PSICOLOGIA POSITIVA HUGO GUIMARÃES
20 1 4
1.Introdução 1. Introdução à PsicologiaPositiva Revisão do artigo “ What (and why) is Positive Psychology ” A psicologia positiva é o estudo das condições e processos que contribuem para a felicidade das pessoas, instituições e grupos. O PIB não avalia a felicidade, a qualidade de vida, educação, etc. (Kenedy, 1968). A Psicologia tradicional não se dedica aos processos e condições que contribuam para a alteração das características positivas das pessoas. Pelo contrário, ensina a lidar com o negativismo, com o neutro, supressão de aspetos negativos, até atingir o ponto zero (neutro). No entanto, isto não quer dizer que o resto da Psic ologia é “negativa”. De facto, a Psicologia Positiva cresceu em larga escala da Psicologia Clínica, visto o foco na saúde mental. A psicologia positiva vem contrabalançar o que tem sido estudado. Quando alguém chegava ao nível neutro, o processo terminava. Só era estudado o processo neutro e o negativo. Autores principais da PP antes de 2000
William
James, Allport, Maslow (1.º autor a
mencionar a PP em 1954), Cowan. A tradição da psicologia era o estudo do diagnóstico e perturbações (dano, damage). O objetivo objetivo da PP era estudar “o outro lado da moeda”, abarcando o potencial da experiência humana. Não é, muito menos, negar os aspetos negativos da vida, nem percecioná-la de forma cor de rosa. Razões pelas quais a psicologia se centra no negativo e neutro:
Compaixão: prioridade prioridade em ajudar as pessoas que estão a sofrer
Melhor compreensão das forças humanas que ajuda a prevenir as disfunções (reforço dos seus traços, autoestima, etc.).
Estudos confirmam que os acontecimentos negativos têm mais impacto do que os positivos, e que a informação negativa é processada mais rapidamente do que a positiva. Há também evidência de que percecionamos atos negativos mais como diagnóstico de qualidades internas do que atos positivos, fazendo atribuições internas aos acontecimentos acontecimentos negativos e atribuições externas aos positivos.
1.Introdução 1. Introdução à PsicologiaPositiva Revisão do artigo “ What (and why) is Positive Psychology ” A psicologia positiva é o estudo das condições e processos que contribuem para a felicidade das pessoas, instituições e grupos. O PIB não avalia a felicidade, a qualidade de vida, educação, etc. (Kenedy, 1968). A Psicologia tradicional não se dedica aos processos e condições que contribuam para a alteração das características positivas das pessoas. Pelo contrário, ensina a lidar com o negativismo, com o neutro, supressão de aspetos negativos, até atingir o ponto zero (neutro). No entanto, isto não quer dizer que o resto da Psic ologia é “negativa”. De facto, a Psicologia Positiva cresceu em larga escala da Psicologia Clínica, visto o foco na saúde mental. A psicologia positiva vem contrabalançar o que tem sido estudado. Quando alguém chegava ao nível neutro, o processo terminava. Só era estudado o processo neutro e o negativo. Autores principais da PP antes de 2000
William
James, Allport, Maslow (1.º autor a
mencionar a PP em 1954), Cowan. A tradição da psicologia era o estudo do diagnóstico e perturbações (dano, damage). O objetivo objetivo da PP era estudar “o outro lado da moeda”, abarcando o potencial da experiência humana. Não é, muito menos, negar os aspetos negativos da vida, nem percecioná-la de forma cor de rosa. Razões pelas quais a psicologia se centra no negativo e neutro:
Compaixão: prioridade prioridade em ajudar as pessoas que estão a sofrer
Melhor compreensão das forças humanas que ajuda a prevenir as disfunções (reforço dos seus traços, autoestima, etc.).
Estudos confirmam que os acontecimentos negativos têm mais impacto do que os positivos, e que a informação negativa é processada mais rapidamente do que a positiva. Há também evidência de que percecionamos atos negativos mais como diagnóstico de qualidades internas do que atos positivos, fazendo atribuições internas aos acontecimentos acontecimentos negativos e atribuições externas aos positivos.
Se se assume que a Psicologia é Positiva, tudo o resto é negativo
falso.
A PP não quer
fazer frente a outros campos da psicologia, mas sim complementá-los. Os psicólogos positivos são referidos como psicólogos “normais”, que publicam nas mesmas revistas que os outros psicólogos. Existe alguma ambiguidade em definir o que é positivo, ambiguidade ambiguidade entre o que é prescrição e descrição. As descobertas em PP podem e devem encorajar as pessoas a adotar comportamentos e práticas mentais benéficas para elas. Diener e Suh estabelecem 3 bases para o que é positivo e válido:
As escolhas que as pessoas fazem são uma indicação valiosa. Algo que é escolhido regularmente acredita-se no seu valor;
As pessoas podem julgar o que é bom e mau;
O julgamento do que é positivo pode ser uma referência para valorizar os si stemas ou normas culturais.
