O MÉTODO GLOBAL DE CONTOS: ASPECTOS DE SUA DIVULGAÇÃO E UTILIZAÇÃO NO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO ASSIS BRASIL (1940-1970) Autor(es): Apresentador: Orientador: Revisor 1: Revisor 2: Instituição:
PORTO, Gilceane Caetano Gilceane Caetano Porto Eliane Teresinha Peres Mauro Augusto Burkert Del Pino Gomercindo Ghiggi FaE/UFPel
O MÉTODO GLOBAL DE CONTOS: ASPECTOS DE SUA DIVULGAÇÃO E UTILIZAÇÃO NO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO ASSIS BRASIL (1940-1970) PORTO, Gilceane Caetano 1 1 Programa de Pós Graduação em Educação – FaE/ UFPel
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Este trabalho trata-se da primeira Dissertação de Mestrado concluída no âmbito do projeto interinstitucional (UFMG, UFPel, UFMT) denominado “Cartilhas Escolares: ideários, práticas pedagógicas e editoriais – construção de repertórios analíticos e de conhecimento sobre a história da alfabetização alf abetização e das cartilhas (MG/RS/MT, 18701996)”, em andamento desde 2001. O estudo desenvolvido teve por objetivo compreender como foi divulgado e utilizado o Método Global de Contos por professoras alfabetizadoras do Instituto de Educação Assis Brasil (IEAB) entre os anos de 1940 e 1970, na cidade de Pelotas. Seus resultados pretendem contribuir com as pesquisas históricas na área da alfabetização. O Método Global de Contos é um método utilizado no ensino da leitura e da escrita. Conforme Maciel (2001) a principal característica desse método de alfabetização é o trabalho com unidades significativas da língua desde o início do processo. Nessa perspectiva, as professoras que alfabetizaram utilizando o Método Global de Contos o faziam partindo de textos com sentido completo. Esses textos deveriam partir de um tema estimulador, constituindo um enredo em que o universo infantil fosse amplamente contemplado. contemplado. Uma outra característica interessante a respeito do Método Global de Contos é que o seu desenvolvimento em classes de alfabetização previa o trabalho com cinco fases metodologicamente bem definidas, a saber: fase do conto ou historieta, fase da sentenciação, fase da porção de sentido, fase da palavração e fase da silabação. Para abordar as etapas que compõem cada uma das fases do Método Global de Contos, consultei o Manual da professora de “O livro de Lili” de Anita Fonseca (1942), as Instruções para uso da cartilha “Sarita e seus amiguinhos” de Cecy
Thofehrn e Jandira Szechir (1957) e a Parte do Mestre do pré-livro “Os três porquinhos” de Lúcia Casasanta (1961). Todos esses manuais propõem a aplicação do método em suas cinco fases e trazem a explicação de como a professora deveria proceder ao trabalhar com cada uma delas. Com exceção do manual de “Sarita e seus amiguinhos” (1957), os manuais dos outros pré-livros apresentam-se em volume separado. A escolha do objeto de pesquisa foi decorrente de ter considerado o Método Global de Contos inovador, uma vez que invertia a ordem estabelecida pelos métodos sintéticos e, além disso, ter localizado algumas professoras alfabetizadoras que trabalharam com esse método durante décadas no Instituto de Educação Assis Brasil. As fontes utilizadas nesta pesquisa foram fontes orais e escritas. As fontes orais compreenderam entrevistas com cinco antigas professoras alfabetizadoras do IEAB. As fontes escritas foram: diários de classe (cadernos de planejamentos de professoras), jornais, pré-livros e cartilhas do Método Global de Contos, além dos respectivos manuais do professor. É fundamental destacar a importância que os cadernos de planejamento tiveram ao longo do estudo. Uma das alfabetizadoras entrevistada ao longo da pesquisa concedeu para análise a utilização dos registros das aulas guardados por mais de trinta anos. A partir desse importante material, foi possível compreender a utilização sistemática do Método Global de Contos em uma turma de alfabetização ao longo do ano letivo de 1971. As entrevistas foram fundamentais para responder à questão de pesquisa, qual seja: “como foi difundido e utilizado o Método Global de Contos no IEAB?”