DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MINAS ESCOLA DE MINAS DA UFOP PROFESSOR VALDIR COSTA E SILVA
CURSO MIN 112 - OPERAÇÕES MINEIRAS
APOSTILA DE CARREGAMENTO E TRANSPORTE DE ROCHAS
e-mail:
[email protected] Março, 2011
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CARREGAMENTO E TRANSPORTE DE ROCHAS 1. INTRODUÇÃO Na lavra os custos de operação dos equipamentos de carregamento e transportes representam mais da metade do total do custo da operação. Para controlar os custos, a seleção correta dos equipamentos e vital. A seleção e utilização dos equipamentos podem freqüentemente tornar uma operação mineira lucrativa ou inviabilizá-la e, em outros casos ocorrer uma operação marginal. Para a definição do tipo de equipamentos e sistemas a serem utilizados para o manuseio de minérios a média ou longa distância, diversos aspectos devem ser considerados e avaliados, entre os quais, capacidade manuseada, distância de transporte, topografia do terreno, infra-estrutura disponível na região, interferências com o meio ambiente e economicidade .
Um dimensionamento preciso da frota de equipamentos de lavra revestese de grande importância, uma vez que os custos envolvidos, que de capital, quer de operação, representam, quase sempre, uma parcela considerável dos custos de uma mina. Particularmente no caso dos equipamentos de lavra que trabalham em operação conjugada, o problema assume maiores proporções, pois o dimensionamento incorreto da frota de um dos tipos de equipamentos comprometerá, obrigatoriamente, o desempenho dos equipamentos da frota dependente. Desta forma, os dimensionamentos das frotas de equipamentos que operam conjugadamente devem ser feitos de modo integrado e, para tanto, é aplicável a técnica baseada na distribuição binomial. Distribuição binomial considera a disponibilidade física global da frota de equipamentos dependentes, a partir das capacidades produtivas e disponibilidades unitárias médias, permitindo, nestas condições, calcular as produções totais para diversas combinações da frota. A escolha da melhor combinação deve então ser feita levando-se em consideração as condições operacionais específicas de cada caso, bem como através de uma avaliação técnica e econômica.
2. COMPATIBILIZAÇÃO DO PORTE DE EQUIPAMENTOS Uma vez selecionados os tipos de equipamentos que atendam as condições específicas do trabalho, é importante que se selecione também os porte destes equipamentos, que irão operar conjugadamente, visando uma maior eficiência global, bem como para evitar que os cálculos do dimensionamento sejam feitos para alternativas que, de antemão, já se mostrem incompatíveis.
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Esta compatibilização deve, inicialmente, basear-se em restrições físicas, como, por exemplo: -
a altura da bancada, condicionando o porte do equipamento de carregamento:
-
pá carregadeira: H = 5 a 15 m escavadeira hidráulica: H = 4 + 0,45cc (m) escavadeira a cabo: H = 10 + 0,57(cc – 6) (m)
Sendo cc = capacidade da caçamba em m3. -
o alcance da descarga do equipamento de carregamento, condicionando o porte do equipamento de transporte.
Observadas estas restrições, a compatibilização dos equipamentos em operação conjugada deve, então, atender a outros fatores que irão afetar diretamente a eficiência da operação, tais como: - o número de passes do equipamento de carregamento para encher o equipamento de transporte. Considera-se que de 3 a 5 passes (caçambadas) representam um bom equilíbrio. Um número menor seria preferível, contando que: - o tamanho da caçamba da unidade de transporte não seja muito pequeno em comparação com o tamanho da caçamba da unidade de carregamento, resultando em impactos sobre a suspensão e a estrutura do veículo e derramamento excessivo da carga; - o tempo de carregamento não seja tão curto que ocasione a demora da chegada da unidade de transporte seguinte, ocasionando um tempo excessivo de espera por parte da unidade de carregamento. - o número de unidades de transporte para cada unidade de carregamento. Se este número for muito pequeno poderá ocorrer ociosidade da unidade de carregamento; se o contrário, é provável que ocorram filas dos equipamentos de transporte. - o número excessivo de unidades da frota, ocasionando dificuldades de tráfego, manutenção etc. As principais considerações na seleção primária dos equipamentos são: a) b) c) d) e)
a geologia do depósito; a necessidade de produção; a vida útil do projeto; disponibilidade de capital; custo de operação;
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f) parâmetros geotécnicos; g) recuperação dos recursos; h) interferências com o meio ambiente.
