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Questões Fundamentais no Debate Atual
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GERHARD F. HASEL
TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO
Questões Fundamentais no Debate Atual
Digi Di gital taliza izado do por:
Jolosa
GERHARD F. HASEL
Questões Fundamentais no Debate Atual
A JUEWP
GERHARD F. HASEL TRADUÇÃO DE JUSSARA M ARINDIR AR INDIR PINT PINTO" O" SIMÕES ARIAS
Todo s os direitos reservado s. Copyright © 1988 da Jun ta de Educaç ão ReJigiosa e Publicações da Convenção Batista Brasileira. Kdicão em Portuguê s au toriza da , m ediante co ntrato, pela William M. herd m an s Pub lishing Co., G ra nd R apids, Michigan USA. Copyright © 1972 by William B. Eerdmans Publishing Co. É proibida a reprodução do texto, no todo ou parcialmente, sem a expressa autorização do editor. Tra duçã o do original em inglês: New Testam ent Theology: Basic Issues in Current Debate,
HA S-TEO
T e o lo g i a d o N ov o T e s l a m e n l o : q u e s t õe s i u n d a m e n t a i s 110 debate amai trad. de Jussara Marindir Pinto Simões Arias. Rio de Janeiro. Junta de E ducação Religiosa c Publi cações, 1988 193p.; 20.5 — título original: New Testament Theology: basie is sues in the e u r r e m d e b a t e . — ínciui b ib lio g r af ia . 1. Novo Teslamenio — Teologia — 1. Título. CD D
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Capas: QueilaMallet Código p a ra P edidos: 22.108 Ju nta de Ed ucaç ão R eligiosa e Publicações da Convenção Batista Brasileira Caixa Po stal 320 — CEP : 20001 Rua Silva Vale, 781 — Cavalcanti — CEP: 21370 Rio de Janeiro, RJ, B rasil 3.000/1988 Im presso em gráficas própria s
Sumário ABREVIATURAS..................................................................................
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IN T R O D U Ç Ã O ......................................................................................
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1. PRIMÕRDIOS E DESENVOLVIMENTO DA TEOLOGIA DO N T ................................................................................................. 13 Da Reform a ao Ilu minismo ............................................................ 13 A Era do Ilum inismo ....................................................................... 17 Do Iluminism o à Teologia Dialética ............................................ 25 Da Teologia Dialética até o P re se n le ............................................ 43 2. M ETO DOLOGIA NA TEO LOG IA DO N T ............................. 58 A Abordagem T e m á tic a .................................................................. 58 A Abordagem E xiste ncia lista ......................................................... 65 A Abordagem Histórica .................................................................. 80 A Abo rdagem da Histó ria da S a lv a ç ã o ........................................ 87 Observações F in a is ........................................................................... 104 3. O CENTRO E A UNIDADE DA TEO LO GIA DO N T ........... A Questão .......................................................................................... A Busca do Centro do N T ................................................................ A n tro p o lo g ia .................................................................................. História da S a lv a ç ã o .................................................................... Pacto, Amor e O utras Propostas .............................................. C risto lo g ia ............................. ......................................................... O Centro do NT e o Canon D entro do C â n o n .............................
110 110 113 113 116 120 121 128
4. A T EO LO G IA DO NT E O A T ..................................................... Padrões de Desunião e Desco ntinuidade ................................... Supervalorização do N T/ Desvalorização do A T .................. Desvalorização do N T / Supervalorização do A T ..................
133 134 135 138
Padrões de Unidade e Continuidade ............................................ Conexão H istó ric a ......................................................................... Dependência Escritura i .............................................................. V o ca b u lá rio .................................................................................... T e m a s ............................................................................................... Tipologia ............................................................................................ Promessa-cumprimento .................................................................. História da Salvação * ....................................................................... U nid ade de Perspectiva .................................................................. . PROP OSTA S BÁSICAS PARA UMA TE OL OG IA DO NT: UM A ABORDAGEM M ÚLTIPLA ............................................ Bibliografia Sele cio nada.................................................................. ín dice de Nomes de A u to re s............................................................ ín dic e de Assuntos ...........................................................................
142 144 144 145 146 147 149 151 151 158 171 187 191
Ab A b re v ia iattu ra s AUSS BTB BT B C BQ EOTH ET EvTh IDB ID B IBD Sup. JB L JB R NN N N T T NTS N TS OTCF PTNT SBT SB T T hQ ThLZ ZAW ZN W ZThK
Andrews University University Seminary Studies Biblical Theology Bulletin Catholic Biblical Quarterly Essays on Old Testament Hermeneutics, Hermeneutics, ed. Claus W csterm anti (Richm ond, Va ., 196 1963) Expository Expo sitory Times Evangelische T heologie heologie In I n t e r p r e t e r s D icti ic tioo n a r y o f the th e B i b l e , 4 vols. (Nash ville, 1962) In I n t e r p r e t e r 's D icti ic tioo n a r y o f the th e B ib le . S u p p le m e n t a r y Volume Volume (Nashville, 1976) Jour Jo urna na l of of Biblic Biblical al L iterature Jou rnal rn al of Bible Bible an d Religion Religion R. Morgan, The Nature o f New Testam ent Theol Theolog ogvv (SBT 11/25; Londres, 1973) New Ne w T e s ta m e n t S tud tu d ies ie s The Old Testament and Christian Faith, ed. B. W. Anderson (New York, 1963) D a s P r o b le m d e r T h e o log lo g ie d es N e u e n T e s ta m e n ts , ed. G. Strecker (D arm stad t, 1975) Studies in Biblical Theology Theologische Quartalschrift Theologische Theologische L iteraturzeitung Zeitschrift Zeitschrift für alttestam entliche W issenschaft issenschaft Zeitschrift für neutestam entliche W issenschaft issenschaft Zeitschrift für Theologie und Kirche 7
In I n tro d u ç ã o A teologia do Novo Testamento está hoje inegavelmente em crise. Isto não quer dizer que não haja interesse no estudo acadêmico da teologia do NT ou que haja falta de monografias com o título de Teologia do Nóvo Testamento ou similar. Na realidade, nos aproxi madamente duzentos anos de existência da disciplina Teologia do NT N T , n u n c a h o u v e u m a d é c a d a e m q u e m a is de d e z d ife if e r e n tes te s teo te o log lo g ias ia s do NT fossem publicadas, tendo este evento ímpar ocorrido entre 1967 e 1976.1 1976.1 E ê surp reend ente que nenh um do doss estudios estudiosos os que pr p r o d u z ira ir a m e s tes te s t r a b a l h o s c o n c o r d e a r e s p e ito it o d a n a t u r e z a , f u n ç ã o , método e escopo da teologia do NT. Norman Perrin, da Universida de de Chicago, começa um recente artigo em jornal sobre a teologia do NT com com a afirm ação categórica: “ O estudo estudo acadêm ico da Teologia Teologia do NT está hoje num estado de con fusã o.” 2 O estudioso alem ão póspós1 A prim eira teologia do NT desta dé cada foi pu blicad a por por H. C onze lm ann , G n i n dr d r is s d e r T h e o lo g ie d e s N e u e n T e s t a m e n t s (Munique, 1967), trad. ingl.: Air A ir O u t l in in e o f t he h e T h e ol o l og o g y o f t he h e N e w T e s t a m e n t (New York, 1969); K. H. Schelkle, Theologie des Neuen Testaments, 4 vols. (Düsseldorf, 1968, 74), trad. ingl.: T h e o l o g y o f t h e N e w T e s t a m e n t , 4 vols. (Collegeville, Minn., 1971,77); W. G. Kümmel, D i e T h e o l o g ie d e s N e u e n T e s t a m e n t s n a c h s e i n e n H a u p t z e u g e n : J e s u s - P a u l u s Jo J o h a n n e s (Gõttingen, 1969), trad. ingl.; T h e T h e o l og o g y o f t he he N e w T e s t a m e n t A c c o r d i n g to I t s M a j o r W i tn e s s e s : J e s u s -P a u l- J o h n (Nashville, 1973); J. Jeremias, N e u t e s t a m e n t l i c h e T h e o lo g ie . E r s t e r T e il: il : D i e V e r k ü n d i g u n g J e s u (Gütersíoh, 1971), trad. ingl.: N e w T e s t a m e n t T h e o lo g y : T h e P r o c l a m a t i o n o f Je s u s (New York, la B iblia II e t IT ITT: Nuevo T estam en to, 1 vols. 1971); M. G. Cordero, Teologia de la (Madri, 1972); G. E. Ladd, A T h e o l o g y o f t h e N e w T e s t a m e n t (Grand Rapids, M ich ., 1974), trad. trad. port.: T e o lo lo g ia ia d o No N o v o T e s t a m e n t o , (Rio de Janeiro, JUERP, 1985); C. R. Lehmann, B i b l i c a l T h e o lo g y , 2: N e w T e s t a m e n t (Scottdale, Pa., 1974); E. Lohse, Grundriss der neutestamentlichen Theologie (Stuttgart, 1974); L. Gop lo g ie ie d e s N e u e n T e s t a m e nt n t s , 2. vols. (Gõttingen, 1975-76); S. Neill, Je J e su s pelt, T h e o lo T h r ou ou g h M a n y E y e s . I n t r o d u c t io i o n t o th th e T h e o lo lo g y o f N e w T e s t a m e n t (Nashville, t a m e n t in i n T u l k i n ti ti n f a t u t k i m u s (Porvoo-Hel1976); A. T. Nikolainen, U u d e n T e s ta sinki, 1971). 2 N. Perrin, “Jesus and the Th eology of the New T esta m en t” , consu ltar na Ca tholical Biblical Association, Denver, Colo., 18 a 21 de agosto, 1975.
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bu b u l t m a n n i a n o E . K ã s e m a n n r e to r n o u n o v a m e n te a a s p e c tos to s e s s e n ciais da teologia do NT. Num ensaio recenle sobre o assunto, ele faz uma reflexão a respeito do ensaio programático de William Wrede, escrito escrito em em 1897,3 e con conclui clui que nesta “ p en etraç etr ação ão sem pa r, reflexão reflexão radical e concentração brilhantemente concisa sobre o essencial, o autor Wrede revelou o beco sem saída em que nos encontramos hoje — ou ao q u a l n o v a m e n te r e t o r n a m o s ” .4 E s t a a v a lia li a ç ã o n ão d e ixa ix a de se relacionar relacio nar com as opiniões de de Jam es A. Ro bin so son.5 n.5 R. M organ, org an, da Universidade de Lancaster, está seguramente certo ao afirmar que “A teologia do Novo Testamento é um ponto crucial no debate teol teológi ógico co con tem po rân eo ."0 Este Este de bate prossegue com força total e às vezes vezes se se inflam a. Muitos problemas básicos no debate contemporâneo sobre a teolo gia gia do NT não estão desvinculad de svinculados os daqueles daqu eles da teologia do A T .7 Em ambos os casos casos,, o debate se se preo cup a com com pro blem as fun dam entais, e não com aspectos periféricos. Podemos ilustrar a afirmativa com a questão do lugar de Jesus na teologia do NT. R. Bultmann começa sua famosa teologia c o m o enunciado: “A mensagem de Jesus é mais uma pressuposição para a teologia do NT do que uma parte da teologia teologia em em si. ” 8 Ele acha que a pró pria pr ia teologia teologia do NT come ça com a íeologia de Paulo. Após uma longa reflexão, Perrin aceitou o dictum de Bultmann. Perrin agora crê que a proclamação de Jesus é “a pres suposição suposição ddoo Novo Novo T estam es tam en to” .9 Como tal, não é em si um a p ar te da teologia do NT. Enquanto Bultmann inclui a “mensagem de Jesus” como uma parte de sua história da religião como introdução à teologia teologia do N T ,10 ,10 E. K ãsem ãse m an annn e G. Strecke Stre cke r começam com eçam suas confe confe rênc ias sobre a teologia do NT com a teologia de Pa u lo .11 .11 H . Co Conzel nzel mann omitiu uma parte sobre a mensagem de Jesus, em sua teologia 3 W. Wrede, “Uber Aufgabe und Methode der sogenannten neutestamentlichen Theologie”, D a s P r o b l e m d e r T h e o l o g i e d e s N e u e n T e s t a m e n t s , ed. G. Strecker (Darmstadt, 1975), p. 81-154, trad. ingl.: "TheTask and Methods of ‘New Testa ment Theology'”, por R. Morgan, T h e N a t u r e o f N e w T e s t a m e n t T h e o l o g y (SBT 2/25; L. Londres, 1973), p. p . 68-116. 4 E. Kãsemann, ‘‘The Problem of a New Testament Theology", N e w T e s t a m e n t S t u d i e s 19(1973), p. 237. 5 J. A*. Rob inson, ‘‘T he Future of N ew Testa m ent T heo logy” , R e l i g io u s S t u d y R e view 2 (1976), p. 17-23. 6 R. Morgan, T h e N a t u r e o f N e w T e s t a m e n t T h e o lo l o g y, y , p. 1. 7 Veja Gerhard F. Hasel, Old Testament Theology: Basic Issues in the Current De 1975). b a t e (2 .a ed.; Grand Rap ids, Mich., 1975). o l og o g y o f t he he N e w T e s t a m e n t (Londres, 1965), I, p. 3. 8 R. Bultmann, T h e ol 9 N. Perrin, T he h e N e w T e s t a m e n t : A n I n t r o d u c ti t i o n (New York, 1974). Ver o titulo do 12.° e do último capítulos. 10 Bultmann, T h e o lo lo g y o f t h e N T , I, p. 3-32. 11 G. Strecker, ‘‘Das Problem der Theologie des Neuen Testaments”, D a s P r o b l e m d e r T h e o l o g ie d e s N T , p. 1-31, esp. 30; Kãsemann, “ T he h e P r ob o b le le m o f a N T T h e o logy", p. 243.
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do NT. W . G. K üm m el12 e E. Lohse1-’ en co ntram -se no outro extremo. Ambos apenas começam a proclamação de Jesus. J. Jere mias é antigo particip an te deste debate e tra ta da mensagem de Jesus em um volume inteiro sobre a teologia do N T .'4 O estudioso britânico S. Neill afirm a sem hesitação, em seu último trab alh o sobre a teologia do NT: “ T od a teologia do Novo T estam ento tem que ser um a teologia de Jesus ou não é abso lutam ente n a d a .” 15 Profundos problemas históricos, teológicos, filosóficos e metodoló gicos se escondem atrás destas posições díspares. Os problemas que subjazem a estes posicionamentos podem ser melhor apreciados e entendidos com base no desenvolvimento histórico dos estudos do NT em geral e da teologia do NT em particular. Esta é a razão para começarmos nossa discussão das questões básicas no debate contem porâneo sobre a teologia do NT com um exame histórico dos prim órdios e do desenvolvimento da teologia do NT (Capítulo 1). É evidente que o presente tem suas raízes no passado e não pode ser adequada mente entendido sem o seu conhecimento. A seleção de assuntos, no corrente debate, em termos da questão da metodologia (Capítulo 2), os vários problemas associados ao centro do NT (Capítulo 3) e a variedade dc aspectos relacionados à teologia do NT e ao AT, isto é, o relacionamen to entre os Testam entos (Capítulo 4) não pretendem ser exaustivos e completos. Eles buscam abordar aqueles fatores e questões que parecem exercitar os estudiosos contemporâneos de várias escolas de pensamento e que são grandes problemas não resol vidos. Nas bases de nossa discussão, tentamos fornecer algumas sugestões preliminares para se fazer teologia do NT (Capítulo 5). Uma farta bibliografia procura servir como fonte para estudos e pesquisa pessoal. Esperamos que o leitor se sinta estim ulado a se empenhar em pensamentos informados e criativos à medida que for se familiarizando com as questões básicas, no debate atual sobre a teologia do NT.
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Kümmel, The Theology of the N T, p. 22-135. Lohse, G rundriss der ntl. Theologie. p. 18*50. Jeremias, N T Theology: Th e P rncla m u ti on o f Jesu s { 1971). Neill, Jesus Th rou gh M an y h'y es, p. 10.
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Primórdios e Desenvolvimento da Teologia do N T Este capítulo oferece um exame histórico das principais tendências dos primórdios da teologia bíblica. Damos uma ênfase especial ao desenvolvimento da teologia do NT1a partir do início do século XIX2 às primeiras décadas deste século. O debate atual sobre o escopo, propósito, natureza e função da teologia do N T3 tem suas origens no passado e com freqüência no passado distante. A teologia do Novo Te stam ento é a fonte principal d a teologia bíblica e, p ortan to, devem ser estu dadas ju n tas .
A. Da Reforma ao Iluminismo A Igreja pós-NT dos primeiros séculos do cristianismo não desen volveu nenhuma teologia bíblica nem do NT. A razão foi o dictum de que o conteúdo dos escritos canônicos, se corretamente entendido, era idêntico ao dogma da Igreja e tido como de validade universal.4 1 Entre as principais histórias da teologia do NT se enco ntram as seguintes: R. Schnackenburg, N e u te sta m en tlic h e Theologie . S ta n d d e r F orschung (2.a ed.; Munique, 1965), trad. ingl. feita da primeira edição de 1963: N ew T e sta m e n t Theology Today (Londres, 1963); H.-J. Kraus, D ie b ib lis c h e Theologie . Ih re G e s c h i c h t e u n d P r o b l e m a t i k (Neukirchen-V luyn, 1970); O. Merk, B ib lisch e T h eo logie des Neuen Testam ents in ihrer A nfa ng szeit (Marburgo, 1972); W. Harrington, T h e P a t h o f B i b l i c a l T h e o l o g y (D ub iim , 1973); L. G opp elt, Theologie des N euen T esta m en ts (Gõttingen, 1975), p. 19-51; G. Strecker, “Das Problem der Theologie des Neuen Testaments”, em D a s P ro b lem d e r T h eologie d e s N eu en T e s t a m e n t s (Darmstadt, 1975), p. 1-31. 2 A primeira teologia do NT do século foi publicada por G. L. Bauer, B ib li sch e T h e o lo g ie d e s N e u e n T e s t a m e n t s ( L eipzig, 1800-1802). 3 Isto tem sido radicalm ente questionado por J. M. R obinso n, "D ie Zukunft der neutestam entlichen Th eologie” , N eues T e sta m e n t u n d c h ristl ic h e E xis ten z. F est sch rif t f ü r H . B raun zu m 70. G e b u rtsta g am 4. M a i 1 9 7 3 , ed. H. D. Bctz (Tübin gen, 1973), p. 387-400; trad. ingl.; “The Future of New Testament Theology", R elig iou s S tu d ies R evie w 2(1976), p. 17-23. 4 O. Kuss, "Zur Hermeneutik Tertuilians". Schriftauslegung, Beitrage zur Herme n e u tik d es N T u n d im N T , ed. ]. E m st (M unique, 1972), p. 55-87.
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D uran te a Idade M édia, a Igreja Católica Ro m ana considerava o NT, como o AT, uma parte da tradição eclesiástica.5Não se lia o NT fora da ou contra a tradição, porém mais ou menos interpretado pela tradição ou levado a harm oniza r-se com ela. A Refo rm a libertou-se da tradição eclesiástica e da teologia escolástica 6 e usou como bra do de guerra o princípio p rote stan te da "sola scrip tura ” .7 Com este princípio, a Es critura passou a não mais ser in terpre tada pela tradição. Reconheceu-se na Es critura uma autoridade superior à tradição, que resultou na auto-interpretação da Escritura (,sui ipsius interpresf e se tornou a fonte do desenvolvimento subseqüen te d a teologia bíblica. Entre os reformadores, a contribuição de Martinho Lutero foi particula rm ente sig nificativa.9 Ele rejeitava fundam entalm ente o sentido quád ruplo da E sc ritu ra 10 e desenvolveu sua “ nova” he rm e nêutica entre 1516 e 1519. A ênfase no contraste entre “letra e espírito” (littera et spiritus),'1 a distinção determinante de “lei e evangelho” (lex et evangelium ) , 12 e o princíp io cristológico “ O que manifesta Cristo” (was Christum treibet ) 13 m arca m a essência da “nova” hermenêutica da “sola scriptura” de Lutero. O princípio da “sola scriptura” funciona, para Lutero, de duas maneiras: (1) a dis tinção entre Cristo e Escritura, isto é, a verdadeira Escritura é a "que manifesta Cristo”, e (2) a diferença resultante entre lei e 5 W. G. Kümmel, The New Te stam ent: The H istory o f the Investigation o f Its P ro b le m s (Nashville. 1972), p. 13-19. 6 Impulsos decisivos nesta direção são encontrados no hum anismo , particularm ente através de Erasmo (cf. E. W. Kohls, D ie T h eologie d e s E ra sm u s CBasiléia, 1966], I, p. 126 e ss.; H, Sch litigensiep en, “ Erasm us ais E xeg et” , Z e its c h r ift f ü r K irch en g e sc h ich te II [19 29 ] p. 16-57), Lauren tius V alia (cf. E. M ühlen berg , “ Laurentius Valia ais Renaissancetheologe", Z T h K 66 [1969], p. 466-480), e Cajetan (G, Hennig> C a j e t a n u n d L u t h e r (Stuttgart, 1967). Estes hum anistas consideravam que a Bihlia e a tradição se aproximavam, mas a autoridade eclesiástica permanecia suprema. 7 A função da “ sola scriptura" no período pré-Reforma é resum ida por H. Obermann, T h e H a r v e s t o f M e d i e v a l T h e o l o gy (2.a ed,; Grand Rapids, Mich.. 1967), p. 201. 361-363, 377, 380-390. 8 G, Ebeling, “The Meaning of ‘Biblical Theology"’, W o r d a n d F a i t h (Londres, (1963), p. 81-86. 9 Ver K. Holl, “Luthers Bedeutung für Fortschritt der Auslegungskunst” G e sa m m e lte A u fs a tz e z u r K irc h e n g e sch ic h te (6.a ed.; Tübingen, 1932), I, p. 544582; F. Hahn, “Luthers Auslegungsgrundsàtze und ihre theologischen Voraussetzungen ” , Z e itsc h rift f ü r syste m . Theo lo gie. 12 (1934), p. 165-218; G. Ebeling, “Die A nfange von Luthers H ermeneutik” , Z T h K 48 (1951), p. 172-230. 10 Ver suas conferências sohjre Gálatas (W A 57, p. 95 e s.) e Romanos (W A 56, p. 175-439) e tamb ém W A 2, p. 249 e ss.; W A 5, p. 644 e ss. 11 Ver, por exem plo, W A 3, p. 11-17, 254-257, 456 e s. 12 Por exemplo, W A 4, p. 45-49, 97, 135, 174-176. P. Schempp, L u th ers S tellu n g z u rH e ilig e n S c h rift (Munique, 1929), p. 70-78. 13 Ver W A , DB 7, p. 384; W A 3, p. 492; W A 4 , p. 379; W A 39 1, p. 47; Teses 41, 49, 51; cf. Ebeling, W o r d a n d F a i th , p. 82 e s.
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evan gelho .14 Com estas distinções, Lutero p rojetou um a enorme sombra, que alcança os nossos dias em forma de questões a respeito da un idad e da Bíblia (e do NT )15 como tam bém do problem a do “cânon den tro do cân on .” lb Lutero e os outros reformadores não aplicavam as conseqüências hermenêuticas do princípio “sola scriptura” ao domínio total da teologia, e assim não desenvolveram o que se tornou conhecido como a disciplina teologia biblica. A designação “teologia bíblica’’ é em si ambígua, pois pode ser usada com duplo sentido: (1) Designar uma teologia que tem suas origens nos ensinamentos da Escritura e sua base nela17 ou (2) desig nar a teologia que a Bíblia em si contém .18 No segundo sentido é um a disciplina teológica específica, que se bifurcou ao longo das linhas da teologia do A T 19 e da teologia do NT na vira da do século XVIII par a o século X IX .20 Os precursores daqueles que desenvolveram o termo “teologia bí blica" pertencia m à reform a radic al, isto é, o movimento, anabatis14 Merk, B ib lisch e T h eolo gie d es N T , p. l i e s . 15 Ver A. Stock, E in h e it des N euen T esta m e n ts (Zürich/Finsiedeln, Kõln, 1969); A. Kümmel, “Mitte des Neuen Testaments", E É van gil e h ie r e t au jo u rd'h ui. M ela n g es o fferts au F.-J. L e e n h a rd t (Genebra, 1968), p. 71-85; F. Courth, “Der historische Jesus ais Auslegungsnorm des Glaubens”, M ü n ch en e r th eola fi ische Z eitsc h rift 25 (1974). p. 301-316; W. Schrage. “Die Frage nach der Mitte und dem Kanon im Kanon des Neuen Testaments in der neueren Diskussion”, R ech tfe rtig u n g . F estsch rift f ü r E. K ã sem an n zu m 70 G e b u rtsta g , eds. J. Friedrich, W . P ôhlman e P. Stuhlm achcr (Tüb ingen, 1976), p. 415-442. 16 Ver E. Kãsemann, ed., D as N eu e T e s ta m tn t ais K a n o n . D o k u m e n ta tio n u n d kritisch e A n a ly se z u r G eg en w ã rtig en D isku ssion (Gõttingen, 1970). J. Barr ( The Bible in the Modern World (New York, 1973), p. 30-40) afirma que a Bíblia é “soteriologicamenle funcional". Inge Lónning, K a n o n im K a n o n . Z u m d o g m a tischen G ru n dlag en p ro h le m d e s n eu testa m en tlic h e n K a n o n s ("Forschungen zur G eschichte und Lchre des Protestantism us") (10/X L III) (M uniqu e, 1972); F. M ildenberger, "The Unity, Truth and Validity of the Bible", In te rp re ta tio n 29 (1977), p. 391-405, esp. p. 399-404. 17 Neste sentido, F. C. Baur ( Vorlesungen über neutestamentliche Theologie, ed . F. F. B aur CLeipzig, 1864 1 p. 2) e antes dele D. Sche nk el (" D ie A ufgab e der biblischen Th eologie In dem gegenwãrtigen E ntwicklungsstadium der theologischen Wissenschaft", Theologische Studien und Kritiken 25 [1852], p. 40-66, esp. p. 42-44) sugeriram que os reformad ores se enga jassem na teologia bíblica. 18 W. Wrede, U b e r A u f g a b e u n d M e t h o d e d e r s o g e n a n n te n n e u t e s ta m e n t l ic h e r Theologie (Gõtingen, 1897), p. 79, reimpresso em D a s P ro b le m d e r T h eo logie des N euen T e sta m e n t, ed. G. Strecker (Darmstadt, 1975), p. 81-154, esp. p. 153; trad. ingl., “The Task and Methods of 'New Testament Theology’", de R. Mor gan, T h e N a t u r e o f N e w T e s t a m e n t T h e o lo g y (SBT 2/25; Londres, 1973), p. 68116, esp. p. 115; Ebeling, W o r d a n d F a i t h , p. 79-81; K. Stendahl, “Method in the Study of Biblical Theology ", T h e B i b le i n M o d e r n S c h o l a r s h i p , ed. J. P. Hyatt (Nashville, 1965), p. 202-205; Merk, B ib lisch e T h eologie des N T , p. 7 e s. 19 O D esenv olvim ento e as questões atuais da teolog ia do A T são d escritos no primeiro volume desta obra, G. F. Hasel, Old Testament Theology: Basic íssues in the C u r re n t D e b a t e (2.a ed.; Grand Rapids, Mich., 1975). 20 G. L. B auer foi o primeiro a tratar da teologia dos dois T estam ento s sep arad am en te. Ver acima, n.° 2.
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ta ,21 no tada m ente Osw ald G lait e A ndre as F ischer, por volta de 1530.22 M as somente cem anos depois a expressão “ teologia bíblic a” aparece de fato pela primeira vez no D euts che biblische Theologie (Kempten, 1629) de Wolfgang Jacob Christmann. Seu trabalho hoje não existe mais.23 Mas o trabalho de Henricus A. Diest, intitulado Theologia Biblica (Daventri, 1643) está disponível e perm ite a prim ei ra visão pro fun da na natu rez a de um a disciplina em ergente. Entendese que a “teologia bíblica” consiste de “textos-prova” da Bíblia, extraídos indiscriminadamente de ambos os Testamentos, a fim de manter os tradicionais “sistemas de doutrina” da antiga ortodoxia protestante. O papel subsid iário da “ teologia bíblica” contra a dogmática foi firmemente estabelecido por Abraham Calovius, um dos mais significativos representantes da ortodoxia protestante, quando ele usou "teologia bíblica” como designação do que antes se chamava theologica exe getica .24 Em sua obra os “textos-prova” bíbli cos, que se chamavam dieta probantia e mais tarde se designaram collegia biblica, tinham o papel de sustentar a dogmática. A contri buição perm anente de Calovius foi desig nar à teolo gia bíb lica o papel de disciplina subsidiária, que apoiava as doutrinas ortodoxas protes tantes. A teologia bíblica como disciplina subsidiária da dogmática ortodoxa é evidente nas teologias de Sebastian Schmidt (1671), Johann Hülsemann (1679), Johann Heinrich Maius (1689), Johann W ilhelm Baier (1716-19) e C hristian E be rh ard W eis m an n (1739).25 A ênfase de volta à Bíblia do pietismo alemão fez aflorar uma m ud an ça de direção p ar a a teologia bíblic a.26 No pietismo a teologia bíb lica tornou-se um in strum ento da reação contra a árida orto doxia p rotestante.27 Philip p Jacob Spener (1635-1705), um dos fundadores do pietismo, fazia uma oposição entre o escolasticismo protestante e a 21 Ver W . Klnssen, “ An abaptist Herm eneutics". M e /m o n ile Q u a rterly R evie w 40 (1966), p. 83-111; idem, C o v e n a n t a n d C o m m u n i t y (Grand Rapids, Mich., 1967). 22 G. F. Hasel, “Capito, Schwenckfeld and Crautwald on Sabbatarian Anabaptist Theology”, M e n n o n ite Q u a rterly R eview 46 (1972), p. 41-57. 23 Citado em M. Lipensius, B ib lio th e c a realis th eo log ica o m in iu m m arteria ru m (Frank furt, 1685 ), tom o I, col. 1709, e primeiro citado por Eb eling, W o r d a n F a ith , p. 84 n.° 3. 24 Calovius, S y s t e m a l o c or u m t h e o lo g i c o ru m I (Wittenbergue, 1955). 25 Schmidt, Collegium Biblicum in quo dieta et Novi Testamenti iuxta seriem loco ru m co m u n iu m th eo lo g ico ru m e x p lin a tu r (Estrasburgo, 1671); Hülsemann, Vin dicia e S a n c ta e S c rip tu ra e p e r lo ca cla ssica siste m a tis th e o lo g ic i (Lipsiae, 1679); Maius, Syno psis theologiae jud icae veteris et nova (Giessen, 1698); Baier, A n a lysis et vindicatio illustrium scripturae (Altdorf, 1716-19); Weissmann, In stitu tio n es th eo lo g iae e x eg e tic o -d o g m a tica e (Tübingen, 1739). 26 O. B etz, “History of Biblical T heo logy” , ID B , I, p. 432, 27 R. C. Dentan, P refa ce to O T Th eology (2.a ed.; New York, 1963), p. 17; Merk, B ib lisch e T h eologie d es N T , p. 18-20; K ra u s, B ib lisch e T h eo lo g ie, p . 24-30.
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“teologia bíb lica ” .28 A influên cia do pietism o se reflete nos trab alhos de Carl Haymann (1708), J. Deutschmann (1710) e J. C. Weidner (1722), que fazem uma oposição entre os sistemas ortodoxos de dou trina e a “ teologia b íb lic a" .29 Logo em 1745 a “ teologia bíblic a” sep ara-se cla ram en te d a teologia dogmática (sistemática) e a primeira é tida como a fundação da segunda.Isto significa que a teologia bíblica se emancipa de um papel m eram ente subsidiá rio à dogmática. Inerente a este novo desenvolvimento encontra-se a possibilidade de a teologia bíblica poder to rnar-se rival da dogm ática e transform ar-se num a disciplina completamente separada e independente. Estas possibilidades se realizaram sob a influência do racionalismo na época do iluminismo.
B. A Era do Iluminismo Na era do iluminismo ( A u fkla run g ) um enfoque totalmente novo para o estu do da Bíblia se desenvolveu, sob diversas influências. Em primeiro lugar estava a reação do racionalismo contra qualquer form a de sup erna tura lism o.31 A razão hum an a foi elevada a critério final e fonte principal de conhecimento, o que significava que a autoridade da Bíblia como o registro infalível da revelação divina foi rejeitada. O segundo ponto de partida principal do período do iluminismo foi o desenvolvimento de uma nova hermenêutica, o método histó rico -crítico,12 que ain da hoje influencia os estudiosos 28 P. J. Spener, Pia ü e s id e r ia (Frankfurt, 1675), trad. e editado por T. G. Tappert (Filad élfia, 1964), p. 54 c s. 29 Haymann, B ib lisch e T h eologie { Leipzig, 1708); Deutschmann, Theologia Biblica (1710); W eidner. D e u tsch e T h eolog ie B ib lic a (Leipzig, 1722). 30 De um artigo não assinado, publicado em J. H. Zeller. ed., Grossas vollstandiges Universallexikon (Leipzig und Halle, 1754; reimpresso por Graz, 1962), Vol. 43, cols. 849 , 866 e s., 920 e s. Ct, M erk, B ib li sch e T h eologie d es N T , p. 20. 31 O deísm o inglês conforme represen tado por John Locke (1632 -170 4), John To land (1670-1722), Matthew Tindal (1657-1733) e Thomas Chubb (1679-1747), com ênfase sobre a supremacia da razão sobre a revelação encontrou um paralelo no' continente na "ortodoxia racional” de Jean A. Turrentini (1671 1737), e figuras como S, J. Baumgarten, J. Semler (1725-1791), J. D. Michaelis (1717-1791). Ver W. G. K üm mel, The NT: The H istory o f the Investigation o f Its Problem (Nashville, 1972), p. 51-72; H.-J. Kraus, Geschichte der historisch-kritischen E rfo rsch u n g d es A T ( 2 .a ed.; N eukirchen -Vluy n, 1969), p . 70 e ss. 32 G. Ebcling, ‘‘Thu Significanec of the Criticai Historical Method íor Church and Theology in Protestantism”, W o r d a n d F a i t h , p. 17-61; U. Wilkens, "Uber die Bed eutun g historischer K ritik in der B ibelexeg ese” , W a s h e i s s t A u s l e g u n g d e r H eil ig en S c h rift? eds. W. Joest et. al. (Regensburg, 1966), p. 85 e ss.; J. E. Benson, “The History oft he Historical-Critical M ethod in the Church", D ia log 12 (1973), p. 94-103; K. Scholder. Urspriinge und Prubleme der Bibelkririk iti 17 J ah rh u n dert. Ein B eitra g z u r E n tste h u n g d e s h isto ris ch k rili sc h e n T h eologie (Munique, 1966); E. Krentz, The H istorical-Critical M etho d (Filadélfia. 1975); G. Maier, D as E n de der h isto ris ch -k rit isch en M e th o d e (2.a ed.; Wuppertal, 1975). Trad. ingl. T h e E n d o f t h e H i s to r i c a l- C r i ti c a l M e t h o d (St. Louis, 1977).
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liberais e vai mais alé m ,” em bo ra não se deva men ospreza r o fato de que um novo estágio da crítica se nivela contra ele3'1e que ele se en co ntra num a crise me todo lógica .35 O terceiro é a aplicação da crítica literária radical da Bíblia desenvolvida por J. B. Witter (1711) e J. Astruc (1753) para o AT, e J. J. Griesbach (1776), G. E. Lessing (1776) e J. G. Eichhorn (1794) para o NT. Fi nalmente, o racionalismo, por sua própria natureza, foi levado a ab an do na r a opinião ortodoxa da inspiração da Bíblia, de modo que a Bíblia passou a ser principalmente apenas um dos documentos antigos a ser estudado como qualquer documento antigo. ''1 Sob o ímpeto parcial do pietismo e com uma forte dose de racionalismo, as publicações de Anton Friedrich Büsching (1756-58) revelam pela primeira vez que a “teologia bíblica” se tornara rival da do gm ática.37 A dogm ática pro testan te, tam bém ch am ad a de “ teolo gia escolástica” , é criticad a por suas especulações vazias e teorias 33 Krentz ( T h e H i s to r i ca l - C r it ic a l M e t h o d , p. 76) fala da “trégua desconfortável do conservadorismo” com o método histórico-crítico. Ele se refere a G. E. Ladd (The New Testament and Criticism (Grand Rapids, Mich., 1967), que muda certas pressuposições racionalistas. 34 Ver especialmente H. Frey, “Um den Ansatz Theologischcr Arbeit’’, A b ra h a m unser Vuter. F estschrift fü r O. M ichel (Stuttgart, 1963), p. 153-180; A. Nitschkc, “Historische Wissenschaft und Bibelkritik”, E vT h 27 (1967), p. 225-236; W. Marxsen, D e r S tre il un d ie B ib e l (Gladbeck, 1965); R. M. Frye, “A Literary Perspective for the Criticism of the Gospels", Jesus a n d M a n 's H o p e (Pittsburgh, 1971), II, p. 193-221; idem, “On the Historical-Critical Method in New Testa ment Studies; A Reply to Professor Ach tem eier” , P e rsp e ctive 14 (1973), p. 28-33; G. Maier, D as E n d e d er h isto risch -k ritisc h e n M e th o d e. 35 Os seguintes livros fornecem uma introdução à crise: W. Pannenberg, Grundfra gen sys te m a tis c h e r T h eologie (Gõttingen, 1967), p. 44-78. Trad. ingl. B asic Questions in Theology (F iladélfia, 1971), p. 38-80; F. Hah n, “ Problem e historischer Kritik’’, Z N W 63 (1972), 1-17; K. Lehm ann, “ Der herm eneutische Horizont der historisch-kritischen E xeg ese” , E in fü h ru n g in die M eth o d en d e r bi~ blis chen E xeg ese, cd. J. Schreiner (Tyro lia, 1971 ), p. 40-80; M. H enge l, “ H is torische Methoden un d theologische Auslegung des Neuen T estamen ts", K e ry g m a u n d D o g m a 19 (1973), p. 85-90; F. Beisser, “Irrwege und Wege der historischkritischen Bibelwissenschaft; Auch ein Vorschlag zur Reform des Theologiestudiums", N eu e Z e itsc h r ift f ü r syste m . T h eo logie u n d R elig io n sp h ilo so p h ie 15 (1973), p. 192-214; R. Surburg, "Implications of the Historical-Critical Method in Interpreting the OT", Crisis in Lutheran Theology, ed. J. W, Montgomery (M inneapo lis, M inn., 1973), II, p. 48-80; H asel, O T T h e o l o g y , p. 59-61, 72-75, 132-137; P. Stuhlmacher, S c h r i ft a u s le g u n g a u f d e m W e g e z u r b i b li s ch e n T h e o l o g ie (Gõttingen, 1975), p. 59-127. 36 A figura principal é J. S. Semler, cuja obra de quatro volumes, A b h a n d lu n g von d e rf fe ie n U ntersu ch u n g des K a n o n s (1771 -75), lutava contra a doutrina ortodoxa da inspiração. H.-J. Kraus, Geschichte der historisch-kritischen Erforschung des A T , p. 103-113. 37 F. Büsching, D isse rta tio in au gurali s ex h ib en s e p ito m e n th eo lo g iae e soli s lit eris sacris co n cin n ata e (Gõttingen, 1756); idem, E p ito m e Th eologia e (Lemgo, 1757); idem, G e d a n k e n v o n d e r B e s c h a f f e n h e i t u n d d e m V o r zu g d e r b i b l is c h - d o g m a ti sch en T h eolo gie vo r d e rsc h o la stisc h e n (Lemgo, 1758).
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inertes. G. Ebeling sintetizou competentemente que “de meramente uma disciplina subsidiária da dogmática a ‘teologia biblica’ tornouse agora rival da dog m ática p red om ina nte .”38 Um dos mais importantes catalisadores na “revolução da herme nêutica”39 foi o racionalista Johann Solomo Semler (1725-1791), cujo trabalho de quatro volumes “Treatise on the Investigation of the Canon" (1771-75) declarava que a Palavra de Deus e a Escritura Sag rada não são ab solu tam ente idên ticas .40 Isto implicava em que nèm tod as as pa rtes da Bíblia foram inspirada s41 e que a Bíblia é um documento puramente histórico, que, como qualquer outro, deve ser investigado com uma metodologia puramente histórica e, portanto, crítica .42 Resu lta disto que a teologia não p od e ser n ad a mais que um a disciplina histórica que está num a posição de antítese em relação à dogm ática trad iciona l.43 Deu-se um passo altamente significativo em direção à separação da teologia bíblica da dogmática na obra de quatro volumes de teologia bíb lica (1771-75) de Gotthilf T raugott Z acharia (1729-1777).44 Sob a influência da nova orientação na dogmática e na hermenêutica ele tentou construir um sistema de ensinamentos teológicos baseado num cuidadoso traba lho exegético. C ada livro das Esc rituras tem sua própria época, lugar e intenção. Mas Z achariâ se ateve à in spiração da Bíblia,45 como J. A. Ernesti (1707-1781),46 cujo método bíblicoexegético ele seguiu.47 A exegese histórica e o entendimento canônico da Escritura não entram em choque no pensamento de Zachariâ, porque “-o aspecto histórico é um a questão de im portância secundária na teologia” .48 Deste modo, não h á necessida de de se fazer d istinção entre os Testamentos. Eles se encontram em ligação recíproca entre si. Basicamente, o interesse de Zachariâ ainda estava no sistema dogmático, que ele preten dia limp ar de impu rezas.
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Ebeling, W o r d a n d F a i th , p. 87. Dentan, P refa ce, p. 19. Kümmel, T h e N T : T h e H i s to r y , p. 63. G. Hornig, D ie A n fa n g e d e r h isto risc h -kritis ch e n T h eologie (Gõttingen, 1961), p. 56 e ss. Merk, B ib lisch e Theolo gie des N T , p. 22. Hornig, D ie A n fà n g e, p. 57 e s.; M erk, B ib lisch e T h eologie des N T , p. 23 e s. G. T. Zacharia, B ib lis ch e Th eologie o d e r U n tersu c h u n g d e s b ib li sch en G ru n des d e r v orn eh m sten th eolo gisch en Leh ren {Gõttingen e Kiel, 1771-75); Dentan, P reface, p. 21; Kraus, B ib lis ch e T h eologie, p. 31-39; Merk, B iblis ch e Th eologie , p. 23-26. Zachariâ, B ib lisch e T h eo lo g ie , I, vi. J. A . Ernesti, I n stitu tio in terpres N o v i T e sta m e n ti (Leipzig, 1761); Kümmel, T h e N T : T h e H i s to r y , p. 60 e s. Kraus, B ib lisch e T heologie, p. 35. Zachariâ, B ib li sch e T h eolog ie , 1, lxvi.
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Os tra ba lhos de W. F. H ufnagel (1785-89)49 e do rac ion alista C. F. von Am mon (1792)50 dificilmente se distingu em em e str utu ra e objetivo daquele de Zacharia. A teologia bíblica de Hufnagel consiste em “uma seleção histórico-crítica de textos-prova bí blicos a favor da dog m ática''.51 Von Ammon to mou idéias de Semler e dos filósofos Lessing e K ant e apre sen tou, na realida de, mais uma “teologia filosófica”. É significativa em seu tratamento uma avaliação mais alta do NT do que do A T .52 o que é um prim eiro passo em direção a um trata m en to indepen den te da teologia do A T ,53 o que realizou qu atro anos mais tard e através de G. L. Bauer. O neologista e racionalista Johann Philipp Gabler (1753-1826), que nunca escreveu ou seque r teve a intenç ão de escrever um a teologia bíblica, ofereceu a mais decisiva e abrangente contrib uição ao desenvolvimento da nova disciplina em sua aula inaugural na Univer sidade de. A ltdorf em 31 de m arço de 178 7.54 Este ano m arca o início do papel da teologia bíblica como uma disciplina puramente histó rica, completamente independente da dogmática. Diz a famosa defi nição de Gabler: “A teologia bíblica possui um caráter histórico, que transmite o que os escritores sagrados pensavam a respeito das questões divinas; a teologia dogmática, pelo contrário, possuí um caráter didático, ensinando o que determinado teólogo filosofa sobre as questões divinas, de acordo com sua capacidade, época, idade, lugar, doutrina ou escola, e outras coisas do gênero.”55 O enfoque indutivo, histórico e descritivo de G abler a respeito da teologia bíblica se baseia em três considerações metodológicas essenciais: (1) A ins piração não deve ser levada em conta, porque o “ Espírito de Deus não destruiu em nenhum homem santo sua habilidade própria de enten
49 W. F. Hufnagel, l l a n d b u c h d e r b i b li sc h e n T h e o lo g ie (Erlangen, Vol. I, 1785; Vol. II, 1789). 50 C. F. von Ammon, E n tw u r f ein er rein en b ib lis ch en T h eolo g ie, 3 vo!s. (Erlangen, 1792). Cf. Kraus, B ib lis ch e T h eolog ie, p. 40-51. 51 D. G. C. von Cò lln, B ib lisch e T h eologie (Leipizig, 1836), I, p. 22. 52 Kraus, B iblisch e T h eo lo gie, p. 51. 53 Dentan, P refa c e, p. 26. 54 J. P. Gabler, ‘'Oratio de iusto discrimine theologicae biblicae et dogmaticae regundisque recte utriusque finibus” [“Sobre a Distinção Correta da Teologia Bíblica e Dogmática e a Correta Definição de Suas Metas”! em K le in e T h eo lo gi sch e S c h r ifte n , eds. Th. A. Gabier e J. G. Gabler (Ulm, 1831). II, p. 179-198. Tradução alemã completa fornecida por Merk, B ib lis ch e T h eolo gie d e s N T , p. 273-284. e reimpressa em D a s P ro b le m d e r T h eologie des N T , ed. G. Strecker (Darmstadt, 1975), p. 32-44; tradução parcial em inglês pode ser encontrada em Kümmel, T h e N T : T h e H i st o ry , p. 98-100. 55 “Oratio”, em K le in e .th eo lo g isch e S c h r ifte n , II, p. 183-184. Cf. R. Smend, “J. P. Gablers Begründ ung der biblischen T heologie" , E vT h 22 (1962), p. 345-367; Kraus, B ib lisch e T h eolog ie, p. 52-59; Merk, B ib lis ch e T h eologie d es N T , p. 29-140.
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der nem a m edida do discernim ento das coisas” .56 O que conta não é a “autoridade divina", mas “só o que eles [os escritores bíblicos] pensaram ” .67 (2) A teologia bíb lica tem a ta refa de reunir cuid adosa mente os conceitos e idéias dos escritores bíblicos individualmente, pois a Bíblia não contém as idéias de apenas um homem. Logo, as opiniões dos escritores da Bíblia precisam ser “cuidadosamente reco lhidas da Bíblia, devidamente organizadas, relacionadas aos concei tos gerais e cuidado sam ente co m pa rad as entre s i. ,. ” 58 Pode-se de sempenhar esta tarefa através de uma aplicação consistente do método histórico-crítico com o auxílio da crítica literária, da crítica histórica e da crítica filosófica.59 (3) A teologia bíb lica com o disciplina histórica está, por definição, obrigada a “distinguir entre vários perío dos da velha e da nova religiã o” .60 A tarefa princip al é investigar quais são as idéias de importância para a doutrina cristã, a saber, quais “se aplicam hoje” e quais não têm “validade para o nosso tempo ” .61 Estas declarações pro gram áticas d eram rum o ao futuro da teologia bíblica (AT e NT), apesar do fato de que o programa de Gabler para a teologia bíblica era condicionado por sua época e contém limitações sign ificativas.62 A meta de uma teologia bíblica “puramente histórica” é pela prim eira vez alc ançada por Georg Lorenz Bauer (1755-1806),6J que, como J. P. Gabler, era aluno de J. G. Eichhorn. Bauer e Gabler eram professores em Altdorf. Bauer deve ser consid erado o prim eiro acadêmico a publicar uma teologia do NT.04 Embora influenciado por G abler, a sua compreensão da teologia bíblica avança significati vamente para além daquele, porque ele vai além da interpretação defendida po r Gab ler p ar a os problemas das questões filosóficas.65 Para Bauer, a “teologia bíblica deve ser um desenvolvimento — purific ado de to dos os conceitos estranhos — da teoria religiosa dos ju deus anteriores a Cristo e de Jesus e seus apóstolos, um desenvolvi mento traçado a partir dos escritos dos autores sagrados e apresenta do em termos dos vários pontos de vista e níveis de entendimento que 5b 57 58 59 60
K le in e th eo log isch e S c h r ifte n . II, p. 186. P. 186; Kümmel, H isto ry, p. 99. P. 187; Kümmel, H isto ry, p. 100. Merk, B ib lis ch e T h eology, p. 68-81. Gabler, “Oratio". em Kleine theologische Sch riften , II, p. 186; Kümmel, H is to ry, p. 99. 61 P. 191; K üm m el, H is to r y . p. 100. 62 Merck, B ib lisch e T h eologie, p. 87-90, 111-113. 63 Ver especialmente Kraus, Uiblische Theologie, p. 87-91 e Merk, B ibli sch e T h eo logie, p. 141-203. t>4 B iblis ch e T h eologie d e s N euen T e s ta m e n ts , 2 vols. (Leipzig, 1800-1802). Um pou co antes ele publicara uma B ib li sch e T h eologie des A lte n T e sta m en ts (Leipzig, 1796), Cf. Hasel, O T T h e o lo g y , p. 22 e s; M eik . B ib lis ch e T heo logie, p. 157-167. 65 Merk, B ib lis ch e T h eo lo g ie, p. 172 e s.
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refletem ” .66 Co nseqü entem ente, ele trat a sepa rada m ente e em se qüência (1) a teoria da religião dos sinópticos, (2) a teoria da religião do Evangelho de João e das Epístolas de João, (3) o conceito de religião do Apocalipse e (4) de Pedro, (5) as Epístolas de II Pedro e Judas, e (6) a doutrina de Paulo. Como "racio na lista histórico-crítico” ,67 a posição determ inan te de Bauer, no desenvolvimento da teologia bíblica (AT e NT), era sua aplicação consistente do método histórico-crítico, sustentada pela ênfase do raciona lismo sobre a razão históric a.68 Sua reconstruçã o histórico-crítica da multiplicidade dos testemunhos bíblicos levantou, entre outros problemas, a questão do relacionamento entre os Testa mentos, um problema em caloroso debate hoje. Outrossim, o proble ma inteiro da teologia bíblica como disciplina puramente histórica, conforme vigorosamente sustentado por Gabler e conseqüentemente por Bauer e outros, é novamente questionado no debate atu al, como também a natureza da tarefa descritiva, Não obstante, Gabler e Bauer são os fundadores da disciplina independente da teologia bíblica e do NT. Foi no período do iluminismo que o método histórico-crítico se desenvolveu e passou a ser ap licado ao estud o da B íblia.69 A influên cia da revolução científica encabeçada por N. Copérnico (1473-1543) e aperfeiçoada por J. Kepler (1571-1630)70 e Galileu Galilei (15641642)71 trouxe um a nova com pre ensão da B íblia.72 As sugestões dos dois últimos cientistas citados relacionavam-se com a independência do estudo da natureza. A ciência não depende mais das informações da Bíblia, mas a Bíblia é que deve ser interpretada através das 66 Bauer, B ib lisch e T h eologie des N T (L eip zig, 1SOO), I, p. 6. A tra du çã o é a en co n trada em Kümmel, T h e N T : T h e H i s t o r y , p. 105. 67 Merk, B ib lisch e T h eolog ie, P- 202, 68 P. 199. 69 A história destes desenvolvimentos é descrita por A. Richardson. The B ible in the A g e o f S cience [Lon dres, 1% 1], p. 9-31, Scholdcr, Urspriinge und Probleme der B ih e lk ritik em 1 7. J a h r h u n d er t , p, 60 c ss., que foi resumida por Krentz ( T h e H h to rica l- C rit icu l M e th o d , p. 10-22), e Stuhlmacher, Schriftauslegung, p. 75-99. 70 J. Híibner, D ie T h eolo gie Jnhartnes K ep le rs zw is ch en O rth o d o x ie u n d N a tu rw is sen sch aft (Tübingen. 1975); A. Deissmann, Johann K e p le r un d die B ib e l (Giessen, 1910). 71 J. J. Langford, Galileo, Science and the Church (New York, 1966); O. Loretz, G alilei un der Irrtum der Inquisition (Münster, 1966). 72 Ver especialmente C.F. von Weizsiickcr. "Kopernikus. Kepler, Galilei", íunsich te n, G e rh a rd K rü g er zu m 60 . G e b u rtsta g (Frankfurt. 1962), p. 376-394; H. Karpp, “Die Beitrãge Keplers und GaJileis zum neuzeitlichen Schriftverstãndnis’’, Z T h K 67 (1970), p. 40-55; R. Hooykaas, R eligion a n d th e R is e o f M od ern S cie n ce (Grand Rapids, M ich.. 1972), p. 35-39; G. F. H asel, “ Founders of the Modern Understandig of the Relation Between Science and Religion” (dis curso não publicado, lido na Michigan Academy of Science, Arts, and Letters. 6 de abril de 1973).
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conclusões da ciência.” Assim, “a autoridade da Bíblia foi diminuí d a " .74 E ra da pertinência das questões da fé e da m o ra l,75 mas não das questões da ciência. Pode-se notar um desenvolvimento similar com respeito à História nos escritos do filósofo político francês Jean Bodin (1530-1596), que argumentava pelo uso da razão na escrita da H istó ria,76 e*na insistência de Joachim V adian na observância quanto à ciência da geogra fia.77 A seguinte controvérsia pré-a dam ita 78 foi acionada po r isaac de la Peyrère, em 1655,79 que aplicava a crítica literária ao Pentateuco. Estes eventos juntaram-se aos avanços no campo da filosofia. René Descartes fez da razão o critério único da verdade e elevou a dúvida a uma extensão ilimitada através da estru tur a total das convicções conven cionais.80 Um pouco mais tarde, Benedito Spino za81 pu blico u seu fam oso Tractatus Theologico-Polilicus (1670), no qual trata va da questão da relação entre a teologia e a filosofia. Ele argumentava que ambas precisavam ser cuidadosamen te separadas e sustentava que a razão é o guia do homem para a verdade. Todas estas influências foram catalisantes para a formação cio método histórico-crítico em sua plenitude. Diz-se que em 1728 o teólogo genovês da “ortodoxia racional” Jean A. T urre tini, declarou que “ as Esc rituras Sagrad as não podem ser explicadas a não ser através de outros livros” .82 Ele afirmou: Posto que Deus, como já percebemos com freqüência, é com toda certeza tanto o autor da razão como da revelação, é, portanto, impossível que possam se contradizer...Conseqüentemente, se de terminado sentido se nos oferece em certas passagens da Escritura, que abertamente contradiz todos os conceitos, então tudo tem que 73 Galileu escreve: "Havendo chegado a quaisquer certezas em fisica, temos que utilizá-las como as auxiliares mais apropriadas na verdadeira exposição da Bíblia” ( O p e r e , conforme traduzido por S. Drake, ed., D isco v eries a n d op in ion s o f Gaiileo (Garden City, N. Y., 1957), p. 183). Kepler declara que os escritores inspira dos "nunca tiveram a intenção de instruir os homens às coisas da natureza, exceto no primeiro capítulo do Gênesis, que trata da origem sobrenatural do mundo" (iO p e r a O m n i a , ed. Chr. Frisch [p. 185 e ss.], II, p. 86). 74 Krcnty, The H istorical-Critical M eth od , p. 13. 75 Hasel, “Founders of the Modern Understanding of the Relation Between Science and Reliyion", p. 9 e s. 76 Scholdcr. Ursprün ge und Problem e des B ibelkritik im 17. Jahrshund ert, p. 91. 77 P. 96. 78 P. 98-1 04. 79 Kraus, G e s c h i c h t e , p. 59-61. 80 Scholder. Ursprüng e und Prob leme der Ribe lkritik im 17. Jahrhundert, p. 132-158. 81 R. M. Grant, A S h o rt H is to ry o f th e In te rp re ta tio n o f S c rip tu re (2.a ed.; New York, 1966), p. 146-150. 82 As conferências de Turrentini foram publicadas por terceiros, sob o título D e Sa crae S c rip tu ra e in te rp re ta n d a e m e th o d o tr a cta tu s b ip a r titu s (T ra je c ti T h u v ia n im , 1728), p. 196.
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ser atacado ou censurado, em vez de se aceitar este dogma. Logo, essas passagens têm que ser explicadas de outro modo, ou, se isto for impossívef, como não genuínas, ou o livro não pode ser consi derado divino.83 A prioridade da razão sobre a revelação bíblica é aqui totalmente realizada à custa da autoridade da Bíblia. Naturalmente, Turretini não sabia ainda que os princípios da razão natural que ele tentava elevar a critério pa ra a interpretaçã o eram em si um a “ com preensão" totalmente determ inada , historicamente trazida ao texto”.s* As idéias de Turretini exerceram pouca influência em sua época. O trabalho marcante sobre o cânon e a inspiração de J. J. Semler, sumariamente mencionado acima, que apareceu cerca de cinco décadas após o Bip artite Tracta tu s Concerning th e M ethod by Which the Sacred. Scriptures Are to Be Interpreted (Tratado Bipartido a Respeito do Método Pelo Qual Deve-se Interpretar as Sagradas Escrituras) de T urretini, m ostrou-se de im po rtância perm anente para a fund ação do m étodo histórico-crítico no estudo da B íblia. A se pa ra ção entre a Palavra de D eus e a E scritur a85 e a aplicação c onsistente das regras básicas da crítica profan a à B íblia,86 jun tam en te com um a profunda distinção entre o conteúdo divino e a form a hum ana da E sc ritu ra,87 colocam o texto bíblico de libera da m en te d en tro do cenário antigo e o explicam como testemunho de seu próprio tempo, sem a intenção de falar ao leitor m od ern o,88 Esses conceitos pe rm an e cem fundamentais para a crítica histórica e valeram a Semler a designação de p ai da teologia histórico -crítica .89 A distinção feita po r Semler entre teologia e religião, uma distinção que separava “local mente e temp oralm ente” os determinados theologoumena da religião definitiva, foi realizada por F. C. Baur, no século XIX, e chegou à sua formulação clássica através de E. Troeltsch no começo do sé culo XX.
83 P. 312. Cf. K üm m el, H isto r y , p. 68-61. 84 U. Wilckerts, "Uber die Bedeutung der historiscben Kritik in der modemen Bibelexegese”, Was heisst Auslegurtg de r H eiligen Schrift?, p. 94. 85 Semler declara: “ A Escritura Sagrada e a Palavra de D eu s são claramen te distin tas, pois conhecemos a diferença... À Sagrada Escritura pertencem Rute, Ester, Cantares de Salomão, etc., mas nem todos esses livros, chamados de sagrados, pertencem à Palavra de D eu s..." D . Joh. S a lo m o S e m lers A b h a n d lu n g von f r e ie r U n t e r s u c h u n g d e s C a n o n s , 4 vols. (Halle, 1771-1775). I, p. 75. 86 Kraus, G e s c h i c h t e , p. 113. 87 Semler, conform e citado por K üm m el, H is to r y , p. 64. 88 J. S. Semler, Vorbereitung zu r theologische/! H erm etieutik (Halle, 1760), p. 6-8, 149 e s. , 160-162. 89 Krentz, T h e H i s to r i ca l - C r it ic a l M e t h o d , p. 19.
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C. Do Iluminismo à Teologia Dialética A era do iluminismo trouxe mudanças, na teologia, de influência definitiva. A teologia bíblica libertou-se de seu papel de subsidiária da dogmática, para tornar-se sua rival. Transformou-se numa disci plina descritiva e tornou-se um a ciência histó ric a que descreve o que os escritores bíblicos pensavam , isto é, “ o que qu eria m dizer” .50 A interpretação (de “o que queriam dizer”) depende, pela própria natureza, da filosofia predominante na época. Ao lado dos enfoques “ pu ram en te históricos” desenvolveram-se tam bém enfoques “ histórico-positivos” , o enfoque d a “ história das religiões” e o da “ história da salvação” , Os anos 1813-1821 testem un ham o surgim ento de D ie biblische Theologie , de Gottlob Philipp Christian Kaiser, em três volumes. Ele constrói sua obra com o que chama dc "método de interpretação h istórico-gram atical” combinado com “ o ponto de vista de um a histó ria da religião filosófico-universal” .91 Isto significa um a rejeição total de qualquer tipo de supernaturalismo. Kaiser é o prim eiro a aplicar um enfoque da “ histó ria das religiões” e a subor dinar todos os aspectos bíblicos e não-bíblicos ao princípio da religião universa l.92 Wilhelm Martin Leberechte de Wette publicou seu Biblische Dogmatik des Alíen und Neuen Testaments em IS IS .1” Ele foi alu no de Gabler. Sua obra marca um movimento para fora do racionalismo ao adotar a filosofia kantiana conforme interpretada por J. F. Fries,94 combinando a teologia bíblica com um sistema filosófico. Sua síntese mais alta de fé c sentimento transformou-se num “desenvolvimento genético” da religião, a partir do hebraismo, via judaísmo ao cristian ism o.95 Isto significa um a q ue bra da u nida de m aterial do AT e do NT ,96 e a teologia do NT passa a ser en ten did a como um fenôm eno da história das religiões. Tudo o que é local e temporal tem que se despir, a fim de chegar ao atemporal, geral e permanente. Não obstante, a tentativa de de Wette indica que há um problema metodológico não resolvido, pois ele tentou combinar a teologia bíb lica com interesses dogmáticos. A abordagem de de Wette recebeu uma refutação radical da parte 90 A terminologia de K. Stendahl, "Biblical Theology, Contemporary”, W B , I, p. 418-432. 91 Kaiser, D ie biblisc h e T h eologie (Erlangen, 1813), I, íii. 92 Ver Dentan, P reface, p. 28 e s.; Kraus, B ibli sch e T h eo lo g ie , p. 57 e s.: Merk, B ib lisch e T heologie, p. 214 e s. 93 R . Sm end, W . M . L. d e W e tt e s A r b e i t a m A l t e n u n d a m N e u e n T e s t a m e n t (B asi léia, 1958). 94 Kraus, B ib lisch e T h eolog ie , p. 72. 9 5 M e r k , B ib lisch e T h eo lo gie, p. 210-214. 96 Strecker, D a s P rob lem der Th eologie des N T , p. 5.
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de K. W. Stein, que argumentou que a questão fugia ao programa de Gabler e da teologia do NT de Bauer. A insistência de que “só o enfoque histórico-crítico pode levar a uma teologia bíblica pura e com pleta” 97 e que os pensam entos diferentes dos escritores do NT não podem ser reunidos num sistema aponta para o problema de que o NT é composto de várias teologias, mas que não existe uma teologia do NT.98 De Wette tenta fazer da doutrina de Jesus, a saber, aquela em que os escritores do NT concordam, o centro do N T ." Aqui toda a questão do centro e unidade do NT passa à dianteira; e esta continua sendo a questão prin cip al até hoje. Â tradição de Gabler e de Bauer, no que toca à natureza “puramente histórica”'00 da teologia bíblica (NT), pertence D ie biblische Theologie des Ne uen Testam ents (Leipzig, 1836). dc Daniel G. C. von Cõlln.101 Considerado o últim o a ap resen tar um a teologia bíblica ba sead a no racion alism o,102 von Cõlln delineou um evolucionismo do hebraísmo ju daísm o-cristianísm o e apresento u um a história da espiritualização, de puração ética e um a a m pliaçã o universal da idéia de teocrac ia.103 O. Merk assinala que o resultado final de von Cõlln era uma teologia dogmática modificada, porque ele não separou profundamente a tarefa da teologia bíblica histórico-crítica (puramente histórico-crítica) da tarefa da interpretaç ão (d ogm átic a).1114 O ápice do enfoque de Gabler e Bauer de uma teologia do NT “p uram ente histórica” é alcançado pela obra de F erdinan d Christian B aur (1792-1860).10s B au r é o fun da do r e incontestável líder da Escola de Tübingen. No ano de 1835, seu aluno David Friedrich Strauss
97 K. W. Stein, “ Ú ber d en Begriff die Beh and lungsarí der biblischen Th eologie des N T ” , A n a le c len f ü r d as S tu d iu m d e r exegetis ch en u n d syste m a tisc h e n T h eolo gie , eds, C. A. G. Keil e H. G. T?,schirner(1816), III, p. 151-204, esp. p. 180. 98 Merk. B ib lisch e T h e o lo g ie , p. 214, 99 Stein, Üb er den Begriffe", p. 189-204. 100 A distinção do desenvolvimento de um método “puramente.histórico" se justifica com base na designação empregada por E. Troeltsch, "Über historische und dogmatische Methode”, G e s a m m e l t e S t u d i e n I I (Tüb ingen, 1913), p. 729-753, reimpresso em Theologie ais Wissenschaft , ed. G, Sauter (Munique, 1971), p. 105-127. 101 Sua teologia do AT lo i publicada com o V ol. I, do qual sua teologia do NT era o Voi. II, sob o título geral de B ib lis ch e T h eologie {Leipzig, 1836). Cf. Kraus, B ib li sch e T h eolog ie , p. 60-69. 102 Merk, B ib lisch e T h e o lo g ie , p. 222. 103 Kraus, B ib li sch e T h eo lo g ie , p. 67. 104 Merk, B ib lisch e T h e o lo g ie , p. 225 e s. 105 P. C. Hodgson, T h e Fo r m a t io n o f H i s to r i c a l T h e o lo gy . A S t u d y o f F e r d i n a n d Christian Baur (New York, 1966); W . G eiger, S p e k u l a t i o n u n d K r i t i k . D i e G e sch ich tsth e o lo g ieF . C. B au rs (Munique, 1964); E. Barnikol, C. Baur ais ratio n a listisc h -k irch lich er Th eologe (Berlim . 1970).
