MARAT MARAT SADE Peter We Weiss
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Um novo Bertolt Brecht ou um u m simples agitador? Dois pontos Dois pontos de vista que são colocados sempre que o assunto é Peter Weiss, um dos mais controvertidos dramaturgos do teatro alemão contemporâneo. A Perseguição e o Assassinato de Jean-Paul Marat Representados pelo Grupo Teatral Teatral do Hospício de Charenton Charenton sob a Direção do enhor ade! uma de suas primeiras peas despertou o interesse do p!"lico e da cr#tica, inicialmente pela originalidade de seu t#tulo $ um dos maiores da hist%ria do teatro $, mas &oram a estrutura &ormal e a tem'tica da o"ra que aca"aram por valer a Weiss o t#tulo de (novo Brecht"# Brecht"# )ão )ão o"stante, a partir de $ de $ %nterrogat&rio! $ Canto do 'antoche (usitano e Discurso sobre o )ietna*! )ietna*! as opini*es so"re o escritor se divi dividi dira ram m, aca" aca"an ando do po porr se po pola lari ri+a +arr em du duas as po possi*e i*ess an anta tag gni nica cass e irreconcili'veis. De um lado, parte do p!"lico e da cr#tica de&ende suas peas e sua postura como dramaturgo dentro do teatro atual. -utra parte do p!"lico, entretanto, ataca suas suas cria*es e sua sua maneira maneira de ver ver a relaão relaão entre entre teatro e his hist%r t%ria. ia. De qu qual alqu quer er &orm orma, Pete Peterr Weiss pa pare rece ce ter ter co cons nseg egui uido do,, no desenvolvimento de tais de"ates, um de seus o"etivos centrais/ &a+er do teatro um tri"unal de discuss*es. 0 cada nova criaão de Peter Weiss, p!"lico e cr#tica se dividem/ h' os que o de&endem vigorosamente, salientando sua proimidade &ormal e tem'tica com Bertolt Brecht, e h' os que v2em em sua o"ra apenas agitaão imediata, "aseada num compromisso compromisso com a pol#tica pol#tica e não com o teatro. 3n&im, quem é Peter Weiss, esse autor que responde aos mais &ortes ataques de&endendo a li"erdade de epressão? “UM ESTRANGEIRO SEM CASA E SEM RAÇA” Peter Weiss nasceu em )o4a4es, pr%imo a Berlim, a 5 de novem"ro de 1617. De origem udaica, em"ora educado na religião luterana por vontade paterna, aos 15 anos teve de se eilar com a &am#lia para escapar 8 perseguião na+ista. 3m 169:, ap%s a ascensão de ;itler, os Weiss Weiss vão para a se su"itamente privado de sua terra, de sua l#ngua e de uma situaão &inanceira segura, passando a tra"alhar numa loa de tecidos para audar a manter a &am#lia. 3m 1697 as perspectivas parecem melhores. - pai consegue o cargo de diretor numa &'"rica de tecidos da checoslov'quia. lhe a solidão, o desenrai+amento e o sentimento de impot2ncia diante do massacre de milh*es de udeus alemães, tchecos, poloneses. as, por outro lado, esses &atores contri"u#ram, de modo decisivo, para a constituião de sua C
postura cr#tica em relaão ao mundo. Pete Peterr Weiss iss na natu tura rali li+o +ou> u>se se cida cidadã dãoo suec suecoo em 16 16:. :. E' en entã tãoo ha havi viaa se consagrado consagrado como artista artista pl'stico pl'stico eperimental eperimental,, conhecido conhecido por sua colagem colagem para $s Contos Contos das Mil Mil e +* +*aa ,o ,oit ites es## 0o lado da pintura, dedica>se tam"ém ao cinema, como diretor e roteirista de document'rios e &ilmes de vanguarda. )essa época, conhece Funilla Palmstierna, que se torna sua esposa, e é hoe cen%gra&a e &igurinista de suas o"ras teatrais. 3m 16:G, numa viagem a Paris, Weiss desco"re a vocaão liter'ria. )o entanto, sua primeira produão narrativa s% viria a p!"lico em 167H/ o micro> rom roman ance ce A o*bra do Corpo do Cocheiro Der chatten des ./rpers des .utschers0# @egu @eguem em>s >see du duas as o" o"ra rass de cu cunh nhoo au auto to"i "iog ogr' r'&i &ico co Adeus aos Pais Absc Abschie hiedd 1on den 2ltern 2ltern!! 16 1671 71II e Ponto de 'uga 'luchtpun3t! 167CI $ e o romanc ncee A Con1ersação dos Tr4s Tr4s Ca*inhantes Das Gespr5ch der Drei Gehenden! t679I. se, em 167, com $ %nterrogat&rio! $rat&rio e* 99 Cantos Die 2r*ittlung! $ratoriu* in 99 Ges5ngen0! que mostra ao p! p!"l "lic icoo o !ltimo ato do processo de ranL&urt, contra os respons'veis pelo campo de concentraão e eterm#nio de 0usch4it+. 0ssim 0ssim como em Marat-ade! em Marat-ade! Weiss "aseia>se em &atos hist%ricos e, tra+endo>os 8 cena, propicia o reeame e o con&ronto com a realidade atual. 0companhando pessoalmente o processo, o processo, utili+a seus seus autos e constr% constr%ii $ %nterrogat %nterrogat&rio! &rio! retirando quase todos os elementos de invenão e de argumentaão esquem'tica, para conservar apenas seus recursos poéticos e dram'ticos de autor. estemunhas, estemunhas, acusados, ui+, promotor e 9
advogado de de&esa apresentam em suas &alas muito mais que uma den!ncia contra o na+ismoQ comprometem toda a sociedade que permitiu e permite a destruião humana em massa. @ua o"ra seguinte, A :alada do 7antoche (usitano Der Gesang 1on (usitanischen Popan8! 167GI, ; um musical pol#tico que denuncia todas as &ormas de colonialismo, racial ou econmico. @ete atores e tr2s m!sicos, além do antoche Mverdadeiro (Ring RongA que domina o palcoI, retratam a situaão de 0ngola. 3m movimentaão r'pida e ininterrupta, os atores &alam, danam, lutam, assumindo de+enas de papéis. De um lado, o povo negro, eplorado e martiri+ado. De outro, o povo "ranco dos mission'rios, dos militares, dos coloni+adores portugueses, todos a servio do antoche, s#m"olo da eploraão colonialista. 0 luta se desenvolve, resultando na eclosão de um movimento revolucion'rio. 3m 1675, um novo tra"alho/ Discurso sobre os Pre<*bulos e o Desen1ol1i*ento da %nter*in=1el Guerra de (ibertação do )ietna*! co*o %lustração da ,ecessidade da Resist4ncia Ar*ada Contra a $pressão e as Tentati1as dos 2stados +nidos da A*;rica para Destruir os Alicerces da Re1olução Dis3urs >berdie )orgeschichte und den )erlau7 des lang andauernden :e7reiuns3rieges in )iet ,a* als :eispiel 7>r die ,ot?endig3eit des be?a77neten .a*p7;s der +nterdr>c3ten gegen ihre +nterdr>c3er so?ie >ber die )ersuche der )ereinighten taaten 1on A*eri3a die Grundlagen der Re1olution 8u )ernichten0# )ele, Peter Weiss condena o papel dos 3stados Unidos no Sietnam, acusando>os de inter&erirem no pa#s sem qualquer preocupaão com a sorte do povo. am"ém em 1675, surge Co*o se 2nsinou o enhor Moc3ingpott a Dei@ar de o7rer ie den Herrn Moc3ingpott das (eiden ausgetrieben ird0! uma &'"ula em on+e quadros, simples e did'ticos, relatando as desventuras do (pequeno homem da ruaA, que, casualmente, é detido pela pol#cia. al incidente desen> cadeia em seu #ntimo um processo de reavaliaão da realidade, que comea por maus tratos na prisão e termina com a perda de sua mulher, de seu tra"alho e de suas economias. rente as institui*es em que acredita, tanto pol#ticas quanto religiosas, o protagonista se v2 perdido. Da total incompreensão dos porqu2s da situaão que est' vivendo, ocLingpott adquire consci2ncia das regras do ogo. 3m "usca da verdade, o homem da rua se destr%i e &a+ emergir um novo homem, marginal 8 sociedade. 0 criaão seguinte de Weiss, Trots3B no 2@ílio Trot83i i* 2@il! 1676I, coloca em discussão os pro"lemas de um processo revolucion'rio, a partir do en&oque da Oevoluão Oussa de 161# 0 eemplo de Marat-ade! a pea con&ronta as di&erentes perspectivas &rente a revoluão, mostrando como uma delas aca"a por a&irmar>se so"re a destruião das outras. 0companhando a vida de rotsLT desde sua &ormaão até sua participaão na Oevoluão de -utu"ro, seu e#lio e sua (eecuãoA no éico, Weiss desenha um revolucion'rio contradit%rio, mas comprometido até o &undo com o processo em andamento. 0 incessante produão de Peter Weiss tra+. 8 lu+ uma nova pea em 16G1. :
H/lderling H/lderling! tuc3 in 8ein A3ten0 ampara>se na rica "i"liogra&ia do poeta, reinterpretando sua vida e colocando>o em con&ronto com ;egel, @chelling, ichte, Foethe e @chiller. ;/lderling ; um repu"licano, preocupado com a 0lemanha a"solutista e com a 3uropa das guerras napolenicas. - poeta di&unde sua mensagem revolucion'ria por intermédio de o"ras, met'&oras e par'"olas so"re a realidade em questão. ;/lderling aca"a num re&!gio pessoal. v#tima de uma dem2ncia que provavelmente enco"re apenas sua aversão pelo mundo em que vive, pelas rela*es sociais e pol#ticas que imperam. )essa pea, o passado tam"ém é espelho do presente, re&letindo as quest*es de &undo que se apresentam para n%s, hoe. Depois de H/lderling! Peter Weiss voltou ao romance, pu"licando, em 16G, 2st;tica da Resist4ncia stheti3 des iderstands0# )o entanto, durante todos os anos em que desenvolveu sua dramaturgia, o autor não deiou de produ+ir escritos e ensaios. muitos deles reunindo a documentaão e as impress*es principais so"re os temas de suas peas. DO TEATRO ÉPICO AO TEATRO DOCUMENTO Peter Weiss, dramaturgo dos anos 7HGH, est' pro&undamente enrai+ado no teatro alemão da década de 9H/ o teatro épico de 3r4in Piscator M1569 1677I e Bertolt Brecht M1565>167I. 3m sua "usca da verdade, o autor se encontra com Piscator, para quem (a arte deve tornar suport'vel o insuport'vel e, ao mesmo tempo, ir além do insuport'vel.A Desvendar a verdade que se esconde atr's dos &atos, para desco"rir suas rela*es e signi&icados, é tare&a espinhosa, dicil, muitas ve+es quase insuport'vel. are&a 8 qual Weiss se prop*e e prop*e a muitos de seus personagens. are&a que, assumida por ocLingpott ou ;olderling. torna a vida e o mundo diceis de serem suportados, &a+endo com que um ser se marginali+e como mendigo e o outro se re&ugie na loucura. Nontradit%rio? @im e não. Ultrapassando individualmente o insuport'vel através da mendicância ou da loucura, cada um nega a mentira e assume outra visão, perscrutadora, uma outra postura, cr#tica e distanciada. @e essa tomada de consci2ncia individual de alguns dos personagens não modi&ica ela mesma a realidade, é um dos instrumentos que Weiss utili+a para suscitar no p!"lico um processo semelhante, de alcance maior. Nomo Brecht, o autor não se contenta em testemunharQ procura incitar os espectadores a uma postura cr#tica e consciente so"re as v'rias &oras contrapostas em cena. )a "ase de sua colocaão est' o distanciamento cr#tico )er7re*dung0! o uso de instrumentos de estilo, de composião dram'tica e de técnicas de representaão que possi"ilitem ao p!"lico, a cada momento, ulgar e tirar suas pr%prias conclus*es. - teatro, para Weiss, não é um mundo de sensa*es em que o espectador se deia arrastar pelos sentimentosQ é antes uma crnica, uma seqV2ncia de imagens da vida social cua sucessão desvela o signi&icado da aão. 0 eemplo de Brecht, Weiss procura ligar suas o"ras 8s mudanas do quadro
pol#tico europeu e internacional, retomando os tationendra*a do teatro epressionista, que tornaram ha"itual o en&oque dram'tico de momentos privilegiados da conuntura social e pol#tica. 0s primeiras o"ras de Weiss nasceram numa época em que se vivia uma série de con&litos, alguns ainda não o&iciali+ados, como a guerra do Sietnam. Permeado por tal situaão, o escritor vai procurar no passado momentos privilegiados que se assemelhem ao quadro atual/ em Marat ade! por eemplo, a aão se desenvolve no per#odo das guerras napolenicas, da epansão imperial que, so" a égide da li"erdade, su"mete mais e mais na*es e povos a seu dom#nio. 0 &a"ulaão de Weiss, antes &undamentada na documentaão hist%rica do que na apreensão inventiva da realidade, percorre um caminho di&erente do de Brecht, "uscando, entretanto, o mesmo o"etivo. 3m Weiss, a documentaão eata da hist%ria é plenamente utili+ada no teto, na argumentaão dos personagens. as a hist%ria não é o retrato literal dos &atos/ é evocada pelos personagens, que a reconstituem segundo seus pontos de vista, contrapostos em cena a perspectivas di&erentes ou mesmo antagnicas. 3ssas são as linhas "'sicas do teatro documento, uma das mais importantes correntes da dramaturgia contemporânea, que tem em Peter Weiss um de seus mais signi&icativos representantes, ao lado de ;einar Ripphardt M16CCI, autor de $ Caso $ppenhei*er! e Ool& ;ochhut M1691 0! autor de $ )ig=rio# Sinte anos ap%s a queda do na+ismo, essa corrente teatral dirige sua criaão para a "usca da verdade e a tomada de consci2ncia so"re a eperi2ncia hist%rica da @egunda Fuerra undial. 0 produão art#stica do teatro documento orienta>se, então, por tr2s preocupa*es centrais/ 1. 0presentar e analisar os &atos vividos, tal como ocorreram, pois eles t2m em si mesmos uma &ora epressiva imediata para as testemunhas desse tempo, &ora que uma narraão imagin'ria di&icilmente apresentariaQ C. Provar a verdade estrita dos &atos apresentados, para convencer o p!"lico, &a+endo>o re&letir e tirar suas conclus*esQ 9. Ultrapassar, por &im, o conteto alemão e estender as responsa"ilidades aos poderes internacionais cua pol#tica pesa decisivamente so"re o destino de toda a humanidade. )uma entrevista 8 imprensa, Weiss revela sua visão pr%pria das rela*es entre a hist%ria e seu teatro/ (3m $ %nterrogat&rio! a hist%ria alemã torna>se viva e é ulgada a partir de hoe. )ão se trata de uma representaão do passado, mas da representaão do presente, através da qual renasce o passado. uando pesquiso um material hist%rico, es&oro>me antes de tudo para atuali+'>lo e recoloc'>lo em meu presenteA. undado so"re uma pesquisa incessante, o teatro de Weiss é entretanto essencialmente antinaturalistaQ sua !nica pretensão é o desvendamento e a di&usão da verdade que propiciem a tomada de consci2ncia dos espectadores. Do tra"alho de documentaão que sempre precede 8 criaão, resultam &requentemente ensaios como Meu (ugar! obre o Ca*po de Ausch?it8! Di=logo obre Dante6 2@ercício Preparat&rio para o Dra*a e* Tr4s Partes EDi1ina Co*;dia"! Da Discussão obre a Concepção 'or*al de $ %nterrogat&rio! ,otas obre a )ida Cultural da RepFblica De*ocr=tica do )ietna* e Resposta a Johnson obre os E:o*bardeios (i*itados"! am"os da época de seu Discurso obre o )ietna*# 7
