Resumo – Direita e Esquerda Norberto Bobbio (p. 9) * Introdução à nova edição !999. (p. !") * #o $ado da %ontrov&rsia %ontrov&rsia sobre o si'ni%ado da distinção mantevese %om viva%idade o ve$o debate sobre a nature+a e o va$or de %ada uma de suas partes – da esquerda %omo ta$ independentemente da direita e da direita %omo ta$ independentemente da esquerda – para que que se poss possa a res espo pond nder er a ques quest, t,es es %o %omo mo-- #ind #inda a e/ist /iste e uma uma esquerda (ou direita)012 3ua$ o 4uturo da esquerda (ou da direita)012 E se e/istisse mais de uma esquerda (ou direita)01 (p. !!) * # maioria das pessoas que parti%ipam direta ou indiretamente da vida po$5ti%a po$5ti%a não pade%e pade%e s nenum nenum desses desses v5%ios. v5%ios. # tend6n%ia tend6n%ia a se a$inar nas situaç,es em que 7 dois $ados em $uta & um %omp %o mpor orta tame ment nto o natu natura ra$ $ muit muito o ma mais is natu natura ra$$ que que o de se %o %o$o $o%a %arr a%ima ou abai/o da bata$a %omo se %onstata abitua$mente nas part partid idas as de 4ute 4utebo bo$. $. 8 a$in a$ina arrse se pree preen% n%e e a ne%e ne%ess ssid idad ade e de iden identi ti%a %açã ção o a 4orm 4ormaç ação ão de um ns1 ns1-- ns ns de dir direita eita vo%6 vo%6ss de esquerda ou vi%eversa. *
Num
universo
%on:itua$
%omo
o
da
po$5ti%a
que
e/i'e
%ontinuamente a ideia do ;o'o das partes e do empeno para derrotar o advers7rio a divisão do universo em dois emis4&rios não & um simp$i%ação mas uma e$ representação da rea$idade. (p. !<) * No universo po$5ti%o e/istem situaç,es nas quais direita e esquerda tendem a e/%$uit um %entro e outras nas quais o in%$uem.
(p. !=) * #ssim %omo nos anos pre%edentes se atribu5a à queda do muro de Ber$im Ber$im a respo responsa nsabi$ bi$ida idade de pe$o pe$o en4raq en4raque% ue%ime imento nto ou mes mesmo mo pe$a pe$a este es terri$i+ i$i+aç ação ão da disti istin nçã ção o nos nos >$t >$timo imos ano anos o 4en 4en?men ?meno o da '$oba$i+ação tem sido %onsiderado a %ausa prin%ipa$ da esteri$idade. (p. !@) * Aobre a %rise da di%otomia direitaesquerda1 mani4estase %om parti%u$ar severidade #$essandro ampi. #ps e/por a$'umas ra+,es dessa %rise e$e prop,e outras (p. !9) poss5veis di%otomias %omo $o%a$ $o%a$'$o '$oba$ ba$
%entr %entrope operi4 ri4eri eria a
in%$us in%$usãoe ãoe/% /%$us $usão ão
individ individua$ ua$ism ismo o
or'a or'ani ni%i %ism smo o que que atra atrave vess ssam am tran transv sver ersa sa$m $men ente te as trad tradi% i%io iona nais is 4am5$ias po$5ti%as determinando novas a're'aç,es que não poderiam mais ser remetidas ao abitua$ esquema da po$5ti%a par$amentar. par$amentar. (p. !9) * 8 que est7 a%onte%endo & que a esquerda não %onse'ue mais 4a+er va$e va$err suas suas prp prpri rias as ra+, ra+,es es numa numa situ situaç ação ão em que que a trad tradi% i%io iona na$$ po$5ti%a de esquerda est7 destinada a perder %onsensos e apoios. (p. <") * 8 ob;etivo ob;etivo & e/p$5%itoe/p$5%ito- 84ere%er 84ere%er uma adequada adequada borda institu%io institu%iona$ na$ ao pro% pro%es esso so de ree eest stru rutu tura raçã ção o prod produt utiv iva a em %urs %urso o1. Em outr outras as pa$avras 'overnar a disso$ução do %ompromisso %ompromisso so%ia$demo%r7ti%o e administrar o desmante$amento da rede de re'ras e 'arantias que avi aviam am per permitido mitido aque aque$e $e equi equi$5 $5br brio io entr entre e %a %api pita ta$$ e trab traba$ a$o o que que sustentara a demo%ra%ia so%ia$ na se'unda metade do s&%u$o CC em 4avor do novo su;eito tota$itariamente e'em?ni%o a empresa1. (p. <<) * ma ve+ re%one%ido que e/istem di4erentes 4ormas de i'ua$dade e que a$'umas de$as podem ser en%ontradas at& mesmo em posiç,es
(p. !=) * #ssim %omo nos anos pre%edentes se atribu5a à queda do muro de Ber$im Ber$im a respo responsa nsabi$ bi$ida idade de pe$o pe$o en4raq en4raque% ue%ime imento nto ou mes mesmo mo pe$a pe$a este es terri$i+ i$i+aç ação ão da disti istin nçã ção o nos nos >$t >$timo imos ano anos o 4en 4en?men ?meno o da '$oba$i+ação tem sido %onsiderado a %ausa prin%ipa$ da esteri$idade. (p. !@) * Aobre a %rise da di%otomia direitaesquerda1 mani4estase %om parti%u$ar severidade #$essandro ampi. #ps e/por a$'umas ra+,es dessa %rise e$e prop,e outras (p. !9) poss5veis di%otomias %omo $o%a$ $o%a$'$o '$oba$ ba$
%entr %entrope operi4 ri4eri eria a
in%$us in%$usãoe ãoe/% /%$us $usão ão
individ individua$ ua$ism ismo o
or'a or'ani ni%i %ism smo o que que atra atrave vess ssam am tran transv sver ersa sa$m $men ente te as trad tradi% i%io iona nais is 4am5$ias po$5ti%as determinando novas a're'aç,es que não poderiam mais ser remetidas ao abitua$ esquema da po$5ti%a par$amentar. par$amentar. (p. !9) * 8 que est7 a%onte%endo & que a esquerda não %onse'ue mais 4a+er va$e va$err suas suas prp prpri rias as ra+, ra+,es es numa numa situ situaç ação ão em que que a trad tradi% i%io iona na$$ po$5ti%a de esquerda est7 destinada a perder %onsensos e apoios. (p. <") * 8 ob;etivo ob;etivo & e/p$5%itoe/p$5%ito- 84ere%er 84ere%er uma adequada adequada borda institu%io institu%iona$ na$ ao pro% pro%es esso so de ree eest stru rutu tura raçã ção o prod produt utiv iva a em %urs %urso o1. Em outr outras as pa$avras 'overnar a disso$ução do %ompromisso %ompromisso so%ia$demo%r7ti%o e administrar o desmante$amento da rede de re'ras e 'arantias que avi aviam am per permitido mitido aque aque$e $e equi equi$5 $5br brio io entr entre e %a %api pita ta$$ e trab traba$ a$o o que que sustentara a demo%ra%ia so%ia$ na se'unda metade do s&%u$o CC em 4avor do novo su;eito tota$itariamente e'em?ni%o a empresa1. (p. <<) * ma ve+ re%one%ido que e/istem di4erentes 4ormas de i'ua$dade e que a$'umas de$as podem ser en%ontradas at& mesmo em posiç,es
de dir direita eita tor tornas nase e inev inevit it7v 7ve$ e$ a per'u per'unt ntaa- o omo mo se dist distin in'u 'ue e a i'ua$dade de direita e i'ua$dade de esquerda01. (p. <) * (...) que a pessoa$ de esquerda & aque$a que %onsidera mais o que os omens t6m em %omum do que o que os divide e de que a pessoa de direita ao %ontr7rio d7 mais re$evFn%ia po$5ti%a ao que di4eren%ia um omem do outro do que ao que os une a di4erença entre direita e esquerda reve$ase no 4ato de que para a pessoa de esquerda a i'ua$dade & a re'ra e a desi'ua$dade a e/%eção. Disso se se'ue que para essa pessoa qua$quer 4orma de desi'ua$dade pre%isa ser de a$'um modo modo ;usti%ad ;usti%ada a ao passo que que para o indiv5duo indiv5duo de direita direita va$e e/atamente o %ontr7rio ou se;a que a desi'ua$dade & a re'ra e que se a$'uma re$ação de i'ua$dade deve ser a%o$ida e$a pre%isa ser devidamente ;usti%ada. (p.
* Entre Entre os primeiros a maioria não ne'a que a distinção teve sentido em outros tempos mas %onsidera que o;e em um so%iedade %ada ve+ mais %omp$i%ada na qua$ as m>$tip$as ra+,es de %ontraste são mais permitem que os opostos a$inamentos se;am %o$o%ados todos de um $ado ou todos de outro a %ontraposição un5vo%a entre uma direita e esquerda a%aba por ser simp$i%adora. (p. <@) * Não houve apenas a esquerda comunista, houve também, e há ainda, uma esquerda no interior do horizonte capitalista . # distinção
tem uma $on'a istria que vai bem a$&m da %ontraposição entre %apita$ismo e %omunismo2 (...). (p. G) * Jas a ren>n%ia ao uso da (p. =) vio$6n%ia para %onquistar e e/er%er e/er%er o pode poderr & a %a %ara ra%t %ter er5s 5sti ti%a %a do m& m&to todo do demo demo%r %r7t 7ti% i%o o %u;a %u;ass re'ra e'rass %onsti %onstitut tutiva ivass pres% pres%re revem vem v7rios v7rios pro%e pro%edim diment entos os para para a tomada tomada de de%is,es %o$etivas por meio do $ivre debate que pode dar ori'em ou a uma de%isão a%ordada ou a uma de%isão tomada pe$a maioria. Krova disso & que num sistema demo%r7ti%o a a$ternFn%ia entre 'overnos de direita e de esquerda & poss5ve$ e $e'5tima. (...) #s so%iedades abertas vivem e se e/pandem no interior das estrutures institu%ionais dos re'imes demo%r7ti%os. (p. 9) * 3uem se %onsidera de esquerda do mesmo modo que quem se %onsid %onsidera era de direit direita a admite admite que as respe respe%ti %tivas vas e/pr e/press ess,es ,es estão estão re4eridas a va$ores positivos. Esta & a ra+ão pe$a qua$ um e outro não dei/am de in%$uir a $iberdade entre estes va$ores. (p. G=) * Kre47%io à primeira edição ita$iana !99G.
(p. G9) * ! – # distinção %ontestada * ! Direita1 e esquerda1 são termos antit&ti%os que 7 mais de dois s&%u s& %u$o $oss t6m t6m sido sido abi abitu tua$ a$me ment nte e em empr pre' e'ad ados os para para desi desi'n 'nar ar o %ontraste entre as ideo$o'ias e entre os movimentos em que se divide o universo eminentemente %on:itua$ do pensamento e das aç,es po$5ti po$5ti%as %as.. Enquan Enquanto to termos termos antit& antit&ti% ti%os os e$e e$ess são são %om respe respeito ito ao univ univer erso so ao qua$ qua$ se re4er e4erem em re% e%ip iprro% o%am amen entte e/%$u %$udent dentes es e %on; %o n;un unta tame ment nte e e/au e/aust stiv ivos os.. Aão Aão e/%$ e/%$ud uden ente tess no se sent ntid ido o de que que nenuma
doutrina
ou
nenum
movimento
podem
ser
simu simu$t $tan anea eame ment nte e de dir direita eita e de es esqu quer erda da.. E sã são o e/au e/aust stivo ivoss no sentido de que ao menos na a%epção mais 4orte da dup$a %omo veremos me$or a se'uir uma doutrina ou um movimento podem ser apenas ou de direita ou de esquerda. (p. =") * #s re:e/ e:e/,e ,ess se se'u 'uin inte tess nas% nas%em em da %o %ons nsta tata taçã ção o de que que nest nestes es >$timos anos tem sido repetidamente armado a ponto mesmo de se %onverter em $u'ar%omum $u'ar%omum que a distinção entre direita e esquerda – que por %er%a de dois s&%u$os a partir da Revo$ução Lran%esa serviu para para dividir dividir o univer universo so po$5ti% po$5ti%o o em duas duas partes partes opostas opostas não tem mais nenuma ra+ão para ser uti$i+ada. M usua$ a re4er6n%ia a Aartre que pare%e ter sido um dos primeiros a di+er que direita e esquerda são duas %ai/as va+ias. Não teriam mais nenum va$or eur5sti%o ou %$assi%atrio
e
menos
ainda
va$orativo.
De$as
de
4 a$ a
4requentemente %om um %erto (p. =!) en4ado %omo de uma das tantas armadi$as $in'u5sti%as em que se dei/a aprisionar o debate po$5ti%o. (p. =!) *
Na
base
e
na
ori'em
das
primeiras
d>vidas
sobre
o
desapare%imento da distinção ou ao menos sobre sua menor 4orça repr represe esenta ntativ tiva a estari estaria a a %amad %amada a %rise %rise das ideo$o' ideo$o'ias ias.. Kodese odese tran tranqu qui$ i$am amen ente te ob;e ob;eta tar r %o %omo mo ;7 4oi 4oi 4eit 4eito o que que na rea ea$i $ida dade de as
ideo$o'ias não dei/aram de e/istir e estão ao %ontr7rio mais vivas do que nun%a. #s ideo$o'ias do passado 4oram substitu5das por outras novas ou que pretendem ser novas. # 7rvore da ideo$o'ia est7 sempre verde. #$&m do mais %omo ;7 4oi diversas ve+es demonstrado não 7 nada mais ideo$'i%o do que a armação de que as ideo$o'ias estão em %rise. E depois esquerda1 e direita1 não indi%am apenas
ideo$o'ias.
