DISCENTE: EDUARDO HENRIQUE RIBEIRO MARTINS DOCENTE: DANILO MAIA DOS SANTOS JÚNIOR
BEZZI, Meri Lourdes. Região: uma (re)visão historiográfica – da da gênese aos novos paradigmas. Santa Maria: Ed. Da UFSM, 2004. Palavras-chave: Região, Nova Geografia, Geografia Crítica, Materialismo histórico dialético – Marxismo – Marxismo – Produção Produção do Capital
O CONCEITO DE REGIÃO NA GEOGRAFIA CRÍTICA E NAS NOVAS TENDENCIAS GEOGRAFICAS
“Tratar do conceito de região [...]torna-se bastante complexo, uma vez que as atuais concepções
ainda estão em fase de aceitação e aprimoramento por parte da academia científica. ” (Pg. 177) “[...] Esses caminhos, desafiantes, incitam à busca de novos paradigmas para a Geografia e outras
ciências espaciais e, particularmente, para o conceito de região, cuja importância, [...]é a de “[...]um signo que identifica a Geografia perante as demais ciências”.” (Pg. 177) “Desvincula-se, assim, o conceito de região da lógica formal e da linha empirista.” (Pg. 178) “[...] a Geografia Regional deve ocupar-se, prioritariamente, em resolver o problema das disparidades
regionais.” (Pg. 178) A partir da década de 70, as ciências, de um modo geral, são chamadas à prática social. A “ A Geografia teve que se inserir nesse movimento, uma vez que estava sendo acusada de acrílica, ideológica e conservadora.” (Pg. 178) “Deve-se destacar também que o conceito de região, nessa fase, toma outras dimensões, uma vez
que passa a ser utilizado por não-geógrafos, ou seja, por aqueles que, de uma forma ou de outra, se interessam pela condição espacial da sociedade. Evidenciam-se, então, novos conceitos de região, e se amplia ainda mais o que já era um pluralismo conceitual.” (Pg. 178) “O fato é que, no começo da década de 70, ocorriam, no âmbito interno da Geografia, insatisfações
diante dos pressupostos teóricos e metodológicos fornecidos pela Nova Geografia.” (Pg. 179)
“ As razões da ruptura com a Nova Geografia devem-se à concepção de que a Geografia deveria ser
uma ciência preocupada com os problemas sociais e, por isso, deveria aprofundar as relações sociedade versus natureza, tendo como objeto a realidade social. [...] A Geografia não discutirá mais os processos naturais em si, mas a natureza como elemento a ser utilizado e apropriado pelo homem.” (Pg. 179) “Propunha-se, então, uma Geografia mais “aberta”. Ou seja, uma Geografia que ultrapassasse os “muros universitários” e atingisse a sociedade. Uma Geografia que procurasse "mostrar" e "resolver"
os problemas sociais ligados ao meio-ambiente, ao êxodo rural, à urbanização acelerada, às favelas, entre outros. Uma Geografia preocupada em ser crítica e atuante.” (Pg. 180) “Dessa forma, a Geografia Crítica interessa-se pela análise dos modos de produção e das formações
socioeconômicas como base para a explicação ou estruturação das distintas formações socioeconômicas espaciais, que devem ser analisadas e compreendidas para o melhor entendimento das regiões.” (Pg. 180) “ A Geografia Crítica, além de censurar e condenar os paradigmas que a precederam, procura
reinterpretar, com base na teoria marxista, aspectos que tinham sido abordados pela Nova Geografia. [...] A Geografia Crítica descobre o Estado e os demais agentes de organização espacial (os proprietários rurais, os industriais, os banqueiros, os incorporadores imobiliários, entre outros) como importantes agentes ou atores na estruturação dos recortes regionais.” (Pg. 181) “Refere-se à região como a organização espacial dos processos sociais associados ao modo de
produção: a regionalização da divisão social do trabalho; a regionalização do processo de acumulação do capital, [...]a regionalização da reprodução da força de trabalho.” (Pg. 182) “Essa forma de entender a região acentua o papel fundamental da lógica da circulação do capital
nesses processos de diferenciação regional. A região passa a ser definida, então, como a articulação concreta das relações de produção em um dado local e tempo. ” (Pg. 182) “ A preocupação central é, então, verificar como os processos de circulação do capital operam em
lugares distintos, [...]Portanto, a essência da Geografia regional baseia-se nas relações triangulares entre o homem, a sociedade e a natureza, dando às relações sociais outra dimensão. Embora a dimensão econômica seja a mais explorada das relações, são as atividades produtivas as que despertam atenção, pois é necessário entender os processos através dos quais a produção econômica é estabelecida e modificada nas regiões.” (Pg. 182) “ A segunda maneira de direcionar o entendimento e o conceito de região [...] e apreender a região
