Seja bem-vind b em-vindo/ o/vinda vinda à apostila de redação ‘ONDE JÁ SE 1000’!
Umberto Mannarino
Às minhas queridas professoras Edgleuba e Gláucia. Sem vocês na minha vida, talvez eu nem teria começado o meu canal no YouTube. Obrigado por tudo :)
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Conteúdo INTRODUÇÃO
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NOTAS ACIMA DE 900: Soph ia Vasconcelos (940 )
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NOTAS ENTRE 900 E 700: Bruna Ribeiro (880)
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NOTAS ABAIXO DE 700: Eulismenia Alexandre (640)
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Oi! Seja bem-vindo/vinda à ONDE JÁ SE 1000: O guia prático da Redação Perfeita Eu sou o Umberto Mannarino, autor da apostila, e gostaria de dedicar estas primeiras linhas para uma breve introdução.
E
u sei que todos vocês vieram aqui atrás das análises de redação, e estão doidos para pular a parte chata do início... mas calma!!! Fica aqui comigo pelos próximos minutos para eu te explicar como vai funcionar este material. Vai valer a pena, juro.
E vai ter bolo pra quem ler até o fim. :) Antes de mais nada, muito obrigado pelo voto de confiança em adquirir a ONDE JÁ SE 1000! Apesar de trabalhoso, foi muito gratificante analisar as 30 redações que constam neste material. E eu tenho certeza que os comentários ampliados sobre cada uma vão te dar insights valiosos sobre o os seus próprios textos no futuro. Sobre este PDF, ele é um material gratuito com 3 das 30 redações que eu analisei na ONDE JÁ SE 1000 completa. Escolhi uma de cada categoria da apostila completa: redações com nota acima de 900; redações entre 700 e 900; e redações abaixo de 700. Fiz dessa forma para te dar um “gostinho” de como é o formato dos comentários ampliados – gostinho de quero mais, espero. ;) Apesar de serem só 3 análises, este material que você tem em mãos já possui bastante conteúdo para te
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(Foi mal, eu sou youtuber, não desenhista) Boa leitura! Lembrando: as dicas que começam em * são apenas sugestões da minha parte. Não têm relação com as 5 competências do ENEM. Mas decidi botar porque nesses casos é melhor sobrar do que faltar :)
Notas acima de 900 Sophia Vasconcelos
Notas:
C1: 160 C2: 200 C3: 200 C4: 200 C5: 180 940
Análise por parágrafos: Introdução Durante a Primavera Árabe, em 2011, a internet foi mister na divulgação fidedigna de dados e na mobilização popular contra regimes ditatoriais opressores no Oriente Médio. No Brasil pós-moderno, entretanto ( 1 ), tal ferramenta vem sendo utilizada para manipular os seus usuários ( 2 ), o que – seja pelo cerceamento da liberdade ou pela alienação ( 3 ) – viola e ameaça a universalidade e a integridade democrática e informacional da Nação.
( 1 ) Repare que é bem recorrente o uso de conectivos de contraste na introdução. Em quase todas as redações da ONDE JÁ SE 1000 as pessoas fizeram isso. E essa técnica não é por acaso. Conectivos de contraste são muito fortes, chamam a atenção. São ótimos para “fisgar” o leitor logo de início e mantê-lo interessado no texto.
( 2 ) Senti falta de detalhamento no “manipula os seus usuários”. Manipula em que sentido? Ideologicamente? Comportamentalmente? E que tipos de comportamento a internet manipula? De compra? De consumo de mídia? De quê? A tese ficou meio genérica, e para um corretor chato isso seria motivo para tirar ponto da competência 3. Felizmente não foi o caso dessa redação, que tirou 200 nessa competência. Mas isso não deixa de ser um risco, então tente ser um pouco mais específico na hora da tese. É ela que vai orientar todo o resto do texto. Para um exemplo de introdução toptoptop, veja o texto do Marcondes (3ª redação da ONDE JÁ SE 1000). A tese está muito bem explicada, sem dar nenhuma margem a ambiguidades.
( 3 ) Também é muito recorrente pincelar os dois argumentos do desenvolvimento na introdução, como a estudante fez nesse caso. Cerceamento da liberdade e alienação serão os temas dos dois próximos parágrafos. Essa estratégia organiza o texto, contribuindo para um bom projeto de texto e mais pontos na competência 3. Quase todos os alunos desta apostila fizeram suas introduções dessa maneira.
Umberto Mannarino |
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Comentário sobre a Introdução Uma introdução simples e bem escrita. O uso de repertório sociocultural pertinente à argumentação (Primavera Árabe) já contribuiu para a competência 2 logo no início do texto. A estudante escolheu já falar de Brasil na introdução para deixar c laro ao corretor que todos os outros parágrafos terão esse mesmo recorte. Foi uma ótima estratégia para não parecer que ao longo do texto está faltando alguma informação importante. O uso de termos dissertativos como “violar” e “ameaçar” fortalece a tese, demonstrando um ponto de vista claro por parte da estudante (competência 3).
Desenvolvimento 1 Mormente, é notório que a possibilidade de livre escolha é comprometida pela ganância financeira ( 1 , 2 ). Acerca desse tópico ( 3 ), o escritor José Saramago desenvolveu o conceito de “falsa democracia” — sistema no qual há a ilusão de autonomia pelo povo, porém é o capitalismo que detém, genuinamente, o poder. Com isso, grandes multinacionais, em posse de dados a respeito dos interesses dos usuários, controlam os anúncios e as informações que serão exibidas ( 4 ) a fim de venderem seus produtos. Consequentemente ( 5 ), o indivíduo será coagido a adquirir certas mercadorias e a adotar o padrão comportamental consumista sem que o saiba, pois crê que exerce plenamente a sua liberdade e crê na confidencialidade da internet.
