INCÊNDIOS URBANOS Os incêndio em meios urbanos trazem, pelo meio em que ocorrem, perigos e dificuldades próprias. Deste modo, estes incêndios têm origem e destroem habitações, fábricas, bibliotecas, museus, etc. Podendo provocar elevados danos materiais e pessoais, pois é nas cidades que se concentra maior número de pessoas. Se por um lado os edifícios são geralmente construídos em materiais não combustíveis (embora afectados pelo fogo) o seu recheio contém madeiras e derivados da madeira, produtos químicos, papel, plásticos, equipamentos electrónicos, tecidos e outros materiais combustíveis que podem alimentar incêndios. Para além disso existem também em habitações e industrias equipamentos e actividades susceptíveis de gerar ignições, desde equipamentos e sistemas eléctricos, fogões, equipamentos de aquecimento, etc. Existindo fontes de ignição e combustível a ocorrência de incêndios é provável e deve ser acautelada, quer evitando situações de risco, quer na sua detecção atempada quer no seu combate. Os incêndios urbanos podem ter um impacto elevado na sociedade provocando danos irreparáveis, por exemplo: Danos no património – edifícios, obras de arte, objectos históricos que podem ser consumidos pelas chamas perdendo-se para as gerações vindouras; Danos em organizações e empresas – um incêndio pode destruir lojas, empresas, fábricas, etc. Deste modo existe um impacto ao nível da produção e serviços que afectam os clientes que se vêm privados de produtos ou serviços mas também os trabalhadores que perdem o posto de trabalho; Danos estruturais – danos em edifícios e outras estruturas por vezes até não reparáveis obrigando à demolição destes; Danos no conhecimento – um incêndio pode destruir documentos, registos e arquivos, perdendo-se informações e conhecimentos existentes numa sociedade; Danos pessoais – em resultado dos incêndios podem ocorrer vítimas, feridos ou mortos, que acarretam elevados custos sociais e dramas pessoais.
SISTEMAS DE DETECÇÃO E DE ALARME Uma das principais preocupações no combate a incêndios é a sua detecção atempada quando este ainda se encontra no início permitindo que o seu combate seja mais eficaz numa fase em que meios como os extintores ainda são eficazes. Além disso os sistemas de alarme ao darem o alarme permitem alertar e evacuar as pessoas do edifício evitando danos pessoais. Os sistemas mais avançados permitem alertar logo os meios de socorro e combate a incêndios e desligar automaticamente sistemas eléctricos, de ar condicionado e outros que se julguem convenientes.
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SISTEMAS MANUAIS Os sistemas manuais requerem que uma pessoa detecte o incêndio e dê o alarme. Deste modo os postos de alarme são colocados em corredores e locais acessíveis que se situam nos caminhos de saída do edifício. A partir destes postos uma pessoa que tenha detectado o incêndio acciona o alarme avisando todos os ocupantes que existe um incêndio e devem abandonar o edifício imediatamente. As vantagens destes equipamentos é que são simples, facilmente identificáveis e permitem que um ocupante que tenha detectado o incêndio avise os restantes ocupantes de forma rápida e eficaz. São sistemas muito fiáveis e funcionam bem em edifícios com taxas de ocupação significativas. A principal desvantagem é que são completamente ineficazes se o edifício se encontrar desocupado. Também são equipamentos que estão sujeitos a uso indevido (falsos alarmes). Apesar disso são sistemas muito comuns, sendo parte fundamental de qualquer sistema de detecção de incêndios em conjugação com sistemas de detecção automáticos.
Figura 1: Exemplo de botoneiras de alarme e pictograma indicativo
DETECTORES TÉRMICOS Foram os primeiros detectores a ser utilizados e ainda o são actualmente. Estes funcionam detectando a temperatura da divisão em que são colocados. Existem vários modos de funcionamento, os mais comuns funcionam com temperatura fixa, isto é dão o alarme se na divisão se atingir determinada temperatura programada (habitualmente na gama 50ºC a 70ºC). Existem, por exemplo, outros que estão programados para disparar caso se verifique uma subida rápida da temperatura na divisão (termovelocimétricos).
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Como exemplos de detectores de temperatura fixa podem citar-se: Detectores térmicos com ampola de quartzo. Estes contêm uma ampola de quartzo cheia de líquido. Ao elevar-se a temperatura o líquido dilata e rebenta a ampola, isto faz com que se feche um circuito eléctrico accionando o alarme. São detectores com temperatura de actuação bastante precisa têm o inconveniente de ter que se mudar as ampolas em caso de incêndio pois são destruídas para accionar o alarme.
Figura 2: detector com ampola de quartzo.
Detectores de metal fundível. O elemento detector é uma peça em metal de liga com baixo ponto de fusão (existem para temperaturas de 70ºC a 225ºC). Esta peça sustêm um interruptor, quando a temperatura atinge a temperatura de fusão do metal este funde e o interruptor solta-se accionando o alarme. Estes detectores também têm uma temperatura de actuação bastante precisa mas a peça de metal precisa de ser substituída na existência de incêndio. Detectores de membrana metálica. O detector contém uma peça de metal com determinado coeficiente de dilatação térmico. Com o aumento de temperatura a peça dilata tocar no contacto, isto faz fechar um circuito e accionar o alarme. São precisos e têm a vantagem não se destruir nada quando accionam o alarme. Existem alguns modelos em que se pode programar a temperatura de alarme. Detectores por cabo termossensível. Contrariamente aos anteriores que são pontuais estes detectores são constituídos por um cabo que contém dois condutores separados por material por um isolamento fundível. Deste modo, o incêndio derrete o isolamento e o alarme é accionado. São muito utilizados em indústrias em que a temperatura possa ser mais elevada que o normal. Têm a vantagem de a detecção deixar de ser pontual e passar a ser mais contínua, são equipamentos fiáveis e de baixa manutenção. Após o incêndio os cabos têm que ser mudados.
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Detectores com cabo de resistência variável. Também são constituídos por um cabo, no entanto baseiam o seu funcionamento no facto de a resistência o cabo metálico diminuir com a temperatura. Deste modo, quando a resistência do cabo baixa de um determinado valor o alarme é accionado. Têm a vantagem relativamente aos anteriores de poder não ser necessário mudar os cabos após o incêndio.
Figura 3: Exemplo de cabos termossensíveis.
