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a revista do engenheiro civil
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j a n e i r o
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apoio
IPT
www.revistatechne.com.br
ARTIGO
Boom imobiliário x urbanismo
Edição 130 130 ano 16 janeiro de 2008 R$ 23,00 23,00 H a b i t a ç õ e s e c o n ô m i c a s ■
I m p e r m
e a b i l i z a ç ã o d e t ú n e i s ■
E v o l u ç ã o d a s f ô r m a s ■
M i s s ã o a B o g o t á
Como construir para baixa renda O projeto para o segmento econômico ■ Sistemas construtivos mais utilizados ■ Desafios de orçamento e de margem ■ O que muda no planejamento de obra ■ Entrevista: Renato Diniz, da Rossi ■ Visita a obras populares na Colômbia ■
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SUMÁRIO
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CAPA Torres econômicas
Como viabilizar condomínios verticais para baixa renda Horizonte planejado
As peculiaridades dos condomínios horizontais econômicos
48 ARTIGO Infra-estrutura de grandes conjuntos habitacionais
Como evitar a repetição de erros do passado no planejamento desses empreendimentos
li o r a d n a c S o l e c r a M : s o t o F
60 COMO CONSTRUIR Casa de alvenaria estrutural
Os detalhes de execução da Casa 1.0
26 FÔRMAS – ESPECIAL PINI 60 ANOS Evolução dos moldes
Os principais avanços dos sistemas de fôrmas nos últimos anos
40 INTERNACIONAL
18 ENTREVISTA
Missão Colômbia
Engenheiros brasileiros conhecem condomínios para baixa renda em Bogotá
Chassi padrão
44 IMPERMEABILIZAÇÃO
Diretor da Rossi conta como empresa industrializa a produção de habitações econômicas
Túnel estanque
Orientações de especialistas para a impermeabilização de túneis
SEÇÕES Editorial Web Área Construída Índices IPT Responde Carreira Melhores Práticas Técnica e Ambiente P&T Obra Aberta Agenda
2 6 8 12 13 14 16 24 52 56 58
Capa Layout: Leticia Mantovani Ilustração: Sergio Colotto
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EDITORIAL Alta engenharia na baixa renda
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mercado de habitações econômicas,com econômicas, com valores de venda entre R$ 50 mil e R$ 150 mil, se mostra cada vez mais promissor. Antes ignorada pela maioria das incorporadoras,a incorporadoras, a classe C começ começaa a ser beneficiada pelo crédito imobiliário abundante, abundante, pelos juros descendentes descen dentes e prazos de pagamento dilatados. dilatados. Em 2007,o 2007, o número de lançamentos para o segmento segmento econômico quadruplicou, o que já deve injetar 60 mil novos imóveis no mercado nos próximos anos. A forte expansão impõe uma série de desafios aos profissionais do setor,, visto que se trata de uma atividade caracterizada por setor condomínios condom ínios com grande número de unidades,pouca unidades, pouca variação de tipologia e margem de lucro lucro apertada.É apertada. É um segmento no qual a nossa engenharia será colocada à prova pela sua capacidade de otimização de custos, custos,pela pela alta repetição isenta isenta de erros,pelo erros, pelo planejamento planejamen to da logístic logísticaa de produção produção,, compatib compatibilização ilização e integração de projetos e coordenação das equipes de trabalho.T trabalho. Trata-se de um momento único para a tão esperada industrialização dos canteiros e a valorização da arquitetura e da engenhar engenharia ia civil, especia especialmente lmente na área de projetos.Bons projetos. Bons exemplos já estão surgindo em diversas diversas incorporadoras e construtoras.Algumas já levantam "protótipos" das unidades para a realização de ensaios e detalhamento do projeto executivo exec utivo.. De outro lado,o lado, o boom da baixa renda gera incertezas. incertezas. Há sempre o risco de a necessária busca pela redução de custos ser empreendida empree ndida no sentido contrário contrário do desejável, desejável, ou seja, pela informalidade informal idade e pela falta de boa engenharia.Infeliz engenharia. Infelizmente, mente,isso isso tem ocorrido com algumas incorporadoras, incorporadoras,que que registram altos índices de devolução das unidades.Ness unidades. Nessee contexto, contexto, a nova Norma de Desempenho Desemp enho de Edifícios,que Edifícios, que deve entrar em vigor dentro de pouco mais de um ano,pode ano, pode ter contribuição contribuição fundamental, fundamental,ao ao estabelecer estabelecer regras claras para as ações judiciais envolvendo incorporadoras e compradores. comprad ores.Se Se a norma se dissem disseminar inar como deveria, deveria,será será um importante instrumento instrumento para depurar o merca mercado, do,proteg protegendo endo as boas incorporadoras e construtoras e penalizando as negligentes. Se a norma não for assimilada e algumas empresas apostarem na redução de custos por meio de informalidade e comprometimento da qualidade,o qualidade, o meio técnico terá perdido perdido uma valiosa chance de se revalorizar e ganhar um novo status perante a sociedade.
VEJA EM AU
Entrevista: Josep Maria Montaner FDE Jardim Angélica, São Paulo Cobertura da 7a BIA Especial fachada-cortina
VEJA EM CONSTRUÇÃO MERCADO
Infra-estrutura para a Copa 2014 Diferenças entre construtoras e gerenciadoras Evoluções dos projetos Concreto de Alto Desempenho
Gustavo Mendes 2
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www.revistatechne .com.br Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdos publicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente mensalmente pela revista
Casa popular de alvenaria
Fórum Téchne
Confira no site detalhes das possibilidades de expansão da Casa 1.0, desde o projeto embrião ao mais avançado, com quatro quartos. A Casa foi idealizada pela ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), em parceria com a ONG Água e Cidade e a Universidade de São Paulo, e é o tema da seção "Como Construir" desta edição.
Os engenheiros civis, a exemplo dos arquitetos, arquitetos, deveriam reivindicar um conselho próprio para deixar o sistema Confea/Crea?
Sou formado há sete anos e nunca vi o Crea fazer algo para nossa categoria. Também acho que deveria existir um conselho somente para engenheiros, sem essa mistura que existe atualmente. A meu ver, esse conselho só quer que nós profissionais paguemos as anuidades. P C B A o ã ç a lg u iv D
o c r u t o L o n u r B
Acácio Xavier Coutinho [24/10/2007]
A corrupção de fiscais do Poder Público aumentou com o atual boom imobiliário no Brasil?
Com certeza, isso é devido à má seleção dos profissionais que devem valer a lei. Baixos salários que as prefeituras pagam aos engenheiros e arquitetos. O jeitinho dos politiqueiros em detrimento das soluções técnicas. Infelizmente a corrupção começa com os políticos que só querem levar vantagem.
Habitação colombiana Veja no site mais fotos da missão brasileira de construtores à Colômbia, acompanhada pela reportagem da Téchne , e conheça as alternativass do país em sistemas alternativa construtivos de concreto para erradicar o déficit habitacional.
Fôrmas em evolução Confira uma seleção das principais reportagens sobre fôrmas publicadas na Téchne nos últimos anos. A seleção está disponível como extra da reportagem especial "Evolução dos moldes", sobre os principais avanços tecnológicos da área, por ocasião dos 60 anos da Editora PINI. 6
Luís Fernando Dias [30/11/2007]
li o r a d n a c S o l e c r a M
O excesso de adensamento nas grandes cidades, a escassez de áreas disponíveis, as severas restrições ambientais, a indefinição dos Planos Diretores e o poder corporativo das Ademi's, com o suporte econômico, têm conseguido corromper desde o engraxate da porta da prefeitura ao gabinete Gestor Municipal. Victorio Kruschewsky Badaró Filho [28/11/2007]
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ÁREA CONSTRUÍDA Evento discutirá desafios e oportunidades na baixa renda Quais são,afinal,os são, afinal,os difere diferenciais nciais competitivos necessários para atuar no mercado de baixa renda, caracterizado por margens apertadas, apertadas, necessi necessidadade de escala e grande eficiência na engenharia de produto? No seminário "Desafios e Oportunidades do Mer-
s e d i v e n e B r o d a v l a S
cado de Baixa Renda", especialistas, pesquisadores, projetistas, construtores e incorporadores vão discutir o assunto em profundidade, levantando casos reais e as dificuldades do dia-a-dia. O evento será promovido pela PINI no dia 28 de fevereiro, fevereiro, das 9h às 17h , no Hotel Hotel Renaissanc Renaissance, e, em São Paulo. Paulo. A proposta é realizar realizar um intercâmbio de experiências e informações entre os profissionais da indústria da construção civil, principalmente aqueles envolvidos com as fases de concep concepção, ção, viabilização, projeto, planejamento e execução execução de empreendimentos para o chamado segmento econômico. econômico. Confira a programação completa.
Diretrizes e Concepção de Projeto com Meta Orçamentária
Empreendedores Imobiliários com Foco em Baixa Renda
Mais informações:
Prof. João da Rocha Lima – Núcleo de Real Estate da Poli-USP
Normas de EPS são atualizadas Quatro normas que regem as características do EPS foram atualizadas: NBR 11752, 11752, NBR 7973, 7973, NBR 11948 11948 e NBR 11949.Entre as mudanças,a novidade é o aumento do número de tipos de EPS contemplados, que aumentou de quatro para sete. Eles variam de acordo com a densidade do produto, cuja gama vai de 9 kg/m 3 a
10 kg/m3 (Tipo I) a 30 kg/m 3 a 32 kg/m3 (Tipo VII). VII). Os produtos que se encaixarem em cada uma das categorias também serão identificados por cores (veja (veja tabela). objetivo é auxiauxitabela). O objetivo liar o consumidor a se certificar de que, no momento momento da compra, compra, ele está adquirindo os produtos adequados às suas necessidad necessidades. es.
