CULTIVO DE CACTOS E SUCULENTAS André Luiz Dadona Benedito Marcus Silva Corradini Parque Escola - Santo André 2006
Introdução Esta apostila visa tão somente fornecer um vislumbre a respeito das características gerais das plantas suculentas e cactáceas, servindo de base para iniciantes e fornecendo algumas informações mais técnicas aos amadores. Sua elaboração foi fundamentada no material bibliográfico disponível na Biblioteca do Parque Escola, nossas pesquisas na Internet e nossa experiência pessoal. Assim, sugestões, críticas e correções nos são bem vindas. André Benedito & Marcus Corradini Contatos:
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SUMÁRIO 1 Cactáceas 1.1 Evolução 1.2 Morfologia 1.2.1 Raízes 1.2.2 Caule 1.2.3 Folhas 1.2.4 Aréolas 1.2.5 Espinhos 1.2.6 Flores 1.2.7 Fruto 1.3 Fisiologia 1.4 Reprodução 1.5 Cactos de áreas úmidas 1.6 Cactáceas fora das Américas 1.7 Usos e curiosidades das cactáceas pelo mundo 2 Suculentas 2.1 Reprodução 2.2 Distribuição das suculentas no mundo
2.3 Usos e curiosidades de algumas suculentas 3 Cultivo de cactos e suculentas 3.1 Nutrientes 3.2 Cuidados 3.3 Substrato 3.4 Vasos 3.5 Dicas de cultivo a) Pragas e doenças b) Estacas c) Sementes d) Esquema de camadas do substrato e) Quando regar? f) Problemas com a drenagem 4 Referência Bibliográfica 5 Sugestões de leitura e links 6. Listas de discussão na internet sumá próxi rio ma>
1 Cactáceas A principal característica que se observa em uma cactácea é seu formato sui generis, diferente de muitas outras plantas superiores que conhecemos. São seres que, em sua maioria, desenvolveram mecanismos e formatos especiais para sobreviverem nos diferentes ambientes que encontraram durante a colonização de novos espaços. Ocorrem do sul do Canadá até a Patagônia, perfazendo cerca de 10.000 km de extensão norte - sul, desde o nível do mar até pontos com 4.000 metros de altitude. São encontrados, como evidenciado acima, em locais como pradarias, desertos e florestas tropicais (HOLLIS 1999). Atualmente são conhecidos cerca de 100 gêneros com, aproximadamente, 2.000 espécies (HOLLIS 1999).
Distribuição das Cactáceas e suculentas pelo mundo. Fonte: Modificado de He witt, 1997.
1.1 Evolução O estudo evolutivo das cactáceas torna-se difícil devido a ausência de registros fósseis que comprovem suas mudanças morfológicas com o decorrer das eras geológicas (HOLLIS 1999). Mesmo com os poucos recursos disponíveis, estudos das prováveis relações evolutivas entre as espécies indicam que a subfamília mais antiga das cactáce as seria PERESKIOIDEAE, cujos indivíduos apresentam folhas inteiras e que, com o passar de milhões de anos, foram adaptando-se aos locais de climas mais hostis, onde suas folhas se atrofiaram e se esclerificaram dando origem aos atuais espinhos que podemos observar. A próxima subfamília que teria se originado da anterior é OPUNTIOIDEAE, com seus caules modificados para cladódios e apresentando folhas muito reduzidas, que caem com o desenvolvimento da planta. Nesta seqüência, a última subfamília seria CACTOIDEAE, onde as folhas se reduziram a escamas ou a vestígios microscópicos (HOLLIS 1999).
Folhas inteiras em Pereskia aculeata.
Folhas reduzidas em Opuntia robusta.
Folhas transformadas em espinhos em Cereus jamacaru.
1.2 Morfologia Como a maioria das plantas superiores, os cactos são providos de raízes, folhas, flores, frutos e sementes. Possuem ainda órgãos mais específicos do grupo, como aréolas e espinhos (folhas modificadas).
1.2.1 Raízes Possuem a função de sustentação, absorção de água e sais minerais. Alguns gêneros apresentam ainda raízes adventíceas para a fixação vertical da planta. As cactáceas armazenam água no caule. No entanto, a raiz, cuja principal função é absorver água, também pode armazená-la em algumas espécies (Ariocarpus, Coryphanta, Dolichothele, Gyminocactus, Leuchtenbergia, Lobivia, Mammillaria, eoportéria, Oroya e especialmente Peniocereus). (HEWITT 1997).