Figura 4: Esquema e exemplo da aplicação de cabos termossensíveis na detecção de incêndios
Outro tipo de detectores térmicos são os detectores termovelocimétricos, estes são accionados caso se verifique uma aumento brusco de temperatura (considera-se valores na ordem de 5 a 10ºC/min). Estes equipamentos são mais adequados em instalações que possam conter cargas térmicas elevadas (hidrocarbonetos, químicos inflamáveis, etc) em que possam ocorrer ignições rápidas e violentas, nestes casos ao detectar o aumento de temperatura podem accionar o alarme mais rapidamente que os de temperatura fixa. Desadequados para locais de grande volume e baixa carga térmica em que a progressão da temperatura seja lenta em caso de incêndio. Outra aplicação desaconselhável é em
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locais com aquecimento e que possam ocorrer situações em que o edifício esteja frio e depois ao ligar o aquecimento este possa fazer disparar o alarme. No global estes equipamentos são robustos e fiáveis, podem-se regular gamas bastante variáveis de temperatura. entre as soluções disponíveis no mercado encontram-se por exemplo: Detectores de câmara pneumática. O detector consiste numa câmara de ar, com o aumento de temperatura aumenta a pressão do ar. Caso esta varie bruscamente é accionado o alarme. Detectores termoeléctricos. Contêm dois termopares (sondas que medem a temperatura). Um encontra-se exposto e o outro protegido, caso ocorra um diferencial de temperatura entre os dois superior ao valor programado o alarme é accionado. Além destas existem outras soluções no mercado com outros esquemas de funcionamento para detectores térmicos e termovelocimétricos, inclusive existem detectores combinados e os detectores térmicos compensados que combinam os dois tipos de funcionamento, respondendo desta forma ao aumento de temperatura ou caso se atinja determinada temperatura. Este tipo de detectores reúne as vantagens em detecção dos modelos anteriores cobrindo as lacunas sendo neste momento estes os mais utilizados dos detectores térmicos. Alguns detectores combinados têm que ser mudados após o incêndio por existirem componentes que são danificados para accionar o alarme. Os detectores térmicos compensados são de grande fiabilidade e precisão, permitem programar a temperatura de alarme, pouco susceptíveis a gerar falsos alarmes e não é necessário mudar componentes por ter sido accionado.
DETECTORES DE FUMO São mais recentes que os térmicos, reaccionam primeiro que os térmicos, são no entanto mais caros, requerem maior manutenção e são mais susceptíveis a dar falsos alarmes. Estes detectores são accionados pelas partículas resultantes da combustão. Como exemplos de detectores de fumo podem citar-se: Detectores ópticos. O detector consiste num raio luminoso que é projectado e numa célula fotoeléctrica (esta encontra-se de forma a não receber o raio directamente apenas recebe luz se esta for reflectida em partículas). O fumo ao entrar no detector afecta o raio luminoso, a célula fotoeléctrica detecta as variações no raio luminoso. Quando atingir um determinado nível é accionado o alarme. Existem alguns tipos diferentes de detectores com base neste princípio. 5
São bastante eficazes, têm a desvantagem de poderem ser accionados por pó. Caso as partículas do fumo sejam pretas (totalmente pretas) o detector pode não ser accionado e apenas detecta fumos visíveis. Têm um largo leque de aplicações sendo indicados em locais onde se esperem que ocorram combustões lentas ou em onde a combustão produza fumos não totalmente pretos (o que acontece com a maioria dos produtos existentes em habitações, como a madeira, algodão, papel, plásticos, borracha, etc.). Podem também funcionar com o emissor a direccionar a luz directamente para a célula fotoeléctrica, neste caso quando o fumo entra no detector irá existir menos luz a chegar à célula fotoeléctrica e o alarme é accionado. Neste caso o problema do fumo ser totalmente preto já não se coloca. Os detectores de fumo são muito utilizados em instalações com equipamento eléctrico (salas de computadores) ou com papel (salas de arquivo e bibliotecas) desde que em ambientes livres de pó. Têm uma construção complexa. Refira-se que o emissor de luz e a célula fotoeléctrica podem estar afastados, deste modo, existem equipamentos destes que funcionam como detectores lineares, são especialmente indicados para grandes espaços. Neste caso o que é detectado é a diminuição do feixe luminoso a chegar ao receptor devido ao fumo. Detectores iónicos. O princípio de funcionamento baseia-se na diminuição da corrente eléctrica que ocorre entre dois eléctrodos quando os fumos de combustão entram no detector. A corrente eléctrica é constituída por partículas de O2 e N2 ionizadas por uma fonte radioactiva. De acordo com a fonte radioactiva podem ser detectores de partículas alfa ou beta (apesar de radioactivos o nível de radiação é considerado inofensivo). O principio de funcionamento pode ser explicado da seguinte forma, uma fonte radioactiva ioniza partículas de O2 e N2 que se movem para um dos eléctrodos gerando uma corrente eléctrica. As partículas de fumo ao entrarem no detector vão dificultar o movimento dos iões diminuindo o valor da corrente eléctrica e accionando o alarme. São detectores de grande eficácia (detectam fumos visíveis e invisíveis) podendo ser utilizados em quase todo o tipo de situações e de tipos incêndios, são de resposta muito rápida na detecção de incêndios. Não devem ser aplicados em locais que tenham ambiente com pó ou fumos de outras naturezas (ex. salas de fumadores) para evitar o risco de falsos alarmes. Refira-se que velocidade no ar superiores a 0,5 m/s podem accionar o detector pelo que estes equipamentos não devem ser colocados nas imediações de equipamentos de ar condicionado. Detectores por ponte de resistência. Estes detectores têm uma grade electrificada, esta grada tem determinada resistência eléctrica. As partículas de fumo ao entrarem em contacto com a grade vão aumentar a sua condutividade despoletando o alarme. São detectores muito incomuns e pouco utilizados, reaccionam na presença de qualquer fumo, pó ou gás (inclusivamente pelo vapor
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de água) pelo que podem ocasionar falsos alarmes em ambientes contendo estes elementos. São por vezes mais utilizados para detectar a presença de gases do que incêndios (por exemplo podem ser utilizados para detectar excesso de monóxido de carbono em túneis). Os detectores de fumo são bastante eficazes tendo como principal limitação não poderem ser inseridos em ambientes onde possa existir uma quantidade apreciável de pó ou outros fumos no ambiente pois ocasionam falsos alarmes. Deve também ser equacionada a sua utilização em espaços abertos ou de grande altura. Têm a vantagem de serem mais rápidos na detecção de incêndios que os detectores térmicos. DETECTORES DE CHAMAS Os detectores de chamas são dispositivos capazes de detectar ao chamas ao detectarem raios infra-vermelhos ou ultravioletas (existindo equipamentos que combinam os dois tipos de detecção). A detecção é realizada através de uma célula foto voltaica (infravermelhos) ou por um tubo cheio de gás (ultravioletas). Estão também sujeitos a falsos alarmes nomeadamente no caso de se efectuarem operações de soldadura no raios de acção, podendo até ser accionados por alguns tipos de luzes. São detectores de grande sensibilidade, rapidez de detecção e alcance tendo uma utilização mais corrente em indústrias. Cada tipo de combustível emite uma chama com determinada radiação, deste modo os detectores infra-vermelhos são mais indicados para um tipos de combustível e os ultravioletas para outros. Por exemplo um fogo provocado por hidrogénio é facilmente detectável por detectores ultra-violeta e mais dificilmente por detectores infra-vermelhos (daí o existirem modelos com os dois tipos de detecção). Devido a estas características são utilizados habitualmente em indústrias e armazéns onde exista a probabilidade de deflagrações rápidas e violentas (ex. espaços com a presença de gasolina, diesel, químicos inflamáveis, naftas, etc). São também aptos para ser colocados em tectos muito altos devido ao seu alcance mas é preciso ter em atenção quanto à sua colocação em locais onde existam muitos obstáculos visuais pois o detector poderá não “ver” as chamas se estas se encontrarem tapadas por algum obstáculo. Os detectores com detecção por infra-vermelhos e ultravioleta simultaneamente são muito menos susceptíveis a falsos alarmes.