3. PRODUTIVIDADE DAS FROTAS DE CARREGAMENTO E TRANSPORTE A produtividade das frotas de carregamento e transporte, na mineraçã o a céu aberto, depende de que o projeto e o planejamento de lavra sejam adequados à jazida e de que os equipamentos selecionados estejam ajustados às demais operações unitárias de lavra e beneficiamento. Assim, o tipo, o número de equipamentos a serem utilizados e a produtividade dependem de: -
tamanho de valor das jazidas : vida da mina, taxa de produção, método de
lavra; -
-
-
-
projeto de cava : altura das bancadas, largura das frentes de trabalho,
desnível entre as frentes de lavra e o destino dos caminhões; tipos de rocha : características do minério e do estéril, como densidade “in situ”, empolamento, umidade, resistência à escavação, grau de fragmentação; projeto da deposição do estéril : local da deposição, forma de disposição do estéril; projetos das estradas : largura das estradas (recomenda-se uma largura mínima de pista igual a 3,5 vezes a largura do caminhão, o que deixa uma faixa igual a 0,5 de largura entre os veículos que se cruzam e nas laterais. Caso a faixa seja estreita o motorista se sentirá inseguro e reduzirá a velocidade ao se aproximar um veículo em sentido contrário), inclinação das rampas de acesso, raio das curvas, superfície de rolamento; planejamento de lavra : número de frentes simultâneas, relação estéril/minério, freqüência de deslocamento das frentes de lavra; destino do minério : tipo, dimensões e taxa de produção do equipamento que receberá o minério do caminhão, tais como britadores, silos, pilha para lixiviação etc. infra -estrutura de apoio : recursos de manutenção, recursos para abastecimento, comunicações etc.; equipamentos de apoio : manutenção das estradas e frentes de lavra, desmonte de minério e do estéril.
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4. CONCEITOS FUNDAMENTAIS EQUIPAMENTOS
DA
PRODUTIVIDADE
DOS
a) Volume da caçamba (Vc) Deve representar a capacidade operacional, rasa ou coroada conforme o caso, dos equipamentos de carregamento e transporte. Vc = (carga máxima admissível na caçamba) : (peso especifico do material solto)
b) Fator de enchimento da caçamba (Fill Factor) Fator aplicável sobre a capacidade operacional da caçamba e que, basicamente, será função das características do material, e ou das condições dos desmontes, da altura da bancada e da forma de penetração do equipamento.
c) Empolamento (e) É o aumento aparente de volume que a rocha apresenta depois de fragmentada, ou mais amplamente, é o aumento aparente de volume em relação a um estado anterior de maior compactação.
c s
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onde: = fator de empolamento; c = peso específico do material no corte; s = peso específico do material empolado ou solto; e = ( - 1) x 100% onde: e = empolamento.
Vs
Vc
x
c s
xVc
onde: Vc = volume originalmente no “corte” ou volume “in situ”; Vs = volume do material rochoso após a fragmentação.
d) CARGA DE TOMBAMENTO (TIPPING-LOAD) É a carga que faz com que uma escavadeira hidráulica equipada para determinada finalidade e, considerando a posição em que a sustentação é mais desfavorável, perca o equilíbrio e tombe.
e) CARGA ÚTIL (PAY-LOAD) É a carga que não ultrapassa 80% do “tipping-load” (fator de segurança de 100/80 = 25%) Exemplo: Tipping-load com alcance máximo da lança (t): 16,55 Pay-load com fator de segurança FS = 1,25 (t): 16,55/1,25 = 13,24
f) FATOR DE OPERAÇÃO CONJUGADA Compreende o tempo não produtivo de um equipamento em decorrência das esperas do equipamento que com ele opera dependentemente.
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g) FATOR DE DISPONIBILIDADE DO EQUIPAMENTO A palavra disponibilidade é extremamente flexível e a sua correta determinação é primordial para os cálculos de rendimento a longo prazo. Fatores tais como má organização da mina, condições de trabalhos adversas, operações em vários turnos e manutenção preventiva e corretiva inadequadas poderão reduzir a disponibilidade do equipamento. A disponibilidade do equipamento se divide em:
- DISPONIBILIDADE MECÂNICA - DISPONIBILIDADE FÍSICA DISPONIBILIDADE MECÂNICA
DM
HT
( MP MC MT )
HT
x 100%
Onde: DM = disponibilidade mecânica; HT = corresponde às horas teóricas possíveis por ano. MP = manutenção preventiva, compreendendo todo o serviço programado, conservação e inspeção dos equipamentos, executados com a finalidade de manter o equipamento em condições satisfatórias de operação; MC = manutenção corretiva. Significa o serviço executado no equipamento com a finalidade de corrigir deficiências que possam acarretar a sua paralisação; TP = tempo perdido correspondente à locomoção da máquina por motivos de desmonte de rocha ou outros intervalos do operador (almoço, café, troca de turno etc.).