A DENÚNCIA DA VIOLÊNCIA oda a dramaturgia de Peter Weiss est', de algum modo, vinculada 8 discussão de um dos pro"lemas que a @egunda Fuerra colocou em pauta/ a destruião humana, o eterm#nio, a viol2ncia. 0 perspectiva socialista do escritor levou>o a en&ocar tais quest*es so" um ponto de vista pr%prio, agudo, cr#tico. Do ponto de vista eternado por uma das testemunhas de $ %nterrogat&rio! que denuncia o eterm#nio &inal como uma das consequ2ncias do capitalismo e de uma ordem pol#tico>social "aseada na viol2ncia, aplicada em indiv#duos ou grupos que real ou potencialmente se lhe op*em. - teatro de Weiss é "asicamente social e pol#tico, mesmo quando trata de quest*es colocadas ao n#vel de indiv#duos. 3stes, seam arat, @ade, ocLingpott, rotsLT ou ;olderling, são &rutos de determinadas conunturas hist%ricas, contradit%rios representantes de camadas sociais ou &raães de pensamento em con&ronto. esmo nas o"ras de Weiss, cuo tema central não aponta diretamente para a destruião violenta em massa do homem, a questão da viol2ncia como instrumento de dominaão não deia de aparecer. ual o sentido do assass#nio de arat e rotsLT senão a a&irmaão de uma ordem revolucion'ria recém instaurada, contra &ormula*es que pretendem maior avano da revoluão? ual a ra+ão da loucura de ;olderling, senão a destruião de suas propostas pela ordem constitu#da? 3, por estranho que parea, qual a ra+ão da destruião do homem comum ocLingpott, senão a necessidade de violentar todo aquele que procura as verdades e os porqu2s de sua situaão, mesmo que acredite nos valores e institui*es vigentes? 0 resposta que Weiss parece dar e que a viol2ncia dos poderosos, acarretando destrui*es individuais ou coletivas, é modo pelo qual conseguem manter sua dominaão. Nomo contrapartida de tal dominaão estariam as &oras progressistas, comprometidas com a trans&ormaão social, seam representadas por arat, l#der radical da Oevoluão rancesa ou pelos coro dos negros oprimidos, ou pelos vietnamitas em luta. 3 contra a viol2ncia que permite a dominaão pol#tica dos poderosos que Weiss se pronuncia, desvendando seus reais interesses, ocultos em proclama*es in%cuas so"re progresso e li"erdade. Dentro dessa pro"lem'tica de &undo, um viés de relevo parece assumir importância na o"ra de Weiss/ a an'lise acurada e a caracteri+aão dos pro"lemas do (coroA dos oprimidos, livre de qualquer simpli&icaão. Weiss não pretende que tal coro sea un#ssono e cante no mesmo diapasão. 0s tens*es internas são sempre reveladas, como em Marat-ade! quando o e>marqu2s questiona o l#der revolucion'rio por seu a&astamento do real vivido pelo povo/ (3ncolhido, nadas s% com o pensamento Do mundo como o energasX ue ' não se adapta aos acontecimentos l' &oraA. -u quando arat pensa em meio ao processo revolucion'rio/ (Por mais que nos es&orcemos em entender o que é novoX - que é novo s% apareceX 3ntre manipula*es desaeitadas.X @omos os inventores da OevoluãoX as ainda não podemos mane'>laA. 0 mesma discussão reaparece em Trots3B no 2@ílio! onde Weiss, em"ora socialista, não apresenta vis*es G
ut%picas ou ing2nuas do processo revolucion'rio de trans&ormaão social. 0 Oevoluão Oussa é o (parto vermelhoA de um mundo em gestaão, alimentado no !tero do mundo eistente. Uma tragédia aguda que se contrap*e a outra, crnica e as&iiante/ a tragédia da ordem capitalista, (ordem da "aie+a a"soluta, da co"ia a"soluta, do ego#smo a"solutoA, nas palavras do rotsLT de Weiss. MARAT SADE: A TRAGÉDIA DA REVOLUÇO !RANCESA 3m Marat-ade est' em questão o processo revolucion'rio de 1G56, representado em meio a tragédia das guerras napolenicas. Um hosp#cio é su"itamente trans&ormado em palco do con&ronto de perspectivas diversas &rente a um dos momentos mais signi&icativos da historia moderna/ a Oevoluão rancesa e suas consequ2ncias. Palco, ainda, de uma discussão que se mantém viva e presente, a cada momento, em nosso pr%prio tempo. - manicmio de Nharenton, pr%imo a Paris, tornara>se, desde o in#cio do século Ymarqu2s de @ade, con&inado por acusaão de ecessos seuais. @ade, cua vida &ora uma sucessão de ulgamentos e condena*es, era um homem livre no per#odo da Oevoluão rancesa, mas sua concepão de vida sempre &ora etremamente individualista. )o entanto, seu con&inamento ao manicmio não se ligou a diverg2ncias pol#ticas, mas morais. 3, muitas ve+es, ele &oi respons'vel por montagens de espet'culos com os loucos de Nharenton. 0s concep*es de @ade encontram contrapartida per&eita em arat, seu contemporâneo. édico conhecido, Eean>Paul arat renunciou 8 sua privilegiada situaão para se tornar pol#tico militante, com"ativo l#der revolucion'rio comprometido com a causa do povo. orado a se esconder nos esgotos de Paris, contraiu a dermatose que o o"rigava a &icar com o corpo imerso em 'gua. esmo assim, conservava grande apoio popular, re&orado quando &oi a"solvido pelo ri"unal Oevolucion'rio de uma acusaão de traião. Siolento e cr#tico, arat lutava por maiores trans&orma*es, despertando o temor de muitos de seus oponentes. 3ntre os que se sentiam ameaados, estava Nharlotte NordaT, ovem im"u#da de idéias m#sticas. @upondo livrar o pa#s da ameaa, NordaT es&aqueia arat em 1G69. @o"re esses dados rigorosamente hist%ricos, Peter Weiss conce"e sua &'"ula/ no ano de 15H5, quin+e anos ap%s a morte de arat, o senhor de @ade cria e dirige uma pea que retrata o &inal da vida do revolucion'rio. @ão personagens da pea de @ade/ arat, preso 8 sua "anheira, preocupado com os destinos da 5
revoluão que considera inaca"adaQ sua companheira @imonne 3vrard, constantemente ocupada em aliviar e proteger o doenteQ o revolucion'rio Eacques Oou, a instigar arat com suas idéias etremistasQ Duperret, deputado girondino, adepto de concep*es reacion'rias so"re a nova ordem socialQ Nharlotte NordaT, a suave assassina, que retira coragem para seu ato do ultrae que as teses de arat representariam para seus ideais de li"erdade, igualdade, &raternidadeQ os quatro cantores que animam o espet'culo, intervindo como narradores ou comentaristasQ o anunciador que, prudente e perspica+, apresenta os atores e introdu+ as cenasQ e todos os outros loucos Z o povo que o"serva, questiona, ataca ou louva os personagens. @ade tam"ém intervém, contrapondo> se a arat e a suas concep*es. - local da representaão é a sala de "anhos do hosp#cio, onde se reali+am os modernos tratamentos em hidroterapia, verdadeiro cartão de visitas da instituião, orgulho do senhor Noulmier, diretor do manicmio. ;umanista e essencialmente um homem moderno, o senhor Noulmier mostra se interessado em &a+er valer para seus doentes todas as prerrogativas dos cidadãos, inclusive os direitos humanos. 0ssistindo 8 pea com a esposa e a &ilha, o diretor dirige>se a seus convidados pedindo respeito para com os internos e s% intervém quando ulga a aão pouco (saud'velA ou su"versiva em relaão 8 ordem institu#da. )a pea de Weiss Mse é que tal separaão é poss#velI, os personagens são o senhor de @ade, o senhor Noulmier e &am#lia, as irmãs de caridade, os en&ermeiros e os loucos todos, personagens da montagem do e>marqu2s. Utili+ando o teatro dentro do teatro, o autor consegue pr em aão um dos mais valiosos recursos de distanciamento da o"ra. 0 um s% tempo, desenvolvem> se e so"rep*em se tr2s tempos/ trata>se da encenaão de &atos ocorridos em 1G69, montada por @ade com as in&orma*es de que dispunha em 15H5, e apresentada hoe. )%s Z o p!"lico atual Z vivemos tam"ém uma situaão dupla/ somos igualmente espectadores da pea de Weiss e da pea de @ade, reali+ada em Nharenton e patrocinada pelo senhor Noulmier. @omos, portanto, convidados do diretor do manicmio, cidadãos de "em, reconhecidos pela sociedade. )%s, p!"lico, estamos &rente a um de"ate, a eigir nosso posicionamento. De um lado, arat, l#der revolucion'rio ativo, engaado numa perspectiva social, propugnando maior avano no processo revolucion'rio. 3le cr2 que os homens são mut'veis e luta pela radicali+aão e pela criaão de uma sociedade mais equili"rada, através da trans&ormaão total da estrutura da organi+aão coletiva. De outro lado, @ade aspira 8 constituião de uma sociedade human#stica, li"eral, contra os preconceitos morais, e que permita ao homem sua plena reali+aão individual. Dois p%los de uma discussão que não &icaria completa sem a intervenão de outros pontos de vista, - de Noulmier, diretor do asilo, representante e de&ensor da ordem p%s>revolucion'ria. - de Duperret, arraigado em suas concep*es ultramoderadas. - do padre Oou, cuo radicalismo ultrapassa em muito a visão do pr%prio arat. - de Nharlotte NordaT, amedrontada senhorita que se v2 ameaada pelas propostas do l#der revolucion'rio e, mais que tudo, talve+, pela pr%pria revoluão. 6
@o" qualquer aspecto, Marat-ade é uma o"ra a"erta, de m!ltiplas leituras e interpreta*es. Pode ser vista como a hist%ria do assassinato do l#der revolucion'rio por NordaT, em meio a e&ervesc2ncia pol#tica da &ase imediatamente posterior 8 Oevoluão rancesa, representada pelos loucos de Nharenton, so" a direão de @ade e so" os ausp#cios do diretor da instituião. as, pode ser vista tam"ém como a vida social e pol#tica de um pa#s MNharentonI, onde se de&rontam propostas diversas/ li"eral M@adeI, conservadora MNoulmierI, reacion'ria MDuperretI, revolucion'ria MaratI, etremista MOouI e imo"ilista MNordaTI. 3 onde tudo vai "em desde que não &ira as vontades das &oras dominantes Mo imperador )apoleãoI, invocadas pelo (presidenteA Noulmier para a manutenão da ordem interna, para o que conta sempre com en&ermeiros e irmãs de caridade. @o" esse ponto de vista, as indica*es de Weiss quanto aos intérpretes dos papéis são "astante esclarecedoras. uem mais além de @ade poderia responsa"ili+ar>se pela direão da pea com a con&iana do senhor Noulmier? uem melhor para representar arat do que um paran%ico, cua en&ermidade propicia tanto momentos de grande viol2ncia como de grande lucide+? NordaT poderia ser outra senão uma sonâm"ula catatnica, desligada de tudo o que realmente ocorre 8 sua volta? Duperret s% poderia ser um erotmano, cua repressão moral e seual s% tem como sa#da a loucura. Oou, por sua ve+. s% seria "em representado por um louco &urioso, em camisa de &ora para evitar atos desatinados. Marat-ade &oi encenada pela primeira ve+ em 167:, no @chillertheater de Berlim. Das montagens européias, a mais &amosa talve+ sea a inglesa. dirigida por Peter BrooL e apresentada em Jondres e )ova KorL. )o Brasil, a pea &oi montada em 167G por 0demar Fuerra, no eatro Bela Sista de @ão Paulo. 0 mon> tagem "rasileira constituiu enorme sucesso de p!"lico e cr#tica. 0 0ssociaão Paulista de Nr#ticos eatrais atri"uiu>lhe os pr2mios de melhor espet'culo do ano, melhor direão, melhor coaduvante masculino MEoão Eosé PompeuI e melhor coaduvante &eminina M0racT Bala"anianI. - espet'culo contava ainda com as interpreta*es de 0rmando Bogus MaratI, Ou"ens correia M@adeI,
PERSONAGENS
1H
0OU[@ D3 @0D3 Z @essenta e oito anos, "em &ornido de carnes, o ca"elo grisalho, o rosto ainda sem rugas. ovimenta>se pesadamente e, 8s vetes, respira com di&iculdade, asmaticamente. @eus traes são elegantes e ainda assim desgastados. Usa cal*es "rancos com &itas, camisa "ranca de mangas largas, com peitilho e punhos de renda, "em como sapatos "rancos de &ivela. E30) P0UJ 0O0 Z quarenta e nove anos, so&re de uma moléstia da pele. 3nvolve>o um pano "ranco. Uma "andagem "ranca est' passada por sua testa. %M$,,2 )RARD Z companheira de arat, de idade inde&inida. 0 representante do papel usa roupa da instituião, com avental e uma touca. 3 encurvada, seus gestos são diceis e desaeitados. uando não tem o que &a+er, torce um pano nas mãos. 0proveita>se de todas as oportunidades para mudar a "andagem de arat. CHAR($TT2 C$RDA Z vinte e quatro anos. @eus traes comp*em>se de uma camisola "ranca e &ina, cortada 8 moda do Diret%rio. 0 camisola não esconde os seios, que ela co"re com um ale "ranco e leve. em o ca"elo comprido, castanho avermelhado, que lhe cai pelo lado direito do pescoo. Usa "otas de couro cor>de>rosa, com saltos altos e, em suas interven*es, amarram>lhe so"re a ca"ea um chapéu en&eitado com laos de &ita. 3st' permanentemente so" os cuidados de duas irmãs, que a amparam, a penteiam e lhe arrumam o vestido. @eus gestos são de sonâm"ula. DUP3OO3 Z deputado girondino. - representante do papel usa, unto com a camisola da instituião, um colete curto e as calas lisas e apertadas de um %ncroBable# @uas roupas tam"ém são "rancas, completadas por alguns ornamentos. oi internado na instituião como erotmano e utili+a seu papel, como amante de NordaT, para aproveitar>se disso, sempre que haa possi"ilidade. E0NU3@ O-UY Z antigo padre, socialista radical. Usa a camisola "ranca da instituião, completada por um capu+ de monge. 0s mangas de sua camisola estão amarradas por so"re as mãos. @% pode movimentar>se dentro dessa camisa de &ora. Os "#$tr% &$'t%res: 11
R-R-J, "aio P-JP-N;, "ar#tono NUNUOUNU, tenor R$%G,$(! soprano ipos meio populares, meio comediantes de &eira. Nomplementaram suas vestimentas de asilo com pedaos de &antasias grotescas. Usam o "arrete &r#gio da OevoluãoQ Oossignol, com sua &aia tricolor e o sa"re 8 cintura, representa Marianne# 2m vo+es de cantores e &a+em pantomimas. P0N<3)3@ Z são comparsas, vo+es, mimos e coro. 0parecem de acordo com as necessidades, sea em suas vestimentas "rancas de asilo, sea em traes primitivos, &ortemente acentuados pela cor. 0queles que não estão sendo usados na representaão, dedicam>se aos seus movimentos art#sticos. @ua presena dever' &a+er ressaltar a atmos&era eistente atr's do espao c2nico. a+em gestos estereotipados, pulam, murmuram a meia vo+, gemem, gritam etc. 0)U)N<0D-O Z usa traes de arlequim por so"re a roupa do asilo. @eu chapéu "icorne est' adornado com sininhos e paillet;s# De seu corpo pendem v'rios instrumentos musicais dos quais se utili+a para &a+er "arulho, quando necess'rio. )a mão segura um "astão ornado por &itas. N<)N- \@claro, elegantes, com capote e cartola. Usa tam"ém piocen2 e "engala. Fosta de assumir ares napolenicos. A M+(H2R D2 C$+(M%2R 2 +A '%(HA Z untas &ormam um grupo de cor lil's>claro e cin+a>pérola, so"re o qual caem, em cascatas, %ias e prataria "rilhante. ATO I
1C
:i*balhar do sino do hospício! ! atr=s do palco# $ pano se abre#
1 Z 0ON;0 D3 3)O0D0 $ Cen=rio representa a sala de banhos do nosocI*io# direita e K esLuerda! banheiros e chu1eiros# ,a parede dos 7undos u* estrado co* 1=rios degraus! so"re os quais estão bancos e *esas de *assage*# ,o centro da cena! bancos para os atores! %r*ãs e 2n7er*eiros# A s paredes estão ladrilhadas de branco at; u*a altura de tr4s *etros# :e* no alto das paredes laterais h= anelas# A 7rente do estrado e as 7itas de banheiras nas laterais são li*itadas por u* 1aral# Ao lado! no 1aral do estrado traseiro! encontra*-se cortinas Lue pode* ser 7echadas para esconder os pacientes# ,o *eio do centro bai@o est= indicada u*a =rea de representação# direita desta encontra-se u* estrado co* a banheira do MaratN K esLuerda! u* estrado co* a cadeira de ade# A esLuerda! na 7rente! ergue-se a tribuna de Coul*ier e sua 7a*ília# direita! na 7rente! sobre u*a tribuna! estão os *Fsicos prontos para a ação# ade ocupa- se co* os Flti*os preparati1os para a apresentação do grupo teatral# $s 2n7er*eiros 7inali8a* a e@ecução de banhos e *assagens di=rias# Ao 7undo! os pacientes estão sentados ou deitados sobre o estrado# ade 7a8 u* sinal e os atores entra*! de u*a porta lateral! liderados por Coul*ier e sua 7a*ília e seguidos de %r*ãs e 2n7er*eiros# $s Pacientes le1anta* se e* seus lugares# A procissão ca*inha para a 7rente! 7esti1a*ente# Toca o sino do hospício# Marat! en1ol1ido nu* pano branco e seguido por i*onne! é le1ado para a banheira# NordaT, toda encolhida! ; le1ada a u* banco por duas %r*ãs# Duperret! Rou@ e os Luatro cantores arru*a*-se nu* grupo! enLuanto Coul*ier atinge a =rea de representação# $ Anunciador est= no centro da cena# ade per*anece pr&@i*o K sua cadeira erguida# Cessa o toLue de sino# ( ) PR*LOGO N-UJ<3O Nomo diretor do ;osp#cio de Nharenton eu vos sa!do nesta casa 0gradecemos ao aqui presente @enhor de @ade por ter imaginado e preparado para vosso entretenimento 19
