0
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ ESCOLA DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES
BRUNO HENRIQUE DO ROSARIO XAVIER XAVIER RODRIGO GROBE NAVARRO LUIZ
CONHECIMENTO EM SPINOZA
CURITIBA 201
1
BRUNO HENRIQUE DO ROSARIO XAVIER XAVIER RODRIGO GROBE NAVARRO LUIZ
CONHECIMENTO EM SPINOZA
Trabalho apresentado à disciplina de Teoria do Conhecimento, do Curso de Graduação em filo filoso sofifia a da Pont Pontififíc ícia ia Univ Univer ersi sida dade de Católica do Paraná !rientador" Prof #auro Pellisari
CURITIBA 201
2
SUMÁRIO
$
I NTRODUÇÃO %
2
SPINOZA E O MATERIALISMO&
!
AS QUATRO FORMAS DE CONHECIMENTO'
%$
(U)T*+*CT*- . T/!0* .! C!12/C*#/1T! )P*1!31 """"""""""""""""""#
%4
!) #!.!) ./ P/0C/P56! """"""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""" $
!"2"1 Q%&'() M)*) D+ P+',+-./) O C)+,34+() P+5& E667,3&""""""""""""""""""""8 E667,3&"""""""""""""""""""" 8 9
M:TODO PARA PARA A MELHOR CONHECER"""""""""""""" CONHECE R"""""""""""""""""""""" """""""""""""" """""""""""""""""" """"""""""""""""""""""" """"""""""""""11 """11
&$ I./*) ./7U. ./7U.) ) / *./*) *./*) *1./7U. *1./7U.) ) 11 &4 ! #8T!.! #8T!.! $4 $4 9 CONSID $9 $9 CONSIDERA ERAÇ;ES Ç;ES FINAIS FINAIS
<
$' $' REFER=NCIAS
3
1 INTRODUÇÃO
! ob:etivo deste trabalho consiste em analisar a teoria spino;ana acerca do conhecimento #ais precisamente, definir as condiçundo a teoria de ?aruch )pino;a Para Para =ue =ue essa essa compr compree eensã nsão o ocorr ocorra a de form forma a mais mais sati satisf sfat atóri ória a possí possíve vel,l, deci decidi dimo moss divi dividi dirr o prese present nte e trab trabal alho ho em tr@s tr@s capí capítu tulos los prin princi cipa pais is"" A)pino A)pino;a ;a e o #aterialismoB, As 7uatro +ormas .e ConhecimentoB e A! #todo Para o #elhor Conhec ConhecerB erB 1o primei primeiro ro capítul capítulo, o, tratar trataremo emoss do materi materiali alismo smo,, sua relaçã relação o e sua importDncia para a teoria do conhecimento, ou se:a, definiremos aí os pressupostos necessários para o conhecimento 1o se>undo capítulo, discorreremos sobre as =uatro formas de percepção da teoria de )pino;a, e separaremos uma sessão secundária para tratar mais detalhadamente sobre o =uarto modo de percepção, =ue levaria ao conhecimento das ess@ncias, e, portanto, o conhecimento mais perfeito Porm, apenas o =uarto modo de percepção não suficiente para se che>ar ao conhecimento, e por esse motivo )pino;a elabora seu mtodo para melhor condu;ir a ra;ão, e será no terceiro capítulo =ue trataremos de tal modo o depararmos com =uestemE >emEse se em turbil turbilhativas a respeito das possibilidades do conhecimento Tais refleFe a relação do su:eito =ue conhece, com o ob:eto =ue conhecido 1a tentativa de resolução com busca da verdade, duas corrent correntes es filosóf filosófica icass sobress sobressaem" aem" ! Racionalismo tendo como seus representantes Platão e 0en .escartes e o Empirismo com os prota>onistas ristóteles, (onh HocIe e .avid 2ume #uitas das propostas resolutivas, ora ancoravamEse no Racionalismo com conceitos imutáveis referenciandoEse às ci@ncias teóricas Jmatemática e >eometria /uclidianaK /uclidianaK com ense:o metodoló>ico metodoló>ico de amparo a todo conhecimento conhecimento ora pautavamE pautavamE se na corrente corrente Empirista =ue apre>oavam com veem@ncia =ue todo conhecimento
4