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(1808-1874) publicou o seu Das Leben Je su ,'06 uma interpretação radical dos relatos de Jesus. Strauss não ofereceu uma interpretação nem supernatural nem racionalista, apenas mítica, dos relatos do Evangelho, que dão uma base do fato histórico, transformado e enriquecido pela fé das primeiras comunidades cristãs, O método filosófico hegeliano da tese de uma interpretação supernaturalista, que era confrontada com uma antítese de interpretação racionalista, leva Strauss à síntese da interpretação mitológica. “Esta dialética hegeliana de term ina o método de trab alh o” 107 de Strauss. As Vorlesungen über Neutestamentliche Theologie (Conferências Sobre a Teologia do Novo Testamento), de F, C. Baur, foram publi cadas postumamente em 1864'08 e representam a conclusão de seus trab alhos acadêm icos.109 A dialética h egeliana de B au r levou-o a encarar a história do cristianismo como uma luta entre a tese do cristianismo juda ico (escritos de Pedro, M ateus, Apocalipse) e a antítese do cristianismo gentio (G ál., M I Co r., R om ., Luc.), o que resultava na síntese do catolicismo prim itivo (Marcos, João, Atos) do século II.110 Este enfoque encontra um ponto de apoio na teologia do NT, que é um a “ ciência pu ram en te h istórica” , 111 mas está res trita aos escritos do N T .111 De acordo com seus prim eiros estudos, Baur distingue três períodos: O primeiro é caracterizado pelos conceitosde-doutrina ( Lehrbegriffe) das quatro epístolas autênticas de Paulo (Gál., I-II Cor., Rom.); o segundo período contém Hebreus, as epístolas menores de Paulo, I-II Pedro, Tiago, os Sinópticos e Atos; e o terceiro período en cerra as epístolas p astorais e as de João. A “ dou trina de Jesus” não tem espaço nesta seqüência estritamente históri ca, mas Baur a coloca antes dos três períodos e a reduz a um “ elemento pu ram ente m oral” . 113 Logo, a ênfase de Bau r está na reconstrução dos conceitos históricos e do progresso do desenvolvi mento das várias doutrinas. Ao contrário da teologia do NT de G. L. Bauer, maior credor de B aur do que J. P. G abler, Ba ur considera a “ do utrina de Jesus” u m a pré-história da teologia do NT, e não uma parte básica da teologia do NT etn si. R. Bultmann parece se 106 D a s L eb en J e s u , 2 vols. (Tübingen, 1835-36). Tracl. ingi. de G. Eliot, T h e L i f e o f Jesu s C rit ica ll y E x a m in e d (da 4 9 ed. alemã; Londres, 1846). Cf. A . Schw eitzer, The Q uesl o f the H istorical Jesus (New York, 1964), p. 78-120. 107 Schweitzer, T h e Q u e s t o f l h e H i st o r ic a l J e s u s , p. 80. 108 F. C. Baur, Vorlesungen iibcr neu testam entliche Theologie, ed. F. F. Baur (biip/.ig, 1864). 109 M erk , B ib lisch e T h eo lo g ie , p. 227. 110 B. Rigaux. P a u lu s u n d sein e B n e fe (Munique, 5964), p. 14 e s.; R. C. Briggs, I n te r p r e tin g th e N ew T e sta m e n t T oday (Nashville, 1973), p. 145-148. 111 Baur, Vorlesungen. p . t . 112 P . 3 8. 113 K ü m m e l , H is to ry, p . 142. 11
colocar na tradição de Baur, quando declara: “A mensagem dc Jesus é mais um a pressuposiçã o par a a teologia do Novo Testam ento do que um a parte dessa teologia em s i" .114 E sta que stão continua a ser importante hoje. Os notórios principais defeitos do enfoque dc Baur são a aplicação da dialética hegeliana e a ênfase excessiva Ainfluência do judaísm o no cristianismo primitivo. Ao con trário das abo rdag ens “ pu ram en te históric as’’ da (eologia do NT havia estudiosos nas primeiras décadas do século XIX que podem ser classificados como pertencentes à escola "histórico-positiva”lis do NT. Entre os fundadores desta escola estão M. F. A. Los sius116 e D. L. Cramer,117 ambos com essencialmente a mesma concepção. Suas obras exerceram uma importante influência no século passado . Lossius com bina a abordagem dogm ática do “ conceito-de-doutrina” com o sistema histórico. Ele sugere que há somente três possibilidades de se escrever uma teologia do NI’. Ou trata-se cada escritor do NT separadamente ou usa-se uma abordagem sistemática dos “conceitos-de-doutrina” ou combinam-se ambos os métodos.118 A partir da perspectiva da abordagem de Gabler-BauerBaur. de um a teologia do NT “pu ram ente histórica", a abordagem de Lossius-Cra mer, de um a teologia do NT “ histórico-positiva” , pode ser con siderad a um a reversão m etodológ ica,1' 9 mas, partindo-se dc outra perspectiva, isto pode ser visto como uma antítese necessária à crítica rad ical das teologias do N T .120 Deve-se conferir um lugar de destaque ao totalmente conservador G rundzü ge der biblischen Theologie (1828), de Ludwig F. O. Baumga rten-C rusiu s.121 Sua ob ra, altam ente valoriza da, reflete a influência de G abler só até certo ponto. Consideram-se os dois Tes tam entos um a unidade. Baumgarten-Crusius procura “apresentar um sistema de conceitos puramente bíblicos que sirva como fundamento e norma para a doutrina e como ponto de partida para a história do dogm a” .122 Ele reconhece a validade da in terp reta ção histórico-g ra matical, ,2J reconhece-se devedor de K aiser, de de Wette e Lossius,124 114 R. Bultmann, T h e o lo g y o f th e N e w T e s ta m e n t (Londres, 1965), 1. p. 3. 115 Ver particularmente Gopp elt, T h e o lo g ie d e s N T , I, p. 41-45. 116 B ib lisch e T h eologie d es N euen T e sta m en ts o d e r die L eh ren d e s C h risten th u m s aus den ein zeln en S ch riften d es N . T. e n tw ic k e lt (Leipzig, 1825). 117 Vorlesungen üher die biblische Theologie des Neuen Testam ents, ed. F. A. A. Nàbe (Leipzig, 1830). 118 Lossius, B ib lis ch e T h eologie des N T , p. 11 e s. Cf. Merk, B ib lis ch e T h eologie , p. 217, 119 Tam bém M erk, B iblisch e T h eo log ie, p. 218. 120 Também Goppelt, T h e o lo g ie d e s N T , 1. p. 41. 121 G rundzü ge der biblischen Theologie (Iena, 1828), Cf. Kraus, B ib lisch e T h eologie, p. 218. 122 B aum garten Crusius, Gru ndzüge der biblischen Theologie, p. 3. 123 P. 6.
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mas argumenta seriamente contra os excessos da crítica deísta da religião com vistas a defender-se das influências estrangeiras sobre a teologia bíblica. Baumgarten-Crusius sustenta que a unidade da Bíblia é reconhecida com base no tema co mu m do reino de Deus, que une ambos os Testamentos. Este centro da Bíblia tem hoje adeptos que pertencem a uma linha não -conservadora de acadêmicos. O prob lem a da un idade e diversidade dentro do NT torna-se uma questão importante na exposição de August Ncandcr, cujos dois volumes foram publicados em 1832-33.125 Após traçar a histó ria do perío do apostólico (Vol. I), distingue os diferentes apóstolos, a saber, as correntes cie Paulo, Tiago, Pedro e João (Vol. II). A diversidade de apresentação da mensagem destes apóstolos serve para enfatizar a “ un ida de viva’’126 da do utrin a de Cristo dentro de sua m ultiplicidade. Esta interpretação tornou possível que ele desenvolvesse em sua últim a pa rte os tem as do N T .127 A influencia de Neander sobre Christian Friedrich Schmid ê livremente reco nhecida pelo se gund o,128 que co nsid era que o método de sua Biblische Theologie des Neuen T estam ents, 2. vols. (1853)‘2<> consiste de uma apresentação “hisíórico-genética” dos escritos canô nicos do NT. Schmid acha que há uma unidade essencial subjacente ao NT qu e se reflete nas diferentes d ou trinas dos escritores do N T .'10 George Ludwig H a h n ,131 em 1854, tem um a opinião sem elhan te e tam bé m H erm ann M essner,132 em 1856. Estes eru ditos con cordam que há unidade na diversidade, que a teologia do NT se preocupa apenas com os escritos canônicos, que o método apropriado é o “histórico-crítico” e que é certo apresentar a doutrina do NT mais ou menos sob a direção tradicional da dogmática. A tendência da teologia do NT chamada “positiva moderna” foi encabeçada por um oponente da Escola de Tübingen. O Lehrb uch der biblischen Theologie des Neuen Testaments (1868 )1” gozou de um a grande po pu laridad e, com sete edições num período de quase qu are n 124 P. 10. 125 G eschichte der Pflanzung u nd Leitung der christlichen K irche durch die Apostei, ais se lb s ta n d ig e r N a ch tr a g zu d e r a ll gem ein en G esch ic h te d e r ch ristlich en R e li gio n u n d K ir c h e , 2 vols. (Hamburgo, 1832-1833). 126 II, p. 501. 127 11, p. 501-711. 128 C. F. Schmid, “Über das Interesse und den Síand der biblischen Theologie des Neuen Testaments in unserer Zeit", Tuhinger Zeitschrift fü r Theologie 4 (1838), p. 125-160, esp. p. 159. 129 B ib lis ch e Th eologie d e r N euen T e sta m e n ts , ed. C. von Weizsácker, 2 vols. (Stuttgart, 1853). 130 Merk, B ib lisch e T h eologie , p. 219 e s. 131 D ie T h eo lo g ie des N euen T e sta m e n ts (Leipzig, 1854). 132 D ie L eh re d e r A p o s te i (Leipzig. 1856). 133 L eh bu ch d e r B ib lis ch en T h eologie des N euen T esta m e n ts (Berlim, 1868). Trad. i n g l . d a 3 . a e d . T h e T h e o lo g y o f t h e N e w T e s t a m e n t (Londres, 1892).
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ta anos.134 Ao contrário das opiniões radicais do F. C. Baur, o enfoque de W eiss era co nserv ad or,135 pois ele considerava ge nuína a maioria dos escritos do NT; comparando-se a A. Ncander, C. F. Schmid, G. L. Hahn e F. Messner, o enfoque dc Weiss é menos conservador, embora ainda positivo, pois ele não se direciona total mente ao relacionamento do AT com o NT, e o Evangelho de João está totalmente excluído de servir como fonte para a doutrina de Jesus.136 Weiss sugere que "a teologia do N T tem que descrever a multiplici dad e das form as de do utrin a dos d iferentes escritores do NT ” . 137 Documentos extracanônícos não têm lugar na teologia bíblica do NT .138 “ O au xiliar m ais im po rtante d a teologia bíblica é o método, isto é, uma exegese que siga as regras da interpretação histórico-gram atic al” .13!) Isto qu er dizer, p ar a W eiss, que a fun dação h erm en êu ti ca tem raízes na posição que “in terp reta cada escritor a p artir de den tro dele m es m o",140 e não a partir dos sistemas dogm ático ou filosófi co nem dos chamados textos paralelos da Escritura. Por outro lado, as palavras dos auto res individuais têm que ser prev istas pela teologia bíblica. O m étodo de Weiss caracteriza-se totalmente por um enfoque do “conceito-de-doutrína” teológico (Lehrbegriff) , muito embora ele reconheça um “desenvolvimento interno’' das “duas correntes princi pais” , a saber, “ a apostó lico-prím itiv a” e ‘‘a p au lin a” . 14’ O enfoque do “conceito-de-doutrina” na teologia do NT foi passado a todos os estudiosos que podem ser considerados representantes da escola “positiva moderna” da teologia do NT. Um dos enunciados programáticos de Weiss é típico da escola “positiva moderna”: “A teologia bíblica não pode se preocupar com as investigações crític as e especia lizadas a respeito da origem dos escritos do NT po rque é apenas um a ciência histórico-d escritiva” .142 Esta definição está m ais ou menos na base das teologias do NT de W . Beyschlag,143 P. Feine,144 F. 134 7 .a ed.: S tuttgart/B erlim , 1903. A s primeiras dezesseis páginas da primeira edi ção de 1868 foram reimpressas em D a s P ro b lem d e r T h eologie d es N T , p. 45-66. 135 Kraus. B ib lisch e T h eo lo g ie, p. 151. 136 Kümmel, H isto r y , p. 173. 137 D a s P ro b le m d e r T h eo logie d es N T , p, 52. 138 P. 60. 139 P. 61. 140 P. 62. 141 P. 56 . 142 Weiss, L e h rb u c h , p. 8. Cf. D a s P ro b le m d e r T h eologie d e s N T , p. 53. 143 W illibald Beyschlag, N e u te sta m e n tlic h e T h eologie o d e rg e s c h ich tlic h e D a rsteil u n g d e r L eh ren Jesu u n d des Ü rch risten th u m s nach den n e u te sta m e n tlic h e Q u ell en, 2. vols. (H aíle, 1891-1892). Cf. M er k, B ib lis ch e T h eo lo g ie , p. 2 40 e s. 144 P a u l F e i n e . Theologie des Neuen Testaments (Leipzig, 1910). A oitava edição foi publicada em 1951.
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Hiichsel145 e, em língua inglesa, nos trabalhos de F. Weidnci-,''‘'' J:. I\ Gould,147 G. B. Stevens,148 e outros. I )ma ou tra reação “c ons ervad ora” ao enfoque "p ura m en lc histó\ ico" da teologia do NT apa receu na "escola história da salvação" que eslava ligada a Gottfried M enken (1768-1831),149 Jo ha nn T . Beck I I804-1878)1SD e sua figu ra prin cip al 1. Ch. K on rad von Hofm ann (. (
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m encion ando n u n ca.157 A influên cia de von H ofm ann tem sido significativa de vários modos. As razões para isto são várias. Ao contrário de seu contemporâneo F. C. Baur, von Hofmann não integrou o NT na história geral do pensamento, mas levou-o a uma relação histórica com o AT, isto é, introduziu-o na história da salvação. Note-se que, ao fazer isto, ele combina o princípio da Reforma de deixar a Bíblia interpretar a si mesma com uma com preensão m od ern a d a H istó ria .158 Po r outro lado, deve-se reco nhecer que von Hofmann afirma que a história do povo de Deus é um a história q ue “ se apres enta na P ala vr a” . 159 Não pode, p ortan to, ser descartada como uma filosofia da história da origem da humani dad e.160 Deve-se enfa tizar no vam ente que p ar a von H ofm ann a “ ação do Esp írito Santo pro duziu os livros bíblicos, a ação do Esp írito Santo tam bém os reuniu” .161 Visto que o Espírito Santo é o respon sável pela origem dos escritos bíblicos e pela formação do câno n, um a teologia da história da salvação tem como tarefa a investigação do local histórico dessas produções do Espírito Santo. Isto se consegue melhor através de uma interseção orgânica de toda a Bíblia ao longo das linhas da história da salvação, e não através de um texto-prova irresponsável pa ra com o co ntex to.162 A influência de von Hofmann é evidente no erudito Theodor Z ah n,16'5 o homem cuja crítica era tem ida po r A dolf von H arn a ek .164 Zahn não concebe a teologia do NT como um sistema científico da religião, mas como uma apresentação da teologia contida na B íblia,’65 o que tem que ser ap rese ntad o em seu “ desenvolvimento histórico” e “organizado de acordo com os passos da história da salvação ” .166 Sua teologia do NT com eça com João Batista , que é a personificação da prediç ão profétic a e ao mesmo te m po o “ cum pri mento da promessa que aponta para a revelação divina final e o iniciador da época fin al da h istória da salvaçã o” . 167 Zah n seguia, em 157 Bultmann, “The History of NT Theology as a Science”, T h e o l o g y o f t h e N T (Londres, 1955), II, p. 241-251. 158 Goppelt, Theologie des N T, i, p. 46, 159 Von Hofmann, W e is sa g u n g u n d E r i ü l lu n g , I, p. 49. 160 Kraus, B ib lisch e T h eo lo gie, p. 250. 161 Von H ofm ann, W e is sa g u ng u n d E r f ü l lu n g , I, p. 49. 162 V o n H o f m a n n , D e r S eh rif be w eis ( N o r d l i n g e n , 1852 56); cf. G opp elt, Theologie des N T , I, p. 46. 163 T. Zahn, G e s c h i c h t e d e s n e u t e s t a m e n t l i c h e n K a n o r t s , 2 vols. (Erlangen/Leipzig, 1888-92); idem, E in le itu n g in d as N e u e T e sta m e n t, 2 vols. (Leipzig, 1906-07); idem, G r u n d r i s s d e r n e u t e s t a m e n t l i c h e n T h e o l o g i e (Leipzig. 1928). Cf. Kraus, B ib lis ch e T h eolo gie, p . 18 e s. 164 Kümmel, H isto ry, p. 197. 165 Zahn, G run driss de.r ntl. Th eologie, p. 1. 166 I b id . 167 P. 5.
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sua exposição, a abordagem do "conceito-de-doutrina" ( L ehrbeKriíf),l6a m as só raram ente re torn a ao AT. O lugar de Adolf Schlatter,169 no aspecto do desenvolvimento da teologia do NT, tem sido debatido.170 Schlatter “é talvez o único erudito ‘conse rvad or’ do Novo Testa m ento desde B engel, que pode ser i-uíocado na mesm a escola de Bau r, W rede, Bousset e B ultm an n” . 171 Incluímos Schlatter no grupo associado ao enunciado geral da história d a salvação ( H eilsgeschichte ) porque ele tem que estar ligado a este movimento. Em seu provocante ensaio “Métodos Ateus na Teologia” (190 5),172 Sc hlatter rejeita o ateísm o ineren te ao m étodo histórico-crítico moderno e afirma que nem a cultura, com sua cosmovisão ( Weltanschauung), nem o método histórico moderno são adequados à teologia do NT. Os métodos que tentam estudar o desenvolvimento do cristianismo sob uma base puramente histórica sem o em prego da ação de D eus são ''a te u s” .173 Esta com preensão de Schlatter na realidade total, inclusive divina, torn a sua “ solução pa ra o problema da teologia do Novo Testamento inaceitável para qual quer pessoa que deseja vê-la como disciplina puramente histórica a ser estudada através dos métodos compartilhados por todos os his to ria dore s" .174 Isto levanta a que stão fun da m en tal da m eta da pesquis a histórica.
168 Merk (B iblische Theologie), p. 251, n° 137) declara que Zahn é o último a utili zar este tipo de abordagem . 169 A. Schlatter, D e r G la u b e im N euen T e sta m e n t { DarmsU idt. 1885; 5 .a ed ., 1963), cham ado de "NT theology in nuce" (B ultmann, T h e o lo g y o f t h e N T , II, p. 248); idem, D ie T h eologie des N euen T e s ta m e n ts , 2 vols. (Stuttgart, 1909-10), que foi publicada com os títulos Geschichte des Chrislus (Stuttgart, 1923), e D ie T h eolo g ie d e r A p o s te i (Stuttgart, 1922), respectivame nte. O imp ortante ensaio programátíco de Schlatter, “Die Theologie des Ncucn Testaments und die Dogmatik", B eitr ã g e z u r F b rd eru n g c h rístlich er T h eologie 13 (1909), p. 7-82, foi reproduzido por A. Schlatter, s m K I e in e S c h rifte n , ed. U. Luck (Munique, 1969), p. 203-255, e em D a s P roble m d e r T h eologie d e s N T (daqui em diante citado como P T N T ), p. 155-214. Trad. ingl. “ The T heology of the New Testam ent and D ogm atícs” , de R. Morgan, T h e N a t u r e o f N e w T e s t a m e n t T h e o lo g y , p. 117-166 (daqui em diante citado com o N N T T ). 170 Bultmann { T h eo lo g y o f th e N T , II, p. 248) afirma que Schlatter confere um “lugar único para si em todo o desenvolvimento da teologia do NT. O. Betz declara que “Schlatter se fixou a uma linha somente sua” ( Í D B I, p. 436), mas Goppelt o coloca inteiramente dentro da escola da “história da salvação” na erudiçào do NT ( T h e o lo g i e d e s N T , I, p. 47), enquanto Harrington diz (Path o f Biblical Theology, p. 116), surpreendentemente, que Schlatter produziu “uma alternativa pouco satisfatória à h e il sg esch ich tli ch e po sição ’'. 171 N N T T , p. 27. 172 A. Schlatter, "Atheistische Methoden in der Theologie" (1905). reimpresso in K le in e S c h r ifte n , p. 134-150. 173 P. 139. 174 Morgan, N N T T , p. 33.
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Em primeiro lugar, Schlatter concebe “o objeto do (colu^ia do Novo T estam ento, que quer perm anecer como cicncín pura ser a pala vra do Novo T estam en to ".176 A teologia do NT como Ijd restrin ge-se aos escritos canônicos do NT e não contém a lilcrnlimi com pleta do cristianismo primitivo (contra Wrede e seguidores). A igreja foi o resultado da proclamação do NT e não vice-versa.1"' “O fato de a história do Novo Testamento e de a palavra que lhe confere lestemunho serem a base da existência do cristianism o é expresso pelo fato de o Novo Testa m ento ser o seu cânon ” .177 Sch latter susten ta um a teologia canônica do NT porque considera autênticos todos os docum entos do N T (exceto II P ed ro ).178 Schlatter é altamente sensível à questão da objetividade histórica. Ele agride nervos sensíveis ao declarar que “a objetividade histórica é ilusó ria” ,178 se a teologia do N T partic ip a de todos os debates suscitados pelas escolas filosóficas (racionalista, hegeliana, kantiana), como tem sido o caso. A po stu ra de que o teólogo do NT funcion a como um historiad or que “ explica” e “ observa o Novo Te stam ento de modo neutro” significa “começar imediatamente uma luta determi na da contra ele” .180 Po r quê? Sc hlatter respo nde: “ A palavra com que o Novo Testamento nos confronta pretende ter crédito, e assim exclui de uma vez por todas qualquer tipo de tratamento neutro. Q uand o o historiado r põe de lado ou entre parên teses a questão da fé, está transformando seu interesse 110 Novo Testamento e sua apresen tação do mesm o n um a polêm ica tota l e rad ical co ntra ele” .181 Ao rejeitar a reivindicação de objetividade da parte daqueles que usam um enfoque “puramente histórico”, Schlatter antecipou o debate entre os estudiosos do AT O. E issfe ldt e W . E ich rodt, em 1 920.18:1 As críticas dirigidas por Schlatter contra a perspectiva “puramente histórica” da teologia do NT nem ao menos implicam que ele seja insensível à investigação histórica. Schlatter defendia a teologia do NT com o discip lina histó ric a contra aqueles que afirm am que um a interpretação que explica a teologia do NT historicamente “é funda
175 N N T T , p. 164. ' 176 AW 7T, p. 120: “V isto que o cristianism o se baseia no Novo T estam ento, a interpretação do Novo Testam ento é um a to que toca sua estrutura". 177 N N T T , p. 120. 178 P. 146-148. 179 P. 123. 180 P. 122. 181 Ib id . 182 O. E issfeldt, “ Israelitisch-jüdische R eligionsgeschichte un d alttestam entliche Theologie", Z A W 44 (1926), p. 1-12; W. E ichrodt, “H at die alttestam entlich e Theologie noch selbstãndige Bedeutnng innerharlb der alttestamentlichen Wis se n sc h af t? 1’ Z A W 47 (1929), p. 83-91; cf. Hasel, O T T h e o lo g y , p. 32.
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m entalm ente irreligiosa” .183 “ Se se exclui a história da influência de Deus com base em que ela é meramente transitória e humana, não existe nenhuma relação consciente de Deus com a nossa vida pes soal” .18'1 Sch latter critica, p or um lado, a com preensão liberal de história como um círculo fechado de causa e efeito que não deixa espaço para a transcendência185 e, por outro lado, uma ortodoxia estreita que afirm a que Deus atu a pa ra além d a História e não nela ou através dela. “Portanto, o Novo Testamento repudia literalmente a tese de que a revelação e a História não podem se unir, o que ao mesmo tempo destrói a visão de que a pesquisa histórica é uma negação da revelação” .186 Este enu nciado só pode ser lido cor reta mente se tivermos em m ente que nossa compreensão da realidade tem a ação de Deus na História. É neste sentido qu e R. M org an 187 observa que a posição de Schlatter tem muito em comum com alguns aspectos da posição teológica de W. Pann en be rg 188 e com a sua crítica da subseqüente “ teologia da Palavra” . Sch latter afirm a que não se deve ir além das fontes do NT. “ O p en samento histórico não deve estender-se além daquilo que as fontes revelam; de outro modo a pesquisa histórica transforma-se numa novela” .181' Ele p arte do pressup osto de que o testem unho do NT é unificado, apesar de toda diversidade, e que a fé é a pressuposição para a compreensão apropriada dos escritos do N T .190 A unidade do testemunho do NT tem uma fundação histórica no ‘‘ambiente de Jesus e de seus seguidores, que era o judaísm o p ales tino” .19’ Schlatter declara o seguinte a respeito da Bíblia como um todo: A unidade, que a Bíblia precisa e tem, consiste em que todas as suas instruções se reúnem num todo. Não posso colocar certo ponto de lado sem com prom ete r o todo; não posso elim in ar um ponto sem perder o todo; não posso me unir a um ponto sem assu mir o todo e ser guiado por ele ... 183 N N T T . p. 151. 184 P. 152. 185 Ver a recente declaração a respeito do historiador R. W. Funk, “The Hermeneutical Probletn and Historical Criticism'', T h e Ne w H e r m e n e u l i c , eds. J. M. Robinson e J. B. Cobb, Jr. (New York, 1964), p. 185: “O historiador não pode pressupor uma intervenção sobrenatural no nexo causai como base para seu trabalho.” 186 N N T T . p. 152. 187 N N T T . p. 32. 188 W. Pannenbere, B asic Q u estion s in T h eo log v. 2 vols. (Filadélfia, 1970-71). Cf. Hasel, O T T h e o l o g y, p. 68-75. 189 Schlatter, T h e o lo g ie d e s N T , I, p. 11. 190 Ver especialmente G. Egg, A d o l f S c h la tte rs k ritisch e P ositi on . g e z e ig t an sein er M a tth à u s in ter p re ia lio n (Stuttgart, 1968). p. 55, 6 4-66, 107 e s. 191 P. 55 e s ., 123-125.
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E Paulo, que enfatiza a singularidade da palavra du NT de modo bastante m arcante , assume com extrem o vigor o aparente m ente mais distante membro do AT: a lei. Nisto ele experimenta com força nova o que a lei deseja e ressurge na plenitude e lilu rdade da fé.’'*2 L. Goppelt e H. J. Kraus estão corretos ao ver na perspectiva de Schlatter um a concepção da história da salvação. Sch latter apre senta-se como um gigante que tomou em consideração a natureza de toda a teologia do NT, mas cujas opiniões não receberam a atenção que mereciam. Ele é um biblicista fanático.194 Ele acha que a autoria apostólica não milita contra a possibilidade de um desenvolvimento do pensam ento 110 NT. R. Morgan observa corretamente: ‘‘Posto que a teologia cristã, como interpretação contemporânea da tradição cristã, consiste sem pre ne sta co ntínua discussão en tre conservadores e liberais ou modernistas, o estudo do protestantismo liberal pode encontrar um equilíbrio proveitoso levando-se Schlatter cm conside ração” .’96 Schlatter é precursor daqueles p a ra quem a questão “ teológica” é pred om inante. Uma perspectiva da teologia do NT provavelmente não muito diferente daquela de Schlatter é a que foi esboçada por William Wrede (1859-1906) em seu ensaio programático Uber Àufgube und M ethode der sogenannte n N eutesta m entlichen Theologie publicado em 1897.1y6 Este ensaio transform a W rede no pioneiro da fase '‘histó rico-religio sa” 197 da teologia do NT, que surgiu onze anos após as primeiras teologias do AT que continham o enfoque da ‘‘história da religião” serem publicadas por Augu.st Kayser (1886) e C. Piepenbring (1886).198 Antes de q ua lqu er consideraç ão a respeito dos pontos mais im portante s dos argum entos de W rede devemos analisar
192 A. Schlatter, E in leitu n g in d ie B ib e l (4.a ed., 1923), p. 481 e s., conforme citado par Kraus, B ib lis ch e T h eolog ie, p. 177 e S. 193 Goppelt, Theologie des N T, I, p. 47 es.; Kraus, B ibli sch e T h eo lo g ie , p. 178. 194 Kraus (Biblische Theologie, p. 177) afirma que o tipo de teologia de Schlatter não é biblicismo, porque ele não separa o ato do pensamento do ato da vida e se preocupa constan tem ente com a atual recepção do que é histórico. 195 N N T T , p. 32... 196 W. Wrede, U b e r A u f g a b e u n d M e t h o d e d e r S o g e n a n n t e n n e u t e s t a m en t l i c h e n Theologie (Gõttingen, 1897), reimpresso em P T N T , p. 81 154. Trad. ingl. de R. Morgan, em N N T T , p. 68-116, sob o titulo; "The Tastc and Methods of ‘New T estament T heology’", 197 Hajiiiifílon. The Puth o f B iblical Theology, p. 115, está totalmente fnra dos limites de sua declaração de que ‘‘o ensaio de Wrede é o programa da escola h e ils g e s c h ic h tlic k '\ . 198 Hasel, O T T h e o lo g y, p. 29-31.
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(.ipnlameníe a obra de H. J. Holtzmann, que havia aparecido icccntcinente e era alvo m aior do ataq ue de W rede. O monumental Lehrbuch der neute sta m entlichen Theologie, em ■ti 'is volumes, de H einrich Ju lius H oltzm an n (1832-1910) apareceu em [ H‘)7.1‘' 9 R. Bultm an n o c ham a de “ um modelo da consciência i rílica”200 e R. Morgan de “um clássico da erudição histórico-crítica rejeitou as opiniões conservadoras de Weiss sobre a autoria, seu isolamento do Novo Testamento do mundo do pensamento circun dante e especialmente sua opinião de que a revelação poderia ser pressuposta pela discip lina” .2t>1 H oltzm ann segue a metodologia de I C . Baur, mas deixa de fora o hegelianismo. Ele não deseja isolar o NT de seu meio cultural, mas recai no método do “ conceito-de-douuina” ( Lehrbegriff) e coloca lado a lado os escritos do NT, mais ou menos sep arad am en te.202 H oltzm ann manteve o nome tradicion al da Icologia do NT e se restringiu, por razões pragmáticas e não metodológicas, aos escritos canônicos do NT, mas declarou que “a separação entre o central e o periférico será a conseqüência inevitável de todo o tratam en to dos pro blem as bíblico-teológicos sob a perspectiva histórica” .203 E ste procedim ento leva a um m éto do atomista parcialmente tradicional e parcialmente crítico. Ãs doutrinas do homem, da lei, do pecado, da corrupção e da revolução (conver são) seguem-se as da cristologia, da redenção e da justiça divina. Os capítulos finais discutem a ética, o misticismo e, por fim, a escatolo gia. “A cada passo torna-se evidente como é artificial uma organiza ção do material que deixe de fora as conexões inerentes ao siste ma”.204 Holtzmann apega-se, em geral, à noção de que a pesquisa histórica no campo da teologia bíblica é uma empresa teológica. A teologia do NT de Holtzmann e seu método de justificativa da tarefa teológica despida do que (em valor etern o (ornam evidentes que no final do século XIX a teologia do NT partiu do princípio de J. P. Ga bler e G. L. Bauer. Surpreendente m ente Adolf Deissm ann conclui, em seu ensaio “Zur Methode der biblischen Theologie des Neuen Testaments” (1893),105 que cem anos depois de Gabler “não há mais nenhuma dúvida a respeito do caráter puramente histórico da
199 H.-J, Holtzmann, L eh rbu ch d e r n eu te sta m en tlich en T heologie, 2 vols (Freiburg/ Leipzig, 1897). 200 Bultmann, T h e olo g v o f th e N T , II, p. 245. 201 N N T T , p. 7. 2 02 M e r k , B ib lisch e T h eo lo g ie , p. 242; Kümmel, H isto ry, p- 191. 203 Holtzmann, L eh rbu ch d e r n e u te sta m e n tlich en T h eo lo g ie , I, p. 25. 204 A. Schweitzer, P a u l a n d H is In te rp r e te rs . A C ritica i H isto rs 1 (Schocken ed.; NewYork, 1964), p. 102. 205 Â. D eissman n, “Zur M ethode der biblischen Th eologie des Neu en Testamen ts’1, Z T h K 3 (1893, p. 126-139, reimpresso em P T N T , p. 67-80.
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teologia do N T” .20* Deissm ann, no entan to, su strn ln que nAo se pode sobrepor “conceitos-de-doutrina” ( Lehrbegriffv ) uo NT.'"' A nature za da histó ria do NT exige, “em princíp io” , que ria víi além dos escritos canônicos, de modo que “a aparência dc unm mia predeter m inad a seja removida” .208 A m eta da teologia do NT é “ le p io d u /ir os pensam ento s ético-religiosos do cristianism o prim iliv o” . o que inclui as seguintes três tarefas principais: “p rimeiro, dc lcnn inai d eonteúdo do pensamento ético-religioso da época em que apareceu a cristandade e para a qual seu evangelho se destina”/"'' se^mido, determinar “ as prim eira s m anifestaçõ es d a consciência crislil prim iliva” ;210 e, terceiro, estabelecer “a apresentação da consciência lotai do cristia nismo prim itivo ” .211 A ênfase está na terce ira, que qu er di/.er, por um lado, que é inevitável ao historiador lutar por uma apresentação sistemática, e, por outro lado, que há uma “jiislifiealiva histórica para a te nta tiva de dem onstrar a unidade na diversid ade do te ste m u nho clássico do cristianismo primitivo. Certamenlc itào há uniformi da de !” 212 A sistem atização do pensam ento do NT c a coroaç ão da empresa como tal. É a interseção entre “Deus, homem, Cristò, salvação” .213 William Wrede também combateu a perspecliva do “conceito-dedoutrina” (Lehrbegriff) em seu ensaio, que marcou época, escrito em 1897,214 Ele confia menos do que Deissnuinn que o programa de Gabler da teologia bíblica como disciplina puramente histórica tenha se realizado. Wrede afirma enfaticamente: "A teologia bíblica hoje...não é ainda, no sentido verdadeiro e estrito^ uma disciplina histórica em a bs oluto ” .215 W rede “ proclam a clara e consistentemente a autono m ia do enfoque histó rico” .216 Ele rejeita a terce ira ta ref a de Deissmann, de uma “interseção”, porque “seria apenas abstração da história real” e “não temos o costume de fazer exigências semelhan-
206 Deissmann. P T N T , p. 67 (o grifo é dele). 207 P. 74-76. 208 P. 67. 209 P. 68. 210 P. 73. 211 P. 78. 212 P. 79. 213 I b id . 214 Ver, acima, n.° 196. Para avaliação do ensaio de Wrede, ver M. Di belius, “Biblische Theologie und biblische Religionsgeschichte II. des NT”, R elig io n in G e s c h i c h t e un d G e g e n w a r t (2 .a ed .; Tü bingen, 1927), I, p. 1 .191 -1.194 , esp. p. 1.192 e s.; G. Strecker, “William Wrede. Zur hundersten Wiederkehr seines Geb urtstages” , Z T h K 57 (1960), p. 67-91: Kümmel, H isto r y , p. 304 e f.; Kraus, B ib lisch e T h eo log ie, p. 163-166; R. Morgan, N N T T , p. 8-26. 215 P T N T , p. 154; N N T T , p. 116. 216 Kraus, B ib lisch e T h eologie, p. 164.
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tes em outras áreas da história da religião”.217 Ele ataca a pesquisa histórica do NT do século XIX, particularmente a Escola de Tübin gen, de F. C. Ba ur, mas tam bém a teologia de A. Ritschl (1822-1889). O segundo confiava nas estruturas históricas, mas abandonou-as arb itrariam ente quan do en traram em conflito com a dou trina ou com o cânon. Wrede lutava por uma aplicação consistente do método histórico-crítico, isto é, os escritos do NT têm que ser entendidos e interpre tado s un icam ente com base n a cu ltura do próp rio tem po .218 Isto quer dizer tanto que o princípio da Reforma da auto-interpretação da Bíblia é completamente rejeitado, como se não existisse inspi ração,219 mas que o quadro histórico do cristianismo histórico pode ser traçado a partir dos três princípios enumerados pelo “dogmático da escola da história das religiões”220 Ernst Troeltsch (1865-1923), a saber, crítica histórica, analogia e a correlação entre os processos histórico s.221 E sta afirm ação leva W rede a de clara r que o método dominante da teologia do NT conforme manifesto nas obras de F. C. Baur, B. Weiss e H. J. Holtzmann, isto é, o método dos “conceitos-de-doutrina” (Lehrbegriffe), deve ser rejeitado.222 “Con tanto que a teologia do Novo Testamento retenha uma ligação direta com a dogmática como meta e espere com isto obter material de trabalho p ara a dogmática — e isto é um a perspectiva com um — será natural que a obra teológica bíblica mantenha um olho na ( hinschielen) do gm ática. A teologia bíblica será pressio nad a a respon der às questões da dogmática que não são respondidas pelos documentos bíblicos e tentada a elim inar os resultados que forem problemáticos para a dogm ática".223 W rede transm ite a im pressão de que a teologia do NT é um a em pre itada que tem " um olho n a ” dogm ática e que dela recebe suas questões. Se isso só dá ou não, é discutível. Em todo caso, Wrede sustenta que o erudito que trabalha consistentemente com o método histórico-crítico não estuda a teologia ou doutrina de um movimento (cristianismo primitivo), mas investiga e apresenta a sua “religião” . 217 P T N T , p. 1S2, n.° 96; N N T T , p. 193, n.° 96. 218 P T N T , p. 108-123; N N T T , p. 84-95. 219 P T N T , p. 83; “A antiga doutrina da inspiração é reconhecida pela teologia aca dêmica, inclusive amplamente entre as da ‘direita’, como insustentável. Para o pensam ento lógico não pode haver posição intermediária entre os escritos inspira dos e os documentos históricos, embora não faça, de fato, falta um quarto entre três quartos de doutrina inspirada.” O corolário resultante é o seguinte: “Onde foi descartada a doutrina da inspiração, não se pode mais manter o conceito dogm ático do cânon ” ( P T N T , p. 85). Cf. N N T T , p. 69 e s., com, tradução inexata. 220 Morgan, N N T T , p. 10. ' * 221 Troeltsch, em Theologie ais W issenschaft, ed. G. Sauter, p. 107. 222 P T N T , p. 91-108; N N T T , p. 73-84. 223 P T N T , p. 8 2 (tradução minha); N N T T , p. 69.
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O método da "história das religiões” de Wrede224 trouxe também uma nova avaliação do título da disciplina da teologia do NT. Wrede assinala que, como disseram outros antes dele, “o nome ‘teologia bíblica’ orig in alm ente não significava um a teologia que a Bíblia contém, mas uma teologia que tem um caráter bíblico e extraída da Bíblia. Podemos considerar isto irrelevante”.225 Kraus acha surpreen dente esta irrelevância, “pois Wrede, não obstante, projeta seus próprios conceitos, sem reflexão poste rio r — conforme ele acha — no ‘significado original’ da ‘teologia bíb lica’ ” .226 Na verdade, a qu estão não é tão irrelevante quanto foi dito. Wrede propõe um novo título para a discip lina, sob a influência de G. K rüger,227 pois o nome é controlado pela matéria de estudo. “O nome ‘teologia do Novo Testamento' está incorreto em ambos os seus termos. O Novo Testa mento não tra ta m eram ente da teologia, m as, na verdade, tra ta muito mais da religião... O nome apropriado para a matéria é: História da Religião do Cristianismo Primitivo ou a História da Religião e da Teologia Cristãs Primitivas”.228 Isto quer dizer que a teologia do NT, em seu sentido m ais amplo, está morta. De acordo com dar um novo nome e transformar a disciplina, Wrede define a incumbência sarcástica em resposta à sua própria pergunta: “ O que estam os realm ente procurando? Em últim a instân cia, queremos pelo menos saber o que se pensava, acreditava, ensinava, esperava, pedia e lutava por no período mais antigo do cristianismo; não o que certos escritores dizem a respeito de fé, dou trina, e speran ça, etc” .229 A m atéria de estudo de term ina a tarefa. Em seu todo, não está em poder do pesquisador histórico servir à Igreja através de seu trabalho. O teólogo que obedece ao objeto histórico como a um mestre não está em posição de servir à Igreja através de seu trabalho propriamente histórico-científico, mesmo que estivesse pessoalmente interessado em fazê-lo. Ter-se-ia então que considerar a investigação da verdade histórica a serviço da Igreja. É aí que está a dificuldade principal de toda a nossa situa ção teológica, ela não é criada por vontades individuais: a Igreja
224 Podem-se encontrar boas discussões sobre o método e a escola da história das religiões em S. Neill, T he I n t e r p r e ta t io n o f Th e N e w T e s t a m e n t 1 8 6 1 -1 9 61 (Londres, 1964), p. 157-190; Kümmel, H is to r y , p. 206-324; Kraus, B ib lisch e Theologie, p. 160-169. 225 P T N T , p. 153; N N T T , p. 115. 226 Kraus, B ib lisch e T h eologie, p. 165. 227 Gustav Krüger, D a s D o g m a vom N eu en T e sta m e n t, P ro g ra m m d e r U n ive rsitm Giessen (G iessen, 1896), p. 34. Cf. M e r k , B ib lis ch e T h eo lo g ie , p. 245. 228 P T N T , p. 153 e s. (tradução m inha); N N T T , p. 116. 229 P T N T , p. 109; N N T T , p. 84 e s. (os grifos são dele).
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repousa na História, mas a História não pode fugir à investigação e a investigação d a H istória p ossui suas pró prias leis inte rn as .230 A História é, portanto, autônoma: o teólogo não tem nenhum mes tre, a não ser “o objetivo histórico”. Kraus enfatiza corretamente: “Wrede anuncia uma troca de mestres. Até agora os ‘conceitos-dedoutrina’ eram os mestres; de agora em diante a História é o mes tr e ” .231 M as o próprio W rede adm ite que “ os conceitos devem, sem dúvida, desempenhar um papel importante na teologia do NT. São a paFte da religião cristã prim itiva mais fácil de se apreender, e a maioria dos resultados do desenvolvimento religioso estão resumidos neles. Nossa disciplina, contudo, não lida com todos os conceitos, mas apenas com os normativos e dominantes, e, portanto, com os característicos e indicativos” .232 W rede espera d a teologia do NT qu e ela “nos mostre o caráter especial das idéias e da percepção dos antigos cristãos, profundamente elaboradas, e nos ajude a com preendê-las histo ricam ente ” .233 O novo program a de W rede é, assim, (1) totalmente livre de interesses da Igreja e das questões levantadas pela dogm ática, (2) suposta m ente desin teressado da teologia como tal, (3) totalmente comprometido com uma metodologia histórica consistente, (4) uma busca em apresentar a religião do mais antigo cristianismo, (5) obrigado a estudar as fontes sem levar em conta o cânon, (6) uma tentativa de mostrar o caráter especial das idéias e percepções dos prim eiros cristãos, (7) um a descrição dos “ conceitos” da religião cristã primitiva, com a intenção de apontar para o desenvolvimento, e (8) seguidor da abordagem da história das religiões. Como iria Wrede estruturar a sua “história da religião cristã prim itiva” ? “ O prim eiro tem a prin cipal da teologia do NT é a pregação de J esu s”, 234 embora “não estejamos de posse da ipsissima verba (m esm íssima s palavras) de Jesus” .235 A isto deve seguir um a descrição da fé e da doutrina das comunidades cristãs judaicas e gentias. “ A seguir vem um cap ítulo esp ecial a respeito de Paulo ” .236 A secção a respeito d a “ teologia joan in a” fo rm ará o capítulo f ina l.237 O programa histórico-religioso de Wrede não se realizou numa publicação dele próprio. Ele m orreu em 1906. M as sua influência foi 230 231 232 233 234 235 236 237
P T N T , p. 90 (tradução minha); N N T T , p. 73. Kraus, B ib li sch e T h eo lo g ie , p. 164. P T N T , p. 95 e s.-, N N T T , p. 76 e s. P T N T , p. 104; N N T T , p. 83. P T N T , p. 135: N N T T , p. 103. P T N T , p. 136; N N T T , p. 104. P T N T . p. 139; N N T T , p. 106. P T N T , p. 147-150; N N T T , p. 112-114.
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definitiva. Henrich Weinel foi o primeiro n utül/ai o imvo programa numa obra que surpreendentemente inlituUu» ilr Híblisrtu’ Theologie desNeuen Testaments (1911).23S O subtílulo, "A Religião dc Jesus e o Cristian ism o Prim itivo ” , revela cla ram en te a siut iiil
238 H. Weinel, B ib lisch e T h eologie d e s N euen T e sta m en ts {Tübingen , 1911; 4 .a ed., 1928). 239 P. 3. 240 P. 130 e ss. 241 Merk, B ib lisch e T h eo lo g ie , p. 247. 242 Bultmann, T h e ol og y o f t h e N T , 11, p. 246. 243 3. Kaftan ( N e u te sta m en tiic h e T h eologie im A b ris s d a r g e s ts llt ["Berlim, 1927] ) também pertence à escola da história das religiões. Ele concebe a religião do NT como um a “religião ética da redenção” . 244 W. Bousset, K yrio s C hris to s. G esch ic h te des C h ristu sg la u b en s von den A n fán gen d e s C h riste n tu m s b is Ire n a eu s (Gò ttingen, 1913; 6 .a ed.; Dar m stadt, 1967). Trad. ingl. K y r io s C h ris tos (Nashville, 1970). 245 Bousset, K yr io s C h ristos, p. 99.
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história da religião.246 "Por que foram o judaísmo e o helenismo rejeitados como elementos estranhos, se, como já foi dito aqui, a igreja primitiva nasceu deles em con tinuidade histórica? A ap resen ta ção pu ram en te histórica não consegue exp licar este hiato e, p ortanto, fazer um retrato completo, pois faz da continuidade histórica uma pressuposiç ão. Do mesmo modo, o quadro da cristologia prim itiv a está pressuposto no princípio histórico da correlação: os mitos redentores dos arred ore s são transferidos p ara Jesus!” 247 É evidente que um enfoque puramente histórico não é exatamente idêntico à “objetividade pura” ou ciência objetiva. E. Troeltsch havia mesmo declarado que o próprio mctodo histórico-crítico tem como pressu posição m ental “ toda um a visão de m undo” .248 Isto im plica que a pesquisa his tó rica está sem pre condic io nada à corrente filosófica da época. Façamos um resumo. Na virada do século XX, a teologia protes tante é representada num vasto panorama. Primeiro, há Franz Overbeck, que ab an do na v oluntariam ente a cadeira de exegese do NT e história da igreja antiga na Universidade de Basiléia em 1897 por causa da metodologia histórica pura, que o levou à sua “descrença básica” .249 Sua descrença radic al nega a tarefa da teologia num estudo puramente histórico do NT. Segundo, há a escola da história das religiões com seu programa de uma teologia histórico-religiosa baseada num método histó rico-crítico consiste nte (W rede, Troeltsch, Weinel, Bousset, etc). E, finalmente, há a crítica teológica incisiva do método “puramente histórico” de Schlatter, um estudioso extrema mente erudito, com um sólido interesse no enfoque da história da salvação ( Hei/sgeschichte ). É neste cenário que chegamos à ascensão da teologia dialética.
D. Da Teologia Dialética até o Presente No perío do seguinte à Prim eira G rande G uerra, vários fatores, inclusive um Zeitgeist (espírito da época) trouxeram uma nova situação ao mundo teológico. R. C. Dentan aponta para os seguintes fatores: (1) Uma perda total de confiança no naturalismo evolucionista; (2) uma reação contra a convicção de que a verdade histórica
246 K. Holl, "Urchristentum utid Religionsgeschiehte”, G e s a m m e l t e A u f s a t z e z i t r fC ie rc/i engesch ic htc (Tübingen, 1938), II, p. 1-32; Goppelt, T h e o lo g ie d e s N T , I, p. 31. 247 Goppelt, T h e o lo g ie d e s N T , I, p. 31. 248 Conforme citado por Go ppelt, ibid. 24 9 Kümmel, H is to ry , p. 203.
4.1
pode ser obtida através da pura “ objetividade científica” ou que tal objetividade seja realmente acessível; (3) a tendência para um retorno à idéia da revelação na teologia dialética (neo-ortodoxa);250 e a isto podemos adic ionar (4) o renovado interesse n a teologia como tal. Descobriu-se que o historicismo do liberalismo251 era inadequado e novas perspec tivas surgiam no horizonte. Karl Barth assinalou uma mudança radical tanto na hermenêu tica252 como na teologia. A Primeira Grande Guerra ensinou-lhe a inadequação da teologia liberal. Expressou seu desencanto com palavras provocantes no prefácio de seu pesado com entário sobre Romanos, publicado na Alemanha em 1918: O método histórico-crítico da investigação bíblica tem sua vali dade. Ele aponta para a preparação à compreensão, que nunca é supérflua. Mas se eu tivesse que escolher entre ele e a velha doutri na da inspiração, decididamente escolheria a segunda. Ela tem a validade maior, mais profunda e mais importante , pois apcnta p ara o trabalho da com preensão, sem o qual to da a preparação é inútil. Estou contente por não escolher entre os dois. Mas a minha atuação voltou-se para a investigação através do histórico dentro do Espírito da Bíblia, que é o Espírito E te rn o .253 Estes golpes audaciosos da pena de Barth faziam, parte do que deu à luz a teologia dialética (neo-ortodoxa), o que levou a questão da interpre tação e da teologia a um novo rumo . B arth e nfatizava o lado divino do relacionamento Deus-homem, isto é, Deus como a fonte da revelação, e exige e pratica uma “interpretação pós-crítica da Bí blia” .25,1 Isso significa um a inte rpretação da Bíb lia que não se atém a problem as histórico-críticos, mas penetra no te stem unho da revelação contido na Bíblia. Uma das figuras mais importantes do estudo do NT no século XX emerge e parte da teologia dialética. A carreira acadêmica de Rudolf 250 D e n ta n , P re fa ce, p . 61. 251 Ver especialm ente C. T. Craig, "B iblical Theology and the Rise of H istoricism” , JBL 62 (1943). p. 281-294; M. Kãhler, “Biblical Theology", Th e f c Schaff H erzog E n cyc lo p ed ia o f R elig iotts K n o w le d g e {reimp r., G rand Rapids. M idi., 1952), II, p. 183 e ss.; C. R. North, “ OT T heology and the History of Hebrew Re ligion” , Scattish Journal of Theology 2(1949), p. 113-126. 252 G adam er. "H crnicneutik und H istorismus". P h iln soph is eh er R evue 9 (1962 ). p. 246 e ss.; }. M. R obinson, “H ermeneutic Sincc Barth” , T h e N e w H e r m e n e u ti c. N ew F rn n tie rs in T h eo lo g y, eds. J. M. Robinson e J. B. Cobb, Jr. (New York, 1964), p. 1-77,esp. p. 22-29. 253 K. Barth, D e r R ò m e rb r ie f ( Berna, 1918), p. v. (os grifos são dele). Há uma trad. ingl. de E. C. Hoskyns, The E pisile to R om ans (Londres, 1933). 254 R. Smend, “Naehkritische Schriftauslegung", PARRHESIA. F estsch rift f ü r K. B a rth zu m 80 . G e b u rtsta g { Z urique, 1966), p. 215-237.
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Bultmann durou mais de seis décadas. Ele foi o pioneiro lanlo na crítica da forma255 como no programa da denútização,2^' e contribuiu do Jesus h istóric o,257 entre imiilas 110 debate sobre a nova busca outras coisas. Sua obra produziu uma enxurrada de literatura, tanto contra como a favor de suas opiniões. Bultmann parece ter absorvido e combinado várias influências importantes. Primeiro, ele vem da escola da pesquisa “puramente his tór ica ” , isto é, da escola da his tória das religiões.258 Ele perm ane ce dentro de um a co rrente d a “ escatologia consisten te” .259 Tem ambos 255 R. Bultmann, D ie G e sc h ich te d er syn o ptis ch e n T ra d itio n (Gõttingen, 1921; 2.a ed., 1931). Trad. ingl. The H istory o f the Syno ptic Tradition (New York, 1963); R. Bultmann e K. Kundsin, F o rm C ritic is m . Tw o E ssays on N T R esearch (New York, 1962). Bultmann foi precedido no método da crítica da forma por M. Dibelius, D ie F o rm g esch ic h te des E van geliu m s (Tíibing en, 1919; 3 .a ed., 1959). Trad. ingl. F rom T ra d it ion to G o sp e l (New York, 1934) e por K. L. Schmidt, D e r R a h m e n d e r G esch ic h te Jesu (Berlim, 1919). Avaliações importantes deste método de pesquisa são fornecidas por G. Iber, “Zur Formgeschichte der Evangelien”, Theologische Rundschau 24 (1957-58), p. 282-338; W. E. Bames, Gospel Criticism and Form Criticism (Edijnburgo, 1936); E. B. Redlich, F orm Criticism, Its Value an dL im itution (2.a ed., Edimburgo. 1948); E. Güttgemanns, Offene Fragen zur Form geschichte des Evangelium s (M un ique, 1970); H. Koester, “ One Jesus and Four Primitive Go spels", Trajectories through Early Christianity, eds. J. M . R obinson e H. Ko ester (New York, .1970), p. 158-204 ; D . L ührman n, D ie R e d a k tio n d e r L o g ien q u elle (Neukirchen-VIuyn, 1969); C. E. Carlston, The Para bles o f the Triple T radition (Filadélfia, 1975). 256 O discurso de Bultmann, “Neues Testament und Mythologie”, foi originalmente apresentado em 1941 e traduzido e publicado em inglês “ New T estam ent and Mythology", em K ery g m a a n d M y th , ed, H .-W . Bartsch (Lond res, 1954), I, p. 1-44. O primeiro debate levantado sobre este assunto está contido nos volumes de K e r y g m a u n d M yth o s, ed. H.-W. Barlsch. Trad. ingl., em dois volumes, K e ty g m a a n d M yth (Londres, 1954, 1962). Ver também os ensaios de E, Kinder, W. Kilnneth. R. Prentcr, G. Bornkamm, em K e rig m a a n d M y th , eds. C. E. Braaten e. R. A. H arrisville{Nas hville, 196 2), p. 55-8 5, 86-1 19, 120-137 , 172-196. Ver tam bém R. H. Fuller, The New Testament in Current Studv (New York, 1962), p . 1 24 . 257 R. Bultmann se opunha, em D a s Verh altniu d e r urch ristl ich en C h ris tu sb otsch a ft zu ni historis eh en Jesus (Heildelberg , 1960; 4 .a ed ., 19 65). Trad. ingl. The His to rical J esu s a n d th e K er y g m a tic C h rist, eds. C. E. Braaten e R. A. Harrisville (Nashville, 1964), p. 15-42. Este últim o contém tam bém ensaios sobre as matérias de E. Stauffer, H. C onzelm ann, H. B raun, C. E. Braaten, H .-W . Bartsch, H. Ott, R. A. Harrisville, Van A. Harvey e S. M. Ogden. Ver também J. M. Ro binson, A N ew Q u est o f th e H isto rica l Jesus (SBT, 25; Londres, 1959); K. Schubert, ed., D e r h is torisch e Jesus u n d d e r C h ris iu s un seres G la u b e n s (Viena, 1962); E. Fuchs, Stud ies an the H istorical Jesus (SBT, 42; Londres, 1964); Fuller, N T in C u r re n t S t u d y , p. 25-53; L. E. Keck,/4 F u tu re f o r th e H is to rica l J esu s: The P lace o f Jesus in Preach ing a n d T h eology (Nashville, 1971); G. Auíén Jesus in C o n te m p orary H is to r ica l R esearch (Nashville, 1976). 258 Bultmann, T h e ol og y o f th e N T , II, p. 250. 259 Ver Johnmies W l - í s s . D ie P redig t Jesu rom R eic h G o tie s (Gõttingen, 1892; 2.a cd., 1900) e especialmente as opiniões de Bousset, que, segundo Bultmann, são essencialmen te corretas ( G l a u b e n u n d V e r s t e h e n , I [Gõttingen, 19333, p. 256 e s.). Cf. Kümmel, H isto ry, p. 225-244; G. E. Ladd, Jesu s a n d th e K in g d o m . The E schatohtgy o f Biblical R ealism ( 2 .a e d .; W aco, Tex as, 1970), p. 3-38.
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os pés plantad os n a tradição histórico-mlii-ii.""’ Secundo, Bultman n adota como pressuposição mental a íilosoíiii predomitianlc em sua época na forma do existencialismo de M. H e i d c j < g e i s o u colega n a Universidade de Marburgo de 1923 a 1928. Shi itilcnlo é interpretar a mensagem do NT (querigma) dentro do pensamento d
260 Bultmann, T h e ol og y o f th e N T , II, p. 250. 261 Particularmen te conforme expresso e m B e i n g a n d T im e , de Heidegger (New York, 1962). Primeira edição alemã em 1927. J. Macquarrie trava incisiva discussão a respeito da influência do existencialismo heideggeriano sobre Bultmann, em A n E x isten tia list T heolo gy: C o m p a rim n o f H e id eg g er a n d B u ltm a n n (New York, 1955). Ver tam bém J. M . Robinson e J. B. Cobb, Jr., eds., T h e t a r e r H e i de g ge r a n d T h eology, “New Frontiers in Theology I” (New York, 1963). 262 Bultmann, T h e ol og y o f th e N T , II, p. 251. 263 Vol. 1, p. 21; Cf. K ery g m u a n d M y th , I, p. 42 e s.: “Por meio da palavra da Pregação, a cruz e a ressurreição se fazem presentes: o 'agora' escatológico é aqui...” 264 Merk, B ib lisch e T h e o lo g ie , p. 257 e s. 265 K. Stendahl, “B iblical Th eology, Con temporary” , I D B , I, p. 419. 266 Bultmann, T he olo gy o f t h e N T , II, p. 250 e s.
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teologia do Novo T estam en to (1967 ),267 P. Vielha uer e seus discípulos G ünther Klein,268 Georg S tre ck er ,269 e W alter S ch m ith als.270 A reação mais significativa contra Bultmann aconteceu em 1950, partindo de seus próprio s discípulos, que são com um ente cham ados de pós-bultmannianos.271 O mais importante deles foi Ernst Kâsemann, que lançou formalmente a nova investigação a respeito do Jesus histórico em 195 3,272 E rn st Fu chs, J. M . R ob inson 2” e G ün ther Bornkamm.274 É bom ter-se em mente que Martin Káhler (18351912) foi o precu rsor dos novos pes qu isad ore s.2,5 Os pós bultman nianos se opunham à afirmação de Bultmann de que o Jesus da História era irrelevante para a fé. Para alguns pós-bultmannianos, o Jesus histórico é a base do querigma (Kãsemann, Bornkamm, etc.), enquanto para outros ele é a base da fé (Fuchs, Ebeling,276 etc.). Declarou-se recentemente que “o fracasso em se obter resultados claros na dita nova investigação do Jesus histórico resultou numa derrub ad a das expectativas crítica s” .277 No início da década de 1960, vários pós-bultm annianos, principal mente E. Fuchs, G. Ebeling, J. M. Robinson e também R. W. F unk,278 foram além d a herm en êu tica de B ultm an n,27'' pa rtic ular mente de sua adoção do existencialismo de Heidegger,280 criticando a 267 H. Conzelmann. Grundriss der Theologie dos Neuen Testamenrs (Munique, 1967). Trad. ingl. (New York. 1969). 268 G. Klein, "D as Ãrgcrnis des Kr euzes” , Streit um Jesus, ed. F. Lorenz (Munique, 1969), p. 61-71. 269 G. Strecker, “Die historische und theologischc Pinblematik der Jesus-frage", E vT h 29 (1969), p. 453-476; idem, “Das Problem der Theologie des Neuen Testaments”, P T N T , p. 1-31. 270 W. Schmithals, “Kein Streit uni Kaisers Bart” E va n g elisch e K u m m e n ta re 3 (1970), p. 76-85. 271 W. G. Dotv, C o n t e m p o r a r v N e w T e s t a m e n t I n t e r p r e r a t i o n (Englewood Cliffs, N .J ., 1972), p. 28-51. 272 Publicado sob o título "Das Problem des historischen Jesus", Z T h K 51 (19S4), p. 125-153. Trad. ingl. E. Kãsemann, E ssays on N ew T esta m en t Th em es I.SBT, 41; Londres, 1964), p. 15-47. 273 Ver, acima, n.° 57, para literatura. 274 V e r J e su s o f N a z a r e t h (New York, 1960). 275 Em 1896, ele publicou o seu livro D e r so g en a n n te h isto risch e Jesu s u n d d e r gesch ic h tlich e, bib lisch e C h ristu s (Leipzig, 1896). Trad. ingl. The-Called Históri ca /J esu s a n d th e H isto rie B ib lic a l C h ris t (Filadélfia, 1964). 276 Gerhard Ebeling. W o r d a n d F a i t h (Londres, 1963); idem, The Nature of Faith (Londres, 1961); idem, Theology and Proclum ation: Dialogue on Bu ltm ann Filadélfia, 1966). 277 H. C . Kee, “Biblical Criticism, NT”, I D B S u p p l. (1976), p. 103 e s. 278 R. W. Funk, Language, H erm en eu ti c, a n d W o rd o f G o d (New York, 1966). Ver, acima, os n.° 261-276. 279 Doty oferece um resumo conciso em C o n t e m p o r a r y N T I n te r p r e ta t io n , p. 28-51; P. J. Aehtemeier, A n In tro d u e tio n to th e N ew H e rm en eu tic (Filadélfia, 1969); G. Stachel. D ie N eue H erm en eu tik . E in V b e r b lic k (Munique, 1968). 280 Robinson e Cobb, eds. T h e L a t e r H e i d e g g e r a n d T h eo lo g y.
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compreensão bultmanniana do modo como a linguagem funciona. Na herm enêutica tradicional, o texto tem de ser interpretado. A nova hermenêutica reverte este processo. O homem deve ser interpretado através do texto. Uma discussão adequada da complexidade da nova hermenêutica nos desviaria do caminho certo. Tem-se falado o bastante para indic ar que a erudição crítica moveu-se para muito além de Bultmann e tem encontrado uma fraqueza decisiva em seu enfoque.281 O ensaio publicado em inglês em 1976 por um pós-bultmanniano, que é conhecido mem bro tanto do movimento da nova busca como da nova herm enêutica , é carac terístico da teologia do NT en tre u m deles. J. M. Robinson deu-lhe o provocante título “The Future of New T esta m en t Theology” .282 Ele d eclara q ue com W rede a “ teologia do Novo T estam ento chegou ao fim ...” 283 “ Após vários desvios e evasões, devemos simplesm ente ad m itir que Wrede estava certo e, portanto, negar qualquer futuro à teologia do Novo Testam ento; devemos... canalizar a teologia do Novo T esta mento para dentro da disciplina menos problemática da história das religiões... Contudo, uma concentração exclusiva sobre a tarefa, como forma da teologia do Novo Testamento adaptada ao século XX, poderia se cham ar reconhecid am ente de ‘H istória da Religião Cristã Primitiva’, e não ‘Teologia do Novo Testamento’.”284 Mas Robinson acha que B ultma nn ab riu um novo cam inho em direção ao futu ro da teologia do NT. “Este procedimento, que realmente aponta para a nova herm enêu tica e suas pressuposições na filosofia da lingua ge m ,... obtém [s/c] resultados importantes para a teologia do Novo Testa m ento” .285 Com base nu m a linha de pensam ento “ cosm ológica” , e não “antropológica”, como no caso de Bultmann, a teologia do NT pode ser levada a efeito “ em te rm os do fanatism o sobrenatural da congregação primitiva, movendo-se em direção ao antimundanismo de Paulo e João, mas também ao mundanismo de Lucano e Constantino. uma tendência constantemente acompanhada por uma ala de esquerda, de crescente tendência gnóstica a escapar do mun do”.286 Robinson, deste modo, pede uma “mudança para além do sistema dou trinai do Novo T esta m en to... p ar a dentro dos movimentos da linguagem que possam ser interpretados em termos de alternati 281 Ver o resumo de N. Perrin, "T he Challenge of New Testam ent T heology Today", N ew T e sta m e n t J ssv e s , ed. R. Batey (New York, 1970), p. 15-34, e os pontos da crítica m encionados por D oty, C o n t e m p o r a r y N T I n t e r p r e t a l i o n , p. 43 e s. 282 Ver, acima, o n .° 5. 283 “T he Future of N T Theology” , p. 17. 284 P. 20. 285 Ib id . 286 P. 21.
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vas ao mundo moderno, estendendo-os ‘teologicamente’, ‘ontologicamente’, ‘cosm ologicam ente’, ‘po liticam en te’, etc .” 2*7 Será que esta intencionada renovação do veiho programa, com uma compreensão da História orientada pela totalidade da sociedade e a filosofia da linguagem atual, não integra o NT na História de ta! modo que seu significado seja eliminado através de uma visão a priori do m undo?288 Direção oposta a que acabamos de resumir é a de Peter Stuhlmacher, da Universidade de Tübingen, tendo sido um de seus professo res o pós-bultmanniano E. Kâsemann. O livro de Sluhltnaeher, Schriftauslegung auf dem Wege zur biblischen Theologie (1975),289 contém suas reflexões c sugestões básicas. Ele trabalha extensivamen te com a herança bultmanniana, mas conclui que “o poder integran te do esquema hermenêutico de Bultmann foi amplamente esgota do”290 e assinala, em acréscimo: “Ainda não chegamos à hermenêuti ca de que nec essitam os ",291 Isto implica um “ Não” aos bultm annianos e aos pós-bultmannianos. Em oposição a eles, Stuhlmacher fala de uma “hermenêutica do consentimento'' ( H erm eneutik des Einversfàndnisses) ,292 que deve reservar um amplo espaço para (1) o “ poder inere nte d a palavr a da Bíblia” ; (2) o “ horizonte da fé e da experiência da Igreja” ; (3) um a “ ab ertu ra pa ra um encontro com a verdade de Deus, que nos chega através da transcendência”; e (4) um a “ ab er tura p ar a a possibilidad e da fé” .293 Ele se vê como detentor de uma posição intermediária, como “uma linha divisória entre a teologia querigmática, o pietismo, e um luteranismo de orienta ção bíb lica ” .29'’ Pode ser espantoso para alguns observar que Stuhlmacher propõe um a “ teologia bíblica do Novo T estam en to” .295 Ele segue a linh a dos erud itos do VT (G. von Rad, W. Zim merli e especialm ente H. Gese) e levanta a questão sobre um a teologia do NT que “ não deve se pro jetar como uma teologia bíblica, isto é, como uma teologia do Novo Testamento aberta em direção ao Velho Testamento e que procure retrabalhar a conexão entre tradição e interpretação de tradição do AT e do N T ” .296 O centro de um a teologia bíblica é a proclam a-
287 P. 22. 288 Ver Gopp elt, T h e o lo g ie d e s N T . I, p. 40 e s. 289 P. Stuhlm acher, Schriftauslegung au f dem (Gõttingen, 1975). 290 P. 99. 291 P. 48. 292 P. 120-125. 293 P. 125es. 294 P. 61. 295 P. 127, 138, 163. 296 P. 138.
