O cóccix articula-se com a extremidade do sacro, e possui um ligeiro movimento, que ajuda no processo de abertura do canal vaginal durante o parto. 9.6.3.7 – Esterno O esterno divide-se em três partes, assim denominadas, de cima para baixo: •
Manúbrio;
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Corpo ou gladíolo;
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Processo xifóide (o único em que não se inserem costelas, porém
ligam-se o diafragma, a linha Alba e o músculo reto do abdome). 9.6.3.8 – Costelas No ser humano existem 12 pares de costelas, denominadas conforme sua ligação anterior; por isso, são chamadas costelas verdadeiras os sete primeiros pares que se ligam diretamente ao esterno, costelas falsas as três seguintes que se ligam indiretamente a ele através das cartilagens costais da costela imediatamente superior, e costelas flutuantes os dois últimos pares que são completamente desligadas dele. Uma costela típica possui cabeça, colo e corpo.
Fig. 10 – Costela. 9.6.3.9 – Clavícula A clavícula faz parte da cintura torácica; é um osso longo e fino, localizado na base do pescoço e anteriormente à primeira costela. Sua extremidade medial articula-se com o manúbrio, enquanto sua extremidade lateral articula-se com a escápula. 9.6.3.10 – Escápula A escápula é um osso grande e chato, de aspecto triangular, localizado na porção posterior do tórax, cobrindo a área da segunda até a sétima costelas; ela se articula com a clavícula e com o úmero.
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9.6.3.11 – Úmero O úmero é o osso longo do membro superior; articula-se proximalmente com a escápula e distalmente com o rádio e a ulna, ossos do antebraço. 9.6.3.12 – Rádio O rádio está localizado lateralmente à ulna, articulando-se com o úmero, tendo encaixada em sua extremidade distal a cabeça da ulna, e articula-se distalmente com os ossos do punho. 9.6.3.13 – Ulna A ulna é o osso medial mais longo do antebraço, também se articulando proximalmente com o úmero e distalmente com os ossos do punho e encaixando-se na extremidade distal do rádio.
Fig. 11 – Esqueleto apendicular do membro superior. 9.6.3.14 – Mão Os ossos do punho são denominados cárpicos, e estão situados em duas fileiras, cada uma com quatro ossos; na fileira proximal, de dentro para fora temos os ossos pisiforme, piramidal, semilunar e escafóide. Já na
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fileira distal, também de dentro para fora temos o hamato (ou unciforme), o capitato (ou grande osso), o trapezóide e o trapézio. A palma da mão contém 5 ossos, denominados metacarpianos, que se articulam com os ossos do carpo e com suas respectivas falanges. Os dedos são constituídos de 3 falanges cada, denominadas proximais, médias e distais, à exceção do polegar, que possui apenas duas.
Fig. 12 – Esqueleto da mão esquerda em vista posterior. 9.6.3.15 – Cintura pélvica A cintura pélvica é formada por dois “ossos coxais”, sendo que na verdade cada um deles é a composição de três ossos denominados íleo, ísquio e púbis. O íleo é a porção maior e mais superior, sendo dele a proeminência superior do quadril; o ísqueo é a porção mais forte e robusta, e no encontro entre os dois púbis tem-se a sínfise púbica, de grande valia na abertura do canal do parto devido ao fato de poder se distanciar. Entre o ísquio e o púbis tem-se a forame obturado, o maior forame (orifício) do corpo, e na confluência dos três ossos da cintura pélvica encontra-se a fossa do acetábulo, profunda depressão onde se encaixa o fêmur.
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Fig. 13 – Ossos do quadril, vista medial. 9.6.3.16 – Fêmur O fêmur é o osso da coxa, e através de sua extremidade superior, que forma uma cabeça arredondada, articula-se com o osso coxal por meio da fossa do acetábulo. Distalmente, articula-se com a tíbia e com a patela. 9.6.3.17 – Patela A patela é o osso do joelho, coloca-se no interior do tendão quadríceps femoral, articulando-se com o fêmur.
Fig. 14 – Patela esquerda. 9.6.3.18 – Tíbia A tíbia é o maior osso da porção inferior da perna, articulando-se proximalmente com o fêmur, lateralmente com a fíbula e distalmente com o tálus, osso do pé. 9.6.3.19 – Fíbula A fíbula é um osso muito fino, colocando-se lateralmente à tíbia. Sua extremidade superior não chega a alcançar a articulação do joelho, mas distalmente articula-se tanto com a tíbia quanto com o tálus.
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Fig.15 – Esqueleto do membro inferior e cintura pélvica. 9.6.3.20 – Pé O pé, a exemplo do que ocorre na mão, possui ossos semelhantes aos do carpo, denominados ossos do tarso , que são: calcâneo (que forma o calcanhar), tálus, navicular , cubóide, cuneiforme medial, cuneiforme intermédio e cuneiforme lateral. Também a exemplo do que ocorre na mão, existem no pé cinco ossos metatársicos, e logo depois deles as falanges, também em número de três, com exceção do hálux (dedão), que só possui duas.
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Fig. 16 – Esqueleto do pé esquerdo, vista superior. 9.6.3.21 – Cabeça O esqueleto da cabeça compreende os ossos da face, do crânio e o osso hióide, que está classificado nesta região por mera colocação topográfica; é um componente diferente, já que não possui articulação, tem a forma de uma ferradura e tem a função de suporte para a língua, fixando alguns de seus músculos. Os ossos da cabeça são os seguintes: A) Crânio a) 1 osso frontal; b) 2 ossos parietais; c) 1 osso occipital; d) 2 ossos temporais; e) 1 osso esfenóide; f) 1 osso etmóide; g) 6 ossículos auditivos (bigorna, martelo e estribo). B) Face a) 1 mandíbula b) 1 vômer; c) 2 maxilas; d) 2 ossos nasais; e) 2 ossos lacrimais; f) 2 ossos zigomáticos; g) 2 ossos palatinos;
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h) 2 conchas nasais inferiores. Vale citar ainda três importantes junções dos ossos do crânio, denominada suturas: coronal, sagital e lambdóide. Apesar de no indivíduo adulto elas já se encontrarem calcificadas e rijas, no recém-nascido em especial, elas se encontram separadas e entre elas rico tecido conjuntivo fibroso, as conhecidas “moleiras”.
Fig. 17 – Crânio, vista frontal.
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Fig. 18 – Crânio, vértebras e relação com a face, vista lateral.
Fig. 19 – Crânio, vista inferior.
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9.6.3.22 – Cápsula articular A mobilidade exige livre deslizamento de uma superfície óssea contra a outra, e para que haja o grau desejável de movimento, o elemento que se interpõe às peças que se articulam é um líquido denominado sinóvia, ou líquido sinovial. Portanto, o principal meio de união entre essas peças é representado pela cápsula articular, que envolve a articulação, prendendose nos ossos que se articulam.
9.7 – Sistema muscular Nos seres multicelulares, as células diferenciaram-se para realizar funções específicas, como respiração, absorção, etc. As células musculares especializaram-se, no entanto, para realizar contração e relaxamento, e ao se agruparem em feixes, formam massas macroscópicas denominadas músculos. A musculatura não apenas torna possível o movimento como também mantém unidas as peças ósseas, determinando a posição e postura do esqueleto; o corpo humano possui 501 músculos. A célula muscular está normalmente sob o controle do sistema nervoso, onde cada músculo possui seu nervo motor. Na porção final e mais delicada desse nervo, onde ele se subdivide, há um mecanismo conhecido como placa motora, que transmite o impulso nervoso às células musculares, determinando sua contração. Se essa contração resulta de um ato da vontade, diz-se que o músculo é voluntário, e quando o indivíduo não tem controle consciente do movimento, diz-se que o músculo é involuntário. Histologicamente, os músculos voluntários distinguem-se dos involuntários por apresentarem estriações transversais, sendo por isso chamados de estriados , enquanto os de ação involuntária são chamados de lisos. Apenas o músculo cardíaco, sendo estriado, tem ação involuntária. Encontramos os músculos estriados no esqueleto, enquanto os lisos estão nas paredes das vísceras de diversos sistemas do organismo.
9.8 – Componentes anatômicos dos músculos estriados esqueléticos Um músculo esquelético típico possui uma porção média e extremidades. A porção média é carnosa, vermelha no vivente e recebe o nome de ventre muscular ; aí estão as fibras musculares, sendo portanto a parte ativa (ou contrátil) do músculo. As extremidades são esbranquiçadas e brilhantes, muito resistentes, constituídas de tecido conjuntivo e fibras colágenas, e quando têm forma de fita ou cilíndricas são chamadas de tendões e forma de lâmina ou placa, aponeuroses . Estas estruturas servem para prender o músculo ao esqueleto.
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Há também lâminas de tecido conjuntivo que envolvem cada músculo, que pode ter a função de prender os músculos ao esqueleto, permitir o deslizamento deles ou servir como uma bainha de contenção onde eles ficam guardados, ou mesmo separá-los. A essas lâminas dá-se o nome de fáscias musculares.
Fig. 20 – Musculatura humana, vista anterior.
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Fig. 21 – Musculatura humana, vista posterior. 9.9 – Mecânica muscular Basicamente, o que ocorre é a contração do ventre muscular, que não é preso ao esqueleto, sendo suas extremidades que se prendem a pelo menos dois ossos. Na contração, há um encurtamento do comprimento do músculo e conseqüente deslocamento da peça esquelética.
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Fig. 22 – Músculo bíceps braquial.
Fig. 23 – Músculo grande dorsal.
9.10 – Inervação e nutrição Nenhum músculo pode contrair-se se não receber estímulo através de um nervo. Se porventura este nervo for seccionado, o músculo deixa de funcionar e entra em atrofia. Além disso, os músculos necessitam de grande quantidade de energia para realizarem suas funções, e por isso recebem
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grande suprimento sanguíneo. Nervos e vasos penetram sempre pela face profunda do músculo, pois assim estão melhor protegidos.
9.11 – Fisiologia da contração muscular (miofibrilas) As
miofibrilas são compostas por filamentos protéicos (miofilamentos). São nas miofibrilas que encontramos as unidades contráteis do músculo (os sarcômeros ) que são estruturas localizadas entre duas linhas Z consecutivas. Analisando a ultra-estrutura de um sarcômero veremos que este é formado basicamente por proteínas que se arranjam em filamentos de forma simétrica e paralela. Notam-se filamentos mais finos (formado por actina, tropomiosina e troponina) e filamentos mais grossos (formado por miosina). Entre duas linhas Z consecutivas temos um sarcômero ; este apresenta faixas anisotrópicas (faixas A) e isotrópicas (faixas I). As faixas I são aquelas que só se encontram miofilamentos de actina, e nas faixas A encontram-se tanto miofilamentos de miosina como de actina. No entanto, nessa faixa A há uma linha clara, é a linha H, que é justamente formada por miosina. Esta some no momento da contração da miofibrila, uma vez que haverá uma interdigitação dos miofilamentos de actina. De acordo com esse modelo, a contração é eficaz pelo deslizamento dos filamentos finos entre os filamentos grossos, aproximando as linhas Z, encurtando o sarcômero. A seqüência de eventos levando à contração do músculo pode ser resumida como se segue: o impulso elétrico corre ao longo da fibra muscular, estimulando a liberação de cálcio, mudando a conformação das moléculas de troponina, movendo a tropomiosina dos locais de ligação da actina e miosina, que interagem, fazendo com que os filamentos finos sejam puxados em direção ao centro do sarcômero.
Fig. 24 – Esquema do sarcômero, demonstrando a contração muscular.
10 – Sistema digestivo
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O sistema digestivo tem como função garantir nutrientes para o corpo; faz isso devido aos alimentos que ingerimos, que inicialmente passando pela boca, são levados, por meio do esôfago, ao estômago , e logo após aos intestinos delgado e grosso, sendo eliminados seus resíduos por sua porção final, o ânus. Neste percurso, os alimentos sofrem a ação de enzimas digestivas que atuam sobre eles, decompondo-os em elementos mais simples, que assim podem ser absorvidos pela parede intestinal e levados pelo sangue circulante. Sendo assim, pode-se dizer, em linhas gerais, que as funções do sistema digestivo são efetuar o percurso do alimento, empurrando-o e misturando-o, secretar sobre ele os sucos digestivos, digeri-lo (ou quebrá-lo) em substâncias químicas mais simples e por fim, absorvê-las.
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Fig. 25 – Sistema gastrintestinal.
10.1 – Anatomia fisiológica do tubo digestivo Simplificadamente, o tubo digestivo é um extenso tubo, com um revestimento interno que secreta sucos digestivos para então absorver nutrientes. Em geral, pode-se dizer que esse tubo muscular é composto por uma camada mais externa, formada basicamente de musculatura lisa, e uma interna, chamada de mucosa, onde há glândulas inseridas profundamente, que secretam os sucos digestivos.
10.1.1 – Movimentos gastrintestinais Há basicamente dois tipos de movimentos realizados pelas vísceras do trato gastrintestinal: propulsivos, para realizar o deslocamento do alimento ao longo do trajeto e misturadores , para mesclá-lo com as secreções, garantindo ao máximo a digestão e a absorção dos nutrientes. Os movimentos propulsivos são chamados de peristálticos, que realizam a lenta progressão do alimento pela víscera, por meio de uma constrição circular nela. Os movimentos de mistura são os peristálticos fracos, que não conseguem fazer o alimento prosseguir, mas o faz se misturar, e os segmentares , que realizam constrição capaz de dividir o alimento em novos pedaços.
10.2 – Cavidade bucal e anexos A cavidade bucal (ou orofaringe) é rica em flora microbiana, de grande função defensiva do organismo, além de apresentar estruturas importantes à apreensão, mastigação e deglutição dos alimentos. A ingestão e digestão dos alimentos iniciam-se pela mastigação, pelos dentes, com auxílio da língua e ajudada pela ação química da saliva.
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Fig. 26 – Cavidade bucal.
10.3 – Saliva A saliva é secretada pelas glândulas parótidas, submaxilares e sublinguais, além de outras pequenas salivas na boca. É formada por metade de muco, cuja função é de lubrificar o alimento para a deglutição e metade da enzima ptialina, que já inicia a digestão do amido e de outros carboidratos.