3 pilares (Seligman, 2002):
Experiências subjetivas positivas;
Características Características individuais positivas (forças e virtudes);
Instituições positivas.
É necessário haver um maior reforço da investigação.
Revisão do artigo “ Positive Psychology: An Introduction ” A Psicologia, desde a II Guerra Mundial, tem-se transformado numa ciência de cura. Concentra-se na reparação dos danos, com especial atenção nas patologias. O objetivo da Psicologia Positiva é então mudar este foco da psicologia de reparação do “pior” da nossa vida, mas também construir qualidades positivas. Csizkszentmihalyi reparou na necessidade da Psicologia Positiva durante a II Guerra Mundial: mesmo sem empregos, dinheiro, estatuto, havia pessoas que conseguiam manter a integridade e esta serenidade prevenia que os outros perdessem a esperança. Estas pessoas não eram, necessariamente, as mais respeitadas, instruídas ou com maiores competências individuais. Que forças teriam então estas pessoas? O tratamento não passa apenas por reparar o que está mal, mas também alimentar o que há de melhor. A Psicologia também é trabalho, educação, amor, crescimento. Existem forças humanas que atuam como buffers (protetoras) contra doença mental: coragem, otimismo, fé, esperança, perseverança, perseverança, entre outras.
Um traço disposicional que parece ser mediador entre acontecimentos externos e a própria interpretação da pessoa é ootimismo. Peterson (2000) considera que este constructo envolve componentes cognitivos, emocionais e motivacionais. As pessoas mais otimistas tendem a ter melhor humor, ser mais perseverantes e bem-sucedidas e a ter melhor saúde física. A psicologia tem-se focado na doença mental e, como resultado, desenvolveu uma visão distorcida do que é uma experiência humana normal. Desenvolver técnicas que promovem traços positivos e experiências subjetivas positivas resulta, tanto como terapia e talvez mais como prevenção. Por exemplo, o otimismo evita a depressão. A psicologia positiva é prescritiva ou descritiva? A psicologia positiva pode tornar-se numa disciplina prescritiva como a psicologia clínica. A psicologia positiva é tida como um meio de compreender e construir os fatores que permitem que os indivíduos, comunidades e sociedades se desenvolvam. Como um efeito secundário do estudo dos traços positivos humanos, a ciência aprenderá a proteger e prevenir contra doenças físicas e mentais. Os psicólogos serão capazes de construir qualidades que ajudem os indivíduos e as comunidades não só a resistir e a sobreviver, mas também a evoluir.
Revisão do artigo “ Bem-vidos à psicologia positiva ” A psicologia positiva oferece um olhar sobre o outro lado, o que é bom e forte na humanidade e nos nossos ambientes, juntamente com formas de cultivar e sustentar essas qualidade e recursos. Futuros psicólogos devem desenvolver uma abordagem que examine os defeitos e as qualidades das pessoas, bem como os fatores de stress e os recursos que estão presentes no ambiente.
O foco da investigação é a reparação do negativo( - ---- > 0 ) para a construção com base nas qualidades ( 0 ----- > +).
2. Correntes atuais da Psicologia Positiva Classificação e medidas das “human strengths”. Melhor compreensão das doenças do que das forças:
História, 2600 AC distinção entre melancolia ehisteria;
Séc. XXI, 2 classificações de doenças: o
ICD (International Classification of Diseases) daWHO
o
DSM (Diagnostic and Statistical Manual) da APsychiatric Association
Clifton Strengthsfinder da Gallup Organization (Buckingham & Clifton, 2001)
O que é uma strength? A força começa com o talento ( “padrões naturalmente recorrentes de pensamento, sentimento ou comportamento que possam ser aplicados de forma produtiva ”
(Hodges & Clifton, 2004, p.257)). O talento é uma constituinte da força. Existe naturalmente nas pessoas. É necessário investimento, conhecimento e competência. O talento é formado por padrões de comportamento, pensamento, naturalmente existentes. Esta teoria diz que o investimento deve ser aplicado a potencializar mais as nossas forçasdo que as nossas fraquezas. Talento x Investimento = Força
“A strength is the ability to provide consistent, near-perfect performance in a given activity” (Clifton, Anderson, & Schreiner, 2002) Pressupostos:
Talentos existem naturalmente;
Talentos passíveis de desenvolvimento
Investimento nas forças.