(*1 ) Se é ganância, é financeira. “Ganância financeira” é pleonasmo. ( 2 ) Esse foi o tópico frasal para sintetizar todas as informações do parágrafo. Bom para organização do texto (competência 3).
( 3 ) Mais uma maneira de fazer a conexão entre a frase anterior e o restante do parágrafo. Qualquer
elemento de retomada/conectivo, se bem utilizado para promover a progressão temática, contribui para a nota da competência 4.
( 4 ) Informações que serão exibidas onde? Repare que a única menção ao ambiente virtual foi a última palavra do parágrafo: “internet”. Até lá, não houve uma só referência ao ambiente virtual, que em tese era para ser o tema principal da redação. Por conta disso, as informações desse parágrafo ficaram genéricas. Repito minha sugestão sobre o desenvolvimento 1 da 2ª redação da ONDE JÁ SE 1000 (Carim): tudo bem ter um tópico frasal genérico (ele é só um resumo de qualquer forma), mas logo em seguida já coloque uma informação específica para se posicionar de maneira clara. Deixar para mencionar a internet no fim do parágrafo é perigoso, porque pode dar a impressão de que o texto não foi bem planejado (comprometendo a competência 3, projeto de texto). Felizmente a estudante não perdeu ponto nessa competência, mas repito: é um risco! É sempre melhor prevenir.
(*5 ) Outro tipo de conectivo é o de consequência. Ele confere um caráter bem “lógico” à argumentação: “Isso acontece; consequentemente, isso acontece”. É uma ótima forma de argumentar. Bem convincente.
Comentário sobre o D1 Citando um escritor de ficção para argumentar. Ótimo! Você não precisa ficar preso às alusões históricas e às citações de filósofos. Desde que a escolha da referência tenha relação com o tema, você pode mencionar quem quiser. A competência 2 pede compreensão do tema, então um repertório sociocultural que se encaixe no texto é sempre positivo.
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Desenvolvimento 2 Além dos interesses capitalistas ( 1 ), vale ressaltar a manipulação ideológica ( 2 ), um agravante. Consoante ao sociólogo Pierre Levy, o “cyberespaço” ( 3 ) contribui para democratizar o conhecimento – contudo, ele abre margem ( 4 ) para que os fatos sejam desfigurados em prol de ideologias oportunistas. A título de ilustração ( 5 ), muitas páginas em redes sociais ocultam e modificam tendenciosamente informações com o intuito de persuadir e de alienar o leitor. Por conseguinte ( 6 ), este é influenciado negativamente e perde seu senso crítico, sua habilidade de discernimento, passando a agir conforme algorítimos ( 7 , 8 ) e figuras desonestas. Assim, desvela-se o impacto desse controle informacional nos sites e redes ( 9 ).
( 1 ) A estudante retomou todo o parágrafo anterior em um único termo: “interesses capitalistas”. Ótimo para conectar as diversas partes da redação e contribuir para um projeto de texto bem amarrado (competência 3).
( 2 ) Lembra da “alienação” da introdução? Pois é, todo esse parágrafo será sobre isso. E a estudante ainda disse “manipulação ideológica” no tópico frasal para reforçar ainda mais essa ideia. Repare que está tudo conectado: na introdução ela pincelou os argumentos, e em cada parágrafo ela insere um tópico frasal. Está tudo bem amarrado, o que demonstra um excelente projeto de texto.
( 3 ) Aqui ela já mencionou o ambiente virtual logo no começo: “cyberespaço”. Para mim, esse segundo parágrafo de desenvolvimento ficou bem mais forte por causa disso. Não há dúvidas de que desde o início estamos falando da internet, e não de mídias genéricas como no caso do primeiro desenvolvimento.
( 4 ) Mais uma pessoa que fala “abre margem” ao invés de “dá margem”. Será que é errado mesmo? Eu já nem sei mais... mas, como eu falei na análise da minha redação (6ª desta apostila), esse foi o único “erro” recorrente, então deve ter provocado estranhamento do corretor. De qualquer forma, “dá margem” está certo com certeza, então prefira o certo ao duvidoso.
( 5 ) Um conectivo para mostrar que o período a seguir é uma exemplificação da teoria exposta anteriormente. A frase perderia todo o sentido se já começasse em “muitas páginas”. Precisa desse conectivo para deixar claro que é um exemplo, não uma informação aleatória. Sem ele, a estudante poderia ter perdido pontos na competência 4.
(*6 ) Mais uma vez um conectivo de consequência. Parece ser do estilo de escrita da estudante. Lembrando que não importa como você constrói seus parágrafos, desde que essa construção seja convincente. Tem gente que gosta de causa/consequência, tem gente que gosta de analogia... em suma, existem 1001 formas diferentes de argumentar. Pratique bastante e escolha a sua. :)
( 7 ) O único erro de português da redação. O correto seria “algoritmos”, não “algorítimos”. ( 8 ) As pessoas não “agem conforme os algoritmos”. Elas agem conforme ditam os algoritmos, ou então conforme a influência dos algoritmos. A expressão “conforme” pede alguma dessas duas construções. Um exemplo mais concreto: a pessoa não age conforme a mãe... ela age conforme manda a mãe (ou conforme manda o chinelo da mãe).
( 9 ) Uma frase de síntese no fim do parágrafo para amarrar todas as informações sem deixar pendências. Ótimo para a organização, e, consequentemente, para a competência 3.
Comentário sobre o D2 Muitos termos dissertativos! Isso é ótimo para a competência 3, porque demonstra autoria e consciência de que de fato estamos falando de um problema: “desfigurado”, “oportunista”, “perda de senso crítico”, “influenciado negativamente”, “desonesto”, etc. O uso recorrente de tópico frasal e frase de síntese ao final do parágrafo também é excelente para a organização.