Exemplo de cálculo de HT: 3 turnos de 8 horas/dia; 260 dias/ano; HT = 260 x 3 x 8 HT 6240 horas/ano DISPONIBILIDADE FÍSICA Corresponde à parcela das horas programadas em que o equipamento está apto para operar, isto é, não está à disposição da manutenção.
DF
HP HO HP
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Onde: DF = disponibilidade física que representa a percentagem do tempo que o equipamento fica à disposição do órgão operacional para a produção; HP = corresponde às horas calculadas por ano, na base dos turnos previstos, já levando em conta a disponibilidade mecânica e/ou elétrica; HO = corresponde às horas de reparos na Oficina ou no Campo, incluindo a falta de peças no estoque ou falta de equipamentos auxiliares.
h) FATOR DE UTILIZAÇÃO DO EQUIPAMENTO
-
Fator aplicável sobre as horas disponíveis do equipamento. Corresponde à parcela em que o equipamento está em operação. Alguns dos fatores que influem na utilização de um equipamento são: número de unidade ou porte maior ou menor que o requerido; paralisação de outros equipamentos; falta de operador; deficiência do operador; condições climáticas que impeçam a operação dos equipamentos; desmontes de rocha na mina; preparação das frentes de lavra. U
HT HP HO
Onde: HT = total de horas efetivamente trabalhadas; HP = corresponde às horas calculadas por ano, na base dos turnos previstos, já levando em conta a disponibilidade mecânica e/ou elétrica; HO = corresponde às horas de reparos na Oficina ou no Campo, incluindo a falta de peças no estoque ou falta de equipamentos auxiliares.
i) RENDIMENTO É a relação entre as horas efetivamente trabalhadas e as horas programadas, ou seja, o rendimento é o produto da disponibilidade física pela utilização.
j) EFICIÊNCIA DE OPERAÇÃO (E) É de máxima importância que a produção seja mantida em ritmo estável. É esta eficiência de trabalho que resulta em maior lucratividade.
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-
Fatores devido às paradas, atrasos ou deficiências em relação ao máximo desempenho do equipamento deve-se, entre outros, aos seguintes motivos: características do material; supervisão no trabalho; esperas no britador; falta de caminhão; maior ou menor habilidade do operador; interrupções para a limpeza da frente de lavra; desmontes de rochas; capacidade da caçamba; pequenas interrupções devido aos defeitos mecânicos, não computados na manutenção.
E
tc min tc ef
tc min tc min
Se tp = 0
E = 1 ou E = 100%
Se tp 0
E < 1 ou E < 100%
tp
1
1
tp
tc min
Como exemplo, pode-se calcular a eficiência na operação das: -
Escavadeiras Hidráulicas em geral: 50 min/h 0,83 ou 83% Escavadeiras a Cabo: 54 – 56 min/h 90 a 92%
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l) OPERAÇÃO CONJUGADA A produção máxima possível de frotas em operação conjugada pode ser obtida pela análise da disponibilidade das frotas. A distribuição binomial é aplicável ao cálculo de dimensionamento de frotas dos equipamentos: Pn
Ped x Pned x Crn
Onde: Pn = probabilidade de ter exatamente n unidades disponíveis; Ped = probabilidade de uma unidade estar disponível; Pned = probabilidade de uma unidade não estar disponível; Cnr = combinação de itens tomados, sendo r em um certo tempo.
