Dados de Catalogação na Publicação (CIP) Internacional (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) P118c
Pacheco, Cláudia S. A cura pela consciência : teomania e stress / Claudia Bernhardt S. Pacheco. - 2ª ed. - São Paulo: Proton, 1987.
2ª ed.
Bibliografia. ISBN 85-7072-014-9 1. Conscientização 2. Medicina psicossomática 3. Psicologia patológica 4. Psicoterapia I. Título. II. Título : Teomania e stress.
87-0528 Índices para catálogo sistemático: 1. Conscientização : Psicologia 153 2. Medicina psicossomática 616.08 3. Psicologia patológica 157 4. Trilogia analítica : Psicoterapia : Medicina 616.8914
CDD-616.8914 -153 -157 -616.08 NLM-WM420
Dados de Catalogação na Publicação (CIP) Internacional (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) P118c
Pacheco, Cláudia S. A cura pela consciência : teomania e stress / Claudia Bernhardt S. Pacheco. - 2ª ed. - São Paulo: Proton, 1987.
2ª ed.
Bibliografia. ISBN 85-7072-014-9 1. Conscientização 2. Medicina psicossomática 3. Psicologia patológica 4. Psicoterapia I. Título. II. Título : Teomania e stress.
87-0528 Índices para catálogo sistemático: 1. Conscientização : Psicologia 153 2. Medicina psicossomática 616.08 3. Psicologia patológica 157 4. Trilogia analítica : Psicoterapia : Medicina 616.8914
CDD-616.8914 -153 -157 -616.08 NLM-WM420
CLAUDIA BERNHARDT S. PACHECO
A cura pela Consciência Teomania e Stress
Proton Editora, Ltda. Avenida Rebouças, 3115 São Paulo
DA MESMA AUTORA Psicoterapias Alienantes From Sigmund Freud to Viktor E. Frank!: Integral Psychoanalysis The Technique of Interiorization Healing Through Consciousness - Theomania: The Cause of Stress The Liberation of the People The Pathology of Power - co-autora The Decay of the American People (And the United States) co-autora A Libertação dos Povos - co-autora A Decadência do Povo Americano (e dos Estados Unidos) - co-autora Oppna Ditt fönster (Abra sua Janela) - co-autora Capa Carlos Gomes de Freitas II Revisão Luiz Carlos Netto Chamadoira Produção Denise Maria Miraglia Hiss Composição Editora MM Ltda. Foto da Capa Marco T. Szankowski
Todos os direitos reservados para
PROTON EDITORA LTDA. Avenida Rebouças, 3115 - CEP 05401 - São Paulo - SP Fones: 210-3616. 853-5551 1987.
ÍNDICE APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................... 8 PREFÁCIO DA 2.ª EDIÇÃO......................................................................................................................... 9 PREFÁCIO DA 1ª EDIÇÃO........................................................................................................................ 11 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 12
PRIMEIRA PARTE ..................................................................................................................................... 14 A PSICOSSOMÁTICA E A TRILOGIA ANALÍTICA............................................................................. 14 1 - O Stress e a Síndrome de Adaptação Geral (SAG)................................................................................ 15 2 - O Stress Psicológico.............................................................................................................................. 16 3 - As Emoções e a Fisiologia Humana ...................................................................................................... 19 4 - A Importância da Relação entre as Emoções e a Hipófise .................................................................... 21 5 - A Teomania como Causa do Stress........................................................................................................ 24 6 - Como se Processa a Cura...................................................................................................................... 27 7 - Como se Opera o Tratamento................................................................................................................ 27 8 - 0 Medo e a Raiva ................................................................................................................................... 29 9 - Libido e Doença..................................................................................................................................... 30 10 - A Linguagem do nosso Corpo.............................................................................................................. 33 11 - Hipertensão.......................................................................................................................................... 34 12 - Cancer ................................................................................................................................................. 35 13 - Alergias................................................................................................................................................ 38 14 - Alterações Metabólicas e Hematológicas............................................................................................ 38 15 - Hemorróidas........................................................................................................................................ 39 16 - Amenorréia .......................................................................................................................................... 40 17 - Hemorragias Uterinas ........................................................................................................................ 40 18 - Excesso de Peso................................................................................................................................... 41 19 - Úlceras................................................................................................................................................. 41 20 - Dores de Cabeça.................................................................................................................................. 43 21 - Bronquite Asmática ............................................................................................................................. 43 22 - Epilepsia .............................................................................................................................................. 44 23 - Gripes e Resfriados.............................................................................................................................. 45 24 - Glaucoma............................................................................................................................................. 45 25 - Tosse.................................................................................................................................................... 46 26 - Náuseas e Vômitos............................................................................................................................... 46 27 - Frieza Sexual....................................................................................................................................... 47 28 - Artrite Reumatóide............................................................................................................................... 48
29 - Extra-sístole......................................................................................................................................... 49 30 – Endometriose ...................................................................................................................................... 49 31 - Lupus Eritematoso............................................................................................................................... 50 32 - Hipotensão........................................................................................................................................... 51 33 - A Doença Hereditária e os Fatores Psicológicos Implicados............................................................. 52 34 - A Esquizofrenia e as Doenças Mentais................................................................................................ 53 35 - Tratamento das Psicoses pela Trilogia Analítica ................................................................................ 55 36 - As Crianças também Somatizam?........................................................................................................ 56 37 - Índice de Curas pela Trilogia Analítica .............................................................................................. 57 38 - A Doença e o Pacto Familiar .............................................................................................................. 59 39 - A Somatização no Processo Analítico ................................................................................................. 62 40 - Podemos Adoecer com a Agressão dos Outros?.................................................................................. 62 41 - Doença Psicossocial ............................................................................................................................ 63 42 - O Perigo das Operações e dos Tratamentos Medicamentosos............................................................ 64 43 - Quem é o Verdadeiro Médico de Almas? ............................................................................................ 65 44 - A Medicina do Terceiro Milênio.......................................................................................................... 66
DEPOIMENTOS ........................................................................................................................................... 68 1º Depoimento: Dr. José Casseb................................................................................................................. 68 2º Depoimento: S. L. M. .............................................................................................................................. 69 3º Depoimento: Sra. T. N. ........................................................................................................................... 71 4º Depoimento: V. B. M. J........................................................................................................................... 71 5º Depoimento: C. G. M.............................................................................................................................. 72
SEGUNDA PARTE ....................................................................................................................................... 73 A METODOLOGIA DA TRILOGIA ANALÍTICA: TÉCNICA DE INTERIORIZAÇÃO .................. 73 1 - A Técnica Dialética da Trilogia Analítica - Como Trabalhar com a Teomania ................................... 73 2 - Pela Inveja do Criador, Fazemos a Inversão: Vemos a Realidade (Criação Divina)como Ruim e Nossas Fantasias como Boas (Criação Nossa)....................................................................................................... 74 3 - A Doença é a Dialética Errônea que Elaboramos pelo Uso Errôneo da Vontade................................ 74 4 - A Psicoterapia Trabalha com a Consciência das Fantasias para Usufruirmos da Sanidade ............... 75 5 - A Interiorização é o Caminho da Cura.................................................................................................. 75 6 - A Técnica Comparativa Solucionou muitos Problemas na Prática da Psicanálise e Favoreceu o Restabelecimento Rápido do Paciente ........................................................................................................ 76 7 - Inconscientização é Luta Contra a Consciência.................................................................................... 77 8 - O Homem faz uma Inversão: Vê a Consciência como Agressão e não vê a si Mesmo Agredindo sua Conscientização e Ferindo-se com essa Atitude......................................................................................... 78 9 - A Verdadeira Análise Dialética Deve Lidar com a Consciência da Patologia (Fantasia) e da Sanidade
(Realidade).................................................................................................................................................. 79 10 - Por Causa da sua Arrogância, o Homem Rejeita a Consciência de suas Más Intenções, Dificultando seu Processo de Cura........................................................................................................................................ 79 11 - O Ser Humano pensa que sua Doença Prejudica os Outros, não a si Mesmo .................................... 80 12 - Quando o Homem nega a sua Sanidade, Imagina ser mais Forte do que Deus.................................. 80 13 - O Homem Atribui à Fantasia e à Alienação a Satisfação que obtém da Realidade, pois assim Acredita ser Ele Próprio o Doador da sua Felicidade .......................................................................................................... 81 14 - O Homem Alimenta a sua Conduta Patológica, Imaginando que se Beneficiará com isso................. 81 15 - O Ser Humano Pensa que tem de ser Fiel à sua Patologia, Submetendo-se Passivamente a Ela...... 82 16 - Com Freqüência, o Erotismo é mais uma Atitude de Agressão do que de Afeto................................. 83 17 - O Sexo pode ser Usado como um Fator de Alienação ou de Conscientização.................................... 83 18 - Homossexualismo é a Manifestação Social de um Erro na Conduta com o Interior .......................... 84 19 - A Angústia é um Bem para o Indivíduo e não deve ser Abafada, mas Trabalhada ............................. 85 20 - A Análise dos Delírios e Alucinações .................................................................................................. 85 21 - O Sonho Revela nossas Atitudes de Negação ou Aceitação da Realidade .......................................... 86 22 - O Corpo Humano Mostra Claramente o que se Passa em seu Íntimo................................................ 87 23 - A Verdadeira Conscientização é da Nossa Semelhança com a Natureza Divina................................ 88 24 - Conclusão ............................................................................................................................................ 88 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................................... 90 CONTRACAPA ........................................................................................................................................... 92
APRESENTAÇÃO Após onze anos de pesquisa e estudo no campo da psicossomática, atrevo-me a lançar algumas conclusões às quais cheguei, relacionando a Trilogia Analítica (Psicanálise Integral) aos campos da Fisiologia e Medicina. Com a percepção do elo que existe entre a teomania e as doenças orgânicas, espero estar contri buindo para aumentar os recursos para o tratamento e entendimento das doenças que flagelam toda a humanidade. Ofereço este meu trabalho ao meu mestre e orientador, Dr. Norberto R. Keppe, criador da Trilogia Analítica, a quem devo praticamente tudo o que sei, e que sempre me incentivou a continuar nestas pesquisas, dado o seu grande amor à ciência e à Verdade. Agradeço também a meu pai, Ruy de Souza Pacheco que, na condição de médico honesto e idealista, me transmitiu o interesse pelas descobertas fascinantes da Medicina e da Fisiologia, a respeito do funcionamento do nosso organismo. E, quando toda a estrutura sócio-econômica for corrigida, 75% das doenças serão automaticamente eliminadas. Restarão, entretanto, os problemas psicológicos, individuais, que sempre necessitarão ser conscientizados, para a erradicação praticamente total de todas essas enfermidades. Enquanto a reforma econômica social se processa, já poderemos corrigir muitas de nossas doenças, através do método de conscientização e interiorização aqui exposto, o qual também nos permite trabalhar de uma maneira mais saudável e construtiva com os problemas sociais. E por isso que a maioria dos indivíduos que leram este livro, e somente com sua leitura, tiveram a recuperação de uma série enorme de problemas tanto físicos como psíquicos. Espero em breve lançar a segunda parte desta pesquisa da aplicação da Trilogia Analítica nas doenças psicossomáticas. Nela eu exponho melhor como a estrutura patologizante de poder adoece a humanidade. Será um livro destinado aos interessados na área de saúde e qualquer indivíduo leigo poderá se beneficiar com sua leitura. Claudia Bernhardt S. Pacheco
PREFÁCIO DA 2.ª EDIÇÃO Quando escrevi este livro em 1982, a Trilogia Analítica ainda não contava com as descobertas a respeito da psicossociopatologia do poder; ou seja, ainda não havíamos aplicado as descobertas da Teomania, Inveja, Inversão, Alienação, na estrutura socio-econômica. De lá para cá nosso grupo de estudos de medicina psicossomática trilógica muito pesquisou e descobriu a respeito das doenças psicossomáticas, descobertas essas que vieram a confirmar e completar as hipóteses deste meu trabalho. A mensagem fundamental que proponho neste livro é que a alienação que o ser humano mantém de seus problemas, e dos problemas em geral, é a causa básica de suas doenças. O medo, a raiva, a inveja, emoções que quando descontroladas levam à morte, precisam ser conscientizadas, bem como as suas causas, para serem corrigidas. Atualmente, devido à estrutura patológica das sociedades humanas, existem duas posições básicas do indivíduo diante da vida: primeiro, a atitude mais perigosa, característica dos indivíduos mais doentes, é a de desejar o poder social, político ou econômico, para dar vazão à sua teomania (megalomania) que é maior do que a maioria dos seres humanos; segundo, a atitude mais comum e mais saudável da maioria do povo, que é a de querer trabalhar, progredir e usufruir da própria vida, sem desejar o poder; mas ele é impedido pelo grupo mais doente que está no poder. Essa escravidão imposta, até agora, sem muita esperança de solução, leva fatalmente a um grande stress, gerando muitas doenças. Os grupos de poder formaram uma estrutura de leis sociais, econômicas e políticas para servir ao interesse da minoria e massacram o povo impiedosamente. Condições absolutamente subumanas de existência lhe são impostas desde as mais básicas necessidades (comida, habitação, transporte, educação) como as necessidades mais elevadas de liberdade e felicidade e realização pessoal, que certamente não são de menor importância. O povo, mesmo nos países tidos como mais desenvolvidos, é tratado como uma manada de animais, privados da liberdade e expansão a que teriam direito. Pesquisas da Psicologia Experimental provaram que animais obrigados a viver em gaiolas, sem liberdade, retirados de suas condições naturais de existência, acabam apresentando deformações de comportamento tais como: homossexualismo, canibalismo, tumores e doenças orgânicas, atitudes suicidas, sodomia, e comportamentos neuróticos das mais diversas espécies. O mesmo acontece com a maioria da humanidade, obrigada a se submeter a organizações sócioeconômicas totalmente avessas à sua essência. Essa organização foi elaborada justamente pelos indivíduos mais doentes, os mais invejosos, avarentos e megalômanos: são os que detêm todo o poder (poder até de vida e de morte) da humanidade em suas mãos. Esses indivíduos, geralmente vistos como os mais bem sucedidos socialmente, não raro são muito respeitados e admirados, o que indica a existência de uma séria inversão social de valores. Chamados de tipos A de personalidade, os desejosos de poder (power-seekers), apresentam uma alteração específica do hormônio chamado serotonina, alteração essa também encontrada em doentes mentais graves e em várias doenças orgânicas. A maioria das doenças cardíacas está associada a este quadro; enxaquecas, atitudes autistas, euforia, palpitações, alterações na pressão sanguínea, inchaço no corpo e muitos outros sintomas são resultados do aumento no grau de serotonina no sangue destes indivíduos. Um estudo bem mais completo a esse respeito foi feito pelo médico Juhed Abuchehin no livro A
Libertação do Povo - Patologia do Poder, cujo autor principal é Norberto R. Keppe (Proton Editora Ltda., 1986, São Paulo). Nesse livro, Dr. Abuchehin mostra claramente a correlação entre os quadros de esquizofrenia e dos tipos A de personalidade (power-seekers), evidenciando a alteração hormonal idêntica em ambos os grupos. O segundo grande grupo de indivíduos muitas vezes chamados tipo B de personalidade, praticamente a grande maioria da humanidade, sofre duas espécies de pressões: uma é a interna, de seus próprios problemas psicológicos, bem descritos aqui neste livro; a outra é a externa, advinda da estrutura sócio-econômica doentia. Portanto, suas pressões são duplicadas. Na verdade, ser humano nenhum é livre; desde que nasce, ele tem que sofrer as mais diversas formas de pressões e explorações. Escravizado, o homem vive ameaçado de morrer de fome, caso não trabalhe para o enriquecimento de seus opressores. Quem poderia então viver normalmente, com a saúde que merece se está constantemente ameaçado de ver-lhe retirados o teto, a comida, o sustento seu e de seus filhos? Qual o indivíduo que não está sujeito a situações de raiva, pavor e inveja na sociedade onde os mais loucos são os que têm mais poder? E isto tudo é o que nos leva ao stress. Para isto estamos trabalhando energicamente no sentido de desinverter essa situação, colocando o povo nas condições que realmente merece - a de poder sobre a própria vida. Para isso um novo modelo sócio-econômico foi formulado, através das empresas e sociedades trilógicas, onde toda forma de poder e exploração é controlada. Várias unidades já estão em experimentação no Brasil e U.S.A., com resultados excelentes. Esta obra visa principalmente a explicar como a Trilogia Analítica vem tratando e curando as doenças orgânicas, relatar alguns casos clínicos, depoimentos de clientes e, na última parte, demonstrar como se trabalha com a Técnica Dialética ou a Interiorização.
PREFÁCIO DA 1ª EDIÇÃO É muito confortador o lançamento deste livro de Medicina Psicossomática, baseado na Trilogia Analítica; Dra. Cláudia Bernhardt de Souza Pacheco está dando uma contribuição fundamental, para a compreensão das doenças físicas, através de dados filosóficos, teológicos e experimentais desta (nova) ciência trilógica. Há dezessete anos foi lançado o livro A Medicina da Alma, fundamentado no meu trabalho com os doentes do Hospital das Clínicas (Faculdade de Medicina de São Paulo), onde atendia pessoas encaminhadas pelos professores : Edmundo Vasconcelos (moléstias do aparelho digestivo), Luís Vènere Decourt (doenças cardio-vasculares), Sebastião Sampaio (dermatologista), José Medina (obstetrícia) ; de modo geral, atendi enfermos de todas as clínicas, desde a psiquiatria, até a ortopedia, colhendo durante vinte e três anos um enorme material científico. Dra. Cláudia B. S. Pacheco dedicou-se ao estudo da etiologia psicológica das moléstias, fazendo jus ao seu pai médico, Dr. Ruy de Souza Pacheco (ex-Conselheiro Federal de Medicina e exSecretário Geral da Associação Paulista de Medicina), que lhe deu grande apoio em seu trabalho. O leitor encontrará aqui explicações sobre os males orgânicos que grassam na humanidade e que só poderão ser evitados, quando forem suficientemente conscientizados ; os medicamentos geralmente causam mais danos que auxílio ; os próprios hospitais são focos de infecções e o tratamento só pelo orgânico redundou em fracasso. Assim sendo, está sendo necessária a divulgação destes elementos científicos trilógicos para que o ser humano não sofra de tantos males, desnecessariamente.
Norberto R. Keppe São Paulo, 12 de janeiro de 1983
INTRODUÇÃO Como o próprio Prof. Dr. Keppe diz em seu livro Medicina da Alma, foi Sigmund Freud o primeiro a demonstrar que é possível curar um doente sem o uso de um só medicamento, mas foi ele o primeiro a sistematizar e formular a metodologia única para o tratamento psicanalítico das doenças psicossomáticas. Desde 1961, ocasião em que voltou de Viena, dedicou-se ao cuidado, através da psicoterapia, de pacientes desenganados no Hospital das Clínicas da USP e em seu consultório particular. Recebia pacientes das clínicas do Prof. José Medina (ginecologia e obstetrícia), Prof. Sebastião Sampaio (dermatologia), Prof. Euríclides Zerbini (cardiologia), Prof. Edmundo Vasconcelos (gastroenterologia), Prof. Ernesto Mendes (doenças alérgicas), e tratava de todos somente com a psicanálise. Embora, na ocasião, não tivesse ainda formulado totalmente o método de trabalho do qual atualmente nós, psicanalistas trilógicos, dispomos para trabalhar, já atuava de maneira intuitivamente correta para conduzir seus clientes a curas admiráveis.(1 ) Por isso, atualmente no Brasil, Europa, e nos Estados Unidos, Dr. Keppe (e quem se utiliza da metodologia trilógica) surpreende a todos - cientistas e pacientes - por conseguir com sua metodologia científica curar as mais diversas doenças em apenas algumas sessões de análise. A Trilogia Analítica é considerada a única metodologia psicoterapêutica verdadeiramente científica capaz de curar doenças orgânicas. É também chamada de "short therapy" (psicoterapia breve), pois consegue resultados altamente expressivos em pouco tempo.. Desde a década de 30, mais especificamente a partir dos estudos do Prof. Franz Alexander, médico austríaco, radicado em Nova York, criador da Medicina Psicossomática, muito se tem pesquisado a respeito da influência que a mente pode ter sobre o corpo, tanto na elaboração das doenças como na conservação da saúde. Talvez os Estados Unidos tenham sido, como geralmente ocorre, o país que mais desenvolveu as pesquisas nesse campo. Mas, mesmo assim, a psicossomática tem-se reservado mais aos grupos chamados de "menos científicos", de filosofia oriental, parapsicológica e "ciências marginais". Na realidade, os médicos pouco têm aceitado as descobertas desta nova ciência, porque, inclusive, teriam que abandonar, em grande parte, a metodologia que aprenderam para tratar as doenças. Se se consideram os problemas psíquicos como causadores das moléstias, é através da vida psíquica que se deve curá-las. No entanto, muitos chamados psicossomaticistas recorrem a calmantes e psicotrópicos para o tratamento da sintomatologia somática. Alguns chegam até a desaconselhar a psicoterapia, como é o caso do Dr. Julio de Mello Filho, presidente da Associação Brasileira de Medicina Psicossomática. Na Revista Veja, n.° 689, pág. 60, disse o seguinte : "Quanto ao auxílio psiquiátrico em doentes cancerosos, nem sempre se recomenda... o doente pode piorar, por sentirse duplamente afetado". No caso de combinação de alopatia com psicoterapia geralmente só os sintomas são eliminados, temporariamente, para depois retornar com mais violência. Ou ainda pode ocorrer um deslocamento de sintomas, vindo a doença a aparecer sob outra roupagem. Por isso é comum um mesmo indivíduo ter várias moléstias durante a sua vida. Terminada uma, logo se inicia outra : o 1
Eu mesma, atualmente psicanalista integral, fui encaminhada pelo Prof. José Medina para tratamento com o Dr. Keppe, com quem consegui recuperar-me de uma doença quase crônica em apenas u m mês de análise.
mesmo ulceroso pode apresentar sintomas de colite, de rinites alérgicas, dores de cabeça, problemas hepáticos, renais, de coluna, etc.. Aliás, é freqüente um indivíduo, que vai ao médico para tratar de uma doença, apresentar no histórico de caso muitas doenças anteriores. São pessoas que somatizam todos os seus problemas psíquicos - numa tentativa de materializar seus sentimentos para fugir à consciência deles. O primeiro gênio médico, que pode ser chamado de um grande psicossomaticista, foi Sigmund Freud, o pioneiro em conseguir tratar de sintomas característicos da histeria. Porém, atualmente, já temos recursos para estender esses benefícios a um número bem maior de tipos de doenças - muitas delas tidas como tipicamente orgânicas como resfriados, gripes, doenças infecciosas, hemorróidas e até miomas uterinos que têm excelente recuperação através da Trilogia Analítica (Psicanálise Integral). Em 1980, Norman Cousins lançou um livro denominado A Anatomia de uma Doença - Do Ponto de Vista do Paciente (Anatomy o f an Illness - As Perceived by the Patien) que foi best-seller nos E.U.A.. Lá ele faz um relato muito interessante de suas experiências como ex-paciente da Medicina tradicional, e que acabou por se curar de uma doença reumática muito grave através da sua força psíquica. Norman Cousins é atualmente conferencista. na Escola de Medicina da Universidade da California, de Los Angeles, e consulting editor de Homem e Medicina, publicado na Faculdade de Médicos e Cirurgiões da Universidade de Columbia. Cousins diz o seguinte : "Eu creio que nós estamos começando a ter um respeito maior pela singularidade do ser humano e um melhor entendimento de que o espírito não é uma abstração, mas provavelmente um dos mais incríveis fenômenos no universo inteiro. Mas. quem melhor desenvolveu a psicoterapia de doenças psicossomáticas foi o Dr. Norberto R. Keppe, psicanalista, que desde que voltou da Áustria em 1960, onde passou três anos estudando com o Prof. Viktor E. Frankl, neuropsiquiatra da Universidade de Viena, dedica-se às pesquisas e ao tratamento das doenças mentais e psicossomáticas. Trabalhou, em sua clínica particular, na Sociedade Internacional de Trilogia Analítica e no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, organizando a Medicina Psicossomática das Clínicas Dermatológicas, Psiquiátrica, Cardiológica, Médica, Cirúrgica, Obstétrica. Dr. Keppe conseguiu resultados surpreendentes na cura das mais diversas moléstias, sem o uso de qualquer medicamento, e relatou algumas hipóteses resultantes de seus trabalhos no seu livro Medicina da Alma - Medicina Psicossomática, editado em 19ó7 (Hemus Editora). De lá para cá, muito conseguiu desenvolver e aperfeiçoar suas metodologia para o tratamento psicoterápico das doenças psicossomáticas, dentro da Trilogia Analítica. E são essas pesquisas, das quais tenho tomado parte diretamente, e algumas hipóteses pessoais, que pretendo relatar aqui. Antigamente viam-se como milagrosas as curas das doenças mais graves e muitos casos eram considerados puramente histéricos. Uma comissão de médicos não católicos, que pesquisaram os milagres de Londres, constataram que muitas curas eram autênticas. Hoje, através da Trilogia Analítica, que considera o ser humano como fundamentalmente espiritual, já se pode dizer que as curas verdadeiramente científicas são as mesmas dos milagres religiosos, pois sua fundamentação é a mesma. A ciência, pela primeira vez, está unificada à religião, pois a verdadeira cura de um mal deve ser a mesma dentro de cada uma delas. Não pode haver uma verdade para os médicos outra para os religiosos e para o povo. Simplesmente, até o aparecimento da Trilogia Analítica, não se havia percebido a unidade que está por detrás destas curas.
PRIMEIRA PARTE A PSICOSSOMÁTICA E A TRILOGIA ANALÍTICA
Acho interessante explicar aos leitores, leigos em medicina e fisiologia, como se processam nossas mudanças a nível fisiológico, para que possam compreender melhor porque e como a vida psíquica atua no nosso corpo. Embora essas informações sejam mais técnicas, elas se tornam indispensáveis na medida em que a Trilogia Analítica trabalha com dados científicos experimentais.
1 - O Stress e a Síndrome de Adaptação Geral (SAG) Desde a metade do século XIX, Claude Bernard (2 ) e ( 3 ) - fisiologista francês - já percebera que, para manter a vida, a constância do "ambiente interno" ("milieu interieur") precisa ser preservada, apesar das mudanças do am biente externo. Em 1922, Walter Cannon (4 ) introduziu o termo "homeostasis" para designar a manutenção desta estabilidade, e dirigiu sua atenção ao papel da adrenalina e do sistema nervoso autônomo como os responsáveis pelos ajustamentos internos dos quais depende a homeostasis. Também nos Estados Unidos, Frank Hartman (4) e seus assistentes fizeram experimentos com extratos purificados adreno-corticais, que os levaram a formular a teoria dos corticóides ou "hormônio geral dos tecidos" ("general tissue hormone"). Eles concluíram que o hormônio corticóide é necessário para as funções de todas as células porque ele eleva a resistência dos tecidos à infecção, combate a fadiga muscular e nervosa, e mantém a temperatura e a hidratação dos tecidos. Muitos investigadores descreveram importantes mudanças morfológicas, funcionais ou bioquímicas, seguidas de estímulos nervosos, traumas etc.. Mesmo nos mais antigos textos médicos, nós encontramos suspeitas do valor curativo da dor, jejum e muitos outros agentes não específicos. Wagner-Jauregg (5 ) - famoso psiquiatra austríaco - foi o primeiro a tentar tratar de doenças mentais, especialmente a paralisia geral histérica, através da estimulação artificial da febre ("terapia da malária", ou "terapia não específica"). Foi o austríaco Hans Selye, naturalizado canadense, que usou primeiramente o termo "stress" para designar essa síndrome de exaustão física acompanhada dos mais diversos sintomas e doenças. Selye já publicou 1600 artigos sobre o assunto, além do famoso livro Stress, que é base de estudos para todas as especialidades médicas. De acordo Com Selye, toda situação de stress é acompanhada por uma descarga muito elevada de hormônios cor ticóides, adrenalina, e, simultâneamente, a resistência a numerosos agentes nocivos é aumentada. (6 ) A hipófise é que controla a secreção adreno-cortical. Em 1927 observou-se que, se a hipófise era removida, os animais não podiam mais responder a situações de stress letal. Simultâneamente, a resistência destes primeiros hipofisectomizados caía a níveis muito baixos. (7 ) Concluiu-se então que no stress ocorre o seguinte fenômeno : se há qualquer prejuízo (choque), há uma reação simultânea de defesa do organismo (contrachoque). Coin a abstração da hipófise de animais, as manifestações de prejuízo (úlceras gástricas, hipotermia, hipoglicemia, hipotensão) pioravam, enquanto que as presumíveis mudanças de defesa eram eliminadas (febre, hiperglicemia, hipertensão, dissolução do tecido linfático, etc.). Estas observações mostram que a natureza por si mesma buscou um mecanismo de defesa geral, no qual a produção da corticotrofina desempenha um papel importante. Tentou-se tratar muitas 2
Bernard. C. L. - Rapport sur les Progrès et la Marche de la Physiologie Génerale, Baillière, Paris (1867). Leçons de Pathologie Experimentale (Au College de France) (J. B. Baillière et fils, Paris (1880). Cannon, W. B. - Studies in Experimental Traumatic Shack. Evidence of a Toxic Factor in Wound Shock, Arch. Surg. 4:1 (1922). "Bodily Ch anges in Pain, Hunger Fear and Range", 2nd Ed. D. Appleton, New York London (1929). 4 Hartman, F.A., K. A. Brownwell & J.E. Lockwood - Cortin as a General Tissue Hormone, Am. J. Physiol. 101:50 (1932). 5 Wagner-Jauregg, J. - Ueber die Einswirkung Giberhafter Erkrankrungen auf Psychosen, jahrb. F. Psychiat. u. Neorol. 7:94 (1887); The History of the Malaria Treatment of General Paralysin, Am. J. Psychiat. 102:577 (1946). 6 Selye, H. - A Syndrome Produzed by Diverse Nocivous Agents, Nature 138:32 (1936). 7 Selye, H. - Studies on Adaptation, Endocrinology, 21:169 (1937). 3
doenças imitando o fenômeno de contrachoque fisiológico através da administração artificial de ACTH ou corticóides. Através da administração artificial destes hormônios, procuraram aumentar a resistência natural do organismo, tornando-o indiferente aos seus agentes nocivos. Mas não foi possível, pois a ingestão artificial de hormônios provocava uma série de outras doenças (ex.: hipertensão, arteriosclerose, diabete, gota, miocardite, reações alérgicas e reumáticas e várias outras). Desta forma, Hans Selye formulou a teoria "Da Síndrome de Adaptação Geral" e "Doenças de Adaptação" - se a pessoa tiver reações de adaptação excessivas ou diminuídas, poderá surgir uma série de doenças como conseqüência. (8 ) A síndrome de adaptação geral ocorre cada vez que o indivíduo sente-se numa situação de perigo (ou de emergência, como descreveu Cannon). Nestas circunstâncias, para se defender do "ataque" iminente, o indivíduo recorre à chamada reação de alarma, acionando o sistema nervoso simpático, e a medula supra-renal secreta os hormônios denominados adrenalina e noradrenalina (na Inglaterra) e "epinefrina" e "norapinefrina" (na América). A função da adrenalina é mobilizar as reservas orgânicas para a ação rápida - luta ou fuga - que possa ser necessária. Mudanças no corpo podem ser observadas : aumento dos batimentos cardíacos, contração do baço para soltar glóbulos vermelhos na corrente sangüínea, o fígado solta o açúcar armazenado para ser utilizado nos músculos, a respiração intensifica-se, o sangue concentra-se mais nos músculos e no cérebro, as pupilas dilatam-se para facilitar a visão, aumentam os glóbulos vermelhos ou linfócitos, cuja função é reparar danos nos tecidos. Numa segunda etapa, se o perigo permanece, o organismo começa a se preparar para a fase de resistência, que já implica num comprometimento orgânico muito mais complexo. Na primeira fase, o indivíduo restabelece-se rapidamente e logo volta ao normal. Na segunda, o centro de atenção transfere-se da medula supra-renal para o córtex supra-renal e para a hipófise, que estimula o anterior. Isto é o stress. Nessa etapa, o hormônio mais envolvido é o ACTH ou adrenocorticotrófico (da hipófise), que controla os glicorticóides (que incluem a hidro-cortisona, a corticosterona e a cortisona). Estes últimos diminuem a resistência do organismo às infecções, provocam desordens hormonais com implicações sérias para a tiróide, hormônios sexuais, hormônios do crescimento, levando ao aparecimento de úlceras no estômago e regiões intestinais, etc.. Se a situação de stress se prolongar, o indivíduo entrará numa terceira fase, que é a de exaustão, na qual se torna suscetível a todas as espécies de doenças, infecções, inflamações, desequilíbrios metabólicos, hormonais e homeostáticos. A síndrome de adaptação pode se dar em intensidade maior ou menor do que o normal. O termo adaptação no sentido fisiológico corresponde ao do sentido psicológico - o indivíduo são é aquele que aceita adaptar-se à realidade. É o que tentarei expor no capítulo a seguir. reação de alarme normal
Síndrome de Adaptação Geral (SAG) fase de resistência fase de exaustão Surgem algumas doenças Surgem muitas doenças
2 - O Stress Psicológico 8
Role of the Hypophysis in the Pathogenesis of the Diseases of Adaptation, Canadá M. A. J. (1944).