ori>inário da eFperi@ncia do su:eito =ue por meio dos sentidos cria o hábito de associar ideias pela diferença ou pela semelhança .iante das inda>açia de leit leitur ura a de teFt teFtos os filo filosó sófifico cos, s, onde onde perc percor orre remo moss as teor teoria iass de seu seu livr livro o A8ti A8tica ca .emonstrada )e>undo a !rdem GeomtricaB, sua obra sobre o entendimento do ser racional intitulada" ATratado da 0eforma do /ntendimentoB e, com amparo auFiliador na compreensão da leitura dos comentadores" lfonso, TeiFeira e Chauí, eFplanaremos o =ue devemos por entender a teoria spino;ana do conhecimento 1o presente trabalho, deiFamos evidente o mtodo desenvolvido por )pino;a com pretensado à perfeição, na =ual, v@ como bem supremo e, portanto ao conhecer melh melhor or,, o home homem m se aproF aproFim ima a de tal tal bem bem )pin )pino;a o;a eFpi eFpiro rou u em $M'' $M'' deiF deiFand ando o inacab inacabado ado o ATrata ATratado do da 0eform 0eforma a do /ntendi /ntendimen mentoB toB,, e conse=u conse=uent enteme emente nte o seu mtodo 1o entanto, no le>ado de suas obras podemos eFtrair uma ri=uíssima teoria sobre o conhecimento #as para =ue serviria esse mtodoL !ra, ele seria uma ferramenta para nos livrar dos erros =ue podemos cometer ao reali;ar al>um :uí;o, e nos condu;ir da melhor maneira maneira possível possível ao conhecimento conhecimento da verdade, =ue asse>urada asse>urada pelo próprio próprio filósofo filósofo como eFistente
5
2 SPINOZA E O MATERIALISMO
(á no inicio de sua obra intitulada A8tica .emonstrada )e>undo a !rdem GeomtricaB, )pino;a postula =ue Asó pode eFistir uma substDnciaB J)P*1!3, 4N$N, p 4OK /ssa afirmação confronta toda teoria platnica e cartesiana de distinção entre corpo e alma, entre uma res cogitam cogitam e res extensa, e isso nos leva ao conceito de monismo, o =ue o ponto de partida de sua teoria do conhecimento, pois não será necessário necessário elaborar outro mundo, ou uma substDncia substDncia mais perfeita perfeita =ue a matria para eFplicáEla eFplicáEla #as o =ue )pino;a )pino;a entende por substDnciaL substDnciaL !ra, substDncia substDncia Aa=uilo =ue eFiste em si mesmo e =ue por si mesmo concebidoB J)P*1!3, 4N$N, p$%K, ou se:a, tudo tudo a=ui a=uilo lo =ue =ue eFis eFiste te -ale lemb lembra rarr tamb tambm m,, =ue =ue a subs substD tDnc ncia ia tem tem =ue =ue ser ser, necessariamente, infinita .esse modo, não pode eFistir dois tipos de eFist@ncia, o =ue, no vocabulário spino;ano, seria definido como absurdo, isto , uma contradição Por ve;es, essa substDncia chamada de .eus 1o entanto, não se trata de uma divindade transcendental =ue se comunica com os homens de fora, mas a própria 1ature;a Ja=uilo =ue eFiste, como a própria definição de substDncia indicaK )e>ueEse disso, =ue não pode haver uma verdade transcendental, :á =ue o intelecto humano um modo finito, da substDncia infinita J.eusK #as o =ue um modoL 1as definiçundo a !rdem GeomtricaB, GeomtricaB, )pino;a chama de modo A=uilo =ue eFiste em outra coisaB J)P*1!3, 4N$N, p $%K, sendo assim, só pode eFistir na substDncia, substDncia, e ser finito /m outras palavras, palavras, podemos definir os modos como acidentes de .eus $ Uma ve; =ue não há uma verdade transcendental, podemos di;er =ue o critrio de verdade para )pino;a dado pelo próprio homem 1esse sentido =ue TeiFeira afirma =ue se>undo )pino;a, A1ão há para o homem nenhuma verdade, a não ser a =ue criada por sua própria inteli> inteli>@nciaB @nciaB JT/*Q/*0, JT/*Q/*0, $OMM, $OMM, p$&K )endo assim, assim, o conhecimento será possível, pois, está ao poder humano alcançáElo /m vista disso, ainda se>undo TeiFeira, TeiFeira, o =ue importa conhecer nossa própria inteli>@ncia Jou ideiasK, uma ve; =ue dela nos pode vir a verdade 1 Vale Vale lembrar que os acidentes não ocorrem de modo aleatório e sem uma ordem necessária, o que iria de encontra com a doutrina spinozana da necessidade.