Raízes adventíceas em Hylocereus.
Raízes suculentas em Mammillaria.
1.2.2 Caule As cactáceas armazenam água no tecido esponjoso do caule. Este, na maioria das espécies, é clorofilado e, portanto, local onde ocorre a fotossíntese. Possui formatos especiais para diminuir a evaporação superficial, podendo ser: globoso (Melocactus, Ferocactus etc); arbóreo mais ou menos ramificado até colunar (Cereus); e arbustivo, arbóreo ou rasteiro (Opuntia, Nopalea, etc). Nas florestas úmidas crescem cactáceas com caules achatados ( Rhipsalis) (HEWITT 1997).
Corte longitudinal de um caule de cactácea.
Caule achatado em Rhipsalis sp.
Caule colunar em Cereus peruvianus.
Caule globular em Echiniocereus grusonii.
Caule arbustivo em Opuntia leuchotricha.
1.2.3 Folhas Somente podem ser observadas folhas inteiras nos gêneros Pereskia, Quiabentia (nativos do Brasil) e Pereskiopsis. Em Opuntia spp. as folhas podem ser observadas nos cladódios jovens, são caducas (caem depois de curto período de tempo) e subuladas (com estreitamento em direção ao ápice, terminando em ponta fina).
Folhas inteiras em Pereskiopsis.
Folhas subuladas em Nopalea.
1.2.4 Aréolas São as gemas das cactáceas. Originam novos talos, flores, espinhos, tomentos
(estruturas semelhante a feltro ou lã) e também gloquídeos (um tipo especial de tomento em forma de gancho).
Aréolas em Opuntia microdasys; reparar na quantidade de gloquídeos amarelos.
1.2.5 Espinhos Os espinhos são folhas modificadas. Durante a evolução, parte do tecido da folha se atrofiou e esclereficou, persistindo os vasos condutores de água. Normalmente há dois tipos de espinhos: os chamados radiais, que são geralmente mais numerosos; e os centrais, que são mais grossos e escassos. Possuem diferentes formatos (finos, grossos, cilíndricos, planos, retos, curvos ou retorcidos) e tamanhos (entre 1mm e 30 cm), podem ser rígidos ou flexíveis, com coloração que vai desde o branco até o negro (Hollis, 1999)
Tipos de espinho. Fonte: modificado de ?. São também condutores de água, pois funcionam como ponto de condensação da
umidade do ar, que escorre na direção da aréola, chegando aos vasos liberianos que ali se encontram. A partir daí, conduzem a água ao interior da planta.
Espinhos com gotas de água condensada. Os espinhos são também órgãos de proteção da planta contra as intempéries (principalmente o sol) e os animais. Há também, em algumas espécies, espinhos glandulares que secretam açúcares (HOLLIS 1999).
1.2.6 Flores Segundo Hollis as flores “brotam das aréolas próximas ao ápice dos talos, em coroas
ou em fileiras longitudinais. Constam de receptáculo que, além de englobar o ovário, se estende até o ápice da flor, com aréolas ou escamas na base. Na parte superior se encontram em séries espiraladas, as tépalas (sépalas e pétalas não bem diferenciadas umas das outras)”.
Flores no ápice, em Opuntia litoralis.
Corte de uma flor de Cereus mostrando as partes da flor. Ainda segundo Hollis “Os estames se formam neste tubo receptacular e produzem, nas anteras, os grãos de pólen. O pistilo, que é uma continuação dos ovários – onde se formam os óvulos – , estão rodeados de estames, às vezes sobressaindo da coroa, como em Nopalea.”
Flor de Nopalea cocholinifera com estames sobressaindo da corola. As flores que abrem durante o dia são polinizadas, em seu habitat, por abelhas, moscas, besouros ou pássaros. As que abrem durante a noite (geralmente flores grandes) são polinizadas por mariposas ou morcegos. Espécies visitadas por morcegos possuem odores acres, de mofo ou nauseantes para os seres humanos (é claro). Usualmente as flores das cactáceas duram apenas um dia ou uma noite, e muitas reagem de acordo com a intensidade da luz, fechando quando o céu está nebuloso. Muitas cactáceas, quando estão para florescer, mudam sua aparência exterior. ammillaria, por exemplo, cria uma espécie de lã axilar. Algumas apresentam um cefálio (cabeça) também lanoso. Um bom exemplo de cefálio é encontrado no gênero elocactus (mas somente quando a planta apresenta cerca de 10 anos de idade). Quando a planta continua a se desenvolver através do cefálio, este é considerado um pseudocefálio; quando este cresce lateralmente, como no caso de Cereus, é considerado um cefálio lateral. Uma curiosidade: em Frailea, Melocactus e Rhipsalis ocorre autopolinização.
