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Sociologia de Weber Resumo para a prova I-
Introdução
O historicismo na origem do pensamento weberiano Historicismo – corrente que dominou o pensamento alemão por um século e meio. Questão da objetividade científica: relativismo Ideias essenciais do historicismo: *O historicismo é regressivo, mas capaz c apaz de enxergar problemas nessa sociedade. 1.todo fenômeno social, cultural ou político é histórico e não pode ser compreendido senão através da sua historicidade. (A sociedade está na história) 2. existem diferenças fundamentais entre os fatos naturais e os fatos históricos e, consequentemente, entre as ciências que os estudam. (Isso difere muito da visão positivista) 3. não somente o objeto da pesquisa está imerso no fluxo histórico, mas também o sujeito, o próprio pesquisador, sua perspectiva, seu método seu ponto de vista. O historicismo conservador
(História consolida instituições carregadas de objetividade) o bjetividade) . Alemanha – fim séc. XVIII, início XIX . Reação conservadora à filosofia iluminista, à revolução Francesa e à ocupação napoleônica . Ranke . Von Sybel . Droysen Precursor do historicismo relativista: Droysen “Atingir a verdade relativa a meu ponto de vista, tal como minha pátria, minhas convicções políticas, minhas convicções religiosas me permitem ter acesso” Ou seja, não haveria um
conhecimento tão objetivo da realidade. O historicismo relativista •
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Fim do séc. XIX Historicismo tende a transformar-se em um questionamento de todas as instituições sociais e formas de pensamento como historicamente relativas. As coisas não se entendem sem os sentidos e valores a elas ligados.
Dilthey: Ciência do espírito X Ciência da Natureza Três particularidades das c. do espírito: •
1. identificação Sujeito-Objeto (ambos pertencem ao universo cultural histórico)
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2. unidade inseparável: julgamentos de fato e de valor
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3. necessidade de compreender a significação vivenciada dos fatos sociais
Implica a historicidade/relatividade das visões de mundo, condicionadas pela: individualidade, nação e época II-
Weber e sua época: Introdução a Sociologia Compreensiva
1) Intensidade de Weber em suas atividades/ exagero. Texto de Cohn destaca a postura do autor diante das questões práticas do dia e também sua postura teórica. Seu recurso metodológico: o tipo ideal. Weber nasceu em 1864. Sua vida foi dividida entre a atividade intelectual e a participação prática na vida política alemã. Seu período de ação atenuada entre 1891 e 1897. Sua produção pode ser dividida em três períodos: 1903-1906; 1911-1913;1916 -1919. Em que medida essa narrativa histórica é importante para nós, qual o seu significado contemporâneo? “Falar num estrito interesse histórico por um evento ou processo implica, afinal, levantar a questão da presença desse próprio interesse”.
Caberia a história, a pesquisa histórica tratar do que é particular, uma configuração cultural. -“Ensaio sobre a objetividade nas ciências sociais”. Marca o estilo drítico do autor, chega a um tom polêmico. Retoma termos marxistas para dar exemplos materiais a sua explicação, contra as correntes idealistas da época. AFASTA-SE DO MATERIALISMO HISTÓRICO. -Traz uma perspectiva historiográfica e sociológica . “A história agrária da Roma e sua importância para o direito público e privado”.
-Capitalismo moderno e o processo de racionalização da conduta da vida social. Para Weber não é possível encarar um período histórico como se nele estivesse já configurado o período seguinte, se ele faz comparações de um período com o outro é para traçar o que é PECULIAR de cada uma. Ponto de referência do concreto: O Estado Nacional (mais especificamente a Alemanha) -Diferença radical entre a perspectiva analítica de Weber e Durkheim. O primeiro defende a autonomia do Estado Nacional na luta, por confronto. Weber e sua época (1864-1920) •
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O estado nacional (Alemanha) é o ponto de referência para seu principal tema de estudos: O capitalismo moderno e o processo de racionalização de conduta da vida
*Vídeo: Clássicos da Sociologia= Max Weber Weber: Ação social (individuo)
3 Durkheim: fato social (coletivo) Marx: Fenômenos econômicos determinam os outros fenômenos. Não que Weber negue isso mas tenta analisar outras formas pelas quais isso ocorre. P/ ele o capitalismo nos leva a racionalizar e seu foco volta-se para o funcionamento interno disso. Espirito do capitalismo -> a ética profissional Burocracia -> forma racional de organização do Estado (Aparato eficiente do Estado). Impõe um modo rotineiro de funcionamento. III-
A sociologia de Weber: Plano da Teoria do Conhecimento
a. idealismo epistemológico na relação entre sujeito e objeto do conhecimento
. A consciência [do sujeito-investigador] constitui o objeto de conhecimento . O sujeito constrói o objeto por meio de tipos ideais (que não estão no objeto e sim nas ideias) Construir um recurso metodológico da realidade: esse é o papel do cientista social para Weber. *Ordenação racional da realidade empírica. Os fenômenos coletivos tem como partida os indivíduos que atribuem significação ao mundo. Não há para Weber uma totalidade orgânica, nem uma totalidade conflituosa, para ele há uma totalidade fragmentada. Ex: empresa- dominação legal e racionalizada. Será que alguma funciona assim? A realidade não é um tipo ideal mas o tipo ideal ajuda a estudar a realidade, é um recurso pra tenta entender a ação social. *Individuo e a ação: A ação do individuo que comanda o mundo. Dominação só é legítima através da aceitação das pessoas (e isso pode se dar de diversas formas). É ilegítima se for fundada na força, será uma dominação instável. b. Objeto do conhecimento social = ação social Tipologia da Ação Social:
a) tradicional; b) afetiva; c) racional com relação a valores; d) racional com relação a fins Sociologia: Ciência voltada para a compreensão da ação social. Ação social: ação orientada para a ação do outro. Relação Social: desdobramento do conceito de ação social. c. Método: compreensivo
[compreensão da ação social do sujeito]
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indivíduo:
. é a única entidade capaz de conferir sentido às ações . é a única entidade em que os sentidos específicos das diferentes esferas de ação [religiosa, política, econ., etc] estão simultaneamente presentes e podem entrar em co ntato (Agentes carregam vários sentidos e orientações) A sociologia de Weber: Plano da Concepção da História
.O processo histórico não possui sentido imanente. Ele é variável conforme os valores dominantes nas épocas. É um campo indeterminado, são demarcadas apenas algumas fronteiras. Tudo dependerá de núcleos que agem coletivamente para chegar a certos fins. Sendo que, nenhum valor é mais justo que o outro . Futuro histórico: indefinido A sociologia de Weber: Plano da Concepção da Política
Política: competição entre fins e valores equivalentes (lutas pelo poder independente de status social. •
Ordem política x ordem econômica x ordem social
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Política x Ciência
*A vocação para a dominação política pode ser para indivíduos de esferas diferentes. Classe social para Weber: Ordem que se ocupa no mercado de trabalho. Estamento -> honra POLÍTICA (homem de ação- preocupado com os fins) X CIÊNCIA (cientista social- preocupado com o ser, com os meios) A questão da racionalidade no mundo contemporâneo: tendência à expansão da
burocratização da empresa e do Estado *liberdade da ação humana medida pela racionalidade. Paradoxo: o processo de racionalização tende a gerar a irracionalidade (tabela)
Forças de oposição ao poder burocrático •
partidos políticos
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parlamento moderno
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capitalismo privado
_____________________________________________________________________________ IV-A ciência como vocação
Economicistas partem das relações externas. Sua pergunta inicial: Como se configura a ciência como profissão? Resposta visando a particularidade alemã.