W ege zu r biblischen
Theologie
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çào da reconciliação arraigada na mensagem de Jesus Cristo,297 pois “a mensagem da reconciliação (VersWinungsbotschaft) [é] o centro determinante da Sagrada Escritura como um tod o... " 2W As posições de J. M. Robinson e de P. Stuhlmacher refletem, em seus conceitos da teologia do NT, a divergência radical daqueles que vieram da escola bultmanniana. O programa do primeiro parece retorn ar à perspectiva pura m ente histórica, e nq uan to o program a do segundo se aproxim a do dito movimento d a “ história da salvação” . Ante.s de retornarmos às abordagens da questão “histórico-salvífica” (heilsgeschichttiche) da teologia do NT, devemos re gistra r também os pro gressos na erudiç ão cató lica rom ana e os enfoques classificados representantes da tendência “positiva moderna” da erudição do NT. A erudição católica romana produziu sua primeira teologia do NT em 1928. O estudioso francês A. Lemonnyer apresentou em sua La Theologie du Nouveau Testam ent 299 uma abordagem temática. É este também o método da popu lar Die Theologie des N euen Testaments. Eine Einfürung (1936), de O. Kuss.300 Obras muito mais significativas apareceram no início dos anos 50. M. Meinertz publi cou, em 1950, uma teologia do NT em dois volumes,301 que já havia sido concluída oito anos antes. Embora discuta a relação da teologia do NT com a dogmática, ela não discute a origem e o desenvolvi mento da disciplina. Jesus Cristo desempenha um papel unificador nas variadas teologias dos escritores do NT. O relato da revelação divina exibe, nos diferentes livros do NT, a riqueza que encontra diferentes formas de expressão, mas que se unifica na pessoa de Jesus Cristo.302 Meinertz dividiu seus dois volumes em quatro partes. A primeira trata de “Jesus”, na qual João Batista também aparece como precursor de Jesus.303 A segunda parte discute a com unidade cristã prim itiv a (Atos, Tiago, Judas).304 a te rceira parte, com a doutrina de
297 P . 1 2 7e 175. 298 P. 178. 299 A. Lem onnyer, O . P ., L a T hénln gie d u N ou veau T e sta m e n t (Paris, 1928). Trad. ingl. T h e T h e o lo g y o f t h e N e w T e s t a m e n t (Londres, 1930). Edição revisada e aumentada ioi publicada por L. Cerfaux em Paris, em 1963. Cf. Harrington, P a th , p. 117 e s. 300 O. Kuss, D ie T h eologie d es N euen T estam en ts. E ine E in fü h ru n g (Regensburg, 1936). 301 M. Meinertz, T h e o l o g i e d e s N e u e n T e s t a m e n t s , 2 vols. (Bonn, 1950); idem, "Randglossen zu meiner Theologie des NT" T h Q 132 (1952), p. 411-432; idem, “Sinn und Bedeutung der neutestamentlichen Theologie", M ü n c h e n e r th eolo g isch e Z e itsc h rift 5(1954), p. 159-170. 302 Meinertz, T h eo lo g ie d e s N T , I, p. 3 e s. 303 I, p. 8-211. 304 P. 212-247.
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Paulo, é a mais longa,305 seguindo-se a última parte, sobre o pensam ento joanino.306 Sua conclusão resume a tônica dos dois volumes: “O Cristo vivo concilia finalmente todas as linhas de pensam ento do Novo T esta m ento” .307 J. Bonsirven apresentou sua Théologie clu Nouveau Testament em 1951308 e está também interessado numa apresentação unificada da teologia do NT. A tarefa da teologia do NT “é reunir as verdades reveladas contidas no Novo Testamento, definir seu significado conforme entendido pelo autor e tentar classificar estas verdades em uma ordem de importância, de modo a fornecer as bases do dogma cristão".309 Isto revela uma abordagem essencialmente históricodescritiva, que “segue a cronologia da História, não os documentos em que nos baseam os” .310 Bonsirven divide sua teologia do NT em quatro partes. A primeira tra ta de Jesus Cristo .311 A curta segunda pa rte , do “ cristianism o prim itivo” .312 A te rceira discute os ensin am ento s de P aulo,313 e, por fim, há uma parte sobre os outros testemunhos apostólicos, sob os títulos de teologia, vida cris tã e escatolo gia.314 O movimento moderno católico bíblico foi inaugurado pela encíclic a Divino A fflante Spiritu (1943), de Pio XII, que instruía os eruditos católicos romanos a usar os métodos modernos para o estudo da Bíblia. Em meados dos anos 50, a intelcctjialidade treinada nos métodos da crítica bíblica assumiu posições de magistério cm facul dades, seminários e universidades. O secretário da Comissão Bíblica Pontificai declarou, em 1955, que agora os estudiosos católicos romanos tinham “completa liberdade” (plena libertate ) respeitante aos decretos de 1905-1915, exceto onde se tocava na fé e na moral.315 Quanto aos meados dos anos setenta, é difícil se falar em diferenças na aplicação dos métodos da crítica bíblica entre os eruditos não católicos e os católicos. Duas das teologias do NT católicas, escritas a partir da reorientação da erudição cató lica, usam a abordagem
305 306 307 308 309 310 311 312 313 314 315
II, p. 1-254. P. 267-338. P. 346. J. Bonsirven, S. I. Théologie du Nouveau Testament (Paris, 1951). Trad. ingl. T h e ol og y o f t he N e w T e s t a m e n t (Westminstcr. Md., 1963). T h e ol og v n f t h e N T , p. xiii. P. xvi. " P. 3-1S2 . P. 153-189. P. 191-368. P. 369-405. R. E. Brown, B ib lic a l R eflectio n s on C ris es F a cin g th e Church (New York, 197S), p. 111.
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U-mática. Temos a obra de quatro volumes do alemão Karl H. Schelkle (1968-1974) e a de dois volumes do espanhol M. Garcia Cordero (1972).316 Ã parte estas, tem havido estudos sobre a nature za e o método da teologia do NT feitos por Rudolf Schnackenburg (1961)317 e teologia bíblica (AT e NT) por Wilfrid Harrington (1973).318 Há muitos ensaios significativos que tangem todas as questões princ ipais da teologia do N T,319 mas ainda não h á n enhu m a teologia do NT escrita por um católico que se baseie nos métodos modernos da crítica bíblic a.320 Existem várias teologias do NT que p odem ser livremente classifica das como pertencentes à corrente “positiva moderna” da teologia do NT. Em seus prim eiros estágios, esta corrente se fez representa r por B. Weiss, W. Beyschlag, P. Feine. F. Büchsel, F. Weidner, E. P. Gould e G. B. Stevens. E. Stauffer publicou sua Die Theologie des Neuen Testa m ents em 19413’ 1 e cita B. Weiss explicitam ente como 316 K. H. Schelkle, T h e o l o g i e d e s N e u e n T e s t a m e n t s , 4 vols. (Düsseldorf, 1968-74). Trad. ingl. T h e o l o g y o f t h e N e w T e s t a m e n t (Collegeville, Minn., 1971): M. G. Cordero. Teologia de Ia Biblia II et III: Nuevo Testamento , 2 vols. (Madri, 1972). 317 R. Schnackenburg, La T h éologie du N ou veau T e sta m e n t (Bruges, 1961). Trad. alemã N e u te sta m e n tlic h e Theologie . D e r S ia n d d e r F orsch u n g (Munique, 1963; 2 .ã ed. 1965). Trad. ingl. N ew T e sta m e n t Th eology T od a y (Londres, 1963). 31S Ver, acima, o n ç l. 319 Os trabalhos dos. seguintes autores parecem estar entre os mais importantes: W. Hilmann. "W ege zur neutestam entlichen T heolog ie” , Wissenschaft und Weisheit 14 (1951), p. 56-67. 200-211; 15 (1952), p. 15-32, 122-136; C. Spicq, "L'avenemcnt de ia théologie biblique”, R S P T 35 (195 1), p. 56 1-574; idem, “Nouvelles réflexions sur ia théologie biblique”, R S P T 42 (1958 ), p. 209-219; F .-M Braun, “ La théologie biblique", R evu e T h o m iste 61 (1953), p. 221-253; H. Sehlier, Uber Sinn und Aufgabe einer Theologie des Neuen Testaments”, B ibli sch e Z e ilsc h rifi I (1957), p. 5-23. Trad. ingl. “The Meaning and Funclion of a Theology of the New Testament", D o g m a tic vs. B ib lic a l T h eo lo g y , ed. H.'Vorgrimler (Ba ltím orc/D ublin, 1964), p. 87-113; A. D eseam ps, “R éflections sur Ia méthode en théologie biblique”, Sacra Pagina I (Gembloux, 1959), p. 132 157; A. Vògtle, “ Progress and P roblem s in N T Ex ege sis” , D o g m a tic vs. Biblical Theology, p. 31-65; D. M. Stanley, “Towards a Biblical Theology of 1hc New Testament. Modem Trends in Catholic Bible Scholarship", C o n t e m p o ra ry D e v e lo p m e n ts in T h eology (West Hartford. 1959), p. 267-281; A. Võgtle, ‘‘New Testament Theology”. S a c r a m e n t u m M i t n d i (Londres, 1969), IV, p, 216220; K. H. Schelkle, ‘‘Was bedeutet ‘Theologie des Neuen Testaments'? "Evan g e lie n fo rsc h u n g , ed. J. Ban er (VVürzburg, 19 68), p. 29 9-312 ; P . Gree h, “ Contemporary Metbodological Problems in New Testament Theology”, B T B 2 (1972), p. 262-280. 320 Há três ensaios curtos, mas significativos, sobre os aspectos da teologia do NT n o je r o m e B ib lic a l C o m m e n ta r y , eds. R. E. Brown, 3. A. Fitzmyere R. E. Murphy (Englewood Cliffs, N. J., 1968); D. M. Stanley, S. J., e R. E. Brown, S. S., ‘‘Aspeets of New Testament Thought” (II, p. 768-799); I. A. FitzmveT, S. J., “Pauiine Theology” (II, p. 800-827): c B. Vawter, C. M, ‘'Johannine Theology” (II, p. 828-839). 321 E. Stau ffer, D ie T h eo logie des N euen T e s ta m e n ts (G ütersloh, 1941; 5 . a ed .. 1948). Trad . ingl. da 5 .a ed. N ew T e sta m e n t Th eologv (Londres, 1955).
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ponto de p artid a para sua o b ra .322 Stauffer não organiza suas obras de acordo com a ordem cronológica dos escritos ou blocos de escritos do NT, mas escolhe uma abordagem sistemática organizada de acordo com temas teológicos. Sua ordem material segue a linha da “teologia cristocêntrica da história do Novo Testamento”. Essa abord agem con tém um a pe rspectiva básica “ histórico-salvífica” ,323 e o método é “estritam ente descritivo” / 24 A teologia da história” de Stauffer não dá espaço para a teologia dos Sinópticos325 ou de Jesus, Paulo, João, Hebreus, etc. Seu método exclui a apresentação de qualquer desenvolvimento histórico. Isto é tão mais surpreendente, porque Stauffer não reconhece o cânon como norm ativo p ara a teologia do NT .326 É ele, p ortan to, o prime iro a ate nder à exigência de W rede, m as não pela mesma razão. Stauffer pro cura dem onstrar que a “teologia cristocêntrica da História” é construída pela “antiga tradição bíblica”127 e se move em linha reta na direção da teologia do pós-cristia nis m o.328 Ê in útil procurar um a ju stific ativa p ara este procedim ento.329 A beleza do quadro unificado do NT, com o judaís mo que o preced e e a teologia do cristianism o que o segue, aparece à custa de se permitir que o testemunho do NT permaneça sozinho con tra os progressos a nteriores e posteriores. O erudito americano F. C. Grant escreveu, em seu A n Introduction to New Testament Thought (1950), que este estudo não aspira a ser uma teologia do NT,330 embora ele afirme que “existe uma teologia do Novo Testamento, ou talvez várias teologias, contíguas, parcialm ente sobrepostas — como as esferas ou m ônadas em certas filosofias plu ra lista s” .331 “ A teologia do Novo T esta m ento era a teologia da Igreja Cristã em desenvolvimento, conforme o Novo Testamento reflete, não um produto acabado, mas uma teologia em processo” .332 Ele argum enta que “ um a organização genética dos dados teológicos” do NT está fora de cogitação. A organização mais útil é a das “ áreas de pe ns am en to” .333 Conseqüentem ente, a tarefa 322 Stauffer, N T T h eology, p. 49. 323 Elogio de O. Cullmann, C h r i s t a n d T i m e (Londres, 1962), p. 26 n.° 9; "mérito definitivo”. 324 Stendahl, ZDi?, I, p. 421. 325 Schlier, em D o g m a tic vs. B ib lic a l T h eo lo g y, p. 98. 326 Stauffer, N T T h eo lo g y, p. 44 e s, e 73-79. 327 P. 51. 328 P. 235-257. 329 Merk, B ib lisch e T h eo lo gie, p. 253; W . G. K üm m el, "Review of E . Stauffer, D ie T h eolo gie des N T " , TLZ 75 (1950), p. 421-426, esp. p. 425. 330 F. C. Grant, A n In tro d u c tio n to N ew T e sta m e n t T h ou gh t (Nashville, 1950), p. 43-46. 3 31 P . 2 6 e s . 332 P. 60. 333 P. 24.
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"n ão c mais de descrição do que de in terpr eta çã o” .334 De acordo com estas considerações metodológicas, Grant segue desenvolvendo as seguintes ‘'área s de pen sam ento” : “ Revelação e E sc ritura ” (p. 63-98), “A Doutrina de Deus” (p. 99-143), “Milagres” (p. 144-159), “A Doutrina do Homem” (p. 160-186), “A Doutrina de Cristo” (p. 187-245), “A Doutrina da Salvação” (p. 246-267) “A Dou trina da Igreja” (p. 268-299) e “Ética do Novo Testamento” (p. 300324). A base desta apresentação é que “há uma unidade real no Novo Testa m ento — não devemos nunca perdê-la de vista” , enquanto se reconhece claramente que a “diversidade implica algumas idéias .básicas da teologia do Novo T es tam en to” .335 Se G ra nt é ou não responsável pelo afa stam ento en tre rec onstrução e inter pr eta çã o,336 porque identifica o “ m éto do descritivo” com “ interpretação” ,337 perm anece um a questã o em aberto . O breve e popular estudo intitulado "lntroducing New Testament Theology , de A. M. Hunter, da Escócia, destina-se a ser um roteiro da teologia do NT para sacerdotes e leigos interessados. Revela uma abordagem mais ou menos histórica da teologia do NT, baseada no “fato de C risto ” ,338 que contém seções sobre “O R eino de D eus e o M inistério de Jesus” , “ O Evangelho do R eino” e “ A R essurreição ” , seguidos de “Os Primeiros Pregadores do Fato”,339 e conclui com “ Os Intérpretes do F ato ” , na forma de Pau lo, Pedro, o auto r de Hebreus e João.340 “Este livro brilhantemente claro”341 está parti cularmente interessado na unidade dos teólogos do NT, sem des prezar sua div ersid ade,342 um em preendim ento nada surpreendente para um erudito que escreveu um livro sobre The Unity of the New Testament (1944).343 As teologias do NT de Alan Richardson (1958), F. Stagg (1962) e R. E. Knudsen (1964)344 foram seguidas, no continente, por uma
334 P. 27. Merk (Biblische Theologie, p. 265) interpreta mal a declaração de Grant de que “interpretação" deve ser definida como o “método descritivo’’. 335 P. 30. 3 36 P . 5 1. 337 Afirmação de Merk, B ib lisch e T h eo lo g ie , p. 265. 338 A. M. Hunter, l n t r o d u c i n g N e w T e s t a m e n t T h e o l o g y (Londres, 1957; 2.a ed., 1963), p. 13-61. 339 P. 63-85. 340 P. 87-151. 341 Harrington, P a th , p. 128. 342 Hunter, l n tr o d u c in g N T T h e o lo g y , p. 7. 343 A. M. Hunter, T h e U n i ty o f t h e N e w T e s t a m e n t (Londres, 1943). Trad. alemã D ie E in h e it d es N euen T e sta m e n ts (M unique, 1959). 344 A. Richardson, A n In tr o d u c tio n to th e T h eology o f t h e N ew T e sta m e n t (Londres, 1958); F. Stagg, N e w T e s ta m e n t T h eology (Nashville, 1962); R. E. Knudsen, Theology in the New Testam ent. A B asis fo r C hristian Faith (Chicago, 1964).
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abordagem “histórico-moderna” mais rigorosa na teologia do NT de W. G. Kümmel (1969), J. Jeremias (1971,1975) e E. Lohse (1974).345 "Jesus T hrough M any Eyes. Introd uctioti to the Theology o f the New Testament (1976) é o mais recente trabalho dentro da corrente “histórico-moderna” da teologia do NT. A maioria destas teologias receberá atenção mais detalha da no próximo capítulo. Em termos de classificação, encontra-se sozinho o quarto volume da obra de Martin Albertz, sob o título Botschaft des N euen Testamentes (1946-57).346 Em 1.230 páginas, o ex-aluno de T. Zahn e A. von Harnack toma seu próprio rumo. Ele sugere que a introdução crítica tradicional ao NT e a teologia histórico-crítica tradicional do Novo Testam ento precisam ser relançadas em cam in hos radic alm ente novos.347 Os primeiros dois volumes tentam reelaborar o campo da introdução ao NT na linha da crítica da forma e têm o subtítulo de “Origem da Mensagem". Os dois volumes restantes originam-se organicamente dos primeiros e contêm o “Desvendamento da Mensa gem". Foi W. Michaelis que incentivou Albertz “a levar a uma crítica fund am en tal toda a teologia tradiciona l (crítica) a p ar tir da época em que colocou o homem, mesmo o devoto, no centro do pensamen to ” .348 Ele argu m enta co ntra o pro gra m a bultm an nian o de demitização, ao declarar que Bultmann “não retira do NT o conceito de m ito” , m as da “ erudiçã o do século XIX” , e assinala qvie as “ epístolas pastorais ter-lhe-iam ensin ado que não há mitos na Igreja, e Paulo lhe diria qu e C risto não é um m ito p a ra ele” .349 Não é necessário diz er que este argum ento foge do uso que Bu ltm ann faz do mito. Albertz diz que a “teologia do NT é filha do Ilum inism o” .350 Ele critica a abordagem filosófica de F. C. Baur, o método dos “conceitos-de-doutrina” ( Lehrbegriffe) usado por B. Weiss, as abordagens 345 W. G. Kümmel, D ie T h eologie des N eu en T e sta m e n t nach sein en H a u p tze u ge n : Jesu s, P au lu s, Johannes (GõttíngerL, 1969; 2.a ed., 1972). Trad. ingl. The Theo l og y o f t h e N e w T e s t a m e n t A c c u r d i n g t o I t s M a j o r W i tn e s se s : J es u s- P au l- Jo h n (Nashville, 1973); J. Jeremias, N e u te sta m en tlic h e T h eo lo g ie , 1. Teil (Giitersloh, 1971). Trad. ingl. N ew T e sta m e n t T heology: Th e P ro cla m a tio n o f Jesu s (New York, 1971); E. Lohse, Grundriss der neutestamentlichen Theologie (Stuttgart, 1974). 346 M. Albertz, B o tsc h a ft d es N euen T e s ta m e n te s, 1. Band: D ie E n ts te h u n g d er B otsch aft, 1. Halbband: D ie E n tste h u n g d e s E va n g eliu m s (Zollikon-Zurique, 1946); 2. Halbband; D ie E n tste h u n g d e s a p o stolisch en S c h riftk a n o n s (ZollikonZurique, 1952), 2. Band: D ie E n tfa ltu n g d e r B o tsc h a ft, 1. Halbband: D ie Vo ra u ssetzu n g en d e r B o tsc h a ft (Zollidon-Zurique, 1954); 2. Halbband: D e r ín h a lt d er B o tsc h a ft (Zollikon-Zu rique, 1957). 347 1/2, p. 306. 348 II/2, p. 15. 34 9 I / i , p . 1 0 e s . 350 II/l, p. 15.
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psico-religiosas de A. von H arnack e A. D eissm ann, o método histórico-religioso de W . Bousset e outros, e a tenta tiva de inte rpre tar o NT com base n um a visão do m und o m oderno, como é o caso em E. Stauffer e R. B ultm an n.351 Assim, o lug ar da teologia do NT tem que ser tomado por um "desvendam ento da mensagem do N T” . O esquem a deste desvendam ento se enco ntra em II Cor. 13:13, que é a fonte dos títulos das par tes principais: (1) “ A graça do Senhor Jesus Cristo”; (2) “O amor de Deus"; e (3) "A comunhão do Espírito Santo”. Diante do fato de Albertz vir da escola da crítica da forma, não está claro por que ele se apega à crítica da forma, que é também influenciada pelo Zeitgeist 3 52 e invalida os outros ramos da pesquisa que também refletem o Zeitgeis t. Revela-se outra inconsistência em sua condenação da abordagem histórico-religiosa e no fato de ele não qu erer ficar sem a “ E str u tu ra da M ens age m ” histórico-religiosa.353 Ê evidente que Albertz usa uma abordagem altamente individualista. Mas concordamos com E. Fascher que "nada disto deve nos impedir de admitir que esta obra é plena de sugestões para pesquisas futuras, e só podemos p ed ir aos jovens que e ntrem em lu ta corpo a corpo com ela".354 Agora devemos retornar à abordagem da teologia do NT via Heilsgeschichte (história da salvação). Já vimos que a primeira fase desta abordagem foi associada a J. Ch. K. von Hofmann, T. Zahn e A. Sch latter. E sta linha de pesqu isa é segu ida mais vigorosam ente nos dois m ais im po rtan tes estudo s de O. C ullm an n.355 A teologia do NT da Europa Continental mais recente de L. Goppelt, publicada postum am ente em dois volumes, ta m bém segue as perspectivas da história da salvação.356 O conhecido erudito evangélico americano George E. Ladd teve sua magnun opus publicada em 1974, sob o título de A Theology o f th e New T estam ent, e C. K. Lehman, outro
351 U / l , p. 15-21. Ver também M. Albertz, "Die Krisis der sogennanten neutestam entlichenT heologie” , Z eich en d e r Z e it 10 (1954), p. 370-376. 352 Ver E. V. McKnight, What is Farm Criticism? (Filadélfia, 1969); J. H. Hayes, ed. Old Testament Form Criticism (San Antonio, Tex., 1974). 353 Albertz, D ie E n tfa h u n g d e r B o ts c h a f t , 11/1, p. 22-64. 354 E. Fascher, “Eine Neuordnung der neutestamentlichen Fachdisziplin?” T L Z 83 (1958), p. 618. Ver também Sehnackenburg, N T T h eolo gy T o d a y , p. 38 e s.; Kraus, B ib li sch e T h eo log ie, p. 188 n.° 87; Merk, B ib lisch e T h eo lo g ie , p. 262 e s.; Harrington, P a t h , p. 117. 355 O. Culmann. Christus und die Zeit (Zollikon-Zurique, 1946). Trad. ingl. Christ a n d Tim e (Londres, 1951); idem, f í e i l ais G esch ich te : H eils gesch ich tl ie h e Exis te n z irrt N eu en T e sta m e n t (Tübingen, 1965). Trad. ingl. Sulvation in History (New York, 1967). 356 L. Goppeit, Theologie des Neuen Testaments, 2 vols., ed. J. R oloff (G õttingen , 1975-76).
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erudito evangélico, publicou no mesmo ano sua Bib lical Theology, 2: New T esta m ent , 357 As obras de Cullmann, Ladd e Goppelt serão discutidas no próxim o ca pítulo sobre a m etodologia. B. S. Ch ilds358 faz um a excelente descrição do “M ovim ento Teoló gico Bíblico” na América a partir de 1940. Sua ênfase de que este movimento foi distintamente americano tem sido contestada por J. Barr, que assinala que “na Grã-Bretanha e no Continente existiam as mesm as ten dências, em bo ra o cenário fosse outro” .359 O M ovi mento Teológico tinha as seguintes características: (1) oposição aos sistemas filosóficos, (2) comparação entre o pensamento hebraico e o grego, (3) ênfase sobre a unidade dos Testamentos, (4) singularidade da Bíblia, a despeito de seu ambiente, (5) reação contra a antiga teologia “liberal” e (6) a revelação de Deus na História. Childs acha que “ o fim do Movimento Teológico Bíblico como força do m inante na teologia americana” ocorreu em 1963.360 Logo, necessita-se de uma nova teologia bíblica. Deve-se reconhecer claramente que, no pensar de Childs, “a empreitada da teologia bíblica é uma disciplina diferen te tanto da teologia do AT como do NT” .361 Isto q ue r dizer que em sua opinião existem campos legítimos da teologia do AT e da teologia do NT. A teologia do NT seria “principalmente uma empresa descritiva” , o que a distingue da teologia bíblic a.362 E m outro livro, tratamos da abordagem de Childs. Posto que Childs não trata diretamente da teologia do NT, parece desnecessário descrever aqui suas prop ostas p ar a a teologia bíblica. Este esboço histórico esclareceu a origem e enriqueceu a h istória da teologia do NT. As questões fundamentais permanecem insolúveis e são assun to de deba te contínuo en tre os erud itos de várias formações e escolas de pensamento. Fizemos uma tentativa de esclarecer as raízes prin cip ais do debate atual a respeito da natu reza, função, propósito e limitações da teologia do NT.
357 G. E. Ladd, A Th eolo gy o f th e N ew T e s ta m e n t (Grand R aptds, M ich., 1974); C. K. Lehman, B ib lic a l T h eology, 2: N ew T e s ta m e n t (Scottdale, Pa., 1974). 358 B. S. Childs, B ib lic a l T h eolo gy in C ris is (Filadélfia, 1970), p. 13-87. 359 I. Barr, “B iblical T heo logy '’, ID B S u p . (Nashville, 1976). p. 105. Ver também J. Barr, Olcl an d New in In terpretation (New York, 1966); idem, The Bible in the M o d e m W o rld (New York, 1 973). 360 Childs, B ib lic a l T h eolo gy in C ris is , p. 85. 361 Com unicação privada citada em Hasel, O T T h e o lo g y , p. 50, n.° 67. 362 Childs, B ib lic a l T h eo logy in C risis , p. 99. 363 Hasel, O T T h e o lo g y, p. 49-55.
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2 Metodologia na Teologia do N T A questão da metodologia é fundamental. Foi levantada de ma neira sem igual por J. P. G abler, em 1787;1 suas opiniões foram catalisadoras p a ra o pensam ento fu turo e aind a o são hoje. As inúm e ras questões ligadas à e ao redor da teologia do NT (e da teologia bíblica) foram debatidas no passado e ainda o são, com um vigor inesgotável, atualmente. A complexidade das questões compõe-se do fato de que mesmo os eruditos que seguem o m esmo enfoq ue m etodo lógico da teologia do NT nem sempre concordam, às vezes até em questões básicas. Logo, há uma fusão de métodos. Este fato faz com que seja não só difícil como tem erário atrib uir de term inad a teologia a um dado método qualquer. Nosso procedimento será deixar que as questões da metodologia venham à tona, enquanto delineamos as abordagens atuais mais importantes da teologia do NT, cada uma represen tada por m ais de um e rudito. A. A Abordagem Temática 1. A lan Ric hardson. A apresentação da teologia do NT feita po Alan Richardson, sob o título A n Introductio n to the New Testam ent Theology (1958), foi saudada como “a maior teologia do Novo Testam ento que já existiu” .2 1 A aula inaugura l de Johann Phillip G abler, “ Ora tio de iusto discrim ine theologiae biblicae et dogm aticae, regundisque recte utriusque finibus” , na Universidade de Altdorf, em 30 de março de 1787, marcou o início de uma nova fase no estudo da teologia bíblica, por m eio de sua declaração de “ que a teolog ia bíblica é histórica em caráter (e gênero histórico) porque estabelece o que os escritores sagrados pensavam sobre as questões divinas...” ( em G a b l e ri O p u s c u l a A c a d ê m i ca II [1831], p. 183 e s.). Cf. R. Smend, “J. Ph. Gablers Bergriindung der biblishen Theologie”, E vT h 22 (1962), p. 345 e ss. O ensaio programático de William Wrede, “Uber Aufgabe und Methode der sogennanten neutestamentlichen Theologie (Gõttingen, 1897), p. 8. Trad. ingl. de R. Morgan, T h e N a t u r e o f N ew T c stu m en t T h eology (SBT2/25; Londres, 1973). p. 69, enfatiza novamente o caráter "puramente histórico” da teoíogia (bíblica) do NT. 2 W ,H . H a n i n g t o n , The Path o f Biblical T heology (Dublin. 1973), p. 186.
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Richardson nos oferece um panorama a respeito de sua compreen são da teologia do NT no prefác io. Ele declara q ue a única m aneira de saber se “a igreja apostólica possuía uma teologia comum e que ela pode ser reconstruída a p artir da literatura do Novo Testam ento ” é “moldar uma hipótese por meio da referência ao texto daqueles documentos à luz de todo o conhecimento crítico e histórico disponí vel” .3 Entende-se que esta ab orda gem inclui m étodos “ históricos, críticos, literários, filológicos, arqueológicos” e outros. V. Taylor aponta diretamente para a questão em jogo nesta metodologia, a saber, que a hipótese de Richardson “é nada mais que a declaração de que os eventos da vida, os ‘sinais’, a paixão e a ressurreição de Jesus, conforme os testemunhos apostólicos, podem servir como ‘d ata ’ do Novo Testam en to melhor que q ua lqu er hipótese atu al” .4 A hipótese que Richardson defende é “que o próprio Jesus é o autor da brilhante reinterpretação do esquema salvífico do Antigo Testa mento (‘Teologia do Antigo Testamento’) encontrado no Novo Testa m e n to ,...”5 Espera-se, assim, um abrang ente estudo histórico dos dados do NT, a respeito da totalidade de confiança do NT no Jesus6 histórico, do mesmo tipo que o de J. Jeremias. Esta esperança está garantida a partir da aprovação dos métodos enumerados por ele. Ela, contudo, se frustra. Richardson decidiu estruturar seu livro em dezesseis capítulos. Aqui, nosso assunto é a natureza do NT e. portanto, a questão metodológica. Embora Richardson nos tenha informado que “a teo logia do Novo Testamento, quando escrita por um crente, começará, necessariamente, com a fé apostólica”7e declare, na primeira frase do Capítulo I, intitulado “A Fé e o Ouvir”, que é “bom começar uma consideração sobre a teologia do Novo Testamento com um estudo sobre o conceito fun da m en tal de fé” ,8 ele não explica por que a questão da fé é mais adequada para se iniciar uma teologia do NT do que, digamos, “ a proclam ação de Jesus”9 ou “ o que rigma da com unidade primitiva e da com unida de g rega ” , 10 sem ao menos 3 Richardson, A n In tro d u c tio n to th e T h eology o f th e N ew T e s ta m e n t (Londres, 1958), p. 9. 4 Vincent Taylor, “Th e Theology of the New Testam ent", E T 70 (19 58 /59) , p. 168. 5 Richardson, A n In tro d u c tio n to th e T h eology o f t h e N T , p. 12. 6 Richardson (p. 13 e s., 41-43, 135, 199, 362) emp enha -se em um a polêmica contra R. B ultman n. Ver L. E. Theck, "Problems of New Testam ent Theology", N ovu m T e s t a m e n t u m 7 (1964/65), p. 225es. 7 Richardson, A n In tro d u c tio n to th e T h eology o f th e N T , p. 11. 8 P. 19. 9 E. Loh se, Grundriss der neutestamentlichen Theologie (Stuttgart, 1974), p. 18 e ss. 10 Também H. Conzelmann, A n O u tlin e o f th e T h eolo gy o f th e N ew T esta m en t (Lond res, 1969), p. 29 e ss.
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m encionar a “mensagem de Jesu s” de B ultm ann.11 É difícil de se aceitar que Richardson desejava insinuar que uma teologia do NT, escrita com um prim eiro capítulo diferente, não seja “ cristã ” . E stará Richardson tentando apresen tar um a teologia “ cristã” do NT, em vez de um a teologia não-c ristã? Isto levanta a questão metodológi ca, se uma teologia do NT, no verdadeiro sentido, só pode ser escrita por um crente. K. Stendahl é conhecido como firme defensor da abordagem descritiva na teologia do NT e do A T .12 Ele afirm a que ...a tarefa descritiva pode ser desempenhada tanto pelo crente como pelo agnóstico. O crente tem a vantagem da empatia auto mática com os crentes do texto — mas a sua fé ameaça-o de não modernizar o material, se ele praticar os cânons da erudição descri tiva rigorosamente. O agnóstico tem a vantagem de não cair em tal tentação, mas seu poder de empatia tem que ser considerável, se ele prete nde se ide ntificar o suficiente com o crente do século I .1J Richardson discorda completamente da posição de Stendahl: “ ...fora da fé, o significado interior do NT é ininteligível.” '4 “ U m a compreensão adequada das origens do cristianismo ou da história do Novo Testa m ento só é possível através do discernim ento da fé cris tã .” 15 Deste modo, Rich ardson o pta pela pressup osição da fé p ara se escrever uma teologia do NT. Isto quer dizer, para ele, que “não há pretensão de se perm anecer dentro dos limites da ciência puram ente des critiva...” 16 Em vista deste posicion am ento, é quase impossível aceitar descrever o método de Richardson, com O. Merk, como um método descritivo.17 Acred itam os que estam os próxim os da verdade ao sugerir que o método de Richardson c “o método confessionaldescritivo” , que tam bém é em preg ado na teologia do A T .18 Há um problema crítico não resolvido a respeito do método confes sional de Richardson que se refere à questão se deve escrever uma teologia do NT a pa rtir da estru tura da “fé cristã” ou d a fé do NT ou 11 R. Bultmann, T h e ol og y u f i h e N e w T e s t a m e n t (Londres, 1965), I, p. 3 e ss. 12 K. Stendahl, “ Biblical Theology, C ontem porary” , I D B , 1, p. 418-432; idem, “ M ethod in the Study of Biblical Th eology” , T h e B i b l e in M o d e m S c h o l a r sh i p , ed. J. P. Hyatt (Nashville, 1965), p. 196-208. 13 Stendahl, I D B , I, p. 422. 14 Richardson, A n In tro d u c tio n to th e T h eologv o f the N ew T e s ta m e n t, p. 19. 15 P. 13. 16 P. 12. 17 O. Merk, B ib lisch e Th eolo gie des N eu en T e s ta m e n ts in ih re r A n fa n g sz eit (Marburg, 1972), p. 266. 18 Ver Th. C. Vriezen, A n O u tlin e o f th e O T T h eology (2.a ed.; Newton, Mass., 1970); G. A. F. Knight, A C h ris ti an T h eology o f th e O ld T e s ta m e n t (2.a ed.; Londres, 1964). Ver também R. de Vaux, “Peuton écrire une ‘theologie de 1 'AT’?" B ib le e t O rien t (Paris, 1967), p. 59-71.
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da minha fé .19 A par tir do mom ento que R ichardson fala da ” fé cristã” de modo indefinido, sentimo-nos tentados a pensar em “fé cristã” conforme entendida pelos anglicanos.20 Que apelo à objelividade terá tal teologia confessional do NT? Será que os anglicanos escrevem teoiogias do NT válidas para irmãos anglicanos com a mesma com preensão da “ fé cristã” , e os luteranos p ara os luteranos, etc.? Parece que a teologia do NT precisa manter sua independência contra um domínio confessional ou doutrinário. Isto não quer dizer que o método descritivo seja a panacéia há muito procurada para a teologia do NT. Veremos mais algumas coisas a respeito das questões que cercam o método descritivo mais adiante. Retornemos à questão da estrutura da teologia do NT de Richard son. Todos reconhecemos que todo historiador ou teólogo seleciona seu m aterial subjetivam ente.21 Co ntudo, nós questionam os a respeito da estrutura metodológica dos seguintes 16 capítulos: A Fé e o Ouvir, Conhecimento e Revelação; O Poder de Deus Para a Salvação; O Reino de Deus; O Espírito Santo; O Messiado Reinterpretado; A Cristologia da Igreja Apostólica; A Vida de Cristo; A Ressurrei ção, Ascensão e Vitória de Cristo; A Expiação Forjada por Cristo; O Cristo Total; O Israel de Deus; O Ministério Apostólico e Clerical; Ministérios Dentro da Igreja; A Teologia do Batismo; e A Teologia Eucarística do Novo Testamento. Esta é uma estrutura temática. Serão a ordem, o número, a seqüência destes capítulos determinados pela “ fé cristã” ou pela “ fé apostó lic a” ? Se “ o próprio Jesus é o ver dadeiro auto r da teologia do Novo T estam en to” ,22 então a es tru tura temática provém dele? A estrutura temática de Richardson não é nossa questão principal, mas (1) a falta de relacionamento entre os capítulos, (2) a omissão dos temas de maior importância, como a cria ção, o hom em , a lei, a ética2-1 e (3) particu lar m en te a justificativa m e todológica pa ra a abo rdag em tem átic a.24 R ichardson fala da teologia "subjacente aos documentos do Novo Testamento” e do “conteúdo e caráter da fé da Igreja Apostólica”, o que deveria levá-lo a uma apre sentação da teologia destes documentos e da fé da Igreja Apostólica. Mas não é isto que o livro apresenta. Uma teologia do NT escrita com um a estru tura temá tica deve en co ntrar os temas, motivos e relaciona 19 Hasel, Old Testament Theology: Basic Issites in the Current Dehate (2.a ed.; Gran d Rap ids, M ich., 1975), p. 39-42 . „ 20 K eck, “ Problem s of NT Th eolog y” , p. 237, fala do qu adro de Jesus segund o Richardson: “O Jesus que ensina tudo o que Richardson lhe atribui... é ura teólo go cristão, provavelmente anglicano." 21 Stendahl, ID B , l. p. 422. 22 A. Richardson, The Bihle in the A ge o f Science (Londres, 1961), p. 144. 23 Isto é observado particularm ente por W. G. Kü m mel, “ Review of A. Richardson ", T L Z 85 (1960), p. 922, Merk, B ib li sch e T h eo log ie, p. 266, n.° 180. 24 Ver esp. K eck, “ Problems of NT Th eology", p. 221-225.
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mento entre eles dentro do próprio NT. Kidumlsuii não parece ter chegado a seu assunto a pa rtir de “ de ntro ” , mus ;i pa rtir de estrutu ras sobrepostas de fora, em bora ten ha basicamen te a abordag em teológica-antropológica-soteriológica (Deus-Homem-Sulvaçíio) da teologia dogm ática (sistemática) u sad a pelos primeiros teólogos. 2. K url H. Schelkle. O N eutestam enitler católico romano Karl H. Schelkle, da Universidade de Tübingen, Alemanha, começou a publicar, em 1968, um a Theologie des Neuen Testaments em quatro volumes,25 Este projeto am bicioso pro cu ra m os trar “ um a teologia un ifica da do Novo T es tam en to” .26 A m etodologia de Schelkle não “segue o desenvolvimento histórico do querigma e da reflexão como se encontram na estrutura do Novo Testamento em si". Pelo contrário, ele busca “as palavras, conceitos e temas de maior importância através do Novo Testamento, e descreve em resumo sistemático o que se deve pensar a respeito de sua formação e significado reais nos escritos individuais e grupos de escritos que estão contidos no Novo Testamento”.27 Assim, ele segue um caminho que já havia sido considera do por J. P. G abler,28 sugerido po r A. D eissm an n29 e que não havia sido rejeitado nem por W. Wrede, que não achava, contudo, que isto fizesse pa rte da teologia do NT p rop riam en te dita .30 Surpreendentemente, Schelkle espera até o início de seu terceiro 25 K. H. Schelkle, Theologie des Neuen Testaments I: Schbpfung: Welt-Zeit M en sch (Düsseldorf, 1968). Trad. ingl. T h e o lo g y o f th e N e w T e s t a m e n t I: C r e a t i o n : W o r l d - T i m e - M a n (Collcgeville, M inn., 1971); Theologie des Neuen Testaments II: Gott war in Christus (Düsseldorf, 1973). Trad. ingl. Theology of the N ew T e sta m e n t II: Salv ario n H isto ry-R e vela lio n (a ser publicado); Theology o f N ew T e sta m e n t III : M o ra lity (Collegeville, Minn. 1973); Theologie des Neuen T e s t a m e n t s IV : R e i c h - K i r c h e - V o l le n d t t n g (Düsseldorf, 1974), Trad. ingl. Theolo g y o f th e N ew T e sta m e n t IV : Th e R u le o f G o d -C h u rch -E sch a to lo g y (a ser publi cado). 26 T h e ol og y o f th e N T , III, p. v. 27 I, p. v. 28 Gabler, e m G a b l er i O p u s c u la A c a d ê m i c a II (1831), p. 185 e s. e 189 e s. Cf. Merk, Theologie, Biblische p. 2 77 e 279 e s. 29 A. Deissmann, “Zur Methode der biblisehen Theologie des Neuen Testaments", Z T h K 3 (1893), p. 137-139; reimpresso em D a s P ro b le m d e r T h eolog ie d es N euen T e s t a m e n t s , ed. G. Strecker (D arm stad t, 197 5), p. 78 e s. (daq ui em dian te citado como P T N ’T) 30 W. Wrede, U b e r A u f g a b e u n d M e t h o d e d e r s o g e na nn t e n n e u t e s t a m en t l i c he n Theologie (Gôttingen, 1897), reimpresso em P T N T , p. 95, n.° 18. Trad. ingl. “The Ta.sk and M ethod of ‘New Testam ent Th eology” ', em R. M organ, The N a tu re o f N ew T e sta m e n t Theology (SB T 2 /25 ; Londres, 1973), p. 186, n.° 19: “Ao lado da ‘teologia do Novo Testamento’, uma 'História do Novo Testamento ou conceitos cristãos primitivos' seria um suplemento valioso e desejável. Investi garia a origem histórica ou os conceitos mais importantes do Novo Testamento; descobriria as mudanças por que passaram e suas razões históricas, esclarecendo também sua influência. Tal tarefa tem muitos pontos em comum com a teologia do Novo T estam ento, mas é bem diferente dela."
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volume para d iscutir a sua visão da metodologia, n atureza c propósito da teologia do NT.31 “ A teologia do Novo T estam en to... pode ser defi nida como ‘Palavra acerca de Deus’, com base na palavra cm que Deus se revela no novo pacto — que. de fato, assimila em si o vellio pacto — e tal palavra está escrita 110 livro do Novo Testamento eoiuo atestado desta revelaçã o.” 32 A pa rtir desta assertiva, espera-se que a teologia do NT seja, por definição, restrita ao cânon dos escritos do NT. Sem dúvida, Schelkle afirm a que “ a fonte d a teologia do Novo Testam ento está contida no cânon do Novo T estam ento ” , mas acresce nta logo que “ os escritos dos pa is da Igreja, especialm ente dos pais mais antigos, têm que ser analisados junto com eles” .33 Schelkle não justifica este proce dimento. Por um lado, ele se refere ao cânon do NT como “fonte” da teologia do NT, por esse meio separando-se de um a apresentação puram ente ou com pletamente histórica, confor me Wrede e seus seguidores, e, por outro lado, ele deseja tomar em consideração os antigos pais da Igreja, juntamente com os autores do NT. Este procedim ento metodológico le vanta a seguin te questão: Até que ponto pode 0 NT amparar-se sobre seus próprios pés e até que ponto ele é lido através dos olhos dos primeiros pais da Igreja? Ou. em outras palavras, até que ponto 0 método de Schelkle permite que ele apresente as “ palavras, conceitos e tem as de maio r peso” 34 como aqueles do próprio NT? Não estará o seu método solicitando uma abordagem histórico-religiosa (religionsgeschichliche ) da apre sentação das “palavras, conceitos e temas de niaior peso” da literatu ra cristã prim itiva como um todo? E stará Schelkle seguindo a abordag em metodológica em sua teoria do NT? Sua resposta é explícita: “A teologia do Novo Testamento não só descreverá o relato do Novo Testamento, como também o interpre ta rá ” .35 Eis aqui um a ab ordagem dupla: descrição e interpretação. Neste aspecto Schelkle difere da abordagem descritiva da teologia do NT, conform e defendida por S tendahl,36 que segue a tradição de Gabler-Bauer-Wrede. Schelkle fala do aspecto descritivo em termos de tentativa de “pesquisar seu conteúdo e os propósitos das formas de suas declarações, formas essas que talvez não nos sejam familia res” .37 O aspecto da inte rpretação pro cu ra “ ligar as declarações do 31 É um a versão ligeiram ente m odificada de seu ensaio “ W as bedeutetet Th eolo gie des Neuen Testaments’?’1 E va n g elien fo rsch u n g . ed. J. B auer (Gr az/W ien/K õln, 1968), p. 299-312. 32 Th eology of the NT , III, p. 3. 33 P. 9. 34 P. 10 e s. 35 P. 17. 36 Stendahl, ID B , I, p. 422. 37 Schelkle, T h eo lo g y o f i h e N T , III, p. 17.
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Novo Testamento às nossas questões m odernas e ao nosso tem po ” .38 Seria totalmente incorreto entender a "interpretação” de Schelkle nos termos da interpretação existencialista bultmanniana. Schelkle enca ra a teologia do NT como um a p reparação para a teologia dogm ática. A interpretação é a faceta da teologia do NT que “faz o que está ali contido [NT] claramente inteligível e dê continuidade se relacionando com o que ali havia co m eç ad o" .39 A interp retaç ão , po rtan to, contém um a correlação dos pensam entos do NT que precisam se relac ionar às questões m ode rnas e aos tempos modernos. Schelkle é altamente sensível à questão da unidade do NT e da unidade da Bíblia. “Uma exposição da teologia do Novo Testamento, em bora não possa ap ag ar as diferenças entre os escritos em separado, terá, não obstante, o dever de reconhecer e expor a unidade do Novo Testam ento dentro da sua dive rsida de ."40 E m bo ra h aja “ distintas teologias dos Sinópticos, de Paulo e de João, ainda assim é um a teologia, a teologia do Novo Testamento... os escritos do Novo Testamento como um grupo se unificam através de dois fatos bem reais: todos giram em torno de Jesus Cristo e todos têm sua origem na Igreja” .41 A respeito do primeiro fato, Schelkle d eclara : “ Se Cristo é realmente a Palavra de Deus (João 1:1), então ele não é apenas parte, m as o próprio cen tro da teologia do Novo T es tam en to.” 42 Nesse p onto precisamos lem brar que Schelkle procura “ um a teologia do Novo Te stam ento un ificad a” .43 A com preensão de Schelkle d a u nidad e do NT é a chave da abordagem tem átic a que adota . . Schelkle está convencido de que ...basicam ente há du as possibilidades que se apre sen tam no esboço de um a teologia do NT. U m a delas é tra ta r as épocas da pro clam a ção do Novo Testamento de acordo com seus personagens princi pais, cada um num a seção separada: Sinópticos, Congregação P ri mitiva, Paulo, João, Escritos Apostólicos Posteriores... A outra possib ilid ade é pesquisar idéias e te m as da proclam ação do Novo Testamento do início ao fim e tratar com abrangência as áreas da fé e da vida.44 Schelkle opta pela segunda. (Pode haver discussão a respeito da existência de apenas duas possibilidades.) A abordagem temática o leva a organizar sua teologia do NT ao longo de quatro temas 38 Ihid. 39 Ibid. 40 P. 10es. 41 P . 8 . 42 P. 17. 43 P. v. 44 P. 21.
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prin cipais, cada um tratad o num volume separadam ente: 1. A C ria ção (O Mundo, O Homem); II. A Revelação na História e na história da salvação (Jesus Cristo e a Redenção; Deus, Espírito, Trindade); III. A Vida Cristã (Moralidade do NT); IV. A Soberania dc Deus, A Igreja, A Consumação. Observa-se que esta organização segue as "loci dogm áticas tradic ionais” .45 É difícil fugir inteiram ente a esta conclusão. Schelkle se ma ntém abe rto à acusação de que sobrepõe um esquema externo ao NT. Embora pareça antecipar-se à crítica, ele não se esclareceu totalm en te.46 A abordagem temática tem a vantagem de permitir que a unidade do NT a p ar eç a.47 Pode ser que o pró prio interesse n a unida de do NT tenha feito com que Schelkle optasse po r este tipo de abo rdag em .48 Seja como for, um dos aspectos mais estranhos na abordagem temá tica, conforme praticada por Schelkle, é a investigação longitudinal das idéias e temas do NT em seu desenvolvimento cronológico nos testemunhos do NT. Deve-se louvar também ter ele seguido estas idéias e temas, retro ativam ente, até o A T .49 Esclarecer estas conexões entre os Testam ento s50 é con tribu ir par a a teologia bíblica, que está dividida desde os tratamentos em separado de G. L. Bauer no fim do século X VIII.
B. A Abordagem Existencialista 1. R u d o lf B u ltm a n n . Já assinalamos anteriormente que a herança de Bultmann vem da escola de pesquisa “puramente histórica” e que ele tem raízes p rofu nd as na escola da “ histó ria das religiões” .51 Isto 45 P. Stuhlmacher, S c h r i ft a u s le g u n g a u f d e m W e g e z u r b i b li sc h e n T h e o lo g ie (Gõttingen, 1975), p. 130. 46 Schelkle, T h e o lo g y o f th e N T , III, p. 15: “Não se pode impor de fora uma orga nização e sistematização da teologia do NT, mas extraída do próprio Novo Testa mento. Aplicar esquemas sistemáticos modernos ao Novo Testamento é uma agressão a ele .” 47 P. 21. 48 Não surpreende o fato de Schelkle ser acusado de falta de apreciação da diversi dade do NT. Ver. G. Haufe, "Review of ‘K. H. Schelkle, T h e o lo g ie d e s N T ThLZ 94(1969), p.909es. 49 Também corretamente Merk, B iblisch e T h eo lo gie, p. 269; Harrington, P a th , p. 139; Stuhlmacher, S c h r i f t a u s l e g u n g , p. 137. 50 A continuidade entre os Testamentos, sob uma perspectiva diferente, é também enfatizada por F. F. Bruce, N ew T e sta m e n t D e v e lo p m e n t o f O ld T e sta m e n t T h e m e s (3.a ed.; Grand Rapids, Mich., 1973); M. Burrows, A n O u tli n e o f B ibli cal T h eology (F iladélfia ,T 946); e J. B lenkinsopp, a S k e t c h b o o k o f B í bl ic a ! T h e o logy (Londres, 1968). 51 Aqui, o famoso livro de Bultmann, D a s U rch ris te n tu m im R alt m en d e r a n tik en R eligion en (Zurique, 1949), Trad. ingl. P rim itive C h risiia n ity in Its C o n tem p o ra ry Setting (Ed im burg o, 1956), tem seu lugar.
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quer dizer, em primeira lugar, que suas raízes históricas estão firmemente plan tad as no m étodo de pesquisa histórico-crítico.” Sua segunda raiz histórica eneontra-se em sua associação à teologia dialética nos anos 20, particularmente Karl Barth e F. Gogarten. Disto surgiu um catalisador poderoso para sua colocação da questão teológica. B ultm ann não estava satisfeito com a questão histórica, isto é, “ o ato de pe nsa r” .53 Ele e outros que o ante ced eram (por exemplo, A. Schlatter) acreditavam que os escritos do NT "têm algo a dizer ao presente” .54 Esta pressuposição brota de sua com preensão da H istó ria, que já foi am plam ente descrita n a intro du ção de seu livro intitulado Jesus, escrito em 1926,56 que dá base ao seu famoso H istory o f Synoptic Tradition (1921 ).56 Bultm ann pre ten dia “ evitar tudo que estivesse para além da História e encontrar um posiciona mento pa ra mim dentro da História... Pois o essencial da História não é, na realidade, nada de s«£>er-histórico, mas acontecimentos ocor ridos no tem po ” .57 Sua com preensão d a História e da existência humana levaram-no a incorporar a seu sistema o existencialismo heideggeriano,58 em cuja base ele é o mais inflexível proponente de uma “interpretação existencialista”. Bultmann combina a reconstru ção histórica com a “ inte rpreta çã o existen cialista” .59 A “interpretação existencialista” está intimamente ligada ao seu program a de dem itização.60 A literatura e o escopo de program a de Bultm ann de dem itizaçã o do NT são tão complexos e volum osos61 que 52 Corretamente enfatizado por seu aluno G. Bornkamm, “Die Theologie Rudolf Bultmanns” G e s c h i c h t e u n d G l a u b e 1 (Munique, 1968), p. 157 e s. 53 Bultmann, T h eo lo g y o f th e N T , II, p. 250 e s. 54 P. 251. 55 R. Bultmann, Jesus (Berlim, 1926), p. 7-18. Trad. ingl. Jesus a n d th e W o rd (Lond res, 1934; 2 .a ed ., 1958), p. 11-19. 56 R. Bultmann, D ie G esc h ich te d e r syn o p tisch e n T ra ditio n (Gõttingen, 1921). Trad. ingl. T h e H i s to r y o f th e S y n o p t i c T r a d i ti o n (New York, 1963); 2.a ed. 1976). 57 Bultmann, Jesus a n d th e W o rd , p. 14. 58 A importância da análise da existência de Heidegger e a própria filosofia da his tória de B ultm ann se expressam nas “G ifford Lectures” , de B ultm ann , de 1955, publicadas com o título dc H isto ry a n d E sc h a to lo g v: Th e P resen ce o f E te rn ity (New York, 1957; 2 .a ed ., 1962). 59 R. Bu ltma nn , “Forew ord” , em I. M acquarrie, A n E x isten cia íist T h eology ÍHarpy Torchbook ed.; New York, 1965), p. vii, declara: “ ...o princípio herm enêutico que subjaz minha interpretação do Novo Testamento brota da análise existencial do ser do hom em , dada por M artin H eidegger em sua obra B eing a n d Tim e. ” 60 Ver as notas de rodapé do Cap. 1, n.° 256 e s. e 261. Ver também, sobre este as sunto, J. Macquarrie, T h e S c o p e o f D e m y t h o l o g i z in g B u l tm a n n a n d H i s C r it ic s (New York, 1960); R. Marle, In tro d u c tio n to H e rm en eu tics (New York, 1967), p. 32-66. 61 Um e xcelente exame de cerca de 50 0 pub licações sobre a herm enêutica e a teolo gia de Bultmann é oferecido pelo pós-bultm anniano G . B ornkamm , “D ie Th eolo gie Bultmanns in der neueren Diskussion”, Theologische Rundschau 29 (1963), p. 33-14 1, reimpresso in Bornkam m , G e s c h i c h t e u n d G l au h e /, p. 173-275.
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nos limitaremos, sob o risco de uma exposição unilateral, a algumas poucas observações tiradas do ensaio original de B ultm ann, de 1941, intitulado Novo Testam ento e M itologia e seu mais recente Jesus Christ a nd M ytology (1958). Bultmann define: “A demitização é um método hermenêutico, isto é, um método de interpretação, de exege se ."62 A demitização como m étodo de interpreta ção é necessária porque “ a cosmologia do Novo Testam ento tem um caráter essencial mente mítico. O mundo é visto como uma estrutura de três andares, com a terra no centro, o céu acim a e o inferno ab aix o” .63 E sta visão do mundo, tomada como correta, “é inacreditável para o homem inoderno, pois ele está convicto de que a visão mítica do mundo é obsoleta” .64 Assim, só existem dois cam inhos a seguir na perspectiva bultm anniana: ou se espera que o homem m oderno aceite a im agem do evangelho e com ela a visão mítica do mundo ou “a teologia deve assumir a tarefa de despir o querigma de sua estrutura mítica, de ‘dem itizá-lo’ ” .65 Isto não qu er dizer, para Bultm ann, que se deve sub trair ou elimina r algo do qu erig m a.66 “ Nossa tare fa é usar a crítica para in terpretá-lo” ,67 a saber, “ exis tencialm ente.” 68 O conceito bultmanniano de “reconstrução” e “interpretação” é básico para o e ntendim ento de sua Teologia do Novo Testamento, Ele declara: A apresentação da teologia do Novo Testamento oferecida neste livro está, por um lado, dentro da tradição das escolas históricocrítica e da história das religiões, e busca, por outro lado, evitar o seu erro, que consiste em separar o ato do pensamento do ato da vida e, conseqüentemente, o fracasso em reconhecer o significado dos pr on unciam entos teológicos.65 A “reconstrução” dos escritos do NT segue, portanto, os cânons do método histórico crítico e a escola da história das religiões, mas não para reconstruir um retrato do cristianism o primitivo com o um fenô meno do passado histórico. “A reconstrução está a serviço da inter pretação dos escritos do Novo Testa m ento sob a pressuposição de que
62 K. Bultmann, Jesu s C hris t a n d M yth o lo g y (Londres, 1960); New York, 1958), p. 45. 63 R. B ultm ann, “ New Testam ent and M ythology1’, K eryg m a a n d M yrh , ed. H. W. Bartseh (New York. 196Ü, p. 1 . 64 P. 3. 65 Ihid . 66 P. 9. 67 P. 12. 68 P. 10. 69 Bultmann, T h e ol og y o f t he N T , II, p. 250 es.
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têm algo a nos dizer.”70 “Interpretação” quer dizer explicar “os pensam ento s teológicos do Novo T estam ento em sua ligação com o ‘ato da vida’ isto é, como uma explicação da autocompreensào cristã.” Na opinião de Bultmann, isto quer dizer que a “tarefa da exposição da teologia do Novo Testamento" é “esclarecer esta autocom preensão cristã em sua referência ao q u er igm a" .71 B ultm ann explica aqui que a coordenação entre “reconstrução” e “interpreta ção” é a chave para o entendimento de sua teologia do NT. Escolhe mos tratar da teologia do NT de Bultmann sob o título de “Aborda gem Existencialista” p orqu e su a exposição, como esperam os já haver mostrado, faz parte daquelas teologias que são condicionadas por um determinado sistema filosófico,72 a saber, o existencialismo de Hei degg er.73 Com base neste conhecimento, podemos alcançar uma apreciação da estrutura da Theology o f the New Testam ent de Bultmann. A Par te I se intitula “Pressuposição e Temas da Teologia do Novo Testa m ento ” , e contém capítulos sobre “ A M ensagem de Jesus” ,74 “ O Querigma da Igreja Primitiva” ,75 e “ O Q uerigm a da Ig reja G rega à Pa rte de P au lo” .76 A pa rte II nos leva ao centro d a exposição de Bultm ann , com “A Teologia de Pa ulo ” ,77 com capítulos sobre “ O Ho mem Antes da Revelação da F é” ,78 em que tr a ta de conceitos an tro pológicos, inclu in do o corpo, a vida, a m ente , a consciência, o coração, a carne, o pecado, o mundo; e sobre “O Homem sob a Fé” ,79 que se divide em seções sobre a justiça de D eus, a graça, a fé e a liberdade. A Parte III é independente da teologia de Paulo, com “ A Teologia do Evan gelho de João e as Ep ístolas Jo aninas” ,80 com capítulos sobre. “ O rien tação ” , “ D ualism o Jo anino ” , “A ‘Krisis’ do M un do” e “ Fé ” . A Par te IV, conclusória, se intitula “ Progresso Rum o à Igreja A n tig a" ,8' que se divide em ordem da Igreja, dou trina, desenvolvimento e vida cristã. Este procedimento metodológico da apresentação da teologia do
70 P. 251. 71 I b id . 72 N. A . Dahl, “Die Theologie des Neuen Testaments”, T h e o l o g i s c h e R u n d s c h a u 2 2 (1954 ), p. 25. 73 Ver J. M . Ro binso n e John B. C obb, Jr., T h e L a t e r H e i d eg g e r a n d T h e o l o g y , “ New Frontiers in Theo logy I" (New Y ork, 1963). 74 Bultmann, T h eo lo gy o f t h e N T , I, p. 3-32. 75 P. 33-62. 76 P. 63-183. 77 P. 185-352. 78 P. 190-269. 79 P. 270-352. 80 Vol. II, p. 3-92. N o original alem ào esta é aind a a Parte IIÍ. 81 P. 95-23 6.
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NT revela im edia ta m ente sua dívid a ao program a de W . Wredc*2 e, mais diretamente, ao Kyrios Chrístos,83 de W . Bousset, cuja divisão ele segue com os títulos de “ O Q uerigm a da Ig reja A ntiga ", “ O Q ue rigma da Igreja Grega”, “A Teologia de Paulo” e “A Teologia de João” como expoentes do querigm a da Igreja Grega. Bultmann abre sua teologia do NT com a seguinte frase provoca tiva: “A m ensagem de Jesus é mais um a pressuposição pa ra a teologia do Novo Testamento do que uma parte da teologia em si.’’84 Provavelmente, ninguém declarou o oposto a esta frase e suas impli cações mais entusiasticamente do que Stephen Neill, em sua recente teologia do NT: “Toda teologia do Novo Testamento tem que ser um a teologia de Jesus — ou não é absolutam ente n a d a .” 85 Tem-se registrado co rretam ente86 que o enunciad o-chave de Bultmann cor responde à dem and a de F. C. B aur pa ra a exposição da mensagem de Jesus.87 A form a dos estu dos críticos de B ultm an n, dos Sinópticos88 e seu livro sobre Jesus, de 1926, formam a base para a exposição da mensagem de Jesus. Em outras palavras, a mensagem de Jesus é reconstruída com metodologias críticas a partir do querigma sobre Jesus Cristo, o crucificad o e ressu scitado. A reação crítica à teologia de Bultmann, da qual sua teologia do NT é o clímax, tem chegado de várias partes. As opiniões de Bultm ann sobre o Jesus histórico e o Cristo querigm ático são as bases do debate atual sobre este aspecto da teologia do NT. No capítulo anterior descrevemos a insatisfação com as opiniões de Bultmann entre seus próprios alunos, tais como E. Kãsemann, G. Bornkamm, H. B raum , J. M. Robinson, E. Fuchs e G. Ebe ling,89 que são geral mente chamados de “pós-bultmannianos”. Pode-se considerar que eles pertencem ao centro da crítica de Bultmann. Eles se empenha ram na “nova busca” do Jesus histórico, para explorar a questão da continu idad e en tre o Jesus histórico e o Cristo qu erig m ático .90 Há tam bé m os “ críticos de direita ” ,91 como K. B arth , J. Schnie82 Ver, acima, o n,° t. 83 W . Bousset, K yrio s C hrís to s. G esch ic h te des C h ristu sglau ben s von den A nfàn gen d es C h ristc n tu m s b is Iren a eu s (Gõttingen, 1913, 6.a ed.; Darmstadt, 1967). Trad. ingl. K yrio s C hrís to s (Nashville, 1970). 84 Bultmann, T h e o lo g y o f t h e N T , J, p. 3 (os gr ifos são de le). 85 S. Neill, Jesus Through M an y Eyes, In tro d u c tio n to th e T h eolo gy o f th e N ew T es ta m en t (Filadélfia, 1976), p. 10. 86 O, Merk, B ib lis ch e T h eolo g y , p. 254. 87 Ver F. C. Baur, Vorlesungen übe r neu testam entliche Theologie, ed. F. C. Baur (Leipzig, 1864), p. 45-127. 8 8 V er, a c i m a o n . D5 6. 89 Literatura significativa citad a nas nota s n .° 257, 272 -276, no C apítulo 1 acima. 90 Ver a crítica de N. Perrin, R eâ isco v erin g th e T ea ch in g o f J esu s (2 .a ed,; New York, 1976), p. 233 es . 91 H. Fu ller, T h e N e w T e s t a m e n t in C u r r en t S t u d y (New York, 1962), p. 16.
wind, J. Jeremias, E. Ellwein, E. Kinder, W. Künneth, H. Diem, H. T hielicke e P. A ltha us .92 Os críticos da o rtodox ia lu teran a acusam Bultmann de negar a realidade objetiva de eventos redentores como a encarnação, expiação, ressurreição, ascensão c segunda vinda. Norman Perrin, que faz uma distinção entre “conhecimento da Histó ria ” , “conhecimen to histórico” e “conh ecim ento da fé’, assinala que ...o ataque de direita à posição de Bultmann procura estabelecer laços mais íntimos do que Bultmann permitiria entre o conheci mento histórico e o conhecimento da fé... A ala de direita pressu põe que a Encarnação ou o conceito bíblico do Deus agente na His tória ou a visão tradicional do cristianismo ligado a certos eventos revelatórios na História ou coisas do gênero exige um relaciona mento real e íntimo e ntre o conhecimen to histórico e o conhecime n to da fé, e que jus tiça tem que ser feita em nossa discussão da ques tão do Jesus histó rico.93 É evidente que aqui há um a divisão de águas entre a herm enêu tica existencialista bu ltm an nia na da correlação entre reconstrução e inter pretação e a dos “ críticos de direita” . Entre os “críticos de esquerda” estão o teólogo liberal suíço Fritz Buri, o filósofo existencialista alemão Karl Jaspers e o teólogo ameri cano Schubert M. Ogden.94 Buri sugere que Bultmann não foi muito longe em seu programa de demitização. Ele deixou o ato de Deus perm anecer como remanescente da mitologia. O ato de Deus em Jesus Cristo precisa ser “ desqu erigm atizado” . Há inconsistência na prop os
92 K. Barth, “ Rudolf Bultmann — An A ttempt to U nderstand-H im” . K ery g m a a n d M yth II, ed. H. W. Bartsch (Londres, 1962), p. 83-132; J. Schniewind, “A Reply to Bultmann, K er y g m a a n d M yth I, ed. H. W. Bartsch (New York, 1961), p. 45-101; J. Jeremias, The Problem of lhe Historical Jesus (Filadélfia, 1964); F.. Ellwein, “ R. Bu ltma nn's Interpretation of the K erygm a” , K ery g m a a n d H is to iy , eds. C. E. Braaten c R. A. Harrisville (New York, 1962), p. 25-54; E. Kinder, "Historical Criticism and D em ythologizing", i b i d . , p. 55-85; W . K ünneth, “ Bultm ann’s Philosoph y and the Rcality of Salva tion” , i b i d . , p. 86:119; H. Diem, "The Earthly Jesus and the Christ of Faith", i b i d . , p. 197 211; H. T hielicke , "The R estatement of New T estam ent M ythology” , K er y g m a a n d M y th I, p. 138174; P. Althaus, F aith a n d F a c t in lh e K e ry g m a T oday (Filadélfia, 1959). Deve-se observar que F. Gogarten, D e m y th o lo g izin g a n d H isto ry (Londres, 1955). vem a defender Bultmann contra os "críticos de direita”. 93 Perrin, R ed isco verin g th e T each in g o f Je s u s , p. 239. 94 F. Buri, ‘‘Entm ythologisierung oder E ntkerygm atizierung?” , K ery g m a un d M y th o s II, ed. H. W . B a n sch (Ha m burgo, 1954), p. 85 e ss.; idem , “T heologie der E xistenz” , K e r y g m a un d M yth o s III , ed. H. W. Bartsch (Hamburgo, 1955), p. 81 e ss.; K. Jaspers, R. Bultmann, D ie F rage d e r E n tm yth o lo g isieru n g (Munique, 1954); idem, P h ih s u p h ic a l F ait h an d R eve la tio n (New York, 1967), p. 287 e 324 e s.; idem, e R. Bultmann, M yth a n d C h ristia n ity (New York, 1958); S. M. Ogden, C h r i s t W i th o u t M y t h (New York, 1961).