Cefálio em Melocactus.
Lã axilar em Mammillaria.
1.2.7 Fruto O fruto provém da transformação do ovário após a polinização. Podem apresentar diferentes formatos e ser tomentosos, espinhosos ou escamosos. Quanto à abertura, podem ser secos e deiscentes, mas na maioria dos casos são carnosos e adocicados. Dependendo da espécie, podem conter de 3 a 3.000 sementes.
Fruto de Cereus jamacaru (Mandacaru).
Fruto de Mamillaria sp.
Fruto de Ferocactus.
Fruto de Pereskia aculeata.
1.3 Fisiologia As cactáceas, assim como a maioria das plantas, vivem por meio da respiração, transpiração e assimilação do carbono. Como adaptação à perda de água, abrem seus estômatos para trocas gasosas somente durante a noite. A transpiração é basicamente uma forma de transporte dos nutrientes minerais do solo, dissolvidos em água, através dos vasos do xilema até os vasos parenquimatosos do caule e das folhas. O carbono é assimilado no processo da fotossíntese. O hormônio auxina é responsável pelo crescimento apical. Já a giberulina induz a germinação, estimula a produção de auxina, promovendo e regularizando o crescimento. Muitas opuntias apresentam uma orientação leste-oeste da face de seus cladódios, provavelmente para um melhor aproveitamento dos raios solares. Geralmente as cactáceas, por viverem em ambientes com longas estiagens, costumam florescer e frutificar num período de aproximadamente de um mês.
1.4 Reprodução A reprodução, como foi dito acima, se dá com a polinização das flores, o desenvolvimento do frutos e a dispersão das sementes, que pode acontecer através do vento, da chuva, ou por animais que ingerem seus frutos e defecam as sementes limpas e prontas para germinar. O fato dos cactos serem capazes de criar raízes com facilidade a partir do caule, torna fácil sua reprodução por meio de estacas.
Brotação de Nopalea cochenilifera partir das aréolas de um fruto .
Cereus peruvianus recém nascidos a partir de sementes.
1.5 Cactos de áreas úmidas São trepadores ( Hylocereus, Selenicereus, Pereskia e Epiphyllum) ou epífitas que não possuem contato com o solo, vivendo por sobre o tronco das árvores ou rochas ( Aporocactus, Rhipsalis e Schulumbergera). Esses cactos não fecham seus estômatos durante o dia e não possuem folhas como seus parentes das áreas secas, com exceção de Pereskia (HOLLIS 1999). Além disso, ocupam um microambiente (o tronco das árvores) onde a água não permanece durante muito tempo, devido à alta aeração.
Rhipsalis baccifera
Rhipsalis pilocarpa
1.6 Cactáceas fora das Américas O cacto Rhipsalis baccifera pode ser encontrado nas selvas de Madagascar, Siri Lanca e África Tropical. Todavia, acredita-se que estes são provenientes do Continente Americano e ali chegaram presos a troncos de árvores carregados pelas correntes marítimas ou nas embarcações dos colonizadores (HOLLIS 1999).
1.5 Cactos de áreas úmidas São trepadores ( Hylocereus, Selenicereus, Pereskia e Epiphyllum) ou epífitas que não possuem contato com o solo, vivendo por sobre o tronco das árvores ou rochas ( Aporocactus, Rhipsalis e Schulumbergera). Esses cactos não fecham seus estômatos durante o dia e não possuem folhas como seus parentes das áreas secas, com exceção de Pereskia (HOLLIS 1999). Além disso, ocupam um microambiente (o tronco das
árvores) onde a água não permanece durante muito tempo, devido à alta aeração.
Rhipsalis baccifera
Rhipsalis pilocarpa
1.6 Cactáceas fora das Américas O cacto Rhipsalis baccifera pode ser encontrado nas selvas de Madagascar, Siri Lanca e África Tropical. Todavia, acredita-se que estes são provenientes do Continente Americano e ali chegaram presos a troncos de árvores carregados pelas correntes marítimas ou nas embarcações dos colonizadores (HOLLIS 1999).
