QUARTO TRABALHO TRABALHO DE SOCIOLOGIA DO DIREITO
Aluno: Marcelo Cesar Guimarães (turma manhã) Análise do Filme Crash – No Limie
Antes de adentrar na análise do filme Crash – No Limite, faz-se necessário um re!"ssimo comentário sore ele# $ filme a%resenta um retrato de uma sociedade marcada %elo %reconceito e discrimina&ão, de sorte 'ue o %r%rio t"tulo (crash, colisão, em inl*s) indica esse cho'ue de !alores, conceitos, ideoloias# Nesse sentido, mostra-se uma realidade com%le+a, retratando %essoas das mais distintas classes sociais, etnias e reliies (neros, rancos, mu&ulmanos, mu&ulmanos, latinos, %ores, ricos), 'ue t*m suas histrias de !ida interliadas# ica %atente, assim, 'ue a discrimina&ão e o %reconceito se encontram %resentes em todos os ru%os sociais, cada 'ual estimatizando os outros# .nicialmente, / %oss"!el refletir sore o filme com ase no te+to 0$s 1+clu"dos 21+istem34 – Notas sore a 1laora&ão de um No!o Conceito5, de Luciano $li!eira# Nesse te+to, o autor usca fazer uma análise sore o conceito de e+clusão, informando, de loo, 'ue o %rolema da e+clusão social não / uma e+clusi!idade de %a"ses %erif/ricos, como o 6rasil, tratando-se, na !erdade, de um fen7meno 'ue 8á há alum tem%o atine tam/m os %a"ses ricos# .sso fica e!idente com a %el"cula, a 'ual demonstra 'ue mesmo nos 1stados 9nidos a e+clusão social / uma realidade, como demonstrado tão em, %or e+em%lo, os assaltantes de carro e com os imirantes ileais# A cena final do filme, inclusi!e, 'ue mostra como os imirantes ileais são 0inclu"dos5 na dinmica social americana, / demasiadamente chocante e mais do 'ue em 'ual'uer outro momento re!ela como a e+clusão social / tam/m fre'uente nos 1stados 9nidos (o referido contraste / mostrado de forma muito sens"!el %elo menino, su8o, triste e a%arentemente sem comer há dias, frente a uma lo8a, com in;meros %rodutos)# ?@, os e+clu"dos %assaram a ser !istos como não mais como alo residual e con8untural, mas como alo em mais estrutural, na medida em 'ue o fen7meno do desem%reo, o %rinci%al erador de e+clusão, se re!elou como um resultado do %r%rio desen!ol!imento desen!ol!imento tecnolico-cient"fico, %or sua ca%acidade de lierar mão-de-ora e de %recarizar a rela&ão em%reat"cia# esse modo, no caso dos %a"ses ricos, a e+clusão social seria, %rinci%almente, resultante de um !irtual esotamento do modelo clássico de intera&ão na sociedade moderna %ela !ia do %leno em%reo e, em conse'u*ncia, conse'u*ncia, da am%la %artici%a&ão no mercado de
consumidores# .sso / em ressaltado no filme, mais uma !ez %odendo citar o e+em%lo dos imirantes ileais, 'ue ou não conseuirão encontrar um em%reo ou !i!erão terão um traalho em condi&es muit"ssimo %recárias# Bo esse %risma, Luciano $li!eira ressal!a 'ue o uso do termo e+cludente de!e ser utilizado %ara a'ueles 'ue são realmente a%artados da sociedade e não 'ual'uer semento social 'ue se8am caracterizados %or uma %osi&ão de des!antaem (como se dá com o ru%o dos neros e "ndios, dos homosse+uais e dos deficientes f"sicos, aos 'uais o termo minoria / melhor em em%reado)# Nesse sentido, %enso 'ue dos ru%os retratados no filme, são os assaltantes e, es%ecialmente, os imirantes ileais e 'ue %odem ser considerados e+clu"dos, o mesmo não se a%licando, %or e+em%lo, ao deteti!e, o 'ual, a%esar de ser nero, encontra-se %erfeitamente inclu"do na sociedade# Como %rimeira caracter"stica do ru%o dos e+clu"dos / o