e para a elevaão moral dos pacientes um drama cua encenaão hora eperimenta Pedimos conceder vossa atenão pois todos representam tão "em quanto podem se "em que sua !nica eperi2ncia c2nica tenha sido adquirida nesta tentativa Nomo homens modernos e esclarecidos somos do pensar que hoe em dia ao invés de de&inharem so" a viol2ncia os pacientes de um asilo de lun'ticos devem ocupar se com a cultura e a arte 3 assim con&irmamos os &undamentos a&irmados para sempre no solene decreto dos direitos humanos 0 pea encenada so" a direão do @enhor 0lphonse de @ade tem como cenas as instala*es de "anho que não tolhem os nossos movimentos Pelo contr'rio o equipamento técnico da &isioterapia &orma o cen'rio certo para a dramaturgia do @enhor de @ade a que em nossa pea relatamos a hist%ria do &im da vida de Eean>Pau< arat que como se sa"e o passou numa "anheira so" a espreita de Nharlotte NordaT 9 Z N-J-N0^]$ Anunciador 7a8 u* sinal K orLuestra co* seu bastão# MFsica 7esti1a# Coul*ier dirige-se para a tribuna da esLuerda! co* sua 7a*ília# ade sobe a seu estrado# Marat ; colocado dentro da banheira# i*onne pOe-lhe u*a bandage* na cabeça e u* pano sobre os o*bros# As %r*ãs aeita* a roupa de CordaB# $ grupo inteiro to*a a posição de u* Luadro 1i1o her&ico# Cessa a *Fsica# 1:
: Z 0PO3@3)0^]0)U)N<0D-O bate tr4s 1e8es co* o bastão no solo0 arat é este homem que reconheceis ' sentado dentro da "anheira Aponta-o co* o bastão#0 est' nos seus cinqVenta anos e tra+ uma "andagem na ca"ea Mostra-a#0 @ua pele é assada e amarela Mostra seu pescoço#0 pois que so&re de erupão 0 &ria 'gua na qual se "anha Mostra a banheira#0 diminui a &e"re que o queima Marat to*a a pena e co*eça a escre1er#0 Para desempenhar este papel escolhemos um dos pacientes que so&re de paran%ia cua cura pela hidroterapia atingiu até hoe os nossos melhores resultados Mostra i*onne Lue se cur1a sobre ele co* u* gesto anguloso! soltando a bandage* e colocando outra e* seu lugar#0 0 dama que so"re ele assim se curva e cuo contato não o atemori+a não é a NordaT é @imonne =vrard com quem em vida ele se casou e não ap%s uma cerim%nia so" o "im"alhar da igrea mas sim ap%s um acordo &eito a céu a"erto 0 seguir nossa &'"ula vos mostra a NordaT Mostra CordaB Lue alisa o seu 1estido e prende o lenço sobre o peito#0 que é de Naen e da no"re+a campesina Seste>se "em com sapatos de alta moda Mostra os sapatos#0 e aca"a de prender o leno so"re o peito Mostra#0 @egundo nossa opinião e a do autor é uma "ela visão para os olhos 2la se ergue#0 )o entanto sua intérprete est' no hosp#cio por so&rer de sonol2ncia e depressão 2la inclina o rosto be* para tr=s! de olhos 7echados#0 1
emos a m'ima esperana de que ela 2n;rgico! 1irado para CordaB#0 se lem"re de sua missão Mostra Duperret#0 De cal*es de seda e peruca polvilhada aqui vedes ao Duperret de &ossa pea uando aparece tra+ sempre um tom educado em meio ao tumulto da Oevoluão Nomo partid'rio dos girondinos est' naturalmente na lista negra de arat )o entanto é homem de "oas inten*es e dentro de seu coraão desea o "em Duperret apro@i*a-se de CordaB co* u*a carícia 7urti1a# $ Anunciador 7=-lo recuar co* u*a bastonada# +*a ir*ã pu@a Duperret para tr=s#0 -monge que est' ali no &undo Mostra Rou@! Lue e*purra os coto1elos para a 7rente e ergue o rosto#0 &oi internado por radicalismo pol#tico Oepresenta o papel de Eacques Oou e pertence 8 Oevoluão de arat
14nia#0 Seamos agora este senhor um tanto gordo Mostra ade Lue! entediado! 1ira as costas ao pFblico#0 que perseguido pela estrela da m' &ama h' cinco anos se encontra entre n%s v#tima de in!meras persegui*es e priva*es 0# est' o @enhor de @ade antigo marqu2s que imaginou esta pea e com g2nio insuper'vel &oi autor de o"ras conhecidas e queimadas pelas quais &oi "anido muitos anos 0p%s essa "reve introduão ' se inicia a nossa produão Sereis agora o dia tre+e de ulho de mil oitocentos e oito como h' quin+e anos iniciou>se a noite eterna para aquele que ali est' na "anheira Mostra Marat#0 quando o sangue lhe escorreu pela &erida Mostra o peito de Marat#0 que aquela ali ap%s muito pensar Mostra CordaB#0 in&ligiu lhe com um punhal comprado MFsica# CordaB ; deitada nu* banco pelas %r*ãs! para descansar# i*onne senta-se na beira do estrado atr=s da banheira de Marat# ade senta-se e* sua cadeira# Rou@ e Duperret retira*-se para u* banco# $s uatro Cantores apronta*-se para a Ho*enage* a Marat#0 Q Z ;-3)0F3 0 0O0 R-R-J 3 P-JP-N; recitati1o0 uatro anos ' tinham passado desde o in#cio da Oevoluão desde a queda do rei dourado e desde a queda de muita ca"ea N-O- ao 7undoN canto0 Pendurar nos postes os aristocratas e para &ora da igrea os prelados 1G
NUNUOUNU 3 R$%G,$( recitati1o0 3 assim como n%s hoe nos lem"ramos da guerra ele se lem"rava da primeira grande vit%ria Mostra* Marat#0 0ntes na véspera das comemora*es da Oevoluão terminada mais tarde pelo
contigo construiremos @% em ti n%s con&iamos Marat ; carregado ao redor da =rea de representação# i*onne ca*inha a seu lado! olhando-o! a*edrontada# $s uatro Cantores e os Pacientes apresenta* na parada posiçOes estudadas de ho*enage*#0 R$%G,$( ing4nua! le1ando a s;rio a representação0 Pai+inho arat como est's arranhado cuidado para não &rustrar nossa Oevoluão R-R-J 3 P-JP-N; canto0 @em descanso arat durante quatro anos desco"rindo traidores e por traidores perseguido arat ante os tri"unais arat em esconderios em todos os cantos procurado por den!ncias NUNUOUNU 3 R$%G,$( Jutando contra cortesãos e padres contra ricaos e macacos militares sempre tentando desco"rir a sa&ade+a dos pua>sacos da velha ordem R-R-J 3 P-JP-N; 3nquanto nossos advers'rios sempre cerravam os caminhos de nossos novos senhores enquanto se cagavam entre si e se ogavam nos "uracos e so" o machado NUNUOUNU 3 R$%G,$( 3 &alando dos ustos que n%s mesmos apanhamos nos dias em que agarramos todo o "ando e a p% redu+imos "em depressa a assim chamada cidadela inepugn'vel -@ U0O- N0)-O3@ 3 - N-Oarat o que aconteceu com nossa Oevoluão arat não queremos mais esperar até amanhã arat continuamos sempre gente po"re e queremos hoe as mudanas prometidas Marat ; 7esti1a*ente recolocado na banheira# A coroa ; retirada de sua cabeça# i*onne troca-lhe co* preste8a 16
a bandage* e aeita o pano Lue est= sobre seus o*bros# 'i* da *Fsica# ade per*anece i*&1el! conte*plando a cena co* a e@pressão 8o*beteira#0 7 Z <)O0)_nos pedaos de papel como suposto dinheiro que s% serve para limpar o cu P0N<3)3 De todos os direitos o !nico que temos é o de morrer de &ome P0N<3)3 )osso !nico tra"alho é vaga"undar P0N<3)3 )a &raternidade devoram> nos piolhos e sueira P0N<3)3 )a igualdade podemos nos estrepar Coul*ier salta de sua cadeira#0 O-UY no *eio do palco0 uem controla os mercados uem trancou os dep%sitos uem con&iscou os tesouros dos pal'cios uem toma conta das propriedades que deveriam ser divididas entre n%s Coul*ier olha a seu redor# +*a %r*ã pu@a Rou@ para tr=s#0 P0N<3)3@ no 7undo! batendo o co*passo e 7alando ap&s entendi*ento pr;1io0 uem nos prende inustamente quem nos tranca&ia @omos sadios queremos nossa li"erdade Cria-se desassossego#0 CH
N-UJ<3O bate sua bengala no parapeito0 @enhor de @ade ade não reage ao cha*ado#0 veo que devo representar a vo+ da ra+ão aqui - que aconteceria se ' no in#cio da pea n%s permit#ssemos tamanha intranqVilidade @ou &orado a pedir um pouco de moderaão 0&inal hoe vivemos em tempos di&erentes e n%s nos dever#amos es&orar por ver com lu+ esclarecida os desentendimentos h' muito superados $s Pacientes são e*purrados para tr=s pelos 2n7er*eiros# Algu*as %r*ãs coloca*-se ante os Pacientes e canta* u*a litania para Lue se acal*e*#0 G Z N-OD0K 0PO3@3)0>@3 CordaB! Lue esta1a sentada encolhida sobre o banco! est= sendo preparada pelas %r*ãs para sua aparição! no *eio do palco# 0 )U)N<0D-O )as nuvens de sua &e"re e de seu sonho Sedes arat um homem do povo Sedes sua mão mantendo &irme a pena mal ecoado o clamor das ruas Sedes seu olhar &iado e o mapa da rana Mostra o *apa Lue Marat desenrola#0 enquanto esperais )ira-se# Ao 7undo inicia-se u* sussurro Lue se es palha cada 1e8 *ais#0 N-O- sussurrando0 NordaT NordaT 0)U)N<0D-O 3nquanto esperais que aquela ali o liquide Mostra CordaB co* o bastão# A orLuestra ataca o te*a de CordaB# Pausa# C1
$ Anunciador espera as %r*ãs ter*inare* os preparati1os#0 3 ninguém de n%s e ninguém de n%s CordaB ; tra8ida para a 7rente pelas %r*ãs#0 e ninguém de n%s é o culpado de que ela ' estea pronta unto 8 porta :ate tr4s 1e8es no chão co* o bastão# CordaB ; colocada pelas %r*ãs na =rea de representação# $ *o1i*ento se processa co*o u* ritual# 'i* da *Fsica# As %r*ãs recua*#0 C$RDA sonolenta e hesitante0 Po"re arat em sua "anheira atacado pelo veneno Acordando#0 Eorrando veneno da em"oscada envenenando as pessoas concitando>as 8 morte e ao saque arat eu vim eu Nharlotte NordaT de Naen onde est' sendo reunido um eército de li"ertaão eu sou a primeira a chegar arat Pausa# +* acorde de guitarra 7a8 a introdução K *Fsica#0 )%s dois vimos certo dia a modi&icaão como &oi sonhada pelo grande Oousseau as a ra+ão pela qual n%s não nos unimos é o &ato de termos interpretado di&erentemente as mesmas palavras que escolhemos para epressar os nossos ideais 0m"os quer#amos conquistar a li"erdade mas para ti o caminho passava so"re um monte de `cad'veres alamos de conc%rdia como de uma s% "oca mas o que pensavas de conc%rdia tu o disseste CC
por isso devo recusar tua &raternidade &a+endo de teu eterm#nio minha missão ato um para salvar milhares e para livr'>los de suas correntes 'i* da *Fsica# CordaB 7ica co* a cabeça bai@a# As %r*ãs apro@i*a*-se e le1a*-na e*bora#0 5 Z 3U @-U 0 O3S-JU^]0O0 tirPaul não te coces tanto vais romper a tua pele P'ra de escrever Eean>Paul que isso nada pode tra+er de "em 0O0 inha proclamaão inha proclamaão de 1: de ulho para a naão &rancesa %M$,,2 Eean>Paul deves poupar>te a 'gua est' vermelha 0O0 3 o que é uma "anheira de sangue perto do sangue que ainda h' de correr Um dia pensamos que algumas centenas de mortos `seriam "astante C9
depois vimos que mesmo milhares eram insu&icientes e hoe não podem mais ser contados ali e em todo lugar em todo lugar 2*pina o corpo dentro da banheira# $s uatro Cantores oga* cartas e trautea* bai@o a canção Lue cantara* na cena Q#0 0li ali atr's das paredes so"re os tetos nos por*es &alsos santos Usam a nossa "oina e so" a camisa o "rasão do rei Pretendem estar conosco mas quando uma loa é saqueada l' &ora eles gritam cora de es&arrapados malta de prolet'rios canalhas @imonne @imonne minha ca"ea queima não posso mais respirar @imonne ouo o clamor dentro de mim @imonne 3u sou a Oevoluão CordaB ; no1a*ente tra8ida para a7rente pelas %r*ãs#0 6 Z PO<3
enho de comunicar>lhe coisas importantes so"re a situaão na minha cidade de Naen onde se reuniram os conspiradores. %M$,,2 )ão queremos visitantes queremos nosso sossego uem quiser conversar com arat que lhe escreva C$RDA - que lhe tenho para di+er não pode ser escrito uero estar diante dele quero v2>lo ,o to* de u*a declaração de a*or#0 uero ver o seu tremor e o suor em sua testa e por suas costelas quero passar o punhal que trago so" o leno Possuída#0 @egurarei o punhal com as duas mãos para &urar a sua pele e depois quero ouvir Apro@i*a-se do estrado de Marat#0 o que ele ir' responder 2st= irre*edia1el*ente diante da banheira! segura o punhal e o estende na atitude de Lue* 1ai es7aLuear# i*onne est= paralisada# ade le1anta-se de sua cadeira#0 @0D3 0inda não NordaT r2s ve+es ir's 8 sua porta CordaB det;*-se! esconde o punhal e depois 1olta 7le@í1el a seu banco# As %r*ãs e Duperret segue*-na#0 1H Z N0)^]- D0 P0)-<0 D0 N;3F0D0 D3 N-OD0K 0 P0O<@ Para o aco*panha*ento da canção os Pacientes apresenta*-se co*o *i*os# Cada u* por sua 1e8 1olteia a =rea de representação# Co* 1esti*enta si*ples C
representa* tipos da 1ida das ruas# Assi*! u* aparece co*o lhe de&esas contra a s#&ilis e convites e solicita*es de todos os tipos -s vendedores vieram com caiinhas e latinhas consolos de "orracha e esponas anticoncepcionais R-R-J 3 P-JP-N; as ela não ouviu os assovios encaminhando>se direta para a loa indicada onde escolheu um punhal de ca"o "ranco - vendedor perguntou>lhe para que &im mas ela s% sorriu e pagou o preo que como todos sa"em era duas li"ras representada a panto*i*a da co*pra da 7aca# CordaB escolhe seu punhal! segura-o e paga# 2sconde o punhal sob o lenço# $ 1endedor olha seu peito e to*a a atitude da conte*plação *ara1ilhada#0 NUNUOUNU 3 R$%G,$( -uviu os p'ssaros cantar nas ulherias C7
aspirou o per&ume das &lores e mesmo então não a atra#ram as per&umarias Soltou logo para os "ecos nos quais o odor das &lores se misturava com o `cheiro do sangue e onde as mãos aplaudiam e a multidão assoviava 8 visão dos carro*es de grandes rodas cheios de &ormid'veis tolos A panto*i*a torna-se *ais poderosa desen1ol1endo-se nu*a dança da *orte# A *Fsica sublinha o rit*o *on&tono# Dois Pacientes! cobertos por u* pano! representa* u* ca1alo# Pu@a* u* carroção no Lual estão condenados 1estindo ca*isolOes# +* padre d=-lhes a e@tre*a-unção# $s Pacientes Lue aco*panha* o carroção gira* sobre si *es*os! con1ulsos e encur1ados! dança* e sacode*-se# Alguns deles são to*ados de con1ulsOes e oga*-se ao chão! contorcendo-se# Risos e ge*idos surdos# Junto K *Fsica o ru*or dos p;s#0 C$RDA diante da =rea de representação! de 7rente para o pFblicoN atr=s dela! os p;s batendo no chão0 as que cidade é esta na qual o sol mal atravessa o mormao e não é névoa de chuva ou nevoeiro é uma névoa quente e densa como nos matadouros Por que gritam assim por que empurram>se uns aos outros o que carregam em seus espetos por que pulam por que danam que riso é este que os sacode por que "atem as palmas por que os meninos esganiam que restolhos são estes pelos quais "rigam as que cidade é esta na qual a carne est' nua nas ruas ue rostos são estes Atr=s dela processa-se a dança da *orte# $s uatro Cantores unta*-se aos dançarinos# CG
$ carroção ; trans7or*ado no local da e@ecução# Dois Pacientes representa* a guilhotina# Prepara-se co* apa1orante *inFcia u*a e@ecução# CordaB senta-se encolhida na parte dianteira da =rea de representação#0 C$RDA Jogo estarão perto a meu redor estes rostos com seus olhos e suas "ocas para chamar>me 11 Z - Ovos ue são algumas casas saqueadas contra os saques que eles so&reram S%s não &icastes sensi"ili+ados quando eles &oram destru#dos diante dos eércitos `inimigos com os quais conspirastes em segredo 3sperais que sua destruião sea vossa vit%ria e aquela não repuou os vossos no"res rostos C5
como agora os repuam o asco e a indignaão N-UJ<3O le1anta-seN a cabeça rolaN gritos triun7aisN a cabeça ; ogada co*o u*a bola0 @enhor de @ade assim não pode ser não podemos chamar a isto de elevaão moral assim nossos pacientes não vão sarar ao contr'rio cairão numa ecitaão in!til 0&inal pedimos a presena do p!"lico para mostrar que não a"rigamos apenas o re"otalho da sociedade ade não reage K inti*ação# Co* riso irInico olha o palco#0 0)U)N<0D-O bate o bastão durante a 7ala de Coul*ier0 )%s s% estamos mostrando aquilo que sem d!vida aconteceu certa ve+ em nossa cidade iquemos pois em calma contemplando ' que a"ominamos os &atos de outrora pois hoe temos visão mais inteligente do que naqueles tempos ' passados Mostra co* o bastão a cena da condenação# (ongo ru7lar de ta*bores# ,o1os condenados são tra8idos# 2stão prontos para *orrer#0 C$RDA ergue-se0 0ssim como v%s a# em cima estais parados olhando mais `longe do que alcanam os olhos de vossos carrascos eu tam"ém estarei a# em cima quando tudo aca"ar 'echa os olhos e parece dor*ir e* p;#0 @0D3 -lhai os arat olhai os antigos donos de todos os "ens do mundo como trans&ormam em triun&o a sua queda 0gora que lhes rou"aram os seus pra+eres o cada&also guarda>os do tédio in&indo eli+es so"em as escadas C6