Redu+i$as a
pura
e/pressão do
pensamento ideo$'i%o seria uma indevida simp$i%ação. Esquerda1 e direita1 indi%am pro'ramas %ontrapostos %om re$ação a diversos prob$emas %u;a so$ução perten%e abitua$mente à ação po$5ti%a %ontrastes não s de ideias mas tamb&m de interesses e de va$oraç,es a respeito da direção a ser se'uida pe$a so%iedade %ontrastes que e/istem em toda a so%iedade e que não ve;o %omo possam simp$esmente desapare%er. (p. =) * Ao%iedades demo%r7ti%as são so%iedades que to$eram ou me$or que pressup,em a e/ist6n%ia de diversos 'rupos de opinião e de interesse em %on%orr6n%ia entre si2 tais 'rupos às ve+es se %ontrap,em às ve+es se superp,em em %ertos %asos se são as %ostas %omo num movimento de dança. 8b;etase em suma que em um p$uriverso %omo o das 'randes so%iedades demo%r7ti%as nas quais as partes em ;o'o são muitas e t6m entre si %onver'6n%ias e diver'6n%ias que tornam poss5veis as mais variadas %ombinaç,es de umas %om as outras não se podem mais %o$o%ar os prob$emas sob a 4orma de ant5tese de ouou1 ou direita ou esquerda quem não & de direita & de esquerda ou vi%eversa. * # ob;eção vai ao ponto %erto mas não & de%isiva. # distinção entre direita e esquerda não e/%$ui de modo a$'um sequer na $in'ua'em %omum a %on'uração de uma $ina %ont5nua sobre a qua$ entre a esquerda ini%ia$ e a direita na$ ou o que & o mesmo entre a direita ini%ia$ e a esquerda na$ se %o$o%am posiç,es intermedi7rias que o%upam o espaço %entra$ entre os dois e/tremos norma$mente
desi'nado e bastante %one%ido %om o nome de %entro1. aso se queira :ertar %om a $in'ua'em da $'i%a podese di+er que a visão di7di%a da po$5ti%a – se'undo a qua$ o espaço po$5ti%o & %on%ebido %omo dividido em duas >ni%as partes uma das quais e/%$ui a outra e nada entre e$as se interp,e – pode ser denominada Her%eiro E/%$u5do ao passo que a visão tri7di%a que in%$ui entre direita e esquerda um espaço intermedi7rio que não & nem de direita nem de esquerda mas est7 entre uma e outra pode ser denominada Her%eiro In%$u5do. No primeiro %aso os dois termos que mant6m entre si uma re$ação de ouou1 di+emse %ontraditrio2 no se'undo %aso em que (p. =G) e/iste um espaço intermedi7rio simbo$i+ado pe$a 4rmu$a nemnem1 di+emse %ontr7rios. Nada de estrano- entre o bran%o e o preto pode e/istir o %in+a2 entre o dia e a noite 7 o %rep>s%u$o. Jas o %in+a não e$imina a di4erença entre o bran%o e o preto nem o %rep>s%u$o e$imina a di4erença entre a noite e o dia. (p. =G) * 8 4ato de que em muitos sistemas demo%r7ti%os %om a%entuado p$ura$ismo o Her%eio In%$u5do tenda a se tornar tão e/orbitante que passa a o%upar a parte mais amp$a do sistema po$5ti%o re$e'ando a direita e a esquerda
às mar'ens não e$imina nada da ant5tese
ori'in7ria2 o prprio %entro ao se denir de outro modo pressup,e a ant5tese e e/trai da e/ist6n%ia de$a sua prpria ra+ão de e/istir. (p. ==) * De resto não 7 me$or %onrmação da persist6n%ia do mode$o di%ot?mi%o do que a presença em um universo p$ura$ista de uma esquerda que tende a ver o %entro %omo uma direita (p. =) %amu:ada ou de uma direita que tende a ver o mesmo %entro %omo o dis4ar%e de uma esquerda que não dese;a de%$ararse enquanto ta$. (p. =)
* Di4erente do Her%eiro In%$u5do se;ame permitida esta di'ressão & o Her%eiro In%$usivo. 8 Her%eiro In%$u5do bus%a um espaço entre dois opostos e enandose entre um e outro não os e$imina mas os distan%ia impede que se toquem e entrem em %oque ou impede a a$ternativa se%a ou direita ou esquerda permitindo uma ter%eira so$ução. 8 Her%eiro In%$usivo tende a ir a$&m dos dois opostos e a en'$ob7$os numa s5ntese superior e anu$andoos portanto enquanto tais- dito de outro modo em ve+ de duas tota$idades que se e/%$uem re%ipro%amente e não são %omo a 4rente e o verso da meda$a vis5veis simu$taneamente 4a+ de$es duas partes de um todo de uma tota$idade dia$&ti%a. Esta de distin'ue tanto da tota$idade me%Fni%a na qua$ o todo deriva da %ombinação de partes %ompon5veis e %ompon5veis porque %ompat5veis quanto da tota$idade or'Fni%a na qua$ as partes sin'u$ares estão em 4unção do todo e portanto não são antit&ti%as entre si mas %onver'entes para o %entro. # unidade dia$&ti%a ao %ontr7rio %ara%teri+ase por ser o resu$tado da s5ntese das duas partes opostas das quais uma & a armação ou tese e a outra & a ne'ação ou ant5tese2 a ter%eira parte %omo ne'ação da ne'ação & um quid novum não %omo %omposto mas %omo s5ntese. Enquanto o Her%eiro In%$u5do pode ser representado pe$a 4rmu$a nemnem1 o Her%eiro In%$usivo en%ontra sua prpria representação abreviada na 4rmu$a ee1. * No debate po$5ti%o o Her%eiro In%$usivo apresentase norma$mente %omo uma tentativa de Her%eira Oia isto & de uma posição que di4erentemente da do %entro não est7 no meio da direita e da esquerda mas pretende ir a$&m de uma e de outra. Em termos pr7ti%os uma po$5ti%a de Her%eira Oia & uma po$5ti%a de %entro mas idea$mente e$a apresenta não %omo uma 4orma de %ompromisso entre dois e/tremos mas %omo uma superação simu$tFnea de um e de outro e portanto %omo uma simu$tFnea a%eitação e supressão de$es (e não %omo na posição de Her%eiro In%$u5do re4utação e separação). Não Her%eiroentre mas (p. =) Her%eiroa$&m no qua$ o Krimeiro e o Ae'undo em ve+ de serem separados um do outro e dei/ados
entre'ues
à
oposição
entre
si
são
apro/imados
em
sua
interdepend6n%ia e suprimidos por sua uni$atera$idade. 3ua$quer 'ura de Her%eiro sempre pressup,e as outras duas- mas o Her%eiro In%$u5do des%obre sua prpria ess6n%ia e/pe$indoas ao passo que o Her%eiro In%$usivo 4a+ isso nutrindose de$as. 8 Her%eiro In%$u5do apresentase %omo pr7/is sem doutrina o Her%eiro In%$usivo sobretudo %omo doutrina em bus%a de uma pr7/is que no momento em que & posta em operação se rea$i+a %omo posição %entrista. (p. =) * (...) pois nestes >$timos anos passou a 4a+er %erto su%esso na esquerda em %rise o idea$ do so%ia$ismo $ibera$ ou do $ibera$ so%ia$ismo que & uma t5pi%a e/pressão de pensamento ter%eiro in%$usivo. # %ombinação tri7di%a nas%e sempre no meio de uma %rise %omo reação ao temido es'otamento da vita$idade istri%a de uma ant5tese. (p. =@) * (...) +eram nas%er movimentos que não se ins%revem (e e$es prprios %onsideram ou presumem não se ins%rever) no esquema tradi%iona$ da %ontraposição entre direita e esquerda. 8 %aso atua$ mais interessante & o dos Oerdes. 8s Oerdes são de direita ou de esquerda0 (...) os Oerdes poderiam ser denidos %omo um movimento transversa$1 no sentido de que atravessam os %ampos inimi'os passando indi4erentemente de um %ampo ao outro e ao assim 4a+erem mostram %aba$mente que e/iste um ter%eiro modo de p?r em %rise a d5ade- mais do que estar no meio de (o entro) mais do que ir além de (a A5ntese) o moverse através de um modo que se reso$ve
em uma atenuação ou desautori+ação da d5ade mais do que em uma re4utação ou em uma superação. * # maior prova dessa ubiquidade do movimento dos Oerdes est7 no 4ato de que se apoderaram do tema (p. =9) e%o$'i%o e +eram isso pou%o a pou%o todos os partidos sem modi%ar em nada sua
ba'a'em usua$ quando muito a%res%entando uma ou outra va$ise a mais. (...) E/istem por&m v7rios modos de ;usti%ar esta radi%a$ mudança de posição (em parti%u$ar do omem o%identa$) diante da nature+a por e4eito da qua$ passamos da %onsideração da nature+a %omo ob;eto de mero dom5nio à ideia da nature+a (in%$usive a inanimada) %omo su;eito de direitos ou %omo ob;eto de uma uti$i+ação não mais arbitrariamente i$imitada. (p. ") * # sensive$mente amp$iada %apa%idade umana não s de e/p$orar a nature+a e de se servir de$a para a satis4ação das prprias ne%essidades mas tamb&m de manipu$7$a e desvi7$a de seu %urso natura$ trou/e à tona prob$emas de dimensão mora$ e ;ur5di%a (%omo aque$es de que se o%upa a bio&ti%a) que e/i'em e e/i'irão ainda mais no 4uturo a tomada de de%is,es eminentemente po$5ti%as (no sentido a%ima denido). * Na verdade e/iste uma esquerda ri'orista e uma direita $a/ista e vi%eversa. #s duas di%otomias por&m não se superp,em. om respeito a este %ru+amento o prob$ema mais embaraçoso & o do aborto. Pera$mente a re4utação do aborto 4a+ parte de pro'ramas po$5ti%os da direita. # esquerda & preponderantemente abortista. Li+eramme observar que esta posição pare%e %ontrastar uma das deniç,es mais %omuns de esquerda se'undo a qua$ ser de esquerda si'ni%a estar do $ado dos mais 4ra%os. Na re$ação entre a mãe e o nas%ituro quem & o mais 4ra%o0 Não seria o se'undo0 Respondese que este & %ertamente (p. !) mais 4ra%o em %omparação %om mãe mas que a mu$er & mais 4ra%a em %omparação %om o ma%o que ao menos na maior parte dos %asos a obri'ou a en'ravidar. Não 4oi por a%aso que a tend6n%ia abortista teve enorme in%remento ao se di4undir a partir das reivindi%aç,es dos movimentos 4eministas que 4oram 4avore%idos pe$os partidos de esquerda. (p. !)
* Jas todas as ra+,es at& aqui arro$adas são se%und7rias1. # ra+ão prin%ipa$ pe$a qua$ a %$7ssi%a d5ade 4oi posta em dis%ussão & outra de re$evFn%ia istri%a e po$5ti%a bem maior. 8s dois termos de uma d5ade 'overnamse um ao outro- onde não 7 direita não 7 mais esquerda e vi%eversa. Dito de outro modo e/iste uma direita na medida em que e/iste uma esquerda e/iste uma esquerda na medida em que e/iste uma direita. Em %onsequ6n%ia para tornar irre$evante a distinção não & ne%ess7rio demonstrar %omo vimos at& aqui a inoportunidade de$a (& in>ti$ %ontinuar a dividir o universo po$5ti%o %om base no %rit&rios das ideo$o'ias %ontrapostas se não e/istem mais ideo$o'ias)2 a sua imper4eição (& insu%iente dividir o %ampo po$5ti%o em dois po$os uma ve+ %onstatado que e/iste tamb&m um ter%eiro po$o não importa se intermedi7rio ou superior)2 ou o seu ana%ronismo ( entraram movimentos
que
não
na %ena po$5ti%a pro'ramas prob$emas e/istiam
quando
a
d5ade
nas%eu
e
desempenou um pape$. Basta desautori+ar um do dois termos não $e re%one%endo mais nenum direito à e/ist6n%ia2 se tudo & esquerda não 7 mais direita e re%ipro%amente se tudo & direita não 7 mais esquerda. (p. <) * Na dup$a antit&ti%a direitaesquerda $imitada à $in'ua'em po$5ti%a a 4orça respe%tiva dos dois termos & dada %onstitutivamente – ao %ontr7rio do que o%orre na $in'ua'em bio$'i%a e por e/tensão na $in'ua'em re$i'iosa e &ti%a em que o termo 4orte & direita1 – mas depende dos tempos e das %ir%unstFn%ias. Na istria ita$iana aps a nidade ao predom5nio da Direita se'uese o predom5nio da Esquerda. Jas predom5nio não si'ni%a e/%$usão do outro. Hanto no %aso do predom5nio da Direita sobre a Esquerda quanto no %aso %ontr7rio as duas partes %ontinuam a e/istir simu$taneamente e a e/trair %ada uma de$as a prpria ra+ão de ser da e/ist6n%ia da outra mesmo quando uma as%ende na %ena po$5ti%a e a outra des%e.