Tipo Categoria Tipo I (de 9 a 10 kg/m³) uma faixa verde Tipo II (de 11 a 12 kg/m³) duas faixas verdes Tipo III (de 13 a 14 kg/m³) uma faixa azul Tipo IV (de 16 a 18 kg/m³) duas faixas azuis Tipo V (de 20 a 22,5 kg/m³) uma faixa preta Tipo VI (de 25 a 27,5 kg/m³) duas faixas pretas Tipo VII (de 30 a 32,5 kg/m³) três faixas pretas * Os produtos classificados como "Retardante à Chama" (Classe F) devem conter uma faixa vermelha ao lado da faixa correspondente ao produto. 8
Arq. Wilson Marchi Junior (EGC Arquitetura) Gestão com Base em Indicadores de Custo e Qualidade – Da Concepção à Execução da Obra
Prof. Ubiraci Espinelli Lemes de Souza Prof.Ubiraci (Livre-docente pela Poli-USP) Sistemas Construtivos Industrializados para Segmento de Baixa Renda
Eng. André Aranha (Inmax) (Inmax) Case Cytec – Desafios da Construção para Baixa Renda
Eng. Yorki Estefan (Cytec e Tecnum)
Fone: (11) 2173-2396 Fone: E-mail:
[email protected] www.piniweb.com/desafiosbaixarenda
Edifício cede e é demolido em Pernambuco Após ter afundado cerca de 70 cm, o bloco B do Conjunto Residencial Sevilha, no bairro Piedade, em Jaboatão dos Guararapes (PE), precisou ser demolido. O incidente ocorreu na manhã do dia 20 de dezembro e não fez vítimas. Por volta de 6 h, os moradores moradore s teriam desocupado o prédio após ouvir estalos na estrutura. O edifício de térreo e três andares tinha 16 apartamentos e teria sido construído há 19 anos. O imóvel ficava na mesma rua do Edifício Ijuí, que seis anos antes também cedera. Outros três desabamentos ocorreram no bairro nos últimos anos: um centro comercial (2007), o edifício Aquarela (2000) e o mais grave, em outubro de 2004, o Edifício Areia Branca, que matou quatro pessoas. TÉCHNE 130 | JANEIRO DE 2008
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Palmeiras apresenta projeto de modernização do Parque Antártica A Sociedade Esportiva Palmeiras irá modernizar seu estádio, o Parque Antártica, em São Paulo, em parceria com a WTorre WTorre Engenharia. Engenharia . A idéia é adaptar o imóvel a um nicho nicho imobiliário ainda pouco explorado no Brasil, transformando o local em uma arena multiúso, seguindo uma tendência que vem se consolidando no exterior. De acordo com com o clube, as obras serão totalmente financiadas com capital privado do Palmeiras, da WTorre e eventuais parceiros. O projeto abrigará, além do próprio estádio de futebol, auditório e anfiteatro modular, com capacidades para até duas mil e dez mil pessoas, respectivamente.
O estádio terá capacidade para 42 mil pessoas em jogos de futebol e até 60 mil pessoas em outros eventos. O projeto prevê a construção de uma cobertura retrátil retrátil sobre o campo, campo, um estacionamento com cerca de duas mil vagas dentro da arena e aproximadamente outras seis mil no entorno.O no. O investimento investimento total será de aproximadamente R$ 250 milhões e o prazo da da parceria, parceria, de 30 anos. O projeto existe há 12 anos e foi concebido pela Amsterdam Arena Advisory, proprietária e gestora da Arena de Amsterdã, na Holanda. O projeto já está aprovado junto à prefeitura, segundo a WTorre. WTorre. As obras devem co-
s a ir e m l a P o ã ç a g l u iv D
meçar no segundo semestre de 2008, com conclusão prevista para 2010. O Palmeiras tem a intenção de tornar o estádio a segunda sede paulista para os jogos da Copa do Mundo de 2014.
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ÁREA CONSTRUÍDA
Entidades vão propor aperfeiçoamentos na lei dos aquecedores solares Seis entidades do setor da construção se uniram para enviar à Câmara de Vereadores de São Paulo uma proposta conjunta para a elaboração do decreto regulamentador à Lei 14.459, que trata da instalação de sistemas de aquecimento de água por energia solar em novas edificações do Município de São Paulo. Trata-se de uma reabertura do canal de comunicação entre as entidades e o poder público municipal. O fechamento se deu durante a aprovação da lei, que, segundo as entidades, havia sido aprovada sem que suas sugestões tivessem sido levadas em consideração. Para o vice-presidente do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), Francisco Vasconcellos, um dos maiores problemas da lei é a obrigatoriedade da instalação de aquecedores solares. Segundo ele, a própria pesquisa que deu origem à legislação já alertava para a necessi-
il o r a d n a c S o l e c r a M
dade de um avanço tecnológico das indústrias de aquecedores solares e de componentes, além da qualificação de projetistas e empresas de instalação. O documento será elaborado pelo SindusCon-SP, Secovi-SP (Sindicato da Habitação), Habitação), Asbea (As-
sociação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura), Abrasip (Associação Brasileira de Engenharia de Sistemas Prediais), Sindinstalação (Sindicato da Indústria de Instalação) e Apeop (Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas).
Empresa de pré-fabricados gerencia resíduos sólidos A empresa de pré-fabricados Cassol está implantando um programa de gerenciamento de resíduos sólidos nas cinco unidades fabris do grupo, localizadas no Paraná, Rio Grande do Sul,Rio Sul, Rio de Janeiro,Santa Catarina e São Paulo.Cada Paulo. Cada unidade da empresa gera, em média, 5 t/mês de resíduos, incluindo madeira, plásticos,
papelão, ferro, borracha e óleo. Segundo a Cassol, atualmente já é feito, feito, em todas as fábricas, um trabalho de separação e destinação dos resíduos gerados. No entanto, a partir desse programa, todo o processo será centralizado e acompanhado desde a coleta dentro da fábrica até o destino final, seja em aterro específico específico ou rere-
ciclagem. A primeira unidade a implantar o programa de gerenciamento de resíduos sólidos será a de Santa Catarina. O trabalho será feito por uma empresa terceirizada que atua no Sul do Brasil, que fornecerá certicertificado de destinação final de resíduos, garantindo a rastreabilidade rastreabilidade de todos os descartes coletados.
Lula veta Conselho de Arquitetos e Urbanistas O presidente Luís Inácio Lula da Silva vetou, no dia 31 de dezembro, o Projeto de Lei que criaria o Conselho dos Arquitetos e Urbanistas (CAU (CAU). ). Segundo a Agência Brasil, Brasil, a justificativa para o veto foi a de que o projeto deveria ter sido elaborado pelo Poder Executivo. Agora, os ministérios envolvidos no tema deverão criar um novo projeto para ser encaminhado ao Congresso Nacional. A criação da entidade havia sido aprovada pelo Senado, no início de dezembro, e esperava a sanção presidencial, inicial10
mente prevista para o dia 15 de dezembro, data em que o arquiteto Oscar Niemeyer completou cem anos de idade. O projeto (PLS 347/03), que tinha autoria do senador José Sarney (PMDB-AP), previa o desmembramento dos conselhos regionais (Creas) e do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea). Com o veto, a classe dos arquitetos, urbanistas e paisagistas continua ligada ao sistema Crea-Confea, que reúne mais de 300 modalidades profissionais.
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Sanção, que não ocorreu, estava prevista para o dia do aniversário de Niemeyer TÉCHNE 130 | JANEIRO DE 2008
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ÍNDICES IPCE sobe 0,10% Variação de dezembro foi inferior ao IGP-M, de 1,76%
custo médio do IPCE (Índice
OPINI de Custos de Edificações)
apresentou, em dezembro, discreta variação de 0,10%, percentual percentual consideravelmente inferior à inflação de 1,76% verificada pelo IGP-M da Fundação Getúlio Vargas. A alta do IPCE foi impulsionada pelo reajuste dos agregados.A areia lavada e a pedra britada inflacionaram 3,76% e 2,76% respectivamente. A areia passou de R$ 56,19 para R$ 58,30 o metro cúbico. Já a pedra britada que custava R$ 50,80 passou a custar R$ 52,20 o metro cúbico. O aumento no preço do cimento nos últimos meses ocasionou reflexo na alta do preço do bloco de concreto de vedação que apresentou reajuste de 3,08%. A unidade do bloco que antes era vendido a R$ 1,08 passou para R$ 1,11. As variações apresentadas pelos materiais que compõem a cesta de insumos do índice não foram suficientes para impulsioná-lo. impulsioná-lo. Apenas uma discreta variação de 0,31% foi observada no preço do cimento Portland CP II que custava R$ 15,78 e em dezembro passou a custar R$ 15,83 o saco de 50 kg. kg . Insumos como a barra de aço CA-50, CA-50,aa chapa compensada e o vidro cristal comum não apresentaram variações. Contudo, construir em São Paulo ficou em média 3,90% mais caro nos últimos 12 meses. No entanto, o percentual é quase metade do registrado pelo IGP-M que acumulou alta de 7,75% sobre o mesmo período.
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Índice PINI de Custos de Edificações (SP) Variaçãoo (%) em relação ao mesmo período do ano anterior Variaçã IPCE materiais IPCE global IPCE mão-de-obra
30 25 20 15 10 7,27 6,67 5 6,12
6 6 6
6 6 5
6 6 5
6 6 5
3
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6 3
1
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0
Dez/06
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O ut
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5,82 3,90 1,85 Dez/07
Data-base: mar/86 dez/92 = 100 IPCE – São Paulo global materiais mão-de-obra Dez/06 111.010,59 53.819,83 57.190,76 jan 110.759,12 53.568,36 57.190,76 fev 110.716,18 53.525,42 57.190,76 mar 110.289,87 53.099,11 57.190,76 abr 110.315,81 53.125,06 57.190,76 mai 113.722,37 53.493,24 60.229,13 jun 113.900,14 53.671,02 60.229,13 jul 114.065,53 53.547,83 60.517,71 ago 114.197,13 53.679,42 60.517,71 set 114.636,80 54.119,10 60.517,71 out 114.860,42 54.342,72 60.517,71 nov 115.225,62 54.707,92 60.517,71 Dez/07 115.335,12 54.817,42 60.517,71 Variações % referente ao último mês mês 0,10 0,20 0,00 acumulado no ano 3,90 1,85 5,82 acumulado em 12 meses 3,90 1,85 5,82 Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir das variações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado por pesquisa realizada em São Paulo. Período de coleta: a cada 30 dias com pesquisa na última semana do mês de referência. Fonte: PINI Mês e Ano
Suporte Técnico: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373 ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:
[email protected]. Assinantes poderão consultar indíces e outros serviços no portal www.piniweb.com
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IPT IP T RES RESPON PONDE DE
Envie sua pergunta para:
[email protected]
Recuperação de piso
Reforço de estrutura de telhado
Existem argamassas com resistência e aderência suficientes para cobrir piso de concreto danificado? Como recuperar pisos que estejam gastos e em processo de desagregação?