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ta de B ultm ann no que ele enten de a fé cristã como u m a transição da existência inautêntica para a autêntica, mas mantém incoerentemen te com a primeira um elo necessário com o Jesus histórico neslc processo. Jaspers condena Bultm ann por introduzir um fato r objetivo num movimento existencialista, onde não há lugar para a manuten ção de um elo com o Jesus histórico. Ogden condena Bultmann porque “ ele anula com pleta m ente sua própria proposta construtiva em favor de uma solução para o problema teológico contemporâ neo” ,95 no que ele faz um a d istinção inconsistente en tre “possibilida de de princípio” e “ possibilidade de fato ” .96 Ogden su sten ta que a possib ilid ade de prin cíp io é sem pre um a possib ilid ade de fato, o que significa o abandono de pa rticula ridad e da fé cristã .97 Bultmann respondeu a estas críticas ao questionar se a acusação de inconsistên cia não é o “caráter legítimo e necessário do que o Novo Testamento cham a de obs táculo” .98 O argu m ento cu ja prova os “ críticos de esquerda” tentaram apresentar consiste na convicção de que, mesmo que possamos falar de Deus ou do transcendente de maneira signifi cativa, "a relatividade essencial de todos os eventos históricos signifi ca que não podemos pensar em termos de um conhecimento de Jesus que seja diferente em espécie do conhecimento que podemos ter de outros person agens históricos” .99 Isto quer d izer que Jesus é nada mais que um exemplo suprem o capaz, de ser im itado (Buri, Jaspers), ou a “manifestação decisiva” do que também é conhecido em outras parte s (Ogden). A apresentação feita por Bultmann da teologia paulina é correta mente entendida como o centro de sua teologia do NT. Ele considera Pau lo “ o fu nd ad or da teologia cristã” .100 Isto q ue r dizer que, “ em comparação com a pregação de Jesus, a teologia de Paulo é uma estrutura nova e que não indica nada mais que Paulo teve seu lugar dentro do cristianism o grego” .10’ Esta discriminaçã o parece refletir por que a teologia do NT de Bultm ann em prega am plam ente o método descritivo, ao tratar dos tópicos da Parte I de sua obra, enquanto nas Partes II e III, com a apresentação das teologias de Paulo e de João, usa a inte rpretaç ão an tropo lógica .102 No que diz respeito a Paulo, Bultmann resume: “A teologia de Paulo pode ser 95 96 97 98
Ogden, C h r i s t W i t h o u t My t h , p. 215. P. 111 e ss. P. 143,151, 156 e 160. R. Bultmann, “Review of S. M. Ogden, Christ W ithou t M vth ", Journal o f R eli gio n 4 2 (1 9 6 2 ) , p. 22 6. 99 Perrin, R ed isc a vertn g th e T eachin g o f J esu s, p. 239 (o grifo é dele). 100 Bultmann, T h e o lo g y o f t he N T , I, p. 191. 101 P. 189. 102 Stendahl, ID B , I, p. 420 es.; C. E. Cox, “R. Bultmann: Theology of the New Testament", R e sto ra tio n Q u a rterly 17 (1974), p. 157.
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melhor tratada como sua doutrina do homem: primeiro, o homem anterior à revelação da fé e, segundo, o homem sob a fé, pois deste modo a orientação antropológica e soteriológica da teologia de Paulo é ap re se ntad a.” 103 A conversão do próprio Pa ulo é interp retad a, em categorias existencialistas da primeira fase de Heidegger, como uma rendição de “seu entendimento anterior de si mesmo, isto é, ele abriu mão do que até en tão havia sido a norm a e o significado de sua v id a... Sua conversão não foi uma conversão de arrependimento, ...era uma submissão obediente ao juízo de Deus, tornado público na cruz de Cristo, sobre todas as realizações e ostentações humanas. É assim que sua conversão se reflete em sua teologia".lü" Bultmann considera “ a teologia de Pa ulo ao mesmo tem po um a an trop ologia” .105 O m é todo empregado para explicar este ponto de vista predeterminado é uma análise terminológica das palavras usadas por Paulo, tais como corpo, alma, espírito, mundo, lei, morte, justiça, graça, fé e liber dade. As reações a esta tentativa de uma interpretação antropológica ou existencialista de Paulo variam. M. Barth descreve o resultado final dos métodos de Bultmann na exposição da teologia paulina assim: “Bultmann descreve Paulo como o apóstolo da verdadeira autocom preensão e existência, em resumo, com o um apóstolo de existência autêntica. Paulo é transformado num existencialista entre os apósto los. Mas Paulo se chama a si mesmo incansavelmente de apóstolo de Jesus C ris to ."106 B arth ac ha que ain da que as mesm as c artas conside radas inau têntica s por B ultm ann (Efésios, Colossenses, II Tessalonicenses, I-II Timóteo, Tito) fossem incluídas no Corpus PauUnum, nem assim a exposição feita por Bultmann, da teologia paulina, m uda ria de direção, porq ue ele se empe nha n a “ crítica do conteúdo" Sachkritik , 107 em cuja ba se as d eclarações pau lin as a respeito do 103 Bultmann, T h e o lo g y o f t he N T , I, p. 191. 104 P. 188. 105 Bultmann, Theologie des NT, p. 187. A trad. ingl. “Paul’s theology can be best treated as bis doctrine of m an ” (A teologia de Paulo p ode ser melhor tratada como sua doutrina do homem ), em T h eo lo gy o f t h e N T , I, p. 191, é imprecisa. 106 M. Barth. “Die Methode von Bultmanns 'Theologie des Neuen Testaments"', Theologische Z eitschrift 11 (1955), p. 15. 107 Ver R. B ultmann , Glauben und verstehen / ( 4 . a ed.; G õttingen, 1961), p. 38-64; idem, “Th e Problem of a Th eological E xegesis” , th e B egin n in g o f D ia le c tic a l Theology, ed. J. M. Robinson (Richmond, Va., 1968), I, p. 236-256; idem, "Is Exegesis Without Pressupositions Possible?” E x isten ce a n d F aith : S h o rte r W r it in gs o f R u d o l f B u l tm a n n , ed. S. M. Ogden (New York, 1960), p. 289-296. A no ção bu ltman niana dc “crítica do con teúd o” é discutida por J. M. Ro binson, “ Herineneutic Since B arth” , T h e N e w H e r m e n e u t ic . “ New Frontiers in T heology II” , eds. J. M . Ro binso n e J. B. C obb, Jr. (New Y ork. 1964), p. 31-34; W . Sch m ithals, D ie T h eolo gie R u d o lf B u ltm a n n s: E in e E in fü h ru n g (2.a ed.; Tübingen, 1967), p. 251; W. G. Doty, C o n t e m p o r a r y N e w T e s t a m e n t I n t e r p r e t a t i o n (Englewood Cliffs, N .J ., 1972), p. 21 e s.
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Espírito Santo, da ressurreição, do segundo Adão, do pecado original e do conhecimento são eliminadas . 'm Este procedimento cn minha dc mãos dad as com o conceito bultm an niano de p ree nte nd im cn lo1"'' e interpretação: “Não há nenhuma interpretação simples do ‘que existe’, mas de algum modo... a interpretação do texto sempre caminha de mãos dadas com a interpretação de si mesmo do ex eg eta ."110 O círculo her m enê utico pa rece im plica r m ais subjetivi dade do que deve ria ,111 B arth conclui: “ É provável que apenas um método de pesquisa e exposição seja adequado para Paulo, se o testemunho do apóstolo a respeito de Cristo (e não sua filosofia de vida) for colocado no cen tro do questio nam ento e da des criçã o".112 Barth deseja colocar o ponto de vista cristológico no centro do palco, que é ocupado pela antropologia no sistema de Bultmann. Isto não deixa de ter algo a ver com a tentativa do discípulo católico de Bultmann, H. Schlier, que talvez tenha ido mais longe que o profes so r.113 Schlier diz: “ Na m inh a opinião, a teologia do Novo Testam en to, ao tratar de São Paulo, desenvolverá sua teologia [de Paulo] como uma função do evento em cujas características básicas ele vê com preendidas a histó ria e a existência da hum anidade. E sta é a ressurreição de Jesus Cristo, o Senhor crucificado, que foi exaltado perante sua vinda, de modo que sua ascensão foi um ato final ou escatológico.’’114 Contrariando Bultmann, Schlier argumenta por uma apresentação da teologia dos Sinópticos lado a lado com as teologias de Paulo e João.lls Em vez de fazer da teologia paulina a base da teologia do NT (conforme Bultm ann), Schlier se propõe a fazer das fórmulas confessionais dos cristãos primitivos a base da teologia do NT, pois “ elas são o pronun ciam ento original da revelação de Jesus Cristo, conform e de cla rado ” . 116 Segundo E. Kâsem ann , Schlier “girou suas idéias [de Bultmann] ou, como geralmente se diz, colocou-as de cabeça p ara baixo ’’.117
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Barth, "D ie M etho de ” , p. 15. Bultmann. E xis ten ce a n d F a it h , p. 289-296. Bultmann, The B eginn in gs <>/ D ia le e tic a l T h eo logy, 1, p. 242. Ver a crítica de E. Bctti, D ie H e rm eiieu lik ais a llg e m ein e M e th o d ik d er Geisteswissensehuften (T übingen, 1962). 112 Barth, “D ie M etho de ” , p. 15 e s. 113 H. Sctdicr. “U bcr Sinn und Aufgabe einer Th eologie des Neuen Testam ents” , B ib li sch e Z e itsc h rift 1 (1957), p. 6-23; reimpresso em P T N T , p. 323-344. Trud. ingl. em D o g m a tic vs. B ih li ea l T h eology, ed. H. Vorgrimler, (Baltimore, 1964), p. 87-113. 114 Schlier. D o g m a tic vs. B ih lie a l T h eolo gv, p. 90. 115 P. 99. 116 Ib id . 117 H. Kãsemann, “The Problem of a New Testament Thcnlogy", N T S 19 (19731. p. 240.
7.1
O ex-aluno de B ultm an n, H . B ra u n ,118 levantou a questão d a possibilidade de um a teologia do NT, pois o NT é nada mais que um a série de enunciados discrepantes sobre os principais assuntos teoló gicos. Ele expõe sua opinião por meio de discussões de assuntos como a cristologia, a soteriologia, lei, escatologia e a doutrina dos sacra mentos. A tese de Braun é a seguinte: “Os autores do Novo Testa mento fazem declarações a respeito da salvação e de sua relação com Deus, coisas que não podem entrar em harmonia entre si e que provam, através de suas discrepâncias, que sua m até ria de estu do não é o que declaram, expressis verbis, em con tradiç ão m ú tu a .’' 11'’ A so lução para estes problemas é uma interpretação antropológica de Deus mais radical. “De qualquer forma, Deus não seria entendido como aquele que existe por si, como uma espécie que só seria compreensível sob esta palavra. Deus, então, significa muito mais o porquê de m inha inquietação.” 12u Braun, em seu livro Jesus, 121 levou a uma conclusão consistente a sua interpretação antropológica da aparição de Jesus e do NT. L. Goppelt classifica o antropocentrismo de Braun, em sua tese e em seu livro, como “um seguir até o fim o caminho do historicismo, no qual se desiste da teologia do NT; ...em termos de história da pesquisa, ele marca o fim de uma ép oc a.” 122 Até mesmo n a visão do pó s-bultm an nian o Kãsem ann “este tipo de misticismo [de Braun] significa falência, e dever-se-ia protestar, em nome da honestidade in telectu al, quando o hum anism o é um a moda que tom ou posse do cristianism o” .123 Nenhum erudito da escola pós-bultm anniana produziu, até agora, qualquer teologia do NT. Isto não quer dizer que esteja morto o interesse neste assunto. J. M. Robinson voltou a ele num provocante ensaio,124 que foi discutido no capítulo anterior. Robinson pretende trab alh ar a “ nova herm enê utica” e suas pressuposições na filosofia da linguagem, e trocar a interpretação antropológica de Bultmann por um movimento “p ara dentro da linguagem, que possa ser interp reta 118 H. Braun, "Die Problematik einer Theologie des Neuen Testaments", Z T h K Beihelit 2 (1961), p. 3-18, reimpresso em H. Braun, G e s a m m e l t e S t u d i e n z u m N euen T e sta m e n t u n d sein er U m w e lt (Tübingen, 1962), p. 325-341, e em P T N T , p. 405-424. Trad. ingl. "The Problems of a New Testament Theology”, T he B u l t m ann S c h o o l o f B ib lic a l In te rp re ta tio n s: N ew D ire tc tio n s? ed. R. W. Funk (New York, 1965), p. 169-183. 119 Braun, "T he Problem of a N T T he olog y” , p. 169. 120 P. 182 e ss. 121 H. B ra u n, Jesu s. D e r M a nn a u s N a za re th u n d sein e Z e it (Stuttgart Berlim, 1969). 122 L. Goppelt, T h e o lo g ie d e s N e u en T e s t a m e n t s , ed. J. R oloff (G õtting en , 1975), 1, p. 38. Ver também sua opinião sobre o livro de Braun, J esu s, em T h L Z 95 (1970), p. 744-747. 123 K ãseman n, “T he Problem of a New Testam ent Theo logy", p. 241. 124 Ver o Ca pítulo 1, nota de rodapé n .° 3.
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do nos termos das alternativas no mundo moderno, ampliando-as ‘teologicamente’, ‘ontologicamente’, ‘cosmologicamente’, ‘polilkam ente’, e tc ,..” 125 Robinson que r perm anecer com a correlação cn liv “reconstrução” e “interpretação” ou, como ele o chama, “o histórico e o no rm ativo ” . 126 Algum as teses de E. K ãsem ann voltam-se total mente contra Robinson. Ele (Kãsemann) não fala do duplo aspecto da “reconstrução” e da "interpretação” dentro da tradição bultmanniana. Explica, porém, que “a teologia do Novo Testamento é..., ne cessa riam ente, um a disciplina histó ric a...” 127 “ No que se refere ao método, os diferentes aspectos e perspectivas da escatologia fornecem as diretrizes para a teologia do Novo Testamento. Quanto ao conteú do, eles oferecem o pan o de fundo pa ra seus tem as princ ipais em seus sucessivos estágios de desen volvim ento.” 128 K ãsem ann não entra em detalhes a respeito da elaboração real de uma teologia do Novo Testamento. Norm an Perrin movia-se cada vez mais em direção ao te rreno pós-bultm annia no e para longe de seu professor J. Jerem ias.119 Perrin critica Bultmann, por não elaborar nenhuma teologia do Novo Testamento, mas apenas uma teologia de Paulo e de João. “Simples mente não é verdade que tudo antes de Paulo e João seja uma preparação para eles, e que tu do depois deles seja um a apostasia de suas rea lizaçõe s.” 1-10 Perrin, contudo, finalm ente concorda com Bultmann (e com Conzelmann) que Jesus é “a pressuposição do Novo Te stam ento” . ' 11 A preocupação dc um a teologia do NT é, por tanto, não o Jesus histórico, isto é, a “mensagem memorial de Jesus” , mas a “ imagem de fé de Jesus” 132 pó s-ressurreição, isto é, o Cristo histórico. Isto quer dizer que Perrin não pode se guir Jeremias, Kümmel, Goppelt, Neill e outros que iniciam sua exposição da teologia do NT com o Jesus histórico. Nem segue o 125 126 127 128 129
Robinson, “ The Future of N T Theology", p. 22. P. 20. Kãsem ann, “Th e Problem of a NT Th eology” , p. 242. P. 244. Isto está evidente em suas recentes publicações; observar especialmente o seu R ed isco verin g lh e Teachin g o f Jesus (2 .a ed.; New York, 1976); N. Perrin, T h e N e w T e s t a m e n t ' A n I n t ro d u c t io n (New York, 1974); idem, A M o d e m P ilg ri m a ge in N ew T esta m e n t C hris tology (New York, 1974); idem, Jesus a n d th e Lan guage o f th e K in g d o m (New York, 1976). 130 N. Perrin, "Jesus and the Theology of the New Testament", discurso não publica do. lido na Catholic Biblical Association (Denver, Colo., 18-21 de agosto de 1975) p. 6. 131 Perrin, T h e N T : A n I n t r o d u c t i o n , p. 5 e 277-302 , 132 Perrin, R edisco verin g th e Teachin g o f J esu s, p. 243-248. Independentemente de Perrin, o americano Van A. Harvey desenvolveu, em seu livro The Historian and th e B eliever (New York, 1966), p. 265-281, a designação “ imagem perspectiva” , que é igual à “ ima gem da fé” de Perrin, um a des igna ção para o Cristo histórico.
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“ m étodo herm enêutico enê utico im im perfe ito” 113 de dem itização itização de B ultm ann . O que Bultmann designava como mitologia apocalíptica judaica é o simboli simbolismo smo apocalíptico apocalíptico judaico . P errin segue segue aqu i, p articu larm en te, as teoria teo ria s do sím sí m bo bolo lo113* de Pa P a u l R ico ic o e u r13 r135 e de d e P. P . W h e e lw rig ri g h t.13 t.136 Segundo Perrin, uma genuína teologia do NT pós-bultmanniana ba b a s e iaia - s e n a o b r a filo fi losó sófi ficc a s o b r e a n a t u r e z a e fun fu n ç ã o do doss sig si g no noss e doss símbo do símbolo los. s. P errin já assinalara qu quee entend e “ reino reino de D eus” , nos nos lábios de Jesus, como um símbolo que funciona através da evocação de um mito, o mito do Deus ativo dentro da história de todo o seu pov po v o em seu se u n o m e . 137 A tes te s e d e P e r r in é qu quee “ a teo te o log lo g ia do Nov Novoo Testamento pode ser concebida enquanto seguimos a função do Jesus-personagem, Jesus-matéria, Jesus-história dentro dos diferentes sistemas sistemas teológ teológico icoss rep r eprese rese ntad os pelos escritos escritos apocalí apoca lípticos pticos cristãos pr p r im itiv it ivoo s e p e los lo s E v a n g e lho lh o s S inó in ó p tic ti c o s e A to s ” . 138 Pe P e r r in a c h a q u e “uma pesquisa semelhante dos sistemas teológicos representados por Paulo, João e da literatura do catolicismo emergente” pode ser fe ita .13 .139 O fa tor to r unif u nifica icante nte “ é a figura simbólica simbólica de Jesus, que é constante em todos os sistemas teológicos desenvolvidos no Novo Te stam ento” . 140 A lcançaria Pe rrin um a “ interp reta çã o” rad icalm en te diferente daquela de Bultmann? Ele mesmo previu que provavel mente também chegaria a uma posição próxima à de Bultmann, no que diz respeito à interpretação da mensagem de Jesus no século XX, mas, “baseando-se numa compreensão e interpretação do uso feito po p o r Jes Je s u s d a ‘lin ‘li n g u a g e m s im b ó lic li c a ’, e n ã o n u m a h e r m e n ê u tic ti c a de de m itizaç ão ...” 141 Se B ultm ann co nstruiu sua her m en enêutica êutica na de m i tização do mito, então Perrin construiu sua hermenêutica na decifração do símbolo. Se a teologia do NT de Bultmann deve ter como característica a demitização do mito, então espera-se que a teologia do NT pós-bultm ann iana proposta por Perrin Perrin se em penhe na decifr decifraação do símbolo. Se o uso da filosofia da linguagem na teologia do NT tornar-se-á ou não um campo de batalha como a filosofia existencia lista, ainda não se sabe.
133 Perrin, “Jesus and the Th eology of the N T ” , p. 14. 134 N. Perrin, “Eschatology and Hermeneutics: Reilections on Method in the Interpretation pretation of the New Testam ent", JB J B L 93 (1974), p. 3-14. 135 P. Ricoeur, T h e S ym (Bo ston, 1960); 1960); ver agora “ Paul R icoeur on y m b a l is i s m o f E v i i (Bo Biblical Biblical Herm eneutics", S e m e i a 4 (197 5), p. 1-148. 136 P. W heelwright, M e t a p h o r u n d R e a l i t y (Bloomington, 1962). J e s u s a n d th e 137 Isto é esclarecido em detalhe por Perrin, em seu recente trabalho Je L a n g u a g e o f th th e K in g d o m . 138 138 Perrin, "Jesus and the T heo logy of the NT ", p . 26. 139 P. 26. 140 P. 15. 141 P. 14.
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2. H a n s C o n z e lm a n n . Conzelmann é o único discípulo dc Hullmann que publicou uma teologia do NT; sua obra tem por tílulo Grundriss der Theologie des Neuen Testaments e foi publicada cm 1967.1 1967 .1442 De fato, esta é a pr im eira teologia p ro test te stan an te do NT a aparecer na Alemanha desde a publicação dã teologia do NT do pr p r ó p r io B u l t m a n n . E m b o r a g e r a l m e n te se c o n c o r d e q u e e m c o n t e ú do ele não faça nenhum progresso significativo para além de B u ltm an n ,14 ,143 há algu m as m ud anç as d istintas n a m etodologia que já se tornam aparentes, pelo menos até certo ponto, na estrutura de sua obra. A "In tro d u ç ã o " 144 tra ta do pro blem a de um a teologia teologia do Nov Novo Testamento do ambiente grego e judaico. Segue-se a Parte I, intitu lada “O Querigma da Comunidade Primitiva e da Comunidade G reg a” 145 e a P a rt e II, "O Q uerigm a S inóp in óp tico ".14 ".146 C onzelm ann trata da “ Teologia de Pa ulo ” na Pa rte I I I ,14 ,147 m as, ao co ntrá rio de B ultm ann , a P arte ar te IV tra ta do “ Desenvolvimento Desenvolvimento Após P aulo ” ,14 ,148 e então entã o segue-se segu e-se a teologia teolog ia de Jo ã o .14 .149 A estru tura da teol teologia ogia do do NT de Conzelmann, Conzelmann, qu and o co m parada à de Bultmann — da qual ele diz que “permanecerá o fundamento ainda por muito tempo, e o esboço aqui apresentado traz sua dívida pa p a r a c om ele e m i n ú m e r a s p a r t e s " ' 50 — reve re vela la trê tr ê s g r a n d e s m o d ific if icaa ções, que têm um significado metodológico distinto: (1) “A mensa gem de Jesus", que é, para Bultmann, a “pressuposição para a teologia do Novo Testamento, em vez de uma parte da teologia do Novo Nov o T e s t a m e n t o em s i” , 151 é to ta lm e n te o m itid it id a p o r C o n z e lm a n n . Ele insiste “que o ‘Jesus histórico' não é um tema da teologia do Novo 142 H. Conzelmann, G r u n d r i s s d e r T h e o l o g i e d e s Ne ue n T e s t a m e n t s (Munique, 1967). Trad. ingl. da 2.a ed. de 1963 A n O u t li n e o f t h e T h e o l o g y o f t h e N e w T e s t a m e n t (New York, 1969). 143 143 Ver as reações de W. G . K üm m el, “D ie E xegetische Erforschung des NT in diesem diesem Jahrhundert", D a s N e u e T e s t a m e n t im 2 0 . J a h r h u n d e r t (Stuttgarl, 1970), p. 123 e s.; G. F. Hasel, “Review of H. Conzelmann, G r u n d r i ss ss d e r T h e o l o g ie i e d e s N T ”, A U S S 8 (1970), p. 86-89; P. Stuhlmacher, “Neues vom Neuen Testament", P a s to r a lt h e o l o g i e 58 (1969), p. 424 e s.; H. Küng, M e n s c h w e r d u n g G o t l e s (Freiburg, 1970), p. 588; E. Güttgemanns, "Literatur zur neutestamentlichen Theologie", Verkündigung und Forschung 15 (1970), p. 47-50; M. Bouttier, “Théologie et Philosophie du NT", E l u d e s T h é o l o g i q u e s e t R e l ig i e u s e s 45 (1970). p. 188-194, esp. p. 189 e s.; W. J. Harrington, “New Testament Theology. Two Recent Approaches", B T B 1 (1970), p. 173-184; Merk, B i b li s c h e T h e o l o g i e , p. 258 e s.; Kásemann, “The Problem of a NT Theology", p. 241; Robinson, “The Future of NT T heology", p. 19 e s. s. 144 Conzelmann, A n O u t l i n e o f N T T h e o l o g y , p. 1-25, 145 P. 29-93. 146 P. 97-152. 147 P. 155-286. 148 P. 289-317. 149 149 P. 321 -358. 150 P. xv. e o lo lo g y o f t h e N T , I , p. 3. 151 Bultmann, T h eo
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Testamento", no que concorda com Bultmann, mas discorda dele em não considerá-lo uma pressuposição da teologia do NT. Ele o faz em função da “consciência metodológica e como resultado da base exegética exegética de minh a ab orda or da ge m ” .15 .152 “ O prob p rob lem a básico básico da d a teologia teologia do Novo Testamento não é como o proclamador, Jesus de Nazaré, tornou-se o Messias anunciado, o Filho de Deus, o Senhor? É, pelo contrário: Por que é que a fé manteve a identidade daquele que foi exaltado com Jesus de Nazaré depois das aparições da ressurrei ção? çã o?”” 153 (2) Conze Co nzelm lm ann reserva a seqüên cia de d ua uass últim as partes par tes conforme comparadas com a obra de Bultmann. Supõe-se várias razões para isso: (a) Evitar o julgamento ético de que o movimento rumo à igreja primitiva era um retrocesso; (b) a associação especial de literatura paulina; e (c) o fato de que as eras “apostólica” e “pós-apostólica” não são tanto uma pressuposição quanto um ingre diente da teologia” teologia ” . 164 Isto quer qu er dizer que C on onzelm zelm ann pro pr o cu ra ser consistente em sua exposição da teologia do NT ao eliminar ou reclassificar as pressuposições da teologia do NT. Se ele luta pela coerência, então que base lógica tem a sua primeira parte, que reconstrói o querigma das comunidades judaicas e grega? (3) Con zelmann avança mais notavelmente além de Bultmann em sua inclusão do conteúdo dos Evangelhos Sinópticos como parte do conceito de teologia do NT. Este é o resultado direto dos estudos críticos da red ação aç ão feitos na p esqu es qu isa do Eva E va n g elh o ,15 ,155 de que o pr p r ó p r io C o n z e lm a n n foi o p i o n e i r o . 156 I n feli fe lizz m e n te, te , “ seu se u ceti ce ticc ism is m o histórico quase nega n ega o resu re su ltado lta do ” .15 .157 Ao lado destas mudanças refletidas pela estrutura ou plano da teologia do NT de Conzelmann há as questões-chaves adicionais, que levam diretamente à metodologia na teologia do NT. Conzelmann faz, até certo ce rto ponto po nto,, o qu quee Sch lier dizia ser ne cessá ce ssário rio ser f e ito ,15 ,158 isto é, ele procura, com base no método da Traditionsgeschichte (história da tradição), reconstruir “os textos textos originais da fé, as mais antigas formulações da d o utrina utr ina ” . 159 Ao contrário da abo rdag em de 152 153 154 155 156 157 158 159
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Conzelmann, A n O u t li n e o / N T T h e o l o g y , p. xvii. P. xviii. P. xvi. Ver especialmente J. Rohde, D ie r e d a k ti o n s g e s c h i c h tU c h e M e t h o d e (Hamburgo, 1966). Trad. ingl. R e d i s c o v e r i n g th e T e a c h in g o f lh e E v a n g e l is ts (Filadélfia, 1969); N. Perrin, W hat is Redacrion C riiicism? riiicism? (Londres, 1960). The T Thh e o Ver H. Conzelmann, D i e M i t t e d e r Z e i t (Tübingen, 1953). Trad. ingl. Th l og o g y o f S t . L u k e (Londres, 1960). Harrington, "New Testam ent Th eology” , p. 183. Schlier, Schlier, “A Th eology oi the the N T ” , p. 99-101. Conzelmann, A n O u t l i n e o f N T T h e o l o g y , p. xv. Ver também H. Conzelmann, Theologie ais Sehriftauslegung. Aufsátze zum NT (M (M un iqu e, 197 4), p. 1Oõ-119, 131-151.
Schlier, Conzelmann supõe uma doutrina cristã primitiva e se recusa a fazer qualquer concxão entre ela e os Sinópticos. Isto lhe dá a possibilidade de retornar à posição de B ultm ann, “ isto é, de conside rar as fórmulas confessionais a objetivação da autocomprcensão cristã, que no processo subseqüente da interpretação é parcialmente elucidado, parcialmente mais uniformizado e parcialmente distorci do’’.160 De várias partes são lançadas objeções à reconstrução de uma doutrina cristã primitiva. E. Güttgemanns fala da reconstrução da doutrina como uma “empresa perigosa, que é muito arriscada diante da natureza fragmentária da literatura do cristianismo primitivo e da pobrem ente docum entada his tória do cristianism o primitivo, que se esconde nas trevas da história antiga (F. Overbeck), especialmente quando esta reconstrução é transformada na fundação da unidade dos kerygmuta " , 161 Kãsemann enu ncia u m a restrição sem elhante: “Em minha opinião, uma doutrina cristã primitiva já está excluída pela variedade de doutrin as existentes. Até o perío do pós-paulino, até mesmo nele, um tanto raramente, não podemos verdadeiramente dizer que os autores do Novo Testamento vêem sua tarefa com o esclarecim ento da confissão.” 162 A questão em jogo é se as do utrin as confessionais são consideradas objetivaçòes da autocompreensão da fé ou se a cristologia substitui a autocompreensão da fé enquanto ponto focal. Schlier procura um a base mais am pla ao inclu ir os Sinópticos na tradição definitiva e pensa em fazê-lo anteriormente à proclam ação da encarnação, paix ão e ressurreição.163 Nas linhas anteriores observamos como Conzelmann consegue re torn ar à posição de Bultmann, apesar de seu ponto de partida diferente. No todo, perm anece verdadeiro ta m bém p ara Conzelm ann que a teologia não fala objetivamente a respeito de Deus e do mundo; a teologia é antropologia. A fé revela um novo auto-entendimento. Harrington declara: “Tudo isto é Heidegger, através de Bultmann; não é nem Paulo, n em João — nem Jesu s.” 164 Em qu alq ue r caso, Conzelma nn com partilha da interpretação existencialista de B ultmann . Mas estará ele tão excessivamente orientado para a interpretação coino Bultmann? Conzelmann revela um a m uda nça na correlação entre reconstrução e interpretação, isto é, o histórico, em vez do normativo. Contra a época de. B ultmann , na qual havia um a necessidade de um a forte ênfase sobre a “interpretação do sentido do que foi dito e da 160 161 162 163 164
K ãseman n. “T he Problem o f a NT Theology", p. 241. G üttgem anns, "Literatur zur ne uteitam entlich enT heo logie" , p. 49. Kliseman n, “Th e Problem of a NT Theology ", p. 241. Schlier. "A T he olo gy of the NT ", p. 101 e s. Harrington, The Paih o f Biblica! Theology. p. 197; idem, “New Testament Theo logy", p. 184.
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mensagem dos textos” , Co nzelm ann sente que “ as perspectivas m u d a ra m ".165 Hoje há “ um a nova tend ência rum o ao positivismo histórico e ao relativismo. A tendência ascendente em que a erudição bíb lica se deleitou durante décadas mostrou-se um tanto escapista — para dentro do histó ric o” . 166 Conzelmann procura conter esta tendên cia rumo ao positivismo histórico e relativismo através de uma tática que se opunha a Bultmann, que enfatiza a “interpretação", isto é, o que a reconstrução significa para o homem moderno conforme traduzida através do meio filosófico do existencialismo. Conzelmann acentua “a reconstrução histórica, isto é, a apresentação do universo de pensamento do Novo Testamento segundo o condicionamento de sua ép oca” .167 E sta g uin ad a em direção ao h istórico é significativa para Conzelm ann, que perm anece totalm ente com prom etido com a correlação bu ltm an nia na da “ recon strução” e da “in terp reta çã o” . 168 Conzelmann parece ter o apoio de Kãsemann, que considera a teolo gia do NT “ um a d isciplina histó rica” .169 Estas m ud anças no terren o bultm anniano revelam que a teologia do NT se encontra em um a con dição de fluxo mesmo entre aqueles que são conhecidos por serem a favor da abord agem existencialista. Não se deve passar por alto que as abordagens existencialistas, tanto de Bultmann como de Conzelmann, fracassam na representa ção das perspectivas do NT como um todo. A abordagem existencia lista só pode tratar das partes do NT que são acessíveis à interpreta ção existencialista. As partes do NT que não se prestam a esta abordagem estão sofrendo uma “crítica de conteúdo” ou são todas deixadas fora de questão. As abordagens existencialistas de Bultmann e de Conzelmann parecem considerar documentos como Hebreus, I e II Pedro, Tiago, Judas e Apocalipse como enteados, que não merecem atenção. Isto levanta outras questões a respeito da adequação da abordagem existencialista. C. A Abordagem Histórica 1. Werner G. Kümmel. Não poderia haver nada mais profunda mente diferente da tese de Conzelmann — “O problema básico da teologia do Novo Testamento não é como o proclamador, Jesus de Nazaré, to rnou-se o Messias anunciado, o Filho de Deus, O Se nh or ” 170 — do que a teologia de K üm mel, publicada dois anos mais 165 Conzelmann, A n O u tlin e u f N T T h eo lo g y, p. xiii (o grifo é dele). 166 I b id . 167 P. xiv. 168 Robinson, "T he Fulure of NT Theology", p. 19. 169 K ãseman n, “T he Problem of a NT Theology", p. 242. 170 Conzelmann, A n O u tlin e o f N T T h eo lo gy , p. xviii.
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tarde (196 9).171 Kümmel não p erten ce à escola de Bultm ann; pelo contrário, ele representa a corrente histórico-moderna da pesquisa c procura fazer precisam ente o que Conzelm ann acredita va não ser o problem a básico da teologia do NT. Kümmel estabelece sua tarefa com palavras concisas: “Tentarei manifestar a pregação de Jesus, a teologia de Paulo à luz da comuni dade primitiva, e a mensagem de Cristo no Evangelho de João, em suas características essenciais, e, com base nesta apresentação, ind ag ar sobre a unidade ex posta nestas formas de pro clam aç ão .” 172 A es tru tu ra de seu livro reflete sua incum bência.*73 O C apítulo I trata da “Proclamação de Jesus Segundo os Três Primeiros Evange lhos” ,174 em que a m ensag em de Jesus é conscientem ente colocada no início da teologia do NT, a fim de mostrar como o Proclamador se tornou o Anunciado. O Capítulo II volta-se para “A Fé da Comuni dade C ristã P rim itiv a" ,175 que vê as coisas sob nova luz, po r ca usa do evento da ressurreição . “ A Teologia de Pau lo” , no Ca pítulo I I I ,176 coloca-se na transição da comunidade apostólica palestina para a poste rio r com unid ade cris tã gentia. Paulo é “ o prim eiro teólogo do cristianismo ge ntio” , mas entre ele e a pessoa e pregaç ão do Jesus terreno há não apenas um relacionamento histórico, mas também su bstan cial.177 Küm mel difere radicalm ente em su a resposta à questão de “P aulo e Jesus” ,178 em que B ultm ann179 (e Con zelm ann) vê um hiato, ju nto com W, W red e.180 K üm mel sus tenta que Paulo é um a testem unha e intérprete idôneo de Jesus. Isto não quer dizer, naturalmente, que 171 W. G. Kümmel, D ie T h eolo gie des N euen T e sta m en ts nach sein en H a u p tzeu g e n : J esu s-P aulu s-Joh annes (Gõttingen, 1969; 2.a ed., 1972). Trad. ingl. The Theology o f t h e N ew T e sta m e n t A cc o rd in g to its M a jor W itn esses: Jesus-P aui- John (Nash ville, 1973). 172 Kümmel, T h e ol og y o f t h e N T , p . 18. 173 Ver as reações de M. Hengel, “Theorie und Praxis im Neuen Testament?” E van gelisch e K o m m e n ta re 3 (1970), p. 744 e 745, esp. p. 744; Güttgemanns, “Luteratur zur neutestamentlichen Theologie'', p. 44-46: Küng, M en sch w erd u n g G o t l e s , p. 588 e 591; Merk, B ib li sch e T h eolo gie, p. 259-261; Lohse, Grundriss d er n e u te sta m e n tlic h e T h eo log ie, p. 12. 174 Kümmel, T he olo gy o f t h e N T , p. 22-95. 175 P .96-136. 176 P. 137-254. 177 P. 244-254. 178 Ver H. Riderbos, P au l a n d Jesus (Grand Rapids, Mich., 1957); E. E. Ellis, P a u l a n d I lis R ec e n t In te rp re ters (Grand Rapids, Mich., 1961), p. 26-34; H. Ridderbos, P a u l A n O u tl in e o f H is Th eology (Grand Rapids, Mich., 1975), p. 13-43. Também A. Schweilzer, P a u l a n d H is In te rp re ters (New York, 1964), p. 24 4 c s. 179 R. Bu ltma nn, “Jesus and P au l’', E x is ten ce a n d F a ith , p. 183-201. 180 W. Wredi', P uuhts (Tübingen, 1904) (reimpresso cm K. H. Rcngsloií e U. Luck, D as P a u lu sb ild in d e r neueren de u ts ch en F orsch un g (Tübingen, 1964), p. 1 e ss.). Trad. ingl. P u u l (Londres, 1908).
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não há diferenças entre eles, mas elas não são, em essência, apenas periféricas. Conclui-se que “Jesus e Paulo são testem unhas da mesma verdade histórica, mas Paulo só aponta para o passado e em direção ao futuro para a salvação trazida p or Jesus e esp era da de Jesus” .181 A teologia dos escritos joan inos é abo rdad a no cap ítulo IV, intitulado “A Mensagem Joanina do Cristo no Quarto Evangelho e nas Epísto las” .182 Os escritos joanin os apresenta m a ob ra e a preg ação de Jesus Cristo “deliberadamente e consistentemente a partir da perspectiva da fé da comunidade do último período do cristianismo primiti vo” .183 João “u ne rigorosam ente não só a pessoa de Jesus, más também a salvação forjada por Jesus e sua salvação como evento salvífico escato lógico” .184 No capítulo final, Küm mel interroga a respeito da unidade da mensagem de Jesus, Paulo e João, sob o titulo de “Jesus-Pau lo-João : O Centro do Novo T estam en to” . 185 Kümmel afirma que há uma evolução do pensamento e que não há uma continuidad e em linha reta em todos os aspectos do pensam ento, mas que os principais testemunhos do Novo Testamento proclamam daí uma mensagem comum, de que em Jesus Deus, o Senhor do mundo, chega até nós. Mas esta vinda de Deus só pode tornar-se uma realidade pessoal para nós se nos permitirmos ser arrebatados pelo am or de Deus, que veio a nós em Jesus Cristo, que nos trans forma em novas pessoas, que deixa nossa luz resplandecer (sic) “ diante dos home ns pa ra que vejam as vossas boa s o bras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céu s” (M at. 5 :1 6),186 Küm mel nos oferece a prim eira teologia do NT deste século, na qual a dem anda de A. Deis sm an n187 — e de modo algo distinto, a de G. L. Bauer188 — vem para a linha de fren te, a saber, a questão da unida de do NT. E m bora Küm mel não consiga responder à questão da unidade do NT inteiro, porque sua teologia do NT se limita ao testemunho prin cip al de Jesus, Paulo e João, é seguido, neste proceder, por E. Lohse, que conclui seu Grundriss der neutestamentlichen Theolo gie (1974) também com um capítulo sobre “A Unidade do Novo Testam en to” .189 181 182 183 184 185 186 187
Kümmel, T h eo lo gy o f t h e N T , p. 254. P. 255 -321 . P. 321. íbid. P. 322-333. P. 333. A. Deissmann, "Zur Methode der biblischen Theologie des Neuen Testaments”, P T N T , p. 79. 188 Merk, B ib lisch e T h eologie, p. 260. 189 Lohsc, Grundriss der neuiestamentlichen Theologie. p. 161-164.
Estará Kümmel comprometido com a correlação entre “reconslrução” e “interpretação” conforme a encontramos na abordagem existencialista da teologia do NT? Kümmel responde: “O interesse cientifico na com preensão do Novo Testam ento tem que, precisam en te, quando seguido no contexto da Igreja e a partir da pressuposição da fé, levar em conta o fato de que podemos também chegar a uma audiência crente da mensagem do Novo Testamento apenas de um modo: a saber, procurando tornar compreensíveis os pronunciamen tos dos antigos autores do Novo Testamento, exatamente conforme seus leitores e/ou ouvintes contemporâneos podem e têm que entendê -los ."150 E nq ua nto pa ra Bu ltman n e Co nzelman n a “ interp reta ção'' está separada da reconstrução e a ser atingida por meio do existencialismo, Kümmel reúne a reconstrução e a interpretação de modo que a segunda é aliada da primeira, pois “muito depende de se quem se dedica a tal pesquisa o faz sem envolvimento e desapego consciente ou o faz internamente envolvido e por isso lhe dá ouvidos ab erta m en te” .191 Parece evidente que Küm mel está ba sicam ente in teressado em oferecer uma reconstrução crítica moderada, que freqüentemente se aproxima das colocações de O, Cullmann e que aba nd on a totalme nte a interp reta çã o.192 2. Joachim Jeremias. O primeiro representante da corrente de pesquisa “ histórico-positiva” é o erudito conhecido in te rnacionalm en te, da Universidade de Gõttingen, J. Jeremias. Ele se tornou um dos prim eiros críticos da te ntativ a de B ultm ann de fazer da teologia do NT um a “ teologia querigm ática” 193 e desenvolveu um “ anticriticismo histórico intensivo” ,194 no qual E. K ãsem ann notou que a tendência an teriorm ente “ pietista” tornara-se historicam ente orienta da e que a anteriormente “puramente histórica” está engajada na teolo gia.195 A pesq uisa de Jerem ias p ro cu ra servir à verdad e histórica e proteger a Pa lavra da evap oração do eeta.19*’ Ele já hav ia alcan çado reconhecimento internacional com seu trabalho sobre as parábolas e seus estudos sobre as palavras eucarísticas de Jesus e o embasamen
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Kümmel, T h e ol og y o f t h e N T , p. 16. Ih id , Ver também Merk, B ib lis ch e T h eo lo g ie, p. 260 e s. Goppelt, T h eo lo g ie d e s N T , I, p. 44. J. S. Stewart oferece um a apreciação crítica em "The Christ of Fa ith” , The New T e s t a m e n t i n H i s t o r i c a l a n d C o m e m p o r a r y P e r s p e c t i v e. E s s a y s i n M e m o r y o f G. H. C. Maegregor (Oxford, 1965), p. 261-280, 194 Goppelt, T h e o lo g y d e s N T , I, p. 43. 195 E. Kãsemann, E x eg etisch e V ersuche u n d B esin n u n gen (Gõttingen, 1964), II. p. 32-41. 196 J. Jeremias, "The Present Position in the Controversy Coneeming the Problem of the Historical Jesus". ET 59 (1958), p, 333 e ss.; idem, T h e P r o b l e m o f t h e H isto rica l Jesu s (Filadélfia, 1964).
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to aramaico da logia de Jesus.197 Nisto tudo estava ele interessado na ipsissima vox Jesu (mesmíssima voz de Jesus),196 a fim de permitir ao homem de nosso tempo ouvir a voz de Jesus como os contemporâneos de Jesus a ou vira m .199 U m a com preensão deste q uadro no cenário da erudição contemporânea é vital para a apreciação e avaliação da magnun opus de Jerem ias. Em 1971 Jeremias publicou simultaneamente na Alemanha e na Inglaterra o primeiro volume de sua N eutesta m entlic he Theologie J Teil: Die Verkündigung J esu,100 do qual já se tem dito que “pode se provar ser o mais im portante livro escrito a respeito do Novo T esta mento nos últimos cin qü en ta ano s” .201 Pode-se dizer sem hesitação que neste trab alho de Jeremias não há a correlação entre reconstrução e interpretaçã o do tipo conhecido de B ultma nn e sua escola. A “ inte r pretação” é, quando m uito, a sistem atização da procla m ação de Jesus, ob tida por meio da reconstru ção de suas pa lavras, o que é feito com uma metodologia crítica.202 Isto quer dizer que, em essência, temos aqui uma abordagem próxima da “teologia descritiva do NT” na tradiç ão de S ten dah l.203 O Capítulo I leva o título de “Até Onde É Confiável a Tradição das Declarações de Jesus?”20'’ Este capítulo ocupa-se do problema do Jesus histórico, o mesmo assunto considerado por Bultmann como a pressuposição da teologia do NT e que Conzelm ann decla rou não fazer, em absoluto, parte da teologia do NT. Jeremias está interessado em investigar "se nossas fontes são suficientes para nos capacitar a 197 J. Jeremias, T h e P a r a b l e s o f Jesus (3.a ed.; Londres, 1972); idem, The Eu charistic W ú n ls o f J e su s (2.a ed.; Londres, 1966); idem, A h b a S tu d ien z u r n c u te s to m e n tlichen Theologie und Zeitgeschichte (Gõuíngen, 1966); idem, T h e C e n t r a i M e s sage o f th e N ew T e sta m e n t (New York, 1965). 198 Jeremias escreve o seguinte, em T h e P a r a b l e s o f J e s u s, p. 9: “Espera-se que o leitor perceba que o objetivo da análise crítica contida na segunda parte deste livro nào é nada menos que um retorno, o mais fundamentado possível, às pró prias palavras de Jesus. Som ente o Filho do H om em e sua palavra pod em investir nossa mensagem de autoridade total,” 199 Jeremias, T h e P a r a b l es o f J esu s, p. 114: “Nossa fé é retornar à viva voz verdadeira de Jesus. Qu ão eno rm e será o lucro, se obtivermos su cesso em redescobrir, aqui e ali, por detrás dos véus, as características do Filho do Homem! O simples fato de encontrá-lo pode, sozinho, dar força à nossa pregação." 200 J. Jeremias, N e u te sta m e n tlic h e T h eologie /, Teil: Die Verkü ndigung Jesu (Güttersloh, 1971; 2 .a ed ., 1 973). T rad. ingl. N ew T e sta m e n t Th eology: T h e P roclu m ati on o f Jesus (New York, 1971). 201 S. Neill, Jesus T h rou gh M a n y E yes. In tr o d u c tio n to th e T h eo log y o f th e N ew Tes ta m e n i (Filadélfia, 1976), p. 169. 202 Harrington, P a th , p. 201, não alcança a intenção real da m etodolog ia da N T T h eo logy de jeremias, em sua avaliação de que ele “é um corretivo terrivelmente neces sário para o ceticism o da perspectiva e xistencialista” . 203 Siendahl, I D B , I , p . 4 2 2 . 204 Jeremias, N T T h eology, p. 1-41. Deve-se observar que este título não está estrutu rado na forma de u m a pergunta no original alemão .
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apresentar as idéias básicas da pregação de Jesus com algum grau dc probabilidade” ,20Ão que significa a reconstrução histó rica da “ lindi ção pré-P ásco a” .106 Isto deve ser alcan çad o por meio de (1) "m étodo comparativo” ( “religionsvergleichende Methode"),w que cmpreg;i basicam ente o “ critério da desigualdade” , com base no qual “ unia declaração ou um tem a” pode ser testado se provém do “judaísm o ou da igreja prim itiva” ;208 e (2) o “ exame da linguagem e do estilo" ("sprachlich-stilistiche Tatbestünde").109 Estes dois métodos produ zem resultados moderadamente corretos e permitem uma reconstru ção da ipsissima voxJesu.2'0 No que diz respeito aos Sinópticos, “é a inautenticidade, e não a autenticidade das declarações de Jesus, que deve ser demonstrada'’.211 O Ca pítulo II trata da “ M issão de Jesus” ,212 com os subtítulos de “Jesus e João Batista”, “O Convite de Jesus”, “Passando Adiante a Revelação”, “Aba Como um Endereçamento a Deus” e “Sim à Missão” . Em cada caso ele segue o método d e investigar as fontes, o conteúdo, o significado ou sentido do respectivo item. Este padrão não é seguido nos Capítulos III e IV, que tratam da proclamação de Jesus, com os títulos “A Aurora da Era da Salvação”213 e “O Período da Graça”,214 respectivamente. Jeremias concluí; “O tema central da proclam ação pública de Jesus era o majestoso reino de D eus.” 215 O Capítulo V descreve o apelo pessoal da mensagem de Jesus, que leva à form ação do “ Novo Povo de D eus” 216 como com unidad e remanescente da fé, que adora a Deus sem cessar. Jeremias demons tra sua metodologia no Capítulo VI, “ O T estem unho de Jesus Jun to à Sua M issã o” ,217 cujo título alem ão é mais preciso: ‘ Das Hoheitsbewusstsein Je su " , no qu al mostra-se que Jesus en tendia ser “ o po rta dor da salvação”.218 Jeremias argumenta que o uso enfático da pala vra ego não tem paralelo no mundo de Jesus, e, portanto, sustenta uma cristologia implícita.219 “Filho do homem c o único 205 206 207 208 209 210 211 212 213 214 215 216 217 218 219
P. l. P. 3. P. 2. I b id . P. 3. P. 29-37 . Ver tam bém J, Jerem ias, T h e P r a y e r o f J e su s (SBT 2/6; Londres, 1967), p. 108-115. Jeremias. N T T h eologv, p. 37. P. 42-75. P. 76-121. P. 122-158. P. 96. P. 159-249. P. 250-299. P. 250-257. P. 254 e s.
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título aplicado por Jesus a si mesmo, cuja autenticidade deve ser levada a serio."220 Ele remonta a Daniel 7:13. Jeremias argumenta, contra a conclusão de seus próprios alunos, que o título tem origem na mitologia de Canaã, assinalando que “diante do enorme lapso de tempo entre os textos de Kas Shamra e o livro de Daniel, isto é quase impossível”.22' A compreensão dc Jesus de sua paixão é reconstruída. “Jesus viu sofrimento iminente claramente e o anunciou antecipada mente... Jesus havia considerado a questão da necessidade de sua morte e encontrado a resposta nas Escrituras, basicamente em Isaías 53, o capítulo sobre o servo sofredor, mas também em outras passagens, tais como Zacarias 13:7".222 As alusões mais im porta nte s ao sofrime nto de Jesus são as palavras euca rístic as.223 No capítulo fin al, "A Mais Antiga Tradiç ão e a M ais Antiga Inter pretação” ,224 Jeremias vai além da procla m ação de Jesus em sua tentativa de relaciona r a proc lam ação de Jesus com a Pásco a, a saber, a ressurreição. A segunda edição alemã contém um acréscimo pequeno, porém significativo, no qual Jeremias revela o que entende por relacio nam ento entre a procla m ação de Jesus e teste m unho da Tgreja: Ambas as coisas, a proclamação de Jesus e o testemunho da fé da igreja, as mensagens pré-Páscoa e pós-Páscoa, estão indissoluvelmente ligadas... relacionam-se entre si como convite ao responsório. A oferta graciosa da salvação — na forma das palavras e obras de Jesus, sua morte na cruz e sua exaltação — é o convite de Deus ao mundo; o testemunho da Igreja — em multiplicidade tanto formal como material, o coro de incontáveis línguas que cantam louvores a seu nome e que o confessam perante o mundo — é o responsório lavrado pelo Esp írito S anto para o convite.225 As última s frases resumem , nu m a linguagem soberba, o intento de Jeremias: “ O convite está acim a da re sposta, pois Jesus é o Kyrios, e o Kyrios está acima dc seus mensageiros. O Kyrios acima é o início e o fim, o cen tro e a m edida de tod a a teologia c ristã ." 226 A primeira parte da Teologia do NT de Jeremias reúne magistral mente tudo o que o tornou conhecido. Uma crítica recente resumiu-o dizendo: “Poucos eruditos do NT poderiam haver escrito este li 220 P. 258. 221 P . 2 6 8 , n . u 1. 222 P, 286. 223 P. 288-292 . 224 P. 300 311. 225 Jeremias, N e u te sta m en tlic h e T h e o lo g ie , I, p. 295. 226 I b id . 86
vro.”227 Jeremias aparece novamente como um crítico conservador, que insiste que há uma conexão entre todos os temas importantes do NT e a procla m ação de Jesus. A igreja pós-Páscoa respondeu ao convite de Jesus, mas não se engajou no tipo de criatividade atribuída a ela por aqueles que não vêem, ou virtualmente não vêem, nenhuma conexão entre o querigm a da Igreja e o Jesus histórico, O. W erk assi nala que n a obra dc Jerem ias a diferença entre os evangelistas recu a à sua formação a favor da reconstrução da forma e da mensagem de Jesus. Neste aspecto, Jerem ias se aprox im a de G. L, B auer.228 Ainda não se sabe até onde o segundo volume da teologia de NT de Jeremias trata da teologia dos evangelistas. Nos termos do método com parativo empregado por ele, L. Goppelt, que tenta mostrar os elos entre o Jesus histórico e a proclamação da Igreja, lamenta que o princípio da analogia a respeito do ambiente judaico transforme Jesus num fenômeno pu ram en te ju d eu .229 “ O critério de desigu aldad e” , que Jeremias adota de N. Perrin para a demonstração da autenticidade, tem seus próprios problemas.230 A questão metodológica mais primá ria é a que diz respeito ao silêncio exasperante por parte de Jeremias na questão da justificação, por apre sen tar a proclam ação de Jesus como parte da teologia do NT. Diante da situação do debate sobre esta questão metodológica (Bultmann, Conzelmann, Perrin) não se sabe por que Jeremias não usou nenhuma palavra que sugerisse uma justificativa p ara seu procedim ento metodológico ou que indicasse que o faria no volume seguinte. Será evidente que a proclamação de Jesus constitui a fundação e a base da teologia do NT? D. A A bordagem da H istória d a Salvação (“ Heilsgesehichte” ) 1. Oscar Cu llm ann. O conhecido professor em érito da U niversida de da Basiléia e da Sorbonne, em Paris, O. Cullmann, não escreveu nenhum livro com o título de Teologia do NT,23' Ele deve ser incluído 227 C. E. Ca rlston, “ Review of J. Jerem ias, N ew T e sta m e n t T heology: T h e P raclam a tion o f Jesu s". JBL 91 (1972), p. 260-262, esp. p. 261. 228 Merk, B ib li sch e T h eologie, p. 262. 229 Goppelt, Theologie des NT , í, p. 44. 230 H. K oester, '‘The Historical Jesus: Som m e Do m m ents and Thoug hts on N om ian Perrin's R e d is c o w rin g th e T eaeh in g o f J esus" , C h risto logy a n d a M o d e m Pilg ri m a g e . ed. H. D. Betz(Filadélfia, 1971), p. 123-136. 231 K. Frõhlich, "Die Mitte des Neuen Testaments. Oscar Cullmanns Beitrag zur Theologie der Gegenwart", Oikonom iu: Heilsgeschichte ais Thema der Theologie. F estsch rif t fü r O. C ull m an n (Stuttgart, 1967), p. 203-219, esp. p. 213, assinalou que outros eruditos dão o título de “Teologia do Novo Testamento” ao tipo de livro que Cullmann publicou com o título de D ie C hristo logy des N euen T e s ta m en ts (Tübingen, 1957). Trad. ingl. The Christology o f the New Testament (2.a ed.; Filadélfia. 1967).
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na discussão da metodologia na disciplina da teologia do NT, porque é o prim eiro re presen tan te da ab ordage m histórico-salvífica232 do NT neste século. A introdução à "história da salvação" do NT dç Cullmann foi publicada em 1946, sob o título Cristus und die Zeit,233 seguido pelo profundo estudo H eil ais G eschichte , publicado pela prim eira vez em 1965.1,4 Esta s obras cria ram um debate acalorado.235 Em seu primeiro estudo, Cu llm ann tentou tr aç ar um esboço básico da história da salvação do NT através de um a recon strução do tempo e sua interpreta ção no cristianismo primitivo, como um a época plena de tensão entre o “já ” e o “ ainda nã o” . Cristo é o “cen tro do tem po ” ou o “ po nto ce ntr al” do tem po ,236 o que deve ser enten dido como um a concepção linear do tempo. Não é, contudo, “uma linha reta, mas uma linha flutuante , que pode m ostrar u m a am pla variaç ão” .237 Deve-se entender claramente que a abordagem histórico-salvífica de Cullmann não deve ser igua lada nem com as anteriores, que também tinham este nom e, dos erud itos dos séculos XV II ao XIX, nem com as que usam o term o “ no m au sentido de ‘positivo’, ‘san to’, ‘bea to ’ ou ‘não-crítico’”.238 Para Cullmann, a abordagem da história da salva ção significa um£ “luta por nada mais que a resposta à velha pergunta: ‘O que é o cris tia nis m o?’ ” .239 232 Este escritor prefere a tradução “história da salvação” para H eils gesch ich te e “históricosalvííica" para h eilsg e sc h ic h llich , ein ve z de "história redentora", a fim de evitar a im pressã o de qne a H istória em si tem o poder redentor. 233 O. Cullmann, Ch ristus und die Zeit. D ie urchristliche Ze it un d G eschichtsauffas su n g (Zurique, 1946; 3.a ed., 1962). Trad. ingl. C h r i s t a n d T i m e (Londres, 1951; 2.a cd., 1962). 234 O. Cullmann, Hei! ais G esch ic h te: H e ih g e s ck lc k tllc h e E x is t e m im N eu en T esta m e n i (Tübingen, 1965: 2.a ed., 1967). Trad. ingl. Salvation in H istory (New York, 1967). 235 Ver especialmente a reação do próprio Cullmann a críticos como Bultmann, E. Fuchs, F. Buri, J. Komer, H. Conzelmann, K. G. Steck e J. Barr, em Christ a n d T im e (2.a ed.), p. xv-xxxi. Entre os mais importantes tratamentos recentes das perspectivas de Cullmann estão: Stcndahl, ID E , 1, p. 42Ü e s.; Frõhlich, “Die Mitte des NT", p. 203-219; D. Braun, "Heil ais Geschichte", E vT h 27 (1967), p. 57-76; Kraus, B ib lisch e T h eo log ie, p. 185-188; Bouttier, “Theologie et Philosophie du N T ” , p. 188 e s.; E. G üttgem ann s, ‘‘Literatur zur neutestam entlichen Theologie. Randglossen zu ausgewâhlten Neuerscheinungen”, V e r k ü n d i g u n g u nd F orschung 1 2(1 96 7), p. 38-87, esp. 44-49; Harrington, "New Testam ent T he o logy” , p. 184-189; idem , P u th , p. 197-201; G. Klein, “Bibel und Heilsgeschichte. Die Fragwürdigkeit einer Idce", Z N W 62 (1971), p. 1-47; J. T. Clemons, “Critics and Criticism of Salvation History”, R elig io n in L ife 41 (1972), p. 89-100; G. E. Ladd, “The Search Perspective”, I n te rp r e ta tio n 25 (1971), p. 41-62; K. Schubert, "GeschichteundHeilsgeschichte ” , K e i r o s 15 (1973), p. 89-101; I. G. Nicol, “Event and Interpretation. O. Cullmann’s conception of Salvation History”, Theology 77 (1974), p. 14-21. 236 Cullmann, C h r is t a n d T i m e , p. 121-174. 237 Cullmann, Salvation in History, p. 15 (o grifo é dele). 2 38 P . 1 1. 2 39 P . 1 9.
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É nosso propósito organizar um a peq uen a pesquisa do conteúdo da magnum opus de Cullmann, H eil ais G eschichte, antes que questio nemos como ele entende o funcionamento da história da salvação. A Pa rte I contém os “ Prolegôm enos” .240 Faz u m a pe squisa a respeito do gnosticismo do século II, escatologia no século XX, hermenêutica, no que se relaciona à história da salvação, e fornece uma definição de história da salvação. A Parte II leva o título ‘‘Gênese da Abordagem da História da Salvação” .2"1 Seu conteúd o tra ta do evento e da interpretação, da fé das testemunhas bíblicas, do constante e a contingência, e da consolidação dos excertos histórico-salvíficos no NT. As "C aracterís tic as Fenomenoló gicas” 242 são tratad as na Parte III, com ênfase sobre História e mito, história da salvação e História, e a tensão entre o “j á ” e o “ ain da n ão ” , Na Pa rte V, chegamos ao âmago do livro, em seu tratamento histórico-salvífico dos “Tipos Principais do Novo T esta m en to” ,143 a saber, os prim órd ios da história da salvação com Jesus,244 o seu período intermediário245 e o Evangelho de João 246 e a história da salvação.247 Finalmente, a Parte V oferece “ Um Esboço da Teologia Sistem ática e a História do Dogma: História da Salvação e o Período Pó s-Bíblico” .248 Este es tudo revela de imediato que Cullmann procura a história da salvação como a estrutura fundamental dos testemunhos do NT e propõe um desafio à abordagem existencialista da Teologia do NT, conform e m anifestada por B ultm ann e seus seguidores. Dentro dos limites de nosso propósito, será impossível tratar adequadamente dos ricos e frutíferos estímulos oferecidos por Cullmann. Ten taremos esclarecer rapidam ente a n atureza da história da salvação conforme entendida por cic, antes de nos voltarmos para as questões metodológicas. Cullmann não entende a história da salvação “como uma história ao longo da História...; ela se revela na História e neste sentido pertence a ela” .249 O aspecto in tegral da história da salvação bíblica é que certos eventos “historicamente controláveis” estão “abertos à investigação histórica... eventos per tencentes à história secular, que estão colocados numa conexão defin ida não desco berta pela H istória em si” ,250 “ Os eventos perten 240 241 242 243 244 245 246 247 248 249 250
P. P. P. P. P. P. P. P. P. P. P.
19-83. 84-13 5. 136-185. 186-291. 187-236. 236 -248. 248-268 . 268 291. 292-338. 153. 139es.
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centes à história secular" recebem uma interpretação histórico-salví fica. Admite-se livremente uma dependência de Cullmann das opi niões de G. von Rad,-'51 um a perspectiva que tem problem as distin tos.252 A respeito do movim ento de evento e interpretação , C ullm an n escreve: "A história da salvação não surge através de uma simples soma de eventos reconhecidos na fé como salvíficos. É melhor dizer que empreendem-se correções da interpretação de eventos salvíficos passados à luz dos novos eventos.”25J O processo de evento e interpretação é complexo. “O ato da interpretação... é tido como pertencente à histó ria da salvação em s i." 254 Cullm ann resume sua perspectiva dessas questões complexas enfatizando três aspectos distintos: “ ...prim eiro, o ‘evento n u ’ [nackte Ereignis], do qual o profeta deve ser te stem unha ocula r e que é percebido ta m bém por não-crentes, que são incapazes de enxergar qualquer revelação nele; segundo, a revelação de um plano divino que se descortina ao profeta no evento com o qual ele se alinha na fé; terceiro, a criação de uma associação a revelações histórico-salvíficas mais antigas, dadas a conhecimento de outros profetas na reinterpretação destas revela ções” . J e s u s “se inclui no evento que ocorre no lugar onde se encontra. Mas a nova revelação era coerente ao proclamá-lo como o h e u s decisivo de toda a história da salvação.256 Pode-se afirmar, com toda justiça, que a perspectiva de Cullmann da revelação, conforme exposta acima, tanto 110 evento como na interpretação, contém ambigüidades.2” Tem-se observado que Cullmann adota a posição de von Rad, que entendem os como seguidor “ das linhas da história da salvação ” ,2SH a saber, “a reinterpretação progressiva das velhas tradições de Israel é constante m ente de sp erta da pelos novos eventos no prese nte ” .259 Enquanto Cullmann fala 110 “evento nu” [nackte Ereignis],160 von Rad nega sua existência: “Não existem bruta fac ta em absoluto; só possuím os história na form a da inte rpretação, somente na refle xão,’’261 É decisivo para a argum en taç ão dc von R ad que no qua dro 251 252 253 254 255 256 257 258 259 260 261
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P. 54 e 88. Hasel, O T T h e o l og y , p. 57-75. Cullmann, Salvation in History , p. 88 ( o grifo é dele). P. 89. P. 90. P. 117. Ver especialm ente Nicol, “ Evcnt an d Interpretation” , p. 18-21. Cullmann, Salvation in H istory, p, 54. I b id . P. 90. Co nclusão de G . von Ra d, “A ntwort auf C onzelm ann ’s Fra gen” . E v T H 24 (1964), p. 393, num a discussão com H. C onzelma nn, “ Fragen an Gerhard von Rad ” , E vT h 24(1964), p. 113-125.
histórico-crítico da história de Israel nenhuma premissa da fé ou tia revelação seja levada em conta, visto que o método histórico-crítico trabalh a sem um a hipótese de D eu s.262 Israei, contud o, “ só poderia compreender sua história como uma estrada ao longo da qual viajava guiada por Javé. Para Israel, a História só existia onde Javé se revelara através de atos e pa lav ras” .zw Von R ad rejeita a escolha alternativa de se considerar o quadro querigmático como não-histórico e o quadro histórico-crítico como histórico. Ele discute que “ o q ua dro querigmático também... se funda na história real e não foi inventado”. Não obstante, ele fala das “experiências históricas” prim itivas da história antig a em term os de “ poesia histó rica” , “ lend a” , “ saga” e “ histórias poéticas” ,264 que contêm anacronism os.265 O im po rtan te par a von Rad não é o núcleo histórico esta r enco berto pela “ficção” , mas a experiência do horizonte da fé do próprio narrador, conforme interpretada dentro da saga, ser “ histó ri ca”266 e resultar num enriquecimento do conteúdo teológico da saga. Tudo isto faz parte do método da história das tradições. Ele declara: “O processo pelo qual se originou a perspectiva da história da salvação não é mais totalmente compreensível em todo o Novo Testa mento. Em primeiro lugar, as ocasiões históricas para as origens e futuro desenvolvimento das mais antigas tradições não podem ser sempre relatadas com certeza, especialmente quando tradições orais e kerygmata orais estão envolvidos, os quais são então publicados em fórmulas confessionais litúrgicas... Somente nos grandes sistemas históricos... podemos nos tornar mais familiarizados com a origem das interpretações e reinterpretações da história da salvação.”267 A dí vida de Cullmann para com o método histórico-tradicional dc von Rad, que ele reelabora em sua abordagem histórico-salvífica, com a constante interpretação do dito “evento nu” e reinterpretação poste rior da " tradiçã o histórico-salvífica” ,26K levanta a questão de ser a aborda gem de Cullm ann realmente capaz de sup erar os problem as re lacionados com o total das questões da História e da história da tradi ção, com seus dois quadros da História, a saber, a estabelecida pelo método histórico-crítico e a apresentada pelo querigma dos testemu
262 G. von Rad. O l d T e s ta m e n t T h e o lo g y (Edimburgo, 1965), II, p. 417. 263 G. von Rad, "Offene Fragen im Umkreis síner Theologie des AT”, T h L Z 88 (1963), p. 409. O prohlema do relacionamento entre palavra e evento, palavra e atos. etc.. é o assunto de um ensaio de G. F. Hasel, “The Problem of History in OT Th eology” . A U SS 8 (1970), p. 32-46. 264 Von Rad , O T T h e o lo g v, I, p. 108 e s. 265 Vol. II, p. 421 c s . 266 P. 421. 267 Cullmann, Salvation in H istorv, p. 89. 268 P. 90.
