WEBER, Max. Classe, Estamento e Partido. In: Ensaios de Sociologia. RJ: Editora LTC, 1982. p. 211 (1). Poder determinado economicamente e a ordem social A lei e a ordem jurídica existem na medida em que há um homem ou grupo que controlam a distribuição de poder e o cumprimento de suas normas. O poder, que é diferente de poder econômico, pode ser desejado em si mesmo. Há outros interesses na disputa pelo poder, como honras sociais. O poder financeiro sozinho não tem ligação direita com essas honrarias. p. 212 Não é certo que o poder dê honra. Muitas vezes, é a honra e o prestígio que concedem poder a pessoa. A normatização
jurídica pode ser um “fator adicional” na busca de prestígio, mas não é um fator determinante. É pela “ordem social” que se regulam a distribuição de honra e prestígio prestígi o numa sociedade. A ordem social e econômica estão relacionadas, assim como a jurídica, mas a ordem social é a regulação de distribuição de bens e serviços econômicos. Classe, estamento e partido são formas de distribuição do poder (caráter deferente). (2). Determinação da situação de classe pela situação de mercado
Classe como base de uma possível ação comunal. Compartilham a mesma “situação de classe” os indivíduos que a. tem parecidas oportunidades de vida, b. mesmo tipo de posse de bens e renda e c. ocupam semelhante espaço no mercado de
trabalho e de produtos. Ou seja, “oferta típica de uma oferta de bens, condição de vida exterior, e experiências pessoais de vida, na medida em que são determinadas pelo poder ou não de uma determinada ordem econômica.” p. 213 teoria da utilidade marginal: os proprietários tem oportunidades de acesso a bens que os não-proprietários não tem, estão à margem. Os proprietários tem monopólio da oportunidade de troca de bens, que eram fortuna e passam a ser bens de capital, numa função empresarial lucrativa. Essas categorias - proprietário e não proprietário - são determinantes na “situação de classe”. Há maior diferenciação pelo tipo de propriedade ou serviço: classe de empresários. p.214
o tipo de oportunidade no mercado é comum à sorte individual: a situação de classe é uma “situação de mercado”. Weber quer dizer que a posse de bens e propriedade de produção não define a classe, porque a situação que importa para a definição definiçã o de classe é as trocas e relações de mercado. Daí, pode-se falar em luta de classes (quando há bens de capital a serem postos no mercado). Os escravos, não são classe, são estamento. (3). Ação comunitária decorrente do interesse de classe Para entender o conceito de interesse de classe, pode-se partir de interesses das pessoas participantes da situação de classe, ou pensar o interesse de classe como resultante de uma ação comunitária – a partir de uma certa situação de classe (por exemplo um sindicato). p.215 O surgimento da ação comunitária (relação de pertencimento/identidade com o grupo) ou uma ação societária (regulada racionalmente por normas) não é um fenômeno universal para uma situação de classe qualquer. Pode haver uma ação homogênea – ação de massa – ou nem isso, a partir de uma siuação de classe. Depende de fatores culturais e intelectuais
para que uma ação “de classe” ocorra. O conhecimento da sua oportunidade de vida resultante de sua situação de classe – propriedade e estrutura econômica – podem levar a uma ação de classe (irracional ou racional). p.216 O exemplo histórico do conhecimento mais evidente 1. de propriedade ocorreu na Antiguidade e na Id. Média; e o 2. de estrutura econômica do proletariado moderno. (4). Tipos de luta de classe Uma classe – que pode agir ou não – não é necessariamente uma comunidade. Pra compreender acontecimentos históricos é importante levar em conta as ações de massa que podem surgir referentes à interesses médios da classe. “Comunalização”. As possíveis situações de classe não são só para uma classe, pois a ação comunitária que exerce a classe é resultado de uma situação de mercado tal que mais classes a componham. p. 217 A empresa capitalista é regulada pela ordem jurídica, em que há uma ação comuntária no sentido de manter a posse dos bens e dos meios de produção. Há uma primazia da propriedade em si no mercado, em relação a outras situações de classe. O estamento atrapalha a lei pura do mercado (depois vai analisar o estamento). A luta por que as classes passaram foi a do
crédito de consumo > luta no mercado de produtos > preço no mercado de trabalho. Weber exemplifica com “lutas” na Antiguidade e Id. Média. p. 218 Luta para se ter acesso ao mercado e determinar o preço do produto. ideia legal: as lutas de preço são mais entre os trabalhadores e industriais e gerentes de empresa do que com banqueiros e acionistas – que são os que realmente ganham
na negociação. (disso se originou a. um socialismo patriarcal e b. partidos de aliança entre estamentos ameaçados e proletariado contra a hegemônica burguesia.) (5). Honra estamental Grupos de status são geralmente comunidades. Uma “situação de status” seria mais amorfa e determinada pela honra – mais estático. p. 219 A honra pode ser qualquer valor partilhado pelo grupo. Distinções de classe podem estar relacionadas com distinções de status. Mas a organização baseada na honraria não precisa ter a qualidade de classe econômica para fazer sentido. Exemplo dos clubes alemães e americanos. (6). Garantias da organização estamental A honra está ligada a um determinado estilo de vida. E que podem restringir as relações endogamicamente. O status opera quando há uma ação comunal de fechamento do estamento. p. 220 Exemplo: democracia americana EUA: há um tipo de distinção pela moda – queé mais aceito socialmente (lembrei dos estabelecidos e outsiders), há um tipo de etiquetas e riscas a cumprir – como o duelo na época do Kaiser. e vários outros exemplos. O estamento se baseia na usurpação. p.221 (7). Segregação étnica e casta Se o estamento se desenvolver completamente e fechado vira casta. Característica ritual. E também uma diferenciação étnica bem demarcada. Povos párias, como os judeus, vivem em eterna diáspora e fechado no grupo. As castas hierarquizam etnicamente a sociedade, dotando de rituais e derminações de separação. Nos estamentos há uma
consideração de cada um se sentir mais “honrado”, enquanto que no sistema de castas a diferença de honra é dada em relação as mais privilegiadas – que tem determinantes políticos também. p.222 Não deixam de crer na sua própria honra específica. Diferença no tipo de honra e sentimento de dignidade de um estabelecido privilegiado e de um pária – vive a dignidade agora, e o outro, vive a dignidade no futuro. Não foi regra que os estamentos se estabelecessem a partir de divisão étnica – valor individual. O estamento é uma radicalização na seleção dos seus componentes. p.223 Não só o recrutamento é formador do estamento, mas principalmente a participação política e a situação de classe. Hoje, o estilo de vida necessário ao estamento é determinado economicamente. (8). Privilégios estamentais monopolização dos bens e oportunidades materiais e ideais.