5 Privatdozent= função do jovem cientista. Uma vez nomeado não pode ser destituído. Este consegue cargos docentes subsidiários, uma vez que os grandes docentes dão a palavra final. A vantagem? ele tem liberdade para se dedicar ao trabalho cientifíco. Autor faz distinção da Alemanha com o Estados Unidos. Na América, os assistants recebem salário e seus primeiros anos são sobrecarregados. As autoridades determinam o programa e os assistantes se ajustam. Para Weber a universidade mais se assemelha aos padrões americanos, os institutos são o que ele denomida de empresas de "capitalismo de Estado".Aqui o trabalhador- assistente- está separado dos meios de produção e vinculado ao que o Estado põe a sua disposição. Quem se sente chamado à profissão acadêmica deve ter uma consciência clara de que terá de ser sábio e também, professor.Estas funções são dificéis de coincidir. Depende dos estudantes julgar quem é um bom ou mau professor. Sem contar que, não é o npumero de ouvintes que dita qual a qualidade do professor, muitas caracteristicas são revistas, "esta arte é um dom pessoal, que de nenhum modo coincide com as qualidades científicas de um sábio". Vocação íntima para a ciência? 1º A ciência está cada vez mais especializada, não só externamente. Ou seja, para praticar a ciência é necessária a fazer com PAIXÃO. Sendo esta uma prévia da INSPIRAÇÃO. Porém, só se obtém a paixão no terreno do trabalho duro. Trabalho e paixão podem unidos provocar a inspiração, mas esta surge quando quer, quando menos se espera. Trabalho e arte ? O trabalho cientifico está inserido na corrente do progresso, já na arte não ser tem esse pensamento. Há também diferença no destino destes elementos, uma obra de arte bem acabada não será jamais esquecida, já o trabalho cientifico traz novas questões e quer ser ultrapassado. "Qual é, porém, a atitude íntima do homem de ciência em relação à sua profissão? Racionalização intelectualista através da ciência e da técnica cientificamente orientada. O que significa? Que as coisas são mais previsíveis, que elas podem, em princípio, serem dominadas mediante o cálculo. O que significa o desencantamento do mundo. (Diferenciação selvagem)
Papel do Acaso Vocação científica: •
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inspiração não substitui o trabalho, que não pode substituir nem explorar a intuição, o que a paixão tbém não pode fazer
mas a paixão e o trab fazem com que surja a intuição
Ciência x Arte
6 Ciência: compreensão das ações sociais/ vinculada ao PROGRESSO/existe para ser ultrapassada/ é o domínio dos meios. Contribuições da Ciência: técnicas previsibilidade; método de pensamento; contribui com clareza. Para Weber, o cientista mostra às pessoas que é preciso dar sentido a seus atos, mas não define as suas escolhas. (As duas se coloca, em função de uma causa. São fins em si mesmas) + Progresso científico = fragmento mais importante do processo de intelectualização . intelectualização e racionalização crescentes . significação essencial da intelectualização : recorrer à técnica e à previsão . processo de desencantamento realizado ao longo dos milênios na civiliz. ocidental *Exemplo de Tolstoi A vida e a morte não tem significado. No mundo moderno as pessoas sabem que as coisas são passageiras.
Destino no tempo presente para nossa civilização: tomar consciência dos choques de valores •
Cada indivíduo decide de seu próprio ponto de vista o que para ele é Deus e o Diabo
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Equívoco da juventude (alemã): esperar um líder, não um professor
Destino de viver numa época indiferente a Deus e aos profetas o destino de nosso tempo, que se caracteriza pela racionalização, pela intelectualização e, sobretudo, pelo “ desencantamento de mundo” levou os homens a banirem da vida pública os
valores supremos e mais sublimes. Tais valores encontraram refúgio na transcendência da vida mística ou na fraternidade das relações diretas e recíprocas entre indivíduos isolados Em sala de aula, nenhuma virtude excede a da probidade intelectual Desencantamento de mundo = (Pierucci)
desmagificação + perda de sentido] _____________________________________________________________________________
IV-
Ação Social (relação social)
Economia e sociedade (Wirtschaft und Gesellschaft) é um tratado de sociologia geral que tem o objetivo de tornar inteligíveis as diferentes formas de economia, de direito, de dominação e de religião, inserindo-as num único sistema conceitual. Propõe-se a pôr em evidência a originalidade da civilização ocidental, comparativamente às outras civilizações.