10.4 – Faringe A faringe é um conduto musculomembranoso encontrado após as fossas nasais e à cavidade bucal, terminando embaixo, na entrada da laringe e do esôfago, sendo por isso, uma “encruzilhada”, já que dá passagem ao ar da respiração e ao bolo alimentar. Sua importante função na deglutição dos alimentos se faz presente no momento de engolir, onde o bolo alimentar, empurrado pela língua, segue em direção à boca do esôfago ao mesmo tempo em que o palato e a epiglote selam a entrada da laringe, impedindo que se penetrem partículas alimentares nas vias respiratórias inferiores.
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Fig. 27 – Faringe e mecanismo da deglutição.
10.5 – Esôfago O esôfago, com uma estrutura semelhante a um tubo, leva o bolo alimentar da faringe ao estômago, onde desemboca em um esfíncter chamado cárdia. Sua musculatura no terço superior, assim como a da faringe, é do tipo esquelética, ao contrário de todo o restante do tubo digestivo. Com 40 cm em média, ele só secreta muco por meio de suas glândulas mucosas, que além de lubrificar o bolo alimentar, também protege sua mucosa. Vale lembrar que esta medida está contando todo seu comprimento em curvaturas, já que em distância simples ele ocupa cerca de 25 cm.
10.6 – Estômago É a porção mais dilatada do tubo digestivo, localizado logo abaixo o diafragma. Age como uma câmara de armazenamento e mistura do alimento, além de local onde também ocorre uma parte da digestão, reduzindo a comida a uma massa semiliquída. O estômago consiste de três partes: o fundo, o corpo e o antro (ou porção pilórica ). Sua parede é composta das mesmas camadas encontradas nas outras regiões do tubo digestivo, permitindo porém, que seu estudo possa ser mais aprofundado, apontando-se mais planos nas duas camadas anteriormente citadas, sendo:
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Mucosa – camada mais interna, onde se encontram as células glandulares que secretam muco e sucos digestivos; Submucosa – na verdade uma extensão da camada mucosa, é rica em vasos sanguíneos, além de possuir um plexo nervoso, que age detectando as alterações de tamanho com a presença do alimento; Muscular – formada por fibras musculares lisas dispostas longitudinal e circularmente, fazendo com que o alimento prossiga pelo tubo; Serosa – revestimento mais externo, também chamado de peritônio visceral , assim como ocorre com o peritônio parietal, que forra a parede do abdome. O espaço entre esses dois revestimentos é chamado de cavidade peritoneal. O cárdia é a abertura entre o esôfago e o estômago, enquanto o piloro é a abertura entre o estômago e o duodeno. Quando o órgão está vazio, pode-se notar pregas na mucosa, chamadas rugas. Além disso, há também externamente dobras de peritônio, denominadas omentos, que se estendem do estômago aos outros órgãos abdominais, contendo bastante gordura e servindo como protetores e isolantes das vísceras abdominais. As glândulas gástricas são dos seguintes tipos: glândulas pilóricas e glândulas cárdicas, essencialmente mucossecretoras, circundando a abertura do esôfago, e glândulas gástricas principais, localizadas por todo o corpo e fundo do estômago, com células que secretam pepsinogênio e ácido clorídrico, além de muco. O pepsinogênio, após sua secreção, é transformado em pepsina ao entrar em contato com o ácido clorídrico, por um processo conhecido por auto-ativação. •
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Fig. 28 – Estômago.
10.7 – Intestino delgado O intestino delgado estende-se do esfíncter pilórico até o ceco (primeira porção do intestino grosso), apresentando um comprimento de
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cerca de 6,5 metros, e sendo dividido em três porções: duodeno, jejuno e íleo. O duodeno é a porção mais curta e mais larga do intestino delgado, recebendo secreções do fígado e do pâncreas. Ambos os intestinos estão presos à cavidade abdominal através de dobras do peritônio chamadas de mesentérios. Histologicamente, a parede do intestino delgado segue o padrão do restante do tubo digestivo, apresentando particularidades apenas na sua mucosa, como as pregas circulares, vilosidades e microvilosidades, além das glândulas tubulares, chamadas de Criptas de Lieberkühn, localizadas entre as vilosidades. Com relação ao processo da digestão, o intestino delgado possui enzimas que completam a quebra de proteínas (iniciada pela quebra das ligações peptídicas pela pepsina estomacal e tripsina e quimotripsina pancreáticas), reduzindo os peptídios resultantes a aminoácidos, através de enzimas chamadas de peptidases. As Criptas de Lieberkühn também secretam um líquido fino e neutro, desprovido de enzimas, que mantém as condições para a digestão e absorção. A absorção dos produtos finais da digestão ocorre praticamente apenas no intestino delgado, não havendo, portanto, absorção de nutrientes orgânicos no intestino grosso, apenas água e sais. Os locais de absorção no intestino delgado são nas células cilíndricas das vilosidades; açúcares simples, aminoácidos, ácidos graxos de cadeia curta (derivados da gordura da manteiga) e glicerol são absorvidos para a rede capilar, bem como os lipídios, que são absorvidos como quilomícrons, que é uma forma de transporte destas substâncias (núcleo de lipídio rodeado por uma membrana de proteína e fosfolipídio).
Fig. 29 – Mucosa do intestino delgado.
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Fig. 30 – Vilosidade do intestino delgado.
10.8 – Intestino grosso O intestino grosso estende-se do íleo ao ânus, sendo dividido em ceco, cólon, reto e canal anal, e possui aproximadamente 1,5 metro de comprimento. Apresenta algumas características peculiares, tais como: não há vilosidades na superfície da mucosa, no ceco, cólon e reto superior as glândulas são mais profundas, e na camada muscular longitudinal do ceco e do cólon formam-se três faixas, denominadas tênias cólicas. O ceco é uma bolsa alongada localizada na porção inferior direita do abdome, ao qual está ligado à sua base um pequeno tubo, o apêndice vermiforme , cuja função hoje foi perdida, supondo-se que seja um resquício evolutivo, uma câmara do período em que o ser humano era capaz de degradar celulose, tal qual os cavalos e coelhos o fazem. O cólon ascendente estende-se para cima, enquanto o cólon transverso sobrepõe-se às circunvoluções do intestino delgado, cruzando a cavidade abdominal. O cólon descendente caminha para baixo, do lado esquerdo do abdome, tornando-se o cólon sigmóide. O reto fica situado sobre a superfície anterior do sacro e cóccix, terminando no canal anal, que se abre para o exterior no ânus; no canal anal já não se tem mais glândulas intestinais, porém sua musculatura circular se espessa para formar o esfíncter anal. Basicamente, no intestino grosso tem-se a absorção de água e eletrólitos, formando assim, a massa fecal, que será eliminada posteriormente; o reto está normalmente vazio até próximo à defecação, sendo que a massa fecal é armazenada no cólon sigmóide. O desejo de defecar aparece quando as fezes são forçadas para o reto, aumentando a pressão interna nesta área, que são detectados por pressorreceptores; e o
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fato do esfíncter anal externo ser formado de músculo estriado esquelético voluntário, permite que o indivíduo prossiga para a defecação ou a iniba.
10.9 – Pâncreas O pâncreas é uma glândula grande e lobulada, muito semelhante em estrutura às glândulas salivares. Possui função exócrina, secretando externamente através de um ducto, e endócrina, secretando internamente para o sangue ou a linfa. Seu produto da função exócrina é um tipo de suco digestivo, o suco pancreático, que é coletado pelo ducto pancreático principal e esvaziado no duodeno. Suas enzimas continuam o processo de digestão do amido e proteínas, vindas do estômago, além da maior parte da gordura, estas através da lipase pancreática. Esse processo será continuado pelas enzimas do intestino delgado, como visto anteriormente, transformando tudo em elementos mais simples, passíveis de absorção. A importância do pâncreas para a digestão, em especial das gorduras, nota-se quando há insuficiência exócrina do mesmo, onde se nota o excesso de eliminação de gordura nas fezes, conhecida como esteatorréia .
Fig. 31 – Pâncreas e porção do duodeno.
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Fig. 32 – Intestino grosso.
10.10 – Fígado O fígado é o maior órgão do corpo e está localizado na parte superior da cavidade abdominal, logo abaixo do diafragma. O sangue é transportado até ele por meio da veia porta (vindo do tubo digestivo, baço e pâncreas) e da artéria hepática (vindo da artéria aorta); ambas penetram no fígado em uma região chamada de hilo hepático, e dentro dele, as duas ramificam-se intensamente, transformando-o em um órgão altamente vascularizado. Anatomicamente, ele é marcado por 4 (quatro) lobos, cujos principais direito e esquerdo são ligados pelo ligamento falciforme; no seu lobo direito é que se têm suas subdivisões, onde se encontra um lobo direito propriamente dito, um lobo quadrado e um caudado.
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Com relação à digestão, sua principal função é a produção de bile, composta de sais biliares (importantes por combinarem-se com os produtos finais da digestão de lipídios, facilitando sua absorção), fosfolipídios, colesterol, sais inorgânicos e seu pigmento principal, a bilirrubina (produto residual da degradação de eritrócitos); a bile é secretada continuamente, apesar de sua secreção aumentar após as refeições. Mesmo sendo considerado parte estrutural e funcional do sistema digestivo, o fígado atua em muitas outras atividades, tais como a hematopoiese (produzindo eritrócitos), a coagulação (sintetizando protrombina e fibrinogênio), fagocitose (destruindo eritrócitos velhos e bactérias), desintoxicação e armazenamento de glicogênio e vitaminas.
10.10.1 – Vesícula biliar A vesícula biliar é uma estrutura em forma de saco, ligada à superfície inferior do fígado, que serve como reservatório da bile produzida; seu ducto cístico conecta-se ao ducto hepático do fígado para formar o canal colédoco.
Fig. 33 – Fígado, vista posterior.
11 – Sistema respiratório A respiração é uma forma de combustão, já que há queima de combustível com gasto de O2 e liberação de CO2 e H2O. A “queima” é devida à união do oxigênio com o alimento nas células, e a liberação de energia para execução de trabalho e formação de calor, havendo no final a liberação de dióxido de carbono e água. Pode-se dizer então que as funções do sistema respiratório são: prover o oxigênio necessário ao metabolismo das células e remover um dos materiais desse metabolismo, que é o dióxido de carbono.
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Tem-se portanto, o que é chamado de respiração externa, que é a absorção de O2 e remoção de CO2 dos pulmões, e respiração interna, que é a troca gasosa entre as células e seu meio líquido. Na cavidade nasal, faringe, laringe, traquéia e brônquios tem-se o caminho de passagem do ar do meio exterior aos pulmões, e nestes últimos, com as subdivisões da árvore brônquica (brônquios menores, bronquíolos e ductos alveolares), há a passagem do ar até os alvéolos , unidades funcionais dos pulmões e onde ocorrem as trocas gasosas.
11.1 – Nariz O nariz compreende o nariz externo, saliente no rosto, e a cavidade nasal, sobre o “teto” da boca. No nariz externo existem cartilagens que formam seu arcabouço cartilaginoso, além dos ossos nasais e parte das maxilas, formando seu arcabouço ósseo; suas aberturas externas são chamadas de narinas. Já a cavidade nasal é formada de duas cavidades separadas por um septo, que é constituído por parte dos ossos etmóide, esfenóide, frontal e vômer, além da cartilagem septal. As paredes laterais do nariz possuem projeções ósseas denominadas conchas nasais, nas quais repousam os meatos, que dão passagem ao ar; as conchas são cobertas por grossa membrana mucosa, que atua no aquecimento e umedecimento do ar. A porção anterior da cavidade mucosa também é revestida de espesso epitélio com glândulas sebáceas. O nariz filtra as substâncias mais grosseiras por meio das vibrissas e as partículas mais finas por meio da mucosa umedecida nos meatos.
Fig. 34 – Corte transversal do nariz.
11.1.1 – Seios paranasais Os seios paranasais são espaços com ar em alguns ossos do crânio, que se comunicam com a cavidade nasal, e que são revestidos por mucosa. Sua principal função é manter os ossos do crânio mais leves, além de produzir muco para a cavidade nasal.
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11.2 – Faringe A faringe é um tubo musculomembranoso, dividida em três partes: nasofaringe, orofaringe e laringofaringe. Na nasofaringe há quatro aberturas: duas para o nariz, as coanas, e duas para o ouvido, as eustaquianas; a orofaringe se comunica com a boca e a laringofaringe abrese na laringe e esôfago. As tonsilas palatinas, comumente conhecidas como amídalas, estão localizadas na orofaringe, tendo função imunológica, e são retiradas cirurgicamente quando o paciente possui amidalite crônica.
11.3 – Laringe A laringe liga a faringe à traquéia, sendo formada por nove cartilagens unidas por músculos extrínsecos e intrínsecos, assim como por ligamentos. Destas cartilagens, a maior é a tireóide, sendo a proeminência desta que forma o “pomo de Adão”, bem evidente nos homens, o que faz com que as pregas vocais sejam mais longas, denotando voz mais grave; a epiglote, que funciona como uma tampa para a traquéia no momento de deglutição, também está ligada à cartilagem tireóide, em sua borda superior. Na cavidade laríngea estão as cordas vocais, que nada mais são do que pregas finas da membrana mucosa.
Fig. 35 – Vista superior das cordas vocais.
11.4 – Traquéia A traquéia é um tubo cilíndrico de cerca de 9 a 12,5 cm de comprimento; é achatada posteriormente, estendendo-se da 6ª vértebra cervical à 5ª torácica, dividindo-se em dois brônquios principais.
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Possui quatro camadas: uma mais interna, a mucosa, seguida de uma submucosa, uma outra contendo cartilagem, tecido conjuntivo fibroso e músculo liso, e uma mais externa, de tecido conjuntivo, a adventícia. A mucosa possui células caliciformes, produtoras de muco, além de epitélio ciliado, cuja função também é de reter partículas estranhas; na submucosa basicamente tem-se células de gordura, e na terceira, as cartilagens hialinas possuem forma de ferradura, formando anéis incompletos ao redor da traquéia. A camada adventícia contém vasos sanguíneos e nervos autônomos.