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nhos bíblicos.269 Cullmann expressou sua opinião a respeito da crítica de W. E ichrod t e F. Hesse a von R ad, onde o querigm a é posto no lu gar da “história real”, ao sugerir que “na realidade existe um acordo maior entre estes eruditos do que talvez eles mesmos pensam”.270 E nq ua nto isso, torna-se claro que não é este o caso .271 Cullm ann assinala enfaticam ente que “ o que distingue a H istória da história da salvação é o papel que a revelação representa nesta, tanto na experiência das eventos e fatos como na apropriação dos relatos e sua interpretação {‘querigma’) por intermédio da fé. Aqui os eventos são experimentados como revelação divina, e desse modo os relatos e interpretações são atribuídos à revelação divina”.272 A revelação é o critério distintivo, de modo que “o processo histórico da salvação é o centro de toda a H istória, inclusive da p rimitiva e da escatológica” .273 A revelação atua na classificação do processo histórico total, “a sele ção de eventos” contida na história da salvação que se determina no plano de D e u s".174 Em toda esta história da salvação está a categoria classificatória, dentro da qual estão incorporados vários esquemas bíblicos. A tipolo gia “ pressupõe a perspectiva da história da salva ção” .285 O esquem a de “prom essa e cum prim en to” tem relação com a história da salvação, porque “o cumprimento, dentro da estrutura bíblica, nunca é completo. A história da salvação continua se desenvolvendo. Embora Deus permaneça fiel à sua promessa, ela se cumpre de um modo difícil de se examinar detalhadamente e de uma maneira que não se encontra, de uma vez por todas, ao alcance do conhecimento hu m an o” .276 Credita-se a Cu llma nn a exposição de um program a cuidadosam ente pensado “ da histó ria da salvação, enquan to representante da essência da m ensagem do Novo T es tam en to ...” 277 Ele o faz durante conversas com as principais cabeças do cenário teológico e se refere aos principais críticos da história da salvação.278 Em 1962, K. Stendahl sugeriu, em Christ and Tim e, que Cullmann
269 Ver H asel, O T T h e o lo g y, p. 57-75. 270 Cullmann, Salvation in History, p. 54. 271 F. H esse, A b s c h ie d von d e r H eils g esch ic h te (Zurique, 1971). Ver também J. Barr, "Story and History in Biblical Theology”, J o u rn a l o f R elig ion 56 (1976), p. 1 e ss. 272 Cullmann, Salvation in H istory, p. 151 es. 273 P. 148. 274 P. 154. 275 P. 133. 276 P. 124. 277 P. 150. 278 Por exem plo, K. G . Steck, D ie Id ee d e r H eik g e sc h ic h te. H o fm a n n -S ch la tte rCullmann (Zurique, 1959); G. Kiein, “Offenbarung ais Geschichte? Marginalien zu einem theologischen Programm”, M o n a issc h rift f ü r P a sto ra lth eo lo g ie (1962), p. 65 e ss.; G. Fohrer, "Prophetic und Geschichte”, T h L Z 2 4 (1964), p. 481 e ss., etc.
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“rec ap turo u o modo de pe ns ar dos escritores do NT, e aí permanece o tempo suficiente para elaborar as implicações dos diferentes aspectos do pensam ento do N T ” .279 Stenda hl tem u m a po stu ra positiva em relação à questão metodológica da teologia do NT conforme levanta da por Cullmann. Ele sugere que a abordagem de Cullmann continua “descritiva”. O. Merk percebe que é uma “reconstrução” da com preensão do tem po dos cristãos prim itiv os.2S0 Cullm ann não se empenha na "interpretação”, isto é, na transformação ou tradução do entendimento religioso da história da salvação do NT numa estru tura ad eq ua da ao homem m ode rno.281 Será que Cullmann considera tal "interpretação” ou “o que quer dizer” arbitrária ou anti-historicista nos dias de hoje? Cullmann fornece agora uma resposta parcial. Está convencido, juntamente com Bultmann, que o NT cobra uma decisão: “ O evento divino, ju n to com sua interpreta ção revelada aos profetas e apóstolos... exige de mim uma decisão... de ajustar minha existência à história concreta a mim revelada com tal seqü ência de eventos.” 282 “ Se a decisão da fé inten cio na da no Novo Testa m ento nos ped e que nos ajustemo s à seqüência de eventos, então a seqüência de eventos não pode ser demilizada, de-historizada ou desobjetivizada. Ao contrário da demitização de Bultmann, que reinterpreta existencialmente a escatologia, despindo-a de sua temporalidade, isto é, transformando a riqueza do querigma do NT numa “escatologia pontual” no aqui e agora, temos a alternativa de Cullmann, que argumenta que a tensão histórico-salvífica entre o “já” e o "ainda não” é a chave da compreensão do NT. “Toda a teologia do Novo Testamento, inclusive a pregação de Jesus, está contida nesta tensão.”28'1O homem de hoje vive o “período interme diário da história da salvação” , um “ estágio interm ediário en tre dois pólos: o do período bíblico e o do final dos te m pos” .285 Cullm ann nos lembra: "Crucial para a teologia histórico-salvífica é a sua relação com o presente.”786 Parece que a tarefa descritiva é, para Cullmann, decisiva. Ele se recusa a transportar para o presente a história da salvação por meio do existencialismo, do platonismo287 ou de qual quer outro sistema. 2. George E. Lad d. O Prof. G. E. Ladd é o mais famoso erudito 279 280 281 282 283 284 285 286 287
Stendahl, I D B , I, p. 421. Merk, B ib li sch e T h eologie , p. 253. Ro binson, “Th e Future of NT T heolog y” , p. 19. Cullmann, Salvation in History, p. 69. P. 70 (o grifo é dele). P. 172. P. 293. P. 308, n.“ 2. P. 204.
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evangélico do continente norte-americano,188 cuja erudição tem o reconhecimento inclusive de outras escolas de pensamento. Ele é um dos dois americanos que publicaram uma teologia do NT completa após o silêncio dc cerca de sete décadas por parte dos eruditos am ericanos sobre o ass unto .28* A magnum opus de Ladd se intitula A Theology o f the New Testam ent (1974) c pertence totalmente à abordagem da história da salvação na teologia do NT. A intenção do livro de Ladd é “familiarizar os estudantes dos seminários com a disciplina conhecida como Teologia do Novo Testamento”.190 Ladd não faz diferença entre teologia bíblica e teologia do NT, como B. S. Childs,291 pois define a História e o método histórico com base em diferentes pressupostos. “ As pressu po sições de qualquer indivíduo podem influenciar diretamente a pers pectiva com que estu da e encara os fato s."292 A veracid ade da histó ria bíblica é a questão em desta que. “As pressuposições sobre a natureza da história têm continuamente sido inseridas na reconstrução da mensagem bíblica... Os eruditos adeptos de um método histórico, cujas pressuposições são secularistas, não vêem lugar para homens divinos na História. Conseqüentemente, atrás do relato da pessoa de Jesus nos Evangelhos deve ocultar-se um Jesus histórico.”293 A pres suposição da História como um círculo fechado de causas e efeitos horizon tais não pode tr a ta r com a realidade expressa na Bíblia. Logo, qua lquer abordagem , p ara que seja ade qu ad a ao conteúdo da Bíblia, tem que estar em harmonia com as pressuposições dela tiradas e com 288 As seguintes obras c estudos são particularmente importantes: G. E. Ladd, C r u cia l Q u estion s A b o u t th e K in g d o m o f G o d (Grand R apids, M ich., 1973), idem, Jesu s a n d th e K in g d o m . The E sch a to lo g y o f B ib lic a l R ea lis m (2.a ed.; Waco, Tex., 1970); idem, The New Testament and Criticism (Grand Rapids, Mich., 1967); idem, “Why Not Prophetic-Apocalyptic?", JB L 81 (1962), p. 230-238; idem, "History and Th eology in Biblical Ex ege sis” , I n te rp r e ta tio n 20 (1966), p. 54-64; idem, “The Problem of History in Contemporary NT Interpretation”, Studia Evangélica 5 (196 8), p. 88-100; idem “T he Seareh for Perspective” , I n te r p r e ta i io n 25(1971), p. 41-62. 289 Em 1906, G. B. Stevens, da Yale University, publicou a segunda ediçào de sua Theology o f the N ew 'I'estament ( l . a ed.; Edim burgo, 1901). O s livros de F. Stagg, N ew T e sta m e n t T h eology (Na shville, 1962) e R. K nud sen, Theology in the New Testamen t. A Basis fo r Ch ristian Faith (Chicago/Los Angeles, Calif., 1964). fo ram escritos para leigos e não fingem ser teologias do NT maduras. O outro trabalho em escala total foi escrito por outro erudito da tradição evangélico-conservadora, a saber, C. K. Lehman, B ib lic a l T h eology 2: N ew T e sta m e n t (Scottdale, Pa., 1974). 290 G. E. Ladd, A T h eology o f the N ew T e sta m e n t (Grand R apids, M ich., 1974), p. 5. Trad. ver a port. T e o lo g ia d o N o v o T e s t a m e n t o (Rio de Janeiro, JUERP, 1985). 291 Ver, acim a, p. 70 e s. 292 Ladd, T e o lo g ia d o N o v o T e s t a m e n t o , p. 5. 293 P. 25.
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a realidade total nela expressa. “Uma vez que a teologia bíblica preocupa-se com a auto -revelação de Deus e com a redenção dos homens, a própria idéia da revelação e redenção envolve certas pressuposições que estão im plícitas por to da parte e com freqüência explícitas na Bíblia. Essas pressuposições são: Deus, o homem e o pecado.” 294 Elas im plicam em que a “ histó ria bíblica" não deve ser reconstruída do mesmo modo que os historiadores reconstroein a “ H istória” . E m bora a Bíblia represente Deus em ação através dos eventos históricos “ordinários”, “Deus tem estado ativo redentora mente em um fluxo da História de um modo particular em que não esteve na história geral; ela [a Bíblia] demonstra estar cônscia de que em certos pontos Deus atuou na História de modo que transcende a experiência histórica ordinária”.255 A ilustração mais vivida da ação divina na H istória é a ressurreição de Jesus Cristo. “ Do ponto de vista da crítica histórico-científica, a ressurreição não pode ser “ históric a” , pois trata-se de um evento que não foi causado por qualquer outro evento histórico, e, conseqüentemente, não tem analogia. Deus, e unicamente Deus, é a causa da ressurreição... Na realidade, a sua própria ofensa à crític a histórico-científica é um a espécie de apoio negativo com relação ao seu ca ráte r sobren atu ral” ,296 A verdad eira questão é uma questão teológica. "Eventos revelatórios não são produzid os pela História , mas através do Senhor da História, que está acima da História e age dentro da História, para a redenção das criaturas históricas.”297 A ação de Deus em eventos singulares da H istória faz pa rte da história d a salvação. A perspectiva de L add sobre a h istória da salvação é diferente da de Cullmann, pois ele não a liga à história da tradição. A história da salvação, que Ladd designa imprecisamente de “história da reden ção” ou “ história sag rad a” ,298 é m on tada a par tir de um a série de eventos nos quais Deus se revelou como em nenhum outro. Aqui ele segue C. F. H. Henry. Em sua descrição da história da salvação como um “fluxo de história revelatória”299 Ladd não segue o sistema de Cullmann, da “reinterpretação” de interpretações anteriores ou “correções” de interpretações histórico-salvíficas anteriores, mas em preg a a linguag em de G. E. W rig ht,300 ao afirm ar que o NT está no 294 Ib id . 295 P. 28. 296 P. 29. Ver também G. E. Ladd, I B eliev e in th e R essu rre ctio n o f Jesu s (Grand Rapids, Mich., 1975). 297 Ladd, T e o l o g i a d o N T , p. 29. 298 P. 27. 299 P. 27. 300 G. E. Wright, G o d W h o A c t s . B i b l i c a l T h e o l o g y a s R e c i t a l (SB T 8; 8 .a ed.; Londres, 1966).
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fluxo da história da salvação e que “a teologia do Novo Testamento... consiste prim ariam ente na recitação do que D eus realizou em Jesus de N azaré” .31" A substância da proclam ação cristã é do mesm o modo “a recitação dos atos de D eus n a H istória” .302 Será o método da teologia do Novo T estam ento u m a “ rena rração ” ou “recitação” do que foi relatado nos documentos do NT? Será “recitação” a forma mais legítima do discurso teológico sobre o Novo Testamento? Isso significa que o teólogo ou o pregador apenas “recita” o que o NT disse, sem “traduzir” ou “decodificar" ou “interpretar” teologicamente para o homem moderno? Ladd o expli ca da seguinte maneira: "A tarefa da teologia bíblica é de expor a teologia encontrada na Bíblia em seu contexto histórico, com seus principais term os, categorias e formas de pensam ento.” 303 E ain da especifica melhor: “A teologia do Novo Testamento deve ser prima riamente uma disciplina descritiva.”304 Aqui ele segue K. Stendahl, mas qualifica a definição de Stendahl por intermédio do advérbio “ prim ariam ente” , que parece significar “ não-exclusivamente” . P a rece haver uma espécie de conflito em sua descrição da metodologia para a teologia do NT, por causa do qualific ador “prim ariam ente” e outros enunciados que permanecem obscuros, como o seguinte: “Ela [teologia bíblica] constitui-se basicamente na descrição e inter pretação de atividade divina no contexto do cenário da histó ria humana, procurando a redenção do homem.”305 Será que ele real mente quer dizer que além de se oc up ar d a “ descrição” , isto é, da tarefa descritiva, o teólogo do NT (ou bíblico) também precisa em penhar-se na “ interpretaçã o” , isto é, na tarefa teológica de dar um significado à mensagem do NT? Do mesmo modo que o advérbio “primariamente” é intencionalmente exasperador, acontece com um outro advérbio, quando Ladd continua a definir mais acuradamente. A teologia bíblica “não está inicialmente preocupada com o significa do último dos ensinos da Bíblia ou com a sua relevância para os dias atuais. E sta é a tarefa da teologia siste m ática ’’.306 Se a teologia bíblica e, por isso, a teologia do NT não está “primariamente” e nem “ inicialm ente” envolvida com a interp retaçã o do significado da Bíblia para a atualidade, entã o ela o está “ secundariam ente” e “ por últim o” . O que é que isto quer dizer, no que concerne à noção de “recitação”? Estas questões metodológicas cruciais pedem maior
301 302 303 304 305 306
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Ladd, T e o lo g ia d o N o v o T e s t a m e n t o , p. 27, Ib id . P. 25. P. 5. “ A teologia bíblica é primariam ente um a disciplina descritiva'” , p. 24. P. 25. P. 25.
iilrnçao. Por outro lado, parece que a tarefa “descritiva” envolve, p;u.i I a dd, ao mesmo tempo, a interpretação.307 1 .idd estruturou sua teologia do NT em seis grandes partes, cada uma subdividida em capítulos. Cada um destes capítulos, por sua vez divididos em subseções, contém uma valiosa bibliografia da mais recente literatura em língua inglesa. A Parte I trata de “Os Evange lhos Sinóp ticos” ,308 e com eça com um capítulo instrutivo sobre a história e a natureza da teologia do NT. (Esta introdução à disciplina Teologia do NT deveria, realmente, ser colocada como uma seção introdutória em separado, antes da primeira parte.) Infelizmente, Ladd não nos proporciona o estudo da teologia de Mateus, Marcos e Lucas que sc esperava, mas oferece uma interseção temática, da qual oito capítulos tratam de aspectos do reino segundo a pregação de Jesus, e cinco de aspectos dos conceitos cristológicos. Toda esta prim eira parte é de certo modo abruptam ente introduzida por um capitulo sobre João Batista. É surpreendente que não haja nenhum capítulo equivalente sobre o próp rio Jesus. A Parte II tra ta de “ O Q u a r t o Evangelho” .309 L add abre esta parte com um capítulo sobre os problemas críticos que expõem o seu objetivo: “procurar descobrir até que ponto ele é semelhante ou diferen te dos ...Sinóp tico s” .310 Fá-lo adm iravelm ente nos capítulos sobre o dualismo joanino, cristología, vida eterna, a vida cristã, o Espírito Santo c a escatologia. Não está claro por que Ladd pôde declarar que “os Evangelhos registram as obras e palavras de Jesus” 311 c tra ta r, na Parte I, os Sinóp ticos como fontes historica m en-' te confiáveis da vida de Jesus,312 e, mais adiante, sustentar que “obviamente não é o intento dos Evangelhos Sinópticos dar um registro da ipsissima verba de Jesus...”313 Se o segundo enunciado de Ladd estiver correto, então não devemos tratar os Sinópticos teolo gicamente como o Evangelho de João? Em que nos basearíam os p ara tra ta r os Sinópticos de mod o diferente? A Parte III incumbe-se da teologia do livro de Atos, sob o título “ A Igreja P rimitiva” .314 O prim eiro c apítu lo defende a confiabilidade 307 Por exem plo, o significado de im inênc ia (p. 193), o significado da ressurreição de Jesus (p. 306), o significado da ascensão de Jesus (p. 316), o significado da con versão de Pau lo (p, 344), o sign ificado da visão pau lina da revelação (p. 3 62), ele. 308 P. 13-196. 309 P. 199-292. 31Ü P. 207. 311 P. 27. 312 P. 166-167: "Outras evidências fortalecem o ponto de vista de que a tradição do evangelho é historicam ente co rr et a ...[e] que a Igreja possui um a mem ória correta ao relatar as palav ras e atos de Cristo.” 313 P. 207. 314 P. 295-335.
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histórica essencial do livro de Atos, no que encon tra agora apoio, com maior erudição, de W. W. Gasque.315 Os capítulos sobre a ressurrei ção, o querigma escatológico e a Igreja resumem a teologia de Atos. A teologia de Paulo, conforme explicada na Parte IV,316 forma, junto à teologia do Evangelho de Joâo, um dos ponto s altos da teologia do NT de Ladd. Paulo era um homem dos universos judaic o, grego e cristão.317 “ Paulo estava preparado, como teólogo ju deu, para pensar, sob a orientação do E spírito Santo, nas im plica ções do fato de que o Jesus de Nazaré crucificado era de fato o Messias e o Filho de Deus ressurrecto e elevado ao céu. Isto o levou a muitas conclusões radicalm ente diferentes daqu elas qu e m a n tin h a ...” -’ 18 Isto significava "uma modificação radica) da visão de Paulo da Heilsgeschichte, que é uma partida radical do judaísmo."319 Visto que ahis tória da salvação envolve um conceito un ilican te, Ladd conside ra o centro da teologia paulina, junto com W. D. Davies, "a realiza ção da nova era de redenção, através da obra de Cristo... O centro u nif ica do ré... a obra reden tora de Cristo como o centro da história da redenção [Heilsgeschichte]" .3M Esta perspectiva difere da de H. N. Ridderbos, conforme exposta em seu monumental Paul: An Outline ofHis Theology .32‘ Ladd usa todas as treze epístolas canôni cas de Paulo (como Ridderbos) em sua elucidação da teologia paulina.322 Ele cham a a atenção p ara o fato de poderm os falar de teologia p au lina. “ Será a ‘teologia’ ape nas um a disciplina descritiva do que acre ditavam os prim eiros cristãos ou terá Deu s se satisfeito em usar Pau lo como o instrum ento individual d estacado na igreja antiga, para com unicar aos homens a verdade perem ptória e libertadora?” O que Paulo fala é teologicamente normativo: “Há poucas dúvidas a respeito de como Paulo responderia a esta pergunta, pois suas cartas refletem um senso de autoridade, à luz da qual tem-se que ler todo o
315 W. W. Gasque, A H isto ry o f th e C rit icism o f A c ls o f t h e A p o stle s (Grand Rapids, Mich., 1976). 316 Ladd, Teologia do Novt> Testamento , p. 339-525. 317 P. 340. 3 18 P . 3 4 1. 319 P. 348. 320 P. 351 -352. 321 H. Ridderbos, Pau l; A n O u tlin e o f H is T h eo logy (Grand Rapids, Mich.. 1975). p. 39: “O tema dominante da pregação de Paulo é a atividade salvadora de Deus e o advento e a obra, particularmente na morte e na ressurreição de Cristo. Esta atividade é, por um lado, o cumprimento da obra de Deus na história da nação de Israel, logo o cumprimento da Escritura: por outro lado, alcança a consumação final da paro usia de Cristo e a vinda do reino de D eu s. 6 a grande estrutura histórico-redentoraC/ieíVigraí/íiWií/ic/i] dentro da qual... todas as suas partes subor dinadas recebem seus lugares e se combinam organicamente.” 322 Ladd, T e o lo g ia d o N T , p. 353-355.
pensam ento de P au lo.” 323 Isto nos deixa com a nítid a im pressão dt* que Ladd entende as tarefas descritivas em seu todo como iu h tiuiliviis para o homem m oderno.324 A in te rpretação do “ significado últim o dos ensinos da Bíblia ou a sua relevância para os dias atuais.,, é 8 tarefa d a teologia s iste m átic a” .325 A Parte V tem como título “As Epístolas Gerais”3"'' e ía/ um resumo da teologia de Hebreus, Tiago, I Pedro, II Pedro, Judas r ics epístolas joaninas. Não fica claro por que Ladd não trata conjunta mente as epístolas e o Evangelho de João, pois considera se que provêm do mesmo autor. Da mesma form a, um a teologia de 1'edm poderia ter sido organiz ada a partir de I e II Pedro e do(s) dilu(-,j discurso(s) de Pedro em Atos. Ou, conforme G. B. Steveus, us epístolas gerais, com exceção das de João, poderiam se incorporur tia Parte III, “A Igreja Primitiva”. Infelizmente, Ladd não nos oferece uma estrutura lógica. Isto novamente se aplica à sua última seçrto. Pa rte VI, “ O Apocalipse” .’27 A abordagem metodológica histórico-salvífica de Ladd eonlém fraquezas que já foram apontadas repetidas vezes e não precisam ser novamente citadas. Sua abordagem se presta a uma unidade concei tuai que, contudo, não se realiza. Sua teologia do NT, por outro lado, trata de todos os documentos do NT, inclusive as teologias dos enteados da disciplina, a saber, Hebreus, Tiago, Judas, I e II Pedro, etc. A abordagem histórico-salvífica também o levou a explicar os elos entre o NT e sua teologia com a do AT. Saiu-se melhor em sim descrição dos conceitos constituintes das teologias paulina e joiuiina ao cunhar palavras-chave, títulos, expressões, frases, etc., cotn grande discernimento. E o faz de maneira não tão diferente de mil m inidicionário. Deste modo, ele nos oferece algo como um a “ leologln bíb lica conceitu ai” ,328 isto é, um estu do dos conceitos bíblicos distintos expressas por intermédio de extensos estudos de palavni*, que são incorp orad as e expressam a história d a salvação.
323 P. 35b. 324 Ladd, Jesu s a n d th e K in g d o m , p. xiii: "O Realismo Bíblico designa o esíoivn ein entender os escritos do Novo Testamento a partir de dentro da mente
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3. Leonhard G oppelt. O Prof. Goppelt, antes de sua morte súbita em 1973, lecionava na Universidade de Munique (e antes em Ham burgo). D urante to da um a década trab alhara incessante m ente num a teologia do NT, que foi publicada postumamente em dois volumes, em 1975 e 1976, respectivamente, por seu aluno J. Roloff. Goppelt já era famoso devido a vários estudos,329 mas a sua Theologie des Neuen Testam ents também merece uma tradução em língua inglesa. Goppelt fornece, nesta sua obra citada, a mais detalhada e infor mativa seção sobre “História e Problemas da Disciplina” de todas as teologias do NT escritas até h oje.” 0 Nela, ele traça o contorno das várias posições, particularmente desde cerca de 1900, e se posiciona nas amplas abordagens histórico-salvíficas de G. von Rad e O. Cullmann. Contudo, ele aponta, contra Cullmann, que o NT não conhece “a história da salvação como plano de uma história univer sal, mas somente a correlação entre promessa e cumprimento. Por exemplo, as perspectivas histórico-salvíficas de Romanos 4 e 5 não podem se reunir num contexto total; designam, cada um a, que a fé ou o Cristo é (respectivamente) a prom essa cu m prid a” .331 G oppelt limita sua definição histórico-salvífica primariamente ao esquema de pro messa e cumprimento. A história da salvação não é uma história separada da história comum “nem por sua natureza milagrosa nem pela continuidade dem onstrável. A his tória da salvação é m uito mais uma seqüência de processos históricos que são finalmente caracteri zados entre si, e por intermédio dela é preparada a demonstração final de Deus em Jesus, quando então Jesus assume seu lugar entre ele s".3-’2 G op pelt não coloca a h istória da salvação acim a do método histórico-crítico. Ele proc ura “ levar a um diálogo crítico os princípios do método histórico-crítico de pesquisa bíblica, isto é, a crítica, a analogia e a correlação, com a au tocom pree nsão do N T” .333 Em ter mos de metodologia, o “diálogo crítico” leva a sério ambas as conexões históricas, a saber, a histórico-tradicional e a histórico-religiosa, e as histórico-salvíficas. Com respeito ao relacionamento entre Jesus e João Batista, isto quer dizer que um é “ relativo” , e o outro, “exclusivo”. “A conexão histórico-tradicional e a histórico-religiosa
329 L. Goppelt, T y p o s . D i e t y p o l o g i s c h e D e u t u n g d e s A l t e n T e s t a m e n ts i m N e u e n (Gü tersloh, 1939; 3 .a ed.; Dar m stadt, 1969); idem , D ie a p a stn li sch e un d nacha p o sto lisch e Z e it 1.2,a ed.; Gõttingen, 1966). Trad. ingl. T h e A p o s t o l i c a n d P o s r A p o sto lic T im es (Filadélfia, 1962). 330 L. Goppelt, Theologie des Neuen Testtiments . E rs te r Teil : Jesu W ir ken in sein er iheolo/iischeii Bed eulu ng (Gòttingen, 1975). p. 19-51. 331 P. 49. Ver também L. Goppelt, “Paulus und die Heilsgcschichte", Christologie u n d E t h i k (Gõttingen, 1968), p. 202 e ss. 332 Goppelt, T h e o lo g ie d e s N T , I, p. 82.
333 P. 50.
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entre Jesus e João Batista é relativa, a histórico-salvífica e exclusi va .” 334 Este diálogo de co nfro nto dos testem unhos do NT a respeito dc João Batista com a situação histórica tenta esclarecer o background imediato de Jesus e, em conjunto com as investigações histórico-religiosas, leva a um a apresen tação da autoco m preensão de Jesus. Goppelt define a meta da teologia do NT como uma tentativa de “extrair, dos escritos ou grupos de escritos [do NT], quadros mate rialmente ordenados e relacionados da obra de Jesus ou da procla mação e do utrina da igreja pr im itiv a” .335 Além disso, a teologia do NT “ reflete mais distintam ente as posições dos teólogos modernos, com seu respectivo enten dim ento total e suas pressuposições, do que é possível nas in te rpretações de antologias particulares” .336 G oppelt não se limita à reconstrução ou à tarefa descritiva. O homem e a sociedade modernos não têm que se deparar meramente com a “ letra” do testem unh o do NT. “ Am bas as partes, o NT e o homem de hoje, têm que ser conduzidos a um diálogo crítico.”337 Mesmo que tal “diálogo crítico” seja basicamente a tarefa da teologia sistemática, uma exposição das múltiplas tentativas eruditas, na interpretação e suas pressuposições, “permite ao leitor participar do diálogo da pesquisa e possib ilita a formação de sua própria opiniã o” .338 Cada um dos dois volumes de Goppelt se dedica a uma parte principal. O Volume I leva o subtítu lo de “ Os Significados Teológi cos da Atividade de Jesus” e se dedica totalmente ao conteúdo indicado no título. O primeiro capítulo discute as questões histórica e teológica relativas à questão do ponto de partida da teologia do NT. O estudo exegético tem m ostrado que “ o pon to de pa rtid a d a teologia do NT é o querigma da Páscoa, que, segundo a tradição cristã prim itiv a, foi responsável pela formação das igrejas cristã s e da contí nua influência de Jes us” .339 A base da teologia do NT era, não obstante, o relato da atividade terrena de Jesus, de modo que a teologia do NT, com base em sua própria estrutura, tem que indagar pelo Jesus te rreno. Ao contrário da “ velha busca” , não é para se ter o “ Jesus histórico” ; “ a teologia do NT, con tudo, indaga por Jesus conforme se mostrou a si mesmo a seus seguidores em seu período terreno, e é este tam bém o Jesus que teve influência h istóric a” .340 e 341 Ao lado da pró p ria estru tura do NT, a falta de analogias de persona li 334 335 336 337 338 339 340 341
P. 82. P. 17. Ib id . P. 18. P. 17. P. 56. Os adjetivos gesch ich tlich th is to r is c h são traduzidos como “ histórico”. P. 58.
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dades contemporâneas para a influência contínua de Jesus “oferece razões históricas que fazem mais apropriado começar uma apresenta ção da teologia do NT com a atividade e o ca m inh o de Jesus” .342 A fim de fazê-lo, Goppelt desenvolve sua “própria análise crítico-tradicional”, em cuja base os Evangelhos Sinópticos fornecem o mate rial para “a apresentação de Jesus, a teologia da igreja cristã prim itiv a e, fin alm ente, a teologia dos evangelistas".343 C ontraria mente à opinião crítica, o Evangelho de João “também oferece informação crítico-tradicional para a atividade terrena de Jesus".344 Após uma breve discussão da “estrutura histórica" da atividade de Jesus345 e “do ponlo de partida histórico-salvífico de João Batista”346 Goppelt dedica oito capítulos à proclamação de Jesus. O Capítulo II com eça com “ A vinda d a Regência de D eu s” ,347 porque o centro da doutrina de Jesus é o reino de D eus.346 O procedi mento normal de G oppelt c descrever rapidam ente o sistema term ino lógico e seus correlatos nos Evangelhos. Fornece, então, um estudo sucinto de seu fundo histórico no AT, no judaísmo e no helenismo, e também discute a história da pesquisa. Finalmente, elucida seu próprio ente ndim ento dos dados do NT, em contraste ou concordân cia com outras opiniões. Isto, além de extremamente informativo, é altamente estim ulante e convida a um a interação de pensam ento. A questão da “conversão” enquanto exigência de Jesus e dádiva da regência divina é Iratada nos Capítulos III e IV.349 O Capítulo V, “A Ação Salvadora de Jesus Como Expressão da Renovação Escatológica” , ocupa-se dos m ilagres como p ar te da ativid ade de Jes us.350 A autoconsciência messiânica é o assunto do Capítulo VI. “O AutoE nlen dim ento de Jesu s” 351 dem on stra que Jesus usava p ara si pelo menos a designação de “ Filho do Hom em ” . A me ta da atividade de Jesus é trata da no C apítulo V II, “ Jesus e a Igre ja” .352 O último capítulo ocupa-se do “Fim de Jesus” e contém sua paixão, morte, ressurreição e ascensão.353 O segundo volume da teologia do N T de G op pelt foi pu blica do em 1976 e leva o subtítulo de “Multiplicidade e Unidade dos Testemu 342 343 344 345 346 347 3 48 349 350 351 352 353
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P. P. P. P. P. P. P. P. P. P. P. P.
62. 65. 67. 70-83. 83-93. 94-127. 9 4 e 101. 128-188. 189-206. 207-253. 254-270. 271-299 .
nhos Apostólicos Pa ra Cristo” . Contém o desenvolvimento pós-pentecostal segundo a igreja primitiva, dividido em três partes: Parte II, “A Igreja Primitiva (A Igreja no Seio de Israel)”, com capítulos sobre “O Discipulado de Jesus Como Igreja” e “Os Primórdios da Cristo logia” .354 O princípio teológico utilizado é “ a correlação dialógica entre a formulação da tradição-de-Jesus e a explicação do querigma pascoal... na proclam ação e doutrina da igreja p rim itiva...” 355 Este prin cíp io de correlação dialógica é a resposta ao desenvolvim ento da mais antigacristologia (contra K. Koester).356 A Parte III, “Paulo e o Cristianismo G rego” ,357 começa com um a introd uçã o sobre o proble ma do cristianismo grego e um capítulo sobre as pressuposições da teologia paulina. Centraliza-se na teologia paulina, particularmente na cristologia, o evento da proclamação, justiça e a Igreja. O centro da teologia pau lina é o conceito de justiça, que não é nem m isticismo de Cristo (W. Wrede, A. Schweitzer) nem um conceito puramente forense (R. Bultmann, H. Conzelmann) nem, primariamente, o aspecto subjetivo da natureza de Deus (A. Schlatter, E. Kãsemann, P. Stuhlmacher). Goppelt combina uma ênfase forense, a saber, "D eus coloca o homem no relacionam ento justo consigo” , com a sub jetiva pela qual “ o hom em vive neste relacio nam ento” . A Parte IV, “ A Teologia dos Escritos Pó s-Paulinos ” ,358 é estru tu ralmente incompleta. O primeiro capítulo trata tanto da teologia de I Pedro, sob o título “A Responsabilidade dos Crentes em Sociedade Segundo I Pedro”, como da teologia do Apocalipse, com o título “Os Crentes na Sociedade Pós-Cristo do Fim dos Tempos Segundo o Apocalipse de João” . O segundo ca pítulo ju n ta a teologia de Tiago, isto é, uma teologia do império, à teologia de Mateus, sob o título “O Significado do Aparecimento de Jesus em Mateus”. O Capítu lo III dedica-se à teologia de Hebreus, seguida pela de Lucas, o teólogo da história da salvação. A separação dos tratamentos da teologia do Evangelho de Lucas daquela de Atos é ímpar. O capítulo final é sobre a teologia joanina e não está totalmente desenvolvido. O editor nos informa que a Parte IV da teologia de Goppelt foi recolhida de um manuscrito usado para aulas e de uma fita gravada de suas aulas do verão de 1973. Isto pode ser levado em consideração no caso de algum formato estrutural inusitado. Sente-se falta de estudos a respeito da teologia de Marcos, das ditas epístolas deutero354 L. Goppelt, Theologie des Neuen Testaments. Zweiter Teil . Vielfalt und Einheit des a p o sto li sch en C h ris tu szeu g n isses (Gõttingen, 1976), p. 325-255. 355 P. 353. 356 P. 354 . Ver H. K oester e J. M. R obinson , Trajectoriea Through Early Christianity (Filadélfia, 1971). 357 Goppelt, T h e o lo g ie d e s N T . p. 356-479. 358 P. 480-643.
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paulin as, inclusive Efésios, as Epísto las Pastorais e II Pedro e Judas. Será que elas não se ajustaram à abordagem da história da salvação conforme entendida por Goppelt, ou será que outras questões causa ram a não-inclusão delas em sua o bra? Observações Finais Nosso estu do das quatro maiores abordagens à teologia do NT esclareceu o fato de não haver concordância entre os principais praticantes da teologia do NT no to cante à questã o da metodologia. A complexidade das questões está ligada aos aspectos mais funda mentais da metodologia. Indicaremos alguns deles na conclusão deste capítulo. 1. A aborda gem tem ática cam inha de mãos dadas com o método da interseção, em que um ou mais temas principais são tratados longitudinalmente. Os estudiosos do NT passaram a levar a sério que há inevitavelmente um eleme nto subjetivo em tod a p esquisa histórica. A subjetividade particular da abordagem temática é a questão da seletividade. O teólogo do NT que se em pe nh a no método d a interse ção ao longo de um único tema principal ou muitos temas simples deve ser conduzido por um princípio de seleção. Intimamente ligado ao primeiro, está o princípio da congenialidade. O princípio da seleção leva o teólogo do NT a eleger um tema principal do NT ou de ambos, o NT e o AT, como, por exemplo, o pacto ou o reino de Deus, o princípio cristológico, etc. O princípio da congenialidade se refere a todos os outros temas, motivos ou conceitos congeniais ao tema princip al. M as aqui as diferentes limitações desta abordagem já se fazem sentir. Primeiro, sobre que base objetiva funciona o princípio de seleção? Funcionará ele, como no caso de Schelkle, com base na ordem Deus-Homem-Salvação da dogmática? Se é assim, então podem-se apresentar questões p ara as quais o N T pode dar apenas as respostas mais acidentais ou respostas obtidas de questões nas quais o NT não tem interesse. Segundo, o princíp io da congenialidade só pode funcionar com relação ao te m a ou tem as escolhidos. Isto im plica em que outros temas, motivos ou conceitos importantes no NT são negligenciados ou forçados a adaptar-se a um molde que não lhes cabe. Terceiro, se o princípio de seleção for usado de um modo não relacionado ao tema principal, sobre que base senão a subjetiva (o problema de Richardson) pode-se incluir ou omitir alguns temas? Poderá o universo do pensamento do NT ou a fé ser sistematizada deste mo do? Será algum tema suficienteme nte vasto a ponto de poder englobar dentro de si todas as variedades de pensamento do NT (ou bíblico)? A riqueza da natureza diversificada do m aterial bíblico requ er uma abo rdage m equivalente ao m aterial do qual trata.
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2. Vimos que um dos maiores prob lem as metodológicos da teolo gia do NT é a questão do lugar de Jesus dentro dela. Será “a mensa gem de Jesus... uma pressuposição para a teologia do Novo Testa mento, em vez de uma parte da própria teologia", para usar as famosas palavras de Bultmann? Este julgamento tem recebido, como vimos, o apoio de Conzelmann, na Alemanha, e mais recentemente de Perrin, nos Estados Unidos. Por outro lado, seus mais ferrenhos opositores são Jeremias, Kümmel, Goppelt e Neill, entre outros. Eles procuram dem onstrar historicam ente que o Procla m ador (Jesus) tornou-se o Proclamado (Cristo). Toda essa questão é, entre outras coisas, primariamente um problema da compreensão moderna da História e de seu método. Por definição, o método histórico-crítico funciona com base nos princípios da correlação, analogia e crítica (E. Troeltsch), dentro de um círculo fechado de causas e efeitos natu rais, em que não há espaço p ar a um a hipótese-de-Deus ou causas sobrenaturais. Assim, história e fé são consideradas antônimas e uma não pode sustentar a outra. O método histórico-crítico da pesquisa do Evangelho é severamente criticado. O. A. Piper declara: “Não há nenhum método satisfatório pelo qual os registros dos Evangelhos possam chegar a um acordo com as modernas perspectivas id ealistas ou positivistas da História.”-'59 Há muito tempo, M. Kahler escreveu um importante ensaio, no qual se dirigia à diferença entre o “Jesus histórico” e o “Cristo histórico” da Bíblia.360 Diz-se que “o Jesus histórico [historische} é a criação do método histórico-crítico — um H olzweg, um caminho que não conduz a parte alguma... A rejeição da descrição bíblica de Jesus em favor de um Jesus histórico hipotético e o esforço de estabelecer estágios entre os dois não é o resultado de nenhum estudo indutivo e de mente aberta com relação às nossas fontes, mas de pressuposições filosóficas a respeito da natureza da H istó ria” .361 E m bo ra isto possa ser verd adeiro, não coloca a qu estão para aqueles que aceitam tal pressuposição como válida. C ontinua sendo um a das questões metodológicas principais da erud ição bíblica crítica. Remontará a fé cristã ao próprio Jesus ou será um construto da igreja primitiva? Essa questão continuará a exercitar os teólogos do NT ainda por algum tempo. 3. A questão m etodológica inda ga se a teologia do NT existe ou se o estudo histórico do NT e do seu universo não deveria se chamar, como W. Wrede sugeriu em 1897, “História da Religião Cristã Primitiva”. Este problema está entre nós com força total. H. Koester e J. M. Robinson são os mais fortes partidários de um retorno à 359 O. A. Piper, “Ch ristology and History” , Theology Tod ay 19(1962), p. 333. 360 M. Kahler, The So-Called Histórica/ Jesus an d the H istorie B iblical C hrist. trad. por O. E. Braaten (Filadélfia, 1964). 361 Ladd, T e o lo g ia d o N T , p. 168.
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abordagem da história das religiões.362 Exatamente como a teologia dialética no período após a Primeira Grande Guerra trouxe consigo um renascimento da oposição entre teologia e religião, os anos 70 estão marcados por uma tentativa de um retorno da teologia à religião. Um aspecto importante deste problema é a questão de a teologia do NT estar limitada aos escritos canônicos. Do ponto de vista histórico, os escritos do Novo Testamento não são mais que uma parte da literatura produzida pelos cristãos prim itivos e a questão é que validade e significado existem nos escritos canônicos do NT. A que stão é, po r um lado , se o NT é pro du to da Igreja, ou se a Igreja é produto do NT, e, por outro lado, se a inclusão de docum entos no cânon investe particular autoridade a estes documentos da Igreja ou se a Igreja incluía documentos particulares no cânon, por causa de seu reconhecimento da autoridade inerente a estes documentos. Nem mesmo o apelo de B. S. Childs por uma nova teologia bíblica dentro do contexto do cânon cristão365 foi atendido,364 por inúmeras razões, podendo-se entã o concordar facilmente com Perrin: “ C ontin ua sendo um fato que o Novo Testamento não é uma entidade, que, enquanto entidade, representou e ainda representa um grande papel na história do cristianismo, e não estou preparado para decompô-la em outra coisa sem fund am entos m ais fortes do que as am bigüidade s h istóricas do processo de formação do cânon... Uma história da religião do cristianismo primitivo seria muito bem-vinda, mas, do ponto de vista das comunidades cristãs, uma teologia do Novo Testamento é uma necessidade urgente.”365 Será a teologia do NT uma disciplina descritiva ou teológica? Isto nos conduz ao problema final da questão metodológica central. 4. Um dos problem as metodológicos mais fun dam entais pa ra a teologia do NT é a questão da reconstrução histórica e da interpre tação teológica. O programa de demitização de Bultmann é parte e parcela do processo de despir a semente de sua casca e traduzir o querigm a pa ra o homem m oderno com a ajud a da filosofia existencia lista. O fardo mais pesado recai, no caso de Bultmann, sobre a interpretação existencialista. J. M. Robinson está pronto a declarar que “naturalmente, Jesus, Paulo ou João não poderiam nunca compreender a terminologia da demitização ou do existencialism o” .’“ O m ais fiel seguidor de Bultma nn, H. Conzelmann, expressa a tendência atu al e o peso de sua p róp ria diretriz, a saber, “ a recons trução histórica, isto é, a apresentação do universo de pensamento do 362 363 364 365 366
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Ver acima, o n .° 356. B. S. Childs, B ib lic a l T h eolo gy in C m is (Filadélfia, 1970), p. 91-148. J. Barr, "B iblical T heolo gy" , l ü B S up . (Nashville, 1976), p. 1L0 e s. Perrin, “ Jesus and the Th eolog y of the N T" , p. 3. Robinson, "T he Future of New Testam ent Th eology", p. 20.
Novo Testa m ento confo rm e condicio nado por seu tem po” .347 A re construção histórica está estreitamente ligada ao que K. Stendahl ch am a de “ m étodo descritivo” ,348 com sua rigorosa diferenciação entre “ o que que ria dizer” e “ o que qu er dize r” . Exis.tem várias m ane iras364' em que a ab orda gem histórica e descritiva de “ o que queria dizer” — devemos sempre lembrar que isto também é uma interpretação — se a relaciona com a abordagem teológica e interprelativa de “ o que qu er dizer” . Prim eiro, pode-se decidir que a abordagem descritiva que procura determinar “o que queria dizer” por in te rm édio de quais quer métodos de investigação estabelecidos é cons iderada idêntica a “ o que quer dizer” . Segundo, pode-se decidir que “o que quer dizer” contém proposições, idéias, etc., que devem ser decodificadas e traduzidas sistematicamente e explicitadas, e que isto é o “ que que r dizer” , mesmo que estas explicações possam nunca ter ocorrido aos autores o riginais e possam ter sido rejeitada s po r eles. Terceiro, pode-se decidir que “o que queria dizer” é uma maneira arcaica de falar, dependente de sua própria cultura e tempo, que precisa ser redescrilo no modo conte m porâneo de falar dos mesmas fenômenos e que esta redescrição c “ o que quer dizer” . “ Isto supõe que o teólogo tem acesso aos fenômenos independente da Bíblia e de ‘o que queria dizer’, de modo que possa verificar a descrição arcaica a ter um a base par a a sua pró p ria .” 370 Q uarto, pode-se decidir que “o que queria dizer” refere-se ao modo como os cristãos primitivos usavam os textos bíblicos e que “o que quer dizer” é simplesmente o modo como são usados pelos crentes modernos. Neste caso, há uma relação genética. D. H. Kelsey observa: “Nenhuma destas decisões pode ser validada pelo estu do exegético do texto, pois o que está em questão é precisamente como o estudo exegético está relacionado ao ato de fazer teologia.371 Se isto se dá, então pode-se perguntar sobre que base se faz um julgam en to teológico a favor de uma e con tra a outra delas ou outros modos de relacionar o “ o que queria dizer” ao “o que quer dizer” . Críticas da distinção entre “o que queria dizer" e “o que quer dizer” , isto é, entre a re con strução e a interp retação ou o que é histórico e objetivo e o que é teológico e normativo têm sido feitas por várias pessoas. Por exemplo, B. S. Childs372 se opõe ao método descritivo, devido à sua natureza limitada. A tarefa descritiva não 367 Conzelmann, A n O u tlin e o f N T T h eology, p. xiv. 368 Stendahl, ID B , I, p. 418-432; idem. "Method in the Study of Biblical Theology’', T h e B i b le in M o d e r n S c h o l a r s h i p , ed. J. P. Hyatt, (Nashville, 1965). p. 196-209. 369 Eles são sucintamente enunciados por D. H. Kelsey. The Uses o f Scripture in R ec e n t T h eology, p. 202 e s., n.° 18, mas formulados de maneira ligeiramente diferente. 370 P. 203. 371 Ihid .
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pode ser vista como um estágio neutro, que conduz à genuína interpretação teológica posterior. O texto, segundo Childs, é “um tes temunho além de si mesmo, para o propósito divino de Deus”. Tem que haver “a mudança de nível do testemunho para a realidade em si” .373 Sten dahl aceita que a tarefa descritiva “ pode descrever os textos bíblicos apontando para além de si... em sua intenção e sua função através dos tempos...374 Mas nega que a explicação desta realidade faça parte da tarefa do teólogo bíblico. Childs, contudo, insiste que “o que o texto ‘queria dizer’ é amplamente determinado por sua relação com aquele a quem se dirig e” . Ele argum enta que “ qua ndo visto a pa rtir do contexto do cânon, tan to a indagaçã o sobre o que o texto queria dizer como a sobre o que quer dizer estão inseparavelmente unidas e ambas pertencem à tarefa da interpretação da Bíblia como E sc ritu ra ” .375 A. Dulles tem opinião p are cid a quando fala do “ desconforto diante de um a separa ção rad ical... entre o que a Bíblia queria dizer e o que que r dizer” . E nq ua nto Stendahl atribui um valor normativo à tarefa do que a Bíblia quer dizer, Dulles sustenta que este valor normativo deve ser atribuído também ao que a Bíblia queria dizer. Se este for o caso, então a dicotomia estará seriamente enfraquecida, por causa da “possibilidade de uma abor dagem descritiva ‘objetiva’ ou descompromissada, e assim... uma das características mais atraentes do posicionamento de Stendahl tornase nulo.376 R. A. F. Mackenzie, C. Spicq e R. de Vaux chegaram a conclusões sem elh an tes.377 Como pode o m étodo descritivo não-nor372 "Interpretation in Faith: The The olog ieal Resp onsib ility of an OT Co m m entary1’, In te rp re ta tio n 18(1964), p. 432-449. 373 P. 437, 440 c4 44 . 374 The Bibie in M odern S cho larship, p. 203, n.° 13. 375 B ib lica l T h eolo gy in C ris is , p. 141. 37t> "R esponse to Krister Sten dah l's M ethod in the Study of B iblical The ology ” , The Bible in Modern Scholarship, p. 210 e s. Stendahl, naturalmen te, sustenta que não há "objetividade absoluta” a ser alcançada ( I D B , I, p. 422: The Bible in Modern Scholarship, p. 202). Ele está completamente certo ao enfatizar que a relatividade da objetividade humana não dá uma desculpa para “nos excedermos em preconceitos” , mas também não nos dá, insistimos, a possibilida de de fazer u m trabalho puramente descritivo. 377 R. A. F. Mackenzie, "The Concept of Biblical Theology”, T h e o l o g y T o d a y , 4, (1956), p. 131-135. esp. p. 134: “A objetividade friamente científica — no sentido racionalista — é totalmente incapaz até mesmo de perceber, muito menos de ex plorar, os valores religiosos da Bíblia. É preciso haver primeiro o compromisso, o reconhecimento, pela fé, da origem e autoridade divinas do livro; o crente pode devidamente e lucrativamente aplicar todas as técnicas mais conscienciosas das ciências subordinadas, sem o menor risco de infringir sua devida autonomia ou ser desleal ao ideal cien tífico” . C. Sp icq, confor m e citado por J. Harvey, "T he N ew Diachronic Theology of the O T (1960 -1970)” . B T B 1 (1971). p. 18 e s.; R. De Vaux, "Method in the Study of Early Hebrew History", em T h e B i b le in M o dern S c h o la r s h ip , p. 15.17; “Peut-on éerire une ‘theologie de 1' AT’”? B ib le e t Orient (Paris, 1967), p. 59-71.
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mativo, com sua ênfase histórica limitada, levar-nos à totalidade da realidade teológica con tida no texto? Por definição e pressuposição, o método histórico-descritivo limita-se de tal forma que a realidade teológica total do texto não se mostra por inteiro. Precisar-se-á restringir a teologia do NT a nada mais que um “primeiro capítulo” da teologia histórica? S erá que a teologia do NT pod e ter tam bém um valor normativo, com base no reconhecimento de que o que a Bíblia qu eria dizer é norm ativo em si? Poderá a teologia do NT tra ça r seus próprio s prin cíp io s de apresentação e organização a p a rtir dos documentos que compõem o NT, em vez de a partir das doutrinas eclesiásticas ou da tradição escolástica ou da filosofia moderna? Não seria um a das tarefas da teologia do N T (e do AT) um a luta corporal com a n ature za dos textos bíblicos, com o se projetassem u m a meta para além de si mesmos, enquanto teológicos e ontológicos em sua intenção e função através dos tempos, sem definir antecipada mente a n atureza da realidade bíblica?
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3 O Centro e a Unidade da Teologia d o N T A. A Questão Uma das questões de debate mais acalorado nos estudos do NT é a indagação a respeito do centro e da unidade do N T .1 Esta questão 1 O s seguintes estudo s são particularm ente significativos: A. M. Hu nter, The Unity o f th e N ew T e sta m e n t (Londres, 1943); idem, D ie E in h e it des N eu en T e sta m en ts (Munique, 1952); E. Kãsemann, "Begründet der neutestamentliche Kanon die Einheit der Kirche?'' E vT h 11 (1951/52); rcimpresso em D a s N eu e T e sta m e n t ais K a n o n , ed. E. Kãsemann (Gõttingen, 1970), p. 124-133; B. Reicke, “Einheitlichkeit oder verschiedene ‘Lehrbegriffe' in der neutestamentlichen Theolo gie” , Theologische Zeitschrift 9 (1953), p. 401-415; H. H. Rowley, T h e U n i t y o f th e B ib le (4 .a ed.; Londres, 1968); G. E. Ladd, “ Esch atology and the U nity of New Testament Theology", E x p o sito ry T im es 68 (1956/57), p. 268-273; W . K ünn eth, “ Zur Frage nach der Mitte der Sch rift” , D a n k an P. À lth a u s, eds. W. Kiinneth e W. Joest (Gütersloh, 1957), p. 121-140; H. Braum, "Die Problematik einer Theologie des Neuen Testaments”, Z T h K Beinheft 2 (set. de 1961), 3 18. Trad. ingl. "T he Problem of a New T estam ent Th eology” , J o u rn al fo r T h eo logy and Church 1 (1965), p. 169-185; F. Mussner, "Die Mitte des Evangeliums in neutestamentlicher Sicht”, Catholica 15 (1961), p. 271-292; R. Schnackenburg, N ew T e sta m e n t T h eology T oda y (Londres, 1963), p. 22 e s.; K. Frôhlich, “Die Mitte des Neuen Testaments; O. Cullmanns Beitrag zur Theologie Gegenwart” , Oikonomia. Heilgeschichte ais Thetne der Theologie Festschrift für O. Cullmann (Hamburgo-Bergstadt, 1967), p. 203-219; K. Haacker, “Einheit " und Vielfalt in der T heologie des Neuen T estaments", The melios 4 (1968), p. 27-44; A. Kümmel, “Mitte des Neuen Testaments”, L ’E van gil e, H ie r e t A u j o u r d ’hui. M ela n g es o fferts au F.-J. L e e n h a rd t (Genebra, 1968), p. 71-85; A. Stock, E in h eit des N euen T e sta m e n ts (Zurique, 1969); R. Smend, D ie M itte des A lie n T e s ta m e n ts (Zurique, 1970); I. Lõnning, “ K a n o n i m K a n o n " . Z u m d o g m a n tisch en G ru n d la g e n p ro b le m des n eu testa m en tlic h e n K a n o n s ( O s l o / M u nique, 1972); A. T. Nikolainen, “Om Planlãggningens problem i en totalframstâlíning av Nya teslumentets teologi”, S v e n s k E x e g e t i s k A r s b o k 3 7 / 3 8 ( 1 9 7 2 / 7 3 ) , p. 310-319; H. R iesenfeld, "R eflecíions on the Unity of the New Te stam ent” , R eli gio n 3 (1973), p. 35-51; U. Luz, “Theologia crucis ais Mitte der Theologie im Neuen Testament”, E vT h 34 (1974), p. 116-141; E. Lohse, "Die Einheit des Neuen Testaments ais theologische Problem. Uberlegungen zur Aufgabe einer Theolo gie des Neuen Testam ents” , E vT h 35 (1975), p. 139-154; W. Schrage, “Die Frage nach der Mitte und dem Kanon im Kanon des Neuen Testament iii der neueren Diskussion", R e c h tfe rtig u n g F ests ch rift f ü r E. K ã sem a n n , eds. J. Frisdrich, W. Pühlmann e P. Stuhlmacher (T üb ingen /G ottingen , 1976), p. 415-442. 110
está, em muitos aspectos, no próprio âmago do debate atual sobre a na turez a da teologia do NT. O problem a do centro do NT está ligado à questão da apresentação de uma teologia do NT com base num único ou múltiplos centros, não importando como ele é definido. O problema da unidade do NT não pode se divorciar daquele do centro, porque este último é habitualmente tido como a chave do próprio NT. Ê afinal a indagação se se pode encontrar um a teologia do N T ou se o NT pro duz u m a tal m ultiplicidade de teologias que não se pode chegar a nenh um a unidade. Não é necessário in vestigar o desenvolvim ento desta questão nos dois últimos séculos, durante os quais surgiram exposições bastante diferentes da teologia bíblica.1 O problema do centro do AT, no debate atual sobre a teologia do AT, não deixa de ter relação com os da teologia do NT .3 A questão lev antad a de m odo ím pa r desde os anos 50 é até que grau o NT é homogêneo, se é que o é.4 Devemo-nos lembrar, entretanto, que já em 1787 J. P. Gabler havia feito um convite à tarefa de se discernir, com base em seus próprios critérios, entre “os diferentes autores e as formas particulares de discurso que cada um usou, segundo sua época e localização... Há que se escolher cuidadosamente as concepções dos autores individuais e ordená-las cada uma segundo sua localização... A partir da época das novas formas de doutrina [do NT] deve-se recolher as concepções de Jesus, Paulo, Pedro, João e T iago’’.5 O conjunto dessas “ concepções” dos diferentes autores do NT deve perscrutar por detrás delas, na mente dos escritores do NT, a fim de e nco ntrar um a u niform idade com base no que aquele que for central poderá se distinguir do que tor periférico. E sta abordagem apela à “ crític a do conteúdo” (Sachkritik ), que se encontra na linha de frente da questão atual. K. Haacker observa que isto im plica em su as pressuposições no m étodo prop osto p or G abler: (1) a possib ilid ade de discernir, por in te rm édio da razão humana, entre o divino e o humano, o transcendental e o histórico e relativo. A autoridade da Bíblia para interpretação foi substituída pela razão, como verdadeira fonte da revelação, porque ela decide o que é a revelação. (2) É oportuno indagar as “concepções” dos autores individuais, que levam a uma síntese eclética, sem nenhuma 2 Ver, acim a, o Ca pítulo 1 e particularm ente Sm end, D ie M itte d es A T , p. 7, 27-46. 3 G. F. Hasel, “The Problem of the Center in the OT Theology Debate", Z A W 86 (1974), p. 65-82; idem, O T T h eo lo g y. p. 77-103. 4 P. Grech, “Contemporary Methodologicai Problems in New Testament Theo logy” , B T B 2 (19 72), p. 264 e s. 5 J. P. Gabler, “Oratio de iusto discrimine theologiae biblicae et dogmaticae", G a b l e r i O p u s c u l a A c a d ê m i c a I I (Ulm, 1831), p. 187. Trad. alemã em O. Merk, B ib lisch e T h eo lo g ie d es N eu en T e sta m e n ts in ih re r A n fa n g sz e it (Marburgo, 1972), p. 285 e s.
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autorida de dog m ática.6 O resultado disto e das pressuposições as sociadas parece estar entre as causas da ênfase contemporânea sobre a diversidade e a disparidade do NT. E. Lohse colocou esta questão nos seguintes termos: “A exegese histórico-crítica dos escritos do NT nos força a concluir que eles... não revelam uma doutrina unificada, mas oferecem diferentes exposições teológicas.” 7 E. K ãsem ann tem enfatizado constantem ente que o NT contém “ um a m ultiplicidade de conceitos divergentes” ,8 e que no NT, “ de modo gera l, não há coerência interna. Os conflitos generalizados resultam, às vezes, em con tradiçõ es” ,9 a saber, “ contradições teológicas irreconciliáveis” .10 A. Stock nos lembra que a ênfase sobre as contradições e a diversi dade no NT é o resu ltado das tendências do criticismo h istó rico.11 ‘‘O problema [das divergências] torna-se particularmente agudo através da resistência da Bíblia a esta crítica, com base em sua própria reivindicação de autoridade. E sta autoridade im plica um a unidad e, não im po rta como ela seja en ten did a.” 12 Vários eruditos têm afirmado que há unidade na diversidade, mas tal unidade é concebida ao longo de diferentes linhas e adquirida com abordagens contraditórias. É imp erativo fazer um a distinção du pla a respeito do centro do NT. (1) o problema do centro e da unidade do NT em si, isto é, a questão a respeito da existência de algo que apareça como um sustentáculo, podendo-se, com base nele, descobrir a unidade apesar de to da diversidade, e (2) a questão do centro como princípio organizador da teologia do NT, por um lado, e como critério para a “crítica do conteúdo”, que afirma, de qualquer forma, um “cânon dentro do câno n” . A segunda implica num a antítese, tal como “ autorid ade /desintegração” , ‘‘totalida de /sele çã o” e “ objetividad e/sub jetividade” .13 Será necessário haver um centro pa ra a apresentação do NT? Esta pergunta não é facilm ente respondida. J. Barr fala de um a “ p lurali dade de ‘ce ntros ’” , que fazem os arran jos mais diferentes possíveis.14 6 H aacker, "E inheit and Vielfalt in der T heo logie des N T ", p. 30 e s. 7 Lohse, "D ie Einhe it des N T theologisehes Pro blem ” , p. 148. 8 E. Kãsemann, E x eg e tisc h e V ersuche u n d B esin n u n gen I I , (Gõttingen, 1964) p. 27 e 205. 9 E. Kãsemann, "The Problem of a New Testament Theology”, N T S 19 (1973), p. 242; idem, E xeg etisch e V ersuche u n d B esin n un gen I (2.a ed.; Gõttingen, 1960), p. 218: a multiplicidade “é tão ampla no NT, que não temos apenas con flitos significativos, mas temos que reconhecer as contradições teológicas irreconciliáveis”. 10 Kãsemann, E x eg etisch e V ersuche u n d B esin n u n gen I, p. 218. 11 Stock, E in h e it d e s N T , p. 9 e s. 12 P. 10. 13 Lõnning, "Kanon im Kanon ”, p. 214-272. 14 J. Barr, “T rends and Prosp ects in B iblical T he olog y” , Jou rn al o f T h eo lo gica l S t u d i e s 25 (1974), p. 272.
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Para a organização e estrutura de uma teologia do NT, nenhum dos centros tem que “necessariamente reivindicar direitos exclusivos contra qualquer outra possibilidade... Para mim, a teologia bíblica, pelo menos em alg uns níveis, participa da natureza de um a arte, em vez da natu reza de um a c iênc ia” .15 Isto é um reconhecim ento im plí cito de que o problema da "objetividade/subjetividade” pende para o lado da subjetividade, tanto na seleção de um centro determinado entre vários possíveis como no fato de que a disciplina da teologia do NT é conhecid a como um a “ arte” . Fin alm ente , a questã o a respeito do centro mais adequado ao NT permanece, bem como a questão a respeito da necessidade de um centro para a apresentação de uma teologia do NT.
B. A Busca do Centro do NT 1. Antr opologia. R. Bultmann e seu aluno H. Braun optaram ambos pe la antropo logia como o cen tro do N T .16 A recon strução crítica de B ultm ann do NT serve à interpretaç ão existencial.17 Ele é guiado pela “pressuposição de que eles [os escritos do NT] têm algo a dizer ao pres ente” .18 Co nseqüentem ente, a tarefa de um a ap resen tação da teologia do NT significa, para Bultmann, “tornar claro esta autocompreensão crente em sua referência ao querigma... Este esclarecimento ocorre diretamente na análise da teologia de Paulo e de João ” .19 B ultm ann afirm a: “ Tod a declaração a respeito de Deus é, simultaneamente, uma declaração a respeito do homem e vice-versa. Por esta razão e neste sentido, a teologia de Paulo é, ao mesmo tempo, uma antropologia... Logo, a teologia de Paulo pode ser melhor entendida como a sua doutrina do homem.”20 O mesmo acontece com a teologia de João, também tratada antropologicamente. Será o centro antropológico das teologias de Paulo e João a deq uado à estruturação de uma teologia do NT? Bultmann acha que sim. Mas devemos nos lembrar que ele recorreu à “crítica do conteúdo”, conform e recom end ado por M. B arth ,21 ao chegar às expressões 15 í b i d . 16 Ver, acima , o C apítu lo 2, p. 82-94. 17 R. Bultmann, T h e o l o g y o f t h e N e w T e s t a m e n t (Londres, 1965), II, p. 251: "A reconstrução está a serviço da interpretação dos escritos do Novo Testa mento...” 18 í b i d . 19 í b i d . 20 Bultmann, T h e ol og y o f t he N T , I, p. 191. 21 M. Barth, "Die Methode von Bultmann’s Theologie des Neuen Testaments", Theologische Z eitschrift 11 (1955), p. 15.
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paulinas como o E spírito Santo , a ressurreiç ão, o segundo Adão, o pecado orig in al e o conhecim ento . Este s não se enquadravam no centro antropológico. O centro escolhido por Bultmann impossibili tou o tratam en to de Rom anos 9-11.22 E. Lohse observa que o centro da antropologia querigmática forçou Bultmann a colocar em segun do plano alguns escritos do NT, tais como os Sinópticos, Atos, as Epístolas Católicas e o Apocalipse.23 E sta rá a an tropolog ia querigm á tica, enq uan to centro do NT, m ostrando-se m uito restritiva e estreita? Não será um a categoria determ inada pela in terpretação existencial, um veículo predeterminado, que leva, a seu modo, ao “cânon dentro do câ n on ’’? H. Braun, um dos discípulos de Bultmann, dirigiu-se várias vezes à questão da unidade do NT. A exegese histórico-crítica divide o NT em sua multiplicidade de aspectos e camadas, de modo que “o Novo Testamento... não tem, em suas partes mais centrais, uma unidade de expressão (Aussage-Einheit) com referência aos artigos da fé”.24 Ele discute conceitos como a lei, escatologia, igreja e ofício, cristolo gia, soteriologia e sacramentos,25 e conclui que são doutrinas dís pares” .26 Ele resume: O Novo Testamento abriga dentro de si idéias díspares; esclare cemo-las para nós mesmos em termos de cristologia, soteriologia, atitudes para com a Tora, escatologia e doutrina dos sacramentos. Estas diversidades referem-se, por sua vez, a um problema ainda mais profundo dentro dos enunciados do Novo Testamento: Deus como d ado e palpáve l e Deus como não palpáve l e da do .27 Parece que Braun é o erudito que levou a extremos de disparidade total a diversidade do NT. Não obstante, ele mesmo indaga se estas doutrinas díspares e camadas diversas negam um “centro interno, do qual se pode colher as partes essenciais, se não o todo [do NT]”.18 Braun responde afirmativamente: “A unidade encontra-se nos três grandes blocos da proclamação de Jesus, Paulo e o Quarto Evange lho... no modo como o homem é visto em sua posição diante de D eu s.” 29 A “ contrad ição m útu a” 30 dos autores do NT é, segu ndo 22 H.-J. Kraus, D ie B iblis ch e T h eolo gie (Neukirchen-Vluyn, 1970). p. 191. 23 Lohse, "D ie Einheit des NT ais theologisches Problem ", p. 150. 24 H. Braun, “Hebl die neutestamentlich-exegelische Forschung dcn Kanon auf?” G e s a m m e lt e S tu d ie n z u m N e u e n T e s ta m e n t u n d se in e r U m w e h (Tübim>en. 1%21, p. 314. 25 P. 314-319. 26 P. 320. 27 Braun, “ The Problem of a NT Th eology” , p. 182. 28 Braun, G e s u m m e lle S t u d i e n . p. 320. 29 Ib id . 30 Braun, “Th e Problem of a NT Th eology” , p. 169.
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Brau n, sup erad a por meio da antropologia teológica. “ A antropologia é... a constante; a cristologia é a variável."31 “ Só posso fa lar de Deus onde falo do homem , e, po rtanto , antropologicam ente. Posso falar de Deus qua nd o o meu ‘eu devo’ po de ser con tradito pelo ‘eu posso’, e, portanto, soteriolo gic am ente ... Deus seria entã o um tipo definido de relacionamento com um com panheiro ( M itm enschlichkeit )” ,3Z O “centro interno" do NT, segundo Braun, é a antropologia teológica. O próprio Braun reconhece que este “centro interno” não pode conter todos os escritos ou blocos de escritos do NT. Logo, ele afirm a o princípio do “ câno n dentro do cân on” .33 A. Stock assinala que “a unidade do NT entra em círculo para Braun tanto quanto a mensagem do ‘eu posso' e ‘você deve’ pode ser ouvida por ele nu m a form a pu ra ” .34 Ele observa que tam bém aqu i a subjetividade é a chave no centro de B raun da antropologia teológica. R. B ultm ann afirm ava que sua intenção havia sido mais consistentemente levada a cabo por Braun, cujo conceito de unidade com a constante da autoeompreensão do crente é explicitamente aceito por ele.35 C on traria m en te à aceitação de B ultm ann , vários pós-b ultmannianos se opuseram. E. Kãsemann fala do “centro interno” da teolo gia antropológica de Braun como um “tipo de misticismo [que] signi fica falência, e [que] dever-se-ia levantar um protesto em nome da honestidade intelectual, quando o humanismo se encontra nesta m oda assum ida pelo cristian ism o” .36 E. Lohse acusa Braun de “ reducionismo radic al” .37 Ao passo que a teologia do NT de B ult mann “apresenta a antropologia”, por intermédio de Braun a teolo gia se “dissolve em antropologia”.38 Lohse assinala que, se ao NT falta uma cristologia unificada, então deve-se observar que falta-lhe tam bém um a antropologia un ifica da .39 G. E beling se opõe ao pr inc í pio de unidade de B raun porque falta-lh e até algo de cristão. Na verdade, a antropologia teológica de Braun é a tentativa de definir a natureza do cristianismo sem falar de Deus e de Jesus Cristo. Ebeling se opõe, dizendo que Deus não é “u m a cifra ininteligível” 40 e que a 31 32 33 34 35
Braun, G e s a m m e lt e S t u d i e n . p. 272. Braun, “T he Problem of a NT The olog y", p. 183. Braun, G e s a m m e lte S t u d i e n , p. 227 e 229 232. Stock, E in h eit d e s N T , p. 32. R. B ultma nn, “T he Prim itive Christian K erygma and the Historical Jesus” , The H istorical Jesus and The K erygm atic C hrist, eds. C. E. Braaten e R. A. Harrisville (Nashville, 1964), p. 35 e s. 36 Kãsem ann, “ Th e Problem of a NT Theology", p. 241. 37 E. Lohse, G r u n d r i s s d e r n e u t e s ta m e n t li c h e n T h e o l og i e (Stuttgart, 1974), p. 13. 38 Lohse, “Die Einheit des NT ais theologischen Problem”, p. 152; idem; Grundriss d e r n tl. T h e o lo g ie , p. 13. 39 Lohse, Gru ndriss der ntl. Theologie, p. 13 e s. e 163. 40 G. Ebeling, T h e o lo g y a n d P r o c l a m a t iv n (Filadélfia, 1966), p. 76.