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Figura 5: Detectores de chamas por infra-vermelhos.
DETECÇÃO DE INCÊNDIOS Um incêndio manifesta-se através da produção de fumo, calor e chamas, deste modo, os sistemas de detecção centram-se nestas manifestações. Refira-se no entanto que nem todos estes sinais se manifestam em simultâneo. Quando uma fonte de ignição contacta com o combustível (num típico incêndio de origem acidental) o fogo desenvolve-se lentamente. Este estágio em que o fogo se encontra numa forma incipiente pode demorar segundos ou pode demorar horas dependendo de factores como o material que está a servir de combustível, condições físicas, oxigenação, etc. Por exemplo, um conjunto de aparas de madeira arderá mais rapidamente que um tronco de madeira (mesmo totalizando a mesma quantidade de madeira. Durante este período vai aumentando a geração de calor produzindo-se volumes ligeiros a moderados de fumo. A detecção do fogo neste período é muito importante pois pode evitar danos de maior. A detecção manual poderá ser a que tem uma resposta mais rápida no caso de ocorrer. Durante esta fase os detectores de incêndio podem dar o alarme. Os detectores mais comuns são os térmicos e os de fumo. Refira-se que os detectores de fumo têm geralmente uma resposta mais rápida que os térmicos pois estes necessitam que se atinja uma determinada temperatura ou variação de temperatura para serem accionados. Os detectores de fumo são mais propícios da detectar incêndios no seus estágios iniciais que os térmicos. Deste modo devem em aplicações correntes em que o risco de vidas existe devem preferir-se os detectores de fumo.
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No caso de existirem produtos altamente inflamáveis a progressão do fogo será muito mais rápida pelo que a diferença temporal entre os diferentes sistemas de detecção se esbaterá. É no entanto corrente e muitas vezes aconselhável a utilização de vários tipos de detecção num mesmo sistema. Por exemplo, é muito corrente a utilização da detecção manual e de detectores de fumo em simultâneo. Após este período incipiente formam-se chamas visíveis, isto muda drasticamente a forma do incêndio, passando de uma natureza incipiente para um fogo rápido registandose rápido aumento da dimensão do fogo e da temperatura. Após uns minutos é possível numa divisão atingirem-se os 1000ºC junto ao tecto. O fogo propaga-se rapidamente por todos os produtos combustíveis e a sobrevivência de pessoas na habitação torna-se impossível. A geração de fumo torna a visibilidade nula dificultando a evacuação de pessoas. Se existirem aberturas (portas, janelas, condutas, etc.) que permitam ao fogo atingir outras divisões este continuará a expandir-se e a crescer fazendo perigar mais vidas e bens materiais.
Figura 6: Fases de um incêndio.
Na Figura 7 pode ver-se o accionamento dos diferentes tipos de detectores com as manifestações do incêndio.
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Figura 7: Accionamento dos detectores conforme o estágio do incêndio.
COMBATE A INCÊNDIOS A detecção e extinção do fogo nos seus estágios iniciais é fundamental, pois caso evolua ele pode rapidamente tornar-se uma séria ameaça a vidas e bens. Acresce que extinção do fogo nos seus estágios iniciais pode ser realizada por qualquer pessoa com equipamento simples após o qual apenas a intervenção de bombeiros especializados com meios específicos o pode combater.
EXTINTORES Deste modo existem equipamentos simples manuais que permitem combater o fogo quando detectado nos seus estágios iniciais. Estes equipamentos são de presença obrigatória em muitos edifícios dependendo da utilização e destinam-se a ser utilizados por qualquer pessoa que se encontre no local. São equipamentos muito úteis e simples requerendo apenas alguma manutenção para manter o seu correcto funcionamento. Um extintor mais não é do um recipiente que contém um agente extintor em que este pode ser projectado de encontro ao fogo.
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Figura 8: Utilização de um extintor.
Existem diferentes tipos de extintores que podem ser diferenciados de acordo com as suas características. Geralmente dividem-se os extintores de acordo com a sua mobilidade, o agente extintor, o modo de funcionamento e a eficácia de extinção. Quanto à sua mobilidade os extintores podem ser classificados em: Manuais – podem ser portáteis (até 20 kg) ou dorsais (até 30 kg); Móveis – são extintores que se movem em carrinhos com rodas, podem ser puxados manualmente ou rebocáveis por um veículo motorizado.
Figura 9: Extintor móvel puxado manualmente e extintor portátil.
Para que o agente extintor seja expelido do extintor é necessário criar uma pressão no seu interior. Deste modo, relativamente ao seu modo de funcionamento, os extintores podem ser de pressão permanente ou de colocação em pressão no momento de actuação.
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No caso dos extintores de pressão permanente, esta é criada no interior do extintor por um gás propulente (azoto ou CO2) e é permanente, o extintor está sempre sob pressão. O agente extintor e o gás propulente são colocados sob pressão no interior do extintor onde se encontram misturados. Estes extintores têm um manómetro que permite observar a pressão interna pois caso esta desça abaixo dos níveis recomendados o extintor não funcionará. Os extintores de colocação em pressão no momento de actuação também funcionam por gás propulente, mas este não se encontra em contacto com o gás propulente mas dentro de uma garrafa no interior do extintor. O agente extintor e o gás propulente encontram-se separados. Este gás só é libertado quando se acciona o extintor criando então a pressão que permite a projecção do agente extintor.