Para apoio sobre a última fiada de alvenaria, quais reforços são necessários para acomodar a estrutura de telhado?
Márcio R. Toyama
Denise Gama
Por e-mail
Existem grautes e argamassas poliméricas,base cas, base cimento, cimento,aptos aptos para reparos reparos localizados em pisos de concreto, concreto, visando sanar problemas como esborcinamento de quinas, buracos ou desagregação desagregação localizada etc. São produtos preparados com boa seleção granulométrica dos materiais, materia is, ciment cimentos os em geral de alta resistência inicial, aditivos retentores de água e aditivos aditivos superplastificantes, superplastificantes, que possibilitam a preparação de argamassas ou concretos auto-adensáveis com baixíssima relação água–cimento. Os reparos devem ser executados observando-se vários cuidados, cuidados, como por exemplo exempl o abertura de cavidades regulares para perfeito encaixe do material de
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Por e-mail
reparo, total remoção de material solto reparo, ou desagregado, limpeza eficiente e prévia saturação de base etc.No etc. No caso de desagregações bem superficiais, formação de poeira, pode-se tentar recorrecorrer a endurecedores de superfície, em geral silicato de sódio ou de cálcio. No caso de desarranjos gerais, pode-se recorrer ao fresamento geral do piso e à sua total recomposição. Além dos produtos cimentícios, há ainda materiais de reparo de base epóxi, poliéster e outras resinas sintéticas.
As alvenarias apresentam pequena resistência a esforços de tração e cisalhamento, induzidos, por exemplo, pelo apoio direto de tesouras ou vigas. Assim sendo, é necessária a introdução de cintas de amarração no respaldo das paredes, de forma a redistribuir as cargas e absorver as tensões. Estas também podem ser geradas a partir de movimentações higrotérmicas dos materiais, materiais, como a secagem de madeiras ou dilatação térmica de treliças ou vigas metálicas.
Ercio Thomaz
Ercio Thomaz
IPT – Centro de Tecnologia do Ambiente Construído
IPT – Centro de Tecnologia Tecnologia do Ambiente Construído
contrapiso deve perdurar, em tese, de sete a dez dias. Depois disso, o ideal é aguardar mais dez a 15 dias para que se processe a retração da argamassa de regularização regularização,, resultante de evaporação da água livre e da água de cura. No caso do assentamento da cerâmica sem os cuidados cuidados acima, ocorrerão
simultaneamente a retração de secagem do contrapiso e a expansão higroscópica das placas cerâmicas, que resultarão em tensões tangenciais importantíssimas na interface entre os materiais, com considerável risco de destacamento do piso.
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Cura de contrapiso Quantos dias deve-se esperar para a cura de contrapiso antes da aplicação de revestimento cerâmico em áreas internas? Ewerton Santos Neto Por e-mail
Para posterior aplicação de revestimento cerâmico, a cura úmida de
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CARREIRA
Péricles Brasiliense Fusco Conhecimentos aprofundados em estruturas levaram o engenheiro civil a ajudar na concepção do d o primeiro curso de engenharia naval do Brasil li o r a d n a c S o l e c r a M
PERFIL Nome: Péricles Brasiliense Fusco Idade: 78 anos Graduação: Engenharia Civil em
1952 e Engenharia Naval em 1960, ambas pela Universidade de São Paulo Especializações: Pós-doutorado em curso internacional de divulgação científica do CEB (Comitê EuroInternacional do Concreto) em 1973 Instituições nas quais trabalhou:
IPT, Themag, USP, FEI IPT, FE I e Fundação Salvador Arena Cargos que exerceu: engenheiroassistente no IPT, IPT, diretor de projetos na Themag, professor na USP, USP, professor e responsável de disciplinas na FEI e diretor-acadêmico na Fundação Salvador Arena
14
O
engenheiro Péricles Fusco é um convicto defensor do curso de Engenharia básico nos primeiros anos de graduação. A maioria dos jovens que ingressam na universidade com seus 17 ou 18 anos, anos, acredita, ainda não tem maturidade suficiente para tomar uma decisão tão definitiva a respeito de seu futuro profissional. A escolha de uma uma área de especialização nesse momento é um risco desnecessário. Quando ele prestou o vestibular para a Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), no final de 1947, não teve essa "mordomia": era preciso escolher de pronto a área de Engenharia que desejava seguir. Verdade que, na época, época, não havia havia muitas opções à disposição: apenas os cursos de engenharia civil, de mecânicaeletricista, de engenharia química e de minas e energia. Confiante, Confiante, escolheu a primeira e não se arrependeu. "Quando fiz o curso, o Brasil era ainda um País agrícola", explica Péricles. Era uma época de pouca oferta de engenheiros no mercado, o que fazia com que as empresas já contratassem os futuros engenheiros antes mesmo de se formarem. Durante a graduação, Telemaco Van Van Langendonck, seu professor, o indicou para estagiar no escritório de engenharia estrutural de Paulo Franco Rocha, onde trabalhou até alguns meses após a formatura. Graças a essa experiência, mesmo antes da graduação Fusco já podia
ser considerado engenheiro formado. "Quando eu me formei, já tinha projetado meu primeiro arranhacéu", reve revela. la. Na seção de estruturas do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo), onde ficou por três anos, deu os primeiros passos na carreira acadêmica. Ela amadureceu quando começou a dar aulas de estabilidade das construções e de estruturas metálicas na FEI (Faculdade de Engenharia Industrial) e se consolidou ao ser chamado para ser professor-assistente da cadeira de concreto da Poli-USP. Sem grandes desvios, a carreira acadêmica de Péricles Fusco seguia a rota planejada dentro da engenharia de estruturas. Mas ventos inesperados o conduziram para um caminho não previsto, fazendo necessário um hiato nos estudos da engenharia civil. A partir da metade da década de 1950, no auge do processo de de industrialização do País, crescia a preocupação da Marinha Brasileira em defender a extensa extensa costa brasileira. Até então, todos os engenheiros navais brasileiros formavam-se no MIT (Massachusetts Institute of Technology). Se por um lado não havia reclamações sobre a formação tecnológica desses engenheiros, faltavalhes maior conhecimento sobre as necessidades e o contexto brasileiros. Com assessoria técnica da Marinha estadunidense, o governo brasiTÉCHNE 130 | JANEIRO DE 2008
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Dez questões para Péricles Fusco 1 Obras marcantes das quais participou: fábricas da Cosipa
(Companhia Siderúrgica Paulista), da CBA (Companhia Brasileira de Alumínio); Usina Hidrelétrica de Itaipu; estações da linha norte-sul do Metrô paulistano 2 Obras mais significativas da engenharia brasileira: segunda
pista da Rodovia dos Imigrantes e as pontes estaiadas em construção pelo Brasil 3 Uma realização profissional: saber
6 Melhor escola de engenharia: se
é a melhor, não sei, mas uma muito boa é a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo 7 Um conselho ao jovem profissional: ter cuidado com o
desempenho escolar, em qualquer nível. É preciso saber que toda aquisição de conhecimento tem duas fases – a primeira é a da lógica, do contato com o problema; a segunda, a operacional, que só será eficiente se a primeira for bem assimilada
que os engenheiros civis consideram uma "bíblia profissional" uma obra minha – Técnica de Armar as Estruturas de Concreto (Editora PINI)
8 Principal avanço tecnológico
4 Mestres: TelemacoVan Langendonck,
9 Indicação de um livro: Política,
Luís de Anhaia Melo, Hubert Rüsch 5 Por que escolheu ser engenheiro:
provavelmente por ata provavelmente atavismo vismo (ou seja, herança de gerações distantes)
leiro montou, na Escola Politécnica da USP, o primeiro curso de engenharia naval tupiniquim. Engenheiros do mundo todo foram chamados para ministrar as primeiras disciplinas, mas faltavam professores dispodisponíveis com conhecimentos aprofundados na área de projeto de estruturas de navios de guerra. O primeiro responsável pela cadeira seria o contra-almirante reformado da Marinha Americana e ex-professor do MIT, George Charles Manning. Mas a vaga de assistente ainda esperava esperava por alguém. "E esse alguém fui eu", brinca Péricles,
recente: o conhecimento sobre a
execução das pontes estaiadas
de Aristóteles 10 Um mal da engenharia:
submeter-se à lógica monetária da busca pelo lucro
que fora chamado por seus conhecimentos de estruturas em construção civil. A previsão era a de que Manning começasse a dar o curso em 1959, com a ajuda de Fusco. Mas, pouco antes da estréia, o "titular" preferiu inverter os papéis e transferiu seu cargo ao auxiliar. "Ele acreditava que eu tinha mais conhecimentos de estruturas", explica Fusco. Para se aperfeiçoar na área de engenharia naval, Fusco matriculou-se no recém-inaugurado curso da USP e partiu para sua segunda graduação. Algo estranho acontecia. "Por dois
semestres, fui ao mesmo tempo aluno semestres, e professor de mim mesmo", explica. As disciplinas foram inusitadas do início ao fim. Nos finais finais de semestre, semestre, enquanto ele avaliava seus colegasalunos, seus exames vinham do MIT em envelopes lacrados. Antes de se formar em 1960, ainda estagiou em Copenhague (Dinamarca) e Roterdã (Holanda), financiado pela Petrobrás. Durante o período em que lecionou no curso, foi o responsável pela elaboração do projeto de quatro navios guarda-costas, que, entretanto, não saíram do papel. O então presidente Jânio Quadros havia cancelado o projeto, que custaria, em valores da época, US$ 30 milhões. No final da década de 1960, cansado de não exerexercer plenamente sua criatividade na Engenharia Naval, voltou para o departamento de estruturas da escola de engenharia civil da Poli. Ali, ajudou a montar o laboratório de estruturas com doações do Metrô de São Paulo e de ex-alunos empresários do ramo de construção civil. No final da década de 1980, viajou a universidades da Europa e dos Estados Unidos para conhecer a estrutura de seus cursos de engenharia. A experiência resultou na reforma do currículo da escola, que estabeleceu o curso básico de Engenharia no primeiro ano, com a especialização ocorrendo em etapas durante a graduação. Aposentou-se em 1997, quando foi para a Fundação Salvador Arena dirigir a Escola Técnica da entidade. Nesse período, estudou questões de pedagogia e criou a Faculdade de Tecnologia Termomecânica, da qual foi diretor até 2007. Ano em que, mais uma vez, voltou à USP para orientar trabalhos de mestrado e doutorado. Renato Faria
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MELHORES PRÁTICAS Piso intertravado de concreto Execução demanda cuidados com regularização da base onde serão assentadas as peças. Boas práticas evitam deformação do piso
Preparação Prepar ação da base Aplique a camada de sub-base de acordo com o projeto entre as contenções laterais (guias), seguida da camada de base (brita graduada) e execute a compactação.