Como vimos no capítulo anterior, o stress é ocasionado por um esforço que o organismo despende no sentido de se proteger de agressões do meio-ambiente. As supostas causas do stress poderiam ser: queimaduras, lesões, estados pós-operatórios, variação de temperatura ambiental, esforços musculares intensos, traumas e irritações nervosas. Mas a quase totalidade dos stress verificados em pacientes é causada por fatores psicológicos. Pelo menos dez vítimas de tensão emocional excessiva procuram diariamente auxílio médico no Sindicato de Classe dos Comerciantes do Rio de Janeiro. Somente em São Paulo houve um acréscimo de 100% de pacientes queixosos de retocolite ulcerativa nos últimos quarenta anos. Essa moléstia é tipicamente psicossomática - é caracterizada por inflamação e ulcerações no intestino, com diarréias freqüentes e sangramento. E uma esmagadora maioria de pacientes, que procuram auxílio médico no INAMPS, apresenta crises nervosas, pressão alta, ataques cardíacos, dores de coluna - todas doenças evidentemente psicossomáticas. Mas, embora os médicos conheçam a origem dessas doenças - fundo psicológico - não descobriram ainda a causa psíquica e menos ainda o método de tratamento e cura desses males haja vista o aumento assustador das mesmas. A tendência das explicações médicas e psicológicas tem sido colocar a culpa em questões ambientais : trabalho em excesso, tipo de trabalho, casamentos fracassados, trânsito intenso, cidades grandes etc. etc.. Mas pesquisas também provam q ue os executivos mexicanos queixam-se mais do stress nas férias do que em período de trabalho. ( 9 ) E habitantes de cidades pequenas apresentam um grande número (ou maior) de sintomas psicossomáticos e de desequilíbrio nervoso. (10) Os pacientes tratados pela Trilogia Analítica têm um índice altíssimo de recuperação de suas doenças, sem necessitarem de qualquer mudança em sua vida, profissão ou família. Se a causa dessa enorme incidência de stress fosse outra que não do interior do homem, não haveria essa possibilidade de cura. E o que não dizer das crianças que somatizam demais os seus problemas e contraem moléstias com muita freqüência (11 ). Nas crianças, amigdalites, asmas, gripes, inflamações de ouvido, alergias são facilmente curáveis pela Trilogia Analítica, o que mostra a etiologia psicológica das doenças. Como disse anteriormente, a reação de adaptação da pessoa, em relação à vida, pode se dar em intensidade maior ou menor do que o normal. Os doentes podem ter dois tipos básicos de reação : uma "subnormal", que seria uma atitude de isolamento, fuga, alienação, reação mais defensiva (omissão) ; e outra "supranormal". que seria a reação de ataque, agressividade, tentando modificar a realidade (deturpação, negação).
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"El Mercurio", Santiago (Chile), 25 de outubro de 1981. Resultado de pesquisa realizada nos E.U.A. 11 Ver Capítulo 36 10
Desta forma, o indivíduo são é o que se adapta e reage em harmonia com o real, e essa adaptação é duradoura, da mesma maneira que ocorre com o seu organismo. Quem é mais são psiquicamente, tem mecanismos de defesa mais eficazes contra a agressão dos outros, ao passo que o mais doente é vítima fácil de má intenção de terceiros, bem como cria uma série de dificuldades e destruição para si próprio. Da mesma forma, o indivíduo com SAG - prolongado não só fica sujeito a infecções e agressões do meio-ambiente em muito maior escala, como ele próprio cria doenças para si : (toda a série de doenças tradicionalmente psicossomáticas e doenças comumente fatais como : hipertensão, doenças reumáticas, degenerativas, ou doenças "wear-and-tear" (de muita idade, etc.). Porém, o mais importante é o leitor notar que é muito raro o indivíduo estar realmente sob perigo e em situação de emergência. Noventa e nove por cento do tempo, estamos numa atitude persecutória da luta contra a vida, contra a realidade e, principalmente, contra a consciências dos nossos erros. Este é o estado de iminente perigo a que estamos sujeitos: o perigo de termos de desistir da posição de deuses em que nos colocamos. Devido à nossa teomania, também criamos situações absurdas para viver, nas quais adotamos um comportamento artificial como se criássemos a nossa própria câmara de tortura. E é dessa situação absurda, irreal, forjada contra nós mesmos, que precisamos nos defender. Essa é a atitude de luta e fuga à qual se referia Wilfred Bion (famoso psicanalista inglês) e que os paranóicos adotam contra a vida, contra o afeto, contra a realidade. O homem luta contra si mesmo, contra sua saúde, mata-se, e ainda acha que está interessado pela realidade, pelo trabalho, pelo ambiente, pela família... Existe uma identidade total do que se passa a nível fisiológico e psicológico. Quero dizer : nosso organismo é um espelho ideal que faz uma dialética com a vida psíquica. Dr. Keppe, em suas hipóteses, disse que a doença mental é uma atitude que o indivíduo adota contra a consciência. Isto é : o indivíduo vê a verdade, e por causa de sua teomania não a aceita, criando a doença. Quer isto dizer que não existe um inconsciente patológico, mas uma atitude de inconscientização que gera a doença. O ser humano, por sua atitude de inversão, vê a verdade como uma agressão, uma destruição de si mesmo, e, pela fantasia da perfeição que quer manter de si, faz uma contra-reação a qualquer centelha de consciência que possa vir a contrariar essa fantasia. Essa contra-reação de ataque (agressão) ou de defesa (alienação) à consciência é que gera a doença mental. O indivíduo
equilibrado adapta-se à consciência, aceitando-a, e assim restabelece e mantém o equilíbrio interno (psíquico e físico).
3 - As Emoções e a Fisiologia Humana O funcionamento do nosso corpo dá-se através da obediência de ordens emitidas por nosso cérebro. O cérebro, por sua vez, não pode ser considerado como uma massa cinzenta, bem organizada, que funcione por si somente, enviando ordens para o corpo e para a mente. Tudo o que nosso cérebro registra e tudo o que dele sai é emanado de nossa vida psíquica (o espírito ou alma 12 ). Por exemplo : não são os nossos hormônios que nos fazem sentir raiva ou medo, mas sim as emoções de raiva e medo, diante de algum fato, é que eliciam em certas regiões do cérebro reações que vão comandar a secreção de hormônios específicos. Da mesma forma, o amor: quando aceitamos nosso sentimento genuíno, que é o afeto, todo o nosso corpo funciona em harmonia, permitindo que o sangue corra normalmente pelas veias, que o coração bata à vontade, que nossos órgãos funcionem bem, que nossos músculos se movimentem com toda a sua potência e flexibilidade e que nossa inteligência, percepção, memória, etc. atuem com toda sua capacidade. Nosso cérebro é uma pequena máquina, incrivelmente perfeita, que comanda todas as nossas atividades e que funciona em perfeita harmonia com nossa vida psíquica. Nós não somos a soma de alma e corpo. Nós somos corpo e alma numa substância única e originalmente imortal. Foi uma atitude psíquica voluntariosa - de ir contra a verdade, a realidade (Deus) - que provocou uma queda em nossa natureza, tornando-nos seres mortais (mesmo que provisoriamente) e doentes física e psiquicamente. É por esse motivo que a pessoa que mais nega a verdade, mais adoece e mais cedo morre. Até hoje, a Medicina só descobriu o funcionamento de talvez 3% de nosso cérebro. E quanto mais avançam os conhecimentos da filosofia, da neurologia e da neuropsiquiatria, mais e mais se comprova a estreita correlação entre nossa vida emocional e nosso corpo. A tendência médica, contudo, é de fazer uma abordagem "somato-psíquica" e não psicossomática de nossa saúde e doença. O Dr. Norberto Keppe veio comprovar, com a metodologia científica da Trilogia Analítica, que a mente não só tem o control e absoluto sobre os processos orgânicos saudáveis como também sobre os patológicos. Tudo isto foi possível graças aos excelentes resultados obtidos, em índice espantosamente alto, nos tratamentos de males físicos sem o uso de qualquer medicamento. Durante muito tempo acreditou-se que a regulação do comportamento e, em especial, a do comportamento emocional estaria na dependência de todo o cérebro. Atualmente já se sabe que isso não é verdade. Sabe-se, entretanto, da existência de "centros" relacionados ao comportamento, que ocupam territórios bastante grandes não só do córtex cerebral como também de vários centros subcorticais, como tronco encefálico, hipotálamo, tálamo, área pré-frontal (isocórtex ou neocórtex) e sistema límbico. Assim sendo, as áreas cerebrais mais implicadas são o telencéfalo e o diencéfalo, embora não se possa considerar o funcionamento cerebral em áreas isoladas ou estanques, mas circuitos que 12
Muitos autores distinguem alma de espírito e de atividades psíquicas. Na realidade, a ciência psicopatológica atualmente considera tudo isso como uma unidade.
podem envolver áreas muito distantes. Importantes relações ocorrem na regulação das atividades da hipófise (glândula mestra), do sistenia nervoso autônomo e, através deste, das atividades viscerais: manifestações diversas como salivação, sudorese, dilatação pupilar, modificações do ritmo cardíaco, do respiratório, choro, eriçar dos pêlos, alteração da pressão arterial, e mais tipicamente os exemplos clássicos de úlceras gástricas e duodenais. (Ver ilustração na página 35). Uni método, que permite estimular especificamente determinados circuitos, consiste em introduzir no cérebro, através de uma cânula, pequenas quantidades de mediadores químicos corno a acetilcolina, a noradrenalina, dopamina ou serotonina, e as reações são instantâneas. É interessante notar que esses são os mesmos hormônios produzidos quando se "sente" raiva, inveja, ciúmes e medo. Aliás, essas áreas encefálicas relacionadas com o comportamento emocional e com a regulação do sistema nervoso autônomo são ricas em substâncias químicas especialmente as monoaminas (noradrenalina, serotonina, adrenalina e dopamina). Este fato é significativo, pois sabe-se que grande parte das drogas utilizadas em psiquiatria para tratamento dos distúrbios de comportamento e da afetividade agem modificando o teor das monoaminas cerebrais, processando-se a tentativa em sentido contrário, ou seja, a raiva, a ira, a inveja e o medo permanecem inconscientizados, e eliciam a secreção destes hormônios - e não vice-versa. Assim sendo, se forem ingeridas drogas que agem diretamente, modificando a química cerebral, haverá uma série enorme de efeitos colaterais e de contra-reações, que vão, ao invés de melhorar, piorar sobremaneira o equilíbrio químico cerebral. Este equilíbrio dá-se como qualquer outro equilíbrio hormonal, em nosso corpo - cada substância
A hipófise (glândula pituitária) e o hipotálamo. O hipotálamo exerce controle neural direto sobre a glândula pituitária anterior através dos hormônios lançados na corrente sangüínea. Aí se percebe como as emoções atuando sobre o hipotálamo vão desencadear o mecanismo do stress. LH - hormônio luteinizante FSH - hormônio estimulador do folículo TSH - hormônio estimulante da tiróide ACTH - hormônio adrenocorticotrófico funciona num "feed-back" automático, diretamente nas glândulas, eliciando e/ou inibindo a
produção de mais hormônios. O mesmo ocorre com o hormônio diurético, que, quando ingerido artificialmente, vai provocar a produção em mais e mais quantidade de hormônio antidiurético e, ao mesmo tempo, inibir a produção de hormônio diurético, numa cadeia sem fim. Assim sendo, quando se interrompe a ingestão do hormônio diurético, a contra-reação hormonal levará a pessoa a uma colossal retenção de líquidos. Os psicotrópicos provocam a mesma reação. Eles apenas eliminam temporariamente o sintoma mas o organismo reage e provoca a necessidade de ingerir doses cada vez mais fortes, até que nada mais faça efeito. Assim sendo, após ingerir psicotrópicos, o doente está muito pior do que antes - e se interromper o uso de drogas, terá a chamada "síndrome de abstinência", muitas vezes insuportável, a ponto de levar o doente ao suicídio, por descontrole total.
4 - A Importância da Relação entre as Emoções e a Hipófise Como disse anteriormente, nossa vida psíquica "estabelece uma ligação" com nosso corpo através de nosso cérebro, mais especificamente o diencéfalo e telencéfalo. Considerando-se que o hipotálamo funciona como um centro coletor de informações que chegam de várias partes do organismo, através do sistema nervoso, o controle das secreções da hipófise anterior é feito, indiretamente, pelo sistema nervoso. Assim, emoções agradáveis ou desagradáveis são transmitidas ao hipotálamo, o qual usa essas informações para exercer seu controle sobre o funcionamento da hipófise. Quase todas as secreções hipofisárias são controladas pelo hipotálamo, através de estímulos que chegam pelo trato hipofisário. O hipotálamo, no entanto, produz neuro-secreções que, chegando à hipófise através dos vasos sangüíneos do trato hipofisário, vão controlar a secreção dos diversos hormônios hipofisários. Vemos, portanto, que se trata de um controle via hipotálamo, e as neurosecreções denominam-se fatores liberadores. Sabe-se que esses extratos provocam aumento da pressão arterial e contração de grande parte da musculatura lisa, e a vasopressina e o oxitocima, substâncias isoladas desses extratos, são responsáveis pelo mecanismo da diurese, contrações uterina, produção do leite, etc.. A hipófise, na realidade, é chamada "a glândula mestra", pois de seus hormônios dependem o funcionamento das outras glândulas que regulam nosso organismo, entre elas a tiróide, o córtex adrenal e as glândulas sexuais. Os hormônios da hipófise são : a) neuro-hipófise (ou hipófise posterior) 1) hormônio antidiurético ou vasopressina 2) oxitocina b) adeno-hipófise (ou hipófise anterior) 1) hormônio do crescimento 2) tirotrofina ou hormônio tirotrófico (TSH), que estimula a glândula tiróide. 3) cor t i c o t r o f in a ou adrenocorticotrofina (ACTH), que age sobre o córtex das glândulas supra-renais (o hormônio do stress) 4) hormônios gonadotrópicos ou gonadotropinas, que contribuem para o desenvolvimento das glândulas e órgãos sexuais, intervêm também na menstruação, ovulação, gravidez e lactação. Esses hormônios são : • FSH folículo estimulante, que age sobre a maturação dos folículos ovarianos e dos
espermatozóides. • LH (luteinizante), ou ICSH - estimulante das células intersticiais do ovário e do testículo ; provoca a ovulação e formação do corpo amarelo; • LTH (leteotrofina ou prolactina) que mantém o corpo amarelo e estimula a contínua produção de seus hormônios ; tem ação no desenvolvimento das mamas e interfere na produção do leite. É considerado um agente anabolizante, cuja ação mimetiza os efeitos do hormônio de crescimento, no homem. Os leitores podem notar que todo o funcionamento do nosso corpo depende desta cadeia aqui explicada. É lógico então se perceber a relação entre as emoções (medo, raiva, ciúme, inveja, excitação) e nosso organismo e como elas podem agir negativamente sobre ele. E, interessante notar, é que o amor é o sentimento da natureza, que se identifica com a aceitação da realidade e, conseqüentemente, não interfere de maneira a bloquear ou a super-estimular as funções de nosso corpo. Mas, ao contrário, ao tentarmos bloqueá-lo, ou negá-lo, então estamos introduzindo modificações hormonais que poderão nos causar enormes danos.
5 - A Teomania como Causa do Stress Através da Trilogia Analítica, penso que consegui explicar a causa da alteração neuro-hormonal, mais especificamente o mecanismo psicológico do stress - mal que assola praticamente toda a humanidade. Se tomarmos como ponto de partida o psicológico, chegaremos ao mesmo resultado que chegaríamos se partíssemos do orgânico. Existem, basicamente, duas reações patológicas que o indivíduo pode adotar diante da consciência: a de medo, a de raiva, e/ou ambas, o que acaba por originar os quadros neuróticos e doenças orgânicas, através do stress psicóticos pela tensão constante. Diante da visão de um erro, ou quando sentem inveja, os chamados indivíduos mais depressivos reagem com medo, tendem para a fuga das mais diversas maneiras. Geralmente são mais omissos, inativos. Outro grupo é o dos paranóides que, diante da consciência de uma frustração, ou quando têm inveja, reagem com raiva, agredindo, odiando, lutando. Um terceiro grupo seriam os que mesclam os dois tipos de reação : luta e fuga. sabido que tanto a reação de medo, como a reação de raiva, ódio, são atitudes que a pessoa pode, ou não, adotar diante da consciência. É claro que o humilde, o receptivo, acata a verdade sem reagir, beneficiando-se psicologicamente e poupando seu físico de doenças desnecessárias, prolongando sua vida e vivendo melhor. Tanto a raiva, como o medo desencadeiam automaticamente uma reação hormonal no organismo, o que se processa num nível freqüentemente fora da percepção da pessoa. A raiva é responsável pela liberação da norepinefrina ou noradrenalina e adrenalina na corrente sangüínea. O medo, por sua vez, provoca a secreção de acetilcolina e adrenalina. Sabe-se que nosso organismo está apto a absorver cargas periódicas desses hormônios, bem como as glândulas, que trabalham sob sua estimulação, secretam novos hormônios numa cadeia harmoniosa. Porém, se injetarmos constantemente tais hormônios no nosso sangue, em pouco tempo nosso organismo entrará em colapso (stress). E é o que acontece com as pessoas que estão sempre com medo, ou raiva e inveja sem, muitas vezes, terem percepção disso. O leitor poderá imaginar a quantidade enorme de desarranjos hormonais, meta bólicos, funcionais, disfunções do sistema imunológico, e de doenças que poderão resultar disso ? (13 ) Outra atitude desencadeante de secreções hormonais é a busca da fantasia: seja ela sexual ou não, mas excitante de qualquer forma. Pessoas muito vorazes por "viver a vida intensamente", isto é, na teomania, tem um ritmo vital muito acelerado, esforçando-se para realizar a imaginação. Suas mentes são verdadeiras fábricas de fantasia e, não raro, encontramos indivíduos que estão o dia todo pensando em sexo, numa verdadeira auto-estimulação mental. Isso também causa a secreção de hormônios. A humanidade já se habituou a fugir à percepção de si mesmo através das mais diversas distrações - literaturas, passeios, vícios, sexo, dinheiro, desejo de status. Os mecanismos de fuga são usados para inconscientizar as emoções, e com tal sucesso, que muitos nem sequer imaginam o quanto estão doentes psiquicamente. Muita excitação e euforia também podem causar stress. Exigem um desgaste tremendo de energias, pois a megalomania leva a pessoa a viver "intensamente". Tanto Walther B. Cannon, como Hans Selye, fisiólogo e endocrinologista, estudaram minuciosamente esses processos e sistemas, mostrando em seus notáveis trabalhos as maneiras 13
As últimas descobertas da Medicina comprovam a relação direta entre o câncer e o desequilíbrio do sistema imunológico.
como os sistemas emocional, nervoso e endócrino interagem com as emoções de ira e medo. Cannon concentrou-se na descrição das respostas imediatas do organismo a tais estímulos e Hans Selye, na "síndrome de adaptação geral", incluiu, além das reações de emergência imediata de Cannon, os ajustamentos de longa duração provocados por stress prolongado. Nos processos psicopatológicos encontramos com freqüência os dois casos, mas o mais freqüente nos doentes psicossomáticos é a chamada "síndrome de adaptação geral". São mecanismos constantes, não raro de muitos anos, quando o indivíduo permanece numa atitude inconscientizada de raiva ou medo. A luta que empreendemos contra a consciência é tão forte que gastamos toda a nossa energia no sentido de tentar inutilmente destruí-la. A tensão gerada pela luta leva ao stress, que, por sua vez, comprovadamente, causa doenças, as mais variadas. Nas pesquisas, que venho realizando, pude observar que todas as doenças, direta ou indiretamente, têm relação com essas síndromes. Notem os senhores que, quando me refiro a um desequilíbrio hormonal, quero dizer que ele atua, inclusive, a nível da química cerebral. O mesmo, que se passa no corpo, dá-se no cérebro: a epilepsia, por exemplo, é uma espécie de "úlcera" nas células nervosas, que podem cicatrizar-se espontaneamente. A esquizofrenia é acompanhada por uma alteração na química cerebral, o que provoca os delírios e alucinações. O maior neuropsiquiatra que a humanidade já teve, Hans Hoff, professor da Universidade de Viena, dizia que à alteração emocional do paciente esquizofrênico seguia-se um desprendimento de ácido lisérgico (LSD) e proliferação de enzimas específicas. Nos estados de depressão endógena, rebaixamento de consciência, amnésias, ausências, etc., a reação química e nervosa é conseqüente de um estímulo anterior, emocional.
6 - Como se Processa a Cura O próprio organismo adquire condições de estancar a moléstia. O paciente, que se submete a análise, percebe que a inversão que está fazendo - em ver na consciência um mal, uma agressão, ou um perigo a ser evitado - é que gera essa reação de luta e fuga. Ao notar que não é a consciência que o destrói, mas ela apenas mostra a destruição que está se causando, relaxa-se, parando imediatamente de secretar os hormônios responsáveis pela sua tensão e stress. Daí para a cura o caminho é rápido e direto - e o próprio corpo se encarrega, com seu sistema imunológico e equilíbrio homeostático, de acabar com todas as doenças. A humildade é fundamental, pois só através dela podemos aceitar nossos erros com tranqüilidade. Não adianta querermos nos tapear, disfarçar o que sentimos. Muito pelo contrário, quanto mais disfarçamos, fingindo aceitar o que nos dizem, e o que nossa consciência mostra, mais inconscientizamos nossa arrogância. Aí será pior, pois o medo e raiva inconscientizados estão desencadeando as mais diversas reações orgânicas, levando a doenças muitas vezes fatais. Portanto, o primeiro passo para a cura é a conscientização das emoções de inveja, raiva e medo. O segundo passo, perceber o porquê dessas atitudes, que pertencem ao campo da vontade. Isto é, a inveja, a raiva e o medo são atitudes, são reações, que podemos ou não adotar diante de uma consciência. Quanto mais hipócritas, mais teomânicos formos mais veremos na verdade um mal, reagindo contra ela (mecanismo de Inversão) (14 ). Quanto mais humildes quisermos ser, desistindo dessa pretensão de sermos "deuses" e aceitando nossas falhas e nossa enorme inveja à beleza, ao bem, e à realidade, mais acataremos a consciência que temos no nosso interior as vinte e quatro horas do dia. Dessa forma, podemos nos relaxar e mergulhar nesse universo de paz e saúde no qual estamos inseridos e que temos principalmente no nosso interior. Fomos criados para viver usufruindo da saúde psicológica e orgânica. Por nossa excessiva inveja ao Criador, não aceitamos isso, o que nos leva a deturpar, omitir ou negar essa realidade, cometendo as mais diversas agressões, desatinos e erros - o que constantemente é registrado por nossa conseiencia. Então podemos reagir com medo ou raiva contra ela, caindo em doenças mentais e orgânicas, ou com aceitação, o que nos garantirá paz e saúde. Acredito estar aí a explicação das mais diversas curas obtidas por processos tidos como milagrosos, que Cristo, Ele mesmo, explicava dizendo : "Vai, a tua fé te salvou". Isto quer dizer: quem aceita a verdade é curado dos mais diversos males. Desta maneira podemos concluir que quanto mais inveja, ódio e medo o indivíduo tiver, mais doente será mental e organicamente.
7 - Como se Opera o Tratamento Essa conscientização poderá ser conseguida através de leituras, de reflexão e interiorização, mas será mais difícil, pois a tendência é de raciocinar neuroticamente, e os mecanismos de defesa são muito eficazes na pessoa somatizada. Nesses casos, se aconselha uma análise profunda pois o psicanalista não permitirá que a pessoa conserve suas fugas, e a cura das moléstias orgânicas poderá se dar nas primeiras sessões. 14
Ver A Glorificação, pág. 16, Norberto R. Keppe.
Isto naturalmente só irá ocorrer se o terapeuta utilizar um método que leve o indivíduo a aceitar a verdade, a consciência de seus erros, de sua megalomania, inveja, ódio, medo. Se ele próprio estiver na mesma atitude do cliente, só irá reforçar a doença, estabelecendo um pacto de censura. Por essa razão, existem casos de indivíduos que se submeteram anos a fio a psicanálise freudiana ortodoxa e não só agravaram suas doenças (dores de cabeça, prisão de ventre, enxaqueca), como também adquiriram outras. Isto porque o freudismo ajuda a pessoa a desviar-se ainda mais do que deveria ver em si, para questões secundárias como a libido, e culpando os outros por sua infelicidade e frustrações. Certa vez, conheci um homem de quarenta e cinco anos aproximadamente que nos procurou dizendo estar num processo cancerígeno grave, muito adiantado. Ao perguntar-lhe por que não procurara um tratamento antes, ele me respondeu : "Há dez anos faço análise freudiana clássica, diária; acabei com minha saúde e meu dinheiro". De fato, apresentava um quadro depressivo gravíssimo, estava numa total decadência social e econômica e, infelizmente, sequer voltou para tentar sua cura. Estava totalmente cético, sem esperanças. Conheci também psicoterapeutas que somatizavam muito e, não raro, eram viciados em álcool, fumo, etc.. Normalmente os médicos e psicoterapeutas explicam a causa do stress como resultado de tensões ambientais, ritmo de vida, preocupações com o trabalho, pressões econômicas, etc. e isso só faz aumentar a persecutoriedade do doente, agravando sua tensão e, conseqüentemente, seu stress. Portanto, como essas emoções estão diretamente 'vinculadas à nossa VONTADE (a arrogância e a humildade pertencem a este campo), podemos afirmar que a doença é fruto da nossa vontade ! Basta o doente perceber esse mecanismo e conscientizar a sua causa para que possa se curar de qualquer doença, pois se seu organismo estiver em condições naturais, sem stress, com seu equilíbrio homeostático e imunológico normais, ele próprio terá condições de se defender das mais diversas doenças. De acordo com a Trilogia Analítica, jamais tratamos das doenças orgânicas em si mesmas. Procuramos fazer com que o paciente não dê importância. Se ele próprio quiser fazer menção de algum mal físico, procuramos interpretar e analisar o que representa aquela doença no sentido psicológico. Somente quando se trata da doença, através da vicia psíquica do paciente, é que se consegue erradicar o mal pela raiz. Daí o sintoma físico desaparece como uma conseqüência de um processo anterior a nível psicológico. É também freqüente acontecer de o cliente iniciar a análise por um motivo qualquer relacionado a problemas sociais, afetivos, profissionais, ou mesmo espirituais e, após algum tempo de análise, diz: eu costumava ter esta ou aquela doença e, depois de algumas semanas de análise, curiosamente curei-me de tudo. Posso citar corno exemplo a senhora D. N., de 32 anos, filha de imigrantes japoneses, que só após alguns meses de tratamento comentou que seus ciclos menstruais eram totalmente irregulares (de 55 a 60 dias), e que, após algumas semanas de análise, suas regras se normalizaram sem necessitar de medicação (hormônios, no caso), tendo agora ciclos regulares de 30 a 33 dias. Isso nos mostra que, se o ser humano acata a verdade, se se dispõe honestamente a lidar coin suas "doenças" psíquicas, então seu corpo todo, gradual e naturalmente, voltará ao normal. Fiz a seguinte constatação baseada nos testes Zondi de psicodiagnóstico: os clientes que apresentavam muitas chaves nos resultados dos testes (áreas de conflito inconscientes) eram : — psicóticos — alcoolizados ou viciados em drogas
doentes orgânicos. Todo fator problemático que é reprimido pela pessoa, isto é, que ela inconscientiza, é acusado no teste, sob a forma de repetição daquele factor. Por exemplo — o indivíduo, que tem uma atitude caínica de ódio e inveja fortemente inconscientizada, apresentará no teste o seguinte: −
A 1ª linha indica como o indivíduo actua, sua conduta. As duas de baixo mostram que o factor repetido é muito forte na sua personalidade. Exemplo de resultado de um teste de uma pessoa com Lupu s Eritematoso com seis chaves :
8 - 0 Medo e a Raiva Existem três emoções elementares que podem ocasionar doenças orgânicas: é a inveja (ciúme), a raiva e o medo, todos relacionados à teomania. Em qualquer destas emoções, existe a consequente resposta hor monal, e observou-se ultimamente, em várias experiências, com doentes mentais mais graves,(15 ) que se encontra uma dose mais elevada de adrenalina nos pacientes depressivos, medrosos e passivos e de noradrenalina nos pacientes mais agressivos (esquizo-paranóides). Pesquisas do Dr. Dan Ely, da Universidade de Akron, em Ohio, mostraram que os indivíduos agressivos são mais susceptíveis às doenças do coração e pressões sangüíneas elevadas. Dr. Ely mostrou numa experiência com ratos que os mais dominadores apresentavam uma pressão sangüínea mais elevada, alta concentração de testosterona, hormônio sexual masculina sintetizado nos testículos, cuja presença, em quantidades anormais é relacionada à tendências agressivas. Dr. Ely verificou ainda que os machos dominadores apresentavam maior número de arterioscleroses. Existe um alto índice de probabilidade de que o mesmo ocorra com os seres humanos. D. H. Funkestein (1955) sugeriu uma analogia entre as espécies animais e os seres humanos - o leão tem concentrações relativamente altas de noradrenalina na medula supra-renal, enquanto que as espécies menos agressivas, como o coelho, o babuíno, tendem a ter mais adrenalina do que noradrenalina na corrente sangüínea. De fato, pude notar que o mesmo fenômeno que ocorre numa cadeira do dentista, quando a pessoa 15
A.F.A. (1953) Psychosomatic Medicine, 15, 43342 .
se apavora diante de um "motorzinho" ou boticão, e nas situações de exames de fim de ano, acontecia com os pacientes durante o grupo de psicoterapia, quando um companheiro dizia-lhe a verdade sobre seus defeitos ou problemas. Quanto mais depressivo o indivíduo, mais se encolhia na cadeira, suando, apavorado com quedas de pressão. E quanto mais agressivo - ou ficava empalidecido (vaso constrição periférica), ou muito vermelho, ofegante, coração batendo muito forte a ponto de saltar-lhe as veias do pescoço, explodindo, logo em seguida, em acessos de ira contra o grupo. Após algum contratempo, os pacientes mais depressivos vinham ao consultório queixando-se de fortes tonturas, enquanto que os mais agressivos ficavam vermelhos e, algumas vezes, chegavam a somatizar instantaneamente, com aumento de pressão arterial, dores de cabeça, crises hepáticas, etc.. Porém, à medida que descobriam e aceitavam a causa destas manifestações, ou seja, quando os primeiros percebiam que estavam apavorados em ver a verdade sobre si mesmo, e os segundos, com ódio por verem contrariadas as suas fantasias, imediatamente se acalmavam e voltavam ao normal. Notem que, em ambos os casos, a raiz desta reação é a mesma : a teomania, ou seja, o indivíduo não aceita conscientizar-se de sua realidade, sua patologia, mas prefere viver num constante fantasiar-se perfeito e grande. Essa reação em cadeia : verdade - ódio ou medo desequilíbrio somático - repetia-se sempre na vida de todos, a cada momento em que sua consciência lhe indicava algum erro ou problema. Esse mecanismo, constantemente acionado, ocasiona o stress, e, além de distúrbios funcionais muito sérios, uma queda considerável de resistência do organismo. Pode-se então dizer que a pessoa que aceita bem a verdade, que é humilde, esse tem a verdadeira saúde física e mental.