Figura 10: Manómetro de pressão de extintor.
Os extintores podem conter diferentes agentes extintores e estes podem apresentam eficácias diferentes conforma o tipo de fogo e combustível. Deste modo é muito comum identificar os extintores pelo agente extintor. Entre os mais comuns encontram-se os extintores de água, espuma, pó químico, de dióxido de carbono (CO2, anidrido carbónico ou neve carbónica) e os de hidrocarbonetos halogenados (halon). Refira-se que os extintores de halon estão em desuso devido aos seus efeitos nocivos na camada de ozono (foram banidos pelo protocolo de Montreal sendo proibidos desde 1994). Eficácia dos Extintores
Como foi referido a eficácia dos extintores depende em muito do tipo de fogo e do combustível. Deste modo consideram-se diferentes classes de fogo para os quais se refere a aptidão dos extintores. As classes de fogo consideradas são: Classe A – são fogos em que o combustível é sólido e de modo geral de natureza orgânica, como seja em papel, madeira, tecidos, etc. Estes fogos ocorrem geralmente com formação de brasas.
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Classe B – fogos que resultam da combustão de líquidos ou sólidos liquidificáveis (que se liquefazem na combustão). Incluem-se neste tipo de fogos os que ocorrem em hidrocarbonetos (gásoleo, gasolina, naftas, etc), álcoois, éteres, tintas, plásticos, etc. Classe C – fogos que ocorrem pela combustão de gases, por exemplo, gás natural, butano, propano, metano, etano, hidrogénio, acetileno, etc. Classe D – são fogos que consomem metais, por exemplo, sódio, potássio, magnésio, Urânio, metais em pó (ex. alumínio), etc. Classe E (não normalizada) – incêndios em materiais do tipo A ou B mas que tenham envolvam ou tenham na vizinhança equipamentos eléctricos que provoquem o risco de electrocussão caso seja utilizado um agente extintor que seja condutor eléctrico. Classe F (não normalizada) – incêndios em gorduras ou óleos de cozinha. A temperatura de combustão destes produtos é muito mais elevada que a de outros líquidos combustíveis pelo que existem alguns agentes extintores que se tornam menos eficazes existindo agentes mais indicados para estes tipos de fogos.
Figura 11: Sinalética respeitante a cada tipo de incêndio.
Figura 12: Possível pictograma da Classe F.
Os extintores mais utilizados actualmente são os de água (de jacto ou de pulverização), espuma (espuma física ou espuma química), de dióxido de carbono e os extintores de pó químico (de pó químico BC, de pó químico ABC e pó químico especial D). Em seguida apresenta-se um quadro com a eficácia dos agentes extintores conforme a natureza do incêndio.
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Figura 13: Exemplo de pictogramas associados a extintores.
AGENTE EXTINTOR
Classe de Fogo
Água em
Água
Dióxido de
Pó químico
Pó químico
Pó químico
Jacto
pulverizada
carbono
BC
ABC
D
**
***
*
0
***
0
*
0
*
**
***
**
0
**
0
0
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**
**
0
0
0
0
0
0
0
**
0
Espuma
Nota: em nenhuma classe de fogo deve ser utilizada água ou espumas como agente extintor se existir tensão eléctrica nas proximidades do fogo. A forma como os diferentes agentes extintores actua difere, deste modo: Água – Serve para arrefecer o combustível de forma a baixar a sua temperatura abaixo da combustão, deve espalhar-se a água o mais possível e também aplicá-la sobre materiais ainda não incendiados para evitar a sua combustão. Existem aditivos que possibilitam uma maior eficácia da água no combate a incêndios. Deve ter-se cuidado com a sua utilização em produtos que possam reagir com a água, perto de equipamentos eléctricos e líquidos inflamáveis não solúveis na água;
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Espumas – Existem dois tipos base de espumas, as físicas obtidas pela mistura de um agente espumífero, ar e água e as espumas químicas obtidas pela reacção química entre dois produtos que se misturam no momento da utilização. Actualmente as espumas físicas são mais utilizadas e são muito eficientes para os incêndios com líquidos combustíveis. Têm uma acção sufocante, devem ser espalhadas sobre o incêndio da forma menos violenta possível. São muito utilizadas para evitar ignições em líquidos combustíveis derramados e em incêndios em líquidos menos densos que a água. Não são eficazes em incêndios de classe C e deve ter-se precaução com a presença de equipamentos eléctricos; Pó químico – Sufoca e arrefece simultaneamente, deve ser aplicado dirigido para a base das chamas. São agentes muito eficazes e versáteis, apenas requerendo especial atenção os incêndios do tipo D que têm agentes extintores específicos. São muito eficazes. Não se podem misturar diferentes tipos de pó; CO2 – Tem uma acção sufocante retirando o oxigénio ao incêndio. Deve ter-se em atenção que não se deve utilizar este extintor em pessoas (asfixia e queimaduras de frio, pode atingir -80 ºC quando é expelido). Halon – Detém o incêndio por meios químicos. Podem ser utilizados em incêndios com equipamentos eléctricos. Estão em desuso por questões ambientais por conterem CFC na sua composição. A eficácia do extintor e o tipo de fogos para o qual é adequado deve constar no próprio extintor. Apresenta-se em seguida um esquema de rótulo de extintor.
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Figura 14: Esquema de rótulo de extintor.
Para além destas informações deve constar também a eficácia do extintor num determinado tipo de fogo. Os extintores podem ter maiores ou menores dimensões e o agente extintor apresentar maior ou menor eficácia. Os extintores são ensaiados permitindo classificar a sua eficácia. Esta classificação assenta nas seguintes designações: Um número seguido da letra A – ex. 5A, 8A, 13A, 21A, 27A... Indica que o extintor pode ser utilizado em fogos da classe A, o número indica está relacionado com o número de ripas de madeira sobrepostas de modo normalizado em combustão que o extintor é capaz de suprimir as chamas. Deste modo, quanto maior for o número maior a capacidade e eficiência do extintor, pois indica que consegue apagar um incêndio de classe A de maiores dimensões. Um número seguido da letra B – ex. 8B, 13B, 21B, 34B, 55B... Indica que o extintor pode ser utilizado em fogos da classe B, o número indica o número de litros de combustível (heptano com mistura de água a 1/3) ardendo em bandejas normalizadas que o extintor é capaz de apagar. Quanto maior o número maior a capacidade do extintor. A letra C – Indica que o extintor pode ser utilizado em fogos da classe C. Não existe nenhum valor de eficiência associado.