como se su"issem ao trono )ão é o c!mulo da corrupão $s condenados aoelha*-se diante do cada7also# Co* u* gesto *anual ade indica a retirada de todo o grupo# $s Pacientes 1olta* ao estrado do 7undo# A carroça ; le1ada e*bora# CordaB ; le1ada a seu banco# A cortina ; 7echada no 1aral! diante do estrado! ao 7undo! 7a8endo desaparecer os Pacientes# 'inal *usical#0 1C Z N-)S3O@0 @-BO3 0 -O3 3 0 Sla quero "at2>la com suas pr%prias armas prend2>la em suas pr%prias armadilhas (e1anta-se#0 3ste olhar im%vel esse rosto de gelo o&ato de ser ina"al'vel o&ato de tudo suportar eige de n%s reali+a*es cada ve+ maiores Respirando co* di7iculdade0 ;' quanto tempo procuramos satis&a+er sua premissa "'sica segundo a qual o &raco est' sueito ao perdão ou 8 condenaão do &orte Nomo ca#mos so"re ela em todas as hierarquias com in&âmias e vingana sempre repetida 9H
Nomo n%s dominamos sua &alsa virtude com nossa mais crua ha"ilidade Nomo eperimentamos em nossos la"orat%rios antes de nos entregarmos ao !ltimo tratamento Jem"ro>me da condenaão de Damien depois de seu mal sucedido atentado ao hoe santi&icado Ju#s YS tomo é gentil nossa lâmina de hoe comparada aos supl#cios que so&reu durante quatro horas diante do povo que se divertia e de Nasanova que numa anela ao alto passava as mãos so" as saias de uma assistente Co* u* olhar para a tribuna de Coul*ier#0 - peito os "raos as pernas &oram cortados e nas &eridas &oi posto chum"o derretido regaram>no com %leo &ervendo e as&alto ardente cera e eno&re e a mão lhe &oi incinerada com &ogo Nom cordas amarraram os seus mem"ros aos quais ataram quatro cavalos que espantados por não estarem acostumados a essa tare&a repuaram>no durante uma hora sem romp2>lo até que lhe serrassem om"ros e ancas 0ssim perdeu o primeiro "rao depois o segundo e ele via o que lhe &a+iam dirigindo>se a n%s &a+endo compreens#vel sua vo+ 3 quando lhe arrancaram a primeira perna `depois a segunda ainda vivia se "em que &raqueasse a vo+ e &inalmente s% tronco sangrento sua ca"ea "alanava e ele ainda gemia olhando o cruci&io mantido pelo padre con&essor Ao 7undo soa u*a litania *ur*urada#0 0quilo &oi uma &esta popular que não pode ser comparada 8s &estas populares de hoe )ossa inquisião ' não nos diverte mesmo que tenhamos comeado h' pouco )ossos assassinatos não t2m ardor pois que pertencem ao cotidiano Nondenamos sem paião 91
não h' mais uma linda morte individual diante de n%s somente uma morte annima sem valor para a qual podemos enviar povos inteiros ap%s &rio c'lculo até o instante de cessar toda vida 0O0 Nidadão arqu2s mesmo que esteas em nossos tri"unais tendo participado da tempestade de setem"ro ao &alares &ala o velho no"re e o que chamas de indi&erena da nature+a é a tua pr%pria apatia @0D3 0 piedade arat é qualidade dos privilegiados uando o piedoso se inclina para dar sua esmola est' cheio de despre+o &inge comover>se em "ene&icio de sua &ortuna e unto com seu donativo d' um pontapé no mendigo Acorde de guitarra0 )ão arat nada de sentimentos pequenos sei que outra coisa te preocupa Para ti como para mim s% valem os !ltimos etremos 0O0 @e são etremos então são etremos outros que os teus Nontra o sil2ncio da nature+a eu coloco a atividade Para a grande indi&erena eu invento um sentido 0o invés de olhar inerme eu &ao minha aão chamando a certas coisas de &alsas e tra"alhando para que seam modi&icadas e melhoradas - pro"lema é puarmo>nos 9C
para cima pelos nossos pr%prios ca"elos virarmo>nos de dentro para &ora para vermos tudo com novos olhos 19 Z 0 J<UOF<0 D3 0O0 A cortina diante do estrado é aberta rapida*ente pelas %r*ãs# $s Pacientes aparece* dispostos co*o para u* coral# 0O0 uito tempo se disse que os monarcas eram "ons pais so" cua guarda viv#amos pac#&icos 3 seus &eitos nos &oram pintados pelos poetas su"ornados Devotos os inocentes pais de &am#lia ensinavam a lião a seus &ilhos N-O- aco*panhando o *on&logo de Marat0 -s monarcas são "ons pais so" cua guarda vivemos pac#&icos -s monarcas são "ons pais so" cua guarda vivemos pac#&icos. . . 0O0 3 as crianas repetiam a lião e acreditavam assim como acreditamos em tudo que nos é sempre repetido 3 assim ouv#amos di+er tam"ém os padres Aco*panhado pelo Coro#0 3m nossa compaião acolhemos a toda gente do mesmo modo não somos su"missos nem a pa#ses nem a governos somos todos unidos num povo de irmãos Torna a 7alar s 3 os padres contemplavam as inustias e a elas silenciavam di+endo Aco*panhado pelo coro#0 )osso reino não é deste mundo esta terra é apenas o local da peregrinaão e nosso é o esp#rito da pa+ e da paci2ncia Torna a7alar s 3 assim &oraram os sem recursos a doarem seu !ltimo vintém 99
e se arrumavam con&ort'veis entre os seus tesouros e se "anqueteavam e "e"iam com os pr#ncipes di+endo aos &amintos Aco*panhado pelo Coro#0 @o&rei @o&rei como aquele que est' na cru+ pois é esse o deseo de Deus Aparece u* grupo de *i*os# $s Pacientes e os uatro Cantores a1ança* para a 7rente# Pelas 1esti*entas são indicados dignit=rios da %grea# Cucurucu carrega u*a cru8 7eita de 1assouras e pu@a Polpoch atr=s de si! co* u*a corda a*arrada e* 1olta do pescoço deste# .o3ol balança u* balde co*o se 7osse u* incens&rio# Rossignol *anea as contas de u* ros=rio# Continuando a 7alar s 3 aquilo que nos é sempre repetido é nisso que n%s acreditamos 0ssim os necessitados satis&a+iam>se com o quadro do sangrento do martiri+ado do pregado e re+avam unto ao quadro de sua inocuidade e os sacerdotes di+iam Aco*panhado pelo Coro# As litanias das %r*ãs co*eça* a seguir0 3levai as mãos para o céu e suportai silenciosos o so&rimento e re+ai por vossos perseguidores pois que as re+as e as "2nãos são vossas !nicas armas pelas quais conquistareis o para#so Torna a 7alar s 3 assim os conservaram a distância em sua ingenuidade para que não se re"elassem contra seus senhores que os regiam so" a apar2ncia de emiss'rios divinos N-O0mém N-UJ<3O le1antando-se e 7alando antes Lue ter*ine o EA*;*"0 @enhor de @ade devo protestar contra essa atitude )%s com"inamos alguma moderaão 9:
0 pea é intoler'vel se considerarmos que nosso se de magistrados da se atingido pedimos que retenha a sua c%lera com o am'vel pensamento de que estamos lanando um olhar so"re o passado no qual tudo era di&erente de hoe )aturalmente hoe somos tementes de Deus 'a8 o sinal da cru8#0 1: Z <)Nnos do "em e deiai deiai>nos cair em tentaão pela eternidade 0mém Coul*ier le1antou-se de u* salto# 2n7er*eiros lança*-se sobre o Paciente! a*arra*-no e carrega*-no para os 7undos! onde o 9
coloca* sob u*a ducha#0 0)U)N<0D-O gira o reco-reco#0 ais incidentes são imposs#veis de evitar entre n%s pertencem ao quadro dos so&rimentos Pensai piedosamente no &ato de ter sido aquele a quem vistes levado para reco"rar os sentidos outrora conhecido pregador e dirigente de &amoso convento ue isso vos sirva de eemplo da imprevisi"ilidade dos mundos celestial e terreno Gira o reco-reco ter*inando a 7ala# Coul*ier senta-se# $s Pacientes 1olta* para tr=s e estica*-se sobre os bancos! sob a 1igilnos 3u não me conheo uando penso ter encontrado alguma coisa ' duvido dela e tenho de destru#>la - que &a+emos é um sonho daquilo que queremos &a+er e nunca se encontrarão outras verdades senão as mut'veis verdades da pr%pria eperi2ncia 3u não sei sou o carrasco ou o martiri+ado as eu mesmo @ou capa+ de tudo e tudo enche>me de temor Marat tenta le*brar sua r;plica#0 0)U)N<0D-O co*o se 7osse ponto de teatro0 -h esse coar 0O0 -h esse coar esse coar 97
Hesita#0 0)U)N<0D-O sussurra0 0 &e"re 0O0 0 &e"re deia>me a ca"ea tonta inha pele queima e se rasga @imonne @imonne mergulha o pano na 'gua com vinagre res&ria minha ca"ea i*onne! rapida*ente! *o1i*enta-se e dese*penha suas 7unçOes#0 @0D3 3u sei que agora tu darias toda a tua &ama e todo o amor do `povo por alguns dias de sa!de Deitas>te em tua "anheira como na 'gua r%sea das parteiras 3ncolhido nadas s% com o pensamento do mundo como o energas que ' não se adapta aos acontecimentos l' &ora uerias imprensar>te na verdade e &oi ela quem te imprensou a um canto 3u ' deiei de preocupar>me com ela minha vida é a imaginaão 0 Oevoluão ' não me interessa 0O0 = &also @ade é &also com a imo"ilidade do pensamento nenhum muro pode ser rompido Nom a pena não poder's derru"ar a ordem Por mais que nos es&orcemos a entender o que é novo o que é novo s% aparece entre as manipula*es desaeitadas ão envenenados estamos com o curso do pensamento transmitido de geraão a geraão que até mesmo os melhores de n%s 9G
ainda não sa"em como proceder @omos os inventores da Oevoluão mas ainda não podemos mane'>la )os conventos ainda estão solit'rios cada um possu#do por sua co"ia e cada um querendo herdar alguma coisa do passado 3ste quer um "elo quadro e aquele a sua amante este quer seus moinhos aquele seus estaleiros este quer seu eército aquele seu rei 3 eis>nos a# de novo dependurados nos direitos humanos "urgueses no direito sagrado do enriquecimento ' ouvimos o que advir' de tudo isso 0gora cada um deve lutar na li"erdade e na igualdade irmãmente e com armas semelhantes cada um como se &osse seu pr%prio Nreso - homem contra o homem o grupo contra o grupo num saque mutuamente cam"iante Pacientes 1ão erguendo-se! u* atr=s do outro# Alguns adianta*-se# $s uatro Cantores prepara*- se para inter1ir na ação#0 3 v2em um &lorescer diante de si um &lorescer do comércio um &lorescer da ind!stria um progresso singular 3nquanto estamos mais longe do que nunca distanciados de nossa meta aos olhos dos outros Aponta a plat;ia! nu* gesto circular#0 a Oevoluão ' est' ganha 17 Z O30^]- D- P-S-@ U0O- N0)-O3@ co* u* aco*panha*ento *usical0 3 onde conseguem o cascalho onde conseguem as travessas onde conseguem as rela*es onde conseguem a iniciativa se n%s s% conseguimos "uracos R-R-J 95
Para morar P-JP-N; )a "arriga R$%G,$( 3 nas roupas -@ U0O- N0)-O3@ 3 - N-Oarat o que aconteceu com nossa Oevoluão arat não queremos mais esperar até amanhã arat continuamos sempre gente po"re e queremos hoe as mudanas prometidas 0)U)N<0D-O adianta-se! balançando o bastãoN 7i* da *FsicaN os uatro Cantores e o Coro 1olta* para tr=s!0 Oespeit'vel p!"lico a v%s solicitamos pensar que o povo sempre torna 8 desgraa de modo tolo e sem pensar ' que nada entende da situaão 0o invés de demonstrar impaci2ncia tão irre&letida nesses tempos diceis seria melhor que calasse tra"alhando e con&iando naqueles que reconstroem com seu pr%prio es&oro 0ssim como v%s senhoras e senhores gostamos de semear a união que &acilmente tornar>se>' realidade e que hoe estamos quase alcanando Duperret e as %r*ãs ocupa*-se co* CordaB! Lue não Luer acordar# Alça*-na! a*para*-na e tenta* coloc=-la e* *o1i*ento#0 1G Z PO<3
Para mostrar tam"ém escr!pulos e altos padr*es morais determinou agora o autor colocar a "ela e valente Nharlotte NordaT )olta-se preocupado! balança a cabeça ali1iado e *ostra CordaB co* o bastão#0 diante do senhor Duperret Co* a auda das %r*ãs! CordaB atinge a =rea de representação# Duperret posta-se a seu lado# As %r*ãs 7ica* atr=s dela# olene cu*pri*ento entre CordaB e Duperret#0 3m Naen onde passou os anos uvenis num convento unto 8s "oas a*es este senhor &oi>lhe "em recomendado para que nele "uscasse conselho e consolo Duperret utili8a-se da cena para passar a *ão acariciante sobre o corpo de CordaB# $ Anunciador a Duperret#0 )ão a"usa de teu papel o teu amor é platnico 'a8 u* gesto para a orLuestra co* o bastão# CordaB est= parada co* a cabeça inclinada para tr=s! os olhos 7echados# A orLuestra toca o te*a de CordaB# $ Anunciador per*anece pr&@i*o! e* guarda#0 C$RDA co* os olhos 7echados0 -h caro Duperret Hesita e depois reinicia! co*o se cantasse u*a =ria#0 -h caro Duperret o que poderemos &a+er para evitar a desgraa Abre os olhos#0 3m todas as estradas ouve>se agora que arat ser' nomeado Hesita# Duperret acaricia cuidadosa*ente suas ancas e costas#0 :H
arat ser' nomeado tri"uno e ditador esmo que hoe minta serem as medidas da viol2ncia de curta duraão mesmo assim sa"emos que sua meta é a dissoluão e a ilegalidade Cansada! cur1a-se sobre si *es*a#0 DUP3OO3 enLuanto sustenta CordaB! abraçando-a! na *es*a 7or*a de =ria! por;* apai@onada0 -h cara Nharlotte volta ao conv#vio de tuas pias amigas para viver uma vida de recolhimento e oraão ' que não tens &oras para en&rentar aqueles que aqui te cercam +*a das %r*ãs presentes 1ai para unto de Duperret e pu@a a sua *ão! Lue se postara nu*a carícia sobre o seio de CordaB# 2sta per*anece encolhida#0 alas de arat as quem é arat senão um emigrante da N%rsega perdão da @ardenha ou até mesmo um udeu uem é que o escuta @omente o populacho das ruas 3sse tal de arat não é perigoso Torna a segurar CordaB co* as duas *ãos Lue co*pri*e acariciantes sobre suas ancas# $s uatro Cantores passa* o te*po co* 1=rias ocupaçOes! oga* dados e *ostra* truLues de baralho u* ao outro#0 C$RDA de repente desperta e en;rgica0 Naro Duperret queres testar>me mas eu sei o que tenho de &a+er Tenta li1rar-se do abraço de Duperret# As duas %r*ãs Lue estão paradas atr=s do estrado agarra* e a7asta* as *ãos de Duperret#0 Sai tu a Naen onde Bar"arou e Bu+ot t2m necessidade de ti :1
não espera o dia em que ser' tarde demais DUP3OO3 apai@onada*ente! e* estilo de =ria! co*o antes0 Nara Nharlotte meu lugar é aqui (ança-se de oelhos diante dela e abraça suas pernas#0 Nomo poderia a"andonar a cidade em que te encontras Nara Nharlotte meu lugar é aqui 2sLu 2sLuec ecee-se se e torna orna--se *ais ais i*p *pet etuo uoso so e* seu seu ab abra raço ço## $ Anunciador toca-o co* o bastão Lue! e* seguida! bate no chão#0 0)U)N<0D-O sussurra0 3 por que deveria &ugir DUP3OO3 3 por que deveria &ugir agora que as coisas não vão durar muito Acaricia CordaB! so7rega*ente#0 -s ingleses ' estão diante de Dunquerque e de oulon oulon -s prussianos 0)U)N<0D-O corrige0 -s espanh%is DUP3OO3 -s espanh%is ocuparam Ooussillon Paris 0)U)N<0D-O corrige0 ain+ DUP3OO3 ain+ &oi cercada pelos prussianos -s ingleses 0)U)N<0D-O corrige0 0ustr#acos DUP3OO3 -s austr#acos conquistaram conqu istaram Nondé e Salenciennes Salenciennes 0 Sendéia est' su"levada Co* grande pai@ão e carícias ca rícias sI7regas#0 :C
3les não poderão resistir muito esses aventureiros esses &an'ticos que não tem visão, não tem cultura )ão Nharlotte &ica aqui 2ncosta-se unto dela e coloca a cabeça e* seu colo#0 e espera o dia em que poderemos de novo pronunciar a palavra li"erdade li"erdade 2rgue-se! abraçando CordaB! tenta bei=-la# CordaB esLui1a-se! as duas %r*ãs 14* e* seu au@ílio! e*purra* Duperret para tr=s! co* 1iol4ncia! e le1a* CordaB CordaB a seu banco# 'i* da *Fsica#0 15 Z @0D3 D3@PO3b0 -D0@ 0@ )0^3@ @0D3 gritando para Marat! de seu lugar0 3st's ouvindo arat como todos querem o "em da rana Nada qual leiloa mais patriotismo e est' disposto a sacri&icar>se pela honra da rana com ou sem sentido de "ele+a @eam radicais seam moderados todos deseam lam"er sangue 2rgue-se#0 Nhamamos de ustia processar e eecutar os outros -s outros deseam nossa destruião interior e sonham com o dia no qual poderão recolocar nos postos senhores no"res `e talentosos de h'"itos corteses e capa+es de devolver o &lego aos senhores da 3uropa 0m"os os &rouos e &uriosos acreditam na grande+a da rana arat est's vendo a loucura desse patriotismo Digo>te que h' muito a"andonei esse hero#smo despre+o essa naão como despre+o todas as na*es Asso1ios 1indos do 7undo#0 N-UJ<3O interro*pe interro*pe a cena! o dedo le1antado0 :9