Umberto Mannarino |
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Conclusão Dessarte, haja vista os malefícios da manipulação virtual, é imprescindível que o Ministério das Comunicações, em ressonância ( 1 ) com o Ministério da Ciência e da Tecnologia, modifique o sistema de gerenciamento on-line ( 2 ) brasileiro e conceda aos usuários a opção de terem ou não seus dados utilizados ( 3 ) . Concomitantemente ( 4 ) , o ministério ( 5 ) deve disponibilizar um site acessível que explique as implicações de tal escolha, visando a garantir a liberdade de escolha do cidadão e a orientá-lo quanto ao uso consciente e seguro do “cyberespaço”. Com tais medidas efetivadas, poder-se-á ( 6 ) garantir a democratização justa e imparcial das informações e impedir o controle comportamental dos cidadãos do País.
( 1 ) A expressão correta é “em consonância ao”, não “em ressonância com”. ( 2 ) Em palavras estrangeiras, use aspas: “on-line”. (*3 ) Utilizados por quem? A falta de complemento enfraquece a argumentação. Isso não tirou ponto, mas tente evitar esse tipo de construção. Não só para a redação do ENEM, mas para qualquer texto que você for escrever na vida.
( 4 ) Aqui foi provavelmente o motivo para a estudante não ter tirado nota máxima na competência 5 (inclusive, muito obrigado, Sophia, pelo e-mail com as suas considerações sobre a própria redação): o uso de “concomitantemente” passou a impressão de que ela estava propondo duas ações distintas, e um dos corretores considerou com isso que nenhuma delas estava completa o suficiente. Mas na verdade a estudante quis apenas prosseguir com a mesma proposta, não inserir uma nova! E o “concomitantemente” realmente passa a ideia de que são duas propostas incompletas, não uma única completa.
( 5 ) Qual ministério? Se é o mesmo já mencionado, prefira “esse ministério” ou “o mesmo ministério”. ( 6 ) Sempre evite mesóclise. Na minha redação do ENEM 2016, eu não tive erros de português e ainda assim perdi ponto na competência 1... muito provavelmente por causa da mesóclise. Ela passa a impressão de ser “culta demais” para uma dissertação. Mas teve redação nota 1000 no ENEM 2018 que usou mesóclise, então não é necessariamente um erro. De qualquer forma, melhor não arriscar. Os corretores não corrigem de maneira tão “padronizada” quanto a gente pensa, então é melhor ir pelo caminho seguro.
Comentário sobre a Conclusão Vamos à análise por perguntas: O Ministério (quem) deve modificar o sistema (o quê) e conceder aos usuários a opção (...) (outro o quê). Concomitantemente, esse ministério (quem) deve disponibilizar um site que explique as implicações da escolha (o quê), visando à liberdade do cidadão (para quê) e a orientá-lo quanto ao uso consciente e seguro do “cyberespaço” (detalhamento do para quê). Com essas medidas efetivadas (e com esse termo no plural a estudante deu um tiro no pé, porque deixou ainda mais claro que escreveu duas propostas incompletas, e não apenas uma), teremos democratização justa e impediremos o controle comportamental (outro para quê). Repare que a estudante não respondeu o como. Se ela tivesse trocado o “concomitantemente” por “por meio de” (com as devidas alterações), o site acessível teria se transformado no como da proposta de intervenção: O Ministério (quem) deve modificar o sistema (...) (o quê) por meio de um site acessível que explica as implicações da escolha (como), visando (...) (para quê + detalhamento). Por isso fique muito atento à escolha de palavras!!! Mesmo que você escreva tudo da maneira mais bonita possível, uma palavrinha no lugar errado pode confundir o corretor e fazer ele tirar ponto. É injusto, eu sei... mas pode acontecer, e é bom você se prevenir.
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Comentários Gerais: A estudante perdeu 40 pontos na competência 1, mas o único erro foi o “algorítimo” ao invés de “algoritmo”. Talvez o “abrir margem” e o “em ressonância com” também tenham sido considerados erros, mas o mais provável mesmo é que as rasuras na folha definitiva tenham tirado ponto. Repare na linha 24: a estudante só riscou o “m” de “modifiquem”, mas o certo é riscar a pal avra inteira e escrevê-la novamente. Além disso, no fim dessa mesma linha ela riscou a palavra antes de “usuários”, mas parece um “to” ou algo do tipo... algo que não se encaixa no resto do texto. Minha dica nesse segundo caso é: se for rasurar, termine de escrever a palavra primeiro. Rasurar só uma letra pode provocar essa falha no scanner. Quanto à competência 2, a estudante demonstrou pleno conhecimento do problema e não fugiu do tema em momento algum. Todos os argumentos estão amarrados à manipulação do comportamento do usuário pe lo controle de dados na internet. Além disso, ela usou repertório sociocultural pertinente e bem explicado. Nenhum comentário negativo aqui. Na competência 3, o projeto de texto inteiro está bem delineado, com parágrafos entrelaçados entre si e orientados por uma tese forte e um parágrafo de introdução que já pincelou os argumentos. O tópico frasal nos desenvolvimentos e as frases de síntese ao fim dos pa rágrafos também contribuíram para a nota máxima. A competência 4 foi máxima também, com elementos de retomada e conectivos que promoveram bem a progressão temática, sem ambiguidades (“mormente”, “com isso”, “consequentemente”, “contudo”, “a título de ilustração”, etc.) Os comentários sobre a competência 5 estão na seção anterior. Muito cuidado com a escolha de palavras!!