Camada de assentamento
il o r a d n a c S
Aplique a camada de areia de assentamento (areia média seca) com cerca de 4 cm. Faça o espalhamento e nivelament nivelamento o evitando camadas irregulares.
lo e c r a M : s to o F
Regularização Nessa etapa é importante a utilização de guias de nivelamento e réguas metálicas para manter a camada de areia com espessura uniforme em
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todo o trecho. Não espalhe grande trecho da areia de assentamento, pois, caso chova, o serviço será perdido.
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Assentamento Faça a colocação das peças de concreto evitando danificar a camada de areia de assentamento. Coloque primeiro as peças inteiras, deixando os cortes por último.
Compactação A cada trecho colocado faça a compactação inicial das peças com a placa vibratória. Isso estabiliza o pavimento e evita deformações e afundamentos pontuais.
Rejuntamento Após finalizar a colocação e a compactação inicial de todo o trecho, faça o espalhamento de areia de
rejuntamento por meio de vassouramento e execute a compactação final.
Colaboraram: ABCP (Associação Brasileira B rasileira de Cimento Portland), Oterprem e Pró-Vias Pró-Vias 17
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ENTREVISTA
Chassi padrão Para construir habitações econômicas, a Rossi investe em projetos padronizados e refina protótipos conforme a faixa de renda do comprador comprador.. A empresa praticamente copia o setor automobilístico il o r a d
n a c S o l e c r a M
RENATO DINIZ O diretor de Negócios da Rossi Residencial é formado em engenharia civil pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Graduado em 1992, fez pós-graduação em Qualidade Total Total pela Fumec (Fundação Mineira de Educação e Cultura), em 1994. No ano de 1995 concluiu a pós-graduação em Engenharia Econômica pela Fundação Dom Cabral, também de Minas Gerais. A construção de habitações para o segmento de baixa renda, para ele, depende de investimentos em projeto e da melhoria contínua de produtos e processos construtivos.
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o longo dos últimos anos o setor imobiliário experimenta um crescente nível nível de industrialização, principalmente da execução, utilizando-se de sistemas completos de construção, equipamentos e insumos padronizados.A cons construção trução ainda mantinha, mantinha,até até há pouco tempo, alguns dos aspectos artesanais que a caracterizavam caracterizavam,, porque as empresas viam-se obrigadas a tratar cada empreendimento como um produto finito,que jamais seria repetido, e não poderiam sanar pontos fracos. A injeção de crédito imobiliáimobiliário a juros baixos fez os construtores abrirem os olhos para um nicho pouco explorado – o de baixa renda ou econômico. Nesse segmento o preço de venda de cada unidade deve ser o mais baixo possível. possível.Logo Logo,, a margem de lucro é reduzida e os ganhos decorrem do volume de vendas. A
A
saída, portanto, é reduzir custos de construção. Para não perder a onda, antes de buscar soluções construtivas totalmente novas, o mercado tem aprimorado o que já existe, como a alvenaria estrutural, e buscado buscado modelos modelos de gestão e logística eficientes. Com investimentos maiores em projeto e busca por desenvolvimento contínuo dos produtos, a engenharia vê seus fundamentos despertarem. Nas palavras do professor da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), Ubiraci Espinelli, "é um momento rico, em que começamos a efetivamente fazer tudo o que sempre foi pregado". Nesta entrevista, o diretor de negócios da Rossi, Renato Diniz, fala sobre a importância de investir em ensaios e protótipos e de revisar projetos continuamente como forma de reduzir custos e desenvolver produtos. TÉCHNE 130
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Qual a definição de empreendimento destinado à população de baixa renda? Não há uma definição clássica, varia de acordo com a empresa. A Rossi define a partir de três critérios. Custo até R$ 160 mil; repetitividade e que possa ser feito em escala; e que seja destinado a famílias com renda de quatro a 12 salários mínimos. Não é um produto específico, mas preconcebido e repetido em vários locais. Atendendo a um desses requisitos, é considerado econômico. Quando o senhor fala em repetitividade, fala em quantas unidades? Temos três linhas de produto.Uma produto. Uma de casas, em que fazemos o loteamento e a incorporação. Esse Esse tem que ser muito barato, porque a densidade é mínima. Outra de prédios com térreo e três ou quatro pavimentos dentro da cidade.. Por último, cidade último, empre empreendime endimentos ntos verticais, com até 16 andares e densidade muito grande, grande, para grandes centros urbanos. Essas plantas repetem-se no Brasil todo, com adaptações locais e mais ou menos coisas a depender do preço final que se quer atingir. O importante é ter um produto cujo chassi seja o mesmo, mantendo-se intacta a forma de produzir. Quais as diferenças no projeto e execução desses empreendime empreendimentos? ntos? O mais importante é a concepção. Talvez o maior know-how da Rossi, que vem desde o Plano 100, 100, seja o desenvolvimento de projeto em larga escala. As equipes têm sempre engenheiros de fundações, de estruturas, arquiteto, paisagista, urbanista, decorador, engenheiro de instalações e a equipe interna. Alguns índices avaliam as eficiências e permitem analisar o custo–benefício do projeto. Isso
“Como todas [as unidades] são construídas ao mesmo tempo, qualquer erro acarreta num recall dentro da obra, obra, todas com o mesmo tipo de problema” propicia projetos racionais e de boa qualidade arquitetônica. E com relação à execução? Como atuamos há bastante tempo, conhecemos os sistemas sistemas construtivos mais competitivos para esse tipo de habitação. Por isso, o projeto contempla a facilidade de executar em larga escala, o que é muito importante. Sabendo de antemão qual será o sistema construtivo, com inúmeros testes, sabemos como construir e direcionamos o projeto para o sistema. Quais as características dos sistemas utilizados pela Rossi no segmento econômico? Para casas, fazemos radier com fibra e alvenaria estrutural. estrutural.Depois,préDepois,prélaje e telhado com madeira de reflorestamento. Contramarcos e escadas são pré-moldados em concreto. concreto. O revestimento é uma camada de argamassa polimérica bem fina. No caso dos prédios, fundações e baldrames com fôrma metálica,alvena tálica, alvenaria ria estrutural,laje pronta – não pré-laje pré-laje – e, de novo, novo, telh telhado ado com madeira de reflorestamento. Por que utilizar madeira de reflorestamento?
Há cerca de dez anos contratamos a consultoria da USP de São Carlos.Os primeiros números que obtivemos de consumo, com empresas executoras de telhados,indicavam telhados, indicavam 0,048 m3/m2 de telhado com madeira nativa. nativa. Essas estruturas foram ensaiadas em programas estruturais e apresentaram vários pontos de flambagem. Com a USP, o primeiro consumo foi de 0,028 m3/m2 de telhado, e hoje trabalhamos com 0,022 m3. A questão não é custo, custo, mas mas ambiental, de ter certeza da origem da madeira utilizada. Em relação ao desempenho? As madeiras de reflorestamento são pínus ou eucalipto eucalipto,, com características conhecidas. Quando a madeira é nativa, mesmo que certificada, certificada, o grau de umidade nem sempre é controlado e a compra não é necessariamente pelo nome científico. Muitas vezes compra-se gato por lebre, sem que se tenha certeza da entrega no prazo. Também há o problema do deslocamento, que muitas vezes vem do Norte. Ao usar madeira de reflorestamento, há essas essas garantias. Por que essa preocupação com o telhado? Num prédio de alto luxo a cobertura é algo irrisório.Geralmente é impermeabilizada ou tem estrutura metálica com telha de fibrocimento. Já os telhados dessas habitações são importantes,, fazem parte da fachada. Temos tantes que ter certeza de que vai durar. O mesmo ocorre com outros sistemas? Na época de lançamento de um empreendimento, por exemplo, já estávamos fazendo teste do baldrame. Quando a obra começou, começou, o sistema já tinha sido ensaiado à exaustão, todas 19
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ENTRE VISTA as soluções de impermeabilização nessa altura já tinham sido tomadas. Esses baldrames são elevados para evitar que o térreo fique devassado para a área externa. No lançamento do empreendimento,, para ser executado um preendimento um ano depois, já tínhamos projeto executivo e estávamos tocando a obra. O pulo do gato é fazer protótipo de tudo. Quanto se gasta com esses ensaios? Não medimos isso porque não achamos que é gasto, gasto, mas fator de sobrevivência. breviv ência. Para quem faz um mundo de coisas, fazer um apartamento e desmanchar três, quatro ou cinco vezes não é nada. Temos um empreendimento que foi lançado no meio do ano,mas estamos fazendo laje e alvenaria, que serão desmanchadas depois.T depois. Tudo para saber qual a melhor seqüência de montagem das lajes. Já testaram materiais ou sistemas que não deram certo? O que percebeu que não funciona? Todo sistema pode ser bom, mas depende de quanto custa.Um custa. Um sistema que talvez não seja bom hoje pode ser bom no futuro. Temos que projetar o ganho em escala para ver a que valor pode chegar. Hoje estamos convictos de que o nosso sistema construtivo é o melhor para nós, mas daqui a algum tempo talvez não seja. Os investimentos iniciais em projeto e adequação de sistemas são mais altos nesse segmento? São, e a preocupação quanto a isso isso é zero. O importante é ter certeza de custo, pois vamos multiplicar aquilo por uma quantidade imensa.Por isso é importante investir em projeto e em protótipo também antes de começar a obra. O bom é que erramos de uma vez só e várias vezes,para ter certeza do que fazer.Como todas são construídas ao mesmo tempo, tempo, qualquer problema problema acarreta num recall dentro da obra. Já enfrentou isso? Em pequena escala, mas não chega a ser problema. No começo da execução sempre há melhorias a fazer. Temos um modelo de casa que foi até a té 20