Exemplo: Dado : -
-
Probabilidade do equipamento está disponível: 80% Probabilidade do equipamento não está disponível: 20%
Probabilidade de ter 2 unidades disponíveis P22
(0,8) ( 0,8) x 1
P22
64%
Probabilidade de ter 1 unidade disponível P21
( 0,8) ( 0,2) x 2
P21
32%
Probabilidade de não ter nenhuma unidade disponível P20
( 0,2) (0,2) x 1
P20
4%
Calculando-se as probabilidades e procedendo-se ao somatório de todas as combinações possíveis entre os números de unidades em operação dos equipamentos de britagem, carregamento e transporte, associados às respectivas probabilidades e produções, tem-se a produção total do sistema. Ps
nb
nc
nt
i 0 j 0 y 0
Pi Pj Py . P
Onde: Ps = produção total do sistema nb = número de unidades de britagens nc = número de equipamentos de carregamento nt = número de equipamentos de transporte
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Pi = probabilidade de i unidades de britagem operando P j = probabilidade de j unidades de carga operando Py = probabilidade de y unidades de transporte operando P = menor valor entre a produção de i unidades de britagem, j unidades de carga e y unidades de transporte operando
m) RESISTÊNCIA E COEFICIENTE DE ROLAMENTO A manutenção da superfície das estradas é muito importante para garantir a velocidade de transporte e reduzir os custos com pneus. A resistência ao rolamento é uma medida da força necessária para superar o atrito interno dos rolamentos e, em unidades montadas sobre rodas pneumáticas, para superar o efeito de retardamento entre os pneus e o solo. Isto inclui a resistência causada pela penetração dos pneus no chão e pelo flexionamento do pneu sob carga.
Rr = K.PBV Onde: Rr = resistência ao rolamento; PBV = Peso bruto do veículo (kgf); K = coeficiente de rolamento (kgf/t); K = 20 + 6a a = afundamento (cm). O coeficiente de rolamento depende do terreno sobre o qual o equipamento se locomove.
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Alguns valores aproximados são:
Superfície do terreno Asfalto ou concreto Terra seca e firme Terra seca e solta Aterro sem compactação Terra muito úmida e mole
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K (kgf/t) 20 30 40 80 120
A resistência ao rolamento pode ser expressa em termos de kgf ou porcentagem. Por exemplo, uma resistência de 2 kgf por 1t de massa do veículo é igual a 2% de resistência de rolamento. 20 kgf de força necessária : 1 t de massa do veículo = 20 kgf/t 2%
n) RESISTÊNCIA DE RAMPA É uma medida da força, devido à gravidade, que é preciso superar para movimentar a máquina em rampas desfavoráveis (aclives). A assistência da rampa é uma medida da força, devido à gravidade, que ajuda a movimentação da máquina em rampas favoráveis (declives). Via de regra as rampas são medidas em percentagem de inclinação, que é a relação entre a ascensão ou queda vertical e a distância horizontal em que ocorre essa ascensão (+) ou queda (-). Por exemplo, uma inclinação de 10% equivale a uma ascensão ou queda de 10 m para cada 100 m de distância horizontal (10:1) ou tg = 10/100 = 5,7 em relação à horizontal. Uma ascensão de 4,60 m em 53,50 m corresponde a uma inclinação de 8,6%. Isto é: (4,60 m : 53,50 m) x 100% = 8,6%
= 4,9.
O Fator de Resistência de Rampa (FRR) é expresso em kgf/t.
FRR = kgf/t x % de rampa A resistência (ou assistência) de rampa pode então ser obtida multiplicando o Fator de Resistência de Rampa pela massa da máquina em toneladas.
Resistência de Rampa = FRR x PBV Resistência total é o efeito combinado da resistência ao rolamento (nos veículos de roda) e da resistência de rampa.
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5. CICLO. TEMPO DE CICLO. TEMPOS E MOVIMENTOS ELEMENTARES Ciclo: conjunto de operações executadas por um equipamento durante um certo período de tempo, voltando, em seguida à posição inicial para recomeça-los. Tempo de ciclo: é o intervalo de tempo decorrido entre duas passagens consecutivas do equipamento por qualquer ponto do ciclo. Tempos elementares: duração de cada movimento elementar O ciclo produtivo pode ser dividido em seis componentes: carregamento, transporte, descarga, retorno, posicionamento e atraso.
Número de ciclos por hora No caso de equipamentos de carregamento, o ciclo compreende o tempo total de enchimento da caçamba, posicionamento para descarga e posicionamento para o enchimento da caçamba. No caso de equipamentos de transporte, o ciclo compreende os tempos de carregamento, viagem carregado, manobra, descarga, retorno vazio e posicionamento para carregamento.
