EXPOMUSIC 2014: marcas e equipamentos que agitaram a feira S N I F A & Ano 1 - Número 6 - Outubro 2014 www.teclaseafins.com.br
Hiromi Uehara O novo fenômeno do jazz em entrevista exclusiva
Jean Michel Jarre O gênio dos megashows
Drawbars As registrações mais usadas em todos os estilos
COMO ESTUDAR • HARMONIA E IMPROVISAÇÃO IMPROVISAÇ ÃO • ARRANJO
S N I F A &
Ano 1 - N° 06 - Outubro 2014 Publisher
Nilton Corazza publisher@teclaseafins.com.br publisher@tec laseafins.com.br Gerente Financeiro
Regina Sobral financeiro@teclaseafins.com.br Editor e jornalista responsável
Nilton Corazza (MTb 43.958) Colaboraram Colaborara m nesta edição:
Alexandre Porto, Alex Saba, Cristiano Ribeiro, Eloy Fritsch, José Osório de Souza, Maurício Domene, Rosana Giosa, Turi Collura Diagramação
Sergio Coletti arte@teclaseafins.com.br Foto da capa
Muga Miyahara Publicidade/anúncios comercial@teclaseafins.com.br Contato contato@teclaseafins.com.br Sugestões de pauta redacao@teclaseafins.com.br Desenvolvido por
Blue Note Consultoria e Comunicação www.bluenotecomunicacao.com.br Os artigos e materiais assinados são de responsabilidade de seus autores. É permitida a reproduação dos conteúdos publicados aqui desde que fonte e autores sejam citados e o material seja enviado para nossos arquivos. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios publicados.
EDITORIAL Alguns leitores têm comentado que parte de nosso time de colaboradores é oriundo de outra publicação, a Cover Teclado - que transformou-se em Teclado & Áudio -, da qual fui editor por mais de 9 anos. É fato! Com a experiência adquirida durante esse período, e depois de alguns anos sem uma publicação séria voltada aos tecladistas, pudemos elaborar este projeto, levado a cabo com o intuito de disseminar informação qualificada e atual, de modo a contribuir para uma formação mais completa dos artistas das teclas. E se o mês de setembro é especial para o mercado da música - por causa da Expomusic, da qual trazemos nesta edição a cobertura completa dos principais lançamentos e produtos expostos -, em outubro comemora-se o Dia do Professor. Levando em conta todas as dificuldades que esses profissionais enfrentam em um País como o nosso e lembrando o início de minha carreira - comecei a lecionar música com 14 anos e me dediquei a isso por mais de 20 - fico emocionado ao ver que ainda há quem desenvolva a atividade com paixão e dedicação e que, na verdade, esses são a maioria. Transmitir Transmitir o conhecimento acumulado pelo estudo e pela experiência é um prazer, principalmente quando conseguimos verificar o quanto aqueles a quem ensinamos evoluem e quanto do que oferecemos é aprendido, muitas vezes pela simples observação. Melhor ainda é saber que, mesmo em outras áreas que não a pedagogia, conseguimos continuar ensinando, seja por meio desta publicação ou pelO esforço de fazer que nosso mercado cresça a fim de valorizar aqueles que tem o ensino como vocação. Nosso desejo é que esta publicação possa trazer mais subsídios àqueles que pretendem se dedicar ao ensino e àqueles que pretendem se dedicar a aprender. Parabéns a todos os professores. E a todos os alunos. Nilton Corazza
Rua Nossa Senhora da Saúde, S aúde, 287/34 Jardim Previdência - São Paulo - SP CEP 04159-000 Telefone: +55 (11) 3807-0626 6 / MAIO 2014
Publisher
teclas & afins
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EDITORIAL Alguns leitores têm comentado que parte de nosso time de colaboradores é oriundo de outra publicação, a Cover Teclado - que transformou-se em Teclado & Áudio -, da qual fui editor por mais de 9 anos. É fato! Com a experiência adquirida durante esse período, e depois de alguns anos sem uma publicação séria voltada aos tecladistas, pudemos elaborar este projeto, levado a cabo com o intuito de disseminar informação qualificada e atual, de modo a contribuir para uma formação mais completa dos artistas das teclas. E se o mês de setembro é especial para o mercado da música - por causa da Expomusic, da qual trazemos nesta edição a cobertura completa dos principais lançamentos e produtos expostos -, em outubro comemora-se o Dia do Professor. Levando em conta todas as dificuldades que esses profissionais enfrentam em um País como o nosso e lembrando o início de minha carreira - comecei a lecionar música com 14 anos e me dediquei a isso por mais de 20 - fico emocionado ao ver que ainda há quem desenvolva a atividade com paixão e dedicação e que, na verdade, esses são a maioria. Transmitir Transmitir o conhecimento acumulado pelo estudo e pela experiência é um prazer, principalmente quando conseguimos verificar o quanto aqueles a quem ensinamos evoluem e quanto do que oferecemos é aprendido, muitas vezes pela simples observação. Melhor ainda é saber que, mesmo em outras áreas que não a pedagogia, conseguimos continuar ensinando, seja por meio desta publicação ou pelO esforço de fazer que nosso mercado cresça a fim de valorizar aqueles que tem o ensino como vocação. Nosso desejo é que esta publicação possa trazer mais subsídios àqueles que pretendem se dedicar ao ensino e àqueles que pretendem se dedicar a aprender. Parabéns a todos os professores. E a todos os alunos. Nilton Corazza
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teclas & afins
NESTA EDIÇÃO VOCE EM TECLAS E AFINS 4
O espaço exclusivo dos leitores INTERFACE 6
As notícias mais quentes do universo das teclas
Fantasia do mundo real por Alex Saba 48 TRILHA MUSICAL
Leitmotifs e temas Por Maurício Domene
Vitrine 12
51 cultura hammond
Novidades do mercado Especial Expomusic 2014
Drawbars e Percussivos Por José Osório de Souza
materia de capa 24
Hiromi Uehara O fenômeno musical da atualidade sintese 32
Registros pioneiros por Eloy Fritsch 36 mestres
Jean Michel Jarre O gênio dos megashows
teclas & afins
44 LIVRE PENSAR
54 Como estudar
Hanon - O Pianista Virtuoso por Nilton Corazza 58 harmonia e improvisacao
Turnaround: formas e aplicações por Turi Collura 62 arranjo comentado
Luiz Gonzaga e o Xote por Rosana Giosa
MAIO 2014 / 7
vOCE em teclas & afins
Vamos nos conectar? A revista é sensacional. (Daniel LM, pela nossa página no Facebook) Olá, galera. Sou tecladista, pianista, arranjador e compositor. Gostei muito do trabalho desenvolvido por esta revista! (Eduardo Taufic, por e-mail) Muito obrigado por publicarem a revista eletrônica. O material é excelente. (Luis Marcos
Pereira, por e-mail) Parabéns a Cristiano Ribeiro e Nilton Corazza, profissionais excelentes, competentes e respeitados. E vida longa a “Teclas & Afins”! Que continue trazendo informação e cultura para a classe. Sucesso! :) (Norberto França, pela nossa página no Facebook)
R.: É com grande satisfação que recebemos essas mensagens, que atestam que nosso esforço em levar informação e entretenimento a todos os instrumentistas de teclas está sendo reconhecido. Agradecemos humildemente e esperamos continuar atendendo às expectativas. Olá, amigos. Me interessou muito o conteúdo da revista e gostaria de tê-la de maneira impressa. Fui a algumas bancas e não consegui achá-la em minha cidade. A pergunta é: há como assiná-la e receber em casa os exemplares desde a primeira edição? Moro em Campo Grande (MS). Sou músico, atuando hoje no cenário sertanejo, mas minhas vertentes são samba, MPB e bossa nova. E, por isso, a vontade grande de poder levar a revista para a estrada até para usar como fonte de pesquisa para produções futuras. (Felipe de Castro, por e-mail)
R.: Caro Felipe, agradecemos muito por sua mensagem e seu interesse por nossa publicação. Nossa revista é produzida somente na versão digital, pelo menos por enquanto. Mas você pode baixá-la para um tablet ou em PDF, para impressão. E acessando nosso site (www.teclaseafins.com.br) você tem acesso às edições anteriores. Estamos analisando a possibilidade de, no próximo ano, produzir exemplares impressos. A matéria está excelente. Obrigado. (Antonio Adolfo, pela
nossa página no Facebook) Agradecido, adorei a reportagem. (Giovani Sagaz por e-mail)
R.: Foi um grande prazer poder publicar uma entrevista exclusiva com Antonio Adolfo e a matéria com o pianista Giovanni Sagaz. Quando a matéria-prima é de qualidade, nosso trabalho fica mais fácil. 4 / OUTUbro 2014
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vOCE em teclas & afins
Este espaço é seu! Teclas & Afins quer
divulgar trabalhos, iniciativas, músicos e bandas que apresentem qualidade e sejam diferenciados. Não importa o instrumento: piano, órgão, teclado, sintetizadores, acordeon, cravo e todos os outros têm espaço garantido em nossa revista. Mas tem que ser de teclas! Veja abaixo como participar: 1. Grave um vídeo de sua performance. A qualidade não importa. Pode ser até mesmo de celular, mas o som precisa estar audível. 2. Faça o upload desse vídeo para um canal no Youtube ou para um servidor de transferência de arquivos como Sendspace.com, WeTransfer.com ou WeSend.pt. 3. Envie o link, acompanhado de um release e uma foto para o endereço contato@teclaseafins.com.br 4. A cada edição, escolheremos um ou dois artistas para figurarem nas páginas de Teclas & Afins, com direito a entrevista e publicação de release e contato.
Não fique fora dessa! Mostre todo seu talento!
Teclas & Afins quer conhecer melhor você, saber sua opinião e manter comunicação constante, trocando experiências e informações. E suas mensagens podem ser publicadas aqui! Para isso, acesse, curta, compartilhe e siga nossas páginas nas redes sociais clicando nos ícones acima. Se preferir, envie críticas, comentários e sugestões para o e-mail contato@teclaseafins.com.br
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setembro 2014 / 5
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FORA DE FORMA? Quem estava ansioso pelo lançamento do novo álbum de Diana Krall, Wallflower , terá que esperar mais um pouco. A pianista e cantora anunciou que esteve lutando contra uma pneumonia e, por ordens médicas, deve descansar pelos próximos meses, a fim de recuperar as forças e a boa saúde. “Estou profundamente triste por ter que adiar o lançamento do meu novo álbum”, declarou Diana. “É frustrante estar tão perto e ter que fazer isso”. Assim como o álbum, a turnê de lançamento pelos Estados Unidos também foi postergada e deve ocorrer somente em 2015. “Apresentarme é um privilégio e uma alegria”, afirma a pianista. “Estou muito orgulhosa desse trabalho e, quando for para o palco, quero ser capaz de dar tudo de mim.”
6 / outubro 2014
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INDICAÇÃO DUPLA O pianista e arranjador Antonio Adolfo tem do que se orgulhar. Ao mesmo tempo em que o CD O Piano de Antonio Adolfo é indicado ao Grammy na categoria Melhor Álbum Instrumental, o álbum Rio, Choro, Jazz... concorre na categoria Melhor Álbum de Engenharia de Gravação. A cerimônia ocorre no dia 20 de novembro, em Las Vegas. Ao lado de Antonio Adolfo, mais brasileiros concorrem a prêmios: Caetano Veloso, Yamandu Costa, Hamilton de Holanda e Moreno Veloso, este como produtor.
