Gestão Ambiental e Responsabilidade Social
Material Teórico
Recursos Naturais I
Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms Carla Caprara Parizi Revisão Textual: Profa. Dr. Patricia Silvestre Leite Di Iorio
Recursos Naturais I
• Introdução • Água • Solo • Atmosfera • Definições • Conclusão
A disciplina de Gestão Ambiental e Responsabilidade Social está sendo oferecida na Modalidade a distância (EAD) e como já é do conhecimento de vocês as atividades acontecerão por meio do ambiente virtual Blackboard. Nesta Unidade abordaremos o tema “Recursos Naturais I”. Leia a “Orientação de Estudos”, para melhor compreender a rotina de estudos, os trabalhos práticos e as avaliações a serem realizadas ao longo do semestre.
Atenção Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
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Unidade: Recursos Naturais I
Nesta primeira unidade, abordaremos o tema Recursos Naturais I O material foi organizado em:
1 - Aviso – É o primeiro contato com o aluno 2 - Mapa Mental Representação Visual da Organização da disciplina contemplando os conteúdos e suas relações 3 - Contextualização e Problematização - Texto Introdutório lembrando a importância dos conteúdos abordados. 4 - Material teórico contemplando Recursos Naturais I. 5 - Apresentação narrada no formato “adobe presenter”, que sintetiza o conteúdo teórico; 6 - Atividade de Sistematização: Atividade avaliativa do tipo teste de múltipla escolha, baseada nos conteúdos estudados no “Material teórico”, no livro sugerido, e leituras complementares, com autocorreção pelo Blackboard. 7 - Atividade de Aprofundamento: Atividade Avaliativa – Unidades I, III – Atividade de Aprofundamento: Fórum de discussão Unidades II, IV e V Reflexiva ou Aplicação 8 - Material complementar sobre o tema; 9 - Referências bibliográficas. Como método de estudo, você deverá realizar as atividades de leitura, na sequência as atividades de fixação dos conteúdos (Atividade de Sistematização), e as atividades de interação (Fórum, Reflexiva ou Aplicação). Utilize os fóruns de discussão e a lista de e-mails para sanar as dúvidas.
Contextualização A Terra já tem estocado todos os recursos para a manutenção e o desenvolvimento de seus habitantes, salvo alguns recursos que se renovam, porém podem não ser suficientes ou inadequados para uso. Entretanto com o crescimento acelerado da população, o grau de poluição gerado, os desejos ininterruptos e ilimitados da sociedade pela oferta de produtos e aparelhos cada vez mais sofisticados, nos leva a crer que este estoque acabará! Portanto algumas ações são inevitáveis para que possamos retardar ou minimizar ou resolver este problema, é preciso conhecer os recursos naturais, seus problemas e suas limitações, para melhor gerenciá-lo. 6
Introdução Foi somente nas últimas décadas do século passado, e por conta da disseminação de ideias de sociedades mais evoluídas e, consequentemente, da conscientização progressiva dada às crianças e aos jovens, que a preocupação com a preservação da natureza veio à tona e vem se fortalecendo a cada dia. Se a história da Humanidade começou há cerca de 7 milhões de anos, porque a preocupação é tão recente? Bem, analisando que a população tem crescido muito rapidamente, e que em 2012 passou de 7 bilhões de habitantes, e há um século atrás a população mundial era 1,5 bilhão de pessoas, pode-se concluir que em séculos anteriores esta preocupação não existia, ou, se existisse, era só isoladamente, sem contar que, com a oferta atual de produtos, equipamentos, aparelhos cada vez mais sofisticados, a sociedade por ter desejos ininterruptos e ilimitados gera uma extração de recursos e/ou geração de dejetos maior que a capacidade do ecossistema de reproduzi-los ou reciclá-los. É com este cenário de crescimento da população, que gera poluição e consumo de recursos naturais que daremos início ao nosso tema.
1.1 - População Apesar de uma das principais causas do desequilíbrio ambiental do século XX ter sido o crescimento excessivo da população, esse não pode ser considerado o único motivo do dilema ambiental, outros eventos contribuíram, como as transições: tecnológica, industrial, cultural, demográfica e a globalização. O século XX foi considerado pelo historiador Eric Hobsbawn “A era dos Extremos”, ou seja os desafios e conflitos se tornaram mais evidentes nesse século (HOBSBAWN, 1994, apud HOGAN; MARANDOLA JR; OJIMA, 2010).