* omo se v6 numa situação em que uma das duas partes se torna tão predominante que dei/a à outra um espaço pequeno demais para ser %onsiderado ainda po$iti%amente re$evante a desautori+ação da d5ade se toma um e/pediente natura$ para o%u$tar a prpria 4ra'i$idade. # direita 4oi derrotada0 Jas que sentido tem então %o$o%ar o prob$ema nestes (p. ) termos – per'untase o derrotado – se a distinção entre direita e esquerda est7 es'otada0 (p. =) * Kara terminar o derradeiro e ao que tudo indi%a mais de%isivo motivo para ne'ar a d5ade não se re4ere à %ontestação re%5pro%a ao 4ato de que as duas partes de um todo o sistema po$5ti%o estão destinadas a %air ;untas (se não 7 mais direita não 7 mais esquerda). Re4erese ao re%one%imento de que as duas etiquetas se tornaram meras %ç,es e na rea$idade diante da %omp$e/idade e novidade dos prob$emas que os movimentos po$5ti%os devem en4rentar os destros1 Q destri1 e os esquerdos1 Qsinistri1 di+em no m das %ontas as mesmas %oisas 4ormu$am para uso e %onsumo de seus e$eitores mais ou menos os mesmos pro'ramas e prop,em os mesmos ns imediatos. Direita e esquerda não e/istiriam mais e não teriam mais ra+ão de e/istir não porque estivera presente at& %erto ponto apenas a esquerda e depois estaria presente apenas a direita mas porque entre um $ado e outro não averia mais aque$as (pretensas) di4erenças que mere%eriam ser indi%adas %om nomes diversos. (p. ) * < E/tremistas e moderados * (...) tratase da transmi'ração que a$'uns autores (...) 4a+em da direita para a esquerda ou vi%eversa. Re%ordemos os %asos mais %$amorosos. Niet+s%e inspirador do na+ismo (que esta inspiração derivasse de uma m7 interpretação ou %omo %reio de uma das interpretaç,es poss5veis & um prob$ema que não nos di+ respeito
aqui) & o;e muitas ve+es posto ao $ado de Jar/ %omo um dos pais da nova esquerda. ar$ A%mitt que por um %erto per5odo de tempo 4oi não s promotor mas teri%o do Estado na+ista a%abou por ser ao menos na It7$ia redes%oberto e omena'eado sobretudo por estudiosos de esquerda apesar de ter sido advers7rio durante o 'rande debate %onstitu%iona$ista (p. @) da &po%a de Seimar de Tans Ue$sen maior teri%o da demo%ra%ia daque$es anos. Teide''er %u;as simpatias pe$o na+ismo 4oram v7rias ve+es e abundantemente do%umentadas ainda que sempre desmentidas ou atenuadas por seus admiradores (de direita e de esquerda) & o;e tomado %omo int&rprete do nosso tempo não s na It7$ia mas tamb&m e sobretudo na Lrança por $so4os que se %onsideram de esquerda. Re%ipro%amente %omo & bem %one%ido a$'uns teri%os da direita neo4as%ita tentaram apropriarse do pensamento de #ntonio Prams%i tanto que em ambientes nos quais se bus%ou dar nova roupa'em e nova di'nidade ao pensamento de direita %e'ou a e/istir por a$'um tempo uma %orrente de ideias que 4oi %amada de 'rams%ismo de direita1. (p. 9) * # d5ade e/tremismomoderantismo não %oin%ide %om a d5ade direitaesquerda e obede%e %omo veremos a um %rit&rio de %ontraposição no universo po$5ti%o diverso daque$e que & indi%ado pe$a distinção entre direita e esquerda. (p. ") * E/p$i%ase assim por que revo$u%ion7rios (de esquerda) e %ontrarrevo$u%ion7rios (de direita) podem ter %erto autores em %omum- não os t6m %omo de direita ou de esquerda mas %omo e/tremistas respe%tivamente de direita e de esquerda que e/atamente por assim serem se distin'uem dos moderados de direita e de esquerda.
(p. !) * Destas duas %itaç,es %a bem %$aro que um e/tremista de esquerda e um de direita t6m em %omum a antidemo%ra%ia (um dio senão um amor). Kor&m a antidemo%ra%ia os apro/ima não pe$a parte que representam no a$inamento po$5ti%o mas apenas na medida em que representam as a$as e/tremas naque$e a$inamento. 8s e/tremos se to%am. * # antidemo%ra%ia por&m & apenas um dos pontos de a%ordo entre os opostos e/tremismos1. Li$oso%amente isto & de um ponto de vista bem mais 'era$ do ponto de vista da visão 'era$ do mundo e da istria em toda 4orma de e/tremismo po$5ti%o e/iste uma 4orte veia antii$uminista. (p'. <) * De um ponto de vista mais parti%u$ar de $osoa da istria ou se;a das 4ormas e dos modos em que & interpretado o movimento istri%o (pro'resso ou re'resso0 movimento %5%$i%o ou %onstante0) enquanto o moderantismo & 'radua$ista e evo$u%ionista e %onsidera %omo 'uia para a ação a ideia de desenvo$vimento ou meta4ori%amente de um %res%imento do or'anismo a partir de seu embrião se'undo uma ordem preestabe$e%ida o e/tremismo se;a qua$ 4or o m por e$e pre'urado & %atastr%o- interpreta a istria %omo pro%edendo por sa$tos qua$itativos por rupturas às quais a inte$i'6n%ia e a 4orça da ação umana não são estranas (neste sentido & menos determinista do que o moderantismo). (p. ) * Kodese a$&m disso observar que as diversas vis,es da istria são e$as prprias istori%amente %ondi%ionadas. 8 movimento istri%o predominantemente pa%5%o do s&%u$o passado durante o qua$ a Europa %on%$uiu a primeira Revo$ução Industria$ – que não 4oi uma revo$ução no sentido ri'oroso da e/pressão e portanto ;amais assumiu o aspe%to de uma %at7stro4e tendo sido a%ompanada
numa re$ação de ação (p. G) re%5pro%a por um desenvo$vimento sem pre%edentes das %i6n%ias >teis (te%no$o'i%amente uti$i+7veis) – 4avore%eu a ideia do pro'resso 'radua$ e sem sa$tos por etapas obri'atrias irrevers5ve$ anun%iado tanto por Uant quanto por Te'e$ tanto por omte quanto por Jar/ independentemente da 4orma assumida pe$a istria pro4&ti%a naque$e s&%u$o que produ+iu muitos e/emp$os %one%idos deste '6nero de istrias. * Esta visão da istria %omparti$ada in%$usive por observadores menos apo%a$5pti%os e que pretendem ser impar%iais 4avore%eu a %omprovação do m da Idade Joderna que se dese;a %ara%teri+ada pe$a ideia do pro'resso e o nas%imento de uma nova &po%a istri%a que 7 espera de re%eber um nome mais apropriado ou menos insi'ni%ante tem sido %amada por enquanto de psmoderna1. * Hamb&m %om respeito à mora$ e à doutrina da virtude os e/tremistas das mar'ens opostas se en%ontram e ao se en%ontrarem %onse'uem a%ar bons motivos para se %ontrapor aos moderados- as virtudes 'uerreiras eroi%as da %ora'em e da ousadia %ontra as virtudes %onsideradas pe;orativamente mer%antis da prud6n%ia da to$erFn%ia da ra+ão %a$%u$adora da pa%iente bus%a da mediação ne%ess7rias nas re$aç,es de mer%ado e naque$e mais (p. =) amp$o mer%ado de opini,es de ideias de interesses em %on:ito que %onstitui a ess6n%ia da demo%ra%ia na qua$ & indispens7ve$ a pr7ti%a do %ompromisso. Não & por a%aso que tanto os e/tremistas de esquerda quanto os de direita mant6m sob suspeita a demo%ra%ia in%$usive do ponto de vista das virtudes que e$a a$imenta e das quais ne%essita para sobreviver. No $in'ua;ar de uns e outros demo%ra%ia & sin?nimo de medio%ra%ia entendida %omo dom5nio não s da %amada m&dia mas tamb&m dos med5o%res. *
#
%ontraposição
do
'uerreiro
ao
%omer%iante
%omporta
inevitave$mente a ;usti%ação se não a e/a$tação da vio$6n%ia- a vio$6n%ia reso$utiva puri%adora parteira da istria1 para a esquerda revo$u%ion7ria (Jar/)2 >ni%a i'iene do mundo1 para a
direita rea%ion7ria (Jarinetti)2 e assim por diante monotonamente enumerando. (p. ) * No %one%ido estudo dedi%ado à istria do 4as%ismo 4ran%6s não por a%aso intitu$ado Ni droite ni gauche [Nem direita nem esquerda] o nas%imento desta ideo$o'ia (p. ) %amada %om ra+ão de pr& 4as%ista & %ara%teri+ada prin%ipa$mente por uma 4uribunda reação %ontra a demo%ra%ia bur'uesa i'ua$ e sim&tri%a à do so%ia$ismo ma/ima$ista %u;o bode e/piatrio 4oi a so%ia$demo%ra%ia ou se;a a esquerda em sua versão moderada que teria a%eitado as re'ras do ;o'o da demo%ra%ia bur'uesa e sido por e$a %orrompida. (p. @) * Na %ontraposição entre e/tremismo e moderantismo & questionado sobretudo o m&todo na ant5tese entre direita e esquerda são questionados sobretudo os ns. 8 %ontraste %om respeito aos va$ores & mais 4orte do que o %ontraste %om respeito ao m&todo. (p. 9) * # d5ade sobrevive * Nos >$timos anos
entre ana$istas po$5ti%os e entre os prprios
atores da po$5ti%a boa parte do dis%urso po$5ti%o tem 'irado em torno da per'unta- Kara onde vai a esquerda01. Aão %ada ve+ mais 4requentes ao ponto mesmo de se tornarem repetitivos e en4adonos os debates sobre o tema o 4uturo da esquerda1 ou o renas%imento da direita1. (...) 8s sistemas demo%r7ti%os %om partidos numerosos %ontinuam a ser des%ritos %omo se estivessem %o$o%ados num ar%o que vai da direita à esquerda ou vi%eversa. Não perderam nada
de
sua
par$amentar1
4orça
si'ni%ante
esquerda
'overno de esquerda1.
e/press,es
par$amentar1
%omo
'overno
de
direita direita1
(p. @<) * Não se deve surpreender que num universo %omo o da po$5ti%a %onstitu5do de modo eminente por re$aç,es de anta'onismo entre partes %ontrapostas (partidos 'rupos de interesse 4a%ç,es e nas re$aç,es interna%ionais povos pessoas naç,es ) o modo mais natura$ simp$es e mesmo %omum de representar aque$as re$aç,es se;a uma d5ade ou uma di%otomia. * # prpria %ate'oria da po$5ti%a & representada numa bem %one%ida teoria pe$a d5ade ami'oinimi'o1 que resume em n5ve$ de a$ta abstração a ideia da po$5ti%a %omo espaço do anta'onismo %u;a 4orma e/trema & a 'uerra que & naturaliter di%ot?mi%a (mors tua vita mea). Na 'uerra interna ou e/terna não 7 $u'ar para o Her%eiro.