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“cristologia é , na verdade, variável no modo em que se expressa (no seu Como), mas não no fato de que se expressa (no seu Que). Não há escolha — e isto por causa do auto-entendimento da fé — entre... o querigm a cristológico e o não-cristológico ” .41 “ A consta nte do autoentendimento da fé", afirma Ebeling, não é a antropologia, mas que “que a fé é fé em Jesus Cristo, isto é, a fé que é endereçada ao querigma cristológico, e que aceita esse querigma em sua própria confissão” .42 Estas con tribuições críticas à questão do centro do NT, conforme sustentadas por Braun e que têm o apoio de Bultmann, revelam as questões fundamentais. Tanto a “antropologia querigmática” (Bultmann) como a “antropologia teológica” (Braun) deixam a desejar qua ndo a qu estão é o centro do NT. 2. História da salvação. Nossa discussão da abordagem histórico salvífica conforme representada por O. Cullmann, G. E. Ladd e L. Goppelt mostrou que, sob o mesmo nome, uma variedade de exposições de diferen tes raízes e objetivos teológicos p od e surg ir.43 O erudito que mais se empenhou na pesquisa da história da salvação ( Heilsgeschichte) neste século foi O. Cullm ann . Ele se opõe veem ente mente àqueles que sentem uma “alegria sádica ao enfatizar a dispari dade e se enfurecem c on tra aqueles que ten tam de m on strar um elo de ligação em um dado assunto”.44 Parece que F. C. Grant segue Cullmann, em sua tentativa de elucidar a história da salvação, e declara que a “história do NT é a ‘história da salvação’ (Heilsgeschichte )" ,45 G ra n t tam bém se opõe ao atua l “p erigo ... de superes timarmos a diversidade, ignorando a unidade”.46 “Há uma unidade real na exposição da religião cristã, feita no Novo Testamento, com toda sua diversidade, em sua visão de Deus, de sua revelação, da salvação, da finalidad e e do po de r abso luto de C risto .” 47 E nq uanto G ran t identifica unida de na diversidade e afirm a a história salvífica. diverge de Cullm ann, como outros ta m bém ,48 em abster-se de em pregar a história da salvação como o centro unificado r do NT. Em seu livro Christ and Time , Cullmann traçou seu entendimento de Cristo como o centro do temp o, conform e descrito po r Jesus, Paulo
41 42 43 44 45 46 47 48
P .48. Ibid . Ver, acim a, o C apítulo 2, p. 57. O. Cu llman n, C h r i st ol o g ie d e s N e u e s T e s t a m e n t s , p. 67. F. C. G rant, A n In tro d u ctio n to N ew T e sta m e n t T h ou gh t (Nashville, 1950), p. 41. P. 42. P. 29 . G. E. Ladd, A Theology of fhe New Testament (Grand Rapids, Mich., 1974). Trad. port. T e o l o g i a d o N o v o T e s t a m e n t o (Rio de Janeiro, JUERP, 1985); L. Goppelt, T h e o l o g i e d e s N e u e n T e s t a m e n t s , 2 vols. (Gõttingen, 1975/76); A. M. Hunter, In tro d u e in g N ew T e sta m e n t T h eology (2 .a- ed.; L on dr es,-1963).
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e Jo ão.4* Para C ullmann , Cristo é o centro do tem po , m as não do NT. Já nos anos 50, C ullman n confessa que, “ pa rtindo de diferentes ân gu los, sempre chego novamente às mesmas conclusões, a saber, que o verdadeiro centro da fé cristã e do pensamento cristão primitivo é a história da redenção [salvífica] (Heilsgeschichte)" ,50 O que isto quer dizer está explícito em seu ‘‘Christology of the New Testament ” (2.a ed., 1967), em que ele sugere que o NT não está interessado nas questões da natureza e do ser, mas apenas na “cristologia funcio n a r ’.51 A magnum opus de Cullmann, intitulada “Salvation in H istory" (1967), tenta “ livrar dos abusos o termo ‘salvação’ ” .52 Procura demonstrar a evidência de que os principais modelos do NT da história da salvação estão em Jesus, no cristianismo primitivo, em Paulo e no Q ua rto E vangelho .53 Isto qu er dizer que a “ perspectiva histórico-salvífica” se aplica a “ todas as áreas da fé, do pen sam ento e da atividade cristã prim itiva” .54 Deve-se observar que a “história da salvação” é, no pensamento de Cullmann, a base de que depende o cânon da Bíblia, tanto do AT como do N T .55 “ Parece que é impossível justif icar o cânon fora da história da salvação e não é acidentalmente que sua justificativa seja inevitavelmente questionada , qu and o q uer que a história da salvação seja re jeita d a." 56 A “ mais pr ofu nd a essência da Bíblia em si” é a “história da salvação”, de modo que “tanto a idéia de um cânon como o modo de sua realização serão um a parte crucial da história da salvação da Bíblia” .57 Cullmann fala do problema “do cânon dentro do cânon”, isto é, o problem a de um a norm a ou critério dentro da Bíblia, com o qual se possa fazer um a seleção de m aterial. Sua oposição ao problem a luterano do “cânon dentro do cânon” é explícita. “Qualquer seleção de um critério está de stina da a ser subjetiva e arb itrária. Se levarmos a sério a idéia de um cânon que compreende ambos os testamentos, então temos que dizer que só pode ser a história da salvação que constitui a unidade da Bíblia... pois ela pode conter todos estes livros” .58 Devemos da r a Cu llman n o crédito por haver levado a sério o cânon total da Bíblia. Ele se recusa, pelo menos a priori, a ceder à tentação 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58
O. Cullmann, C h r i s t a n d T i m e (3.a ed.; Londres, Í962),p. xx. O. Cullmann, The Early Church (Filadélfia, 1956), p. xxi. O. Cu llm ann, Christology ofthe AT (Fila dé l[ia, 1959), p. 326 e s. Cullmann, C h r i s t a n d T i m e , p. xxiv. O. Cullmann, Sa lvation in History (New York, 1967), p. 186-291. P. 15. P. 55. P. 294. í b i d . (o grifo é dele). P. 298.
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de um princípio seletivo. Procura evitar “um cânon dentro do cânon” como concentração sobre uma determinada parte do todo, por meio da q ual o todo será julgado . O interesse de C ullm ann não só po r todo o NT, mas também por toda a Bíblia, se equipara ao dos melhores entre os eruditos do NT da E urop a C ontinental. De vários lugares nos chegam as reações ao “centro” ou “essência” da Bíblia segundo Cullmann. C. F. Evans acha que a falha da “história da salvação” no pensamento de Cullmann “é que ela pressupõe uma espécie de canal do evento sagrado ou ação divina fluindo dentro das fronteiras da história do mundo, com as definições e demarcações duvidosas conseqüentes, que vão determinando onde este canal deve ser enco ntra do ” .59 A prim eira re ação de C ullm ann ao conceito da Heilsgeschichte de Cullmann foi que “ele transforma a teologia do Novo Testamento numa filosofia cristã da História”.60 Também se pode dizer isto a respeito de New Testam ent Theology, de E. Stauffer, que toma como princípio de organização o tema da histó ria da salvaçã o.61 O utros erud itos62 ap oia ram a ac usação de Bultmann de que Cullmann transformou a “história da salvação” nu m a “filosofia cristã da História” . A isto B ultm ann acrescentou que nem Jesus nem Paulo nem João pensavam num processo de salvação em andam ento, mas que Cristo era, p ar a o último, o fim dos tempos, e não o seu centro.63 Nisto, Bultmann foi apoiado por E. Fuchs e W. K reck,74 que vêem C risto como o fim d a História. Cu llman n respondeu que a “história da salvação” não é uma filosofia cristã da História, im posta de fora p ara cima do N T .65 Ele tem o apoio inadvertido de E. Kãsemann quanto à questão de Cristo não ser o fim da História na teologia de Paulo: “ Pau lo não pod e e não quer fa lar de um fim da História que já aconteceu, mas menciona que o tempo do fim está pr óx im o.” 66 Deste modo, a tese básica de Cullm ann de que a “história da salvação” é o princípio da unidade do NT, e até mesmo da Bíblia, parece con tinua r intato. 59 C. F. E va ns, As “Ho /y Scr ipture " Christian ? (Londres, 1971), p. 59. 60 R. Bultmann, “History of Salvation and History", E x isten ce u n d F ait h (Cleveland/New York, 1960), p. 233; idem, ‘‘Heilsgeschichte und Geschichte. Zu O. Cullmann, C h r is lu s un d d i e Z e i t ", P T N T , p. 301. 61 Ver acim a, o Ca pítulo 1, p, 41. 62 Por exe m plo, K. G. Steck. D ie Id e e d e r H eils gesch ic h te: H o fm a n n -S ch la tte rCullmann (Zurique, 1959), 63 Bu ltma nn, “ History of Salvation and H istory’', p. 237; P T N T , p. 306. d4 E. Fuch s, “Christus das End e der G esch ich te” . Z u r Frage nach d em histo ri.schen Jesu s (Tübingen, 1960), p. 79 e ss.; W. Kreck, D ie Z u k u n ft des G e k o m m e n e n (1961). 65 Cullmann, Chrisi and Time. p. xviii-x.xi; idem, Salvation in History, p. 44-47, 56 e s. e 62 e s. 66 E. Kãsemann, “On the Topic of Primitive Christian Apocalyptic", Jo u rn a l f(>r Theology a nd Church 6 (1969), p. 129.
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Foi o aluno de Bultmann, H. Conzelmann, que produziu seu estudo crítico do Evangelho de Lucas, sob o título de Die M itte der Z eit (O Centro do T em po ),67 que tomou em prestado de Cullm ann. Ele tentou mostrar que Lucas é o teólogo da história da salvação. Conzelmann sustentava o que Bultmann afirmara anteriormente, a saber, que “é um exagero flagrante dizer que o Novo Testamento pressupõe um a concepção unific ada da histó ria da salvação” .68 Segundo Cullmann, Conzelmann “queria esclarecer que toda a construção não é a perspectiva do Novo Testamento, mas a de Lucas — ou melh or, é um a disto rção de Lucas. Com sua his tó ria da salvação, Lucas abandonou a essência da escatologia de Jesus... fê-lo com seu esq ue m a de ‘períodos’ da história d a sa lva çã o...” 69 A pesq ui sa da teologia de Lucas continua . A tualmente o con traste entre L ucas e Jesus e entre Lucas e Paulo não é mais visto conforme retratado por Conzelmann. As avaliações recentes indicaram que Lucas não “desescatologizou a tradição sem restrições”70 e que a história da salvação de Lucas “ con tém de ntro de si a esperança de um fim iminen te” .71 Enquanto Conzelmann enfatiza que a história da salvação é o esquema básico de Lucas-Atos, outros acentuam para Lucas-Atos ou a salvação (I. H. M arshall) ou a eclesiologia (J. Jervell) ou a ortodoxia (C. H. T alb er t).72 Neste caso, o ataqu e à tese de Cu llmann não foi tão bem-sucedido como B ultm ann pensara a prin cíp io . H.-J. Kraus defende a visão cullmanniana da H eilsgeschichte contra as questões levan tadas por K. G . S teck .73 Também já se observou que Cullmann é um dos raros eruditos do Continente [Os ingleses, por habitarem numa ilha, fazem alusão ao restante da Europa como sendo o “Continente”. N do T . ] 67 II. Conzelmann. D ie M in e d e r Z e it (Tübingen, 1953). Trad. ingl. The Theology of St. Luke (Londres, 1961). 68 B ultm ann , "History of Salvation and History", p. 235; P T N T , p. 303. 69 Cullmann, Salvation in History. p. 46. Conzelmann (An O utline o f the Theology o f t h e N T . p. 149-152) tem afirmado, ultimamente, que a teologia dc Lucas não é uma partida para o cristianismo primitivo. 70 A. J. Hultgren, “ Inlerpreting the Go spel of Luke", In te rp reta tio n 30 (1976), p. 364; cf. S. Brown. A p a sta sy a n d P ersevera n ce in th e T h eolo gy o f L u k e (Roma, 1969); I. H. Marshall, L u ke: H is to ria n a n d TheologUin (Londres. 1970); J. Jervell, L u k e a n d th e P e op le a f G o d (M inne ap olis. 1972); C. H. T albert, L iterary P a tte n is. rheíi lo tf ic ul T h em es un d th e G enre o f L u k e -A c ts (M issoula, 1974); E. Fran klin. Christ the Lord: A Study in the Purpose and Theology of f.tike-Aets (Londres, 1975); S. G. W ilson, The Gentiles and the Gentile Mission in Luke-Acti (Cambridgc, 1973); H, Fiender. St. Luke, Theologian o f H edem prire History (Londres. 1967); W. G. Kümmel, "Current Theological Accusations against Luke", A n d o v e r N e w u m Q i t u n e r l y 16 (19 75 ), p. 131-145; C. H. Ta lber t, "Sh ifting Sands; The Reeent Study of the Gospel of Luke", interpretation 30 (1975), p. 381-395. 71 Talbert. '‘Sh ifting Sa n ds ” , p. 387. 72 Ver, acima, n° 70. 73 Kraus, D ie b ib lisch e T h eologie. p. 352-35S.
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que tentou encontrar um tema unificador de toda a Bíblia, de ambos os Testamentos. Ele demonstrou que a história da salvação, fora a questão de como é concebida, é um conceito bíblico importante. A questão con tudo perm anece sendo se este é de fato o tema unificante. Cullmann ainda precisa provar que todos os documentos do AT testificam e tem como tem a básico a história da salvação. O mesmo se aplica aos docum entos do NT. Ainda que a pró pr ia história da salva ção esteja sujeita a uma variedade de definições, deve-se admitir que é um conceito básico na B íblia,74 sem trans form á-lo no centro unifi cado r e em pregand o-o como o princípio o rgan izador de um a teologia do NT. 3. Pacto, Amor e Outras Propostas. O conceito de pacto (ou prom essa divina) da Bíblia veio p a ra a linha de frente dos estudos bíblicos nos últim os anos.75 Um dos gigantes da teologia do AT empregava o conceito de pacto como princípio sistemático da organi zação do AT. W, Eichrodt optou por um tratamento de interseção sistemá tica do AT com base no conceito do pacto .76 Vários eruditos têm sugerido que o pac to pode tam bém servir de princípio un ificador p ara o NT. O. Loretz77 estava a favor e F. C. Fensham esboçou um a teologia ba sead a no pa cto em um ensaio p ro gram átic o.78 O fato é que nem todas as partes do NT estão diretamente ou mesmo indiretamen te relacionadas ao pacto. Logo, o conceito de pacto pode, na melhor das hipóteses, levar a uni método de interseç ão79 da teologia do NT, pois não é suficie ntem ente amplo p ara conter em si toda a riqueza e variedad e do pensam en to do N T .80 Parece que é impossível" fazer justiça aos testem unhos (bíblicos e) do NT por intermédio de um a abordagem linear, seja por meio de temas como conceitos, ou temas
74 E. Kãsemann, P e rsp e c tiv e s on Pau! (Filad élfia, 1971), p. 63; "Eu até diria que é impossível entender a Bíblia em geral ou Paulo em particular sem a perspectiva da história da sa lva ção .” Este juízo nã o leva K ãsem ann a transform á-lo num centro unificador, que ele vê na m ensage m de Paulo da justificação . 75 Ver espec ialm ente D. J. McCarthy, O l d T e s t a m e n t C o v en u n t: A S u r v e y o f C u r re n t Opinitms íRichmond, 1972); E. Kutsch, Verheissung und Gesetz (B erlim/New York, 1973). 7h W. Eichrodt, T h e o lo g y n f t h e O l d T e s t a m e n t , 2 vols. (Filadélfia, 1965-67). 77 ü . I.orcl/. D ie W uhrheit d e r B ib e l (Freiburg, 1964). 7S C. Fens ham , "C ovenant, Promisc and E xpe ctation in the B ible” , Theologische Z eits ch rift 23 (1967), p. 305-322. O tema da promessa divina do NT tem sido lambúm acen tuad o por D . R. H illers, Covenu nt: The History' o f a B iblica l Idea (Halümove, 19t>9), p. 178-18&. 79 Ver Hasel. <)T Theology: Basic Jssues tn the C urrent D eb ate , p. 43-46. 80 iam bé m W. W;irnae'i. A y.i pe . D ie L ieb e ais G ru n d tn o tif d e r n e u te sta m e n tlich en Ih co lo g ie (Düsseldorf. 1951); C. Spicq. •‘Nouvelles réílcxions sur la théologie bi blique". R evu e des S cien ces P h ilosttp h iqu es e t th eologitj u es 42 (1958). p. 212 e s.
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como a autorid ad e de D eus,81 o reino de D eu s,82 o dom ínio de Deus e a com unhão en tre Deus e o H om em ,8J ou prom essa.84 Podem os nos arriscar a acrescentar que até um conceito central como a ressurrei ção85 não fa rá justiç a à riqueza do pen sam ento do NT p a ra se escrever uma teologia do NT. Ao tocarmos no tema da ressurreição no NT, já estamos no domínio da cristologia, a que devemos dar atenção agora. 4. Cristologia. Sob o título de “Cristologia” podemos discutir uma variedade de propostas a respeito do centro do NT, que são, de um modo ou de outro, relativas a Jesus Cristo. A sugestão de B. Reicke nos conduz ao começo dos anos 50 e pode ser um ponto de partida adeq uad o p ara as propo stas de um centro cristológico. Ele sugere que “no evento de Cristo... [existe] a unidade material do Novo Testa m ento” .86 Todos os escritos do NT se referem ao mesm o Jesus C risto e indicam o mesm o evento ligado a ele, mesmo que se possa re conhecer que "n os Sinópticos, João e Paulo e em parte entre os outros escritores dos livros do NT Jesus é apresentado em aspectos cristológicos diver gen tes” .87 F. C. G rant expressa sua opinião de m odo sem elhante, ao afirm ar que o NT “ é gen uina m ente cristocên trico” .88 P. Robertson vê no “tema cristológico” o fator que pode “unificar toda a teologia do N T ...” 89 M uitos eruditos prote stan tes e católicos reconhecem em 81 II. Seebass, “Der Beitrag des AT zum Entwurf einer biblischen Theologie", Wort und Diensí 8 (196 5), p. 2 0-49, esp. p. 30 e ss. 82 G. Klein, ‘"Rcieb Gottes' ais biblischer Zentralbegriff” E vT h 30 (1970) p. 642670, sugere esie com o o cenlro de ambos os Testam entos. 83 G. Fohrer, “Der Mittelpunkt einer Theologie des Alten Testamcnts”. T h e o l o gisch e Z e itsc h rift 24 (1968), p. 161 e ss.. argumenta que o seu conceito dual faz ju stiça a am b os, o A T c o NT. 84 W. C. Kaiser, "The Centre of Old Teslament Theology: The Promise", 1'hemelios 10 (197 4). p. 1-10, considera a "prom essa" " um a chavc universal para as Escrituras. suficiente para encerrar a grande variedade
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Jesus Cristo o centro do NT.90 A. L. Moore é grande adepto da história da salvação enquanto concepção básica do NT, mas acentua que “a partir do centro, Jesus Cristo, a linha da história da salvação corre para trás, passando pelo pacto à criação e mais além, e para a frente, pa ssan do da Ig reja e sua m issão à paro us ia e mais a lé m ''.91 Sem negar a concepção histórico-salvífica do NT, “a unidade cristológica” é a chave do N T .92 Pode-se dizer que G. E. Ladd es tá tão com prom etido com a história da salvação qua nto C ullmann , mas, em oposição a este, Ladd se recusa, contra sua antiga opinião, a deixar que a estru tu ra histórico-salvífica ou esca tológica93 forneça a síntese para a organização da teologia do NT. Ele acredita que a teologia do NT, escrita do ponto de vista de um único prin cíp io organizador, só pode ser feita assim com base num a “ grande p erda” . “ H á grande riqueza na variedade encontradiça na teologia do Novo Testamento, que não deve ser sacrificada.’’94 W. Schrage não se opõe à centralização do NT em Jesus Cristo. Pelo contrário, ele argumenta que aqueles que pararam, ao dizer que Jesus Cristo é o centro do NT, par ar am m uito ced o.95 Perspectiva semelhante é a de M. Hengel, que afirma um “centro cristológico”, mas sugere que há um a variedade dc fórm ulas, tais como “ ‘solus Christus', ‘sola gratia’ e ‘iustificatio impii’, por intermédio das quais pode-se descrevê-lo” .96 Pelo menos duas desta s fórm ulas têm tido fortes adeptos. Antes que nos voltemos para este assunto, parece aconselhável citar as várias outras sugestões em que o centro cristo lógico é mais am plam en te definido. H. Riesenfeld, da Universidade de Uppsala, levanta a questão sobre como poderia ter acontecido que os “elementos díspares da fé [no NT], cujo único denom inado r comum era que, de algum modo, se referiam a um hom em cha m ado Jesus, que supu nha-s e haver ressusci 90 Por exemplo. H. Schlier, B esin n un g a u f d e s N eu e T e sta m e n t (Freiburg, 1964), p. 69; H. U. von Ba llhasa r, ‘‘E inig un g in C hristu s” , F reib u rg er Z e it sc h rif t fü r P h ib s o p h ie u n d Theologie 150968), p. 171-189, esp. p. 187; A. Vògtle, “Kirche und Schriftprinzip nach dem Neuen Testament*', B ib e l u n d Leben 12 (1971), p. 153-162, esp. p. 157; K. H. Schelkle, T h e o l o g i e d e s N e u e n T e s t a m e n t s , III. p. 17; H. von Campenhausen. D ie E n tste h u n g d er christlie h en B ib e l (Tübingen, 1968), p. 378; W. Marxsen, D er “ F rü h k a th o U zizsm u s" im N euen T esta m en t (Neukirchen-Vluyn, 1958), p. 67; Ladd, A T h eology o f th e N ew T e s ta m e n t , p. 33; Lohse. “D ie Einheit des NT ais theolog ische s Prob lem", p. 152-154: Hancker. “ Hinhcit und V ielfalt in der T heo logie des N T’' , p. 40 o s .; K üm m el, The Theologv o f th e N T . p. 332; e outros. 91 A. L. M oore . The Parousia in the New Testament (Leidcn. 1966). p. 89 e s. 92 P. 172. 93 Ladd, “L schatology and the Un ity o f NT Theology''. p. 273. 94 Ladd, Teologiu do Novo Testamento, p. 32. 95 Schrage, “ Die Frage nach der Mitte und dem K anon im K anon des NT ” , p. 438. 96 M. Hcngel, “Historische Methoden und theologischen Àuslegung des Neuen Testaments”. K ery g m a u n d D o g m a 19 (197 3). p. 85-90. esp. p . 90.
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tado dentre os mortos, tinham sido recolhidos, integrados e consi derados homogêneos em tão surpreendentemente curto espaço de tem po ?” 97 Um “ mero querigm a que proc lam a a fé na ressurreição de uma pessoa chamada Jesus, e agora considerada o Senhor celestial, não será suficiente para explicar por que havia uma variedade de títulos cristológicos e de fórmulas teológicas, mas apenas uma igreja c ristã ...” 98 Por fim, só a autoco nsciência de Jesus p ode respo nder à questão. “ Em último recurso, o sentido e a consistência estrutura l do querigm a proclam ado pela igreja primitiva dep end em do fato de que, durante o período de seu ministério público, Jesus atribuíra à sua pessoa obras e atos — de modo algum ao seu sofrim ento e morte — uma importância decisiva para a vinda e realização do reino de Deus.”99 Isto fica claro no uso feito por Jesus do título de Filho do Homem, que é típico do padrão de pensamento da cristologia do NT.100 Riesenfeld parece argumentar que o querigma de Jesus continha uma cristologia “explícita”, e não meramente “implícita”. W. Beilner sugere que é tarefa da teologia do NT mostrar como o Jesus histórico tornou-se o Cristo pro cla m ad o.101 Ele ach a que “ a teo logia do NT deve ser entendida como unidade a partir de dois aspectos básicos, a saber, do Jesus proclamado como o Cristo e o locus da proclamação, a existência da Igreja. Estes dois elementos compõem o parêntese de todas as diferentes teologias do NT ou cam adas de exp ressão” .102 Isto qu er dizer, p ara Beilner e seu colega católico Schelkle, “que a unidade do NT tem seu fundamento na Ig reja” .103 “ F. M ussner tem um a visão diferente da unidade do NT; sua tese é que “ ‘o centro do Evangelho’ é, segundo o NT, a aurora da era escatológica da salvação em Jesus C risto ” . 104 E sta mensagem "forma, em determinado sentido, o parêntese unificador no cânon dentro do cânon”. Ele previne, entretanto, que não se deve elevar um “ determ inado q ue rigm a... a um lugar central do evangelho ou mesmo transformá-lo num único evangelho”, porque, “funciona facilmente como um a carga explosiva dentro do câno n do N T, como a H istória o torna evidente” .105
97 98 99 100 101 102 103 104 105
R iesenfeld. “ Keflections on lhe U nity of tlie N T ” , p. 41. P. 49. íbid. P. 5 0 cs . W . Beilner. “ N eu testam entlie he T heo logie . M elho dise hc BeNÍnnun)>". D ieii st un d Lelire (Viena. 1%5), p. 145-165. esp. p. 159. P. 15S. Schelkle, Theologie des NT. III. p. 16; Beilner. “NcuieslanieiitlÍL'he Tlicologie" p. 160. F. M ussner , " D ic M itte des Kvangelium s in ntl. Sicht" , p. 271 e 290. F. Mussner. P ru esem ia Sa/u ris (Munique. 1967), p. 174 e ss.
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W. Beilner, K. H. Schelkle e F. Mussner são significativos exem plos de teólogos católicos que argum entam a favor da unid ade do NT106 sem tran sfo rm ar, necessariam ente, os centros prop ostos em um princípio orga nizado r, com base em que a teologia do NT deva ser construída. Do lado protes tante, podemos mencionar, pa rticularm en te, W. G. K üm me l e E. Lohse, ambos os quais org anizaram teologias do NT. W. G. Kümmel observa que “o interesse na teologia do Novo Te stam ento enc ontra-se desde o início em conflito com o problem a da diversidade e un idade no Novo Te stam en to” .107 Com g ran de discer nimento, ele sugere “que a apresentação e a organização de uma ‘teologia do Novo Testamento’ só pode acontecer como resultado de um traba lho , com as diversas formas d a proc lama ção do Novo Te sta m en to” . 108 Em outras palavras, n enh um centro pred eterm inad o pode funcionar como princípio organizador (pace Bultmann, Braun, Cullmann, etc.) para a apresentação de uma teologia do NT. Na “Conclusão” de sua teologia do NT, Kümmel retorna à questão do “ centro do Novo Tes tam en to” .109 Sua hipótes e é que o centro do NT encontra expressão “em sua mais pura versão” na (1) “mensagem e figura de Jesus, q uan do se torn aram perceptíveis a nós na mais antiga tradição dos Evangelhos Sinópticos; e então (2) na proclamação da com unidade p rim itiva...; e (3) na p rim eira reflexão teológica de Paulo sobre esta proc lam açã o” .110 Com base nestes três blocos, Kü mmel sugere que o seguinte asp ecto duplo acerca de Jesus C risto con stitui o centro do NT: “ ...D eu s fez com que sua salvação prom etida p ar a o fim do mundo começasse em Jesus Cristo, e, neste evento de Cristo, Deus entrou em contato conosco e pretende nos contatar como o Pai que pro cura nos livrar de um aprisionam ento no m und o e nos libertar para o am or diligente .” 1" Visto que Kümmel acha que esta “ m ensa gem comum... pode ser rotulada como fundamental e por ela a mensagem do resto do Novo T esta m en to ser ava liada” , 112 temos que reagir levantand o um a questão. Que critérios objetivos pode Küm mel citar pa ra sua escolha das tradições sinópticas m ais antigas acerca de Jesus, o querigm a da com unidade prim itiva e a proc lam ação de Paulo como blocos de matéria do NT qu e revelam o seu cen tro, com o qu al o restante do NT pode ser avaliado? Kümmel, como teólogo luterano, 106 Outra? vives católicas são revistas por A, Kümmel, ‘'Mitte des Neuen Testaments", p. 79 c s. 107 W. G. Kümmel, The Thrology o f the N ew Testunient Accurdinp to its M ajor W i im s s e s : J v \ u s - P a u l . h/h n (Nashville, 1973), p. 15. 108 P. 17. 109 Infelizme nte o termo alem ão M itte é traduzido como "coração" (“heart"), em ve/ de com o o costum eiro "centro", na T h e ol og v o f th e N T de Kümmel. p, 322-33.1. 110 P. 324. 111 P. 332 . 112 P. 324.
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se compromete com o princípio material do “cânon dentro do câno n” ,113 mas, ap esar disso, n ão conseguiu justif ica r a seleção dos critérios escolhidos. E. Lohse está, do mesmo modo. comprometido com o princípio do “cânon dentro do cânon ” , que funciona tanto como princípio de seleção quanto como princípio de juízo dentro do NT. Ele não está expondo seus próprios critérios para um centro do NT na form a de certos blocos de escritos com a exclusão de outros. Ele segue o princípio luterano “ o que Cristo ma nifesta” (‘k s Christum treibet")"4 e afirma que “a teologia dos testemunhos do NT só pode ser desvelada a partir da cristo lo gia” .115 Incluso aí está o fato de a antropologia só poder ser definida por incio da cristologia. Lohse insiste, corretamente, em nossa avaliação, que a multiplicidade das concepções teológicas do NT não pode ser reunida através de um simples conceito unificador, como a história da salvação (pace Cullmann) ou a antropologia (pace B ra un).116 O centro e a unid ad e da m ultiplicidade das expressões do NT encontram -se definitivam en te no evento de Cristo na cruz, em que foi manifestado o amor de Deus pelo m undo.117 Não será Jesus Cristo o centro d o N T ?llfi Em concordância com a ênfase dos grandes reformadores, alguns eruditos colocam a idéia paulina da justificação dos ímpios (iustificatio impii) como o centro do NT. E. Kãsem ann n ão deseja ap enas ver a mensagem da justificação dos ímpios como o centro da teologia p a u lin a ,119 mas, sustentando o princípio do "cânon dentro do câ non” ,120 sugere que este é o cen tro de todo o N T .m Aqui, Kãse mann se separa de seu professor, Bultmann, cuja antropologia querigm ática servia como ce n tro .122 Kãsem ann afirm a que “ o Novo Testamento quer, na realidade, ser entendido em seu todo como um testem unh o de C risto” . 12’ As diferentes cristologias do NT são 113 W. G. Kümmel. "Notwendigkeil und Gren/e des neutestamentlichen Kanons", Z77 i á ' 47(1950), p. 277-313. 114 Lo hse, “ D ie Einheit des NT ais theolog isches Pr oblem ", p. 153. 115 Lohse, Grun driss der neu iestam entlicheti Theologie, p. 14. 116 P. 162 e s . 11 7 P . 1 6 4. 118 Ver também E. Sehweizer, Jesus C h ris tu s im vie lf ult in gen Z eugn is des N euen T e s t a m e n t s (StuUgart, 1968). P. Stuhlmacher, Scliri/ttausleg un tí au f dem YVege zu r b ib lis ch en Th eolo gie (G õttingen , 1975), p. 178, fala da “ m ensagem da recon ciliação como um centro decisivo da Sagrada Escritura.” 119 E. Kãsemann, “Gottes Gerechtigkeit bei Paulus", E x egeti sch e Ve.rsm he a n d B esin n ungen , II, p. 181-193. 120 E. Kãsemann, "Kritische Atialyse'', D as N eue T e sta m e n t ais K a n o n , ed. E. Kãsem ann (Gõttingen, 1970), p. 369. 121 Ver Stock, E inh eit des N T , p. 13-24, para uma exposição detalhada da unidade conceitua) de Kãsemann dentro de sua teologia. 122 Stock, E in h eit des N T , p. 62-65, oferece um resumo das objeções de Kãsemann contra B ultm ann. 123 Kãsemann, D as N T ais K a n o n , p. 404.
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“adequadas para enfatizar claramente o que manifesta Cristo. Por que, desta maneira, a justificação dos ímpios é o centro de toda a proclamação cristã, e, logo, ta m bém da B íb lia ...’-124 Ele explica enfaticamente que “para mim, a mensagem da justificação e a sola scriptura são idênticas, a fórm ula teológica d a justificaçã o dos ímpios contém, em meu entendimento, toda a Bíblia, inclusive o Antigo Testamento, visto que ele tem verdadeiramente a ver com Jesus Cristo” .125 Em bo ra esta “ fórm ula teológica” deva ser vista em “ corre lação com a cristologia” , é anterio r a ela, pois q ua lquer cristologia real “ deve se o rie ntar... na justificação dos ím p io s" ,126 que “ como cânon dentro do câ n o n ... é o critério pa ra o teste dos espíritos, mesmo com referência à do utrina cristã no passado e no presente ” . 127 W. Joest concorda: “A proclamação paulino-reformadora da justifi cação [serve], dc fato, como uma interpretação central da Palavra de Deus...”12" O aluno de Kãsemann, W, Schrage, também salienta o mesmo ponto de Kãsemann. Para Schrage, “iustificatio impii (Rom. 4:5) é o centro e o tema-chave da proclamação e da teologia paulinas” .l2'-’ Ele encontra seu eco tam bém cm outras parte s do NT, tal como nas ditas epístolas dêutero-paulinas, I Pedro, I João e no Apocalipse.130 Chega-nos de U. Luz uma reação indireta à “ fórmula teológica” da justificação dos ímpios como o centro do NT, até mesm o de toda a Bíblia. Ele argumenta pela “teologia da cruz (theologia crucis) como o cen tro do Novo T es tam en to” . 131 Luz acha que os teólogos do NT da “teologia da cruz" são, p a r exce.Uen.ce, M arcos e P au lo ,1'12 mas que outros documentos, como o Quarto Evangelho, o Apocalipse, He breus,133 I P ed ro ,134 e possivelm ente outros, a contêm. As seguintes palavras resumem a proposta de Luz: A teologia da cruz (1) entende a cruz como o fundamento da salva ção, num sentido exclusivo, com o qual todos os outros eventos da 124 125 126 127 128
129 130 131 132 133 134
F. 405 . P. ,170. P. 405. I b id . W. Joest, “Die Frage des Kanons in der heutigen evangelischen Theologie", Wux hei.ssi Auslegung der Heihgen Schrifi? eds. W. Joest, F. Mussner. a ut. (Regensburg, 1966), p. 198; idem. “Erwiigungen /ur Kanonisehen Bedeuuing des Neuen T estaments” , D a s N eue Testa m enrx u h K a n o n . p. 258-281, esp. p. 276. Schrage, “Die Frage nach der Mitte und dem Kanon im Kanon des NT”, p. 440. P. 441. U . Lu/., “T heologia crucis ais M iue der Th eologie des Neuen Testam ents" E vT h 34(1974), p. 116-141. P. 121-131, sobre Paulo, e p. 131 -139, sobre Marcos. P. 118. P. 128.
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salvação (isto é, a ressu rreição, a paro usia) estão relacionados e são com preend idos... (2) considera a cruz de Cristo o ponto de pa r tida p ar a a teologia no sentido de que não existe n en hu m a d outrina de Deus indepen dente da d ou trina da cru z... (3) a cruz deve ser e n tend ida como o ponto de orientação para a teologia, de onde se ori ginam os pontos de pa rtid a p ar a a antropologia, a filosofia da H is tória, a eclesiologia, a ética, e tc .135 Luz inicia sua busca do centro do NT com Paulo, mas chega a um aspecto cristológico diferente de Kã sem ann e de seus seguidores. O NT é cristocêntrico. E sta cristocentralização tem um a variedade de aspectos interligados. A ênfase exclusiva sobre um ou outro aspecto corre o risco de minimizar ou maximizar um em detrimento do outro. Os vários aspectos precisam ser cuidadosamente investiga dos, expostos e vistos em relação a cada um dos outros. F. Mussner observa que “ a do utrina pau lina da justificação revela imed iatamente que a iustificatio impii pela graça sozinha se baseia n a morte exp iató ria substitutiva de Jesus na cruz, em que a justiça redentora de Deus ‘se revela’ no ‘agora’. A justificação do homem é, na visão do apóstolo, fundamentada num factum historicum” .136 E. Lohse, como teólogo luteran o, não está menos interessado do que Kãsem ann e seus seguidores no conceito da justificação . Ele recorre ao próp rio Lutero, a fim de sustentar sua conclusão de que “a doutrina a respeito da justificação tem que se fundam entar somente na cristo logia ” .137 H. Diem se opõe, baseando-se em outros fundamentos. A justificação não é mais que um aspecto parcia l da Bíblia, por intermédio do qual outros aspectos são inju stam ente critic ad os.138 Não se chegou a nenhum consenso a respeito da questão do centro do Novo Testamento. As razões são muitas, como já demonstrou a discussão do debate. Devemos dar uma parada, para algumas considerações básicas. Tem-se observado incessantemente que um dos propósitos da busca do centro do NT é proporcionar uma base para sua unidade, por um lado, e para a exposição sistem ática ou estrutura de uma teologia do NT, por outro. Parece que a erudição do NT está, neste ponto, no controle de um a pressuposição especulativa teológica e filosófica, que declara que o material multiforme e múltiplo do NT, em toda sua rica multiplicidade, se adaptará e poderá ser siste m aticam ente ordenado e organiz ado por intermédio de um centro. Aqui emerge uma das questões fundamentais para a tarefa da teologia do NT. Poderá algum centro do NT ser suficiente 135 136 13"7 138
P. 115Mussner. “Die Mitte des Evangeliums in ntl. Sichi". p. 282. Loh se, {jrundriss der neutesiantentlichen Theologie , p. 14. H. Diem, “Die einheit der Schrift", E vT h 13 (1953), p. 391 es., 3^7 e 400.
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mente amplo, e, portanto, adequado para elaborar uma sistematiza ção do material do NT numa unidade estrutural formulada? O fato da proliferação dos centros propostos para o NT indica que isto não parece possível. Tornou-se evidente que mesmo os centros mais cuidadosamente elaborados, seja na forma de um esquema, fórmula, conceito, tema ou idéia, mostraram-se finalmente unilaterais, inade quados e insuficientes, e, portanto, levam, inevitavelmente, a con cepções errôneas qu an to à variedade, m ultiplicidade e riquez a do NT. O fenômeno do número constantemente crescente de novas sugestões para o que constitu i o centro do NT e como esse aum ento contrib ui para se escrever um a teologia do NT é, em si, um a testem unha oral da evidente ineficácia dos respectivos esquemas, fórmulas, concepções, temas ou idéias para a tarefa em questão. Com base nestas inegáveis limitações dos vários centros, alguns teólogos têm ap rese ntad o outros, mais longos em definição e/ou maiores em escopo. Pode-se dizer que até mesm o a “ histó ria da salvaçã o’’ se esticou pa ra além de seus limites no que se refere à sua capacidade de servir como um guardachuva, sob o qual pode-se con duzir a riquez a de todo o NT, Não estamos negando a legitim id ade da busca de um centro do NT (ou do AT). Mas, como estamos negando que qualquer estrutura externa baseada em categorias de pensamento alheias ao NT (ou à Bíblia) possa ter permissão para se sobrepor ao pensamento bíblico, isto é, ao esquema Deus-Homem-Salvação (Teologia-AntropologiaSoteriologia) emprestado da dogmática, estamos também convenci dos de que nenhum centro do NT (ou da Bíblia) é suficientemente amplo, profundo e vasto para fazer justiça ao todo do NT canônico quan to à sua capacidade de servir como princípio organizad or. A bu s ca do centro do NT (e do AT), se baseada nos mais profundos teste munhos bíblicos, é totalm ente justificável. P arece-nos inegável que o NT seja cristo cêntric o do início ao fim. Jesus Cristo é o centro dinâmico unificador do NT. A atividade salvadora graciosa de Deus revela-se na vida e na ação, no sofrimento, na morte e na ressurreição, bem como no ministério celestial de Jesus Cristo. Jesus Cristo é o prin cíp io , o meio e o fim do NT. A cristo centralização do NT não pode se transform ar num a estrutura com base em que um a teologia do NT possa ser escrita.
C. O Centro do NT e o Cânon Dentro do Cânon O atual debate a respeito do centro do NT está intim am ente ligado ao problema da crítica do cânon. A discussão anterior revelou que a questão do centro do NT está entrelaçada com a questão do “cânon dentro do cânon”. Não é nosso propósito aqui fazer uma retrospectiva 12 8
da rica litera tu ra que existe sobre este a ss u n to .139 Tem os observado diversas vezes que o centro do NT é freqüentemente usado como fita métrica para se distinguir o que é e o que não é o verdadeiro evangelho. O problema não é absolutamente novo, pois o princípio luterano “was Christum treibet” implica o critério do “cânon dentro do câ non ” 1,10 e é um a chave entre as origens da “ crise do cân on no protestantism o m oderno” . MI É surpreendente observar que os eruditos modernos de confissão (luterana), todos fortemente comprometidos em sua utilização do método histórico-crítico e também comprometidos com o princípio do “cânon dentro do cânon”, são incapazes de concordar em qual é este centro do NT que deve fun cion ar como “um câno n d entro do cânon ” . Vimos que alguns deles, por exemplo, argumentam pela “justifica ção dos ím pios” (K ãsem ann, Joest, Schrage)142 ou pela “ teologia da cruz ” (L uz) ,143 e outros ex traem seus critérios críticos da m ensagem do Jesus histórico (Jeremias) ou de um a com binação da mensagem de Jesus com o mais antigo que rigm a (Küm m el, M arx sen )144 ou a pa rtir 139 Em acréscim o aos vários ensa ios já citad os na nota n .° 1 deste cap ítulo, os segu in tes estudos, desde 1965, são particularmente significativos: R. M. Grant, The For m a tio n o f th e N ew T e sta m e n t (New York, 1965); R. L. Morgan. "Let's Be Honest about the Canon: A Plea to Reconsider a Question the Reformers Failed to Answer”, Christian Century 84 (1967). p. 717-719; A. C. Sundberg, "Toward a Revised History of the New Testament Canon", Studia Evangélica 4 (1968), p. 452-461; idem, “Canon of the NT", I D B Su p. (1976), p. 136-140; C. S. C. W illiam s, “T he History of the Text and Canon of the New Testam ent to Jeromc", C a m b r i d g e H i s to r y o f th e B i b l e, ed. G. W . H. Lampe (New York, 1969), II, p. 27-53; E, Kàmann, ed,, D as N eu e T e sta m e n t ais K a n o n (Gõttingen, 1970); K.-H. Ohlíg, Wuher nimtnt die Bibel ihre Autoritàt? Zum Verhaltnis von Schriftkanan, K irche und Jesus (Düsseldorf, 1970); I. Frank, D er Sin n d e r K a m m b ild u n g (Freiburg, 1971); E. Kalin, "The Inspired Community: A Glance at Canon History", Cancardia Theological Monthly 4 2 ( 1 9 7 1 ) , p. 541-549; H. F. von Campenhausen, D ie E n tste h u n g d er ch ristl ic h en B ib e l (Tübingen, 1968). Trad. ingt. The Fortnation o f the C hristian B ible (Filadélfia, 1972); H. Burkhart, “Grenzen des Kanons — Motive und Masstãbe”, Theologische Beitrãge 1 (1970), p, 153-160; G. M aier, " Kan on im K anon — oder die ganze Schrift?" Theologische B eitrã g e 3 (1972), p. 21-31; D. E. Groh, “H. von Campenhausen on Canon. Positions and Problems", In te rp re ta tio n 28 (1974). p. 331-343; 1. Barr, The Bible in th e M o d e m W o r ld (New York, 1973); D. L. Dungan, "The New Testament Canon in Recent Study”, I n te rp re ta tio n 29(1975), p. 339-351. 140 Ver K. Barth, "Das Schriftprinz.ip der reformierten Kirche”, Z eic hen d e r Z e it 3 (1925), p. 223; H. Strathmann, “Die Krise des Kanons der Kirche”, D a s N T ais K a n o n s , p. 41, declara que Lutero descobriu, em Rom. 1:17, “um cânon dentro do cânon ” . Cullmann, Salvation in History , p. 297 e s. 141 Lõn ning, "Kan on im Kanon ” , p. 39-49. 142 Ve r, ac im a, o s n .,:,s 123 e 128 e s. 143 Ver, acima , o n .° 131. 144 W. G. Kümmel, “Notwendigkeit und Grenze des neutestamentlichen Kanons", D a s N T ais K a n o n , p. 62-97, esp. p. 94; e, acima, os n.°s 107-112; W. Marxsen. "D as Problem des neutestam entlichen K anons aus der Sícht des Exegeten", D as N T ais K a n o n s . p. 233-246. esp. p. 246.
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de determ dete rm ina do doss blocos de escritos (H. B ra u n ).1 ). 145 Este Es te fato evidente conduz a uma conclusão: “Qualquer seleção de critério [de unidade] destina-se destina-se a ser subjetiva subjetiva e a rb itr á ria .” 146 Ad Adm m ite-se, ite-se, na tura lm en te, que a busca busc a de um centro e de de um critério critério pa ra a unida de não deve deve ser confundida com um absolutismo de aspectos simples ou com idéias teológicas teológicas fav oritas.1 or itas.1447 M as ter-se-á que ad m itir tam bém que a su bje tividade com que se faz uma seleção a partir do todo e com base em que o todo está sujeito à crítica do conteúdo chama à questão a objetividade do método em si e todo o procedimento. O abrangente estudo de I. Lõnning de toda a questão do "cânon dentro do cânon”, a pa rtir da R eforma até o presente, que chega a conclus conclusões ões sem elhan tes às de seu professor Kâsemann, acrescenta a notável censura: “Não podemos transformar o ‘cânon dentro do cânon’ em um cânon.”148 O famoso famoso sistem sistem ata católico católico H. K üng. cuja posição posição teológica teológica é, em vários aspectos, semelhante à de Kãsemann, se opõe ao programa do “cânon dentro do cânon”, porque "não pretende nada além de ser mais bíblico do que a Bíblia, mais neotestamentário do que o NT, m ais evangélico que o evangelho e até m ais pa ulin o do que P au lo” lo ” .14 .149 Ele se opõe a um dado preentendímento com base em que se deve testar os espíritos... Paulo nunca aplicou o princípio do teste dos espíritos ao cânon do AT. Assim, não temos o direito de usar este pr p r inc in c íp io p a r a o c â n o n do N T . 1S0 E le o b s e r v a q u e t a l p r e e n te n d i m e n t o não se se fu nd am en ta no NT, mas na tradiçã o luteran a. Logo, Logo, pergun ta: “Não será essa uma posição para a qual não se pode oferecer razões que evitariam que outro erudito fizesse uma outra escolha, com base em um outro outro preentendimento tradicional para um outro outro centro, e assim encontrar apoio exegético para um outro outro eva e vang ngelh elh o? o?”” 151 F inal in al mente, qualquer fórmula, princípio, idéia, etc. que se transforme no centro do NT com base em que se em penh e na crítica crítica do cânon com o pr p r inc in c ípio íp io sele se leti tivv o do “ c â n o n d e n tro tr o do c â n o n ” é a “ a r b i t r a r i e d a d e subjetiva” subjetiva” , 152 porqu e “ um dado pre enten dim ento sobre a n ature za da
145 145 H. Braun, “H ebt die die heutige neutestam entlich-exegetische Forschung denKanon den Kanon auf ?" D a s N T a is K a n o n , p. 228 e s.; s.; cf ., acim a, o n.° 28 c s. 146 Cullmann, Salvation in History, p. 298. 147 147 D o m esm o m odo, corretamente, Schrage, “ D ie Frage nach de M itt ittee und dem Kanon im Kanon des NT", p. 418. 148 Lõnning, "Kanon im Kanon ", p. 271. 149 H. Küng. ‘‘Der Frühkatholizismus im NT ais kontroverstheologisches Problem”. D a s N T a is K a n o n , p. 175-204, esp. p. 192. 150 P. 190. 151 P. 191 (o grifo é dele ). 152 I b i d \ também H. Diem, Theologie ais Kirchliche Wissenchaft (2.3 ed.; Munique, 1957), p. 206.
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fé crista se lança de volta ao NT como um cânon crítico dentro do câ n o n ” . 153 O reducionismo inevitável é outra restrição feita a respeito de um centro que sir sirva va co como mo “ cânon de ntro do cân on ” , empregad o com o pr p r o p ó s ito it o d e u m a c r ític ít icaa ou c r ític ít ic a do c â n o n . 154 O N T c o n s ide id e r a d o como um todo contém “ a verdade em sua p le n itu d e ''.15 ''.155 O princípio princípio do “cânon dentro do cânon" não pode fazer justiça à totalidade do NT. N T. Q u a l q u e r c e n tro tr o d e s tin ti n a d o a e ste st e p r o p ó s ito it o te n d e e m d ire ir e ç ã o a uma concentração em um único aspecto. “Em que consiste essa conc entração ? Consi C onsiste ste no redu cion ism o.” ' 54 Este é o caso caso por que está está base ad a num p rocesso de sel seleçã eção. o. K üng arg a rgum um en ta que a seleç seleção ão a partir da totalidade do cânon do NT leva a uma multiplicidade de denom inações e à heresia. Som ente q uan uando do se leva leva a sério sério o cânon do NT N T e m s u a t o ta l id a d e é q u e se p o d e e s p e r a r u m a i g r e j a . 157 O e r u d ito it o católico H. Schlier, ex-aluno de Bultmann, também tem reservas quanto à redução de todo o evangelho do NT por intermédio do “ cânon d entro do câno câ no n” . “ Se se deseja deseja preservar a posição posição d a fé de Lutero... então se é forçado a anular o cânon da Bíblia. A Bíblia é a Bíblia. Qualquer paulinismo maior ou abstrato... finalmente declara quase todo to do o co conteú nteú do d a Bíblia como não o b rig ató rio .” 158 Vários teólogos protestantes têm também levantado sérias questões a respeito do princípio de seleção como se revela ao conceito do “ cânon den tro do câno n” . E. Schweizer Schweizer observa observa que a Bíblia Bíblia é sempre “ Bíblia em fu nç ão ". Logo, Logo, ele rejeita o “c ân on de dentro ntro do câ no n ” . 159 As opiniões do sistem ata luteran o H. D iem e seu seu “ N ão” categórico categórico ao “ cânon câno n d en tro do câ n o n ” 160 ex exer ercit citara ara m vários eru ditos dito s do N T .10 .101 Semelhantemente, G. Ebeling recusa-se a afirmar “um cânon dentro do cân on ” . P ara ar a ele, ele, tal princ ípio corre o ris risco co de ser ser arb itrár io. Ele Ele fala de um a “ visã visãoo legal legal do câ no n... que se refere refere à un idade da Bíbli Bíbliaa como a unidade de um sistema doutrinário dogmático. Tal visão só po p o d e s e r lev le v a d a a efei ef eito to a té s u a c o n c lus lu s ã o lóg ló g ica ic a o u f a z e n d o - s e o q u e a Igreja Católica faz, a saber, recaindo na função hermenêutica da 153 154 155 156 1 57 158 159 159 160 161
Stock, E i n h e i t d e s N T , p. 70. H. Küng, D i e K i r c h e (Freiburg, 1967), p. 151. K. H. Sehelkle, D ie P e t r u s b r i e f e . D e r J u d a s b r i e f (2 .a ed.: Freib urg. 1964). p. p . 245. S t r u k t u re r e n d e r K i r c h e (Freiburg, 1962), p. 151; idem, D i e K i r c h e . p. 27. H. Küng, St Küng, "D er Frü hk atho li/ism li/ism us im NT ais ais kontroverstheologisches kontroverstheologisches Prob lem” . p. 188 es. H. Schlier, D ie Z e i t d e r K i r c h e ( 2 .0 e d .: Freibu rg, 1958), p, 311. E. Schweizer, “ K ano u? ” E v T h 31 (1971), p. 339-357, csp. p. 354 e s. Ver Ver particularm ente o seu “D ie Einheit der Sehrift” , p. 3 85-405 , e seu ensaio "D as Problem des Schriftkanon Schriftkanon s” . D a s N T a is K a n o n , p. 159-174. ai s K a n o u . p. 359-371; Ver. por exemplo, as reações dc Kiisemann, D a s N T ais e Schrage, "Die Frage nach der Mitle und dem Kanon im Kanou des NT", p. 421 424. Um bom resumo da posição de Diem é oferecido p o r Stock, E in h e it d e s N T , p. 36-38 e 100-11 2. incluindo reações de protestantes e católicos. católicos.
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tradição ou, de maneira aparentemente arbitrária, estabelecendo um cânon den tro do câno n na form a de um corpo de escrit escritos os específ específico ico ou ou de uma do utrin a específ específica ica,, como pad rão de crítica” crítica” . '62 '62 Ebeling faz esta sugestão porque nenhuma tradição única da diversidade e da variedade do NT “pode ser apontada como a traditum tradentum [tradição a ser passada adiante]; mas é isto que aponta para o fato decisivo de que o conteúdo da traditum tradendum c... a própria pe p e s soa so a de J e s u s c o m o P a la v r a de D e u s e n c a r n a d a , d a n d o s u a autorida au torida de ao ev an ge lho ...” 163 G. M aier está entre os vários vários críticos críticos do princíp io do “cân on dentro do câ no n” . Seu Seu assunto princ ipal é o fracasso da busca de “ um cânon dentro do cân on ” . Ela duro u duzentos duzentos anos. ma s fracassou, fracassou, pois pois se se ba b a s e ia n u m a s u b je tiv ti v id a d e d e s c o n tro tr o la d a . N ing in g u é m foi fo i c a p a z d e convencer o que seria tal “ cânon cân on de dentro ntro do cân on ” .16 .164 A variedade de problemas que os eruditos têm apontado em suas discussões sobre o centro do NT, entre eles a que funciona como “cânon dentro do cânon” e que serve como princípio material da crítica do cânon, são aparentemente insuperáveis. Uma abordagem da teologia do NT que procura ser adequada à totalidade do NT não po p o d e s u s t e n t a r a a r b i t r a r i e d a d e ( K ü n g , E b e lin li n g , D iem ie m ) , a s u b jeti je tivv i dade (Cullmann, Maier) e o reducionismo (Küng) inerentes na escolha escolha de um p rincípio seletivo seletivo na form a de um centro seja seja de fora for a da Bíblia (tradição) ou de dentro dela, na base em que são feitos os juíz ju ízoo s de v a lor lo r a r e s p e ito it o do c o n te ú d o d a B íbli íb liaa co com m o u m tod to d o o u e m suas partes. Poderá a natureza auto-autenticatória do NT e da Bíblia como um todo166 ceder espaço a um princípio seletivo ou externo como co mo sua norm a?
162 G. Ebeling, Th T h e W o r d o f G o d a n d T r u d i t it it m (Filadélfia, 1968), p. 144. 163 P. 146. A questão a ser levantada, entretanto, 6 se o conteúdo do NT permanece aberto aberto por causa da ênfase sobre sobre a “Pessoa Jesus” . Ver Ver tam tam bém Stoek. E in h c i i d e s N T , p. 24-28 e 82-88. 164 ü. Maier, “Kanon im Kanon — oder die ganze Schrift?”, p. 21-31; idem, D a s Ende En de,, d e r h i s lo r is c h - k r it i s c h e n M v t h o d e (2.a ed.; Wupperhd. 1975). p. 10 e s. e 44. Trad. ingl. T he h e E n d o f l h e H k t o r i c a l C r it i t ic ic a ! M e i h n d (St. Louis, 1977). p. 12 e ss. 165 Ver F. M iklenberg er, ‘' l he U nity, Tru th and Validitv of lhe B ible’', In I n t e r p r e i u tin ti n n 29(1975), p. 391-405. esp. p. 399.
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4 A Teologia do N T e o A T A teologia do NT se separou da teologia do AT desde 1800, quando o primeiro dos quatro volumes da Bib lische Theologie des Nenen Testamento, de Georg Lorenz Bauer, foi publicado. Embora alguns poucos livros, tratando de am bos, o AT e o NT, te nham sido publicados nos últim os anos, com o título de “ Teologia Bíblica” , 1 não se trata de falta de interesse no assunto da relação entre os T esta m entos.2 G. Ebeling nos faz lem brar novam ente que tem-se que 1 Ver M. Burrows, A n O u tlin e o f Bíb li ca! Th eolo gy (Filadélfia, 1946); G. Vos, B ib lic a l T h eology (Grand R apids, M ich., 1948); J. Blenkinsopp , A S k e tc h b v o k o f B ib lic at T h eology (Londres, 1968). 2 Ver os seguintes estudos em acréscim o aos dos n .°s 70 e 80, abaixo: A . A . van Ruler, The Christian Church and the OT, trad. de G. W. Bromiley (Grand R apid s, M ich ., 1971); S. Am sler, L ' A T dan s Vég lise (Neuchâtel, 1960); J. D. Smart, T he I n t e r p r e t a t io n o f S c r ip t u r e (Filadélfia, 1961); P. Grelot, Sens ch rétien d e l ' A T ( T ourn ai, 1962); B. W. A nderson , ed ., T h e O T a n d C h r is ti an F a it h (New York, 1963; daqui para a frente citado como O T C E ) ; C. Westermatin, T h e O T a n d J esu s C hris t (Minneapolis, 1970); R. E. Murphy, “The Relationship Between the Testaments1’, C B Q 26 (1964), p. 349-359; "Christían Understanding of the OT", T h e o l o g y D i g e s t 18 (1970), p. 321 e s.; F. Hesse, D as A T ais B uch d e r K irch e (Giitersíoh, 1966); K. Schswarzwãller, D as A T i n C h ris tu s (Zurique, 1966); “D as Verhãltnis AT -NT im Lichte der gegenwãrtigen Bestim m ung en” , E vT h 29 (1969), p. 281-307; P. Benoit e R. E. Murphy, eds., H ow D oe s th e C hris ti an Con fr o n t th e O T ? (New York, 1967); A. H . J. G unn ew eg, "Ü ber dic Prãd ikabilitãt alttestam entlicherTexte” . Z T h K 65 (1968), p. 389-413; N. Lohfink, The Christian M e a n in g o f th e O T (M ilwa ukee, 1968); H. D . Preuss, “D as AT in der Verkündigung der Kirche” , D eu tsch es P fa rre rb la tt 63 (1968), p. 73-79; Kraus, D ie b i blisch e Th eologie , p. T93-305; E. CFDoherty, “The (Jnity of the Bible*', The Bible T o d a y 1 (19 62 ), p. 53-57; C. Larcher, L 'A c tu a litê ch rêtien n e d e VAncie n T e sta m e n t d 'a p res le N o u vea u T esta m e n t (Paris, 1962); W. Neil, “The Unity of the Bible", T h e N e w T e s t a m e n t in H i s t o r ic a l a n d C o n t e m p o r a r y P e r sp e c t iv e , E s sa y s i n M e m ory o f G. f í . C. M a c g re g o r , eds. H. A nderson e W . Barclay (Ox ford , 1965), p. 237-259; Stock, E in h eit d es N T , p. 160-170; P. A. Verhoef, “The Relationship Between the O ld and New T estamen ts”, N ew P e rsp e c tiv es on th e O ld T e s ta m e n ts , ed. J. B. P&yne (W aco/L ond res, 1970), p. 208-303; F. Ha hn, “ Da s Problem ‘Schrift und Tradition' im U rchristentum ” , E vT h 30 (1970), p. 449-468; F. Lang, “ Christuszeugnis und biblische T heologie” , £V Th 29(1969), p. 523-534; H. Gese, “E rwágungen zur Einheit der biblischen T heo logie” , V o m S i n a i z u m Zi o n (Muni133
estudar a interligação entre os Testamentos e “tem-se que fazer uma avaliação do entendimento da Bíblia como um todo, isto é, acima de todos os prob lem as teológicos que surgem da investigação da unidade interna do m últiplo teste m un ho da Bíblia’'.3 As reflexões teológicas fundamentais do erudito do NT de Tübingen, P. Stuhlmacher, levam-no a afirmar que a teologia bíblica do NT “pode c deve estar aberta ao Antigo Testamento como o fundamento decisivo da forma ção c da tradição do Novo Testamento " .AEstas observações levantam a questão da continuidade e descontinuidade e se 16 somente do AT ao NT, ou do NT retornando ao AT, ou recip rocam ente do AT ao NT e do NT ao AT. O que é básico ao total da questão não é meramente uma articulação do problema teológico da inter-relação entre os dois Testamentos, mas também uma investigação da natureza desta união e desunião, seja ela uma linguagem, forma de pensamento ou conteúdo. A fim de facilitar nossa tentativa de estudo das questões aí envolvidas, podemos limitar-nos a discutir as tentativas recentes consideradas significativas para a luta com as questões relacionadas ou que refletem os mais importantes posicionamentos neste século. A. Padrões de Desunião e Descontinuidade No século II apareceu M arcion,5 que, sob o im pacto do gnosticismo,6 ace ntu ou a total d esunião entre o AT e o NT, entre Israel e a Igreja, e enlre o Deus do AT e o Pai de Jesus. O Deus do AT era o Demiurgo-Criador, um Deus da lei inferior, vingativo, que não tem nada a ver com o Deus do NT , que é o Pai de Jesus, um Deus de amor, graça e misericórdia. Assim, Marcion rejeitou completamente as Escrituras Hebraicas (AT) e também qualquer coisa no NT que se aproximasse das Escrituras Hebraicas (AT) ou de seu pensamento, conforme entendido por ele. Isto levou o cristianismo a tratar da questão de o que é a verdade cristã e a decidir-se a respeito da questão do cânon . que, 1974), p. 11-30; H. Gross e F. Mussner, "Die Einheit von Altem und Neueti Testament” In tern a tio n a le k a th o lisc h e Z e itse h rift 3 (1974), p. 544-555; F. C. Fensham, “The Covenant as Giving Expression to The Relationship Between Old and New Testament’’, 'Tyndale Bulletin 22(1 97 1), p. 82-94; J. Sanders, Torali und Canon (2.a ed.; Filadélfia, 1974); idem, “Torah and Christ", In terp r eta tio n 29 (1975), p. 372-390. 3 G. Ebeling, W o r d a n d F a i th (Filadélfia, 1963), p. 96. 4 P. Stuhlm acher, S c h r i ft a u s le g u n g a u f d e m W e g e z u r b ib t is c h e n T h e o lo g ie (Gõttingen, 1975), p. 127. 5 A. von Harnack, M arcio n , D a s E va n g eliu m vom fr e m d e n G o it (2.a ed.; Leipzig. 1924); J. Knox, M a rc io n a n d th e N ew T e sta m e n t (Chicago, 1942); E. C. Blackmaij, M a rcio n a n d H is In flu en ee (Londres, 1948). 6 R. M. Grant, A S h o rt H isto ry o f th e In te rp r e ta tio n o f th e B ib le (2.a ed.; New York, 1966), p. 60-65.
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1. Siipervalorização do N T / Desvalorização do A T . Existiu duran te muito tempo no cristianismo uma tendência marcionista, com a superioridade do todo ou de partes principais do NT, e ela se refletiu cm A. von Harnaek (1851-1930), cujo famoso tema se resume nesta Frase amplamente divulgada: “Ter deixado de lado o Antigo Testa mento no século II foi um erro que a Igreja corretamente rejeitou; havê-lo retomado no século XVI foi o fato que a Reforma não foi capaz de evitar; porém mantê-lo ainda após o século XIX como docum ento canônico d entro do protestantism o é conseqüência de um a paralisia religiosa e eclesiástica” .7 A mesma tendência m arcio nista está evidente em Friedrich Delitzch (1850-1922), que foi uma figura importante na controvérsia Babel-Bíblia no começo deste século.s "Em raras ocasiões foi o Antigo Testamento sujeito a ofensa mais grave do que neste livro [The Great Deception].''9 O grande erudito do NT Emanuel Hirsch publicou um estudo sobre The OT and the Preaching o f the N T em 1936, em que enfatiza a diferença fundamen tal entre o AT e o NT, na qual ambos os Testamentos são vistos num perm anente “ conflito antitético” .10 Em bora Hirsch não dispense o AT do cânon cristão, seu acento recai distintamente sobre uma descontinuidade radical. H.-J. Kraus observa que “deve-se perceber com surpresa que Rudolf Bultmann, em seus ensaios sobre o Antigo Testamento, procura uma solução para o problema bíblico ao longo das mesmas diretrize s” .11 Não é tã o im portante se a postura negativa de Bultm ann a respeito do AT deve-se ou não à de clara ção da tendência m arc ion ista12 den tro dele. O im po rtante é que ele busca um a conexão entre os Testam entos no curso factua l da H istó ria.1-1 M as B ultm ann de term ina esta conexão de tal modo que a história do AT é uma história de fracasso. A apli cação da distinção luterana entre lei/evangelho e um tipo moderno de cristo m onism o'4 leva-o a ver o AT como um “ nau frág io f Scheitern] 7 8 9 !0
Von Harnaek, M a rcio n , p. 221 e s. F. Delitzsh, D ie G rosse Tau sch u n g , 2 vols. (Stuttgart, 1920-21). J. Bright, T he A u t k o r ii y o f t h e O l d T e s ta m e n t (Nashville, 1967), p. 65. E. Hirsch, D as A lte T esta m e n t u n d die P re d ig t d e s E van geliu m s (Tübingen, 1936), p. 27. 59 e 83. 11 H.-J. Kraus, Geschiehte der historich-kritischen Erforschung des Alten Testa m e n ts (2 .a ed.; Neukirchen-VIuyn, 1969), p. 431 e s. 12 J. Bright, T he A u t h u r it y o f t h e O T , p. 69-72; E. Voegelin, “History andünosis”, O T C E , p. (>4-89. que chama Bultmann de pensador gnóstico. C. Michalson, “Is the Old Testament the Propaedeutie to Christian Faíth?" O T C F , p. 64-89, defende B ultmann fervorosamente contra tal acusação. 13 Bultmann . “ Prophecy and Fulfillm ent” , E ssays on O T H e rm en eu tics, ed. Clatis Westermann (Richmond, Va.. 1963), p. 73 (daqui para a frente citado como E O T H ). Cf. J. Barr, “The Old Testament and the New Crisis of Biblical Authority” , I n te rp re ta tio n 25(1971), p. 30-32. 14 Bultmann, in E O T H , p. 50-75; e O T C F , p. 8-35. Ver a crítica de G, E. Wright, em T he O T a n d T h e ol og y (New York, 1969), p. 30-38.