fato de serem %essoas sem inser&ão no mundo normal do traalho# essa forma, os e+clu"dos são considerados não a%enas como desnecessários, mas tam/m %assam a ser %erceidos como indi!"duos socialmente amea&antes e, %or isso mesmo, %ass"!eis de serem eliminados, tal 'ual se constata com os ru%os acima mencionados 'ue a %el"cula retrata# Nesse conte+to, a%s analisar as teorias dualista e antidualista, o autor chea conclusão de 'ue riorosamente falando, os ;nicos realmente e+clu"dos são a'ueles de 'uem 8á não se %ode e+trair nenhum centa!o de mais-!alia, isto /, a'ueles 'ue não %odem de modo alum ser interados economia, 'ue não %odem nem ser inclu"dos no formado e+/rcito industrial de reser!a do setor dinmico do ca%italismo# Nesse sentido, afirma 'ue intensificase cada !ez mais um sentimento de hostilidade com esses e+clu"dos, o 'ue %oder le!ar ao desen!ol!imento de uma mentalidade e+terminatria# $ra, mais uma !ez se remete situa&ão dos imirantes ileais retratados no filme# 1les são, realmente, e+clu"dos, %ois estão com%letamente fora do sistema econ7mico# Assim, eles !ão ficar escanteados nas ruas, como se a%resenta 'uando um da'ueles imirantes, com%letamente %erdido na'uela no!a realidade, se recolhe a uma %arede na rua e se senta na rua# 1les realmente não t*m 'ual'uer im%ortncia %ara a sociedade e esta mesma, ao in!/s de sentir %ena deles, %assa a ter rai!a, como tam/m / demonstrado na %el"cula 'uando uma senhora +ina de imirante uma outra 'ue ha!ia atido em seu carro# ica e!idente, desse modo, 'ue a hostilidade 'ue as %essoas %assam a ter em rela&ão aos imirantes ileais, es%ecialmente tendo em conta a'ueles 'ue %assam a ser um !erdadeiro estor!o %ara a sociedade, em nada acrescentando a ela# 1 essa !isão acaa se eneralizando %ara atinir tam/m a'ueles imirantes 'ue não são e+clu"dos (ao menos no sentido utilizado %or Luciano $li!eira), 'ue se interam sociedade e ao %rocesso %roduti!o ca%italista#
redistriuti!os o rem/dio de!e ser alum ti%o de reestrutura&ão %ol"tico-econ7mica, o 'ue inclui a %r%ria redistriui&ão de renda e reoraniza&ão da di!isão do traalho#
concretamente introduzidos na sociedade# @ como o ca%ital econ7mico (dinheiro e %ro%riedade), o cultural (oa conduta, saer e t"tulos escolares) e o social (rede influente de oria&es rec"%rocas)# Nesse conte+to, ele introduz o conceito do ca%ital simlico, como o reconhecimento do !alor dos ca%itais, isto /,
tanto o acr/scimo de !alor 'ue um determinado ca%ital e+%erimenta atra!/s de sua aceita&ão eneralizada, como %rest"io de um ru%o ou %essoa# esse modo, a %ossiilidade de diferencia&ão do conceito de desiualdade decorre da multi%licidade de ca%ital, mas tam/m do fato de 'ue a rele!ncia de um ca%ital dei+a de ser un"!oca na medida em 'ue a sociedade se diferencia em cam%os relati!amente aut7nomos, nos 'uais os ti%os de ca%ital são !alorizados de modo diferente# iante disso, %ode-se afirmar 'ue essas ideias de 6ourdieu estão %resentes no filme Crash – No Limite# Assim, %or e+em%lo, %ode-se citar como detentor de ca%ital econ7mico a fam"lia do %romotor, marido da %ersonaem de Bandra 6ullocJ (afinal, eles det/m um %atrim7nio considerá!el), a 'ual, ademais, tam/m / detentora de ca%ital cultural (são %essoas em muita instru&ão) e de ca%ital social (são influentes na sociedade, nomeadamente o %romotor, 'ue ocu%a um luar de desta'ue na estrutura do 1stado)#