6
Porm, )pino;a fortalece a ideia de =ue se pode conhecer a verdade pelos atributos =ue ele empre>a a .eus, tal =ual a eFtensão, =ue pela proposição tr@s da se>unda parte da A8ticaB afirma =ue da ideia de eFtensão se>ueEse necessariamente sua ess@ncia Jpois a eFtensão um atributo de .eusK lo>o, eFiste necessariamente J)P*1!3, 4N$N, pR%K Para compreender por=ue da ess@ncia de al>o se>ue sua eFist@ncia necessária, devemos voltar ao conceito de ess@ncia, onde )pino;a afirma =ue Adi>o pertencer à ess@ncia da coisa a=uilo =ue se dado, a coisa necessariamente posta e =ue, se retirado, a coisa necessariamente retiradaB J)P*1!3, 4N$N, pR%K Podemos perceber :á a=ui =ue o conhecimento spino;ano deve ser concebido atr atrav avs da ess@n s@ncia das coisa oisass, porm orm,, esse sse assun sunto será trata atado mais detalhadamente na sessão secundária do se>undo capítulo Para >arantir ainda mais a possibilidade de conhecimento, podemos recorrer a liberdade de .eus, onde o filósofo afirma =ue .eus livre por a>ir se>undo a sua necessidade, ou se:a, Ade uma determinada causa, se>ueEse necessariamente um efeitoB J)P*1!3, 4N$N, p$9K /m outras palavras, da vontade de .eus a relação inviolável de causaEefeito -ale lembrar a=ui, =ue apesar de )pino;a se utili;ar de um vocabulário reli>ioso, sua obra sempre racional, e =ue por .eus ele entende apenas a substDncia, ou 1ature;a, não se tratando a=ui de um ar>umento de apelo à autoridade /m suma, podemos di;er =ue a realidade para )pino;a Jpela definição de substDnciaK eFiste e dada, ou se:a, o su:eito pode conhecer, pois o próprio critrio de verdade dado pelo homem, sendo assim, ela passível de ser alcançada / o conhecimento conhecimento >arantido >arantido pela própria própria ess@ncia ess@ncia de .eus, ou 1ature;a, =ue determina determina essas condiçara >arant nte e as poss possib ibililid idad ades es de conhecimento, veremos como esse conhecimento entra no intelecto humano e =ual a melhor maneira de conceb@Elo
! AS QUATRO FORMAS DE CONHECIMENTO
ntes de mer>ulharmos m er>ulharmos no pensamento de )pino;a, primeiramente deveEse de veEse ter uma compreensão acerca da finalidade da elaboração da teoria do conhecimento por ele proposta, pois a partir do fim do conhecimento =ue )pino;a escolherá o melhor modo de percepção, pois o melhor modo deverá ser a=uele =ue atin:a o fim %$ (U)T*+*CT*- . T/!0* .! C!12/C*#/1T! )P*1!31 )pino;a entende por verdadeiro bem e ao mesmo tempo o sumo bem, tudo a=ui a=uilo lo =ue pode pode ser um meio meio para para alca alcanç nçar ar a perf perfei eição ção e desfr desfrut utar ar com com outr outros os indivíduos tal con=uista ! fim, portanto o encontro com a perfeição J)P*1!3, p49, 4NN'K 1este sentido de perfeição, deveEse notar =ue uma só e mesma coisa, se>undo pontos de vista diferentes, diferentes, pode ser dito perfeito perfeito e imperfeito imperfeito Conse=uentemen Conse=uentemente te não se poderá di;er" perfeito ou imperfeito nada considerado em sua nature;a, pois se prod produ u; se>undo ndo a uma ordem ete eterna rna e se>u e>undo ndo as leis de .eus, na =ual =ual reconhecemos reconhecemos tudo =ue feito, e, portanto, portanto, está fora de :ul>amentos :ul>amentos morais, morais, uma ve; =ue eles são necessariamente humanos, não se encontrando na nature;a de fato 1o entanto, em contrapartida com a consci@ncia de uma fra>ilidade humana =ue provm da imperfeição de seu estado atual, há, por outro lado, a concepção de uma nature;a humana muito mais forte =ue possuímos assim sendo, o homem se v@ encora:ado ad=uirir ad=uirir tal nature;a, nature;a, e tudo =ue o a:udará a:udará a atin>ir atin>ir esta perfeição deverá ser chamado chamado de verdadeiro bem J)P*1!3, p49, 4NN'K Para Para sust susten enta tarr a teor teoria ia spin spino; o;an ana a de vont vontad ade e de perf perfei eiçã ção o da natu nature re;a ;a humana, podemos recorrer ao seu terceiro livro da A8ticaB, onde )pino;a nos apresenta a teoria de =ue toda coisa se esforça por preservar seu ser, isto , aumentar sua pot@ncia de a>ir J)P*1!3, 4N$N, p$'9K, e, conse=uentemente, fa;er com =ue a mente passe para uma perfeição maior, pois J)P*1!3, 4N$N, p$''K" )e uma coisa aumenta ou diminui, estimula ou refreia a potencia de a>ir de nosso corpo, a ideia dessa coisa aumenta ou diminui, estimula ou refreia a pot@ncia de pensar da nossa mente
!