Umberto Mannarino |
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Notas entre 700 e 900 Bruna Ribeiro
Notas:
C1: 160 C2: 180 C3: 200 C4: 160 C5: 180 880
Análise por parágrafos: Introdução O crítico ( 1 ) e historiador Alfredo Bosi afirma que a cultura vivenciada no cotidiano é um legado deixado por experiências vividas ao longo da vida. Nesse sentido ( 2 ), problemas como a exposição excessiva a ( 3 ) internet tem ( 4 ) crescido atualmente, visto que o costume é passado de geração em geração. Dessa forma, a problemática instala-se ( 5 ) seja pelo controle da tecnologia sobre o usuário, seja pela negligência do uso responsável da internet ( 6 ).
( 1 ) Crítico de quê? Existem vários tipos de críticos: literário, gastronômico, de arte, etc. De qualquer forma, a menção a Alfredo Bosi logo na introdução contribui para demonstrar que a estudante tem amplo repertório sociocultural, um dos fatores que compõem a nota da competência 2.
( 2 ) Conectivo para relacionar as ideias. Importantíssimo para a competência 4, pois sem ele seria mais difícil compreender o encadeamento lógico.
( 3 ) Acento grave em “à” para indicar crase: “exposição excessiva à internet”. ( 4 ) O correto é “têm”, no plural, para concordar com o sujeito “problemas”. ( 5 ) Onde se instala a problemática? Novamente o comentário das redações anteriores: se o termo pedir um complemento, escreva o complemento. É melhor sobrar do que faltar. Isso minimiza os riscos de o corretor precisar ler de novo para entender ao que o texto está se referindo. Se a frase estiver ambígua ou incompreensível, e ele precisar ler muitas vezes até entender, isso pode prejudicar a nota da competência 4.
( 6 ) Como em quase todas as redações anteriores, a estudante escolheu já pincelar com poucas
palavras os dois argumentos dos parágrafos de desenvolvimento: o controle tecnológico sobre o usuário (D1) e a negligência do uso responsável da internet (D2).
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Comentário sobre a Introdução A estudante inicia a redação com uma alusão a outra área do conhecimento para contextualizar a problemática (competência 2). A partir daí, por meio de conectivos bem inseridos (competência 4), ela explica claramente por que mencionou o historiador Alfredo Bosi, relacionando a teoria do historiador ao tema proposto pelo ENEM: a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet. Repare que a estudante falou tanto da manipulação do comportamento quanto do controle de dados! Era exatamente isso que era esperado do aluno nessa redação. No entanto, diferente deste texto, algumas redações mais adiante nesta apostila tinham uma tese incompleta: falaram ou só da manipulação de comportamento ou só do controle de dados. Não ligaram os dois! Isso prejudicou bastante a nota das competências 2 e 3 desses alunos (da competência 2 porque o texto passava a impressão de que o aluno não tinha entendido de fato o tema proposto; e da competência 3 porque evidentemente faltava uma informação relevante na tese, o que prejudicou o projeto de texto como um todo).
Desenvolvimento 1 É válido ressaltar, inicialmente, que com a ascensão tecnológica os usuários tornaram-se dependentes da praticidade do meio virtual ( 1 ) . Tal fato é comprovado pela ótica do empresário Steve Jobs ( 2 ) que postula que a tecnologia, contemporaneamente, move o mundo ( 3 ) . Desse modo ( 4 ), embora seja um recurso que abrange a comunicação ( 5 ) , tende a moldar pensamentos errôneos ( 6 ) acerca da realidade. Logo, é necessário rever os padrões de uso da internet.
( 1 ) Tópico frasal que vai orientar toda a argumentação do parágrafo. Excelente para a competência 3, de organização e projeto de texto.
( 2 ) Vírgula obrigatória após “Steve Jobs” para introduzir a oração adjeti va explicativa. Só existiu um empresário Steve Jobs, então não faz sentido ser uma oração restritiva (caso não tenha vírgula).
(*3 ) Sugestão: O “contemporaneamente” no meio da frase quebra todo o ritmo da leitura. Ele está separando justamente o sujeito (“tecnologia”) do predicado (“move o mundo”). Melhor teria sido “(...) que postula que contemporaneamente a tecnologia move o mundo”.
( 4 ) Mais um conectivo para orientar a leitura do corretor. Imprescindível para ele entender sem esforço a relação entre os períodos, o que contribui para a nota da competência 4.
( 5 ) Esse aqui foi provavelmente um dos motivos para tirarem ponto da competência 4. Está implícito que o tal “recurso que abrange a comunicação” é a “tecnologia”, mas na construção escolhida pela estudante não é possível entender isso. Faltou claramente um elemento de retomada para resgatar “tecnologia” (talvez “ela”, ou “tal ferramenta”), ou então reorganizar a frase como um todo.
( 6 ) A estudante fala de pensamentos errôneos, mas não explica do que se tratam. Passa a impressão de que falta informação no parágrafo, e ainda levanta o questionamento: “se a tecnologia provoca pensamentos errôneos, quais são os pensamentos certos?” Algo mais concreto aqui teria sido melhor. Mas repare que são detalhes muito pequenos, então não chegam a prejudicar a nota da competência 3. Estou apontando essas coisas mesmo assim porque nas redações que tiraram menos de 700 até mesmo detalhes pequenos prejudicaram muito a nota final. A minha teoria para isso é que, como os textos tinham mais erros de português e um vocabulário mais simples, isso pode ter acabado causando um desconforto nos corretores, que tiraram muitos pontos quando na verdade o texto não estava tão ruim assim. Então é sempre bom se atentar aos detalhes, porque nunca se sabe quão chato o seu corretor vai ser.