Este apenas apare%e %omo mediador para 4a+6$a %essar ou %omo 7rbitro para estabe$e%er a pa+. # 'uerra %omo due$o s %one%e dois par%eiros (não importa se %ada um de$es tem a$iados) dos quais um est7 destinado a ven%er e o outro a perder. ma 'uerra em que no na$ não 7 ven%idos e ven%edores & uma 'uerra que não a$%ança os seus ob;etivos. 8s Her%eiros que não parti%ipam do ;o'o são %amados neutros no sentido pre%iso de que não estão nem de uma parte nem de outra e %omo ta$ não be$i'erantes. * #%eitandose %omo v7$ida a 'rande e >ni%a di%otomia ami'o inimi'o temse que a inevit7ve$ redução a duas >ni%as partes em %on:ito – ou se;a o pro%esso de bipo$ari+ação que se se'ue ne%essariamente à atração dos diversos %ontendores poten%iais para dois >ni%os po$os – o%orre %om base no prin%5pio e na pr7ti%a %onsequente se'undo o qua$ o ami'o de meu inimi'o & meu inimi'o ou inversamente o inimi'o de meu inimi'o & meu ami'o. 8nde não e/istem mais do que duas posiç,es poss5veis ou ami'o ou inimi'o – e & esta %omo se disse a %ontraposição que me$or e/prime a visão dua$ista da po$5ti%a – dãose quatro (p. @) poss5veis %ombinaç,esami'o pode ser tanto o ami'o do ami'o quanto o inimi'o do inimi'o2 inimi'o pode ser tanto o inimi'o do ami'o quanto o ami'o do inimi'o. ertas uni,es ou a$ianças que nas re$aç,es interna%ionais e nas
re$aç,es entre partidos no interior de um Estado sin'u$ar pare%em inaturais são na rea$idade a %onsequ6n%ia natura$ da $'i%a di%ot?mi%a. (p. @) * Depende uni%amente de um 4ato a%identa$ que na visão di7di%a da po$5ti%a as duas partes da d5ade tenam re%ebido o nome de direita1 e esquerda1. omo & bem %one%ido o uso dessas duas pa$avras remonta à Revo$ução Lran%esa ao menos no que di+ respeito à po$5ti%a interna. Hratase de uma bana$ met74ora espa%ia$ %u;a ori'em 4oi inteiramente %ausa$ e %u;a 4unção tem sido apenas a de dar um nome de dois s&%u$os aos dias de o;e à persistente e persistente porque essen%ia$ %omposição di%ot?mi%a do universo po$5ti%o. 8 nome pode mudar. Jas a estrutura essen%ia$ e ori'inariamente di%ot?mi%a do universo po$5ti%o permane%e. (p. @G) * #$&m da met74ora espa%ia$ outra met74ora o%upa um posto bem re$evante na $in'ua'em po$5ti%a- a met74ora tempora$ que permite distin'uir os inovadores dos %onservadores os pro'ressistas dos tradi%iona$istas os que se (p. @=) dei/am 'uiar pe$o so$ do 4uturo dos que pro%edem 'uiados pe$a ine/tin'u5ve$ $u+ que vem do passado. (p. @=) * Hratase a'ora de %onsiderar que %omo todas as demais pa$avras da $in'ua'em po$5ti%a – $in'ua'em em 'era$ não ri'orosa pois e/tra5da em 'rande parte da $in'ua'em %omum – direita1 e esquerda1 tamb&m possuem um si'ni%ado des%ritivo e um si'ni%ado va$orativo. 8 si'ni%ado des%ritivo embora sendo vari7ve$ nun%a %e'a a permitir que se atribuam à mesma pa$avra dois si'ni%ados inteiramente %ontr7rios. (p. @) #o %ontr7rio na $in'ua'em po$5ti%a %orrente no %amado po$itiqu6s1 as pa$avras podem ter um si'ni%ado amb5'uo %e'ando mesmo a possibi$itar interpretaç,es
diversas e a$'umas ve+es a amp$iar o n>mero dos poss5veis 4ruidores da mensa'em ainda que não a ponto de subverter seu si'ni%ado %orrente. (p. @) * Kor outro $ado %om respeito ao si'ni%ado va$orativo e/atamente porque os dois termos des%revem uma ant5tese a %onotação positiva de um imp$i%a ne%essariamente a %onotação ne'ativa do outro. Aaber qua$ dos dois & o a/io$o'i%amente positivo e qua$ o a/io$o'i%amente ne'ativo não depende do si'ni%ado des%ritivo mas dos opostos ;u5+os de va$or que são dados às %oisas des%ritas. (...) Nem todas as d5ades são a/io$o'i%amente revers5veis. # dup$a direitaesquerda o & %ertamente na $in'ua'em %omum mas não na $in'ua'em po$5ti%a. * Jais pre%isamente na visão di7di%a de um determinado universo as duas partes em que este universo & dividido são des%ritivamente e/austivas no sentido de que (p. @) qua$quer ente do universo perten%e ne%essariamente a um ou a outra das duas partes e tertum non datur mas são tamb&m ao mesmo tempo a/io$o'i%amente
opostas no sentido de que se se atribui va$or positivo a uma de$as a outra tem ne%essariamente va$or ne'ativo. om base no ouou1 des%ritivo todo ente do universo perten%e a uma ou a outra das partes da d5ade. omo base no ouou1 a/io$'i%o uma das partes tem o sina$ oposto ao da outra mas abstratamente 4a$ando não 7 nenuma ra+ão para que uma represente sempre o bem e a outra sempre o ma$. (p. @) * 8 observador neutro por e/emp$o um istoriador ou um so%i$o'o %onsidera que sua tare4a espe%5%a & i$ustrar o si'ni%ado des%ritivo e em %onsequ6n%ia mostrar7 quais 'rupos se %onsideram ou são %onsiderados em uma dada situação de direita ou de esquerda. 8s mi$itantes por sua ve+ tenderão a atribuir ao seu pro'rama um va$or positivo ao pro'rama dos advers7rios um va$or ne'ativo. (...) Dando
um e/emp$o não estrano e de imediata %ompreensão- para um partid7rio da direita a i'ua$dade %omo e$emento tradi%iona$ da ideo$o'ia de esquerda tornase nive$amento2 para o partid7rio da esquerda a desi'ua$dade entendida %omo 4ato não ideo$o'i%amente %onotado na denição de direita tornase ordenação ier7rqui%a. (p. @9) * G Em bus%a de um %rit&rio de distinção * Em outras pa$avras- desde que direita1 e esquerda1 %ontinuam a ser usadas para desi'nar di4erenças no pensar e no a'ir po$5ti%os qua$ a ra+ão ou quais as ra+,es da distinção0 (p. 9") * Dimensão verti%a$ e dimensão ori+onta$ da po$5ti%a estão uma ao $ado da outra in%$usive porque representam duas re$aç,es di4erentes independentes uma da outra do universo po$5ti%o- a re$ação 'overnantes'overnados de um $ado e a re$ação ou dos 'overnantes entre si ou dos 'overnados entre si do outro. # dimensão verti%a$ de modo a$'um e$imina a dimensão ori+onta$- uma e outra %aminam norma$mente ;untas e apenas em %asos e/tremos podem ora uma ora outra des4a$e%er- a primeira numa 'uerra %ivi$ a se'unda num sistema despti%o em que apenas um det&m o poder m7/imo e as divis,es na base são proibidas. 8 autor $imitase a di+er que a met74ora ori+onta$ ;amais e$iminou por %omp$eto a verti%a$. E não a e$iminou devese a%res%entar pe$a simp$es ra+ão de que não podia e$imin7$a- as duas met74oras t6m 4unç,es representativas diversas e a es4era das re$aç,es po$5ti%as s pode ser '$oba$mente representada se uma e outra estiverem ;untas. (p. 9!) * (...) o que produ+ o dua$ismo na demo%ra%ia & a$'o bem mais universa$ do que o sistema e$eitora$- & o prin%5pio de maioria pe$o
qua$ %om respeito a qua$quer tipo de de%isão %o$etiva se 4ormam ne%essariamente uma maioria e uma minoria. * M inquestion7ve$ que em seu si'ni%ado ori'ina$ antes de se tornar uma met74ora da $in'ua'em po$5ti%a a dup$a direitaesquerda teve uma %onotação de va$or un5vo%a pe$o 4ato de um dos dois termos direita sempre ter tido uma %onotação positiva e o outro $ado esquerda sempre ne'ativa. Hamb&m & inquestion7ve$ que esta unidire%iona$idade 4oi mantida na maior parte dos usos meta4ri%os da dup$a a %omeçar da $in'ua'em re$i'iosa na qua$ os (p. 9<) bons se sentam à direita os maus à esquerda do Kai. Jas a univo%idade não va$e na $in'ua'em po$5ti%a na qua$ tanto a direita quanto a esquerda podem representar o $ado positivo ou ne'ativo da %ontraposição. Na $in'ua'em po$5ti%a os bons e respe%tivamente os maus podem ser en%ontrados tanto à direita quanto à esquerda. Depende da parte de que provena o ;u5+o. 8 ;u5+o de va$or positivo ou ne'ativo que %on4orme as %ir%unstFn%ias de d7 à direita ou à esquerda & parte inte'rante da prpria $uta po$5ti%a na qua$ a met74ora espa%ia$ perdeu %omp$etamente o si'ni%ado ori'in7rio e representa apenas dois $u'ares não a/io$o'i%amente %onotados pois o sentarse à direita ou à esquerda tem %omo ponto de re4er6n%ia não o pai %omum mas uni%amente o presidente de uma assemb$eia neutro por denição. (p. 9=) * = 8utros %rit&rios * Não o sa%ro %omo em Vapon%e mas a tradição assume uma 4unção preeminente
na
denição
de
direita
proposta
nesta
nova
interpretação ao passo que o traço %ara%ter5sti%o da esquerda seria o %on%eito que & tamb&m um va$or (e ta$ %omo tradição1 um va$or positivo) de eman%ipação. # re4er6n%ia à tradição diversamente entendida e ana$isada em seus v7rios si'ni%ados seria pois um traço %onstante da di%otomia direitaesquerda.
(p. 9) * Ae se %onstata depois que e/istem diversas moda$idades de direita isto depende dos diversos si'ni%ados de tradição1. * o4ran%es%o indi%a seis destes si'ni%ados- tradição1 %omo arqu&tipo %omo e$evação idea$ de uma &po%a 4undamenta$ ou de%isiva na istria da umanidade %omo de$idade à nação %omo memria istri%a %omo %omunidade de destino e enm %omo %ons%i6n%ia da %omp$e/idade do rea$. (p'. 9) * 8 autor entende por %r5ti%a uma an7$ise va$orativa ou meramente des%ritiva que renun%ie a sobre%arre'ar os termos em dis%ussão %om si'ni%ados de va$or re%ipro%amente e/%$udentes e tena bem presente que direita e esquerda não são %on%eitos abso$utos mas istori%amente re$ativos ou se;a apenas dois modos poss5veis de %ata$o'ar diversos ideais po$5ti%os1 e portanto nem os >ni%os nem sempre os mais re$evantes1. * Deste ponto de vista o omem de direita & aque$e que se preo%upa a%ima de tudo em sa$va'uardar a tradição2 o omem de esquerda ao %ontr7rio & aque$e que pretende a%ima de qua$quer %oisa libertar seus seme$antes das cadeias a e$es impostas pe$os privi$&'ios de raça %asta %$asse et%1. Hradição1 e eman%ipação1 podem ser ainda interpretadas %omo metas >$timas ou 4undamentais e %omo tais irrenun%i7veis tanto de uma parte quanto de outrametas que podem ser a$%ançadas %om meios (p. 9@) diversos se'undo as &po%as e as situaç,es. Na medida em que os prprios meios podem ser adotados %on4orme as %ir%unstFn%ias tanto pe$a esquerda quanto pe$a direita %on%$uise que direita e esquerda podem se en%ontrar e at& mesmo tro%ar de $ado sem por&m dei/arem de ser o que são. Jas & pre%isamente deste poss5ve$ en%ontro no que se re4ere ao uso de %ertos meios que nas%em as %on4us,es sobre as quais se apoiam os %ontestadores da distinção. (K. 9@)
* # esta distinção baseada na menta$idade o4ran%es%o a%res%enta sem %ontrap?$a outra distinção baseada em (p'. 99) duas posturas não va$orativas mas %o'nitivas por e$e %amadas de romFnti%a ou espiritua$ista a primeira %$7ssi%a ou rea$ista a se'unda. # se'unda & a postura do espe%tador %r5ti%o ao passo que a primeira & a postura de quem vive a po$5ti%a sentimenta$mente. Das seis 'randes ideo$o'ias nas%idas a partir da Revo$ução Lran%esa tr6s são %$7ssi%aso %onservadorismo o $ibera$ismo e o so%ia$ismo %ient5%o2 e tr6s são romFnti%as- o anar%o$ibertarismo o 4as%ismo (e o radi%a$ismo de direita) e o tradi%iona$ismo. (p. !"") * Resta saber se a dup$a ta$ %omo redenida por o4ran%es%o (de um $ado a tradição de outro a eman%ipação) & verdadeiramente uma dup$a de %ontr7rios %omo deveria ser se estivesse %on%ebida para representar o universo anta'?ni%o da po$5ti%a. 8 oposto da tradição não deveria ser eman%ipação mas inovação. E re%ipro%amente o oposto de eman%ipação não deveria ser tradição ou %onservação mas ordem imposta do a$to 'overno paterna$ista ou a$'o assim. * ertamente ambas as dup$as de %ontr7rios (tradiçãoinovação imposiçãoeman%ipação) terminariam por repropor a distinção abitua$ não muito ori'ina$ entre %onservadores e pro'ressistas %onsiderada ao menos idea$mente %omo prpria do sistema par$amentar %omo divisão prin%ipa$ entre dois 'rupos par$amentares %ontrapostos. (p. !"!) * Enquanto o4ran%es%o parte da ne%essidade de distin'uir o e$emento essen%ia$ e os e$ementos inessen%iais da dup$a E$isabetta Pa$eotti parte da e/i'6n%ia pre$iminar de distin'uir os %onte/tos em que a dup$a & usada2 e$es seriam quatro- a $in'ua'em ordin7ria a $in'ua'em da ideo$o'ia a an7$ise istri%oso%io$'i%a e o estudo do ima'in7rio so%ia$ (...).
(p. !"<) * Retornando em parte às %on%$us,es de Vapon%e os dois termos es%o$idos são ierarquia1 para a direita e i'ua$dade1 para a esquerda. Hamb&m neste %aso a oposição não & a que se poderia esperar. Kor que ierarquia1 e não desi'ua$dade10 * # autora est7 preo%upada %om o 4ato de que o uso do termo menos 4orte desi'ua$dade1 em ve+ do termo mais 4orte ierarquia1 des$oque in;ustamente a direita a ideo$o'ia $ibera$ que apesar de não a%o$er todas as ideias de i'ua$dade que abitua$mente %ara%teri+am a esquerda e podendo portanto ser vista sob %ertos aspe%tos %omo antii'ua$it7ria não pode ser %on4undida %om as ideo$o'ias se'undo as quais a desi'ua$dade entre os omens & natura$ intr5nse%a ine$imin7ve$ e que por isso devem ser mais %orretamente %amadas de ier7rqui%as1 e não de ini'ua$it7rias1. Aeria %omo di+er que e/isti ini'ua$itarismo e ini'ua$itarismo- depende do '6nenro de desi'ua$dades que um ou outro a%o$em e re;eitam. #s desi'ua$dades so%iais que o $ibera$ismo to$era seriam qua$itativamente diversas das desi'ua$dades a que se re4ere o pensamento ier7rqui%o. ma so%iedade
$ibera$
na
qua$
a
$iberdade
de
mer%ado
'era
desi'ua$dades não & uma so%iedade ri'idamente ierarqui+ada. * ma $in'ua'em %omo a da po$5ti%a ;7 & por si mesma pou%o ri'orosa pois & em 'rande parte 4eita de pa$avras e/tra5das da $in'ua'em %omum. Jais do que pou%o ri'orosa do ponto de vista des%ritivo & %omposta de pa$avras (p. !") amb5'uas senão mesmo ambiva$entes no que se re4ere à %onotação de va$or. (...) Em qua$quer dissenso po$5ti%o a opinião – entendida %omo a e/pressão de uma %onvi%ção não importa se privada ou p>b$i%a individua$ ou de 'rupo – tem suas ra5+es em um estado de Fnimo de simpatia ou de antipatia de atração ou de aversão no que di+ respeito a uma pessoa ou a um evento- %omo ta$ & ine$imin7ve$ insinuase por toda parte e se não & sempre per%ebida & porque pro%ura se es%onder e permane%e es%ondida às ve+es at& mesmo para quem a mani4esta.
