UFCD
3545
HIGIENE DA PESSOA IDOSA NO DOMICÍLIO
Higiene da pessoa idosa no domicílio
ÍNDICE
Introdução...................................................................................................... 3 Âmbito do manual....................................................................................... 3 Objetivos..................................................................................................... 3 Conteúdos programáticos...........................................................................3 Carga horária.............................................................................................. 4 1.Cuidados de higiene.................................................................................... 5 1.1.Princípios gerais.................................................................................... 5 1.2.Cuidados parciais.................................................................................. 7 1.2.1.Cabelo............................................................................................. 7 1.2.2.Pele................................................................................................. 8 1.2.3.Ouvidos........................................................................................... 9 1.2.4.Olhos............................................................................................... 9 1.2.5.Boca - prótese, dentes e língua....................................................10 1.2.6.Mãos, pés e unhas........................................................................11 1.2.7.Períneo e órgãos genitais..............................................................12 1.3.Cuidados totais................................................................................... 16 1.3.1.Banho na banheira/chuveiro.........................................................16 1.4.A pessoa idosa dependente................................................................19 1.5.A pessoa idosa independente.............................................................22 2.Higiene geral............................................................................................. 24 2.1.Princípios gerais.................................................................................. 24 2.2.Limpeza e desinfeção do quarto.........................................................27
1
Higiene da pessoa idosa no domicílio
2.3.Limpeza e desinfeção das instalações sanitárias................................33 2.4.Limpeza e desinfeção das cozinhas....................................................37 2.5.Limpeza e desinfeção de outras instalações.......................................39 2.6.Limpeza e desinfeção do material de uso na higiene individual.........41 2.7.Limpeza e desinfeção das mãos.........................................................45 2.8.Esterilização e desinfeção...................................................................47 2.9.Lixos.................................................................................................... 49 Bibliografia................................................................................................... 51
2
Higiene da pessoa idosa no domicílio
Introdução Âmbito do manual O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação de curta duração nº 3545 – Higiene da pessoa idosa no domicílio, de acordo com o Catálogo Nacional de Qualificações.
Objetivos
Executar cuidados de higiene totais e parciais à pessoa idosa, conforme o seu grau de dependência.
Descrever e executar medidas de higiene geral relativas ao meio ambiente que envolve a pessoa idosa
Conteúdos programáticos
Cuidados de higiene o
o
Cuidados parciais
- Cabelo
- Pele
- Ouvidos
- Olhos
- Boca - prótese, dentes e língua
- Mãos
- Pés
- Unhas
- Períneo e órgãos genitais
Cuidados totais
3
Higiene da pessoa idosa no domicílio
- Banho na banheira/chuveiro
- Banho na cama
o
A pessoa idosa dependente
o
A pessoa idosa independente
Higiene geral o
Limpeza e desinfeção do quarto
o
Limpeza e desinfeção das instalações sanitárias
o
Limpeza e desinfeção das cozinhas
o
Limpeza e desinfeção de outras instalações
o
Limpeza e desinfeção do material de uso na higiene individual
o
Limpeza e desinfeção das mãos
o
Esterilização e desinfeção
o
Lixos
Carga horária
50 horas
4
Higiene da pessoa idosa no domicílio
1.Cuidados de higiene
1.1.Princípios gerais Durante a prestação de cuidados de higiene adequados ao Idoso e o seu consequente conforto físico e mental, deverão ser respeitados alguns aspetos:
Proporcionar higiene e conforto, promovendo a saúde e prevenindo a doença;
Avaliar grau de dependência;
Favorecer independência/autonomia (não substituir quando o Idoso tem capacidade para realizar determinada tarefa, incentivar ao autocuidado);
5
Higiene da pessoa idosa no domicílio
Observar todo o corpo, avaliando a integridade cutânea;
Promover a integridade cutânea (secar todas as pregas cutâneas e espaços interdigitais, aplicar creme e massajar todo o corpo, etc.);
Promover mobilização passiva e ativa;
Promover uma relação interpessoal com Idoso e Família (por exemplo: identificar-se, explicar procedimento, incentivar a colaborar);
Não impor nova rotina, se possível atender à vontade do Idoso e aos seus hábitos (por exemplo: hora e frequência do banho);
Verificar
condições
ambientais
(temperatura,
iluminação
e
ventilação);
Respeitar privacidade, dignidade e valores culturais do Idoso;
Assegurar as regras de segurança para o Idoso e para o Cuidador (grades e barras de proteção, tapetes antiderrapantes, não deixar o idoso sozinho, não deixar que tranque a porta, utilizar luvas, atender à ergonomia, etc.);
Estimular autoestima e autoimagem do Idoso (utilizar espelho, pentear, barbear, cuidar das unhas, etc.);
Atentar ao material invasivo do Idoso (sonda naso-gástrica, algálias, soros, catéteres, pensos, drenos, etc.);
Preparar todo o material anteriormente;
Iniciar higiene propriamente dita, pela cabeça em direção aos pés, partindo da parte mais limpa para a mais suja;
Utilizar material de uso pessoal e se possível descartável;
Promover trabalho em equipa, integrando o Idoso e Família na mesma;
Se surgirem dúvidas, problemas ou alterações comunicar à família ou outro elemento responsável da Equipa;
Atender a salubridade do meio envolvente do Idoso.
6
Higiene da pessoa idosa no domicílio
1.2.Cuidados parciais
1.2.1.Cabelo Os cuidados básicos dos cabelos incluem: observar, lavar, escovar, pentear e cortar. Atender a alguns aspetos importantes: 1. Reunir o material necessário: luvas, bacia, caneca, toalhas ou resguardo, produtos de higiene do Idoso, pente, escova, tesoura, secador, etc.; 2. Se possível lavar cabelo no chuveiro; 3. Observar alterações do couro cabeludo (lesões, parasitas, etc.); 4. Aplicar produtos do idoso; 5. Respeitar hábitos do Idoso (frequência de lavagem, no caso das senhoras a ida ao cabeleireiro, etc.);
7
Higiene da pessoa idosa no domicílio
6. Massajar couro cabeludo com as pontas dos dedos; 7. Se possível manter o cabelo do Idoso curto, cortando se necessário e houver consenso; 8. Considerar cabeleiras postiças; 9. Lavar o cabelo no leito.
1.2.2.Pele A pele é o maior órgão do corpo humano, possuindo enumeras funções, entre elas:
Proteção física e imunitária; Proteção da desidratação; Regulação da temperatura corporal (por exemplo, sudação); Funções metabólicas (por exemplo a luz solar faz com que o
organismo produza Vitamina D); Órgão dos sentidos (tato).