À MODA ANTIGA Jamie Cullum, o músico de jazz que mais discos vendeu no Reino Unido, lança em 6 de outubro seu mais recente trabalho, Interlude. “Quando acabei de gravar meu disco anterior, Momentum, voltei ao ponto de imediatamente começar a gravar algo novo”, diz o pianista. O álbum foi gravado em apenas três dias e à maneira antiga, com todos os músicos juntos na mesma sala. “Gravamos em analógico e, no meio disso, decidi gravar dois duetos com pessoas que descobri no meu programa de rádio: Laura Mvula e Gregory Porter”, afirma Cullum. Com produção de Bem Lamdin, o disco traz 12 faixas em sua versão Standard. Na versão Deluxe, o CD é acompanhado de um DVD com 17 músicas gravadas ao vivo no Festival de Jazz de Viena, na Áustria.
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outubro 2014 / 7
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ÁLBUM TRIBUTO O tecladista do Pink Floyd, Rick Wright, é o homenageado do novo disco da banda, The Endless River , primeiro depois de 20 anos. De acordo com o comunicado oficial, trata-se de um “álbum instrumental de quatro partes” cujo projeto começou com o guitarrista David Gilmour e o baterista Nick Mason remexendo em músicas que gravaram durante as sessões de The Division 8 / outubro 2014
Bell, de 1994, com o tecladista, que morreu em 2008. “The Endless River é um tributo a Rick”,
diz Mason. “É uma boa maneira de reconhecer como o jeito que ele tocava era o coração do som do Pink Floyd. Ouvir aquelas sessões me deu a sensação real do quão especial ele era como músico”, conclui. The Endless River será lançado no próximo dia 10 de novembro e já está disponível para pré-venda. teclas & afins
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Conheça as publicações da SOM & ARTE
QUEBRA�CABEÇAS
E D I T O R A
INICIAÇÃO AO PIANO POPULAR Volumes 1 e 2 L A NÇ A Inéditos na ME NT O área do piano popular, são livros dirigidos a adultos ou crianças que queiram iniciar seus estudos de piano de forma agradável e consistente.
As partituras originais da “Sonata para piano Nº 11”, uma das mais conhecidas do compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart - sobretudo por seu último movimento, “Alla Turca” (Marcha Turca) - foram descobertas por musicólogos húngaros, depois de consideradas perdidas por mais de dois séculos. As quatro páginas manuscritas encontradas agora completam o material conhecido, conservado no Mozarteum de Salzburgo. “As versões impressas não são precisas e com este achado é possível que a obra seja interpretada conforme foi imaginada por Mozart”, relatou Balázs Mikusi, diretor da Coleção de Obras Musicais da Biblioteca Nacional da Hungria. Segundo especialistas, as versões conhecidas da partitura não são confiáveis, pois contêm erros relacionados tanto à divisão quanto às notas musicais. As páginas descobertas agora contêm fragmentos dos dois primeiros movimentos da sonata composta por volta de 1783. O fato de as partituras originais terem sido encontradas em Budapeste permanece um mistério, pois Mozart jamais esteve na Hungria.
MÉTODO DE ARRANJO PARA PIANO POPULAR Volumes 1, 2 e 3 Ensinam o aluno a criar seus próprios arranjos.
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Trazem 14 arranjos prontos em cada volume para desenvolvimento da leitura das duas claves (Sol e Fá) e análise dos arranjos.
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RECORDE ITINERANTE
O pianista e compositor italiano Fabio Tedde assumiu uma missão pessoal de tocar em todos os pianos de rua do planeta. Residente em Londres, iniciou a empreitada nos instrumentos instalados naquela cidade como parte do movimento Play Me I’m Yours (“Toque-me Que Sou Teu)” que percorreu o mundo. Depois disso já viajou para Los Angeles, onde tocou em 24 instrumentos, Suíça (46) e Holanda, (77 de 101 pianos instalados), entre outros países, marcando seu nome no Guinness Book of Records. Suas performances bem-sucedidas no metrô de Londres permitiram que ele produzisse e lançasse dois álbuns de composições próprias: Dream With Me e A Place For Everyone. Conheça toda a história do músico em www.fabiotedde.com
NOVA ESCOLA Com a presença dos proprietários e de representantes das empresas Pianofatura Paulista e Tokai, maiores fabricantes nacionais de instrumentos musicais de teclas, foi inaugurada em 13 de setembro a nova loja e escola Intermezzo, localizada em São Bernardo do Campo. Com o intuito de oferecer à região uma opção de qualidade para o ensino musical, o estabelecimento conta com seis salas de aulas climatizadas e isoladas acusticamente, além de espaço para ensaios. A bem provida loja oferece, em um espaço especialmente planejado, a possibilidade de o músico experimentar o instrumento que está adquirindo. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 4121-2729 ou pelo site www.intermezzo.com.br . 10 / outubro 2014
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O Privia PX Pro-5S é ideal tanto para o palco quanto para estúdios. Com timbres Morphing AiR, sintetizador, teclado de quatro zonas, arpejador e Phrase Sequencer, o PX-5S reúne piano digital de sonoridade incomparável, poderoso teclado controlador e sintetizador em um só equipamento.
www.casio.com.br
o ã ç a c i n u m o C e t o N e u l B @
VITRINE
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EXPOMUSIC 2014 Em uma ano dominado pela apreensão, em que a Copa do Mundo atraiu todas as atenções e as eleições podem trazer novos rumos à economia, a maior feira de áudio, iluminação e instrumentos musicais da América Latina apresentou os produtos e lançamentos de um mercado que, cada vez mais, se profissionaliza e se fortalece. Nesta matéria especial, trazemos uma cobertura dos principais estandes e marcas presentes ao evento, e dos novos equipamentos à disposição dos consumidores
12 / OUTUbro 2014
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TOKAI www.tokai.com.br Além do TP88 Space Piano - modelo especialmente produzido (página anterior) -, a Tokai apresentou novos modelos de órgãos eletrônicos, como o D-3 e o MD-550, e pianos digitais, como o TP-88s. O destaque, no entanto, ficou por conta do novo órgão derivado do T1, com pedaleira completa, layout diferenciado e controles redesenhados, além de caixa com falantes estéreo, amplificada com potência interna do órgão, que simula o rotary speakers, emulador digital da Leslie. A fabricante nacional ainda apresentou toda sua linha de órgãos e pianos digitais. teclas & afins
OUTUbro 2014 / 13
VITRINE
CASIO www.casio.com.br O estande da Casio trouxe mu itas curiosidades, como uma linha do tempo com os modelos da marca e o sintetizador CZ-1 do músico Luiz Schiavon, que também assinou algumas unidades XW-P1. A marca apresentou modelos das linhas de pianos digitais Privia e Celviano e de sintetizadores, além de equipamentos para DJs e fones de ouvido. O destaque do estande foi o piano digital PX-A800, com acabamento que simula madeira de demolição.
14 / OUTUbro 2014
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PRIDE MUSIC www.pridemusic.com.br Dentre os destaques apresentados pela Pride Music durante a Expomusic 2014, estão os mais recentes lançamentos da linha de teclados arranjadores: o Pa3X LE e o Pa300. Além disso, os visitantes puderam conhecer o novíssimo modelo de piano digital LP-180, os controladores Midi & USB Taktile e Taktile TRITON, e o novo modelo da série de Workstation KROSS, na versão de 88 teclas na cor preta, o KROSS-88 BK.
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OUTUbro 2014 / 15
VITRINE
METASONICA www.metasonica.com.br O estande da Metasonica foi um dos mais concorridos da feira, pela oportunidade oferecida aos tecladistas de tocarem em modelos da Moog, além de experimentarem o Theremini, recriação do clássico Theremin. Entre os modelos expostos estavam o SubPhatty, o Voyager e o Sub37.
MICHAEL www.michael.com.br A marca apresentou sua linha completa de acordeons e pianos digitais, além do controlador KCM300. O destaque fica por conta do piano digital KDM700.
16 / OUTUbro 2014
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IN MUSIC BRANDS www.inmusicbrands.com.br Apresentando soluções para produção musical, além de produtos para DJ da Denon DJ e da Numark, a InMusic teve como destaques os controladores das linhas Oxygen e Keystation, da M-Audio, V e VI 25, 49 e 61, da Alesis, e APC 40 MKII e APC 40 MINI, da Akai, estes dedicados ao software Ableton Live. Interfaces de áudio compactas, da Alesis, e as mais robustas, da M-Audio, completavam as novidades para os tecladistas.
MUSIC COMPANY www.musiccompany.com.br Modelos diferenciados de marcas menos comuns no mercado nacional, mas de grande qualidade, foram apresentadas pela Music Company, como o player de plug-ins V-Machine, da SM Pro Audio, o módulo simulador de Hammond B4000+, da Ferrofish, e o sintetizador Blofeld, da Waldorf.
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OUTUbro 2014 / 17
VITRINE
PROSHOWS www.proshows.com.br A ProShows levou à Expomusic a linha dos equipamentos Kurzweil, marca recém-adicionada ao portfólio da empresa. Os destaques ficaram por conta do piano de palco Artis e do sintetizador PC3K6, além da linha de pianos digitais de móvel.
18 / OUTUbro 2014
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ASK www.ask.ind.br A ASK levou ao estande na Expomusic seus modelos de suportes e pedestais, como o tradicional PMD3, que conta com braços especiais opcionais para notebooks, e o SI99, que oferece adaptador que permite angular o teclado de modo a exibir as teclas para o público. O modelo customizado que permite a rotação do teclado também foi destaque.
HABRO MUSIC www.habro.com.br Os destaques da Habro foram os sintetizadores Ultranova, Mininova e Bass Station II, além dos controladores LaunchKey 25 e 49, 25SL MKII e 61SL MKII, todos na Novation. Interfaces de áudio e controladores de DAW dividiam espaço com modelos da Focusrite. A empresa ainda expôs os modelos Fênix de acordeons e teclados arranjadores.
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OUTUbro 2014 / 19
VITRINE
ROLAND www.roland.com .br Duas das novidades apresentadas pela Roland em seu estande foram os pianos digitais verticais LX-15E e F-130R. Os destaques, no entanto, foram o sintetizador XPS-10, as workstations FA-06 e FA-08 e os modelos da linha Aira.
20 / OUTUbro 2014
teclas & afins
VITRINE
EQUIPO www.equipo.com.br A Equipo expôs na Expomusic 2014 linhas de controladores e teclados arranjadores. Chamaram muito a atenção os modelos Graphite de 25 e 49 teclas, da Samson, além dos Carbon 25 Mini e 61, Krypton 25 e 49 e Nitrogen 16, da Waldman, todos controladores para uso com DAWs ou aplicações ao vivo. Entre os arranjadores, o destaque foi o A800, da Medeli.