Nuidado P0N<3)3 Siva Siva )apoleão e viva pa#s Riso agudo nos 7undos#0 R-R-J cha*ado dos 7undos0 Sivam Sivam todos os imperadores reis "ispos e papas %nicia-se a intranL>ilidade nos 7undos#0 P-JP-N; Siva Siva a sopa de 'gua e a camisa de &ora R$%G,$( Siva arat O-UY Siva a Oevoluão @0D3 superando a agitação co* a 1o80 Despre+o essas mani&esta*es da massa que giram num c#rculo vicioso Asso1ios agudos nos 7undos# +* Paciente co*eça a correr 7uriosa*ente e* círculos! sendo seguido por outro e depois outro# 2n7er*eiros 2n7er*eiros corre* atr=s deles e segura*-nos#0 Despre+o todas essas "oas inten*es que se perdem nas vielas despre+o todos os sacricios &eitos por alguma coisa @% acredito em mim mesmo 0O0 1irando-se 1iolento para ade0 @% acredito naquilo que tu trais Derru"amos uma cora que tronava gorda so"re n%s a muitos tornamos in%cuos muitos &ugiram de n%s as muitos daqueles que comearam conosco recomeam a namorar o "rilho antigo e est' sendo demonstrado que a Oevoluão tornou>se do interesse de negociantes de especuladores 0 "urguesia uma classe nova e vitoriosa ::
e de"aio dela a quarta classe que como sempre nada ganhou -@ U0O- N0)-O3@ passeando para a 7rente! cada u* por sua 1e8! e* to* de con1ersação! aco*panhados de *Fsica0 0gora os macacos novos>ricos "e"em dos tonéis dos padrecos 3stamos no lio até as orelhas eles p*em ouro nos tesouros 3 na assem"léia os deputados esses paspalh*es estudados não pensam em outra coisa que &ama que mulher que tralal' 3m suas &arras em seus antares h' muito ' nos esqueceram )ão perderam os que perderam pal'cios os que perderam somos n%s 16 Z 0 0F<0^]- D3 E0NU3@ O-UY O-UY ao 7undo! pulando obre u* banco0 0garrai as armas Jutai por vosso direito @e não "uscardes agora vossa necessidade tereis que esperar mais um século para verdes os neg%cios que eles estão montando $s Pacientes! 1indos do estrado! apro@i*a*-se de Rou@#0 3les vos despre+am pois que nunca pudestes aprender a ler e a escrever Prest'veis para o grosseiro tra"alho da Oevoluão mas agora torcem seus nari+es pois que &edeis a suor Deveis sentar>vos em"aio "em longe deles para que não vos veam 0# podeis &icar com vossa "urrice e vosso &edor até que sura uma nova era 3 de novo servireis para o tra"alho mais grosseiro enquanto l' em cima os poetas &alarão de "rutais tur"ul2ncias vitais enquanto as suas produ*es :
queimam de arte altamente desenvolvida 3rguei>vos Nolocai>vos diante deles mostrai>lhes quantos sois $s uatro Cantores senta*-se sobre a =rea de representação# Passa* u*a garra7a de *ão e* *ão# +* deles tira a bota e cheira o p;# Duas %r*ãs agarra* Rou@ por detr=s e 7a8e*-no descer do banco#0 N-UJ<3O le1anta-se nu* pulo0 Devemos escutar tais coisas nos os cidadãos de uma nova era n%s que deseamos o pregresso A M+(H2R D2 C$+(M%2R as isto é su"versão não podemos permiti>la 0)U)N<0D-O dando u* asso1io agudo0 0ca"ais de ouvir o padre Eacques Oou capa+ de reconhecer logo a nova religião 3le con&unde o p!lpito com as ruas vivendo no %dio de sua alma preocupada Nomo pregador conhecem>se dele "elas convers*es ele mantém seus ouvintes estarrecidos Bem depressa trans&orma os campos celestes num para#so terreno 0qui dever' ser o para#so aqui deverão tentar viver segundo nova ordem ainda não imaginada s% que ele não sa"e como alcanar isto pois tentar viver é dicil &alar é &'cil Rou@ li1ra-se e torna a pular para diante#0 O-UY 3igimos que se a"ram as despensas para saciar a necessidade 3igimos que todas as o&icinas e &'"ricas passem 8s nossas mãos $s uatro Cantores continua* sua panto*i*a# Deita*-se no chão! estica* as pernas no ar! disputando a Flti*a gota#0 3igimos :7
que nas igreas seam instaladas escolas para que a&inal nelas se ensine algo de !til Coul*ier *e@e as *ãos e pede u* aparte#0 3igimos os es&oros imediatos de todos no sentido de pr um término 8 guerra essa maldita guerra que serve de co"erta 8 especulaão que desperta a gula da conquista Coul*ier corre de sua tribuna e* direção a ade! 7ala co* este! Lue não reage#0 3igimos que todos aqueles que desencadearam a guerra seam respons'veis pelos gastos dela provenientes $s uatro Cantores bate* u* no outro#0 De uma ve+ por todas dever' ser dissolvido o pensamento das grandes guerras e dos gloriosos eércitos 3m nenhum dos dois lados são gloriosos em am"os estão cagadores ecitados que deseam a mesma coisa ue não querem deitar>se de"aio da terra querem andar so"re a terra sem pernas de pau N-UJ<3O interro*pendo!0 me teu h'"ito sacerdotal pois que não h' nada melhor do que pregar a Oevoluão dentro da "atina Rou@ ; do*inado por duas %r*ãs e le1ado e*bora# Duperret apro1eita-se da intranL>ilidade para derra*ar carícias sobre :G
CordaB# 2sta est= deitada! passi1a# $s Pacientes a1ança* intranL>ilos#0 O-UY enLuanto ; atado por correias! sobre u* banco0 arat chegou sua hora ostra te arat eles estão te esperando Pois a Oevoluão deve durar s% um instante como um raio que cai e tudo destr%i dentro de um clarão Rou@ pula de p;! o banco atado as suas costas# :ate*-lhe at; Lue caia#0 CH Z @0D3 @-B - N;ilidade0 arat ;oe precisam de ti pois que deves so&rer por eles depois porão a urna com tuas cin+as no Panteão 0manhã virão &a+er em cacos essa urna depois perguntarão arat quem era arat arat agora vou di+er o que penso dessa Oevoluão para cua reali+aão eu mesmo contri"u# Ao 7undo 7e8-se sil4ncio#0 uando eu ainda estava na Bastilha ' havia escrito as minhas teses etrai>as de dentro de mim so" os golpes de meu aoite por %dio de mim mesmo e da limitaão de meu pensamento )a prisão apareceram diante de mim os eemplares monstruosos de uma classe decadente cuo poder era representado somente na pea dos ecessos corporais 0té no m#nimo detalhe reconstru# o mecanismo de suas viol2ncias :5
e assim deiei que se tornasse palavras tudo que em mim era maldade e "rutalidade oi menos um ataque contra esses a&ogados que arrastavam consigo tudo que ainda podiam agarrar do que um ataque contra mim mesmo )uma sociedade de criminosos cavei de dentro de mim o que havia de criminoso para pesquis'>lo e assim pesquisar o tempo no qual eu vivia 0s mutila*es e as torturas que deiei meus gigantes imagin'rios eecutar eecutei eu mesmo e assim deiei>me amarrar e manear E' tenho o deseo de cham'>la essa "ela Aponta CordaB! Lue ; tra8ida para 7rente#0 a# parada cheia de epectativa e pr>lhe o chicote na mão para que me "ata enquanto &alo da Oevoluão CordaB ; colocada na =rea de representação pelas %r*ãs# ade estende-lhe u* chicote de 1=rias pontas# Arranca a ca*isa de sobre si e apresenta-lhe as costas# 'ica parado de p; para a 7rente# CordaB atr=s dele# Pacientes adianta*-se lenta*ente aos 7undos# As da*as na tribuna de Coul*ier ergue*-se curiosas#0 Primeiramente vi na Oevoluão a possi"ilidade de um enorme crescimento do sentimento de vingana uma orgia capa+ de so"repuar todos os antigos sonhos (enta*ente CordaB prepara u*a chicotada Lue de7ere# ade encolhe se#0 as depois vi que eu mesmo estava no ulgamento Chicotada# ade respira 7undo#0 )ão réu como antes mas como ui+ )ão pude então dominar>me e entregar os presos ao carrasco Chicotada#0 i+ tudo para que &ossem a"solvidos ou que &ugissem Si que não estava apto a praticar a morte Chicotada# ade ge*e as*=tico#0 @e "em que esse &osse o !ltimo ato que poderia tra+er>me a prova de minha eist2ncia :6
)o entanto Chicotada# ade ge*e#0 diante dessa possi"ilidade su&ocou>me o eno CordaB p=ra e 7ica respirando co* di7iculdade#0 3m setem"ro durante a operaão de limpe+a do convento dos carmelitas de s!"ito ca# no p'tio e vomitei Cai de oelhos#0 quando vi como minhas pro&ecias se reali+avam CordaB paira por sobre eles! as pernas be* apartadas#0 quando as mulheres chegavam correndo tra+endo nas mãos sangrentas %rgãos seuais decepados de homens Chicotada# ade lança-se para diante#0 3 depois nos meses que se seguiram Di7icultado pela as*a#0 quando os carro*es deiavam regularmente sua carga `no p'tio das eecu*es e a lâmina ca#a era puada para cima e ca#a de novo Chicotada#0 essa condenaão ' perdera todo sentido era uma condenaão mecânica Chicotada# ade cur1a-se ainda *ais# CordaB est= de p;! *uito tesa#0 dada com uma desumanidade l!gu"re com uma tecnocracia curiosa Chicotada#0 3 agora arat Chicotada# ade respira co* di7iculdade#0 agora veo para onde vai essa Oevoluão CordaB est= de p; por sobre ade! se* 7Ilego! o chicote nas *ãos# As duas %r*ãs 14* para a 7rente e le1a*-na para tr=s# Dei@a-se le1ar! arrastando o chicote atr=s de si# ade continua a 7alar! deitado sobre os oelhos#0 para uma perda do indiv#duo para uma lenta trans&ormaão em uni&ormidade para uma morte da capacidade de ulgamento para uma negaão de si mesmo H
para uma &raque+a mortal so" um estado cua visão est' in&initamente a&astada de cada indiv#duo e não pode mais ser reencontrada Por isso eu me omito ' não perteno a ninguém uando eu &or condenado ao desaparecimento quero ganhar desse desaparecimento aquilo que com &ora pr%pria puder ganhar @aio saio de minha seão Jimito>me a olhar sem meter as mãos contemplando conservando o contemplado e o sil2ncio envolve>me P=ra! respirando co* di7iculdade#0 3 quando desaparecer deseo apagar todas as pegadas egura sua ca*isa e 1olta 1agarosa*ente K sua cadeira enLuanto se 1este#0 C1Z P-BO3 0O0 P3O@3FU
boca#0 -nde estão os meus papéis @imonne ainda h' pouco estavam aqui Por que est' tão escuro %M$,,2 e*purra os pap;is Lue estão sobre a t=bua para *ais perto dele0 3stão aqui Eean>Paul 0O0 -nde est' a tinta onde est' minha pena %M$,,2 aponta os apetrechos de escre1er0 0qui est' a pena Eean>Paul e aqui o tinteiro como sempre oi apenas uma nuvem que passou ou &umaa -s cad'veres estão sendo incinerados agora A orLuestra a7ina os instru*entos# $s uatro Cantores a1ança*#0 -@ U0O- N0)-O3@ canta*0 Po"re arat perseguido e apupado ens que &ugir deles sempre de novo deles que que"ram tua prensa impedindo o peso de teus escritos Po"re arat em quem acreditamos sempre escrevendo com os olhos inchados unto 8 lâmpada en&umaada escondido até que o &aro dos cães te descu"ra até que cerquem tua casa e arre"entem tua porta até que te"anam para "aio da terra Po"re arat queremos acreditar em ti as ser' que tua sa"edoria ainda presta agora que est's a# na "anheira suando de in&lamaão e de &alta de ar -@ U0O- N0)-O3@ 3 - N-Oarat o que aconteceu com nossa Oevoluão arat não queremos mais esperar até amanhã arat continuamos sempre gente po"re C
e queremos hoe as mudanas prometidas 'inal *usical# Cantores e Pacientes 1olta* aos 7undos# As cortinas são 7echadas diante dos Pacientes# As %r*ãs e Duperret ocupa*-se de CordaB# Co* as 7orças unidas le1anta*-na# A s %r*ãs arru*a* sua roupa e a*arra* seu chap;u# $s Pacientes e Cantores 1olta* para tr=s# $ Anunciador 1e* para a 7rente e bate tr4s 1e8es co* o bastão no chão#0 0)U)N<0D-O toca algu*as escalas na 7lauta de Pã0 0p%s termos a"ordado assuntos tão soturnos trataremos um pouco de aspectos mais ligeiros pois mesmo que alguém tenha &e"re alguém sea "atido outros continuam a ter "elos amores )ão h' s% triste+a não h' s% pavor tam"ém de alegrias est' repleta a vida Deiai>nos pois contemplar este par a"raado CordaB ; le1ada pelas %r*ãs para a =rea de representação# Duperret enlaça-a co* o braço# $ Anunciador *ostra o grupo#0 3la com sua cascata de ca"elos cuidados Mostra os cabelos#0 com seu rosto interessante e p'lido Mostra o rosto#0 com os olhos turvos pelas l'grimas do choro os l'"ios lindamente torneados e delicados Aponta-os#0 e depois o outro que não lhe poupa car#cias Aponta Duperret# Duperret ergue o p; de CordaB e beia seu sapato e depois cobre sua perna de beios# CordaB repele-o#0 movendo>se com natural elegância Duperret! repelido! perde o eLuilíbrio e senta-se sobre o traseiro! se* elegnos ainda com seus olhares deseosos antes que a ca"ea lhes caia da nuca A orLuestra toca o te*a de CordaB# CordaB tenta le*brar-se de sua 7ala#0 9
0)U)N<0D-O sussurra0 0inda ser' verdade um dia C$RDA e* estilo de =ria!0 0inda ser' verdade um dia -s homens viverão em harmonia consigo e com seus semelhantes Duperret cobre sua *ão e seu braço de beios#0 DUP3OO3 acariciando seus cabelos! cantando e* estilo de =ria0 0inda haver' uma organi+aão social na qual cada um mesmo entendendo>se com todos 2*purrando a *ão sob o 1estido de CordaB! Lue se de7ende#0 o"edecer' s% a si mesmo mantendo sua li"erdade Tenta beiar a boca de CordaB! Lue se esLui1a dele#0 C$RDA )a qual cada um ter' o direito que o outro tem DUP3OO3 segurando CordaB e derra*ando carícias sobre ela0 0inda )um acordo m!tuo segundo o qual as di&erenas naturais entre os homens CordaB cur1a-se *uito para tr=s e li1ra-se# Duperret salta atr=s dela! e continua a 7alar#0 estarão sueitas a uma ordem superior e* 7Ilego#0 assim que todos +*a das %r*ãs segura CordaB e tr=-la de 1olta# CordaB ; arru*ada e* pose her&ica#0 mesmo diversos em corpo e esp#rito serão iguais por acordo e por direito Respira ali1iado# Duperret ta*b;* assu*e u*a pose con1eniente! de *aneira a 7or*ar u* agrad=1el Luadro 7inal#0 C9 Z 3@@0@ 3)
0O0 erguendo-se be* alto# CordaB é le1ada para tr=s pelas %r*ãs# Duperret segue-a0 3ssas mentiras que circulam so"re o 3stado ideal Nomo se os ricos amais estivessem dispostos a entregar suas propriedades espontaneamente cedendo aqui e ali a+em isso somente porque sa"em que assim vão ganhar tam"ém Nonsta agora que os tra"alhadores poderão esperar para "reve `maiores sal'rios Por que A cabeça de u* Paciente aparece pela cortina# De dentro esta ; aberta#0 Porque est' sendo esperado um aumento de produão e o maior movimento consequente que ir' engrossar os "olsos dos empres'rios )ão penseis que ser' poss#vel compartilhar de seus ganhos `sem viol2ncia De Luando e* 1e8 ergue*-se Pacientes Lue ca*inha* lenta*ente para o *eio da cena! onde para*# CordaB est= estendida no estrado# Duperret cur1a-se sobre ela#0 )ão deieis que vos enganem nossa Oevoluão &oi agora su&ocada 3 se vos di+em que as circunstâncias agora melhoraram mesmo que não veais as priva*es porque as priva*es &oram dis&aradas mesmo que ganheis dinheiro e que possais comprar algo com aquilo que as ind!strias vos pagam e vos parea que vosso "em>estar est' diante da porta isto não é nada mais do que invenão daqueles que continuam tendo muito mais que v%s $s Pacientes e os uatro Cantores ca*inha* para diante lenta*ente#0 )ão acrediteis neles quando "atem amavelmente so"re vossas costas