“Numa obra tão grande é importante dimensionar as equipes para que a quantidade de trabalhadores não mude o tempo todo, como numa linha de produção” a revisão de projeto número 13. Depois fizemos modificações arquitetônicas com oito oito ou dez revisões. Agora temos um novo projeto para a mesma casa. Externamente não mudou mudou quase nada, mas os ganhos de escala são tão grandes que o dia todo vimos coisas a melhorar. Essa é a vantagem da repetição aliada à melhoria contínua. Como se dá a continuidade das melhorias? Possuímos um intercâmbio com a Unicamp,, onde temos engenheiros faUnicamp zendo mestrado e doutorado.A tese de um deles afirma que a melhor maneira de atestar como a cultura construtiva se desenvolve é quantificar os gastos com manutenção. Abrimos nossos dados e ele atestou uma diminuição da manutenção em nossas obras. Quais mudanças são feitas nos projetos a partir dessas observações? É necessário desenvolver a engenharia para cada produto e não só com melhoria de projeto, mas também com análise de valor de material. Nossas casas tinham lajes com 8 cm e determinada taxa de aço. Com a alta do preço do aço e a estabilização do preço do concreto – que começou a subir de novo – aumentamos as espessuras das lajes em um centímetro e diminuímos a taxa de aço. Os projetos interagem de acordo com o valor dos materiais. Isso precisa ser ágil. Sim, um prédio tem um um intervalo muito pequeno entre concepção e
execução. Esse processo permite analisar e fazer ajustes finos para ser sempre competitivo. E com relação à engenharia? O sistema construtivo é focado em processo. As casas são geminadas em duas, quatro ou seis unidades. O radier, por exemplo, é feito com fôrma metálica e todas as instalações embutidas. Fazemos um dente para evitar a entrada de água. Antes era nivelado com areia,mas areia, mas hoje nivelamos com pó de pedra. Areia custa custa R$ 32/m3 e o pó de pedra custa R$ 19/m 3. Depois vêm a concretagem do radier, os escantilhões,com a marcaç marcação ão da alvenaria, alvenaria, os pré-moldados, o grauteamento da última fiada, fiada, feita com com bloco-canale bloco-canaleta, ta, e a laje. Aí temos o sistema de pré-laje com 4 cm e outros 4 cm no local. Tanto os riscos como as vantagens desse segmento segmento estão na escala, escala, na repetitividade? Sim, principalmente as oportunidades. Quando se investe bastante em pesquisa, em projeto, projeto executivo e protótipos antes de começar a obra, os riscos são mínimos. Mas é preciso investir maciçamente em projeto e em treinamento de equipes. e quipes. Como é feita a manutenção desses empreendimentos? Toda incorporadora reserva um percentual do custo de construção para possíveis manutenções. Nesses casos, teria que reservar um percentual muito grande. Por isso, é preciso fugir ainda mais de problemas de manutenção. Além disso,enquanto disso, enquanto realizamos realizamos algumas unidades, outras já estão em uso. Para que o convívio convívio seja bom, a manutenção precisa ser próxima de zero. Qual o custo de construção de uma casa da Rossi do segmento econômico? Não posso falar valores,mas é muito baixo. Suficiente para que o custo de venda fique em torno de R$ 1.200/m 2. E quanto ao prazo de execução? Já fizemos uma casa-modelo em 23 dias,mas dias, mas não é o que queremos. queremos. Numa TÉCHNE 130
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obra tão grande é importante dimensionar as equipes para que a quantidade de trabalhadores não mude o tempo todo, como numa linha de produção. Cada condomínio de de casas é feito em cerca de dez meses, os prédios entre 15 e 18 meses. Podemos antecipar ou não uma obra para aproveitar melhor as equipes. Isso reduz o custo dos empreiteiros, que sempre trabalham com equipes mais ou menos fixas, garantindo também qualidade. Então, mesm Então, mesmoo que seja possível, possível, é inviável fazer em tão pouco tempo? Precisaríamos mobilizar um exército e certamente não teríamos todas as pessoas treinadas. treinadas. Além disso, disso, não vou vender nessa velocidade nem entregar casa por casa. Vou tirar Habitese do condomínio como como um todo. todo. As equações mostraram que é melhor fazer em dez meses, e temos feito de 500 a 600 casas por ano. Parece pouco, pouco, mas há uma seqüência de coisas importantes a pensar. Todo Todo mundo tem que saber o que e quando fazer.
Qual a característica dessa mão-de-obra, que trabalha trabalha com ciclos mais rápidos de construção? Há treinamento específico? São pessoas que trabalham com repetitividade, totalmente fiéis aos processos. Em paralelo, diminuímos gastos com supervisão de serviços, pois as mesmas pessoas fazem sempre as mesmas coisas. Tudo foi pensado em projeto, sempre feito da mesma maneira, com procedimentos e produção em série. Temos escolas para pedreiros dentro das obras. Eles conhecem nossa forma de produção e fazem cursos rápidos, geralmente em parceria com o Senai (Serviço Nacional de Aprendizag Aprendizagem em Industrial). Como manter as equipes em atividade? As casas não são executadas ao mesmo tempo? A logística é importante nessas obras.São obras. São feitas do fundo para frente, mas cada condomínio tem um plano operacional para definir onde fica a água,oo esgoto, água, esgoto,aa energia, energia, os materiais, materiais,
a central de betoneira. Tudo é definido antes, caso contrário alguém define na obra de uma hora para outra. Como o cronograma é curto e os serviços são intercalados,temos que definir para evitar gastos. Em que sentido a arquitetura pode baratear os custos? É preciso saber usar bem os materiais. Há empreendimentos com muito muito piso de concreto, que custa R$ 18/m 2. Piso em grama custa R$ 3/m2. Olh Olhand andoo a planta é possível perceber a racionalidade. A hidráulica é toda concentrada numa parede, a elétrica passa por um shaft em drywall e estruturalmente está muito bem pensado. Os vãos evitam vigas,as vigas, as aberturas permitem que o graute seja o mais barato possível sem perder qualidade arquitetônica.T arquitetônica. Também diminuímos ao máximo a área comum. É possível conciliar sustentabilidade e a preocupação com custos? Acreditamos que a curva do aprendizado,aa economia de escala,a escassez dizado,
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ENTRE VISTA de recursos e a legislação cada vez mais restrita barateiam a construção sustentável.Quanto menos relutar e acordar para isso,mais isso, mais vantagem competicompetitiva. Estudos mostram que se gasta pouco para obter um desempenho muito grande. O princípio básico da sustentabilidade é: fazer muito com pouco e desperdício zero.Existem zero. Existem coisas que ainda são inviáveis, mas que podem estar preparadas,o que torna o imóvel atualizado por mais tempo. Qual a importância de utilizar materiais locais? É mais barato e ambientalmente vantajoso, pois não demanda transporte. Quando se fazem quantidades tão grandes, grandes, vale a pena treinar o fornecedor local. Pode haver haver uma fábrica de blocos que apenas necessite de um processo de cura mais adequado ou uma prensa melhor para atender bem. Então por que não passar essa tecnologia, contratar um consultor e fazer um contrato de longa duração para viabilizar o fornecimento? Quando vocês começaram a conceber empreendimentos empreendim entos econômicos,o econômicos, o que "enxugaram" primeiro? Não é enxugar, é conceber, senão acaba-se fazendo uma gambiarra e o resultado final é uma porcaria. É preciso conceber objetivamente: uma casa de dois dormitórios, funcional, barata na estrutura,no estrutura, no revestimento revestimento e nas instalações. instalações.A A partir daí, daí,juntam-se juntam-se competências para o projeto. projeto. Estamos fazendo essas casas há muito tempo, mas estamos começando com novos projetos porque o produto ficou velho, mesmo com melhorias de aprendizado e alterações. E quais novos conceitos estão sendo adotados? Para nós a alvenaria estrutural ainda é o sistema mais barato, assim como o radier.Muda radier. Muda muito muito o planejamento, o plano operacional para cada obra. Nossas obras têm um lugar coberto para guardar as bicicletas dos funcionários. Por que isso? Porque o funcionário tem a opção de usar a bicicleta,que cicleta, que para ele é um grande patri22
“A curva do aprendizad apre ndizado, o, a economia de escala, a escassez de recursos e a legislação cada vez mais restrita barateiam a construção sustentável” mônio, e ficar com o vale-transporte. Com isso, ele fica satisfeito em trabalhar, a rotatividade do empreiteiro é menor e o lucro maior. Daí é possível baixar custos. Quais as diferenças logísticas entre empreendimentos empreendim entos horizontais e verticais? Numa obra horizontal, logística é tudo. Senão tem gente espalhada pela obra inteira, com todos precisando precisando de material e ninguém sendo atendido. Num empreendimento vertical sabe-se que primeiro vai ser feita a laje quatro, depois a cinco e a seis. Se não determinamos nada,a equipe fica sem saber por onde começar. começar. Não pode nunca deixar por conta de quem está executando. O uso em grande escala viabiliza a compra de equipamentos que hoje são alugados, alugados, como gruas? Sem dúvida. Fazemos pré-laje ou laje pronta,que pronta, que usam fôrma metálica. Cada fôrma nossa já fez 400 casas e está em boas condições. Usamos fôrmas metálicas na fundação, na estrutura, no andaime metálico metálico.. Até caixas caixas elétricas e hidráulicas são pré-moldadas e o telhado chega cortado, com as tesouras prontas. Os revestimentos são com argamassa polimérica. Não tendo gesso e madeira, não há entue ntulho, com todas as vantagens correlatas de ter um canteiro limpo. Nos grandes centros, centros, onde o terreno é pequeno, pequeno, como trabalhar a questão da garagem? É uma equação matemática. Sabendo o preço de venda e o custo de