9 - Libido e Doença O uso excessivo da libido pode prejudicar muito o funcionamento do organismo - as descargas freqüentes de adrenalina no sangue, que ocorrem durante a relação sexual, ocasionam stress e ao mesmo tempo interferem no sistema nervoso central provocando uma espécie de "adormecimento mental", além de grande desgaste de energia. Nos Estados Unidos, as últimas pesquisas efetuadas por médicos e psicólogos, demonstram que o excesso de atividade sexual faz decair a capacidade intelectual, o desempenho verbal, manual, e o potencial geral do ser humano. Alguns médicos e psicólogos fizeram o seguinte teste: • reuniram um grupo de indivíduos voluntários e lhes aplicaram um teste de quociente de inteligência, e de habilidades psicomotoras ; • depois disso os casais mantiveram relacionamento sexual ; • após esse relacionamento, foram reaplicados os mesmos testes e, pelos resultados obtidos, verificou-se um considerável decréscimo em todas as áreas. Não é coincidência o fato de os maiores guerreiros, pensadores, filósofos terem se abstido do sexo. A libido, se mal usada, pode ser fonte de muitas doenças para o indivíduo. Ao contrário do que se apregoa, nota-se que o libidinoso é aquele que envelhece mais depressa. Não é sem razão que os atletas e jogadores de futebol são proibidos de manterem relações sexuais nos dias anteriores às competições.
Os melhores guerreiros alemães, na guerra de 1914, eram justamente os seminaristas que se abstinham de sexo. Os espartanos igualmente desenvolviam uma belíssima "performance" física e psicológica devido ao estoicismo a que se dedicavam. Isto se deve ao fato evidente de que cada relação sexual produz uma enorme descarga de adrenalina no sangue do indivíduo, e um desgaste considerável de energias. Conseqüentemente, há uma influência direta em todo o sistema hormonal. A atividade sexual age diretamente no sistema nervoso central, estimulando a secreção de hormônios que interagem no sistema homeostático e, se ativado em excesso, ocasionam stress, que, por sua vez, pode gerar até doenças orgânicas graves. O que verificamos então é que quem se dedica à produção de fantasias sofre não somente um prejuízo psicológico mas também fisiológico. A estimulação sexual é feita através dos nervos aferentes e somáticos, do sistema nervoso simpático e parassimpático, que vão estimular a produção de hormônios que agem sobre os tecidos. A pessoa, que se dedica ativamente às práticas e/ou fantasias sexuais, gera o stress (cansaço fisiológico) e, devido ao alto grau de energia despendida, reduzem, com o tempo, a produção, pela glândula pituitária anterior, dos hormônios gonadotrópicos; estes, por sua vez, estimulam os testículos a segregarem o androgênio, e o ovário a segregar os hormônios estrogênio e progesterona. Isto significa: Nos homens : • queda na produção de espermatozóides ; • uma redução na segregação, pelos testículos, de testosterona : hormônio sexual masculino ou "androgênio"; • atraso ou supressão total da puberdade. Nas mulheres : • alterações, rupturas ou supressão do ciclo menstrual ; • queda no peso do útero ; • falha na ovulação; • falha no óvulo fertilizado ao dirigir-se para o útero ; • um aumento no número de abortos espontâneos; • falha na lactação. Quanto mais atividade sexual o indivíduo mantiver, menos viril se tornará (no caso do homem) e menos feminina (no caso da mulher). Por isso é freqüente observar-se que os "machões" têm muitos traços de feminilidade e homossexualismo. Não somente adotam uma atitude narcisista, vaidosa, mas também vão sofrer, fisicamente, uma alteração de seus caracteres sexuais primários e secundários : tecidos adiposos na região da cintura, nas mamas, nos quadris, etc.. No caso das mulheres, o grande interesse pelo sexo acaba por masculinizá-las, ocorrendo uma modificação em seus traços faciais e corporais: estreitamento de quadris e coxas, flacidez nos seios, engrossamento da voz, crescimento excessivo dos pêlos do corpo e rosto, perda de cabelo, tudo isto acompanhado de um comportamento masculinizado - muita agressividade, competição, posse, etc., o que numa mulher se torna muito desagradável. Desta forma, é preciso reformular os conceitos totalmente errados de que é necessário haver uma grande atividade sexual para que nos tornemos sexualmente maturos. Só a preocupação com isso já é altamente negativa e estressante, o que vai acarretar uma alteração no mecanismo hormonal sexual e sem falar nos demais, que são responsáveis pelo bom funcionamento de todo o organismo.
Em simples palavras : • Quanto mais sexo a pessoa tem (mesmo as fantasias, o interesse e preocupações com isso, são o suficiente para eliciar o estado de excitação), menos masculina (no caso do homem) e feminina (no caso da mulher) se torna. • Quanto mais tranqüila a pessoa é, em relação ao sexo, mais feminina a mulher se torna e mais másculo o homem. Como disse anteriormente, o stress provocado pelas fantasias sexuais pode gerar também muitas doenças. Procurou-se, nos Estados Unidos e Inglaterra, dar maior atenção ao fato de os homossexuais, que mantêm um alto grau de atividades sexuais com parceiros de ambos os sexos, apresentarem : • Um maior número de "doenças oportunistas" : como pneumonia pneumocística, herpes simples e o citomegalovirótico (C.M.U.) e infecções específicas das mais variadas. • Bactérias, fungos, vírus. • Pneumocista, sarcoma de Kaposi e cânceres em geral. • Doenças venéreas e rupturas intestinais. Dr. Henry Masur, clínico do New York Hospital - Centro Médico de Cornell, o Centro de Controle de Doenças em Atlanta (C.D.C.) e Dr. Michael Gottlieb, do U.C.L.A., Dr. Robert Bolan do Hospital de San Francisco, vêm pesquisando mais detalhadamente essas interrelações, constatando uma grande diminuição do sistema imunológico do paciente. Só que eles dizem desconhecer a causa desse decréscimo. Pude chegar a essas conclusões, explicando-as através do sistema de stress psico-orgânico, quando o indivíduo muito teomânico, que está em constante luta-fuga em relação à consciência, esforçando-se de unia forma hercúlea para realizar sua fantasia, cai em profundo estado de exaustão. A exaustão causa o rebaixamento do sistema imunológico, o que torna a pessoa frágil às infecções e às mais diversas moléstias. O homossexual e o libidinoso têm sempre uma idéia muito megalômana em relação a sua sexualidade — através dela, imaginam-se grandes, onipotentes, poderosos, influentes. As "deusas" do sexo também comungam desse pensamento. Para elas o seu corpo é algo "divino", capaz de dar enorme felicidade aos homens, que por sua vez assim pensam sobre o seu pênis. Os homossexuais se imaginam novos seres, portadores de "outro" sexo, o que os obriga a permanecerem mentindo para os outros e para si mesmo todo o tempo. Isso não é profundamente desgastante, cansativo? A consciência, no ser humano, tem existência constante, eterna. Está a todo momento mostrando a verdade. Imaginem o esforço que um indivíduo tem que despender : • no caso do homossexual constantemente representando o que não é ; • no caso do heterosexual, querendo encobrir sua condição humana, limitada e falha, com uma atuação super-erotizada. Isto é algo tão óbvio que não sei como até hoje a humanidade não acordou para tal fato. Ser humano, ser humilde, é algo que a pessoa é obrigada a ser, sob pena de destruir não somente a sua vida psicológica, social, afetiva, nias o próprio corpo. Para os materialistas que não crêem na Verdade, as evidências que se manifestam em seus corpos, as doenças, mostram que estão realizando algo de muito errado. Chegamos ao ponto de constatar, pela ciência, que temos que ser verdadeiros, bondosos, para gozar de saúde física e não morrer precocemente. O materialista, que tanto dá valor ao físico, é o que mais se destrói através de doenças. Quem
aceita o mais, terá o menos — quem aceita o espiritual, o psíquico, a consciência, também terá um corpo mais saudável e unia vida mais prolongada. É por isso que muitos homossexuais, ou erotomaníacos que aceitaram a Trilogia Analítica, conseguiram sarar das mais diversas espécies de doenças físicas — desde pressão alta, a problemas cardio-vasculares, infecciosos, gastrointestinais, hormonais, de obesidade, e muitos outros.
10 - A Linguagem do nosso Corpo Nosso organismo fala tudo o que tentamos esconder. Muitas vezes, "pensamos" de uma forma racional. Temos uma idéia sobre algo e, na realidade, sentimos ao contrário. A inversão mostra-se através do nosso corpo, quando nos recusamos a conscientizá-la. Uma paciente de 34 anos, solteira, que veio de família pobre e pais muito doentes, após algum tempo de análise, conseguiu evoluir a ponto de reunir recursos para comprar seu próprio apartamento. No dia em que foi visitar sua nova casa, com o corretor, percebeu que o negócio estava totalmente ao seu alcance. Saiu exultante de alegria mas, após algumas horas, teve uma forte diarréia. Ao analisar o fato, associou o novo apartamento a desenvolvimento, bem-estar e segurança. Racionalmente, ela queria muito realizar, finalmente, seu sonho, mas, pelo processo de inversão, ela sentia pavor de tudo o que associou ao apartamento (progresso), revelando uma fiel obediência à patologia (ao mal-estar, ao atraso, à insegurança). Tendo percebido isso, sua diarréia passou em seguida. Outro paciente, o rapaz L. A., de 17 anos, contou, numa sessão, que, depois de um mês de análise, não tinha mais aftas constantemente como antes, nem sonolência, pigarro e caspas. Pedi que fizesse associações de idéias com esses sintomas e ele respondeu o seguinte: • às caspas, ele associou sujeira; • às aftas, dor; • à sonolência, preguiça ; • finalmente o pigarro (catarro), ele associou à chatice. Na realidade, o processo analítico levou o jovem L. A., a conscientizar todos esses aspectos em sua vida psicológica, o que ocasionou sua melhora. A sujeira das caspas - revelava a sujeira interior que não queria perceber (seus maus pensamentos, intenções e atitudes). A dor era resultado de uma atitude autodestrutiva, de ataque a si mesmo. A sonolência mostrava o quanto era preguiçoso e não queria admitir. Finalmente, confessou que retirava muito prazer em chatear e agredir os outros. Outro caso interessante, foi o da cliente S. E. que se dizia sexualmente frígida em relação a seu marido. Inicialmente disse que gostaria muito de ter um entrosamento sexual. Com o tempo, foi admitindo que imaginava que seu marido retirava muito prazer da relação, e que ela sentia ódio. Após as relações sexuais, sequer permitia que ele a tocasse, e evitava ao máximo qualquer aproximação dele, dizendo sentir dores, etc.. Na realidade a S.E. sentia muito inveja de qualquer satisfação que seu marido retirasse da vida, inclusive do sexo. Ela preferia privar-se de satisfação, mas se com isso conseguisse sabotar seu marido, dava-se por satisfeita. Aliás, isso é muito comum ocorrer em pessoas que estão sempre doentes - são invejosos que preferem se sacrificar, mas tentar estragar a vida de quem está a sua volta. E se notam que não estão conseguindo, sua inveja fica mais exacerbada, o que desperta profundo ódio. Daí surgem afirmações rancorosas como : "eu estou doente, sofrendo, e você nem se importa", "enquanto eu estava presa a uma cama, doente e sofrendo, meu marido vivia saindo e se divertia com os amigos". A pessoa não nota que ela própria está se causando aquele terrível sofrimento, privando-
se da alegria e da vida, por causa de uma inveja muito forte. Culpa o marido e os filhos por não se submeterem a sua intenção de estragar a vida de todos. O doente não tem a percepção clara do que está fazendo e, quando se conscientiza da armadilha, que armou para si mesmo, consegue uma espantosa recuperação em pouco tempo.
11 - Hipertensão Chamada pelos americanos de "Silent Killer" (assassina silenciosa), a hipertensão é a doença mais freqüente atualmente. Pelo menos essas são as últimas notícias que chegam às nossas mãos, de pesquisadores de hospitais dos principais centros do mundo. A hipertensão é tida, fundamentalmente, como uma doença incurável. É classificada em hipertensão primária e secundária. Esse último grupo é o menor (menos de 10%) e nele os médicos incluem as hipertensões causadas por tumores da supra-renal, problemas renais ou cardíacos. O grande contingente de pacientes hipertensos está incluído no grupo que sofre de hipertensão primária ou essencial, que dizem os médicos, é de "causa desconhecida". Como eles desconhecem a maneira de curar a moléstia, então dizem que a causa é desconhecida. Mas a etiologia de toda hipertensão é psicológica. A tensão causadora do stress acaba por descontrolar o funcionamento das supra-renais. Já se verificou a relação entre os hormônios como aldosterona, noradrenalina, renina e angiotensina, a hipertensão, e a tensão nervosa. As pesquisas dizem que a hipertensão é a doença própria da civilização e que se relaciona com os fatores ambientais e modelos sociais. Eu diria que, atualmente, a nossa civilização está mais consciente, tem maior cuidado com a saúde e, conseqüentemente, percebe mais os problemas de pressão. Isto é, as estatísticas são mais freqüentes e mais eficazes. Somente, em São Paulo, vivem 2,5 milhões de hipertensos. Existe atualmente o índice assustador de 20% da população masculina adulta sofrendo de hipertensão. Outras pesquisas acusam 11 milhões de hipertensos no país. O INAMPS acusa a hipertensão como uma das três maiores causas de invalidez para o trabalho no Brasil. Nos E.U.A., os dados apontam 33 milhões de hipertensos. Ou seja, 1 em cada 7 pessoas do país sofre de hipertensão, o que significaria que 20% da população tem pressão alta. Os tratamentos geralmente recomendados pelos médicos alopáticos, na esmagadora maioria, trazem uma série de efeitos colaterais, o que pode aumentar o mal estar do paciente. Além de distúrbios gerais de digestão, a medicação causa depressão, sedação, cansaço físico, impotência sexual ("perda de libido"), retardo na ejaculação, sonolência, taquicardia, dificuldade de concentração mental. Isto porque os remédios atuam diretamente a nível do sistema nervoso central. Mas o que é muito grave é que certas drogas anti-hipertensivas podem acarretar o aumento dos níveis de colesterol, e que se traduz em maior risco coronariano, um problema já existente em função da moléstia. Curioso é o fato de que alterações de pressão, tanto para alta como para baixa, são facilmente contornadas através da Trilogia Analítica. Os pacientes portadores de hipertensão, que se submeteram à Trilogia Analítica, sem o uso de qualquer medicamento, apresentavam uma melhora rápida e dentro de três semanas, ou menos, sua pressão estava normalizada. Uma paciente de 48 anos de idade, hipertensa há 28 anos, na segunda semana de análise passou do índice 18/24 de pressão a 12/8. Um diretor de importante indústria japonesa, de aparelhos de telecomunicações no Brasil, além de
problemas de pressão, apresentava uma elevação no índice de colesterol, que foi corrigido só com o tratamento psicanálitico. Seus índices eram ao iniciar o tratamento : 327 mg%. Após 3 meses de análise o resultado dos exames de laboratório já foram os seguintes : 290 mg%. Outro caso de pressão alta foi o de uma paciente de 56 anos que tinha hipertensão crônica, há 18 anos. Seu filho mais velho, de 28 anos, também era portador do mesmo mal. Mas a pressão de ambos, com a análise, atingiu níveis normais. Assim como esses casos, muitos outros estão registrados nos nossos arquivos. Embora a cura dos sintomas seja rápida e sem a utilização de qualquer medicamento, às vezes, pode ocorrer de o indivíduo, deixando a análise, voltar a uma atitude muito neurótica e a hipertensão voltar. Mas muitos foram os casos do indivíduo continuar se mantendo em um equilíbrio ideal. As razões da cura de hipertensão (ou hipo) já foram explicadas pelo quadro geral de psicossomatização no capítulo sobre o stress. No caso da hipertensão, percebe-se uma incidência maior de indivíduos agressivos, que, devido a uma constante atitude de ira, muitas vezes inconscientizada, que leva a uma descompensação no equilíbrio hormonal devido a freqüentes descargas de noradrenalina e adrenalina no sangue. Se o paciente se conscientiza de sua raiva, e sua causa, conseqüentemente, deixa de estimular, através do sistema nervoso central, os mecanismos hormonais que acabam por desencadear uma alteração da pressão sangüínea, sem que seja necessário o uso de qualquer medicamento.
12 - Cancer Muitas vezes me questionei sobre a influência da vida psíquica nos processos cancerígenos do homem. Por que eram possíveis remissões da moléstia quando a pessoa se submetia a um tratamento psicanalítico, ou quando ocorria uma mudança fundamental em sua atitude diante da vida? Certos doentes conseguem "controlar" a evolução de um câncer e conviver com ele durante longos anos de sua vida, vindo muitas vezes a morrer por outras causas. Existem células cancerígenas circulando nas veias de todos os seres humanos. Por que alguns conseguem conviver perfeitamente bem com isso a vida toda sem nunca ter um tumor maligno e outros não ? Mais e mais se correlaciona o câncer e uma disfunção no sistema de defesa do canceroso. O Interferon, que foi descoberto em 1957 no Instituto Nacional de Pesquisa Médica de Londres por Alick Isaacs e Heen Lindermann, é uma proteína produzida pelas células, para defender o organismo de infecções virais e tem sido utilizada, dentro do possível, para conseguir combater a moléstia. Porém, o Interferon é muito difícil de se conseguir para administração artificial - e uma droga altamente dispendiosa e de preparo problemático. Portanto, deveríamos tentar nos concentrar nos meios de que dispomos para atuar preventivamente e curativamente contra o câncer, estimulando as defesas naturais do organismo. Só de casos de câncer de pulmão, por exemplo, 100.000 pessoas morrem, por ano, nos Estados Unidos e 600.000 no Brasil. Verificou-se, em pesquisas, que vêm sendo realizadas nos E.U.A., Europa e outros centros médicos, que existe uma forte correlação entre o câncer e o estado de espírito do paciente antes de contrair a moléstia. É frequente o indivíduo se queixar de f o r t e s depressões, ou contrariedades, causadas pela perda de pessoas que amava ou das quais dependia, antes de iniciar a
doença. E muitos hospitais do Japão e dos Estados Unidos, têm conseguido resultados significativos tratando de seus pacientes com meditação e orientações espiritualistas, pois notaram que uma atitude mística optimista e positiva não só auxilia, mas pode curar certos cancerosos. Uma jovem de 22 anos, após perder a irmã mais nova (por c â n c e r no cérebro) e o pai (por ataque cardíaco) no espaço de um ano, iniciou um câncer de pele ( m e l a n o m a ) na perda direita. É curioso notar que a irmã morreu no dia 20 de Outubro de 1 9 7 2 , o pai, na mesma data de 1973, e seu câncer foi diagnosticado em Outubro de 1974. Levada a fazer análise, percebeu a enorme carga d e sentimentos de culpa que tinha inconscientizado em relação à irmã e ao pai. Era uma pessoa muito invejosa e jamais tinha consciência de que seus sofrimentos vinham dessa atitude muito patológica. Ela havia sido desenganada; os exames anátomo-patológicos realizados no Brasil e nos Estados Unidos confirmaram o diagnóstico : câncer maligno sem viabilidade de cura. Dois meses era o prazo de vida estimado pelos médicos. Essa jovem submeteu-se somente a duas semanas de análise integral com o Dr. Keppe, em seu consultório particular. Está viva até hoje (23 de dezembro de 1982), e, ao que parece, seu mal foi totalmente extirpado. A medicina tradicional não teve explicações para tal fato. Outra paciente, uma médica anestesista, veio procurar a análise por estar com câncer ósseo, à beira da morte. Enquanto aceitou submeter-se ao tratamento, teve unia enorme melhora, voltando a andar. Dos vinte dias de vida, prazo inicialmente (lado por seu médico, conseguiu viver mais dois anos aproximadamente, vindo a falecer de enfizema pulmonar após ter abandonado a análise. Era uma mulher também muito invejosa e cheia de raiva, embora se julgasse boa e caridosa. Se não tivesse abandonado a análise, provavelmente estaria viva até hoje, pois nunca ocorreu, até esta data, um caso de paciente que tenha vindo a falecer de qualquer moléstia, por mais grave que fosse, durante o tratamento analítico. Isso nos leva a pensar que o indivíduo, que esteja aceitando hem a análise, está decidido a viver. O que abandona e tratamento é porque já desistiu definitivamente da vida. Assim sendo, nesses casos, como em vários outros, o que podíamos observar era que os pacientes cancerosos tinham fortes crises de depressão ou de agressividade, causadas por muita inveja ou raiva (inconscientizadas). O que é muito interessante é que a fissão psicológica acompanha a fissão celular que ocorre nos tumores malignos, onde as células se dividem e se multiplicam desordenadamente, como uma bomba atômica. Dr. Keppe fala em seu livro A Libertação que a dialética real psicológica (ou a sanidade) é idêntica à dialética do sol — a fusão atômica — onde dois elementos reais se unem para formarem u m terceiro, e assim por diante, sem parar. A falsa dialética, ou a platônica, é quando há a divisão ou a fissão da realidade com a negação da mesma, ocasionando tanto as neuroses, as psicoses, as doenças orgânicas, como todos os males sociais. Segundo esse raciocínio, existe uma analogia perfeita entre a vida psicológica e a orgânica que tento esclarecer no quadro abaixo.
Dialética Real No Organismo 02 células (masculina e feminina) formam o ovo e continuam se multiplicando formando o corpo humano. Renovação constante das células saudáveis. Atividade radioativa ainda desconhecida que pode até dissolver tumores no próprio corpo (remissão de tumores malignos e benignos sem explicação médica). Auras radioativas fotografáveis pelo método Kirlian.
Na Vida Psíquica União entre o pensamento e sentimento: sanidade. Amor.
União afetiva entre os homens. Consciência: aquisição progressiva de entendimentos através da dialética com a realidade. Raciocínio lógico que leva a percepções cada vez maiores e mais claras. A paz, cooperação, progresso científico, cultural, social e econômico.
Dialética Falsa No Organismo Esterilidade.
Na Vida Psíquica Divisão entre pensamento e sentimento: esquizofrenia. Rejeição do óvulo ao espermatozóide. Inveja e ódio. Abortos. Rejeição a Deus. Mau desenvolvimento celular Pacto com o Demônio. indiferenciado - fissão celular e genética. Rompimento com o mundo espiritual.
No Organismo Cânceres, tumores Doenças em geral. Ausência de aura e diminuição da mesma.
Na Vida Psíquica Materialismo e intelectualismo. ódio e inveja entre seres humanos. Separação – isolamento Enfraquecimento psíquico. Alienação, negação ao sentido da vida. Infelicidade, tristeza. Guerras, rivalidades, atraso científico, cultural, social e econômico.
É por isso que a pessoa que opta por uma atitude de amor (fusão) consegue uma sanidade orgânica equivalente. Dr. Eduardo Domingues, do Hospital de Oncologia de Buenos Aires, fez a seguinte pesquisa que comprovou a relação entre o stress e o câncer : em 200 ratos foram injetadas células tumorais. Dos 100 que foram submetidos a situações de stress, todos tiveram câncer. Entre outros 100 que ficaram tranqüilos, só 45 tiveram a doença. Porém é triste perceber que todas as pesquisas, que levam à conclusão de que a verdadeira causa do câncer é psicológica, são sabotadas pela máfia médica e pelos laboratórios.
13 - Alergias As alergias são doenças reconhecidamente psicossomáticas. Mas, como tratam delas muitos médicos? Com calmantes - o que não cura o mal, buscando somente o alívio dos sintomas, e criando uma série de efeitos colaterais. Existe uma variedade enorme de manifestações alérgicas : desde bronquites asmáticas a renites, colites, urticárias, eczemas, etc.. Uma paciente do Dr. Keppe, portadora de rinite alérgica, havia se tratado por vários meios : com vacinas, calmantes, eliminando todos os móveis, cortinas e tapetes de seu quarto, evitando todo e qualquer contato com poeira (o que é impossível, naturalmente). Nunca obtivera melhora, pelo contrário, com as vacinas chegou a espirrar tanto (50 a 60 vezes seguidas, com intervalos de 10 a 15 minutos entre cada acesso), que ficou prostrada na cama, sem forças. Dr. Keppe analisou-a da seguinte forma : A que a senhora associa a sua rinite? A rejeição - respondeu. E o pó? A impureza. A senhora está dizendo, através disso, que rejeita toda a consciência de suas impurezas. Faz uma idéia de muita santidade e perfeição sobre si mesma - o que tem pavor de perder. A partir daí a paciente desencadeou um processo de conscientização do quanto valorizava sua máscara e hipocrisia, o que permitiu que se curasse totalmente da doença. Outro caso interessante foi o de uma menina de oito anos, que tinha forte alergia ao chocolate. Ela conseguiu perceber, através de associações de idéias, que rejeitava o chocolate - coisa de que tanto gostava - assim como rejeitava tantas outras coisas boas da vida. Depois disso, F. A. pôde comer qualquer quantidade de chocolate, à vontade, sem que lhe causasse qualquer dano.
14 - Alterações Metabólic as e Hematológicas O Sr. T. K., japonês imigrante, trabalhava como diretor de uma grande firma multinacional japonesa no Brasil. Procurou a análise por causa de uma úlcera bulbar, o que conseguiu curar em poucos meses de tratamento.
Mas, fato curioso, é que, através de check-ups constantes, que fazia, notou uma melhora nos índices alterados que tinha de Colesterol, lípides, albumina, eritrócitos (glóbulos vermelhos no sangue). Após três meses de análise, o resultado foi o seguinte : Colesterol Lipídios Albumina Eritrócitos
01/09/1970 327 mg% 900 mg/dl 5,38 g/100 ml 4.730.000 p/mm3
12/12/1980 290 mg% 681 mg/dl 5,16 g/100 ml 4.580.000 p/mm3
TAXAS NORMAIS 150 a 250 mg% 400 a 800 mg/dl 4,0 a 5,0g/100 ml 5,4 ± 0.8 p/mm3
J. Lopes de Faria, em seu livro Anatomia Patológica diz que a observação clínica apóia a hipótese de que a tensão emocional (stress) predispõe à arterioclerose. "As pessoas mais sujeitas às emoções apresentam muito maior incidência de arteriosclerose", diz na página 43. A emoção age liberando a adrenalina e a noradrenalina que por sua vez causam a isquemia da média através de espasmos dos vasos vasorum ou vasoconstrição da própria musculatura arterial. Uma religiosa de meia idade procurou a análise por estar numa crise depressiva profunda. Não conseguia mais trabalhar, chorava muito, tinha insônia e dependia de calmantes. Já tinha praticamente desistido da vida, quando decidiu aceitar o conselho de seu diretor espiritual e se analisar. Estava anêmica e isto lhe conferia muita palidez e provocava-lhe cansaço, além de apresentar uma leucocitose, neutrofilia e linfopenia. Em um mês de análise, sem medicamentos, conseguiu o seguinte resultado no exame de sangue : Hemácias Hemoglobina Leucócitos Neutrófilos Linfócitos
Fevereiro/1982 3.770.000 p/mm3 10,9 g% 13:000 p/mm3 10.140 p/mm3 1.690 p/mm3
Março/1982 4.760.000 p/mm3 13,3 g% 5.400 p/mm3 5.828 p/mm3 2.538 p/mm3
TAXAS NORMAIS 4,0 - 5,0 m 12 - 16 g 5.000-10.000 p/mm3 2.900 - 6.500 p/mm3 1.000- 3.000 p/mm'3
E a melhora orgânica acompanhou a psíquica, pois em pouco tempo ela voltou às atividades, deixou os calmantes, passou a assumir novas responsabilidades. Sua alegria e equilíbrio, então evidentes, fizeram dela a mais nova "conselheira" da comunidade onde vivia.
15 - Hemorróidas C. B., uma jovem de 26 anos, sofria de hemorróidas há quatro anos, com crises periódicas, durante as quais sentia muitas dores. Por esse motivo seu médico já havia marcado. a operação, o que obviamente iria exigir muito repouso e cuidado. Como ela não fazia análise, acho interessante relatar o nosso curto diálogo, pois foi através dele
que ela se curou das hemorróidas, dispensando a cirurgia. Isso mostra que a consciência é algo tão poderoso, que podemos obter a cura de moléstias crônicas com alguns segundos de sua percepção. E todos os que tiverem essa compreensão poderão ajudar a muitas pessoas, num simples diálogo com amor. Quando C. B. se queixou das dores terríveis que sentia ao evacuar, o que acabava por provocar-lhe prisão de ventre, num círculo vicioso sem fim, perguntei-lhe : A que você associa as suas fezes ? Procure dar uma idéia espontânea, sem raciocinar. À sujeira, a uma coisa inútil, malcheirosa - disse, após alguns segundos de reflexão. Então, você percebe que toda a consciência de coisas erradas que você faz, a percepção de sua inutilidade na vida, os seus problemas, enfim, você sente como muito dolorido para você ? Então você procura esconder de si e dos outros tudo o que pensa, sente, num extremo perfeccionismo e intransigência, com pavor de que possa surgir algo de impuro. Você não quer se ver como um ser humano falho, com problemas, erros, fraquezas, preguiça, quer se ver como uma deusa de perfeição - essa arrogância é que lhe está causando muita dor. Depois de dois dias, ao encontrar-me com essa moça, ela me disse que já estava praticamente curada, e que percebera o quanto tinha de perfeccionismo e intransigência consigo mesma, o que lhe dera enorme alívio. Disse também que havia percebido a inutilidade da vida que vinha levando, sem se dedicar a algo de mais profundo e valor. Que sempre soube disso, mas que lutava contra aquela consciência, criando para si muito aflição.