7 Procurarei retraçar as etapas da conceituação geral para explicar em que consiste aquilo que alguns tem chamado de nominalismo e individualismo de MAX WEBER. Tomarei como exemplo a sociologia política, para mostrar como se opera a conceituação weberiana num nível menos abstrato. Segundo Max Weber, a sociologia é a ciência da ação social, que ela quer compreender interpretando e cujo desenvolvimento quer explicar socialmente. Os três termos fundamentais são, aqui, compreender, interpretar e explicar. A AÇÃO SOCIAL é um comportamento humano que é ação quando o ator atribui à sua conduta um certo sentido. A ação é social quando, de acordo com o sentido que lhe atribui o ator, se relaciona com o comportamento de outras pessoas. O professor age socialmente na medida em que o ritmo lento da sua elocução se relaciona com a conduta dos seus estudantes. Se falasse sozinho, muito depressa, sem se dirigir a ninguém, sua ação não seria social. A ação social se organiza em relação social. Há uma relação social quando o sentido de cada ator ou de um grupo de atores que age, se relaciona com a atitude do outro, de modo que suas ações são mutuamente orientadas. A regularidade da relação social pode ser apenas o resultado de um longo hábito, mas é mais frequente que haja fatores suplementares: a convenção ou o direito. A ORDEM LEGÍTIMA é convencional quando a sanção que responde à sua violação é uma desaprovação coletiva. É jurídica quando esta sanção assume a forma de coerção física. As ordens legítimas podem ser classificadas de acordo com as motivações dos que obedecem. Weber distingue quatro tipos: as ordens são afetivas ou emocionais, racionais com relação a valores, religiosas e, finalmente, determinadas pelo interesse. Dois outros conceitos importantes são os de PODER e de DOMINAÇÃO. O poder é definido como a probabilidade de um ator impor sua vontade a outro, mesmo contra a resistência deste. A dominação pode ser definida pela probabilidade que tem o senhor de contar com a obediência dos que, em teoria, devem obedecê-lo. A diferença entre poder e dominação está em que, no primeiro caso, o comando não é necessariamente legítimo, nem a obediência forçosamente um dever; no segundo, a obediência se fundamenta no reconhecimento, por aqueles que obedecem, das ordens que lhes são dadas. As motivações da obediência permitirão construir uma tipologia da dominação. A sociologia política de Weber se baseia numa distinção entre a essência da economia e a essência da política, estabelecida a partir do sentido subjetivo das condutas humanas. A economia tem a ver com a satisfação das necessidades e com o objetivo determinado pela organização racional da conduta; a política se caracteriza pela dominação exercida por um homem ou por alguns homens sobre outros homens. A política é, portanto, o conjunto das condutas humanas que comportam a dominação do homem pelo homem. É preciso afastar a conotação desagradável desta palavra, entendendo-a apenas como a probabilidade de que as ordens dadas sejam efetivamente cumpridas pelos que as recebem. OS TIPOS DE DOMINAÇÃO SÃO TRÊS: RACIONAL, TRADICIONAL E CARISMÁTICA. A tipologia se fundamenta no caráter da motivação que comanda a obediência. Racional é a dominação baseada na crença na legalidade da ordem e dos títulos dos que exercem a dominação. Tradicional é a dominação fundamentada na crença do caráter sagrado das tradições antigas e na legitimidade dos que são chamados pela tradição a exercer a autoridade. Carismática é a
8 dominação que se baseia no devotamento fora do cotidiano, justificado pelo caráter sagrado ou pela força heroica de uma pessoa e da ordem revelada ou criada por ela. Max Weber esforça-se por demonstrar como é possível passar da definição simplificada de uma forma de dominação para a infinita diversidade das instituições historicamente observadas, mediante a discriminação de diferentes modos. A diversidade histórica se torna inteligível, porque deixa de parecer arbitrária. A análise das transformações da dominação carismática é exemplar. A dominação fundamentada nas qualidades excepcionais de um homem pode sobreviver a esse homem? Max Weber se volta para uma tipologia dos métodos pelos quais se resolve o problema mais importante da dominação carismática, que é o da sucessão. Pode haver uma procura organizada de outro portador do carisma, como na teocracia tibetana tradicional. Pode-se admitir que o carisma é inseparável do sangue, tornando-se hereditário. A dominação carismática leva neste caso à dominação tradicional. Este exemplo ilustra bem o método e o sistema de Max Weber. Trata-se de elaborar uma sistematização que permita ao mesmo tempo integrar fenômenos diversos num quadro contextual único e não eliminar o que constitui a singularidade de cada regime ou de cada sociedade. Esta forma de conceituação não tem só por fim uma compreensão sistemática, mas também a colocação dos problemas de causalidade ou das influências recíprocas dos diferentes setores do universo social. A categoria que domina esta análise causal é a de oportunidade ou de influência e de probabilidade. Um tipo de economia influencia o direito num certo sentido; é provável que um tipo de dominação se manifeste na administração ou no direito de uma certa maneira. Mas não pode haver causalidade unilateral de uma série de instituições particulares sobre o resto da sociedade. A sociologia política de Weber leva a uma interpretação da sociedade presente, como sua sociologia da religião conduz a uma interpretação das civilizações contemporâneas. O que singulariza o universo em que vivemos é o “desencantamento” do mundo. A ciência nos habitua
a ver a realidade exterior apenas como conjunto de forças cegas que podemos pôr à nossa disposição; nada resta dos mitos e das divindades com que o pensamento selvagem povoava o universo. Nesse mundo despojado desses encantamentos, as sociedades se desenvolvem no sentido de uma organização cada vez mais racional e burocrática. Por outro lado, quanto mais racional a sociedade, mais cada um de nós está condenado ao que os marxistas chamam de alienação. Sentimo-nos condenados a só realizar uma parte daquilo que poderíamos ser, sem outra esperança de grandeza senão a de aceitar tal limitação. É preciso salvaguardar antes de tudo, dizia Max Weber, os direitos humanos, que dão a cada indivíduo a possibilidade de viver uma existência autêntica, independentemente do lugar que ocupa na organização racional. Do ponto de vista político, é graças à livre competição que se afirma a personalidade e podem ser escolhidos os líderes verdadeiros, não meros burocratas. Além da racionalização científica do mundo, precisamos reservar os direitos de uma religião puramente interior. Além da racionalização burocrática, é preciso salvaguardar a liberdade de consciência e o confronto das pessoas. O mundo é racionalizado pela ciência, pela administração e pela gestão rigorosa dos empreendimentos econômicos, mas continua a luta entre as classes, as nações e os deuses.