1.7 Usos e curiosidades das cactáceas pelo mundo Devido a coleta e destruição dos locais onde estas plantas ocorrem, obviamente muitas cacatáceas se encontram em risco de extinção. Dentre as ameaçadas podemos citar: Ariocarpus, Astrophytum, Aztekium, Backebergia, Coryphanta, Echinocereus, Eichinomastus, Leuchtenbergia, Mammillaria, Pediocactus, Pelecyphora, Sclerocactus, Turbinicarpus e Wilcoxia. Opuntia cochenillifera – O povo Asteca a utilizava para o cultivo de cochonilha,
inseto que produz uma tintura vermelha a qual era usada para tingir roupas reais e cerimoniais. Quando os espanhóis chegaram ao Novo Mundo, deram início a suas próprias plantações e enviaram esta tintura para a Espanha. Atualmente existem muitas plantações no México para utilizar o corante em alimentos e batons. Muitos espinhos de cactáceas são utilizados como palitos, agulhas ou pentes. ammillaria bocasana – seu espinho é usado como anzol no México. Calibanus hookeri (México) - contém uma substância parecida com sabão. Trichocereus pasacana - usado para construção de casas e como lenha na fronteira da
Bolívia com Argentina, onde existem poucas árvores. Pachycereus marginatus, Cereus jamacaru e outros - usados com cerca viva. Ferocactus - espinhos usados para coleta de frutos.
Diferentes espécies de Opuntia são usadas como alimento para o gado. A Opuntia pode ser usada para a produção de álcool. Opuntia ficus-indica - seus frutos são muito apreciados. No Brasil é conhecido como
fígo-da-índia. Echinocereus triglochidiatus – os frutos são usados para a produção de geléia. eowerdermanmia vorwerkii -(Bolívia) é cozida e comida como batata. Opuntia subulata (México) - seus brotos novos são descascados, cortados e fervidos para fazer “nopalitos”. Ferocactus wislizeni são adocicados em uma solução de açúcar para fazer um tipo de
doce. Oreocereus clasianus (Argentina e Bolívia) – seus tomentos são usados para
enchimentos de travesseiros. Stenocereus gummosus - eram assados e jogados na água para liberar suas toxinas e
deixar os peixes intoxicados permitindo sua retirada com as mãos.
2 Suculentas O termo “suculenta” é utilizado genericamente para designar plantas que, de alguma
forma, armazenam grande quantidade de água em seu interior. Isso ocorre por
viverem em ambientes, na maioria, de clima seco e temperatura elevada. Tais plantas desenvolveram mecanismos especiais para se protegerem das intempéries, assim como de predadores (algumas se assemelham a rochas dificultando sua localização). As Crassulaceas, uma das famílias mais cultivadas, possuem uma roseta de folhas que pode se fechar em caso de falta de água, diminuindo a transpiração e protegendo o meristema. Alguns gêneros como Hoya (flor-de-cera), Pereskia e Senecio, armazenam água em suas folhas para períodos de estiagem. Outra característica das suculentas é a coloração forte de algumas espécies, o que as protege de raios luminosos muito intensos. Podem também paralisar seu desenvolvimento quando as condições ambientais se tornam impróprias. Algumas espécies da família EUPHORBIACEAE costumam ser confundidas com plantas da família CACTACEAE, pois apresentam estruturas parecidas com espinhos. No entanto, estes “espinhos” são ramos modificados, diferente do que acontece com os cactos, onde são encontrados espinhos “verdadeiros”, ou seja, folhas modificadas
que ainda apresentam circulação. Uma observação: entre as suculentas também podem ser encontrados espinhos verdadeiros em Aloe e Euphorbia milli. Como foi citado acima, tais plantas são adaptadas a diferentes climas, muitos deles nocivos a maioria das plantas. Estes fatores ambientais fazem das suculentas em geral plantas de fácil cultivo e manutenção, o que tem, cada vez mais, atraído a atenção de novos cultivadores.
2.1 Reprodução Outro fator que torna o cultivo atraente, é o modo de produção de novas plantas. Pode ser feita por meio de estacas foliares ( ex.: Crassulaceae – ver pág. 19) ou caulinares (ex.: Euphorbiaceae), ou ainda separação de brotos laterais (ex.: Gasterias). Muitas podem ser propagadas facilmente por sementes.