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Figura 15: Teste a extintor em fogo da classe A
Para além destas indicações o extintor deve conter ainda informação sobre a sua possível utilização em fogos onde estejam envolvidos materiais eléctricos, caso possa ser utilizado indica qual a voltagem máxima para a qual o agente extintor pode ser utilizado sem risco de electrocussão.
Figura 16: Exemplo de pictogramas relativos à utilização de extintores em fogos onde estejam envolvidos equipamentos eléctricos.
Para além destas indicações os extintores contêm ainda informação sobre a sua manutenção, como seja datas de inspecção, validade, etc. Sempre que são utilizados os extintores devem ser inspeccionados e recarregados. Os extintores são na generalidade compostos pelos seguintes elementos (exemplo para extintor de colocação em pressão no momento de actuação):
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Corpo ou reservatório do extintor, destinado a armazenar o agente extintor; Válvula de descarga, destinada a fazer actuar o extintor, permitindo a passagem do agente extintor para o exterior; Manípulo ou punho, faz actuar a válvula de descarga; Cavilha de segurança, tem como função libertar o manípulo que actua a válvula de descarga; Percutor: é a peça que abre o reservatório de gás auxiliar contido no interior dos extintores de pressão não permanente; “Tubo de pesca” ou sifão, conduz o agente extintor desde o interior do corpo do extintor para a válvula de descarga; Tubo ou mangueira: conduz o agente extintor para o exterior através de um difusor ou bico de descarga colocado na sua extremidade. Nos extintores de dióxido de carbono o difusor é geralmente de cor preta e de grandes dimensões. Os extintores são o primeiro meio de combate a incêndio disponível e devem poder ser utilizados por qualquer pessoa, deste modo a sua utilização é bastante intuitiva e encontra-se sempre descrita no próprio equipamento. No entanto alguns cuidados devem ser tomados quando se combate o incêndio: Se existir vento, deve-se actuar no incêndio de forma a ter o vento pelas costas;
Só se deve accionar o extintor quando se está diante do fogo; 18
Deve-se dirigir o agente extintor para as base das chamas varrendo toda a superfície incendiada;
Deve-se avançar cautelosamente garantindo que o fogo não poderá cercar tapando os caminhos de fuga;
Os extintores devem estar sempre assinalados, devem ser colocados em locais visíveis e desobstruídos e a seu topo deve estar a cerca de 1,50 m do pavimento. Os extintores devem ser localizados em percursos habituais, junto aos acessos, áreas de trabalho e de modo a respeitarem as distâncias regulamentares aconselhadas.
Figura 17: Pictograma de indicação de extintor
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Figura 18: Esquema de colocação e sinalização de extintores
O número de extintores a ser previsto deve ter em atenção factores como a natureza do local e do risco associado e tipo de extintores, tipo de ocupação. A escolha do tipo de agente extintor a utilizar deve ter em o local e as suas características. Regulamentarmente o número de extintores deve estar de acordo com o risco associado ao local. Definem-se três classes de risco: Riscos ligeiros - Considera-se risco ligeiro quando as quantidades de combustível ou de líquidos inflamáveis presentes podem contribuir para a ocorrência de incêndios de pequenas proporções. Estão incluídos nestes casos os escritórios, escolas, igrejas, locais de reunião, centrais telefónicas, etc. Riscos ordinários - Considera-se risco ordinário quando as quantidades de combustível ou de líquidos inflamáveis presentes podem contribuir para a ocorrência de incêndios de dimensões normais. Estão incluídas nestes casos os armazéns, parques de estacionamento, pequenas fábricas, armazéns de mercadorias não classificadas como perigosas, lojas de artigos escolares, etc. Riscos graves - Considera-se risco grave quando as quantidades de combustível ou de líquidos inflamáveis presentes podem contribuir para a ocorrência de incêndios de grandes proporções. Estão incluídos nestes casos as serrações, oficinas de automóveis e de manutenção de aviões, armazéns de combustíveis e processos que envolvem o manuseamento de líquidos inflamáveis, tintas, de ceras, etc. Para fogos classe A pode definir-se o número de extintores pela seguinte tabela (NP1589).
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Eficácia
FOGOS CLASSE A – ÁREA A PROTEGER [m2] Risco ligeiro
Risco ordinário
Risco grave
5A
300
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----
8A
600
300
----
13A
900
450
300
21A
1125
600
450
34A
1125
900
600
55A
1125
1125
900
Tabela 1: Eficácia de extintores para incêndios da classe A
Nota: A distância a percorrer até um extintor não deve ser superior a 25m.
Para o caso de fogos da classe B a referida norma indica a seguinte tabela: FOGOS CLASSE B Tipo de Risco
Eficácia minima dos extintores
Ligeiro Ordinário Grave
Distância mínima ao extintor (m)
5B
9
13B
15
13B
9
21B
15
21B
9
34B
15
Tabela 2:Eficácia de extintores para incêndios da classe B
Nota: A protecção requerida pode ser satisfeita com extintores de maior eficácia, desde que a distância a percorrer seja inferior a 15m. REDES DE INCÊNDIO As redes de incêndio podem ser utilizadas pelos ocupantes em caso de incêndio, mas devido às suas particularidades são normalmente utilizadas pelos bombeiros como auxílio nos combates a incêndios. O agente extintor utilizado neste tipo de redes é sempre a água. Estas redes de incêndio dividem-se em dois grupos:
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Coluna húmida: tubagem metálica vertical, de diâmetro apropriado, para utilização pelo pessoal do Serviço de Incêndios, munida de boca ou bocas de incêndio em cada piso, mantida permanentemente em carga, quer pela rede de abastecimento público, quer por depósito de água elevado, bombas, hidropressores ou outros equipamentos semelhantes. Coluna seca: tubagem metálica vertical, de diâmetro não inferior a 80 mm, munida de uma boca de incêndio em cada piso e de duas bocas de alimentação (união siamesa) ao nível do rés-do-chão, para ligação directa às viaturas do Serviço de Incêndios com que são alimentadas. As redes com coluna húmida podem ser armadas (RIA, Redes de Incêndio Armadas) ou terem apenas uma boca onde os bombeiros ligam as suas mangueiras. Uma rede de incêndios armada é um conjunto de dispositivos constituído por coluna montante húmida, ramais, bocas de incêndios armadas, carretéis de mangueira rígida e, em certos casos, depósitos de água de reserva. Sendo que por Boca de Incêndio Armada se entende um conjunto constituído por boca de incêndio, agulheta com dispositivo de manobra e peças de ligação e seccionamento ao ramal e coluna húmida e lanço de mangueira de borracha enrolada num carretel. As mangueiras têm em geral 20 a 25m e diâmetros de 25 mm. Estas bocas de incêndio deverão ser instaladas em caixa de resguardo com a base entre 1,20 e 1,40 m do pavimento. Refira-se que as bocas de incêndio armadas com coluna húmida são as únicas que possibilitam aos ocupantes do edifício combaterem o incêndio, sendo que redes com coluna seca (com bocas armadas ou não) e as de coluna húmida mas apenas com boca de incêndio destinam-se a ser utilizadas apenas pelos bombeiros.