9 Como não há um juiz, só existe uma atitude adequada à dignidade: a escolha solitária de cada um de nós, diante da sua consciência. Max Weber dizia: escolha e decisão. A decisão era menos a escolha entre dois partidos do que o engaja Ação Social: modalidade específica de ação, de conduta à qual o agente associa um sentido
subjetivo. Ação orientada significativamente pelo agente conforme a conduta de outros e que transcorre em consonância com isso. -Conduta intima só é uma ação social se tem uma conduta equivalente, dirigida a ação do outro. -Ação meramente imitativa também não é uma ação social. -Ação social tem que ter um sentido. -Muitas vezes uma ação social passa a ser rotinizar, mas para Weber quanto mais racional, mais pensada, mais é ação social! O objeto da sociologia de Weber não é algo dado, é construído na própria análise. Para entender a conduta humana ele cria tipos ideais de ação social. O sociólogo tem que organizar teoricamente estas relações entre os indivíduos uma vez que, estes agentes individuais atribuem significado ao mundo, às suas próprias ações. Este mundo não tem uma lógica própria. *Tipologia da ação social
a) Tradicional: por costume arraigado. No limite e as vezes além daquilo que se pode chamar de ação orientada “pelo sentido”.
Geralmente é uma reação surda a estímulos habituais que decorre na direção da atitude arraigada. b) Afetiva: especialmente emocional, por afetos ou estados emocionais atuais. Pode ser uma reação desenfreada por um estímulo não cotidiano. Sublimação: quando a ação afetivamente condicionada aparece como descarga consciente do estado emocional. c) Racional com relação a VALORES: Pela crença consciente no valor- ético, estético, religioso ou qualquer que seja a interpretação- absoluto e inerente a determinado comportamento como tal, independente do resultado. Trata-se da convicção de que é ordenado o dever, a dignidade, a beleza, as diretivas religiosas, a piedade ou a importância de uma causa de qualquer natureza. Esse tipo de ação tá condicionada por mandamentos, exigências que o agente individual crê que lhe é dirigido. d) Racional com relação a FINS: por expectativas quanto ao comportamento de objetos do mundo exterior e de outras pessoas, utiliza essas expectativas como condições ou meios pra alcançar fins próprios, ponderados e perseguidos racionalmente, como sucesso. Não age nem emocionalmente, nem de modo tradicional. Relação Social: “Por relação social entendemos o com portamento reciprocamente referido
quanto a seu conteúdo de sentido por uma pluralidade de agentes e que se orienta por essa referência. A relação social consiste, portanto, completa e exclusivamente na probabilidade de que se aja socialmente numa forma indicável (pelo sentido), não importando, por enquanto, em que se baseia essa probabilidade”. Se dá pela reciprocidade reiterada.
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*Sociologia e História: regularidades e singularidades Socio: fenômenos repetidos ex: golpes de estado História: Golpe de 64 *Uso/Costume e Situação de interesses *Convenção X Direitos *LUTA: Relação social em que as ações se orientam pelo propósito de impor a própria vontade contra a resistência do(s) parceiro(s).
V-
Tipos Ideais
A “objetividade” do conhecimento nas Ciências Sociais
Objetividade: Busca sincera pela compreensão do objeto. A revista propõe uma analise
econômica da história, tem referencias implícitas e explicitas a Marx. Para Weber, há várias perspectivas pela qual se pode estudar a realidade –econômica, politica, religiosa, cultura etc. Mesmo que a perspectiva é econômica no texto isso não é determinante. Objeto da revista diferente da interpretação materialista da História (economia como determinação causal da História). •
a) Fenômenos econômicos
•
b) Fen. economicamente relevantes
•
c) Fen. economicamente condicionados
Ciência Social: Compreender a realidade da vida social [que se apresenta como
diversidade/infinidade/fragmentada] no que tem de específico: a) as conexões e a significação cultural de suas diferentes manifestações b) causas pelas quais se desenvolveu de certo modo e não outro Peculiaridade decisiva do método nas ciências da cultura: pressupõe a relação dos fenômenos culturais com ideias de valor que lhe conferem uma significação. Crítica à concepção materialista da história (sua teleologia): Sociólogo deve constatar e compreender a ação [preocupar-se com os meios e não com os fins].
VI-
A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPIRITO DO CAPITALISMO
11 Cap 3- luteranismo dogma central de todos os ramos do protestantismo: o único meio de viver que agrada a Deus não está em suplantar a moralidade intramundana pela ascese monástica, mas sim, exclusivamente, em cumprir com os deveres intramundanos, tal como decorrem da posição do indivíduo na vida, a qual por isso mesmo se torna a sua “vocação profissional”
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Pierucci - O desencantamento do mundo
- tese de livre docência - análise do termo que permeia a obra de Weber em vários pontos - ocorrências enumeradas - sentidos variados (na verdade dois) aparecem mesclados as vezes - não tem necessariamente a ver com sociologia da religião - 17 passos que se encontram em 8 obras
1) Sobre algumas categorias da sociologia compreensiva 1ª aparição do termo 'desencantamento do mundo' (talvez 1912) Ensaio da Logos, parte de um livro futuro (Economia e Sociedade) - contexto da passagem Contexto conceitual (ensaio) Contexto geral da teorização sobre magia e religião *Sociologia compreensiva: metodologia sociológica - conceitos chave próximos ao termo (desencantamento) ** sociologia de Weber: ciência do sentido subjetivo da ação social ** - lembrar dos tipos de ação social - além da ação social (e outros conceitos similares), surgem socialização e relação comunitária por acordo, todos também próximos de 'racionalização' - passagem por temas religiosos - desencantamento do mundo não é um conceito universal (remete a um determinado processo histórico) - uma frase que contrasta magia e religião, porém destacando a irracionalidade da segunda e a racionalidade da primeira
