dizer, doador porque produtor de seu objeto, para quem o conceito seria ao mesmo tempo conhecimento e, para falar como Leibniz, originação radical dos seres. Se Kant tem as belas-artes pelas artes do gênio, se ele considera que o gênio é a natureza dando sua lei à arte, ele se proíbe, no entanto, de se situar dogmaticamente num ponto de vista semelhante – no ponto de vista do gênio – para apreender o segredo do operari da natureza. Em resumo, Kant não admite a identificação entre horizonte lógico dos naturalistas e o que se poderia chamar o horizonte poiético da natureza naturante. Mas um filósofo como Hegel não recusou o que Kant se proibiu. Na Fenomenologia do espírito, espírito , tanto quanto na Realphilosophie de Iena ou na Propedêutica de Nuremberg, de Nuremberg, o conceito conceito e a vida são identificados. identificados. “A vida, diz Hegel, Hegel, é a unidade imediata do conceito à sua realidade, sem que esse conceito aí se distinga”. A vida, diz ele ainda, é um automovimento de realização segundo um triplo processo, e aqui Hegel só faz, em suma, repreender as análises de Kant na Crítica do juízo teleológico. Esse triplo processo é: a estruturação do próprio indivíduo; sua autoconservação com respeito à sua natureza inorgânica; a conservação da espécie. A autoconservação é a atividade ativi dade do produto produtor. “Produzir -se apenas”, diz a Propedêutica de Hegel, “o que já está aí”. Fórmula aristotélica se alguma vez a houve Formule aristotelicienne s´il en fut ]. [ Formule ]. O ato é anterior à potência. Comentando uma passagem análoga da Fenomenologi, Fenomenologi, Jean Hyppolite escreve: “O que o orgânico atinge em sua operação é ele mesmo. Entre o que ele é e o que ele busca, não há mais do que a aparência de uma diferença e assim ele é conceito em si mesmo” . Em um sentido, portanto, o vivente contém em si mesmo a vida como totalidade e a vida em sua totalidade. A vida como totalidade, em razão do fato de que seu começo é fim, que sua estrutura é teleológica ou conceitual. E a vida em sua totalidade, visto que é produto de um produtor e produtor de um produto, o indivíduo contém o universal. Por banal que seja essa ideia entre os românticos alemães e entre os filósofos da natureza, ela toma, em Hegel, uma força e uma condução novas, na medida em que o movimento da vida trai – trai trai porque tenta traduzir – a a infinidade da vida que, ao se elevar no homem à consciência de si, inaugura a vida espiritual. Mas não poderíamos concluir, sob pena de errar, pela recorrência da vida espiritual à vida biológica, pois a multidão das espécies faz obstáculo à universalidade da vida. A justaposição dos conceitos específicos, as modificações que suas relações com os meios submetem ao indivíduo, impedem a vida de tomar ela mesma consciência de sua unidade, de refletir