16 - Amenorréia A senhora R. P. procurou o Dr. Keppe para análise porque tinha amenorréia (ausência de menstruação) havia dez anos - três meses após o nascimento de sua primeira filha, ocasião em que começou a tomar pílulas anticoncepcionais. Além disso, estava se tornando diabética, e freqüentemente tinha fortes crises de enxaqueca, ausências, desmaios, sendo necessário ser dispensada do trabalho. Antes de fazer análise, tratou-se com vários médicos, inclusive catedráticos, os quais administravam-lhe fortes hormônios. O diagnóstico era : bloqueio com atrofia gradual da hipófise, sem causa conhecida. Em seis meses de análise, R. P. recomeçou a menstruar normalmente, curou-se da diabete e depois conseguiu engravidar mais duas vezes em total normalidade, vindo a gozar de perfeita saúde.
17 - Hemorragias Uterinas A senhora P. C., de 21 anos, tinha constantes sangramentos uterinos - oito meses seguidos após o parto (cesariana) do segundo filho, já estava com uma histerectomia marcada, quando procurou Dr. Keppe para uma última tentativa, pois todos os recursos médicos haviam sido utilizados, sem resultado. Dr. Keppe, ao atendê-la, perguntou-lhe a que associava o seu útero, ao que ela respondeu : "feminilidade". Ele então levou-a a perceber que negava sua feminilidade, agredindo sua vida sexual. De fato, ela reconheceu que sempre vira na mulher um ser inferior e fraco - do que se envergonhava. Em uma semana (duas sessões), seu sangramento desapareceu e, no mês seguinte, sua
menstruação tornou-se regular.
18 - Excesso de Peso A cliente B. L. tinha excesso de peso ha muitos anos e nenhum regime era eficaz. Os remédios não faziam efeito ; pelo contrário, parecia que engordava sempre mais. "Não consigo me controlar", dizia ela, "sei que não posso comer doces, mas não resisto e acabo me excedendo". B. L. associou o doce a algo muito bom, mas que ao mesmo tempo a prejudicava. Ou seja, B. L. sentia que o que é bom na vida é algo prejudicial. Tinha uma filosofia invertida acreditando que tudo o que lhe trouxesse felicidade lhe era proibido - no máximo poderia ter um pouco, mas nunca abusar. Assim sendo, negava todo o bem que a vida lhe oferecia, buscando o sacrifício para sentir-se mais valorizada. Lembrou-se de que muitas vezes recusava passear com o marido durante os fins de semana ou à noite, alegando que não queria dar trabalho a sua mãe, ou ainda, que iria sacrificar os filhos. Quando convidada a viajar com os amigos, arranjava uma série de empecilhos, bloqueando todas as possibilidades de fazer o que lhe dava satisfação. Assim sendo, sentia necessidade de comer doces e comprar roupas novas para tentar compensar a negação que fazia dentro de si a tudo o que recebia de bom na vida, principalmente o afeto. Conscientizando-se dessa inversão que fazia, sem perceber, B. L. deixou de pôr tantas barreiras diante da felicidade e, com isso, sua ansiedade diminuiu e seu desejo de comer doces também, podendo voltar ao peso normal.
19 - Úlceras Pude notar em meus pacientes uma grande relação entre o medo e as úlceras gastrointestinais. Na realidade isto é de fácil compreensão. O indivíduo muito perfeccionista está constantemente com muito medo de perceber sua patologia, seus erros, e de ter de admitir que não é um deus. Em situações de pânico, como nos bombardeios da Segunda Grande Guerra, era freqüente soldados adquirirem uma úlcera em poucas horas. Parece incrível, mas existem indivíduos tão teomânicos que, diante de situações em que são colocados à prova, ficam tão apavorados que chegam a ter suores frios, taquicardia, desmaios. Se esse estado de medo e tensão se prolonga muito (e não raro ele é constante), a pessoa pode contrair moléstias graves, como úlceras gastrointestinais, diarréias, pressão excessivamente baixa, incontinência e muitas outras mais sérias. O mecanismo fisiológico inicia-se com a emoção do medo, estimulando, através do diencéfalo, o sistema nervoso parassimpático. O principal medidor químico liberado pelo sistema parassimpático, tanto pelas fibras pré-ganglionares como pós-ganglionares, é a acetilcolina. As suas principais ações são : 1) Estimulação da motilidade e secreção gastrointestinal (o que causa as úlceras) 2) Diminuição dos batimentos cardíacos: 3) Vasodilatação, queda da pressão arterial ; 4) Constrição dos bronquíolos pulmonares :
5) Relaxamento do esfíncter anal e contração do reto ; 6) Relaxamento do esfíncter interno da bexiga ; 7) Vasodilatação nos órgãos genitais eréteis e nas glândulas salivares e lacrimais ; 8) Estimulação da secreção das glândulas lacrimais e salivares ; 9) Constrição da pupila e contração do músculo ciliar. Como o que causa a úlcera é o excesso de produção das secreções responsáveis pela digestão, a ponto de corroer a própria parede do estômago, podemos concluir que quem está sempre com medo da verdade, da consciência, é um sujeito mais predisposto a esta moléstia. Tive oportunidade de atender certa vez a um senhor de 54 anos, casado, pai de três filhos, que, poucas horas após ter assistido a urn filme no cinema, precisou ser internado com forte hemorragia causada por m n úlcera gástrica. Contou-me que, durante o filme, passou por verdadeiros pavores, pois se identificou com o personagem principal, que havia sido perseguido pela polícia e preso, num clima de muita violência. Isso fez com que ele se lembrasse de seu passado : quando ainda moço, era militante político e fora preso em condições semelhantes. Quando pedi que ele fizesse uma associação de idéias com os policiais, ele disse : repressão, desonestidade, burrice. Na realidade, ele realiza dentro de si o mesmo fenômeno no campo psicológico : reprime com violência a consciência de sua desonestidade e de seus erros, sufocando ao mesmo tempo a sua sanidade, sua liberdade, seu afeto, encarcerando-se dentro de si mesmo. Se, pela inversão, pela teomania, temos medo da verdade, não podemos usufruir de toda a maravilha que a acompanha. Cada vez que terminava uma sessão de análise individual, este cliente estava coberto de suor, pois a censura que fazia à consciência de seus problemas era muito mais violenta do que qualquer repressão policial. Aliás, no início costumava associar-me a um padre, e meu consultório a um confessionário, revelando a idéia de censura que reveste as instituições religiosas. A conscientização dessa forte censura permitiu que o senhor S. P. curasse sua úlcera em poucas semanas, e, por outro lado, que sua vida interior florescesse, adquirindo um grande amor pela vida e rejuvenescimento. A úlcera também pode ser relacionada à raiva. A cliente M. V. iniciou a formação de uma úlcera quando foi transferida de unia seção do seu trabalho para outra, onde havia uma colega que freqüentemente apontava seus defeitos : "Ela fazia questão de dizer tudo o que eu fazia de errado bem alto, diante de todos, e parecia que tinha prazer em me espezinhar". Iniciada a análise, começou a se conscientizar do enorme grau de inveja e ódio que possuía. Muito megalômana, sempre se via como uma "deusa", que deveria ser servida e adorada por todos como então aceitar o trabalho, sendo que a realização consiste em servir ao próximo ? Seu grande anseio era conseguir um noivo rico e bonito para poder se casar, abandonar o trabalho e realizar todos os seus caprichos. Seu namorado estava muito distante desse ideal - um simples assalariado, de aparência comum, não parecia ter ambição de evoluir quer no sentido profissional, quer cultural, quer social. Por esse motivo, tinha violentas crises de ódio contra ele. À medida em que foi interiorizando seu namorado, isto é, percebendo que ele era muito preguiçosa, que nada fazia pelo seu progresso, então foi se acalmando pouco a pouco e sua úlcera cicatrizou-se.
20 - Dores de Cabeça Segundo as estatísticas efetuadas pelos ingleses, um mínimo de 20% da humanidade sofre de dores de cabeça, isto é, pessoas que têm constantemente esse mal - sem ser levado em conta um grande contingente que tem dores de cabeça periódicas. Entretanto, somente nos Estados Unidos são gastos 1,2 bilhão de dólares com analgésicos anualmente, sendo que grande parte desses medicamentos é destinada às cefaléias. A enxaqueca apresenta uma predominância sobre os outros tipos de cefaléia, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cafaléia e Enxaqueca. E - dizem eles - a enfermidade é mais constante na mulher (na proporção de 2 por 1) e não tem cura pela medicina tradicional.
A enxaqueca pode vir acompanhada por distúrbios neurológicos (visão desfocada, alterações na fala) e provocar dores intensas de cabeça, que duram de duas a 48 horas. Sabe-se que somente dois por cento das dores de cabeça são causadas por fatores orgânicos (tumores, etc.). Todas as demais são de origem psicossomática. Uma das doenças de cura mais rápida, através da Trilogia Analítica, é justamente a cefaléia ou enxaqueca. Há um enorme número de clientes submetidos ao tratamento que, tendo cefaléia ou enxaqueca, curaram-se completamente. A cefaléia é resultado da vasoconstrição (ou vasodilatação) cerebral, e esse fenômeno é diretamente causado pela atitude da pessoa diante da vida. Dr. Keppe observou que a maioria das pessoas que se queixavam de dor de cabeça tinha uma forte raiva inconscientizada. Percebendo os motivos deste padecimento, a dor desaparecia. Certa ocasião, uma menina que costumava ter dores de cabeça quase diárias travou o seguinte diálogo durante sua sessão: — Estou com muita dor de cabeça hoje, disse ela. — A que você associa a cabeça? perguntei. — A pensamento. — E a dor? — A breque, respondeu espontaneamente. — Você está tentando brecar seus pensamentos, então fica com dor de cabeça, interpretei. — É verdade. Fiquei com muita raiva do meu irmão hoje, pois ele não quis me deixar brincar com o jogo novo dele, mas ao mesmo tempo me sinto culpada, pois sei que não devo ter inveja dele, porque é feio. A censura que fazemos para não vermos nossas reais emoções e pensamentos é que causa as dores de cabeça. Essa análise foi feita por uma menina de 11 anos, mas para os adultos o fenômeno é exatamente o mesmo, embora tenham mais resistência em admiti-lo.
21 - Bronquite Asmática O Sr. F. M. sofria de bronquite durante vários anos. Seu filho — médico — justificava sua bronquite atribuindo-a ao seu tabagismo de muitos anos, e que mesmo depois de haver deixado esse vício, ele continuava com uma inflamação crônica nos brônquios, provocando
tosse e catarro. Certo dia, ao ler um artigo da Revista de Psicanálise Integral, percebeu que sua doença poderia ter uma causa psíquica. Contou que, recebendo um amigo em sua casa e, dialogando com ele, os problemas de ambos vieram à tona. Entre outras coisas, seu amigo disse-lhe que achava sua atitude (do Sr. F. M.) muito exibicionista, e que notava também sua preocupação em sempre saber mais que todos, incluindo seus filhos. O Sr. F. M. tinha uma filha psicóloga, e quando assistia a suas conferências, fazia vários apartes, corrigindo-a ou completando-a. Sua idéia era a de que queria ajudar a filha, mas todos notavam que não era bem assim — sua conduta mostrava uma forte inveja (inconscientizada, é claro). E foi justamente isso que seu amigo lhe dissera, o que obviamente ele não aceitou e ainda se sentiu agredido. Naquela noite, teve uma crise de bronquite asmática, devido à contração que fazia para esconder de si mesmo a consciência. A análise se processou deste modo : T - A que o senhor associa a sua bronquite ? - perguntei P - Eu tusso muito, quero expelir catarro. T - A que associa o catarro, no sentido psicológico? P - A sujeira. T - E o que é sujeira em seu interior? Dê algumas idéias espontâneas. P - Inveja, preguiça, arrogância etc.. T - E a tosse? P - A querer que a sujeira saia - rejeição. Interpretação: O senhor rejeitou fortemente a consciência de sua inveja e tossiu a noite toda, como conseqüência. O ser humano não quer ser humilde e conviver com a consciência de sua sujeira interior e tentar melhorar no que puder. O doente é arrogante e intransigente, querendo "se limpar" de toda e qualquer visão de erro e má intenção. O santo (o são) não é um indivíduo perfeito, sem pecados, como um "deusinho". É aquele que admite suas fraquezas, volta-se para Deus e procura firmar-se na Sua perfeição, fazendo o melhor dentro de suas possibilidades.
22 - Epilepsia Atendi a uma paciente epiléptica e através dela pude perceber algo muito interessante sobre essa doença. Ela era jovem, vinte e poucos anos, estudava química e fazia um estágio para completar seu mestrado na faculdade. Tinha uma atitude muito parada, calada. Falava pouco nas sessões e resistia muito a qualquer relacionamento. Percebia com clareza que ela se opunha a tudo : à família, à escola, ao trabalho - enfim, se opunha à própria vida. Embora viesse regularmente a suas sessões individuais e a um grupo de psicoterapia por semana, quase não falava e, no grupo, jamais falou com alguém. Quando o fazia, queixava-se da escola, do trabalho. Dizia que tinha ódio de estudar e trabalhar e que preferia viver em férias. Quando lhe perguntei o motivo desse seu desejo, disse que era porque tudo o que fazia no trabalho não dava certo. Imitava a mãe, mulher muito preguiçosa e agressiva com o Marido (único trabalhador e afetivo da casa) e que se julgava. muito importante e perfeita. Certo dia, no seu estágio, teve uma crise de ausência e ficou desmaiada por duas horas e meia. Ao
voltar a si, a primeira coisa que disse era que queria "tirar férias". Na realidade, a sua atitude era tão fortemente contra a vida, o trabalho e a consciência, que acabou por fabricar uma doença em seu cérebro. E o que ela queria realmente era tirar férias da consciência que tinha através do seu curso de mestrado. Os remédios, nestes casos, só servem para deixar a pessoa mais dopada e insconsciente ainda, tirando-lhe qualquer chance que possa ter de se curar. Outro caso semelhante foi o de uma psicóloga que tinha comprovadamente um foco cerebral e que sofria de desmaios, ausência e sonambulismo há muitos anos. Sua atitude diante do trabalho era a mesma: muito irresponsável, mimada, faltava constantemente no emprego e, depois de meses de análise, com a remissão total dos sintomas, teve uma enorme transformação, tornou-se responsável e hoje é psicanalista, trabalhando e tratando de muitos clientes.
23 - Gripes e Resfriados Certo dia um paciente estudante de Medicina, que fazia análise comigo, chegou a sua sessão com uma forte gripe, justificando a doença como o resultado de um "ataque de bactérias". Quando solicitado por mim a dizer, através de associações livres, qual o motivo psicológico que o levou a ficar tenso, ele respondeu que tivera muita raiva da irmã no dia anterior. Relatou o seguinte : "na noite anterior, minha irmã e o namorado estavam no banco de trás do meu carro e vinham fazendo carícias imorais as quais ela sabe que eu desaprovo. Fiquei com muita raiva e, ao chegar em casa, chamei sua atenção severamente e pedi a ela para, pelo menos, cuidar de sua moral". Perguntei a ele a que associava a irmã, ao que ele respondeu: "isolamento do mundo, falta de responsabilidade - ela usa isso para fugir de tudo. E é ingênua, pois não percebe o quanto está se prejudicando". Interpretação : Ele tinha muita raiva de perceber através da irmã o quanto ele foge do mundo e da responsabilidade, através das fantasias sexuais e é muito ingênuo pois não percebe o quanto está se prejudicando. Em outra ocasião uma paciente, que trabalhava como secretária, apareceu com uma forte gripe. Seu marido sugeria que se resfriara por excesso de trabalho. Mas, durante sua análise, admitiu que ficara sob estado de forte tensão durante três dias e três noites, devido à enorme raiva que tivera da tarefa que tinha que empreender. Nele apareciam erros flagrantes de seus auxiliares, que sabotaram largamente o trabalho, o que dificultou muito a consecução do mesmo. Interpretação : Na realidade a Sra. M. S. tem ódio da consciência da sabotagem que ela própria faz ao trabalho e à realização, o que podia perceber através de seus auxiliares.
24 - Glaucoma A paciente L. K., de 54 anos, imigrante russa no Brasil, era secretária bilíngüe em atividade numa das melhores firmas multinacionais. Certa ocasião procurou a análise, pois queixava-se de fortes perturbações emocionais. Dizia ser portadora de fenômenos de paranormalidade em grau elevado.
Filha de pai normal, porém de mãe esquizofrênica, casou-se, teve uma filha que lhe dera duas netinhas, às quais era muito ligada. Em suas sessões, relatou que seu genro lhe fizera uma "macumba" e que, após isso, as coisas em sua volta pegavam fogo espontaneamente (combustão espontânea), que as máquinas elétricas das firmas onde trabalhava sistematicamente quebravam à sua aproximação, mesmo sem tocar nelas; objetos mudavam de lugar e metais se contorciam sem que lhes tocasse de leve. Essa senhora tinha glaucoma há muitos anos, desde o dia em que fora internada em uma clínica psiquiátrica. Tinha que fazer visitas periódicas pe riódicas ao oculista, que lhe receitava colírios controladores da pressão interna dos olhos, mas com o diagnóstico confirmado de ter um mal incurável. Após seis meses de análise, procurou seu médico oftalmologista, o qual, atônito, constatou a total remissão da doença ! Os fenômenos de paranormalidade também desapareceram.
25 - Tos Tosse se Certa ocasião uma cliente ficou com uma forte crise de tosse. Tossia dia e noite sem parar e já estava se enfraquecendo pois mal dormia à noite. Como alimentava-se muito bem e tomava os cuidados necessários com a saúde, ficava ainda mais evidente a causa psicológica de sua tosse. Quando lhe perguntei a que associava a tosse, ela respondeu: P - A expelir algo. T - Expelir o quê? P - Doença. O que é ruim. T - A senhora quer expelir a consciência de tudo o que tem de ruim. O seu corpo mostra a violência com que quer expelir toda a consciência de seus erros. Está numa atitude de forte intransigência com a visão de seus problemas. P - Exatamente. Neste último mês eu pude perceber muita coisa : que eu não sei trabalhar, que sou preguiçosa, e outras coisas mais. E eu tenho muito ódio quando alguém me fala isso. Fico chorando ou querendo subir nas paredes de raiva, cada vez que alguém me mostra que sou preguiçosa, que sou arrogante. Eu precisaria arranjar um jeito de ser mais humilde para aceitar ver tudo isso... T - Não. A senhora deveria aceitar a consciência de que é arrogante e não procurar uma "máscara" de humilde, o que justamente a está levando a somatizar.
26 - Náuseas e Vômitos Atendi a uma paciente casada, mãe de unia menina de três anos, que transformava toda a consciência de seus problemas em doenças orgânicas. Iniciou a análise no período em que se separou do marido. Nesta ocasião quebrou também o pé, e foi morar com sua mãe. Depois de curto tempo de análise, voltou para sua casa e referia-se em suas sessões aos atritos constantes que lá mantinha. Seu marido era um homem produtivo, trabalhador, grande amigo da filha - o que despertava enorme inveja em sua mulher. Algum tempo após a volta à sua casa, fez-me o seguinte relato : "Quando me casei, costumava sentir fortes náuseas quando me aproximava de meu marido. Sentia Sentia ajuntar uma porção de água na minha boca e, de repente, como se nada fosse, tudo passava (16 ). Tinha constantes dores de cabeça 16
Nestes casos é freqüente freqüente pensar-se ern problemas problemas hepáticos.
muito fortes, que acabaram no início da análise. Quando fui morar com minha mãe, neste período em que estive separada de meu marido, não tive náuseas nenhuma vez. Agora que voltei a viver com ele, de vez em quando sinto novamente a boca encher de água e uma forte vontade de vomitar". Fazendo uma associação livre de idéias, ela ligou o marido a segurança, paz, efeto, realização, res ponsabilidade. E o enjôo, à rejeição. Percebeu então que na realidade rejeitava a responsabilidade, a paz, o afeto e a realização. Por que ela sentia enjôo justamente perto dele ? Porque ela era obrigada a perceber a diferença entre as duas condutas, e não gostava do resultado dessa comparação. Animava-lhe a fantasia que tinha de que era superior ao marido - mais capaz, mais inteligente, etc. - mas, na prática, sua consciência lhe mostrava o contrário, o que rejeitava fortemente, querendo "vomitar aquela consciência". Inclusive a filha aceitava bem mais ao pai, preferindo constantemente a sua presença à da mãe, que, por ser muito invejosa, tornava-se companhia desagradável. Outra cliente, uma moça de 23 anos, vomitava diariamente durante três meses, logo ao acordar. Tratada por vários médicos, não obteve qualquer melhora. Encaminhada à análise por seu irmão, nas primeiras sessões, já conseguiu a cura completa. A análise deste caso deu-se da seguinte forma: nos seus relatos, pude verificar que levava uma vida muito alienada e retirada da sociedade. Praticamente vivia só com sua mãe dentro de casa e de lá saía só para ir à escola. A mãe, de personalidade "forte" e muito doente, dominava totalmente a filha, criando-a cheia de preconceitos. Colocava-a contra o pai p ai falando muito mal dos homens. A aparência desta moça era de 13 anos - isto é, sua conduta era extremamente infantil. Na primeira sessão, sess ão, queixou-se muito da vida que levava, da atitude de sua mãe, embora sempre a obedecesse. E contou-me que, diariamente, logo ao acordar, vomitava. Perguntei-lhe : A que a senhora associa "acordar ?" Ao que ela respondeu : - "À vida, à manhã, ao sol. O sol me lembra a vida". Notem os leitores que essa cliente estava na total inversão, recusando a vida, vendo nela muitos perigos e coisas desagradáveis, desagradáv eis, tal qual sua mãe pensava. Após essa associação de idéias e a conscientização de que não queria despertar para a vida, por colocar nela o sofrimento e na alienação (sono) a felicidade, nunca mais vomitou.
27 - Frieza Sexual A cliente D. M., de 27 anos, desde o início de seu casamento, teve uma diminuição de sua menstruação, a ponto de vê-la reduzida a somente um dia por mês, ou mês e meio. Durante três anos e meio, pensou que a causa deste distúrbio fosse a ingestão de pílulas anticoncepcionais e, por isso, há dois anos deixou de tomá-las, sem melhora. Confessou em suas sessões que sempre rejeitou fortemente sua condição de mulher, vendo nisso a causa de todos os seus problemas. Desejava, conscientemente, ser homem. Quando lhe perguntei a que associava ser mulher, ela respondeu : "a sensibilidade, a fraqueza. Sinto-me muito dependente e incapaz". Interpretação: a senhora D. M. confunde sensibilidade com fraqueza. Assim sendo, acredita que sendo dura, fria, insensível ela teria mais sucesso na vida. Por isso D. M. tinha uma conduta condizente com sua inversão : era fria afetiva e sexualmente,
insensível e arrogante, com sérios problemas de relacionamento. Só através da conscientização dessa inversão é que a mulher pôde chegar a uma melhor aceitação de sua realidade e permitir que seu corpo funcionasse normalmente. A rejeição que sempre fez a sua condição de mulher, ao afeto, ao relacionamento, criava um estado constante de tensão, o que acabava por alterar seu funcionamento endócrino. Mas o que está por detrás da inversão é sempre a inveja. Certa senhora, desde criança, tinha grande inveja dos homens - seus primos, amigos e, atualmente, tinha muita inveja de seu marido. Imaginava que, durante a relação sexual, concedia enormes prazeres a ele, que era muito mais afetivo e carinhoso do que ela. Assim sendo, negando-se às relações sexuais, imaginava privá-lo também do prazer. Canalizava todo seu erotismo na forma de fantasias sexuais, as quais produzia em grande quantidade, mas, com seu marido, preferia ser totalmente fria e rejeitiva. Sua filha de três anos já imitava sua mãe, querendo sempre ser menino, usar roupas de menino, brincar só com brinquedos masculinos, etc.. Nesse caso, não se trata da inveja do pênis, como diria Freud, mas a inveja no sentido mais amplo, quando se quer destruir tudo o que se vê de bom nos outros e em nós mesmos. A mulher invejosa freqüentemente fantasia uma situação maravilhosa de vida para os homens o que não corresponde à realidade. Dá uma enorme importância à vida libidinosa, a qual gostaria de ter em grande escala. Ao mesmo tempo, inveja as outras mulheres e, freqüentemente, a ligação afetiva entre os casais tentando sutilmente separá-los através de intrigas e de "flerts" com os maridos. Por isso é tão comum as mulheres do tipo mais erótico, as mulheres do gênero "fatal", serem as mais frias sexualmente.
28 - Artrit Artr ite e Reumatóid Reumatóide e A artrite reumatóide é uma das formas crônicas mais comuns de inflamação das juntas, freqüentemente afetando várias juntas simultaneamente, tais como os dedos, e caracterizada pela dor e limitação nos movimentos. Sua causa é tida como desconhecida pela Medicina - embora seja freqüentemente vista como de origem infecciosa. Uma paciente portadora de artrite reumatóide esteve de repouso durante meses, tinha fortes dores, andava com muita dificuldade, arrastando as pernas, não conseguia subir escadas, as juntas estavam endurecidas. Associou suas pernas a realização, movimento, trabalho, o que rejeitava fortemente. Disse que pouco antes de adoecer, diariamente tinha muita raiva de ter que ir trabalhar e que se opunha fortemente ao seu emprego. Só que culpava sua firma e o ambiente de trabalho por seus problemas, e não sua atitude de recusa à realização. Dizia que aos fins de semana sempre passava muito mal (vomitava, tinha dores de cabeça, etc.). Quando saía com suas amigas, ia passear, divertir-se, atormentava-se o tempo todo achando que estava fugindo, alienando-se e que o certo seria estar com sua família, em outra cidade, ou trabalhando. Quando perguntei a que associava aqueles passeios e amigas, ela respondeu: "Ah, a afeto, amizade". E a família e trabalho, associou problemas e esforço. Notem que ela via no afeto um erro : isso é o que chamamos de inversão - o indivíduo recusa o que mais gosta, pensando que o certo na vida é o sacrifício, a doença. A beleza, o amor é um erro que deve ser evitado. Essa cliente curou-se de seu reumatismo nos dois primeiros meses de análise. Deixou de arrastar a perna, já conseguia subir escadas, escadas , passaram-se as dores e voltou às atividades normais.
29 - Extra-sístole A senhora M. A., quarenta anos, queixava-se de extra-sístole (17 ) paroxística - o que lhe causava muito mal estar e até a atrapalhava em sua vida diária, no trabalho, no esporte, etc.. Disse que não saberia o motivo da mesma, visto que não estava com nenhum problema muito grave na sua vida (pelo menos no seu campo de consciência). Ao pedir que fizesse uma associação de idéias. com o seu coração, ela me respondeu : "o que é mais importante no corpo - o afeto". E a extra-sístole associou a um sopro que solta o ar comprimido. Percebeu então que estava reprimindo o afeto, causando um descontrole emocional e orgânico. Lembrou-se imediatamente do que estava acontecendo em sua vida. Era desquitada e jamais amara ou se entendera com seu ex-marido ; agora estava muito envolvida com outro homem que lhe despertava muito afeto. E, simultaneamente, pensava que iria sofrer por sua causa, tentando não reprimir seus sentimentos, o que lhe causava muita dor psicológica, e a Extra-sístole no coração. O ser humano, pela inversão, vê sofrimento no Amor em si, isto é, na base, nega a Deus que é puro Amor. Assim sendo, cria um inferno para si, buscando viver só das idéias, negando todo o sentimento.
30 – Endometriose Tive urna paciente que sofria de endometriose (18 ) e que iniciou a análise pouco antes da operação que retirou seus ovários. Embora nós a desaconselhássemos de operar-se assim tão rapidamente, antes de poder perceber melhor o motivo psicológico que a levara a adoecer seus ovários, estava terminantemente decidida a "cortar" a sua doença - (submeteu-se à cirurgia em 1977). Na época da operação, abandonou a análise, vindo a retornar depois de dois anos, cheia de angústia e mal-estar. Tinha piorado muito no sentido psicológico e orgânico (19 ). Reiniciada a análise, pedi que associasse a endometriose. Após alguns segundos, respondeu : "podridão". Respondi-lhe que queria dizer que com a cirurgia queria eliminar toda a consciência de seus "podres", isto é, de seus erros, pecados, más-intenções, numa tentativa de inconscientizar toda a patologia, numa pseudo-purificação, sentindo-se, a partir daí, santa e pura. Na realidade, não queria conviver com a consciência de seus erros, mas somatizá-la para poder retirá-la com um bisturi. Na verdade, a manifestação de sua problemática já havia se iniciado há muitos anos. Filha de doente mental e mãe muito neurótica, não tinha bom relacionamento com a família. Aos dezesseis anos já iniciara um processo de desequilíbrio emocional muito grande, o que já a levara a procurar um psiquiatra. Identificada e extremamente dependente da mãe, nutria muito ódio ao pai, numa atitude acentuadamente lesbiana. Ficou menstruada somente aos dezessete anos e sempre teve muitas cólicas. Esse quadro foi se agravando até chegar ao ponto de, aos 36 anos, numa verdadeira castração, retirar os ovários. 17
Extra-sístole: uma batida cardíaca que ocorre antes do seu tempo normal. Cria um ritmo cardíaco anormal. Endometriose: a presença de células, que ordinariamente se situam no útero, em locais inusitados, como nos ovários, na bexiga, ou na Parede intestinal. Neste caso, as células cresceram nos ovários. 19 A endometriose se reiniciava em alguns tecidos e a paciente dizia ter dificuldades enormes de relacionamento afetivo, social, foi despedida do emprego e falava de muitos sentimentos de culpa. 18
Mas este não foi o único problema de S. E. Desde menina, tinha excesso de dor de cabeça, dores no peito, colite, muita obesidade, apendicite (operada), bronquite, otite, infecções várias, acidentes. E, ao lado disso, sempre se tratou com psiquiatras, tomando psicotrópicos (comital, lorax, librium, valium, vesalium). Foi submetida a sonoterapia, sem qualquer resultado. Piorava dia a dia de suas complicações psíquicas e orgânicas. Ao reiniciar a análise, conseguiu sarar de todas as doenças, abandonou todos os remédios por não ter mais necessidade deles. No momento, a única medicação que mantém são doses mínimas diárias de hormônio ovariano para substituir a carência do natural. Abandonou o lesbianismo, melhorou muito no seu desempenho profissional e no relacionamento social, manifestando grande interesse pelo sexo oposto.