12 - sociologia da religião para Weber se ocupa de magia e religião (relações com o sagrado para Durkheim) * tipos ideais - religião: racionalização teórica (intelectualização) em relação a magia (monismo -> dualismo) * (evolução?) - a religião possui doutrinas - a religião possui fidelidade a comunidade de culto - o tabu está para a magia como a ética religiosa está para a religião - transição da visão mágica do mundo para a visão ético-religiosa do mundo: várias direções * uma delas: desencantamento religioso do mundo ** desmagificação da religiosidade - intelectuais da religião exponenciam o dualismo ao ponto da providência divina ser absoluta (?) * diferença entre o ser e o dever ser - magia x religião = submissão DOS deuses x submissão AOS deuses * a magia tem fins racionais - ato mágico: ação subjetivamente racional com relação a fins - porém Weber associa a magia ao irracional campo natureza passado * vida econômica dos camponeses pouco suscetível de uma sistematização racional * desencantamento do mundo: saída do campo (?) *¹ crescente desencantamento do mundo: contraste da racionalidade teleológica de curto prazo da magia, racionalidade prático-técnica e teoricamente irracional E abundância de sentido das metafísicas religiosas * 'religião aceitando referências de sentido cada vez mais subjetivamente irracionais com relação a fins' (por que?) ¹ os interesses magicos são intra mundanos a racionalidade da magia não é ética, é prática * não se nasce religioso 'a ação religiosa ou magicamente motivada, em sua existência primordial, está orientada para este mundo [...] é uma ação racional'
13 - distinção magia x religião evolucionista (?) - a magia tem fins racionais, ainda que seja irracional nos meios - a magia é incapaz de vida cotidiana - seria o desencantamento do mundo a entrada em outro mundo com mais sentido (o além) 2) Introdução à Ética Econômica das Religiões Mundiais (1913) - tema: sociologia da religião - análise comparativa das culturas religiosas do ocidente e do oriente - 1 uso do termo desencantamento do mundo Relação com o protestantismo ascético Ascese intramundana como via de salvação - desmagificação / escalada da moralização: duas faces da mesma moeda - ideias e interesses: os primeiros guiam, os segundos impulsionam a ação humana e o que são as ideias: são 'imagens do mundo' criadas por grupos religiosos e intelectuais - desencantamento -> despovoamento (espíritos - panteísmo - monoteísmo) - desencantamento: desvalorização dos meios mágicos de salvação desvalorização do mundo (o mundo é corrupto) - 'o asceta intramundano é um racionalista, tanto no sentido de uma sistematização racional [...] de sua vida pessoal, quanto no sentido da rejeição de tudo que é eticamente irracional' (tudo que é eticamente irracional - inclui a magia) - surge a ideia do trabalho como forma de louvor (?)
3) Economia e Sociedade (1913-4) - relação entre sociologia tipológico-sistemática e sociologia histórico-comparativa - o recuo da crença na magia está diretamente relacionado ao avanço do intelectualismo no interior das comunidades religiosas * análise da religiosidade nos estratos intelectuais - temas em destaque: religiosidade ética, monoteísmo, judaísmo, profecia emissária, moralização religiosa - os interesses 'religiosos' se formam e se distribuem desigualmente numa população - camadas superiores: interesse religioso = ganho de sentido (?) - se no mundo não há sentido, a busca se dará na ascese religiosa (?)
14 - o mundo se ordena num cosmos, não mais sujeito à vontade humana por meio de rituais. Criação de Deus, a nós resta observar sua vontade. Surge (?) a ética religiosa * ruptura com a magia - racionalismo ético no judaísmo antigo: busca se internalizar nos indivíduos *precursor do caráter individual calvinista? - os processos do mundo tornam-se desencantados * 'somente o protestantismo ascético efetivamente aniquilou a magia' - a racionalização religiosa toma o rumo da moralização religiosa do cotidiano - dar um sentido unificado e unificador à totalidade da vida e do mundo é a melhor maneira de desencantá-los
4) A religião da China (1913, 1915) - paralelo entre confucionismo e puritanismo - definição explícita de desencantamento do mundo: o grau em que uma religião se despojou da magia * inclui 'magia sacramental' (e aí vemos a diferença do puritanismo para o catolicismo) - sociologia comparada dos racionalismos das visões de mundo e das condutas de vida - 'Para apreciar o nível de racionalização que uma religião representa podemos usar dois critérios básicos, que se inter-relacionam de várias maneiras. O primeiro é o grau em que uma religião despojou-se da magia-, o outro é o grau de coerência sistemática que imprime à relação entre Deus e o mundo e, em consonância com isso, à sua própria relação ética com o mundo.' - aqui se nega à magia, qualquer que seja, todo valor salvífico positivo, toda vigência religiosa, toda eficácia e poder como meio de salvação ou até mesmo apenas enquanto busca de salvação - dois eixos possíveis de racionalização das imagens de mundo religiosas (1) o grau em que “se despojou da magia”; (2) o grau de unidade sistemática que
imprime à relação entre Deus e o mundo - desencantamento em sentido técnico não significa perda para a religião nem perda de religião: desencantamento em Weber significa um triunfo da racionalização religiosa - Weber dedica toda uma seção do estudo sobre a China a discutir a importância e a enorme presença da magia naquela cultura * impacto positivo e alentador que o surgimento de uma metafísica religiosa do porte do taoísmo de Lao Tsé acabou tendo sobre as tradições mágicas populares. Com o taoísmo, estamos diante do exemplo máximo de uma racionalização metafísica de caráter holístico e unificador que, ao contrário do que ocorreu com a racionalização profético-metafísica do judaísmo, só fez aumentar o fôlego do magismo, em vez de o afastar, ou pelo menos de o contradizer e depreciar
15 - Diferentemente do confucionismo dos literati, religião oficial e “irreligiosa” que, se não perseguia a magia popular, pelo menos a discriminava e desvalorizava, o taoísmo a acolheu gene rasamente e, nutriz, nunca a deixou de retroalimentar * muito distante, na forma e na direção, do antagonismo que entre ambas se desenvolveu no Ocidente judaico-cristão. - Weber acreditava que o taoísmo, ao encorajar essas crenças populares, ajudou a criar uma imagem de mundo, uma cosmovisão, segundo a qual espíritos caprichosos eram capazes de, sem qualquer motivação, praticar ações de todo tipo, e que a fortuna ou infortúnio das pessoas dependia da eficácia de encantamentos e desencantamentos - intelectuais religiosos: Weber refere- se a eles como “intelectuais que encaram a vida e ponderam seu sentido como pensadores, mas não compartilham suas tarefas práticas como fazedores”
- enquanto no judaísmo antigo e no moderno cristianismo Weber identifica um processo de “desmagificação” da relação religiosa, na índia, na China e na Europa medieval e até mesmo no