11.5 – Brônquios e ramos Os dois brônquios principais, cada um suprindo um pulmão, derivam da traquéia, sendo que o direito é mais curto e largo que o esquerdo, possuindo um trajeto mais vertical; daí geralmente os corpos estranhos entrarem mais no brônquio direito do que no esquerdo. Cada brônquio principal divide-se em três brônquios secundários (ou lobares) à direita e dois à esquerda, suprindo os lobos dos pulmões. Estes brônquios secundários dividem-se em brônquios terciários, que se dividem sucessivamente em ramos menores denominados bronquíolos, que ao se dividirem também se tornam bronquíolos terminais. Estes bronquíolos terminais também se subdividem em dois ou mais bronquíolos respiratórios, que se abrem em ductos alveolares, dos quais se originam os alvéolos . Nestes, há uma rede capilar alveolar , embebida numa substância fundamental proteíno-polissacarídea, o surfactante.
11.6 – Cavidade torácica A cavidade torácica está separada do abdome pelo diafragma. No seu centro existe um espaço que contém outras estruturas que estão entre os pulmões, denominado mediastino. E cada pulmão está envolvido por uma membrana serosa chamada pleura visceral, assim como a membrana que está em contato direto com o diafragma e borda interna do tórax chama-se pleura parietal , e entre estas se encontra um espaço, denominado cavidade pleural.
11.7 – Pulmões Os pulmões são órgãos em forma de cone, cuja porção superior, colocada acima da clavícula, é denominada cúpula. Os brônquios principais e as artérias pulmonares entram de cada lado dos pulmões por uma fenda chamada hilo. Cada pulmão é dividido em fissuras, que os separam em lobos, sendo que o pulmão direito apresenta um lobo superior , um médio e um inferior , e
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do lado esquerdo, com apenas uma fissura, tem-se os lobos superior e inferior . Em um adulto, o pulmão é uma massa esponjosa, indo de uma cor rósea para uma cinza-azulada com o passar dos anos, devido à poeira e fuligem inaladas no decorrer da vida. Seu interior é a mais extensa superfície do corpo em contato com o meio ambiente, com mais ou menos 1 m2 de superfície pulmonar para cada quilograma de peso do corpo. Os alvéolos são cobertos por uma substância, o surfactante , com função de diminuir a tensão superficial nos pulmões, resultando na contração da fina camada de água que umedece as superfícies alveolares. Com isso, evita-se o colapso dos pulmões, equalizando a tensão superficial à medida que os alvéolos se expandem e se contraem, além de ajudar nas trocas gasosas.
Fig. 36 – Segmentos broncopulmonares.
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Fig. 37 – Pulmões e brônquios.
11.8 – Mecanismos da respiração A respiração em repouso é realizada pela contração e relaxamento alternados do diafragma e dos músculos intercostais externos. Na inspiração, o diafragma se contrai, abaixando e alongando a cavidade torácica, enquanto os músculos intercostais externos levantam as costelas na borda esternal; isso reduz a pressão intrapulmonar a cerca de 2 mmHg abaixo da pressão atmosférica, causando a entrada de ar nos pulmões. Na expiração ocorre praticamente o oposto, sendo um processo passivo, no qual a pressão intrapulmonar chega até um máximo de 4 mmHg a mais do que a pressão atmosférica, forçando o ar para fora dos pulmões. A pressão intrapleural, em ambas as ocasiões, é sempre negativa, o que faz com que os pulmões nunca estejam totalmente retraídos nem expandidos; quando o ar entra na cavidade pleural e iguala as duas pressões, ocorre a condição pneumotórax , na qual os pulmões colapsam.
11.9 – Volumes pulmonares
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O volume pulmonar basal normal em um adulto é de cerca de 3 L, sendo que a inspiração normal aumenta esse volume para aproximadamente 3,5 L e a inspiração forçada o aumenta para 6 L. Ao mesmo tempo, na expiração máxima forçada o volume pulmonar se reduz para um valor em torno de 1 L.
11.10 – Ventilação Ventilação é o volume de ar trocado em um minuto, ou seja, tomando-se o fato de que o volume corrente normal é de 500 mL e o ritmo respiratório humano é de cerca de 12 respirações por minuto, pode-se dizer que a ventilação normal do Homem é de aproximadamente 6 L/min.
11.11 – Transporte dos gases Lembrando a lei de Dalton sobre as pressões parciais, sabemos que a pressão de um gás numa mistura de gases relaciona-se diretamente com sua concentração e à soma de todas as pressões parciais dos gases da mistura; sabendo disso, podemos supor que há pressões parciais para cada gás constituinte da mistura que é o ar atmosférico, inclusive o O 2 e o CO2, de interesse em nosso estudo, denominadas pO2 e pCO2. Com isso, temos no sangue, que em seu caminho flui pelos pulmões, pO2 e pCO2 praticamente iguais às encontradas no ar alveolar, mas só isso é muito pouco, havendo apenas 0,3 mL de oxigênio diluído em cada 100 mL de sangue, muito abaixo do necessário para manter a vida. Sendo assim, há outro mecanismo de transporte de oxigênio no sangue, que é pela combinação química deste gás com a hemoglobina, formando a oxi-hemoglobina, responsável por cerca de 97% do O 2 liberado para os tecidos. A hemoglobina consiste de 4 cadeias polipeptídicas que envolvem um grupo não protéico contendo ferro, chamado heme, que se liga ao oxigênio. Ela também carreia o dióxido de carbono quando este se difunde dos tecidos para o sangue, aumentando a pCO2 neste, formando a carbaminoemoglobina, que corresponde a cerca de 20% do CO2 transportado, sendo o restante levado como íons bicarbonato. Nos eritrócitos, a enzima anidrase carbônica, a partir de água e dióxido de carbono, catalisa a formação de ácido carbônico (H 2CO3), muito instável, que logo se dissocia em íons bicarbonato (HCO 3-) e hidrogênio (H +). Por isso, quando há muitos íons H + no sangue, seu pH diminui, aumentando a afinidade da hemoglobina pelo oxigênio, tornando-a mais saturada com ele; daí se dizer que a pCO2 é que controla o reflexo da respiração, pois é seu aumento e conseqüente saturação do sangue com H + que dispara o estímulo para inspirarmos.
12 – Sistema circulatório
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Em 1628, William Harvey publicou o 1º tratado científico sobre a circulação do sangue. O sistema circulatório nutre cada parte do corpo: o líquido que banha todos os tecidos é derivado do sangue, a bomba que o faz circular é o coração e os tubos através do qual ele circula são os vasos sangüíneos.
12.1 – Sangue Mesmo apresentando ser um líquido homogêneo, se colocada uma fina camada do sangue para ser observada ao microscópio, veremos sua natureza heterogênea; também podemos perceber esse fato quando o deixamos em repouso, em que ele se separará em duas frações distintas. Nesta divisão, o que se observa é a parte dos elementos figurados, composta de: Eritrócitos – transporte de gases da respiração; Leucócitos – combatentes de infecções; Plaquetas – atuantes na coagulação sangüínea. E a outra metade é um líquido de cor amarelada, denominado plasma. Em um tipo de exame clínico, temos um indicador que se chama hematócrito, que nada mais é do que o percentual dos elementos figurados do sangue. • • •
12.1.1 – Plasma sangüíneo O plasma é composto de 91% de água e 9% de compostos químicos, principalmente proteínas. Dele retiramos o soro, que simplesmente é o plasma em que foram retirados os fatores da coagulação. Dentre as proteínas principais do plasma, temos: Albumina – importante na manutenção do equilíbrio osmótico do sangue, onde atrai a água dos espaços dos tecidos para a corrente sangüínea; Globulina – contém anticorpos envolvidos no mecanismo de imunidade do corpo. Divide-se em alfa, beta e gama globulinas; Fibrinogênio e protrombina – importantes no processo de coagulação. •
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12.2 – Formação das células do sangue Todas as células do sangue se originam de células indiferenciadas chamadas hemocitoblastos; o desenvolvimento das células sangüíneas dentro dos ossos começa durante o 5º mês de vida fetal, e continua até a puberdade, quando a medula óssea em todos os ossos longos torna-se menos celular e mais gordurosa, dando origem cada vez mais à medula amarela, sendo que no adulto a medula óssea vermelha mais ativa torna-se
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a localizada no crânio, vértebras, costelas, esterno e pelve, chegando a pesar, em sua totalidade, apenas 1,4 Kg em média. E nos indivíduos idosos, a área da medula torna-se sobrecarregada de gordura, explicando com isso a dificuldade que eles têm em regenerar o sangue perdido.
12.3 – Tipos de células sangüíneas 12.3.1 – Eritrócitos As hemácias transportam o oxigênio (ligado à hemoglobina) e têm um papel importante também no transporte do dióxido de carbono; são anucleadas, com a forma lembrando uma rosca, mas com uma porção mais afilada no centro ao invés de um buraco. Além disso, são elásticas e aumentam de tamanho se o pH do sangue diminui, sendo portanto, maiores no sangue venoso do que no arterial. Seu número é dado por milímetros cúbicos de sangue e pode ser obtido pela simples contagem de um número limitado de células espalhadas sobre uma lâmina de microscópio calibrada. Nos homens, seu valor chega a ser de 5.400.000 eritrócitos/mm3 de sangue e nas mulheres de 4.700.000 eritrócitos/mm3; sua produção é regulada pela eritropoietina. No interior dos eritrócitos temos cerca de 280 milhões moléculas de hemoglobina, que consiste de 4 cadeias protéicas (polipeptídicas) e o grupo heme, complexo de ferro e protoporfirina, onde cada átomo de ferro pode carrear uma molécula de oxigênio. A meia-vida dos eritrócitos é de 80 a 120 dias, sendo que são destruídos de 2 a 10 milhões de hemácias por segundo, que já são prontamente substituídas, permanecendo com isso, constante o número de células circulantes; quando o eritrócito é destruído, a hemoglobina é quebrada em seus componentes, sendo que o ferro do heme é reaproveitado e a protoporfirina é convertida em bilirrubina que entrará na constituição da bile do fígado. Quando há um decréscimo na taxa de formação de eritrócitos, um aumento na sua taxa de destruição ou uma redução na síntese de hemoglobina, com conseqüente deficiência na quantidade de oxigênio carreado aos tecidos, temos uma condição denominada anemia. Há diversos tipos delas, como a hipoplásica, com redução na produção de células, hemolítica quando há a destruição ou meia-vida curta desses eritrócitos, ou quando há anormalidades na estrutura da porção protéica da hemoglobina, como por exemplo na anemia falciforme. Curiosamente, estes indivíduos são mais resistentes à malária. Há também distúrbios na síntese de hemoglobina, caracterizando as talassemias, ou quando esta hemoglobina é produzida de maneira insuficiente, como na anemia ferropriva, em que o número de eritrócitos pode ser normal, mas as células são menores e mais pálidas.
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12.3.2 – Leucócitos Há os seguintes tipos gerais de glóbulos brancos, ou leucócitos: Granulócitos; Linfócitos; Monócitos. Nos granulócitos, temos os neutrófilos, os mais numerosos e fagocíticos, atuando na destruição de microrganismos patogênicos e substâncias estranhas. Além deles, há também os eosinófilos, que fagocitam complexos antígeno-anticorpo e os basófilos, cuja função ainda é bastante discutida. Já os linfócitos são importantes no processo de imunidade, produzindo anticorpos, e os monócitos funcionam como células fagocitárias, tornando-se macrófagos ao invadirem locais infectados. Quando há aumento na contagem dos leucócitos, geralmente ocasionado por infecção aguda, temos uma situação chamada leucocitose; o oposto, normalmente em doenças crônicas virais, chama-se leucopenia. E quando há uma proliferação descontrolada dos leucócitos, tem-se a doença chamada leucemia. • • •
12.3.3 – Plaquetas Plaquetas ou trombócitos são fragmentos de citoplasma de células
gigantes e multinucleadas localizadas na medula óssea vermelha denominadas megacariócitos e atuam na hemostasia do sangue, ou seja, cessar o sangramento. As plaquetas agrupam-se a fim de formar um tampão no início do controle da hemorragia; tal processo é acelerado pela enzima trombina, e logo após esse agrupamento há a retração dos pseudópodos plaquetários com a rede de fibrina e células sangüíneas, a fim de formar um coágulo firme. Isso ocorre em vasos mais volumosos do que capilares. A coagulação sangüínea é o mais complexo dos mecanismos hemostáticos, incluindo muitos fatores atuantes, inclusive íons cálcio, e devido à sua seqüência escalariforme, é comumente descrita como cascata de coagulação. Indivíduos com hemofilia sintetizam o fator VIII funcionalmente defeituoso, o que impede que o sangue coagule apropriadamente; já na trombose há a coagulação espontânea no interior dos vasos, ocasionado ou não por lesão, que pode caminhar e bloquear o suprimento de sangue para outras áreas. Os fatores anticoagulantes, como a heparina ou o dicumarol, por exemplo, inibem a formação de fatores da coagulação, inibindo-a.
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Nos capilares, a hemostasia é realizada de maneira levemente diferente, supondo-se que ocorre aderência das paredes do endotélio capilar.
Fig. 38 – Composição do sangue
12.4 – Grupos sangüíneos 12.4.1 – Grupo ABO A administração segura de sangue de um doador para um receptor requer o conhecimento dos tipos sangüíneos e das reações cruzadas. Os sistemas de classificação são baseados na presença de antígenos específicos (aglutinogênios) no eritrócito, que são substâncias ou partes da célula que possuem um grupo químico que induz à resposta imune dos linfócitos, que inclui, entre outros fatores, a produção de anticorpos . Esses anticorpos combinam-se aos antígenos estranhos, como primeiro passo na sua inativação. Os grupos sangüíneos são denominados de acordo com seus antígenos contidos nos eritrócitos, e em cada caso o sangue contém anticorpos contra antígenos não presentes nele; assim, o sangue do tipo A tem aglutininas anti-B, o tipo B aglutininas anti-A, o tipo O ambas e o tipo AB, nenhuma delas. O tipo de sangue é baseado na agregação ou aglutinação de um dado tipo de eritrócitos numa amostra de sangue, aglutinação esta causada por aglutininas numa amostra de anti-soro. Assim, indivíduos com sangue do tipo A, que possuem aglutininas anti-B, não aceitam transfusão dos tipos B e
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AB, indivíduos do tipo B, com aglutininas anti-A não aceitam transfusão dos tipos A e AB, indivíduos do tipo O, com as duas aglutininas não aceitam sangue dos tipos A, B e AB, e os indivíduos com sangue AB, por não possuírem nenhuma das aglutininas, recebem transfusões de todos os tipos sangüíneos.