Como tal a higiene de toda a superfície corporal é indispensável, tendo em conta alguns detalhes: Produtos utilizados Em Idosos semi-dependentes, sem alterações da pele pode-se utilizar sabão, sabonete ou gel de banho convencional, no entanto em idosos dependentes deverá ser utilizado sabão hipoalergénico, pois tem menor potencial de provocar alergias, promove higiene e não carece de passar por água limpa. Poder-se-á aplicar cremes ou óleos, dando preferência ao creme hidratante. Não utilizar pós (talco), pois impedem os poros da pele de respirar.
8
Higiene da pessoa idosa no domicílio
Verificar alterações de toda a pele, desde feridas por traumatismos ou pressão,
alergias,
desidratação,
alterações
da
pigmentação,
da
temperatura, sensibilidade, etc. Durante o banho dever-se-á reunir condições para promover um momento agradável, de diálogo com o Idoso (evitar falar apenas com o outro elemento que presta cuidados, esquecendo o Idoso), conversando sobre situações positivas e do interesse do Idoso.
1.2.3.Ouvidos A sujidade nos ouvidos e orelhas pode provocar ulceração e infeção, pelo que também devem ser considerados determinados aspetos importantes na sua higiene: 1. Durante o banho lavar com água e sabão as orelhas, não esquecendo a parte posterior da mesma; 2. Preparar material necessário: luvas, toalhetes, algodão, cotonetes, etc.; 3. Utilizar toalhete, algodão ou cotonete, mas sem introduzir no ouvido, pois pode traumatizar o tímpano e o objetivo é retirar a sujidade e não introduzi-la no ouvido; 4. Observar presença de cerúmen (cera); 5. Observar alterações; 6. Considerar próteses auditivas.
1.2.4.Olhos Os olhos devem ser lavados durante o banho, com água (alguns produtos podem provocar irritação), no entanto por vezes é necessário promover uma higiene particular, em caso de excesso de secreção ocular.
9
Higiene da pessoa idosa no domicílio
A limpeza dos olhos deve ser realizada com compressas, utilizando o soro fisiológico. Sendo necessária uma compressa para cada olho. 1. Reunir o material necessário: luvas, compressas e soro fisiológico; 2. Com
uma
compressa
embebida
em
soro
fisiológico,
passar
suavemente no olho de dentro para fora, a fim de limpar todas as secreções existentes; 3. Repetir o procedimento no outro olho, utilizando nova compressa; 4. Observar alterações do olho, considerar conjuntivites e irritações, etc.;
1.2.5.Boca - prótese, dentes e língua A higiene oral deverá ser realizada idealmente após cada refeição e sempre que necessário. Os objetivos da higiene oral centram-se na necessidade de manter a boca limpa e húmida, ajudar a conservar os dentes e mucosa oral, remover restos alimentares, massajar as gengivas, estimular a circulação e prevenir complicações. Prestar atenção especial a Idosos com presença de sonda nasogástrica ou necessidade de aspiração de secreções, tendem a apresentar maior acumulação de sujidade na boca e maior desidratação da mucosa oral. Pelo que é fundamental a higiene cuidada da mesma. Dever-se-á trocar o adesivo de fixação da sonda nasogástrica diariamente, após o banho. Se o Idoso for capaz de se auto-cuidar, deverá ser realizada supervisão e, se necessário ensino. Caso contrário, deverão ser seguidas as seguintes instruções: 1. Reunir todo o material: luvas, escova de dentes ou espátula com compressa, pasta dentífrica, antisséptico oral, copo, bacia, toalha, resguardos, palhinha, vaselina ou pomadas.
10
Higiene da pessoa idosa no domicílio
2. Posicionar o Idoso, de preferência sentado, ou em decúbito lateral (de lado) se Idoso inconsciente; 3. Associar, no copo, o antisséptico e a água em partes iguais; 4. Se
possível
pedir
ao
Doente
para
gargarejar
com
o
líquido
previamente preparado (podendo utilizar a palhinha), relembrando que não pode deglutir. 5. Embeber a espátula envolvida com compressa ou escova de dentes na mesma solução preparada anteriormente; 6. Realizar a limpeza da língua do idoso, movendo-a de um lado para o outro para evitar provocar o vómito. Não esquecer de limpar também as partes laterais, inferior e palato (céu da boca), além das gengivas; 7. No caso do Idoso possuir prótese dentária, esta deve ser retirada e lavada (água morna), escova e pasta de dentes, devendo-se lavar a boca normalmente como anteriormente foi referido; colocar prótese dentária em locais adequados (não embrulhar em lenços ou outro material). 8. Hidratar
os
lábios
do
Idoso
com
vaselina
ou
outro
produto
semelhante. 9. No caso de Idosos semi-dependentes, promover uma correta higiene oral, aconselhando escovar os dentes após as refeições, lavando todas as faces dos dentes, língua, gengivas, palato e parte interna das bochechas, em movimentos circulares, utilizando uma escova com cerdas suaves. Pode também ser aconselhada a utilização do fio dentário.
1.2.6.Mãos, pés e unhas Os Idosos costumam apresentar sérios problemas nas mãos e pés, devido a alterações circulatórias, deformidades ósseas, diabetes, etc.
11
Higiene da pessoa idosa no domicílio
Os objetivos principais da sua higiene são: prevenir a infeção ou inflamação, evitar traumatismo devido a unhas encravadas, longas ou ásperas, evitar acumulação de sujidade, etc. Os cuidados a ter em conta são: 1. Preparar material necessário: luvas, bacia, esponja, toalhas, sabão, tesoura ou corta-unhas, creme, óleo, vaselina, etc. 2. Durante o banho, lavar com água e sabão, introduzir as mãos e os pés do Idoso na bacia de água (posteriormente trocar de água), lavando especialmente as unhas e espaços interdigitais, assim como ter o cuidado de secar bem os mesmos; 3. Hidratar com creme, óleos ou aplicar vaselina nos locais de maior calosidade (por exemplo os calcanhares); 4. Cuidar das unhas, corta-las ou lima-las se necessário (cortando de forma reta e não muito próximo da pele), amolecendo-as previamente em água morna; 5. Observar as alterações dos pés, mãos e unhas, verificando presença de lesões cutâneas; 6. Não cortar calosidades (pode provocar hemorragia); 7. Considerar micoses (usar instrumentos de uso pessoal ou desinfetálos).