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da História”, que somente através deste desastre se transforma numa espécie de p ro m es sa .'5 “ P ara a fé cristã, o Antigo Testam ento não é mais revelação, como o fora e ainda é par a os ju d eu s." Pa ra o cristão, “ a história de Israel n ão é a histó ria da rev ela çã o".16 “ Assim, o Antigo Testam ento é a pressuposição do N ov o" ,'7 nad a m ais, nada menos. Bu ltm ann argu m enta pela completa descontinuidade teológi ca entre o AT e o NT. O relacionamento entre os dois Testamentos “ não é teologicamente relevante em a b so lu to ".18 Não obstante, esta história tem, segundo ele, um carátcr promissor precisamente por que, com o fracasso das esperanças concentradas no conceito da promessa divina, no fracasso da autoridade de Deus e seu povo, torna-se claro q ue “ a situação do hom em justificado só se ergue com base neste naufrágio \Scheitem ] ’’ E m resp osta a este p osicio na mento, Walter Zimmerli perguntou corretamente se para o NT “as esperanças e a história de Israei são realmente simplesmente frus trad as ” . “ Não haverá cum prime nto aqui, mesmo em meio a fru stra ções?” Ele reconhece claramente que o conceito de fracasso ou frustração transforma-se no meio pelo qual Bultmann pôde “elevar a mensagem de Cristo puramente para fora da História, na interpreta ção e x is te n c ia l..Z im m e rli sugere, não sem razão, que o conceito de uma pura quebra da história de Israel tem que, necessariamente, levar a uma concepção a-histórica do evento de Cristo, a saber, a um “ novo mito de Crislo” .20 Ele assinala que h á um aspecto da f ru stra ção presente mesmo no AT, onde os próprios profetas rendem teste munho à libertação de Javé, para “legitimamente interpretar sua promessa através de seu cum prim ento , e a in terpretação [por Javé] pode estar cheia de surpresas, até mesm o para o próprio profeta” .21 W. Pannemberg observa que a razão por que Bultmann não encontra continuidade entre os Testamentos "está certamente ligada ao fato de ele começar com as prom essas e sua estrutu ra, que p ar a Israel eram o fundamento da História... promessas que assim perseveram precisa mente na m u d an ça ".22 A convicção de Friedrich Baumgãrt^l partilha com Bultmann a ênfase sobre a desco ntinuidad e entre os Testam en tos.2,1 Mas Baum15 Bultmann, E O T H , p. 73: "...o naufrágio da História se deve, na realidade, a uma promessa.” Ver, sobre isto, Barr, O l d a n d N e w in I n t e r p r e t a ti o n , p. 162 e s. 16 Bultmann, E O T H , p. 31. 17 OTCF, p. 14. 18 P. 13. Cf. a crítica de W esterm an n, m E O T H , p. 124-128. 19 Bultmann, E O T H , p. 75. 20 ‘‘Promisse and Fulfillment’’, E O T H , p. 118-120. 21 P. 107. 22 Pannenb erg, “R edem ptive Event and History", E O T H , p . 325 e s. 23 F. Baumgartel, Verheissung. Zu r Frage des evangelischen Verstándnisses des A lte n T e sta m e n ts (Gü tersloh, 1 952), p. 92.
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yftitel não consegue seguir a tese bultm an nia na de um fracasso total. F!r supõe um “pacto básico [Grundverheissung]” eterno.24 Todas as pio m essas (promissiones) do AT “ não tem realm ente nenhum a relevflin in para nós” ,25 exceto a etern a pro m essa básica {promissum): “Eu si H1 0 .S enhor teu D eu s.” 26 Ele ab an do na com pletam ente a prova d ap ro fç< t.i nm io inaceitável p ara nossa consciência histó rica. Além disso, H>nini)>;tvtel vê o sentido do AT apenas no que su a “ histó ria da salvação drMislrosa” exemplifica o cam inho do hom em sob a lei. Como tal, o AT
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Hesse pron un cia as mais adeq ua da s restrições teológicas ao AT, com base em que certo s dados históricos suposta m ente não combinam com os fatos.38 Logo, o AT só pode ter algum significado para os cristãos ac ena ndo em direção à salvação que se enco ntra no N T .39 A crítica contra Baumgârtel também se aplica a Hesse. Não será suficiente, como aconteceu tantas vezes no caso de F. D. E. Schleierm ache r40 e ainda acontece com B au m gâ rtel41 e Hesse,42 discu tir os ar gum entos do NT, de cum prim ento da profecia, exceto como um a apo logia antijuda ica, relevante a pen as pa ra o período do N T .43 Ê um erro acreditar, como Bultmann, que o significado da “prova da Bíblia” tem como propó sito “ prov ar” o que só pode ser alcançad o p ela fé ou abordar e criticar o método de citações do NT do ponto de vista da m oderna crítica liter ária .''4 Con tra esta posição limitad a, deve-se sustentar que as citações do NT pressupõem a unidade da tradição e indicam palavras-chave e temas e conceitos de importância, a fim de record ar um contexto mais am plo dentro do AT. 2. Desvalorização d o N T / Supervalorização do A T . Do outro lado do espectro estão as tentativas que postulam uma desunião ou descontinuidade entre os Testamentos, supervalorizando o AT, em detrimento do NT. Alguns eruditos transformam o AT em todoimportante teológica e historicamente. O falecido dogmatista holan dês A. A. van Ruler tentou colocar o AT em um nível superior ao do NT, no que diz respeito ao pensam ento e doutrina cristãos. A tese de van Ruller se resume nestas frases: “O Antigo Testamento é e perm anece a verdadeira B íblia” .45 O NT nada m ais é que o seu “glossário explanatório [Wõrterverzeichnis]’’.46 Em dialética estrita, “o Novo Testamento interpreta o Antigo Testamento, do mesmo modo que o Antigo o Novo” .4’ O interesse ce ntral em toda a Bíblia não é a reconciliação e a redenção , m as o reino de De us. Po r isso o AT é de especial importância; traz legitimidade, fundamentação, inter preta ção, ilustração, histo ricid ade e escato lo gicid ade.48 Van Ruler, desse modo, reduz a relação entre os Testamentos ao denominador
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P. 293-299. P. 313. The Christian Faiih (2 vo)s.; New York, 1963). Verhnissung, p. 75 c ss. D a s A T ais B u rh d e r K ir c h e , p. 82 e ss. Pannenberg. E O T H , p. 324. Bultmann, E O T H , p. 50 -55 e 72-75. Van Ruler, The Christian Church and the O T , p. 72. P. 74, nM 5. P. 82. P. 75 98.
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espiritua l único do reino de Deu s,49 lendo o AT u nilateralm en te, sem reconhecer a d iferença en tre teocracia e escatolog ia.50 Em vista da superioridade dada ao AT por van Ruler, cabe aqui considerarmos um ponto importante em seu argumento. No seu segundo capítulo é tra ta d a a seguinte questão: Será que o AT sozinho já vê Cristo? Ao tra ta r desta questão, van Ruler é essencialm ente crítico iti uatura. Dá proeminência ao que enfatiza a descontinuidade entre os Testamentos. Um dos pontos principais é que 110 AT o Messias é um homem, no NT, o próprio Deus; conseqüentemente, a deidadc de Cristo não pode se originar do prim eiro .’1 Um a das noções prin cip ais de todo o livro se resum e no seguinte enuncia do: “ Se posso dizê-lo em poucas palavras, Jesus Cristo é uma medida de emergência que Deus adiou o máximo possível (cf. Mateus 21:33-46). Logo, não temos que tentar encontrá-lo completamente no Antigo Testamento, muito embora como teólogos cristãos investiguemos o Antigo Testa men to em direção a D eu s.” 52 J. J. Stam m assinalou que van Ruler relata os fatos do AT inacurada e impropriamente, por causa do co ntraste .53 É correto que van Ruler leva em co nta somente a natureza do rei israelita, e não, ao mesmo tempo, a posição autoritá ria relacionada com o ofício. Se se toma em consideração também a natureza autoritária do ofício, “pode-se, então, certamente, dizer simplesmente que no AT e no NT o Messias é divino, ali, p e r adoptionem , aqui, ex origine”.5* Van Ruler não encontrou nenhum seguidor, ao chamar Jesus de meramente “uma medida de emergên cia de De us". Outro teólogo sistemático holandês que tende a transformar o AT em tod o-im po rtante é K. H. M isko tte.55 Em bo ra com pare o AT com o NT, através do esquema le i/evangelh o, som bra/realidade e prom es sa/cu m prim ento, ele sustenta que o AT contém um “ excesso” contra o NT. O “excesso" do AT expressa-se em quatro pontos, sobre os quais o NT é praticamente silente: ceticismo, revolta, erotismo e política. Em bora a religiosidade e a ética do AT contenham elementos de alegria de viver, de apreciação dos bens mundanos, que parecem por demais atraentes ao homem moderno, a ética cristã, que sim ples mente estabeleceria os vários aspectos da teocracia ou costumes matrimoniais do AT como o padrão ao qual o homem moderno ou a Igreja teriam que se adaptar, sem compará-los com a cruz de Cristo, 49 50 51 52 53 54 55
P. 95-98. V erT h. C. Vriezen, “T heocracy and Soteriotogy” , E O T H , p. 221-223. Van Ruler, The Christian Church an d the O T, p. 51 e s. P. 69. J. J. Stam m , “Jesus Christ in the Old T estam ent", E O T H , p. 200-210. P. 208. K. H. Miskotte, When the Gòds are Silem (New York, 1967).
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evidentemente fracassaria em seu dever. Podemos concordar com a declaração de Th. C. Vriezen de que “a Cruz não é simplesmente um elemento da mensagem bíblica, mas uma fonte de luz no centro, que lança sua graç a sobre todos os outros ele m en tos.. ." 56 O erudito bíblico reformador W. Vischer se sobressai entre os teólogos bíblicos por sua adoção de uma abordagem cristológica completa do AT.57 Ele afirma que a Bíblia, inclusive o AT, tem que ser interpretada à luz de sua verdadeira intenção, seu tema verdadei ro. Este tema verdadeiro é Cristo: “A Bíblia é a Escritura Sagrada somente na medida em que fala de Cristo Jesus.”6* Vischer, logo, interpreta o AT por seu testemunho de Cristo. Ele acha que o AT oferece, em todas as suas partes, testemunhos de Cristo — não no sentido de que ele deva ser diretamente encontrado no AT, mas no sentido em que o AT, em todas as suas partes, aponta para ele e sua crucificação. Vischer explica que o AT nos diz o que Cristo é e o NT quem ele é.59 Se não entendermos o que o Cristo do AT é, nunca reconheceremos e confessaremos Jesus como o Cristo.60 Com base nestes princípios, Vischer oferece interpretações total mente cristológicas do AT. Ele afirma que o AT, como um todo, não só apon ta para Cristo e lhe dá testem unho , mas que em cad a m ínimo detalhe o olho do crente pode reconhecer Cristo. “Não entendemos um a única palavra em toda a Bíblia se não encon trarm os Jesus n esta palavra” .61 As pala vras “ H aja lu z" (Gên. 1:3) se referem à “gló ria de Deus na face de C risto” .62 O sinal de Caim , em Gênesis 4:15, é a cru z.6-’ O pa tria rc a Eno que e sua ascensão ap on tam p ara a ascensão de Jesus e anterior ressurreição.64 A profecia de que Jafé “habitaria nas tendas de Sem ” é cu m prida n a igreja dos gentios e dos ju deu s.65 Falando da Presença noturna com quem Jacó lutou no Jaboque (Gên. 32), Vischer pe rgu nta quem era essa pessoa e responde que era Jesus Cristo.66 Vischer tem sido alvo de muitas criticas, até de críticas injustas e desdenhosas. Ele acha que uma exegese puramente histórica do AT não é suficiente, pois faria do AT um documento de uma religião 56 Th. C. Vriezen. A n O u tlin e o f O ld T e s ta m e n t Theology (2,fl ed.; Newton, Mass..
1970), p. 98.
57 58 59 60 61 62
W. Vischer, T he W i tn e ss o f t h e O T to C h r i s t, 2 vols. (Filadélfia, 1949). Vo l. 1, p. 14. P. 7. P. 12 e 26 Vischer, conform e citado por W. Hertzberg, T h L Z 4(1949), p. 221. Vischer, T h e TViVflayj o f th e O T to C h r ist , I, p. 44.
63 P. 75 e s.
64 P. 87 e s. 65 P. 104 e s. 66 P . 1 53. 140
antiga e de pouca relevância aparente para os cristãos. Vischer é conhecido como um erudito extremamente competente, que insiste numa abordagem histórica e filológica da Bíblia.67 Há muitas coisas, na abordagem de Vischer, que não deveriam ser rejeitadas tão facilmente. Ao mesmo tempo, Vischer dá a impressão de que extrapolou em algumas limitações de sua abordagem, Ele escreve: “A história da vida de todos estes homens[do AT] são parte de sua Ide Jesus] história. Logo, são escritas com pouco interesse biográfico para com os indivíduos. O que está escrito sobre eles está, na realidade, escrito como uma parte da biografia daquele por intermé dio de quem e em direção a quem eles vivem.” 68 Parece que Vischer .sente-se numa posição de reconstruir uma biografia de Jesus a partir do AT. Se isto fosse possível, seria difícil perceber por que o AT fala em primeiro lugar de Abraão, Moisés, etc. Por que não fala logo de Jesus? Falaria dele apenas de uma forma misteriosa? Vischer inter pretava o AT consistente m ente ao lado do NT. Será que ele priv a o AT de seu próprio testemunho distinto? Não haverá também uma corrente de vida fluindo do AT para o NT? Não obstante, podemos concordar com John Bright que “Vischer certamente merece agrade cimentos por estar entre os primeiros a nos lembrarem que não podemos nos contentar com um a com preensão puram ente histó rica do AT , mas devemos ten tar vê-lo em seu significado cr istã o ".69 A tendência em direção ao marcionismo, com sua ênfase sobre a descontinuidade e a desunião entre os Testamentos, está totalmente presente em A. H arnack, que reivindicou a dispensa do AT, e em Friedrich Delitszch, para quem o AT era um livro não-cristão. Uma tendência marcionista atenuada manifesta-se em E. Hirsch, para quem os Testam ento s encontram -se num “ conflito antité tic o” entre si, e, em menor grau , em Bultm ann, B aum gãrtel e H esse.70 O extremo oposto transforma o AT em todo-importante histórica e teologicamente para os crentes. Aparece numa variedade de formas em van Ruler, Miskotte e Vischer. Em outras palavras, de um lado estão aqueles que acentuam a diversidade entre os Testamentos até o 67 Á metodologia exegética de Vischer foi recentemente dem onstrada claram ente em sou “La Methode de 1'exegese biblique", R evu e d e ih eolo g ie et de p h ilo so p h ie 10 (1960), p. 109-123. 68 W. Vischer, D ie B ed e u iu n g des A T f i i r das ch ris tlich e L eben (Zurique. 1947). p. 5. 69 Bright, The Au thority o f the O 7\ p. 88. 70 Os seguintes estudos criticam esta posição a partir de perspectivas bem diferen tes: U. Mauser, G o t t e s b i ld u n d M e n s c h w e r d u n g . E m e U n t e r su c h u n g z t i r E i n h c it d es A lte n und N enen T e sra m em s (Tübingen, 1971); G. Siegwalt, L e L o i. chemin du Su/u t. È iu d e su r ía xigni.fico.tion d e la kn d e T A T (NeuehâteL 1971); W. Zimmerli. D ie W eh lic h k e it des A T (Gõ ttingen, 1971); J, D . S m arí, The Stran g e S ilen ce o f th e B tb le in th e Church (Londres, 1970); J. Bright, T h e A u t h o r i t y o f th e 0 7 ’(Nashville, 1967), p. 58-79.
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ponto da tota l desuniã o e com pleta descontinuid ade entre o AT e o NT, enquanto do outro lado estão aqueles que supervalorizam o AT e relegam o NT a segundo plano. A ênfase cristológico-teocrática de van Ruler e Vischer, por exemplo, propõe dificuldades especiais, porque am plificam e eliminam virtu alm ente as m ultip licid ades de testemunhos bíblicos. Sofrem de um reducionismo da multiplicidade do pensam ento do AT, o que se torna sim plesm ente um pálido reflexo do Messias por vir. Aqui o brado, de certa forma agudo, do “cristomonism o” 71 tem um objetivo. G. E. W right, J. Barr e R. E. M urphy 72 enfatizam a ab ordagem trinitária, que vai ao encon tro das necessida des de delinear melhor a relação entre os Testamentos. Esta aborda gem preserva o sensus literalis do testemunho do AT e evita o desenvolvimento de um método hermenêutico baseado simplesmente no uso feito pelo NT dos textos do AT. Uma vez alcançado o verdadeiro significado de Cristo dentro do contexto da Trindade, pode-se, entã o, dizer que Cristo é o destin atário e, ao mesmo tempo, o guia para a verdadeira compreensão do AT. W. Vischer colocou uma vez a questão, que permanece critica: "Estará correta a inter preta ção que lê todo o A T com o um te stem unho do Messias Jesus, ou será que viola os escritos do A T? ” 71 L. G oppelt ap ontou par a o po nto critico com exatidão ao assinalar que “o tema de Cristo e do Antigo T esta m en to... é um a questão-chave pa ra a teologia como um todo ” .74 Nenhum teólogo cristã o pode evitar esta questão. B. Padrões dc Unidade e Continuidade No começo de nossa discussão, levantamos a questão a respeito de devermos ou não ler a partir do AT para o NT, ou do NT para trás, 71 WriglU. The O T und Thenlogy, p. 13-38. Ele protesta contra a resolução do con flito entre o AT e o NT em termos de um “Novo tipo de monoteísmo baseado em Cristo” ("Historical Knowledge and Revelation", U n d e r s t a n d i n g a n d T r a n sl a ti n g th e O T , p. 302). 72 Wrighl. IJndvrsiu ndin g a n d Tr un.síatinf: th e O T , p. 301-303: Barr, O l d a n d N ew in Inlerpretuiion , p. 151-154; Murphy, Theology D igesl (1970), p. 327. 73 C h r i s t i t s z v u g n i s . p. 32. Naturalmente. Vischer dá uma resposta afirmativa à questão. E le designa Jesus com o o “ significado oc ulto dos eserilos do A T" (p. 33). Em sen livro D ie H edeutu n g d e s A T f i i r d as ch ristlich e L eben (Zurique. 1947), p. 5, ele escreve: "Todos os movimentos de vida a que se refere o AT movem-se dele [Jesus] c em direção a ele. As histórias da vida de todos estes homens são parte da história de sua vida. Logo, são escritas com tão peq uen o interesse biog rá fico pelos indivíduos. O que se escreveu a respeito deles é, na realidade, pane da biografia daquele por meio de quem e para quem vivem." Isto significa que não poderíamos reconstituir uma biografia de Jesus a partir do AT. Se a posição de Vischer estivesse correta, seria difícil perceber por que o AT fala em primeiro lu gar a respeito de Abraão e Moisés. Por que não fala logo de Jesus e por que só fala dele de forma tão “ocu lta"? 74 L. Goppelt, T h e o lo g ie d es N T (Goitingen, 1976), II. p. 388.
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íiti- <1 AT, ou, reciprocamente, do AT para o NT e do NT para o AT. Muitos teólogos famosos têm-se dirigido a esta questão. Como exemplos, podemos citar H. H. Rowley, que nos lembra que o "Antigo Testamento olha continuamente para a frente, para algo ulóin de si mesmo; O Novo Testam ento olha con tinuam en te p ar a trás, liara o A ntig o".75 Dois dos mais famosos teólogos do Antigo Tes ta mento deste século têm afirmado que ambos os Testamentos ilumi nam um ao outro em suas relações mútuas. W. Eichrodt declara: "Hm acréscimo a este movimento histórico do Antigo Testamento para o Novo há um a corrente de vida que flui em direção inversa, do Novo Testa m ento p ara o Antigo. Este relacio nam ento reverso também esclarece o significado total do domínio do pensamento do Antigo Testamento.”7®Semelhantemente, G. von Rad acentua que o contexto m ais am plo do A T é o NT, e vice-versa.77 H. W. Wolff sugere que “ o significado total do Antigo Tes tam en to” é “ revelado no Novo T estam ento” .78 Estes estudiosos apontam p ara um a relação recíproca entre os Testamentos. H. H. Rowley lembra-nos que “existe uma unidade fundamental, de modo que, com toda sua diversidade, eles [os Testamentos] se pertencem um ao outro tão intima m ente que o Novo Testam ento n ã o - pode ser com preendido sem o Antigo, nem pode o Antigo Testamento ser compreendido totalmente sem o N ovo”.79 Está claro que a ênfase destes teólogos está colocada sobre as chaves internas, que abrem as portas de ambos os Testamentos. O AT parece um corpo sem membros sem o NT e o NT é um prédio que não tem alicerces sem o A T .80 Não é nosso propósito oferecer um esquem a amplo das várias linhas 75 H. H. Rowley, T h e U n i ty o f t h e B i b l e , p. 95. 76 W. Eichrodt, T h eo lo g y o f th e O l d T e s ta m e n t (Filadélfia, 1961), I, p. 26. 77 G. von Rad, O l d T e s t a m e n t T h e o l o g y (Edimburgo, 1965), II, p. 369 (daqui para {rente citado como Q T T ) \ "O contexto mais amplo dentro do qual temos que colocar os fenômenos do Antigo Testamento, se devem ser significativamente apreciados, não é, contudo, um sistema geral de valores religiosos e ideais, mas o limite de uma história específica, que foi posta em movimento pelas palavras e atos de Deus e que, como o vê o Novo Testamento, encontra sua meta na vinda de Cristo, Somente neste evento vale a pena procurar pelo que é análogo e compa rável. E é tão-somente neste modo de encarar o AT e o Novo Testamento que as correspond ências e analogias entre os dois aparecem sob luz próp ria.” 78 H. W. W olff, "The Herm eneutics of the Old T estam ent", E O T H , p. 181. 79 Rowley, The Unity of the B ible, p. 94 (o grifo é dele). 80 Entre os estudos ligados ao assunto da unidade dos Testamentos, os seguintes oferecem u m a contribuição especial, em acréscimo aos citados nas notas n .° 2 e 70 deste capítulo: A. S. B. Higgins, The Christian Significance o f the O T (Londres, 1949): P. Auvray et al.. L'AT et les chrétiens (Paris, 1951); F. V. Filson, ‘‘The Unity of the Q T and the NT: A Bibliographical Survey". I n te rp re ta tio n 5 (1951), p. 134-152: H. H. Rowley, The Unity of the Bible (Londres. 1953); D, E. Nineham, ed., T h e C h u r c h s U s e o f th e B i b l e (Londres, 1963); H. Seebass, "Der Beitrag des AT ztim Entwurf einer biblischen Theology", W a r t u n d D i e n s t 8 (1965), p. 20-49; H. Ca zelles, ‘‘Th e Unity of the B ible and the Peop le of God" , Scriptu143
de conexão para as quais a erudição bíblica tem apontado nas recentes discussões. Limitar-nos-emos aos padrõ es de u nidad e den tro da diversidade, que, em nossa opinião, são os que m ais se sobressae m e os mais promissores nas discussões acadêmicas atuais. Tudo isto reflete u m a reciprocidade essencial entre os Testam entos. 1. Conexão H istórica . Enquanto tentam chegar a um acordo na questão da unidade entre ambos os Testamentos, os eruditos geral mente enfatizam a natureza histórica da história essencial da Bíblia. A marca comum do AT e do NT é a história contínua do povo de Deus. O AT é visto como um a pre pa raçã o histórica pa ra o NT. A H is tória é proe m inente n a Bíblia. O interesse prim ário na Bíblia é a ação de Deus em nome da redenção de seu povo e suas nações. Assim, a unid ade entre o AT e o NT re sulta do fato de que a B íblia se pre ocu pa “ inteiram ente com Deus e com seu tratam en to com a h um an ida de ” 81 por meio de um e mesmo Deus trin o, que está presente e ativo na história do antigo Israel, em Jesus Cristo e na vida guiada pelo Espírito e testemu nho da Igreja do NT. Para o antigo Israel, esta história é o contato com o seu Deus. “A própria idéia de que a História é um processo com início, meio e fim é originária de I sra el.” 82 É o propósito e a vontad e de Deus que unificam o processo histórico. A carreira histórica de Israel ê conduzida pela vontade de Deus para cumprir seus desígnios. Estes desígnios são cada vez mais descobertos durante os tempos do AT e do NT. O Israel espiritual está em linha direta de co ntinuidad e com o Israel Temporal, estando o primeiro ligado ao segundo, comparti lhan do das m esma s m etas e objetivos. 2. Dependência Escriturai. U m a das ligações teológicas entre o AT e o NT são as citações no NT de passagens do AT. Vários teólogos se referem a esta conexão como “ prova esc riturai” .83 Tem -se enfatizado que a “idéia da prova é im po rtante po rqu e as citações estão colocadas no contexto de um argu m ento e são feitas como pa rte da prom ulgação re 18(1966), p. 1-10; F. N. Jasper, “The Relation of the OT to the New", E x p osi tory T im es 78 (1967/68), p. 228-232 e 267-270; F. Lang, ‘‘Christuszeugnis und biblische T heologie” , E vT h 29 (1969), p. 523-534; A, H. van Zyl, "The Relation Between O T and N T ” , H erm en eu tica (1970), p. 9-92; M, Kuske, D a s A T ais B uch mm C h risiu s (Gôttingen, 1971); S. Sidel, “Da.s A!te und das NT, Ihre Versehiedenh eit und E inhe it’’, T ü b i n g e r P r a k t is c h e Q u a r t a ls c h r i fi , 119(1971), p. 314-324; J. Wenham, Christ and the Bible (Chicago, 1972); F. F. Bruce, T h e N T D e v elo p m e n t o f O T T h e m e s (Grand Rapids, Mich., 1973); Harrington, T h e P a t h o f B ib lic a l T h eolo gy (Dublim, 1974), p. 260-336. 81 F. V. Fílson, “The Unity Between the T estam ents” , The Interpreter's One-Volu m e C o m m e n ta ry on th e B ib le (Nashville, 1971), p. 992. 82 J. L. McKenzie, “Aspects of Old Testament Thought", The Jerome Bihlieal C o m m e n t a r y , eds. R. E. Brown, J. A. Fitzmvere R. E. Murphy(Englewood Cliffs, N. J., 1968), p. 755. 83 Sobre o todo, ver R. T. Fran ce, Jesus a n d th e O ld T e s ta m e n t (Londres, 1971). 144
' I'' evangelho” .04 O fato e o núm ero destas citações podem ser Im ilmente obtidos folhean do-se o NT grego de N estle-Aland, que marca 257 passagen s como citações explícitas.85 I ponto de vista histórico -crítico m oderno, algum as dessas cita>,>Vs não estão de acordo com o significado a parentem en te recolhido ilus lextos do AT. Isto tem levantado sérias objeções contra a visão de uma linha de ligação legítima entre os Testamentos em suas referên>>.is mútuas. Certamente, as citações do AT feitas no NT requerem uma investigação mais completa. É difícil aceitar a idéia de uma i ' Irrencia esc riturai a rb itrá ria somente com a finalidad e de obter muierial par a ilustraçõe s.86 Não podem os co nco rdar com B ultm ann , i |\ h - diz que o uso do AT pode ser melhor explicado como uma projeção das convicções dos escritores do N T.87 A solução segundo a qual o uso que o NT faz do AT pode ser explicada em termos de .immodação à técnica dos métodos de exegese rabínicos conirm po rân eos só é útil até certo ponto.88 Este po nto de vista náu distingue entre o objetivo e o escopo das exegeses rabínicas e de <.>umran, por um lado,89 e a perspectiva sem igual do uso que o NT Ia/. do AT, p or outro. P. A. V erhoef assinalou que “ co ntra as opiniões críticas afirmamos que o Novo Testamento, ao citar o Antigo Testa mento, em nenhum lugar pressupõe um a fenda funda m ental entre os Testamentos” .90 Isto correspon de totalm ente à aceitação do cânon de ambos os Testamentos pela Igreja Cristã. É verdade que as referên cias ao AT não foram feitas de modo sistemático, mas isto não diminui o significado de um procedimento de citações extensivo. 3. Vocabulário. Um a ou tra linha de conexão entre os Testamentos sc enco ntra na relação do vocabulário ou pa lavras d a B íblia .91 Jesus 84 Verhoef, "The R elationship Between the Old and the New T estam ent” . p. 282. 85 R. Nieole. "New Testament Views of the Old Testament”, R evelati an a n d the B ib le , ed. C. F. Henry (1958), p. 137, conta pelo menos 295 referências dis tintas. das quais 224 são citações diretas, apresentadas por meio de uma certa fórmula definida. K. Grobel, “ Q uotations” , IDB (Na shville, 1962), III, p. 977, escreve que o AT “é explicitamente citado somente 150 vezes e tacitamente umas 1.100 vezes m ais” . 86 Hesse, D as A lte T e sta m e n t ais B uch d e r K ir c h e , p. 38. 87 R. Bultmann, “Prophecy and Fulfillment”, E O T H , p. 50-75, que foi criticado por C. Westermann, E O T H , p. 124-128. 88 E. E. Ellis. Pau l's U se o f th e O ld T e sta m e n t (Grand Rapids, Mich., 1957), p. 143; ver o estudo detalhado de R. Longenecker, B ib lic a l E xegesis in th e A p o sto lic P erio d (Grand Rapids, Mich., 1975). 89 F. F. Bruce. B ib lica l E x egesis in th e Q u m ran T exts (Grand Rapids, Mich., 1959), p. 66-77; R. H. Gundry, T he U se o f t h e O l d T e s t a m e n t in S t. M a t h e w s G o s p e l (Leiden, 1967); J. A. Fítzmyer, “The Use of ExpHcit Old Testament Quotations in Qum ran and in the New T estam ent", N T S 7 (1960-6 1), p. 297-333. 90 Verhoef, “The Relationship Between the Old and New T estam ent” , p. 284. 91 Isto é particularmente acentuado por J. L. M cK enzie, "Aspects of O T T ho ug ht” , T h e J e r o m e B i b l i c a l C o m m e n t a r y , eds. R. E. Brown, et. aI. (Englewood Cliffs, N .J ., 1968), p. 767.
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e os apóstolos usavam termos familiares. Em outras palavras, a linguagem teológica que Jesus e os apóstolos usavam era a linguagem conhecida por eles e por seus ouvintes. Esta linguagem impregnada teologicamente era produ to de longa tradição. "Sem um em basam en to do AT e da fé israelita, a mensagem de Jesus teria sido ininteligí vel.” Reconhece-se que “quase toda palavra-chave teológica do Novo Testamento provém de alguma palavra hebraica que teve uma longa história de uso e de desenvolvimento no Antigo T estam en to” .92 A erudição tem dado m uita atenção à investigação do histórico das palavras do NT e suas origens no A T.93 Há vários modos de apareci mento das palavras. Finalmente, cada contexto individual determina o significado neste mesmo contexto. Não obstante, a variedade de usos de palavras únicas esclarece bastante as ordens semânticas do significado. Há muito poucas palavras-chave no AT que não tenham sido enriquecidas no NT. Apesar de sabermos que a mesma palavra expressa diferentes significados, não existe apenas uma palavra para cada idéia ou tema distintos. Teremos que alcançar a linha de conexão entre as “palavras gregas e seus significados hebraicos”,94 isto é, e ntre o AT e o NT. 4. Temas. J. B right avaliou a unida de dos tem as teológicos básicos do AT e do NT da seguinte m aneira: “C ada um dos mais im portan tes temas do AT tem seu correspondente no NT, e é de algum modo retom ado e respo ndido ali.” 95 Po r meio deste fato, constrói-se um a ponte herm enêutica entre os Testa m ento s, que nos perm ite o acesso a cada um dos textos do A T e define p ar a nós o proce dim ento a seguir, na tentativa de interpretá-los em seu significado cristão. É impossível fornecer um a lista dos m uitos tem as que ligam os dois T esta m en tos.96 Pensa-se de im ediato em criação , p rom essa, fé, eleição, justiça, amor, pecado, perdão, juízo, salvação, escatología, messianismo, povo de Deus, remanescente e muitos outros. Um dos temas que recentemente foi acentuado por dar expressão ao relacio nam ento en tre os Te stam entos é o pacto (ou pro m essa divina).97 Mas mesmo o tema do pacto como tema simples não possui a chave 9 2 I b id . 93 G. R. Kittel e G. Friedrich, eds., T k e u l o g i e a l D i c t i u n u r y o f t h e N e w T e s t a m e n t (1962-1975), 8 vols.; L. Coenen et. ai., Theologisckes Begriffsiexikon zun> Neuen T e s t u m e n t (3.a ed.; Wuppertal, 1972), 3 vols.; X. Leon-Dufour, D ic ti u n ury o f B ih liea l T h eology (New York, 1968); C. Brown, ed., The New Internacional Dic ti on ary o f N ew T e sta m e n t T h eology (1975 -78), 3 vols. 94 D. Hill, G r e e k W a r d s a n d H e b r e w M e a n in g s : S t u d i e s in t h e S e m a n t i cs o f S o t e ri o logical Terms (Londres, 1961); idem, B ih lie a l W ords f o r T im e (Londres, 1962). 95 Bright, T h e A u t h o r i t y o f t h e O T > p. 211. 96 J, Guillet, T h e m e s o f t h e B i b le (South Bend.. 1960); F. F. Bruce, N e w T e s t a m e n t D e v e lo p m e n t o f O ld T e sta m e n t T h em es {Grand Rapids, Mich., 1969). 97 Fensham, "The Covenant as Giving Expression to the Relationship Between Old and New T estam ent” , p. 86-94. 146
ilomada que revela todos os mistérios da relação entre os Testa mentos. 5. Tipologia. Um modo proeminente de ligar os dois Testamentos win ;io outro é o estudo das pessoas, instituições ou eventos no AT em '.eu relacionamento tipológico com o NT.98 Numa tal perspectiva, os 111 >i>s descritos no AT são vistos com o modelos ou protótipos de pessoas, instituições ou eventos no AT. A tipologia se desenvolve ao Inngo de linhas verticais e h oriz on tais ." A discussão sobre a tipologia recebeu uma nova força de W. r u hro dt100 c de G. von R a d .101 Eich rodt usa a tip ologia “ como designação de um modo pe culiar de ver a Histó ria” . Os tipos "s ão pessoas, instituições e eventos do Antigo Testam ento , que são vistos como modelos divinamente estabelecidos ou pré-representações das realidades correspondentes na história da salvação do Novo Testa mento” .102 Sua exposição parece concordar com as opiniões trad icio nais do cristianismo antigo. Mas suas opiniões divergem das de von Kad, cuja premissa básica é que o “Antigo Testamento é um livro de I nstória” .103 É a histó ria do povo de Deus e das instituições e profecias dentro dele, que fornecem os protó tipos para os antítipos do NT dentro do domínio to ta l da História e da escato lo gia .104 Von Rad está amplamente fundamentado, como se pode inferir por haver relacionado José a Cristo como tipo pa ra an títip o.'"5 Alguns eruditos rejeitam completamente a abordagem tipológic a.106 Contudo, a im po rtân cia desta abord agem tipológica não deve 48 Entre a literatura principa l sobre o assun to da tipolog ia e.slão os segu intes: t.. Goppelt, Typtjs: Die typotogische D eutung des Alten Testam ents (2.a cd.. Darmstadl, 1966),• idem, "Tvpos", Theiihigieal Dictionary o f the New Testam ent 8 (1972), p. 246-259; A. Schultz, Nachfolgen Und Nachahmen (Munique, 1962), p. 309-331; Ellis, PuuTs U se o f th e O T , p. 126:139; Lurcher, L u e tu a lité ckret. de ! ' A T , p. 489-513; G. W. H. Lampe e 1. J. Woolcombe, E ssays on T yp olo gy (Londres, 1957); P. Fairbaim, The Typology of Scripture (Grand Rapids, Mich., s. d.); W . Eichrod t, “ Is T ypo logical Exegesis an Appropriate M ethod?" E O T H . p, 224-245; G . von Rad "Typologycal Interpretation of the Old T estam ent” , E O T H , p. 17-39; idem, O l d Te s t a m e n t T h e o l o g y , II, p, 364-374: P. A. Verhoef, 'Some Notes on Typ ological E xegesis” . N ew L ight on S om e O T P ro b le m s (Praetoria, 1962), p. 58-63; H, D. Hummel, “The OT Basis of Typological Interpretation'\ B ib lic u l R esearch 9 (1964), p. 38-50; J. H. Stck, “Biblical Typology Yesterday and T oday” , Calvin Theological Journal 5 (1970), p. 133-162; N. H. Ridderbos, "T ypologie” , Vox Theologica 31 (1960/61), p. 149-15999 Hu m m el. ''The OT Basis of Typological Interpretation” , p. 40-50. 100 "Is T ypo logical Exegesis an Appropriate Method"? E O T H , p. 224-245. 101 "Typ ological Interpretation of the N T ” , E O T H , p. 17-39; O T T , II, p. .364-374. 102 E O T H , p. 225. 103 E O T H , p. 25; cf. O T T , II, p. 357. 104 O T T , II, p. 365. 105 O T T , II, p. 372. 106 F. Baumgãrtel, T h L Z 86 (1961), p. 809-897e 901-906. R. Lucas, “Considerations of Method in OT Hermeneutics”. The Dunwoodie Review 6 (1966), p. 35; ''A ti-
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ser negada, quando não é desenvolvida num método hermenêutico aplicado a todos os textos como se fosse uma varinha de condão. A correspondência tipológica tem que ser rigidamente controlada, com base no relacionamento direto entre vários elementos do AT e seus correlativos do NT, a fim de que opiniões pessoais fortuitas não se insinuem na exegese.107 Deve-se ter m uito cuida do p ara não cair na armadilha de aplicar a tipologia como o único plano teológico definido pelo qu al se estabelece a unid ad e dos Te stam entos. A defesa da unidade tipológica entre os Testamentos não está primariamente interessada em encontrar uma unidade de fatos históricos entre os protó tipos do AT e sua contrapartida do N T ,108 em bora isso não deva ser totalmente negado. Ela preocupa-se mais em reconhecer a conexão em termos de uma semelhança estrutural entre tipo e antítipo. Ê inegável que a analogia tipológica começa com uma relação que ocorre na História. Por exemplo, a analogia tipológica entre Moisés e Cristo em II Coríntios 3:7 e ss. e Hebreus 3:1-6 começa com um a relação que ocorre na H istória; mas o interesse não está em todos os detalhes da vida e do ofício de Moisés, e. sim, primariamente em seu “ministério” e “glória”, na primeira passagem, e em sua “fidelidade" enquanto líder e mediador na dispensação divina, na segunda passagem. É igualmente verdadeiro que o antítipo do NT vai além do tipo do A T ."’9 Mesmo sendo corre to, pelo menos até certo ponto , que o curso da história que une tipo e antítipo ressalta a diferença entre eles, enquanto a conexão é primariamente descoberta em sua analogia estrutural e correspondência, isto não deve ser usado como argum ento c on tra a tipologia, a n ão ser que ela seja vista ape nas em termos de um processo histórico,"0 O meio conceituai da correspologia sc ressente da /alta daquele critério que estabeleceria tanto sua limitação como sua validade... É uma teologia dos textos bíblicos. Deixa para trás o Antigo Testamento, em última análise, e descobre seu significado fora e além de seu tes temunho histórico.” Murphy, Theology Digest 18 (1970), p. 324, ach a qu e a tipo logia não (em criatividade suficiente para as possibilidades da teologia e, em com paração com a igreja primitiva, “ é sim plesm ente me nos atraente ao temperam ento moderno”. Ver também Barr, O l d a n d N e w i n I n t e r p r e t a t i o n , p. 103-148. que não d eseja separar a tipologia da alegoria. 107 Ver também, a respeito de um uso apropriado da tipologia, as observações de H. W. Wolf, “The Hermeneutics of the OT", E O T H , p. 181-186; e Vrezen, A n O u tl in e o f O T T h eo lo g y , p. 97 e 136 e s. 108 Von Rad, E O T H , p. 17-19, advoga que a abordagem tipológica procura "readqui rir referência aos fatos atestados no Novo Testa m ento" , isto é, d escobrir a cone xão no processo histórico. 109 Eichrodt, E O T H , p. 225 e s. 110 Ê aí que Pannenberg, E O T H , p. 327, se perde. Para ele, a única analogia que tem algum valor é a histórica. Pannenberg adota o esquema de “promessa e cum primento" sem imaginar que esta "estrutura" (p. 325), como ele a cliama repetidam ente, funciona, em sua própria apresentação, com o um a outra instância do princípio atemporal, sendo emp regad o para substituir a H istória. Pannenb erg enfatiza que a liberdade, a criatividade e imprevisibilidade são centrais para a
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poudência tipológica. tem seu lugar distinto em sua expressão da ijualificação do evento de Cristo, mas não pode em si expressar com pletam ente o evento de Cristo em term os de histó ria do AT. I.o^o, íiUordagens adicionais serão necessárias para complementar a tipo Ingica. A Bíblia é muito rica em relações entre Deus e o homem para que elas se confinem a uma conexão especial. Considerando que tomos que hesitar em aceitar as referências tipológicas em casos definidos, cada tentativa de ver o todo a partir de um único ponto de vista deve acautelar-se quanto ao desejo de explicar cada detalhe cm termos deste úrtico aspecto e impor um quadro geral sobre a variedade de relações possíveis. Embora o contexto do AT tenha que ver preservado de sua prefiguração, de modo que os significados do NT não sejam extraíd os somente dos textos do AT, parece que um a indicação clara doNT é necessária, de modo que as fantasias imagi nativas e as analogias tipológicas arb itrária s p ossam ser evitadas. Isto quer dizer que a questão de um caráter a posteriori da abordagem tipológica não deve ser suprimido. 6. Promessa-Cumprimento. Padrão de continuidade extremamen te significativo entre os Testamentos é o esquema de promessa-cum prim ento . E sta esquem a recebeu especial ate nção por parte de W esterm ann, W . Zimmerli, G. von Rad e o u tro s. " 1Deste modo, o cum prim ento possui um a passagem ab er ta em direção ao fu tu ro .112 liste aspecto escatológico está presen te em am bos os 1 estam entos. Westermann observa: “A promessa e o cumprimento constituem um evento integral, relatado tanto no Antigo como no Novo Testamento da Bíblia.” Em vista do caráter múltiplo do relacionamento entre os Testamentos, W esterm ann adm ite que sob a idéia única de promessacumprimento “não é possível resumir tudo na relação do Antigo História, mas acha que este aspecto central da História se preserva somente no que o cumprimento freqüentemente acarreta um “colapso” da profecia como "interpretação legítima", uma “transformação do conteúdo da profecia", que se cumpre de outro modo, e não do modo co m o os receberiores da palavra profética esperavam (p. 326). Aqui, Pannenberg, inconscientemente, admitiu a incompati bilidade entre a História e sua estrutura. Assim, mesmo na posição de Pan nenberg, a estrutura e a construção tendem a substituir a História e transformam o uso dele da estrutura de prom essa e cum prim ento em a-histórico. U t T he O T a n d J e su s C k r i st (Minneapolis, 1970); W. Zimmerli, “Prnmise and Fulfillment”, E O T H , p. 89-122; G. von Rad, “Verheí.ssung", EvTh 13 (1953), p. 406-413; R. E. Murphy, “The Relationship Between tlie Testaments", CD Q 26 (1964), p, 349-359; iilem. "Christian Undcrstundinj; of the OT", Thrologv D ig esi 18(1970), p. 321-332. 112 Este conflito entre promessa e cum primento e uma característica dinâmica do AT. Visto que é um tipo básico de história interpretada que os próprios AT e NT nos apresentam, a tentativa de J. M. Robinson ( O T C E . p. 129) dc dispensar a categoria de promessa e cumprimento como uma estrutura imposta à história bí blica a partir do exterior é abortiva.
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Testam ento com Cristo” . " 3 Em escala mais am pla, temos que admitir que o esquema promessa-cumprimento não resume toda a relação entre os Testamentos. Fundamental e frutífera como é a abordagem promessa-cumprimento, não é por si mesma capaz de descrever a natureza múltipla do relacionamento entre os Testa mentos. Se levantarmos a questão de como o AT pode se relacionar adequadamente com o NT, temos que nos decidir quanto a uma base a priori de que ambos estão de algum modo ligados entre si. Temos que estar conscientes dessa decisão, que sempre conduz nosso questionamento do material do AT. Esta decisão a priori não é fácil. Isto é verdadeiro especialmente quando o AT é visto do mesmo modo que von Rad o vê, a saber, que “o Antigo Testamento só pode ser interpretado como um livro de expectativa sempre crescente”.1'4 Esta afirmação pressupõe uma compreensão particular da história da tradição do AT, isto é, a que desde o começo focaliza a transição para o NT. A perspectiva de von R ad só encontra sua ju stific ativa em termos de uma linha de conexão direta, que se movimenta do testemunho da ação inicial de Deus em direção ao juízo e prossegue para a esperança na ação renovada de Deus, em que ele prova seu caráter divino. É surpreendente ver como Israel nunca permitiu que uma promessa resultasse em nada, como expandiu ao infinito a prom essa de Javé e como, não colocando absolutam ente nenhum limite sobre o poder de Deus ainda a se realizar, transmitia as promessas ainda não cum pridas às gerações futuras. Devem os, entã o, perguntar, com von Rad: "Não será fictício, do ponto de vista cristão, o modo como a religião comparativa assimila o Antigo Testamento em teoria, como um objeto que pode ser adequadamente interpretado sem referência ao Novo T es tam en to? ” 115 Po r outro lado, nã o há nada de misterioso em nos esforçarmos quanto à questão do relacionamento entre os Testam entos. Inicialmente, p ortan to, n ão começam os com o NT c suas múltiplas referências ao AT. Este método tem sido freqüentemente adotado, mais recentemente por B. S. Childs, como observamos acima. Tem também levado com freqüência à compara ção entre os Testamentos, com uma sagacidade que não faz justiça à grande flexibilidade hermenêutica do relacionamento entre eles. O m étodo ade qua do seria, então, inicialmente, um a tentativa de mostrar os meios característicos pelos quais o AT leva ao NT. O NT pode, deste modo, com base nesta abordagem inicial, esclarecer o conteúdo do AT. 113 Tin- O í u i u l j e M i s C h r i s i. p. 78. 114 O T T . 11. p. 319. 115 O T T . II. p. 321.
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7. História da salvação. Alguns dos padrões unificadores entre os i'estamentos não podem se separar do padrão da história da salvai, , i o . u ó de que já falamos b as tan te nos capítulos an teriore s. Tivemos a oportunidade de assinalar que nem mesmo a história da salvação é a i liave dourada que abre as portas a todos os mistérios no relaciona mento entre os Testamentos. A história da salvação não deve ser d es ca rta d a,'17 po rque " a afirmação do NT de que Jesus é o Messias implica a unidade da História sob um único plano divino de salvaA história da salvação aponta para uma unidade de perspectiva.119 Unidade de Perspectiva. Muitos eruditos importantes concor dam que existe uma perspectiva apontando para o futuro, que une o AT ao NT. Th. C. Vriezen coloca-o deste modo: “O verdadeiro centro de am bos os Testa m entos é, portan to, a perspectiva escatológica.” 120 II. H. Rowley escreve o seguinte: “A consumação total das esperan ças do Antigo Testamento jaz ainda no futuro distante... Tampouco talha o Novo Testamento em percebê-lo... Ele ainda localiza a glória linal no fu tu ro .” 121 Exatam ente como o crente do AT, o crente em <'risto “se dirige a um novo caminho, sob um arco de tensão entre a promessa e o cum prim ento...” 122 Todas as súplicas pelo cum prim en to, na congregação da Nova Promessa Divina, se fundam num único apelo: "Vem, Senhor Jesus.” (Apoc. 22:20; I Cor. 16:22). Assim, dentro do arco da promessa e cumprimento, o propósito redentor de Deus, sua história da salvação se revela do AT p ar a o NT e par a além ilo fim dos tempos. O AT relata dc fato um a história da salvação incom um , pois é iruneada. O Messias esperado não veio nos tempos do AT. Neste sentido, o AT é um livro incompleto, apontando para além de si mesmo, que term ina num a po stura de espera. Até sua ú ltima página, fala de um cumprimento da promessa no futuro. O Deus que atuou na criação, no êxodo, na conquista, guiando seu povo, atuará novamente um dia. A conclusão desta história da salvação incomple ta é uma preocupação primária do NT. O ponto decisivo de toda a História aconteceu em Jesus Cristo. O Deus que atuou na história de Israel, atuou decisivamente na história humana, através de Jesus 116 Ver as teologias du NT mencionadas sob o límio de "Abordagem da História da Salv ação ” no Capítulo 2, p. 106-125. 117 A ssim , D. Brrtun, “ Heil ais G ese hi eh te” , E vT h 27 (1967), p. 57^76. Paru u n i a avaliação apreciativa da história da salvação, ver Kraus, B ibli sch e Thuofa gie , p. 185-187. 118 M eK eruie. “A spects of O T Th eology" , p. 76b. I 19 Ver esp. Verh oef, "R da tions hip Between Old and New T estam ent''. p. 292 e s. 120 Vriezen, A n Q u ü in e o f O ld T esiu m en t T h e o lo g y , p. 123. 121 Rowley, T h e U n i ty o f t h e B i b l e , p. 109 e s. 122 Zimmerli, E O T H , p. 114.
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Cristo. Este é o centro da mensagem do NT. O NT completa o incompleto do AT e ainda vai mais além do eschaton final. Do AT ao NT e mais além, não há um movim ento contin uo em direção ao eschaton, a chegada do Dia do Senhor. De fato, toda a história do Apocalipse constitui uma peregrinação, que espera a cidade cujo arquiteto e edificador é Deus (Heb. 11:10). Nesta peregrinação há muitas paradas, muitas realizações iniciais, mas cada uma delas se transforma num ponto de partida novamente, até que todas as pro messas sejam finalmente cumpridas no fim dos tempos. Assinalou-se, corretamente, que o NT contém uma escatologia futurista. As predições a respeito dos últimos dias nos Evangelhos Sinópticos'e nos outros escritos do NT d ão con tinuidad e às expectativas do A T .123 A unidade entre o AT e o NT é também uma unidade de sua perspectiva, pla no e propósito com uns para os homens e da ação contínua de Deus para sua realização.124 O AT fala da história de Israel em termos da história da salvação e prepara e conduz para a vinda de Jesus, o Cristo de Israel e o Salvador de todos os homens. Deve-se, certamente, admitir que nem tudo no AT pode ser resumido sob a ru br ica d a histó ria da salv açã o,125 pois era um a histó ria que conduzia a Cristo e igualmente à rejeição de Cristo. Ã guisa de esclarecimento, deve-se assinalar que temos na Bíblia não só a revelação de Deus, mas também a reação dos homens. Temos que reconhecer que a reação dos homens não é normativa, não faz parte de todo o esquema do relacionamento entre os Testamentos. A "his tória” da reação de Israel e do judaísmo, que levam à rejeição de Cristo, não poderia ter sido um a pa rte da h istória da salva ção .126 Apesar das repetidas frustrações do plano e do propósito de Deus p ara os homens, Deus ainda encarregou-se das promessas excepcio nais a realizarem-se por seu intermédio no futuro. Toda a Bíblia, então, dirige-se para a consumação de todas as coisas, no céu e na terra. “Este é o tema penetrante tanto do Antigo como do Novo T es tam en to.” 127 A ob ra de Cristo tem co ntinu idad e no Espírito Santo e se com pletará n a consu m ação de toda s as coisas. Em vista dessas considerações, parecer-nos-ia que o único modo adequado de nos empenharmos na natureza múltipla do relaciona mento entre os Testamentos é optar por uma abordagem múltipla. Tal abordagem deixa espaço para indicação da variedade de conexões entre os Testamentos e evita, ao mesmo tempo, a tentação de explicar os múltiplos testemunhos em detalhe através de um único ponto de 323 124 125 126 127
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Verhoef, “ R elationship Between the Old and New T estam ent” , p. 293. FiJson, T h e I n t e r p r e t e r ’s O n e - V o l u m e C o m m e n t a ry \ p. 992. Bright, T he A u t h o rity o f th e O T , p. 196. M. Meinertz, Theologie des Neuen Tesiam ents (1950), I, p. 54. Verhoef, “ Relationship Between Old and New T estam ent” , p. 293.
vista ou abordagem e assim impor uma única estrutura a testemu nhos que depõem sobre outra coisa. Uma abordagem múltipla levará ao reconhecimento do semelhante e do diferente, do velho e do novo. próprio von Rad fala do “ contexto m ais am plo, a qua l pertence um fuiôm eno específico do Antigo T estam ento ,..’’128 Ele reflete o interes se de H. W. Wolff, que afirma que “no Novo Testamento encontra-se n contexto do Antigo, que, como meta histórica, revela o significado (otal do Antigo T estam en to ..." 129 O teólogo sistemático H erm ann Diem se expressa da seguinte maneira: "Para a interpretação moder na da Escritura não é questão que precise de julgamento, quer a interpretação siga o testemunho apostólico e interprete o AT através dos seus (dos apóstolos) olhos qu er seja lido sem pressuposições, o que significaria uma leitura de um fenômeno da história geral da reli gião,.,’’130 De modo semelhante, Kurt Frõr sustenta que “o cânon forma o contexto compulsório e dado de todos os livros dos dois I esta m en to s".131 A idéia de “ complexo” não deve se lim itar ao relacionamento mais simples de uma antologia, nem mesmo à conexão dentro de um livro ou de uma obra histórica. No que diz respeito às conexões mais amplas, o cânon, como um fato dado, recebe um a relevância herm enêu tica. “ O primeiro passo, no caminho da continuação da auto-interpretação do texto, é dar ouvidos aos testemunhos bíblicos rem an es ce ntes." 1'12 Hans-Joachim Kraus ca ptou o que Eichrod t queria dizer, q uan do este enfatizou que “ somente onde este relacionamento recíproco entre o Antigo e o Novo Testa mentos é entendido é que encontramos uma definição correta dos problemas da teologia do AT e do método pelo qual é possível resolvê-los” .133 Q ua nto a Kraus, sua con tribuição à questão do contexto mostra que "a questão do contexto é decisiva para a conexão dos textos e temas. Isto significa para o AT, a empresa da exegese Icológico-bíblica: Como se referem o Antigo e o Novo Testamentos a certas intenções querigm áticas a pare ntes n um texto?” ''5'' 128 0 7 7 ', I[ , p, 369.
129 E O T H , p. 181, 130 H. Diem, Theolngic ah k irch li ch e Wtssenschafi (GiHcrsloli, 1951), I, p. 75; cf. seu W as heisst sch ritigem ass? Gütcrsloh, 1958). p. 38 e s. 131 B ib lis ch e H ertyiencatik (3 .Aed.; M u n i q u e . 1%7). p, bS. 132 Diem, Was keissi schriftgemüxs? p. 38. 133 Eichrodt, T h eo lo g y o f t h e O T , I, p. 2ò. 134 Kraus. D ie bib Ü sche T hcologie, p. 381 (o grifo é dclc).
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Nesta conexão, é de grande im portância esclarecer o que significt a teologia do NT — c também a teologia do AT — estar vinculada àl conexões dadas no texto do cânon. Alfred Jepsen escreve que “a inter preta ção do Antigo Testam ento , sendo a in terpreta ção do cânon da Igreja, é determinada por sua conexão com o Novo Testamento ej pelas questões que se seguem disto ” .’J5 Temos que acentuar fortememente que os eventos e significados bíblicos não devem ser examina dos por de trás, p or baixo ou por cima dos textos ,IJ- ma s dentro dos textos, pois os atos e palavras divinas deles receberam sua forma e expressão. A interpretação teológico-bíblica tenta estudar as passa gens dentro dc seu contexto histórico original, o Sitz im Leben, em que se disse uma palavra ou uma ação ocorreu, e também a localização e as relações e conexões contextuais nos materiais mais recentes, como também o Sitz im Leb en no contexto dado do livro em que é preservado e a intenção querigmática mais ampla. Nisto tudo o contexto dado de ambos os Testamentos tem seu suporte na inter pretação.137 Assim , a questão do contexto dado nas relações próxim as e nas distantes, dentro de ambos os Testamentos, terá sempre um suporte decisivo para a interpretação bíblico-teológica e para a tarefa dos teólogos bíblico s de fazer teologia do N T .1-’8 Um dos pontos críticos 110 interesse atual na teologia do NT é a reflexão sobre o inter-relacionamento entre os Testamentos. Tem-se visto começos frutíferos que forçosamente apontam para 0 fato de os Testamentos oferecerem testemunho a múltiplos relacionamentos. W. Eichrodt assinalou que há um relacionamento recíproco entre os Testamentos, a saber, “em acréscimo a este movimento histórico do 135 The Sciem ific Study of the O T ” , E O T H , p. 265. 136 E des te m od o que He.sse, K ery g m a u n d IV (195 8), p. 13, procura asseg u rar uma realidade que eJc sente que não está ali. F. Mildenbcrger, Goties Tat im W o n (Gütersloh, 1964). p. 93 c ss., argumenta pela unidade do cânon como regra de entendim ento, mas revive um novo tipo de exegese pn eum ática. 137 Childs. tíib iiv o l Thwrfo gy in C ris is , p. 99 e s.s., desenvolveu a relevância do “conlexlo canônico mais amplo" como horizonte adequado para a teologia bíblica e aplica-o à sua própria abordagem metodológica. 138 Apesar da ênfase de von Rad sobre a interpretarão eari.smátieo-querigmática. sua abordagem segue as linhas da H e ik g e s c h k h le . Sua enfade sobre a tipologia lí. p. 323 e ss.) pressupõe um alicerce histórico-salvífico mais amplo e une dois pontos nesse embasamento, como acontece com o renascimento atual da interpretação üpológica. Sobre o relacionamento entre a tipologia e a história ria salvação. ^er Cullmami, S a lv u no n m H i s t o n \ p. 132, 138 A reação nega tiva de G. Fohrcr contra a noçã o da história da salvaç ão (“ Pro phetie und Geschichie'\ T H L Z 89 (1964). p. 481 e s.sj baseia-se em que tanto a salva rão como a condenado fazem parle da história da salvação. Grande parte da história da salvação é uma história de desastre. Mas mesmo aqui a continuidade se preserva, porque mais tarde a proclamação da salvação acontece sem ligavão com o desa parec ime nto da pregação da mensage m do juízo , A tese de Fohrer, de que o objetivo da ação dc Deus é o comando de Deus sobre o mundo e a natureza, não se opõe h história da salvação, sendo uma parte característica da mesma.
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^ntiwo l estam ento pa ra o Novo, há um a corre nte dc vida que flui em inversa, do Novo Testam en to para o Antigo. Este relaciotiamn iin inverso esclarece tam bé m o significado completo do dom ínio 1'm sa nien to do AT” . Segue-se então a declaração notável de que “somente onde este duplo relacionamento entre o Antigo e o Novo 'JrU.imriitos c entendido encontramos uma definição correta do junlilctna da teologia do AT e do método pelo qual é possível revolvêIf ‘ 1" A enfase do G. von Rad sobre o contexto bíblico mais amplo do 4 l M" lem o apoio de H. W. W oiff,1'' H.-J. K rau s,M2 B. S. Childs14-’ « ili uulros que se esforçam po r um a teologia b íb lic a." '1 Vnatureza complexa do inter-rclacionamcnlo entre os Testamenti irijuer um a abordagem m últipla. Não se pode esp erar que um a ijuirn categoria, concepção ou esquema possa esgotar todas as jmv.ihilidades de inter-relacionam ento.145 E ntre os padrões de relaclniiamento histórico e teológico entre os Testamentos estão os st (.'inntes: (1) Um aspecto com um a ambos os T estam entos são a hlMitria contínua do povo de Deus e o retrato dos Iratos de Deus com a hum an idad e.1''6 (2) Tem -se dado um a nova ênfase à conexão entre I estam entos, com base nas citações .147 (3) Entre estes inter-rela>.iuiiainentos ap arece o uso com um de palavras-chave teo lógicas,148 Unasc ioda palavra-chave teológica do Novo Testamento se origina dr alguma palavra hebraica que teve uma longa história de uso e I **> T id iro d t. T h e o lo g y o f t h e O T , I. p. 26. I In Von Rad , O T T , II. p. 320-325. Ml Wolff, E O T H . p. 181: "No Novo Testamento encontra-se o contexto do Antigo, qnc, com o meta histórica, revela n significado total do Antigo Testam ento” . M* Kraus, D ie bib h sch e Thenla gie , p. 33-36, 279-281, 344-347 e 380-387. I I l C hilds. B ib lic a l Tfu-olog? in Crises, p. 99-107. I II Tanto na erud ição católica com o na protestante, há um ma rcante aum ento do número de vo/es que pedem unia teologia bíblica: F. V. Filson, "Biblische Theoloi;ic in Amerika", ThLZ, 75 (1950), p. 71-80; M . Burrows, A n O m li/ie o f B ib lic a l Theology (Filadélfia 1946); G. Vos, B ib lic a l Theolo gy (Grand Rapids, Mich., 1948); C, Spieq, "L'avcmcnt de ia T héolog ic B iblique ” . K evue B ib liq u e 35 (195 1), p. 561-574; F. M. B raun, “ La T héolog ie Biblique" , R evue T h am is te 61 (19 53 ), p. 221-253 ; K. de Vaux, “ A propos de la Théologie B ibliqu e" , Z A W 68 (1956), p. 225-227; P. Robertson, "The Outlook for Biblical Theology", p. 65-91; Harrington, The Path o f Biblical Theology, p. 260-335 e 371 -377. I 1;i Neste aspecto conc ordam os com W. H. S chm idt, '" T heo logie de.s Ncuen Tcstainents’ vor und naeh Gerhard von Rad", Verkiindigung und Forshung (Beiheft m v E v T k 17; Munique, 1972), p. 24. I4(i f-\ V. Filson, “ Th e Unity Between the T estam cnts ’', The Interpreter's One-Voiu m e C o m m e n ta ry on Th e B ib le , p. 992. 1)7 Childs. B ib lic a l T h eolo gy in C ris is , p. 114-118; Verhoef, “The Relationship Between the O ld and New T estam cnts” . p. 282; R. H. Gund ry. The Use of the O T in S t. M i it tf m w s G o s p e l (L eiden , 1967); R. T. F rance . Jesu s a n d The O T (Londres, 1971). 148 Assim também H. Haag, cm M ysteriu m Salu ti s. G ru n d ris s h eilsgesch ich tlieh er D o g m a tik . eds. J. Feiner e M. Lohr (1965), I, p. 440-457.
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desenvolvimento no Antigo Testamento.’'14'’ Como ocorre os outros elos de ligação, a un idad e não significa unifo rm idad e, mesmo onde'se fala das “palavras gregas e seus significad os hebraico s” . 150 (4) A inter-relação entre os Testam entos tam bém se revela através da u nidad e essencial dos temas principais. “Cada um dos temas principais do Antigo [Testamento] tem seu correspondente no Novo, e está, de uma forma ou de outra, resum ido e respondido a li.” 151 Tem as como o governo de Deus, o povo de Deus, a experiência do êxodo, eleição e pacto, ju ízo e salvação, escravidão e redenção, vida e m orte , criação e nova criação, etc. se apresentam para consideração imediata. (5) Um uso circunspecto e reservado da tipologia é indispensável para uma metodologia adequada que tente se enredar com o contexto do AT e sua relação com o N T .’52 A tipologia deve estar com pletam ente sep arada da aleg oria,153 pois é essenc ialmen te um a categ oria histórica e teológica entre os eventos do AT e do NT. A alegoria tem pouca afinidade com o caráter histórico do AT. (6) A categoria de promes sa/profecia e cumprimento esclarece um outro aspecto da interliga ção dos Testamentos. Esta interligação é fundamental e decisiva não apenas para a unidade interna do AT e compreensão do relaciona mento en tre o AT e Jesus Cristo, m as tam bém p ar a o relacionam ento entre os Testamentos. Mesmo sendo tão importante como esta categoria é, ele não esgota o relacionamento total entre o AT e o NT. (7) O conceito da história da salvação constitui uma liga ção entre ambos os Testamentos. A história secular e a história da salvação não devem ser consideradas duas realidades separadas. Os eventos particulares da História têm um significado mais profun do, percebido através da revelação divina; tais eventos são atos divinos na história humana. (8) Finalmente, temos a unidade de perspectiva, aquela orie nta ção p ara o futuro inerente a ambos os Testamentos. O NT preenche as lacunas do AT e ainda vai além do eschaion final. Devidamente considerados, estes inter-relacionamentos múltiplos entre os Testamentos podem ser tomados como elementos-chave na elucidação da Un idade dos Testam entos sem forçar um a u niformida de aos diversos testemunhos bíblicos. Nenhum dos Testamentos é 149 J. L. McKenzie, “Aspecis of OT Thought", T h e J e r o m e B i b l i c a l C o m m e n t a r y , p. 767. 150 D. Hill, G r e e k W o r d s a n d H e b r e w M u a n in g s : S t u d i e s i n t h e S e m a n t i cs o f S o te rio log ico l Term x; cf. J. Barr, T h e S e m a n t i cs n f B i b l i c a l L a n g u a g e . 151 J. Bright, T h e A u t h o r i ty n f t he O T , p. 211. Cf. F. F. Bruce, T he N T D e v e lo p m e n t o f O T T h em es. 152 Ver nota n .° 98, acima. 153 Esta separação básica foi atacada por Barr, O l d a n d N e w i n I n t e r p r e t a t i o n , p. 103-111, m as corretamente defendida por Eichrodt. E O T H , p. 227 e s; Lampe, E ssays on T y p o lo g y , p. 30-35; e F ra nc e,./ejus a n d th e O T , p. 4 0 e s.
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monocromático em si, nem deve ser o relacionamento entre ambos visto de maneira monocromática. Qualquer tentativa em direção a uma teologia do NT deve refletir a natureza policromática do NT; uma verdadeira teologia do NT revelará um relacionamento policro mático com o AT. Espera-se que o espectro total das cores revele uma lusão compatível, e não uma dolorosa colisão.
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5 Propostas Básicas Para uma Teologia do NT: uma Abordagem Múltipla Nossa te nta tiva de focalizar as mais im portantes questões ainda sem solução que estão no centro dos problemas atuais da teologia do NT revelou que h á um a crise básica1 nas metodologias e abordagens atuais. A questão que inevitavelmente surgiu é: A partir daqui, para onde vamos? Nossa crítica dos caminhos já trilhados mostrou que deve-se desenvolver uma ab ordagem mais ad eq ua da . Parece q ue um a das maneiras mais produtivas para se seguir está nas seguintes propostas básicas para um a teologia do N T : 1. Deve-se en ten de r a teologia bíblica como um a disciplina históri co-teológica. Isto é, o teólogo bíblico empenhado tanto na teologia do Antigo como na do Novo Testamento tem que afirmar que sua tarefa é descobrir e descrever o que o texto queria dizer e também esclarecer 0 que e!e quer dizer para a atualidade. O teólogo bíblico tenta “ voltar pa ra lá ” ,J isto é, ele qu er abo lir o lapso tem poral construindo uma ponte no tempo entre os seus dias e os dos testemunhos bíblicos, através do estudo da história dos do cum entos bíblicos. A na ture za dos documentos bíblicos, no entanto, visto que são eles mesmos testemu nhos do eterno propósito de Deus, conforme manifesto por meio dos atos divinos e das palav ras de juízo e salvação na H istória, r eq ue r um a mudança do nível da investigação histórica da Bíblia para a teológi ca/ Os próprios testemunhos bíblicos não são apenas testemunhos 1 J. M . R obinson , "K erigm a and History in the New T estam ent" , The Bible in M o dern S c h o h r s h ip , ed. J. P. Hyatt (Nashville, 1965), p. 144-150, esp. p. 117, fala de um a G n i n d l a g e n k r i s e . 2 Esta frase vem de G. E. Wright, "The Theologioai SUidy of the Bible", The Inter p r e t e r s O n e-V o lu m e C o m m en ta ry on th e B ib le (Nashville, 1971), p. 983. 3 H. G. Wood, "The Present Position of New Testament Theology: Retrospect and Prospect " N e w T e s t a m e nt S t u d i e s 4 (1957/58), p. 169; "A teologia do Novo Testa mento deve ser a matéria de uma pesquisa histórica objetiva, mas como somos cristãos, nosso interesse pela matéria não é nem exclusivam ente nem pred om inante mente histórico.”