O objetivo deste instrumento é ajudar a encontrar as áreas onde existe maior potencial para desenvolver strengths. Existem:
Materiais de apoio servem para ajudar a maximizar os talentos – desenvolver “strengths” – enquadrado nos papéis que o indivíduo desempenha;
Questionário online que identifica os “Top 5 Talents”;
Clifton Youth Strengths Explorer identifica os “Top 3 Talents”;
Intervenções para maximizar os talentos mostraram vários resultados positivos
(ex., Asplung, Lopez, Hodges, &Harter, 2007; Wagner &Harter, 2006), nomeadamente: - satisfação com a vida; - resultados académicos; - pensamento orientado para objectivos; - sentido de coerência; - envolvimento (“engagement”) académico; - envolvimento (“engagement”) no trabalho; - produtividade; - satisfação com o trabalho.
Resultados de um estudo que incluiu 2529 trabalhadores (Rath, 2005):
Exemplos de temas do talento:
Achiever
People especially talented in the Achiever theme have a great deal of stamina and work hard.They take great satisfaction from being busy and productive.
Command
People especially talented in the Command theme have presence. They can take control of a situation and make decisions.
Relator
People especially talented in the Relator theme enjoy close relationships with others. They
find deep satisfaction in working hard with friends to achieve a goal. Maximizer
People especially talented in the Maximizer theme focus on strengths as a way to stimulate personal and group excellence. They seek to transform something strong into something superb.
Input
People especially talented in the Input theme have a craving to know more. Often they like tocollect and archive all kinds of information. The Values of Action (Peterson & Seligman, 2004)
Usa uma terminologia para descrever forças de caráter. • Antítese do DSM (que classifica as desordens mentais) • Terminologia para descrever as forças de carácter; • Inspirado no StrengthsFinder; • Construído através de revisão sistemática • Objectivo explorar e maximizar as forças de carácter; • Identifica 24 forças de caráct er organizadas em 6 virtudes; • Virtudes (características valorizados ao longo da história e nos diferentes locais); • Forças de carácter (processos e mecanismos psicológicos que definem as virtudes).
Virtudes e Forças de Carácter: Sabedoria e Conhecimento : Forças cognitivas que implicam aquisição e usodo
conhecimento • Criatividade; • Curiosidade; • Abertura;
• Gosto pela aprendizagem; • Perspetiva; Coragem: Forças emocionais que envolvem o exercício da vontade deatingir objetivos face
à oposição, externa ou interna; • Bravura; • Persistência; • Integridade; • Vitalidade. Humanidade: Forças interpessoais envolvidas na relação com o outro
• Amor; • Gentileza; • Inteligência Social; • Justiça: Forças cívicas que suportam uma vida saudável em comunidade; • Cidadania; • Imparcialidade; • Liderança; Temperança: Forças que protegem contra excessos
• Perdão e Compaixão; • Humildade/Modéstia; • Prudência; • Autorregulação. Transcendência: Forças que estabelecem conexões com o universo e dão sentido
• Apreciação da beleza e da excelência; • Gratidão;
• Esperança; • Humor; • Espiritualidade.
Intervenções para promover as “character strengths” mostraram resultados positivos na satisfação com a vida, felicidade e menos sintomas de depressão.
Os 40 Recursos para o Desenvolvimento do Instituto Search (Benson, Leffert, Scales&Blyth, 1998), avaliados através dos Perfis de Vida dos Estudantes: Atitudes e Comportamentos do Instituto Search
• A medida descreve os 40 recursos, 8 indicadores de prosperidade, 5 deficits de desenvolvimento e 24 comportamentos de risco. •Aplicado em crianças e jovens; • Experiências e qualidades positivas do senso comum; • Refletem fatores básicos que contribuem para que os jovens prosperem; • Categorização segundo grupos externos e internos (20 cada) • Externos – experiências positivas obtidas através da interação; • Internos - características e comportamentos pessoais que estimulam o desenvolvimento positivo. Recursos internos
Recursos externos
Apoio (e.g. família)
Compromisso com a aprendizagem (e.g. envolvimento na escola)
Fortalecimento (e.g. segurança)
Valores positivos (e.g. honestidade)
Limites e expectativas (e.g. limites
Competências sociais (e.g. competência
familiares)
interpessoal)
Uso construtivo do tempo (e.g. atividades
Identidade positiva (e.g. autoestima)
criativas)
Variáveis positivas (Lopez&Snyder, 2004)
Cognitivas – otimismo, esperança, autoeficácia, resolução de problemas de
controlo, locus de controlo, coragem, criatividade, sabedoria.
Emocionais – emoções positivas, autoestima, amor, inteligência emocional.
Interpessoais –gratidão, empatia, perdão, altruísmo.
Espirituais – religião, espiritualidade, julgamento moral.
Estas variáveis positivas estão associadas a fatores de proteção no desenvolvimento psicológico dos indivíduos e têm uma variedade de resultados adaptativos a diversas situações. Contribuem também para o desenvolvimento de outros comportamentos e atitudes positivas e trazem benefícios nas esferas da saúde, educação, organizações, inter e intrapessoal.