Ciclo básico de alguns equipamentos Carregadeiras : avanço até a frente, carga da caçamba, manobra, avanço até o
veículo, descarga, retorno vazio e manobra. Escavadeiras : carga da caçamba, giro carregado, descarga e giro vazio. Caminhões : tempo de carga da unidade, tempo de transporte carregado, tempo
de manobra e descarga, tempo de retorno vazio, tempo de posicionamento para carga. Analisando-se as seis operações básicas que constituem o ciclo. Verificase que este pode ser decomposto numa seqüência de movimentos elementares repetidos através dos ciclos consecutivos.
Tempos elementares a) tempos fixos (tf) - tempo de carga - tempo de descarga - tempo de manobra
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b) tempos variáveis (tv) O tempo de transporte carregado ou vazio (retorno).
c) tempo de ciclo mínimo (tcmin) tcmin = tf + tv d) tempo de ciclo efetivo (tcef) tcef = tcmin + sendo:
tp
tp = somatória dos tempos perdidos.
6. CUSTO DE PROPRIEDADE O custo da movimentação de um metro cúbico ou tonelada de material (CMM) é determinado dividindo-se o custo horário de propriedade (CHP) pela produção horária (PH). A primeira metade de uma estimativa de CHP é o custo de propriedade. Esta é a soma das despesas horárias de Depreciação, Juros, Impostos, Seguro e Armazenagem. A despesa horária de depreciação é o preço de entrega da máquina, dividido pelo período de depreciação em horas. Um método direto sem qualquer valor de recuperação ou revenda é usualmente utilizado é considerado uma boa prática. Cinco itens são necessários para fazer o cálculo da depreciação. São eles: preço de compra, extras, frete, custos de pneus, período de depreciação. O preço de compra pode ser a cotação do Revendedor ou pode ser obtido diretamente da lista de preços. Os extras incluem itens opcionais e acessórios necessários para a máquina operar bem e o necessário conforto do operador. Deve-se ter o cuidado de verificar se a máquina está devidamente equipada e que os custos de cada item foram incluídos. As despesas de montagem ou preparação deverão ser incluídas nesta seção. Os custos de frete podem ser estimados com maior precisão pela pessoa encarregada de fazer o seu pagamento. Os custos de carregamento, descarga, licenças especiais ou despesas do motorista ou carreta, em caso de equipamento retirado pelo cliente deverão ser incluídos. Os custos de pneus podem ser obtidos junto ao distribuidor local. O período de depreciação é difícil de determinar, uma vez que a vida útil pode ultrapassá-lo consideravelmente, se for empregado um bom programa de
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manutenção preventiva. A maioria das empresas já possui um período que prefere utilizar, com base em sua própria experiência. Para determinar o custo total de propriedade, é necessário considerar os juros sobre o investimento feito no equipamento, os impostos incidentes sobre o valor do equipamento, o custo para segurar o equipamento e o custo para a sua armazenagem. Estes custos podem ser estimados, usando-se a seguinte fórmula: Custo horário de taxas e seguros
Taxa em vigor (%) x Investimento médio anual Número de horas operadas por ano
Como exemplo, vamos estimar a taxa em vigor em 12%, sendo constituída de juros, correção monetária e seguro. Para determinar o investimento médio anual, simplesmente multiplique o preço de entrega por 50%. A prática tem mostrado que o investimento médio anual é de 50% do investimento inicial (preço de entrega), independentemente do número de anos necessários para completar a depreciação. Por exemplo: Ache o custo horário de propriedade para um equipamento com um preço de entrega de R$800.000,00, depreciado sobre um período de cinco anos, trabalhando 2000 horas por ano. Depreciação: R$800.000,00 / 10000 h = R$80,00 por hora Juros, correção monetária e seguro = (12% x 50% x R$800.000,00) / 2000 h = R$24,00 por hora O custo total de propriedade para esta máquina será então: R$80,00/h + R$24,00/h = R$104,00 por hora.
7. CUSTO OPERACIONAL Os custos operacionais horários são aqueles incorridos enquanto o veículo está trabalhando incluem os seguintes itens:
Veículos de Pneus Troca de pneus Reparos de pneus Combustível Operador Manutenção
Tratores de Esteiras Reparos gerais Combustível Manutenção Operador
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Por causa da variação no custo do operador de um local para outro, use sempre a taxa salarial vigente em sua região, ou a taxa local onde a máquina vai operar. O custo do operador deve incluir não somente o salário direto, mas também as Obrigações das Leis Sociais.