31 - Lupus Eritematoso O lupus eritematoso é uma forma de doença aguda ou crônica tubercular da pele, evidenciada principalmente no rosto e nas mãos. Há uma erupção de pele avermelhada, escamosa, purulenta e freqüentemente se estende através do nariz em direção às faces numa formação semelhante à borboleta. E, com o tempo, as mãos adquirem formato de garras, como num lobo. Pode levar à morte.( 20 ) Sua causa, de acordo com a Medicina, é "desconhecida", embora os melhores especialistas reconheçam seu caráter psicossomático. Não existe nenhuma forma de tratamento médico que cure ou Melhore os sintomas. Dr. Norberto R. Keppe atendeu em psicanálise a vários casos de lupus eritematoso, no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Muitos desses casos tiveram cura. A relação entre a vida psíquica e essa moléstia é surpreendentemente clara. Atendi certa ocasião uma paciente que nos procurou para tratar-se, pois sabia que seu caso não teria solução pela medicina tradicional. A doença já estava em grau relativamente avançado - seu nariz trazia sinais já evidentes da moléstia e uma certa escamação nas mãos. Era ainda jovem, com pouco mais de trinta anos. Casada, mãe de três filhos, levava uma vida com pletamente desligada da realidade. Vivia praticamente separada do marido, sob o cuidado de seus pais, como uma adolescente solteira. Negava-se a assumir responsabilidades e só veio se tratar pois sentia muitas dores no corpo à noite. Desde o início, mostrou que nutria um intenso ódio ao marido, o que era muito alimentado por sua mãe. Tinha freqüentes ausências - sentia afastar-se do local onde se encontrava e, às vezes, quando deitada, sentia-se afastar do próprio corpo, olhando para si mesma, à distância, numa voluntária fuga da realidade. Na terceira sessão de análise, relatou que sentia muito ódio pelas pessoas, desde pequena. No colégio, vivia afastada das amiguinhas. Casou sabendo que não gostava do marido e, já no dia do casamento, brigou com a sogra, sogro e cunhada. Dizia que o único sentimento que conhecia era o ódio. E que odiava, intensamente, dia e noite sem parar. E que dificilmente sentia amor por alguém, por alguns instantes - mas logo voltava ao ódio. Preferia agredir através do silêncio e o desprezo, pois acreditava que seria mais eficaz nos 20
Ver explicação na pág. 96.
resultados. Certamente uma pessoa, que odeia sem parar, está, constantemente segregando adrenalina e noradrenalina e descarregando na corrente sangüínea unia quantidade tão grande desses hormônios, que jamais seu organismo poderia absorver sem causar sérias alterações hormonais. Provavelmente o mecanismo de stress que se instalou, nesta paciente, provocou essas consequências desastrosas. Avisada por mim do perigo enorme que estava correndo, permitindo que o ódio dominasse sua vida e, conseqüentemente, o seu organismo, ficou muito assustada e disse que jamais imaginara que ela própria estava se matando. A maneira de tratar uma paciente dessas é conscientizá-la de que não tinha ódio pelo marido, ou pela sogra, mas pela consciência que eles lhe traziam. Por exemplo, tendo pedido a ela para fazer uma associação de idéias com o marido, disse: "desumanidade, grosseria, estagnação". Interpretação : a cliente não queria se conscientizar de que tratava da sua vida de uma forma desumana, alheando-se totalmente de seus problemas, estando numa total estagnação e destruição de sua saúde psíquica e orgânica. Após dois meses de análise, dizia estar se sentindo praticamente curada, sem dores nem qualquer manifestação da moléstia. Havia suspendido totalmente a medicação. Ao lado disso, dizia em suas sessões : "sinto-me como se tivesse voltado à minha adolescência, com muita alegria de viver. Hoje gosto de dançar, brincar e cantar e fico surpreendida de como posso enfrentar tantos problemas em minha casa e minha família sem sucumbir e ainda ajudar. A alegria e a felicidade são como um remédio que vou tomando e que está fazendo efeito sobre minha doença. Estou me curando com pílulas de alegria e nenhum médico acreditava nisso ! Minha família está atônita sem entender o que se passa comigo". (1) Definição : Lupus - Doença crônica tubercular da pele e mucosas, caracterizada pela formação de nódulos de tecido granuloso. Lupus vulgar - Lupóide, lupiforme, adj. L. eritematoso discóide : doença da pele, geralmente crônica, afetando as áreas expostas, como face, couro cabeludo e mãos, caracterizada por áreas escamosas de diversos tamanhos, e formas, que resultam em atrofia e escarificação superficial, causando foliculite. Lupus folicular disseminado - variedade de lupus confinado à face, especialmente em localizações usuais do acne. As papilas variam do tamanho de cabeça de alfinete ao de ervilha tendo forma cônica e cor vermelho escura. Lupus eritematoso disseminado - doença de causa desconhecida, caracterizada por febre, dores musculares e articulares, anemia, leucopenia e, freqüentemente, erupções cutâneas semelhantes à do Lupus eritematoso discóide. Lupus disseminado miliar - forma aguda, geralmente encontrada em crianças, às vezes após o sarampo. Muitas lesões pequenas aparecem rapidamente. Pode ser fatal. Lupus vulgar - tuberculose cutânea. Doença diversificada e variável. Observam-se geralmente nódulos de tipo de geléia de maçã. É doença de evolução lenta, escarificante e deformante, muitas vezes assintomática, e freqüentemente envolvendo a face. (Tuberculose luposa).
32 - Hipotensão Assim como a úlcera pode muitas vezes ser causada pelo medo, a hipotensão também.
Notei que existe uma correlação muito freqüente entre indivíduos depressivos e a hipotensão. Pessoas autodestrutivas, inibidas, tímidas, que têm muito medo de perceberem seus erros e problemas, (devido à sua teomania, é claro), apresentam freqüentemente quedas de pressão arterial. O senhor R. N., de cinqüenta anos, era casado com uma mulher esquizofrênica, extremamente agressiva. Era constantemente atacado por ela, e o raro, por seus filhos, que imitavam a conduta patológica da mãe. Estava constantemente amedrontado, pois sua mulher o ameaçava com gritos e até agressões físicas. Como era muito responsável, temia deixá-la, pois ela ameaçava suicidar-se, caso isso ocorresse. Portador de uma atitude muito controlada, era extremamente paciente com os outros e procurava suportar calado seus problemas. Na realidade, estava freqüentemente em pânico, e, quando não, adotava uma atitude de contração e autodefesa. Como conseqüência, sofria constantemente de quedas de pressão, acompanhadas de prostração, dores de cabeça, e suores frios. Quando percebeu, através da análise, que ele próprio tinha com ele uma atitude de muita agressão e intransigência, e que já escolhera uma mulher assim para atacar sua vida e felicidade através dela, nunca mais sentiu-se mal por causa de hipotensão.
33 - A Doença Hereditária e os Fatores Psicológicos Implicados Muitos perguntarão: mas, e as doenças hereditárias? E que implicação tem com o mecanismo psicossomático doenças congênitas das mais diversas espécies? Certamente a conduta neurótica e/ou psicótica dos pais vai afetar o desenvolvimento do feto. Existem doenças e vícios tradicionalmente tidos como perigosos para a gravidez, como a sífilis, o alcoolismo, o tabagismo etc.. Porém, o stress igualmente pode provocar prejuízo no desenvolvimento do embrião. Isso se deve à alteração do sistema hipofisário e adrenal. Anomalias na córnea são as mais freqüentes, embora já se tenha comprovado que edemas generalizados, necrose do fígado, gastroschises com ectopia da víscera e até micromélio podem ocorrer no feto cuja mãe esteja em estado de stress. Além dessas, muitas outras doenças e malformações congênitas já têm sido constatadas. Fato muito interessante é que a carga elétrica positiva de nosso corpo, que se concentra em certos órgãos perde-se sob condições de stress, deixando atuantes somente as negativas. A atitude psíquica acompanha a fisiológica, e pode-se sentira distância as pessoas que desprendem "energias negativas". A parapsicologia já possui aparelhos que medem a "aura" das pessoas. A energia (eletricidade) positiva do corpo se irradia de tal forma que aparelhos sensíveis podem detectá-la. Desta forma, o indivíduo que tem uma atitude mais sã, mais positiva, também terá sua energia elétrica positiva em intensidade maior. A queda da eletricidade positiva nas células pode causar alterações sérias na permeabilidade de sua membrana. Demonstrou-se que o estradiol e a progesterona atuam, modificando a expressão genética nuclear (transição) e a síntese das proteínas. (21 ) É de se concluir, pela lógica, que alterações na secreção destes hormônios causadas pelo stress da mãe poderão ter uma atuação determinante no desenvolvimento do feto. 21
Catt, K. J. - Endocrinologia Fundamental.
Doll (1934) calculou que aproximadamente 40% das causas das deficiências mentais da "Vineland Training School" eram desconhecidas (possivelmente psicológicas), além de 30% delas serem atribuídas à hereditariedade. É também sabido que a maconha e as drogas são responsáveis por mudanças significativas nos cromossomos das células. Por que seres humanos ingerem drogas que fatalmente irão deteriorar a própria espécie? Por que poluímos nossos alimentos, a água que bebemos, e envenenamos com gases letais o ar que respiramos? Todas as doenças do homem são causadas direta ou indiretamente por fatores psicológicos.
34 - A Esquizofrenia e as Doenças Mentais "Chamam-se psicoses os distúrbios que refletem um maior desvio, gravidade e desorganização da personalidade. Quando o indivíduo deixa de cuidar de si ou está a ponto de prejudicar a si mesmo e aos outros, a sociedade coloca-o no hospital ou põe-no sob chave. Daí, constituir também o fato da institucionalização uma definição da condição psicótica" (22 ). A 18.ª Classificação Internacional de Doenças (ICD-18) reconhece o "status" atual das psicoses como distúrbios sem nenhuma etiologia orgânica conhecida. Portanto, sabe-se que toda e qualquer tentativa de se atribuir as causas das doenças mentais, a fatores orgânicos ou hereditários, tem sido frustrada. Nenhuma lesão no sistema nervoso central ou nenhuma mudança no seu funcionamento foi até hoje detectada. Assim sendo, não existe nenhum indício de que as psicoses sejam doenças físicas. Existem várias teorias bioquímicas a respeito de agentes causais, porém, não se pôde comprovar que haja essa relação. A Trilogia Analítica acredita mais que as mudanças químicas cerebrais observadas em certos pacientes psicóticos sejam uma sintomatologia conseqüente de emoções especialmente fortes e inconscientizadas, idênticas à ocorrida em outros órgãos do nosso corpo. Incluo nesse caso as psicoses chamadas endógenas, que alguns psiquiatras tentam classificar como psicoses de "causas internas ou orgânicas". Certos estudos publicados em 1981, no "Jornal de Doenças Nervosas e Mentais" (23 ), levam-nos a confirmar a estreita relação que existe entre a atitude mental de inveja, ódio e medo, e as diferenças na química cerebral, o que já havia sido dito pelo famoso neuropsiquiatra Hans Hoff. O único problema é que estes pesquisadores vêem a causa onde está o efeito - isto é, acreditam que exista uma mudança inicial na química cerebral, o que provocaria o comportamento psicótico. (E. D. M.) Mas, através da Trilogia Analítica, pudemos constatar que nas psicoses existe o fator psicológico sempre desencadeando todos os outros problemas, eventuais mudanças na química cerebral, delírios e alucinações. Se isso não fosse verdade, não seria possível o tratamento das referidas psicoses com tão bons resultados, sem nenhuma espécie de medicamento. Pacientes esquizofrênicos podem sair dos delírios em algumas sessões de Trilogia Analítica, sem 22
Dicionário de Psicologia - W. Arnold, H. J. Eysenck, R. Meili, Edições Loyola, Brasil. 1981; Berger P.A. - Biochemistry and the Schizophrenia - Old Concepts and New hypotheses. The Journal of Nervous and Mental Desease 169(2); 90-99, 1981. 23
psicotrópicos. Dr. Keppe atendeu a muitos casos, os quais pode acompanhar de perto e constatar que a doença mental é, como ele mesmo diz, um problema psíquico-espiritual. O psicótico tem atitude semelhante à dos demônios, os quais negam, omitem e deturpam a verdade, a realidade, negando a própria consciência, devido a um excessivo problema de inveja. Essa atitude de teomania (desejo de ser um deus) é comum nos psicóticos e é a mesma dos demônios espirituais. Portanto, não adianta a pessoa tomar remédios se a raiz de seu mal está em fatores psíquicos, não orgânicos. Graças à Trilogia Analítica pude estabelecer a relação entre a teomania, o stress (e outras mudanças hormonais) e as doenças mentais. As pesquisas mais recentes estabelecem relação entre as doenças de Parkinson e a dopomina. Já há fortes indícios de que a noradrenalina (norepinefrina) é um fator muito importante nas esquizofrenias (24 ), em resultado da disfunção do sistema límbico e de uma actividade exacerbada dos neurônios noradrenérgicos - o que mostra a existência de grande quantidade de ódio nos esquizofrênicos. Outro elemento interessante encontrado em excesso nos esquizofrênicos é a acetilcolina - "o hormônio do medo" - isto é, pessoas que estão sempre com medo da verdade, da consciência, secretam grandes quantidades de acetilcolina. Elas têm a idéia de que tudo podem fazer sem que nenhum mal lhes aconteça. Porém, assim que as conseqüências aparecem, entram em estado de pânico, que se prolonga, às vezes, pela vida inteira. Já havia percebido, pelos pacientes esquizofrenicos da clínica do Dr. Keppe e pelos meus próprios, que o doente consegue, voluntariamente, fabricar um clima fantástico para viver e que, após algum tempo insistindo em uma fantasia (sempre de grandeza), negando as evidências, entravam nos surtos psicóticos acompanhados de delírios e alucinações. Akil, em 1972 ; Goldstein, em 1973 ; R. Hughs, descobriram a existência no cérebro de substâncias opiáceas como a morfina, dinorfina, endorfinas que são fabricadas na hipófise e no cérebro, no trato gastrointestinal, na placenta e na medula adrenal, além de serem encontradas no sangue, urina e fluído cérebro-espinhal. Mains comprovou que estas substâncias são fabricadas nos neurônios hipotalâmicos e nas estruturas límbicas (central captadora das emoções). Notou-se que as endorfinas são liberadas concomitantemente ao ACTH (hormônio do stress). É fácil notar que, para uma adaptação do organismo, seria útil a reação com agentes opiáceos e analgégicos, mas, se o stress foi prolongado (como é o caso dos neuróticos e psicóticos), então é evidente que a secreção destes hormônios dar-se-á em escalas muito elevadas, podendo levar as pessoas a sofrerem efeitos psicológicos idênticos aos dos indivíduos drogados. Quando se injeta em ratos a endorfina, produzem-se efeitos idênticos aos da catatonia. E tanto o excesso, como a escassez destes hormônios podem levar à esquizofrenia - no primeiro caso, à esquizofrenia aguda e no segundo, esquizofrenia crônica. Nota-se que as pesquisas efetuadas pelos cientistas na área da bioquímica cerebral têm-nos levado a resultados surpreendentes. Infelizmente, eles buscam o tratamento destas perturbações, através de drogas que irão, na realidade, desequilibrar em médio e longo prazo, toda a harmonia bioquímica cerebral, pois sabe-se que todas estas substâncias funcionam concomitantemente e num mecanismo de feed-back espontâneo - umas inibindo e/ou estimulando a produção das outras. 24
Esquizofrenia é um tipo de psicose onde há uma dissociação entre as idéias e a ação e um forte comprometimento da afetividade. O esquizofrênico vive geralmente no seu mundo fantástico sem ligação com o real.
A única solução, que existe, é levar o doente a conscientizar o alto grau de ódio, inveja e medo que tem da Verdade, fatores diretamente relacionados à Teomania, para que, através dessa conscientização, deixe de estimular tanto o seu sistema nervoso e, conseqüentemente, permita que a bioquímica de seu cérebro volte ao normal.
35 - Tratamento das Psic oses pela Trilogia Analítica Dr. Keppe tratou de catatônicos, de esquizofrênicos paranóicos, de maníacos-depressivos e conseguiu retirá-los da psicose, mostrando seu alto grau de Teomania (inveja à Deus). Aliás, foi inspirada na análise que ele fez de um esquizofrênico, num grupo de psicoterapia em dezembro de 1979, que pude perceber o fenômeno de Inveja Universal; que descrevi melhor na Revista de Psicanálise Integral n.° 5. O paciente estava relatando suas idéias delirantes, suas fantasias, seus medos. Ele havia tentado suicídio atirando-se do 3.° andar de sua casa. Ao cair, bateu nos varais do quintal, o que amorteceu a queda, apenas quebrando seus braços, pulsos, ossos das mãos. Após algum tempo de total mutismo e desligamento, começou a contar que seu suicídio havia sido motivado por forte ódio aos pais, que julgava ser a única causa de seus problemas. Devido ao fenômeno da Inversão descoberto por Dr. Keppe, o doente via nos pais, que mais lhe davam afeto e consciência, a intenção de destruir sua vida, o que ele próprio estava concretizando. Ele chegou a confessar, posteriormente, quando já mais lúcido, que ao tentar se matar tinha a intenção de agredir ao mundo - como se ele estivesse matando os pais, irmãos, sociedade, universo e ao próprio Deus, numa atitude de profunda arrogância e megalomania. Percebeu com clareza a influência do demônio, e em seus períodos mais difíceis chegava a conversar com ele em seu quarto. Nesta tarde, em que fazia psicoterapia de grupo, falou que não via em nada razão para existir e nem graça nenhuma na vida; disse ainda: - "Por exemplo, olho pela janela, vejo o céu, as árvores, mas nada disso para mim tem sentido". Dr. Keppe perguntou : "A que o senhor associa o céu?" "A nuvens" - respondeu ele. "Por que o senhor inveja tanto a Deus? Perguntei sobre o céu e o senhor associou o céu à nuvens"... disse Dr. Keppe - "Pois qualquer pessoa que olha o céu, imediatamente associa o céu a Deus". "O senhor coloca nuvens entre o senhor e a Verdade, que é imensa e maravilhosa", completou. Aí então pude perceber o que leva todos os seres humanos à Inversão, e à Inveja Universal. Isto é, tudo o que existe na criação, no universo externo e interno é maravilhoso - é a realidade, e nós, movidos por uma enorme inveja, por não termos sido criadores disto tudo, negamos o seu valor, alegando internamente, que nada do que existe, nada do que Deus fez é suficientemente bom para nossa grandeza... O psicótico tem essa teomania em tal grau, que "vive" num mundo próprio as suas fantasias, que são a sua única criação. No seu mundo delirante, ele é o único deus. E a inversão, descoberta pelo Dr. Keppe, elemento fundamental a ser tratado na Trilogia Analítica, está presente em todos os seres humanos, que negam, omitem e deturpam a realidade, taxando-a invejosamente de má e adorando suas próprias criações - as fantasias - que é o que não existe e jamais irá existir. Esse cliente conseguiu sair da crise sem internação e sem medicação. Voltou a estudar retomando a Faculdade de Psicologia. Posteriormente, devido à fortes influências da própria Faculdade,
através das teorias psicológicas alienantes ensinadas durante o próprio curso, começou a ingerir drogas e fumar maconha, chegando a tal intoxicação que entrou em novo surto psicótico - desta vez, na catatonia. Por vezes, imitava cachorros, lambia o cão, uivava, despia-se na rua e conversava novamente com demônios. Foi necessária uma enorme luta para mantê-lo sem internação, contra a vontade da família, tratando-o com a Trilogia Analítica, até que a desintoxicação passasse e pudesse recuperar a consciência. O que o levou à segunda crise foi o pacto de alienação e megalomania que havia feito, desta vez com seus colegas e professores de Faculdade, pois, até pouco antes de entrar em crise, era tido entre eles como um gênio de incrível capacidade, permitindo que ele atendesse, em psicoterapia, pacientes na Clínica da Universidade. Isso alimentou de tal forma a sua megalomania que acabou por entrar em surto gravíssimo. muito perigosa a idéia de que a maconha não causa danos e existem "psicoterapias" que sugerem até o uso de LSD. Conheço pacientes psicóticos que, após ingerirem essas drogas, receitadas por seus psiquiatras, jamais conseguiram sair do estado delirante.
36 - As Crianças também Somatizam? O que é mais comum numa criança é a somatização - ela transforma, com mais facilidade que o adulto, os seus problemas em doenças orgânicas. Por isso é que estão sempre resfriadas, com amigdalite, asma, bronquite, alergias, febre, etc.. Parte da responsabilidade, nestes casos, recai sobre a influência dos pais - ,mas a maior parte é devida à atitude da própria criança. Por isso, a Trilogia Analítica consegue curar muitas doenças infantis - tornando a criança mais forte e mais resistente. Um exemplo é o menino R. L., de quatro anos e que, desde o seu nascimento, necessitava tomar vitaminas e cálcio por causa de sua transpiração excessiva e conseqüente perda de sais minerais em seu organismo. A partir dos quatro meses de idade, apresentou problemas nas vias respiratórias, concomitantemente com febre, surgindo em espaço de três ou quatro meses. Necessitava tomar antibióticos, autovacinas ininterruptamente e bronco-dilatadores. O problema foi agravando-se até surgir uma bronquite asmática. Além disso, possuía vários tipos de micose e dormia poucas horas diariamente por causa de sua agitação demasiada. Aos quatro anos de idade, a febre foi ficando cada vez mais alta, chegando a atingir 40°C e sua freqüência aumentou (espaço menor que um mês entre uma e outra). Os antibióticos foram perdendo seu efeito e cada vez era mais difícil cortar a febre. Por causa desses problemas, foi perdendo o apetite, além da constante dificuldade de respirar, principalmente no inverno. Antes de completar cinco anos, iniciou o tratamento com a Dra. Suely Keppe.(25 ) Nos primeiros três meses, os sintomas não desapareceram. No terceiro mês, ele foi para a sessão de análise com 39°C de febre. Ao sair da sessão, apresentava a temperatura normal. A partir desse dia, não teve mais nenhum problema respiratório, as micoses desapareceram e as febres também. No tratamento, Dra. Suely não se preocupou especificamente com a doença física de R. L. Tentou trabalhar com ele no que se referia a sua agressividade, pois era demasiadamente agressivo, chegando a bater nos seus pais e seus irmãos já adultos. Inicialmente, ele somente falava de sua mãe, demonstrando uma projeção intensa sobre ela. Após algumas sessões, sua analista foi lhe mostrando que ele estava falando de si mesmo, através da mãe. Aos poucos, ele foi falando mais de seus problemas, e conseqüentemente, foi interiorizandose mais. As doenças físicas foram apenas conseqüência de sua atitude projetiva. 25
Suely Keppe é especialista em psicanálise infantil na Sociedade Internacional de Trilogia Analítica.
37 - Índice de Curas pela Trilogia Analítica Em 1981, fiz uma pesquisa entre 102 clientes atendidos por psicanalistas da Sociedade internacional de Trilogia Analítica. Selecionamos nina amostra ao acaso, misturando idade, sexo, tempo de permanência no tratamento. condições econômicas, sociais e culturais. Nas entrevistas, pedi-lhes que relatassem todas as queixas que tinham ao iniciar o tratamento e quais foram os resultados. Constatei o seguinte : Sexo Masculino Idade Idade 0 - 10:02 11 - 20:03 21 - 30:10 31 - 40:11 41 - 50:04 51 - 60:02 61 - 80: Total : 32
Total
Metrorragia Hemorragia Cólicas Menstruais Tendência a Abortos Inflamações Genitais Inflamação nos ovários Fibroma
Sexo Feminino 0 - 10: 11 - 20:05 21 - 30:19 31 - 40:19 41 - 50:13 51 - 60:09 61 - 70:03 71 - 80:02 :70 01 01 05 02 01 02 02
Inflamação do Aparelho Urinário Úlcera (duodeno) Gastrite Cólicas Gástricas Distúrbios Gastro-Intestinais Problemas de Vesícula Azia Halitose Enjôos
Doenças Ginecológicas Mioma Uterino Excesso de Hormônio Masculino Disfunções Menstruais (várias) Gravidez Psicológica Útero Infantil Caroço no Seio Doenças Renais 02 Cólica Renal
Gastro-Intestinais e de Fígado 01 Vômitos Constantes 07 Cólicas Hepáticas 01 Hepatite 06 Prisão de Ventre 02 Diarréias 01 Colites 01 Hemorróidas 01 Anorexia
01 01 03 01 01 03 01 03 01 01 07 06 03 03 04
Sinusite Tosse Constante Falta de Ar Corisa Alérgica
Doenças Respiratórias e Otorrinolaringológicass 04 Amigdalite 03 Resfriados Constantes 03 Problemas Auditivos 04 Bronquite
03 06 04 04
Doenças Alérgicas e Dermatológicas 02 Asma 04 Problemas Dermatológicos (vários) 02 Eczema
02 07 02
Psiquiátricas e Neurológicas Perturbações Visuais 02 Sociofobia Atividades Irritativas no Cérebro 01 Depressão Descoordenação Motora 02 Hipocondria Alucinações 01 Complexo de Inferioridade Convulsões 02 Suicidas Sonambulismo 01 Crises Psicóticas Gagueira 01 Problemas Sexuais Tonturas 04 Disfagia Desmaios 03 Alcoolismo Disritmia Cerebral 02 Mania de Perseguição (paranóia) Descarga Neurofisiológica (tremores) 06 Dificuldade de Relacionamento Doença de "São Vito" 01 Crises de Choro Constantes Fadiga 03 Tensão Angústia 40 Vício em Drogas Melancolia 01 Maconha Insônia 18 Morfina Fobias 06 Apatia Homossexualismo
02 24 01 03 05 02 10 01 02 02 09 03 02 02 03 01 01 01
Outras (Hormonais Inclusive) 01 Reumatismo 01 Gengivite 21 Hipertiroidismo 08 Inflamações da Coluna 02 Problemas de Coluna 01 Febre Reumática 01 Anemia Fizeram outras Terapias Tomavam calmantes e deixaram
01 01 02 01 02 01 01 23 65
Erupção Corisa Alérgica Bronquite Asmática
Astigmatismo Glaucoma Dores de Cabeça Enxaqueca Obesidade Torcicolos Diabetes
38 - A Doença e o Pacto Famili ar Os doentes que procuram a análise só para conseguir um alívio de sintomas - dores e mal-estar causados pela doença - muito raramente admitem que têm problemas psíquicos e que são muito desequilibrados. Às vezes admitem que possa haver uma relação entre o aspecto emocional e o orgânico, mas colocam a culpa dessas dificuldades em fatores externos, julgando-se vítimas. Assim sendo, eles se tornam muito mais difíceis de serem tratados, pois, para que haja uma cura verdadeira, o doente tem de se humilhar e reconhecer o quanto tem de loucura dentro de si. Se chegou a ter doenças tão graves, é porque fez e está fazendo uma luta tremenda contra a consciência - e continua fazendo - senão estaria hem. O doente somatizado tem muitas vezes uma atitude mais arrogante do que os neuróticos e até muitos psicóticos, pois esses, pelo menos, admitem que têm problemas sérios e muita angústia; então procuram uma solução para o mal psíquico que lhes causa muito sofrimento. O canceroso, por exemplo, já transformou completamente toda a angústia, tristeza, ansiedade, inveja, ódio e medo em sintomas físicos; então torna-se extremamente difícil ele admitir qualquer coisa que desfaça sua fantasia de grandeza. E, quando desiste da teomania, imediatamente começa a se recuperar. Eu diria que o doente orgânico grave é semelhante ao psicótico que não admite ter problemas em si mesmo, mas ambos os tipos são levados ao tratamento (o primeiro por ser portador de males ou dores físicas, e o segundo por ser obrigado pela família a se tratar). Os dois tipos de pacientes vêem os familiares e/ou a sociedade como culpados por seus sofrimentos... Ambos estão errados e julgam-se os únicos certos. Geralmente a somatização esconde uma doença mental grave, muitas vezes, uma paranóia. Assim como o alcoolátra, ao deixar o álcool, entra em crise psicótica, o doente orgânico também pode entrar numa enorme persecutoriedade em relação ao psicanalista que o curou de sua doença. Nestes casos, abandonam o tratamento após se curarem, com muito ódio do analista, que, em lugar da dor física, deixou a consciência de sua doença mental. É mister que esse paciente permaneça no tratamento até que possa resolver a problemática psicológica. Mas geralmente os familiares, ou por falta de esclarecimento, ou mesmo por estabelecerem um pacto neurótico com o doente, são os primeiros a irem contra a análise. Aliás, é mais difícil o psicanalista lidar com a família do cliente do que com o próprio. Isso se deve à existência de uma idéia generalizada de que a conscientização dos problemas seja prejudicial. Por exemplo : um doente que está somatizando esconde uma forte problemática com a doença - problemática que ele está censurando. A família, por sua vez, ajuda o doente a se ver como vítima, alimentando ainda mais sua patologia. Deste modo, o indivíduo agride toda a família com sua doença e ainda passa por "bonzinho". Quando, através da análise, ele começa a perceber que na realidade não é nenhuma vítima de um processo infeccioso, de um câncer ou de bactérias, mas que está doente porque escondeu o seu ódio e inve ja muito intensos, passa automaticamente a perceber e denunciar o problema dos que o rodeiam. (26 ) A família entretanto deveria estar bem preparada para suportar e aceitar a "mudança", pois o pacto de alienação é sempre rompido quando o indivíduo começa a fazer análise. Da mesma forma 26
É muito comum uma pessoa, que se submeteu a uma operação cirúrgica, começar a apresentar fortes desvios de personalidade, chegando muitas vezes a surpreender seus familiares com tão repentina "mudança". Nada foi mudado; o que ocorre é que o tumor, por exemplo, estava escondendo uma personalidade psicótica.
como ele principia a ver nele mesmo a verdade, assim também vai-se tornando mais sincero com aqueles que o cercam. Geralmente os principais traços do doente são : inveja, narcisismo, egocentrismo, arrogância, intransigência, dependência, preguiça, muito ódio, agressividade e falsidade - e principalmente um problema diretamente relacionado com Deus. E tudo isso é acobertado por uma doença qualquer. A família prefere conviver com um canceroso a ter de lidar com a consciência de todos esses aspectos psicopatológicos, que no fundo são os mesmos que atormentam o interior de cada um. Como exemplo, podemos mencionar o caso de um pai muito autoritário e perfeccionista que preferia que seu filho de dezoito anos tivesse uma úlcera estomacal a ter de se ver espelhado no mesmo. Depois de algumas sessões de análise do rapaz, o pai queixou-se de que o filho havia ficado pior, pois passara a ser "intransigente e agressivo com a família, causando muitos transtornos". Na verdade, o filho apenas começou a mostrar mais abertamente a enorme semelhança que tinha com seu pai, o que este censurava (problemática esta que com poucas sessões a mais pôde ser resolvida pela raiz). É comum as pessoas confundirem ver com ser, isto é, o que está escondido, camuflado, não existe para elas, e o que vem, à consciência, passa a existir. Atendi, certa ocasião, à jovem J. P., de 17 anos, portadora de leucemia, a qual submetia-se paralelamente a tratamento médico apropriado ao seu caso. Ao procurar-me, seu pai pediu-me que a preparasse para a morte, pois ela estava desenganada e com a doença em estado muito avançado. Comecei a atendê-la em três sessões individuais por semana e, após três meses de tratamento, a jovem teve uma recuperação inesperada. Seu médico, hematologista da Escola Paulista de Medicina, chegou a admitir a "remissão espontânea" da moléstia. Fiquei deveras surpresa e entusiasmada com sua melhora e com a notícia de que a jovem não precisaria mais se submeter às injeções tão doloridas na medula espinal (próprias do tratamento de leucemia). Paralelamente a esses fatos, J. P. começou a demonstrar um quadro altamente persecutório em relação A. minha pessoa e ao processo de análise, queixando-se freqüentemente ao seu pai de que eu a submetia a verdadeiras "torturas" nas sessões. Eu passara a representar o espelho algoz de sua vida, que lhe mostrava as barbaridades que ela estava cometendo contra si, pois ela era verdadeiramente suicida. Infelizmente, seus pais, muito ansiosos e também muito desequilibrados, cederam prontamente às pressões da menina e, malgrado meus pedidos em sentido contrário para tentar detê-los, alertandoos do perigo que representaria essa interrupção do tratamento, suspenderam suas sessões. Eu sabia que havia uma grande possibilidade de ocorrer o retorno da moléstia ou mesmo de iniciar-se um outro processo qualquer de somatização, pois a jovem tinha uma atitude fortemente destrutiva, a qual ela ainda não havia conscientizado. Pedi então A. minha secretária que telefonasse esporadicamente para se informar sobre a saúde da menina, e sua família sempre dava boas notícias, até que, certa vez, o pai, atendendo ao telefone, disse que sua filha havia falecido abruptamente de uma moléstia totalmente diferente da leucemia. Isto ocorreu cerca de nove meses depois que J. P. deixou as sessões de análise, e veio confirmar minhas suspeitas de que ela não havia desistido de sua intenção fortemente suicida e que voltaria à carga, como de fato voltou, só que desta vez de maneira fatal. Se naquela ocasião os pais tivessem sido um pouco mais equilibrados e não tivessem compactuado com a fuga de J. P., haveria uma enorme chance de se conseguir uma recuperação total da paciente. Quando a jovem começou a se queixar de "maus tratos" recebidos em seu tratamento, seus pais se identificaram com ela, pois também viam na conscientização de seus defeitos uma agressão. Esse é o famoso pacto familiar : uns acobertando os defeitos dos outros. É freqüente o paciente somatizado ficar muito "ofendido" com as interpretações. Ele acha muito
certo falar ou pensar as piores coisas sobre os parentes, os amigos e a sociedade. Mas, quando o analista começa a mostrar que aquilo que ele pensa dos outros nada mais é que uma projeção de si mesmo, ele reage imediatamente contra, e às vezes com violência. Ele se sente magoado na sua honra, ferido em sua imagem, e começa a odiar o terapeuta que lhe causou tanto "dano". É necessário então mostrar ao paciente que é justamente a rejeição que ele sempre fez à consciência de sua patologia (simbolizada agora pelo analista), que o fez cair doente: que o ódio que sempre teve à verdade, agora se manifestará na situação analítica transferencial. Certa ocasião, Dr. Keppe encaminhou-me uma senhora de 45 anos, bonita, elegante, de classe social bem elevada, muitíssimo gentil e cordial, que sorria de forma meiga na primeira consulta, quando me pediu auxílio para curar-se. Havia sido recentemente operada de câncer da mama e submetia-se a quimioterapia, mas dizia estar consciente de que aquele mal era proveniente de problemas psíquicos, e que, se não se tratasse destes, a moléstia não teria fim por ali. Iniciadas as sessões, começou a queixar-se muito de seu marido. Dizia que ele era bruto, estúpido, opressor, frio, e que a tratava muito mal e também o seu filho de doze anos. Por residir em outra localidade, havia se hospedado sozinha em São Paulo para realizar seu tratamento e estava decidida a separar-se do marido assim que retornasse à sua cidade. Pouco a pouco foi externando seu ódio contra ele e também muita inveja. Numa das sessões (fez ao todo dez sessões de análise), contou que o marido lhe havia telefonado e dito que ele e o menino estavam muito bem sozinhos e se relacionando otimamente; que ela não se preocupasse com eles e fizesse o tratamento tranqüila e sem pressa. Ela teve uma reação muito negativa, revelando sua enorme inveja do bom relacionamento que viu entre seu marido e seu filho. Decidiu abruptamente que queria voltar para casa, com o pretexto de resolver a questão do desquite (logicamente pretendia ficar com o filho único). Quando a interpretei, tentando fazê-la perceber que ela não queria se desquitar, mas sim voltar a agredir aos dois e estragar a paz e a felicidade deles, e que seu marido era o seu espelho, onde ela via sua própria frieza, agressividade e inveja, ficou furiosa. Deixou cair sua máscara de meiguice, fazendo surgir muito ódio em sua expressão. Naturalmente aquela foi sua última sessão de análise. Outro caso interessante foi o de uma senhora, filha de imigrantes italianos, que sofria de enorme mal-estar, enjôos, pressão baixa, fobias e depressão. Seu marido a trouxe para a análise, queixando-se de quão atroz tinha sido sua vida até então. Logo nas primeiras sessões individuais com Dr. Keppe, ela teve uma grande melhora, aliviando muito seu sofrimento, o do marido e o de toda sua família. Algumas poucas semanas após o início de seu tratamento, Dr. Keppe solicitou-lhe que começasse a participar das sessões de psicoterapia em grupo. Os outros pacientes, então, disseram-lhe a verdade que percebiam a respeito da atitude dela diante da vida: sua superfluidade, sua agressão ao marido e à família, à sociedade, sua inveja, preguiça, arrogância, etc. - o que normalmente é feito com todos os clientes em todas as sessões de grupo. Sua reação - ao contrário da maioria dos clientes - foi característica dos doentes mais graves : saiu indignada e foi queixar-se ao marido das "ofensas" dirigidas a ela pelo grupo. O marido, mesmo tendo visto uma enorme melhora em sua mulher, telefonou à secretária da clínica, no dia seguinte, avisando que "jamais imaginou que sua mulher precisasse passar por tamanho massacre e humilhações ; que ele não permitiria que ela voltasse a pisar nesse local onde fora tão agredida !..." - revelando o enorme pacto de máscara e alienação que mantinha com ela. Não é por acaso que existe o famoso ditado popular : "Dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és"...