2.2 Distribuição das suculentas no mundo Indivíduos de cerca de 50 famílias botânicas com mais de 600 gêneros e milhares de espécies podem ser consideradas suculentas. Muitas destas espécies habitam as áreas ensolaradas do globo, especialmente África (Região de Cabo) e Karvo (África do Sul), deserto de Namaqualand (África do Sul e Namíbia), deserto da Namíbia, áreas secas do leste da África, parte do sul de Marrocos e também nas ilhas de Madagascar e Socotra. Na Ásia podem ser encontrados representantes do gênero Euphorbia, Stapelia, Aloe, Kalanchoe, entre outros. Nas Américas, seus representantes estão, principalmente, entre as famílias botânicas
CRASSULACEAE, AGAVACEAE, CACTACEAE e APOCYNACEAE. Na Europa muitas suculentas são cultivadas, mas são nativas apenas algumas espécies, principalmente de Sedum e Sempervivum. Quanto às suculentas de clima úmido, temos como exemplo as espécies de Aloe, Peperomia e plantas trepadeiras como Hoya do sudoeste da Ásia e Austrália.
2.3 Usos e curiosidades de algumas suculentas A mucilagem de algumas espécies de Aloe é cicatrizante e antimicrobiana, usada em pequenos cortes e queimaduras. Tem seu uso consagrado na cultura ocidental como hidratante de cabelos. Euphorbia cereiformis, E. heptagona e E. virosa eram fervidas até alcançarem uma
consistência viscosa e, então, usadas como veneno na ponta de lanças para a caça. Tubérculos de Ceropegia e Brachystelma são parte da dieta do povo Bantu do Sul da África. Algumas espécies de Agave são usadas para a produção de tequila e pulque. A Agave sisalana (Kênia e Madagascar) é uma das suculentas mais importantes economicamente. Sarcocaueilon burmannii (Namíbia) possui uma resina inflamável, que pode ser
utilizada em tochas.
3 Cultivo de cactos e suculentas Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, o cultivo de nenhuma planta depende de “mão boa”. Isso é um mito. Depende sim de observação cuidadosa, dedicação,
conhecimento e satisfação das necessidades das plantas. O cultivo de suculentas não é exceção. Outro mito é o de que as suculentas não gostam de água. Elas não só gostam como armazenam água! O que deve ser evitado é a rega em excesso.
3.1 Nutrientes No período de desenvolvimento, geralmente primavera e verão, as plantas, principalmente as cultivadas em vasos, necessitam de adubação com NPK. De maneira simplificada, tais nutrientes são responsáveis por:
Nitrogênio (N) - aumentar o crescimento; Fosforo (P) - desenvolvimento das raízes; Potassio (K) – encorajar o desenvolvimento de flores e frutos. Em geral, os adubos devem ser aplicados no plantio e misturados ao substrato na primavera e no verão quando, geralmente, a planta está fora de seu estado de dormência. Ao adubar sempre se deve ter em mente que a maioria destas plantas vive em locais pobres em nutrientes, portanto, ao utilizar algum adubo, procure sempre colocar menos da metade indicada, evitando assim o enfraquecimento das plantas e o conseqüente aparecimento de pragas e doenças.
3.2 Cuidados É recomendável checar as plantas cerca de duas vezes por mês para tirar a poeira, folhas mortas e verificar sua saúde. Podas ocasionais beneficiam as plantas. É recomendável trocar totalmente a terra a cada ano. Não se deve regar por sobre os espinhos evitando assim fungos e bactérias oportunistas. As plantas gostam, geralmente, de boa aeração e pouca umidade. O pH do solo deve estar entre 5.5 e 8.5.
3.3 Substrato Os cactos ocupam diversos ambientes, com grande variação no tipo de solo. Portanto, não existe um substrato ideal que atenda as necessidades de todas as espécies. Como regra geral podemos dizer que quase todos os cactos precisam de boa aeração e boa drenagem. Todo substrato tem, basicamente, dois componentes. Parte é de constituintes minerais – basicamente responsáveis pela aeração e drenagem - e parte orgânico – relacionado à nutrição das plantas. Para cactos de regiões secas, seguem algumas sugestões de substratos: Sugestão 1: - 1 parte de substrato orgânico.