Figura 19: Pictograma de indicação de boca de incêndio armada e um exemplo deste tipo de equipamento
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Figura 20: Esquema de uma rede com coluna húmida.
As redes de coluna seca encontram-se vazias, tendo na base do prédio uma boca siamesa que permite aos bombeiros ligar uma mangueira a partir do autotanque ou de um hidrante e colocar a rede em carga. Estas bocas devem ser colocadas em locais acessíveis, estarem a menos de 40 m de um local acessível por um autotanque ou a menos de 60 m de um hidrante e devem ser protegidas por tampa. Depois da rede estar em carga os bombeiros ligam uma mangueira a uma boca de incêndio que exista perto do local do fogo para o combaterem.
Figura 21: Boca de união siamesa para coluna seca.
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Figura 22: Esquema de uma coluna seca.
Para além destas redes que são exigidas em edifícios de maiores dimensões existem na rua os designados hidrantes ou marcos de água. Estes são equipamentos destinados principalmente ao abastecimento de viaturas de incêndio, compreendendo uma coluna ligada à rede pública de distribuição de água, com saídas de água com diâmetros compatíveis com as mangueiras em uso pelos bombeiros e equipadas com válvulas individuais que permitam a manobra isolada de cada saída.
Figura 23: Hindrantes e pictograma de sinalização de hidrante
Os hidrantes podem ser de coluna seca ou húmida, conforme a sua coluna se encontre com água ou sem água.
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SPRINKLERS Na maioria dos fogos em edifícios a água pode ser utilizada no combate ao incêndio. Os sprinklers são sistemas de combate a incêndios que após a detecção do fogo lançam automaticamente água sobre ele tentando extingui-lo e evitar que ele se propague sobre outros materiais combustíveis. São um meio extremamente eficaz de combater incêndios no seu início. Um sistema bem projectado após detectar o incêndio, dá o alarme e começa logo o seu combate. Este sistema tem como principais vantagens as seguintes: Dão o alarme e iniciam o combate ao incêndio mesmo que o edifício esteja desocupado; Geralmente iniciam o combate ao incêndio no seu inicio pelo que limitam os danos que este possa provocar; Mesmo sem o extinguir, o facto de evitarem uma propagação mais rápida do fogo torna a actuação dos bombeiros mais simples pois haverá menos chamas, fumo e calor; Um sistema automático de extinção de incêndios é um conjunto de dispositivos constituído essencialmente por tubagens, aspersores, válvulas, avisador sonoro e elementos de manobra que permite, automaticamente, detectar um incêndio, atacá-lo com um agente extintor adequado e dar o alarme. Estes sistemas designados geralmente por sprinklers consistem numa série de tubos ligados à rede de abastecimento que têm em intervalos válvulas (boquilhas). Estas têm, geralmente, uma ampola de vidro cheias de um líquido de grande expansão térmica ou têm um elemento termofusível. Quando a temperatura da sala atinge um determinado valor a ampola parte e a água começa a sair pela boquilha. Este sistema funciona como um detector térmico. Apenas os sprinklers que estão na zona de incêndio são accionados. Após a extinção do fogo a água deve ser fechada para evitar danos devido que ocorram devido ao excesso de água, existem no entanto sprinklers que se fecham automaticamente com a diminuição de temperatura (adequados para museus e bibliotecas). Após o incêndio devem ser colocadas novas boquilhas para substituir as que foram accionadas pelo incêndio.
Figura 24: Exemplo de boquilhas para sprinklers
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Figura 25: Accionamento de um sprinkler
Temperatura Nominal (Ponto de Accionamento) 57 ºC 68 ºC 79 ºC 93ºC 141 ºC 182 ºC 183 a 260 ºC
Cor da Âmpola Laranja Vermelho Amarelo Verde Azul Violeta Preto
Tabela 3: Código de cores das ampolas de sprinklers
Estes sistemas são muito fiáveis e eficientes, apenas se tendo que salvaguardar a existência de água e pressão suficientes para o seu funcionamento São apropriados para qualquer tipo de edifício apenas tendo como restrição o não poderem ser utilizados em ambientes com temperaturas negativas, pois a água gelaria nos canos, ou em locais onde a natureza do incêndio desaconselhe a utilização de água. Como exemplo da sua eficácia pode-se referir que estatisticamente cerca de 60% dos incêndio são extinguidos com a acção de um ou dois sprinklers. Estudos efectuados permitiram observar ainda que em hotéis com sistemas de sprinklers os danos devido a incêndios foram reduzidos em 78%. Refira-se que se as temperaturas negativas se limitam a espaços restritos (ex. industrias de frio) é possível utilizar sprinklers. Uma hipótese é nestas divisões eles serem cheios com ar ou nitrogénio (estes são ligados à rede de abastecimento mas a água não entra nas tubagens pois estas têm ar o ar pressurizado ou o nitrogénio). Quando o fogo acciona uma boquilha o ar ou o nitrogénio saem das tubagens entrando água que irá combater o fogo. Estes sistemas, conhecidos por sistemas de tubagem seca, são bastante complexos apenas se justificando em utilizações específicas. Outra opção é ter uma electoválvula que é aberta quando o alarme é accionado (ex. por detector de fumo). Quando a válvula abre as tubagens enchem-se de água após o qual se alguma boquilha for accionada por atingir a temperatura de funcionamento esta funcionará normalmente. Este sistema é por vezes utilizado em bibliotecas, arquivos e outros locais onde a água possa causar danos, pois ao
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requerer a necessidade de ser accionada a electroválvula e a boquilha do sprinkler é um sistema menos propício a falsos alarmes. Requer no entanto mais manutenção. Para locais onde possam ocorrer deflagrações rápidas e que rapidamente possam causar danos elevados (fábricas e armazéns de produtos químicos, laboratórios químicos, etc) é possível utilizar o sistema de electroválvula com boquilhas abertas na rede. Deste modo, assim que o incêndio é detectado (por exemplo com detectores de fumo que oferecem boa capacidade de resposta) a electroválvula abre e todas as boquilhas do sistema jorram água. É um sistema de resposta rápida e muito agressiva, no entanto exige uma elevada resposta em termos de rede de abastecimento o que induz a necessidade de depósito e bombas específicas para abastecer a rede de sprinklers. Assim, é um sistema mais complexo que o normal apenas se adequando em casos em que possam ocorrer deflagrações rápidas e muito violentas. Estes sistemas são conhecidos pela designação de sistemas de dilúvio ou de inundação total. INSTALAÇÕES FIXAS DE CO2 E OUTROS PRODUTOS Refira-se que para além de CO2 existem outros gases que podem ser utilizados nestes sistemas (ex. Halon, FE-13, gás FM-200, gás Inergen, gás HFC227, etc.). Estes sistemas são semelhantes aos sprinklers, mas o sistema é abastecido por garrafas ou tanques com CO2 ou outro gás. Os sistemas que utilizam CO2 são indicados para edifícios ou divisões não ocupadas. O CO2 é libertado reduzindo a quantidade de oxigénio disponível e, deste modo, extinguindo o fogo. Estes sistemas são utilizados essencialmente onde os sistemas a água possam provocar muitos danos. Como exemplo pode citar-se salas com material informático de grande valor ou outro género de material electrónico ou sistemas de alta voltagem, nestes casos a utilização de CO2 revela-se mais propícia. O CO2 tem custos baixos e uma grande eficácia. O sistema é composto por garrafas ou tanques de CO2 ligados por um sistema de tubos até aos locais a proteger. Paralelamente deve existir uma rede de detecção de incêndios, ambas as redes estão ligadas a uma central automática. Quando um dos detectores é accionado pelo fogo a central acciona as bocas de CO2 que se encontram no local onde o detector foi accionado.