39 - A Somatização no Processo Analítico A somatização também pode se manifestar como forma de resistência à conscientização na análise. No início do tratamento, se a pessoa faz muita censura para se ver como humano e se conscientizar de seus erros e prejuízos, pode empreender uma luta muito grande contra o que está vendo e dar início a sintomas como : resfriados, dores de cabeça e no corpo, crises de bronquite, e até mesmo provocar acidentes pessoais. A senhora L. M. era cliente do Dr. Keppe e iniciou sua análise com três sessões semanais. Após algumas semanas, teve uma crise de vesícula (anteriormente já tinha as pedras), e decidiu operarse, revelando assim uma forte rejeição ao convívio com a consciência de seus problemas (simbolizados pelas pedras). Após algumas semanas de convalescença, voltando às sessões, deu uma forte torção no pé esquerdo, tendo que enfaixá-lo. Tudo isso pode parecer acidental, mas a senhora L. M. sempre se teve em ótima conta. Desquitada, mãe de um único filho de 30 anos, veio procurar a análise porque se sentia desesperada. Após muitos anos, seu filho a deixara para ir viver com o pai. Sentia-se abandonada e injustiçada após "tantos anos de dedicação e desvelo"... Fazendo análise, começou a perceber que seu filho não teve outra saída a não ser afastar-se dela, pois era dominadora, agressiva e desagradável. A esta percepção, reagiu somatizando e retirandose por uns tempos para o leito de um hospital, onde esperava tirar férias de seus problemas. Ao retornar à análise, teve que perceber que sua doença fora uma fuga à consciência que tivera nas últimas sessões - então ao sair da clínica torceu o pé, o que usou como desculpa para faltar a mais algumas sessões. Outro caso muito interessante foi o de um cliente americano que Dr. Keppe atendeu em seu consultório em Nova York. Era um homem de 35 anos aproximadamente, que tinha o hábito de freqüentar analistas pelos menos durante a metade de sua vida. Ao ler o livro do Dr. Keppe, Glorification, identificou-se sobremaneira com todas as explicações ali dadas (sobre teomania, inversão, inveja, etc.). Disse que sentiu muita inveja do Dr. Keppe por ele ter descoberto tudo isso - assim tão simplesmente - ter dado uma explicação tão óbvia sobre a razão de ter sofrido sua vida inteira. "Prefiro continuar a pensar que minhas fantasias são reais, mesmo sabendo que não são, pois pelo menos elas são minhas", disse rindo ao fim de sua terceira sessão de análise. Nos dias que se seguiram, somatizou, sentindo fortes dores no corpo todo. (27 ) Entretanto, é importante que a pessoa permaneça firme em seu caminho de conscientização — pois esses sintomas não representam qualquer perigo, bem como tendem a desaparecer rapidamente, se analisados. São passageiros e superficiais e só ocorrem em casos raros, quando o cliente faz muita resistência ao que viu em si mesmo.
40 - Podemos Adoecer com a Agressão dos Outros? O leitor poderá perguntar: afinal, nós só adoecemos por nossa culpa, ou podemos adoecer por causa da agressão e inveja dos outros? 27
Note o leitor que, durante todos os anos de análise, esse cliente jamais cheg ou a to car realmente em sua problemática básica, permanecendo num pacto de alienação com seus psicanalistas.
Eu diria que a nossa responsabilidade vai além do que nós comumente pensamos. Nós não só temos que conscientizar e neutralizar a nossa própria doença, sob pena de nos matarmos, como também evitar a aproximação e o ataque de indivíduos muito agressivos e invejosos. Aquele que tem que conviver constantemente com um doentes mental, que passa a vida perseguindo, agredindo e perturbando a sua paz, terá sua saúde prejudicada. Isso por causa do clima de tensão e de defesa constante que se estabelece numa situação dessas. É muito frequente entre os casais, um ser tão "ciumento" (na realidade invejoso), que perturba a vida do outro com brigas, perseguições, implicâncias, caras feias — não raro colocando os filhos contra o mesmo. É fácil imaginar o estado trágico de tensão que se cria constantemente nesses ambientes. Mas eu pergunto : por que pessoas "boas" se casam com indivíduos tão doentes e endemoninhados ? Isso se explica da seguinte forma : se nós reprimimos a consciência da nossa patologia, não veremos também a dos outros, mesmo que esta seja em maior grau. Quando duas pessoas se casam, geralmente é porque querem estabelecer um pacto de megalomania. Os dois têm o mesmo objetivo: são dois "deuses" que se unem para criar uma vida à parte do mundo, quando não contra ele. Este " paraíso" não demora para se tornar o maior inferno. Logo começa o ataque mútuo, cobrando um do outro toda a felicidade que não possuem. Geralmente um funciona como o "pára-raios", absorvendo toda a descarga de ódio e inveja que o outro lhe desfere. É óbvio que nesta situação é mais fácil ter-se a resistência às doenças diminuída, pois toda energia é canalizada na defesa aos ataques do outro. Assim sendo, nós somos responsáveis por mantermos longe de nós os demónios humanos que sabemos que irão nos atacar. E isso exige um alto grau de amor pela verdade, de honestidade, de consciência e de firmeza que poucos possuem. Não poderemos jamais consentir num pacto com os doentes graves, tentando conseguir um bom relacionamento com eles, pois mais cedo ou mais tarde a sua inveja tornar-se-á tão intensa que eles virão contra nós. A tolerância, nestes casos, não surte resultado, pois só faz aumentar a inveja do doente, que age como um verdadeiro demônio humano. Dr. Keppe costuma dizer que estes indivíduos não são vencidos na briga pessoal, pois eles sempre têm um argumento preparado - assim sendo, temos que procurar neutralizá-los, sem entrar em confronto direto. 0 louco tem muita força na sua agressão e nesse campo sai sempre vencedor.
41 - Doença Psicossocial Muitas pessoas me perguntam se. as doenças decorrentes de situações artificiais de trabalho como os mineiros, por exemplo, ou por falta de condições mínimas de higiene e nutrição, dos países subdesenvolvidos, onde a promiscuidade é muito grande; ou ainda as doenças iatrogênicas (as causadas por médicos, remédios e hospitais) poderiam ser consideradas como causadas pela própria pessoa. Eu volto a afirmar: as doenças são causadas direta ou indiretamente pela teomania do ser humano. Por que chegamos a condições de vida tão caóticas, onde colocamos a luta pelo poder, pelo dinheiro, pelo sexo, como os principais objetivos de nossas vidas, relegando a plano tão inferior o cuidado com a saúde, a higiene, a alimentação? Por que o homem gasta tantos trilhões de dólares em armamentos para se defender da suposta ameaça do inimigo, numa total paranóia social, vendo no outro aquilo que está fazendo contra si mesmo e relegando a nível mais do que secundário as pesquisas científicas para o melhoramento
das condições de vida e salubridade na Terra? Por que muitos escondem fortunas em ouro e pedras preciosas debaixo da terra, nos bancos, enquanto os mineiros têm de viver, eles próprios, toda a sua vida trabalhando debaixo da terra para poder manter ricos os seus irmãos? Por que a humanidade se afastou tanto da verdade e da realidade, a ponto de não saber distinguir e controlar os vírus, bactérias, parasitas e elementos químicos, que são elementos muito mais simples e inferiores do que nós, portanto perfeitamente domináveis? O que não dizer então da atitude suicida de muitos que vivem tão próximo de locais sujeitos a terremotos, maremotos, vulcões - como é o caso de San Francisco e Los Angeles, que estão sobre a falha de San Andrews, na Califórnia, condenados a extinção dentro de pouco tempo? Assim também os loucos que poluem nossos rios, mares, ar, e acabam com nossa flora e fauna causando a morte a tantos semelhantes? Isso tudo se deve à teomania do homem, que, ao querer ser como um "deus", passou a agir como um demônio, criando o verdadeiro inferno na terra, impingindo uma existência sub-humana, cheia de privações, fome, doenças. Muitos chegam ao absurdo de culpar a Deus e a natureza por tal caos a que chegamos - e não à megalomania desenfreada do ser humano, que quer viver as suas fantasias custe o que custar. O homem quis exercer tanto domínio, até sobre Deus e a Vida, que passou a ser dominado por seres minúsculos como os vírus, por exemplo. Nós teríamos condições mais do que suficientes para uma vida extremamente saudável, praticamente sem doenças, com um desempenho psícofísico muito superior ao atual. Bastaria que nos voltássemos para o nosso interior e nos conscientizássemos de toda a teomania, ódio e inveja que temos contra Deus, contra a vida e nossos semelhantes (o que nos reduziu à condição de demônios humanos), para que retornássemos a viver com dignidade a maravilha para a qual fomos criados.
42 - O Perigo das Operações e dos Tratamentos Medicamentosos Samuel Hahnemann, famoso médico que viveu e trabalhou em Paris, criador da homeopatia, já afirmava no século passado : "... tratamentos violentos com drogas alopáticas não curam uma doença crônica, apenas suprimem os sintomas enquanto durar a ação dos remédios poderosos...; após isso, a doença crônica surge tão ruim ou pior do que antes". (28 ) Todos os doentes crônicos deverão concordar com isso, pois já passaram por essa experiência. E os médicos honestos também. Sabe-se agora que o sintoma (uma doença orgânica) tem uma causa interna, mas psicológica. Portanto, se esta raiz não for curada, o mascaramento ou remissão dos sintomas será muito pior. A doença orgânica voltará sob forma mais grave e a psíquica também. Assim também acontece com as cirurgias. Quando se remove um pedaço doente do nosso corpo, haverá um perigo ainda maior - o de a doença surgir num órgão ainda mais importante, afetando drasticamente o equilíbrio vital. Isso se não contarmos com a possibilidade de haver o desencadeamento de uma psicose - o que, aliás, é muito freqüente ocorrer. Tudo isto é agravado com o fato de que grande parte das operações é desnecessária e grande parte dos diagnósticos e das prescrições médicas é errada. No livro A Decadência da Medicina, Dr. José Casseb fazendo referência às operações ginecológi28
Hahnemann, Samuel. "Organon Medicine". New Delhi - India, B. Jain Publishers, 1979.
cas (esterectomias) diz o seguinte: "Se a suspeita, nos Estados Unidos é de que 80 a 90% das 690 mil operações previstas seriam desnecessárias, isso indica que entre 552 mil e 621 mil mulheres seriam operadas inutilmente, apenas por interesses comerciais, ou seja, por sadismo (29 ). E, no livro, El Orden Canibal, Vida e Muerte de la Medicina de Jacques Attali, há o seguinte trecho : "... um estudo efetuado em Quebec, segundo o qual foi estimado que 58,5% dos médicos fazem um protocolo incompleto de investigação diagnóstica e que 44,1% recomendam unia terapêutica inadequada" (30 ). Assim sendo, notem os leitores que não somente a visão da etiologia das doenças é errada, mas também o seu tratamento, existindo ainda um alto índice de incompetência e desonestidade que agrava sobremaneira a situação caótica das terapêuticas organicistas.
43 - Quem é o Verdadeiro Médico de Almas? Os únicos profissionais devidamente capacitados para o tratamento dos males anímicos (doenças causadas por problemas emocionais) são as pessoas que, tendo um profundo conhecimento da sua própria problemática psicológica e munidas de grande afeto e honestidade, propõem a ajudar seu paciente a conscientizar sua patologia, para que, através deste caminho, consiga uma realização com a verdade e sanidade que existem no seu interior. Esta religação, que podemos chamar de uma verdadeira Medicina da Alma e do Corpo, só estão aptos a conseguir os indivíduos que se religaram a Deus através de uma opção pela humildade e pela consciência de seus erros e problemas. Por isso, é inútil o psicanalista ser portador de títulos, cursos doutorados, etc., etc.; pois a racionalização é mais própria dos indivíduos arrogantes, que não conseguem jamais guiar seus pacientes pelo caminho da conscientização, que é a cura. Como levar alguém a aceitar a consciência de seus defeitos ,sua doença, sua loucura, se ele próprio não se admite com problemas e, não raro, é mais desequilibrado do que o seu paciente? Dr. Keppe costuma dizer que o melhor psicanalista é aquele que se vê mais doente do que seu cliente - pois nesta atitude está sempre humilde, questionando-se sobre qual é a melhor forma para poder aliviar o sofrimento de seu semelhante. O arrogante é frio, sem afeto, e trata do cliente como um objeto : intransigente, agride a consciência que seu cliente lhe traz e provoca, com freqüência, um aumento da censura do doente, aumentando seu sofrimento e, também, seus sintomas patológicos. Quando Dr. Keppe trabalhava no Hospital das Clínicas, notava que por parte de alguns professores era maior o desejo em defender seus interesses profissionais do que realmente fazer ciência verdadeira com a obtenção de bons resultados junto aos clientes. Era freqüente os doentes terem enorme recuperação com a Psicanálise Integral e, não raro, com apenas sessões de psicoterapia de grupo. Dr. Keppe chegou a atender 80 clientes, numa dessas clínicas ; nas primeiras semanas 60 obtiveram completa recuperação, sem o uso de qualquer medicamento. O que se passou a seguir é causa de espanto, mas é expressão dos verdadeiros absurdos que acontecem em muitos hospitais e comunidades científicas do mundo : o chefe da referida clínica pediu ao Dr. Keppe que interrompesse seu trabalho, pois sua cadeira da Faculdade de Medicina, 29
Casseb, José S. e Neto, José Ortiz - pág. 74 - Proton Editora Ltda., SP - Brasil, 1977. Attali, Jacques - El Ordem Canibal - Vida e Murete de la Medicina - pag. 210 - Editorial Planeta. S.A., Barcelona. Espanha, 1981. 30
seus alunos, dependiam destes doentes para existirem. Como fariam eles sem pacientes para suas pesquisas, aulas e orientação alopática de tratamento médico tradicional ?... Assim sendo, não é possível vincular o exercício de trilogista (psicanalista integral) a uma profissão ou "status acadêmico". O trilogista não deverá se submeter a qualquer espécie de legislação profissional que seja regulamentada por órgão do governo, ou instituições. Trabalhar com a verdade exige uma atitude ética interior do profissional que atende e jamais algo externo, uma máscara. Portanto, dependendo de certas circunstâncias, um indivíduo sem títulos universitários poderá ser melhor médico de alma do que um doutor, cheio de diplomas e especializações.
44 - A Medicina do Terceiro Mil ênio Existe um prognóstico, que não é difícil de ser confirmado pela lógica, de que o homem do terceiro milênio terá obrigatoriamente de se voltar para a consciência, ou seja, o ser humano, sob pena de extinguir a vida do planeta terra, precisará começar a admitir a percepção de sua patologia, que é a negação que tem feito até hoje à Verdade (Deus), e tratar seriamente dela. Não é somente a medicina tradicional que está em decadência, mas todos os sistemas criados pela teomania do ser humano - o religioso, o filosófico, o econômico, o pedagógico, o social, o legal, etc.... O médico imaginou que poderia ser como um deus, que daria vida e saúde ao seu paciente, querendo ignorar as leis anteriores a qualquer descoberta médica, que dão vida e mantêm a saúde do homem, e que independem da sua interferência. Para isso, a Medicina segue uma filosofia platônica, totalmente errada, tentando explicar as doenças e a saúde como independentes da alma humana, vendo causas e soluções em seu corpo. O resultado foi que a verdadeira fonte, a verdadeira causa do problema foi rejeitada e inconscientizada, ou seja, o homem começou a adoecer e a morrer (originalmente foi criado para viver eternamente com seu corpo) depois que negou a Deus pela primeira vez (pecado original). É pelo mesmo motivo que isso ocorre até hoje. Portanto, se nos conscientizarmos da negação, omissão e deturpação que fazemos da realidade e de Deus, conseqüentemente respeitaremos a realidade do nosso corpo, permitindo que ele funcione harmoniosamente, aliviando nossas dores e estendendo ao máximo nossas vidas. Precisamos perceber que todas as fantasias e teorias que criamos estão caindo por terra, pois tudo o que se faça sem levar em conta a espiritualidade do homem, sem vê-lo como um ser eternamente ligado ao seu Criador, está fadado ao insucesso. Assim sendo, o terceiro milênio será a Era da Consciência, pois haverá um grande domínio da verdade em todos os campos do conhecimento - e isto já foi iniciado em vários pontos da Terra - a busca da verdadeira espiritualidade. Dr. Keppe percebeu que não pode haver uma verdade no campo da filosofia, uma da teologia e uma da ciência. A verdade deveria ser uma só para o médico, para o religioso e para o filósofo. E não tem sido. A humanidade está esquizofrênica, partida, dividida entre si, cada qual com uma "verdade relativa" aos seus interesses e fantasias. A sociedade é o espelho do interior do homem e, enquanto não houver a unificação (não a síntese) proposta genialmente pelo Dr. Keppe, através da Trilogia Analítica, não haverá condições de sobrevivência na face da Terra. Através da ciência, pode-se saber se uma teoria está certa - devido aos resultados. A experimen-
tação lida com dados, com fatos observáveis, e Dr. Keppe conseguiu formular uma impressionante metodologia, que obtém resultados incríveis dentro da cura dos males orgânicos que assolam a humanidade e abatem um número tão grande de vidas, além da cura de neuroses e psicoses. Existe um preconceito muito grande por parte de médicos e cientistas positivistas em aceitar uma metodologia de tratamento de doenças físicas somente com o uso da palavra. O materialismo e desonestidade científica têm atrasado demasiadamente o progresso da Medicina. O comprometimento com interesses econômicos, sociais, com a mentira e, por que não dizer, com o próprio demônio, tem arrastado desnecessariamente o sofrimento do homem, muitas vezes agravando seus males, ao invés de aliviá-los. Já existe um grande número de livros escritos por pessoas honestas, que alertam a população para os grandes males causados por médicos, remédios e hospitais. Porém, nada havia sido descoberto que obtivesse bons resultados para se colocar no lugar do que estava sendo feito. E grande parte da culpa desta situação vergonhosa, onde uma grande percentagem de doentes é medicada sem necessidade e se submete às operações desnecessárias, cabe ao próprio povo, que prefere sofrer de uma doença física, encharcar-se de remédios, mutilar seu corpo, a ter de admitir o quanto tem de louco. É fato que há muitos aspectos na Medicina que são altamente válidos, como, por exemplo, a traumatologia, a anatomia patológica, a ortopedia, os serviços de pronto-socorro bem como toda a maneira de preservar a vida e a saúde do ser humano. O homem adoece por sua negação à Verdade mas, se grande parte da humanidade é muito desequilibrada, há fatalmente um grande número de doentes que precisam de serviços de emergência. Por exemplo, uma pessoa que se acidentou precisa de socorros médicos para se salvar. Mas precisa analisar o porquê do acidente, para que isto não ocorra novamente. Assim, é importante que toda a humanidade vá, pouco a pouco, se conscientizando da luta que em preende contra a consciência, para que diminuam suas doenças e acidentes até um índice insignificante. Deste modo, a Medicina seria uma especialidade que trataria de casos excepcionais, pois, na realidade, a maior parte de suas atividades tem sido inútil, e até prejudicial. Entretanto, para que isso se realize, tem de haver uma grande mudança de mentalidade, tanto da parte dos médicos como da população. Quando houver a percepção, por parte desta última, do enorme benefício que terá, se abandonar sua teomania, seu desejo de ser deus, fazendo sua vida à sua maneira, trocando tudo isso por uma atitude de humildade e aceitação de Deus, certamente romperá o pacto que tem com médicos, remédios e hospitais. Quando Cristo curava doentes, demonstrando ser o maior cientista que a humanidade jamais viu, afirmava que todo o mal, inclusive o do corpo, vinha do interior do homem, ou seja, das másintenções, inveja, ira, libidinagem, mentira, arrogância, vaidade etc., e ensinou assim à humanidade o mais profundo conhecimento científico, o qual pode atualmente ser melhor compreendido através da Trilogia Analítica. A grande maioria de clientes que se analisam pela Trilogia Analítica não necessita de cuidados médicos. As operações tornam-se totalmente desnecessárias e também o uso de medicamentos. Como poderá toda a indústria médica, farmacêutica e hospitalar aceitar algo que praticamente acabaria com sua existência? por isso que, no início, existiu um grande antagonismo por parte de alguns médicos - os mais desonestos - no sentido de sabotar os trabalhos do Dr. Norberto Keppe, a começar no Hospital das Clínicas. Mas, como a verdade é mais forte, acaba por vencer e, atualmente, um grande número de médicos submete-se à análise para curar suas doenças e as de seus clientes. No futuro, o curso de Medicina deverá ser reformulado, explicando-se as devidas causas das doen-
ças humanas, bem como a verdadeira maneira de se curar um doente. Note o leitor que isto não poderá ser atingido a menos que o médico proceda a uma grande mudança em seu interior, pois se ele não for altamente espiritualizado, se não tiver uma grande consciência sobre sua própria patologia, não conseguirá curar ninguém. Deste modo, o médico de hoje será o trilogista de amanhã : que unifica em si a verdadeira ciência, a correta filosofia de vida e a genuína espiritualidade. E isto será possível graças ao brilhante trabalho do trilogista Dr. Norberto R. Keppe, que nos deu a possibilidade de ultrapassarmos uma enorme barreira e retomarmos o fio da meada que levará o homem de volta à ciência infusa, que existe, embora negada e inconscientizada, em seu próprio interior.
DEPOIMENTOS Alguns clientes da SITA, ao saberem que eu estava escrevendo este livro para levar ao conhecimento do público a aplicação da Trilogia Analítica na psicossomática, fizeram questão de dar seu testemunho pessoal para encorajar mais pessoas a romperem o pacto com os métodos tradicionais de tratamento e também a se beneficiarem com a cura através da Consciência. Assim como eles se curaram de tantas doenças, o leitor também poderá conseguir o mesmo, conscientizando-se das descobertas científicas formuladas pela Trilogia Analítica. Vários doentes obtiveram curas surpreendentes somente com a leitura dos livros : A Libertação, A Glorificação, A Medicina da Alma, do Dr. Keppe. ..Se este livro puder auxiliar na cura de um leitor somente, já me darei por satisfeita.
1º Depoimento: Dr. Jos é Casseb Um dos casos mais interessantes de cura, através da Trilogia Analítica, foi a de um paciente do Dr. Norberto R. Keppe que atualmente é trilogista e trata de seus próprios clientes com a mesma metodologia pela qual foi curado, auxiliando um grande número de pessoas. Ele se encontra à disposição para qualquer esclarecimento na Sociedade Internacional de Trilogia Analítica e escreveu o depoimento que se segue. "Meu nome é José Elias Chen Casseb, nasci aos 24 de janeiro de 1926, em Belém, do Pará, um estado do norte do Brasil. Fui doente desde os seis anos de idade. Lembro-me de que na primeira consulta médica que fiz nessa ocasião, com um professor da Universidade de Medicina de Belém (PA), foi diagnosticado meu mal como sendo da vesícula. Procurei seguir criteriosamente a orientação que recebi, e os remédios receitados só agravaram o meu estado, piorando muito. Aos 11 anos, comecei a ter sintomas de medo e nervosismo. Os médicos receitaram-me calmantes e fortificantes, o que acabou por me tornar um incapaz para os estudos. Durante muitos anos andei nas mãos de especialistas e professores de medicina, que me foram receitando, entre outros medicamentos e terapias, calmantes, hormônios, cálcio, glicose, vitaminas, proteínas, bismuto (sem ter adquirido sífilis). Os remédios provocavam efeitos colaterais, que eram altamente desagradáveis ; eram líquidos, comprimidos, cápsulas e injetáveis no músculo e na veia.
No decorrer desses anos, as doenças foram se agravando e os sintomas aumentando ; passei a sofrer de faringite, laringite, tonturas, reumatismo, diarréia, pressão alta, opressão na região toráxica, hemorróida (da qual fui operado) com reicidiva, e constrição na caixa craniana (capacete neurastênico). Aos 46 anos, sentia forte depressão, tristeza, já estava então com psicose maníaco-depressiva. Os diagnósticos eram controvertidos, e os medicamentos diferentes, e jamais conseguia qualquer melhora. Pelo contrário : dia a dia eu piorava. Era tamanho o meu desespero para me curar que até resolvi fazer o curso de Medicina para ver se conseguia o meu intento. Certo dia, numa conferência na Universidade (onde cursei os cinco anos completos), ouvi falar sobre um psicanalista que trabalhava em São Paulo e que conseguia resultados surpreendentes. Imediatamente mudei-me para São Paulo para fazer a última tentativa. Iniciado o tratamento, em seis meses desapareceram todos os sintomas acima citados, sem o uso de qualquer medicamento. Atualmente, após 11 anos, com 57 anos completos, gozo de excelente saúde, inclusive trato de meus pacientes com a metodologia que aprendi com o Dr. Keppe - a Trilogia Analítica - obtendo resultados surpreendentes."