3. Modelos e medidas de avaliação da Psicologia Positiva
A. Esperança A esperança é constituída por três constructos:
Objetivos: o nosso alvo;
Caminhos – constructo cognitivo-motivacional;
Iniciativa.
Estes três componentes são recíprocos, mas não são sinónimos. Escalas de medida da variável esperança:
Adult Hope Scale (Snyder et al., 1991)
Escala de Esperança para adultos (Marques, Lopez, Fontaine, Coimbra, & Mitchell, 2012)– validada para a população portuguesa. É uma escala bidimensional com 12 itens com 8 possibilidades de resposta, desde “totalmente falso” até “totalmente verdadeiro”. É válida para populações clínicas e não clínicas a partir dos 16 anos e a administração pode ser individual ou em grupo. Tem 4 itens relativos ao componente caminhos, 4 itens do componente iniciativa e 4 itens distratores. O resultado (entre 8 e 64) é a soma da pontuação dos componentes “caminhos” e “iniciativa”. Exemplos: o
Consigo pensar em várias maneiras de me desenrascar.
o
Tento alcançar incansavelmente os meus objectivos.
o
Normalmente ando preocupado(a) com alguma coisa.
o
Existem vários caminhos para ultrapassar um problema.
o
Alcanço os objetivos que estabeleço para mim.
o
Preocupo-me com a minha saúde.
Children Hope Scale (Snyder et al., 1997)
Escala de Esperança para Crianças (Marques, Pais-Ribeiro & Lopez, 2009) – validada para a população portuguesa. É uma escala bidimensional de 6 itens, com 6 possibilidades de resposta (de “Nenhuma das vezes” até “Todas as vezes”). As questões incidiam sobre os objetivos de vida. É válida para populações clínicas e não clínicas dos 8 aos 16 anos. A administração pode ser individual ou em grupo. O
resultado (entre 6 e 36) é a soma dos 3 itens dos componentes “caminhos” e dos componentes “iniciativa”. Exemplos: o
Consigo pensar em muitas maneiras de conseguir as coisas que considero importantes.
o
Em situações em que os outros desistem, eu sei que consigo encontrar formas de resolver um problema.
B. Otimismo
Existem 2 teorias à volta deste constructo:
Otimismo aprendido (Scheier&Carver) - à luz desta teoria, o otimista faz
atribuições causais adaptativas para explicar eventos negativos. As atribuições são, então, externas, variáveis e específicas. Uma pessoa pessimista fará atribuições internas, estáveis e globais. Existem escalas para medir este conceito, como a Attributional style questionnaire (Peterson et al., 1982) e o Children’s attributional style questionnaire (Seligman, 1995). Exemplo de item: “A causa de ser mal sucedido na procura de emprego deve-se a alguma coisa a seu respeito ou a algo que diz respeito a outras pessoas ou circunstâncias?”
Totalmente devido
1234567
Totalmente devido a mim
a outras pessoas ou circunstâncias
Otimismo disposicional– tendência estável de “acreditar que boas coisas
acont ecerão, em vez de más” (Scheier&Carver, 1985, p.219). – teoria mais adotada noutros países. Atribui uma importância fundamental nas expectativas de resultado, ao contrário da esperança. A expectativa é de atingir um objetivo desejado (expectativa de resultado). A eficácia pessoal é muito importante na influência dos caminhos. Existem alguns testes de medida: o
Life Orientation Test – R (Scheier, Carver, & Bridges, 1994)
o
Teste de Orientação na Vida - R (Pais-Ribeiro, Pedro, & Marques, 2012)
Item 1: Em momentos em que não sei o que vai acontecer, eu espero sempre o melhor.
Item 10: Em geral, espero que me aconteçam mais coisas boas do que más.
Item 4: Sinto-me sempre optimista acerca do meu futuro.
Item 7: Quase nunca espero que as coisas vão correr como eu quero.
Item 9: Raramente espero que me aconteçam coisas boas.
Item 3: Se houver a mínima hipótese de alguma coisa de mal me acontecertenho a certeza que me acontecerá.
o
Teste de Orientação na Vida – R para crianças e adolescentes (Gaspar et al.,2009)
C. Autoeficácia
“People’s beliefs in their capabilities to produce desired effects by their own actions” (Bandura, 1997, p.7)
Crenças
nas capacidades pessoais de produzir efeitos desejados
por meio das próprias acções. Atribui-se mais importância às expectativas de eficácia (capacidade de realizar as ações necessárias) do que às de resultado (o que precisa de ser feito para atingir o objetivo). É um padrão de pensamento aprendido. Teoria cognitivo-social:
Capacidade para criar cognitivamente os modelos da experiência;
Habilidade para regular as próprias ações;
Pessoas/Personalidade resultado de: pensamento ambiente pensamento.