Islã, ele identifica o processo inverso, de Magisierung [magificação] da religiosidade (cf. WuG: 284; EeS I: 320). Exemplos máximos: o taoismo desde o princípio e o budismo tardio - o que os intelectuais taoistas fizeram em última análise foi sistematizar a magia popular, incorporando-a numa metafísica religiosa inclusiva que na origem parecia caracteristicamente “intelectualista”, e por isso, lembra Weber, mística e escapista, tão incapaz quanto a magia de
racionalizar a vida cotidiana - Na China, tanto a ortodoxia (o confucionismo) quanto a heterodoxia (o taoismo) foram originalmente religiões de intelectuais, não da massa - Entre taoismo e magia havia — e há todavia — mais que afinidade eletiva: há conivência, cumplicidade, colaboração e incentivo mútuo - Tanto a religião oficial quanto a heterodoxa manifestaram complacência, quando não benevolência, com o magismo constitutivo da religiosidade das massas. As racionalizações religiosas que tiveram lugar na China não chegaram a desenvolver, nem teórica nem praticamente, motivos de desvalorização da magia em sua significação positiva de salvação (?) - “E permaneceu com valor religioso apenas o racionalmente ético” é uma frase que diz tudo: no processo de desmagificação do mundo está mais do que imbricado como fator causal sine qua non o processo de eticização da religião - a religião só se moraliza efetivamente, só se torna em seu cerne uma ética religiosa consequente, consistente e vinculante se se extirpa de seu seio não só a ação isolada orientada magicamente, mas principalmente a magia como atitude e mentalidade. - Quando a religião se moraliza “para valer”, ela desencanta o mundo; e vice -versa, quando uma religião se desmagifica “até o fim”, não resta outro caminho àqueles que a seguem a não ser o
ativismo ético-ascético no trabalho profissional cotidiano. A China não conheceu isso, pois permaneceu encantada - Na cultura asiática em seu conjunto, generaliza ele, “não havia nem uma ética prática nem uma metódica de vida racionais que conduzissem para fora desse jardim encantado da vida toda, para dentro do ‘mundo’”
16 - É como se Weber quisesse mimetizar, com a repetição e o esparrame obsessivo do vocábulo, a onipresença da magia nas grandes culturas asiáticas, o “encantamento universal(izado)” para
todos os setores da vida, invadindo também “a vida econômica cotidiana - que melhor lugar do que a China para se observar de perto as implicações e consequências não antecipadas do respeito absoluto ao ritual e às tradições? Magia implica isto: tradicionalismo - o tipo de racionalismo religioso que se desenvolveu na China foi incapaz de injetar nos indivíduos a motivação interior suficiente - romper com a tradição = quebrar o feitiço. - Monoteísmo é básico para a erradicação da magia - só mesmo a racionalidade ético-prática da ascese pedida pelo Deus ético em meio a um mundo “desvalorizado” como corrupto: sem Deus, sem valor
- a religião e a magia geram, sim, lá como aqui, consequências sobre a atividade econômica. Consequências indiretas, vá lá, mas aos olhos de Weber as consequências indiretas não são necessariamente menos importantes que as consequências diretas - Weber passa a considerar sempre mais a questão da “remoção da magia” na chave da “ remoção de obstáculos” ao desenvolvimento do capitalismo
- a magia não é apenas irracional, mas “anti” -racional - desencantamento vivamente presente - magia como obstáculo, entrave, travação, pedra no caminho a ser removida da mentalidade ou atitude ou orientação econômica - A consideração da magia como obstáculo, estorvo, entrave permite a leitura do desencantamento como desembaraço * Em poucas palavras, a tese de Weber no ensaio comparativo sobre a China era a seguinte: sem a desmagificação que o judaísmo operou e hereditariamente transmitiu ao cristianismo, não teria havido o racionalismo de domínio do mundo que caracteriza o desenvolvimento do Ocidente. Trata-se, pois, de uma comparação entre racionalismos. Dado que no Oriente os obstáculos mágicos não foram removidos pela religiosidade racionalizada dos seus intelectuais típicos, fica explicada a grande diferença nos respectivos processos de racionalização e nos racionalismos resultantes - Afirmação do mundo lá, aqui desvalorização do mundo = jardim encantado lá, aqui mundo desencantado = adaptação ao mundo lá, aqui dominação do mundo
5 e 6) Consideração intermediária (1913, 1915) - A Consideração intermediária, título no singular já adotado por muitos no Brasil, foi propositalmente colocada por Weber “entre” o ensaio sobre as religiões da China e o ensaio
sobre as da índia, e isso já na primeira edição, em 1915. - E na Consideração intermediária que Weber desenvolve sua tipologia das esferas de valor
17 - duplo ponto de vista teoria da diversidade dos processos de racionalização cultura como conflito de valores - o tema central da Consideração intermediária é a racionalização cultural do Ocidente - politeísmo em Weber É uma metáfora para representar a modernidade cultural na medida mesma em que remete ao “mundo encantado” da Antiguidade clássica, ao mundo das “altas culturas”
- na ideia de desencantamento há efetivamente essa faceta de despovoamento dos panteões, de esvaziamento e deslegitimação do politeísmo pelo monoteísmo - Weber diagnostica uma importante inflexão no processo de racionalização ocidental: agora é possível conceber a esfera doméstica e a economia, a política e o direito, a vida intelectual e a ciência, a arte e a erótica, independentemente das fundamentações axiológicas religiosas. Cada esfera de valor, ao se racionalizar, se justifica por si mesma: encontra em si sua própria lógica interna - mundo encantado em Weber tem a ver também com o mundo já razoavelmente diferenciado e incipientemente hierarquizado dos deuses funcionais dos panteões politeístas - no mundo que o monoteísmo triunfante no Ocidente desencantou [...] precipitou-se em consequência a instalação de um estado de tensão “ permanente” e “ insolúvel”
- De novo, portanto, no mundo duplamente desencantado pela religião e pela moderna atitude científica, uma guerra politeísta - os valores ú ltimos agora em luta são “valores deste mundo” - Em diversos momentos nesses trabalhos emerge também esta que é uma das grandes metáforas de Weber, a metáfora do politeísmo — o “irredutível politeísmo dos valores” — que imediatamente se desdobra nesta outra, a metáfora da “ inconciliável guerra dos deuses'
* Associado à ciência moderna, o conceito weberiano de desencantamento se refere inescapavelmente ã “perda de sentido”.