1.2 - Recursos Naturais Recurso Natural é qualquer insumo de que os organismos, as populações e os ecossistemas necessitam para sua manutenção (ISAIA, 2010). Podem ser divididos em dois grupos: a) Recursos Renováveis: Aqueles que, depois de serem utilizados, ficam disponíveis novamente devido aos ciclos naturais. Exemplos: água, ar, biomassa, energia eólica; Obs. Lembrando que mesmo sendo renováveis podem não ser suficientes e/ou estarem inadequados para uso. 7
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b) Recursos Não-Renováveis: Aqueles que uma vez utilizados, não se renovam por meios naturais, e que podem ser subdivididos em: b1) Minerais Energéticos: Combustíveis Fósseis (carvão mineral, petróleo e urânio) b2) Minerais Não-Energéticos: Ferro, Calcário, Argilas em geral. Grande parte pode ser reutilizada ou reciclada, mas não pode ser reconstituída conforme suas condições originais.
1.3 - Poluição É uma alteração prejudicial à saúde, e ao bem-estar do ser humano e de outras espécies que ocorre com as propriedades do meio ambiente, resultado da utilização dos recursos naturais pela população. Os efeitos da poluição podem ser globais, regionais ou localizados. Um exemplo de efeito global é o Efeito Estufa e a Redução da Camada de ozônio, efeitos que trazem um desequilíbrio para o Planeta, ou quem sabe consequências muito piores ao longo dos anos. É importante ressaltar que existem fenômenos naturais, e que portanto, não podem ser evitados que também tem efeito poluidor, como é o caso da erupção vulcânica. (BRAGA et al., 2005).
Nos capítulos que se seguem abordaremos os elementos do Meio Físico que são: Água, Solo e o Ar. 8
Água Base de sustentação da vida. A água cobre 70% da superfície da Terra, considerando oceanos, mares, rios e lagos. É um recurso natural renovável por meio de seu Ciclo Hidrológico, conforme figura 2.1.
Figura 2.1 – Ciclo Hidrológico Fonte: Tundise, 2003
Quantidade de água
Do total de água da Terra cerca de 97,5% correspondem aos oceanos e mares e 2,5%, à água doce. A água doce encontra-se assim distribuída: 68,9% sob a forma de gelo e neves; 30,8% no solo e subsolo, sendo 29,9% em reservatórios subterrâneos e 0,9% em situações diversas, como umidade dos solos e pântanos; e 0,3% em rios, lagos e lagoas (TUNDISE, 2003 apud SILVESTRE, 2003). A divisão da água doce é desigual, por exemplo, os desertos têm baixa umidade enquanto as florestas tropicais têm umidade alta. Segundo Mano; Pacheco e Bonelli (2010), o Brasil possui a maior reserva de água potável do mundo, cerca de 20% do volume disponível da Terra. Vale destacar que o Aquífero Guarani é o maior manancial de água doce subterrânea do mundo, localiza-se na região centro-leste da América do Sul, sendo que 2/3 da área total pertence ao Brasil, abrangendo Argentina, Paraguai e Uruguai. No Brasil abrange o Estado de São Paulo, e se estende aos Estados de Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, conforme mostra a figura 2.2. O Aquífero Guarani ocupa uma área de 1,2 milhão de quilômetros quadrados.
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Figura 2.2 - Localização do Aquífero Freático Guarani. Fonte: Mundo educação (s.d.).
Destacam-se ainda as bacias Hidrográficas do Brasil, como mostra a figura 2.3.
Bacia Amazônica Bacia do Araguaia-Tocantins Bacia do rio Paraíba Bacia do rio São Francisco Bacia do rio Paraná Bacia do rio Paraguai Bacia do rio Paraíba do Sul Bacia do rio Uruguai
Figura 2.3 - Mapa das Bacias Hidrográficas do Brasil Fonte: Ministério dos Transportes - Governo Federal
Os problemas que envolvem a quantidade de água são: escassez, estiagem e cheias. 10
Outro aspecto de igual importância é a qualidade da água. Qualidade da Água Disponibilidade de água significa quantidade e qualidade apropriadas, essas características estão intimamente ligadas, pois a qualidade também depende da quantidade, para dissolver, diluir e transportar substâncias, sejam maléficas ou benéficas (BRAGA et al., 2005).