1.2.7.Períneo e órgãos genitais A higiene perineal refere-se à limpeza dos genitais externos e região circundante, que normalmente é realizada durante o banho. No entanto, em Idosos dependentes, há necessidade de realizar os cuidados perineais várias vezes ao dia. Este facto deve-se a situações como: infeções geniturinárias,
incontinência
fecal
e
urinária,
secreções
excessivas,
irritações ou escoriações, presença de algália, cirurgia perineal, etc. O Períneo está localizado entre as coxas e estende-se desde o topo dos ossos pélvicos até ao ânus, contendo as estruturas anatómicas sensíveis, relacionadas com a sexualidade, eliminação e reprodução.
12
Higiene da pessoa idosa no domicílio
Os cuidados perineais são providenciados com a finalidade de prevenir a infeção, promover a saúde e conforto. Devido a existência de vários orifícios no períneo, esta é uma área vulnerável a entrada de microrganismos patogénicos. Para a realização dos cuidados perineais dever-se-á: 1. Reunir
material
necessário:
luvas,
bacia,
aparadeira,
urinol,
dispositivo urinário, saco coletor, esponjas, toalhas, resguardos, cremes, sabão, fralda, pomadas, etc.; 2. Questionar o Idoso se pretende urinar ou evacuar antes de proceder a higiene perineal. Colocar urinol ou aparadeira, se necessário; 3. Colocar o Idoso em decúbito dorsal (barriga para cima), se possível com pernas fletidas, lavar a região de eliminação urinária e posteriormente, colocar o Idoso de decúbito lateral (de lado) para proceder a higiene da região de eliminação intestinal: a.
Homem: começar a lavar com movimentos circulares pela ponta do pénis, puxando o prepúcio para baixo e lavando a glande, posteriormente o pénis e o escroto (não esquecer de voltar
a
colocar
o
prepúcio
na
sua
posição
normal,
nomeadamente em caso de Idoso não circuncisado); a estimulação da glande pode provocar ereção, pelo que este procedimento
deverá
ser
realizado
com
respeito
pela
privacidade do Idoso e num ambiente de descontração; b. Mulher: lavar da frente para trás (do meato urinário para orifício vaginal e posteriormente para a região anal), prestando atenção à sujidade acumulada entre os lábios, utilizando uma mão para afastar os lábios e outra para lavar; poder-se-á utilizar uma esponja ou uma caneca de água para conseguir obter maior eficácia.
13
Higiene da pessoa idosa no domicílio
4. Lavar da zona limpa para a zona suja; 5. Promover a privacidade do Idoso; 6. Observar alterações;
7. Atender ao Idoso algaliado: que apresenta um risco de infeção aumentado, pelo que devem ser tomadas as devidas precauções, tais como: a. Algaliação deverá ser realizada por Enfermeiro; b. Manter o saco coletor abaixo do nível da bexiga (para a urina não refluir novamente); c. Não desadaptar saco da algália, exceto se o saco se romper e for necessário substituir; d. Despejar a urina do saco coletor várias vezes ao dia (2 a 3 vezes e sempre que necessário); e. Observar as características da urina e a quantidade (urina f.
concentrada, urina com sangue ou coágulos, etc.); Verificar se a algália ou tubo do saco coletor não fica dobrada
ou a traumatizar alguma parte do corpo do Idoso; g. Considerar perdas extra-algália e Idosos que não usam saco coletor; 8. Ponderar colocação de dispositivo urinário: que é uma película fina de borracha, que se encaixa no pénis, semelhante a um preservativo, mas com orifício na extremidade, para ser conectado ao saco coletor. Coloca-se da seguinte forma: a. Realizar a tricotomia da região (retirar pêlos com Gillette onde o adesivo vai colar); b. Lavar o pénis com água e sabão, secando bem; c. Observar a pele, se houver alguma lesão, não colocar; d. Colocar o dispositivo como se fosse um preservativo e deixar espaço livre na ponta do pénis;
14
Higiene da pessoa idosa no domicílio
e. Colocar adesivo próprio ou antialérgico em torno do dispositivo, metade no mesmo e metade sobre a pele, não deixando muito f.
apertado; Conectar o saco coletor.
15
Higiene da pessoa idosa no domicílio
1.3.Cuidados totais
1.3.1.Banho na banheira/chuveiro 1.º – Preparar todo o material necessário:
Luvas e aventais descartáveis
Esponja
Sabão líquido neutro
Uma bacia com água tépida (se banho na cama)
Toalhas limpas
Creme hidratante e antialérgico
Escova ou pente para o cabelo
Escova de dentes e pasta dentífrica ou elixir
Fraldas descartáveis, se necessário
Sacos de plástico para o lixo e para a roupa suja
16
Higiene da pessoa idosa no domicílio
Roupa limpa para o idoso e/ou para a cama
Se o banho é no chuveiro:
Temperar a água, tendo o cuidado de não queimar a pessoa ou provocar desconforto
Começar sempre pela cabeça, em direção aos pés.
Lavar a cabeça, cara e orelhas do idoso.
Seguem-se o pescoço, braços, axilas, costas, pernas e pés, entre os dedos e, por fim, partes genitais.
Secar o corpo com toalha macia, sem esfregar.
Aplicar creme hidratante no corpo.
Vestir a pessoa e penteá-la.
Não esquecer a lavagem da boca, usando uma escova de dentes ou compressas embebidas em elixir ou pedir ao idoso para bochechar.
Verificar sempre se não existem secreções, feridas, caspa ou parasitas.
Cortar as unhas, cuidar dos cabelos e toda a aparência do idoso.
Se o banho é na cama:
Temperar a água, tendo o cuidado de não queimar a pessoa ou provocar desconforto.
O idoso deve ser lavado com uma esponja embebida em água e sabão, ou com um gel de banho hipoalergénico.
Iniciar a higiene com a limpeza dos olhos, usando uma compressa com água ou soro fisiológico para cada olho, limpando sempre de dentro para fora, de uma só vez.
De seguida: lavar a cara, as orelhas e a cabeça. A lavagem desta deve ser feita com regularidade, devendo, contudo, respeitar a vontade do idoso, sempre que possível.
17
Higiene da pessoa idosa no domicílio
Lavar os braços e o tronco e seguir para as pernas e os pés, secando o corpo à medida que lava e tapando-o.
Aspetos importantes:
Promover uma relação interpessoal e agradável com o idoso durante o banho.
Respeitar a sua vontade, privacidade e integridade.
Retirar todos os objetos das mãos que possam ferir o idoso
Usar um par de luvas para cada idoso e lavar SEMPRE as mãos antes e depois de cada higiene, de forma a evitar infeções.
Começar os cuidados de higiene sempre das partes mais limpas para as partes mais sujas, (da cabeça para os pés)
Observar o corpo e detetar todas as feridas que possam ter
Ter atenção à fragilidade da pele, tanto ao lavar como a secar o corpo.