Antecedentes evolutivos: 1. Sucesso anterior em situações semelhantes - “Performance Experiences”; 2. Seguir modelos de outros em situações semelhantes - “Vicarious Experiences”; 3. Imaginar-se como autoeficaz - “Imagined Experiences”; 4. Influência verbal por terceiros confiáveis;
5. Estados fisiológicos e emocionais. Existem escalas de autoeficácia gerais e específicas. Estas últimas acabam por ser mais informativas. Exemplo: Escala de Auto-eficácia Generalizada Percebida de Schwarzer&Jerusalem (1993). Versão
Portuguesa
(Coimbra & Fontaine, 1999; Leme, Coimbra, Gato,
Fontaine
&DelPrette,
2013).
Escala de 10 itens, de 4 pontos.
A
autoeficácia
tem
efeito na depressão, ansiedade, problemas psicológicos e em transtornos alimentares. Tem também impacto na saúde física, nomeadamente na adoção de comportamentos saudáveis e manutenção das mudanças. A autoeficácia tem também influência em processos biológicos. Prediz sucesso na psicoterapia.
D. Gratidão A gratidão é o reconhecimento de um resultado positivo do outro que:
Envolveu algum custo pessoal por parte do outro;
Valioso para quem recebe;
Intencional.
3 componentes: 1. “I recognize” (intellectually) – intelectualmente. 2. “I acknowledge” (willingly) – voluntariamente. 3. “I appreciate” (emotionally) – emocionalmente.
Escala de gratidão: The Gratitude Questionnaire-Six Item Form: total de 6 itens, escala de Likert de 1 a 7. 1. I have so much in life to be thankful for. 2. If I had to list everything that I felt grateful for, it would be a very long list. 3. When I look at the world, I don ’t see much to be grateful for. 4. I am grateful to a wide variety of people. 5. As I get older I find myself more able to appreciate the people, events, and situations that have been part of my life history. 6. Long amounts of time can go by before I feel grateful to something or someone.
Influência da gratidão em:
Felicidade, bem-estar e satisfação com a vida – a gratidão leva à felicidade.
Relações sociais
Comportamento pró-social
Estado de humor
Estabilidade emocional
Espiritualidade
Coping
Sintomas pós-traumáticos – sintomas menos intensos em pessoas com maior gratidão.
Memórias positivas.
E. Altruísmo
Altruísmo: “Estado motivacional com o objetivo final de aumentar o bem-estar do outro”. ≠ Egotismo: “estado motivacional com o objetivo de aumentar o próprio bem-estar”. O que têm em comum altruísmo e egoísmo: ambos se referem a um estado motivacional. Cada um se preocupa com o objetivo principal, que é aumentar o bem-estar de alguém. Altruísmo visto como:
1.
Comportamento de ajuda, não a motivação (ato de beneficiar o outro).
2.
Ato moral – o altruísmo envolve mais interesse para os outros do que
propriamente para nós. 3.
Ajuda a fim de obter recompensas internas e não externas (evitar a culpa). De
acordo com esta premissa, adotamos comportamentos altruístas para ter uma sensação de alívio, para evitar o sentimento de culpa ou reduzir a dor ao testemunhar o sofrimento de alguém. As premissas do altruísmo não negam que a motivação para ajudar é, frequentemente, egotística. Mas, em certas situações, mesmo que acabemos por beneficiar de uma ação altruística, esse não será a principal razão para executar tal ato. O nosso benefício será, então, um “efeito secundário” do nosso altruísmo. Para definir um comportamento, é crucial entender a motivação subjacente (benefício próprio ou dos outros?). Uma estratégia para testar a existência de motivação altruísta é, em primeiro lugar, identificar uma fonte desta motivação para ajudar. De seguida, necessitamos identificar plausíveis objetivos egotísticos desta fonte. Entretanto, é preciso variar a situação para que os objetivos sejam alcançados sem ajuda e, por fim, verifica-se se a variação reduz o auxílio prestado. A empatia é uma resposta emocional à dificuldade emocional percebida de outra pessoa; capacidade de corresponder às emoções de outra pessoa. É situacional, não disposicional. Batson não nega que algumas formas de altruísmo podem ocorrer em função de egotismo, mas a sua opinião é de que essa motivação egotista não explica o ato de ajudar. Daí, surge a hipótese empatia-altruísmo (Batson, 1991). Existem casos em que o egotismo não parece explicar os comportamentos, acabando por ser a empatia a impulsionar a ação de ajuda, seja por: •
Redução da aversão – sentimento de empatia com alguém, mau estar por ver essa
pessoa sofrer •
Evitamento de punição
•
Procura de recompensa.