- 2 partes de substrato mineral. - A cada litro/kilo de terra, uma colher de farinha de osso. Sugestão 2: - 1 parte de terra vermelha ou de barranco - 1 parte de esterco de gado muito bem curtido ou húmus de minhoca (preferencialmente) - 1 parte de areia grossa de rio - 1 parte de carvão vegetal triturado. Sugestão 3: - 2 partes de carvão vegetal triturado - 3 partes de areia grossa - 1 parte de laterita - 2 partes de composto vegetal - 1 parte de cinza de fogueira - 2 partes de terra vermelha ou de barranco -1 parte de substrato pronto comercial (vermiculita/terra vegetal/adubo químico). Sugestão 4: - 2 partes de areia grossa - 2 partes de terra - 1 parte de adubo orgânico. Para cactos de regiões úmidas (epífitos). Sugestão 1: - 2 partes de pó de xaxim (fibra de coco ou cascas de árvores triturados)
- 1 parte de esterco de gado bem curtido ou húmus de minhoca - 1 parte de areia grossa - 1 parte de terra preta.
3.4 Vasos A escolha do vaso depende de vários fatores. a) Da espécie a ser cultivada: deve-se conhecer as necessidades específicas de cada planta. b) Do local de cultivo: o vaso deve ser escolhido de acordo com o local onde ficará. Por exemplo: numa área com pouca ventilação o vaso deve facilitar a aeração, de modo a não reter umidade demais; da mesma forma, num local com incidência solar direta e prolongada, deve-se utilizar vasos que não permitam desidratação excessiva. (levando em conta o item a). c) Estética: como essas plantas possuem grande variabilidade de formas e cores, devem-se escolher vasos que combinem com essas variações e, ao mesmo tempo, estejam de acordo com o ambiente onde as plantas ficarão. Por exemplo: um vaso verde e redondo pode não ser uma boa escolha para cultivar um cacto verde e redondo! d) Material Barro – boa aeração, retém pouca umidade, grande variabilidade de formatos e tamanhos, aparência agradável, pouco resistentes, custo variável. Plástico – conserva bem a umidade, boa resistência, leve, facilita a retirada do torrão, baixo custo, várias cores, (furos para drenagem geralmente muito grandes quando presentes) Cimento – pesado, relativamente frágil, boa aeração, conservação de umidade intermediária entre o vaso de plástico e o de barro. Xaxim – ideal para plantas epífitas de áreas úmidas. No entanto, o xaxim é retirado de uma planta (a samambaiaçu) que se encontra em perigo de extinção, e sua exploração está proibida. Devem ser, portanto, encontradas alternativas.
3.5 Dicas de cultivo a) Pragas e doenças Quando bem cultivadas, quase todas as suculentas e cactáceas normalmente não apresentam grandes problemas. As pragas mais comuns são pulgões e cochonilhas que podem ser controlados limpando a planta com uma pequena escova e com a aplicação
de óleo de Neem, seguindo as indicações do produtor.
b)Estacas Estaquia é um método de propagação no qual se emprega um pedaço do caule, ou folha de uma planta para a produção de um novo indivíduo. Para se obter uma muda saudável a planta “mãe” deve ser livre de pragas e doenças. Estacas foliares:
Retirar uma folha da planta adulta. (Observe a posição correta da folha):
Coloque a folha no substrato respeitando a posição das faces:
Regue sempre cuidadosamente para não desprender a folha do substrato:
Brotos jovens:
A nova planta pronta para ser transplantada.:
Estacas caulinares:
Retirar uma parte do caule da planta adulta com uma ferramenta afiada:
Use o corte em bisel:
Enterre a estaca de modo que esta fique firme no substrato e proceda à rega:
Aqui a estaca já enraizada:
Devido ao corte da gema apical, é comum o surgimento de novos brotos na planta da qual retiramos a estaca:
No caso de cactos ou eufórbias espinhentas, use uma tira de papelão...
...e deixe cicatrizar:
Corte seco, “cicatrizado”, planta pronta para o plantio:
c) Sementes Algumas plantas podem ser semeadas dentro de pequenos potes cobertos, onde não há grande oscilação de umidade e calor. Tais fatores promovem uma maior e melhor germinação. 1. Peneire o substrato (ver sugestão de substratos) 2. Escolha um pote, de preferência baixo e de boca larga. 3. Coloque uma camada de substrato peneirado no fundo. 4. Distribua bem as sementes de modo a não ficarem agrupadas no substrato:
5. Regue com parcimônia, utilizando de preferência um borrifador:
6. Corte um pedaço de plástico transparente e cubra o pote, prendendo com um elástico:
7. Se, após algum tempo, observar grande quantidade de água condensada no plástico, é necessário abrir e deixar secar um pouco. Muita água pode provocar apodrecimento das novas plantas:
8. Quando as mudas atingirem alguns centímetros e estiverem mais resistentes, o cultivo pode prosseguir sem o plástico:
9. Quando as mudas estiverem grandes o suficiente para segurá-las, pode-se colocálas em vasos individuais:
d) Esquema de camadas do substrato. Para evitar que as raízes maiores fiquem em contato direto com o substrato, pode-se fazer um esquema de camadas, diminuindo assim a possibilidade de apodrecimento.