(p. !"=) * # %ate'oria do diverso1 não tem qua$quer autonomia ana$5ti%a %om respeito ao tema da ;ustiça- não s as mu$eres são diversas dos omens %omo %ada mu$er e %ada omem são diversos uns dos outros. # diversidade tornase re$evante quando est7 na base de uma dis%riminação in;usta. Kor&m que a dis%riminação se;a in;usta não depende da diversidade mas do re%one%imento de que ine/istem boas ra+,es para um tratamento desi'ua$. (p. !") * No que di+ respeito à nature+a da distinção que & prob$ema pre$iminar sobre o qua$ os pre%edentes autores tamb&m e/pressaram sua opinião Reve$$i insiste num ponto que mere%e um %oment7rio. * Direita1 e esquerda1 não são %on%eitos abso$utos. Aão %on%eitos re$ativos. Não são %on%eitos substantivos ou onto$'i%os. Não são qua$idades intr5nse%as ao universo po$5ti%o. Aão $u'ares do espaço po$5ti%o1. Representam uma determinada topo$o'ia po$5ti%a que nada tem a ver %om a onto$o'ia po$5ti%a- Não se & de direita ou de esquerda no mesmo sentido em que se di+ que se & W%omunistaX W$ibera$X ou W%at$i%oX1. Em outros termos direita e esquerda não são pa$avras que desi'nam %onte>dos /ados de uma ve+ (p. !"@) para sempre. Kodem desi'nar diversos %onte>dos %on4orme os tempos e as situaç,es. Reve$$i e/emp$i%a %om a passa'em que a esquerda oito%entista 4e+ do movimento $ibera$ para o movimento demo%r7ti%o e deste para o movimento so%ia$ista. #qui$o que & de esquerda assim o & %om respeito àqui$o que & de direita. 8 4ato de direita e esquerda representarem uma oposição quer simp$esmente di+er que não se pode ser simu$taneamente de direita e de esquerda. Jas não di+ nada sobre o %onte>do das duas partes %ontrapostas. # oposição permane%e mesmo que os %onte>dos dos dois opostos possam mudar.
(p. !"@) * # re$atividade dos dois %on%eitos tamb&m se demonstra pe$a observação de que o %ar7ter indeterminado dos %onte>dos e portanto sua poss5ve$ mobi$idade 4a+ que uma %erta esquerda ao se des$o%ar para o %entro possa se tornar uma direita %om respeito a uma esquerda que permane%eu imve$ e simetri%amente uma %erta direita que se des$o%a para o %entro tornase uma esquerda %om respeito a uma direita que não se movimentou. Na %i6n%ia po$5ti%a & bastante %one%ido o 4en?meno do esquerdismo1 Qsinistrismo1 tanto quanto o 4en?meno sim&tri%o do direitismo1 Qdestrismo1 se'undo os quais a tend6n%ia ao des$o%amento para as posiç,es e/tremas tem por e4eito em %ir%unstFn%ias de parti%u$ar tensão so%ia$ a 4ormação de uma esquerda mais radi%a$ à esquerda o%ia$ e de uma (p. !"9) direita mais radi%a$ à direita da direita o%ia$- o e/tremismo de esquerda des$o%a a esquerda mais para a direita assim %omo o e/tremismo de direita des$o%a a direita mais para a esquerda. (p. !"9) * Reve$$i observa %orretamente que um su;eito que o%upasse todo o espaço po$5ti%o e$iminaria qua$quer distinção entre direita e esquerda& o que o%orre de 4ato num re'ime tota$it7rio no interior do qua$ não & poss5ve$ nenuma divisão. * ma ve+ estabe$e%ido e admitido que direita e esquerda são dois %on%eitos espa%iais não são %on%eitos onto$'i%os não t6m %onte>do determinado espe%5%o e (p. !!") %onstante no tempo devese %on%$uir que são %ai/as va+ias pass5veis de serem preen%idas %om qua$quer mer%adoria0 (p. !!") * 8 prprio Reve$$i aps ter proposto %in%o %rit&rios de distinção entre direita e esquerda – %om base no tempo (pro'resso%onservação) no espaço
(i'ua$dadedesi'ua$dade)
nos
su;eitos
(autodireção
eterodireção) na 4unção (%$asses in4eriores%$asses superiores) e no mode$o de %one%imento (ra%iona$ismoirra%iona$ismo) – e aps ter observado que a %onver'6n%ia destes e$ementos s se mani4estou raramente pare%e ao na$ atribuir um posto de parti%u$ar re$evo ao %rit&rio da i'ua$dadedesi'ua$dade %omo sendo sob %ertos aspe%tos 4undador dos outros1 que se tornariam deste modo 4undados1. (p. !!!) * I'ua$dade e desi'ua$dade * Das re:e/,es 4eitas at& aqui das quais %onsidero não ser poss5ve$ e/%$uir ao menos a atua$idade bem %omo da %onsu$ta a ;ornais e revistas rea$i+ada ao $on'o dos >$timos anos resu$ta que o %rit&rio mais 4requentemente adotado para distin'uir a direita da esquerda & a diversa postura que os omens or'ani+ados em so%iedade assumem diante do idea$ da i'ua$dade que & %om o idea$ da $iberdade e o idea$ da pa+ um dos ns >$timos que os omens se prop,em a a$%ançar e pe$os quais estão dispostos a $utar. (p. !!<) * 8 %on%eito de i'ua$dade & re$ativo não abso$uto. M re$ativo ao menos a tr6s vari7veis que pre%isam ser %onsideradas toda ve+ que se introdu+ o dis%urso sobre a maior ou menor dese;abi$idade eYou sobre a maior ou menor rea$i+ibi$idade da ideia de i'ua$dade- a) os su;eitos entre os quais se trata de repartir os bens e os ?nus2 b) os bens e os ?nus a serem repartidos2 %) o %rit&rio %om base no qua$ 4a+er a repartição. * Em outras pa$avras nenum pro;eto de repartição pode dei/ar de responder a estas tr6s per'untas- I'ua$dade (p. !!) sim mas entre quem em re$ação a que e %om base em quais %rit&rios01. (p. !!) * ombinando estas tr6s vari7veis podese obter %omo & 47%i$ ima'inar uma variedade enorme de tipos de repartição todos pass5veis de serem %amados de i'ua$it7rios apesar de serem muito
diversos entre si. 8s su;eitos podem se todos muitos ou pou%os at& mesmo um s2 os bens a serem distribu5dos podem ser direitos vanta'ens ou 4a%i$idades e%on?mi%as posiç,es de poder2 os %rit&rios podem ser a ne%essidade o m&rito a %apa%idade a posição so%ia$ o es4orço e outros mais2 e no $imite a aus6n%ia de qua$quer %rit&rio que %ara%teri+a o prin%5pio ma/imamente i'ua$it7rio que propono %amar de i'ua$itarista1- # todos a mesma %oisa1. (p. !!G) * # m7/ima a %ada um o seu1 & em si mesma va+ia e deve ser preen%ia espe%i%ando não apenas a quais su;eitos est7 re4erida e qua$ o bem a ser distribu5do mas tamb&m qua$ & o %rit&rio e/%$usivo ou preva$ente que %om re$ação àque$es su;eitos e àque$e bem deve ser ap$i%ado. (p. !!) * ma %oisa & a doutrina i'ua$it7ria ou um movimento ne$a inspirado que tendem a redu+ir as desi'ua$dades so%iais e a tornar menos penosas as desi'ua$dades naturais2 outra %oisa & o i'ua$itarismo quando entendido %omo i'ua$dade de todos em tudo1. * Em sua 4ormu$ação mais radi%a$ a i'ua$dade & o traço %omum das %idades ideais dos utopistas assim %omo uma 4ero+ desi'ua$dade & o sina$ admoestador e premonitrio das utopias ao %ontr7rio ou distopias1 (todos os omens são i'uais mas a$'uns são mais i'uais do que outros1). (p'. !!) I'ua$itarista & tanto a proposição que deu ori'em às utopias %omo a de Homas Jorus para o qua$ at& quando e$a Qa propriedade perdurar pesar7 sempre sobre a maior e me$or parte da umanidade o 4ardo an'ustiante e inevit7ve$ da pobre+a e da desventura1 quanto a proposição de ampane$$a %u;a idade do Ao$ & abitada por $so4os que de%idiram viver de modo $os%o em %omum1. (p. !!@)
* Hodavia a persist6n%ia do idea$ utpi%o na istria da umanidade – podemos esque%er que tamb&m Jar/ a$me;ava e pro'nosti%ava a passa'em do reino da ne%essidade para o reino da $iberdade0 – & uma prova irre4ut7ve$ do 4as%5nio que o idea$ da i'ua$dade da pa+ e do bemestar (o pa5s da abundFn%ia1) e/er%e sobre os omens de todos os tempos e todas as re'i,es. * #s desi'ua$dades naturais e/istem e se a$'umas de$as podem ser %orri'idas a maior parte não pode ser e$iminada. #s desi'ua$dades so%iais tamb&m e/istem e se a$'umas de$as podem ser %orri'idas e mesmo e$iminadas muitas – sobretudo aque$as pe$as quais os prprios
indiv5duos
são
respons7veis
–
podem
ser
apenas
desen%ora;adas. Embora re%one%endo a di%u$dade de distin'uir as aç,es pe$as quais um indiv5duo pode ser responsabi$i+ado %omo sabe qua$quer ;ui+ en%arre'ado de de%idir se ta$ ou qua$ indiv5duo deve ser %onsiderado %u$pado ou ino%ente & pre%iso no entanto admitir que o status de uma desi'ua$dade natura$ ou de uma desi'ua$dade so%ia$
derivada do (p. !!9) nas%imento em uma 4am5$ia e não em outra em uma re'ião do mundo e não em outra & di4erente do status de uma desi'ua$dade que depende de %apa%idades diversas da diversidade dos ns a serem a$%ançados da di4erença de empreno empreendido para a$%ança$os. E a diversidade do status não pode dei/ar de ter uma in:u6n%ia sobre o tratamento dados a uns e a outros por parte dos poderes p>b$i%os. (p. !!9) * Disso de%orre que quando se atribui à esquerda uma maior sensibi$idade para diminuir as desi'ua$dades não se dese;a di+er que e$a pretende e$iminar todas as desi'ua$dades ou que a direita pretende %onserv7$as todas mas no m7/imo que a primeira & mais i'ua$it7ria e a se'unda & mais ini'ua$it7ria. * 8s omens são entre si tão (p. !<") i'uais quanto desi'uais. Aão i'uais por %ertos aspe%tos e desi'uais por outros. Dando em e/emp$o bastante bvio- são i'uais diante da morte porque todos são mortais
mas são desi'uais diante do modo de morrer porque %ada um morre de modo parti%u$ar di4erente de todos os demais. Hodos 4a$am mas e/istem mi$ares de $5n'uas diversas. Nem todos mas mi$,es e mi$,es de indiv5duos mant6m uma re$ação %om um a$&m i'norado mas %ada um adora seu prprio Deus ou seus prprios deuses. (p. !<") * Kor isso podem ser %orretamente %amados de i'ua$it7rios aque$es que ainda que não i'norando que os omens são tão i'uais quanto desi'uais apre%iam de modo espe%ia$ e %onsideram mais importante para a boa %onviv6n%ia aqui$o que os une2 podem ser %amados de ini'ua$it7rios ao %ontr7rio aque$es que partindo do mesmo ;u5+o de 4ato apre%iam e %onsideram mais importante para 4undar uma boa %onviv6n%ia a diversidade. (p. !$timas & a%ompanado por uma diversa ava$iação da re$ação entre i'ua$dadedesi'ua$dade natura$ e i'ua$dadedesi'ua$dade so%ia$. 8 i'ua$it7rio parte da %onvi%ção de que a maior parte das desi'ua$dades que o indi'nam e que 'ostaria de 4a+er desapare%er são so%iais e enquanto tais e$imin7veis2 o ini'ua$it7rio ao %ontr7rio parte da %onvi%ção oposta de que as desi'ua$dades são naturais e enquanto tais ine$imin7veis. 8 movimento 4eminista 4oi um movimento i'ua$it7rio. # 4orça do movimento dependeu do 4ato de que um de seus temas pre4eridos sempre
4oi
independentemente
da
vera%idade
4atua$
o
re%one%imento de que as desi'ua$dades entre omem e mu$er embora tendo ra5+es na nature+a são o produto de %ostumes $eis imposiç,es do mais 4orte sobre o mais 4ra%o e são so%ia$mente modi%7veis.
Jani4estase
neste
novo
%ontraste
o
%amado
arti%ia$ismo1 que & %onsiderado uma das %ara%ter5sti%as da esquerda. # direita est7 mais disposta a a%eitar aqui$o que & natura$ e aqui$o que & se'undo a nature+a ou se;a o abitua$ a tradição a 4orça do passado. 8 arti%ia$ismo da esquerda não %ede sequer diante das :a'rantes desi'ua$dades naturais as que não podem ser atribu5das à so%iedade- pensese na ideia de $ibertar os $ou%os dos mani%?mios. #o $ado da nature+a (p. !<<) madrasta est7 a so%iedade madrasta. E a esquerda est7 'era$mente propensa a %onsiderar que o omem & %apa+ de %orri'ir tanto uma quanto a outra. (p. !<) * # re'ra 7urea da ;ustiça tratar os i'uais de modo i'ua$ e os desi'uais de modo desi'ua$1 e/i'e para não ser uma pura 4rmu$a va+ia que se responda à se'uinte per'unta- 3uem são os i'uais e quem são os desi'uais10 # disputa entre i'ua$it7rios e ini'ua$it7rios denese de uma parte e de outra de apresentar de ar'umentos pr e %ontra para sustentar que %ertos traços %ara%ter5sti%os dos indiv5duos perten%entes ao universo %onsiderado ;usti%am ou não ;usti%am um tratamento i'ua$. 8 direito de voto às mu$eres não 4oi re%one%ido enquanto se a%eitou que entre omens e mu$eres e/istissem di4erenças – tais %omo a passiona$idade a aus6n%ia de um interesse espe%5%o em parti%ipar da vida po$5ti%a a depend6n%ia do omem et%. – pass5veis de ;usti%arem uma di4erença de tratamento %om respeito à atribuição dos direitos po$5ti%os. (p. !
esquerda tenam %ontribu5do do mesmo modo para a %onse%ução de$es nem que uma ve+ tornada i$e'5tima uma dis%riminação direita e esquerda admitam o 4ato %om a mesma 4orça de %onvi%ção. * ma das %onquistas mais %$amorosas embora o;e ;7 %ome%e a ser %ontestada dos movimentos so%ia$istas que se identi%aram ao menos at& a'ora %om a esquerda & o re%one%imento dos direitos so%iais ao $ado dos direitos de $iberdade. Hratase de novos direitos que %omeçaram a ser in%orporados às %onstituiç,es a partir do m da Krimeira Puerra Jundia$ e 4oram %onsa'rados pe$a Declaração Universal dos Direitos do omem e por outras artas interna%ionais
su%essivas. # ra+ão de ser de direitos so%iais %omo o direito à edu%ação o direito ao traba$o o direito à sa>de & uma ra+ão i'ua$it7ria.