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históricos no sentido de haverem se originado em determinadas épocas e em determinados lugares; são, ao mesmo tempo, testemu nhos teoiógicos na medida em que depõem como a palavra de Deus para a ativid ade e realidade divinas, como ela se insin ua na história do homem. Assim, a tarefa do teólogo bíblico é interpretar as Escrituras inteligivelmente, com o uso cuidadoso dos instrumentos adequados da pesquisa histórica e filológica, tentando entender e descrever, “voltando para lá”, o que o testemunho bíblico queria dizer, e esclarecer o que o testemunho bíblico quer dizer ao homem moderno em sua pró pria situação histórica pa rtic ula r.4 O teólogo do NT deve retirar suas categorias, temas, assuntos e conceitos dos próprios textos bíblicos. No passado, ele os extraía freqüentemente dos “conceitos-de-doutrina” (LehrbegriffeY ou do esquema Deus-Homem-Salvação (Teologia-Antropologia-Soteriologia), na dependência da dogmática ou de ambos. A situação recente da teologia do NT revela que a introdução da filosofia contemporâ nea, de uma forma ou de outra, na disciplina tem substituído o proble m a mais antigo. A aparente substitu iç ão dos a prioris filosófi cos modernos pelos a prio ris da antiga dogmática, a favor da inter preta ção, não parece ter resolvido o problem a. A. Dulles aponta um dos riscos modernos da teologia bíblica; "Quaisquer teologias supos tam ente bíblicas nos dias de hoje estão tão gravem ente infectad as pelo pensam ento personalista , existencialista ou histó rico conte m porâneo que levantaram -se altas suspeitas qu an to à sua base bíblica ” .6 Em nossa investigação das várias teologias do NT dos prin cipais escritores, vimos o resultado a que isto levou. Na disciplina d a teologia do NT, os autores do NT são freqüentemente examinados diagonalmente, “com base na filosofia m oderna ou na dogm ática m oderna. Em muitos casos é possível obter respostas dos autores interrogados, mas não está claro se eles realmente pensaram nos assuntos sobre que queremos que falem’1.’ J. Munck prossegue, sugerindo, corretamen te, que “seria uma saudável mudança, se tentássemos encontrar e 4 F. Beisser, "Irrwege und Wege der historisch-kritischen Bibelwissenschaft. Auch ein vorschlag z.ur Reform des Theologiestudiums”, N eu e Z e its c h rif t f ü r system a rische Th enlo gie u n d R etig io n sp h il o so p h ie 15 (1973), p. 192-214, lembra-nos os seguintes: "Todos sabem que os.escritos bíblicos não pretendem ser meramente relatos históricos, mas em primeiro lugar testemunhos da fé... Com esta pressupo sição Cda f é j a exegese não pode nunca se satisfazer com o objetivo de descrever como foi o passado . E m toda investigação exegética, p ortanto, passa para o prim ei ro plano a questão: O que é que aquilo que foi descoberto significa para a fé?" (p. 214). 5 V ero Capitulo 1, p. 35-36. 6 A. Dulles. “ Respon se to Krister Sten daW s 'Method in the Study of Biblical T he o logy ’ ” , T h e B i b le in M o d e m S c h o l a r sh i p , p. 210-216, esp. p. 214. 7 J. M unck , "Pa uline Research Since Schw eitzer", The Bible in M odern Scholarship, p. 166-177, esp. p. 175.
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expressar os pensamentos dos autores do NT sem a ajuda de uma dogm ática m od erna ou de um a filosofia po pu lar” .8 A teologia do NT não tem que ser dominada por normas externas, venham elas da dog m ática ou de um a de term inad a filosofia. D este modo a teologia do NT pode dizer algo a am bas e le vantar suas próprias questões. A teo logia do NT deve usar as categorias, temas e conceitos do NT. Freqüentemente, estas categorias, temas, etc., bíblicos são por demais sugestivas e dinâmicas para expressar a rica revelação dos profundos m istérios de Deus no NT, O método adequado para a teologia do NT (e do AT) tem que ser tanto teológico como histórico desde o ponto de partida. Esta é a correlação necessária p ar a a elaboração da teologia do NT (e do AT) como uma disciplina teológico-histórica. Uma teologia do NT pressu põe um trabalho exegético minucioso, baseado em princíp io s e procedim ento s sólidos. A exegese, por sua vez, precisa da teologia do NT. U m a não pode existir sem a outra. Sem a teologia do NT, a interpretação exegética pode facilmente ficar com prom etida, isolando do todo os textos ou unidades individuais. Os vários escritos do NT são conjuntos amplos, construídos a pa rtir de um a série de unidade s. Estas unidad es, por sua vez, são con struídas a pa rtir de um a série de sentenças ou cláusulas que consistem de palavras ligadas umas às outras, a fim de expressar determinado pensamento ou partes de um pensam ento mais am plo ou toda um a cadeia de pensam entos. Cada uma dessas partes contribui p ara um entendim ento do pro du to final: o NT, conforme preservado para nós. Ao mesmo tempo, o entendi mento do produto final contribui para o entendimento das suas partes. A exegese cuid adosa, esclarecida e sólida poderá sempre verificar a teologia do NT , e a teologia do NT pod erá sempre inform ar os procedimentos exegéticos. Que a teologia do NT permanece sendo a coroa dos estudos do NT é um truísm o. Neste ponto , temos que fazer um a pausa p ara observar o lembrete de H.-J. Kraus de que “uma das questões mais difíceis no que concerne à teologia bíblica hoje é o ponto de p artid a, o significado e a função da pesq uisa histórico-crítica” .9 O debate atual sobre a nature8 P. 176. 9 Kraus, D ie b ib tisc h e T h eologie, p. 363; cf. a p. 377. Sobre este assunto, Childs escreve: "O método histórico-crítico é inadequado para o estudo da Bíblia como Escritura da Igreja, porque não trabalha a partir do contexto necessário... Quando vistas do contexto do cânon, tanto a questão do que o íexto queria dizer como a do que quer dizer estão inseparav elmen te unidas e ambas pertencem à tareia da inter pretação da Bíbtia como Escritura. Até onde o uso do método crítico coloca uma cortina de ferro entre o passado e o presente, é um método inadequado para o es tudo da Bíblia como Escritura da Igreja.” Sobre a inadequação do método histôrico-critico com respeito à nova busca do Jesus histórico, ver G. E. Ladd, “The Search for Perspective” . I n te rp re ta tio n 26 (1971), p. 41-62.
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*a r a função do m étodo históric o-c rítico,10 qu e havia recebido de F. T roeltsch11 sua form ulaçã o clássica na virad a do século, revela que há m uita insatisfação qu anto à sua adequação. O método é praticado ilr formas tão diversas, que é mesmo difícil falar do m étodo históricoVl í(ÍL' 0.a
von Rad, um dos mais importantes teólogos do AT, captou, de iiinncira perspicaz, u m dos problem as e sug eriu que o teólogo do AT, r1podemos acrescentar o teólogo do NT, não pode se movimentar no utminho de um “mínimo criticamente assegurado” se ele estiver Irritando realmente alcançar “as camadas mais profundas da expei iéncia histórica, onde a pes qu isa histórico-crítica nâo consegue pen e irar ” .13 A razão da inca pa cidade do m étodo histórico-crítico em nlcançar as camadas mais profundas da experiência histórica, isto é, m unidade in terna do fato e do significado, baseand o-se na invasão da 11anscendêncía na história como a realidade final para a qual os textos bíblicos oferecem testemunho, jaz em sua limitação para estudar a história com base em suas próprias pressuposições. O eru dito do NT W. Wink falou recentemente sobre a falência do método histórico-crítico.MO novo livro de G. Maier anuncia o fim do método histórico crític o.15 De to das as partes chegam ataqu es violentos con tra o m étodo histórico-crítico, p oré m os mais severos vêm dos que foram educados neste m étod o.16 Alguns apo ntam a inad equ ação do princí pio da analogia,17 um dos três pilares do m étodo, enquanto outros lêm atac ad o seu a ntrop oc en trism o,18 sua falta de dim ensão fu tu ra 19 c outros problemas inerentes.20 Tem-se assinalado que o método histórico-crítico está limitado pela sua p ró pr ia concepção de com pre 10 A literatura pertinente é citada no Capítulo 1, notas 32-35. 11 E. Troeltsch, Ü ber historische und d ogm atische M ethode in der Th eologie" (1898), reimpresso em Theologie ais Wissenschaft, ed. G. Sauter (M uniqu e, 1971), p. 105-127. 12 Beisser, “ trrwege und Weg e der historisch-kritischen B ibelw issensch aft” , p. 192. 13 G. von Rad, O l d Te s t a m e n t T h e o l o g y . I, p. 108. 14 W. Wink, T h e B i b le in H u m a n T r a n s fo r m a t i on : T o w a r d a N e w P a r a d i g m f o r B ib lica l S tu d y (Filadélfia, 1973), p. 1-18. Ele sugere um paradigma dialético, com forte ênfas e sobre a sociologia e a psicaná lise. 15 G. Maier, T h e E n d o f th e H i s to r i c a l- C r i ti c a l M e t h o d (St. Louis, 1977), Ele fala de um “ m étodo histórico-bíblico" para substituir o "m étodo h istórico-crítico” . 16 E. Krentz, T h e H i s to r i ca l - C r it ic a l M e t h o d (Filadélfia, 1975), p. 81. 17 T. Peters, “Th e Use of An alogy in Histórica! Metho d", CBQ 35 (1973), p. 473-482. 18 Ver esp. Pann enberg, B a sic Q u estio n s in Th eology (197 0), 1, p. 39-50. 19 F. Hahn, “Probleme historischer Kririk", 7 . N W 63 (1972), p. 1-17, esp. p. 15-17. 20 Ver P. Stulhmacher, “Krítischer müssten mir die Historisch-Kritischen Sein", Theologie Quartalschrift 153 (1973), p. 244-251; Schriftauslegung, p. 23 e s., 33, 98 e 120-126. J. H. Leitb, "The Bible and Theology”, In te rp r e ta tio n 30 (1976), p. 227-241, escreve: ‘‘A influência das pressuposições da crítica e a precariedade dos métodos resultaram numa história de conclusões e resultados conflitantes” (p. 238). 161
ensão e que ele está, p ortan to, confinado p or suas pró prias limitações de argu m en tação .21 "A crítica históric a tra z à Bíblia um conceito de verdade que não consegue abrir caminho para um acesso total da realidade na H i s t ó r i a . A razão para estas limitações e para sua incapacidade de alcançar as camadas mais profundas da experiência e da realidade históricas em sua totalidade está no entendimento da História, auto-im posta pelo m étodo. O métod o histórico-crítico provém do ilum inism o.23 Te m um a visão própria do entendim ento histó ric o,24 ilustrada no prin cíp io de cor relação de Troeltsch. A História é vista como um círculo fechado, uma cadeia de causas e efeitos em que não há espaço para a trans cendência.25 Isto quer dizer “(1) que nenhum historiador crítico poderia fazer uso da intervenção sobrenatural como prin cíp io da explanação histórica, porque isto destruiria a continuidade do nexo causai, e (2) que nenhum evento poderia ser considerado uma revelação final do absoluto, visto que toda manifestação de verdade e de valor seria relativa e historica m ente con dicio na da” .26 Se “ o histo riador não po de pressupo r a intervenção sob renatura l no nexo causai como base de seu tra b a lh o ",27 po der á ele tr at ar a deq ua da m en te do texto bíblico, que com unica justam en te tal intervenção? U m a respos ta negativa está prestes a aparecer, pois o método histórico-crítico não consegue tratar da realidade total da História. P. Stuhlmacher, por exemplo, afirm a que o método histó rico-crítico levará ou a “um conflito entre a intenção teológica e a tendenciosidade do método ou introduzirá o criticismo histórico no pensamento teológico como elemento p er tu rb ad o r ou de stru ido r” .28 Isto se deve às press u posições e prem issas filosóficas acerca da natureza da H istó ria . C. E. 21 Stuhlmacher, S c h r i f t a u s l e g u n g , p. 19. 22 Krentz, T h e H i s to r i c a l- C r i ti c a lM e t h o d , p. 86. 23 Ebeling, W o rd a n d F a i th , p. 42 e s. Krentz, T h e H i s t o r ic a l - C r it ic a l M e t h o d , p. 85, chama o método histórico-crítico ou criticismo histórico de “filho do iluminismo c do historicismo, que ainda é dominado pelos princípios de Troeltsch (crítica siste m ática, analogia e correlação universal)” . 24 Stuhlmacher, Schriftauslegung, p. 14 e s. e 18. 25 Von Rad, O l d T e s t a m e n t T h e o l o g y , H, p. 418: “Para Israel, a História consistia apenas da auto-revelação de Javé através da palavra e da ação. Neste ponto, o con flito com a visão moderna da História seria mais cedo 011 mais tarde inevitável, pois ela acha que é perfeitamente possível construir um retrato da História sem Deus. Acha que é muito difícil supor que existe uma ação divina na História. Deus não tem um lugar natural neste esquem a." 26 Van Harvey, The Historian an d the Believer (2.a ed.; New York, 1969), p. 31 e s. 27 R. W. Funk, "The Hermeneutical Problem and Historical Criticism”. The New Henneneutic, ed. J. M. Robinson e J. B. Cobb, Jr. (New York, 1964), p. 185. Cf. R. Bultmann, E x iste n c e a n d F ait h (Cleveland, 1960), p. 291. 28 P. Stuhlmacher, ‘‘Zur Methoden-und Sachproblematik einer interkonfessionellen Auslegung des Neuen Testam em s", E v a n g e lisc h -k a th o lis c h e r K o m m e n ta r zu m N T . Vorarbeiten, H eft 4 (Neu kirchen-V luyn, 197 3), p. 11-65, esp. p. 46.
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Braaten refere-se incisivamente a este problema: “O historiador sempre começa afirmando que conduz sua pesquisa puramente com objetividade, sem pressuposições, e (crmina sub-repíicjanienfe in troduzindo um conjunto de pressuposições cujas raízes estão profun damente enterradas num a Weltanschauung an ticris tã” .29 Uma teolo gia do NT que repouse sobre uma visão da História baseada num círculo fechado de causas e efeitos não pode fazer justiça à visão bíb lica da Histó ria e da revelação nem ao apelo à verdade da Escritura .30 Von Rad reconhece que “ um m étodo histórico-crítico consistentemente aplicado [não] poderia realmente fazer justiça ao apelo à verdad e da esc ritura do A ntigo T estam en to” .31 O que von Rad declarou sobre o AT se aplica, do mesmo modo, ao NT. O que precisa ser enfaticam ente reforçado é que existe um a dim ensão trans cendente ou divina, na história bíblica, com que o método históricocrítico é incapaz de tratar. “Se todos os eventos históricos têm, por definição, que ser explicados por causas históricas suficientes, então não há espaço para os atos de Deus na História, pois Deus não é um personagem histó rico” .32 Se se tem um a visão da Histó ria que não pode adm itir a intervenção divina por meio de ato e pala vra na História, então não se pode tratar adequada e devidamente com o testemu nho da Escritu ra. Logo, somos levados a concluir que a crise a respeito da História, nas teologias do AT e do NT, não é conseqüên cia do estudo científico das evidências, mas se origina da própria crise33 do método histórico-crítico e de sua inadequação para tratar do pap el da tran sce nd ên cia na H istória, devido a prem issas filosóficas a respeito da natureza da História. Se a realidade do texto bíblico dá testemunho a uma dimensão supra-histórica, que transcende as limitações auto-impostas do método histórico-crítico, então tem-se que empregar um método que possa levar em conta esta dimensão e possa sondar as cam adas mais profundas da experiência histó rica e tra ta r ad eq ua da e devidamente do apelo à verdade da E sc ritur a.34 29 C. E. Braaten, "Revelation History and Faith in Martin Kãhler", em M. Kãhler, The S o-Ca lled Histórica! Jesus an d the H istorie B iblical Christ (Filadélfia, 1964), p. 22. 30 D. W allace, “ Biblical Th eology. Past and Future", Thealogische Zeitschrift 19 (1963), p. 90; ef. Barr, “Revelation through History", p. 201 e s. 31 Von Ra d, O l d T e s ta m e n t T h e o l o gy , II, p. 417. 32 Ladd, “The Search for Perspective", p. S0. 33 Krentz, T h e H i s to r i c a l- C r i ti c a l M e t h o d , p. 84, fala do criticismo histórico como estando numa "crise metodológica". 34 Von Rad O l d T e s t a m e n t T h e o l o g y , I, p. 108. E. Osvvald, “Geschehene und geglaubte Geschichte’’, W issenschaft Zeitschrift der U niversitat Jcna 14 (1965), p. 711: “C om o auxílio da ciência crítica não se pode, seguram ente, fazer nenhum a declaração a respeito de D eus, pois não há ca m inho qu e leve da ciêíicia objetivadora da História a uma expressão teológica real. O processo racional do conhecimento da História perman ece lim itado à dim ensão espa ço-tem por al...”
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Afirmamos que o método adequado à teologia bíblica é ser teológico e histórico desde o começo. Supõe-se freqüentemente que a exegese usa a função histórico-crítica, p ar a e lab orar o significado dos textos simples , e que a teologia do NT (ou do AT), a tarefa de unir a reconstrução à interpretação dentro do todo teológico, a saber, um procedim ento seqüencial. H.-J. Kraus tem , correta m ente, procurado por “ um processo de interpretação biblico-teológica” em que a exegese, desde o po nto de partida, é de orientação biblico-teo lógica.15 Se acrescentarmos a este aspecto que um método apropriado e adequado de pesquisa do texto bíblico precisa levar em conta a realidade de Deus e de sua participação na História,36 pois os textos bíblicos testific am a dim ensão transcendente na realid ade histórica,37 então teremos a base sobre a qual as interpretações histórica e teológica podem caminhar de mãos dadas desde o início, sem a necessidade de serem artificialmente separadas dentro dos processos seqü enc iais.38 Basean do-se nisto, pode-se “ voltar p ara lá ” , p ara o m undo do escritor bíblico, construindo um a pon te tem poral e cultu ral, e pode-se tentar entender histórica e teologicamente o que o texto queria dizer. É então possível expressar mais ad eq ua da e abran gentemente o que o texto quer dizer ao homem no mundo moderno e na situação histórica. Este proced imen to metodológico não pro cu ra om itir a História, em beneficio da teologia. O teólogo bíblico que trab alh a com o m étodo 35 D ie b ib lisch e T h éo lo g ie , p. 377. 36 Conclusão a que chega também Floyd V. Filson, "How I Interpret the Bible”, In te rp re ta tio n 4 (1950), p. 186: “Trabalho com a convicção de que somente o mé todo do estudo realmente objetivo leva em con ta a realidade de D eus e de sua obra e que qualquer outro pon to de vista está carregado de pressuposições que realmen te, mesmo de forma sutil, contêm uma negação implícita da fé cristã em sua tota lidade.'’ 37 Troeltsch escreve: “ O meio através do qual a crítica tom a-se a princíp io possível é a aplicação da analogia... Esta onipotência da analogia implica a identidade no princípio de todo acontecimento histórico” (Uber historische und dogmatische M ethode in der T héo logie” , p. 108). Von Rad oferece aqui uma observação incisiva a respeito do curso da História conform e apresentado pelo m étodo histórico-crítico, em T h e o lo g ie d e s A l te n T e s t a m e n t s (Munique, 1960), II, p, 9: “Ê a História inter pretada cosn base nas pressuposições histôrico-filosóficas, que não permite nen hum reconhecimento possível da ação de Deus na História, pois só o homem é notoria mente considerado criador da H istória.” M ildenberger, G o t t e s T a t i m W o r t , p. 31, n.° 37, concorda com von R ad e acrescenta que a crítica histórica "pressupõe um a relação fechad a da realidade que não pod e oferecer causas ‘sobr enatu rais'". 38 Sobre este asp ecto, von R ad, T k e o lo g ie d e s A T , II, p. ld, fez a seguinte observação: “A interpretação teológica dos textos do AT não começa realmente quando o exegeta, edu cado dentro da crítica literária ou da H istória (um a ou o utral), terminou o seu trabalho, como se tivéssemos dois processos exegéticos: primeiro, o históricocrítico e então o ‘teológico’. Uma interpretação teológica que procura apreender um enunciado acerca de Deus no texto é ativa desde o próprio início do processo do entendimen to,” 164
que é tanto histórico como teológico reconhece completamente a relatividade da objetividade humana.39 Conseqüentemente, ele está ciente de que não deve nunca permitir que sua fé o faça modernizar seu material com base na tradição e na comunidade de fé onde se encontra. Ele tem que interrogar o texto bíblico em seus próprios termos; abre um espaço para que a sua tradição e o conteúdo de sua fé possam ser desafiados, guiados, vivificados e enriquecidos pelas suas descobertas. Ele reconhece também que uma abordagem pura mente filosófica, lingüística e histórica nunca é suficiente para descerrar o significado total de um texto histórico. Podemos aplicar todos os instrumentos exegéticos da pesquisa histórica, lingüística e filosófica disponíveis e nunca alcançar o ponto central do assunto, a não ser que nos subm etam os à experiência básica d a qu al os escritores bíblicos falam , a saber, a fé. Sem tal subm issão, dificilmente chegaremos ao reconhecimento da realidade total que se expressa no testem unho bíblico. Não queremos trans form ar a fé nu m método nem tampouco pretendemos descartar a exigência dos livros bíblicos, como documentos do passado, de serem traduzidos o mais objetiva mente possível, por meio do emprego cuidadoso dos métodos de interpretação adequa dos. Mas queremos dizer que a interpretação da Bíblia deve tornar-se parte de nossa própria experiência real. A inter preta ção teológico-histórica deve estar a serviço da fé, se pretende sondar todas as camadas da experiência histórica e penetrar no significado total do texto e da realidade nele expressa. Temos, portanto, que afirm ar que, quando a in terpretação procura por declarações e depoimentos que testemunhem a automanifestação de Deus como o Senhor do temp o e dos fatos, que escolheu se revelar em acontecimentos reais e datáveis da história humana através de atos e pala vras de julg am ento e salvação, entã o o processo de compreensão de tais declarações e depoimentos tem que ser, desde o início, histórico e teológico em natureza, a fim de apreender totalmente a realidade completa que se expressou. 2. O teólogo bíblico em pe nh ad o na teologia do NT tem seu assunto indicado de antemão, visto que seu esforço é por uma teologia do Novo Testa m ento . Ela está fundada sobre matérias extraídas do NT. O NT chega até ele por intermédio da igreja cristã como parte das Escrituras inspiradas. A introdução ao NT procura esclarecer os estágios e form as pré-literários dos livros do NT, traç ando sua história e formação, como também as formas dos textos e a canonização do NT. A histó ria do cristianism o prim itivo é estudada no contexto da história da antiguidade, com especial ênfase sobre as culturas perifé ricas, das quais temos muitos textos e onde a arqueologia tem sido 39 Assim lambem Stendahl, J D B , I,
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inútil em proporcionar os cenários histórico, cultural e social para a Bíblia. A teologia do N T interroga os vários livros ou blocos de escritos do NT quanto à sua teologia .40 Pois o NT é composto de escritos cuja origem, conteúdo, formas, intenções e significado são bem diversos. A natureza destas questões torna imperativo examinar o material disponível à luz do contexto, que é primário para nós, a saber, a forma em que os encontramos enquanto estrutura verbal de uma parte integrante de um todo literário.41 Vista deste modo, a teologia do NT não será um a “ história d a religião”42 ou um a “h istória da transm issão d a trad içã o”43 ou qu alq ue r ou tra coisa.44 U m a teologia do NT fornece, primariamente, uma interpretação sumária e uma explanação de cada documento do NT ou blocos de escritos do NT, 40 Isto foi acentuado para a teologia do NT especialmente por Heinrich Schlier ("The M eaning and Function of a Theology of the NT ” , D o g m a tic vs. B ib lic a l Theology, ed. H. Vorgrimler (Baltimore, 1964) p. 88-90); para a teologia do AT de Kraus (Die biblische Tkeologie , p. 364), de D. ]. McCarthy (“The Theology of Leadership in Joshua 1-9 " .B iblica 52 (1971), p. 166). e com sua própria ênfase por Ch ilds ( B ib lica l T h eology in C ris is . p. 99-107). 41 Os críticos literários (não-bíblicos) contemporâneos dão ênfase especial à “nova crítica", que os alemães chamam de W e r k i n t e r p r e t a t i o n . Cf. W. Kaiser, D as spra ch lic h K u n s tw e r k (I0.a ed.; Berna-Munique, 1964); Emil Staiger, D ie K u n s i der I n te rp re ta tio n (4.3 ed.; Zurique, 1963); Horst Enders, ed., D ie W erk -in terp relution (Darmstadt, 1967). O interesse primário, segundo os praticantes da “nova crítica”, é ocupar-se com o estudo de uma peça literária completa, A “nova crítica" insiste na integridade formal da peça literária como obra de arte, a k u n stw e rk . Tal trabalho deve ser apreciado em sua totalidade; olhar para seu passado, numa tentativa de descobrir sua origem, é irrelevante. A ênfase está sobre o produto literário final c/uu obra de arte. U m crescente número d e eruditos do N T tem ad eri do à "nova crítica". Entre eles, estão: Z. Adar, The Biblical Narrative (Jerusalém, 3959); S. Ta lmo n. "W isdom ’ in the Book of E sther", V e t u s T e s t a m e n t u m 13 (1%3). p- 419-455; M. Weiss, “Wege der neueren Dichtungswissenschaft in ihrer Arwendun auf
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com vistas a pe rm itir que seus conceitos, ternas e assu ntos apareç am e revelem seus parentescos mútuos. O procedimento básico de explana ção da teologia dos livros ou blocos de escritos do NT em sua forma íinal como estrutu ras verbais dos conjuntos literários tem a vantagem de reconhecer as similitudes e as diferenças entre os vários livros ou blocos de escritos. Isto quer dizer, por exemplo, que as teologias dos Evangelhos individuais se sustentarão independentemente junto às outras. Cada voz pode ser ouvida em seu testemunho da atividade de Deus e da automanifestação divina. Uma outra vantagem desta abordagem, decisiva para toda a empresa da teologia do NT, é que não se impõe nenhum esquema sistemático, padrão de pensamento ou abstração extraposta ao material do NT. Visto que nenhum tema simples, esquema ou assunto é suficientemente abrangente para conter todas as diversidades de pontos de vista do NT, devemos nos abster de usar um determinado conceito, fórmula, idéia básica, etc, como o centro do NT, por meio de que se obtém uma sistematização dos testemunhos múltiplos e variados do NT. Por outro lado, temos que afirmar que, como Deus é o centro do AT,45 Jesus Cristo é o centro do NT.'"5 Procuram os nos abs ter da sistematização baseada num único tema, esquema, assunto, etc., e as razões para isto já foram enunciadas anteriormente. 3. U m a aprese ntação da teologia do NT pode com eçar melhor com a mensagem de Jesus, visto que ela está em todos os documentos do N I’. Nisto, supõe-se que é possível reunir aos poucos a mensagem de Jesus a partir dos respectivos Evangelhos e das poucas citações existentes nos outros documentos do NT. Pode-se então prosseguir com as teologias de Mateus, Marcos e Lucas-Atos. Neste tipo de avaliação, reconhecer-se-á que os vários Evangelhos têm seu próprio propósito distinto , tanto na seleção como na apresenta ção do m aterial preservado. Pode-se alcançar a teoiogia paulina descrevendo-se a teologia das diferentes epístolas de Paulo e sua comunidade, como também na distinção dos tem as e assuntos. A chave pa ra a teologia pa ulin a não é fácil de ser alcançada, como indicam as várias tentativa s recentes.47 Pode ser que alguns escolham apresentar a teologia de Pedro antes da de Paulo, como também as teologias de outros documentos do NT que testificam a pregação e a doutrina do cristianismo primitivo.
45 G. F. Hasel, “'lhe Problem of the Center in the OT Theology Debate", Z A W 86 (1974), p. 65-82, 46 Ver o Ca pítulo 3. 47 Ver J. Jere m ias, D er S ch lü sse l z u r Th eologie des A p o ste is P au lu s (Gütersloh. 1971); G. Eichholz, D ie T h eologie d es Pa u lus im U m ris s (Gòttingen, 1972); H. Ridderbos. Paul. An O u ili n e o f H is Th eology (Grad Rapids, M ich., 1975).
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Aqui, as datas dos respectivos escritos do NT tornar-se-ão o fator da seqüência da ap resen tação da teologia do NT. A teologia joanina, conforme obtida no Quarto Evangelho e nas Epístolas, parece vir por último, com exceção da teologia do Apoca lipse, que dá a impressão de pertencer a u m a categoria própria, entre as teologias do NT, e pode ser apre senta da p or último. 4. A teologia do NT não pro cu ra ap ena s conh ecer a teologia dos vários livros ou grupos de escritos; ela também tenta reunir e apre sen tar os tem as m ais im po rtantes do NT. A fim de pô r em pr ática o seu nome, a teologia do NT tem que permitir que seus temas, assuntos e conceitos se formem para ela por meio do próprio NT. A gama de temas, assuntos e conceitos do NT impor-se-á sempre, visto que fazem com que os do teólogo se calem, uma vez que as perspectivas teológicas do NT sejam realm ente assim iladas. Em prin cíp io , um a teologia do NT deve pender em direção aos temas, assuntos e conceitos e tem que ser apresentada com toda a sua diversidade e todas as limitações imp ostas a eles pelo próp rio NT. A apresentação destas perspectivas longitudinais dos testemunhos do NT só pode ser obtida com base num tratamento variado. A ri queza dos testemunhos do NT pode ser alcançada por meio desta abordagem múltipla, pois ela é compatível com a natureza do NT. Esta abordagem múltipla com o tratamento variado dos temas longitudinais liberta o teólogo bíblico da noção de uma abordagem unilinear artificial e forçada, determinada por uma única concepção estru tural, seja ela o pacto, a comu nhão, o reino de D eus ou qu alque r outra, à quai todos os testemunhos, pensamentos e conceitos no NT sejam forçad os a se referir ou a nela se en quad rar. 5. Quando se interroga o NT a respeito de sua teologia, ele responde, em primeiro lugar, revelando várias teologias, a saber, as dos livros individuais ou grupos de escritos, e então revelando as teologias dos vários temas longitudinais. Mas o nome de nossa disci plina, como teologia do NT, não está interessado em apresentar ou explicar a variedade de teologias. O conceito prognosticado pelo nome da disciplina tem um a teologia em vista, a saber, a teologia do NT. O objetivo final da teologia do NT é demonstrar a unidade que reúne as várias teologias e temas, conceitos e assuntos longitudinais. Esta é uma empresa extremamente difícil, que contém muitos perigos. Se existe um a realidade divina únic a por detrás da experiê n cia daqueles que nos deixaram as Esc rituras do NT, en tão parece-nos que, por detrás de toda a variedade e diversidade da reflexão teológica, existe uma unidade dentro dos escritos do NT. O objetivo fundamental de uma teologia é, então, tirar a unidade o máximo possível de seu esconderijo e torná-la transparente.
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A tarefa de alcançar este objetivo não deve ser executada precipita dam ente. A tentação constante de encon trar unidade nu m único tema ou conceito estrutural deve ser evitada. Aqui pode aparecer uma certa apreensão, não apen as porq ue a teologia do NT seria reduzida a um desenvolvimento de interseção ou de outro tipo de desenvolvi mento de um único tema ou conceito, mas p orq ue a verdadeira tarefa perder-se-ia de vista, que é precisam ente não subestim ar ou ignorar as diversas e variadas teologias e, ao mesmo tempo, apresentar e articular a unidade que aparentemente une, de modo oculto, os testemunhos divergentes e múltiplos do NT. Pode-se de fato falar de uma tal unidade em que os pronunciamentos e testemunhos teológi cos divergentes fundamentalmente se relacionam intrinsecamente entre si, do ponto de vista teológico, com base na pressuposição de que provêm da inspiração e canonicidade do NT como E scritura. Um modo aparentem ente bem -sucedido de luta r com a questão da unidade é tomar os vários temas e conceitos longitudinais mais importantes e explicar onde e como as diversas teologias se relacio nam intrinsecamente entre si.48 Deste modo, pode-se iluminar o vínculo subjacente da teologia do NT. Na busca de descobrir e explicar a unidade, devemos nos abster de transformar a teologia de um livro ou grupo de livros em norma do que é a teologia do NT. Vimos que isto tem acontecido freqüentemente. Alguns eruditos Iransformaram a teologia de Paulo ou um determinado aspecto dela na norma ou “cânon dentro do cânon” da fé cristã primitiva, com base no que as outras parte s são criticadas. O procedim ento proposto aqui procura evitar este método. Ele tamb ém abre espaço às freqü en temente rejeitadas teologias de certos escritos do NT, tais como Hebreus, Tiago, Judas e outros, p ar a se enc on trarem lado a lado com outras teologias. Elas dão suas contribuições especiais à teologia do NT em iguald ade com aquelas mais reconhecid as, pois são ta m bém expressões das realidades do NT. A questão da unidade implica tensão, mas tensão não significa, necessariamente, contradição. Parece que onde a unidade conceituai dá a impressão de ser impossível, a tensão criativa desse modo produzida revelar-se-á mais frutífera pa ra a teologia do NT. 6. O teólogo bíblico en tende a teologia do NT como pa rte de um conjunto mais amplo. O nome “teologia do Novo Testamento” implica contexto mais amplo da Bíblia, elaborado por ambos os Testamentos. Uma teologia integral do NT encontra-se num relacio nam ento básico com o AT e a teologia do AT. P ar a o teólogo cristão, 48 A. Deissmann, “Zur Methode der biblischen Theologie des NT", P T N T , p. 78-80, já h avia sugerid o a apresentação da te olo gia cristã prim it iv a to tal com o ta refa prin cipal da teologia do NT .
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o NT tem o ca ráte r da Es critura e refletir-se-á co nstantem ente no que isto significa particu larm en te em relação ao outro T estam ento, Estas propostas indicam uma abordagem múltipla da teologia do NT. E sta abordagem procura fazer justiça aos vários escritos do NT e tenta evitar uma explanação dos múltiplos testemunhos através de uma única estrutura, pontos de vista unilineares ou mesmo uma abordagem composta de natureza limitada. A abordagem que esbo çamos acima tem a vantagem de permanecer fiel à rica variedade de pensam ento do NT, tanto no que diz respeito à sim iiitude quanto no que se refira à dissimilaridade, como também ao velho e ao novo, sem a menor distorção dos testemunhos históricos originais do texto, em seu sentido literal, e no contexto bíblico mais amplo a que pertence o NT. Perm ite que apareça a unidade dentro de toda a diversidade e multiplicidade, sem forçá-la a se adaptar à uniformidade. Não será um trabalho simples apresentar uma teologia do NT baseada nas linhas aqui traçadas, mas espera-se que este seja um desafio que alcance a vitória acima de qua lquer tentação de procu rar um caminho mais fácil.
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Bibliografia Selecionada (Nota: A seguinte lista contem, primariamente, uma seleção das obras escritas nos últimos 100 anns, Deu-se preferência, onde possível, às obras que representam vários pontos de vista e /o u têm , de um a forma ou de outra, con tribuído pa ra o debate atual.) Adeney, W. F. T h e T h e o lo g y o f t he N e w T e s t a m e n t . Londres, 1894. /Ubert?., M . Die. B ozsch aft des N euen T e s ta m c n ts . Vol. I, p. 1, Berlim, 1946; Vol. I, p. 2, Zollikon Zu rique, 1952; Vo l. II, p. 1, Zn llikon-Z uriq ue, !954; Vol. II, p. 2, Zollikon-Zurique, 1957. ------------ . "Die Krisis der sogeiianntcri neutestamentlichen Théologie”, Zeic hen der Z e it 8 (1954). p. 370-376. ------------ . “ K erigma und T heologie im Neuen T estam ent” , Z N W 46(19 55), p. 267 e s ., t T h L Z 81 (1956), p. 341-344. A lbright. W . F. “ Return to Biblical T he olog y” , Ch ristian Century 75 (19S8 ), p. 1328-1331. Alexandre, N. “The United Character of the New Testament Witness of the ChristEvent". The New Testam ent in Histórica! an d C ontem porary Perspective. Essavs in M e m o n o f G . H. C. M a cg re g o r, ed. Hugh Anderson (Oxford, 1965), p. 1-33. Allen, E. L. “The Limítsof Biblical Theology”, JB R 25 (19 56 ), p. 13-18. Althaus, P. F aith a n d F a e t in th e K er y g m a T o d a y . Filadélfia, 1959. Aulén, G. Jesus in C o n te m p o ra ry H istó rica l R e se a rc h . Nashviüe, 1976. Bach m ann, Ph. “Zur M ethode der biblischen Th eologie des Neuen Testam ents” , F estg abe, d e r ph il o s. F a k u lta t d er F rie dric h A le x a n d e r-V n iv e r sila t E rl angen (Erlangen, 1925), p. 7-26. Balthasar, H. U. v. “Die Vielheit der biblischen Theologien und der Geist der Einheit im Neuen Testament”, S c h w e i t z e r R u n d s c h a u 67 (1968), p. 159-169. -------------. “H in igu ng in C hr istu s" , F re ib u rg er Z e itsc h rift f u r P h ilosop h ie u n d T h eo lo g ie 15(1968), p. 171-179, Barr, James. O l d a n d N e w in I n t e r p r e t a ti o n : A S t a d y o f t h e T w o T e s t a m e n t s . New York, 1968. ------------ . T he B i b l e in t h e M o d e m W o r ld . NewYork, 1973, -------------. “Stnry and History in Bib lical Th eo log y" , Jou rn al o f R eli gio n 56 (1976), p. 1-17. -------------. “ B ib lica l T he ol og y" , I D N S u p . (Nashville, 1976), p. 104-111, ------------ . “T rends and Prospects in Biblical T he olog y” , J T S 25 (197 4), p ,265-282. Barth, Karl. D e r R ó m e rb rie f. Berna, 1918. ------- . “Rudolf Bultmann — An Attempt to Understand Him”, K ery g m a a n d M yth II, ed. H. W. Bartsch(Londres, 1962). Barth, M. “Die Methode von Bultmanns ‘Theologie des Neuen Testaments’”, Theologische Zeitschrift 1! (1955), p. 1-27. ------------ . “ W hither Biblical Th eology” , In te rp r e ta tio n 25 (1971), p. 350-354. Batey, R. New Testament Issues. New York, 1970.
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índice dos Nomes de Autores Aehtemeier, F. J., 47 Adar, Z., 166 Albertz, M ., 55-56 Althaus, P., 88 Amman, C. F. von, 20 Amslcr, S., 133 An derson. B. W ., 133 Astruc, J., 18 Au lén, G ., 45 Auvray, P., 143 Balthasar, H. U. von, 122 • Baier, J.-W ., 16 Bames, W. E., 45 B am ikal, E ., 26 Barr, J., 15, 57, 88, 92, 106, 112. 129, 136, 142, 148, 156,163 Barth, K., 44, 69, 129 Barth , M ., 72, 113 Bartsch. H .-W ., 45, 67. 70 Bauer, G. L., 13. 15, 20, 21, 26, 27, 37, 63, 82, 87, 133 Baumann, R., 121 Baumgãrtel, F., 136, 141, 147 Baumgartel-Crusius, L. F. O.. 28 Baumgartner, S. J., 17 Baur, F. C., 15, 24, 26, 30. 32, 33, 37, 39,42,55. 69 Beck, J. T., 31 Beilner, W ., 123 Beisser, F., 18, 159, 161 Benoit, P. 133 Benson. E. J., 17 Betz, O., 13, 87 Beysehlag. W ., 30, 52 Blac-kman, E. C., 134 Blenkinsopp, J., 65, 133 Bociin. J., 23 Bonsirven, J., 51 Bornkamm, G., 45, 47, 66, 69 Bousset. W., 33, 42, 56, 69 Bouttier, M ., 88
Braaten, C. E., 45, 163 Braun, D ., 88, 151 Braun. F.-M ., 52, 155 Braun, H., 45, 69, 74, 110, 114-116, 124, 125. 130 Briggs, K. C .,2 7 Bright, J., 141, 146, 152, 156 Brown, C., 146 Brown. R. E., 51 Brown, S., 119 Bruce, F. F.. 65, 144, 145, 156 Büchsel. F., 31, 52 Bultmann, R., 10, 27, 32, 33, 37, 42, 45, 48, 55. 56, 60, 65-76, 77, 79, 81, 83, 87,88, 93. 103, 105. 113-115, 118, 119. 124, 125, 13 5-13 7, 138, 141, 145, 162 Buri. F., 70. 88 Burkhardt, H., 129 Burrows, M .. 65. 133, 155 Büsching, A. F., 18 Cajetan, 14 Calovius, A., 16 Campenhausen, H. von, 122. 129 Carlston. C. E.. 45 Cazdles. H., 143 Cerfau.x, L., 50 C hilds, B. S .. 57, 106, 107. 150, 155, 166 Christmann, W. J., 16 Chubb, T., 17 C lemons. J. T .. 88 Cobb. J. B., 46. 47, 68, 72 Cülln, D. G. C. von, 20, 26 Ginzchiiami, H.. 9. 10. 45. 46, 47, 59. 97-81. 83. 87. 88, 103, 105, 106, 119 Cnpcrnito, N.. 25 Cnn lcro, M. G ., 9, 52 Courlh. F., 15. 121 Cox. C. i:., 71 Ciaií;, C. T., 44 Ctanicr, D. I... 2N
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Cullmann, O., 53, 56, 83, 88, 93, 100, 116, 124, 125, 129, 132, 154 Dahl, N. A.. 68 Davies, W, D., 98 Deissmann, A., 22, 37, 56, 62, 82, 169 Deützsch, F., 135, 141 Dentan, R. C., 16, 18, 19, 20, 25, 43 Descamps, A., 52 Descartes, R., 23 Deutschmann, J., 17 Dibelius, M., 38, 45 Diem, H., 70, 127, 131, 132, 153 Diest, H. A,, 16 D o ty , W . G . ,4 7 , 4 8 , 72 Duíles, A,. 108, 159 Dungan, D. L.., 129 Eb eling, C ., 14, 16, 1 7,4 7, 69, 115, 132, 134, 162 E s s, G . .3 5 Eid iholz, G ., 167 Eichhorn, í. G., 18, 21 Eichrod t, W ., 34, 92, 120, 143, 147, 148,153 Eissfeld, O., 34 Ellis, E. E., 81, 145, 147 Elhvcin. H,, 70 Ernesti, J. A., 19 Evans, C. F., 118 Fairbairn, P., 147 Fasclier, E., 56 Feinc. P., 30, 31. 52 Fcnsharn. F. C., 120, 134, 146 Filson. F. V., 143, 144, 152, 155, 164 Fiseher, A., 16 Fil/myer, J. A., 52. 145 Flender, H., 119 Fohrer. G., 92. 121. 154 France. R. T.. 144, 155, 156 Frank, 1., 129 Franklin. E., 119 Frey, H.. 18 Fries, J. F., 25 Frühlich. K.. 88, 110 Frõr, K,, 153 Fryc, R, M ., 18 F ud is, E., 45, 47, 69, 88 Fnller, R. H., 45. 69 Fn nk, R. W ., 35, 47, 74. 162 Ga hler , .1. P., 20, 21. 22 , 26 , 37 , 38, 58, 62.63. 111 Gadamer. H. G., 44 Galilei, Galileo, 22 Gusque, W. W., 98 Geiger, W., 26 Gese, H., 49, (33, 166 Glail. O., 16 Gogarten, F., 66. 70 Goppoll. L., 9. 13. 28. 31. 32. 33. 36. 42. 43, 49, 56, 74, 75, 83, 87. 100-104, 116. 142, 147
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Gould.E. P.,31,52 Grant, F. C., 53, 116. 121 Gr ant. R. M ., 23, 129, 134 Grech, P., 52, 111 Grelot, P., 133 Griesbach, J. J., 18 Grobel, K., 145 Groh, D. E., 129 Grosi, H., 134 Guillet, J., 121, 146 Gundry, R. H., 145. 155 Gunneweg, H. H., 133, 137 Güttgemanns, E., 45, 88, 77, 79, 81 Haacker. K., 110, 111, 122 Haag, H., 155 Halin, F., 14, 18, 133, 161 Hahn, G. L., 29, 30 Harnack. A. von, 32, 56, 134, 141 Haroutunian, 1. 176 Han-ington, W., 13,33, 36,50,52,54, 56, 58, 65. 77, 78, 79, 84. 88. 144, 155 Harrisville, R. A., 45 Harvey, J., 108 Harvey, V. A., 45, 162 HascI, G. F., !0, 15, 16, 18, 22, 92, 120, 166 Haufe, G., 65 Hayes. J. A ., 56 Haymann, C.. 17 H eidegger, M ., 46, 47, 66, 72, 79 Henge), M ., 18, 81, 122 Henning, G., 14 H enry, C . F . H . ,9 5 Hesse, F., 92, 133, 137, 141, 145, 154 Higgins, A. J. B., 143 Hill. D., (46, 156 Hillers, D. R., 120 Hillm an, W ., 52 Hirsch, E., 135, 141 Hodgsun, P. C., 26 Hofmann, J.C. K., 31, 32,56 Hnll, K., 14,42 Holtzmann, H. I., 37, 39 Hooykaas, R., 22 Horning, G., 19 Hübner, J., 22 Hufnagel, W. F ., 20 Hiilsema nn, J., 16 Hultgren, A. J., 119 Hummel, H. D., 147 Hunter, A. M., 54, 110 Hyatt, J. P., 60 Iber, G., 45 Jasper. F. N., 144 Jaspers. K., 70, 71 Jepsen, A., 154 Jeremias, .1. 9, 11,55, 70, 75. 83,87, 129, 167 Jervell, J., 119 Joest, W., 126, 129
Kaflan, J., 42 Kãhler, M ., 44, 47, 105 Kaiser, G. P. C., 25, 28 Kaiser, W. C.. 121 Kalin, E., 129 Kant, I., 20, 25 Karpp, H., 22 Kàsemann, E., 10. 15, 47, 49, 69, 74, 75, 79, 80, 83, 103, 110, 112, 115, 120. 12 5,1 26 , 129, 130 ,131 Kayscr, A., 36 Keck, L. E., 45, 61 Kee, H. C. 47 Kelsey, D. H., 99, 107 Kepler, J. , 22 Kinder, E.. 45, 70 Klassen, W ., 16 Klein, G., 47, 88, 92, 121 Knox, J.. 134 Knudsen, R. E., 54, 94 Kohls. E. W ., 14 Komer. J., 88 Kõester, H .,4 5 ,8 7 , 105, 103 Kra eling, E. G .. 179 Kraus, H.-J., 13, 16, 17, 19. 20. 23, 24, 2 5,2 8, 30, 31. 32, 36, 38, 40. 41, 56, 88, 114, 119, 133, 135, 151, 153, 155, 160, 164, 166 Kreck, W ., 118 Krente. E., 18, 22, 24, 161, 162, 163 Krüger, G., 40 Kümmel, A., 15, 110 Kümmel, W. G., 9, 11, 14, 17, 19, 20. 22, 24, 27, 30, 32, 38, 40, 43. 53, 55, 75,77,80,81,83, 119, 122, 124, 129 Küng, H., 77, 81, 129-131, 132 K ünne th, W ., 45, 70, 110, 121 Kuske, M ., 144 Kuss, O., 13, 50 Kutsch, F.., 120 Kwiran, M ., 121 Ladd, G. E., 9, 18, 45, 56, 57, 88, 93-99, 105,110, 116, 122, 160, 163 Lampe, G. W. H., 129, 156 Larig, F., 133, 144 Langford, J, J., 22 Larcher, C., 133 Lehmann, C. R-, 9, 56, 94 Lehmann, K., 18, 94 Leith, J. H ., 161 Lemonnyer, A., 50 Lessing, G. E ., 18, 20 Lipensius, M ., 16 Loeke, J., 17 Lohfink, N., 133 Lohse.E.,9, 11,55.81,82, 110, 112, 114,115,122,124,125,127 Longenecker, R., 145 Lõnning, 1., 110, 112, 129, 130 Loretz, O., 22, 120
Lossius, M. F. A., 28 Lucas, R., 147 Lührmann. D., 45 Lutero. M ., 14, 15, 129 Luz, U.. 110, 126 MacKenzie, R. A. F., 108 Macquarrie, J., 46, 66 Maier, G., 17, 129, 132, 161 Marle, R., 66 Marshall, L H., 119 M arxsen, W ., 18, 129 Mathers, D., 180 Mauser, U., 141 McCarthy, D. J., 120, 166 McKenz.ie, J. L., 145, 151, 156 McKnight, E. V., 56 M einert/, M ., 50, 152 Menken, G ., 31 Merk, O., 13, IS, 20. 22, 25, 26, 27, 28, 29, 33. 46, 53, 56, 60, 65, 69, 82, 83, 87,93, 111 Mcssner, H., 29, 30 Miehaelis, J. D., 17, 55 M ichaelis, W ., 55 Mildenbcrger, F., 132, 154, 164 Miskottc, K. H., 139-141 Moore, A. L., 122 Morgan, R. L., 10, 15, 33, 36, 37. 38. 39, S8.62, 129 Munck, J., 159 Murphy, R. E.. 52, 133, 142, 148. 149 Mussner, F., 110. 123, 126. 127, 134 Neander, A., 29. 30 Neil, W., 133 Neill, S., 9, 11. 69. 75, 40, 84 Newport. J., 181 Nicol, 1, G., 88, 90 Nicole. R., 145 N ikolainen, A. T ., 9, 110 Nitschke, A., 18 North, C. R., 44 Oberman, H., 14 0'Doherty, E., 133 Ogden, S. M., 45, 70, 71 Ohlíng, Kr-H., 129 Osswald, E., 163 Ott, H., 45 Overbeck, F., 43, 79 Pa nn enb erg, W ., 18. 35, 136, 137, 138, 148,161 Perrin, N., 9, 10, 48, 69, 70, 71, 75-76, 78, 87, 106 Peters, T ., 161 Piepenbring, C., 36 Piper, O. A., 105 Pôhlmann, W., 15 Prenter, R., 45 Preuss, H. D ., 133 Rad, G. von, 49. 90, 91, 100, 137, 143,
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147, 148. 149. ISO, 153. 154, 15S, IM. Ih2, 163. 164. 166 Kedlich. F. B.. 45 Keicke. B.. 121 Rohde. .1.. 78 Ricoeur, P, 76 Richardso.i, A.. 22 Ridderhos. H. N., 81. 98, 167 Riesenfcíd. H., 110. 122. 123 Rigaux. B., 27 Ritschl. A . , 39 Rnherlson. P.. 121, 155 Ho>ijns l in. J. M .. 10. 13, 44 , 45 . 46, 48, 50, n«. 69. 72. 74. 75. 77. 80. 93. 103, 106.149. 158 Rolnff. J., 100 Rowlev. H. H.. 143, 151 Rnler, A. A. van. 133. 138 139. 141 Sanders, J., 134 Schelklc. K. H., 9. 52. 62, 65, 122, 123 Shempp. P., 14 Schenkel, D., 15 Schlatter, A., 33-36, 43. 56. 66. 103 Shlier. H. 52. 53. 73, 78. 79, 122, 131, 166 S c h l i n g e n s i e p e n , H., 14 Schmiti, C. F., 29, 30 Schmidt, K. L., 45 Schmidt. L.. 137 Schmidt, S., 16 S c h m i t h a l s , W.. 47, 72 S c h n a c k e n b u r g . R.. 13. 52, 56, 110 Schniewind, J., 69, 70 Scholder, K., 17, 22, 23 S c h r a g e , W., 15, 110, 122, 126. 130, 131 Schreiner, J.. 18 Schubcrt, K,, 45. 70. 88 Schulz, S.. 147 SchwarzwHller. K.. 1.33 Schwei/.er. A., 27, ,37, 81. 103, 131 Selnveit/er, E., 125 S e e b a s s , H., 121. 143 Semler, J. S., 17. 18, 20, 24 Sidel, S., 144 Siegwalt. G., 141 Smart, J. D.. 133. 141 Smenri, R., 2 0 , 4 4 , 2 5 , 5 8 , 1 1 0 Spcner, P. J., 16. 17 Spicq. C., 52, 108, 154, 155 Spinoz.a, B. de, 23 Stachcl, G., 47 Stagg, F., 54, 94,
Staiger, E., 166 Stamm. J. J., 139 Stanley, D. M ., 52 Staufíer, E., 45. 52, 53, 118 Stock, K. G ., 31. 88, 92, 118, 119 Stein, K. W .. 26 Stek, J. A., 147 Slendahl, K., 15, 25, 46, 53, 60, 61, 63,
190
71,84.88.92.96, 107, 108, 165 Stevens, G . B ., 31. 52, 94, 99 Stewart, J. S., 83 Stock. A.. 15, 112. 115, 116. 125. 131. 132 Strathmann, H., 129 Strauss, D. F., 26 Slrecker. G., 10. 13, 15,20.25.38,47 Stuhlmacher. P.. 15. 18. 22, 49, 50, 65. 77. 103, 125, 134.161.162 Simdherg. A. C., 129 Surburg. R., 18 Talbert. C. H., 119 Talmon, S., 166 Tavior, V.. 59 Th ielieke, H ., 70 Tindal, M .. 17 Toland, J,, 17 Troeltsch. E.. 24, 26, 39, 43, 105, 162, 16 4 Turrctini, J. A., 17, 23. 24 Vadian, J.. 23 Valia. L.. 14 Vawter, B., 52 Vau x, R. D .. 60. 108, 155 Verhoef, P. A., 133, 145, 147, 151, 152 Vielhauer, P., 47 V ischer, W ., 140, 141 Vo gtlc, A ., 52, 122 Vos, G.. 133 Vriezen, T. C., 60, 139. 140, 151 Wallace, D., 163 Warnaeh. V., 120 Weidner, J. C., 17, 31, 52 Weincl, H., 43, 50 Wcismann, E., 16 Weiss, B., 30, 39, 52, 55 Wciss, H., 45 Weiss. M., 166 Weizsãcker, C. F. von, 22 Wenham, J.. 144 Westermann, C., 133, 136, 137 Wette, W. M. L. de, 25, 26, 28 Wheelwright, P., 76 Wilckens, U., 17, 24 Williams, C. S. C., 129 Wilson, S. G., 119 W ink, W ., 161 Witter, J. B., 18 Wolff, H. W., 143, 148, 153, 158 Wood. H. G., 158 Woolcombe, I. J., 147 W rede, W ., 10, 15, 33. 34, 39, 43, 46. 58, 62, 63, 69, 103, 105, 106 W right, G .E .,9 5 , 142, 158 Zachariã, G. T., 19, 20 Z ah n, T . , 3 2 , 3 3 , 56 Zeller, J. H., 17 Zimm erli, W ., 49 ,1.36, 141, 149, 151 Zy!, A. H. van, 144
índice dos Assuntos Adão, segundo, 73 anabalistas, 15-16 anacronismo , 91 analogia, principio dc, 39, 87, 105 antropocentrismo, 74, 161 antropologia, 62, 71-73, 79, 113, 116, 125,128 apocalíptico. 76 arqueologia, 165 arrependimento, 72 arte. 113 ascensão, 70, 102 ateísmo. 33 ato(s), 95 aulocompreetisão, 46, 68, 72, 79, 100, 101, 113,115 auto-interpretação, 32, 39, 153 autoria, 36 autoridade, 21, 23, 106, 111, 112. 132 biblieismo, 36 b ru ta f u c l a , 9 0 cânon, 13, 19, 30, 32, 37, 38, 39, 41. 53, 63, 106, 117, 123, 128-132, 134, 153. 169 “cânon dentro do cânon", 15, 112, 115, 117, 123, 125, 128-13 2 catolicism o, 27 centro. 11, 26, 49, 71, 86, 92, 98, 110-132, 167 ceticismo. 139 ciência, 22, 113 círculo fechado, 35, 105, 162 compreensão, 24, 66, 161-162, 165 conceitos, 41 ' conceitos-de-doutrina. 27, 28, 30, 37, 38, 39, 55 conhecimento, 70, 71, 73, 114 consciência. 38 conservatismo, 30 continuidade, 69, 100, 134, 137, 142-157 contradição, 23, 74, 112, 169 conversão, 72, 102 correlação, 39, 43, 64. 100, 105 cosmo logia, 67 cosmovisão, 33
cristandade, 38 primitiva, 41, 43, 50. 51, 53, 59, 78 grega, 42, 59, 68.77. 103 cristianismo, 38, 40 Cristo, 21, 38, 50, 69, 75 cristocêntrico, 53, 64, 121. 127. 128 cristologia. 37. 43, 74. 85, 97, 103, 114, 115.121-126 ciistomonismo, 135, 142 critica, 39, 51. 67, 72, 100. 105 bíblica. 51, 52; \e.ja também método histórico-crítico. cte redação. 78. 119 do cânon. 128. 130, 132 do conteúdo, 72. 80. 111. 112, 113, 131 histórica. 39. 44. 55. 161 literária. 18, 138 cru/, 126 culto, 42 cumprimento. 32, 92, 100. 136, 139, 149. 151, 156 deísmo, 29 demitização, 45, 46, 55, 66-67, 70, 75, 93.106 descontinuidade, 134, 138, 139. 141, 153 desquerium ati/.açâo, 70 Deus, 38" 70, 71, 79, 95, 103, 108, 121 hipótese de. 91, 105 deuses mitológicos. 42 Dia do Senhor, 152 disparidade, 112, 114, 116 díssimilaridade, 87. 153, 170 diversidade, 29, 35, 38. 54, 112, 113, 114, 116, 124, 170 dogmatísmo, 13, 16, 18, 24, 26, 28, 29. 30,39,41,51, 104 doutrina, 21,28, 31,39, 41,48. 72 efeito, 35 eleição, 146 encarnação, 70,79, 137 escatologia, 31, 37, 46, 51, 73, 74, 89, 93,97, 114, 119, 138, 146, 147, 151-152 consistente, 45
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futurista. 152 Escola bultmantiuna, 46-50. 65-80 Escola de Tübingen, 26, 29, 39 esperança, 40, 119. 136 Espírito Santo, 32, 44, 98, 114 ética(s). 37, 42 evangelho, 38. 67. 119, 130, 137, 139, 145 e v c n t o ( s ) , 71, 73. 89, 91, 93, 95 exaltação, 73, 86 e x e g e s e , 19, 30, 112, 145 e x i s t ê n c i a , 66, 71, 73 e x i s t e n c i a l i s m o , 46, 47, 66, 76, 79, 83 existencialista
abo rdag em , 65 , 68, 84, 89 interpretação, 66-68, 70, 72, 80, 106, 114,136 expia vão, 70 Fé, 23, 25. 34. 35, 40, 41, 42, 47, 49, 51, 59,64.68,71.72,78.91,93. 104, 105, 114, 116, 122, 146,165 Filho do Homem, 102, 123 filosofia, 21, 23, 25. 43, 46. 48, 68, 73, 76, 109. 159 forma, 24 crítica da, 45. 55-56, 69 gnosticismo. 89, 134 graça, 56 hebraísmo. 25-26 hegclianismo, 27. 28, 37, 42 hcirieggerianismo, 66 hclcnixmo, 43, 102 hermenêuticaís). 14. 19,48,49.76 História, 31, 32. 35. 41, 66. 70, 73, 74, 89, 91. 94, 105, 161, 162 história da salvação, 25. 31-33. 43, 50 história da tradição, 78, 91, 100 historieismo, 44-74 homem, 37, 38, 159 humanismo, 74, 115 Iluminismo. 17, 22, 55 inconsciência, 42 inspiração, 18-19. 24-25, 31, 39, 44, 169 interpretação, 24, 30. 34. 36, 42, 44, 46. 49. 54. 63. 66, 69. 7), 73. 74. 85. 90, 93, 97. 107, 197, 154. 164 biblico-teológica, 153-155 pós-crítica, 44-45 ipsissima verba, 41, 97 ipsixsima vo xJesu , 85 Jesus, 21, 42-43, 50, 59, 82, 97, 101, 105.123 .$> auto-entendimento de, 102 de fé, 47 doutrina de, 26, 27, 28, 29, 30 histórico, 47, 69-71, 75, 77, 82, 87, 101.123 mensagem de, 10, 28, 50, 60, 68-69, 77, 87, 104-124, 167 pessoa de, 50, 124 142
pregação de, 41. 71, 81, 85, 93 proclamação dc, 10, 59, 80, 81, 87, 114 querigma de. 69 religião de, 42 teologia de, 69 João Batista, 32, 50, 85, 97, 100. 102 ju daís m o, 25-2 6, 28, 35. 43. 53 , 85, 98, 102 ju íz o, 72, 146 ju sti ça, 38, 103 , 146 ju stific ação, 125-1 28 K erig m u U i, 79, 91 lei, 37, 74. 114, 137. 139 lenda, 91 liberalismo, 35, 36, 44, 57 liberdade, 72 l o g i a , 84 luteranismo, 49 mareionismo, 141 messianismo, 102 método, metodologia, 11, 19, 29, 60, 62, 104 ateístico, 33 atomístico, 37 bíblico-exegético, 19 comparativo, 84 confessional, 60 da história das religiões. 11, 25, 36, 39, 40, 41, 42, 43, 55, 63, 67, 100, 153, 166 de conceito-de-doutrina, 38 de interseção, 32, 38, 97, 120, 169 descritivo, 21, 25, 30, 60, 63, 96 de(exto-prova, 32 histórico-gramatical, 25, 28, 30 genético, 53 histórico, 41, 43, 45 histórico-crítico, 17, 20, 21, 26, 29, 39,40, 55-66, 67,91, 100, 105, 112, 114, 160-163 histórico-descritivo, 51, 54, 57, 60, 84, 93, 96,106 temático, 50, 51-52, 59-66, 104, 169 misticismo, 37, 74, 103, 115 mito. 46, 55, 67, 76, 89, 136 m itologia, 45, 46, 55, 67 , 86 modernismo, modernista, 36 moral, 23, 51 motivo(s), 61, 10 4 M ovimento Teulógico B íblico, 57 multiplicidade, 142 mundo, 68, 79 neo-ortodoxia, 44 neutro, neutralidade, 34 norma, normativo, 107 nova hermenêutica, 48, 74 objeto, 40 objetividade, 34, 43, 61, 79, 108, 112, 165
ortodoxia. 35, 70 protestante, 16 racional, 23 pacto, 63, 120. 146, 168 parousia, 122 Paulo, ver teologia de Paulo, pecado, 68 Pentateuco, 23 pietismo, 16-17, 18, 49 platonismo, 93 política, 139 pós bultmanniano(s). 47-49, 66, 69-81, 115 positivismo, 80 predição, 32; ver também promessa, preentendimento, 73. 130 pressuposição, 10, 35, 43, 46, 48, 60, 66, 69, 70, 75, 78,83, 101, 104. 105, 111, 127. 136. 161, 162 proclamação, 10, 96 promessa, 92. 100 protestantismo, 36 psique, 42 querigma, 47, 59. 62. 67. 77, 78, 87, 91, 92, 101, 113, 116, 123 questão do Jesus histórico, 47, 69-70 racionalismo, 17. 18, 22, 25. 34 razão, 17, 22, 23. 111 realidade, 33, 35, 82. 108, 162 realismo b íblico, 99 recitação, 96 reconstrução, 42, 46, 54. 64, 66-68, 75. 79. 83 , 87 , 101. 106, 164 redenção, 37, 42 ,13 8 Reforma. 13 reino de Deus, 102 reinterpretação. 46. 59, 90, 95 relatividade. 71. 80. 111 religião, 24, 39, 41 remanescente, 85. 146 ressurreição, 59. 73. 78, 86, 95, 98, 102, 114, 122-123 revelação, 17. 23, 32, 35. 37, 44, 50, 63. 69. 72. 73, 91, 94. 111. 116. 160 Suchkrilik ,7 2 , 111 saeram ento(s), 42. 74, 114 saga, 91 salvação. 38, 74. 116 história da, 31-34, 43, 49-50, 53, 56, 87-88, 116-120, 151 sentimento, 25 simbolismo, 76 sinópticos, 22, 27, 69, 73, 78, 85. 97. 114. 167 sistemas de doutrina, 17 so lu S c r ip iu r a , 14, 126 soteriologia, 62, 72, 74. 114, 115. 128 subjetividade, 61.104, 112, 115, 130,132 supernatural (ismo), 17, 25, 105. 162
tema(s). 61. 65, 104 tempo, 88 teocracia, 26, 139 íeologia. 41. 42. 51 biblica, 13, 14. 15, 18-21, 29 31. 40. 49, 57, 65. 169 de Jesu s, 1 0 . 4 1 , 5 0 , 5 3 , 5 4 . 8 ) . 102. 167 de João, 41. í3, 54, 64, 68. 71. 73, 75, 97,99. 102. 103. 113-117. 167-168 de Luc as-A tos, 10.3, 167 de Paulo. 10, 41, 51, 53. 54. 64, 68, 71-73. 75. 77, 81, 98. 113-117 de Pedro, 54, 'W. 103. l8 dialética. 43-47. 66 do AT. 10, 11. 65, 169 do conceito bíblico, 99 dogmática. 16. 25. 64 do cristianismo (primitivo). 50-51. 102 dos Sinópticos, 53. 64, 73, 97-98. 102. 167 filosófica. 20. 48 histórico-crítica, 24 liberal. 44, 57, 70 sistemática, 17. 96, 99 teologia, NT. canônica, 34, 37. 63. Ui6 conceitos de doutrina de, 37. 38 confessional. 60 conservadora, 31 história da(s) religião(ões). 36. 40. 41, 48 histói ico-m odern a, 55, 81 nome da. 40 histórico-positiva. 28. 37-38, 83 positua-moderna. 29. 30, 50, 52 puramente histórica, 26-27. 28, 31, 33, 34, 38, 43, 50, 63. 65 hislórico-tcológiea. 158-170 textovprova, 20. 31, 32 tipologia. 147-149, 156 Tora, 114 totalidade. 112 tradição, 14, 36, 49, 91, 150. 165 crítica da. 42, 49 historiada, 78, 91, 100 tradução, lradii7Índo. 93, 96, 107 transcendência, 35, 49, 71. 163 Trindade. 142 unidade. 15. 2ó. 29, 35, 38. 50. 53, 54. 57,62. 64, 7ti, 82. 98, 99, 102, 110-127, 156, 168, 170 uniformidade, 38, 111, 156, 170 verdade, 23, 40, 51 vida, 64 visão do mundo, 43, 49. 56, 67 Weltanschauung, 33. 163 Z e itg e is t, 43, 56
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