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Figura 26: Esquma de uma instalação fixa de CO2 ou outro gás
Como referido, outros agentes extintores podem ser utilizados em sistemas semelhantes a estes. Entre este encontrava-se o gás Halon que entretanto foi abandonado por prejudicar a camada de ozono, no entanto, existem outras soluções possíveis ex. gases inertes, gás FE-13, gás FM-200, gás Inergen, gás HFC227, pó químico, espumas, etc. (alguns tipos de gases ou químicos são mais adequados para divisões com ocupação humana).
Figura 27: Exemplo do funcionamento de instalações fixas de CO2
SEGURANÇA PASSIVA CONTRA INCÊNDIOS Para além destas medidas de detecção e combate a incêndio existem precauções que se forem tomadas anteriormente podem em caso de incêndio minimizar os danos. Estas medidas estão relacionadas com a própria concepção dos edifícios e não se destinam
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directamente ao combate ao incêndio mas à protecção dos ocupantes, pelo qual se designam por medidas de segurança passiva contra incêndios. Uma questão importante será a de utilizar nos edifícios materiais não combustíveis, isto vai dificultar a deflagração e propagação de incêndios. Se todo o edifício apenas contivesse materiais incombustíveis não haveria risco de incêndio, embora isto seja utópico. No entanto a preferência pela utilização de materiais mais resistentes ao fogo deve ser tida em consideração, pois evitam deflagrações, retardam a propagação do fogo e ao não entrarem em combustão ou terem combustão difícil vão levar à existência de menos fogo e fumo. Deste modo, o combate ao incêndio e a evacuação das pessoas é bastante mais eficaz evitando danos materiais e pessoais. Os locais que obrigatoriamente devem ser analisados com especial atenção são os caminhos de evacuação, nomeadamente corredores e principalmente caixas de escada. A existência de materiais combustíveis nestes locais pode levar a uma rápida propagação do fogo, gerando grandes quantidades de chamas e fumo o que tornaria impossível a evacuação das pessoas. Os materiais são deste modo classificados pela sua classe de reacção ao fogo (CRF). A Classe de Reacção ao Fogo é um indicador que caracteriza o comportamento, face ao fogo, dos materiais de construção, considerado em termos do seu contributo para a origem e desenvolvimento de incêndio. Esta reacção é avaliada em ensaios normalizados a que o material é, para o efeito, submetido. A qualificação dos materiais de construção, do ponto de vista da sua reacção ao fogo, compreende as cinco classes a seguir indicadas cujo significado, em termos correntes, é referido em correspondência: Classe M0 - materiais não combustíveis; Classe M1 - materiais não inflamáveis; Classe M2 - materiais dificilmente inflamáveis; Classe M3 - materiais moderadamente inflamáveis; Classe M4 - materiais facilmente inflamáveis. Os materiais de revestimento das superfícies interiores dos caminhos de evacuação devem ter uma reacção ao fogo das classes que, para cada caso, a seguir se indicam (RSCIEH, DL 64/90): Materiais de revestimento de pavimentos – M3 Materiais de revestimento de paredes – M2
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Materiais de revestimento de tectos – M1 Guardas das escadas – M0 Estas designações foram revistas pelas novas normas europeias (Directiva 89/106/CEE) tornando o sistema de classificação da resistência ao fogo dos materiais mais completo, embora também mais complexo. Deste modo são analisadas propriedades dos materiais como sejam a taxa de propagação do fogo, calor total libertado, taxa propagação de fumos, propagação das chamas, etc. Produtos de construção – excepto pavimentos Euroclasses Exigências Actuais Produção de fumo Produção de gotículas A1 M0 A2 s1 d0 M0 A2 s1 d1 s2 d0 s3 d1 M1 B s1 d0 s2 d1 s3 C s1 d0 M2 s2 d1 s3 D s1 d0 M3 s2 d1 M4 (Não gotejante) s3 E–F M4 Produtos de construção – Pavimentos Euroclasses Exigências Actuais Produção de fumo A1 fl M0 A2 fl s1 M0 A2 fl s2 M3 B fl s1 C fl s2 D fl s1 M4 s2 Tabela 4: Novas classificações de resistência ao fogo para materiais.