Hodos
esses
tr6s
direitos
ob;etivam
redu+ir
as
desi'ua$dades entre quem tem e quem não tem ou %o$o%ar um n>mero %ada ve+ maior de indiv5duos em %ondiç,es de serem menos desi'uais no que di+ respeito a indiv5duos mais a4ortunados por nas%imento ou %ondição so%ia$. * Jais uma ve+ não estou di+endo que uma maior i'ua$dade & um bem e uma maior desi'ua$dade um ma$. Não dese;o sequer di+er que uma maior i'ua$dade se;a sempre e em todos os %asos pre4er5ve$ a outros va$ores %omo a $iberdade o bemestar a pa+. om estas re4er6n%ias a situaç,es istri%as pretendo simp$esmente rearmar mina tese de que o e$emento que me$or %ara%teri+a as doutrinas e os movimentos que se %amam de esquerda1 e %omo tais t6m sido re%one%idos & o i'ua$itarismo desde que entendido repito não %omo a utopia de uma so%iedade em que todos são i'uais em tudo mas %omo tend6n%ia (p. !<) de um $ado a e/a$tar mais o 4a+ os omens i'uais do que o que os 4a+ desi'uais e de outro em termos pr7ti%os a 4avore%er as po$5ti%as que ob;etivam tornar mais i'uais os desi'uais. (p. !<) * Viberdade e autoridade
* # i'ua$dade %omo idea$ supremo ou at& mesmo >$timo de uma %omunidade ordenada ;usta e 4e$i+ e portanto de um $ado %omo aspiração perene dos omens %onviventes e de outro %omo tema %onstante das teorias e ideo$o'ias po$5ti%as est7 abitua$mente a%op$ada ao idea$ da $iberdade %onsiderado tamb&m e$e supremo ou >$timo. * #mbos os termos t6m um si'ni%ado emotivo muito 4orte mesmo quando usados %omo a%onte%e em 'era$ %om um si'ni%ado des%ritivo impre%iso %omo no 4amoso trin?mio !iberté, "galité, #raternit$1 (no qua$ por&m o mais impre%iso & o ter%eiro tema). (...).
Do mesmo modo a in;unção todos os omens devem ser $ivres1 tem um si'ni%ado puramente emo%iona$ se não se responde à questãoHodos e/atamente todos01 e se não se o4ere%e uma ;usti%ativa para as e/%eç,es %omo as %rianças os $ou%os ou mesmo os es%ravos por nature+a na %on%epção de #ristte$es. Em se'undo $u'ar se não se estabe$e%e bem o que se entende por $iberdade1 pois uma %oisa & a $iberdade de querer à qua$ se re4ere a disputa sobre o $ivre arb5trio (p. !<@) outra & a $iberdade de a'ir na qua$ est7 parti%u$armente interessada a $osoa po$5ti%a que de$a distin'ue diversos sentidos tais %omo a $iberdade ne'ativa a $iberdade de a'ir propriamente dita e a $iberdade %omo autonomia ou obedi6n%ia às $eis que %ada um pres%reve a si mesmo. (p. !<@) * 8 e/emp$o mais evidente & o %ontraste entre o idea$ da $iberdade e o idea$ da ordem. * Não se pode dei/ar de re%one%er que a ordem & um bem %omum a todas as so%iedades tanto que o termo %ontr7rio desordem1 tem uma %onotação ne'ativa (p. !<9) seme$ante à de opressão1 %ontr7rio de $iberdade1 e de desi'ua$dade1 %ontr7rio de i'ua$dade1. Jas a e/peri6n%ia istri%a e a e/peri6n%ia %otidiana nos ensinam que ordem1 e $iberdade1 são dois bens em %ontraste entre si tanto que uma boa %onviv6n%ia somente pode ser 4undada sobre
um %ompromisso entre um e outro de modo a evitar o $imite e/tremo ou do Estado tota$it7rio ou da anarquia. (p. !<9) * ma norma i'ua$it7ria que impusesse a todos os %idadãos a uti$i+ação uni%amente dos meios de transporte p>b$i%os para 4a%i$itar o tr74e'o o4enderia a $iberdade de es%o$er o meio de transporte pre4erido. (...) Em 'era$ qua$quer e/tensão da es4era p>b$i%a por ra+,es i'ua$it7rias na medida em que pre%isa se imposta restrin'e a $iberdade de es%o$a na es4era privada que & intrinse%amente ini'ua$it7ria pois a $iberdade dos ri%os e muito mais amp$a do que a $iberdade privada dos pobres. # perda de $iberdade 'o$peia natura$mente mais o ri%o do que o pobre para quem a $iberdade de es%o$er o meio de transporte o tipo de es%o$a o modo de vestir est7 abitua$mente (p. !") impedida não por uma imposição p>b$i%a mas pe$a situação e%on?mi%a interna à es4era privada. (p. !") * M verdade que a i'ua$dade a%aba por $imitar a $iberdade tanto do ri%o quanto do pobre mas %om a se'uinte di4erença- o ri%o perde uma $iberdade usu4ru5da e4etivamente o pobre perde uma $iberdade poten%ia$. * 8 mesmo prin%5pio 4undamenta$ daque$a 4orma de i'ua$itarismo m5nimo prpria da doutrina $ibera$ se'undo a qua$ todos os omens t6m direito à id6nti%a $iberdade sa$vo e/%eç,es a serem ;usti%adas imp$i%a que %ada um $imite a prpria $iberdade para torn7$a %ompat5ve$ %om a $iberdade de todos os outros de modo a não impedir que os outros tamb&m usu4ruam da sua mesma $iberdade. 8 estado de $iberdade se$va'em que poderia ser denido %omo aque$e em que uma pessoa & tão mais $ivre quanto maior & o seu poder – o estado de nature+a des%rito por Tobbes e ra%iona$i+ado por Apino+a – & um estado de 'uerra permanente entre todos pe$a sobreviv6n%ia do qua$ s se pode sair %om a supressão da $iberdade natura$ ou %omo prop,e a doutrina $ibera$ %om a sua re'u$ação.
* #$&m do mais devese estabe$e%er bem o sentido da e/pressão id6nti%a $iberdade1 que %ostuma ser usada %omo se 4osse %$ara mas que & 'en&ri%a e amb5'ua. Pen&ri%a porque %omo 4oi v7rias ve+es observado não e/iste a $iberdade em 'era$ mas apenas $iberdades sin'u$ares de opinião de imprensa de ini%iativa e%on?mi%a de reunião de asso%iação e & sempre ne%ess7rio %on4orme as situaç,es espe%i%ar a qua$ de$as se dese;a re4erir2 amb5'ua porque ter uma $iberdade i'ua$ à de todos os outros si'ni%a não apenas ter todas as $iberdades (p. !!) sin'u$ares possu5das pe$os demais mas tamb&m ter a mesma possibi$idade de usu4ruir %ada uma destas $iberdades sin'u$ares. De 4ato uma %oisa & usu4ruir em abstrato todas as $iberdades usu4ru5das pe$os demais outra %oisa & usu4ruir %ada $iberdade de modo i'ua$ a todos os demais. Devese $evar bem em %onta esta di4erença pois a doutrina $ibera$ arma a primeira em n5ve$ de prin%5pio mas a pr7ti%a $ibera$ não pode asse'urar a se'unda a não ser intervindo %om medidas i'ua$it7rias $imitadoras e portanto %orri'indo o prin%5pio 'era$. (p. !!) * om isso não pretendo armar que uma medida i'ua$it7ria se;a sempre $imitadora da $iberdade. # e/tensão do su4r7'io mas%u$ino às mu$eres não $imitou a $iberdade de voto dos omens. Kode ter $imitado seu poder pe$o 4ato de que a sustentação de um determinado 'overno passou a não depender mais apenas de$es mas o direito de votar não 4oi restrin'ido. * Devese por m
4a+er uma observação e$ementar que
norma$mente não & 4eita- os %on%eitos de $iberdade e i'ua$dade não são sim&tri%os. Enquanto $iberdade & um status da pessoa a i'ua$dade indi%a uma re$ação entre dois ou mais entes. Krova disso & que % & $ivre1 & uma proposição dotada de sentido ao passo que % & i'ua$1 não si'ni%a nada. Donde o e4eito irresistive$mente %?mi%o da %&$ebre e/pressão orZe$$iana- Hodos são i'uais mas a$'uns são mais i'uais do que outros1. #o mesmo tempo não sus%ita nenuma
i$ariedade a$i7s & per4eitamente %ompreens5ve$ a armação de que todos são $ivres mas a$'uns são mais $ivres do que outros. #ssim tem sentido armar %om Te'e$ que e/iste um tipo de re'ime o despotismo em que apenas um & $ivre e todos os outros são servos ao passo que não teria sentido di+er que e/iste uma so%iedade em (p. !<) que apenas um & i'ua$. 8 que e/p$i%a a$&m do mais por que a $iberdade pode ser %onsiderada um bem individua$ diversamente da i'ua$dade que & sempre apenas um bem so%ia$ e tamb&m por que a i'ua$dade na $iberdade não e/%$ui que se;am dese;7veis outras 4ormas de i'ua$dade %omo as de oportunidade e de renda que ao requererem outras 4ormas de i'ua$amento podem entrar em %on:ito %om a i'ua$dade na $iberdade. (p. !<) * #o $ado (p. !) da d5ade i'ua$dade$iberdade sobre a qua$ at& a'ora me detive e da qua$ nas%em doutrinas e movimentos i'ua$it7rios e ini'ua$it7rios devese %o$o%ar outra d5ade não menos importante istori%amente- $iberdadeautoridade. Desta derivam doutrinas e movimentos $ibert7rios e autorit7rios. No que di+ respeito à denição de esquerda e direita a distinção entre as duas d5ades adquire parti%u$ar re$evFn%ia pois um dos modos mais %omuns de %ara%teri+ar a direita em re$ação à esquerda & %ontrapondo a direita $ibert7ria à esquerda i'ua$it7ria. Não teno qua$quer di%u$dade em admitir a e/ist6n%ia de doutrinas e movimentos mais i'ua$it7rios e de doutrinas e movimentos mais
$ibert7rios mas teria a$'uma
di%u$dade em admitir que esta distinção serve para distin'uir a direita da esquerda. E/istiram e ainda e/istem doutrinas e movimentos $ibert7rios tanto (p. !G) à direita quanto à esquerda. 8 maior ou menor apreço atribu5do ao idea$ da $iberdade que en%ontra sua rea$i+ação %omo se disse nos prin%5pios e nas re'ras que estão na base dos 'overnos demo%r7ti%os daque$es 'overnos que re%one%em e prote'em os direitos pessoais %ivis po$5ti%os permite no Fmbito da esquerda e da direita a distinção entre a a$a moderada
e a a$a e/tremista (...). Hanto os movimentos revo$u%ion7rios quanto os movimentos %ontrarrevo$u%ion7rios mesmo não tendo me %omum um pro;eto '$oba$ de trans4ormação radi%a$ da so%iedade t6m em %omum a %onvi%ção de que em >$tima instFn%ia pre%isamente pe$a radi%a$idade do pro;eto de trans4ormação este não pode ser rea$i+ado senão pe$a instauração de re'imes autorit7rio. (p. !G) * Ae me 4or %on%edido que o %rit&rio para distin'uir a direita da esquerda & a di4erente apre%iação da ideia da i'ua$dade e que o %rit&rio para distin'uir a a$a moderada da a$a e/tremista tanto na direita quanto na esquerda & a di4erente postura diante da $iberdade podese então repartir esquemati%amente o espe%tro em que se %o$o%am doutrinas e movimentos po$5ti%os nas quatro se'uintes partes* a) na e/tremaesquerda estão os movimentos simu$taneamente i'ua$it7rios e autorit7rios dos quais o ;a%obinismo & o e/emp$o istri%o mais importante a ponte de se (p. !=) ter tornado uma abstrata %ate'oria ap$i%7ve$ e e4etivamente ap$i%ada a per5odos e situaç,es istri%as diversas2 (p. !=) * b) no %entroesquerda doutrinas e movimentos simu$taneamente i'ua$it7rios e $ibert7rios para os quais podemos empre'ar o;e a e/pressão so%ia$ismo $ibera$1 ne$a %ompreendendo todos os partidos so%ia$demo%ratas em que pesem suas di4erentes pr7/is po$5ti%as2 * %) no %entrodireita doutrinas e movimentos simu$taneamente $ibert7rios e i'ua$it7rios entre os quais se inserem
os partidos
%onservadores que se distin'uem das direitas rea%ion7rias por sua de$idade ao m&todo demo%r7ti%o mas que %om respeito ao idea$ de i'ua$dade se prendem à i'ua$dade diante da $ei que imp$i%a uni%amente o dever por parte do ;ui+ de ap$i%ar impar%ia$mente as
$eis e à i'ua$ $iberdade que %ara%teri+a aqui$o que %amei de i'ua$itarismo m5nimo2 * d) na e/tremadireita doutrinas e movimentos anti$iberais e anti i'ua$it7rios dos quais %reio ser sup&r:uo indi%ar e/emp$os istri%os bem %one%idos %omo o 4as%ismo e o na+ismo. (p. !) * @ Estre$a po$ar * ma das mais %onvin%entes provas istri%as da tese at& aqui de4endida se'undo a qua$ o i'ua$itarismo & a %ara%ter5sti%a distintiva da esquerda pode ser dedu+ida do 4ato de que um dos temas prin%ipais senão o prin%ipa$ da esquerda istri%a %omum tanto aos %omunistas quanto aos so%ia$istas & a remoção daqui$o que se %onsiderou não s no s&%u$o passado mas desde a anti'uidade um dos maiores senão o maior obst7%u$os à i'ua$dade entre os omensa propriedade individua$ o terr5ve$ direito1. erta ou (p. !@) ou equivo%ada
que se;a esta tese & evidente que em 'era$ as