12.4.2 – Fator Rh O fator Rh, assim denominado por ter sido encontrado pela primeira vez no sangue do macaco Rhesus, é um sistema que consiste em doze antígenos, sendo que o “D” é o mais antigênico. Assim, o termo Rh positivo refere-se á presença do aglutinogênio (antígeno) “D”, e os indivíduos Rh negativos, que não possuem esse antígeno, formam anticorpos contra ele ao entrarem em contato com sangue Rh positivo. Ou seja: os anticorpos anti-D não ocorrem naturalmente no sangue.
12.5 – Divisões básicas do sistema circulatório O sistema circulatório divide-se basicamente em: Coração – bomba muscular, com duas câmaras receptoras (átrios) e duas câmaras bombeadoras (ventrículos); Circuito pulmonar – que leva sangue pobre em oxigênio do coração para as superfícies respiratórias (alveolares) dos pulmões e traz sangue oxigenado de volta ao coração. Também chamado de pequena circulação ; Circuito sistêmico – que leva sangue rico em oxigênio para todas as partes do corpo (exceto superfícies respiratórias dos pulmões) e traz sangue pobre em oxigênio de volta ao coração. Também chamado de grande circulação. Para tanto, o sistema circulatório conta com um sistema de tubos, composto de artérias, com grossas paredes e que recebem o sangue em alta pressão e velocidade, conduzindo-o através do corpo, ramificando-se e afilando-se, tornando-se arteríolas, que se tornam depois capilares, tubos endoteliais simples, permeáveis ao oxigênio, dióxido de carbono, nutrientes celulares, hormônios e resíduos metabólicos, o que permite a troca destas substâncias entre a corrente sangüínea e o líquido intersticial que rodeia as células. A partir dos capilares o sangue move-se mais vagarosamente e sob menor pressão, entrando em pequenos vasos chamados vênulas, que por sua vez convergem em veias, que guiam o sangue de volta ao coração. •
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Fig. 39 – Circulações pulmonar e sistêmica.
12.6 – Coração O coração uma câmara oca com quatro cavidades, situado no mediastino médio e aproximadamente dois terços de sua massa está à esquerda da linha mediana. Pesa no homem normal cerca de 300 g. Em sua estrutura estão inclusas também o pericárdio (membrana que o envolve), as valvas e os vasos coronarianos , que suprem de sangue o músculo cardíaco. O pericárdio é um saco consistindo de uma capa fibrosa externa e de uma membrana serosa interna que se adere ao coração, existindo entre elas de 10 a 15 mL de líquido, que as lubrifica enquanto deslizam entre si nos batimentos cardíacos. A parede do coração consiste de três camadas distintas – o epicárdio (externa), o miocárdio (média e muscular) e o endocárdio (interna). Os vasos coronarianos, que suprem o coração de sangue, atravessam o epicárdio antes de entrar no miocárdio (responsável pela contração do coração). O miocárdio no ventrículo esquerdo é mais espesso, devido à pressão que exerce para expulsar o sangue e mandá-lo a todo o corpo. O endocárdio reveste internamente as cavidades do coração, cobre as valvas e os pequenos músculos associados com a abertura e fechamento destas, além de continuar-se com a membrana de revestimento dos vasos sangüíneos volumosos. O coração é dividido em duas metades: esquerda e direita, cada uma delas subdividida em duas câmaras. As câmaras superiores, os átrios, estão separadas pelo septo interatrial e as inferiores, os ventrículos, estão separadas pelo septo interventricular. Os átrios são câmaras receptoras e os ventrículos, câmaras bombeadoras do sangue para as partes do corpo. O átrio direito é a porção superior direita do coração, com uma parede fina que recebe sangue de todos os tecidos (exceto dos pulmões), e onde desembocam três vasos:
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veias cavas superior e inferior , trazendo sangue das porções superiores e inferiores do corpo, e o seio coronário, que traz sangue do próprio coração.
O sangue flui do átrio direito para o ventrículo direito; este é a porção inferior direita do coração e nele está a artéria pulmonar , que leva o sangue para os pulmões. O átrio esquerdo é a porção superior esquerda do coração, com uma parede mais espessa que o átrio direito, e recebe as quatro veias pulmonares com sangue oxigenado vindo dos pulmões. E o ventrículo esquerdo, porção esquerda inferior do coração, possui paredes muito espessas, que forçam o sangue para todas as partes do corpo (exceto os pulmões) através da aorta. Existem valvas entre os átrios e os ventrículos, as valvas atrioventriculares, denominadas tricúspide no lado direito e bicúspide ou mitral no lado esquerdo. Além disso, há também as valvas semilunares denominadas pulmonar (entre o ventrículo direito e artéria pulmonar) e aórtica (entre o ventrículo esquerdo e aorta). Devido à presença do endocárdio e à espessura das paredes musculares, o coração possui um sistema vascular próprio, representado pelas artérias coronárias direita e esquerda (ramos da aorta), que o irrigam com sangue oxigenado e pelo seio coronário, que coleta o sangue já pobre em O2 das veias do coração.
12.7 – Ciclo e débito cardíacos O coração exibe um ciclo rítmico definido, de sístole (contração) e diástole (relaxamento). Esse ciclo dura cerca de 0,8 segundo, sendo que a sístole ocupa 30 deste tempo. O volume de sangue ejetado em cada batimento é conhecido como volume sistólico, que multiplicado pelo número de batimentos por minuto, é conhecido como volume minuto ou débito cardíaco; nas condições em repouso, o débito cardíaco é aproximadamente de 5 L por minuto (valor interessante, já que o volume sangüíneo médio do Homem gira em torno de 5 a 6 litros, ou seja, em um minuto corre todo o sangue da pessoa pelo seu corpo) e o volume ejetado pelo coração em cada batimento é de 60 a 70 mL.
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Fig. 40 – Coração.
12.8 – Batimento cardíaco O coração é inerentemente rítmico, tanto que no caso dos mamíferos, se desconectado de seu suprimento nervoso, ele continua a bater, ainda que em ritmo diferente. O batimento cardíaco é gerado pelo tecido neuromuscular especializado do coração, que consiste: Nodo sinoatrial (SA) – “marcapasso”, devido ao fato de gerar impulsos elétricos espontaneamente; Nodo atrioventricular (AV); Sistema de Purkinje – ramos direito e esquerdo do feixe AV (feixe de His) e a rede periférica de Purkinje. O nodo sinoatrial é uma pequena massa de tecido, situada na parede do átrio direito e à medida que um impulso é gerado nele, imediatamente se propaga através do músculo atrial, realizando a contração dos átrios e chegando até o nodo atrioventricular . Este, localizado sob o endocárdio, na base do septo interatrial, atrasa ligeiramente o impulso elétrico para permitir a contração completa dos átrios, antes de difundi-lo para os •
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ventrículos por meio do sistema de Purkinje, o que por fim acarretará na contração deles também. O ritmo cardíaco médio normal é de 70 batimentos por minuto; um ritmo muito rápido é chamado de taquicardia e um ritmo muito lento é chamado de bradicardia. Apesar de gerar impulsos espontaneamente, o nodo SA é inervado pelo sistema nervoso autônomo, de modo que se façam ajustes no ritmo cardíaco, a fim de manter a homeostase.
12.9 – Eletrocardiograma Quando um impulso se propaga ao longo das fibras musculares cardíacas, uma corrente elétrica é gerada pelo fluxo de íons. Um eletrocardiograma é um registro dessa atividade elétrica medida por um galvanômetro, colocando-se eletrodos em vários pontos do corpo, dependendo do tipo de informação desejada. Independentemente da derivação utilizada, nota-se no registro do eletrocardiograma as seguintes ondas e a que correspondem: Onda P – impulso (onda de despolarização) passando pelos átrios; Complexo QRS – impulso continuado pelos ventrículos; Onda T – ventrículos retornando ao repouso, repolarizando-se. Nota-se que não há onda visível da repolarização dos átrios, pois enquanto isso ocorre está havendo a despolarização dos ventrículos, mostrada no complexo QRS, que por ser maior, encobre o desenho da repolarização dos átrios. • • •
Fig. 41 – Complexo PQRST. 12.10 – Vasos sangüíneos Os vasos sangüíneos consistem de um sistema de tubos fechados que transportam o sangue para todas as partes do corpo e o trazem de volta ao coração.
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12.10.1 – Artérias As artérias transportam o sangue para os vários tecidos do corpo sob a alta pressão exercida pelo ato de bombear do coração. A parede de uma artéria consiste de três camadas: a mais interna, a túnica íntima, que se constitui mais internamente de endotélio liso e mais externamente por fibras elásticas, a lâmina elástica. Após essa se encontra a túnica média, com células musculares lisas, e a mais externa de todas é a túnica adventícia, constituída de tecido conjuntivo com fibras colágenas e elásticas. As artérias e veias com um diâmetro maior do que 1 mm são supridas por pequenos vasos chamados vasa vasorum, literalmente, os vasos dos vasos. A transição de uma artéria para uma arteríola é gradual, denotada por um adelgaçamento progressivo da parede do vaso e uma diminuição do tamanho de sua luz.
12.10.2 – Metacapilares e capilares Os metacapilares também são chamados de metarteríolas por alguns autores, por representarem realmente a transição entre as menores arteríolas e os capilares. Estes, por sua vez, funcionam de modo que líquidos nutrientes, oxigênio, dióxido de carbono e resíduos sejam trocados entre o sangue e os espaços intersticiais; são simples e finos tubos endoteliais com uma membrana basal ao redor.
12.10.3 – Vênulas As vênulas coletam sangue dos leitos capilares e à medida que aumentam em tamanho começam a mostrar a característica estrutural das artérias, porém muito mais finas.
12.10.4 – Veias As veias conduzem o sangue do tecido periférico para o coração, e como as artérias têm três camadas. A túnica adventícia é a mais desenvolvida delas (as outras são bem mais finas), sendo constituída principalmente de tecido conjuntivo. A pressão sangüínea nas veias é extremamente baixa comparada às artérias, e por isso, para fazer o sangue fluir e não se acumular, elas possuem um sistema único de valvas, formadas por pregas semilunares pareadas na túnica íntima, de modo que dirigem o fluxo sangüíneo e impedem o refluxo quando fechadas. Quando ocorre a insuficiência dessas valvas e elas não se fecham completamente, ocorrem as chamadas veias varicosas , que se dilatam com o sangue acumulado.
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As veias estão presentes em maior número no corpo, sua luz é maior do que a das artérias e as paredes, mais finas.
12.10.5 – Pressão arterial A pressão sangüínea é a pressão exercida pelo sangue contra as paredes dos vasos e geralmente indica a pressão existente nas artérias volumosas, e é mais alta durante a contração dos ventrículos, sendo chamada de pressão sistólica e quando há o relaxamento deles, tem-se a pressão diastólica. No sangue, a pressão é medida em milímetros de mercúrio, como no exemplo de 120/80, em que 120 representa a pressão sistólica e 80 a diastólica.
12.10.6 – Circulação através do fígado O fígado possui um tipo de circuito denominado portal hepático , que é característico, pois o sangue que vem dos intestinos, estômago, baço e pâncreas passa primeiro por ele para depois entrar na veia cava e ir ao coração. Isso ocorre para que eventuais substâncias que se encontram no sangue vindo dessas regiões sejam processadas pelo fígado antes de continuar pelo sistema.
12.11 – Sistema linfático Com origem nos espaços teciduais do corpo, existe um sistema vascular isolado, chamado de sistema linfático. Ele consiste de capilares, vasos e ductos linfáticos e linfonodos; os capilares originam-se de microscópicos fundos cegos, convergindo para formar vasos maiores que drenam para dois troncos principais, o ducto torácico, que desemboca na veia subclávia esquerda e o ducto linfático direito que desemboca na veia subclávia direita. Nos vasos linfáticos, o líquido que flui é chamado de linfa, com composição semelhante à do plasma, exceto pela baixa concentração de proteínas; a linfa contém grande número de leucócitos, especialmente linfócitos. O sistema linfático possui três funções principais: Conservação das proteínas plasmáticas e do líquido – o que faz retornar ao sangue substâncias vitais como as proteínas; Defesa contra doenças – por meio de fagocitose dos macrófagos e de anticorpos produzidos pelos linfócitos; Absorção de lipídios – por meio dos linfáticos intestinais. Os linfonodos estão situados a intervalos no curso dos vasos linfáticos e filtram produtos resultantes da inflamação bacteriana e não bacteriana e •
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evitam que esses produtos entrem na circulação geral. Neles tem-se especialmente linfócitos. Além disso, tem-se também três órgãos intimamente relacionados ao sistema linfático, todos compostos amplamente de tecido linfóide e pela presença de linfócitos: Baço – localizado na parte superior esquerda do abdome, possui uma polpa branca constituída de tecido linfóide, responsável por uma de suas funções (imunológica). Além disso, o baço também tem as funções de destruição de eritrócitos velhos, armazenamento e filtração do sangue. Tonsilas – representadas pelas tonsilas palatinas, faríngeas e linguais, todas com tecido linfóide disposto em nódulos; Timo – órgão achatado e com dois lobos, encontra-se na frente da aorta e atrás do esterno, e apesar de possuir tecido linfóide, este não está disposto em nódulos. Tem papel importante no desenvolvimento do sistema imunológico e apesar de ser grande na infância e adolescência, atrofia-se e quase desaparece na vida adulta. •
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Fig. 42 – Sistema linfático.
13 – Sistema urinário
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O sistema urinário é uma das quatro vias excretoras do corpo. As outras são o intestino grosso, a pele e os pulmões. Ele consiste em dois rins, produtores de urina, dois ureteres, que a conduzem para a bexiga, e a uretra , que a descarrega para o meio exterior. Por meio da regulação da concentração de substâncias excretadas na urina, o sistema urinário permite que o corpo controle a concentração de substâncias excretadas no sangue.
