perde a linearidade. À medida que se aumenta a gramatura dos corpos de calibração a quantidade de energia remanescente vai diminuindo ao ponto de deixar as medições imprecisas ou inconsistentes. Outros tipos de fonte podem ser direcionados para faixas de medições maiores ou menores a depender da energia específica de cada uma delas. A fonte de Estrôncio 90 é ideal para o controle de gramatura dos laminados sintéticos da Brisa, pois a faixa de operação da referida empresa é de 05 g/m 3 a 15 g/m3. Dentro do processo produtivo as medições são feitas em intervalos de 5 segundos, onde qualquer valor de gramatura obtido fará da faixa de especificação é imediatamente sinalizado para que ações corretivas sejam adotadas dentro do processo. O sistema de medição implantado é fundamental para garantir as propriedades exigidas pelo mercado consumidor. A sua não utilização acarretaria em desperdício de matéria prima e problemas de qualidade que acarretariam desgastes com clientes e consumidores.
8. Radioatividade na indústria de alimentos Na indústria de alimentos, o processo de envase de uma bebida é tão importante quanto o processo de produção. É necessário um controle para evitar perdas de produtos assim como para assegurar que na embalagem não tem uma quantidade menor da bebida indicada no rótulo. É possível realizar o controle do nível correto de uma bebida embalada num invólucro de alumínio utiliza-se uma fonte radioativa de baixa atividade
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(100 mCi) e um detector. As “latinhas” enfileiradas numa correia transportadora
de alta velocidade interceptam o feixe de radiação que saí da fonte e é registrado no detector. Se o líquido estiver acima do nível estabelecido, o feixe será atenuado bastante em comparação com a presença só de gás, quando um pouco vazia. Quando não preencher o requisito, uma pequena alavanca retira a lata do roteiro de empacotamento. O mesmo princípio de variação brusca da atenuação do feixe de radiação que atravessa as paredes do invólucro e do material de preenchimento é utilizado, para controle de níveis de silos de grande porte para grãos, refinarias e materiais para altofornos.
9. Qualificação de profissionais pela CNEN e legislação Apesar da utilização de radioisótopos nos diversos tipos de indústria para controle de qualidade ser rotineira, o profissional precisa ser qualificado e certificado para manipular equipamentos que envolvem o uso de radioatividade. A qualificação é a comprovação e verificações formais de características e habilidades, através de procedimentos escritos e com resultados documentados, que permitem a um indivíduo exercer determinadas tarefas como profissional. A certificação é o testemunho formal de uma qualificação, através da emissão de um certificado, permitindo ao indivíduo exercer as funções e atribuições previamente estabelecidas, expedido por um organismo autorizado. A empresa deve apresentar, segundo exigência da Comissão Nacional de Energia Nuclear- CNEN, a relação do pessoal técnico do Serviço constituída do seguinte modo: - (dois) supervisores de radioproteção, ou mais de 2 (dois) nos casos julgados necessários pela CNEN;
- para cada instalação, 2 (dois) operadores de radiografia, um deles, pelo menos, sendo operador qualificado segundo a norma NN-6.04, podendo o segundo ser, apenas, operador estagiário, maior de 18 anos; e
- no caso específico de instalação aberta também, pelo menos, 1 (um) responsável pela instalação aberta.
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Qualificação do Supervisor de Radioproteção do Serviço deve atender aos seguintes requisitos: Possuir diploma de curso universitário, reconhecido pelo
Ministério da Educação, numa das seguintes áreas: Física, Engenharia, Química, Medicina, Biologia, Farmácia, Medicina Veterinária, Agronomia, Biofísica, Bioquímica e Geologia;
Ter sido aprovado, com nota final igual ou superior a 7 (sete) numa escala de 0 (zero) a 10 (dez), em um curso específico para supervisores de radioproteção na área de radiografia industrial, com recursos didáticos, carga horária e programa mínimo aprovados pela CNEN; e
Estar de posse da certificação da qualificação de supervisor de radioproteção, específica para a área de radiografia industrial, concedida pela CNEN.