2.1 - Usos da Água A água é fundamental para existência e manutenção dos seres vivos, portanto é um dos recursos naturais mais utilizados, e são várias as formas de utilização da água.
2.1.1 - Abastecimento Humano Sem dúvida a água para o abastecimento humano, dentre as possibilidades e necessidades de seu uso é o mais importante deles, pois a existência e continuidade da vida depende dela, para tanto é necessário que a água oferecida seja potável, ou seja não cause danos à saúde. A água contaminada pode conter; bactérias, vírus, parasitas, protozoários, que podem causar doenças como disenteria, febre tifóide, cólera, hepatite e muitas outras, desta forma a água de abastecimento deve apresentar características sanitárias e toxicológicas adequadas (BRAGA et al., 2005). A Portaria no 518/GM de 25/04/2004, do Ministério da Saúde, define entre outras coisas o Padrão de Potabilidade, que compõe as exigências e valores permitidos para consumo humano, estabelecendo o limite máximo de cada substância ou elemento químico, esses parâmetros são bastante dinâmicos, pois com o avanço do cenário tecnológico impõem que revisões dos limites, e detecção de novos tóxicos devam ser considerados. (BRAGA et al., 2005).
2.1.2 - Abastecimento Industrial Há uma variação em relação ao grau de adequação no que diz respeito ao abastecimento industrial, pois as indústrias que processam produtos farmacêuticos, alimentícios e de bebidas, a água deve estar adequada para consumo, porém indústrias que utilizam a água como solvente, por exemplo ou para resfriamento, já não precisam atender ao mesmo padrão de qualidade do que as anteriormente citadas. Desta forma, em relação a utilização na indústria, não existe um único requisito para sua utilização, devido a variedade de usos. (BRAGA et al., 2005).
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2.1.3 - Irrigação A qualidade exigida para este uso depende também do tipo de irrigação, as verduras que são consumidas cruas, por exemplo, devem estar livres de organismos patogênicos, outro fator que deve ser levado em conta é que 70% do consumo de água doce do mundo é para irrigação, portanto é o uso mais intenso deste recurso. Outra consideração importante é que a água utilizada para irrigação pode carrear, fertilizantes e substâncias defensivas agrícolas, para cursos de água superficiais ou subterrâneos, podendo contaminar esses cursos, dependendo da quantidade. (BRAGA et al., 2005).
2.1.4 - Geração de Energia Elétrica Em usinas termoelétricas a água é utilizada na forma de geração de vapor d’água, podendo despejar calor nos cursos d’água desequilibrando o ecossistema. Já em Usinas Hidrelétricas que é aquela em que se utiliza a energia potencial ou cinética da água, o impacto ambiental causado é bastante significativo, pois a área necessária é bem extensa. Em ambos os casos a qualidade da água utilizada é pouco restritiva, não deve conter substâncias que afetem a durabilidade e manutenção dos equipamentos utilizados (BRAGA et al., 2005) A Energia será um item estudado à parte.
2.1.5 - Navegação É um outro tipo de utilização, que embora seja interessante sob o ponto de vista econômico, pode vir a desequilibrar o meio, nas formas de despejo de substâncias poluidoras, quer seja proposital ou acidental, ou ainda pelas modificações dos cursos d´ água para adaptação à navegação. Em relação à qualidade da água, a mesma não deve conter substâncias que danifiquem o casco das embarcações, ou que propiciem a proliferação excessiva de vegetais, prejudiciais à navegação (BRAGA et al., 2005).
2.1.6 - Assimilação e Transporte de Poluentes Pode ser utilizado para modificação e/ou transporte de dejetos neles lançados, a eficiência das modificações ou do transporte de dejetos, pode ocorrer, mas depende das concentrações do poluente, ou seja depende da relação entre a vazão do rio e a vazão do despejo. Vale lembrar que a diluição não deve substituir o tratamento (BRAGA et al., 2005). 12
2.1.7 - Preservação da Flora e da Fauna Os corpos d’água não devem conter substâncias tóxicas acima das concentrações recomendadas, devem conter concentrações mínimas de oxigênio dissolvido e de sais nutrientes, para garantir a sobrevivência da vida aquática. Essas considerações devem ser feitas independentemente do uso dos corpos d’água. (BRAGA et al., 2005).
