Universidade Federal do ABC - 2016.2 Pesquisa e Comunicação Científica - Profª Dr. Miguel Said Vieira Santo André, 28 de julho de 2016. RESENHA
DINI DINIZ, Z, Debo Debora ra;; MUNH MUNHOZ OZ,, Ana Ana Terr Terra a Meji Mejia a . Cópi Cópia a e past pastic iche he:: plág plágio io na comunicação científica. Argumentum (Vitória) , ano 3, n. 3, v.1, p. 11-28, 2011.
Resenhado por Yasmin Marcos (Universidade Federal do ABC)
Inicialmente, as autoras argumentam que o plágio é um assunto sobre o qual todos possuem uma referência a compartilhar, porém poucos seriam capazes de defini-lo preciso e corretamente. Aparentemente, acusar um autor de plágio é ofende ofenderr a sua integr integrida idade de moral. moral. Quanto Quanto à sua definiçã definição o precis precisa, a, exist existem em sutis sutis diferenças entre o plágio e diversos outros delitos de desonestidade na escrita. A etim etimol olog ogia ia evid eviden enci cia a que que a util utiliz izaç ação ão do term termo o plág plágio io data data do sécu século lo I para para demonstrar que a prática de cópia não autorizada da criação alheia é extremamente antig antiga. a. No enta entant nto, o, apen apenas as no perí períod odo o româ românt ntic ico o foi foi argu argume ment ntad ado o de que que a prod produç ução ão de um auto autorr seri seria a prop propri ried edad ade e dest deste, e, torn tornan ando do o plág plágio io uma uma form forma a desonesta de criação. Na atualidade atualidade,, analistas analistas argumentam argumentam que a internet internet muito facilitou facilitou a prática prática do plág plágio io.. O estil estilo o de cria criaçã ção o na comu comuni nica caçã ção o cien científ tífic ica a util utiliz izaa-se se de norm normas as padronizadas a serem seguidas, tais como citar de forma autorizada as palavras de outro autor ou parafrasear a obra de uma autoria referenciando esta devidamente. É seguindo tais normas que o plágio não é autorizado pela comunicação científica. O plágio ocorre quando alguém se apropria indevidamente da obra de outro, dessa forma violando o direito de reconhecimento do autor. Tal prática viola questões éticas de autoria, pois transgride o direito do autor de ser reconhecido pela sua criação na comunidade científica, além de agredir ética e moralmente o esforço de outro indivíduo.
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Na comunicação científica, não é esperado que os pesquisadores possuam “voz de autor” ou que sejam bons escritores, mas que possam ser autores que sejam capazes de se expressar de acordo com o estilo acadêmico normalizado. A originalidade de suas produções geralmente é alcança a partir dos resultados de suas pesquisas e não através da estética de narrativa. Os pesquisadores podem ser ambos autores ordinários quanto respeitados pela comunidade científica por obedecer as regras da comunicação. A originalidade da criação é o aspecto importante no estilo acadêmico e a obediência às normas do estilo é sinal de que o pesquisador deseja reconhecimento como autor. A produção científica está vinculada a uma cadeia de influências que a engloba. Desta forma, o pesquisador/autor deverá buscar por referências a fim de embasar a sua criação na literatura e não na memória. Uma forma que não é caracterizado plágio é a cópia autorizada, ou em outras palavras, a citação direta. Essa prática não insinua a fraqueza do autor na criação literária, mas reverencia a inspiração e o respeito do escritor para com a obra de outro. A citação direta é colocada no texto de forma diferenciada, ela deixa claro a substituição de voz do autor, é respeitosa. A paráfrase também é um recurso legítimo na comunicação científica, desde que respeitada as normas para tal prática, referenciando o autor e não desviando-se do contexto da argumentação original. “Na comunicação científica, o pastiche é a forma mais ardilosa de plágio, aquela que se autodenuncia pela tentativa de encobrimento da cópia” (DINIZ & MUNHOZ, 2011, p.20). De fato, não satisfeito em copiar ideias e argumentos de outrém, o plagiador tentar, de forma fracassada, ocultar a sua cópia ultrapassa o mais baixo limite (se houver) dos valores éticos e morais. A pastiche pode ser um modo de ocultar, não a cópia da criação alheia, mas da incompetência literária do pretensioso pasticheiro. O copista, por sua vez, comete o plágio para sustentar a sua existência no meio da produção literária, copiando de forma literal o que admira e não possui capacidade de reinventar. A grande diferença entre estes dois perversos literários é o tempo gasto para fraudar a obra: o copista geralmente não gasta mais que minutos para copiar literalmente o escrito e modificar a autoria enquanto que o pasticheiro gasta horas, pois preocupa-se com superar possíveis 2
caça-plágios. E como, argumentam as autoras, ambos se diferenciam no artifício de suas dissimulações. Quando não existem direitos autorais envolvidos, o plágio prejudica moralmente o autor da obra. O plagiador pode receber reconhecimento imerecido, ou até mesmo lucros injustos. Esta prática deve ser combatida como uma violação da integridade dos escritores e a punição para os praticantes deve ser severa, pois transgride valores éticos e morais e a honra acadêmica. Diniz & Munhoz (2011) argumentam que não há desonra em ser um escrito ordinário desde que sejam respeitadas as normas literárias acadêmicas e conceitos de estética da comunicação científica. O respeito quanto às autorias e a disseminação da prática do plágio talvez sejam a regra ética mais fundamental no meio acadêmico. Desse modo, o artigo é concluído com uma frase que merece ser citada diretamente: “O destino de um plagiador é o manto da vergonha, e a sentença é o silêncio obsequioso pelo mau uso da liberdade de expressão” (DINIZ & MUNHOZ, 2011, p.25-26).
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