Ter especial cuidado nos movimentos com idosos dependentes quer seja da cama para a cadeira, ou para o local do chuveiro, devendo desviar-se tudo o que possa magoá-los.
Retirar sempre as placas dentárias e lavá-las ou incentivar o idoso a limpá-las. Estas só devem ser colocadas depois da limpeza da boca, que nunca deve ser deixada para trás, mesmo em pessoas sem dentes, para se evitar infeções.
18
Higiene da pessoa idosa no domicílio
1.4.A pessoa idosa dependente
O idoso considera-se dependente quando não é capaz de cuidar de si, necessitando de ajuda total do cuidador. Existem variados graus de dependência, entre os idosos:
Baixa dependência: onde os idosos são apenas supervisionados em todas as suas tarefas e atividades de vida diária. Muitas vezes, são idosos saudáveis, mas de idade bastante avançada.
Média dependência: os idosos, aqui, encontram-se numa situação em que necessitam não só de supervisão, mas também de ajuda efetiva de cuidador, no desempenho de algumas atividades básicas, como tomar banho, tomar medicamentos, ir ao médico, etc. São os idosos que
apresentam
alguma
deficiência
ou
doença,
tais
como
19
Higiene da pessoa idosa no domicílio
osteoartrose importante, patologias cardíacas, deficit visual ou auditivo, etc.
Elevada
dependência:
os
idosos
com
elevada
dependência
necessitam diariamente do auxílio intensivo de cuidadores, não tendo capacidade para desempenhar mais qualquer tipo de atividades de vida diária (AVD). São os idosos já com um processo avançado de doenças incapacitantes. Os residentes têm de permanecer o menos possível na cama ou em situações
de
menor
autonomia.
Quando,
por
doença
ou
especial
incapacidade, tenham de permanecer mais tempo nessa situação, isso não significa que necessitem de menos cuidados de higiene - antes pelo contrário - nem que a sua apresentação estética tenha menos importância. Nestes casos há que ter especial atenção ao risco de úlceras de pressão. Elas podem surgir mesmo quando se usam os equipamentos necessários camas articuladas, colchões anti-escaras, cadeiras de rodas. Na maior parte das vezes, resultam de uma prestação de cuidados inadequada relacionada, por exemplo, com a insuficiente mobilização ou mobilidade do residente com as roupas e a forma como se fazem e mudam as camas, ou com maneiras inapropriadas de proceder à higiene. Assume assim importância essencial uma formação cuidada, também nesta área, por parte dos colaboradores remunerados e voluntários. Alguns residentes podem necessitar de ajuda para utilizar a casa de banho. Podem ter problemas de mobilidade, o que torna difícil a sua deslocação. Este problema é mais premente se a necessidade de usar a casa de banho for frequente. Pode haver situações de “urgência” em que o residente não chega à casa de banho a tempo. É muito perturbador tomar consciência de que se necessita de outrem para se poder utilizar a casa de banho. O próprio ato de pedir ajuda para esse fim pode ser bastante embaraçoso. Por isso, é fundamental que o colaborador
20
Higiene da pessoa idosa no domicílio
desenvolva excelentes capacidades de comunicação e saiba mostrar-se acessível, disponível e compreensivo. Acima de tudo, o residente deve sentir que estamos a ajudá-lo a manter a sua independência e autonomia. O apoio que lhe prestamos nos cuidados de higiene
deve
pautar-se
pelo
respeito
dos
residentes
à
dignidade,
privacidade e confidencialidade.
21
Higiene da pessoa idosa no domicílio
1.5.A pessoa idosa independente
O idoso é independente se não necessita de pessoas e/ou meios para substituição funcional. A funcionalidade é uma dimensão predominante para a avaliação da situação de perda de autonomia do idoso. A capacidade funcional corresponde a que o indivíduo possa cuidar de si próprio, desempenhando tarefas de cuidados pessoais e de adaptação ao meio em que vive. A capacidade funcional para desempenhar as tarefas do dia-a-dia, traz benefícios tanto para a saúde física e mental, como determina o bem-estar social. Por mais independente que seja um idoso, os cuidados gerais que necessitam podem passar por alguma ou até muita ajuda externa. Um idoso pode precisar de ajuda para fazer a sua higiene pessoal, para ir às compras e/ou confecionar as suas refeições, para efetuar a limpeza da casa, para ir ao médico, ver o correio e pagar as contas, entre muitas outras tarefas do dia-a-dia.
22
Higiene da pessoa idosa no domicílio
A incorreta determinação do nível adequado de cuidados pode ter consequências potencialmente negativas. Se forem prestados cuidados mais intensos que os necessários, o idoso pode tornar-se mais dependente. Por outro lado, se os cuidados forem menos do que os necessários, o idoso pode ser prejudicado na sua qualidade de vida. Não só os idosos sofrem consequências, mas também os prestadores de cuidados, que, de uma forma ou de outra, ficam sobrecarregados. O planeamento de intervenção deve ser feito de acordo com as necessidades reais. Para que o envelhecimento seja uma experiência bemsucedida há que promover a autonomia e independência.
23
Higiene da pessoa idosa no domicílio
2.Higiene geral 2.1.Princípios gerais
A higiene e limpeza do domicílio é um serviço que visa promover o bemestar, conforto e qualidade da vida do utente. O Serviço pode assumir a higiene e limpeza no domicílio, sempre que o utente o solicite, devendo dar especial prioridade nas situações em que este, independentemente da causa, se veja impossibilitado de assegurar tal atividade. Para o efeito, deve elaborar um programa de higiene e limpeza do domicílio do utente, no qual devem constar, pelo menos os seguintes elementos:
24
Higiene da pessoa idosa no domicílio
O âmbito, espaços de limpeza e arranjo da casa, e respetivas tarefas
e periodicidade; Os responsáveis pela execução e supervisão; Os horários diários de prestação do serviço; Os recursos necessários, p.e. utensílios/instrumento de apoio à ação
e/ou tarefa produtos de higiene ambiental, entre outros; A participação e grau de implicação do utente e/ou pessoa(s) próxima(s) nalgumas tarefas.