YAMAHA www.yamaha.com.br A Yamaha optou por levar instrumentos musicais para os eventos PlayNow que ocorreram simultaneamente à feira em quatro shopping centers de São Paulo, apresentando em seu estande a série comemorativa MOTIF XF na cor branca. teclas & afins
OUTUbro 2014 / 21
VITRINE
Oito Marjorie Estiano Tratore
Oito, terceiro álbum da cantora e atriz Marjorie Estiano, chega às lojas com produção assinada por André Aquino e 11 faixas, sendo 8 autorais. Além disso, o trabalho traz uma versão para o sucesso de Carmem Miranda, “Tahí”, de Joubert De Carvalho, e duas participações especiais: Gilberto Gil divide os vocais em “Luz do Sol” e Martinália canta em “A Não Ser o Perdão”. Segundo o produtor, o conceito é de “uma banda formada numa época em que não havia tanta tecnologia nem tantos recursos de edição em estúdio, quando as impressões ficavam mais vivas”. A sonoridade do álbum, com isso, flerta com o vintage, onde timbres de Hammond e Wurlitzer, com intervenções precisas a cargo de Rodrigo Tavares – que assina a coprodução de “Me Leva” – preparam o ouvinte para uma rica experiência auditiva. (Nilton Corazza)
Dois Sambulus Toca da Ninoca
A dupla formada pela pianista de formação clássica e cantora Luana Mariano e pelo guitarrista Caesar Barbosa traz em seu segundo CD um repertório eclético. Apresentando fortes influências do rock nacional mescladas com música clássica, afoxé, jazz e reggae, Dois oferece 9 faixas autorais, além da faixa bônus “Mamãe Coragem”, de Cetano Veloso e Torquato Neto. A voz profunda e aveludada de Luana possui aquele timbre característico que tanto pode se tornar doce, como em “Só Chove”, quanto ácido e rasgante como em “Levanta”. O instrumental é criativo, mas é colocado em segundo plano pela dupla, que prefere não se arriscar em passagens mais técnicas. Difícil de rotular, o estilo de Sambulus trafega entre a MPB e o rock, voltado ao mercado internacional, com pitadas de Rita Lee, Ana Carolina, Vanessa da Mata e, quem diria, Maria Gadu. Recomendado! (NC)
22 / OUTUbro 2014
teclas & afins
VITRINE
Duas ou Três Coisas que Você Não Sabe João Carlos Rodrigues Imprensa Livre
Considerado um dos precursores da bossa nova, Johhny Alf começou a estudar piano clássico na infância, e logo se interessou pelas canções dos americanos George Gershwin e Cole Porter. Tocando em Copacabana, ficou conhecido por Dolores Duran, João Gilberto e João Donato, e suas temporadas no Beco das Garrafas e na boate Plaza reuniam à época toda a primeira geração da bossa nova. Sua música “Rapaz de Bem” é considerada a mais bossa nova das músicas antes da bossa nova. Essas e outras histórias estão na biografia Duas ou Três Coisas que Você Não Sabe, de João Carlos Rodrigues, que reúne trechos de entrevistas dadas por Alf em diversas mídias, agrupadas por temas, em ordem cronológica, completadas por depoimentos de terceiros e observações do autor, que faleceu antes do término da obra. O livro pode ser encontrado em livrarias ou a edição digital pode ser baixada aqui. (NC)
teclas & afins
OUTUbro 2014 / 23
materia de capa
Hiromi Uehara: renovação jazzística
24 / outubro 2014
teclas & afins
alexandre porto
Explosão de técnica e emoção Detentora de uma técnica descomunal somada a incríveis variações rítmicas que conferem a ela um estilo único e a colocam ao lado dos maiores pianistas da atualidade, Hiromi Uehara também é conhecida pela energia incansável que desprende ao tocar teclas & afins
outuBRO 2014 / 25
materia de capa
Nascida em Hamamatsu, no Japão, em 26 de março de 1979, Hiromi, como gosta de ser chamada, é pianista e compositora, reconhecida pela virtuosidade, pelas performances enérgicas e pela mistura bem dosada de elementos de vários estilos est ilos e gêneros - desde o post-bop à música clássica, passando pelo rock progressivo e o fusion - em suas composições. Iniciou seus estudos de piano clássico com a idade de 5 anos e ingressou na Yamaha School of Music no ano seguinte. Sua professora, Noriko Hikida, mostrou-se não apenas uma excelente tutora em música erudita, mas também uma grande entusiasta do jazz. Em uma das aulas, colocou uma gravação de Erroll Garner para a jovem aluna e, desde então, duas paixões invadiram o coração da jovem: o jazz e a improvisação. “Assim que ouvi jazz, fiquei extasiada! Comecei
a ouvir e imitar, tentando aprender toda aquela nova experiência, mas sempre com muito amor e respeito pela música clássica”, clássica”, conta a pianista. Aos 8 anos, a estudante era capaz de improvisar sobre obras de Mozart, Haydn e outras peças que estudava, ao mesmo tempo em que ouvia, ávida, as gravações de jazz que a mestre Hikida trazia para as aulas. Além dos clássicos do gênero, artistas japoneses como Yosuke Yosuke Yamashita, Toshiko Akiyoshi e Sadao Watanabe faziam parte da coleção. Continuando seus estudos eruditos e demonstrando incrível facilidade e domínio técnico e artístico, foi convidada a apresentar-se, com apenas 14 anos, com a Orquestra Filarmônica da Tchecoslováquia. A virada aconteceu aos 17 anos, quando Hiromi teve a oportunidade de conhecer
Marca registrada: performances carregadas de emoção 26 / outubro 2014
teclas & afins
materia de capa
Hiromi Uehara, Anthony Jackson e Simon Phillips: trilogia no formato clássico piano-baixo-bateria
Chick Corea no prédio da Yamaha, em Tóquio, e foi convidada a se apresentar com ele no dia seguinte. Seu destino como jazzista foi traçado ali. Apesar disso, permaneceu no Japão por algum tempo, compondo jingles para companhias japonesas. Mas a vontade de aprender mais sobre seu gênero predileto falou mais alto e, com o intuito de beber diretamente da fonte, mudou-se com 20 anos para os Estados Unidos, indo estudar na Berklee College of Music, onde encontrou outro padrinho e mentor: Ahmad Jamal. O veterano pianista ficou tão impressionado com a jovem que a apresentou à direção da gravadora Telarc e coproduziu seu álbum de estreia, Another Mind, em 2003. Desde então, sua carreira decolou. Desde participações em diversos festivais de jazz a gravações com Chick Corea e turnês com Oscar Peterson e Michel Camilo, Hiromi atravessa o mundo apresentando sua técnica impecável e sua musicalidade ímpar. “Amo tocar ao vivo. E consigo realmente sentir a energia positiva do público. Sair em turnê é como tentar encontrar amigos que gostam do mesmo tipo de música”, afirma a pianista. Assistir a suas performances é uma experiência única, pois consegue contagiar ouvintes não só aficionados do jazz fusion, mas de todo tipo de música. teclas & afins
Ultimamente, o formato preferido é o trio, formado por dois grandes nomes: Anthony Jackson, no baixo, e Simon Phillips, na bateria. Encontramos Hiromi, 35 anos, em sua breve passagem por São Paulo, em agosto. Simpática e demonstrando grande humildade, a pianista nos recebeu pouco antes de sua incrível apresentação no SESC Acompanhador, arranjador, sideman, maestro: Pompeia, em um domingo. trajetória de sucesso com Zizi Possi
Há uma geração de músicos, na qual você se encaixa, que combina grande técnica com incrível criatividade. Não que isto não tenha acontecido no passado, mas após um período de escassez surgem músicos, como você, que estão conseguindo criar algo realmente novo e interessante. Qual foi seu caminho para chegar a esse ponto? Cresci ouvindo diferentes tipos de música. E isso era simplesmente natural para mim. Realmente não me forcei a fazer algo “fora do comum”, diferente. Isso simplesmente veio, naturalmente. Essa nova sonoridade tem a ver com a mudança de acentuação rítmica, saindo do tradicional “straight ahead jazz”, mesmo tocando em 4/4? Obviamente cresci ouvindo “straight ahead jazz”! Mas também ouvindo Chick (Corea) e Herbie (Hancock). E eles tem feito muitas outuBRO 2014 / 27
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“Não quero colocar um nome em minha música. Outras pessoas podem nomear o que faço. Mas é apenas a união do que tenho escutado e aprendido. Tem elementos de música clássica, um pouco de rock, um pouco de jazz, mas não quero dar-lhe um nome.”
28 / outubro 2014
teclas & afins
materia de capa
coisas novas em música. E não ouvia só jazz, mas Frank Zappa, tudo de clássico, Stravinsky, Rachmaninoff... São tantos grandes compositores, todos alimento para minha música. Sempre gostei de conhecer as históriase aprender quem eles ouviam. Chick Corea, por exemplo, me leva a Bill Evans e Bud Powell. Quero chegar na raiz de cada um que ouço. Eles levam a Oscar Peterson e Errol Garner, e assim por diante. O mesmo acontece com Frank Zappa, que era influenciado por Stravinsky. Todos têm uma influência, uma “raiz”. É sempre interessante ouvir aqueles que seus “heróis” ouviam e em quem se inspiravam. Então, o que nos tornamos é algo totalmente novo somado a tudo isso que buscamos, pesquisando entre nossos principais ídolos e o que eles ouviam. Antes de ir para a Berklee, você já tinha este contato com o jazz. O que costumava estudar e ouvir? Comecei a ouvir Errol Garner e Oscar Peterson com 8 anos de idade. Minha professora era uma grande admiradora de jazz. No colégio, por causa dos amigos, tive contato com o pop e o pop rock. Foi
NA REDE
quando comecei a assimilar essa “mistura”. Na verdade, tudo era “alimento” para mim e para minha música. Suas músicas possuem uma forma que, se você quiser, pode interpretá-las solo. Fale sobre o seu trabalho em trio, especialmente com o grande baixista Antony Jackson e o baterista Simon Philips, conhecido também no cenário pop rock. Toco solos também! Minha música realmente não precisa necessariamente ser executada em trio. Mas meu momento atual está mais focado nesse formato. São diferentes formações que me possibilitam tocar com meus ídolos também. Quer saber? O que quero fazer da minha vida é continuar encontrando novos “alimentos” para minha música, porque quero crescer e tenho sempre essa “fome”. Quero tocar com músicos que me deem novas ideias, que me inspirem, músicos que façam meu corpo inteiro querer aprender (rs). Existem tantas coisas novas, ideias, e estes músicos me fazem ver um novo horizonte, que eu não tinha visto antes. É por isso que eu quero continuar aprendendo. É o que acontece quando você se encontra em duos
Chick Corea e Hiromi: biblioteca musical teclas & afins
outuBRO 2014 / 29
materia de capa
Hiromi: suavidade e explosão
com Chick Corea e, mais recentemente, com Michel Camilo... Isso! É “alimento” novo para mim. Gravar com Chick Corea, por exemplo, é como andar por uma grande biblioteca. Seu vocabulário musical é enorme. Tocar com ele é como abrir centenas de gavetas e em cada uma descobrir e tentar coisas novas. E ver onde vão com o que tenho. Como é o processo de preparação para os encontros em duo? São standards, mas são dois pianos improvisando. E vocês não tem muito tempo para ensaiar. Como isso funciona? 30 / outubro 2014
Ensaiamos um pouco! Mas se torna uma coisa mais orgânica. Quando músicos se encontram, você sabe se vai dar certo ou não. E quando você sabe que vai dar certo, quanto mais você toca, mais química surge e mais improvisado fica (rs). Eu e Camilo acabamos de fazer um show na Itália e o público não acreditava que era a primeira vez que tocávamos juntos. Camilo tem uma rítmica que não tenho. Ele é um especialista em ritmos latinos e eu nunca tinha sido apresentada a eles antes. Quando estava tocando com ele, eu tinha “fome” de aprender essa linguagem. Ficava ouvindo e tentando aprender o máximo que eu podia. Nesse ponto, a música se assemelha a uma conversa com uma pessoa mais sábia, que sempre tem al go que lhe faz aprender. Gosto muito de conversar com novas pessoas tentando aprender. O mesmo acontece na música. O que gosta na música brasileira? Não tenho certeza se já conheço muito bem a música brasileira. Conheço muitos músicos brasileiros em Nova York, e ouço muita música brasileira. Adoro o ritmo e a melodia. A música brasileira tem excelentes harmonias também. De certa forma, gosto do sentimento de nostalgia que ela transmite. As progressões harmônicas sempre me fazem “viajar”. E eu gosto disso de verdade. teclas & afins
teclas & afins
outuBRO 2014 / 31
SINTESE
POR ELOY FRITSCH
Registros fonográficos pioneiros Fenômeno mundial nos anos 1970, a utilização de sintetizadores na criação musical no Brasil começou a ser explorada principalmente por organistas, compositores de vanguarda, maestros e tecladistas, que se aventuraram em gravações hoje históricas No final dos anos 1960, foram lançados álbuns de sintetizadores, como The in Sound from Way Out , da dupla Jean Jacques Perrey e Gershon Kingsley, e Switched-On Bach, com obras de J. S. Bach nas versões de Walter Carlos para sintetizador Moog. O timbre sintetizado invadiu o mundo da música naquela década, anunciando uma sonoridade futurista e cheia de novos timbres que começavam a ser ouvidos em larga escala. A popularidade de Switched-On Bach e outras gravações pioneiras de música realizada com sintetizadores despertou a atenção da indústria fonográfica da época, que se interessou em lançar mais álbuns de versões de peças consagradas executadas com os sons dos sintetizadores Moog. A partir de 1969, foram gravados vários LPs. O Moog Modular podia ser ouvido em concertos do Gershon Kingsley’s First Moog Quartet, que utilizava quatro deles ao vivo. Também era possível ouvir o Moog em shows de rock progressivo do trio Emerson, Lake and Palmer. O grande sucesso do sintetizador fez que a demanda desses instrumentos aumentasse consideravelmente. Foi assim que o Minimoog tornou-se o sintetizador monofônico mais popular dos anos 1970, tendo vendido aproximadamente 13 mil unidades entre os anos de 1971 e 1982. O Minimoog foi o primeiro sintetizador portátil 32 / outubro 2014
Jorge Antunes: pioneiro da música eletrônica no Brasil
de sucesso, disponibilizando uma espécie de minilaboratório de música eletrônica para ser levado ao palco. Além disso, serviu como base para o desenvolvimento dos teclados posteriores. A utilização do sintetizador na criação musical foi crescendo a ponto de se tornar um fenômeno mundial nos anos 1970. No Brasil a novidade começou a ser explorada principalmentepor organistas,compositores de vanguarda, maestros e tecladistas. Apesar do alto custo para importação, das limitações de polifonia e afinação, e do preconceito por parte dos músicos que não entendiam as potencialidades do novo instrumento, os sintetizadores foram amplamente utilizados em certas produções. teclas & afins
sintese
Banda Elétrica Banda Elétrica (1973) Este foi um dos primeiros álbuns a utilizar sintetizadores no Brasil. Foi lançado em 1973 pelo selo Continental. Os músicos utilizaram o sintetizador inglês SYNTH-A da EMS conectado a um teclado DK-I. Foram gravadas versões de músicas populares, como “Aquarela do Brasil”, “Tico Tico no Fubá”, de Zequinha de Abreu, e “Penny Lane”, dos Beatles.