construção, colocamos garagem descoberta ou não, não, dependendo do valor do terreno. Nesse sentido, o produto definido é mais fácil,a fácil, a compra do terreno foi pré-definida. No segmento econômico é diferente. Não se compra um terreno e depois cria-se cria- se o produto. O terreno tem que se enquadrar no perfil do produto, produto, não o contrário. Que outras diferenças há em relação à demanda de materiais? Muitas vezes, numa obra horizontal,várias etapas ocorrem simultaneamente, com parte do condomínio ainda na fundação e outra parte no revestimento, quase pronto para pintura. Numa obra vertical essas atividades são mais concentradas, não tão sobrepostas. Primeiro termina a estrutura,depoi trutura, depoiss a alve alvenaria. naria. É possível ser competitivo com kits de casa completos? Sim, mas é importante verificar a aceitação perante o cliente final, pois essas pessoas estão fazendo a compra da vida delas. Temos que ter noção da importância disso ao entregar uma casa de 50 m 2 para um casal com idades entre 35 e 40 anos, que juntou dinheiro esse tempo todo para comprar essa casa.A casa. A aceitação de diferentes sissistemas construtivos depende também de cada local no País. Tem que ver as limitações de cada sistema construtivo. construtivo. O segredo dos nossos empreendimentos está na indicação. Então o sistema construtivoo tem que respeitar muito o construtiv gosto local, porque a venda pode depender do cliente que já comprou. A Rossi tem intenção de reduzir a faixa de renda atendida? Hoje trabalhamos na faixa de quatro a 12 salários mínimos, mas temos um produto para atender famílias com rendimento até três salários mínimos. Pela distribuição de renda brasileira, um pouquinho que se baixa o preço, muita gente passa a ser atendida. Todos querem ampliar o foco. Quem for mais competente vai conseguir bons resultados. Bruno Loturco Colaborou: Renato Faria
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TÉCNICA E AMBIENTE Jardim sustentável Concepção dos prédios do Jardim Botânico de Poços de Caldas busca alinhamento aos programas de educação ambiental
A
Fundação Jardim Botânico de Poços de Caldas,na região sul mineira, mantém um programa programa de Educação Ambiental que prega os "3 Rs": reduzir,, reutilizar e reciclar.A reduzir reciclar.A concepção arquitetônica dos quatro prédios atualmente em execução na instituição deveria considerar, além desses conceitos, formas de incitar à reflexão reflexão os visitantes das instalações. Dessa maneira, os prédios em si deveriam atuar enquanto objetos didáticos. A atuação do arquiteto responsável pelo projeto, João Neves Toledo, foi, portanto, pautada pelos próprios princípios institucionais e pelas atividades ali desenvolvidas. Foram escolhidos sistemas construtivos passíveis de adaptação às necessidades de uso, produção e consumo humano, preservando os recursos naturais. Atualmente, dos quatro prédios em projeto, apenas o Centro de Visitantes e Laboratório de Pesquisas já está em fase de conclusão.Esse prédio, com 650 m2 de área, será a sede administrativa temporária da instituição. O terreno sobre o qual estão sendo implantadas as obras obr as tem 40 m x 200 m. 2 Nos 8 mil m ocupados estão prédios que "já na aparência denotam conceitos de arquitetura sustentável, que não pretende esconder os materiais e suas funções", explica Toledo. Toledo. De acordo com o arquiteto, "a sustentabilidade não é um objetivo a ser alcançado, mas um processo baseado no equilíbrio dos aspectos ambientais, econômicos econômicos e sociais". Assim, nortearam o projeto os conceitos referentes a: qualidade am24
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Janelas até o teto auxiliam na distribuição da iluminação, reduzindo o consumo de energia. A alvenaria foi executada em solo-cimento para viabilizar o u so de material local
biental interna e externa, redução de consumo consum o energético, reduçã redução o dos resíduos e aproveitamento das condições naturais locais e a redução do consumo de água. O projeto se encarregou de evitar a impermeabilização do solo e priorizar o aproveitamento da iluminação natural. O prédio tem janelas altas, a 2,20 m acima do piso e junto ao teto, que auxiliam na distribuição distribuição da luz. Por meio de brises, venezianas, telas e prateleiras de luz, buscou alcançar também um melhor con-
forto térmico. A cobertura foi concebida de forma a receber telhados verdes e também alternativas de produção energética,como a solar.A cobertura serve de jardim suspenso para disposição das coleções de plantas e também contribui para o conforto térmico. Conta com captação, armazenamento e tratamento das águas pluviais, bem como com bacias acopladas, válvulas especiais especiais e torneiras com temporizador.. A implantação visou temporizador aproveitar ao máximo a conformação TÉCHNE 130 | JANEIRO DE 2008
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natural do terreno para evitar grandes movimentações de terra. Priorizou-se utilizar materiais e serviços locais e os resíduos gerados foram reaproveitados ou reutilizados na obra. Exemplo é a alvenaria aparente de tijolo de solo-cimento produzida no próprio canteiro,que utilizou a terra remanescente da terraplenagem, resíduos e outros agregados que dispensam cozimento. Processo construtivo
A implantação no terreno atentou para o melhor aproveitamento aproveitamento da luz natural e da circulação do ar ar.. Alguns Alguns dos revestimentos foram feitos com cacos de cerâmica para reduzir resíduos
Materiais e técnicas sustentáveis Marcação da obra: executada com gabaritos de plástico reciclável Alvenaria: material de reaproveitamento reaprove itamento e/ou blocos de solo-cimento, blocos cerâmicos, fibra celulósica Estrutura: mista, em concreto e madeira reaproveitada ou certificada, fôrmas de plástico (polietileno de alta densidade), areia e brita reciclada, cimento CP III (de escoria de alto-forno) Agregados e argamassas: argamassa pozolânica, agregado vegetal, brita sintética, cal pozolânica Cobertura: telhado em telha cerâmica reutilizada e telhado vivo (telhado verde) Vedação e divisórias: vidros temperados e placas recicladas TetraTetraPac, blocos reciclados, forros reciclados Tetra-Pac Esquadrias: madeira reutilizada e certificada
Impermeabilização : resina natural, PU natural Instalações elétricas: cabos linha ecológica (com menos PVC), eletroduto corrugado reciclado, sistemas de conservação de energia Instalação hidro-sanitária: sistema autônomo de tratamento ETE modular, tubulação de PP e reciclo PET, reaproveitamento reaprovei tamento de água da chuva, aquecimento solar, monitoramento de uso Isolamentos térmico/acústico: material plástico reciclado Tetra-Pac, Tetra-Pac, aglomerado cortiça, fibra de coco Madeiras: madeiras certificadas, madeiras alternativas da Amazônia Revestimentos: cerâmica crua e piso reciclado (cacos de ceramica), piso de borracha PU Pintura: tintas à base de água, com corantes naturais, vernizes base PU (óleo de mamona)
Confira mais detalhes dos materiais e sistemas da obra em www.revistatechne.com.br
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Numa edificação que tem o objetivo de ser sustentável em todos os aspectos, como como é o caso do Jardim Botânico Botânic o de Poços de Caldas, a escolha de materiais e técnicas construtivas deve obedecer à biocompatibilidade. Ou seja, procurar melhorar a condição de vida do morador e não agredir o meio ambiente durante todo o processo de obtenção e fabricação. Também Também devem ser considerados a aplicação e o comportamento ao longo da vida útil. Para evitar o uso de materiais e produtos que emitem gases voláteis, como tintas,solv tintas, solventes,resinas, entes,resinas,verni verni-zes, colas, carpetes sintéticos e de mamadeira, a opção foi por produtos à base base de água ou 100% sólidos, que em contato com o oxigênio não emitem gases ou odores. Mesmo para a concepção da estrutura, realizada pelo engenheiro Ricardo Bento, foi recomendada a opção por ecoprodutos e tecnologias sustentáveis. Já no caderno de encargos há a indicação para uso de concreto usinado, como forma de evitar perdas, e de fôrmas de plástico, de policarbonato reciclado.As alegações para adotar esse material referem-se à ausência de resíduos no descarte e de poluentes na fabricação, além de evitar o uso de madeira. Bruno Loturco
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Evolução dos moldes Em 40 anos, sistemas de fôrmas ganharam em número de reutilizações e produtividade da mão-de-obra. Próximo passo é preparação da norma técnica
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pesar de dispor das mais modernas tecnologias no que se refere a fôrmas para estruturas de concreto, concreto, o Brasil ainda não possui normas técnicas específicas para os produtos e para os projetos de fôrmas e cimbramentos. A primeira iniciativa iniciativa para a criação dessa normatização teve início há pouco mais de um ano e as discussões vêm reunindo fabricantes, projetistas de fôrmas e projetistas estruturais para traçar as diretrizes da nova norma brasileira. Um esboço esboço do texto
do documento estava previsto para ser apresentado no final de 2007, mas, como ainda não se chegou a um acordo em algumas questões polêmicas – como a execução do escoramento remanescente –,a previsão de entrega do trabalho do comitê foi prorrogada para o final de 2008. "Acho que essa norma vai deixar bem claro que a fôrma é um produto técnico que deve ser dimensionado e gerenciado pelo profissional habilitado para tal", afirma Paulo Nobu-
yoshi Assahi, projetista da Assahi Engenharia. Sobretudo no mercado dos produtos de madeira, é muito comum que os projetos de fôrmas e escoramento sejam elaborados por projetistas não-engenheiros,sem conhecimento técnico adequado do funcionamento do sistema e de sua interação com o restante da obra. "Esse é um serviço que interfere principalmente na qualidade final da estrutura de concreto. concreto. Se mal executado ou mal dimensionado, vai