nas sociedades funcionalmente diferenciadas, desa%arece a rela&ão de corres%ond*ncia entre a %osi&ão da %essoa como um todo e seu sinificado %ara os sistemas e oraniza&es, de sorte 'ue as %essoas são %arcialmente inclu"das, isto /, cada %essoa s / oser!ada em rela&ão aos as%ectos rele!antes %ara cada sistema funcional# Nesse sentido, introduz-se o conceito de desiualdades distriuti!as, como efeito colateral do funcionamento otimizado dos susistemas# Assim, o conceito de desiualdade %ara Luhmann / entendido como a diferencia&ão de as%ectos %arciais da %essoa no 'ue tane sua rele!ncia %ara sistemas funcionais# Nesse conte+to, cita-se o e+em%lo do deteti!e e do %romotor, no conte+to do sistema %ol"tico# $ra, fica e!idente uma forte desiualdade entre os dois, uma !ez 'ue o %romotor oza de rande rele!ncia (%ossuindo forte influ*ncia e %oder), ao %asso 'ue o deteti!e / uma mera enrenaem do sistema, tendo, %ortanto, uma im%ortncia menor 'ue a'uele e, de conse'u*ncia, sendo considerado inferior# á, %or sua !ez, no sistema econ7mico, %ode-se analisar a fiura do comerciante %ersa e dos dois assaltantes# $ %rimeiro, ainda 'ue não se8a um rande comerciante, 'uando com%arado aos seundos, %ossui certa rele!ncia no dom"nio econ7mico (emora, se com%arado a uma rande em%resa, tenha sua im%ortncia %raticamente anulada)# $s assaltantes, a seu turno, são at/ noci!os ao sistema econ7mico, !ez 'ue cometem crimes contra a %ro%riedade, fundamento mesmo da economia ca%italista# Assim, se com%arados os dois, contata-se a maior rele!ncia do comerciante %ersa, em detrimento dos assaltantes (ressalta-se, entretanto, 'ue há uma análise a%enas no sistema econ7mico, de sorte 'ue em outros sistemas essas rela&es %odem se %rocessar de modo distinto)# inalmente, merece iualmente realizar um comentário do filme so o %risma do te+to 0Itica de la Continencia %or Medio del erecho Eefle+i!o5, de Aldo MascarePo, es%ecialmente em rela&ão a análise sore o direito refle+i!o# Nesse conte+to, ao in!/s de definir de modo autoritário a o%&ão 'ue outro sistema aut7nomo de!e seuir, um direito refle+i!o %ro%e normati!as, %rocedimentos, reulamenta&es 'ue contriuem %ara a autorreula&ão dos sistemas# A%esar de cada sistema ser aut7nomo, um %rocedimento decisrio arumentati!o não / %oss"!el, !ez 'ue cada sistema fala sua %r%ria l"nua, não sendo %oss"!el uma intera&ão normati!a eral da diferencia&ão funcional# $ direito, %ortanto, de!e se limitar a instalar, corriir e redefinir mecanismos autorreulatrios de sistemas aut7nomos, sem uscar uma harmonia loal de diferencia&ão# e!e-se reconhecer, %ois, a linuaem e as diferen&as rele!antes do sistema 'ue usca reular#
Bo esse %risma, !*-se 'ue o filme Crash – No Limite retrata muito claramente a discussão introduzida %or Aldo MascarePo# I 'ue ele em demonstra 'ue cada sistema / aut7nomo, falando sua %r%ria l"nua, com suas %r%rias caracter"sticas# I o 'ue ocorre, %or e+em%lo, com o sistema da %ol"tica, como demonstrado com a histria do %romotor# $ra, a %el"cula retrata toda a %ol"tica na 'ual ele está en!ol!ido, de sorte 'ue ele se %reocu%a com a re%uta&ão %ara com os eleitores# $ mesmo se dá com a escolha do deteti!e %ara assumir uma %osi&ão de desta'ue, %or se ter a necessidade de alu/m %reto %ara o caro# Q*-se, assim, como as reras da %ol"tica são em es%ec"ficas, muitas !ezes não se entendendo sua lica se analisado so um outro %risma, como o econ7mico ou 8ur"dico#