8. PRODUÇÃO DE UM EQUIPAMENTO Cálculo das Produções Unitárias dos Equipamentos O procedimento de cálculo apresentado a seguir é válido tanto para os equipamentos de carregamento quanto para os equipamentos de transporte.
PRODUÇÃO ANUAL = N x E x C x FE x OC x HP x DM x U Onde: N = número de ciclos por hora; E = fator de eficiência (%); C = capacidade da caçamba (t ou m3); FE = fator de enchimento da caçamba; OC = fator de operação conjugada; HP = horas programas por ano; DM = disponibilidade mecânica do equipamento (%); U = fator de utilização do equipamento. A título ilustrativo, considere o seguinte exemplo:
Equipamento de carregamento - Tipo: Escavadeira Hidráulica - Capacidade da caçamba: 20 m3 - Tempo de ciclo: 24 s - Fator de eficiência: 85% - Fator de enchimento da caçamba: 85% - Disponibilidade mecânica: 90% - Fator de operação conjugada: 90% - Utilização: 85% - Densidade do material (empolada): 1,765 t/m3 - Ciclos por caminhão: 6
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Equipamento de transporte - Tipo: Caminhão Fora de Estrada - Tempo de ciclo total: 10 min - Fator de eficiência: 85% - Fator de enchimento da caçamba: 100% - Disponibilidade mecânica: 85% - Fator de operação conjugada: 90% - Utilização: 80% - Horas programadas por ano: 7500 - Capacidade do caminhão: 180 t Considerando que a produção requerida seja de 30.000.000 m 3/ano, determine o número de unidades de carregamento e transporte para executar esta tarefa.
Solução: Cálculo da produção anual de cada unidade de carregamento (Pc) Pc = N x E x C x FE x OC x HP x DM x U Pc = (60 min:24/60) x 0,85 x 20 x 0,65 x 0,90 x 5000 x 0,90 x 0,85 Pc = 7.461.619 m 3 por ano
Cálculo da produção anual de cada unidade de transporte (Pt) Pt = N x E x C x FE x OC x HP x DM x U Pt = (60 min:10 min) x 0,85 x 180/1,765 x 1 x 0,90 x 7500 x 0,85 x 0,85 Pt = 2.536.528 m 3 por ano
N de unidades de carregamento = 30.000.000 m3 : 7.461.619 = N de unidades de transporte
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= 30.000.000 m3 : 2.536.528 = 12
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9. APLICAÇÕES DE PROGRAMAS. MODELOS DE SIMULAÇÕES Para os diversos autores que se dedicam a estes estudos, o “software” deverá ser capaz de dar uma resposta rápida e precisa sobre: -
as dimensões mais aconselháveis dos veículos de transporte para um determinado equipamento de carga; o número de unidades de transporte necessário para operar com uma unidade de carga e para um determinado percurso; o número de veículos de transporte que deverão ser adicionados ou retirados do sistema se as distâncias variarem; a influência que o estabelecimento de despacho (dispatching) operando em “real time” poderá representar na diminuição e no aumento da capacidade produtiva do conjunto das unidades do sistema de transporte.
10. SISTEMA DE DESPACHO (DISPATCHING) Para melhorar a eficiência do uso dos caminhões, está se generalizando o dos “despachos”. Este sistema consiste em uma estação de supervisão e controle que, além de realizar o despacho dos caminhões, controlam toda a operação de lavra, fornecendo de forma on line todos os dados de produção e informações sobre os equipamentos utilizados na operação. Estes sistemas podem operar localmente numa única estação de trabalho (computador), ou em rede. Os caminhões deixam de ficar lotados a uma escavadeira e o sistema assume o controle total da frota, otimizando a utilização dos caminhões a cada momento.
11. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Caterpillar, Manual de produção, Edição 24, 1993, USA. Leme, O. A., Como garantir a produtividade, Revista Brasil Mineral, n . 126 Mendonça, R. J. Compatibilização e dimensionamento da frota de equipamentos de lavra em operação conjugada, II Congrresso Brasileiro de Mineração, pp. 447-459, 1987. - Pinto, L. R, Curso de carregamento e transporte em minas a céu aberto, Pitinga, 1998. - Silva, V. C., Curso de Carregamento e Transporte de Rochas, Ouro Preto, 1994. - Terex-GM, Manual de Produção e Custo de Equipamentos de Terraplenagem, Belo Horizonte, 1997. -