como um foco de identificação.” (Pg. 182)
“[...]a região, é definida como” ...um conjunto especifico de relacionamentos culturais entre um grupo
de determinados lugares...” ou então “a região é uma apropriação simbólica de uma porção do espaço por um determinado grupo, e é um elemento constitutivo de sua identidade”. (Pg. 183) “ A terceira forma de estudar a região, [...] é entende-la como um meio de interpretação social. Trata-
se de uma visão política da região com base na ideia de dominação e poder constituem fatores fundamentais na diferenciação de áreas.” (Pg. 183)
4.2. A região como uma reposta local aos processos capitalistas “ A maioria dos trabalhos geográficos que se utilizam da análise marxista estão preocupados com as
desigualdades, as quais são próprias do processo de acumulação no modo de produção capitalista. ” (Pg. 183-184)
“ Assim, muitos estudos regionais têm como categoria fundamental, para a análise regional, o
desigual desenvolvimento geográfico.” (Pg. 184) “ A preocupação fundamental não é buscar um conceito de região, mas compreender por que o
capitalismo gera regiões desigualmente desenvolvidas. Apoia-se, portanto, na teoria do valor para desenvolver sua reflexão. Para ele, o espaço não é um substrato neutro, mas um elemento embutido na totalidade social.” (Pg. 184) “É importante salientar também que, [...] se as relações sociais possuem dimensão espacial, são elas que fazem convergir para si o espaço social, pois “a região aparece assim como o produto das
relações inter-regionais como uma dimensão das relações sociais” (Pg. 185) “Lipietz constata também que o desigual desenvolvimento geográfico é fruto da articulação entre o
modo de produção capitalista (dominante) e os diferentes modos de produção, surgindo daí “espaços" ou “regiões" domi nantes e dominados. O agente responsável por essa desigualdade seria
a divisão internacional e inter-regional do trabalho.” (Pg. 186) “Nessa classificação, percebe-se uma hierarquização das regiões pelo critério da dominância
estabelecida a partir da divisão do trabalho. [...] Verifica-se também que a região é caracterizada pelos níveis de especialização da força do trabalho.” (Pg. 186) “[...] é importante salientar o papel do Estado no gerenciamento da crise regional. [...] o Estado tem
duas atribuições fundamentais para desempenhar essa tarefa. A primeira seria a de remover as barreiras ao desenvolvimento do capitalismo, destruindo o sistema anterior; a segunda, a de inaugurar uma nova apropriação legal do espaço. Para tal propósito, utilizar-se-ia o planejamento espacial de infraestrutura (forçando uma mudança na lei de valor do espaço) e a imposição de uma lógica capitalista avançada ao espaço legal. ” (Pg. 186)
“[...] as regiões apresentam diferenças, pois são produtos da articulação entre modos de produção
pré-capitalistas com o modo de produção dominante.” (Pg. 187) “[...]a região surge como produto das relações inter-regionais. [...]A formação das regiões é, pois, um
processo integrado ao movimento do capital no sentido de sua valorização. Nesta linha de pensamento, o modo de produção capitalista, dentro da sua lógica peculiar, distribui os diversos ramos da divisão do trabalho entre as várias regiões, em função de condições concretas favoráveis, o que inclui formas econômicas remanescentes de modos de produção anteriores. ” (Pg. 187) “[...]a evolução propiciada pelo capitalismo conforme o autor, tenderia a gerar uma homogeneização
no espaço, que pode ser observada nas comunicações, na televisão, na indústria. [...] Essa visão se faz presente principalmente nos Estados Unidos, onde [...] as regiões tendem a desaparecer e o que existe é zonas de localização diferenciada de atividades econômicas.” (Pg. 188) “[...]é interessante privilegiar um conceito de região que se fundamente na especificidade da
reprodução do capital, nas formas que o processo de acumulação assume, na estrutura de classe peculiar a essas formas e, portanto, também nas formas da luta e do capital social em escala mais geral.” (Pg. 188) “[...]num sistema econômico de base capitalista, existe uma tendência para a completa
homogeneização da reprodução do capital e de suas formas, graças ao processo de concentração e centralização do capital, o que acabaria por fazer desaparecer as regiões. Tal tendência, entretanto, quase nunca chega a materializar-se de forma completa e acabada, pelo próprio fato de que o processo de reprodução do capital é, por definição, desigual e combinado.” (Pg. 188-189) “Uma região seria em suma, o espaço onde se imbricam dialeticamente uma forma especial de