Tudo Foi Feito Pelo Sol Mutantes (1974) Apesar do grupo Mutantes pontualmente utilizar sintetizadores em álbuns anteriores, é a partir deste sexto disco, com o tecladista Túlio Mourão, que os equipamentos aparecem de forma mais intensa. Mesmo sem a presença dos membros originais Arnaldo Baptista e Rita Lee, este trabalho é considerado uma das obras-primas do rock progressivo brasileiro, em que o guitarrista da formação original, Sérgio Dias, assina as composições, toca guitarra, cítara e canta. Além de Sérgio Dias e Túlio Mourão, estão na formação desse álbum Pedro de Medeiros, no baixo e backing vocals, e Rui Motta, na bateria, percussão e backing vocals.
Brasilian Explosion Meireles e sua Orquestra (1974) Este disco, lançado pela EMI em 1974, tem regência e orquestração realizadas pelo próprio Meireles. A direção musical é do maestro Gaya e apenas algumas faixas, como “Also Sprach Zarathustra” são executadas com o sintetizador Moog.
Mutantes (Sérgio Dias, Túlio Mourão, Pedro de Medeiros e Rui Motta) e Renato Pimentel Mendes teclas & afins
outubro 2014 / 33
SINTESE
Electronicus Renato Mendes (1974) O organista Renato Mendes estudou síntese sonora com o Dr. Robert Moog e o Dr. Gerry Lane, nos Estados Unidos, aprendendo os recursos de transformação do som através do Minimoog. Este álbum foi gravado em oito canais, utilizando mais de 200 horas de gravação em estúdio. Todos os sons são produzidos pelo Minimoog, exceto os de bateria, executada por Norival Ricardo D’angelo. Para este álbum, foram escolhidas composições conhecidas do público como “Balanço Zona Sul”, “A Noite do Meu Bem” e “A Banda”.
Snegs Som Nosso de Cada Dia (1974) Uma pérola do rock progressivo brasileiro é o LP Snegs, do grupo paulista Som Nosso de Cada Dia, que também utilizou sintetizador nas gravações. Na formação estão o multi-instrumentista Manito mais conhecido como saxofonista da banda “Os Incríveis”, da jovem guarda -, Pedro Baldanza, no baixo e responsável pelas composições, e Pedrinho Batera.
Música Eletrônica Jorge Antunes (1975) O LP do precursor da música eletrônica no Brasil, o maestro Jorge Antunes, foi lançado em 1975 com as composições“Valsa Sideral” (1962), a primeira peça musical eletrônica realizada no Brasil; “Contrapunctus Contra Contrapunctus” (1965), do início da carreira do compositor – e “Cinta Cita” (1969), “Auto-retrato Sobre Paisaje Porteño” (1969) e “História de um Pueblo” (1970), do período em que o músico esteve compondo no Instituto Torcuato Di Tella de Buenos Aires. Este é o primeiro vinil de música eletrônica composta no Brasil.
Mutantes Ao Vivo Mutantes (1976) Neste álbum, o tecladista Luciano Alves utiliza intensivamente os sintetizadores em solos e passagens instrumentais em conjunto com outros teclados. Este é o primeiro álbum ao vivo do grupo Mutantes, e foi gravado no Rio de Janeiro. Na formação estão Sérgio Dias, nas guitarras e vocais, Luciano Alves, nos teclados e vocais, Paul de Castro, no baixo, violino e backing vocals, e Rui Motta, na bateria, percussão e backing vocals. Eloy F. Fritsch Tecladista do grupo de rock progressivo Apocalypse, compositor e professor de música do Instituto de Ar tes da UFRGS onde coordena o Centro de Música Eletrônica. Lançou 10 álbuns de música instrumental tocando sintetizadores, realizou trilhas sonoras para cinema, teatro e televisão. 34 / outubro 2014
teclas & afins
Você no controle. Os novos controladores taktile apresentam recursos funcionais que os tornam fáceis de usar.
• Presets com funcionalidades básicas para DAWs: Simplesmente conecte e comece a tocar. • Touch pad X/Y para criar frases instantaneamente com qualquer plugin. Pode ser usado como track pad. taktile-25
• Pads iluminados e sensíveis para inserção de acordes ou notas isoladas. • Teclado semi-pesado com uma ótima pegada. • Design estiloso e ergonômico. • Uma grande coleção de softwares incluída.
taktile-49
TRITON taktile 25/49
TRITON taktile-25 TRITON taktile-49
TECLADO CONTROLADOR/SINTETIZADOR MIDI USB
Um controlador com os sons do lendário TRITON Workstation O novo TRITON taktile adiciona 512 sons do TRITON, o teclado workstation líder de vendas da KORG, aclamado por músicos profissionais ao redor do mundo.
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mestres
O gênio dos megashows
Pioneiro no uso e no desenvolvimento de novas tecnologias para a produção musical e o show business, Jean Michel Jarre escreveu seu nome na história como o mais audacioso tecladista de todos os tempos 36 / OUTUbro 2014
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cristiano ribeiro
Jean Michel Jarre: superproduções no currículo, como o concerto em Santiago de Compostela
a r i e r r e F e n i t s i r h C s n o i t c u d o r P o r e A ©
teclas & afins
OUTUbro 2014 / 37
mestres
A primeira vez que vi Jean Michel Jarre foi na TV. E foi impactante: um teclado de teclas enormes que acendiam ao toque, um show gigante cheio de pirotecnias, iluminação laser (grande novidade para a época), teclados para todos os lados, harpa laser, banda, orquestra e coral. E um tecladista no meio de tudo isso, comandando aquele megashow. Foi de tirar o fôlego. Eu, mero estudante de piano na época, estava começando a me interessar por teclados e fiquei realmente impressionado. Meu primeiro pensamento: ‘Quer dizer que posso fazer tudo isso com teclados? Então é isso que vou fazer!’ Naquele momento, minha cabeça pré-adolescente se encheu de sonhos e ganhei forças para entrar nessa onda. Foi assim que o francês Jean Michel Jarre conquistou uma geração de novos tecladistas, além dos tradicionais fãs. Graças a ele, muitos começaram a prestar atenção às possibilidades que os teclados oferecem. Ele não é nenhum supertecladista que toca temas mirabolantes cheios de solos difíceis
e harmonias dissonantes. Nada disso! Seu foco sempre foi o de criar climas. Sua música soa propositalmente repetitiva, com poucos acordes e temas simples (embora geniais). Ele surgiu apresentando uma sonoridade nova, cheia de efeitos e texturas criadas a partir de sintetizadores, propositalmente eletrônico, no final dos anos 70 e começo dos 80. Era uma visão do futuro da música. E ainda hoje soa como tal. Jarre foi um grande popularizador da musica eletrônica. Pesquisou e explorou o mundo dos sintetizadores como poucos e revelou um universo de timbres. Seu acervo de sintetizadores é considerado uma das maiores coleções existentes. Alguns tacharam sua música como New Age, mas ele nunca recebeu bem esse título. Apesar de existirem vários artistas na música eletrônica, Jarre, sem dúvida, é um dos maiores ícones do estilo, pois alcançou projeção como poucos. Muitos o criticam, afirmando que seu trabalho é simplório. Questionam até o real funcionamento da harpa laser,
A City In Concert : mais de um milhão de pessoas assistiram ao show em Houston 38 / OUTUbro 2014
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mestres
Harpa laser: instrumento verdadeiro ou artifício tecnológico?
pois dizem não seguir uma escala lógica ao toque, sendo cogitado que ele estaria dublando ou tocando sequências de notas pré-programadas, independentemente de qual feixe de laser acionado. Mas ninguém pode negar o tamanho de seu sucesso e o quanto ele influenciou músicos por todo o mundo. E quanto mais esses detalhes são discutidos, maior a aura de mistério que o ronda, assim como seu sucesso.