2.1.8 - Aquicultura É a arte de criar e multiplicar animais aquáticos, para tanto é necessária que os padrões de qualidade sejam os mesmos exigidos para preservação das espécies, salvo alguns casos específicos que devam favorecer alguma espécie em especial (BRAGA et al., 2005).
2.1.9 - Recreação Neste caso a água é utilizada para natação, pesca, esportes aquáticos, portanto não pode haver substâncias tóxicas ou patogênicas que causem dano ao homem, pelo contato com a pele ou por ingestão, acidental (BRAGA et al., 2005).
2.2 - Tratamento da água A água nos mananciais pode não atender aos padrões de qualidade exigidos para abastecimento, em seu estado bruto, porém pode receber tratamento, que por sua vez são ilimitados tecnicamente, porém por questões econômicas nem sempre são a melhor opção. (BRAGA et al., 2005) Conforme descreve em sua publicação Braga et al. (2005), os tipos de tratamento são os seguintes: a) Sedimentação ou Decantação - remove matéria em suspensão b) Coagulação/Floculação – os produtos utilizados aglomeram as partículas difíceis, formando-se flocos que são retirados por sedimentação e/ou filtração. c) Filtração – Remove partículas por meio da filtragem, utilizando-se, por exemplo a areia. d) Desinfecção – é feita com a aplicação de cloro ou compostos de cloro. e) Remoção de Dureza – remove, principalmente, cálcio e magnésio, elementos que conferem dureza à água. 13
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f)
Aeração – remove substâncias voláteis, dióxido de carbono também pode ser removido desta forma. g) Remoção de ferro e manganês – somente quando há concentrações excessivas. h) Remoção de sabor e odor – pode ser usado a aeração, adsorção (um exemplo é a utilização do carvão ativado que adsorve as substâncias tóxicas) ou oxidação (transforma moléculas indesejáveis, sob o ponto de vista ambiental, em partículas menos tóxicas). i) Controle de Corrosão – pode ser utilizado a aeração para retirada do excesso de dióxido de carbono, ou aumentar a alcalinidade, pela aplicação de produtos específicos j) Fluoretação – Concede uma concentração de flúor que permita maior resistência às cáries dentárias.
Os processos na grande maioria das vezes são associados.
Solo A ciência define o solo como resultado das mudanças que ocorrem nas rochas, as quais são lentas. As principais responsáveis são as mudanças climáticas, e a presença de seres vivos. Outros conceitos são utilizados, no entanto, variam em função da área de utilização, conforme mostra o quadro 3.1. Quadro 3.1 – Conceito de Solo segundo sua área de utilização
Área Engenharia Civil Engenharia de Minas Arqueologia Agronomia Economia 14
Conceito de Solo Suporte de carga Material de construção Cobre e dificulta a exploração da jazida Encontram-se registros de civilizações e organismos fósseis Camada superficial Arável Fator de Produção
O solo, segundo Braga et al. (2005), é composto de: 45% de elementos minerais; 25% de ar; 25% de água; 5% de matéria orgânica.
3.1 - Características importantes do Solo Características vistas a olho nu ou pelo tato são a cor, textura, estrutura, consistência e espessura. Outras características importantes sob o ponto de vista ecológico são o grau de acidez, a composição e a capacidade de troca de íons (BRAGA et al., 2005).
3.2 - Erosão Remoção das camadas superficiais do solo pelas ações do vento e da água, e em alguns países pelo gelo, portanto podem ocorrer naturalmente ou em consequência da ação do homem, podendo ocorrer de forma lenta ou acelerada. Segundo Braga et al. (2005), a monocultura pode esgotar o solo quando não se repõem nutrientes, reduzindo com isto a produtividade, e a proteção vegetal, deixando o solo mais vulnerável aos processos erosivos. Em processos erosivos em zonas rurais há uma perda de fertilidade do solo, podendo trazer consequências graves como a desertificação, caso haja descaso para a situação, nas zonas urbanas, quando ocorrem, em geral é preciso investimento em restauro dos cursos d’água, pois recebem o material erodido, e em encostas pode ser altamente destrutivo, devido aos desmoronamentos que podem causar.