reprodução do capital, e por consequência uma forma especial da luta de classes, onde o econômico e o político se fusionam e assumem uma forma especial de aparecer no produto social e nos pressupostos da reposição... “(Pg. 189) “ A especificidade de cada região completa-se, pois, num quadro de referências que inclua outras
regiões, com níveis distintos de reprodução do capital e relações de produção.” (Pg. 190) “[...]o conceito de região sob a ótica econômica e política é de natureza dinâmica por definição, uma
vez que está ligado ao movimento da reprodução do capital e das relações de produção. ” (Pg. 190) “[...]os progressos ocorridos nos transportes e nas comunicações, imprimindo nova dinâmica à
economia nacional e internacional, promoveram a interação íntima entre os grupos humanos e a superfície terrestre onde habitam, não podendo mais a região ser vista de modo isolado nem de forma autossuficiente.” (Pg. 190-191) “Santos (1988) destaca que um dos parâmetros para melhor compreender a região é entendê-la
através do modo de produção. Para ele, a região é uma categoria de análise que permite apreender como uma mesma forma de produzir ocorre em diversas partes do globo, reproduzindo-se de acordo com suas especificidades regionais.” (Pg. 191)
“[...]a região continua a existir e a desafiar os geógrafos na busca de um conceito mais atual. ” (Pg.
192) “Santos salienta que a região não pode ser vista hoje isoladamente, uma vez que o processo de
globalização que comanda o mundo torna-o “menor" e cada vez mais interligado. Não faz, pois, sentido falar-se de regiões isoladas. Os fluxos, as redes, a dinâmica espacial fazem com que as regiões percam sua autonomia. Pode-se dizer que, nesta fase de internacionalização da economia, a região é resultante dos processos modernos de produção que ocorrem em nível global. E isso vai colocar o regional em plano inferior, chegando, muitas vezes, a desconsiderá-lo. ” (Pg. 192) “[...]estudar uma região significa penetrar num mar de relações, formas, funções, organizações,
estruturas etc., com seus mais distintos níveis de interação e contradição".” (Pg. 192) “[...]o modo de produzir é uma das principais variáveis e permite a formação dos distintos recortes
regionais.” (Pg. 193) “Num estudo regional se deve tentar detalhar sua composição enquanto organização social, política,
econômica e cultural, abordando-lhe os fatos concretos, para reconhecer como a área se insere na ordem econômica internacional, levando em conta o preexistente e o novo, para captar o elenco de causas e consequências do fenômeno.” (Pg. 193) “ A cada momento histórico, a região, ou um subespaço do espaço nacional total, aparece como o
melhor lugar para a realização de um determinado tipo de atividade.” (Pg. 193) “Com a globalização, o lugar passa a ser o locus de muitas interações, guardando, assim, uma
posição privilegiada. Quanto maior a inserção da ciência e da tecnologia, maior a intensidade dos fluxos que chegam e que saem de uma área. Esse processo pode conduzir (e conduz) à estagnação e até mesmo ao desaparecimento dos lugares.” (Pg. 194) “Santos (1988) alerta que hoje já não se pode mais falar em circuitos regionais de produção, mas sim
em circuitos espaciais de produção. As regiões se especializam, não necessitando produzir de tudo.” (Pg. 194) “Entretanto, a sua “invasão" sobre uma área não é igualitária, pois essa invasão é, [...] “... limitada
exatamente porque esses objetos estão a serviço de atores e forças que somente se aplicam se têm a garantia do retorno aos seus investimentos, seja esse investimento econômico, político ou cultural".” (Pg. 194) “Essa limitação, ou seja, a não homogeneização de atores e forças diferencia os espaços, segundo
as disponibilidades e combinações de condições de aplicação do capital, circulação de mercadorias, disponibilidade de mão-de-obra e desenvolvimento industrial.” (Pg. 194)
“Santos (1994a, p. 115) assinala que a aparente inércia pela qual os espaços são atualmente
organizados ou desorganizados deve-se, em parte, "à mudança de definição do conteúdo funcional das regiões".” (Pg. 194) “ Anteriormente, os diversos elementos de uma área se relacionavam onde estavam, e sua unidade
se dava através de trocas de energia interna.” (Pg. 195) “Nessa complexidade, as áreas detentoras de maior especialização técnica adquirem sobre as
demais poder de comando.” (Pg. 195) “[...]para entender o conteúdo de uma região na atualidade, é necessário compreender sua