NA REDE
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A City in Concert O show Rendez-Vous - A City in Concert , em
Houston, Texas, foi um marco na carreira do músico. Como o próprio nome diz, foi uma cidade em concerto. Por um longo período figurou no Guinness Book of Records como o maior show ao ar livre, com público de mais de um milhão de expectadores. Na ocasião, Jarre foi convidado para tocar nas comemorações dos aniversários de 150 anos da cidade de Houston e 25 anos de fundação da Nasa. Durante o planejamento do concerto, o músico conheceu Ron Macnair, um dos astronautas, que também era saxofonista. Juntos, tiveram a ideia de registrar, em áudio e vídeo, uma performance de Macnair tocando durante o que seria seu próximo vôo no ônibus espacial OUTUbro 2014 / 39
mestres
Variedade: o incrível setup utilizado na regravação de Oxygene
Challenger, a ser realizado em data próxima à do show. O registro seria reproduzido em um telão gigante, acompanhado por Jarre e sua banda. Antes da decolagem, Macnair telefonou para Jarre, fez os últimos acertos sobre a gravação e pediu para que ele assistisse à partida da nave. No mesmo dia, o mundo ficou estarrecido ao ver a Challenger explodir em pleno ar durante a decolagem. Foi um grande choque para Jarre, que a essa altura já tinha uma boa amizade com o músico astronauta. Abalado, o francês decidiu cancelar o show. Mas o pessoal da Nasa pediu que voltasse atrás em sua decisão e, com o concerto, homenageasse os astronautas mortos no acidente. Jarre aceitou e, por conta da grande comoção, esse se tornou um de seus maiores espetáculos. Vários obstáculos foram enfrentados: a cidade era castigada por fortes tempestades 40 / OUTUbro 2014
e ventos que chegaram a destruir parte do equipamento montado no palco e houve tentativas de boicote do FBI que reclamou de problemas em monitorar a visita do então Coronel Muammar al-Gaddafi à cidade por causa da superprodução do show, entre muitos outros. Mas A City in Concert não era seu primeiro grande espetáculo e desafio. Em 1979, Jarre já detinha o recorde de maior público por conta de um show realizado na Praça da Concórdia, em Paris, ao qual se seguiram outros três, que também quebraram recordes e serviram de base para o grande concerto em Houston. Carreira
Nascido em 24 de agosto de 1948, filho do grande compositor Maurice Jarre, Jean Michel foi criado por sua mãe, France Pejot, uma militante da Resistência Francesa. Seu teclas & afins
mestres
pai separou-se da família em 1953 e foi viver nos Estados Unidos. Jean começou seus estudos de piano aos 5 anos de idade e, ainda pequeno, mudou-se para a capital francesa e foi matriculado no Conservatório de Paris, mesmo lugar onde seu pai estudou. Em 1964, montou sua própria banda, o Mystère IV e três anos mais tarde, já na formação do The Dustbins, ganhou o primeiro lugar em um festival de musica em Paris e gravou um single. Em maio de 1968, esteve presente nas passeatas do movimento estudantil e chegou a ser preso pela polícia com um grupo de estudantes. Abandonou o Conservatório de Paris e encontrou o homem que iria mudar sua visão sobre música e tecnologia: Pierre Schaeffer, o “pai da música concreta” e mestre em técnicas eletroacústicas musicais do Groupe de Recherches Music ales (Grupo de Pesquisa Musical), coletivo de compositores criado em 1958 que teve entre seus componentes Luc Ferrari, François-Bernard Mâche, Iannis Xenakis e Bernard Parmegiani, entre outros. Em 1971, Jarre abandona o GRM e passa a trabalhar em outros projetos. Cria música eletrônica para o grupo Triangle e escreve trilhas para o Balé AOR, tonando-se um dos primeiros músicos a introduzir música eletrônica em um Balé na Ópera de Paris e o mais jovem a tocar ali. No ano seguinte, inicia carreira independente, produzindo artistas, criando Jingles comerciais e lançando singles, e acaba conhecendo Francis Dreyfus, com quem compõe e grava várias trilhas como Deserted Palace e Les Granges Brulées . O primeiro álbum de Jarre, Oxygene, lançado em 1976, é totalmente instrumental com o uso de sintetizadores, e foi gravado em seu home studio. Rapidamente alcançou o sucesso na França e, em pouco tempo, por todo omundo. Recebeu vários prêmios como o Grand Prix Du Disques , da Charles Cross Academy. Vendeu mais de 18 milhões de cópias e é considerado um dos maiores sucessos da indústria fonográfica francesa. Em 1997, foi lançado Oxygene 7–13, uma sequência de Oxygene, em comemoração aos 20 anos do disco. Em 2007, Jarre regravou o álbum usando os mesmos instrumentos, porém em um estúdio mais moderno. O material foi lançado em CD e DVD e rendeu uma turnê comemorativa de 30 anos de Oxygene. Para homenagear esse trabalho, o músico utilizou instrumentos da época em shows de formato mais “intimista”. No lugar de teclados cenográficos como o de teclas gigantes, usou teclas & afins
OUTUbro 2014 / 41
mestres
bons e velhos analógicos como Memory Moog, EMS, Arp, Eminent 310 e Fairlight CMI, entre vários outros. Oxygene é citado por muitos críticos como o maior sucesso de Jarre. Em 1978, é lançado Equinoxe , composto por Jarre de modo a retratar um dia na vida de um ser humano, desde a manhã até a noite. O álbum vendeu mais de 10 milhões de cópias. Lançado em 1981, Magnetic Fields, inspirado nas obras de Andy Warhol, foi o primeiro registro de uso de samples como elemento musical em sua carreira. Em seu terceiro álbum, o francês buscou novas sonoridades registrando sons do cotidiano, como frases e palavras, e da natureza. Esse experimento serviu de base para o disco Zoolook , de 1984. Consolidado como artista internacional, Jarre seguiu lançando vários sucessos como Rendez-Vous , Revolutions, Waiting For Cousteau , Téo & Téa e outros. Interessante notar como sua carreira acompanha a tecnologia no uso de instrumentos. Em Revolutions, por exemplo, se nota um grande número de teclados digitais como D50, D550, Akai MP60, Ensoniq ESQ1, Kawai K5, Dynacord ADD One. Apesar disso, não se afasta de seu enorme acervo de analógicos em que constam EMS VCS 3, ARP 2600, ARP 2500, Memory Moog (sempre frequente em seus shows), RMI Keyboard Computer, Eminent 310 e Mellotron. A crítica o persegue, dizendo que nos últimos anos o músico não tem lançado nada inovador em sua carreira. No entanto, os fãs o amam, afirmando que Jarre estabeleceu uma carreira artística consolidada e inquestionável. Entre os dois lados, fica a certeza de que, além de toda a visibilidade Jarre é e sempre será lembrado por muito tempo.
Oxygene SETUP UTILIZADO NO ÁLBUM
ARP 2600 EMS AKS EMS VCS3 RMI Harmonic Synthesizer Farfisa Professional Organ, Eminent 310U Mellotron Korg Minipops-7 Theremin 42 / OUTUbro 2014
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mestres
“Oxygene - Part IV” ranscrição Cristiano Ribeiro
Jean Michel Jarre
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livre pensar
POR ALEX SABA
Fantasia do mundo real Existe o mundo real e o mundo da fantasia. Quando se é criança, vive-se no mundo da fantasia. Quando nos tornamos adolescentes alternamos entre um e outro e, ao nos assumirmos adultos, o mundo real cai como uma bigorna sobre nós. Que tal sair da garagem, sair do virtual, da fantasia e procurar um lugar para tocar, cair no mundo real?
Geralmente formamos nossa primeira banda ainda adolescentes. Achamos que não há nada como o som que fazemos e, por algum motivo doido,nãodeixamosàsclarasnossasinfluências. Quando falamos delas, é complicado perceber como “aquilo” influenciou “isso” . Posso estar sendo generalista, mas é o que mais vejo: vez por outra me chamam para olhar ou ouvir o som de alguma banda nova. Geralmente, fico pasmo. Muito potencial perdido no meio de algo que poderia chamar de “apenas mais uma banda de rock”. Muitas vezes, além do potencial intrínseco, há uma enorme boa vontade dos caras em fazer um bom som. Mas de modo geral esbarro com algo que não sei o nome em português e - sem querer parecer pedante diria que é um tal de “overplay”. Outro dia vi na Praça Saens Peña, no Rio de Janeiro, uma banda formada por bateria, baixo e dois sopros (sax e trompete). Os músicos eram ótimos, mas todos queriam tocar tudo ao mesmo tempo. Competindo com o barulho do trânsito, a ideia era boa, bem executada individualmente, mas não funcionava em grupo. Faltava um 44 / outuBRO junho 2014 2014
pouco de coerência e muito de dinâmica. Quando você começa a tocar com seus amigos, a ideia é brincar, se divertir e deixar a coerência de lado. “Levar um som”pode ser algo divertido, mas dificilmente leva a alguma coisa maior e melhor se algum dos amigos não assumir o papel de líder. E isso, convenhamos, não é das coisas mais agradáveis a se fazer. É como ser técnico de time de “pelada”. Hoje em dia muita coisa está diferente. Está mais fácil gravar com qualidade - se bem que isso é altamente discutível porque envolve produção, mixagem, masterização e muita gente está iniciando nisso com a banda de garagem do amigo. Mas é inegavelmente mais fácil do que já foi.