3.3 - Poluição do solo A poluição do solo em zonas rurais ocorre fundamentalmente pela utilização de fertilizantes e defensivos agrícolas, mesmo que sejam aplicados utilizando-se da melhor técnica, há sempre um excedente que passa para o solo (BRAGA et al., 2005). A poluição do solo urbano é proveniente dos resíduos gerados pela dinâmica das cidades, ou seja, são gerados pela indústria, comércio, pelas residências etc. Dentre tantas consequências está, fundamentalmente, a poluição e o empobrecimento do solo (BRAGA et al., 2005).
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Atmosfera A atmosfera terrestre é formada por 78,11% de Nitrogênio, 20,95% de Oxigênio, 0,934% de Argônio e 0,033% de Gás Carbônico e em porcentagens menores ainda encontram-se: neônio, hélio, criptônio, xenônio, hidrogênio, metano, ozônio e dióxido de nitrogênio, apresenta, ainda, vapor d’água, pólen e micro-organismos, além de areia e fuligem (BRAGA et al., 2005). As camadas da atmosfera são ilustradas de forma bastante simplificada na figura 4.1
Figura 4.1 – Camadas da Atmosfera Fonte: Sua Pesquisa (s.d.)
Para o nosso estudo, destacam-se a Troposfera e a Estratosfera, pois a Troposfera é responsável pelas condições climáticas da Terra, e na Estratosfera localiza-se a camada mais espessa de Ozônio, responsável pela proteção das radiações ultravioleta, advindas do Sol (BRAGA et al., 2005).
4.1 - Poluentes Atmosféricos Conforme Braga et al. (2005), os poluentes podem ser àqueles lançados diretamente no ar ou àqueles advindos de reações químicas formadas na atmosfera; são chamados de primários e secundários, respectivamente. E, ainda, conforme Braga et al. (2005), os principais são: a) Monóxido de Carbono (CO) – Gerado por combustões incompletas de combustíveis fósseis (carvão vegetal e mineral, gasolina, querosene e óleo diesel). Em geral, é encontrado em maiores concentrações nas cidades, emitidos principalmente por veículos. As queimadas, que ocorrem em florestas também lançam Monóxido de Carbono. O Monóxido de Carbono é altamente tóxico, inalado pode causar: dores de cabeça, lentidão de raciocínio, entre outros sintomas. 16
b)Dióxido de Carbono (CO2) – Também conhecido como gás carbônico, é essencial para o processo de fotossíntese realizado pelas plantas. É gerado na respiração (expiração) aeróbia dos seres vivos e também na queima dos combustíveis fósseis (gasolina, diesel, querosene, carvão mineral). O dióxido de carbono em grandes quantidades é prejudicial ao Planeta de um modo geral, pois é responsável pelo efeito estufa e consequentemente pelo aquecimento global. Se inalado pode provocar irritações nas vias aéreas, ou morte por asfixia. c) Óxidos de Enxofre (SO2 e SO3) – São produzidos pela queima de combustíveis fósseis que contenham enxofre, são gerados também por processos biogênicos que são o resultado das reações químicas realizadas por bactérias estritamente anaeróbicas durante a decomposição de matéria orgânica. Os óxidos de enxofre reagem com o vapor de água produzindo o ácido sulfídrico, que origina a chuva ácida. d) Óxidos de Nitrogênio – Nos motores de explosão dos automóveis devido à temperatura muito elevada, o nitrogênio e oxigênio do ar se combinam resultando em óxidos do nitrogênio, particularmente NO2, que poluem a atmosfera, sendo liberados pelos escapamentos dos automóveis. Os automóveis modernos têm dispositivos especiais que transformam os óxidos do nitrogênio em substâncias não poluentes. e) Hidrocarbonetos - São gases e vapores resultantes da queima incompleta e evaporação de combustíveis e de outros produtos orgânicos voláteis. Diversos hidrocarbonetos como o benzeno são cancerígenos e mutagênicos. f) Material Particulado – São partículas de materiais sólidos e líquido que são capazes de permanecer em suspensão, com por exemplo poeira, fuligem, entre outros, alguns relacionados nos próximos subitens de f. f 1) Asbestos – Gerado durante a mineração ou beneficiamento do amianto, produz sérios problemas de saúde, quando presentes na atmosfera. f 2) Metais – Gerados a partir de processos de mineração, combustão de carvão e processos siderúrgicos. g) Gás Fluorídrico (HF) – São gerados em processos de produção de alumínio e fer tilizantes e em refinaria de Petróleo. h) Amônia – Gerados principalmente pelas indústrias química e de fertilizantes, também gerados por processos biogênicos naturais. i) Gás Sulfídrico – Gerado nas refinarias de petróleo, indústria química, de celulose e papel, pela presença de enxofre na matéria prima, também gerados por processos biogênicos naturais. j) Pesticida e Herbicida – Gerados principalmente pelas indústrias de produção destes produtos, e da sua utilização nas plantações. k) Substâncias Radioativas – Gerados, principalmente, a partir de depósitos naturais, usinas nucleares e queima de carvão. l) Calor – Gerado pela emissão na atmosfera de gases em altas temperaturas. m) Som – Gerado pela emissão de energia para o meio, em forma de ondas de som, considerado poluição sonora quando a intensidade for capaz de prejudicar os seres humanos. 17
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Definições Nos quatro itens anteriores abordamos os elementos do meio físico, e as respectivas formas de poluição, embora o assunto seja extenso, já podemos partir de um suporte para introduzirmos os temas voltados para a Degradação Ambiental, Impacto Ambiental, Aspecto Ambiental e Processos Ambientais.