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afetar de maneira grave o seu desempenho", sempe nho", alerta o engenhe engenheiro. iro. O tempo que a norma levará para ficar pronta é um indício de que a resolução do problema não é tão simples. Como o que está em jogo é a qualidade da estrutura de concreto, é preciso delegar de forma precisa as responsabilidades de cada um dos especialistas envolvidos nessa etapa da obra, principalmente quando o assunto é escoramento remanescente. "É uma 'bola dividida' e nem o projetista, nem o fornecedor de equipamento metálico assumiam a responsabilidade; e apenas alguns poucos projetistas de fôrmas têm feito isso", explica Assahi. O também projetista de fôrmas Nilton Nazar afirma ainda que a normatização trará benefícios para a qualidade das chapas de compensado disponíveis hoje no mercado. Segundo o engenheiro, engenheiro, poucos são os fabricantes que oferecem produtos duráveis no País. País. "Em geral são de empresas que exportam para países mais exigentes e que acabam adquirindo maior tecnologia", explica. Nesses países – por exemplo, exemplo, os europeus e o Japão – existem normas que exigem ensaios e certificação da qualidade para cada um dos lotes adquiridos. Na opinião de Nazar, Nazar,três três ensaios fundamentais devem constar da norma para assegurar a qualidade da chapa de compensado: o ensaio de módulo de elasticidade, o de resistência à tração e de resistência à abrasão. "Isso não é nenhuma utopia", afirma Nazar. "É que nós não estamos acostumados a exigir a qualidade nesse nível de aprofundamento." Madeira planejada
A norma de fôrmas atualmente em discussão chega quase 40 anos após a primeira tentativa de otimiza-
Muitos fabricantes de fôrmas (foto ) e cimbramentos metálicos desembarcaram no Brasil após a estabilização da economia
ção do sistema. sistema. Até o final da década de 1960,pode-se 1960, pode-se dizer que a execução das estruturas de concreto armado dava-se de forma rústica, com a produção e montagem das fôrmas realizadas de forma desorganizada. As conseqüências eram óbvias: altos índices de desperdício de material, reaproveitamento quase nulo e baixa produtividade da mão-de-obra. Com pouquíssimo ou nenhum planejamento,os mento, os ajustes das dimensões dimensões eram feitos in loco e mais sujeitos a imprecisões, o que trazia riscos à qualidade final da estrutura. Segundo o engenheiro Paulo Assahi – que pesquisou em seu trabalho de mestrado os sistemas de fôrmas para estruturas de concreto –, com a intenção de buscar a redução dos custos de produção, a
melhoria da produtividade e do aproveitamento da madeira na obra, o engenheiro Toshio Ueno desenvolveu na época um sistema de fôrmas embasado na aliança dos conhecimentos da engenharia civil e das experiências práticas nos canteiros de obras. Com esse sistema, finalmente todas as peças de madeira do sistema de fôrmas e cimbramentos passaram a ser previamente projetadas. Os desenhos passaram a ser entregues ao marceneiro, que já confeccionava as peças em suas dimensões finais. O projeto incluía, ainda, as seqüências detalhadas de montagem e os procedimentos necessários para a inspeção da estrutura pronta. Eliminava-se, portanto,, o acerto das dimensões duportanto rante a montagem das fôrmas. fôrmas. Basta27
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A sistematização dos projetos de fôrmas de madeira, que trouxe ganho de produtividade e redução de perdas foi um dos principais avanços na área
va encaixar as peças prontas umas nas outras, ajustando-se os encontros entre elas. Surgiu, também, a prática do escoramento residual – a distribuição estratégica de escoras que permitia a retirada de até 90% da fôrma que seria utilizada nas concretagens seguintes. seguintes. Num primeiro primeiro momento, o procedimento previa o posicionamento dessas escoras entre três e cinco dias após a concretagem, pouco antes do descimbramento da estrutura.Tempos depois passou-se a posicionar essas escoras antes ou durante as concretagens das vigas e lajes, para se obter a distribuição mais adequada dos car regamentos. Hoje,ambas Hoje, ambas as práticas são adotadas: adotadas: os que adotam a primeira acreditam ser saudável para a estrutura sofrer uma breve deformação nas idades prematuras; os defensores da segunda prática são mais cautelosos e preferem "aliviar" a carga sobre elementos recém-mo recém-moldados.Esse, ldados.Esse, aliás, aliás,éé um 28
dos pontos polêmicos que está sendo debatido pelo grupo que elabora a norma de fôrmas. De qualquer forma, com a sistematizaçãodos proced procedimentos,obteveimentos,obtevese um salto de qualidade. qualidade. Em poucos anos, notava-s notava-see uma redução significativa do tempo gasto pelos trabalhadores na montagem do conjunto. Racionalizou-se, também, a utilização dos materiais. Antes da introdução desse sistema, desenvolvido pelo engenheiro Toshio Toshio Ueno, a produção de uma laje por semana consumia normalmente três jogos inteiros de fôrmas. Um consumo consumo alto de madeira, se comparado com a economia proporcionada pelo novo sistema. Com ele, bastava apenas um jogo de fôrmas e três de escoramento remanescente, que permitiam a desmontagem dos moldes. Na inspeção da estrutura de fôrmas pronta, também se ganhava mais tempo. Como as peças já eram previamente montadas
nas medidas exatas, bastava checar se elas estavam corretamente montadas, sem frestas entre elas. Não eram mais necessários instrumentos de medição durante a montagem. Assim,aa geometria perfeita ainda gaAssim, rantia a economia em outras etapas da obra, como a redução de perdas de concreto incorporado incorporado às vigas, pilares e lajes. Mais reaproveitamentos
Em meados da década de 1970, a construção civil ainda vivenciava um momento de vultosos investimentos públicos em grandes obras de infraestrutura. Expandiam-se, também, as construções de grandes conjuntos habitacionais padronizados. Com isso, era possível estabelecer o início de um sistema de construção industrializado, baseado na repetitividade dos empreendimentos. Nesse momento,o mercado brasileiro brasileiro começava a apresentar maior demanda por TÉCHNE 130 | JANEIRO DE 2008
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Reescoramento – ou "escoramento remanescente" – é ponto polêmico na e laboração da nova norma de fôrmas e cimbramentos
sistemas de fôrmas mais duráveis, que pudessem ser utilizados na construção de mais de um edifício. edifício. Como alternativa às até então tradicionais fôrmas de madeira, surgiram no País as primeiras fôrmas metálicas, produzidas em aço ou alumínio, que multiplicavam o número de usos possíveis até então. O setor viria a conhecer uma grande expansão na segunda metade da década de 1990. O contexto mundial era o de expansão das atividades das grandes multinacionais, multinacionais, que procuravam migrar para os mercados internacionais que lhes proporcionassem maior rentabilidade durante o chamado processo de "globalização". Nessa época o Brasil acabava de passar por uma reforma econômica e monetária que conseguira controlar a inflação e colocar dólar e real próximos da paridade. Aproveitando o bom momento econômico regional, fabricantes de fôrmas começavam a desembarcar desembar car no Mercosul – e, principalmente, no Brasil – para participar do setor da construção civil local. Como noticiava a Téchne no 30, 30,no no bibimestre de setembro/outubro de 1997, "pelo menos seis empresas gigantes
dessa área estão aportando no Brasil, diretamente ou por meio de associação com empresas nacionais, nacionais,trazendo trazendo tecnologia, equipamentos e formas de pagamento e locação pouco comuns até então". Os sistemas metálicos industrializados de fôrmas e cimbramento, segundo a revista, valiam-se das certificações européias, das chapas compensadas finlandesas (mais espessas e com revestimentos não disponíveis no Brasil até o momento) e dos materiais empregados em suas peças para cumprir a promessa de aumentar em 20 vezes o reaproveitamento de fôrmas tido como usual nas obras brasileiras. Em julho de 2005, 2005, quase dez anos depois da chegada dessas novas tecnologias, Téchne mostrava que, longe de serem concorrentes, as fôrmas metálicas e de madeira atuam em nichos bastante distintos. A matéria alertava para a necessidade de colocar no papel, lado a lado, os custos globais da adoção de cada um dos sistemas."A sistemas. "A primeira conta a ser feita é a do custo em função do prazo. prazo. Ou seja, considerar quanto custa alugar as fôrmas metálicas durante o período previsto para a execução. Na Na se-
Confira outras reportagens da Téchne sobre fôrmas em www.revistatechne.com.br
Fôrmas metálicas podem se popularizar nos próximos anos, com aumento das obras residenciais populares, em que a repetitividade é o forte
qüência, considerar o quanto quanto se gasta para fabricar fôrmas de madeira, sempre levando em conta que cada jogo costuma costuma render render,, no máximo, máximo, 20 reutilizações." Além disso, lembrava a necessidade de comparar a produtividade da mão-de-obra. mão-de-obra. "Enquanto o sistema de madeira apresenta produtividade média de 1 m²/hh, os sistemas metálicos podem atingir até 5 m²/hh. No entanto, as últimas normalmente necessitam de equipamentos de transporte, o que representa custos adicionais." A última vez em que a revista tocou no assunto foi há exatamente um ano, com uma edição inteira dedicada ao tema. tema. Em entrevista, entrevista, Nilton Nazar destacava a importância do papel do projetista de fôrmas na organização do processo construtivo das estruturas. Cada uma das tecnologias consagradas no País também teve uma matéria exclusiva abordando as melhores práticas de execução: madeira, metálica, plásticos e sistemas trepantes. As fôrmas alternativas, como as de papelão, EPS e OSB (Oriented Strand Board) também tiveram espaço na publicação. Renato Faria
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Torres eco econôm nômica icas s Projetos padronizados minimizam perdas de material e de produtividade com cortes de alvenaria e revestimento, mas industrialização completa depende de barateamento dos pré-fabricados este ano, estima-se que que o setor da Construção Civil brasileira apresentará um crescimento da ordem de 10%,segundo o SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo). Uma parcela parcela considerável desse crescimento se deverá ao aquecimento do mercado de habitação para população de baixa
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renda, estimulado pela abertura de novas linhas de crédito a juros baixos e em prazos longos. longos. Direcionad Direcionados os às famílias com rendimentos mensais entre cinco e 12 salários mínimos,os chamados edifícios "econômicos" e "supereconômicos" serão compostos por unidades comercializadas com preços que variam entre R$ 50 mil e R$ 150 mil.