Umberto Mannarino | 13
Comentário sobre o D1 A estudante usa termos com posicionamento claro (“dependentes” e “errôneos”), o que reforça o caráter dissertativo do texto. Pontos para a competência 3. O uso de elementos de retomada (“tal fato” e “que”) também proporciona uma boa fluidez de leitura. A falta de um elemento de retomada para “tecnologia” prejudicou consideravelmente o parágrafo e foi provavelmente um dos motivos para a nota não máxima na competência 4. Quanto à argumentação em si, permita-me um breve comentário. Não vai ser sobre as 5 competências, então pode pular esta parte, apressadinho. Vou resumir esse parágrafo em uma frase que segue mais ou menos a mesma lógica da estudante. Tirando todas as frases de apoio, esse parágrafo se resume a: “a tecnologia move o mundo... logo, a tecnologia tende a moldar pensamentos errôneos sobre a realidade”. Percebe que esse raciocínio não faz sentido? Só o fato de mover o mundo não significa necessariamente moldar pensamentos errôneos. Minha sugestão aqui teria sido inserir mais um termo dissertativo, como por exemplo: “se usada de maneira indiscriminada, a tecnologia (...)”. Aí sim a argumentação estaria perfeita. Porque, do jeito que está, não está muito convincente.
Desenvolvimento 2 Ademais, ( 1 ) de acordo com o pensador Immanuel Kant ( 2 ) o ser humano torna-se aquilo que a educação faz dele. Nessa perspectiva, a ausência de uma preparação que oriente o indivíduo no uso das redes sociais colabora para o aumento do problema, haja vista que a exposição ao sistema manipula o usuário e cria uma falsa ideia de liberdade, comprometendo a relevância das informações. Assim, é necessário que seja incluso ( 3 , 4 ) a formação do cidadão a educação virtual ( 5 ).
( 1 ) Conectivo de adição para introduzir um novo argumento. Ótimo para a competência 4. Lembrando que vou fazer vídeos de conectivos no meu canal no YouTube ( http://bit.ly/UmbertoMannarino), e já tenho 10 vídeos sobre o assunto disponíveis gratuitamente na Unacademy ( http://bit.ly/Conectivos).
( 2 ) Vírgula após “Kant” para isolar o “de acordo com o pensador Immanuel Kant”. ( 3 ) O verbo “incluir” é abundante, então aceita as duas formas de particípio: incluso e incluído. No entanto, existem algumas peculiaridades sobre o seu uso. Recomendo ler esta página para mais informações: https://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/todo-incluso-e-incluido-mas-nem-todo-incluido-e-incluso/ . A lição que fica é: entre “incluso” e “incluído”, use sempre “incluído”, que estará correto em 100% dos casos.
( 4 ) O correto seria “incluída”, no feminino, para concordar com “educação virtual”. ( 5 ) O que vai ser incluído em quê? Depois de ler algumas vezes, dá para entender que a educação virtual será incluída na formação do cidadão. Mas só depois de bastante esforço. Isso porque o verbo “incluir” pede a preposição “em”, não “a”. Ou seja, a construção correta seria: “Assim, é necessário que seja incluída na formação do cidadão a educação virtual”.
Comentário sobre o D2 A estudante faz uso de conectivos e expressões que contribuem para uma leitura fluida e sem duplas interpretações. Termos como “Ademais”, “Nessa perspectiva” e “haja vista que” são excelentes para a progressão temática (competência 4). A menção a Kant foi interessante para demonstrar repertório sociocultural, apesar de hoje em dia
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essa citação já ser tão “banalizada” que pode não ser vista com bons olhos pelo corretor. É uma frase genérica que se encaixa em qualquer tema, e a partir de 2018 eles estão pegando no pé dos alunos que fazem isso. Teve um aluno que citou apenas 2 repertórios socioculturais em uma redação anterior desta apostila, e ainda assim tirou 200 na competência 2 (Alécio, a 5ª redação da ONDE JÁ SE 1000). Ou seja: não é necessário citar 3 áreas diferentes para a nota máxima. Então o que deve ter tirado ponto da estudante nessa competência foi a citação excessivamente genérica de Kant, porque não tem outra explicação para não ter tirado 200, sendo que ela demonstra ótima compreensão do tema como um todo (outro fator para a nota da competência 2).
Conclusão Infere-se, portanto, que a internet não influêncie ( 1 ) no comportamento do usuário ( 2 ). Para isso, as empresas de tecnologia devem orientar a busca de mais informações acerca do conteúdo visualizado, por meio de anexos nas publicações indicando a confiabilidade da informação, para, assim, garantir a relevância do conteúdo publicado. Somando ( 3 ) a isso, as instituições de ensino devem, em uníssono a família ( 4 ), trabalhar o uso consciente da internet, por meio de uma disciplina que trabalhe os pós ( 5 ) e os contras da rede, para que assim cidadãos mais responsáveis sejam formados ( 6 ). Diante disso, será possível transmitir as ( 7 ) próximas gerações a qualidade do uso tecnológico ( 8 ).
( 1 ) O correto é “influencie”, sem o acento circunflexo. ( 2 ) A construção “Infere-se que a internet não influencie” não faz sentido. Melhor teria sido: “Infere-se que a internet não deve mais influenciar”.
( 3 ) O correto é “somado a isso”, não “somando a isso”. ( 4 ) O correto é “em uníssono com a família”. ( 5 ) O correto é “prós”, não “pós”. (*6 ) Novamente o meu comentário sobre o uso de voz passiva. Não é errado usá-la, mas a voz ativa sempre vai provocar mais impacto que a voz passiva. Sugestão: “(...) por meio de uma disciplina que trabalhe os prós e os contras da rede, para assim formar cidadãos mais responsáveis”.
( 7 ) Acento grave no “as” para indicar crase: “transmitir às próximas gerações”. (*8 ) Em nenhum momento da redação a estudante falou da qualidade do uso tecnológico. Ela falou exclusivamente mal da tecnologia. Soa meio desconexo fechar com algo que em momento algum foi abordado no texto.