e di+em que não vale mais &alar em distin*es não havendo mais motivo para discuss*es Coul*ier olha ao redor de si intranLuilo#0 pois é neste momento que eles estão mais alto )ira-se para o pFblico#0 em seus novos &ortes de m'rmore e de ao de dentro dos quais saqueiam o mundo so" a alegaão de que di&undem a cultura Coul*ier abandona a tribuna e corre at; onde est= ade# 'ala co* este#0 Nuidado ade não reage#0 pois logo que lhes aprouver mandar>vos>ão de&ender vossos montinhos na guerra ade ergue-se e 1ai at; a =rea de representação#0 cuas armas em desenvolvimento r'pido produtos da ci2ncia comparada são cada ve+ mais e&icientes destruindo>vos em n!meros cada ve+ maiores @0D3 u deitado a# arranhado e inchado dentro da "anheira que é teu mundo ainda acreditas que sea poss#vel a ustia no mundo e que todos possam ter as mesmas posses Coul*ier acena tranL>ili8ado e 1olta K tribuna#0 ;oe condenais um e vos apropriareis de seus "ens que distri"uireis a outros que dos "ens usarão para multiplic'>los assim como &i+eram seus antecessores Nontinuas acreditando que todos e em todos os lugares produ+em o mesmo e que ninguém desea se medir com os outros Nomo é mesmo a canão Marat to*a u*a posição abatida#0 7
C: Z N0)^]- 3 P0)-<0 P0O0 0 N-)@0FO0^]- D-@ JUNO0D-O3@ @0D3 os uatro Cantores 7a8e* u*a panto*i*a durante a canção! na Lual representa* Lue tudo aLuilo Lue ade no*eia s& ser1e KLuele Lue 7or capa8 de co*pr=-lo0 Um é conhecido como o con&eiteiro do melhor "olo o outro é um artista na permanente um é destilador de aguardente de grande &ama e quem seria capa+ de igualar>se a esse lapidador `de diamantes 3ste aqui massageia>lhe mais ha"ilmente todos os ossos aquele sa"e co+inhar os mais &inos pratos 0qui alguém cultiva as mais raras rosas ali alguém corta as mais per&eitas calas Um manea melhor o machado e aquela tem a anatomia mais mimosa Pausa#0 0chas que vais &a+e>los &eli+es se puderem avanar apenas a metade de seus caminhos impedidos pela igualdade a "ater>lhes so"re os rostos 0chas que haveria algum progresso @e cada um &osse apenas uma part#cula de uma grande corrente Nontinuas achando que é poss#vel unir os homens Pois não est's vendo como os poucos que participaram por deseo de unidade ' se puam pelos ca"elos e se tornam inimigos mortais por "agatelas. 0O0 erguendo-se de sua prostração0 )ão se trata de "atalhas trata>se de um princ#pio e é necess'rio para o desenvolvimento da Oevoluão que os hesitantes os aproveitadores seam dela epulsos 'i* da panto*i*a# Marat ergue-se na banheira#0 Para n%s s% eiste a destruião até a "ase por mais pavoroso que parea daqueles que se sintam em sua satis&aão "em nutrida e se envolvem com o manto de sua moral G
-uvi -uvi pelas paredes como murmuram e intrigam Marat sai da banheira e erra dentro da =rea de representação! nu* acesso de sona*bulis*o# Alguns en7er*eiros segura*-no e torna* a sent=-lo dentro da banheira#0 Sede como esperam quietos aguardando sua oportunidade -@ U0O- N0)-O3@ aco*panhados por *Fsica! cada u* 7alando so8inho e* to* de con1ersação! enLuanto passeia* de u* lado a outro0 - que &oi que houve @ou um "om &ranc2s e gostaria de sa"er quem &oi que me cagou )ão disseram certa ve+ que cessara o mart#rio uem nos di+ agora o que estão &urtando o rei ' &oi em"ora -s padrecos estão na merda -s no"res nos "uracos Por que esperamos C Z @3FU)D0 S<@<0 D3 N-OD0K CordaB ; arru*ada pelas %r*ãs e le1ada para a 7rente# Duperret segue-as# Marat continua sentado na banheira! escre1endo# i*onne troca-lhe os panos# ade est= de p; diante de sua cadeira# CordaB ; colocada na =rea de representação! 7a8endo pose# ua *ão est= erguida co*o Lue* 1ai bater K porta# Atr=s dela as %r*ãs estão prontas para *ant4-la de p;# Duperret senta-se# $s uatro Cantores 7ica* perto da tribuna dos *Fsicos# $ Anunciador 7a8 u* sinal a CordaB co* o bastão! ela *o1i*enta a *ão co*o se esti1esse batendo e o Anunciador bate tr4s 1e8es o bastão no palco# A orLuestra inicia o te*a de CordaB# 0)U)N<0D-O Pela segunda ve+ Nharlotte NordaT se posta diante da porta de arat na rua Nordelier 5
Aponta CordaB# i*onne ergue-se e ca*inha uns passos e* direção a CordaB#0 C$RDA e* 1o8 bai@a0 Sim para entregar esta carta Tira u*a carta de sob o lenço Lue cobre seu peito#0 na qual mais uma ve+ peo uma audi2ncia com arat Hesita0 3stou em di&iculdades e por isso tenho direito 8 sua auda CordaB estende a carta a i*onne# i*onne 7ica indecisa! d= u* passo e* direção a CordaB! depois 1olta para unto da banheira e reco*eça a trocar o pano da cabeça de Marat0 C$RDArepete alto0 3u tenho direito 8 sua auda Acena a *ão# i*onne encolhe-se ner1osa*ente para u* lado e para outro# Depois corre para unto de CordaB e pu@a a carta de sua *ão#0 0O0 uem estava 8 porta @imonne i*onne torna a dar alguns passos 8on8os entre CordaB e Marat#0 0)U)N<0D-O sussurra0 Ua mocinha de Naen com uma carta alguém que desea um &avor CordaB est= de p; na =rea de representação! encolhida# Duperret ergue-se colocando-lhe o braço por detr=s# As duas %r*ãs se apro@i*a*# CordaB ; le1ada de 1olta a seu banco#0 %M$,,2 con7usa e irritada0 )ão deio ninguém entrar todos s% nos tra+em desgraas oda essa gente com suas crises e suas queias como se não tivesses mais que &a+er além de ser seu advogado e médico e con&essor 6
i*onne rasga a carta! coloca os pedaços de papel no a1ental# Coloca u* pano 7resco nos o*bros de Marat#0 @0D3 1ai K =rea de representação e 7ica parado perto da banheira# Aco*panha*ento *usical0 = assim arat a Oevoluão é isto para eles t2m dor de dentes deveriam mandar etra#>los $s uatro Cantores representa* e* panto*i*a os atingidos# Mo1i*enta*-se *uito 1agarosa*ente! co* econo*ia de gestos! ao redor da =rea de representação! esta*pando as e@pressOes da dor#0 0 sopa queimou irritados pedem melhor sopa Uma acha que seu marido é pequeno quer um marido maior Para um os sapatos estão apertados e ele v2 outros mais con&ort'veis no vi+inho 0 um poeta &alta inspiraão de versos desesperado procura novos pensamentos Um pescador mergulha o an+ol na 'gua h' horas por que o peie não morde = assim que chegam 8 Oevoluão e acham que a Oevoluão vai dar>lhes tudo o peie os sapatos a inspiraão um homem novo uma mulher nova e eles tomam todas as "astilhas e hei>los de novo como o*es>ninguém diante da sopa queimada os versos &rustrados no leito do mesmo parceiro com o mesmo cheiro e todo o nosso hero#smo que nos levou até a lama podemos então pendur'>lo em n%s mesmos se nos so"rar um prego A *Fsica reto*a u* Luarteto e* to* tr=gico#0 7H
-@ U0O- N0)-O3@ to*a* posição0 Po"re arat de que te serve ter estudado a vida inteira De que vale toda a medicina do mundo se a &e"re ruge em tua ca"ea 3 para onde &oi teu conhecimento de ci2ncias naturais agora que seria tão !til Po"re arat cercado de todos os lados por estas paredes po"re arat em tua cova ainda &a+es idéia do grande sistema do universo arat manténs ainda tua mem%ria no &undo de tua "anheira Marat! cansado! repousa a cabeça sobre a t=bua0 Podes desvendar o sentido do mundo agora que a &e"re te consome arat podes di+er>nos aquilo que não reconhecemos no escuro A *Fsica torna-se u* tr4*ulo dra*=tico# Marat est= 7ebril# i*onne tateia sua testa! abana-o! troca-lhe a bandage*0 C7 Z -@ O-@-@ D3 0O0 Toda a cai@a do teatro estre*ece e tro1ea# $ grupo dos *i*os aparece co* u* carroção# 2ste ; pu@ado por u* ho*e* e u*a *ulher! Lue representa* os pais de Marat# $s 7igurantes dentro do carroção representa* personalidades das ci4ncias! do *ilitaris*o! do clericalis*o e do no1o-riLuis*o# $ sacerdote abençoa o propriet=rio dos sacos de dinheiro saLueado K nobre8a# Coul*ier desce da tribuna e enca*inha-se para unto do grupo! na =rea de representação# 2st= condecorado# 0O0 soergue-se ao *=@i*o0 3stão chegando atenão Sede>os 3ssa galeria de personagens essa galeria de alto clero de condecorados `de moedeiros &alsos 0tenão ' estão prestes 71
a construir seu novo reino Fritarão o nome da rana e da grande+a da rana e diante dessa grande+a &icareis pequenos arrastar>vos>eis 0tenão estão a# @im eu vos escuto eu vos veo A grande te*pestade continua#0 0)U)N<0D-O bate co*o bastão no palco0 0gora ouvireis senhores e senhoras aquilo que aqueles gostarão Aponta os personagens#0 de di+er so"re aquele ali Aponta Marat#0 0ntes que o enterremos de ve+ por todas vereis o mestre>escola da "ela cidade Mostra os *i*os e aLuele Lue representar= o *estre-escola#0 na qual aquele viu a lu+ do mundo Mostra Marat#0 3@O3>3@N-J0 canta co* 1o8 esganiçada0 E' quando criana esse arat incitava os grupos que "rincavam um contra o outro aos gritos 3les se "atiam com espadas de pau e ' então corria sangue Do 7undo ou1e*-se gritos#0 e ' se &a+iam prisioneiros que eram amarrados e torturados e ninguém sa"ia do que se tratava 0)U)N<0D-O *ostra o personage* Lue representa a *ãe0 0gora ouvireis o que tem a di+er esta que conhece a hist%ria por dentro esta que seu cheiro conhece desde o in#cio ' que ele engatinhou em seu colo M2 canta co* 1o8 tr4*ula0 7C
Oecusava o alimento Nalava>se durante dias e dias muitas varinhas que"ramos em seu corpo Ri aguda*ente# Do 7undo ou1e*-se risos e o ruído de 1arinhas batendo#0 Prend#amo>lo na adega udo in!til ele não aprendia -h Ri no1a*ente#0 P0< pulando para diante! superando-a co* sua 1o80 uando eu o mordia ele me mordia &ugia quando eu queria en&orc'>lo e quando eu cuspia nele retesava>se e gelava Ri u* riso tonitroante#0 0O0 @im eu vos veo odiado pai e odiada mãe M0s duas 7iguras acocora*-se! seus corpos ainda tr4*ulos co* o riso# :alanceia*-se para a 7rente e para tr=s! co*o se esti1esse* dentro de u* bote#0 que "arco é este em que vogais 3u vos veo Por que rides de modo tão horr#vel As duas 7iguras balanceia*-se lado a lado! seu riso cessa#0 %M$,,2 indo para unto da banheira0 Eean>Paul tens &e"re p'ra de escrever Eean Paul isso vai perder>te Deita tranqVilo deves poupar>te 0O0 )ão tenho &e"re veo claro agora que personagens eram aquelas desde o in#cio 79
3@O3 > 3@N-J0 pulando para diante0 3sse &alastrão ' "errava com a idade de cinco anos - que o pro&essor sa"e, eu eu eu tam"ém sei e ainda sei mais 3 com quin+e anos conquistei a uni uni universidade e superei todos os pro pro pro&essores e aos vinte todas as capa capa capacidades espirituais estavam a meus pés 0ssim gritava e di e di disso dou &é 'a8 u* gesto co* a 1arinha#0 0O0 @imonne onde estão meus velhos manuscritos as 0venturas de PotovsLT e as cartas polonesas e minha tese so"re os grilh*es da escravatura %M$,,2 tentando con1enc4-lo!0 Deia disso isso s% vai perder>te 0O0 soergue-se!0 uero v2>los procure>os traga>os para mim 3@O3 > 3@N-J0 3scrivinha*es de um ladrão pensamentos rou"ados aos outros cita*es e tiradas N-UJ<3O Um dos livros editado so" o nome de um conde e o outro so" o nome de um pr#ncipe Sede>o o charlatão que ansiava por t#tulos e honrarias da corte e que por não ter sido reconhecido voltou>se contra aqueles a quem "aulava 7:
O3PO3@3)0)3 D- se novamente nos melhores `c#rculos não conseguiu tornar>se o médico do Nonde de 0rtois ou ser' que era s% seu veterin'rio @er' que n%s não o vimos #ntimo dos aristocratas co"rando trinta e seis li"ras por consulta e de presentes ganhava ainda os &avores de certas damas "em nascidas A *ulher e a 7ilha de Coul*ier aplaude*#0 N-UJl3O 3 quando desco"riram que era um charlatão que &a+ia seus remédios de 'gua e de gi+ e quando o ogaram na rua que era sua verdadeira casa comeou a gritar Gritos ao 7undo#0 0 propriedade é um rou"o e 0"aio os tiranos ,o1os gritos no 7undo#0 0)U)N<0D-O apro@i*a-se u* personage* de peruca!0 = para n%s grande honra apresentar>vos o senhor Soltaire Mostra-o co* o bastão#0 S-J0nos nesse revolucion'rio ensaio que a sede da alma est' no cere"elo 7
e que da# ela in&lui so"re a maquinaria hipodr'ulica do `corpo e por seu lado rece"e as in&orma*es do mecanismo do `corpo para que cada um por sua ve+ e em tempos distintos trans&orme centr#&ugas ativas em consci2ncia 3m outras palavras esse senhor quer di+er que um calo &ere o cere"elo com dor da alma e que uma alma atormentada lana 'cidos no gado ou nos rins Para essa espécie de passatempo que pretende ser ci2ncia não nos so"ra tempo nem de rir Cucurucu e Rossignol rie* ironica*ente Eha ha haS# Adianta-se u* personage* carregando u*a 7olha de pal*a#0 0)U)N<0D-O 3ste aqui é o senhor Javoisier enquanto se mantinha no alto da &ama Mostra-o co* o bastão#0 J0 S-<@<3O co* 1o8 *on&tona0 De um certo arat a 0cademia rece"eu in&ormes so"re &ogo eletricidade e lu+ - dito arat prop*e>se a declarar que não é verdadeira a a&irmativa de que na nature+a tudo é s%lido e est'tico )o lugar disso pretende introdu+ir a tese de um ativismo permanente de magnetismos que se entrechocam Por isso não nos espanta que estea na "anheira coando>se sem sa"er o que &a+er .o3ol e Polpoch rie* ironicamente (ha ha h="# $ pai e a *ãe ta*b;* rie*# $s personagens assu*e* a posição de uí8es Lue 1ão pro7erir u*a sentença#0 77
N-UJ<3O co* aco*panha*ento *usical0 3 quando viu que suas pesquisas em nada resultavam @0N3OD-3 3sse diletante veri&icou que a Oevoluão lhe convinha 3@O3>3@N-J0 3 se passou para o lado dos oprimidos )-S->Olos e para romper "arreiras @er' sempre "arrado e escarnecido pelos condecorados asseguradores de velhas posi*es uerias a claridade por isso pesquisaste o &ogo e a lu+ %nstala-se a inLuietude nos 7undos#0 uerias desco"rir como dirigir as &oras por isso estudaste a eletricidade 3 querias deiar clara a &unão dos homens por isso perguntaste o que seria a alma $s Pacientes adianta*-se e* grupo#0 esse monte de ideais va+ios e de ética superada 3 colocaste a alma no cére"ro para que aprendesse a pensar pois que a alma para ti é coisa pratica 7G
coisa com a qual poderemos regular e dominar `nossa eist2ncia 3 vieste para a Oevoluão porque estava demonstrado que antes de mais nada seriam necess'rias modi&ica*es radicais `das circunstâncias e que sem essas modi&ica*es seriam in!teis todas as nossas provid2ncias Coul*ier apro@i*a-se de Rou@ e pu@a-o para tr=s# +* 2n7er*eiro ta*b;* se apro@i*a e le1a Rou@ para os 7undos! co* 1iol4ncia# ade est= e* p; diante de sua cadeira! sorrindo# CordaB est= deitada sobre o banco! dor*indo# Duperret senta-se no chão diante dela#0 N-O- co* aco*panha*ento *usical! enLuanto as %r*ãs canta* u*a litania!0 arat o que aconteceu com nossa Oevoluão arat não queremos mais esperar até amanhã arat continuamos sempre gente po"re e queremos hoe as mudanas prometidas 'i* da *Fsica#0 0)U)N<0D-O rodando o reco-reco0 De um tempo que passa depressa passemos agora a um outro tempo o do descanso ' que o &im não est' longe 0ssim como se tudo que aqui se apresentou &osse apenas uma apar2ncia representada e encenada Nomo se o &im a que tudo se destina pudesse ser modi&icado e parado de acordo com o deseo e a necessidade de cada um Oeu"ilemo>nos agora com os dias de hoe e nessa pausa &aamos um "alano da situaão Mostra Marat#0 Deste que aqui ap%s cervea e ca&é revereis logo dentro da "anheira. +P$'%, 75
ATO II
:i*balhar da sineta atr=s do pano# Abre-se o pano# CG Z 0 0@@3BJ=<0 )0N<-)0J Mes*o cen=rio! no Lual se dera* as seguintes alteraçOes de posiçOes6 sobre os degraus Lue leia* K cadeira ele1ada de ade est= sentado Duperret! entre duas Pacientes 1estidas de prostitutas# Mais adiante! K esLuerda! estão sentados os Pacientes Lue representa* os Firondinos na Asse*bl;ia ,acional# ade est= diante da tribuna de Coul*ier# A banheira 7oi retirada do estrado de Marat# obre este estão sentados os uatro Cantores e os Pacientes Lue representa* os Jacobinos# Aos lados e atr=s da =rea de representação 7ora* colocados bancos Lue estão ocupados por Pacientes# A cena est= co*posta co*o u* Luadro 1i1o# A banheira! dentro da Lual Marat est= de p;! ; rolada para dentro de cena pela porta Lue est= K direita e atr=s# Coro e* seçOes6 +*a longa 1aia# (ongos asso1ios de u* s& to*# :atidas de p;! soturnas# Marat! dentro de sua banheira! ; le1ado at; o centro da =rea de representação# 2st= de p;! erguido! e olha para a 7rente# 0)U)N<0D-O -uviremos como arat antes de perder a ra+ão reali+ou seu !ltimo discurso para aconselhar 8 0ssem"léia alguém em quem pudesse votar como tri"uno 'a8 u* sinal para a orLuestra co* o bastão# +* tu*ulto# $s integrantes do Luadro 1i1o Lue estão sentados bate* os p;s ou os arrasta*#0 FO<-@ ensaiados0 0"aio arat Nassem>lhe a palavra Deiem que &ale ele tem o direito ora com ele 76