)end )endo o assi assim, m, pode podemos mos di;e di;err =ue =ue todo todo ser ser esfo esforça rçaEs Ese e por por aume aument ntar ar sua potencia de a>ir, e, conse=uentemente, sua perfeição Por esse motivo )pino;a elabora sua teoria do conhecimento, pois o conhecimento levará o homem à perfeição .esse modo, o meio apresentado por )pino;a para ad=uirir tal nature;a a necessidade de descobrir o modo de tratar do entendimento J)P*1!3, 4NN' p4OK" Aisto , a reformar o entendimento a tornaElo apto a compreender as coisas da maneira =ue necessária para atin>ir nosso fimB %4 !) #!.!) ./ P/0C/P56! )pino;a fa; uma análise de todos os modos de perceber, isto , de ad=uirir conhecimento, da =ual se utili;a para afirmar ou ne>ar al>o de maneira indubitável )e>undo TeiFeira, os diversos modos de conhecimentos correspondem aos diversos modos de ser da nature;a humana JT/*Q/*0, p4', $OMMK )endo assim, o primeiro e o se>undo dão ao homem o =ue necessário ao uso da vida, o terceiro um esforço para se formar ideias >erais #as o =ue )pino;a busca, encontrar dentre estes modos a=uele =ue o :ul>ar melhor, para assim, simultaneamente conhecer suas próprias forças e aperfeiçoar sua nature;a, e este modo encontrado o =uarto modo 1o ATratado da 0eforma do /ntendimentoB, )pino;a eFpressa =ue após uma consi conside deraç ração ão acura acurada da de todos todos os modo modoss de perce percebe berr =ue =ue fa; fa; uso, uso, restr restrin in>e >eEos Eos redu;idamente a =uatro principais, são eles" percepção =ue temos por ouvirEdi;er percepção =ue temos por eFperi@ncia va>a percepção em =ue uma ess@ncia de uma coisa se infere de outra, mas não ade=uadamente e por fim uma percepção em =ue uma coisa percebida unicamente por sua ess@ncia ou pelo conhecimento de sua causa próFima J)P*1!3, p4O, 4NN'K Para Para melhor melhor compree compreensão nsão dos modos, modos, analis analisare aremos mos breveme brevemente nte cada cada um deles ! primeiro modo de percepção, o do AouviEdi;erB a=uele fato =ue sabemos por meio de outro humano, e =ue nos foram contados desde sempre e não conse>uimos averi>uar sua veracidade, tal como o dia do nosso nascimento !ra, voc@ pode ouvir di;er =ue dia veio ao mundo, pode olhar a data em um papel, ou at mesmo per>untar aos seus parentes, no entanto, estará fadado a não obtenção da total certe;a, pois seus familiares podem mentir para voc@ eSou colocar a data errada em um papel
"
! se>undo modo, o da AeFperi@ncia va>aB, a título de eFemplificação, a=uele ad=uirido pelos sentidos, pela viv@ncia do cotidiano *sto , por eFperi@ncia va>a, sabemos =ue a á>ua apa>a o fo>o, ou =ue vamos morrer, uma ve; =ue todos ao nosso redor morrem, apesar de o fa;erem em diferentes pocas e por motivos distintos ! terceiro modo, o da ess@ncia de uma coisa inferindo outra, mas de modo não ade=uado, eFemplificado pela nature;a da visão" =uando percebemos pe=ueno o )ol em detrimento de sua distDncia, muito embora saibamos =ue seu tamanho real se:a muito maior ao do nosso planeta, assim percebemos uma nature;a tal, de uma coisa concluímos outra 1o entanto, não podemos compreender por=ue isso ocorre, isto , por=ue o sol se mostra como pe=ueno mesmo sendo >rande