Comentário sobre a Conclusão Como eu falei nos comentários sobre a minha conclusão (6ª redação desta apostila), a primeira frase dessa conclusão simplesmente serve para conectar as informações anteriores às que estão por vir (competência 3), mas não é a resposta de nenhuma das 5 perguntas necessárias para a proposta de intervenção. Vamos às verdadeiras respostas para entender por que um dos corretores tirou ponto da redação da estudante: As empresas de tecnologia (quem) devem orientar a busca (...) (o quê) por meio de anexos
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nas publicações indicando a confiabilidade (como) para assim garantir a relevância do conteúdo publicado (para quê). Ademais, as instituições de ensino e a família (quem) devem trabalhar o uso consciente da internet (o quê) por meio de uma disciplina (...) (como), para assim formar cidadãos responsáveis (para quê). A estudante responde as 4 perguntas duas vezes: quem, o quê, como e para quê. Mas e o detalhamento? Duas propostas de intervenção não compensam a ausência de detalhamento. Ela poderia ter tirado até 160 na competência 5, mas um dos corretores deu nota 200 porque deve ter interpretado “indicando a confiabilidade da informação” como detalhamento do como: “anexos nas publicações”. Mas na minha opinião isso é só o próprio como, e não um detalhamento. Por isso fica a dica: d estine ao menos 1 linha para detalhar, senão você corre o risco de perder pontos, como foi o caso aqui.
Comentários Gerais: Excelente redação como um todo, com poucos erros de português, mas que infelizmente tiraram ponto da competência 1. O erro recorrente de crase (linhas 3 e 29), junto com termos equivocados como “somando a isso”, “i nfluêncie” e “em uníssono a família” fez ambos os corretores darem nota 160. Além disso, cuidado com as rasuras! Nas linhas 8, 1 4 e 19 a estudante riscou a mesma p alavra diversas vezes. O ideal é fazer apenas um único traço, como orienta a própria folha de redação do ENEM. Deslizes como esse também são motivo para perda de nota. Quanto à competência 2, mantenho o comentário do segundo desenvolvimento: a menção genérica a Immanuel Kant deve ter sido a razão para perder ponto, porque em momento algum houve fuga ao tema, e a menção a Alfredo Bosi está bem encaixada como resto da argumentação. Na competência 3, o uso constante de termos dissertativos (“problemática”, “dependente”, “errôneo”, “falsa”, “comprometer”) demonstra o posicionamento da estudante. A tese forte, que associa bem os dois componentes do tema (a manipulação do comportamento e o controle de dados na internet), contribuiu para a nota máxima. Tudo que torne o texto ambíguo e faça o corretor ter que voltar no texto e ler novamente pode prejudicar a competência 4. Isso aconteceu em três momentos: na introdução (comentário 5), no desenvolvimento 1 (comentário 5) e no desenvolvimento 2 (comentário 5). Isso pode ter sido a causa da nota 160 nessa competência (apesar de eu não considerar esses erros tão graves a ponto de realmente terem tirado nota). Os comentários sobre a proposta de intervenção estão na seção anterior.
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Notas abaixo de 700 Eulismenia Alexandre
Notas:
C1: 160 C2: 120 C3: 120 C4: 120 C5: 120 640
Análise por parágrafos: Introdução Na mitologia grega, Sísifo foi condenado por Zeus a rolar uma enorme pedra morro a cima ( 1 ) eternamente. Todos os dias ele alcançava o topo, contudo era vencido pelo cansaço e a pedra retornava a base ( 2 , 3 ) . No mesmo contexto ( 4 ) encontra-se o aumento ao acesso ( 5 ) a internet no Brasil ( 6 ), no qual ( 7 ) apresenta vários pontos positivos, porém acarreta a manipulação do direito de escolha do indivíduo ( 8 ), como também ( 9 ) a mudança ( 10 ) no comportamento da sociedade.
( 1 ) O correto é “acima”, não “a cima”. ( 2 ) Acento grave no “a” para indicar crase: “retornava à base”. ( 3 ) Essa introdução está idêntica à introdução de uma redação nota 1000 do ENEM 2017, da estudante Thaís de Oliveira. O que provavelmente aconteceu foi que nesse caso a estudante memorizou a referência para citá-la na redação do ENEM 2018. Mas isso é um dos erros mais graves que você pode cometer!! Por isso eu não sou a favor de “modelos prontos de redação” e “citações que encaixam em qualquer tema”. Nenhuma citação, por mais ampla que seja, vai se encaixar em qualquer tema, e não é porque uma alusão funcionou bem para um tema de redação (em 2017 era desafios para a educação de surdos) que ele vai funcionar nos outros. A menção ao mito de Sísifo pode até ter feito a estudante Thaís tirar 1000 no ENEM 2017, porém, nesta redação, o mesmo mito não fez sentido. Os próximos comentários vão explicar melhor o porquê, mas já fica o meu alerta: não decore alusões, não decore citações, não decore modelos. Estamos no início do ano de preparação para o ENEM. Ainda tem muito chão pela frente, e você tem criatividade suficiente para criar os seus próprios argumentos!
( 4 ) A estudante usou um conectivo interessante para relacionar a alusão anterior ao resto da introdução. No entanto, como o mito de Sísifo não está “no mesmo contexto” que a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet, isso pode até ter prejudicado a nota da competência 4.
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Lembrando que para tirar nota máxima nessa competência é necessário deixar muito claro como os períodos se relacionam (causa/consequência; exemplificação; elaboração; etc.), e dizer que o mito de Sísifo está “no mesmo contexto” que o “aumento do acesso à internet” deixa o texto confuso. A alusão desconexa tirou ponto da competência 2, mas o conectivo mal inserido se refere à competência 4.