complexidade em nível global. Ou seja, a região passa a ser o resultado da articulação que ocorre em nível global, tendo o Estado como principal viabilizador dessas conexões.” (Pg. 195) “ A região deve ser entendida, pois, dentro da complexidade do mundo atual (e todos os textos de
Santos (1994a) nos direcionam por este caminho), no qual, tornando-se cada vez mais especializadas as regiões, estas são mais específicas, mais fundamentais.” (Pg. 195) “Duarte (1980, p. 24) propõe que o entendimento da região passa pelas instâncias que caracterizam
a superestrutura em uma formação social e, para tal, destaca que: [...]em uma formação social, existem contradições e interesses antagônicos, não só entre ramos da economia, como entre segmentos da classe dominante, entre classes dominantes de diferentes espaços e, por conseguinte, entre os espaços.” (Pg. 196) “Regiões são espaços em que existe uma sociedade que igualmente dirige e organiza aquele
espaço. Que tem atuação sobre o mesmo, ainda que seja uma atuação associada a interesses de outros espaços ou de certos grupos sociais ou mesmo de capital externo à formação social. ” (Pg. 196) “Esse conceito de região é criticado por Corrêa (1986). Para ele, quando Duarte (1980) enfatiza que
não há uma elite regional capaz de opor resistência à homogeneização da sociedade e do espaço pelo capital, está declarando, em outros termos, que deixa de existir a região. ” (Pg. 196) “[...]ao se aceitar esse enfoque referente à região, perder-se-ia um conceito-chave da Geografia.
Além disso, acredita-se que a pretensa homogeneização pelo capital não ocorre de forma generalizada na superfície da Terra e, consequentemente, os recortes regionais são distintos e têm características peculiares.” (Pg. 197) “Observa-se também de acordo com Duarte a importância da dimensão política. [...] Salienta que os
instrumentos de dominação do Estado podem ser usados com o intuito de queimar etapas ou mudar estruturas.” (Pg. 197) “ Assim a medida que o sistema capitalista assumisse o caráter monopólico, o capital hom ogeneizaria
o espaço, descaracterizando a estrutura regional, ou seja, sob esse enfoque nas formações sociais do capitalismo avançado, não haveria regiões.” (Pg. 198)
“[...]analisa a temática do conceito de região pelo viés da compreensão do capitalismo em suas
formas mais gerais. Sua atenção volta-se, portanto, para as estratégias e instrumentos utilizados pelo sistema capitalista. Nessa compreensão insere então a região, entendendo-a não como o objeto fundamental, mas como resultante do processo de acumulação e da produção do desenvolvimento espacial desigual.” (Pg. 198) “[...]o processo de acumulação capitalista engendra desigualdades entre regiões, o que leva ao
abandono de algumas áreas, nas quais, consequentemente, restarão reservas de força de trabalho.” (Pg. 198) “[...]O fato de que a desigualdade regional seja especificada em relação às características que
envolvem a produção significa que a regionalização não é produzida externamente. ” (Pg. 198) “[...]o conceito de região fica relegado a um segundo plano, ou seja, fica empobrecido, pois a região
passa a ser resultante das distintas condições de acumulação do capitalismo e sujeita à dinâmica espacial.” (Pg. 199) “Nota-se, assim, que a preocupação da autora não é a compreensão da região em si, mas a forma
como o capitalismo a organiza ou a desorganiza. E, após algumas análises, conclui que o desigual desenvolvimento que ocorre nos recortes regionais é permanentemente renovado. ” (Pg. 199) “[...]não é adequado o uso de um critério específico para a sua definição. Devem ser estabelecidos
distintos critérios dentro da especificação e coerência regional. [...] as relações de classes serão evidentemente um componente dominante”.” (Pg. 199) “Fica evidente, pelas ideias da autora, que a região é resultante da produção desigual do espaço no
qual ocorre a localização de diferentes condições de acumulação. Ou seja, a região funciona objetivamente como uma regionalização “do” e “para” o capital.” (Pg. 199) “ A partir da década de 1980, ressurge o interesse pela Geografia Regional em duas tendências. A
primeira denominada de Geografia Regional Tradicional, a qual descreve os lugares em suas particularidades e singularidades. A segunda, emerge como recente preocupação, e por isso ocasiona um hiato na ciência espacial, concebendo os estudos regionais como um constituinte necessário para a teorização social da estrutura espacial.” (Pg. 200) “Mais uma vez alternam-se questionamentos acerca das limitações do paradigma regional. Originam-