. Os depoimentos das professoras foram se complementando ao longo do estudo. Reunidos, formaram um conjunto importante de dados que foram determinantes para a investigação. Um outro material fundamental para a investigação foi o pré-livro produzido e utilizado por algumas alfabetizadoras do IEAB, “Nossos Brinquedos”. Ele tem sua estrutura e organização inspirada em pré-livros que as professoras utilizaram durante a sua trajetória de alfabetizadoras: “O livro de Lili”, “Sarita e seus amiguinhos” e “Os três porquinhos”. A elaboração de “Nossos Brinquedos” revela a credibilidade e a fidelidade das professoras do IEAB ao Método Global de Contos. O período delimitado para a pesquisa marca a periodização da utilização do Método Global de Contos no IEAB. As entrevistas indicaram que ele começou a ser utilizado pela professora Zilda Morrone na década de 40 do século XX. O trabalho dessa professora, em outros cargos dentro da Instituição, contribuiu para que ele fosse utilizado no Assis Brasil até praticamente o final da década de 70. Outra importante professora do IEAB que contribuiu para a divulgação do Método Global de Contos foi Jurema Lopes. Ela cumpriu um papel destacado na divulgação do Método Global de Contos no Instituto de Educação Assis Brasil. A partir dos dados da pesquisa constatei que a circulação de materiais sobre o Método Global de Contos, em especial os manuais produzidos em Minas Gerais, foi determinante para a divulgação do referido método no IEAB. Esses manuais constituíram-se em importante material pedagógico de apoio às professoras. O fato de trazerem uma parte de fundamentação teórica seguida de explicações minuciosas sobre como trabalhar cada uma das fases do método, contribuía para que as professoras aprendessem a utilizar o Método Global de Contos. Esses materiais auto-formativos foram a fonte de conhecimento para que muitas
professoras se encorajassem a alfabetizar com o método. No Instituto de Educação Assis Brasil as professoras eram incentivadas a estudar e trocar experiências. A realização de cursos, a leitura coletiva desses manuais e reuniões na escola foram instrumentos importantes de divulgação e aprendizado visando à aplicação cada vez mais qualificada do Método Global de Contos. Assim, este trabalho procurou mostrar aspectos significativos do Método Global de Contos no que diz respeito a sua utilização no Instituto de Educação Assis Brasil, entre as décadas de 40 e final da década de 70 do século XX. Foi possível recuperar as fases do método, entender sua aplicação no contexto da instituição pesquisada e analisar diversos pré-livros, estabelecendo semelhanças e diferenças entre eles. Por fim, é preciso dizer esta dissertação abre caminho para que novos estudos sobre o Método Global de Contos sejam feitos e novas relações teóricas e metodológicas sejam encontradas, bem como buscar entender as razões que o fizeram cair em desuso. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASASANTA, Lúcia M. As mais belas Histórias: Pré-livro. Belo Horizonte: Editora do Brasil, 1961. FONSECA, Anita. O livro de Lili. 68ª ed. São Paulo: Editora do Brasil, 1959. FONSECA, Anita. Manual da professora de O livro de Lili. 2ª ed. São Paulo: Livraria Francisco Alves, 1942. GARCIA, Brinalda, PRESTES, Nívia (et al) Nossos Brinquedos (Cartilha). Pelotas, 1978. (mimeo). MACIEL, Francisca Izabel Pereira. Lúcia Casasanta e o método global de contos. Uma contribuição à história da alfabetização em Minas Gerais. FAE/UFMG, 2001. (Tese de doutorado). THOFEHRN, Cecy C. e SZECHIR, Jandira C. Sarita e seus amiguinhos (Cartilha). Porto Alegre: Editora do Brasil, 1957.