13.1 – Rins Os rins são órgãos com formato de feijões, situados atrás do peritônio parietal, um pouco acima da linha da cintura. Seus pólos superiores estão ao nível da 12ª vértebra torácica, enquanto os pólos inferiores estão ao nível da terceira vértebra lombar. O rim direito é ligeiramente mais baixo do que o esquerdo, e cada um deles é envolvido por três cápsulas: a verdadeira, a adiposa perirrenal e a fáscia renal. A cápsula verdadeira é uma membrana lisa, fibrosa e transparente, intimamente aderida à superfície, mas que pode ser retirada facilmente.
Fig. 43 – Sistema urinário. Acima dela está a gordura perirrenal, que por sua vez está encerrada na fáscia renal, camada fibrosa que prende o rim às estruturas circunvizinhas e os mantêm em suas posições normais. Quando o rim está inflamado, seu tecido se adere à cápsula verdadeira, que então não pode ser removida sem dilacerar o órgão, e se
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houver lesão ou deficiência das cápsulas adiposa ou fáscia renal, ocorre a ptose (queda) do rim. Cada rim tem uma borda lateral convexa e uma borda medial côncava; nesta, a artéria, a veia, os vasos linfáticos e os nervos renais entram por uma fissura denominada hilo. Também nesta região medial há uma cavidade com o nome de seio renal, que contém uma porção coletora chamada pelve, sendo a porção superior expandida do ureter. Num corte transversal, o rim apresenta uma área central escurecida – a medula – e uma área periférica pálida – o córtex . A medula possui de oito a doze pirâmides renais, cujos ápices nas projeções, chamadas de papilas, desembocam em cavidades denominadas cálices. A unidade funcional do rim é o néfron, sendo que cada um dos órgãos contém cerca de um milhão deles. Cada néfron possui um corpúsculo renal e um túbulo, sendo que o corpúsculo renal (ou corpo de Malpighi) consiste de um glomérulo (um novelo de capilares contido numa depressão em forma de taça, chamada cápsula glomerular ou de Bowman).
Fig. 43 – Rim esquerdo, corte longitudinal. O novelo de capilares da cápsula de Bowman vem da arteríola aferente e depois do seu enovelamento, unem-se para formar a arteríola eferente . Estendendo-se da cápsula glomerular há um longo túbulo, consistindo de um túbulo contorcido proximal, uma alça de Henle e um túbulo contorcido distal, que se abrem dentro do túbulo coletor , juntamente com uma série de outros túbulos contornados distais. Com isso, devido aos túbulos, a medula tem uma aparência estriada e o córtex, devido aos corpúsculos renais, tem uma aparência granulosa. A
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urina é então eliminada nos ápices das pirâmides medulares, nos cálices da pelve, e desce para o ureter.
Fig. 44 – Néfron.
13.2 – Fisiologia da formação da urina A urina tem 96% de água, na qual estão dissolvidas sais, toxinas, pigmentos, hormônios e produtos de decomposição do metabolismo protéico; produz-se em torno de 1,5 L de urina diariamente. Há primariamente dois estágios na elaboração de urina pelo rim: Estágio glomerular – formação de urina primitiva; Estágio tubular – processos de reabsorção da luz tubular para o sangue e secreção do sangue para a luz tubular. O filtrado glomerular é quase idêntico ao plasma, enquanto na reabsorção e secreção, o filtrado tem sua composição alterada, eliminando ou conservando substâncias de acordo com a demanda corporal. Sendo assim, substâncias nutricionalmente valiosas são quase ou completamente reabsorvidas e metabólitos são secretados ou então até absorvidos. • •
13.2.1 – Filtração glomerular O glomérulo age como uma membrana semipermeável, permitindo que um filtrado de plasma, livre de proteínas, passe através da cápsula glomerular. Esse filtrado glomerular tem um pH em torno de 7,4, e é semelhante ao plasma sangüíneo, mas sem as proteínas plasmáticas; é um processo passivo, semelhante à difusão das substâncias dos capilares para os espaços intersticiais.
13.2.2 – Secreção e reabsorção tubular
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A secreção e reabsorção tubular são processos que determinam a composição final da urina, e podem ocorrer por processos tanto ativos quanto passivos. A secreção de íons potássio determina sua concentração na urina e a de íons hidrogênio regula o equilíbrio ácido-básico nos líquidos corporais. As substâncias ativamente reabsorvidas incluem íons sódio, cálcio, fosfato e sulfato, glicose, aminoácidos e ácido úrico, entre outros. O transporte de sódio fornece a principal força diretriz para a reabsorção passiva de água por osmose. Glicose e aminoácidos são normal e completamente reabsorvidos a partir do túbulo contornado proximal e a uréia é passivamente reabsorvida devido ao gradiente de concentração formado pela reabsorção de água.
13.2.3 – Alteração da concentração e volume da urina O rim tem a capacidade de formar urina tanto mais concentrada (hipertônica) como mais diluída (hipotônica) que o plasma, e essa regulação da concentração da urina é realizada pelo hormônio antidiurético (ADH), secretado pela neuro-hipófise, que aumenta muitíssimo a permeabilidade dos túbulos coletores à água, favorecendo sua reabsorção. A aldosterona aumenta a reabsorção de sódio nos túbulos contornados distais e túbulos coletores, o que por sua vez, aumenta a reabsorção de água.
13.2.4 – Características da urina A urina recentemente eliminada é, em geral, transparente, com a cor variando do amarelo pálido ao levemente escurecido. Sua análise, se bem realizada, pode revelar a presença de doença renal, dar indicações sobre a natureza dessa possível enfermidade, além de ser instrumento de avaliação de sua progressão. Uréia (30 g) Creatinina (1-2 g) Amônia (1-2 g) Ácido úrico (1 g) Outros (1 g) Sais inorgânicos (25 g) Cloreto Sulfato Fósforo Sódio Potássio Magnésio Tabela 1 – Composição da urina, tomando por base os 60 g diários.
Solutos (60 g diários)
Resíduos orgânicos (35 g)
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13.3 – Ureteres Os ureteres são dois tubos, um de cada rim, que funcionam no transporte da urina dos rins para a bexiga; eles na verdade começam nos cálices renais, fundindo-se para formar a pelve renal, tornando-se enfim, os tubos. A localização dos ureteres na mulher é de particular interesse, uma vez que sua proximidade com o útero e o colo do útero os predispõem a lesões durante cirurgia uterina.
13.4 – Bexiga urinária A bexiga urinária está situada na parte posterior da sínfise pubiana, e está separada do reto, no homem, pelas vesículas seminais, e na mulher, pela vagina e útero. Há na bexiga uma pequena área triangular, chamada de trígono vesical, na qual desembocam ambos os ureteres e a uretra; sua parede é composta de quatro túnicas, de dentro para fora: mucosa, submucosa, muscular e serosa.
13.4.1 – Micção A bexiga, como reservatório para a urina, gradualmente se enche e se torna distendida, e à medida que seu volume aumenta, sua tensão também o faz, estimulando os receptores nervosos do estiramento, produzindo a necessidade de urinar. Há controle voluntário até certo ponto de estiramento, quando então ocorre a micção involuntária. 13.5 – Uretra A uretra serve como porção distal do trato urinário para a eliminação da urina do corpo; adicionalmente, a uretra do homem é a porção terminal do trato reprodutor, servindo como via de passagem para o líquido seminal. Ela se estende da bexiga até seu óstio externo. No homem, ela segue por um caminho tortuoso, de aproximadamente 20 cm de comprimento, sendo dividida em três porções: prostática, membranosa e esponjosa (porção do pênis), e sua parede também consiste em três camadas (mucosa, submucosa e muscular). A uretra da mulher, que tem somente função urinária, tem em torno de 4 cm, e é mantida pela parede posterior da vagina e seu revestimento é semelhante ao da uretra masculina.
14 – Sistema reprodutor masculino 14.1 – Órgãos externos
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O escroto e o pênis são os órgãos masculinos externos da reprodução. O escroto é uma bolsa localizada posteriormente ao pênis, sustentada pelo púbis; é uma continuação da parede abdominal, dividido por um septo em dois sacos, cada um com um testículo e um epidídimo. No seu tecido subcutâneo há fibras musculares lisas ( túnica dartos), que se retraem ou relaxam, aproximando ou distanciando os testículos do períneo, para que possam manter uma temperatura compatível com a viabilidade dos espermatozóides. O pênis é o órgão masculino da cópula, e encontra-se flácido quando não estimulado; é composto de três colunas longitudinais de tecido erétil (fazendo-o aumentar quando repleto de sangue) circundadas por tecido subcutâneo e cobertas de pele. Duas das colunas longitudinais, os corpos cavernosos do pênis, encontram-se localizadas dorsalmente, formando a maior parte do pênis, enquanto a terceira coluna longitudinal, o corpo cavernoso da uretra, localiza-se ventralmente, sendo atravessada pela porção peniana da uretra. Em sua parte terminal distal, o corpo esponjoso expande-se para formar a glande, sobre a qual fica situado o óstio da uretra. A pele do pênis é mais fina e terminalmente, dobra-se interna e dorsalmente sobre si mesma, projetando-se sobre a glande e formando o prepúcio. O fenômeno de ereção ocorre quando as artérias que suprem o pênis se dilatam e uma grande quantidade de sangue sob pressão entra nos espaços cavernosos que, à medida que se enchem, expandem-se e comprimem as veias que suprem o pênis, retêm o sangue que entra. Isso faz com que o pênis se torne rijo e ereto, tornando possível sua penetração na vagina durante a relação sexual.
14.2 – Órgãos internos Os órgãos internos da reprodução no homem podem ser divididos em três grupos. Primeiro há as gônadas masculinas, os testículos; o segundo grupo consiste de uma série de ductos, composta do epidídimo, ducto deferente e ducto ejaculatório. O terceiro grupo são as glândulas acessórias: as vesículas seminais, a próstata e as glândulas bulbouretrais (de Cowper).
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Fig. 45 – Corte sagital mediano da pelve masculina e testículo humano em detalhe.
14.2.1 – Testículos São as gônadas masculinas, e cada um deles é composto por um emaranhado de tubos, os ductos seminíferos. Esses ductos são formados pelas células de Sértoli (ou de sustento) e pelo epitélio germinativo, onde ocorrerá a formação dos espermatozóides. Em meio aos ductos seminíferos, as células intersticiais ou de Leydig produzem os hormônios sexuais masculinos, sobretudo a testosterona, responsáveis pelo desenvolvimento dos órgãos genitais masculinos e dos caracteres sexuais secundários: Estimulam os folículos pilosos para que façam crescer a barba masculina e o pêlo pubiano; Estimulam o crescimento das glândulas sebáceas; Produzem o aumento de massa muscular nas crianças durante a puberdade, pelo aumento do tamanho das fibras musculares; Ampliam a laringe e tornam mais grave a voz; Fazem com que o desenvolvimento da massa óssea seja maior, protegendo contra a osteoporose. •
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14.2.2 – Epidídimo
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O epidídimo é a primeira porção do sistema de ductos do testículo, sendo um tubo enovelado que se localiza na porção posterior da gônada, dividido em três partes: cabeça (porção terminal superior aumentada), corpo e cauda. É a região onde os espermatozóides são armazenados.
14.2.3 – Canais (ou ductos) deferentes Em número de dois, os ductos deferentes são uma continuação dos epidídimos, subindo ao longo da borda posterior dos testículos, circundando a bexiga urinária para entrar no abdome através do canal inguinal. Entre o testículo e o anel inguinal, o ducto deferente situa-se dentro do funículo espermático, uma estrutura que também contém nervos, vasos sangüíneos e linfáticos.
14.2.4 – Vesículas seminais Existem duas vesículas seminais, localizadas posteriormente à bexiga, consistindo cada uma de um único tubo enovelado sobre si mesmo. Elas secretam um líquido espesso contendo nutrientes (especialmente frutose), e o tubo de cada uma termina num ducto reto e estreito, que ligado ao ducto deferente, formam o ducto ejaculatório. Este penetra na base da próstata e se abre na porção prostática da uretra.
14.2.5 – Próstata A próstata tem o tamanho aproximado de uma castanha, circundando a primeira porção da uretra, e secreta um líquido fino que auxilia na viabilidade das células espermáticas, neutralizando a acidez da urina. Por sua intensa atividade e influência hormonal, freqüentemente em homens idosos ela pode sofrer aumento progressivo (hiperplasia) ou até mesmo ser o local de desenvolvimento de câncer.
14.2.6 – Glândulas bulbouretrais As glândulas bulbouretrais são em número de duas, do tamanho aproximado de ervilhas, localizadas inferiormente à próstata. Descarregam uma secreção mucosa que, além de limpar a uretra, lubrifica o pênis durante o ato sexual, anteriormente à ejaculação.
14.2.7 – Uretra masculina Dando passagem tanto ao sêmen quanto à urina, a uretra masculina estende-se dos óstios interno ao externo, na extremidade distal do pênis.
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14.3 - Espermatogênese A espermatogênese é a produção de espermatozóides, ocorrendo nos túbulos seminíferos quando é alcançada a maturidade sexual. Desde a fase embrionária, há células germinativas primordiais, que se multiplicam e formam as espermatogônias , que assim ficam mesmo depois do nascimento e durante a infância. Quando o indivíduo atinge a puberdade, essas espermatogônias sofrem diversas mitoses e se tornam espermatócitos primários, quando aí passam a realizar divisões meióticas, gerando espermatócitos secundários, seguida de espermátides e por fim, espermatozóides. Estes espermatozóides possuem a forma semelhante à de um girino, com uma cabeça (com o núcleo), peça média (corpo) e uma cauda. Na cabeça há ainda uma estrutura chamada acrossoma , originário do aparelho de Golgi, que contém enzimas digestivas para auxiliar a penetração no óvulo. Quando os espermatozóides são liberados pelas células de Sértoli, ainda estão imaturos, completando sua maturação durante a passagem pelo epidídimo. A união destes espermatozóides com as secreções das glândulas acessórias forma o líquido reprodutor denominado sêmen, que durante o coito é depositado na vagina, próximo à cérvix. Há aproximadamente mais de 20 milhões de espermatozóides por mililitro em um ejaculado normal, de cerca de 3 a 5 mL.
Fig. 46 - Espermatogênese
15 – Sistema reprodutor feminino O sistema reprodutor feminino é constituído por dois ovários , duas tubas uterinas (trompas de Falópio), um útero, uma vagina e uma vulva. Ele está localizado no interior da cavidade pélvica, cujos ossos constituem um marco ósseo forte, realizando uma função protetora.