O programa de higiene e limpeza no domicílio do utente deve estar adequado às necessidades e expectativas dos utentes, respeitar os serviços contratualizados com o utente e/ou família, assim como a privacidade, hábitos, confidencialidade e segurança do utente. Poderão fazer parte da atividade de higiene e limpeza no domicílio, entre outras, as seguintes ações e/ou tarefas: Limpar e higienizar Varrer; Aspirar; Limpar o pó; Limpar bancadas, vidros, espelhos; Lavar sanitários, paredes, azulejos, eletrodomésticos, janelas Polir superfícies e objetos que o exijam; Instalações sanitárias e cozinha; Remover manchas simples das instalações sanitárias ou demais espaços habitacionais. Arrumar Arejar a casa; Mudar a roupa e fazer a cama; Recolher e deitar o lixo fora; Mudar e repor peças de roupa, p.e. toalhas na(s) instalação(ões)
sanitária(s), roupa de cama entre outros; Arrumar gavetas, armários, etc. Retirar e recolocar os pertences do utente nos espaços definidos.
As tarefas de limpeza podem ser feitas de várias maneiras de modo a cumprirem os seus objetivos com o mínimo de esforço pessoal, bom uso de
25
Higiene da pessoa idosa no domicílio
tempo e sem desperdícios, tanto de produtos e materiais de limpeza ou energia para operar esse tipo de equipamento. Em alguns estabelecimentos, por cada nova tarefa são propostas técnicas detalhadas: Que tipo de material usar; Que equipamento usar; O padrão pretendido; Como estabelecer o trabalho; Que sequência seguir; Quanto tempo deverá durar.
26
Higiene da pessoa idosa no domicílio
2.2.Limpeza e desinfeção do quarto
Cama As camas deverão ser arejadas diariamente, puxando a roupa até aos pés, para que a humidade libertada pelo corpo durante o sono se liberte e o colchão e os lençóis, sequem. A roupa durará mais tempo e o sono será mais agradável. As camas deverão ser sempre feitas antes de se limpar o quarto, para que o pó levantado durante as limpezas, não suje as roupas. Aspetos importantes na abertura de camas: Quando desfizer a cama evite bater na roupa da cama, pois isto pode espalhar pó e bactérias no quarto. Cada objeto deve ser dobrado para
o centro da cama; Nunca coloque cobertores ou roupa limpa no chão. Ponha a roupa suja diretamente no contentor destinado a ela – saco da roupa;
27
Higiene da pessoa idosa no domicílio
Assegure-se que o ocupante da cama dorme entre os lados direitos
dos lençóis; A dobra do lençol superior deve ter um tamanho de 20 cm e estar a
10 cm da cabeceira; A abertura lateral da fronha não deve ser visível – para baixo e para o
centro da cama; Faça as dobras corretamente;
A Estrutura da cama deve ser aspirada, periodicamente Aproveita-se, quando se vira o colchão. Para a cabeceira, se for em tecido, utiliza-se a escova macia do aspirador. Para as ripas de madeira, o acessório das fendas. Regularmente, afasta-se da parede e do local onde se encontra para se aspirar o chão e limpar a parede. Chão Os pavimentos podem ser dos mais variados materiais e, assim, o tratamento diário ou periódico dependerá da natureza dos mesmos. A seguir, será explicada a manutenção dos mais usuais. Ladrilhos (cerâmicos) Lavam-se com uma mistura de água e detergente para o chão, aplicada com uma esfregona. Não esquecer de vez em quando lavar as juntas com uma escova, para não ficarem negras. Madeira, placas de cortiça ou parquete (tacos) Hoje em dia, a madeira e as placas de cortiça são já tratadas, polidas e impermeabilizadas,
facilitando
muito
a
limpeza
e
manutenção
dos
pavimentos. No dia-a-dia, basta passar uma esfregona previamente molhada em água e muito bem torcida. Esporadicamente, pode aplicar-se uma cera líquida ou um abrilhantador próprio, o que dará um aspeto mais brilhante, como novo. A madeira encerada, não deve ser lavada. Se o pavimento estiver sujo, deverá ser limpo com um pano húmido, só no local da nódoa.
28
Higiene da pessoa idosa no domicílio
Lavagem de alcatifas Mesmo aspiradas, as alcatifas têm de ser lavadas ocasionalmente. Podem sê-lo com um aparelho apropriado ou contratar um serviço especial. Verificar se estão bem presas, para que não deformem nem encolham. Escovar antes de lavar. Não as encharcar. Se estiverem pouco sujas, poderão ser limpas, apenas com água e um pano. No caso de estarem muito sujas, aplica-se um champô apropriado, seguindo rigorosamente as instruções, não alterando nem as quantidades, nem as diluições. A manutenção das alcatifas é mais fácil, se existir uma máquina de injeçãoextração que poderá utilizar-se com uma certa frequência, evitando que a sujidade se acumule. Lavagem de carpetes e tapetes Idêntica à das alcatifas. Antes de se lavarem, põem-se no estendal e batemse energicamente com a vassoura ou uma raqueta velha. Se forem lavados à mão, sê-lo-ão com água morna e detergente em pó. Deverão ser secos na horizontal e bem esticados, para não perderem a forma inicial. Se a sua composição permitir a lavagem na máquina, deverá fazer-se uma centrifugação ligeira. Lençóis Deve haver especial cuidado no manuseamento e lavagem dos lençóis dos utentes, pois como se trata de roupa exposta a diversas secreções corporais pode ocorrer o risco de contaminação. Pelo mesmo motivo, é usual estes possuírem nódoas de difícil remoção. Deve-se:
Pré-lavar todas as peças antes de usar.
Lavar as peças separadas das demais roupas,
Escolher um detergente de lavagem suave
29
Higiene da pessoa idosa no domicílio
As roupas de cama sejam de algodão puro ou misto, devem ser lavadas em água morna.