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livre pensar
Também está mais fácil divulgar. A internet abriu as portas da garagem para uma audiência muito maior. Pode-se colocar um vídeo no YouTube, um áudio na SoundCloud ou no MySpace, criar um perfil da banda e divulgar os shows no Facebook e... Voltamos ao mundo da fantasia que falei no começo. A verdade está lá fora
não ser refazendo. Como se isso não bastasse, pode ser que de, uma hora pra outra, eles resolvam mudar as regras deles, a aparência das páginas, que você não tem nenhuma forma de tornar mais pessoal. Além disso, o Facebook divulga que compartilha suas postagens com 16% dos seus amigos/fãs, mas isso não é verdadeiro. Suas postagens não alcançam 16%, mas um pouco mais e um pouco menos e, geralmente, um montão mais ou menos. A média de 16% é uma média de milhões e milhões de dados de páginas de diferentes tipos. É um mito. A verdadeira percentagem ronda os 2% e os 47%, distante da média dos 16%, que seria igual para todo o mundo. Existe uma coisa chamada Alcance de Fãs. Simplesmente corresponde ao número de fãs de sua página que viram alguma publicação. Isto é chamado de “orgânico”, o que quer dizer que considera apenas o número de usuários que viram sua página porque a curtiram e não por uma ação de um amigo como curtir, compartilhar ou comentar. Essa métrica não está disponível no painel administrativo, nas informações. O Alcance de Fãs apenas está disponível em arquivo Excel para download. Você vai encontrá-lo na aba
O Facebook é o perfeito “Mundo de Bob”, para quem lembra do desenho animado de um garotinho que delirava sem cerimônia com tudo o que acontecia à sua volta. Nunca vi tanta gente perfeita naquele lugar. Nunca vi tantas mensagens de estímulo e apoio. Nunca vi tantos amantes de animais, das minorias e das causas perdidas juntos como lá. Basta você colocar um evento que logo aparecem todos os seus amigos dizendo que irão. Infelizmente a grande maioria não tem a menor intenção de aparecer. Como já me disseram uma vez, colocam que vão para dar força. E se você for levar em conta quem disse que ia e quem foi, vai ver que sua mala direta, suas ligações e todo o seu corpo a corpo são muito mais eficientes. Existe outro problema: quando você cria uma página no Facebook para sua banda, as regras para isso são as do site. Você não pode destacar uma postagem e nem alterar a ordem delas, a “Lifetime Post reach by people who like your Page” . Este arquivo não é tão fácil de analisar como as informações da página do Facebook. Para medir esse indicador mais facilmente, você pode recorrer a uma ferramenta externa de análise de estatísticas, como Pagelever , Simply Measured ou Agorapulse. Provavelmente, a melhor coisa a fazer é utilizar um serviço gratuito teclas & afins
outuBRO junho 2014 / 45
livre pensar
Pagelever, Simply Measured ou Agorapulse: ferramentas de análise de estatísticas para as redes sociais
como o barômetro de Performance das páginas Facebook. O Alcance Orgânico corresponde ao número de pessoas, fãs e não fãs, que viram uma publicação. As visualizações resultado de uma ação de um amigo são classificadas como visualizações “virais”. A verdadeira diferença entre o Alcance de Fãs e o Alcance Orgânico é que este último inclui visualizações de pessoas que não são fãs da página mas acessaram diretamente a sua página no Facebook ou viram seu conteúdo em um widget (por exemplo uma “caixa de curtir” no seu site ou blog). Fica uma dica: como na interface das informações do Facebook você não pode ver o Alcance de Fãs, o Alcance Orgânico pode ser uma métrica alternativa. Mas, em alguns casos, o Alcance Orgânico pode não ser exato e pode até ser bem diferente do Alcance de Fãs. O Alcance Viral corresponde ao número de usuários que viram uma das suas publicações por meio de uma ação desencadeada por um dos seus amigos (curtir, compartilhar, comentar). Assumimos que esta métrica inclui fãs e não fãs, na ausência de uma definição mais específica por parte do Facebook. Por isso, esta é a mais imediata tradução da promessa implícita do Facebook: “recrutamento e engajamento na conversação com seus fãs para que eles falem com seus amigos”. Contudo, a média do Alcance Viral das páginas no Facebook é muito limitada. A média que se observa no barômetro de páginas Facebook de Agorapulse é entre 6 e 12 vezes menor que o Alcance Orgânico. 46 / outuBRO junho 2014 2014
A sua performance em termos de Alcance de Fãs, Engajamento e Pessoas Falando Sobre Isso pode ser mais do dobro de outras páginas com uma base de fãs semelhante. Na teoria, todos os ingredientes estão lá para criar “buzz” e ganham vantagem de um Alcance Viral superior. Mas, mesmo assim, essa página apenas tem um Alcance Viral equivalente a 1.2% dos seus fãs, percentagem pequena quando comparada com o Alcance Orgânico de 15.4%. O Facebook deixa-o alcançar os amigos de seus fãs?
Sim, claro mas não fique esperando o “buzz do século”. O potencial permanece limitado mesmo para as páginas com melhor performance que lançam o conteúdo de maior qualidade. O Facebook revelou em 22 de fevereiro um bug nas informações das páginas que conduziu a uma “deturpação do Alcance Orgânico e Viral na maior parte das páginas”. A forma como as páginas foram afetadas pelo bug varia de uma página para outra. Aparentemente o Alcance Orgânico foi ligeiramente afetado (entre 5 e 10% mais a 23 de Fevereiro) mas o Alcance Viral foi muito mais afetado com incrementos em alguns casos de mais de 300%! O Alcance Pago é obtido por meios pagos, tal como publicação impulsionada e publicidade (histórias patrocinadas). Este Alcance Pago pode vir dos fãs e não fãs. Entretanto, quanto menor for sua página, mais elevada é a porcentagem de fãs que vai teclas & afins
livre pensar
alcançar. Páginas com menos de 1.000 fãs alcançam uma média de 22% de seus fãs por publicação, ao passo que páginas com mais de 100.000 fãs alcançam em média apenas 6.6% de seus fãs em cada publicação. Essa é uma proporção de 3.5 para 1! Podese perceber que a média dos 16% não faz sentido porque se uma página tem 1.000 fãs, uma boa média para comparar é 23%. Se a sua página tem 150.000 fãs, a média mais próxima será de 6 ou 7%. A diferença no Alcance das Páginas no Facebook não é apenas por causa do seu tamanho. Mesmo em páginas com a mesma base de fãs, a diferença entre a melhor e a pior pode ser surpreendente. Por exemplo, em páginas com uma base de 100.000 fãs têm uma média de alcance de 6.7%. Contudo, a média dos 5% das piores páginas mostra um alcance de 0,6% dos fãs, enquanto que o topo dos 5% de páginas com melhor performance alcançam, em média, 20% dos seus fãs com cada publicação. As melhores páginas alcançam, por isso, três vezes mais fãs que a média, numa base percentual. Ninguém disse que seria fácil montar uma banda e muito menos que seria fácil divulgála, mas que tal sair da garagem, sair do virtual, da fantasia e procurar um lugar para tocar, cair no mundo real? O corpo a corpo com a plateia, o nervosismo, o suor das luzes do palco e tudo o que está associado a uma performance, não tem preço. Te vejo nos bares da vida. Alex Saba Tecladista, guitarrista, percussionista, compositor, arranjador e produtor com quatro discos instrumentais solo e um disco ao vivo com sua banda Hora do Rush, lançados no exterior pelo selo Brancaleone Records. Produziu e dirigiu programas para o canal TVU no Rio de Janeiro e compôs trilhas para esses programas com o grupo Poly6, formado por 6 tecladistas/compositores. Foi colunista do site Baguete Diário e da revista Teclado e Áudio. www.alexsaba.com.br teclas & afins
outuBRO junho 2014 / 47
TRILHA MUSICAL
POR MAURICIO DOMENE
Leitmotifs e temas Novela das oito. Acontece a cena de amor entre o par romântico e é ouvida aquela melodia que sempre aparece quando os dois personagens estão juntos. Corte para o vilão da trama, que passa a vida pensando em como separar o casal. A trilha muda para a música que é tocada todas as vezes que ele surge na tela. Falta de criatividade? Mesmice? Jabá? Não. Leitmotif! Segundo a definição do Grove’s Dictionary of Music, leitmotif é um tema ou outra idéia coerente, claramente definida de forma a preservar sua identidade se modificada em subseqüentes aparições, cujo propósito é o de representar ou simbolizar personagem, objeto, lugar, idéia, estado mental, força sobrenatural ou qualquer outro ingrediente
do trabalho dramático. Esse tema ou idéia musical pode ser uma frase, o uso de um instrumento, uma seqüência de acordes, um ritmo, um timbre, um efeito etc. Na música erudita, os motivos repetidos ou alterados são utilizados há muito tempo. A diferença entre os temas e variações e os leitmotifs está no fato destes estarem
Tubarão: na trilha de J ohn Williams, o leitmotif é tão assustador quanto o animal 48 / outuBRO 2014
teclas & afins
trilha musical
sempre ligados à trama, ou seja, a uma ação dramática, seja no teatro, no cinema, na ópera etc. O uso de leitmotifs ajuda o compositor a criar uma unidade na obra, estabelecer relações no drama sem o uso de palavras ou adicionar uma camada a mais de interpretação na história. O compositor russo Sergei Prokofiev fez grande uso de Leitmotifs em Pedro e o Lobo, obra musical acompanhada de narração. Cada personagem da história é representado por um instrumento da orquestra e um tema melódico. A flauta representa o pássaro (até hoje o som desse instrumento é associado a pássaros); o pato é representado pelo oboé; o lobo, pelas trompas; e os caçadores por tímpanos e percussão. Tema Versus Leitmotif No cinema, os temas são muito usados. Quando alguém sai de um filme assobiando um deles, muito possivelmente é porque o compositor usou essa técnica e retrabalhou aquele fragmento de melodia diversas vezes, de diferentes maneiras: de forma alegre, triste ou romântica, em clima de suspense, transposto do modo maior para o menor, em outros modos, com o andamento alterado ou com o ritmo das notas espaçado, entre outros recursos. Mas trata-se sempre do mesmo tema permeando a ação. E o espectador acaba decorando a melodia, apesar de ter visto o filme apenas uma vez. Leitmotif também é um tema, mas sempre associado a um personagem, lugar ou situação. Um tema é somente uma melodia que se esparrama pela ação, alterando suas características conforme a cena sugere. Para o leitmotif funcionar, ele precisa ser repetido. Dessa forma, a memória do espectador é atiçada, e ele vai acumula ndo informações emotivas sobre aquele personagem ou situação. Ele vai ligando teclas & afins
Richard Wagner
REFERÊNCIA Leitmotif é uma palavra de origem francesa que, às vezes, aparece na forma alemã (Leitmotiv) e significa “motivo condutor”. O termo foi cunhado pelo crítico musical F.W. Jähns em 1871, ao descrever a obra de Carl Maria von Weber, embora seja Richard Wagner quem leve a glória de ter usado de forma marcante esse recurso. Outros grandes expoentes que usaram leitmotif foram Richard Strauss, Claude Debussy e Sergei Prokofiev. os pontos, fazendo correlações. No cinema, um dos grandes compositores a fazer uso reiterado de leitmotifs é John Williams (sempre ele!). No filme Tubarão, Williams faz uso dessa técnica poderosamente: um simples intervalo de 2ª menor tocado por baixos para acompanhar a figura do peixe. O resultado foi tão efetivo que, até hoje, todos fazem a ligação entre as duas notas e o animal. Com esse leitmotif, outuBRO 2014 / 49
TRILHA MUSICAL
Temas e uso dos motivos em Star Wars Episódio IV Tema de Luke 15’, 25’, 30’, 31’, 34’, 36’, 40’, 42’, 52’, 54’, 1h07’, 1h13’, 1h27’, 1h32’, 1h33’ Tema do Império 15’, 26’, 1h05’, 1h17’ Tema da Princesa Leia 21’, 35’, 1h16’, 1h29’
ele consegue sugerir a presença dele mesmo quando a câmera não o está enquadrando. As notas conseguem lembrar o espectador da presença da ameaça ainda que as imagens não a estejam mostrando. Mesmo um espectador desatento consegue acompanhar o uso dessa técnica em filmes como Indiana Jones, Superman, E.T, o Extra Terrestre e Star Wars. É necessário, porém, que os temas, embora curtos, sejam muito significativos e muito fortes. O grande segredo está em conseguir compor essas linhas ou motivos de forma que não seja cansativo ouvi-los repetidas vezes. No quadro acima, são apontados os momentos em que os motivos da Princesa
Leia, de Luke Skywalker e do Império são apresentados. Existem outros temas presentes nesse filme, como o de Darth Vader e o da Luta, entre outros. A indicação, portanto, deve servir como base para começar o estudo, apenas para ter uma idéia mais precisa do que é o leitmotif. Esse tipo de análise é uma forma muito efetiva de entender como e porque o compositor usou a técnica de leitmotif ao contrário de simplesmente observar seu uso.
Maurício Domene Formado pela Berklee em Music Composition for Film and TV, é compositor de trilha sonora premiado com atuação em cinema, TV, publicidade, teatro e outras plataformas. Tem dois álbuns instrumentais lançados: “Nuvens” e “Nuvens 2”. Foi colunista sobre Trilha Sonora na revista Home Studio. Foi professor de “Trilha Sonora” na grade do curso superior de Produção em Radio, Vídeo, Tv e Cinema da FMU/Fiam. Está à frente do Estúdio Next: www.estudionext.com.br 50 / outuBRO 2014
teclas & afins
cultura hammond
por Jose Osorio de Souza
Drawbars e Percussivos Um dos grandes prazeres de tocar um órgão com drawbars é puxar e empurrar essas barras o tempo todo. E os grandes mestres do Hammond fazem isso com muita criatividade Nove drawbars (ou tonebars), com nove ajustes - o primeiro zerando e os outros oito aumentando gradativamente o volume de nove geradores de tons - são os recursos que um músico tem nas mãos para criar aproximadamente 253 milhões de timbres diferentes em um órgão Hammond. Mas não é só isso: muitas das possibilidades de expressão do órgão são por conta justamente
das imperfeições, dos ruídos causados por seu mecanismo, pelos múltiplos contatos das teclas para disparar as “agulhas” que “pinçam” os tonewheels. Alguns modelos de Hammond (séries H e X) foram lançados com onze drawbars, permitindo adição de tons mais agudos, mas o conjunto de nove foi o que ficou padronizado no célebre modelo B3.