- luta entre a ética religiosa da fraternidade e a esfera do conhecimento racional-intelectual, cuja expressão máxima é a ciência empírica moderna - tese do autor reforçada: os dois significados do mesmo significante (desencantamento do mundo) são coexistentes, coetâneos, concomitantes, e não sucessivos (desmagificação e perda de sentido) - com o advento universal dos métodos científicos racionais, toda interpretação da história mundial com pretensões de aplicabilidade universal havia sido esvaziada em sua pretensão de objetividade, simplesmente impossível - incapacidade do conhecimento científico de gerar sistemas de sentido existencial - Para Weber, objetivo é o conhecimento científico; o sentido é subjetivo.
18 - A ciência não produz visões de mundo e não há orientação axiológica existencial global que possa pretender embasamento científico - A ciência empírica é impo tente para arbitrar entre tomadas de posição valorativas diferentes e não raro conflitantes - A metafísica religiosa, em consequência da atmosfera geral criada por essa atitude-método da ciência moderna especializada, acaba sendo redirecionada para o reino do irracional. - primeiro a religião (monoteísta ocidental) desalojou a magia e nos entregou o mundo natural “desdivinizado”, ou seja, devidamente fechado em sua “naturalidade”, dando -lhe, no lugar do encanto mágico que foi exorcizado, um sentido metafísico unificado, total, maiúsculo; mas depois, nos tempos modernos, chega a ciência empírico-matemática e por sua vez desaloja essa metafísica religiosa, entregando-nos um mundo ainda mais “naturalizado”, um universo reduzido a “mecanismo causal”, totalmente analisável e explicável, incapaz de qualquer sentido
objetivo - um mundo desdivinizado que apenas eventualmente é capaz de suportar nossa inestancável necessidade de nele encontrar nexos de sentido, nem que sejam apenas subjetivos e provisórios, de alcance breve e curto prazo. A ciência, na verdade, obriga a religião a abandonar sua pretensão de nos propor o racional. - Se a ciência está “em luta eterna com a religião” (WL: 154), não é na qualidade de “visão de mundo científica” , uma visão de mundo que estivesse em concorrência com a imagem de
mundo religiosa no mesmo nível de pretensão, mas apenas como aquele ímpio fado que desmente — “a totalidade é uma mentira” - em Weber o significado literal de desencantamento do mundo como desmagificação da busca da salvação talvez seja mesmo seu sentido mais forte e decisivo, na medida em que nada mais é que a outra face do processo de moralização da prática religiosa, um processo históricoreligioso tipicamente ocidental e de sérias consequências para o viver humano. - interessava a ele a racionalidade prática em seus dois leitos ou cursos principais: a racionalização prático-técnica e a racionalização prático-ética - A intelectualização científica é sem dúvida fator decisivo de desencantamento do mundo - O desenvolvimento do método racional prático de uma conduta de vida é evidentemente algo muito diferente do racionalismo científico e não necessariamente associado com ele - Não é o racionalismo científico, e menos ainda o racionalismo teórico: é o racionalismo práticoético, a racionalização ético-ascética da conduta de vida, o verdadeio xis da questão
7 a 12) A ciência como vocação - frequentemente datado errado, mas é de 1917 - maior número de aparições do termo desencantamento do mundo - significado 'expandido'
19 a) elo no encadeamento histórico-cultural da emergência e ascensão da forma caracteristicamente ocidental de racionalismo que iria se derramar no “espírito” do moderno
capitalismo b) produção de um diagnóstico de época - reflexão pouco otimista (mundo em guerra) - desmagificação religiosa sempre acompanhada da ideia de perda de sentido nessas ocorrências do termo - Ela [a ciência] que pretende tudo calcular, prever e dominar, não é capaz de definir nenhum valor, sequer mesmo de dizer se vale a pena ser cientista e dedicar a vida à pesquisa. - separação entre o ser e o dever ser (?) - todas as visões de mundo são o que são, precisamente porque não são científicas: elas dão sentido. A moderna ciência empírica, não - A atitude científica diante do mundo é especificamente “alheia ao divino” [spezifisch gottfremde], da mesma forma q ue a natureza é “alheia ao sentido” [sinnfremde] — vale dizer, o mundo natural ele mesmo e o mundo social naturalizado pela ciência- "o que se opõe à natureza como “aquilo que não tem sentido” não é “a vida social”, mas antes “aquilo que é significativo” [das “Sinnvolle”], isto é, o “sentido” que é atribuído a um processo ou a um objeto"
- o trabalho científico está atrelado ao curso do progresso - para Weber o conhecimento científico propriamente dito se exercita sem confiar em qualquer fim último ou valor transcendental - o conhecimento científico progride sem parar, Weber não tem a menor dúvida quanto a isso. Ele não só não tem um paradeiro, como não tem parada - Nessa constante e progressiva autossuperação reside, para Weber, o “problema de sentido” da ciência - para as ciências naturais, quando se pensa ademais que sua finalidade não é outra que a de dominar o mundo natural e o mundo cotidiano pela técnica: “se o domínio técnico tem qualquer sentido, isso deve ser deixado de lado”
- a ciência transforma o cosmos em algo perfeitamente explicável em cada elo causal, mas não no todo - desencantamento no sentido mais radical do termo: retirada do sentido do mundo e não coloca nada no lugar - essa outra definição do desencantamento do mundo explode as fronteiras de sua acepção estritamente religiosa de “eliminação da magia como meio de salvação” (PE/GARS I: 114; ESSR
I: 117), para abranger toda a mentalidade de uma época que, de modo mais geral e mais a fundo, desvaloriza o misterioso porque incalculável, em favor do conhecimento hipotético-matemático cientificamente configurado, para o qual “é possível, em princípio, tudo dominar mediante o cálculo”
- desencantamento como desmitologização
20 - não considerar com certeza o avanço da ciência como o único aspecto representado pelo desencantamento do mundo para Weber * significado mais estrito: repressão da magia pela religião - Weber avança além do 'campo religioso' - a ciência moderna é uma Sabença autorreflexiva que desencanta o mundo ao mesmo tempo que se desencanta a si mesma, produzindo-se e reproduzindo- se de forma ampliada em “ciência desencantada” - cientista = desencantador profissional