Exemplo de alguns materiais e sua previsível inclusão nas Euroclasses: A1 - Pedra B - Madeira trata com retardante de fogo (FRTW) C - Revestimentos de paredes com placas de gesso D - Madeira maciça e painéis de madeira não tratados E - Polímeros sintéticos 30
F – Polímeros sintéticos Para além da classificação dos materiais que possam servir de, por exemplo, revestimento em paredes ou pavimentos, outros elementos considerados de forma global, como sejam, os elementos estruturais, condutas ventilação, etc., são também classificados quanto à sua capacidade de resistir ao fogo. Para esta classificação são analisados vários parâmetros destes elementos quando sujeitos ao fogo, como sejam, estabilidade, emissão de gases inflamáveis, estanquidade à passagem de chamas e gases quentes, isolamento térmica. Para a maioria dos elementos esta classificação assenta em três letras R (capacidade de suporte de cargas) E (estanquidade a chamas e gases inflamáveis) e I (isolamento térmico). Pormenorizando um pouco mais estas propriedades têm-se: Estabilidade – destina-se a elementos que suportem cargas. O esgotamento da capacidade portante de um elemento ocorre se ele tiver deformações axiais superiores a 3x10-3m. Ou no caso de lajes que tenham flechas superiores ao 1/30 do vão ou velocidade de crescimento da flecha de 3xvão mm/min. Estanquidade – ocorre quando na face contrária à exposta ao fogo se verifica a emissão de chamas, gases quentes ou gases combustíveis. Estas emissões podem ocorrer por atravessamento do elemento ou por emissão local. Isolamento Térmico – considera-se que ocorreu a perda de isolamento térmico se a temperatura na face não exposta exceder 140 ºC em média ou 180ºC pontualmente a temperatura inicial do elemento ou então ultrapassar os 220ºC. A classificação apresenta ainda algumas outras letras, apresenta-se em seguida o significado das diferentes letras utilizadas. R Capacidade de suporte de carga (EF) E Estanquidade a chamas e gases inflamáveis (PC) I Isolamento térmico (CF) W Controlo da Radiação M Acção mecânica C Fecho automático (Regime de Utilização) S Passagem de fumo P ou PH Continuidade de fornecimento de energia e/ou sinal G Resistência ao fogo K Capacidade de protecção contra o fogo Tabela 5: Letras utilizadas na classificação de resistência ao fogo de diversos elementos
Esta designação é completada com um número que representa o tempo em minutos que o elemento cumpre com a os requisitos especificados pelas letras. As classes de tempo utilizadas são de 15, 20, 30, 45, 60, 90, 120, 180, 240 e 360 minutos. Deste modo um 31
elemento com a classificação REI 90, garante capacidade de suporte, estanquidade às chamas e isolamento térmico durante 90 minutos no mínimo. Um elemento EI 60 garante a estanquidade e o isolamento durante 60 minutos no mínimo (depreende-se que não necessite ter capacidade de suporte). Fornecem-se os seguintes exemplos desta classificação: Elementos de suporte com função de compartimentação de resistente ao fogo (paredes, pavimentos, coberturas, pisos falsos) apresentam classificações do tipo RE ou REI; ex: RE 60, REI 90, Elementos sem função de suporte de carga (paredes divisórias, coberturas não estruturais, paredes exteriores, etc) apresentam classificações do tipo E, EI ou EW; ex: EI 60, EW 60, E 90; Portas e portadas corta-fogo, apresentam classificações do tipo E, EI ou EW. Cabos eléctricos apresentam classificação P ou PH; Revestimentos para tecto apresentam classificação K; De referir que as normas normalmente utilizam para estabelecer requisitos os patamares de 30, 60 e 90 minutos, considera-se que estes correspondem a níveis de resistência baixo, médio e elevado. Uma classificação semelhante é a que utilizava os símbolos EF (estável ao fogo), PC (pára-chamas) e CF (corta-fogo). Esta classificação também é utilizada para elementos estruturais e divisórias e portas corta-fogo. A seguir às letras são é também indicado um número correspondente a uma dos nove escalões de tempo em minutos. Este representa o menor tempo que o elemento cumpre com as especificações indicadas pelas siglas, ou seja, é o limite inferior de cada escalão. Os escalões são de 15, 30, 45, 60, 90, 120, 180, 240 e 360 minutos. Estas classificações são muito utilizadas na compartimentação para protecção a caminhos de evacuação ou anti-propagação de incêndio. Nestes casos estas portas devem ter sistemas que as mantenham sempre fechadas ou que as fechem quando o alarme é activado. As portas devem abrir sempre no sentido da fuga e em locais de maior ocupação devem ter barra anti-pânico.
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Figura 28: Exemplos de portas corta fogo para protecção de caminhos de evacuação
Para estes símbolos consideram-se as seguintes exigências: EF (Estável ao Fogo) – Elemento estável ao fogo, para elementos de suporte; PC (Pára-chamas) – Elemento que garante a estanquidade às chamas, aplicável a elementos de compartimentação; CF (Corta-fogo) – Elemento que garante a estanquidade e ao isolamento térmico, aplicável a elementos de compartimentação;
Figura 29: Significado da classificação da resistência de elementos construtivos ao fogo
Estas classificações são importantes de forma a garantir que em caso de incêndio os caminhos de evacuação dos ocupantes permanecem estáveis livres de fumo e de chamas e evitar a propagação rápida de incêndios pelos edifícios.
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Os caminhos de evacuação devem além disso estar devidamente indicados, isto é conseguido através da sinalização de emergência. Esta deve ser clara e legível indicando os percursos que os ocupantes devem seguir para atingir a saída do edifício.
Figura 30: Exemplos de sinalização de emergência (indicação saída de emergência)
Figura 31: Outro tipo de indicações de emergência: duche de emergência, lavagem de olhos, maca, primeiros socorros e telefone de emergência
Em Portugal é comum os pictogramas relacionados com incêndio serem vermelhos com as indicações em branco e os pictogramas relacionados com situações de emergência em geral serem verdes com as indicações em branco.
Figura 32: Exemplo de pictogramas relacionados com incêndios
Os sinais a indicar as saídas de emergência devem ter iluminação própria quando necessário, esta iluminação tem uma bateria própria que pode garantir que o sinal se mantenha iluminado após o corte da energia eléctrica. Isto é importante pois é comum haver o corte de energia nalguns tipos de emergência, como sejam os incêndios. Além destes sinais deve existir mais iluminação de segurança de modo a garantir que mesmo com o corte de energia os ocupantes conseguem deixar o edifício de forma segura. Esta é conseguida através da utilização de blocos autónomos que são constituídos por uma lâmpada de baixo consumo e uma bateria, a sua autonomia deve ser superior a uma hora. Este esquema também pode ser associado a luminárias comuns. 34
Figura 33: Exemplo de sinal de emergência com iluminação
Outro elemento obrigatório é a afixação de plantas de emergência em locais visíveis que se situem nos caminhos de evacuação. Estas plantas indicam disposição geral do andar do edifício em que o ocupante se encontra, a localização do ocupante, qual o caminho que deve seguir, procedimentos que deve ter, localização dos meios de accionamento de alarme e combate a incêndios ou outros e os números de telefone de emergência. Estas plantas contêm a informação mais relevante para os ocupantes em caso de emergência permitindo que estes procedam de forma mais rápida e eficiente quer no accionamento do alarme, combate ao incêndio ou ajuda a pessoas e na evacuação do local.
Figura 34: Exemplo de planta de emergência
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