Esta hipótese, ao longo de todos estes anos, tem sido posta à prova e os resultados evidenciam que é verdadeira e que a empatia produz verdadeiramente motivação altruística. O altruísmo existe é e uma parte da existência humana (Piliavin&Charng,
1990). Nós temos o potencial de nos preocuparmos com o bem dos outros, e não só o nosso. A empatia com o outro resulta de: •
Do sentido de companheirismo ou identificação com a situação do outro
•
Autoexpansão para incorporar aspetos do outro
•
Perceção aspetos nossos nos outros
•
Valorização do bem-estar do outro.
Sentimento de empatia permite uma flexibilidade maior. A empatia tem sido direcionada em causas de larga escala, como sem-abrigo, doentes infetados com o vírus da sida, relações interpessoais, cooperação… Duas novas formas de motivação pró-social, onde o objetivo principal não passa por beneficiar uma pessoa só (seja nós próprios, ou uma individualidade): •
Coletivismo – motivação para beneficiar um grupo como um todo, promover o
bem-estar do grupo. Este conceito pode ser estudado à luz da Psicologia Social, pela motivação de pertença a um grupo – teoria da identidade social de Tajfel& Turner, podendo, portanto, ser encarado como uma forma subtil de egotismo. •
Principalismo – o objetivo principal é elevar um princípio moral imparcial e
universal, como a justiça (Rawls, 1971). Se a elevação deste princípio moral tem como interesse uma recompensa para nós, poderá ser uma motivação egotística. Por isso, é que é tão importante conhecer a natureza dessa motivação. Instrumentos de autoavaliação do altruísmo: •
Escala de Autoavaliação do Altruísmo (Self-report Altruism Scale): 20 questões,
validado para adultos. •
Questionário do Comportamento Pró-Social (Prosocial Behavior Questionnaire).
•
Escala de Classificação de Comportamento Ético (Ethical Behavoir Scale).
•
Escala da Atitude Prestativa (Helping Attitude Scale).
Benefícios em:
Burnout em profissões de saúde;
Satisfação nas relações interpessoais;
Benefícios na saúde
Atitudes e ação perante grupos socialmente estigmatizados (ex: sem abrigo)
Cooperação em situações competitivas.
F. Emoções Positivas
Historicamente, a investigação estava mais focada nas emoções negativas (e.g medo, raiva) que tem a sua causa e efeito em psicopatologias. As emoções positivas (e.g. prazer, amor): ajudam na recuperação da adversidade e no desenvolvimento de forças. “The Broaden-and-Build-Theory” (Teoria potenciar e construir) (Fredrikson, 2002) As emoções positivas potenciam (broaden) reportórios momentâneos de pensamentoação que levam a ações que constroem ( build ) recursos pessoais duradouros.
Esta teoria lança 2 hipóteses:
“Broaden hypothesis”: formas como as pessoasmudam enquanto experienciam uma EP. Efeitos na atenção visual (EP – preferência pelo global; EN – preferência por detalhes); cognição e comportamento (EP – padrões de pensamento flexíveis; EN – menos ações); cognição social (EP – menos descriminação social, mais imaginativo e atento).
“Build hypothesis”: mudanças duradouras consequentes da experiência repetida de EP ao longodo tempo.Apesar das EP serem temporárias etransitórias, encoraja um potencial de ações que ao longo dotempo constrói recursos pessoais duráveis.
ThePositivity Ratio: >3:1
G. Perdão
O perdão é benéfico para todas as pessoas. Consiste no aumento da motivação pró-social em relação ao outro (menor desejo de evitar/prejudicar o transgressor e maior desejo de agir positivamente em relação ao transgressor, de ser benevolente). O alvo (o próprio, o outro, a situação) é que difere, assim como núcleo da teoria (mudanças de motivação, cancelamento de emoções negativas). Existem 4 preditores do pedrão:
Neuroticismo (muitas emoções negativas, instabilidade emocional. Pessoas neuróticas perdoam menos)
Amabilidade (pessoas amáveis perdoam mais)
Narcisismo (pessoas narcisísticas perdoam menos)
Religiosidade (intrínseca – perdoam mais).
Nenhuma das escalas do perdão está validade em Portugal.
H. Espiritualidade
Sentimentos, pensamentos e comportamentos que surgem em busca do sagrado (Hill et al., 2000). A espiritualidade e a religiosidade têm algumas semelhanças, na medida em que ambas têm uma componente individual e/ou social e promovem/inibem o bem-estar. Processos para a Espiritualidade:
Descoberta o
Infância
o
Fatores internos e externos
o
Multidimensional
Conservação o
Estável
o
“Caminhos espirituais” (envolvimento social, sistema de crenças, práticas religiosas)
Transformação o
Processo de mudança
o
Passível de sucesso (esforço para conservar a compreensão do sagrado) ou não (desinvestimento, permanente ou não)
I.