Siva Oo"espierre Siva Danton 0O0 7alando para a 7rente# 2* toda a sua oração a*ais se dirige KLueles Lue estão no palco# De1e 7icar claro Lue seu discurso ; i*agin=rio0 eus concidadãos deputados da 0ssem"léia )acional )osso pa#s est' em perigo de toda a 3uropa os eércitos romperam `nossas &ronteiras dirigidos pelos donos do câm"io negro que deseam estrangular>nos e que ' se disputam pela divisão do saque 3 o que &a+emos P;s arrastando K direita#0 )osso ministro da Fuerra de cua coragem e honra nunca duvidastes vendeu com lucro ao estrangeiro as ra*es de que necessitamos para o nosso eército 3 estas agora "ene&iciam as tropas levantadas contra n%s (ongos asso1ios#0 Gritos6 entira ora com ele - comandante de eército Dumourie+ Grito da *ulher de Coul*ier6 Bravo Siva contra quem h' muito ' vos preveni e a quem h' pouco ainda aclam'veis como her%i passou>se para nossos inimigos Gritos6 @uo Bravo entira P;s arrastando#0 0 maioria de nossos generais que usam as nossas ins#gnias simpati+am>se com os emigrantes e esperam pelo dia em que untos poderão retomar os seus neg%cios Gritos6 Para a guilhotina ora com arat incitador entiroso Siva arat )osso homem de con&iana na economia o muito louvado senhor Nam"on GH
em"olsa uma &ortuna com a emissão de notas &alsas enquanto incentiva a in&laão com a con&ecão de acordos comerciais Asso1ios! p;s batendo#0 Grito de Rossignol6 Siva o comércio livre 3 ouvi di+er que nosso h'"il "anqueiro Perrégau est' mancomunado com os ingleses e que nas &orti&ica*es um n!cleo de espi*es tra"alha contra n%s N-UJ<3O le1anta-se de u* salto e lança u* aparte0 Nal!nias contra um homem digno um Navaleiro da Jegião de ;onra de )apoleão e por ele nomeado Presidente do Banco da rana Gritos6
Nhega arat apem>lhe a "oca ue &ale mais Siva arat
0O0 interro*pendo!0 - povo não pode pagar os preos eor"itantes do pão nossos soldados andam em &rangalhos uma nova guerra civil &oi de&lagrada pela `contra>revoluão e o que &a+emos 0té agora os desa&ortunados nada rece"eram das propriedades dos clérigos e ' h' anos eu propunha que estas &ossem divididas em parcelas e providas de maquinaria e sementes am"ém não o vi as o&icinas comunais que deveriam ser instaladas nos antigos conventos e casas senhoriais 0queles que tra"alham es&al&am>se para os corretores agentes e especuladores Gritos#0 Noncidadãos lutamos pela li"erdade daqueles que hoe nos eploram G1
Gritos6 Nhega Para &ora ala ala )osso pa#s est' em perigo alamos da rana as de quem é a rana alamos da li"erdade as de quem é essa li"erdade Deputados da 0ssem"léia )acional amais vos livrareis de vosso passado amais compreendereis as modi&ica*es por que passastes Asso1ios! 1aias#0 Por que não h' milhares de lugares aqui neste ponto de reunião para que todos aqueles que o deseem possam ouvir o que se passa DUP3OO3 - que é que ele quer com seu discurso incitar de novo as pessoas Basta ver quem é que est' sentado na assist2ncia "ordadeiras porteiras e lavadeiras rou"ando seus empregadores 3 quem mais est' com ele malandros indolentes e parasitas que passeiam pelas ruas Grande irritação entre os assistentes#0 e &icam sentados nos ca&és Grito6 @e pudéssemos Presidi'rios soltos loucos &ugidos Tu*ulto e asso1ios#0 é com eles que ele quer guiar nosso pa#s 0O0 entirosos detestais o povo Gritos de grande irritação#0 Gritos6 Siva arat 3le &ala a verdade @empre &alareis do povo como de uma massa crua e in&orme GC
pois que viveis separados dele Deiastes que nos arrastasse a Oevoluão sem conhecer suas metas "'sicas )ão a&irma o nosso estimado Danton que ao invés de proi"ir a rique+a dever#amos es&orar>nos para &a+er honrada a po"re+a 3 Oo"espierre que empalidece com a palavra viol2ncia não se senta a mesas elegantes mantendo conversas cultas 8 lu+ das velas 2stalar de língua#0 Gritos6 0"aio Oo"espierre Siva arat Nontinuais querendo imitar o canalha emproado )ecLer Ja&aTette alleTrand N-UJ<3O interro*pendo0 Nala a "oca ;oe vivemos no ano de oitocentos e oito e o se como se chamarem = preciso que &inalmente tenhamos um verdadeiro `representante do povo alguém que sea incorrupt#vel alguém em quem con&iemos Sivemos na solv2ncia e no caos e isto é "om é o primeiro est'gio emos que alcanar agora o segundo Sotai em alguém que cuide de vossos interesses Gritos6 arat como ditador 0o "anheiro com arat 0"aio o arat e as cloacas Ditador dos Oatos G9
Ditador é a palavra que deve desaparecer Detesto tudo que lem"re o mestre ou o patriarca alo de um che&e que num tempo de crise uas pala1ras são su7ocadas por poderoso tu*ulto#0 DUP3OO3 3le quer iniciar novos assassinatos 0O0 )ão assassinamos De&endemo>nos lutamos por nossas vidas DUP3OO3 -h se ainda tivéssemos pensamentos criadores ao invés de agitaão ivéssemos "ele+a e harmonia ao invés de tumultos e &anatismo $s uatro Cantores lança*-se sobre ele e tapa*-lhe a boca#0 O-UY erguendo-se de u* salto no 7undo0 Sede o que esta acontecendo Uni>vos Derru"ai vossos inimigos omai>os impotentes pois se eles ganharem eles tam"ém a nenhum de v%s poupariam e tudo que alcanamos estaria perdido Gritos entusias*ados! asso1ios! p;s batendo no coro 7alado 0 Uuuuh ora com arat 0"aio a"aio G:
FO<-@ arat arat arat arat arat 0 coroa de louros para arat archa triun&al para arat Sivam as ruas Sivam os postes Sivam as padarias Siva a li"erdade 0"aio a camisa de &ora 0"aio as portas &echadas 0"aio as grades Tu*ulto e gritos# $s 2n7er*eiros e as %r*ãs inter7ere*#0 N-OSiva arat contigo vamos construir =s o !nico em quem con&iamos R-R-J 3 P-JP-N; dançando0 0"aio os ricos e o seu Deus para a latrina com os seus restos NUNUOUNU 3 R$%G,$( dançando0 )%s tam"ém queremos eperimentar o gosto de vitela e de "olo de nata N-Oarat arat arat arat arat @0D3 adiantando-se! enLuanto o coro 7alado ao 7undo silencia-se de1agar0 3 vão encontrar alguém so"re quem descarregarão tudo e vão eleg2>lo o monstro sanguin'rio que poder' entrar para a hist%ria so" o nome de arat Ru7ar de ta*bores e *Fsica#0 C5 $ P-BO3 0O0 3 @U0 B0);3
$s bancos dos espectadores são e*purrados para tr=s! os Pacientes são e*purrados para tr=s pelas %r*ãs e pelos 2n7er*eiros# C$RDA no1a*ente encolhida0 -lha esta cidade na qual as pris*es estão cheias de nossos amigos 0gora no sono estive com eles 3stão l' apertados uns contra os outros ouvindo pelos "uracos os guardas &alando das eecu*es ala>se agora em p's de &orno 3les são procurados de acordo com as listas listas que enquanto diminuem aumentam novamente com as assinaturas dos carcereiros 3stive com eles e esperamos a leitura de nosso nome DUP3OO3 Nharlotte viaemos untos ainda hoe 8 noite C$RDA co*o se não o ou1isse0 ue cidade é essa que ruas são essas quem sonhou com isso quem lucra com isso Si negociantes em todos os cantos eles vendiam pequenas guilhotinas com lâminas min!sculas e a&iadas e "onecas cheias de l#quido vermelho que orra dos pescoos quando a sentena é eecutada ue crianas são essas que sa"em manear ha"ilmente esses "rinquedos e quem pro&ere as sentenas quem pro&ere as sentenas G7
$s uatro Cantores dança* u*a lenta Narmagnole sobre a =rea de representação#0 R-R-J 3 P-JP-N; cantando e dançando0 Po"re arat em tua "anheira Do tempo s% te resta pequena parte depressa aproima>se teu &im se "em que agora NordaT descanse em seu "anco NUNUOUNU 3 R$%G,$( cantando e dançando0 te em guarda na tarde que vir' antes dessa noite $s ta*bores ru7la* troando tr4s 1e8es# ,o 7undo 7e8-se u* sil4ncio escasso# $s Pacientes 7ora* colocados e* 7ila! as *ãos sobre as cabeças# %r*ãs estão diante deles! as *ãos untas! orando# $u1e-se o *ur*Frio da re8a# $s uatro Cantores ainda dança* u* pouco e depois deita*-se sobre a =rea de representação#0 0O0 co* te*or na 1o80 ue "arulho é esse @imonne ,o1a*ente tir
vai desaparecer Marat est= co*#o rosto deitado sobre a t=bua e tapa os ou1idos co* as *ãos#0 arat olha para mim arat como viveste na "anheira em tua morti&icaão Por orde* das %r*ãs os Pacientes *uda* de posição esticando os braços para ci*a#0 0O0 soergue-se0 @% tive tempo de tra"alhar - dia e a noite não chegavam uando eu eaminava uma conclusão logo ela se "i&urcava - que quer que eu agarrasse sempre se tornava d!"io +* Paciente sai da 7ila# +* 2n7er*eiro le1a-o e*bora#0 uando escrevia sempre escrevia com o pensamento na aão tendo eternamente diante de mim a certe+a de que tudo era apenas a preparaão uando escrevia sempre escrevia &e"ril e ' ouvia o troar das a*es @0D3 Para que servem os comunicados 3 tarde demais arat 3squece teu comunicado ele s% tra+ mentiras - que pretendes ainda com essa Oevoluão para onde vai ela -lha esses revoltosos perdidos Mostra os uatro Cantores deitados no chão enLuanto se coça*! bocea* e procura* e@trair u*a Flti*a gota da garra7a 1a8ia#0 com suas decora*es penduradas - que deseas ordenar>lhes para onde queres lev'>los G5
Ao 7undo os Pacientes coloca*-se sobre u*a perna s&! obedecendo as ordens das %r*ãs#0 o que deseas ordenar>lhes Nerta ve+ &alaste das autoridades em cuas mãos os decretos se tornavam instrumentos de coerão -u ser' que deseas que alguém disponha de ti e de tuas palavras escritas e que te &orce a este tra"alho ou 8quele e que sempre repitas os preceitos da nova ordem até que &ales durante o sono $s Pacientes ao 7undo anda* e* círculo! as %r*ãs re8a*# $s uatro Cantores co*eça* a cantarolar indi7erentes! pri*eiro deitados no chão e re*ando co* os p;s no ar# Depois Rossignol e Cucurucu le1anta*-se e dança* ao so* de *Fsica#0 0O0 inclina-se para a 7rente no1a*ente0 Por que tudo est' tão inde&inido udo que eu disse era pensado e verdadeiro cada argumento era certo por que duvido agora por que tudo soa &also -@ U0O- N0)-O3@ Po"re arat deitado na t'"ua enquanto disputam a venda da rana Po"re arat h' muito iludido com as pesquisas do &ogo e do arco>#ris udo que alcanaste com es&oro pr%prio est' longe agora e nevoento u tam"ém &oste presa de pensamentos herdados ainda assim pudeste trilhar novos caminhos Passaste anos estudando os s'"ios 3 &i+este longas viagens 3m todo lugar viste quem manda no mundo 3 quem nele apenas vegeta 3 mesmo vivendo de pão e 'gua nenhuma privaão te impedia de compreender o mundo como o vias em todos os lados G6
para assim aumentar tua eperi2ncia Por isso hoe a massa ignara ladra contra ti não suportando tais modi&ica*es Po"re arat em tua casa cercada est's adiantado um século de n%s 3nquanto tine a lâmina l' &ora e tuas palavras se decomp*em escorre>se em sangue toda a verdade que aprendeste 'i* da *Fsica# $s uatro Cantores 1olta* dançando para o centro da cena# $s Pacientes são le1ados a seu estrado# As %r*ãs tenta* acordar CordaB# Tr4s batidas solenes#0 C6 Z PO3P0O0te agora e pega teu punhal pelo ca"o Pausa# CordaB ; erguida pelas %r*ãs# ua cabeça est= caída e as pernas 5H
dobradas# As %r*ãs a*para*-na e le1a*-na para a 7rente! de1agar# eus p;s arrasta*-se pelo chão# Duperret 1ai atr=s dela! as *ãos segurando suas ancas#0 Nharlotte NordaT tu o sa"es logo dormir's na eternidade CordaB ; e*purrada para a =rea de representação# Duas ir*ãs segura*-na pelos lados# Duperret de p;! atr=s! seguraa pelas costas# 'i* da *Fsica#0 C$RDA co* os olhos ainda 7echados! 7ala bai@o e te*erosa0 0gora sei como é este momento no qual a ca"ea é a&astada do corpo este momento as maos atadas nas costas os pés atados untos o pescoo nu oca"elo cortado oinstante so"re as t'"uas do estrado o ru#do da lâmina sendo puada para cima de cuo &io o"l#quo ainda escorre o sangue este momento a ca"ea presa so" o ugo de metal olhando para o &undo da cesta e depois a queda que nos parte em dois Pausa#0 Di+em que a ca"ea quando erguida pelas mãos do carrasco ainda est' viva que os olhos ainda v2em que a l#ngua ainda se movimenta e que em"aio os "raos e as pernas ainda se agitam DUP3OO3 enca*inha se para a 7rente dela! *antendo ainda a *ão e* sua anca# A guitarra o aco*panha0 De que &alas Nharlotte que sonhos são esses acorda Nharlotte contempla as 'rvores contempla a r%sea lu+ da tarde 51
e não penses nessas coisas sente o calor e o ar do verão no qual se ergue teu "elo peito Pausa# 2rgue a *ão e acaricia o peito de CordaB# ente o punhal sob o lenço#0 ue tra+es ai Um punhal Eoga>o &ora 'i* da *Fsica#0 C$RDA e*purra sua *ão0 0gora devemos usar armas para de&ender nos DUP3OO3 solicitando0 )inguém te atacou Nharlotte Nharlotte oga &ora o punhal Parte daqui volta a Naen C$RDA 7ica de p; e e*purra as *aos das %r*ãs0 3m meu quarto em Naen so" a mesa diante da anela a"erta est' a"erto o Jivro de Eudite Eudite partiu para nunca voltar Sestindo>se de espl2ndida "ele+a &oi ao acampamento do tirano e com um s% golpe eliminou>o DUPOO3 Nharlotte ue planeas $s Pacientes aunta*-se nu* grupo e enca*inha*-se ao centro da cena# CordaB ergue a *ão nu* gesto de bater K porta#0 9H $ 0 3ON3
direção de CordaB# i*onne coloca-se diante da banheira e* atitude protetora# DUP3OO3 ue deseas nessa porta @a"es quem mora qui C$RDA 3le por quem vim até aqui DUP3OO3 ue queres dele Sai em"ora Nharlotte Cai de oelhos diante dela#0 C$RDA enho uma missão devo cumpri>la Sai em"ora 2*purra-o co* o p;#0 Deia>me s% Duperret abraça suas pernas# 2la bate-o co* o p; di1ersas 1e8es# Duperret recua de oelhos#0 0)U)N<0D-O co* o bastão! *ostra CordaB0 Sereis agora como pela terceira ve+ esta que nesta cena representa NordaT em nossa pea tenta a sua sorte diante da porta de arat 0os seus pés est' Duperret Mostra-o#0 encolhido com a dor da despedida Sede como ela não desea a"randar sua dor e não se deia demover de seus intentos (e1anta o dedo indicador#0 pois o que aconteceu est' &eito e mesmo que n%s quiséssemos o contr'rio 3la não se deiou reter por seu sono nem convenceu>se de voltar pela dor do amor @imonne tam"ém &e+ o que pde para demov2>la Mostra i*onne#0 mas ela não se deia convencer 59
Mostra CordaB#0 não adianta ela ' o esqueceu Mostra Duperret# Duperret recua para tr=s sobre os oelhos#0 s% pensa naquele l' de dentro por quem est' Mostra Marat#0 possessa 0O0 soergue-se#0 )ão eu tenho ra+ão e ainda uma ve+ vou di+2>lo @imonne -nde est' Bas h' pouco tempo minha mensagem i*onne d= u* passo para o lado onde 7ica parada! olhando 7i@a*ente CordaB! co*o se esti1esse en7eitiçada#0 @0D3 1ai para a banheira0 arat ue são todos os pan&letos e discursos contra aquela que ali est' e te procura para "eiar>te e a"raar>te arat uma virgem intata est' diante de ti e se te o&erece CordaB est= de p;! alta e sorridente! *eneia o cabelo para o lado e coloca a *ão sobre o lenço! onde guarda o punhal#0 S2 como sorri como "rilham seus dentes como meneia os ca"elos arat desiste de tudo agora que ela vem arat nada mais eiste do que esse corpo S2 a# est' ela o peito nu so" o leno &ino alve+ esconda um punhal para dar sa"or aos ogos do amor 5:
CordaB apro@i*a-se u* passo da banheira# $7erece seu corpo! balança-se ligeira*ente para u* lado e outro# i*onne est= rígida! so*ente as rnãos re*e@e* *ecanica*ente o pano Lue carrega#0 0O0 @imonne @imonne quem "ateu @0D3 Uma ovem vinda da solidão campesina de um convento Pensa como essas moas se deitam no duro chão em camisolas grosseiras e como o ar quente dos campos penetra até elas pelas anelas gradeadas Pensa como se deitam o colo molhado o seio molhado pensando naqueles que vivem l' &ora Acorde de guitarra# 2* recitati1o! enLuanto os uatro Cantores enca*inha*-se para a 7rente e representa* a EPanto*i*a da Copulação"# Rossignol ca1alga o *ais 7orte de seus co*panheiros e co* todos eles apresenta nF*eros acrob=ticos#0 @0D3 co* aco*panha*ento *usical0 3 então entediou>se de seu isolamento &icando presa dos tempos modernos 3ntrou para dentro do "ur"urinho deseando cola"orar nas modi&ica*es Pois o que seria dessa Oevoluão sem uma generali+ada copulaão N-O- no c
perto s% est' esse corpo que te espera arat quando estive na prisão durante tre+e anos aprendi que este é um mundo de corpos e cada corpo é cheio de terr#vel &ora e cada corpo é s% martiri+ado por sua intranqVilidade )essa solidão no meio de um mar de paredes ouvi o incessante sussurro de l'"ios senti incessantemente nas palmas das mãos e na pele do corpo esse contato echado atr's de tre+e cadeados os pés nas correntes s% sonhei com as a"erturas corporais que eistem para que nelas nos enganchemos e nos mergulhemos +* Paciente! na ponta dos p;s e cur1o! 1e* para a 7rente e per*anece atr=s da =rea de representação! a cabeça encolhida! ou1indo atento# $utros Pacientes o segue*#0
C$RDA a i*onne! aco*panhada pela guitarra0 3ntregaste minha carta a arat deia>me entrar trata>se de sua vida devo &alar com arat so"re a situaão em Naen onde reuniram>se e querem aniquil'>lo 0O0 uem est' unto 8 porta %M$,,2 torna a pIr-se e* atitude protetora diante da banheira0 0 moa de Naen 0O0 Deia que entre i*onne d= u* passo para o lado! balançando a cabeça co* 1iol4ncia# Acocora -se sobre o estrado atr=s da banheira e esconde o rosto co* as *ãos# CordaB *o1i*enta-se at; a banheira# eu andar ; ondulante# orri# A *ão continua sobre o lenço# ade dei@a a =rea de representação e 1olta a seu estrado! onde 7ica de p;! aco*panhando a ação co* grande interesse#0 C$RDA e* 1o8 bai@a0 arat quero di+er>te o nome de meus her%is mas não os direi pois &alo com um morto 0O0 soergue-se0 ala mais alto não entendo aproima>te CordaB apro@i*a-se da banheira! ostentando u* riso enriecido# eu corpo 1ira e balança de1agar# POe a *ão debai@o do lenço#0 C$RDA cantarolando0 Dir>te>ei nomes arat )omes daqueles que se reuniram em Naen )omeio Bu+ot e Pétion 5G
e Jouvet e Brissot e Sergniaud e Fuadet e Fensonné 2nLuanto di8 os no*es! seu rosto contrai-se *ais e *ais at; adLuirir u* espectro sel1age*! no Lual se *escla* o &dio e a 1ontade#0 0O0 uem és aproima>te Marat senta-se be* no alto# $ pano escorrega de suas costas# CordaB apro@i*a-se apro@i*a-se *ais de Marat# ua *ão esLuerda est= esticada co*o Lue Luerendo acariciar# ,a *ão direita *ant;* o punhal sob o lenço#0 C$RDA 3u vim arat )ão podes ver>me ver>me arat porque est's morto 0O0 se*inu! be* le1antado! grita0 Bas escreve o que vou ditar s'"ado tre+e de ulho de mil setecentos e noventa e tr2s )aão rancesa CordaB est= inapela1el*ente diante de Marat# ua *ão esLuerda! Luase colada K pele de Marat! apro@i*a-se de seu pescoço! passando por seu peito e seus o*bros# o*bros# Marat senta-se inclinado sobre o encosto da banheira# ,a *ão direita direita *ant;* u*a pena# CordaB retira o punhal de sob o lenço# egura-o co* a*bas as *ãos e estica be* os braços para des7erir o golpe# $s Pacientes! 2n7er*eiros e %r*ãs per*anece* i*&1eis# CordaB encolhe-se# Marat senta-se e* posição descansada para a 7rente# $ Anunciador apita u* apito de tons agudos#0 91 Z <)3OOUP^]55
0)U)N<0D-O ;ouve por "em a invenão art#stica do senhor de @ade encaiar uma pausa neste instante e nela arat dever' no segundo anterior a seu &im ouvir de nossa "oca o que vir' depois quando não mais aqui estiver e tudo aquilo que v%s a# em "aio sa"eis Mostra o pFblico# A orLuestra inicia u*a ligeira *archa *ilitar r=pida# $s uatro Cantores 1ão para a =rea de representação! canta* e 7a8e* e1oluçOes grotescas! seguindo seguindo o te*po da *elodia#0 -@ U0OU0O- N0)-O3@ N0) -O3@ )a Se Sendéia ' se iniciou a luta luta cheia de "ravura e de pavor entre os nossos e os realistas e estamos conseguindo aniquil'>los 0s "andeiras ao vento ' estamos chegando cantando e queimando na epedião punitiva que com honra porta o nome Oegimento arat e com isto estamos limpando o pa#s arat tudo que voce pregou ser' resolvido com grande &ora os inimigos a+em a"atidos na areia ou morrem por suas pr%prias maos 3 ' seguimos com os canh*es e os cavalos para assaltar a sede da contra>revoluão contra>revoluão JTon que erigimos como eemplo eecutando de uma s% ve+ v e+ tr2s mil homens am"ém am"ém para )antes nos dirigimos agora ag ora e ali procederam>se a&ogamentos em massa e cada casa na qual morava um insurrecto é ogada ao chão sem se poupar uma s% 0s "andeiras ao vento ' estamos chegando na traioeira cidade de oulon e unto conosco h' alguém que logo veremos 0inda h' de nos levar a grandes vit%rias Nomo v2s arat a coisa progride e agora atacamos os nossos pr%prios companheiros Nomo o disseste antes de mais nada deverão ser eliminados os &racos e incapa+es Oo"espierre enviou nosso amigo Danton para `a guilhotina 56
e atr's dele com grande pressa enviou muitos de nossos amigos em quem ainda con&iamos em nossa ignorância arat não acreditamos em nossos olhos vendo o que os novos governantes se permitem 3ntre os no"res nos carro*es vemos passar agora &iéis Eaco"inos e so" o machado são como eles imposs#veis de discernir entre os cad'veres arat estamos aqui e s% nos espantamos pois vemos agora Oo"espierre Oo"espierre de mãos atadas e ' a sua ca"ea desapareceu na cesta arat qual a relaão de tudo isso se uns estão sempre danando os outros arat tem que ser assim sempre alguém l' em cima &ingindo dirigir ou &a+er alguma coisa e com isto perde a ca"ea arat para consolo ainda poderemos di+er quem é que agora est' conosco o Bonaparte é que a# est' como tu veio da @ardenha ou da N%rsega e nos promete a pa+ eterna dando>nos tra"alho unto aos armeiros e para honrar a Oevoluão ele se chama de
1i1o! her&ico# A co*posição ; a seguinte6 Marat! co*o na tela cl=ssica de Da1id! est= co* o braço direito pendurado para 7ora das bordas da banheira# ,a *ão direita ainda *ant;* a pena e na esLuerda os pap;is# CordaB dei@ou o punhal cair# $s uatro Cantores segura*-na por detr=s e pu@a* seus braços be* para tr=s! de *odo a 7a8er soltar-se seu lenço! dei@ando os seios aparecer# i*onne! co* u* gesto de pa1or! inclina-se sobre a banheira# $s Pacientes restantes estão de p;! co* os braços esticados para ci*a# +* dos Pacientes pode to*ar u*a posição desconuntada# Duperret est= aoelhado ao lado do estrado K direita# Rou@ est= no *eio da cena! de p; sobre u* banco# $Anunciador a1ança e ergue o bastão# 99 Z 3PfJ-FTe*a orLuestral co* *Fsica e* surdina e 7esti1a# Rossignol torna a colocar o lenço sobre o peito de CordaB# As %r*ãs 1ão para a 7rente e apossa*-se de CordaB Lue agora dei@a o corpo cair# A banheira co* o cad=1er de Marat ; a7astada da =rea de representação# +* telão transparente co* a representação pict&rica da consagração de ,apoleão ; bai@ado atr=s da =rea de representação# Atr=s do telão! os Pacientes aco*oda*-se para a *archa 7inal# Muita intranL>ilidade e agitação# Coul*ier desce da tribuna e coloca-se sobre a =rea de representação# N-UJ<3O Oespeit'vel p!"lico de tempos esclarecidos 0p%s esse olhar so"re o passado voltemos agora para a atualidade que se ainda não nos deu a pa+ deia>nos olhar tranqVilos o amanhã que di+emos ser' sem preocupa*es A *Fsica trans7or*a-se cada 1e8 *ais nu*a *archa *on&tona# $s Pacientes dos 7undos pisa* o chão se* sair do lugar# ua intranL>ilidade ; crescente#0 ;oe vivemos em tempos muito di&erentes sem os opressores e sem as &al2ncias estamos a caminho de nossa recuperaão temos o pão e tam"ém temos carvão 61
e mesmo que ainda mantenhamos uma guerra diante de n%s s% "rilha a vit%ria -@ U0O- N0)-O3@ inter7erindo! e* pose her&ica! diante do retrato de ,apoleão0 3 mesmo que a maioria tenha pouco e s% poucos `tenham muito ainda assim n%s todos nos aproimamos da meta comum podendo epressamos so"re qualquer assunto e o que não podemos di+er &alamos "aio Junto co* o coro#0 3 mesmo n%s os internados não estamos mais `acorrentados e para sempre &oi salva a honra de nosso pa#s e não precisamos mais "rigar por causa de pol#tica pois que h' alguém que a todos nos guia que auda o po"re e a n%s doentes tam"ém e a este alguém temos tudo para agradecer 3ste !nico
Nopulaão Nopulaão )aão )aão Nharentão NharentãoA N-UJ<3O gritando e* *eio K balbFrdia0 Siva o
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APONTAMENTOS SO-RE A -ASE .IST*RICA DE NOSSA PEÇA E' antes de seu aprisionamento no orte Norrecional de Sincennes e na Bastilha de Paris, @ade costumava dirigir representa*es teatrais em seu Pal'cio Ja Noste. Durante os tre+e anos de prisao Z entre seu trigésimo terceiro e quadragésimo seto anos de vida escreveu de+essete dramas, além de suas grandes o"ras em prosa. 0nos mais tarde, a este n!mero acrescentaram>se mais cerca de do+e tragédias, comédias, %peras, pantomimas e atos !nicos rimados. De todas essas peas, somente $@tiern ou les *alheurs du libertinage &oi montada em teatro, entre os anos de 1G6H e 15H1, nos quais esteve em li"erdade, e logo depois retirada de carta+, ap%s escândalo. De 15H1 a 151:, ano de sua morte, @ade esteve internado no ;osp#cio de Nharenton, no qual, durante alguns anos, teve a oportunidade de encenar peas, nas quais aparecia tam"ém como ator. Nharenton era Msegundo a descrião de E. J. Nasper, em Chara3teristi3 der 'ran8oesischen Medi8in! Jeip+ig, 15CCI uma instituião para a qual eram levados aqueles que, graas a seu comportamento na sociedade, se haviam tornado para ela imposs#veis, mesmo que não estivessem loucos. J' estiveram internadas pessoas (que haviam eer cido mal&eitos cua divulgaão p!"lica não convinha &a+er em tri"unais populares, "em como outros, aprisionados por causa de atitudes pol#ticas grosseiras e ainda outros que se haviam deiado usar como maus instrumentos de altas ca"alasA. )a melhor sociedade parisiense era considerado um entretenimento requintado assistir 8s representa*es de @ade no ("uraco escapat%rio para o re&ugo moral da sociedade "urguesaA. )o entanto, é de se admitir que essas representa*es &ossem constitu#das principalmente de declamaão num estilo tradicional. 0li's, a maior parte da o"ra dram'tica de @ade nunca atinge a coragem e conseqV2ncia de sua prosa. 3ntretanto, no Dialogue entre un pr4tre et un *oribond e principalmente em (a philosophie duns le :oudoir &ica clara sua concepão dram'tica nos di'logos anal#ticos e &ilos%&icos, contrapostos aos cen'rios de ecessos corporaisQ tam"ém em seus romances, pela descrião etraordinariamente concreta dos acontecimentos, torna a demonstrar>se seu pensamento eemplar. @ua discordância com arat, que aqui apresentamos, é, porém, inteiramente imagin'ria e s% encontra usti&icativa no &ato de ter sido @ade quem pronunciou a oraão &!ne"re so"re arat nas pompas &!ne"res deste. 3 mesmo nesse discurso sua relaão com arat permanece ainda duvidosa, ' que o &e+ para salvar sua pr%pria ca"ea, pois nesse momento ' se encontrava novamente em perigo, estando seu nome numa lista de &uturos guilhotinados. -que nos interessa na con&rontaão entre @ade e arat é o con&lito entre o individualismo levado ao etremo e o pensamento de uma revolta pol#tica e social. am"ém @ade estava convencido da necessidade da Oevoluão e suas o"ras são um ataque !nico 8 corrompida classe dominante. )o entanto, tam"ém ele apavorou>se ante as medidas de &ora dos renovadores e permanece entre duas posi*es, como o representante da moderna terceira posião. esmo que, ap%s 6:
sua li"ertaão, em 1G6H, se tenha colocado 8 disposião da 0ssem"léia )acional, tornando>se secret'rio na seão de Piques, onde &oi incum"ido da superintend2ncia dos hospitais e onde tam"ém o"teve um posto como ui+, permanece um individualista e, ap%s longo aprisionamento, est' tão alque"rado que, 8s ve+es, suas rela*es com as pessoas se tornam diceis. 3 quando di+ que as medidas do velho regime o preudicaram, isto não o torna um her%i, pois sua prisão não &oi determinada por motivos de &undo pol#tico e sim por causa de acusa*es de ecessos seuais. 3 é na pessoa de seus apavorantes escritos que aqueles tornam a &a+2>lo cair em desgraa no novo regime. De como se via como revolucion'rio, &ica claro na carta que escreveu da prisão 8 sua mulher, em 1G59/ (Di+em que meu modo de pensar não pode ser admitido. 3 o que tem demais? Bem louco é aquele que desea prescrever aos outros um modo de pensar. eu modo de pensar é o produto de meu pensamento, pertence 8 minha vida, 8 minha atividade. )ão est' a meu alcance mud'>lo, e, se estivesse, eu não o &aria. 3sse modo de pensar que eles condenam é o !nico consolo de minha vida, alivia meus so&rimentos na prisão, cria todas as alegrias que tenho no mundo, e gosto mais dele do que da pr%pria vida. )ão &oi o meu modo de pensar que provocou minha desgraa, e sim o modo de pensar dos outrosA. = dicil imaginarmos @ade numa atividade destinada ao "em p!"lico. Siu>se ele &orado a um ogo duplo/ de um lado apoiava a argumentaão radical de arat, mas de outro via os perigos de um sistema totalit'rio. 3 mais, seu pensamento so"re uma distri"uião usta dos "ens não ia a ponto de &or'>lo a querer doar o seu Pal'cio e suas terras, não tendo @ade se mostrado tranqVilo quando teve que desistir de Ja Noste, depois de este ter sido saqueado e incendiado. 3m suas peas teatrais eprimem>se suas !ltimas tentativas de alcanar um contato humano, mas com a idade tornou>se cada ve+ mais s% e &echado em si mesmo. Um médico do ;osp#cio de Nharenton descreveu>o da seguinte maneira/ (3ncontrei>o &reqVentemente quando caminhava s%, com passos pesados, as roupas mal cuidadas, pelos corredores pr%imos de seu quarto. )unca o vi conversar com quem quer que sea. uando passava por ele, eu o cumprimentava e ele respondia a minha saudaão com aquela gentile+a &ria que eliminava qualquer pensamento de encetar uma conversaãoA. @endo invenão nossa coloc'>lo &rente a &rente com arat em seus !ltimos instantes, corresponde 8 verdade a apresentaão da situaão de arat. 0 doena psicossom'tica da pele, que este contraiu durante as priva*es dos seus esconderios em por*es e da qual so&reu em seus !ltimos anos de vida, o"rigava>o a procurar o al#vio da coceira em muitas horas passadas dentro da "anheira. 3 é nesta que estava s'"ado, dia 19 de ulho de 1G69, quando Nharlotte NordaT "ateu 8 sua porta pela terceira ve+ antes de ser admitida, e o apunhalou. .0s mani&esta*es de arat durante a aão correspondem em seu conte!do $ 8s ve+es com &idelidade literal $ aos escritos que deiou. am"ém aquilo a que nos re&erimos so"re sua &ormaão corresponde ao aut2ntico. Nom de+esseis anos 6