Qualificação do Responsável pela Instalação Aberta (RIA) deve atender aos seguintes requisitos:
Possuir 2° grau completo de escolaridade;
Ter concluído, com aproveitamento, um curso especializado de radioproteção reconhecido pela CNEN, com carga horária mínima de 80 (oitenta) horas; e
Possuir certificação da qualificação concedida pela CNEN
mediante requerimento próprio. Qualificação do Operador de radiografia deve atender aos seguintes requisitos:
Possuir 1° grau completo de escolaridade;
Ter concluído com aproveitamento um curso especializado de radioproteção reconhecido pela CNEN com carga horária mínima de 80 (horas); e
Possuir certificação da qualificação concedida pela CNEN
mediante requerimento próprio. Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) foi criada pela LEI Nº 4.118, DE 27 DE AGOSTO DE 1962 que Dispõe sobre a política nacional de energia nuclear, cria a Comissão Nacional de Energia Nuclear, e dá outras
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providências, estabelece que todas as regulamentação referentes as radiações é da competências do CNEN. De acordo com a Lei nº 6.189/74 que define as competências
fiscalizar
as
atividades
nuclear
no
país,
fica
sobre
responsabilidade do CNEN a regulação, guarda de rejeitos radioativos, prestação de serviços, realização de pesquisas científicas e produção e comercialização de materiais e equipamentos.
Art. 2º - dentre várias responsabilidade, compete à CNEN: II - baixar diretrizes específicas para radio proteção e segurança nuclear, atividade científico-tecnológica, industriais e demais aplicações nucleares; IV - A indústria de produção de materiais e equipamentos destinados ao desenvolvimento nuclear. XVII - autorizar a utilização de radioisótopos para pesquisas e usos medicinais, agrícolas, industriais e atividades análoga. Através do Programa de Isótopos do Brasil o CNEN definiu parâmetros para produzir e distribui radioisótopos para aplicação na indústria, pesquisas e medicina. O objetivo do Programa é promover o suprimento confiável de isótopos e de serviços que são fornecidos pelo setor privado. Para prover esses produtos e serviços, o Departamento de Energia mantém a infraestrutura composta de aceleradores de partículas, reatores e células blindadas para a manipulação desses materiais. São negociados isótopos chamados de comerciais, mais comuns e de meia-vida mais curta, bem como outros grupos de isótopos estáveis e de meia-vida longa, que são vendidos sob inventário. Segundo legislação o CNEN é responsável pelo licenciamento das instalações industriais, cada indústria tem suas peculiaridades para ser licenciado o CNEN as separas de acordo com as categorias: Aceleradores de Partículas; Irradiação Industrial; Medidores Nucleares e Perfilagem de Poços; Técnicas Analíticas; Radiografia; Gamagrafia ; Instalações Físicas; Instalações Móveis; Zonas Urbanas. (Fonte: CNEN).
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10. Conclusão A radioatividade é bastante utilizada nas diversas áreas da indústria para as mais diferentes aplicações. Ganha destaque o controle de qualidade que, por muitas vezes é feito utilizando ferramentas envolvendo radioatividade, como por exemplo, os ensaios não destrutivos que servem para inspecionar tubulações, garantir bebidas estejam sendo envasadas sem perdas, garantir que peças de metais não possuem fissuras e que materiais como papeis e tecidos sintéticos possuam a gramatura correta. Os equipamentos para execução são também os mais diversos, possuindo painel de controle e capsulas para os radioisótopos evitando que o manipulador entre em contato com o radioisótopo fonte e que este entre em contato com o ambiente proporcionando maior segurança ao processo de modo geral. Vale salientar também que os manipuladores precisam ser capacitados e qualificados pra trabalhar com radioatividade. O órgão responsável por orientar e fiscalizar as empresas e manipuladores de radioisótopos é a CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear, que conta com elaborada legislação para garantir que a radioatividade será utilizada de maneira correta, trazendo muito mais benefícios que malefícios aos serviços prestados à sociedade.
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REFERÊNCIAS
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