2º Depoimento: S. L. M. "Tenho 29 anos, sou casada, residente em S. Paulo. Faço análise integral individual com a Dra. Cláudia Bernhardt S. Pacheco, e não tomo qualquer espécie de medicamentos. Antes disso, sofria de sérios problemas orgânicos dos quais estou totalmente curada. a) bronquite asmática - sendo que minha primeira crise foi aos cinco meses de idade. Conforme disse meu pai, a primeira crise foi logo em seguida a um grande susto ("trauma", segundo ele), quando minha mãe, numa crise de ciúmes e inveja, tentou balear meu pai e eu me encontrava dormindo no recinto onde ocorreu o fato. Durante 24 anos, sofri de constantes crises, e residindo no interior de Mato Grosso do Sul, meus pais por várias vezes acreditaram que eu não poderia sobreviver por falta de recursos médicos. Foi experimentado todo tipo de tratamento, desde receitas caseiras, tratamentos alopáticos, psiquiátrico etc., sem resultados. Houve ocasiões em que eu andava com a receita médica na bolsa, pois as crises vinham constantemente, e eu tinha de entrar na primeira farmácia que encontrasse para tomar injeções e fazer inalações (foi-me receitado aminofilina) . Quando não encontrava alívio, era internada para aplicação de soro, repouso e ingestão de calmantes. Usava constantemente aerolin ("bombinha"). O constante cansaço e a falta de ar impediam-me de praticar esportes (natação, corrida), e era muito angustiante a constante preocupação em viagens, passeios longos, pois a crise poderia vir a qualquer momento. Somente pela análise é que pude perceber a incrível rejeição que fazia à realidade, à vida e às coisas boas que poderia usufruir. Através da percepção de que era eu quem rejeitava a realidade, a verdade, a beleza da vida e principalmente Deus; de que era uma atitude minha e que eu não era vítima do ambiente familiar, é que recuperei a saúde. Isto ocorreu com três meses de análise, duas sessões por semana (atualmente faço três). Além de bronquite, sofria de outras doenças, todas elas sempre decorrentes do meu problema de
rejeição e ódio à vida. b) Otite crônica - com necessidade inclusive de punção. Esta doença teve início - é incrível eu verificar agora - ao entrar na adolescência, numa fase em que tudo o que meus pais diziam eu não queria ouvir. Aos 16 anos, meu pai levou-me para tratamento psiquiátrico, pois dizia que eu era muito rebelde, fazendo sempre o contrário do que eles me falavam. Submeti-me ao tratamento por seis meses, tomando Mandrix, Reativan e Psicosedin. A ingestão desses medicamentos não resolviam ; pelo contrário, eu ficava sem reflexos, com o raciocínio lento. Prejudicou-me na escola, pois eu não conseguia assimilar nenhum ensinamento. Em casa, distanciei-me das pessoas, não conseguia manter diálogo, e precisava do auxílio de minha mãe para fazer as coisas mais simples. Meus pais, vendo que de nada adiantou tal tratamento, e que, ao contrário, só estava me prejudicando, suspenderam-no por iniciativa própria. Então passei a uma fase de muita dificuldade para dormir, pois me havia habituado aos medicamentos. c) problemas ginecológicos - que iniciaram logo após meu casamento. Tinha corrimento vaginal constante (sem etiologia conhecida). Os constantes tratamentos e o uso de óvulos sempre faziam com que eu tivesse de passar períodos sem relacionar-me sexualmente. Ocorreram-me cinco abortos "espontâneos", sem explicação médica. (Alguns diziam ser problema de hipotireodismo, mas o exame de T-3, T-4 deu negativo.) Submeti-me a vários exames sem nada constar. Em junho de 1978 fui ao ginecologista, pois sentia dores da região pélvica, e o médico nada constatou. Em 10 de julho de 1978 fui internada com gravidez tubária octópica rota (eu estava rio início da terapia integral). Logo em seguida engravidei novamente, mas aí foi diferente. Tive uma gravidez tranqüila e bem sucedida. Hoje tenho um filho de três anos e meio, que também se submete à Análise Trilógica. d) problemas dermatológicos: 1) acne. 2) alergia a insetos, produtos de limpeza e metais (bijouterias). e) obesidade - meu peso constante era de 64/68 kg (tendo eu 1,56m de altura). Eu vivia fazendo regimes e sem resultados. Estava sempre angustiada e faminta. f) relacionamento social - sempre tive sérios problemas de relacionamento social, sendo muito agressiva. Hoje vejo que, devido a um forte pacto familiar, isto era incensado, alegando que a "sinceridade" com que eu investia contra as pessoas, parentes e amigos, fosse algo saudável. Sempre diziam: M. fala tudo o que pensa." Sempre fui extremamente tensa, angustiada e incrivelmente agressiva, com uma carga de ódio a tudo que é belo e amigo. Para não ouvir a verdade, ver o que é belo e sentir a vida, tive atitudes de extrema rejeição, manifestada organicamente (otite, abortos, alergias e bronquite). Revendo minha vida hoje, sinto-me emergindo do inferno do ódio, rejeição e agressão, para a maravilha que é viver no afeto, na amizade, e poder desfrutar da extrema alegria que somente é permitida pela visão que as descobertas do Dr. Norberto Keppe e Dra. Cláudia Pacheco nos proporcionam, que é simplesmente a de usufruirmos o que Deus nos deu e quer que tenhamos : a bondade, a beleza, a verdade. - enfim, a nossa felicidade.
3º Depoi Depoiment mento: o: Sra. T. T. N. Desde a mais tenra idade, eu já tinha sérios problemas de ordem emocional; exemplo : medo de cemitério, da noite, de quase todas as pessoas, e do sexo. Este medo, na maioria das vezes, vinha à noite, e provocava grande conflito e inferno. Aos dezenove anos, tive as primeiras crises convulsivas, que me levaram a procurar um neurologista ; fiz um eletroencefalograma, o qual acusou uma lesão cerebral. Disse-me o doutor estar eu com sério problema de epilepsia, e que precisaria fazer um tratamento com o medicamento Comital L, e não mais precisaria voltar, tendo que tomar esse remédio até os meus últimos dias, pois, segundo ele, a doença não tinha cura. cu ra. Casei-me aos dezenove anos e tive dois filhos. Foram os piores anos da minha vida, não me relacionava com ninguém, nem mesmo com meu marido, o que veio provocar, mais tarde, uma separação. Quando nasceu meu segundo filho, tive que fazer vários tratamentos na parte ginecológica, resultando várias cirurgias. Sem resultado, procurei um professor e Diretor da Santa Casa, pois já estava com grave problema nas vias urinárias, tratamento este que foi muito longo. Meu marido resolveu ficar sócio de dois Hospitais, porque toda semana recebíamos a visita de uma ambulância. \ Já desanimada com todos esses tratamentos, procurei por um psiquiatra, cujo tratamento era feito em sessões e à base do tranquilizante Valiun. Fui dispensada das sessões. Nesta altura dos acontecimentos, aco ntecimentos, eu já estava tomando dose excessiva de Comital L, e não queria qu eria mais viver, tendo tentado até o suicídio. Fui internada para fazer sonoterapia era a "única forma de parar com os remédios" ; na época tinha fortes dores de cabeça, que me levavam a tomar de dois a quatro comprimidos de Doloxenia por dia. Numa outra clínica, fiquei f iquei internada vinte dias, dias , porém não me sentia sen tia bem. Resolvi saber s aber quais os medicamentos que estava tomando. Qual foi a minha surpresa em saber que o medicamento era Gardenal. Saí da clínica, mesmo sem alta, desolada com a situação, e fui para casa à espera da morte, era só o que pensava e via o suicídio como única solução. Procurei a clínica do Dr. Keppe, sem esperança de vida. Comecei um novo tratamento, e com apenas dez dias de análise não tomava mais nenhum medicamento, nem mesmo para dores de cabeça. Depois de algum tempo, sentia-me outra pessoa, trabalhando melhor, com saúde, e sem doenças físicas. Sou grata ao Dr. Keppe, à Trilogia Analítica, ao meu analista, Dr. Casseb, e às pessoas do grupo de que participo. Graças a estas pessoas, deixei para trás doutores, psiquiatras, medicamentos, seitas religiosas, para viver a vida com saúde, felicidade e paz, somente com a análise.
4º Depoimento: V. B. M. J. No dia 29 de março de 1982, iniciei a análise. Quando inicie o tratamento, eu estava com os seguintes problemas de saúde : Tinha o intestino muito preso e só funcionava à custa de medicação. Tomava laxantes todas as noites e pela manhã. Em conseqüência fui acometida de hemorróidas e submeti-me a uma cirurgia, sem solução. Após algum tempo de análise, tudo ficou completamente resolvido.
Outro problema muito sério era o de alergia : espirrava constantemente. Em conseqüência dos es pirros tive um dos tímpanos perfurados e submeti-me a uma cirurgia de timpanoplastia. Tomei todo tipo de vacinas e, mesmo assim, o problema perdurava. Após algum tempo de análise, os espirros desapareceram. Tinha pedras na vesícula e estava para ser operada. Toda semana eu era obrigada a tomar uma dose de: novalgina - plasil e xantinon B12 para tirar as fortes cólicas que sentia. Vivia constantemente com dor de cabeça. Qualquer aborrecimento era seguido de fortes crises de vesícula. Depois que fiz análise, até esqueci que tenho vesícula. Quando iniciei a análise, tomava antidepressivo, pois tinha crises fortíssimas de "depressão". Tomava 2 comprimidos por dia de Tofranil de 25mg e para dormir tomava todas as noites um Deptan de 3mg. Eu estava cansada de tantos remédios e da obrigação de todos os meses' consultar médicos e comprar os remédios. Graças à Trilogia Analítica, consegui libertar-me de todo problema de saúde, além de ter conseguido colocar minha vida familiar em ordem.
5º Depoi Depoiment mento: o: C. G. G. M. Desde criança, sempre fui muito doente. Até os seis ou sete anos, tive desidratação, hepatite e constantes resfriados. Eu era muito magra e tinha freqüentemente problemas inflamatórios na garganta. Depois de ter sido operada das amígdalas, comecei a ficar cada vez mais gorda até que, na adolescência, iniciei um tratamento para emagrecer, voltando sempre a engordar, quando parava de tomar os remédios. Durante algum tempo, fiz tratamento para a tiróide tendo ido para os Estados Unidos; lá tomei remédios americanos e permaneci três meses sem obter nenhuma melhora, pelo contrário; voltei ainda mais gorda. Sofria também de prisão de ventre, tinha gases e dores de estômago ; aliás, já acordava sentindo dores. Tive também sistite quando era criança e, antes de fazer análise, os problemas de secreção vaginal eram constantes. Com a idade aproximada de dezessete anos, comecei a apresentar sintomas de asma ; e à noite tinha dificuldades de respiração. Fiz então um tratamento no Hospital Oswaldo Cruz, onde tinha que ir uma ou duas vezes por semana utilizar um aparelho especial e, principalmente à noite, tinha que usar uma espécie de bombinha para respirar. Na mesma época, tive começo de sinusite e tinha também insônia. Aos 19 anos, fiz um tratamento psiquiátrico onde solicitaram um eletroencefalograma, e constatou-se uma disritmia paroxística. Há mais ou menos 5 anos senti-me muito cansada e não tinha fôlego nem para caminhar pequenas distâncias, fui a um médico e ele diagnosticou extra-sístole. Pouco tempo depois, comecei a fazer análise com o Dr. Keppe e, mesmo sem que fosse preciso falar dessas doenças nas sessões individuais, fui me curando de todas elas. Hoje, após 4 anos, sinto-me muito bem fisicamente. Nunca mais precisei pre cisei ir ao médico ou tomar qualquer medicamento e raramente fico resfriada. resfr iada. Não tenho mais nenhum problema respiratório ou de secreção vaginal. Não sinto mais dores de estômago e agora os intestinos funcionam normalmente. E, com relação à tiróide e à obesidade, a cura veio rapidamente. Poucos meses após o tratamento, emagreci e nunca mais engordei. Atualmente sinto-me muito bem, como de tudo e posso mesmo confessar que, às vezes, até me excedo na alimentação, mas não engordo mais.
SEGUNDA PARTE A METODOLOGIA DA TRILOGIA TRIL OGIA ANAL ANA L ÍTICA: TÉCNICA DE INTERIORIZAÇÃO Nos capítulos que se seguem, procurarei dar uma idéia ao leitor de como a Trilogia Analítica trabalha na prática de atendimento dos clientes, ou seja, a metodologia criada pelo Dr. Keppe: a técnica dialética ou a interiorização.
1 - A Técnica Técnic a Dialétic Dialética a da Tril Trilogi ogia a Analítica - Como Trabalhar com a Teomania Como devemos nos conduzir com pessoas que nos procuram para tratamento de suas doenças quer psíquicas, quer psicossomáticas, ou mesmo para um aprimoramento de suas existências nos campos afetivo, social, profissional, religioso, etc.? Algumas linhas de psicoterapia (principalmente a psicanálise) acham que devemos nos fixar nos aspectos negativos, enfatizar a visão da doença, vendo o indivíduo como um condenado de suas tendências más, destrutivas, num fatalismo pessimista, o que não surte resultado. Outras preferem trabalhar com o que é "bom" no homem, incentivando-o a cultivar suas qualidades, vendo na conscientização da patologia algo negativo, que o levaria à depressão e sentimentos de inferioridade. Essa visão conduz o cliente a uma alienação muito grande, piorando seus problemas. Tanto a primeira abordagem como a segunda são parciais. O homem é dialético em suas atitudes, fato que precisa constantemente ser conscientizado para um crescimento completo. Dr. Keppe considera que o homem é originalmente são e que se deturpa pelo uso errôneo de sua vontade. Ou seja, o que existe de real no homem, sem a sua interferência, é bom, mas, pela negação, omissão ou alteração que faz a essa condição, através de sua vontade, elabora uma dialética errônea em sua mente (realidade e fantasia), o que o adoece. Dr. Keppe notou que a realidade básica do indivíduo é a sanidade, mas que efetivamente altera essa sanidade com sua atitude errônea. E é essa atitude que deve ser trabalhada no processo terapêutico, sempre mostrando à pessoa que ela não sofre de uma doença, mas que está deteriorando a beleza de sua existência com uma atitude doentia, isto é, o ódio, a rejeição, a inveja, a preguiça, a agressão - que são atitudes de negação ao afeto, à beleza, ao trabalho, à realização, à consciência que existem em seu interior. E nesse ponto há uma diferença básica entre as outras psicoterapias e a Trilogia Analítica: o fator vontade. Pela vontade podemos negar nossa sanidade, que nos foi doada, e trocamo-la por nossas fantasias, que são criação nossa e que nos adoecem. Pensar que temos uma base doentia (posição de vítimas) é muito diferente de saber que nossa doença é a atitude de rejeição à conscientização e à sanidade (posição ativa). O conceito de doença em medicina não é diferente do da Trilogia Analítica : só pode haver doença onde existe saúde. Logo, não são naturais os maus sentimentos ou instinto de morte, tendências ou pulsões doentias, etc.. O trabalho analítico não pode ser o de "ensinar" uma conduta sã, nem de formular normas de com-
portamento, nem de desenganar a pessoa num fatalismo trágico, mas de conscientizá-la da atitude patológica que está adotando em detrimento próprio. Entretanto, não poderemos ter nenhuma sanidade na conduta se não tivermos contato com a sanidade interior. Cabe ao psicanalista a tarefa de propiciar este contato. Sempre que um paciente nos procura, está profundamente angustiado por pensar que tem de se . modificar, "trocar" coisas de sua vida, acreditando que fará sua sanidade de acordo com sua conduta. O existencialismo diz que a essência depende da existência - logo, a conduta que adotamos determinará a nossa realidade. E essa posição imanentista e teomânica de "criadores da verdade" causa-nos profunda angústia. A coisa mais difícil para um psicótico ou neurótico é abandonar a idéia de querer mudar as coisas e passar a aceitar o que já existe, e trabalhar com isso. Porém, quando percebe que a realidade já está toda pronta, grandiosa e bela, e que nada podemos acrescentar a ela, mas somente captá-la e usufruí-la, imediatamente se tranqüiliza, pois tira de suas costas um enorme fardo posto ali por ele mesmo. Cessa todo aquele movimento de buscar algo que ele próprio não conhece, deixando aparecer sua sanidade que estava sendo escondida por essa atitude.
2 - Pela Inveja do Criador, Fazemos a Inversão: Vemos a Realidade (Criação Divina)como Ruim e Nossas Fantasias como Boas (Criação Nossa) Dr. Keppe explica essa rejeição a toda riqueza interna através de nossa inveja em relação ao Criador. Tudo o que possuímos, por Ele nos foi doado : inteligência, consciência, intuição, afeto, aptidões, todos os dons. Pela inveja, recusamos tudo isso, querendo em contrapartida fazer algo à nossa maneira, pela imaginação (e isso é a nossa teomania). Assim compreendemos o fato de vermos a vida de uma maneira tão pessimista. O doente imagina que, pela negação, poderá reduzir toda a maravilha do universo e da vida a algo sem sentido e trágico (pelo menos em sua mente assim o faz). "O mal sempre , vence" - este é o seu lema. Não percebe que a única coisa que consegue apagar é a si mesmo, dando com essa atitude maior ênfase ao valor da verdade e da saúde. Os doentes mentais parecem verdadeiros demônios, que, longe de serem brilhantes, são angustiados e apagados. O que querem fazer com a vida, fazem consigo mesmos.
3 - A Doença é a Dialética Errônea que Elaboramos p elo Uso Errôneo da Vontade Dr. Keppe diz que nossa doença advém desta dialética errônea que adotamos, ou seja, a do não se opondo ao sim (antítese e tese). Tudo o que existe por si, na realidade, é bom, são e verdadeiro (sim). Quando nos opomos a isso através da negação, omissão ou alteração da verdade, criamos as fantasias (não). E não pode haver combinação entre a doença (antítese) e a saúde (tese) para chegarmos ao equilíbrio (síntese). Este existe por si, e nós fabricamos o desequilíbrio quando recusamos a consciência desta dialética errônea, forjada por nós. Toda a orientação social e científica vem se baseando nesta dialética hegeliana, marxista e originalmente platônica, em conseqüência de uma atitude unilateral e doentia da humanidade. Aliás, típica dos esquizofrênicos,
maníaco-depressivos e dos doentes mentais mais graves. Não existem por si o ódio, a inveja, a preguiça, os maus sentimentos. Eles consistem na privação do amor, da consciência, da realização. A dialética da Trilogia Analítica trabalha sempre considerando como aspectos reais ou existentes por si os positivos, e os negativos como nossas fantasias.
4 - A Psicoterapia Trabalha com a Consc iência das Fantasias para Usufruirmos da Sanidade Como temos interiormente uma base sã, não precisamos nos preocupar em ensinar ao cliente o que é a sanidade. Isso dá uma grande tranqüilidade ao próprio analista, que não se vê mais como o doador da verdade do seu cliente. Essa posição muito pretensiosa nos tem sido igualmente muito onerosa. 'Dr. Keppe parte do princípio socrático de que a verdade está impressa no interior do homem e que, através do diálogo, vamos eliminando as idéias falsas até chegarmos a ela. Esse contato com a verdade dá-se através da intuição e da consciência e não só pelo raciocínio. A Trilogia Analítica trabalha com o óbvio, que todo. indivíduo abandonou por causa de sua teomania. Utilizamo-nos muito da intuição (que está ligada ao sentimento), pois a teorização na psicanálise afasta mais o doente da sua realidade, fazendo-o enveredar pelas fantasias psicanalíticas. O cliente desvia a atenção de si mesmo para prestar atenção às explicações intelectualizadas, muitas vezes de entendimento impossível. É por isso que tantas pessoas vêem a psicanálise como dogmática (Karl Jaspers é um exemplo), onde o cliente que se recusa a acatar tal dogma é visto como resistente. E mesmo Freud já citava a intelectualização como inimiga da conscientização. Algumas linhas analíticas vêm considerando a origem da problemática nos fatores inconscientes (Freud, Melanie Klein, Bion, Lacan, Reich) ; e outras dão maior ênfase às influências ambientais (Fromm, K. Norney e outros). Dr. Keppe dá ênfase à consciência. Mas não somente à consciência da patologia, e sim, principalmente, à consciência de Deus e da realidade, que é a Beleza, a Bondade e a Verdade (visão cósmica do mundo), conseguida através da interiorização. Todas as informações prestadas pela ciência, pela pedagogia, filosofia e religião não têm sido suficientes para abrandar o processo destrutivo do homem. Os estudos sociais, igualmente, em nada melhoraram a conduta desajustada da humanidade. As injustiças sociais proliferam, as guerras matam, a tensão mundial aumenta. Portanto, Dr. Keppe percebeu que a consciência dos problemas externos em nada nos ajudou para melhorar nossa situação de vida. Pelo contrário, isso nos tem levado a um aumento dos sentimentos persecutórios, vendo todo o mal como vindo de fora.
5 - A Interiorização é o Caminho da Cura É curioso o fato de que nunca encontrei nos melhores dicionários das línguas portuguesa, inglesa e alemã o termo interiorizar. Contudo existe o termo exteriorizar. Aí aparece claramente a intenção do homem de eliminar totalmente a visão de sua vida psíquica, projetando tudo de seu interior no ambiente. O aspecto mais importante do trabalho do Dr. Keppe, a chave principal da Trilogia Analítica, é o
processo de interiorização. "O homem interiorizado é o homem são." Chegamos através da ciência à mesma conclusão de Santo Agostinho e de Sócrates na filosofia. A beleza do corpo do homem, dos seus músculos, seu cérebro, seu rosto são reflexos muito apagados da perfeição que existe no interior. A beleza dos animais, da natureza, dos astros, do universo são uma pequena parte da beleza do ser humano. No nosso interior, além da Beleza, existe o Amor, que não existe na realidade externa. Por mais que tentemos, jamais nossa imaginação poderia atingir as delícias e a satisfação que a Sanidade interna nos traria se a aceitássemos completamente. A Trilogia Analítica desenvolveu uma técnica de interiorização que propicia este contato. Trata-se da técnica comparativa, onde cada elemento do inundo externo é transportado dialeticamente para o interior do homem. Desta forma, quando colocamos "os outros" dentro da vida psíquica do cliente, ele se acalma, reconhecendo o valor que tem em seu interior, o enorme mundo que tem dentro de si, amenizando a sua inveja. Se vemos o mal vindo dos outros, também o fazemos com o bem, invejando o que imaginamos não possuir. Mas se o reconhecemos em nós, logo nos acalmamos. A. partir do momento em que o homem começa a aceitar essa volta para si, então inicia-se a cura. E quanto mais faz esse movimento, mais se ampliam seus horizontes. O homem muito interiorizado chega a perceber coisas dentro de si que não existem correspondentemente no universo externo, pois o seu íntimo é o que há de mais perfeito em toda a criação. Se temos essa maravilha em nós, então por que não a usufruímos? Dr. Keppe explica essa recusa por ser o nosso interior o reflexo da beleza divina. A Sanidade que vemos dentro de nós não é nossa realização, e, diante de tanta grandeza e maravilha, cegamo-nos pela terrível inveja que sentimos daquele que nos presenteou com ela. Assim é que a humanidade passou a ver a vida como algo feio, penoso, sem sentido e angustiante, e o "papel" que representamos está longe de ser a expressão da nossa realidade interna. De seres feitos à semelhança de Deus, reduzimo-nos a assassinos, delinqüentes, doentes, angustiados.
6 - A Técnica Comparativa Solucionou muitos Problemas na Prática da Psicanálise e Favoreceu o Restabelecimento Rápido do Paciente Dr. Keppe notou que a pessoa que procura a análise nunca fala de si diretamente. Percebeu que, quando fala de si mesmo, mente ou, na melhor das hipóteses, conta sobre as fantasias que elabora a seu respeito. E que, quando fala de terceiros, aí sim revela-se, é sincera. Por este motivo passou a utilizar somente a técnica comparativa com a finalidade de obter melhor material para interpretação. O indivíduo precisa de um espelho para poder se ver como é, tanto no mundo físico como no psíquico. Nos outros métodos terapêuticos essa era uma dificuldade intransponível. Não havia meios de se poder tirar o cliente daquele círculo vicioso de falar o tempo todo sobre a imaginação que faz de si, numa verdadeira egolatria. Toda a interpretação que tomasse por base as informações fornecidas pelo cliente, a seu respeito, corria o risco de ser falsa e de reforçar sua alienação. O próprio cliente percebia que conseguia "tapear" seu analista, levando-o a concluir o que programara de antemão. O fato de haver uma teoria. pré-estabelecida e única como explicação da neurose favorecia a defesa do cliente, que passava a ter total domínio da situação, explicando tudo mas nada conscientizando sobre a sua realidade. Por outro lado, havia a dificuldade de se colher material para a interpretação adequada, pois o terapeuta precisava esperar várias sessões inteiras para que os dados se encaixassem em sua teoria.
Na Trilogia Analítica todo o material é aproveitado imediatamente, fornecendo-nos base para a interpretação de maneira segura e direta. Cada situação, cada fato é interiorizado como um reflexo daquele que fala. Essa é a maneira de se poder lidar com o cliente, por mais doente que ele seja, evitando aquela situação tensa e delicada de transferência, onde o analista passa a ser o maior centro de suas projeções. Esse fator, que tornava impraticável o tratamento de esquizofrênicos paranóicos, está agora superado pela técnica dialética, pois o analista representa a consciência ou o espelho do que se passa no interior do paciente. Aconteceu uma enorme simplificação do trabalho analítico. Atenção, intuição e equilbrio por parte do analista são os instrumentos necessários para uma análise com bons resultados clínicos. Através da técnica dialética ou comparativa, tudo o que o cliente fala retorna ao seu interior: assim a interpretação é baseada essencialmente no material trazido pele analisado. Deste modo, podemos dar as mais "fortes" interpretações sem criar uma reação de resistência ou hostilidade pessoal contra nós, analistas, o que se chamava de transferência negativa. Pela psicanálise freudiana, por exemplo, as interpretações geralmente são dadas com base na teoria do complexo de Édipo. Isto cria situações muitas vezes insolúveis e reforça o mecanismo de projeção do paciente. Com a Trilogia Analítica agimos diferentemente. Deixamos que o cliente fale bastante sobre nós, para em seguida voltarmos a interpretação para ele - pois na realidade ele falou de si o tempo todo, através de nós. Como exemplo, citamos o caso da cliente R. S., quando falava ao Dr. Keppe a respeito de sua forte oposição à análise e à pessoa dele. O diálogo foi o seguinte: K - O que a senhora acha de mim? R - Acho que o senhor fala coisas certas, mas é muito megalômano e se acha o dono da verdade. K - Então a senhora disse, através de mim, que, apesar de saber o que é certo, age de maneira megalômana e se acha a dona da verdade. Essa é a grande vantagem da técnica dialética : não importa o que a pessoa fale, de quem fale ou se o que diz sobre terceiros é certo ou não, pois tudo o que ela diz durante a sua sessão é sobre si mesma. Deste modo a dialética não tem fim, pois é inclusive o próprio processo de percepção do indivíduo, que, para o entendimento, sempre compara uma coisa a outra. Os outros são o nosso reflexo, e também o nosso corpo é o espelho psicológico. Podemos saber intuitivamente sobre nosso estado psíquico através do nosso físico. É assim que as pessoas somatizadas, com seu organismo avariado, revelam o adoecimento mental. Por exemplo : a dor de cabeça de caráter emocional é resultado de uma vaso-constrição periférica, impedindo que o sangue passe normalmente pelas artérias. Através da dialética, percebemos a força que empreendemos para evitar que a vida (nossos sentimentos e pensamentos) flua naturalmente em nossa mente. Nosso ponto de vista é portanto totalmente psicológico e não organicista ou ambientalista, embora seu resultado final seja um aprimoramento psíquico, orgânico e social. Notamos que a única maneira de tratarmos adequadamente do relacionamento social e das doenças orgânicas é através dessa interiorização.
7 - Inconscientização é Luta Contra a Consciência Quando o Dr. Keppe se refere à consciência não dá a ela o sentido ético ou moral, embora a verdade em si já contenha a noção de ética. Mas poderíamos confundir ética com cultura,
costumes - e não é isso. A noção de ética e moral social são relativas, mudam de povo para povo. Mas a consciência - que sabe distinguir o real do fantástico, a verdade da mentira, a boa intenção da má - essa é universal. É ela que vê toda a realidade e que nos une diretamente à Verdade. É instantânea, eterna, e existe por si em nosso interior. É contra a consciência que lutamos, tentando escondê-la, criando um mecanismo patológico, processo este denominado pelo Dr. Keppe de inconscientização. Para ele, não existe um inconsciente patológico, mas uma tentativa patológica de esconder o que está em nosso campo de percepção, sem contudo lograrmos sucesso. Nós nos conhecemos perfeitamente, melhor do que ninguém. Sabemos tudo sobre nós mesmos, mas não admitimos. Essa recusa constante nos leva muitas vezes a um afastamento de nossa consciência e, conseqüentemente, de nossa sanidade. E é aí que se iniciam todos os sintomas : angústias, fobias, depressões, doenças orgânicas - como resultado dessa inconscientização forçada. Vemos na consciência algo que nos prejudica, que nos destrói, pois confundimos o perceber com o ser. Fazemos como o avestruz, que esconde a cabeça para afastar o perigo. A consciência não nos destrói - mas através dela percebemos o quanto nós nos prejudicamos. Atente o leitor para o círculo vicioso criado : quando confundimos o ver com o ser, começamos a tentar esconder a visão do que somos e trocamos essa visão por uma imagem, por nós criada, de como gostaríamos de nos ver. Costuma-se dizer que o louco é aquele que "não tem consciência" do que faz. Para a Trilogia Analítica, louco é o que recusa a consciência que tem. E notamos em nossos trabalhos que todos têm intimamente perfeito conhecimento do que são, admitindo, às vezes mais, às vezes menos, o que sabem. Quanto mais a pessoa aceitar a percepção de sua atitude patológica, mais sã se tornará.
8 - O Homem faz uma Inversão: Vê a Consciência como Agressão e não vê a si Mesmo Agredindo sua Conscientização e Ferindo-se com essa Atitude Em seu livro A Consciência, Dr. Keppe deixa claro que o homem vê o mal na percepção de sua conduta patológica e não na conduta em si. Desta maneira vive todo o tempo a lutar contra a conscientização, imaginando que com isso se preserva de algum dano. "O homem confunde a consciência do ser com o ser." Uma cliente, de 38 anos, analisando as circunstâncias em que surgiu sua labirintite, contou : Cliente - Eu tinha uma prima que veio do interior para morar comigo. Mas eu detestava essa prima, e pensei : "Se ela vier mesmo morar comigo, eu não vou agüentar. Acho que vou ter alguma coisa". E assim foi : no dia seguinte à sua chegada, começou um barulho insuportável em minha cabeça. Terapeuta - Mas como é essa prima ? Cliente - Ela é agressiva, fala muito alto, é dependente de todos, não trabalha, e até o café da manhã eu tinha de deixar pronto para ela, antes de eu sair para o trabalho. Terapeuta - Então, o que é essa prima - vindo morar em sua casa, tirando a sua paz, agredindo-a e falando alto, não querendo trabalhar nem ajudá-la - em sua vida psíquica ? Cliente - Sou eu mesma que faço isso comigo : que me agrido, que não quero me ajudar, nem trabalhar com a minha realidade, e por isso me torno dependente dos outros? Terapeuta - Sua prima é seu espelho. Ela é a consciência dessa sua atitude dentro de si. Só que a senhora inverte e pensa que não agüenta ver que é assim, e com isso cai doente. A senhora acha
que, se admitir que existe essa prima em seu interior, prejudicando-a, então aí é que vai se prejudicar. A senhora adoeceu por tentar evitar essa conscientização.
9 - A Verdadeira Análise Dialética Deve Lidar com a Consciência da Patologia (Fantasia) e da Sanidade (Realidade) Todo método terapêutico, que se fixa na conscientização da patologia ou da sanidade somente, deixa de lidar com um dos lados da psique humana - que é a dialética - causando um desequilíbrio ainda maior. Sendo assim, as interpretações devem sempre ser dosadas de modo que o homem não perca o contato com sua sanidade ou com sua atitude patológica. Tentarei exemplificar com uma análise feita em grupo, por um cliente suicida do Dr. Keppe. Explicando o porquê de não querer mais visitar um velho tio, que anteriormente era seu grande amigo, dizia : C - Fiquei muito triste com meu tio, pois soube que quando tentei me matar, ele me havia mandado um recado dizendo que "não adiantava eu tentar o suicídio porque eu não era insubstituível". Fiquei com muita raiva, pois eu realmente acho que ele não poderia colocar um outro sobrinho igual a mim em meu lugar. Por exemplo, as músicas e as poesias que eu componho, ninguém pode fazê-las por mim, são as únicas no mundo. Dr. Keppe então o interpretou : T - O senhor é insubstituível e substituível ao . mesmo tempo. É o único no universo em sua sanidade, e totalmente inútil em sua conduta patológica. Continuando na mesma análise, o senhor D. C. disse : C - Eu nunca consegui entender bem esse meu tio. Ele é político em sua cidade, supermascarado, ditador, preconceituoso. Um tipo fascista. De outro lado, costuma fazer obras caridosas ajudando as crianças pobres e os orfanatos. Ao que o Dr. Keppe interpretou : T - O senhor está dizendo que tem uma atitude mascarada, que é ditador consigo mesmo, preconceituoso, mas que por outro lado, também tem esse aspecto muito são, de caridade, bondade e amor ao próximo. Note o leitor que a interpretação dada foi dialética, procurando conscientizar o cliente tanto de sua atitude patológica quanto de sua sanidade.