se novos hiatos e nenhum paradigma abrangente é fixado, no sentido de explicar as novas transformações ocorridas nas ciências em geral, e, em particular na geografia. Nesse sentido, a geografia é outra vez caracterizada por ser, essencialmente frágil e metodologicamente pluralista. Não há portanto, um consenso sobre o que constitui uma região nem sobre como se define a região. ” (Pg. 200) “ As regiões são definidas considerando os aspectos fisiográficos, ou seja, as diferenças físicas tem
sido base para a formação das distintas regiões humanas. [...] Três denominadores comuns no
estudo da região: “um senso de tempo e mudança, um nível de detalhe descritivo apropriadamente inverso à escala da região estudada e consideração do meio ambiente físico.” (Pg. 200) “Pudup (1988), entre outros autores chama a atenção para as escalas geográficas, pois além de
tipicamente locais, elas são tratadas como fontes de mudança, determinadas, sobretudo, de foram exógena. O que tem estado ausente nos estudos regionais é uma concepção regional que articule o relacionamento entre as árias escalas geográficas na constituição local.” (Pg. 201) “Portanto, a região deve ser vista como composta de um número variado de “cenários” com
interações diferentes, mas conectadas, ou seja, é necessário entende-la como processo e relação, considerando sua dinâmica.” (Pg. 201) “[...]as regiões existem e são significativas para os marxistas apenas como fenômenos empíricos
sujeitos a uma análise concreta, histórica e caso a caso.” (Pg. 201) “[...]as entidades denominadas regiões foram e são um importante objeto de luta humana, e, para os
marxistas, o significado de uma região encontra-se nas lutas que nela ocorrem, e não na entidade de per si.” (Pg. 202) “Se as regiões não fossem a base ou a arena para o conflito, seu estudo seria desinteressante e
talvez não existisse". (Pg. 202) “[...]para evitar o problema do conceito de região, seria mais correto e útil falar em regionalismo. [...] “a adoção de uma reivindicação territorial por um grupo social.” (Pg. 202) “[...]a região é uma unidade econômica ... ou uma região é sinônimo de classe econômica. [...] Além
do mais, as unidades econômicas não têm relações; quem as tem são as classes e instituições políticas nas nações e regiões.” (Pg. 202) “[...]a luta cultural não necessita estar comumente localizada em um território para ser regional, mas
precisa ter um objetivo territorial". A preservação cultural não necessita, pois, de uma organização territorial, o que se comprova, por exemplo, com a cultura judia, que cresceu e prosperou em muitos países.” (Pg. 203) “[...]o Estado tem papel preponderante quando se fala dos problemas regionais, pois as intervenções
e ações do Estado podem levar a conflitos quando uma determinada política econômica beneficiar determinado local em detrimento de outro(s).” (Pg. 203) “[...]teorizar sobre o trajeto do desenvolvimento capitalista de uma região requer uma análise empírica que identifica “as estruturas culturais, políticas e econômicas que se desenvolveram
historicamente, tanto internamente como em relação a outras regiões". A incorporação de “relações culturais", certamente inéditas na abordagem regional marxista, leva a reconhecer nelas um significativo grau de autonomia e resistência à mudança.” (Pg. 203-204)
“[...]parecem estar desarticulando a límpida compartimentalização entre Primeiro, Segundo e
Terceiro Mundos, e induzindo a proclamações de uma 'Nova Divisão Internacional do Trabalho. ” (Pg. 204) “[...]o capital é um auteur rude e irrequieto. Ele se empenha e negocia, cria e destrói, sem jamais ser
inteiramente capaz de se decidir... “(Pg. 204) “Portanto, a região, atualmente, diante das estratégias espaciais e locacionais, possui uma
flexibilidade bem maior, imposta pela acumulação do capital. Ou seja, busca-se o melhor arranjo espaço-temporal para atender as mudanças estruturais da sociedade. “ (Pg. 204) “[...]a região, no contexto da resposta ao processo capitalista, deve ser entendida sob dois ângulos.
Inicialmente, é a síntese espacial de processos de acumulação. [...] A outra interpretação a ser considerada é que o contexto materialista tenta fornecer uma "nova roupagem” à antiga noção de
região, enfatizando sua preocupação com o social, principalmente os regionalismos.” (Pg. 205) “ A região é, pois, um objeto individualizador, que abrange a problemática do espaço, nela incluída a
dinâmica social, econômica e política que lhe é inerente. ” (Pg. 205)