des%riç,es utpi%as de so%iedades ideais que partem de uma aspiração i'ua$it7ria des%revem e simu$taneamente pres%revem uma so%iedade %o$etivista2 que [ean[a%ques Rousseau quando se interro'a sobre a ori'em da desi'ua$dade entre os omens irrompe na 4amosa inve%tiva %ontra o primeiro omem que %ir%undando seu poder de%$arou isto & meu\12 que de Rousseau retira inspiração o movimento que deu vida à onspiração dos I'uais ine/orave$mente %ontr7ria a qua$quer 4orma de propriedade individua$2 que todas as so%iedades de i'uais que se 4ormaram no s&%u$o passado nas quais a prpria esquerda muitas ve+es se re%one%eu %onsideraram a propriedade individua$ %omo uma in5qua instituição a ser abatida2 que são i'ua$it7rios e %o$etivistas todos os partidos que nas%em da matri+ mar/ista2 que uma das primeiras medidas da revo$ução triun4ante no mundo dos %+ares 4oi a abo$ição da propriedade individua$ da terra e das empresas2 (...) # $uta pe$a abo$ição da propriedade individua$ pe$a %o$etivi+ação ainda que não inte'ra$ dos meios de produção
sempre 4oi para a esquerda uma $uta pe$a i'ua$dade pe$a remoção do prin%ipa$ obst7%u$o para a rea$i+ação de uma so%iedade de i'uais. (p. !9) * 8 4ato de que a distinção entre ri%os e pobres introdu+ida e perpetuada pe$a persist6n%ia do direito tido %omo ina$ien7ve$ à propriedade individua$ se;a %onsiderada a prin%ipa$ %ausa da desi'ua$dade não e/%$ui o re%one%imento de outras ra+,es de dis%riminação %omo a dis%riminação entre omens e mu$eres traba$o manua$ e traba$o inte$e%tua$ povos superiores e povos in4eriores. * Não teno di%u$dade em admitir quais e quantos 4oram os e4eitos perversos que derivaram dos modos pe$os quais se tentou rea$i+ar o idea$. 8%orreume não 7 muito tempo de 4a$ar a este propsito de utopia invertida1 Qutopia capovolta aps ter %onstatado que uma 'randiosa utopia i'ua$it7ria a %omunista a%a$entada por s&%u$os tradu+iuse em seu %ontr7rio na primeira tentativa istri%a de rea$i+7$a. Nenuma das %idades ideais des%ritas pe$os $so4os 4oi proposta %omo mode$o a ser %o$o%ado em pr7ti%a. K$atão sabia que a rep>b$i%a idea$ da qua$ avia 4a$ado %om seus ami'os e dis%5pu$os não estava destinada a e/istir em a$'um $u'ar mas apenas era verdadeira %omo P$au%o di+ a A%rates em nossos dis%ursos1. No entanto na primeira ve+ em que uma utopia i'ua$it7ria entrou na istria passando o reino dos dis%ursos1 para o reino das %oisas a%abou por se trans4ormar em seu %ontr7rio. (p. !G") * Kara %on%$uir se;ame permitido a%res%entar à tese aqui de4endida um testemuno pessoa$. Aempre me %onsiderei um omem de esquerda portanto sempre atribu5 ao termo esquerda1 uma %onotação positiva mesmo (p. !G!) a'ora em que a esquerda & %ada ve+ mais osti$i+ada e ao termo direita1 uma %onotação ne'ativa mesmo o;e em que a direita est7 sendo amp$amente reva$ori+ada. #
ra+ão 4undamenta$ pe$a qua$ em a$'umas &po%as da mina vida tive a$'um interesse pe$a po$5ti%a ou %om outras pa$avras senti senão o dever pa$avra ambi%iosa demais ao menos a e/i'6n%ia de me o%upar da po$5ti%a e a$'umas ve+es embora raramente de
desenvo$ver
atividade po$5ti%a sempre 4oi o des%on4orto diante do espet7%u$o das enormes desi'ua$dades tão despropor%ionais quanto in;usti%adas entre ri%os e pobres entre quem est7 em %ima e quem est7 embai/o na es%a$a so%ia$ entre quem tem poder va$e di+er %apa%idade de determinar o %omportamento dos outros se;a na es4era e%on?mi%a se;a na es4era po$5ti%a e ideo$'i%a e quem não tem. Desi'ua$dades parti%u$armente vis5veis e – 4orta$e%endose pou%o a pou%o a %ons%i6n%ia mora$ %om o passar dos anos e o tr7'i%o evo$ver dos a%onte%imentos – %ons%ientemente vividas por quem %omo eu nas%era e 4ora edu%ado em uma 4am5$ia bur'uesa na qua$ as di4erenças de %$asse eram ainda muito mar%antes. Estas di4erenças eram parti%u$armente evidentes durante as $on'as 4&rias no %ampo quando ns vindos da %idade brin%7vamos %om os $os dos %amponeses. Kara di+er a verdade entre ns avia um per4eito entendimento a4etivo e as di4erenças de %$asse eram abso$utamente irre$evantes mas não nos es%apava o %ontraste entre nossas %asas e as de$es nossos a$imentos e os de$es nossas roupas e as de$es (no verão andavam des%a$ços). Hodo ano retornando ao %ampo nas 4&rias %7vamos sabendo que um dos nossos %ompaneiros de brin%adeiras morrera durante o inverno de tuber%u$ose. Não me re%ordo por&m de uma >ni%a morte por doença entre os meus %o$e'as de es%o$a na %idade. (p. !G!) * #que$es eram tamb&m os anos do 4as%ismo (...). Kopu$ista mas não popu$ar o 4as%ismo avia arre'imentado o pa5s su4o%ando toda 4orma de $ivre $uta po$5ti%a- um povo de %idadãos que ;7 aviam (p. !G<) %onquistado o direito de parti%ipar de e$eiç,es $ivres 4ora redu+ido à %ondição de mu$tidão a%$amadora um %on;unto de s>ditos
i'uais & verdade no id6nti%o uni4orme mas tamb&m i'uais (e %ontentes0) na servidão %omum. om a aprovação imprevista e improvisada de $eis ra%iais nossa 'eração en%ontrouse nos anos da maturidade diante do es%Fnda$o de uma dis%riminação in4ame que em mim %omo em outros dei/ou uma mar%a inde$&ve$. Loi então que a mira'em de uma so%iedade i'ua$it7ria estimu$ou a %onversão ao %omunismo de muitos ;ovens mora$mente s&rios e inte$e%tua$mente %apa+es. Aei bem que o;e a tantos anos de distFn%ia o ;u5+o sobre o 4as%ismo deve ser dado %om o distan%iamento do istoriador. #qui por&m não 4a$o %omo istoriador mas uni%amente para dar um depoimento pessoa$ sobre mina edu%ação po$5ti%a na qua$ tiveram tanta importFn%ia por reação ao re'ime os ideais não s da $iberdade mas tamb&m da i'ua$dade e da 4raternidade os redundantes
b$a'ues1
%omo
eram
então
desdenosamente
%amados da Revo$ução Lran%esa. (p. !G9) *! Lu]u^ama o motor e o m da istria (p. !=") * (...) o que %ara%teri+a a esquerda perante a direita & o idea$ a inspiração ou a pai/ão que %ostumamos %amar de ethos da i'ua$dade1. (p. !=!) * (...) Sa$+er arma que este & o desao da esquerda1. E es%$are%e# esquerda 4oi 4eita para isto sua tare4a & a de %ombater e periodi%amente
%orri'ir as novas 4ormas de desi'ua$dade e de
autoritarismo %ontinuamente produ+idas pe$a so%iedade1. * 8 tema dominante na entrevista est7 %$aramente e/presso na %onvi%ção de que o %o$apso do %omunismo deve ser interpretado %omo um sina$ denitivo do erro %atastr%o %ometido pe$os movimentos
de
esquerda
prin%ipa$mente
pe$o
%omunismo
interna%iona$ de %onsiderar que a i'ua$ação dos omens por meio da e$iminação da (p. !=<) propriedade privada %ondenada %omo a %ausa prin%ipa$ da desi'ua$dade entre os omens 4osse a meta da istria umana e o sina$ in4a$5ve$ do pro'resso istri%o. Kara o pro4eta da nova istria ao %ontr7rio a %ausa prin%ipa$ do pro'resso seria a desi'ua$dade não apenas porque & 4un%iona$ ao mer%ado %apita$ista mas tamb&m porque & em si mesma ;usta1. (p. !=<) * Loi inevit7ve$ que a tese de Lu]u^ama e/posta %om rique+a de ar'umentos e obstinada insist6n%ia num $ivro amp$amente dis%utido sus%itasse perp$e/idade e re:e/,es em a$'uns es%ritores de esquerda ;7 em %rise. # novidade da %r5ti%a est7 no 4ato de que em re$ação à esquerda tradi%iona$ aque$a tese não p,e em questão apenas os meios at& a'ora perse'uidos para o a$%an%e do m – prin%ipa$mente a redução 'radua$ da propriedade individua$ at& sua tota$ e$iminação – mas tamb&m o prprio m. E 4a+ isso por meio de dois ar'umentos (...) um de $osoa da istria outros antropo$'i%o se não mesmo onto$'i%o- !) a istria (p. !=) não pro'ride por interm&dio de um pro%esso de i'ua$ação dos desi'uais mas ao %ontr7rio por interm&dio da $uta individua$ ou %o$etiva pe$a suprema%ia2 <) a aspiração dos omens interpretada em termos rea$istas e não utpi%os não & a i'ua$dade mas a superioridade por interm&dio da %on%orr6n%ia e da vitria sobre o inimi'o. (p. !=) * #t& a'ora os %r5ti%os do %omunismo sustentaram que a propriedade %o$etiva não era o meio adequado para se atin'ir a meta de uma so%iedade mais ;usta e mais ;usta porque mais i'ua$it7ria armando que a prpria meta perse'uida pe$o i'ua$itarismo seria indese;7ve$ e portanto equivo%ada. * 8s dois ar'umentos adotados por Lu]u^ama são ambos uni$aterais e enquanto tais simp$istas %omo 'era$mente são as teses e/tra5das
não da istria mas da $osoa da istria que no %aso do nosso autor tem %omo pontos de re4er6n%ia para repetir o que ;7 se disse Te'e$ interpretado por Uo;_ve ou Niet+s%e interpretado %omo o dem?nio o '6nio inspirador de uma so%iedade 'uiada por omens superiores. * # istria & mais %omp$i%ada mais %omp$e/a mais amb5'ua e %ontraditria do que as $osoas da istria tentam nos 4a+er %rer. Kara o istoriador que bai/a os o$os (p. !=G) em direção às aspere+as da terra em ve+ de e$ev7$os em direção a um %&u sem nuvens a istria não tem um m um >ni%o m nem mesmo em %onsequ6n%ia um na$. 8 $so4o da istria pode se permitir atuar %omo pro4eta o istoriador deve $imitarse a 4a+er prudentes previs,es %om base em proposiç,es ipot&ti%as seentão1. (p. !=G) * om respeito ao primeiro ponto & mesmo verdade que a istria apenas pro'ride por interm&dio da $uta pe$a suprema%ia0 (...) 8 que move a aspiração o;e %ada ve+ mais 4orte no mundo em 4avor de um direito %osmopo$ita em 4avor de uma %idadania universa$ de todos os omens numa so%iedade em que não e/istam nem ;udeus nem 'entios nem bran%os nem ne'ros – uma aspiração tornada irresist5ve$ e irrevers5ve$ pe$as sempre mais imponentes mi'raç,es de popu$aç,es pobres em direção a pa5ses ri%os nos >$timos de%6nios – senão o %res%ente e sempre mais vis5ve$ so4rimento diante das desi'uais %ondiç,es da vida que separam o %$ube dos ri%os1 (oms]^) do p$aneta dos n7u4ra'os1 (Vatou%e)0 * No que di+ respeito ao se'undo ponto & mesmo verdade que todos os omens e em todas as situaç,es nas quais venam a se en%ontrar aspiram não à i'ua$dade mas a suprema%ia0 (p. !==) * Na mesma entrevista Lu]u^ama observa %om a%erto que a so%iedade que trata 'ente diversa de modo i'ua$ & tão ;usta quanto
uma so%iedade que trata desi'ua$mente 'ente i'ua$1. om esta armação nada mais 4a+ do que retomar a assim %amada re'ra 7urea da ;ustiça se'undo a qua$ a ;ustiça %onsiste em tratar os i'uais de modo i'ua$ e %onsequentemente os desi'uais de modo desi'ua$. Esse por&m & um prin%5pio puramente 4orma$ e %omo ta$ & em si mesmo evidente mas va+io. #qui$o que de modo a$'um & evidente – e pre%isamente porque não & evidente re%ebe respostas diversas se'undo as ideo$o'ias e as %on%epç,es do mundo ou num p$ano mais bai/o se'undo os diversos pontos de vista pessoais – & a resposta à questão- 3uem são os i'uais0 3uem são os desi'uais01 (p. !=) (...) o 4undamento da di4erença entre pessoas de direita e pessoas de esquerda est7 no 4ato de que umas tendem a %onsiderar os omens mais i'uais do que desi'uais ao passo que outras vi%e versa tendem a %onsiderar os omens mais desi'uais do que i'uais. Di4erença natura$ ou %u$tura$ onto$'i%a ou istri%a0 (p. !=) * #rmar que o motor da istria não & uma $uta pe$a i'ua$dade mas a $uta pe$a superioridade & uma proposição %omo disse uni$atera$. Na istria umana %on%reta não numa abstrata $osoa da istria as $utas pe$a superioridade a$ternamse %om as $utas pe$a i'ua$dade. E & natura$ que o%orra essa a$ternFn%ia ;7 que a $uta pe$a superioridade pressup,e dois indiv5duos ou 'rupos que tenam a$%ançado entre si uma
%erta i'ua$dade. (...) Ainteti%amente- a prpria $uta pe$a
superioridade %ria quando & vitoriosa uma re$ação de desi'ua$dade que não pode não sus%itar por sua ve+ uma nova $uta pe$a i'ua$dade. (p. !=9) * < ma dis%ussão %om Kerr^ #nderson * 8 sentido da esquerda (p. !")
