Abrindo caixa de Pandora – Bruno Latour -Estudo sobre ciência e tecnologia através do recurso de flashbacks. -Três cenas são escolhidas: Watson e Crick em busca da descoberta da estrutura do DNA, Tom West e sua equipe tentando montador o novo computador Eagle, e Whittaker que usa ambos para avançar em sua pesquisa sobre genes. -Whittaker: Ele não sabe quanto tempo vai ter, se sua bolsa vai ser renovada, etc. Mas sabe que o computador e a descoberta de Watson e Crick não são problemas. - Caixa-preta: dela não precisa se saber nada, senão o que dela entra e sai. Não podem e não devem ser abertas. - Ciência pronta (certinha, fria, indubitável) vs ciência em construção. - Incertezas, trabalho, decisões, controvérsias. - Porta de entrada pelo mundo da ciência: pela porta de trás, pela ciência em construção. - Na cena 4, West avalia de forma mais complexa o computador do concorrente, passando a incluir características sociais, de estilo, e de organização da companhia. O chip do concorrente é caixa preta vendida aos consumidores. Ao ser avaliado pelo concorrente (West), a avaliação extravagante é válida. Contexto e conteúdo se confundem. -Reputação e nome contam no impacto que publicações provocam na comunidade científica (Pauling - renomado químico - e a descoberta do DNA). - Suspense, jogada, tom, prazos de publicação. Tudo isso se mistura ao processo científico. - A ciência tem duas faces: uma que sabe e outra que não sabe. As duas faces de Jano dizem juntas: Acate os fatos sem discutir (barbudo) e descarte os fatos inúteis (novinho). - Watson tem duas escolhas: aceitar o que está pronto no livros e errar, ou acatar a opinião de um químico e descobrir a estrutura helicoidal. Não é fácil seguir o conselho da ciência nova e opôr-se àquela já estabelecida. Disciplina, afiliação, C. Vitae, avaliação psicológica. Tudo influencia a decisão dele. - Jano: Fique sempre com a máquina mais eficiente (barbudo). Decida o que é eficiência (novinho). A eficiência dependerá de quem tiver sucesso. - Jano: quando a máquina funcionar, todos se convencerão (barbudo). A máquina vai funcionar quando as pessoas interessadas estiverem convencidas (novinho). Os departamentos estão ansiosos para ver o PC de West, mas ele ainda não está certo da possível reação deles. Se os avaliadores não gostarem, o projeto será enterrado. Cada grupo de interesse tinha que fazer seu próprio teste na máquina. Nenhuma das razões pela qual ela funcionará depois de acabada ajuda os engenheiros enquanto ela está em construção. - Jano: O que é verdade sempre se sustenta (barbudo). Quando as coisas se sustentam, elas começam a se transformar em verdade (novinho). Competidores avaliam a estrutura final do modelo de Watson e Crick, dando-lhe apoio. Todos os aliados parecem muito fortes quando a estrutura já é uma caixa preta. Enquanto isso não acontece, eles continuam a arregimentá-los, modificando a estrutura até que todos estejam satisfeitos. - Há sempre o discurso das duas vozes contraditórias. O barbudo considera fatos e máquinas suficientemente determinados, o novinho acha que eles estão subdeterminados. - Não levar preconceitos relativos ao saber, distinguir as duas explicações contraditórias, proferidas antes e depois do fechamento da caixa. - Ver quadrinho, páginas 32 e 33.
-Alguns cientistas falam da ciência, dos seus métodos e meios, mas poucos deles se submetem à disciplina de agirem como leigos. A defesa da ciência e da razão contra a pseudo-ciência e a irracionalidade mantém a maioria das pessoas ocupadas demais para estudá-la. Felizmente existem algumas pessoas que abrem as caixas-pretas para que os leigos possam dar uma olhadela.