e) Quando regar? Escolher o momento certo para a rega é quase sempre uma dúvida constante. Via de regra, as suculentas não apreciam grande quantidade de água. No período de dormência, ou seja, quando não estão em fase de desenvolvimento, deve-se colocar menos água. Mas enfim quando regar? Primeiro deve-se ter em mente que o essencial é ser bom observador, pois podemos notar com certa facilidade quando uma planta está desidratando (murchando), fato este que está diretamente ligado a uma rega deficiente. É melhor perceber que uma planta está desidratando do que notar seu apodrecimento, pois a primeira situação pode ser facilmente revertida. No entanto, no caso de apodrecimento, muitas vezes podemos perder a planta inteira ou sermos obrigados a cortar a parte danificada, o que não pode ser feito sem prejudicar seu desenvolvimento. Sendo assim, melhor começar regando pouco e ir incrementando a quantidade de água até perceber-mos ter alcançado uma constância satisfatória.
f) Problemas com a drenagem Um problema comum no cultivo de plantas é a perda de substrato através dos furos dos vasos, principalmente quando este é arenoso, como o utilizado no cultivo de plantas suculentas e cactáceas. Tal problema pode ser solucionado colocando-se um pedaço de manta Bidim, entre o substrato e o material de drenagem. Como alternativa pode-se fazer uso de esfagno ou espuma de travesseiro fina.
4 Referência Bibliográfica Hollis, H. B. & Scheinvar, L. 1999. El interesante mundo de las cactáceas. CONACYT-Fondo de Cultura Económica. México. Hewitt, T. 1997.The Complete Book of Cacti & Succulents. DK Publishing. Nova York. 5 Sugestões de leitura e links Dr. Umberto Quattrocchi of Sicily, whose massive World Dictionary of Plant Names, published in 4 volumes, includes 22,500 genera and over 200,000 species.
AGAVES OF CONTINENTAL NORTH AMERICA - H. Gentry (1982/1998/2004). Uma monografia classica! Descrição de mais de 136 espécies diferentes. 278 fotos em preto ebranco, 111 desenhos preto e branco, 35 mapas. Considerado o melhor trabalho já escrito a respeito das agaves. 670 pages. AGAVES, YUCCAS (and related plants)---A GARDENER'S GUIDE - M.&G. Irish (2000). Informações detalhada sobre mais de 90 espécies de agaves e Yuccas. Chaves para ambos o gêneros estão disponíveis, baseadas no crescimento vegetativo e caracteríticas de crescimento. 100 fotos coloridas, 18 desenhos em preto e branco, 1 mapa. 384 pages. CACTI : Biology and Uses -P.Nobel, Ed. (2002). Uma compilação de dados, que inclui, informaçoes de mais de 35 contribuidores de difrentes nacionalidades sobre temas ligados a evolução e biotecnologia. Este é o primeiro trabalho a compilar este tipo de informações, unindo dados sobre biologia dos cactos, ecologia e usos em um único e conveniente livro. 40 fotos em preto e branco, 32 desenhos me preto e branco, 280 paginas. CACTI - THE ILLUSTRATED DICTIONARY -R.&K. Preston-Mafham (1991). Um referência única onde podem ser encontradas refeêncais sobre diferesnte gêneros e espécies. Apresentado em ordem alfabética, onde o entusiasta pode encontrar, nomes e fotografias de diversas espécies de cáctos globulares. Mais de 1100 fotografias coloridas, em formato largo. Considerdo um livro popular. 224 pages. CACTI IN BRAZIL (Kakteen in Brasilien) -K.Herm (et al) (2001). Trabalho feito em Inglês e Alemão. Uma versão acurada e pictórica do flora brasileira. O texto descreve os prinicpais gêneros de cactos no Brasil, incluindo a historia da exploração em busca de cáctus no Brasil e fornecendo a biografia de seus personagens. 366 fotografias coloridas. 176 pages. Cacti of Eastern Brazil - Nigel Taylor and Daniela Zappi. Este é o primeiro livro sobre esta família na região sudeste desde 1890 e provavelmente será o principal livro
sobre cáctus por vários anos. O livro cobre as estórias ligadas a descoberta e classificação, fitogeografia e paleoclimas, conservação e documentação. Inclui 51 mapas coloridos de distribuição, das 130 espécies descritas. Cáctos naturalizados e introduzidos são também tratados e ilustrados. 498 pages, 77 fotos coloridas, 51 mapas de distribuição.