( 5 ) O correto é “aumento do acesso”, não “aumento ao acesso”. ( 6 ) O correto é “acesso à internet”, com acento grave no “à”. ( 7 ) O conectivo “no qual” é sinônimo de “em que”, e só deve ser usado se houver a necessidade da preposição “em”. Como no caso bastaria um “que”, e não “em que”, o correto é “o qual”, não “no qual”.
( 8 ) Excelente escolha de palavras: “manipulação do direito de escolha do indivíduo”. No entanto, ficou faltando a segunda parte do tema: o controle de dados na internet. Isso foi um dos motivos para a estudante ter perdido ponto na competência 3 (organização e projeto de texto), porque faltou uma informação importantíssima na introdução.
( 9 ) Se usou “como também”, a estudante deveria ter usado “não só” anteriormente, por questão de paralelismo: “acarreta não só a manipulação (...), como também (...)”.
( 10 ) Se você já leu todas as 20 análises de redação até aqui, sabe exatamente do que eu vou falar. Para reforçar o caráter dissertativo do texto, não deixe termos “neutros” sem um adjetivo forte. A “mudança no comportamento da sociedade” não é intrinsecamente algo ruim (diferente da “manipulação do direito de escolha do indivíduo”, que obviamente já é algo negativo). Para dar força à argumentação, coloque um adjetivo, como por exemplo: “a mudança opressiva do comportamento da sociedade”.
Comentário sobre a Introdução Já falei bastante sobre o risco de usar citações prontas no comentário 3, mas agora preciso explicar por que o mito de Sísifo não se encaixa nessa redação. No caso da estudante que tirou 1000 em 2017, o mito foi usado para ilustrar a situação de desamparo dos surdos na sociedade, como ilustração do movimento de ida e volta, sempre retornando ao estágio inicial de direitos desiguais. Nesta redação, a estudante citou Sísifo e disse que ele estava “no mesmo contexto” que a internet brasileira. E isso não é verdade. Sísifo é só uma metáfora, e não está “no mesmo contexto”! Por esse motivo eu não recomendo usar citações prontas de outra pessoa: é difícil inferir exatamente o que ela estava pensando na hora de escrever o texto, e simplesmente retirar a citação e “dar Ctrl+C / Ctrl+V” dá margem a esse tipo de problema, que prejudica muito a nota da competência 2. A competência 3 também foi prejudicada pela exposição incompleta do tema na introdução. A estudante falou da manipulação, mas não falou do controle de dados.
Desenvolvimento 1 ( 1 ) Segundo o pensador Zigmunt Bauman ( 2 ), a sociedade atual vive em uma modernidade líquida, movida pela fluidez em seus relacionamentos. O imediatismo apresenta-se como fator determinante para tal, visto que a totalidade demográfica está inserida em um meio capitalista onde há necessidade constante pela geração de lucro. ( 3 ) Indubitavelmente ( 4 ) moldando as ações humanas ( 5 ) . ( 1 ) Seria interessante colocar um conectivo de prioridade a fim de ligar os dois primeiros parágrafos. Conectivos fortalecem a progressão temática e o encadeamento lógico de ideias, contribuindo para a competência 4.
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( 2 ) O correto é “Zygmunt”, mas não se preocupe com a grafia. Um erro pequeno como esse não tira ponto da competência 2.
( 3 ) Não deveria ser um ponto final, porque “indubitavelmente moldando (...)” ainda está no mesmo contexto da frase anterior. Deveria ser uma vírgula, não um ponto.
( 4 ) Um dos termos mais fortes a se usar na redação é “indubitavelmente”. Demonstra confiança sobre o tema, reforçando que você sabe, sim, do que está falando.
( 5 ) A informação ficou vaga, abstrata. Como a sede de lucro molda as ações humanas? Ela molda o comportamento de compra das pessoas? O comportamento de escolha? O comportamento ideológico, amoroso, social...? Como se dá essa manipulação? Faltou o ponto chave do parágrafo, o que prejudica o projeto de texto como um todo (competência 3).
Comentário sobre o D1 A citação a Bauman está ótima, o que ajuda na nota da competência 2. Infelizmente, a estudante não relacionou o “imediatismo” com a “manipulação de comportamento”. Parece que ela só falou de imediatismo e manipulação, mas que os dois não têm relação entre si. Faltou uma explicação de como o imediatismo da sociedade torna-a manipulável (o que também pode ter comprometido a competência 3). Repare que esta redação só teve 26 linhas, e que a letra da estudante é bem grande comparada com os outros textos. Além disso, a citação a Sísifo tomou 4 linhas da introdução. Isso significa que a estudante teria ainda ao menos umas 5 ou 6 linhas em branco para escrever caso quisesse. E é o que eu te recomendo fazer: para não faltar informação, diminua um pouco a letra e elimine já no rascunho os termos desnecessários. Isso vai te ajudar a ganhar espaço na redação, e você vai correr menos risco de deixar informação faltando.
Desenvolvimento 2 Por conseguinte, o gradativo aumento no uso da tecnologia por jovens e adultos provoca a ascendente dependência digital e a alienação ( 1 , 2 ). A mídia acaba por contribuir com o fator supracitado, criando ferramentas ( 3 ) que prendem a atenção do usuário na tentativa de manter-lo ( 4 ) o maior tempo possível em suas plataformas digitais.
( 1 ) Excelente tópico frasal! A estudante não só sintetiza a ideia do parágrafo, como também insere termos com posicionamento claro (“dependência” e “alienação”) para fortalecer o caráter dissertativo do texto. Agora que eu li esse tópico frasal, vou procurar sempre fazer os meus nesse formato. Muito bem escrito, de verdade. Infelizmente a redação teve muitos erros de projeto de texto que prejudicaram a competência 3, porque esse tópico frasal merecia uma nota maior nessa competência.