* 8 ponto de partida de Bobbio & a %res%ente 4requ6n%ia %om que as noç,es de Direita1 e Esquerda1 t6m sido re;eitada nas dis%uss,es po$5ti%as. (...) Bobbio per'unta- por que a tradi%iona$ oposição entre Direita e Esquerda & tão repudiada o;e em dia0 Em $inas 'erais e/p$i%a e$e podemos distin'uir o;e tr6s modos de %ontestar a di%otomia. 8 primeiro %onsiste em re$ativi+ar a d5ade insistindo na presença de um Her%eiro In%$u5do1 mais pre%isamente de um entro moderado situado entre a Direita e a Esquerda o%upando a maior parte
do
espaço
e4etivo
no
interior
dos
sistemas
po$5ti%os
demo%r7ti%os. 8 se'undo modo de re;eitar a oposição & o de se /ar na perspe%tiva de um Her%eiro In%$usivo1 que inte'ra e supera as eranças tanto da Direita quanto da Esquerda numa s5ntese que se %o$o%aria para a$&m de ambas. Kor m o >$timo modo apoiase na emer'6n%ia de um Her%eiro Hransversa$1 que penetraria os %ampos da Direita e da Esquerda e os esva+iaria de qua$quer re$evFn%ia- & o pape$ observa Bobbio 4requentemente atribu5do à po$5ti%a dos Oerdes. (...) # e/ist6n%ia de um entro ainda quando dominante não a$tera os termos do %ontraste entre po$aridades de Direita e de Esquerda em %ada um dos $ados do prprio entro. 8 %on%eito de uma s5ntese que este;a a$&m da Direita e da Esquerda o%u$ta de 4ato a ambição de um dos po$os em absorver ou neutra$i+ar o outro. Kor m os movimentos de opinião que se estendem tanto em direção à Direita quanto em (p. !!) direção à Esquerda %omo os Oerdes tendem na verdade a se redividir em novas vers,es dos dois po$os. (p. !<) * (...) Bobbio prop,e na$mente sua prpria denição. Kara e$e a divisão entre Direita e Esquerda e/pressa uma di4erença de atitude diante da i'ua$dade. [7 que os seres umanos são %$aramente – isto & se'undo di4erentes aspe%tos – tão i'uais quanto desi'uais de um $ado estão aque$es que %onsideram que os omens são mais i'uais que desi'uais de outro os que %onsideram que são mais desi'uais que i'uais1. Esse & o eterno %ontraste sub;a%ente à distinção entre
Direita e Esquerda. E$e & %omp$ementado por um outro. # Esquerda a%redita que a maior parte das desi'ua$dades & so%ia$ e enquanto ta$ e$imin7ve$2 a Direita que a maior parte de$as & natura$ portanto ine$imin7ve$. Kara a primeira a i'ua$dade & um idea$ para a se'unda não. * Kor outro $ado prosse'ue Bobbio a $iberdade não & uma $ina divisria tão v7$ida. Kor ser in%ompar7ve$ %om a i'ua$dade – na medida em que & uma %ondição do indiv5duo mais do que uma re$ação entre v7rias pessoas – a $iberdade & antes de tudo o va$or que separa os moderados dos e/tremistas no interior de %ada um dos %ampos. Na oposição entre Direita e Esquerda e$a desempena um pape$ mais de meio do que de m. M si'ni%ativo o 4ato de que Bobbio não 4aça %on%ess,es a sentimenta$ismos retri%os. # $iberdade não pode ser %omparada %om a i'ua$dade e não 7 ra+ão para que se pense que as duas %oisas se;am sempre %ompat5veis. (p. !) (...) [7 no na$ do $ivro Bobbio 4a+ uma %onssão pessoa$. # i'ua$dade sempre 4oi a estre$a po$ar1 de sua vida po$5ti%a. #s desi'ua$dades deste mundo – dos pobres e mar'ina$i+ados nas ri%as so%iedades o%identais aos 'i'antes%os bo$s,es de mis&ria de massa nos pa5ses mais pobres – %ontinuam a ser espantosas. Ae desviarmos os o$os es%reve e$e para a questão so%ia$ interna%iona$ %onstatamos que a Esquerda não s não %omp$etou o prprio %amino %omo a ri'or ma$ %omeçou1 (p. !) * # armação %entra$ de Bobbio & que a distinção entre Direita e Esquerda est7 viva e operante ;7 que se baseia em duas vis,es 4undamenta$mente diversas de i'ua$dade que 4a+em %om que os dois termos quem em %ontraste (p. !G) permanente. (p. !) * Nos Estados nidos onde 7 tempo vi'ora uma apro/imação que se avi+ina bastante de um sistema %omp$etamente %apita$ista os
termos Direita e Esquerda são moedas de %ir%u$ação $imitada na $iteratura a%ad6mi%a mas não t6m qua$quer va$or nos debates p>b$i%os e popu$ares. Não se trata de uma debi$idade da tradição %u$tura$ ameri%ana mas de um %uidadoso re:e/o da e/5'ua di4erença e da espor7di%a inter%ambia$idade entre os dois partidos do pa5s. (...) Não 7 qua$quer esp&%ie de $ina de prin%5pio separando os dois duopo$istas. ma situação bastante pare%ida – e ta$ve+ ainda mais pronun%iada em termos poten%iais – pode ser en%ontrada no [apão %om a $iquidação do e/Kartido Ao%ia$demo%r7ti%o e a %isão interna do Kartido Vibera$ Demo%r7ti%o. Não se pode %$assi%ar de modo inte$i'5ve$ o atua$ 'overno e a oposição de Hquio – derivados do mesmo ma'ma – %omo respe%tivamente Direita ou Esquerda. E na medida em que Estados nidos e [apão 4ormam %on;untamente a parte mais vasta e dinFmi%a do mundo %apita$ista avançado & de per'untar se a Europa tamb&m não estaria se movendo na mesma direção. (p. !G) * ma de4esa puramente a/io$'i%a da ideia de Esquerda iso$ada de qua$quer teoria istri%a e de qua$quer %r5ti%a às instituiç,es em %ondiç,es de aba$ar o status quo não ser7 su%iente para que se %onsi'a a vitria. Bobbio pensava tempos atr7s que o so%ia$ismo $ibera$ poderia en4rentar e ven%er ta$ desao. To;e e$e rees%reve a so%ia$demo%ra%ia
%omo
so%ia$ismo
$ibera$
promovendo
uma
si'ni%ativa redução em suas prprias e/pe%tativas. (...) # 'rande $ição de seu $ivro por&m & que a oposição entre Direita e Esquerda não 'o+a de
nenuma 'arantia a/iom7ti%a. Kara sobreviver %om
4orça si'ni%ativa em um mundo dominado em boa medida pe$a Direita e dessa 4orma ser uma a$ternativa aut6nti%a a Esquerda ter7 de $utar %om toda ener'ia. * #o in5%io da istria
(p. !) * To;e ao %ontr7rio se entendi bem o senor 4a+ uma ob;eção oposta- o prin%ipa$ de4eito da mina dissertação sobre direita e esquerda estaria na %ontradição entre a denição puramente ideo$'i%a a/io$'i%a quase meta45si%a (p. !) que dou da esquerda e a aus6n%ia de rea$ismo que me teria impedido de $evar na devida %onta um mundo em que direita e esquerda estão se tornando sempre mais indistin'u5veis. No primeiro %aso eu teria sido um rea$ista in%onsequente no se'undo um idea$ista despreparado. * 8 va$or idea$ à base do qua$ distin'ui a esquerda da direita & o da i'ua$dade. (...) Nos >$timos s&%u$os o que tem distin'uido a esquerda em todas as suas 4ormas – tanto as 4un%iona$mente positivas1 quanto as 4un%iona$mente ne'ativas1 – & aqui$o que %ostumo denir %omo ethos1 (que tamb&m & pathos1) da i'ua$dade. (p. !@) * 8 ethos da i'ua$dade inspirou tanto a Revo$ução Russa quanto as so%ia$demo%ra%ias europeias. # istria do so%ia$ismo & em 'rande parte a istria dos ideais i'ua$it7rios a serem perse'uidos se;a por meio da abo$ição inte'ra$ da propriedade privada %onsiderada ;7 por Rousseau %omo a %ausa prin%ipa$ da inégalité parmi les hommes 1 se;a por meio de po$5ti%as imp$ementadas %om o propsito de promover a ;ustiça so%ia$ atrav&s de diversas 4ormas de distribuição de renda. (p. !9) * 8 senor tem %omp$eta ra+ão em ob;etar que não 7 qua$quer re$ação entre a i'ua$dade %omunista e a i'ua$dade so%ia$ demo%r7ti%a. Jas %omo o senor sabe pro%urei e/p$i%ar que a pa$avra i'ua$dade1 não si'ni%a nada se não se dene entre quem em re$ação a que e %om base em quais %rit&rios1. Disso deriva que são in>meras as 4ormas de distribuição que podemos %amar de
i'ua$it7rias ainda quando se;am diversas e produ+em resu$tados bem diversos entre si. * Não poder5amos obter uma prova mais e%a+ desse ethos da i'ua$dade %omo %ara%ter5sti%a da esquerda do que a de4esa intransi'ente do ethos (%amemo$o tamb&m assim) da desi'ua$dade empreendida por um dos es%ritores mais rea%ion7rios sur'idos nestes >$timos anos %omo & o %aso de Lran%is Lu]u^ama para quem o m da istria %oin%ide %om o triun4o do %apita$ismo ameri%ano nos anos de Rea'an e de Bus. (p. !@!) * Depois de sustentar que a %u$tura de esquerda est7 $on'e de ter sido demo$ida pe$o %o$apso do %omunismo sovi&ti%o ou pe$as di%u$dades da so%ia$demo%ra%ia o%identa$ o senor observa que a vita$idade da tradição so%ia$ista %ontinua a ;orrar de muitas 4ontes. (...) on%$ui por m que as 'randes tens,es interna%ionais poderiam %riar um novo pro'rama de re%onstrução so%ia$1. (p. !@<) * Rerome em parti%u$ar à %r5ti%a da virtude sa$va%ionista do mer%ado da qua$ a direita se 4a+ promotora e que & o prin%ipa$ tema de %on4ronto e de di4eren%iação entre direita e esquerda. (p. !@G) * #pesar disso por&m o autor reitera que a esquerda – vista em seu si'ni%ado idea$ de $uta pe$a eman%ipação dos omens e das mu$eres – %ontinua bem viva a ponto de ainda %onstituir uma ideia re'u$adora do movimento istri%o. Heriam as ra+,es da esquerda desapare%ido uni%amente porque a direita o;e e ta$ve+ ainda por um $on'o per5odo ven%eu e obri'a os partidos de esquerda a a%eitar as suas %ondiç,es0 Jas não são essas mesmas %ondiç,es que %riam nova desi'ua$dades destinadas a impor novos desaos para a esquerda0 E pode a esquerda re%omporse e retomar a $uta sem
ape$ar para prin%5pios ideais0 E quais são esses prin%5pios senão aque$es que o senor resumiu rapidamente quando 4a$ou dos ideais de um mundo mais i'ua$ e mais viv5ve$10 (p. !@) * Kasso por %ima da %onsideração de que os prprios %on:itos de %$asse de modo a$'um desapare%eram mas se trans4eriram do interior dos Estados %apita$istas para a re$ação entre as %$asse dominantes dos pa5ses ri%os e o pro$etariado dos pa5ses pobres ou %om outras pa$avras para a re$ação entre %entro e peri4eria do %entro de uma $ado e %entro do %entro e peri4eria da peri4eria de outro. * Estou bem %ons%iente de que o desao de%isivo para a sobreviv6n%ia e o renas%imento da esquerda & o que est7 sendo imposto pe$a vitria da e%onomia de mer%ado sobre a e%onomia p$ane;ada. Re%one%er a derrota todavia não si'ni%a renun%iar denitivamente à $uta %omo o senor me %onvida a re:etir no na$ de seu arti'o. Não 4oi o senor mesmo que armou que 7 prob$emas que o mer%ado não pode so$u%ionar0 Não poder5amos a%res%entar a isso que não 7 prob$ema que não possa se dei/ado e/%$usivamente à so$ução do mer%ado0 # esquerda est7 desaada pe$o tema do mer%ado e de seus $imites o;e %omo ontem o;e ta$ve+ mais do que ontem. Kodemos dei/ar às en%5%$i%as e aos do%umentos ponti45%ios ou aos dis%ursos do %ardea$ Jartini ar%ebispo de Ji$ão a tare4a de denun%iar os 'raves de$itos %ometidos por um %apita$ismo que ao pro%$amar o m da istria pretende %aminar triun4a$mente sem oposição0 M poss5ve$ que a (p. !@) esquerda não tena nada a di+er sobre a mundia$i+ação que despertou os esp5ritos anima$es%os1 do %apita$ismo0 * Ae por esquerda ainda entendemos o movimento istri%o que $uta por um mundo mais i'ua$ e mais viv5ve$1 a estrada que se mostra aberta diante de$a ainda & muito $on'a desde que amp$iemos nossos ori+ontes para a$&m das 4ronteira de nossos pa5ses %omo & ;usto que se 4aça na &po%a dessa ora e/a$tada ora despre+ada '$oba$i+ação.