Bem-estar, Felicidade, Satisfação com a Vida
A felicidade é um estado emocional positivo, subjetivamente definido e pouco consensual. O bem-estar subjetivo traduz-se num afeto positivo (ausência de afeto negativo).
J. Resiliência
Adaptação positiva em contexto de adversidade. 2 critérios:
Risco/adversidade
“Doing ok”
Consiste em fatores físicos (e.g. baixo peso à nascença) e/ou fatores psicológicos (e.g. violência doméstica, divórcio). Existem também fatores de proteção, que são variáveis de ajustamento psicológico, como as variáveis positivas abordadas, o suporte social, etc.
4. Psicologia Positiva ao longo do ciclo de vida
Crianças e adolescentes
Perspetiva desenvolvimental o
Consideração de todas as fases antes da adultez
o
Foco no presente e no futuro
o
Singularidade das necessidades desenvolvimentais
Nível de maturidade
Período sensível a mudanças (avaliação transversal/longitudinal)
Prevenção e promoção o
Prevenção de problemas na infância e adolescência
o
Promoção de um bom funcionamento/ajustamento
o
Consideração dos esforços para obtenção deresultados positivos no presente (ex: infância) e futuro (ex. adultez)
o
Importância de quando (“timing”) em que é maiseficaz a prevenção/ promoção (ex: competências sociais, autoeficácia)
Setting/contextos o
Contextos médicos, e.g promoção de estilos de vida saudáveis, prevenção decomportamentos de risco para a saúde (estudo de mães com cancro da mama – suporte social –psicopatologia nos filhos)
o
Contexto escolar, ex: promoção de variáveis de ajustamento psicossocial e resultados escolares (Programa “Building Hope for the Future”)
o
Comunidade, e.g. centros sociais/comunitários, centros religiosos.
Desenho de um estudo que envolva:
Uma amostra crianças e/ou adolescentes
variáveis positivas (em integração ou não com variáveis tradicionais),
perspectiva desenvolvimental, de promoção ou prevenção
Objetivo do estudo (variáveis envolvidas - e.g. Relação entre a esperança e o
otimismo e os resultados académicos/resiliência em crianças com mãe com doença oncológica -, investigação passada,objetivo do estudo, hipóteses se aplicáveis…)
Método o
participantes
o
sexo (homens e mulheres juntos, ou separado, se for um estudo comparativo)
o
NSE se fizer sentido
o
Adultos: habilitações literárias
o
Demografia (pode ser cross-cultural, ou dentro do mesmo país (e.g. rural vs urbano))
o
Instrumentos
(e.g.
designação,
autores,
descrição
do
instrumento,caraterísticas psicométricas, validados para a população Portuguesa?) o
Procedimento? (ex: como vai ser feita a recolha de dados, individual/grupo, consentimentos, confidencialidade)
Num estudo longitudinal, têm de ser sempre as mesmas pessoas. Um estudo de intervenção envolve um pré-teste e um follow-up. o
Avaliar a estabilidade dos constructos.
Numa intervenção, é necessário primeiro investigar e só depois promover.
Exemplo de um estudo Introdução
1. Investigação passada Estudo realizado em 2009 sobre o otimismo em crianças e adolescentes.Estudo incidiu sobre 3195 participantes do 5º ao 7º ano. Adaptação e validação do LOT-R (Life Orientation Test): o teste de orientação para a vida mede o construto de orientação da vida refletindo facetas que pretendem avaliar a forma como as pessoas percecionam a sua vida (se são mais otimistas ou pessimistas). O construto pode operacionalizar-se como as expetativas que os indivíduos têm sobre o que acontecerá na sua no futuro. 2. Objetivo de estudo Examinar a relação entre o otimismo e o sucesso escolar (se o otimismo influencia o sucesso escolar – resultados académicos) Método
1. Participantes 196 participantes (média: 7 turmas x 28 alunos), alunos do 6º ano, idades compreendidas entre os 11/12 anos, do sexo F/M, portugueses, da escola X – consentimento informado e assegurar a confidencialidade 2. Materiais Sucesso escolar – medido pelas notas (pautas finais) para ser mais objetivo Otimismo – escala para crianças/adolescentes validada para a população portuguesa – aplicar a escala LOT-R (Life Orientation Test) 3. Procedimento Investigação longitudinal: 1ª fase: exploração entre as variáveis (se existe relação ou não) 2ª fase: promoção do otimismo e o seu impacto no sucesso escolar (grupo experimental + grupo de comparação)
Exemplo de um programa de intervenção: Building Hope for the Future: A Program to foster Strengths in School Students Manual de intervenção na esperança para os encarregados de educação e professores Objetivo: Tornar os encarregados de educação/professores conscientes dos princípios da
esperança e aumentar comportamentos direcionados para objetivos; Promover e facilitar estes comportamentos nos filhos/estudantes. 3 secções:
Secção informativa “Learning about Hope”
Secção de avaliação “Instilling Hope”
Secção prática “Increasing Hope”
Discussão:
Uma intervenção desenhada para promover forças psicológicas “strengths” influencia outros constructos psicológicos;
Abordagem orientada para as “strengths” para ajudar os estudantes a atingirem objetivos para uma vida mais satisfatória;
Foca uma promoção da confiança dos estudantes na sua capacidade para atingirobjetivos;
Saúde mental mostra uma evolução no sentido esperado. Sugere-se mais investigação que envolva a saúde mental;
Resultados académicos mostram uma evolução no sentido esperado. Apresentam níveis de estabilidade elevados - menor permeabilidade à mudança.