CACTUS FAMILY (The) - Dr. Ted Anderson (2000). Um grande livro, cobrindo a família cactaceae por inteira: 125 gênros e 1811 espécies. Este trabalho monumentas é o primeiro tratamento em inglês de todos os gêneros e espécies desde Britton & Rose em 1919-1923. Um dos livros mais importantes sobre o assunto. 776 páginas.
5 Links. www.cactus-mall.com
Idioma: Inglês, no entanto, possui algumas informaçoes em português. O Cactus and Succulent Plant Mall (CSPM) é uma home-page destinada aos cultivadores de cactos e plantas suculentas, frequentemente atualizada com informações sobre sociedades e fornecedores de plantas, sementes e literatura sobre o assunto. O CSPM criou e hospeda home-pages de mais de 100 organizações relacionadas, espalhadas pelo mundo. Tem como objetivo manter uma lista de home pages relacionadas à cactos e plantas suculentas, a mais completa possível. É mantido por Suzanne e Tony Mace, quem têm prazer em receber comentários ou material adicional para inclusão aqui. www.euphorbia.de
Idioma: Alemão e Inglês. Comentários: cremos ser o melhor site sobre este grupo de plantas, vale apena conferir tanto as informaçoes ali contidas bem com o rico acervo fotográfico. Site especializado na família Euphorbiaceae, com muitas fotos, informações sobre cultivo e hábitos das plantas. Em inglês e alemão. “2360 fotos de 502 espécies
diferentes, subespécies, variedades e formas do Gênero Euphorbia, Cnidoscolus, Monadenium, Jatropha, Pedilanthus, Phyllanthus e Synadenium. Informaçoes a respeito do habitat, formato de crescimento, ciátio, cultivo cultivo, raridade, doenção e pestes etc.”
www.euphorbia-international.org Idioma: Inglês Site da sociedade internacional da família Euphorbiaceae
http://www.desert-tropicals.com/
Idioma: Inglês. Comentários: Centenas de fotos de plantas e um ótimo acervo de fotos de suculentas. www.davesgarden.com
Idioma: ingles Comentários: Para aqueles não familiarizados com a lingua inglesa, uma dica: O site possui um ótimo acervo fotográfico. Para utilizá-lo, vá até a página inicial e clique em “Plant files” Æ “Click here to search for plants” Æ Coloque o nome científico da planta procurada e clique em “Serch”. NOTA: por ser um site em
Inglês nor malmente os nomes populares também são naquele idioma. “Um site onde amigos compartilham seus triunfos e dilemas de seus jardins e nas suas
vidas. Davesgarden é também um local para jardineiros compartilharem sementes ou plantas. Nós também somos especializados em divir informações para o benefício de outros jardineiros, fazendo nossas vidas mais fáceis...” http://davesgarden.com/botanary/
Idioma: Inglês Comentários: Um bom link para conhecer o significado de nomes científicos (Botânica). http://images.google.com.br/imghp
Comentários: Digite o nome da planta e encontre uma foto para sua referência www.cgriffith.net/dictionary.html
Idioma: Inglês Comentários: Ótimo dicionário para encontrar o significados de nomes científicos (botânica) www.brcactaceae.org
Idioma: Português e Inglês Comentários: “Projeto cactáceas brasileiras - Um website dedicado à divulgação e conservação das espécies da família Cactaceae que ocorrem no Brasil.”
www.cactos.com.br
Idioma: Inglês Comentário: “O Paraiso - O Paraíso é um Portal dedicado ao estudo dos Cactos do Brasil e da natureza em geral, na região do Planalto brasileiro. Nosso objetivo é identificar as espécies remanescentes nos Biomas Cerrado e Caatinga e, também, o estudo das Bromeliáceas endêmicas na região, enfocando principalmente