Número
Harmônico
Intervalo
Marcação
01 02 03 04 05 06 07 08 09
sub-fundamental sub-terça fundamental 2º harmônico 3º harmônico 4º harmônico 5º harmônico 6º harmônico 8º harmônico
sub 8ª sub 3ª uníssono 8ª 12ª 15ª 17ª 19ª 22ª
16’ 5 1/3’ 8’ 4’ 2 2/3’ 2 1 3/5’ 1 1/3’ 1’
Cor marrom marrom branco branco preto branco preto preto branco
A marcação dos drawbars representa o comprimento em polegadas do tubo de um órgão que o gerador de tom simula.
teclas & afins
outuBRO 2014 / 51
cultura hammond
Os drawbars podem ser divididos em três grupos: os sub são os dois primeiros, que geram tons inferiores à tônica; os fundamentais, os próximos quatro, que criam o componente principal do som; os de brilho são os três finais. Os marrons estão abaixo da fundamental, os brancos estão no mesmo tom da fundamental, mas uma, duas ou três oitavas acima, e os pretos são os harmônicos. Um dos grandes prazeres de tocar um órgão com drawbars é puxar e empurrar essas barras o tempo todo, e os grandes mestres do Hammond fazem isso com muita criatividade. Nesse aspecto, o órgão funciona muito mais como um instrumento de sopro do que como um instrumento de martelos batendo em cordas. Diferentemente de um piano - em que a variação de timbre se faz somente com o toque dos dedos nas teclas -, no Hammond clássico, que não possui teclas sensíveis ao toque, é a adição e subtração de tons, mais a aceleração dos falantes da caixa Leslie, que cria expressão. Não podemos esquecer que, a princípio, o objetivo de Laurens Hammond era simular, de maneira mais portátil e barata para as igrejas, um órgão de tubos, uma máquina que gera sons por meio do movimento de ar por tubos com características de instrumentos de sopro, como flautas, clarinetes, oboés etc. O percussivo O percussivo é um recurso que surgiu nos modelos C3 e B3 e que acrescentou um ataque ao timbre, como de harpa, xilofone ou marimba. Os chamados segundo e ter52 / outuBRO 2014
ceiro percussivos têm um rápido “decay”, deixando que o tom dos drawbars continue soando enquanto as teclas estiverem pressionadas. O percussivo só é disparado novamente depois que todas as teclas tiverem sido soltas. Desse modo, se pelo menos uma tecla continuar presa, as que forem tocadas depois não gerarão percussivos. Esta é outra característica que imprime à performance do órgão um recurso bem interessante: pode-se separar, tocando com uma mesma mão, linha de melodia de linha de acompanhamento. O percussivo pode ser ajustado com volume maior ou menor (“soft”), e em seu “decay”, curto (“short”) ou longo. É muito comum o organista se guiar, na hora de ajustar os drawbars, não pelos números, mas pelo “shape” (forma) das barras quando puxadas. Desse modo, uma registração pode receber o nome de meia lua (“half moon”) quando for ajustada em 004555554, por exemplo. Seguem algumas sugestões de registrações (clássicas, com drawbars nos ajustes máximos, mas qualquer variação imprimirá ao timbre a marca pessoal do organista): teclas & afins
cultura hammond
“Jimmy Smith” para solos de jazz 88 8000 000 percussivo 3º harmônico, soft, short
Técnica “squabbling” (arpejo usando oitavas com 5ªs ou outras no meio)
80 0008 888 qualquer perc, chorus 3, Leslie fast
“Silk” para baladas 80 8000 008 percussivo off, chorus 3, Leslie fast
Intermediária entre a “squabbling” e a “full organ” 88 8000 888 perc off, chorus 3, Leslie slow ou fast
“Full organ” para rock e gospel 88 8888 888 perc off, chorus 3, Leslie slow e fast
Jose Osorio de Souza Pianista de formação erudita, analista de sistemas de formação acadêmica, foi proprietário de estúdio e escola de música, Suporte Técnico da Roland Brasil, tecladista da noite, é compositor e escritor, ama história e tecnologia dos sintetizadores e samplers, mas é apaixonado por teclados vintages, blues, rock progressivo e música de cinema. Atualmente toca piano instrumental no Grande Hotel Senac em Águas de São Pedro (SP) e atua como músico gospel na cidade de Itu (SP). teclas & afins
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COMO ESTUDAR
por NILTON CORAZZA
O Pianista Virtuoso Odiado por uns e amado por outros, o método sugerido por Hanon para a independência dos dedos e a obtenção de velocidade necessita ser estudado de maneira metódica e consciente Um dos mais utilizados métodos de desenvolvimento de técnica para velocidade, o famoso Hanon – O Pianista Virtuoso esconde algumascomplexidadesemuitas discrepâncias no que diz respeito tanto ao seu correto uso quanto à sua eficiência. Não são poucos os que defendem que os exercícios apresentados pelo aclamado professor são ineficazes, além de exigir do pianista mais esforço do que o necessário o que, muitas vezes, causa dor. Outros o criticam com o argumento de que os Exercícios Técnicos Diários, de Oscar Beringer, trabalham as teclas pretas, percorrendo todas as tonalidades o que, de fato, Hanon, a princípio, não apresenta. Mas uma análise mais aprofundada do método revela que seu uso é indicado em uma determinada fase do desenvolvimento do estudante de piano e que as vantagens advindas da prática correta dos exercícios apresentados são muito grandes. Charles-Louis Hanon O organista, pianista, compositor e pedagogo, Charles-Louis Hanon nasceu em 2 de julho de 1819 em Renescure, na França, e faleceu em 19 de março de 1900, em Boulogne-sur-Mer. Como católico fervoroso, dedicou-se à igreja e à caridade, pertencendo à Terceira Ordem Franciscana e à Sociedade de São Vicente de Paula. Sabe-se por um texto de 1869 que Hanon esteve envolvido com uma ordem monástica chamada “Les Frères Ignorantins”, também conhecida como “Irmãos das Escolas Cristãs.” Fundada no século XVII por São João Batista de La Salle, as escolas dirigidas pela ordem ofereciam instrução para crianças pobres. Uma 54 / outuBRO 2014
destas escolas foi criada em Boulogne-sur-Mer, por volta de 1815 por Léon de Chanlaire e pelo Frei Benoit Agathon Haffreingue. O ensino de música gratuito foi oferecido a partir de 1830. Muito provavelmente, o Système Nouveau, para órgão, foi escrito ali para os alunos da instituição. Primeira grande publicação de Hanon – e sua mais bem-sucedida durante a vida – o método para acompanhar cantochão ao órgão foi publicado originalmente em 1859 e permaneceu sendo impresso por mais de 30 anos. Em 1867, o autor foi reconhecido pelo Papa Pio IX que o nomeou membro honorário da Academia de Santa Cecília. Além disso, o compêndio recebeu uma Menção Honrosa na Exposição Mundial de 1867, em Paris. Utilizando por muitas vezes números em vez de notas musicais, também colecionou censuras, sendo chamado de “o mais intolerável, o mais
Charles-Louis Hanon: o professor em reprodução de retrato da época teclas & afins
COMO ESTUDAR
perigoso, o mais inadmissível” e “máscara enganadora para os ouvidos pelos olhos, uma mentira, uma desordem, um caos”, pelo crítico Oscar Comettant, famoso na época. O Pianista Virtuoso (ou seria virtuose?) foi publicado pela primeira vez em 1874. Apesar de seu lugar de destaque no estudo do piano, ao examiná-lo mais cuidadosamente e compará-lo a outros trabalhos pedagógicos do início do século XIX, chega-se a uma conclusão: o trabalho de Hanon não contém nada inovador. O método é, de fato, muito semelhante a uma série de outros, franceses e alemães do mesmo período, que apresentam uma progressão de exercícios simples e uma variedade de elementos técnicos básicos. Dentre esses, os Études Pour Le Piano, de Aloys Schmitt, publicado uma década antes do nascimento de Hanon, contém exercícios para os cinco dedos que claramente o influenciaram. O exercício de número 170, por exemplo, é idêntico ao primeiro exercício de Hanon publicado aproximadamente 60 anos depois. Como estudos de cinco dedos são fórmulas e não composições, é impossível verificar se Hanon copiou alguns dos exercícios de outros métodos - prática comum na época, antes das modernas leis de direitos autorais
- ou se inconscientemente imitou outros compositores. Fato é que, de qualquer modo, as semelhanças entre o seu método e os publicados anteriormente sugerem, no mínimo, a familiaridade com a literatura pedagógica disponível à época. Os segredos Estudantes de piano de todo o mundo conhecem (e odeiam) os exercícios técnicos propostos por Hanon. Embora o método tenha seus detratores, há quem o defenda apaixonadamente. Tanto Sergei Rachmaninoff quanto Josef Lhévinne, ambos pianistas e professores de renome em seu tempo, afirmavam que a chave do sucesso da escola russa de piano e do grande número de virtuoses provenientes daquela região é o estudo do Hanon. Utilizado durante muito tempo nos conservatórios russos, o método devia ser decorado pelos estudantes e executado em todas as tonalidades e em altas velocidades. Eis aí um dos “segredos” do método. Embora na introdução do livro o próprio autor aconselhe o estudo dos exercícios em todas as tonalidades, poucos são os professores que sugerem essa variação aos alunos, fato plenamente compreensível, mas não adequado.