Almofadas Existem diversas qualidades. As de enchimento natural (penas), não são muito aconselháveis pois podem causar alergias e são de mais difícil manutenção. As de espuma, devem ser batidas todos os dias, pois deformam-se. Regularmente, deverão ser arejadas pendurando-as no estendal, qualquer que seja o seu tipo. Não deverão ser lavadas com muita frequência, para não se deformarem. Para as proteger, deverá colocar-se uma forra, antes da fronha. A abertura de fronha deverá ficar no lado oposto ao da forra. Quando se lavarem, deverão seguir-se as instruções das etiquetas. Antes de as meter na máquina (também podem ser lavadas à mão), verificar se esta comporta o seu peso, depois de molhadas. Terão de ser bem secas e arejadas, antes de serem guardadas ou colocadas a uso. A limpeza a seco não é muito aconselhável, pois poderão ficar resíduos de produtos químicos, que serão inalados durante o sono. Cobertores Os cobertores que não estão a uso, devem ser guardados (depois de lavados) em sacos de plástico bem fechados e com naftalina, se forem de lã. Poderá lavar-se um cobertor na máquina, desde que caiba bem. Senão lavase na banheira com um detergente líquido (mais fácil de remover que em pó) e depois enxagua-se em diversas águas, tendo a última um pouco de amaciador. Para o espremer, comprime-se entre as mãos, sem torcer, para não o deformar. Edredões No fim do Inverno devem ser limpos, conforme as indicações das etiquetas. Colchões
30
Higiene da pessoa idosa no domicílio
Deverão ser protegidos por um resguardo (mudado regularmente), para absorverem menos poeira e humidade. Viram-se de vez em quando, para evitar deformações., assim como se invertem dos pés para a cabeça. Em novos, procede-se a esta operação com maior frequência e depois será suficiente 2 ou 3 vezes por ano. O pó do colchão de molas, limpa-se com uma escova e com o aspirador (com a escova macia) com pouca sucção. O de espuma, será aspirado com o acessório para frestas, também com pouca sucção. Tem de haver cuidado para não arrancar botões, pespontos ou danificar o enchimento. O resguardo é muito importante, pois além de proteger o colchão, dá mais conforto á cama e ajuda a fixar o lençol. As manchas de sangue, são removidas com uma pasta espessa formada por bicarbonato de sódio e muito pouca água. Põe-se o colchão de lado, para não absorver a água. Quando a pasta secar, escova-se. Repete-se, até a nódoa sair. Por fim, passa-se uma esponja com água fria salgada. Objetos pessoais Livros Limpam-se, um a um, soprando primeiro o pó da parte superior, para que não se entranhe. Depois, apertando bem, limpa-se com um pano ou espanador, ou escova macia. Quadros e Molduras Deverão ser limpos com um espanador, com muito cuidado. Cestos Aspira-se com a escova do aspirador e depois passa-se um pano húmido, com precaução, para não ficarem fios agarrados. Flores secas Limpam-se com um espanador (cuidado para não largar pêlos) ou com o secador em baixa potência e pouco quente.
31
Higiene da pessoa idosa no domicílio
Plantas de interior Como é pelas folhas que as plantas respiram, é necessário que estas estejam sempre limpas. Limpa-se o pó com um pano seco e depois molhamse (as de folha larga). A água deve ser posta, à temperatura ambiente. Espelhos Os espelhos deverão ser limpos com limpa-vidros e não com água, pois esta pode penetrar através do vidro e danificar o espelhado.
2.3.Limpeza e desinfeção das instalações sanitárias
Loiças A casa de banho deverá ser limpa pelo método “ferradura”, começando por lavar as superfícies superiores (espelhos, armários, prateleiras, apliques, etc.) e depois as superfícies mais baixas (loiças sanitárias, toalheiros, etc.). Depois de lavadas e enxaguadas as loiças, cortinado da banheira ou duche, torneiras e azulejos, deverão ser secos com um pano que não largue pêlo.
32
Higiene da pessoa idosa no domicílio
Não deverão usar-se
toalhas utilizadas na limpeza das instalações
sanitárias, para não haver propagação de bactérias. Não esquecer de verificar se há algum cabelo no chão ou nas loiças. Verificar e a quantidade de papel higiénico. Banheira de porcelana vidrada ou esmaltada Não se usam produtos abrasivos, pois tornam a superfície da banheira baça. Se houver manchas persistentes, sairão com diluente. Em seguida enxaguase com água quente e detergente próprio para loiças e seca-se com um pano. Repete-se a operação tantas vezes quantas forem necessárias, não deixando atuar o diluente muito tempo, para não danificar o esmalte. Às torneiras que pingam, deve mudar-se a válvula de imediato, pois mancham o esmalte, deixando muitas vezes um rasto de ferrugem. O bolor que se forma na junta de ligação entre a banheira e a parede, elimina-se com uma escova de dentes velha, embebida em lixívia e enxagua-se, passando depois um produto de limpeza que contenha fungicida, para retardar o aparecimento de bolores. Ao lavar as loiças sanitárias, deverá começar-se com água fria, passando-se depois para a quente. Assim, os espelhos e vidros das janelas não embaciam tanto. Outra solução para evitar o embaciamento, é a utilização de um antiembaciante
para
automóveis,
que
se
comprará
numa
casa
da
especialidade. Os espelhos deverão ser limpos com limpa-vidros e não com água, pois esta pode penetrar através do vidro e danificar o espelhado. Tapete de borracha Lavam-se os orifícios e as rugosidades (ventosas p/ aderência), que é onde se acumula mais sujidade, esfregando com uma escova e água com detergente para a loiça. Enxagua-se, abundantemente.
33
Higiene da pessoa idosa no domicílio
Ralos Lavar, uma vez por semana, com um escovilhão (escova para lavar garrafas e biberões), para evitar a acumulação de cabelos ou pêlos dos panos de limpeza. Deitar nos orifícios uns pingos de lixívia, deixar atuar um pouco e enxaguar, pois desinfeta e elimina maus cheiros. Lavatório e bidé O processo de limpeza é idêntico ao da banheira. Sanita Deve puxar-se o autoclismo e limpar-se com o piaçaba, a cada utilização. Não deve usar-se lixívia, mas se tal acontecer não deve deixar-se atuar mais de 5 minutos. Deve aplicar-se um desinfetante, que limpa e refresca. Tampa da sanita Lavar, diariamente, a parte superior e inferior, com um pano embebido em água morna e desinfetante e secar, após uma pausa para atuar, com um pano exclusivo para tal. Lavar as borrachas de apoio regularmente. Periodicamente, retirar a tampa e lavá-la em água corrente. Assim, eliminam-se resíduos de urina, acumulados à volta dos parafusos. Piaçaba Lavar regularmente com água quente (não excessivamente, para não estragar as cerdas) e detergente, enxaguando depois com água e desinfetante. Não esquecer de lavar o recipiente e o cabo. Torneiras cromadas Limpar com um pano húmido e secar com outro macio ou uma camurça. Manchas de gordura saem com detergente para a loiça. As de calcário saem esfregando com limão ou vinagre. Noutras manchas, aplica-se um produto ou algodão para limpeza de metais, que não seja abrasivo. Chão O mosaico do chão da casa de banho tem a limpeza facilitada, pois basta passar a esfregona com água e detergente. Se não tiver qualquer tratamento, deve ser esfregado, enxaguado e seco.
34
Higiene da pessoa idosa no domicílio
Ao lavar o chão, deverão utilizar-se dois baldes. Um com o produto de limpeza e outro com água limpa, de preferência, morna. Molha-se o pano ou a esfregona no produto e lava-se uma parte do chão. Em seguida, mergulha-se na água e depois novamente no produto. Deste modo, não se lava o chão com água suja. A água de enxaguar deverá ser mudada com frequência. Roupa Em cada casa de banho devem existir:
Toalhas de Banho
Toalhas de Rosto;
Toalhas de bidé;
Tapetes de banho.