10 - Por Causa da sua Arrogância, o Homem Rejeita a Consci ência de suas Más Intenções, Dificultando seu Processo de Cura O analisado não quer admitir que nega a sua sanidade, censurando essa percepção, pois a partir daí teria de notar que realmente é mal-intencionado, e por isso teria de descer do pedestal em que se põe. Intimamente quer sempre conservar a imagem de bem-intencionado, bonzinho, mas, como tem de constatar o contrário, não admite, caindo em profunda angústia. Exemplificarei com esta sessão da cliente L. T).: C - Ontem eu fiquei muito mal, mas mal mesmo. T - Por quê? C - Eu estava muito pessimista, triste, e não podia fazer nada. E sei que estou negando a alegria pela minha vontade, e não consigo mudar.
T - A senhora diz que se sente vítima de sua vontade e não autora de seu mal-estar. C - Mas não! Eu sei que estou estragando minha vida, mas não consigo fazer nada! T - Mas por que não aceita a consciência de que é mal-intencionada consigo mesma? C - Não sei... Acho que é porque não quero ser assim. T - Não. A senhora diz que não quer ver que age assim. Porque senão teria de ser humilde e admitir que realmente não é aquela pessoa bem-intencionada que se imagina, e teria de fazer algo no sentido de mudar - o que não quer. Após essa interpretação, a cliente L. D., que estava muito agitada, acalmou-se imediatamente, pois a verdade, quando aceita, seja ela qual for, e o único sedativo eficaz para o ser humano.
11 - O Ser Humano pensa que sua Doença Prejudic a os Outr os, não a si Mesmo O homem sente prazer em cultivar a idéia de que com sua doença está prejudicando os outros. Por exemplo, o cliente, ao deixar a análise, acredita firmemente que está agredindo o analista. Nunca admite que está prejudicando apenas a si mesmo. Certa vez um cliente, depois de ter obtido grande melhora com a análise, resolveu deixar o tratamento, oferecendo-se para manter por algum tempo as sessões pagas até que eu pusesse outro cliente em seu lugar. Com esta atitude revelou claramente a idéia de que, abandonando a análise, estaria me prejudicando. Na realidade, eu tinha clientes esperando por um horário vago, os quais iriam inclusive beneficiar-se com isso, mas ele jamais imaginou tal coisa. Depois de pouco tempo sua família já comentava a sua piora. Outro caso é o de uma adolescente suicida, que revelou que sua intenção era sempre a de agredir aos pais e aos irmãos, contrariando-os ao máximo. Contava que, quando seu pai voltava à tarde para casa, cansado do trabalho e querendo um pouco de paz, ela fazia barulho, tocava música alto, brigava com ele, dizendo depois que ficava muito alegre pensando que conseguira perturbá-lo Interpretei-a, mostrando que o pai a quem ela não deixava em paz para usufruir da gostosura da vida, era ela própria. Isso deixou-a muito aliviada, pois quem faz muitas fantasias de que está conseguindo "arrasar" com a vida e com os outros, tem muito sentimento de culpa por isso. Quando percebe que o único alguém realmente prejudicado é ele próprio, ao mesmo tempo se sente surpreso e se acalma imediatamente.
12 - Quando o Homem nega a sua Sanidade, Imagina ser mais Forte do que Deus O homem acredita ter um enorme poder com sua doença, e então inverte a realidade : vê a sanidade, o bem, como algo fugaz, e a doença, o mal, como a única certeza. O senhor C. F. disse-me que sempre que se sentia bem, ficava apavorado, medindo sua pulsação e desconfiando de que algo ruim iria lhe acontecer. Achava que o seu bem-estar era fantasioso, e não via que o mal era uma simples nuvem que punha diante do Sol existente em seu interior. Um outro exemplo são os filmes, os seriados de TV, que dão uma enorme ênfase à fantasia, à doença, vendo o mal como dominante. Dificilmente o homem admite falar sobre a realidade, pois teria de admitir a grandeza do seu Criador. Por esse motivo os clientes falam o tempo todo somente sobre essas fantasias, negativistas, abandonando a maravilha de que dispõem.
Se o analista adota essa posição fatalista, vendo o paciente e a ele próprio como condenados, faz um pacto doentio de ataque à Verdade, do qual saem ambos prejudicados. A imaginação daquele que nega é a de que ele é mais poderoso do que Deus, acreditando poder destruí-lo em seu interior. A senhora I. B., pessoa muito angustiada, cheia de dores e de muitas doenças orgânicas, costuma contar, em suas sessões, que se preocupa muito com a arrumação de sua casa. Que, por mais que trabalhe e que tente colocar tudo em ordem, sempre acha a sua casa feia, ficando exausta. Costuma brigar com seu marido, pois ele lhe diz que a casa é para ser usada em seu benefício e não para passar o tempo todo sendo arrumada. Nossa interpretação foi a seguinte: a senhora I. B. pensa ser uma deusa, que tem de corrigir, fazer seu interior e sua sanidade (simbolizados pela casa), mas jamais consegue isso, tornando-se exausta, angustiada e doente. A advertência de seu marido é ela própria dizendo a si que seu interior é para ser usufruído e que ela não está conseguindo isso, devido a essa idéia megalômana de ser ela própria a sua provedora.
13 - O Homem Atribui à Fantasia e à Alienação a Satisfação que obtém da Realidade, pois assim Acredita ser Ele Próprio o Doador da sua Felicidade O homem imagina que a fantasia ou a fuga é que lhe trazem a felicidade. Deste modo tenta minimizar sua inveja do Criador, e evita sentir gratidão pelo tanto que recebe da Verdade. Costuma ver a vida como um "presente de grego" (ou como uma caixa de más surpresas), desconfiado do seu Doador. Tenho uma cliente que me disse o seguinte : "Cada vez que me sinto bem, calma, penso que essa paz não é normal. Ou melhor, que eu estou alienada. Ao contrário, quando estou mais em contato com a realidade, com o meu trabalho, com os meus problemas, não me sinto assim. Por isso desconfio desta tranqüilidade." Aí o leitor pode perceber a inversão que o ser humano faz quando recusa o contato com a realidade, criando com isso muitos problemas e em seguida sentindo-se mal e angustiado. Outro exemplo são os viciados em drogas, que acreditam que suas criações artísticas ou o prazer do sexo são provocados por uma química. Mas na verdade o que sentem de bom é devido somente à sua sanidade, e realizam belas coisas apesar da droga. Se não fossem viciados e aceitassem o contato com sua sanidade, realizariam muito mais. Quando o indivíduo, por exemplo, fuma maconha para ter mais prazer sexual, já está decidido anteriormente a obter mais prazer da relação. Para muitas pessoas o "efeito" se dá ao contrário quando se utilizam desses recursos, o que quer dizer que existe algo anterior à droga que determina suas reações. Elvis Presley foi um flagrante exemplo de um grande talento que se destruiu pela ingestão excessiva de psicotrópicos. Tornou-se totalmente dependente das drogas, pois projetava sua sanidade nelas, acreditando que sem elas não sobreviveria. Observe o leitor a inversão : via o bem na alienação, negando-o em sua verdadeira fonte, que é o seu interior - a inversão o levou à morte.
14 - O Homem Alimenta a sua Condut a Patológica, Imaginando q ue se Beneficiará com isso O ser humano nutre a esperança de um dia conseguir dar-se bem com a fantasia e com a alienação.
Por isso alimenta as suas atitudes fantásticas e também as dos outros, porém as conseqüências sempre lhe são adversas. No Brasil costuma-se dizer que o indivíduo mais esperto é o mais honesto. E na prática verifica-se que isto é real. Darei um exemplo com uma análise, na qual se verifica esse engodo criado pelo homem : C - Tenho uma colega de trabalho que sempre me pede dinheiro emprestado e eu não tenho coragem de negar. E o pior é que ela nunca me devolve. Hoje ela me pediu carona, eu dei, e depois me senti muito mal. T - Mas fale mais dessa moça. Como ela é? C - Ah, ela é muito mentirosa, deve ser muito fútil, superficial, pois está sempre de roupas novas, e acho que o último dinheiro que emprestei a ela era para gastar no carnaval. T - E o que o senhor acha do carnaval ? C - Que é fantasia, todo mundo se agredindo... T - Então, o senhor está dizendo que se sente mal por alimentar em si a sua futilidade, superficialidade e fantasias. E que, embora nutra a idéia de que não terá conseqüências com isso, sempre sai prejudicado. Outro exemplo é o seguinte : C - Eu não posso ver mendigo nas ruas, pois fico com muita pena e me sinto angustiado. Sinto que devo ajudá-lo, dar-lhe dinheiro e comida. Minha mulher diz que eu não deveria agir assim, pois estou alimentando sua vagabundagem. Mas eu tenho pena e acho que apesar disso eles estão sofrendo. T - Mas como é um vagabundo'? C Bem, o vagabundo é um sujeito alienado, que não quer trabalhar, e que por isso acaba na miséria. Acha que os outros devem cuidar dele e nesse sentido é um megalômano, mas mesmo assim eu tenho dó... T - O senhor está dizendo, através disso, que, por não aceitar trabalhar com a sua riqueza interna, empobrecendo e sofrendo muito por causa disso. E que alimenta essa sua atitude megalômana de desprezar a sanidade pela alienação, pensando que com isso está se ajudando.
15 - O Ser Humano Pensa que tem de ser Fiel à sua Patologia, Submetendo-se Passivamente a Ela O ser humano faz freqüentemente uma inversão, vendo o valor na atitude de sofrimento, privação e até empobrecimento material. As idéias religiosas costumam alimentar esse pensamento, vendo pecado na riqueza tanto social como psíquica (esta última principalmente). Não percebe ele que justamente o ser mais rico que existe é o próprio Deus, e que a realidade que doou a nós é igualmente rica. Nossa sanidade nos foi presenteada por Deus e, desta forma, aquele que a aceita é a mais rica e a mais feliz das criaturas. por esse motivo que muitos clientes obtêm paralelamente à análise um grande progresso profissional e social. A senhora T. C., por exemplo, sente-se freqüentemente culpada por gostar de ganhar dinheiro com as vendas que faz no seu negócio, e o senhor F. S. acha que não deve trabalhar em grandes empresas, por lhe faltar capacidade. Estão ambos declarando acha errado usufruírem de sua riqueza interna, de sua sanidade, sendo que lucrariam bastante com isso. Outros se justificam dizendo que não merecem a alegria e a beleza da vida, pois nada fizeram para
consegui-la. Esta é uma maneira sutil de não querer reconhecer a generosidade da realidade em relação a nós, que tudo nos oferece gratuitamente. Outro exemplo curioso do desperdício que fazemos com nossas possibilidades é o de um cliente que recebeu o convite da empresa, na qual trabalha, para ir fazer um estágio no Japão, o que lhe possibilitaria uma promoção. Naquela ocasião, entrou em crise e programou pedir demissão. Só não o fez porque percebeu através da análise que, assim como rejeita a promoção profissional, também rejeita sua evolução e seu desenvolvimento internos.
16 - Com Freqüência, o Erotismo é mais uma Atitude de Agressão do que de Afeto Freud criou uma grande confusão a respeito de sexo e afeto, e a humanidade passou a ver todo o erotismo como saudável e natural. Só atualmente é que se está começando a acordar para esse engano e a perceber que o sexo é, na grande maioria das vezes, utilizado para agredir a sanidade própria e a do outro. Noto com freqüência que os clientes mais genitalizados são ao mesmo tempo os mais agressivos. É interessante notar a insistência de certos indivíduos em acreditar que o erotismo pode realmente lhes trazer satisfação (além da física, naturalmente). E essa inversão lhes causa muita angústia. Exemplificando : C - Fui ao banco ontem e lá havia uma moça vistosa, que estava o tempo todo olhando para mim. Percebia que ela queria ter relações sexuais comigo. Fiquei perturbado. Daí pensei que não devia fazer aquilo por causa da minha mulher, mas ainda fiquei pensando que estava perdendo uma chance muito boa. T - Mas fale mais da moça. Como era ela? C - Ah, ela era bonita, mas tinha jeito de prostituta. Era leviana, desonesta, tinha um ar agressivo. T - Agora, colocando essa moça em sua vida psíquica, o senhor está dizendo que fica angustiado quando tenta retirar prazer da sua leviandade, agressividade e desonestidade. C - Mas eu não sou desonesto com os outros. T - Com os outros não, mas não é consigo mesmo ? C - Ah, sim... isso eu sou. Então é por isso que, sempre que eu ia para motéis com minhas amigas, depois eu me sentia mal e deprimido ? Por que eu estava me agredindo? T - O senhor mesmo o está dizendo.
17 - O Sexo pode ser Usado como um Fator de Alienação ou de Conscientização A Trilogia Analítica vê o sexo como o símbolo do relacionamento com o nosso interior. Ele pode contudo ser utilizado como um meio de fuga ou agressão. A interpretação deve ser sempre dialética, não se atendo a fatos sociais, mas sim ao simbolismo da pessoa. Exemplificando : A senhora A. S. era casada e se queixava de que o sexo com seu marido era muito deprimente. Após cada relação ficava angustiada. Na realidade nunca teve amor por ele. Comentava que ele era muito agressivo, superficial, arrogante e a proibia de tudo, além de criticá-la muito. Nota-se que a senhora A. S. já havia feito um anticasamento, buscando a negação total de sua sanidade. Depois de alguns anos, conheceu outro homem pelo qual se apaixonou. Socialmente
esse fato é considerado errado, mas passemos ao exemplo da interpretação que dá a Trilogia Analítica: C - Eu me sinto sempre muito culpada, pois tenho verdadeira adoração por R. Passei a viver depois que o conheci. Tenho um enorme conflito, pois acho que deveria manter-me fiel ao meu marido, embora nunca o tenha amado e nunca tivéssemos afinidade sexual. Cada relação era um verdadeiro suplício. Parecia que eu estava morrendo em vida. Mas acho que ainda assim estou errada e que deveria ter agüentado até o fim. T - Mas como vê o senhor R.? C - Ele para mim é tudo o que existe : a maturidade, o equilíbrio, a verdade, o amor, a minha felicidade, a coisa mais doce, sem o que eu não existo. Em cada relação que temos imagino que Deus está entre nós, nos abençoando. T - Então, a senhora está dizendo que tem adoração pelo amor, pela verdade, pelo equilíbrio, mas que, apesar disso, tenta manter-se fiel à sua atitude patológica, censuradora, crítica, agressiva. No primeiro caso, a senhora A. S. tentou usar o sexo para alienar-se da vida, da sua sanidade, e no segundo, era um fator de conscientização da mesma. Note o leitor que procuramos nos ater exclusivamente aos aspectos psicológicos; as decisões sociais deixamos a critério do cliente. Não interferimos absolutamente em sua liberdade pessoal e em suas decisões. O homem verdadeiramente interiorizado sabe melhor do que os outros como agir socialmente.
18 - Homossexualismo é a Manifestação Social de um Erro na Conduta com o Interior Dr. Keppe notou que, como toda problemática sexual, o homossexualismo, se fosse tratado diretamente, aumentava de intensidade, agravando a angústia do cliente. Este aspecto também é tratado pela Trilogia Analítica como a expressão de algo do mundo psicológico interno do indivíduo. Notamos que o homossexualismo não é uma doença em si, e que não tem causas orgânicas. As alterações hormonais e de conduta são decorrentes de uma atitude errônea adotada pelo indivíduo em si mesmo. E, tratando-se da verdadeira causa, a conseqüência também será atingida. Como exemplo transcrevo a sessão de um cliente homossexual. C - Estou num enorme conflito. Tenho um amigo com quem mantenho uma ligação afetiva muito forte, mas nunca tivemos nenhum contato físico. Ele inclusive está noivo. Fico em dúvida porque não sei se me libero para ter sexo com ele, ou se me afasto definitivamente. Ontem nós tivemos um pequeno desentendimento e resolvi que não iria mais vê-lo. Mas daí entrei numa ansiedade tremenda. T - Mas fale mais desse amigo. Como ele é ? C - Ele é uma ótima pessoa. É alegre, generoso, idealista, muito afetivo. T - O senhor está querendo dizer que adora a alegria, a generosidade, o idealismo, mas que não sabe se aceita relacionar-se mais intimamente com isso em seu interior ou não. E que, quando nega totalmente a sua sanidade, sente-se profundamente angustiado e persecutório. Com isso eu gostaria que o leitor notasse que o aspecto social do relacionamento dos dois foi deixado de lado para passarmos exclusivamente à análise da vida psíquica do cliente. O homem em questão projeta em seu amigo a sanidade que tem em seu interior, a qual adora, mas nega-a - o que o leva a procurá-la em outros homens.
19 - A Angústia é um Bem para o Indivíduo e não deve ser Abafada, mas Trabalhada A angústia é para a vida psíquica como a febre é para o organismo. É uma defesa que temos contra algo de errado que estamos fazendo conosco. Se, por exemplo, medicarmos a febre antes de diagnosticarmos a causa da moléstia, mascararemos o quadro patológico, com graves riscos para a saúde do paciente. Se fizermos o mesmo com a angústia, tentando fugir dela através de medicamentos ou distrações, incorreremos no mesmo perigo. Aquele que não tolera sentir nenhuma angústia, nenhuma depressão, está totalmente louco. Atrás de cada ansiedade existe uma atitude de alteração, omissão ou negação da nossa realidade, o que certamente acarretará prejuízos. Então a terapia deve trabalhar com a angústia e não eliminá-la sumariamente. O cliente P. S., por exemplo, sempre que está sozinho em casa, começa a ficar angustiado. Não tolera a solidão. Sai em busca da companhia de rapazes para um relacionamento homossexual, ou para beber e se libertar da angústia. Mas depois sente-se muito pior. O que ocorre é que o senhor P. S. rejeita o relacionamento com o seu interior, única coisa que lhe traria paz, procurando constantemente estar fora de si, através da bebida ou de outras pessoas, caindo em angústia intensa.
20 - A Análise dos Delírios e Alucinações Quanto maior for a luta que o indivíduo empreende contra a consciência, mais drásticos serão os recursos que o seu interior terá de utilizar para que a Verdade prevaleça. É esse o caso dos delírios e alucinações. Cada fato rejeitado pelo homem retorna à sua consciência através de símbolos : idéias delirantes, visões, vozes, sons, etc., que mostram a ele aquilo que ele rejeita perceber. O processo de análise dos delírios e alucinações é o mesmo que utilizamos para a análise dos demais casos. Certa ocasião, a senhorita X, uma esquizofrênica, logo em suas primeiras sessões disse que não podia deixar de tomar psicotrópicos por causa das suas alucinações. Costumava ouvir vozes que a acusavam o tempo, todo. Então o Dr. Keppe perguntou a ela o que é que as vozes diziam, ao que ela respondeu : "Chamam-me de vagabunda, de louca, de mulher fácil (prostituta) e muitos outros palavrões". Dr. Keppe interpretou-a : "Mas é bom que a senhora ouça essas vozes. Elas são a senhora mesma, agredindo, censurando a consciência de sua vagabundagem, de sua irresponsabilidade, de sua loucura, de tudo o que a senhora faz contra si mesma. A senhora toma remédios para esconder essa percepção, e com isso se prejudica". De fato, a família, ao trazer a moça para o tratamento, dissera que a senhorita X tinha uma conduta totalmente desregrada, que se prostituíra, que não queria trabalhar nem estudar, e que era muito agressiva. A senhorita X, pela recusa à conscientização de sua conduta agressiva e destrutiva para com sua vida, acabou por chegar aos delírios e alucinações, que mostravam a ela a luta que estava empreendendo contra a verdade. Note o leitor que o conteúdo dessas alucinações é de enorme importância para o doente, e jamais deve-se medicar o doente para calar suas vozes ou acabar com suas visões, pois, através delas, o indivíduo pode perceber o que está fazendo de errado consigo mesmo.
O senhor C.N. contou certa vez, numa análise em grupo, que costumava ver a imagem de uma mulher muito linda, jovem, sorrindo-lhe com ternura e estendendo-lhe as mãos. Disse que ficava apavorado e chorava muito, de medo, percebendo que estava enlouquecendo. Dr. Keppe perguntou-lhe : "A que associa essa moça ?" Ao que ele respondeu : "Ao bem, à beleza, à bondade, ao afeto..." Dr. Keppe interpretou-o. "O senhor está dizendo que enlouquece por rejeitar a aproximação do afeto, da beleza e da bondade que existem em sen interior". A seguir C. N. teve uma crise de choro, sentindo-se depois muito aliviado, confirmando que realmente sempre se afastou afetivamente de todos, vendo no sentimento algo que prejudicava o homem e o enfraquecia. Ficou aí revelada a inversão que ele fez : via a fragilidade no amor, e não percebia que se enfraquecia justamente por recusá-lo. Outro cliente (o senhor J. A.) contou que tinha pavores noturnos que o impediam de dormir, pois sentia o demônio, como forças poderosas, vindo para destruí-lo. Na verdade, ele falou de algo que se passava dentro de si. Essas "forças poderosas" são a sua tentativa megalômana de tentar destruir a sanidade que existe dentro de si. Essa sanidade é justamente . toda a maravilha e o bem que existem nosso interior, cuja consciência ele não aceita, adotando uma atitude demoníaca contra Deus, que vê refletido dentro de si, e chegando mesmo a compactuar com o próprio demônio. Os delírios e as alucinações não são fantasias simplesmente, que devam ser reprimidas. O cliente queixa-se de algo que realmente está se passando em seu íntimo, e a agonia que sente é perfeitamente justificável, pois aquilo de que fala tem uma existência real dentro de si. Por exemplo, o senhor R. G. tinha idéias delirantes de que sua mulher o traía com o seu chefe. Entrou numa crise fortíssima de depressão, sendo obrigado a afastar-se do emprego porque tudo o que os seus colegas de trabalho lhe diziam ele interpretava como ironias a seu respeito. E afirmava veementemente que tinha certeza, embora não pudesse provar, de que sua mulher o traía, e que todos sabiam disso. Chegou à beira do divórcio, e sua família já pensava em interná-lo. A nossa interpretação foi a seguinte : sua mulher representava tudo o que ele tinha de Verdadeiro, de Belo, de Afetivo dentro dele mesmo, realidade esta que ele constantemente traía e destruía. Suas fantasias sexuais eram uma traição à sua própria realidade interna, e ele percebia a gravidade desse fato através de sua mulher. O senhor R. G. começou a perceber que, desde que era criança, traía sua vida afetiva, rejeitando sempre sentir afeto, e agredindo tudo o que tinha de verdadeiro e puro dentro de si. Depois de três semanas, já pôde voltar ao trabalho, reassumindo sua vida normal, sem precisar ingerir remédios ou ser internado.
21 - O Sonho Revela nossas Atitudes de Negação ou Aceitação da Realidade Analisamos sonhos da mesma maneira que analisamos os demais fatos. Cada imagem é um sím bolo de um aspecto nosso. Após o relato do sonho, pedimos à pessoa que associe os seus componentes, transportando as relações para a vida psíquica. Por exemplo, a senhora E. S. contou o seguinte sonho : C - Fui avisada por uma conhecida que meu marido me traía às escondidas, pois já estava enjoado de estar amarrado a uma mulher doente. Ela me disse que tomasse cuidado, pois a outra era bonita e alegre, e que eu iria perdê-lo. Fiquei muito triste, pois acho que, se ele me traiu por esse motivo, é porque ele não me ama. Se me amasse, teria mais paciência com minha doença. T - Vamos colocar as pessoas do sonho em seu interior. O que é o seu marido cansado de ficar amarrado a uma mulher doente?
C - Não sei. T - O seu marido é a senhora mesma, que já está cansada de viver amarrada a essa conduta patológica, e que está partindo para uma nova vida, mais alegre, mais saudável. Só que vê isso como uma traição à sua doença, à qual quer se manter fiel. Note o leitor que, no sonho, cada pessoa que aparece é uma faceta da própria pessoa que sonha. Neste caso, por exemplo, o marido era ela mesma,a sua rival também, e bem assim a amiga que a alertava - que representava ela mesma alertando para a traição que estava fazendo a si própria.
22 - O Corpo Humano Mos tra Claramente o que se Passa em seu Íntimo Nosso organismo é o termômetro de nosso psiquismo. Isto quer dizer que, se algo estiver indo mal em nossa vida emocional, alguma alteração orgânica surgirá. Tendo sido sanado o problema psíquico, o orgânico automaticamente será eliminado. Costuma-se dizer que é muito difícil o indivíduo conseguir curar uma doença psicossomática somente através da análise, sem o uso de qualquer medicamento. Aliás, no Brasil, existem raros psicossomaticistas, e estes inclusive usam de medicamentos, como calmantes e psicotrópicos, para o tratamento de pacientes somatizados. A Sociedade de Trilogia Analítica tem um arquivo com dezenas de casos registrados que obtiveram a cura das mais diversas doenças sem o uso de qualquer medicação. Aliás, o que é mais fácil de ser curado pela Trilogia Analítica são as doenças orgânicas, as quais logo nas primeiras sessões têm uma considerável remissão, chegando facilmente à cura. Casos de doenças psicossomáticas típicas, como asma, bronquite, úlceras, colites, alergias, dores de cabeça, enxaquecas, taquicardias, distúrbios menstruais (como metrorragias, dismenoréias, amenorréias), artritismo reumatóide, doenças de pele etc., e as consideradas doenças tipicamente somáticas, como leucemia, câncer, tumores, infecções, problemas de coluna, perturbações de visão, colites ulcerativas, esterilidade e abortos têm sido tratadas com excelentes resultados pela Trilogia Analítica, numa proporção aproximada de 90 (noventa) curas entre 100 (cem) casos, sendo que a maioria dos fracassos é de pessoas que abandonaram a análise antes de obterem a cura. As idades dos pacientes variam sem limites. Existem bebês de três a quatro meses (como o caso de um menino que tinha febre durante todos os fins de semana) até pessoas com idade acima de 60 (sessenta) anos. Atendi, há dois anos, uma senhora de 56 anos, residente em Brasília, que tinha um mioma uterino do tamanho de uma laranja, em franco desenvolvimento, com hemorragias fortes e cistos nos ovários. Ela necessitava de operação urgente, mas, por ter pressão 18/24, os médicos temiam que morresse na mesa cirúrgica. Viajava semanalmente para São Paulo para submeter-se à Trilogia Analítica. Depois de três meses seu sangramento havia cessado. Sua pressão normalizara para 12/8. Mas já não precisava mais de cirurgia, pois o mioma foi regredindo até desaparecer totalmente, bem como os, cistos nos ovários. Seu processo de cura foi seguido por seus médicos especialistas, que o constataram através de exames ginecológicos e radiografias. Esse não foi o único caso de cura de miomas, houve outros. Atendi também uma menina leucêmica que estava desenganada pela Medicina. Sua morte era esperada a qualquer momento. Comecei seu tratamento e dentro de três meses apresentou uma espantosa remissão da moléstia, vindo a receber alta de seu médico. Naquela ocasião, ela quis
deixar a análise,e seus pais consentiram. Fiquei apreensiva, pois tratava-se de uma pessoa muito destrutiva, e sua saída da análise era precoce : ela ainda não tinha analisado devidamente sua problemática psíquica. Soube, depois de seis meses, que veio a falecer por causa de um acidente. Como esses, temos dezenas de casos muito interessantes, arquivados, que foram tratados por diversos analistas, somente com o método dialético da Trilogia Analítica.
23 - A Verdadeira Conscientização é da Nossa Semelhança com a Natureza Divina O homem habituou-se a associar psicoterapia com conscientização de falhas, de erros, de doença. Mas as linhas de psicoterapia que adotam essa conduta incorrem numa alimentação constante da patologia do cliente - o que vem a ser justamente a negação, omissão ou alteração da sua sanidade. Essa visão trágica é comum na Psicanálise - que enfatiza somente a vi o da patologia. É por esse motivo que muitas pessoas, que se submetem a esses tratamentos, não conseguem melhora e até pioram. A Trilogia Analítica vê como a real conscientização o ato de se perceber que a loucura consiste nessa vã e constante tentativa de destruir a sanidade. Procuramos todo o tempo mostrar ao cliente que ele está se cegando para a visão de quão maravilhoso é o seu interior, de como está se prejudicando, adoecendo, por não querer admitir sua semelhança com Deus. Arnold Keyserling fala da Segunda Mutação do Homem. De Homo Sapiens, o homem passará a ser o Homo Divinans. Estamos, de certa maneira, de acordo com ele, pois acreditamos que agora é chegado o momento de assumirmos a consciência de que somos seres criados para o Divino e que não podemos viver de outra forma, sob pena de adoecermos física, psíquica e socialmente. Dr. Keppe diz que os povos primitivos não são os que não evoluíram até um determinado estágio, mais semelhante ao que Deus é, mas são os que, por rejeitarem tal condição, regrediram, atrofiando suas capacidades mentais e mesmo físicas. E isto se aplica aos neuróticos e psicóticos. Darei como exemplo prático a sessão de uma cliente : C - Agora que vocês vão mudar o consultório para mais longe, eu acho que não poderei chegar a tempo para as sessões em grupo, pois será uma longa caminhada a pé. T - A senhora não pode ir de táxi? C - Ah ! O táxi não vai querer me levar a uma distância pequena. T - A senhora não quer se levar. Mas o que representa o grupo para a senhora? C - Ah, doutora, eu não gosto mesmo do grupo. Acho que o grupo representa a consciência... T - Consciência de quê? C - Bem, eles me mostram as minhas falhas, a minha doença, que eu quero esconder... T - Note que a senhora inverte totalmente : esconde a sua sanidade, não a doença. A loucura é justamente isso : escondemos o que temos de mais bonito em nosso interior e na realidade. O grupo lhe mostra justamente isso. A senhora quer acreditar que é uma pessoa doente, um caso perdido, e não que tem maravilhas na sua vida e não quer utilizá-las, como o grupo tem tentado lhe mostrar.
24 - Conclusão A Trilogia Analítica não é só mais uma psicoterapia, mas unia nova maneira de encarar o mundo.
Através dela nós percebemos que a humanidade já é uma, que todos os povos, de todas as partes do mundo, de qualquer credo ou ideologia, estão eternamente unidos pela verdade interior, que é comum a todos. Nossa tarefa não seria descobrir pontos diferentes entre os povos ; para realizar a grande síntese os homens deste planeta já estão ligados por um elo indestrutível, uma união que tem sido prejudicada por muitas fantasias que o ser humano tem fabricado. O Brasil nos auxiliou muito nesta descoberta, pois é um país onde existe uma enorme miscigenação. Aqui os europeus, norte-americanos, latino-americanos, orientais, judeus, enfim, todas as raças convivem. Através desses clientes nós observamos que não há divergência real entre os povos. Todos amam e aceitam a verdade; as lutas e o sofrimento, são originários somente do que não existe por si : nossas fantasias. Nós temos a grande tarefa de conscientizar a humanidade da luta que ela está adotando contra esta comunhão ; pois somente assim o ser humano poderá usufruir desta incrível identidade e dos benefícios provenientes dela. Um judeu não poderia ser diferente de um cristão ou de um maometano, porque todos têm a mesma natureza. Eles são diferentes em relação as suas fantasias, algo que seria fácil eliminar, porque elas não têm existência em si. Nós estamos todos separados por fatores imaginários e a única coisa que temos que fazer é conscientizar isto para que a unidade prevaleça. Nós pudemos observar, pela prática, que a Trilogia Analítica é o melhor método para atingir esse objetivo. Não devemos nos preocupar pois, mesmo que não admitamos, nós, seres humanos, pertence-mos todos a um único e enorme povo.
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