15.1 – Órgãos externos
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Os órgãos reprodutores femininos externos são um conjunto representado pela vulva, composto dos lábios maiores, lábios menores, clitóris, glândulas vestibulares e hímen. Os lábios maiores são duas pregas arredondadas de tecido adiposo recoberto com pele e são unidos anteriormente por uma dobra de pele, a comissura anterior; eles são homólogos do escroto no homem. Os lábios menores são duas pregas da pele localizadas medialmente aos lábios maiores e anteriormente dividem-se em duas camadas, cujas pregas superiores unem-se logo à frente do clitóris para formar o prepúcio do clitóris enquanto que as pregas inferiores são conectadas inferiormente à glande do clitóris para formar o frênulo. O vestíbulo da vagina é uma fenda entre os pequenos lábios, cujo interior contém o hímen, o óstio vaginal, o óstio externo da uretra e as aberturas das glândulas vestibulares maiores (glândulas de Bartholin). Estas últimas são homólogas às glândulas bulbouretrais no homem e elaboram uma secreção lubrificante durante a relação sexual. O clitóris é uma projeção com a forma de uma ervilha, de tecido erétil, com nervos e vasos sangüíneos, sendo parcialmente recoberto pelas extremidades anteriores dos lábios menores e extremamente sensível à estimulação táctil. Representa um homólogo do pênis do homem, porém não atravessado pela uretra. O hímen é uma fina prega de membrana mucosa vascularizada que separa a vagina do vestíbulo e geralmente se rompe nas primeiras relações sexuais.
Fig. 47 – Sistema reprodutor feminino: (a) Vista externa, (b) Vista lateral e (c) Vista frontal.
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15.2 – Órgãos internos Os órgãos internos da reprodução incluem a vagina, o útero, as tubas uterinas e os ovários. A vagina é um canal tubular de 08 a 13 cm de comprimento, orientada para cima e para trás, com paredes elásticas, ligando o colo do útero aos genitais externos; ela serve como parte do canal do parto e representa o órgão feminino da cópula, sendo onde os espermatozóides são depositados. O útero é um órgão muscular piriforme de parede espessa, suspenso na parte anterior da cavidade pélvica acima da bexiga e em frente ao reto. As tubas uterinas penetram na sua extremidade superior de cada lado e sua extremidade inferior projeta-se na vagina, sendo chamada de cérvix , cuja aparência lembra um canal formado pela reunião de anéis; o corpo do útero é superior à cérvix. Recobrindo o útero tem-se uma camada de peritônio ligando-o a ambos os lados da cavidade pélvica, através dos ligamentos largos (nos quais passam as artérias uterinas). Há também dois ligamentos redondos conectados de cada lado e perto das tubas uterinas, mantendo o útero na sua posição. A parede do útero consiste de três camadas, sendo a mais externa o seu revestimento epitelial, contínua com o peritônio do ligamento largo. A camada média, o miométrio, é uma camada muscular espessa, com muitos vasos sangüíneos grandes, e durante a gravidez, sua espessura aumenta bastante. E a camada interna, o endométrio possui revestimento epitelial e tecido conjuntivo, sendo rico em glândulas. As tubas uterinas são dois tubos musculares flexíveis, em forma de cornetas, estendendo-se do fundo do útero de cada lado à circunferência pélvica. Seu epitélio de revestimento é formado por células ciliadas, cujos cílios recebem a denominação de fímbrias; por meio de seus batimentos microscópicos e do peristaltismo das tubas, o gameta feminino é impelido até o útero. E os ovários, as gônadas femininas, são duas estruturas ovaladas com cerca de 4 cm de comprimento, localizados na porção superior da cavidade pélvica, um de cada lado do útero. Diminutos folículos vesiculares em vários estágios de desenvolvimento estão presentes no interior de cada ovário, onde os óvulos se desenvolvem; além dessa função de desenvolvimento e expulsão do óvulo, os ovários também produzem os hormônios sexuais femininos, o estrógeno e a progesterona.
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Fig. 48 – Sistema reprodutor feminino, corte sagital mediano.
15.3 – Ovogênese A ovogênese é o desenvolvimento do óvulo que ocorre no ovário, e assim como no homem, as células germinativas primordiais no embrião multiplicam-se, tornando-se oogônias. A maturação das oogônias segue basicamente o mesmo curso, produzindo oócitos primários. Porém, quando vai ocorrer a primeira divisão meiótica, cada oócito primário dá origem a um oócito secundário e a um corpúsculo polar , afuncional, e quando ocorre a segunda meiose, o oócito secundário dá origem ao óvulo e a mais um corpúsculo polar, enquanto que o outro primeiro também dá origem a mais dois corpúsculos polares. Sendo assim, cada oócito primário dá origem a um óvulo maduro e três corpúsculos polares. O óvulo maduro é grande em comparação com o espermatozóide e não é móvel.
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Fig. 49 – Ovogênese.
15.4 – Maturação folicular e ovulação Quando os oócitos primários são formados, são circundados por uma camada simples de células,e a essa estrutura é dado o nome de folículo primário. Cerca de 400 mil folículos primários estão presentes nos ovários da mulher quando seu período reprodutor começa. Ao início da puberdade, começa a secreção do hormônio folículoestimulante (FSH), fazendo com que um grupo de folículos sofra crescimento, porém apenas um alcançará maturidade e ovulará; esta evolução é iniciada pela elevação do hormônio luteinizante (LH), devido ao estrogênio produzido pelo folículo em crescimento, e quando o LH alcança seu pico, a ovulação ocorre, ficando no local onde o folículo se encontrava uma massa conhecida como corpo lúteo (corpo amarelo), que produz mais estrogênio e também progesterona, diminuindo os níveis de LH e FSH. Se não houver fertilização, a queda de LH causa regressão do corpo lúteo, fazendo cair os níveis de estrogênio e progesterona, ocasionando a menstruação e reiniciando o ciclo. Se o óvulo for fertilizado e se implantar no útero, a gonadotropina coriônica humana (HCG) impede a regressão do corpo lúteo, mantendo os níveis de estrogênio e progesterona, iniciando a gestação. Por volta da 10ª semana gestacional, o corpo lúteo regride, ficando a secreção de estrogênio e progesterona a cargo da placenta.
15.5 – Ciclo menstrual
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O ciclo menstrual começa na puberdade (menarca) e continua até a menopausa, aproximadamente 40 anos mais tarde. Normalmente o ciclo tem duração de 28 dias, mas pode variar de 22 a 35 dias. A menopausa está aparentemente associada à diminuição da maturação folicular e alguns anos antes dela, os ciclos menstruais podem se tornar irregulares, mais curtos ou mais longos, ou o fluxo pode variar de pouco a muito.
FSH estimula desenvolvimento do folículo Folículo secreta estrogênio Pico de estrogênio causa aumento na liberação de FSH e LH Aumento de LH desencadeia ovulação Corpo lúteo desenvolve-se e secreta estrogênio e progesterona O aumento no estrogênio e progesterona inibe a secreção de LH e FSH
Sem fertilização
Fertilização
Queda no LH causa regressão do corpo lúteo
Implantação
Queda rápida no estrogênio e progesterona Menstruação
HCG impede regressão do corpo lúteo, que secreta estrogênio e progesterona Gestação Placenta secreta estrogênio e progesterona Gestação continua
15.6 – Placenta A placenta é uma estrutura na parede do útero, na qual o embrião está preso através do cordão umbilical e através da qual recebe nutrientes, troca gases respiratórios e elimina resíduos (união do que eram as membranas córion e alantóide, resultado da evolução dos mamíferos). Assim, a placenta forma o único meio pelo qual as funções nutricional, respiratória e excretora do feto são possíveis, por meio do cordão umbilical. Ela também serve como barreira efetiva contra algumas doenças de origem bacteriana, além de assumir a função hormonal, mantendo a gestação após sua 10ª semana.
15.7 – Diagnóstico laboratorial e período gestacional
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A maioria dos testes de gravidez é usada para detectar a presença de HCG em uma amostra de urina, normalmente com base em princípios imunológicos. Quanto ao período da gestação, apesar de haver pequenas variações, habitualmente calcula-se que sua duração é de 280 dias a partir do último período menstrual.
Fig. 50 – Placenta e bebê em posição normal.
16 – Sistema endócrino O sistema endócrino é composto de um grupo de tecidos cuja função é produzir e liberar na corrente sangüínea substâncias conhecidas como hormônios . Esses hormônios são transportados aos seus locais de ação, em outras áreas do corpo, onde exercem efeitos reguladores; realizam uma série de funções – coordenam as atividades corporais, controlam o crescimento e o desenvolvimento e mantêm a homeostasia. A seguir são listadas as glândulas endócrinas encontradas no corpo humano: Hipotálamo; Hipófise; Tireóide; Paratireóide; • • • •
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Supra-renais; Ilhotas de Langerhans do pâncreas; Ovários; Testículos; Glândula pineal; Placenta.
Fig. 51 – Localização das oito glândulas de secreção interna.
16.1 – Classificação dos hormônios Os hormônios podem ser divididos em duas classes principais: (1) proteínas, peptídeos e derivados de aminoácidos , e (2) esteróides , sintetizados do colesterol. Os esteróides são os hormônios do córtex da supra-renal e os sexuais masculinos e femininos. Todos os outros pertencem à primeira classe mencionada acima.
16.2 – Hipotálamo
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Localizado no cérebro diretamente acima da hipófise, é conhecido por exercer controle sobre ela por meios de conexões neurais e substâncias semelhantes a hormônios chamados fatores desencadeadores (ou de liberação), o meio pelo qual o sistema nervoso controla o comportamento sexual via sistema endócrino. O hipotálamo estimula a glândula hipófise a liberar os hormônios gonadotróficos (FSH e LH), que atuam sobre as gônadas, estimulando a liberação de hormônios gonadais na corrente sanguínea. Na mulher a glândula-alvo do hormônio gonadotrófico é o ovário; no homem, são os testículos. Como a hipófise secreta hormônios que controlam outras glândulas e está subordinada, por sua vez, ao sistema nervoso, pode-se dizer que o sistema endócrino é subordinado ao nervoso e que o hipotálamo é o mediador entre esses dois sistemas. O hipotálamo também produz outros fatores de liberação que atuam sobre a adeno-hipófise, estimulando ou inibindo suas secreções; produz também os hormônios ocitocina e ADH (antidiurético), armazenados e secretados pela neuro-hipófise. O hipotálamo, também constituído por substância cinzenta, é o principal centro integrador das atividades dos órgãos viscerais, sendo um dos principais responsáveis pela homeostase corporal. É o hipotálamo que: Controla a temperatura corporal; Regula o apetite; Regula o balanço de água no corpo; Regula o sono; Está envolvido na emoção e no comportamento sexual. Aceita-se que o hipotálamo desempenha, ainda, um papel nas emoções. Especificamente, as partes laterais parecem envolvidas com o prazer e a raiva, enquanto que a porção mediana parece mais ligada à aversão, ao desprazer e à tendência ao riso (gargalhada) incontrolável. De um modo geral, contudo, a participação do hipotálamo é menor na gênese (criação) do que na expressão (manifestações sintomáticas) dos estados emocionais. • • •
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16.3 – Hipófise A hipófise é uma massa de tecido com cerca de 1 cm de diâmetro, sendo dividida em duas partes básicas: a adeno-hipófise, ou glândula hipófise anterior , e a neuro-hipófise, ou glândula hipófise posterior , ligada por uma haste ao hipotálamo do encéfalo. A neuro-hipófise não produz realmente qualquer hormônio, mas funciona no armazenamento da ocitocina e do ADH, sintetizados nos corpos celulares de neurônios do hipotálamo. O ADH já teve sua função mencionada no capítulo referente ao sistema urinário, enquanto que a ocitocina influencia as mamas para
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liberarem leite das células glandulares aos ductos, além de estimular o útero a se contrair ao tempo do parto. A adeno-hipófise, através de seus hormônios, controla as atividades de glândulas-alvo específicas – tireóide, córtex supra-renal, ovário, testículo e glândula mamária: Hormônio estimulante da tireóide (tireotropina ou TSH) – regula o tamanho e a função da glândula tireóide, fazendo com que esta produza seus hormônios; Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) – regula o crescimento e função do córtex da supra-renal, região que sintetiza e secreta o cortisol; Hormônio folículo-estimulante (FSH) – estimula o crescimento do folículo ovariano na mulher e auxilia na espermatogênese no homem (ação que requer testosterona); Hormônio luteinizante (LH) – controla a produção de testosterona pelos testículos, enquanto que na mulher atua junto com o FSH para desencadear a ovulação; Prolactina – contribui para o desenvolvimento das glândulas mamárias e estimula a síntese de leite; Hormônio do crescimento (somatotropina) – acelera o crescimento, aumentando o tamanho de todos os órgãos e promovendo o crescimento ósseo antes do fechamento das epífises. Uma baixa produção de hormônio do crescimento na infância resulta no nanismo, enquanto que uma superprodução resulta no gigantismo; no adulto, em que os discos epifisários já se fecharam, a superprodução causa uma condição chamada acromegalia, em que os ossos tornam-se mais espessos. Hormônio estimulante do melanócito (MSH) – causa escurecimento da pele, presumivelmente pela estimulação dos melanócitos da epiderme, que produzem um pigmento escuro, a melanina. •
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Fig. 52 – Hipófise.
16.4 – Glândula tireóide A tireóide humana é composta de dois lobos que se dispõem de cada lado da traquéia, conectados por um istmo estendido sobre a superfície anterior da mesma; é um dos órgãos mais sensíveis do corpo e durante algumas situações, como a puberdade, gravidez ou estresse fisiológico pode aumentar de tamanho, tornando-se mais ativa. Dois hormônios são responsáveis pelas principais funções da glândula tireóide; são eles a tireoxina (T4) e triiodotireonina (T3). Suas funções são: Aumentar a velocidade dos processos de oxidação e de liberação de energia nas células do corpo, elevando a taxa metabólica e a geração de calor. Para isso, aumentam o consumo de oxigênio e por conseqüência o metabolismo basal, além de estimular a glicogênese e a lipogênese; E estimular a produção de RNA e a síntese de proteínas, estando relacionados ao crescimento, maturação e desenvolvimento. Eles facilitam a síntese e liberação do hormônio do crescimento e provocam fusão das epífises ósseas na placa de ossificação. Além destas ações, promovem também o desenvolvimento normal do sistema nervoso, a produção do surfactante pulmonar e a diferenciação do tecido muscular cardíaco e esquelético no feto e neonato. A tireóide também produz outro hormônio, a calcitonina, com ação de reduzir os níveis de cálcio sangüíneo; Ou seja, pode-se dizer que os hormônios tireoideanos são importantes e necessários para praticamente todas as funções fisiológicas normais. •
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Fig. 53 – Glândula tireóide.