!"2"1 Q%&'() M)*) D+ P+',+-./) O C)+,34+() P+5& E667,3&" +inalmente o ltimo e =uarto modo" a percepção em =ue uma coisa percebida unicamente por sua ess@ncia ou pelo conhecimento de sua causa próFima 1esse modo, a coisa compreendida de tal forma =ue de determinada ess@ncia, se>ueEse, necessariamente, determinada informação, característica, etc Podemos ver =ue por intermdio da matemática sabemos =ue dois mais tr@s são cinco, da mesma maneira se duas linhas são paralelas a uma terceira, lo>o são paralelas entre si .iante desta percepção, inferimos conhecimento, muito embora em virtude de tal conhecimento muito poucas foram as coisas =ue se puderam compreender Contudo, esse modo de percepção considerado por )pino;a, ade=uado, por não possuir possibilidade al>uma de erro, portanto o filósofo afirma cate>oricamente o seu dever em eFploraEla ao máFimo J)P*1!3, p%9, 4NN'K Jcomo vimos no item %$K, pois encontra neste modo perceptivo o meio para o fim alme:ado da perfeição e compreensão da 1ature;a humana #as por =ue o =uarto modo o mais ade=uadoL !ra, como vimos no primeiro capítulo, a ess@ncia a=uilo =ue se retirada, a coisa deiFa de ser o =ue J)P*1!3, 4N$N, pR%K )endo assim, atravs da ess@ncia ess@ncia =ue se conhece .eus Jou 1ature;aK, 1ature;aK, e, de acor acordo do com com TeiFei iFeira ra,, para para )pin )pino; o;a a JT/* JT/*Q/* Q/*0 0,, p4' p4',, $OMMK $OMMK Anão Anão pode podemo moss conhecer a nós mesmos sem conhecer o TodoB Podemos ver assim, =ue na doutrina spino;ana, o melhor conhecimento o dedutivo, isto , devemos partir dos universais para conhecer os particulares 8 :ustamente por esse motivo, =ue o primeiro livro da
10
A8ticaB começa com a definição de .eus, para só no terceiro livro, a partir das primeiras proposiç
9 M:TODO PARA PARA O MELHOR MELHOR CONHECER" ntes de prosse>uirmos com c om o estudo do mtodo, se fa; necessário necessá rio à distinção entre ima>inação e ideia, uma ve; =ue estes conceitos são fundamentais para a compreensão do mtodo elaborado por )pino;a, dado =ue como veremos, o mtodo uma refleFão sobre as ideias e =ue essas refleF ima>in inaç ação ão um dado dado empí empíric rico o conse conse=u =uen ente te de caus causas as eFteriores =ue >eram sub:etividade /m outras palavras, o homem ao ser impactado sensorialment sensorialmente, e, cria em sua mente ima>ens em reação da causa eFterna por efeito efeito da
11
recepção recepção =ue o produ; produ; Portant Portanto o o :ul>ame :ul>amento nto interpr interpreta etativ tivo o da estimu estimulaç lação ão dos sentidos afastaEnos da coisa em si mesma informação recebida pelos sentidos corrompida pela interpretação JC2U, p%M, 4NNMK )e>undo )e>undo Chauí, Chauí, a ideia, ideia, por outro lado, apreende a nature;a nature;a íntima das coisas, pois ato do próprio intelecto =ue conhece a causa e as coneFir tanto Ideias inadequada =uanto ideias adequadas ideia inade=uada uma opinião na =ual se deposita deposita confiança, confiança, por um determinado determinado período, período, acreditandoE acreditandoE se ser uma ideia verdadeira at ser confrontada com al>o =ue a colo=ue em dvida JC2U, p%9, 4NNMK 1ão obstante, podeEse compreender, portanto, =ue se trata de uma ima>inação AcamufladaB de ideia, ou, uma ima>em =ue tomamos como uma ideia" Assim, portanto, distin>uimos entre a ideia verdadeira e as outras percepçem na ima>inaçãoB J)P*1!3, p'', 4NN'K Porm, se>undo Chauí JC2U, p%9 4NNMK, a ima>em verdadeira en=uanto ima>em, mas en=uanto ideia =ue ela falsa, e por isso utili;ado por )pino;a o termo Aideia inade=uadaB #as por =ue a ima>em uma ideia inade=uadaL !ra, por=ue toda