O Pianista Virtuoso
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1.
teclas & afins
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COMO ESTUDAR
â« «à «á «Ü «Ö « « « «â «à «á «Ü Ö « « « «â «à «á «Ü Ö « « « ˆ « « « « « ˆ « « « ˆ « « ˆ « « ˆ « « ˆ « « ˆ « ˆ « « « ˆ « ˆ « ˆ ˆ « ˆ « ˆ « « ˆ ˆ « « « « ˆ ˆ ˆ ˆ « ˆ ˆ « ˆ » œ ˆ » œ ß ====================== ll & »» œ»» œ»» _œ»» _œ»» _œ»» »œ» œ»» ll »» œ»» _œ»» _œ»» _œ»» _œ»» _»»œ œ»» ll œ»»» _œ»» _œ»» _œ»» _»œ _œ»» _»œ» =_œ»» ÒÒ » Ö Ü á à Ö Ü â á à Ö Ü á â à â =ÒÒ Í ====================== ll ? ll ll Descendente
Hanon - O Pianista Virtuoso é indicado para a fase intermediária da formação técnica de um estudante de piano, mas também pode ser usado para qualquer instrumento de teclas e, até mesmo, para o estudo da pedaleira no órgão. Podemos situá-lo entre A Dozen A Day , de Edna Mae Burnam, por exemplo, e os Exercícios Técnicos Diários, de Oscar Beringer. Não defenderemos aqui nenhuma escola técnica, mas a adoção de uma escola técnica, qualquer que seja. Ao lado dos exercícios específicos de cada uma, o estudo do Hanon com a aplicação de algumas variantes torna-se extremamente eficaz, tanto para a independência dos dedos quanto para a velocidade. Além disso, familiariza o estudante tanto com a sonoridade quanto com o desenho melódico das figuras, o que desenvolve a leitura musical. Mas para que seja realmente
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proveitoso, seguem algumas sugestões para o estudo da primeira parte do método, que você pode discutir com seu professor: 1) Estude lentamente (mesmo!) a fórmula apresentada em cada exercício. Verifique a posição da mão e dos dedos. Corrija qualquer desvio e de maneira alguma permita que o lado externo da mão “descanse” sobre as teclas ou o pulso sobre a régua inferior do teclado. Decore a mecânica da fórmula e toque o exercício até o fim, lentamente; 2) Com o uso do metrônomo em 60 BPM, toque o exercício novamente. A qualquer sinal de dor, em qualquer parte do corpo, pare. A dor é sinal de que algo está errado, seja postura, posição das mãos e dos dedos ou excesso de força; 3) Com o metrônomo em 60 BPM, pratique as variações sugeridas a seguir (e outras que seu pofessor sugerir):
teclas & afins
COMO ESTUDAR
4) Aumente a velocidade do metrônomo para 68 BPM e repita todo o processo: toque o exercício como está escrito e todas as variações sugeridas; 5) Aumente gradativamente a velocidade do metrônomo, a princípio de 8 em 8 BPM (76, 82, 88) e, depois de 4 em 4 BPM (92, 96, 100, 104 etc) e repita o processo; 6) Se não conseguir realizar o exercício em determinada velocidade - seja por dor, cansaço ou erros de dedilhado -, pare e descanse. Afinal, não é necessário – nem prudente – atingir altas velocidades no primeiro dia de estudo; 7) Ao retomar o estudo no dia seguinte, inicie todo o processo, a 60 BPM, aumentando gradativamente a velocidade. Você perceberá que a cada dia você conseguirá atingir maiores velocidades, sem dor ou cansaço. Podemos fazer uma analogia com um corredor de longas distâncias. Para correr uma maratona, ele deve começar com o primeiro passo até que consiga completar o percurso. Não vale começar do quilômetro 40!
8) Depois de dominar o estudo em Do maior, que tal tentar em outros tons? Comece com Sol maior (um sustenido) ou Fá maior (um bemol) e repita todo o processo. Aumente o número de alterações até dominar todas as tonalidades; 9) Vá para o exercício número 2 e repita todo o processo. A técnica, a independência dos dedos e a agilidade são construídas passo a passo. Afinal, o objetivo é aprimorar a técnica e não “passar” de exercício; 10) Quer tornar o estudo ainda mais interessante? Acione uma bateria eletrônica em vez do metrônomo. Mas, cuidado para não perder a precisão! Seguindo esse pequeno roteiro, você perceberá que suas mãos se amoldarão ao formato do teclado, sua mente pensará em tonalidades de forma mais simplificada e você desenvolverá sua técnica de maneira paulatina e eficiente. Bom estudo!
Nilton Corazza Pianista, organista e tecladista, graduado em música pela Faculdade São Judas Tadeu e pós-graduado em Marketing e Comunicação Integrada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Foi aluno de Lina Pires de Campos, Maria José Carrasqueira, Terão Chebl e Wilson Curia e concluiu cursos com Homero Magalhães, George Hadjkinos (Inglaterra) e Martine Barret (França). Durante muitos anos dedicou-se ao ensino e ao aperfeiçoamento de professores de música. teclas & afins
outuBRO 2014 / 57
HARMONIA E IMPROVISACAO
por turi collura
O Turnaround: suas formas e aplicações Conheça esse clichê harmônico muito usado na música tonal
Chama-se de Turnaround a uma sequência composta pelos acordes I7M - VIm7 - IIm7 - V7. Essa sequência pode sofrer algumas substituições ou alterações de acordes;
aqui, iremos analisar as principais. O exemplo do Turnaround na sua forma original, na tonalidade de Dó e suas escalas modais, está a seguir:
Aplicações do Turnaround O termo Turnaround pode ser traduzido em português como “rodar em volta”. Realmente, essa sequência de acordes pode ser tocada de forma cíclica, repetindo várias vezes do começo ao fim. O Turnaround é um clichê harmônico encontrado em diferentes situações: 1) Pode constituir a harmonia - ou parte dela - de inúmeras músicas, entre as quais, por exemplo: “Anos Dourados” (T. Jobim e C. Buarque), “Cotton Tail” (D. Ellington), “Eu Não Existo Sem Você” (T. Jobim), “Senza Fine” (G. Paoli), “A História de Lily Braun” (E. Lobo e C. Buarque); 2) Pode ser usado como introdução
naquelas músicas que se iniciam pelo acorde de tônica. “Eu Não Existo Sem Você” (T. Jobim), “All Of Me” (G. Simons), “Take the “A” Train” (D. Ellington), “A Foggy Day” (G. Gershwin), “La Vie en Rose” (E. Piaf ), “Garota de Ipanema” (T. Jobim) e inúmeras outras músicas podem ser introduzidas por essa sequência de acordes; 3) Pode ser encontrado nos finais das músicas que terminam no acorde de tônica e recomeçam pelo mesmo acorde. Neste caso, o Turnaround serve para criar riqueza harmônica. Com esse objetivo, é utilizado, por exemplo, no blues jazzístico, onde, tipicamente, pode ser colocado nos últimos dois compassos.
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teclas & afins
HARMONIA E IMPROVISACAO
Os últimos dois compassos de “All of Me”:
O Turnaround ainda pode ser usado em algumas músicas para enriquecer uma harmonia mais simples. Por exemplo, em “Garota de Ipanema”, os acordes do sétimo e oitavo compassos podem ser:
O vídeo sobre o Turnaround mostra que ele pode ser iniciado pelo II grau. Dessa forma, temos a sequência: IIm7 - V7 - I7M - VIm7 Que pode ser transformada em: IIm7 - V7 - I7M - VI7 Exemplo em Dó: Dm7 - G7 - C7M - A7 O acorde A7 se torna uma dominante secundária de Dm7, o que nos leva ao próximo tópico: as alterações do Turnaround. Alterações harmonicas do Turnaround . A sequência do Turnaround pode apresentar várias alterações harmônicas. Destacamos aqui algumas mais usuais: 1) O acorde VIm7 pode se tornar dominante, criando uma dominante secundária:
2) O acorde IIm7 pode se transformar em II7, gerando a sequência:
Neste caso temos uma sequência de dominantes estendidas. teclas & afins
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HARMONIA E IMPROVISACAO
3) O acorde VI7, trocado pelo próprio SubV7, gera a sequência:
Na música popular brasileira usa-se bastante o bIII ° no lugar do bIII7. Na tonalidade de Dó, a sequência ficaria: C7M – Ebº – Dm7 – G7.
4) O acorde II7, trocado pelo próprio SubV7, gera a sequência:
5) Os acordes VI7 e o V7 trocados pelos próprios SubV7, geram a sequência:
Nos exemplos 4 e 5 observa-se uma relação cromática entre as fundamentais dos três acordes de dominantes. Consideramos que o emprego dos substitutos dos acordes de dominante (os acordes SubV7) torna a harmonia rica de sonoridades estranhas à tonalidade diatônica.
60 / outuBRO 2014
teclas & afins
HARMONIA E IMPROVISACAO
6) Os acordes VI7, II7 e V7 , trocados pelos próprios SubV7, geram a sequência:
O exemplo 6 revela algo interessante: trocando três acordes em seguida pelos próprios SubV7, obtemos novamente uma sequência de acordes encadeados por quintas descendentes. Para ouvir as alterações harmônicas do Turnaround , veja este vídeo: Turi Collura Pianista, compositor, atua como educador musical e palestrante em instituições e festivais de música pelo Brasil. Autor dos métodos “Rítmica e Levadas Brasileiras Para o Piano” e “Piano Bossa Nova”, tem se dedicado ao estudo do piano brasileiro. É autor, também, do método “Improvisação: práticas criativas para a composição melódica”, publicado pela Irmãos Vitale. Em 2012, seu CD autoral “Interferências” foi publicado no Japão. Seu segundo CD faz uma releitura moderna de algumas composições do sambista Noel Rosa. Entre outras atividades, em 2014 Turi está ministrando cursos online em grupo, entre os quais os de “Piano Blues & Boogie”, o de “Improvisação e Composição Melódica” e o de “Bossa Nova”.
[email protected] - www.turicollura.com - www.pianobossanova.com
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outuBRO 2014 / 61
arranjo comentado
por rosana giosa
Luiz Gonzaga e o Xote Luiz Gonzaga nasceu em Pernambuco, em 1912, e foi um importante músico brasileiro. Sanfoneiro, cantor e compositor, foi responsável pela valorização dos ritmos nordestinos. Levou o baião, o xote e o xaxado para todo o País e sua música “Asa Branca”, em parceria com Humberto Teixeira, tornou-se hino do nordeste brasileiro. No início de sua carreira, seu repertório era composto basicamente de músicas estrangeiras, que apresentava sem sucesso em programas de calouros. Mas acabou ganhando fama executando “Vira e Mexe”, de sua autoria, no programa de Ary Barroso, com sabor regional. Viveu um romance com “Léia”, que estava grávida de um ex-namorado. Sabendo que ela seria mãe solteira, Luiz Gonzaga assumiu a paternidade da criança, dando-lhe seu nome: Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior. Gonzaguinha foi criado por seus padrinhos e sempre teve uma relação muito tumultuada com o pai. Por fim ficaram amigos quando viajaram pelo Brasil, compondo juntos em 1979. Luiz Gonzaga faleceu em 1989. O Xote O Xote é uma dança de origem europeia (escocesa, segundo alguns, alemã ou húngara segundo outros) que chegou ao Brasil no final do século XIX. Independentemente de sua origem, atualmente é uma dança nordestina, uma modalidade do forró. É dançado devagar, a dois, com caráter romântico e sensual, e com poucas evoluções. Seu ritmo é binário com fórmula de compasso 2/4, com figuras entre semínimas, colcheias e semicolcheias. “Xote das Meninas” Este talvez seja o mais famoso e representativo xote de autoria de Luiz Gonzaga e Zé Dantas. O arranjo mantém, quase todo o tempo, o padrão rítmico do xote, pois esse estilo é muito marcante e possibilita poucas variações. A forma é A e B, com uma introdução criada para este arranjo instrumental para melhor preparar a entrada do tema.
“Xote das Meninas”
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teclas & afins
arranjo comentado
teclas & afins
outuBRO 2014 / 63
arranjo comentado
Rosana Giosa - Pianista de formação popular e erudita, vive uma intensa relação com a música dividindo seu trabalho entre apresentações, composições, aulas e publicações para piano popular. Pela sua Editora Som&Arte lançou três segmentos de livros: Iniciação para piano 1, 2 e 3 ; Método de Arranjo para Piano Popular 1, 2 e 3 ; e Repertório para Piano Popular 1, 2 e 3. Com seu TriOficial e outros músicos convidados lançou o CD Casa Amarela, com composições autorais. É professora de piano há vários anos e desse trabalho resultou a gravação de nove CDs com seus alunos: três CDs coletivos com a participação de músicos profissionais e seis CDs-solo. Contato:
[email protected] 64 / outuBRO 2014
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