16.5 – Glândulas paratireóides As paratireóides são pequenas glândulas, geralmente em número de quatro, localizadas na porção posterior da tireóide. Secretam o paratormônio, que aumenta o cálcio sangüíneo, aumentando a reabsorção
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óssea, nos rins e no intestino delgado, tendo uma função oposta à da calcitonina. Embora o cálcio esteja presente em todos os líquidos do corpo, 99 % estão contidos nos ossos, sendo de 1 grama a necessidade diária de um adulto.
Fig. 54 – Glândulas paratireóides. 16.6 – Glândulas supra-renais (adrenais) Há duas glândulas supra-renais, localizadas superiormente a cada rim, e cada uma possui um córtex (porção externa) e uma medula (porção interna). O córtex da supra-renal é de um amarelo intenso e secreta três tipos gerais de substâncias: mineralocorticóides, representados principalmente aldosterona , glicocorticóides, cortisol pela representados pelo (hidrocortisona) e hormônios sexuais. Os mineralocorticóides funcionam primariamente na manutenção do balanço hídrico e eletrolítico, além da pressão sangüínea, pela influência na reabsorção urinária de sódio e excreção de potássio. Os glicocorticóides influenciam o metabolismo da glicose, das proteínas e dos lipídios, além de atuarem na resistência a situações de estresse ao organismo (frio, calor, fome, raiva, ansiedade, dor, etc) e auxiliarem no desenvolvimento fetal. Somado a isso, também têm ação imunodepressiva e antiinflamatória e de estimular a secreção gástrica. Já os hormônios sexuais são androgênios de baixa potência, secretados em quantidades muito inferiores às gônadas e atuando basicamente na manutenção dos pêlos pubianos (características sexuais secundárias). A medula da supra-renal secreta as catecolaminas – adrenalina e noradrenalina, cujos efeitos principais são cardiovasculares e metabólicos. O efeito completo dos dois hormônios sobre o sistema cardiovascular é aumentar a freqüência cardíaca e a força de contração ventricular, constrição arteriolar na pele e dilatação arteriolar no músculo esquelético.
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A noradrenalina atua principalmente como um vasoconstritor, enquanto que a adrenalina é mais potente como estimulador cardíaco. Além disso, causam a quebra do glicogênio no fígado e no músculo esquelético, a gliconeogênese no fígado e a mobilização dos ácidos graxos de seus depósitos, todas ações que preparam o organismo para situações de emergência (luta ou fuga).
Fig. 55 – Rim esquerdo e localização da supra-renal.
16.7 – Ilhotas de Langerhans do pâncreas As ilhotas pancreáticas de Langerhans estão espalhadas por todo o pâncreas, produzindo os hormônios insulina, glucagon e somatostatina; a primeira é produzida pelas células alfa, a segunda pelas células beta e a terceira pelas células delta, sendo que a somatostatina tem a função de controlar a absorção de nutrientes, enquanto a insulina e o glucagon atuam no metabolismo da glicose. Os efeitos totais da insulina no metabolismo são para (1) aumentar a utilização e diminuir a produção de glicose, (2) aumentar a reserva e diminuir a mobilização e oxidação de ácidos graxos e (3) aumentar a formação de proteína. No diabetes mellitus, em que a insulina falta, a captação de glicose pelo músculo e tecido adiposo está diminuída, a produção de glicose no fígado é desimpedida e os ácidos graxos são rapidamente liberados de seus depósitos; o fígado, incapaz de oxidar a dióxido de carbono essa quantia enorme de ácidos graxos, produz muitos corpos cetônicos, que se acumulam na corrente sangüínea, criando uma situação denominada cetose, em que há acidose metabólica. O glucagon tem ação praticamente oposta ao da insulina, tendo seus níveis aumentados em condições de hipoglicemia (diminuição dos níveis de glicose sangüínea), para estabilizar novamente o organismo.
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16.8 – Ovários Os ovários, já citados no capítulo do sistema reprodutor feminino, possuem uma camada mais externa com tecido especializado que produz óvulos, e sintetiza dois hormônios: o estrogênio e a progesterona.
16.9 – Testículos Os testículos também já anteriormente estudados possuem dois tipos prin princi cipa pais is de teci tecido do:: um co cont nten endo do o epit epitél élio io germ germin inat ativ ivo o onde onde são são produzidos os espermatozóides e outro de células intersticiais de Leydig, que produzem testosterona.
16.10 – Glândula pineal A glân glându dula la pine pineal al huma humana na é pequ pequen ena, a, de co corr cinz cinza, a, loca locali liza zada da apro aproxi xima mada dame ment nte e no ce cent ntro ro do encé encéfa falo lo.. Sint Sintet etiz iza a me mela lato toni nina na,, um hormônio que exerce efeitos inibidores sobre as gônadas. Portanto, em patologias pré-puberais em que se tem aumentada a secreção da pineal há o retardamento do desenvolvimento sexual, enquanto que sua função reduzida causa puberdade precoce.
16.11 – Placenta A placenta foi reconhecida como órgão endócrino no início do século XX, quando se descobriu que cerca de após 10 semanas de gestação, mesmo com os ovários removidos, a gestação persistiria normalmente, com praticamente os mesmos níveis de HCG, estrogênio e progesterona. O HC HCG G co come meça ça a ser ser prod produz uzid ido o quan quando do oc ocor orre re a impl implan anta taçã ção, o, mantendo o corpo lúteo do ovário, que após a 10ª semana regride e então a placenta se ocupa de produzir estrogênio e progesterona, os hormônios que manterão a gestação.
17 – Pele e anexos A pele recebe cerca de 1/3 de toda a circulação sangüínea do corpo, é elástica elástica a auto-regenad auto-regenadora. ora. Fornece uma eficiente eficiente e bem regulada barreira térmica, participando na dissipação de água e nas funções termorreguladoras do corpo. Ela possui as seguintes camadas: epiderme, derme e tecido subcutâneo.
17.1 – Epiderme
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A epid epider erme me é a ca cama mada da ma mais is exte extern rna a da pele pele,, co comp mpos osta ta de 5 camadas: estrato córneo , estrato lúcido, estrato granuloso , estrato espinhoso e estrato germinativo. O estr estrat ato o có córn rneo eo form forma a a ca cama mada da ma mais is exte extern rna a da epid epider erme me e consiste em células mortas completamente preenchidas com uma proteína cham chamad ada a quera querati tina na.. Co Como mo desc descama amam m co cont ntinu inuam amen ente, te, nece necess ssit itam am de substituição, além de serem achatadas, assemelhando-se a escamas. O estrato lúcido se dispõe imediatamente abaixo do estrato córneo, com uma espessura de uma a cinco células transparentes, mortas ou em degeneração. O estrato granuloso é a transição para camadas subjacentes, onde existem grânulos acumulados em suas células, os quais tomam parte no processo de queratinização, onde as células produzem queratina, perdem seus núcleos, tornando-se mais compactas e frágeis. O estrato espinhoso é composto de várias células de forma poliédrica, como se tivessem espinhos, daí seu nome. E o estrato germinativo é a camada mais profunda e importante da pele, já que contém células capazes de sofrer divisões mitóticas e que posteri posteriorm orment ente e sofrem sofrem modific modificaçõ ações es morfoló morfológic gicas as e nuclear nucleares es para para dar origem a todas as outras camadas da epiderme; portanto, a epiderme só se regenera enquanto o estrato germinativo permanece intacto. A me mela lani nina na,, o prin princi cipa pall pigm pigmen ento to da pele pele,, é form formad ada a no estr estrat ato o germinativo pelos melanócitos, e a variação na quantidade de melanina produzida é o fator responsável pelas diferenças de cor da pele entre as pessoas. Sendo assim, a pele intensamente pigmentada não contém mais melanócitos, mas sim melanócitos mais ativos.
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Fig. 56 – Esquema representativo das camadas da epiderme.
17.2 – Derme A derme se dispõe imediatamente abaixo da epiderme e consiste de tecido conjuntivo com fibras colágenas e elásticas. Na derme estão contidos os vaso vasoss sang sangüí üíne neos os e linfá linfátic ticos os,, nerv nervos os,, folíc folícul ulos os pilo piloso soss e glând glândula ulass sudoríparas; ela está dividida em uma camada superior ( papilar papilar ) e uma inferior (reticular ). ).
17.3 – Tecido subcutâneo O teci tecido do subc subcut utân âneo eo é uma ca cama mada da co cont nten endo do gord gordur ura, a, també também m conhecido como tecido adiposo subcutâneo ou hipoderme.
17.4 – Pêlos Os pêlos são encontrados em quase toda a superfície corporal, sendo compostos de três partes: cutícula, córtex e medula. É no córtex dos pêlos escuros que estão células contendo pigmento. A parte visível do pêlo é a haste, enquanto que as células situadas na pele formam a raiz; circundando-a tem-se o folículo piloso.
17.5 – Unhas
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As unhas são formadas por células da epiderme modificadas, compostas de queratina dura. O ar misturado na matriz de queratina forma um crescente branco, a lúnula, na extremidade proximal de cada unha. Na mão elas crescem cerca de 1 milímetro por semana, sendo que no pé demora-se cerca do dobro do tempo.
17.6 – Glândulas sebáceas As glândulas sebáceas normalmente surgem das paredes dos folículos pilosos, produzindo o sebo, substância oleosa que é a responsável pela lubrificação da superfície da pele. Há áreas do corpo onde as glândulas não estão associadas aos folículos pilosos, tais como na glande do pênis e pequenos lábios da vulva, e os ductos se abrem diretamente na superfície da pele. Não há glândulas sebáceas nas regiões palmares e plantares. A secreção sebácea aumenta na puberdade e final da gravidez, mas diminuindo com a idade; esse aumento na puberdade contribui para o problema da acne nos adolescentes, enquanto que a diminuição é responsável pela relativa secura da pele de pessoas idosas.
17.7 – Glândulas sudoríparas As glândulas sudoríparas são encontradas na maior parte do corpo, sendo que a maioria não está associada aos folículos pilosos e são mais numerosas nas palmas das mãos e nas plantas dos pés. Cada uma consiste em uma porção secretora e um ducto excretor; o suor puro contém os mesmos constituintes inorgânicos do sangue, mas em concentração mais baixa, sendo que o principal é o cloreto de sódio (NaCl). O suor leva a uma perda de calor no corpo devido ao fato que este calor se faz necessário para evaporar a água do suor; com isso, o suor é importante fator para diminuição da temperatura corporal. As glândulas sudoríparas ligadas aos folículos pilosos são encontradas nas axilas, região anogenital, cicatriz umbilical e papilas mamárias que, surgindo na puberdade, secretam um líquido que responde a estímulos emocionais, especialmente ao sexual.
17.8 – Funções da pele A pele funciona na sensação, proteção, temorregulação e secreção; há receptores sensitivos para as quatro sensações básicas: a dor , o tato, a temperatura e a pressão . Ela forma um revestimento elástico e resistente, que protege o homem de seu complexo meio ambiente, impedindo a passagem de agentes químicos e físicos nocivos e inibindo a perda excessiva de água e eletrólitos.
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Fig. 57 – Camadas da pele.
17.9 – Glândulas mamárias As glândulas mamárias, ou mamas, são órgãos reprodutores acessórios em que, por ocasião da gravidez e parto, secretam leite para a nutrição do recém-nascido. A papila mamária que contém as aberturas dos ductos lactíferos está localizada próxima ao centro da mama, onde em torno dela há uma área circular mais larga de pele pigmentada, chamada de aréola. Existem 15 a 20 lobos de tecido glandular em cada mama, embebidos em tecido adiposo e drenados por seus ductos lactíferos. Estes lobos são compostos por vários lóbulos que na verdade são constituídos por agrupamentos de alvéolos, onde o leite é produzido.
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Fig. 58 – Glândula mamária.
17.10 – Olho O olho é um órgão de forma basicamente esférica, com uma parede composta de três camadas: a mais externa é formada por uma camada protetora composta da esclera e córnea; a média é uma camada altamente vascularizada e pigmentada composta da coróide, corpo ciliar e íris; e a parte interna é a retina, camada receptora contendo as terminações nervosas do nervo óptico. A córnea é o mais importante meio refrativo do olho, com alto grau de transparência, ocupando cerca de um sexto de sua superfície; a esclera constitui os cinco sextos posteriores do olho e é onde se inserem os músculos extra-oculares que o fazem se mover. A coróide é um tecido vascular pigmentado, localizado entre a esclera e a retina, com função de suporte sangüíneo. O corpo ciliar circunda a íris e seu epitélio produz o humor aquoso, líquido que preenche as câmaras (anterior e posterior) do olho. A íris forma o diafragma da pupila do olho, sendo ela que sofre dilatação (midríase) ou constrição ( miose); junto com o cristalino, dividem o olho em duas câmaras, uma anterior e outra posterior. A retina é um tecido fino, delicado e transparente, com a função de transformar as ondas luminosas em impulsos nervosos. O cristalino é uma lente transparente onde a luz se desvia para alcançar a retina do fundo do olho; a sua perda de transparência causa a catarata .
Fig. 59 – Olho.
17.11 – Ouvido
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O ouvido se divide em três porções: ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno. O ouvido externo compreende o pavilhão da orelha, com saliências e depressões que captam o som, e o meato acústico externo , canal que liga a concha até a membrana do tímpano. A caixa do tímpano representa o ouvido médio, que se comunica também com a nasofaringe por meio da tuba auditiva. No interior da caixa do tímpano estão os ossículos martelo, bigorna e estribo, ligados entre si por meio de articulações. O estribo se articula com a parede interna através de um pequeno orifício, a janela oval . Também denominado labirinto, o ouvido interno é constituído pela cóclea, destinada à função auditiva, e pelo aparelho vestibular , formado pelos canais semicirculares, participantes da função do equilíbrio. As cavidades do labirinto estão preenchidas por um líquido denominado endolinfa.