As toalhas devem ser absorventes (feitas de uma fibra que absorva a sujidade), fortes para resistirem ao uso constante, higiénicas e capazes de suportar lavagens a altas temperaturas.
2.4.Limpeza e desinfeção das cozinhas
35
Higiene da pessoa idosa no domicílio
A cozinha deverá estar sempre limpa, pois é aí que se preparam os alimentos e, devido à temperatura mais elevada e à humidade (fogão, forno, máquina de loiça, etc.), mais facilmente se propagam bactérias e fungos. Armários Devem retirar-se todos os alimentos, antes de começar a limpá-los e aproveitar para deitar fora, os que sejam mais antigos. Lava-se com água e detergente para a loiça e passa-se depois com água morna e seca-se com uma toalha velha. Deixar passar algum tempo, antes de voltar a colocar os alimentos e loiças, para que passe o efeito dos produtos de limpeza e os odores. Não é necessário forrar os armários, exceto se forem de madeira não tratada. No entanto, não deve usar-se papel autocolante, pois a cola pode atrair determinados bichos, que se alimentam desta. Bancadas
36
Higiene da pessoa idosa no domicílio
Devem estar sempre limpas e secas. As manchas em superfícies de pedra, podem ser removidas com esfregão de palha-de-aço fina. Em superfícies rugosas, as manchas são retiradas com água e detergente para a loiça, esfregando em círculos, com uma escova dura. Em superfícies de azulejos, a limpeza pode ser feita com vinagre puro ou água e detergente para superfícies. Os resíduos que se alojam nas juntas, são removidos com água e lixívia, esfregando com uma escova de dentes (ou de unhas) velha e enxaguando em seguida. Nas bancadas em mármore, deverá haver muito cuidado no contacto com produtos ácidos, tal como o vinagre e o limão, pois eles corroem a superfície. Tábuas de corte Devem ser limpas e muito bem esfregadas após cada utilização. Às de madeira, deve raspar-se um pouco da superfície, de vez em quando. Hoje em dia, utilizam-se mais as tábuas em plástico, porque são mais fáceis de limpar e não há tanta infiltração de bactérias.
2.5.Limpeza e desinfeção de outras instalações
37
Higiene da pessoa idosa no domicílio
Salas de estar/ convívio Os procedimentos para levar a cabo a limpeza periódica de uma sala mobilada são: Retire todo o lixo Esvazie o local tanto quanto possível de mobiliário e acessórios. Envie
as cortinas para a lavandaria ou limpeza a seco. Cubra todo o mobiliário que não possa ser removido com lençóis de
proteção Varra e aspire as paredes e tetos. Em seguida lave. Não esquecer os
rodapés e os radiadores Lave as portas e janelas, incluindo as soleiras Limpe o pó das luzes fixas e dos focos. Esses acessórios devem ser lavados com detergente neutro e depois postos a secar antes de
serem de novo postos nos seus lugares. Aspire e ensaboe o mobiliário estofado. Limpe a parte não estofada
do mobiliário e outros acessórios do mesmo. Aspire e ensaboe as carpetes, e encere. Limpe com um pano de
camurça os pavimentos que o necessitarem. Lave os acessórios, como quadros, espelhos, ornamentos, cinzeiros, etc.
38
Higiene da pessoa idosa no domicílio
Ponha todos os acessórios e mobiliário de novo no lugar, na sua
posição original. Verifique se tudo funciona corretamente e registe qualquer falha ou dano.
39
Higiene da pessoa idosa no domicílio
2.6.Limpeza e desinfeção do material de uso na higiene individual
Conservação Os tecidos descartáveis para limpeza devem ser colocados num saco de lixo depois de usados. Não se deverá repetir o seu uso, pois não são feitos para este tipo de uso e começam a desfazer-se. Os tecidos de limpeza de algodão ou esponja devem ser lavados numa solução de detergente neutro, enxaguados em água abundante e postos de seguida a secar. Os tecidos de camurça são vulgarmente enxaguados em água (fria ou levemente tépida) e postos a secar. As bases das vassouras que podem ser retiradas para serem lavadas geralmente são esterilizadas na lavandaria onde se atingem temperaturas suficientes para isso. Outras podem ser lavadas em água muito quente e numa solução de detergente neutro, enxaguadas em água abundante e
40
Higiene da pessoa idosa no domicílio
postas a secar em seguida. As escovas estáticas são lavadas da mesma maneira. As escovas são lavadas em água tépida e num detergente neutro e depois de enxaguadas deixam-se secar, tendo sempre o cuidado de não as colocar na sua base, pois podem ficar sem forma. Os baldes e as pás devem ser lavados depois de usados, virados para baixo para que sequem completamente. Armazenamento Os produtos de
limpeza
e
desinfeção
são
produtos
químicos
e,
consequentemente, contêm substâncias tóxicas. Por esta razão, o seu armazenamento requer determinados cuidados: Devem estar fisicamente separados dos outros, isto é, em armários
fechados ou de preferência em secções separadas; Devem ser conservados nas suas embalagens de origem. É interdita a utilização de embalagens de outro tipo de produtos para armazenar
produtos de limpeza e vice-versa; Devem possuir rótulos bem visíveis, para que se possa perceber de
imediato qual o conteúdo da embalagem; Devem ser armazenados de acordo com a indicação da rotulagem, caso exista essa indicação.
Manipulação Tal como na armazenagem, também a manipulação de produtos químicos exige cuidados especiais: Deve utilizar-se vestuário adequado e exclusivo para as tarefas da
limpeza; Devem utilizar-se os produtos apenas para o fim a que se destinam; Deve-se cumprir, obrigatoriamente, todas as indicações da rotulagem – é obrigatório ler cuidadosamente as indicações antes da sua utilização e, em caso de dúvida, deve-se contactar-se o fornecedor do
produto; Deve-se verificar qual a dosagem correta pois a mais é desperdício e a menos não é eficaz;
41
Higiene da pessoa idosa no domicílio
Não deve haver mistura de produtos – algumas misturas dão origem
à libertação de gases tóxicos; Durante a execução das tarefas de limpeza está interdito o contacto com as mãos nos olhos e na boca.