5.1 - Degradação Ambiental Segundo a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, apud Sánchez (2008), em seu art. 3o, inciso III, define degradação ambiental como sendo “alteração adversa das características do meio ambiente”. Segundo Sánchez (2008), abrange desta forma todos os casos de prejuízos à saúde, ao bem-estar, à segurança, às atividades sociais e econômicas, à biosfera e às condições estéticas ou sanitárias do meio. Degradação Ambiental é um processo que provoca alterações na fauna e flora natural, portanto degenera o meio ambiente, eventualmente provocando perdas à variedade de vida no planeta. Em geral, é associada a Poluição provocada pela ação do homem. Segundo Sánchez (2008), a poluição é percebida a partir de certos níveis, o mesmo acontece com as perturbações provocadas pela degradação ambiental. O Meio ambiente que desempenha função depuradora, ou seja, tem a capacidade de tornarse puro novamente, está sobrecarregado, portanto dependendo do estágio de degradação a recuperação não ocorre mais de forma espontânea, pelo menos, à curto ou médio prazo, sendo necessário intervenções de ordem corretiva. Conhecer os tipos de degradação ambiental e os processos envolvidos que podem ser, de forma sintética, entendidos como degradação do solo, da vegetação, da água, isoladamente ou em conjunto, é de grande importância, para assim, adotar medidas eficientes para recuperação do ambiente.
5.2 - Impacto Ambiental Quando pensamos em Impacto Ambiental, provavelmente, nos vem a mente algo extremamente danoso causado à natureza pelas mãos do homem, como por exemplo vazamento de petróleo no mar, porém existe uma diversidade de interpretações para o conceito de Impacto Ambiental, conforme mostra o quadro 5.1.
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5.1 - Quadro dos conceitos de Impacto Ambiental Conceito
Autor
“Impacto Ambiental pode ser visto como parte de uma relação de causa e efeito. Do ponto de vista analítico, o impacto ambiental pode ser considerado como a diferença entre as condições ambientais que existiriam com a implantação de um projeto proposto e as condições ambientais que existiriam sem essa ação”.
Diefty, 1975
“Mudança (positiva ou negativa) na saúde e bem-estar humanos (inclusive a saúde dos ecossistemas dos quais depende a sobrevivência do homem), que resulta de um efeito ambiental e está ligado à diferença na qualidade do meio ambiente ‘com’ e ‘sem’ a ação humana em questão”.
Munn, 1979
“Qualquer alteração de condições ambientais ou criação de um novo conjunto de condições ambientais, adversas ou benéficas, causadas ou induzidas pela ação ou conjunto de ações em consideração”.
Raw, 1980
Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: (I) a saúde, a segurança, e o bem-estar da população; (II) as atividades sociais e econômicas;(III) a biota; (IV) as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; (V) a qualidade dos recursos ambientais”(art. 1o)
Resolução Conama no 001/86
“Impacto Ambiental é o resultado do efeito de uma ação antrópica sobre algum componente ambiental biótico ou abiótico”.
Espíndola, 2000
“Qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos ou serviços de uma organização.