Conclusão
Aplicação de programas de grupo para promover um pensamento de esperança emtodos os alunos;
Eficácia, acessibilidade e sustentabilidade;
Primeiro estudo que promove a esperança com o suporte de agentes significativos;
Contribui para a compreensão científica da natureza e do desenvolvimento longitudinal da esperança e outras variáveis positivas quando sujeitas a açãointencional;
Providencia informação relevante para os profissionais com o objetivo de compreender e promover forças psicológicas.
Idosos
O grande desafio do envelhecimento é o “aging well”, o envelhecimento saudável. Doença é diferente de invalidez, e os problemas cognitivos não são exclusivos dos idosos. 3 componentes para um envelhecimento saudável:
Evitamento da doença;
Envolvimento com a vida, ter objetivos;
Manutenção da função física e cognitiva elevada.
Quanto a situação financeira ainda não está assegurada na 3.ª idade, é um grave fator de risco. A personalidade e o suporte social têm forte influência. O foco dos programas intervencionais deve ser promover elementos que contribuem para um desenvolvimento saudável e prevenir ou reduzir elementos que constituem obstáculos para este processo. O contexto por si só não influenciará um envelhecimento saudável, terá de abarcar mais variáveis.
5. Intervenção para a Felicidade (Seligman, Steen, Park& Peterson)
Felicidade (Seligman, 2002):
Emoções positivas e prazer (“the pleasant life”);
Vinculação/ Envolvimento (“the engaged life”);
Sentido (“the meaning life”).
Instrumentos:
Escala de Depressão do Centro de Estudos Epidemiológicos
Índice de Felicidade de Steen.
Metodologia:
Recrutar participantes, aplicar a intervenção e recolher dados
Web site – Oportunidade para ajudar a testar novos exercícios desenhados para promover a felicidade;
Exercícios de felicidade: o
“Gratitude Visit”
o
“Three good thinghs in life”
o
“You at your best”
o
“Using signature strengths in a new way”
o
“Identifying signature strengths”
Exercício de controlo: o
Descrever as memórias recentes durante uma semana.
Fases: o
Pré-teste
o
Pós-teste
o
Uma semana
o
Um mês
o
Três meses
o
Seis meses
Resultados: o
“Using signature
strengths
in
a
newway”
e
“Three good
thinghs”aumentaram a felicidade e diminuíram os sintomas de depressão por 6 meses;
o
“Gratitude visit” causou mudanças fortes e significativas por um mês.
o
“You at your best”, “Identifying signature strengths” e o exercício de controlo provocaram efeitos positivos mas transitivos nafelicidade e sintomas depressivos.
O que contribuiu para os benefícios a longo-prazo?
O nível em que os participantes continuam ativamente o seu exercício por si próprios e posteriormente à 1ª semana prescrita, medeia os benefícios a longo prazo. Os participantes que deram continuidade ao exercício eram mais felizes.
6. Terapia para o Bem-estar (Fava)
Populações clínicas e não-clínicas. 8 sessões, 1x por semana e 2x por mês, de 30 a 50 minutos. Consiste na auto-observação e interacção entre cliente-psicólogo. É uma intervenção estruturada, diretiva, orientada para problemas e baseada num modelo educacional, assim como no modelo cognitivo de bem-estar psicológico de Carol D.Ryff. O bem-estar Psicológico (BEP) agrega conhecimentos de áreas de psicologia do desenvolvimento humano, psicologia humanista-existencial e saúde mental, a respeito do funcionamento psicológico positivo ou ótimo. Sessões iniciais
Identificar e localizar dentro de um contexto situacional episódios de bem-estar.
Sessões intermediárias
Identificar pensamentos e crenças que conduzam à interrupção prematura do bem-estar
Identificação das áreas afetadas e não-afetadas do bem estar psicológico, pela irracionalidade e pensamentos automático (e.g. “os meus sobrinhos só me receberam bem porque estão interessados no meu dinheiro/têm pena de mim”).
Sessões finais
Identificação de deficiências/fraquezas específicas nas dimensões do bemestar do indivíduo
Discussão de erros de pensamento e interpretações alternativas.