( 2 ) Teria sido interessante colocar um conectivo para ligar as duas primeiras frases. Sem o conectivo, não fica claro o tipo de relação que a estudante pretende estabelecer entre os períodos. Isso prejudica a fluidez da leitura e a nota da competência 4. Um simples “A esse respeito, é evidente que (...)” resolveria muito bem a questão, para evitar que o corretor precise ir e voltar no texto para entender a argumentação.
( 3 ) De que ferramentas estamos falando? Apesar de um tópico frasal promissor, esse parágrafo ficou excessivamente abstrato. Faltam exemplos concretos para tornar tangível o problema e não dar a impressão de que falta coisa no texto (competência 3).
( 4 ) O correto é “mantê-lo”.
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Comentário sobre o D2 O tópico frasal está realmente muito bom. Infelizmente, o restante do parágrafo peca na especificidade. Ficou genérico demais. Além disso, não fica evidente por que o fato de os usuários estarem presos às plataformas digitais é um problema. Faltou autoria e indignação nesse aspecto, o que também é motivo para perder ponto na competência 3.
Conclusão Portanto, medidas são necessárias solucionar o problema ( 1 , 2 ) , como o ministério da educação ( 3 ) implementar na grade curricular das escolas aulas sobre o uso correto das tecnologias e como se livrar da manipulação ( 4 ) causada por esta ( 5 ) , outrossim, a criação de leis pelo legislativo com o objetivo de punir os criadores de plataformas que instigam a dependência ( 6 ). Desse modo a realidade dos Sísifos brasileiros distanciar-se-á do mito grego.
( 1 ) Faltou o “para”: “medidas são necessárias para solucionar o problema”. A ausência de palavras também pode prejudicar a nota da competência 1.
(*2 ) Mesmo comentário que eu já fiz em várias redações anteriores: se você prolongar excessivamente uma frase, ela vai começar a perder força. Para enfatizar que medidas são necessárias para solucionar o problema, coloque um ponto final para obrigar o leitor a fazer uma pausa e processar essa informação. Sugiro fazer isso e começar outra frase com um verbo forte: “O Ministério da Educação deve (...)”.
( 3 ) Iniciais maiúsculas por se tratar do nome do ministério: Ministério da Educação. ( 4 ) “se livrar da manipulação” é uma expressão coloquial demais para uma redação do ENEM. Prefira termos um pouco mais formais.
( 5 ) “esta” quem? Se “as tecnologias”, o melhor teria sido “elas”. ( 6 ) Excelente! Diferente de outras redações desta apostila, aqui a estudante foi bastante explícita sobre as punições: vamos punir os criadores de plataformas que instigam dependência (e não apenas “punir a mídia”). Na redação do ENEM, quanto mais explícito você for, melhor.
Comentário sobre a Conclusão O Ministério da Educação (quem) deve implementar aulas na grade curricular (...) (o quê). Além disso, o Legislativo (quem) deve criar leis para punir os criadores de plataformas (o quê). Dessa forma, a realidade dos Sísifos (...) (para quê). Repare que ela propôs duas intervenções, e que nas duas ficou faltando o como e o detalhamento. Por ter deixado de informar 2 das 5 respostas, a estudante perdeu a nota proporcionalmente, tirando 3/5 da nota máxima (120/200). Repare que não importa que tenha 2 quem e 2 o quê. Para a nota máxima nessa competência, é obrigatório responder ao menos 1 de cada: quem vai fazer o quê, como e para quê (detalhando alguma dessas perguntas).
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Comentários Gerais: Num geral, a redação foi bem escrita. Infelizmente, a estudante não se atentou ao modelo exigido pelo ENEM, então acabou perdendo muitos pontos que não precisaria ter perdido. Por isso eu sempre recomendo que você primeiro estude as 5 competências para só depois começar a praticar. Mas não se preocupe se você não tem um professor para analisar as suas redações! Fiz esta apostila com comentários ampliados justamente para esclarecer os pontos fortes e fracos de cada uma das competências, na prática. Isso nunca vai substituir uma análise individual da sua própria redação, mas procurei fazer muitos comentários exatamente para tentar ajudar o máximo de pessoas possível sem que elas precisem decorar modelos prontos. Se você leu até aqui, espero que esteja gostando da ONDE JÁ SE 1000, porque sinceramente eu estou bem orgulhoso do resultado!! ENFIM! Vamos deixar de drama e partir aos comentários com base nas 5 competências: Os erros de crase e pontuação, apesar de não muito frequentes, foram suficientes para os dois corretores darem nota 160 na competência 1. A estudante demonstra boa compreensão do tema, mas o repertório cultural da introdução (o mito de Sísifo) não foi pertinente à argumentação, o que com certeza tirou pontos da competência 2. Repito o alerta: não use citações prontas!! Nem mesmo citações de redações nota 1000. Como só teve uma citação pertinente (Bauman em D1), a nota foi baixa nessa competência. Quanto ao projeto de texto, na introdução a estudante não falou do “controle de dados” (peça crucial da argumentação), e em ambos os parágrafos de desenvolvimento ficaram faltando informações importantes do tipo: como é feita a manipulação? Por que isso é um problema? Isso comprometeu seriamente a competência 3. Na competência 4, a nota foi 120 não por causa de frases ambíguas (não tem nenhuma nessa redação), mas pela ausência de conectivos. Nos parágrafos de desenvolvimento, a estudante começa todas as frases já com uma informação nova, mas não usa conectivos para explicar por que ela se relaciona com a frase anterior. Isso prejudica muito a progressão temática, porque passa a ideia de que as informações estão “largadas”, sem relação entre si. Na competência 5, a estudante perdeu 80 pontos (40 + 40) por não ter respondido duas das cinco perguntas necessárias a uma proposta de intervenção nota 200.
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