NBR ISO 14.001:2004
Fonte: Adaptado de Santos (2004)
Muitas empresas têm adotado os seus sistemas de gestão baseados na NBR ISO 14.001:2004 (SÁNCHEZ, 2008). Ainda, segundo Sánchez (2008), a definição da Resolução CONAMA é imprópria, pois se trata na verdade de uma definição de poluição e não de Impacto Ambiental, ou seja toda poluição causa impacto ambiental, mas nem todo impacto ambiental é causado devido a poluição. Lembrando que o impacto ambiental pode ser positivo, enquanto a poluição é exclusivamente negativa. 19
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Apesar da diversidade de definições de Impacto Ambiental, é importante frisar que as alterações causadas podem ser benéficas ou adversas, um exemplo de impacto positivo é dado por Sánchez (2008) quando cita um projeto de coleta e tratamento de esgotos, essa ação resultará em um benefício para a população, mas o projeto em si, trará diversas alterações, algumas positivas e outras negativas, ambas deverão ser consideradas em um estudo de impacto ambiental. Sánchez (2008) considera que o impacto ambiental pode ser causado por uma ação humana as quais tem suas implicações, conforme mostra o quadro 5.2.
Quadro 5.2 - Implicação de ações humanas que causam Impacto Ambiental
Supressão de certos elementos do ambiente
• Supressão da vegetação • Destruição completa de hábitats, exemplo aterramento de um mangue. • Destruição de componentes físicos da paisagem, por exemplo escavações • Supressão de elementos significativos do ambiente construído. • Supressão de referências físicas à memória, por exemplo locais sagrados, como por exemplo cemitérios. • Supressão de elementos ou componentes valorizados do ambiente, por exemplo cavernas.
Inserção de certos elementos ao ambiente
• Introdução de uma espécie exótica. • Introdução de componentes construídos, por exemplo, barragens, rodovias, edifícios,etc
Sobrecarga – Introdução de fatores de estresse além da capacidade de suporte do meio, gerando desequilíbrio
• Qualquer poluente • Introdução de uma espécie exótica ( por exemplo os castores de Ushuaia) • Redução do hábitat ou da disponibilidade de recursos de uma dada espécie • Aumento da demanda por bens e serviços públicos, por exemplo educação, saúde
Fonte: Modificado de Sánchez (2008) 20
Exemplo de Impacto causado por introdução de uma espécie exótica (que vieram de outro país ou região), foi a de castores do Canadá (América do Norte) em Ushuaia, cidade da Argentina (América do Sul) mais próxima ao Pólo Sul. Ushuaia é também chamada de Tierra Del Fuego região conhecida como “fim do mundo”. Em 1946, foram introduzidos 25 casais de castores, com o intuito de desenvolver a indústria de peles em Ushuaia, a ideia não deu certo, porém o animal se adaptou perfeitamente ao meio. Existe uma estimativa de que hoje em dia existam de 35.000 a 50.000 castores por lá. Provavelmente, as condições de insalubridade da região, a ausência de predadores e a falta de competidores naturais favoreceram a adaptação e a explosão demográfica dos castores O castor possui características exclusivas em relação ao resto dos herbívoros, uma vez que eles cortam as árvores e constroem diques, canais e acumulam alimentos para o inverno, formando reservatórios de água, ou seja os castores desenvolvem sua obra de engenharia, porém matam as árvores ao seu redor, alterando as condições físicas, químicas e bióticas, trazendo outras consequências desastrosas, hoje em dia são uma praga no local. A foto 5.1 mostra o Parque Nacional da Tierra Del Fuego, visitada pela autora.
Foto 5.1 – Parque Nacional da Tierra del Fuego, 2011
5.3 - Aspecto Ambiental Segundo Sanchéz (2008), a norma ambiental ISO 14.001 é que introduziu o termo “Aspecto Ambiental”, desta forma é importante frisar que embora seja uma palavra de uso corrente, é definido pela norma como “elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente”. As ações são as causas, o aspecto ambiental são os mecanismos ou processos das ações humanas que geram os impactos. 21
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Sánchez (2008) diferencia aspecto e impacto ambiental e cita como exemplo, que a emissão de poluentes não é um impacto ambiental, impacto é a consequência que resulta dessa emissão. Exemplos são citados por Sánchez (2008), conforme mostra o quadro 5.3.