ima>em provem dos sentidos, e sendo assim, ela carre>ada de interpretaçar, ainda continuaremos a ver este menor =ue a=uele Porm, vale lembrar, =ue pelo fato das ima>ens serem verdadeiras em si mesmas mesmas,, se>undo se>undo TeiFeira iFeira JT/*Q/ JT/*Q/*0 *0,, $OMM, $OMM, p49K, p49K, pelo pelo tercei terceiro ro modo modo de percepção, podemos ainda fa;er deduçens =ue provem dos sentidos Por esse motivo )pino;a não descarta nenhum modo de conhecimento, pois, como dito na seção %4, os modos de percepção, são necessários para a vida humana, e se eles fossem totalmente descartáveis, a vida se tornaria impossível, uma ve; =ue não se poderia concluir da eFperi@ncia =ue o fo>o =ueima, ou =ue o tomate me serve de alimento, etc #as não podemos construir conhecimento realmente verdadeiro a partir dos sentidos, uma ve; =ue as ima>ens são sub:etivas, e por isso =ue em contraponto com a ideia inade=uada, )pino;a coloca a ideia ade=uada, =ue alcançada pela ra;ão
12
travs da ra;ão a ideia ade=uada ofereceEnos sistema de relaçulares, a nature;a íntima das coisas JC2U, p%', 4NNMK / por esse motivo =ue )pino;a elabora seu mtodo, pois ele precisa passar das definiçinaçãoB JC2*U p%R, 4NNMK &4 ! #8T!.! ! =ue propação não preciso buscar o melhor mtodo de formulação da verdade, pois tal busca nos remeteria em sucessuirmos nesta linha de raciocínio, lo>o che>aríamos a conclusão de =ue martelos sempre eFistiram, uma ve; =ue foi necessário for:ar um para criar outro e assim ad infinitum, e, ora, isto absurdo /ntretanto, o homem do passado fe; uso de instrumentos inatos com sacrifício laborioso, laborioso, construindo construindo outros instrumentos instrumentos rudimentares rudimentares e se>uindo se>uindo um fluFo de aperfeiçoamento dos instrumentos e de outras coisas com um trabalho menor )endo assim, foi a partir de materiais rudimentares =ue o homem for:ou o primeiro martelo martelo Para Para )pino; )pino;a, a, J)P*1! J)P*1!3, 3, p%', p%', 4NN'K 4NN'K de i>ual i>ual maneir maneira a o entendi entendiment mento, o, produ; para si instrumentos intelectuais, por sua força inata, por meio dos =uais ad=uiri outr outras as força forçass para para outr outras as obras obras,, de mane maneira ira a super superarE arEse se em aperf aperfei eiço çoam amen ento to,, >raduandoEse em sabedoria ! mtod mtodo o )pin )pino;i o;ist sta a dife difere reEse Ese comp comple leta tame ment nte e do propo propost sto o por por .esc .escart artes es =uando estabelece re>ras como mecanismos de verificação da verdade J./)C0T/), 4NNOK 4NNOK Para Para )pino; )pino;a, a, no entant entanto, o, o conheci conhecimen mento to refleFiv refleFivo o , pressupo pressuposto sto para a eFist@ncia do mtodo )endo assim, se>undo, lfoso JH+!1)!, pM, 4N$NK o mtodo
13
constituiEse em refleFaríamos Por isso motivo preciso =ue ha:a ideias ade=uadas fundamentais, como os primeiros instrumentos para a construção do conhecimento -oltamos a di;er, =ue :ustamente esta toda a forma do livro A8ticaB de )pino;a, pois nele são dados, no começo dos livros, definiço após aFiomas, para a partir daí se construir as proposiçerais, pois por elas =ue se che>am a conclusulares, o =ue nos remete ao primeiro livro da A8ticaB onde )pino;a define .eus, para a partir daí definir nos próFimos livros a nature;a humana )endo assim, não há uma busca incessante na eFterioridade, o =ue há uma refleFão acurada Ja partir das ess@nciasK do =ue lhe fundamenta ! mtodo, portanto, um pensar sobre o a=uilo =ue temos como conhecimento ad=uirido, uma análise de percepço conhecido refleF refleFão ão deve deve part partir ir de um conhe conheci cime ment nto o prime primeir iro o =ue =ue :á deve deve ser ser verd verdade adeir iro o e indubi indubitáv tável el Por esse esse motivo motivo,, afirma afirma )pino; )pino;a" a" Ao mtodo mtodo próprio próprio conhec conhecime imento nto refleFivoB J)P*1!3, pO$, 4NN'K