Equipamento de proteção Os profissionais que são responsáveis pela limpeza e desinfeção das instalações, devem estar protegidos durante a execução das suas atividades pelos equipamentos de proteção individual, que constam no quadro seguinte:
Salienta-se, que as luvas constituem uma barreira de defesa eficaz no contacto com os produtos de limpeza, em especial nos contactos prolongados com os desinfetantes, detergentes com ação corrosiva, decapantes, cera ou outro produto químico que possa potencialmente causar dano ao seu utilizador, pelo que é fundamental respeitar a sua utilização. Assim, é indispensável a utilização de luvas adequadas sempre que se realizem trabalhos de risco, nomeadamente: No manuseamento de produtos contaminados ou suspeitos de
contaminação incluindo materiais/equipamentos de limpeza; Na limpeza de áreas sujas e contaminadas; Na limpeza de pavimentos, materiais e equipamentos de médio e alto
risco; No manuseamento de materiais corto-perfurantes; Durante a manipulação/aplicação de produtos agressivos para a pele (detergentes, desinfetantes e outros).
42
Higiene da pessoa idosa no domicílio
É de referir, que todo o equipamento de proteção individual deve ser fornecido aos seus trabalhadores pela empresa prestadora do serviço de limpeza, o qual deverá ser substituído assim que apresente sinais de deterioração.
43
Higiene da pessoa idosa no domicílio
2.7.Limpeza e desinfeção das mãos
A manutenção da higiene pessoal
dos profissionais é de extrema
importância, a qual inclui nomeadamente: Banho após o trabalho; Manutenção das unhas (curtas, limpas e sem verniz ou unhas de gel); Cabelo curto ou atado; Barba e bigode aparado e limpo; Proteção das feridas; Lavagem frequente das mãos. É de salientar, que a lavagem das mãos deve ser realizada ao entrar e sair do trabalho, antes e após qualquer procedimento, após retirar luvas, antes e após utilizar as instalações sanitárias e assoar o nariz, antes das refeições e ainda em outras situações que se considere necessário. Os profissionais devem estar continuamente informados sobre os cuidados de prevenção, disseminação e contaminação, principalmente relacionados com o uso de luvas: estas só devem ser usadas durante os procedimentos
44
Higiene da pessoa idosa no domicílio
de limpeza e outras técnicas e retiradas com técnica correta, a fim de evitar que os profissionais se contaminem. Acrescenta-se ainda que, mesmo durante o trabalho, deve evitar tocar-se, com as luvas contaminadas, em locais de uso comum (ex: maçanetas de portas, botões de elevadores, entre outros).
45
Higiene da pessoa idosa no domicílio
2.8.Esterilização e desinfeção
Esterilização é a eliminação ou destruição completa de todas as formas de vida microbiana, sendo executada no próprio hospital através de processos físicos ou químicos. Desinfeção é o processo que elimina todos os micro-organismos ou objetos inanimados patológicos, com exceção dos endosporos bacterianos. Esse processo não deve ser confundido com a esterilização, visto que não elimina totalmente todas as formas de vida microbiana. Por definição, os dois procedimentos diferem quanto à capacidade para eliminação dos esporos, propriedade inerente à esterilização. As áreas de processamento de material devem ser divididas, no mínimo, em três
áreas:
descontaminação,
acondicionamento
e
esterilização/armazenamento. Ao menos a área de desinfeção deve ser separada das outras duas por barreiras físicas, sendo aí que o material será recebido, separado e descontaminado. A área destinada ao acondicionamento do material o será ao material limpo, porém não estéril. A área de armazenamento deve ser de acesso restrito, com temperatura controlada (65 a 72°C) e com humidade relativa em torno de 35 a 50%. CRITÉRIOS PARA SISTEMAS DE ESTERILIZAÇÃO 1) Uso de baixas temperaturas (menos de 60°C);
46
Higiene da pessoa idosa no domicílio
2) Ser compatível com diferentes materiais: plástico ou 3) Ser um método rápido; 4) Ser não tóxico para quem o manuseia; 5) Ser seguro aos materiais a serem esterilizados; 6) Ser seguro ao meio ambiente; 7) Não deixar resíduos no artigo; 8) Manter atividade frente a resíduos orgânicos; 9) Diminuir a margem de erro humano. Deve ser de fácil manuseio; 10) Uso único de esterilizante, evitando ser esta uma fonte de contaminação cruzada; 11) Ser de baixo custo operacional.
47
Higiene da pessoa idosa no domicílio
2.9.Lixos
Os resíduos, alimentares ou outros, não devem ser acumulados em locais onde são manipulados alimentos, exceto na medida em que tal seja inevitável para a execução adequada do trabalho: Os resíduos alimentares devem ser depositados em contentores fechados e mantidos em condições que permitam fácil limpeza e desinfeção. Os colaboradores efetuam a remoção dos resíduos após terem sido servidas as refeições. Os resíduos são armazenados em locais que permita boas condições de limpeza e em local próprio no exterior. A recolha dos resíduos é efetuada pelas entidades competentes. Normas a seguir na recolha de lixo:
Recolher o lixo antes de qualquer tipo de limpeza.
Os recipientes de lixo deverão ser esvaziados ao atingir 2/3 de sua capacidade.
48
Higiene da pessoa idosa no domicílio
Lavar os recipientes de lixo diariamente e sempre que necessário.
O lixo deve ser recolhido sempre que for necessário.
Acondicionar os diferentes tipos de resíduos em sacos de cores diferentes
Manter os recipientes de lixo em locais afastados do tráfego de pessoas e fechados.
Não desprezar o conteúdo de um saco de lixo em outro saco maior.
O carrinho que transporta o lixo não deve ser deixado nos corredores e nem em outro local de acesso a paciente, funcionários e ao público.
No caso de haver derramamento de resíduos no piso ou em outra superfície, o mesmo deverá ser removido. Em seguida, proceder a técnica de limpeza do local, seguida por desinfeção quando necessário.
Bibliografia AA VV: Manual de normas de enfermagem: procedimentos técnicos, Ministério da saúde, 2008 AA VV: Manual de procedimentos de higienização e limpeza em controlo de infeção, Ed. ACSPIN I, Ministério da Saúde, 2010
49
Higiene da pessoa idosa no domicílio
AA VV: Manual de processos-chave: Serviço de Apoio Domiciliário, Programa de cooperação para o desenvolvimento da qualidade e segurança das respostas sociais, Instituto da Segurança Social, 2005 Rochinha, Maria Helena, Manual do formando: Conservação de espaços interiores, Projeto Delfim, GICEA - Gabinete de Gestão de Iniciativas Comunitárias do Emprego, 2000 Sanches, Maria do Carmo; Pereira, Fátima, Manual do formando: Apoio a idosos em meio familiar, Projeto Delfim, GICEA - Gabinete de Gestão de Iniciativas Comunitárias do Emprego, 2000
50