Fig. 60 – Ouvido.
18 – Sistema nervoso O conhecimento do homem, do seu meio ambiente, torna-se possível graças ao funcionamento integrado do sistema nervoso, um grupo de tecidos compostos de células altamente especializadas que possuem características de excitabilidade e condutividade. Junto com o sistema endócrino, ele permite que o corpo humano responda às mudanças ambientais com a necessária precisão.
18.1 – Divisões do sistema nervoso
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O sistema nervoso pode ser dividido em duas partes: o sistema nervoso central , que inclui o encéfalo e a medula espinhal, e o sistema nervoso periférico, que inclui os doze pares de nervos cranianos com seus ramos e trinta e um pares de nervos espinhais, também com seus ramos. Este último sistema conduz impulsos dos receptores sensitivos para o sistema nervoso central e impulsos destes para os efetores (músculos e glândulas). Por conveniência, as fibras nervosas eferentes periféricas distribuídas ao músculo liso, músculo cardíaco e glândulas são referidas como sistema nervoso autônomo .
18.2 – Tipos de células nervosas Há dois tipos importantes de células no sistema nervoso: os neurônios, elementos ativos da condução, e a neuróglia, elementos de suporte. O neurônio é a unidade básica do sistema nervoso, que conduz um impulso nervoso de uma parte do corpo para outra; ele consiste de um corpo celular contendo um único núcleo, e dois tipos de processos: o axônio, extensão citoplasmática alongada que leva os impulsos nervosos para longe do corpo celular, e os dendritos, processos que levam o impulso na direção do corpo celular. Estes dendritos são numerosos, curtos e não têm bainha, ao contrário do axônio.
Fig. 61 – Neurônio.
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O termo fibra nervosa refere-se a qualquer processo neuronal longo, tal como um axônio. Além disso, todas as fibras do sistema nervoso periférico possuem um envoltório por fora da membrana celular, formado por células acessórias denominadas células de Schwann. Estas células desenvolvem envoltórios repetidos formando uma espessa bainha denominada mielina; a parte em que sobra o núcleo achatado das células de Schwann é chamada de neurilema. Na extensão da fibra, os espaços entre as células de Schwann são chamados de nodos de Ranvier , mas mesmo assim ela não está desprotegida: o neurilema se estende um pouco entre estes espaços para cobrí-la. No sistema nervoso central (SNC), onde estão ausentes as células de Schwann, a bainha de mielina é formada por células acessórias denominadas oligodendrócitos. A mielina é constituída por cerca de 80 % de lipídios, funcionando como um isolante e aumentando a velocidade dos impulsos nervosos ao longo das fibras nervosas. Os elementos não nervosos consistem da neuróglia, de vasos sangüíneos e de tecido conjuntivo; Além das já citadas células de Schwann e dos oligodendrócitos, há também no SNC outras células acessórias: os astrócitos , a micróglia e as células ependimárias. Os astrócitos, assim chamados por terem a forma de uma estrela, têm expansões terminais em contato com os vasos sangüíneos, permitindo que os capilares do SNC sejam relativamente impermeáveis, formando a barreira hematoencefálica. A micróglia funciona como células fagocíticas, enquanto as células ependimárias revestem as cavidades ( ventrículos) do encéfalo e do canal central da medula espinhal.
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Fig. 62 – Formação da bainha de mielina em fibra nervosa.
18.3 – Impulso nervoso Os neurônios funcionam para conduzir sinais de uma parte do corpo para outra, sendo a capacidade para permeabilidade seletiva para íons de suas membranas celulares que está envolvida na transmissão desse impulso nervoso. No estado de repouso, o interior da fibra nervosa tem carga negativa em relação ao exterior; essa condição é criada porque há o transporte ativo de íons sódio (Na +) para fora da célula e de íons potássio (K +) para dentro, criando uma condição de altas concentrações de sódio no meio externo e de potássio no interno, enquanto pelo simples processo de difusão ambos tentam entrar de volta na célula. Contudo, como a membrana celular é muito mais permeável ao potássio do que ao sódio, ocorre muito pouca difusão do sódio para dentro, criando uma deficiência de cargas positivas na superfície da membrana. Então, não é que o meio interno seja negativo, ele apenas tem menos cargas positivas!
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Quando um estímulo é aplicado a uma célula nervosa, há uma reversão transitória do potencial de membrana, ocorrendo como segue: o estímulo causa a abertura dos canais de sódio, permitindo uma maior entrada desse íon, mudando o potencial de membrana de negativo para positivo. Logo em seguida esses canais de sódio se fecham e os de potássio se abrem, retornando o potencial de membrana para o estado negativo. Todas essas alterações são chamadas de potencial de ação . A mielina é resistente ao fluxo de íons e evita a passagem contínua de impulsos ao longo da fibra; o fluxo iônico pelos nodos de Ranvier aumenta as diferenças de potencial e o impulso passa de um nodo para o outro. Este processo, chamado de condução saltatória, aumenta consideravelmente a velocidade de transmissão dos impulsos nervosos.
18.4 – Transmissão do impulso pela junção neuromuscular Um neurônio motor se ramifica terminalmente e inerva desde poucas a mais de mil fibras musculares; o ponto no qual o axônio e a fibra muscular se encontram é conhecido como junção neuromuscular ou placa motora terminal . O espaço entre esta terminação nervosa e a membrana da fibra muscular é denominado fenda sináptica, e a transmissão dos impulsos elétricos do nervo ao músculo é feita por um mediador químico específico, a acetilcolina. Um impulso nervoso causa a rápida liberação de acetilcolina (armazenada em vesículas da fibra nervosa) na fenda sináptica. Esta passa por difusão através da fenda sináptica e liga-se a uma proteína receptora contida na membrana da fibra muscular.
Fig. 63 – Placa motora. 18.5 – Transmissão sináptica Os sinais são levados de um neurônio ao outro em junções especializadas, denominadas sinapses; a transmissão é mais freqüente de uma terminação do axônio de um neurônio aos dendritos ou corpo celular de outro.
18.6 – Receptores especiais
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Um receptor é uma terminação periférica de um neurônio sensorial a um dado tipo de estímulo. Os receptores variam desde terminações nervosas livres, sensitivas (especialmente para a dor), até funções altamente complexas, como visão e audição. Cada neurônio sensorial transmite impulsos ao sistema nervoso central que se identificará com um tipo específico de sensação, tal como a dor, o tato ou a audição.
18.7 – Sistema nervoso central O sistema nervoso central (SNC), conforme visto no início do capítulo, inclui o encéfalo e a medula espinhal. Está dividido grosseiramente em substâncias branca e cinzenta. A substância cinzenta é assim chamada devido à sua aparência e por possuir em sua maioria corpos celulares e dendritos; a substância branca, por sua vez, é composta principalmente de fibras nervosas mielinizadas. Na medula espinhal, uma região central em forma de “H” de substância cinzenta é circundada por substância branca. No encéfalo, a substância cinzenta está presente como camada superficial (córtex) no cérebro e cerebelo.
18.7.1 – Encéfalo A palavra encéfalo se refere à parte do sistema nervoso que está contida no crânio. É a maior massa de tecido nervoso do corpo e contém bilhões de células nervosas. O encéfalo está subdividido em três áreas principais; estas áreas são o encéfalo anterior , também chamado de prosencéfalo (subdividido em telencéfalo – cérebro, e em diencéfalo – tálamo e hipotálamo), o encéfalo médio (mesencéfalo) e o encéfalo posterior (rombencéfalo ), constituído de cerebelo, ponte e bulbo. 18.7.1.1 – Encéfalo anterior O cérebro (telencéfalo) é a porção mais larga do encéfalo e contém os centros nervosos que governam todas as atividades sensitivas e motoras, assim como as áreas precariamente definidas que determinam a razão, a memória e a inteligência. Cada protuberância em sua superfície é chamada de giro ou circunvolução e a fissura longitudinal que se estende da região posterior à anterior do cérebro divide-o em dois hemisférios que não são completamente simétricos no seu funcionamento. O córtex cerebral é a camada externa cinzenta do cérebro, convenientemente dividido em lobos – lobo frontal, lobo parietal, lobo temporal e lobo occipital.
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Dentre os constituintes do diencéfalo, o tálamo é o centro de ligação para todas as espécies de impulsos sensitivos (exceto os olfatórios), enquanto o hipotálamo está relacionado à expressão de algumas emoções e comportamentos, regulação de água e eletrólitos do corpo, além da produção de ADH e ocitocina que são armazenados na neuro-hipófise e fatores de liberação que controlam a adeno-hipófise.
Fig. 64 – Vista superior do encéfalo. 18.7.1.2 – Encéfalo médio Localizado entre os encéfalos anterior e posterior, possui envolvimento em algumas ações como nos reflexos visuais (coordenação do movimento dos olhos), auditivos, atividade motora e postura do corpo. 18.7.1.3 – Encéfalo posterior O cerebelo ocupa a fossa craniana posterior, sendo parecido com o cérebro em estrutura. Está conectado com todas as outras partes do SNC, sendo relacionado com a função do equilíbrio e na coordenação do movimento voluntário. A ponte está situada na parte anterior do cérebro, sendo constituída quase que inteiramente de substância branca, servindo como uma estação de ligação do bulbo com os centros corticais superiores. O bulbo continua-se com a medula espinhal numa extremidade e com a ponte na outra; e controla o início dos movimentos coordenados dos
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músculos esqueléticos, além de possuir centros reguladores do sistema circulatório, da respiração, da deglutição, do vômito, da tosse e do espirro. 18.7.1.4 – Meninges Três membranas fornecem proteção para o encéfalo e a medula espinhal, e da parte externa para a interna são: a dura-máter , a aracnóide e a pia-máter . Há também um espaço entre a aracnóide e cada uma das pias, chamado de espaço subaracnóideo. 18.7.1.5 – Líquido cerebroespinhal O líquido cerebroespinhal ou cefalorraquidiano circula dentro dos ventrículos, no canal da medula espinhal e dentro do espaço subaracnóideo. É incolor, com composição similar a da linfa, contendo água, proteína, glicose e linfócitos.
Fig. 65 – Vista sagital da metade esquerda do encéfalo.
18.7.2 – Medula espinhal A medula espinhal está localizada dentro do canal vertebral e tem ligação direta com o bulbo, terminando na junção entre a primeira e segunda vértebras lombares. Em um corte transversal ela revela uma região mais externa de substância branca e uma interna de substância cinzenta disposta na forma da letra “H”, sendo chamada de comissura cinzenta.
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Fig. 66 – Corte da medula espinhal.
18.8 – Sistema nervoso periférico 18.8.1 – Nervos espinhais Um nervo é um feixe de fibras nervosas fora do encéfalo ou da medula espinhal. Trinta e um pares de nervos são chamados de nervos espinhais, pois se originam da medula espinhal e emergem do canal vertebral através dos forames intervertebrais. Os nervos espinhais são denominados pela região da coluna vertebral relacionada a onde emergem; sendo assim, há oito pares de nervos espinhais cervicais, doze torácicos , cinco lombares, cinco sacrais e um coccígeo. Logo após o nervo espinhal deixar a medula, ele se ramifica formando os denominados ramos, e ao conjunto de ramos dá-se o nome de plexo. Tem-se então cinco grandes plexos no homem, formados de ramos de nervos espinhais: os plexos cervical , braquial, lombar , sacral e coccígeo, sendo este último de pouca importância no homem, mas nos animais contém os nervos espinhais que suprem a cauda.
18.8.2 – Nervos cranianos Os nervos cranianos são doze pares de nervos ligados ao encéfalo simetricamente dispostos. Os nervos cranianos, assim como suas ações básicas, incluem: I – Olfatório (cheiro); II – Óptico (visão); III – Oculomotor (movimento dos olhos); IV – Troclear (movimento dos olhos – músculo oblíquo superior);
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V – Trigêmeo (sensitivo da face e músculos da mastigação); VI – Abducente (movimento lateral dos olhos); VII – Facial (expressão facial); VIII – Vestibulococlear (audição e equilíbrio); IX – Glossofaríngeo (gosto na língua); X – Vago (movimento de vísceras torácicas e abdominais, especialmente o coração); XI – Acessório (movimento da cabeça e dos ombros); XII – Hipoglosso (movimento da língua).
18.9 – Sistema nervoso autônomo Conforme dito no início do capítulo, as fibras nervosas periféricas distribuídas à musculatura lisa, músculo cardíaco e glândulas, são pertencentes ao sistema nervoso autônomo; todas as suas funções relacionam-se à manutenção da homeostase. O sistema nervoso autônomo pode ser dividido, funcional e estruturalmente, em simpático e parassimpático. A maioria dos órgãos é inervada por ambas as divisões, e os efeitos de cada um são opostos; por exemplo, a ação no coração é aumentada pelo estímulo simpático e diminuída pelo parassimpático. De um modo geral, as ações da divisão simpática estão direcionadas para a mobilização das energias do corpo. O sistema simpático é o mais primitivo, às vezes exercendo ações fortificadas pela adrenalina e noradrenalina, na situação de “luta ou fuga”: constrição dos vasos sangüíneos na pele (deslocando para o encéfalo), aumento na velocidade e força de contração do coração, dilatação da árvore brônquica, diminuição da motilidade no trato digestivo, inibição da bexiga urinária e aumento da liberação de glicose no sangue. O sistema parassimpático é mais avançado funcionalmente, e suas ações nunca são tão generalizadas quanto às do simpático. Atua por exemplo, sobre as glândulas digestivas, aumentando sua secreção, ou sobre a íris, contraindo a pupila para proteger o olho da luz intensa. As ações do sistema parassimpático podem ser resumidas como conservadoras ou restauradoras do organismo.
18.10 – Arco reflexo O arco reflexo é uma resposta involuntária a um estímulo sensorial, servindo, em geral, para proteger o corpo. Normalmente, os elementos envolvidos num arco reflexo típico são (1) um receptor, (2) um neurônio sensitivo, (3) sinapses entre o neurônio sensitivo, internuncial ou de ligação e motor, (4) um neurônio motor e (5) músculo esquelético. Basicamente a seqüência de eventos se resume com a ocorrência do estímulo no receptor (geralmente a pele) e passagem do impulso nervoso
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