5.3 - Quadro mostrando as ações, os aspectos e os impactos ambientais Ações
Aspectos
Lavagem de roupa
Consumo de água
Pintura de uma peça metálica Armazenamento de Combustível
Emissão de compostos mecânicos voláteis Vazamento
Impactos Redução da disponibilidade Hídrica Deterioração da Qualidade do ar Contaminação do solo e água subterrânea
Fonte: Sánchez (2008)
5.4 - Processos Ambientais A interação do solo, rochas, água e ar com os vários tipos de energia, quer seja gravitacional, solar ou interna da Terra que ocorre em qualquer ecossistema seja natural, alterado ou degradado dão origem aos processos ambientais. Alguns exemplos de Processos Ambientais físicos e ecológicos são apresentados no quadro 5.4
Quadro 5.4 - Processos Ambientais •Erosão Processos Geológicos de Superfície
•Movimentação escorregamento
de
massa,
exemplo:
•Afundamentos cársticos • Transporte de Poluentes nas águas
Processos Hidrológicos
•Eutrofização de corpos d´água (fenômeno causado pelo excesso de nutrientes numa massa de água, provocando um aumento excessivo de algas). •Acúmulo de poluentes nos sedimentos •Inundações •Depósito de sedimentos em rios e lagos
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Processos Hidrogeológicos
•Difusão de poluentes na água subterrânea
Processos Atmosféricos
•Transporte e difusão de poluentes gasosos •Biodegradação corpos d`água
Processos ecológicos
de matéria orgânica em
•Bioacumulação (processo através do qual os seres vivos absorvem e retêm uma substância) de metais pesados.
Fonte: Modificado de Sánchez (2008)
Para exemplificar com mais detalhes os processos, abordaremos os afundamentos cársticos. Carste também é chamado de relevo cárstico e é caracterizado pela dissolução das rochas e intemperismo químico, levando ao aparecimento de características como cavernas e dolinas. Um terreno cárstico possui características de depressões fechadas e drenagens descontínuas. Exemplos de algumas ações humanas que causam impactos no carste são: a) Desflorestamento Empobrecimento Ecológico b) Agricultura Degradação do Solo e Erosão e Deterioração da Qualidade da água c) Exploração do Aquífero Colapso do Solo →
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Os afundamentos ou Colapsos do solo são decorrentes de colapso do teto de cavernas. Esses efeitos de afundamentos são os mais importantes para a engenharia, pois podem comprometer ou destruir por inteiro edificações. Destaque se dá ao fenômeno de colapso ocorrido em Cajamar, em 1986, onde casas foram “sugadas” por uma cratera de 30 metros de diâmetro e 15 metros de profundidade, edificações localizadas até 400 metros de distância também foram atingidas.
Conclusão Explorar os recursos naturais demanda responsabilidade ambiental e social, é preciso conhecer os efeitos causados pelas ações humanas e os respectivos impactos, principalmente os adversos. Lembrando que os recursos naturais não renováveis já estão estocados na natureza, e que não podem ser reconstituídos, apenas reciclados ou reutilizados e eles podem não ser suficientes, portanto é preciso conhecimento suficiente para saber gerenciar estes recursos 23
Unidade: Recursos Naturais I
Material Complementar Como texto complementar desta Unidade, indico a leitura do livro.
Explore BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental: O desafio do desenvolvimento Sustentá vel. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
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Referências BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental: O desafio do desenvolvimento Sustentável. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. HOGAN D.J.; MARANDOLA JR E.; OJIMA R. População e Ambiente: Desafios e Sustentabilidade. São Paulo: Blucher, 2010. ISAIA, G.C. et al. Materiais de Construção Civil e Princípios de Ciência e Engenharia de Materiais. São Paulo: IBRACON, 2010 MANO, E.B.;PACHECO E.B.A.V.;BONELLI, C.M.C. Meio Ambiente, Poluição e Reciclagem. São Paulo: Blucher, 2010. MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES - Governo Federal, disponível em: Acesso em: 14/jan.2012. MUNDO EDUCAÇÃO, disponível em . Acesso em: 14/jan.2012 SÁNCHEZ, L.E. Avaliação de Impacto Ambiental conceitos e métodos. São Paulo: Oficina de Textos, 2008 SANTOS, R.F. Planejamento Ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina de Textos, 2004. SILVESTRE, M.E.D. Água doce no Brasil: razões de uma nova política. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2003. TUNDISI, J. G. Água no século XXI: enfrentando a escassez. São Carlos: RiMa, IIE, 2003.
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Unidade: Recursos Naturais I
Anotações
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