14
CONSIDERAÇ;ES FINAIS .iante do =ue foi apresentado, podemos concluir =ue o conhecimento para )pino;a sim possível, uma ve; =ue a 1ature;a eFiste, e =ue o critrio de verdade dado pelo próprio homem )endo assim, cabe ao homem fa;er uma refleFão para se che>ar ao melhor modo de conhecer o mundo )endo a refleFão feita pelo homem, não será necessária uma refleFão da refleFão, isto , um mtodo para melhor pensar no mtodo e assim at o infinito, uma ve; =ue disso não che>aríamos à lu>ar nenhum Porm, tambm não podemos construir conhecimento a partir do nada, pois do nada tambm che>aríamos ao nada .esse modo, na refleFão feita por )pino;a, pudemos ver =ue para ele a melhor maneira de se che>ar a um conhecimento partir do mtodo, para assumir as primeiras definiço, e a partir dessas definiçar ao conhecimento verdadeiro pelas ess@ncias 1o entanto, vale lembrar =ue )pino;a não descarta totalmente os outros modos de percepção =ue não os da ess@ncia, ele ao contrário, di; =ue são de vital importDncia para a conservação, conservação, e =ue todos contribuem contribuem para a nature;a humana de al>um modo Porm, apesar de todos os modos a:udarem o homem a passar de seu estado atual para uma perfeição maior, eles são, em sua maioria, limitados a sobreviv@ncia, apenas o =uarto modo =ue a:udará o homem a atin>ir a perfeição, tanto =uanto for possível pela duração de sua vida ! =uarto modo, o melhor para )pino;a, pois ele o conhecimento =ue busca as ess@ncias, sendo estas a=uilo =ue fa; com =ue a coisa se:a o =ue ela Portanto, a ess@ncia =ue >arantirá a verdade do mundo Como por eFemplo, está contido na ess@ncia de )ubstDncia J.eus, ou 1ature;aK a própria eFist@ncia, como vimos na sessão 4
15
/m relação ao seu modo de conhecer o mundo, podemos di;er =ue )pino;a um racionalista, pois parte das ess@ncias para a construção de um conhecimento mais verdadeiro, =ue , por sua ve;, dedutivo, dado =ue são de conceitos maiores =ue os menores devem ser concluídos Por este motivo =ue na A8ticaB começa com suas definiçumas verdades pelas suas ess@nciasK sobre uma eFist@ncia mais abran>ente, isto , .eus, para a partir disso afunilar o ob:etivo de estudo e partir para a nature;a humana
REFER=NCIAS H+!1)!, /steban Caviedes Consideraciones en torno a la epistemolo>ía de )pino;a R+>36(& *+ E6(%*3&(+6 *+ F35)6)?@& , ?o>otá, n 4$, p $E4O, 4N$N .isponível em" Vhttp"SSWWW:averianaeducoScuadrantephiSpdfsS14$S%pdf X cesso em" 4 :un 4N$9
16
C2U, #arilena de )ousa E6-3)6& uma filosofia da liberdade 4 ed )ão Paulo" #oderna, 4NNM ./)C0T/), 0en D36,%'6) *) 4()*)" & ed )ão Paulo" Y#+ #artins +ontes, 4NNO )P*1!3, ?enedictus de, H*-*! T/*Q/*0 T'&(&*) *& '+?)'4& *& 3(+53+,3&" )ão Paulo" 1acional, $OMM )P*1!3, )P*1!3, ?enedictus ?enedictus de, T./U, T./U, Toma; :(3,&" % ed ?elo ?elo 2ori;ont 2ori;onte" e" ut@n ut@ntic tica, a, 4N$N )P*1!3, ?enedictus de, T'&(&*) *& '+?)'4& *) +(+*34+()" )ão Paulo" /scala, /scala, 4NN'