13) História geral da economia (1919-20) - notas de aula do curso de história da economia - aparição da 'desmagificação do mundo enquanto rejeição ético-religiosa da magia' - Às profecias cabe o mérito de haver rompido o encanto mágico do mundo, criando o fundamento para a nossa ciência moderna, para a técnica e, por fim, o capitalismo *romper o encantamento (ou quebrar o feitiço) nao aparece no original, mas ele quer dizer isso mesmo: destruição da magia como atitude e mentalidade * quebrar a magia = colocar no seu lugar uma religiosidade eticamente orientada - causalidade histórica multidimensional (diferente de Marx por exemplo) - 'Na medida em que legou ao cristianismo sua hostilidade à magia [Magiefeindschaft], o judaísmo teve um significado decisivo para o capitalismo racional moderno.' - “a dominação da magia, fora do âmbito do cristianismo, é um dos mais pesados entraves à racionalização da vida econômica”, impedindo a liberação daquele ímpeto motivacional interior que n’A ética protestante Weber caracteriza como “sanção psicológica”. E por que isso? Simplesmente porque, prossegue Weber, “magia quer dizer estereotipação da técnica e da economia”
* magia é fixidez, repetição, tradicionalismo - o termo aparece num livro de história da economia, no capítulo sobre a origem do capitalismo moderno, oq é significativo (?) * desencantamento ético-religioso do mundo, do processo de desembaraçar das crenças e práticas mágicas o estilo de vida religioso das pessoas, substituindo-as pela disposição ética internalizada de levar uma vida metódica de trabalho racional in majorem Dei gloriam. - não é possível explicar nem mesmo a economia e seus diversificados desenvolvimentos sem levar a sério os aspectos essenciais da história cultural, sobretudo da vida religiosa; é necessário torná-los parte imprescindível da análise, encadeando-os e imbricando-os aos outros fatores, econômicos, políticos e sociais - “A força, ao mesmo tempo religiosa e histórica, que rompe o conservantismo ritualista e os estreitos laços entre o carisma e as coisas, é o profetismo. Ele é religiosamente revolucionário
21 [...] porque estabelece uma oposição fundamental entre este mundo e o outro” (Aron, 1967: 546) — uma disjunção entre o aquém e o além que afasta cada vez mais o divino do criado, que
separa o sobrenatural da natureza * Num primeiro momento, a profecia ética desvaloriza as práticas mágicas, retirandolhes todo valor salvífico * Num segundo momento, a profecia ética antagoniza a magia * Cabe ao povo obedecer à vontade de Javé, expressa em mandamentos éticos de regulamentação da conduta, fundindo a prática religiosa com a atividade de cada dia - triunfo da religião eticizada sobre a religião ritual-sacramental embebida de magismo. E a desmagificação da religiosidade, seu desencantamento. E a nascente de tudo isso, rica de possibilidades ilimitadas de racionalização da vida e de dominação do mundo, foi a profecia israelita — a grande profecia racional. - Pode-se desencantar o mundo ordenando-o sob um sentido que unifica, como fez a profecia ético-metafísica, e pode-se desencantá-lo estilhaçando este sentido unitário, como tem feito a ciência empírico-matemática.
14 a 17) A ética protestante e o espírito do capitalismo (1920) - o termo não aparece na primeira edição, de 1905 * vários autores consideram que o termo desencantamento do mundo aparece pela primeira vez aqui, e que suas acepções evoluíram com a obra de weber * o problema é que só apareceu na segunda edição, a de 1920, quando o termo já tinha sido explorado (ver passos anteriores) - as quatro aparições aparecem em um capitulo, os fundamentos religiosos da ascese intramundana - Aquele grande processo histórico-religioso de desencantamento do mundo, que começou com a profecia do judaísmo antigo e, em associação com o pensamento científico helênico, repudiava todos os meios mágicos de busca da salvação como superstição e sacrilégio, encontrou aqui sua conclusão. * ou seja, a ética protestante acentuou a desmagificação que já tinha se iniciado milênios atrás - impacto desmagificador da doutrina calvinista * o protestantismo afirma que a salvação não virá das boas obras, e o calvinismo é mais enfático nesse aspecto - íntimo isolamento do indivíduo singular. Naquilo que para os homens da época da Reforma era o assunto mais decisivo da vida — a salvação eterna — o homem foi forçado a seguir sozinho o seu caminho ao encontro de um destino que lhe fora fixado desde a eternidade - O desencantamento do mundo que o sintagma nos apresenta é tanto um resultado histórico determinado e empiricamente verificável, quanto um processo histórico particular, e ambos os
22 aspectos dizem respeito a determinadas religiões históricas, não a todas as religiões e nem mesmo a todas as religiões chamadas mundiais - nota de rodapé no livro sobre o passo 14: definição estrita de desencantamento do mundo = rejeição da magia sacramental como via de salvação * para a teologia puritana, sacramento É magia - semelhante ao passo 15 - ascese intramundana como única saída para a desvalorização dos sacramentos (isto é, o desencantamento) (passo 16) - diferente do que ocorria na Ásia (ou só na China?), o magismo era eliminado como prática e como mentalidade - relação entre atividade profissional e certeza da salvação vinda dessa mesma atividade: união da ação racional referente a valores e ação racional referente a fins * tipo ideal de conduta de vida metódico-racional derivada da ascese protestante - para dominar o mundo, é preciso desencantá-lo - tanto o desenvolvimento econômico-capitalista quanto o progresso científico-tecnológico precisaram da apresentação e disseminação de uma conduta de vida racional - Desencantamento do mundo, portanto, é uma forma específica de racionalização religiosa, a qual, por sua vez, constitui também uma forma específica de racionalização * para weber a racionalização se dá de vários modos. O desencantamento é um deles * desencantamento religioso. O científico (ainda?) não tem conclusão (atrelado ao progresso)