Com um valor final de venda tão baixo,, a margem de lucro por edifício é baixo também pequena. pequena. A lucratividade lucratividade do negócio para o construtor estará na produção das unidades em larga escala. Por isso, isso, as construtoras construtoras que pretendem ingressar nesse novo mercado sabem que não terão sucesso se não ini nvestirem no detalhamento inicial dos TÉCHNE 130 | JANEIRO DE 2008
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Se os estudos demonstrarem viabilidade econômica das paredes de concreto, construtoras deverão adquirir suas próprias fôrmas metálicas
projetos de seus empreendimentos, que serão executados às centenas em todo o País. Para aproximar-se ao máximo de um processo industrial industrial de produção,a produção, a primeira preocupação que se deve ter é com o desenv desenvolvimento olvimento do protótipo do produto. produto. Mais do que em qualquer outro tipo de empreendimento, o que definirá as tecnologias e as soluções de um conjunto de edifícios econômicos é o seu orçamento final.Para reduzir os custos com a elaboração de um novo projeto arquitetônico a cada novo conjunto construído, construído, são desenvolvidas tipologias básicas para serem utilizadas em todos os casos. Segundo Yorki Estefan, diretor de construção da Cytec (antiga Cyte), joint venture criada por Cyrela e Tecnum para construir habitações econômicas, a empresa desenvolveu sete tipologias para seus empreendimentos em seis meses; cada uma exigiu cerca de quatro meses para ser elaborada. Para as novas ingressantes no ramo, o maior inibidor inibidor para a repetitividade nessa etapa do empreendimento talvez sejam as legislações municipais. Dimensões mínimas dos cômodos,, de pé-direito, modos pé-direito, segura segurança nça contra incêndio variam de cidade para cidade e obrigam os engenheiros a adaptar os projetos conforme as exigências locais, gerando custos extras ao empreendimento e reduzindo ainda mais a margem de lucro."Como atingir a padronização se aqui na cidade vizinha existe outro código de obras? É uma irracionalidade legislativa",queixa tiva", queixa-se -se Estef Estefan. an. A MRV Engenharia já atua há 28 anos nesse mercado. Não à toa, seus processos de produção têm sido detalhadamente estudados pelas novas empresas concorrentes. concorrentes.Ao Ao longo desses anos, a construtora mineira contornou o problema da variação das legislações locais desenvolvendo um extenso banco de projetos arquitetônicos,que cos, que são "encaixados" conforme conforme as exigências específicas de cada uma das 51 cidades onde onde atua. Como as características básicas dos empreendimentos não mudam,também mudam, também são necessários poucos ajustes nos demais proje-
tos, como os estruturais e de instalações. "Em 30 dias já temos praticamente tudo pronto", revela Eduardo Fischer, diretor de produção da MRV. MRV. Sem riscos
Os sistemas construtivos rápidos são os mais desejáveis, pois permitem ganho de escala e, como conseqüência, redução de custos de construção. Do ponto de vista econômico, o professor da Escola Politécnica da USP, Ubiraci Espinelli Lemes de Souza,, lembr Souza lembraa ainda que, como grande parte dos proprietários dos novos apartamentos compra os imóveis ainda na planta, o ideal para a construtora é estender ao máximo o intervalo entre os momentos da venda do imóvel e do início das obras. "Nesse período, o capital está rendendo; por isso, a execução veloz é sempre desejável", desejável", explica. Nesse início de boom do mercado de baixa renda, as grandes construtoconstrutoras dão seus primeiros passos em solo firme, com responsabilidade e sem inovações mirabolantes. O partido estrutural predominante nos primeiros empreendimentos é a alvenaria com blocos de concreto estruturais, de desempenho bem conhecido. "Não vamos reinventar a roda", comenta o engenheiro Marcelo Souza, diretor de operações da Fit Residencial – marca criada pela Gafisa para par a o segmento popular. Segundo o engenheiro, o sistema se mostra mais adequado por aliar baixo custo de construção ao reduzido ciclo de produção. "A gente consegue consegue pular algumas etapas, não é necessário necessário executar primeiro a estrutura e, depois, a alvenaria", afirma. "As duas duas coisas são são feitas ao mesmo tempo e já abre espaço para a execução dos revestimentos nos pavimentos prontos." Não existe um número mínimo de unidades a serem construídas para tornar o empreendimento economicamente viável, pois isso dependerá de fatores como a localização do imóvel ou o tamanho do terreno. No entanto, os construtores ouvidos pela Téchne estimam um "número mágico" entre 300 e 500 unidades por conjunto. 31
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Quanto menor o número de tipos de blocos diferentes, maior a produtividade obtida
Dimensões mínimas dos ambientes variam de cidade para cidade, dificultando padronizações de projetos
Alvenaria estrutural é o sistema construtivo mais adotado em edifícios econômicos
Produção em larga escala tornará possível compra de equipamentos normalmente alugados
Na medida do possível, instalações hidráulicas são pré-montadas no térreo para evitar improvisos durante a execução
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Nos últimos meses, missões particulares e lideradas pela ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) visitaram Chile e Colômbia para conhecer as técnicas de execução de conjuntos residenciais com paredes de concreto, sistema que vem sendo aplicado com sucesso nesses países. Tanto a Cytec quanto a Fit Residencial estudam a viabilidade de emprego do sistema em empreendimentos futuros. Segundo o engenheiro Luiz Henrique Ceotto, que participou da elaboração da Norma de Desempenho para edificações residenciais de até cinco pavimentos, os construtores que optarem por esse sistema devem estar atentos a itens importantes como o conforto térmico e acústico dos apartamentos. "As paredes não podem ser pouco espessas", alerta. Como o concreto apresenta alta condutibilidade acústica, mesmo pequenos ruídos poderiam ser ouvidos em outros ambientes do mesmo pavimento e em pavimentos contíguos. Apesar da demanda por construções rápidas,as estruturas industrializadas ainda não têm entrado nos planos das empresas na execução de edifícios. Segundo os construtores, o custo do aço ainda inviabiliza a concepção dos empreendimentos em estruturas metálicas ou em steel frame. Da mesma forma são encarados os pré-fabricados de concreto. "O problema dos pré-fabricados são os impostos que incidem sobre os produtos. Essa carga tributária incentiva o uso de trabalho manual no canteiro", comenta Yorki Estefan, diretor de construção cons trução da Cytec. Cytec. "Hoje, "Hoje,esses esses eleelementos são usados apenas nas escadas de nossas construções", construções", conta. Racionalização
Com uma margem de lucro tão apertada, as empresas não poderão admitir altos índices de perda de material em suas obras. Por isso, os projetistas terão de buscar cada vez mais a racionalização de seus projetos.Modulação de projetos de revestimentos e de alvenaria são lições básicas. "Os ambientes são pensados de maneira a
b ja r a T
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Ambientes são dimensionados para evitar cortes nos azulejos, reduzindo o desperdício de material
diminuir as perdas", explica Marcelo Souza, da Fit. "Eles são dimensionados para que os revestimentos de azulejos, por exemplo, se encaixem precisamente na parede e precisem do mínimo possível de recortes." Yorki Estefan,da fan, da Cytec,segue Cytec, segue o mesmo mesmo discurso. discurso. "Diminuímos ao máximo os tipos de blocos utilizados. utilizados. Quanto maior o número de blocos diferentes usados durante a execução, menor a produtividade obtida no serviço", explica explica.. O projeto executivo do empreendimento deve ser elaborado em detalhes, de forma a se obter um microplanejamento. "Nossa preocupação é fazer com que quem executa uma atividade não dependa de outras atividades. Por exemplo, o instalador de alvenaria depender do instalador hidráulico", explica Yorki. Yorki. Nas obras da Fit, procurou-se criar uma linha de montagem até para as instalações hidráulicas. Para não dar margens a improvisações durante a execução das tubulações, as peças são pré-montadas e pré-testadas no térreo antes de serem enviadas como "kits prontos" ao local do serviço. "É uma forma de evitarmos patologias", explica Marcelo Souza. Característica de empreendimentos de alto padrão, a possibilidade de modificação das disposições do apartamento antes de sua construção está praticamente descartada. "Apenas no Fit Jaçanã, em São Paulo, demos a possibilidade de optar pela cozinha americana ou tradicional. Foi um diferencial competitivo que demos ao empreendimento, já que temos concorrentes na cidade que oferecem essa
opção", revela Souza. opção", Souza. "Mas isso isso não é o ideal do ponto de vista da produtividade",, afirma. vidade" Renato Diniz, diretor de Negócios da construtora Rossi, conta que a construtora também oferece a possibilidade de abertura de algumas paredes,, como as que separam paredes separam quarto e salas. "T "Tem em que fazer uma análise de custo–benefício. Quanto mais se sobe o preço,mais preço, mais diminui a quantidade de pessoas que podem comprar", explica explica.. Nos sistemas com paredes de concreto, Ceotto teme pela falta de flexibilidade de alteração das instalações prediais. "Se elas são embutidas, até a manutenção fica prejudicada", analisa, lembrando que os moradores poderiam forçar intervenções que colocariam em risco a segurança estrutural de todo o edifício. O ideal, segundo o engenheiro, seria a utilização desse sistema apenas nas paredes externas, com o emprego de drywall nas divisões dos ambientes. Materiais e equipamentos
O modelo desenvolvido pela MRV prevê parcerias com fornecedores de materiais de construção para adquirir os insumos em grandes quantidades, o que é possível graças à padronização dos empreendimentos. Da mesma forma, as parcerias são esestabelecidas com os escritórios de projetos, que com o tempo se tornam mais familiarizados com os produtos da empresa e, conseqüentemente, mais produtivos. "Temos um projetista estrutural que trabalha conosco todos esses 28 anos", conta Fischer. A perspectiva de lançamentos de novos empreendimentos em longo prazo e a consolidação dos métodos construtivos aumentarão a demanda por máquinas e equipamentos equipamentos.. Para não ficarem suscetíveis a crises de falta desses produtos no mercado de locação, as construtoras já começam a planejar a aquisição desses itens. "Estamos fazendo algumas pesquisas de mercado para, em 2008, talvez investir na compra de fôrmas", conta Marcelo Marc elo Souza, da Fit. Renato Faria
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Sistemas Construtivos Estrutura metálica
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Os sistemas construtivos metálicos atendem às exigências de desempenho estrutural e rapidez de montagem, características muito bem-vindas para a execução de edifícios populares. Fornecidos em kits por algumas empresas, os edifícios têm entre quatro e sete pavimentos, cada um com quatro apartamentos com plantas préprojetadas. Cada unidade possui área útil com cerca de 40 m², que incluem sala, cozinha, dois dormitórios, banheiro e área de serviço. O sistema permite a adoção de diferentes sistemas de alvenaria e de revestimentos. A solução, entretanto, perde espaço no mercado nacional em função do preço do aço. Para que o ganho de tempo obtido na execução da estrutura não seja perdido no fechamento, o ideal é aliar a solução estrutural a sistemas de fechamento industrializados, como painéis de concreto pré-moldados. O kit possibilita maior limpeza do canteiro de obras e reduz as perdas de materiais durante a execução da estrutura. Steel frame
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As construções com perfis leves têm basicamente as mesmas características das estruturas metálicas tradicionais. O sistema pode ser aplicado em edificações baixas, de até quatro andares, e reduzem o tempo de construção em mais de 30%. Os perfis metálicos, de até 1,25 mm de espessura, são unidos por parafusos autobrocantes e o fechamento é executado com chapas OSB (Oriented Strand Board), drywall ou placas cimentícias. Edifícios de quatro pavimentos, com um total de 16 apartamentos, podem ser concluídos e entregues em até 90 dias. Contra o sistema pesa, além do custo dos perfis de aço, a falta de cultura no País de construção em steel frame, muito difundida nos países da América do Norte.
produção de unidades em grande escala, os custos de execução tendem a cair. A solução também gera poucos resíduos no canteiro e exige menos mão-de-obra. É necessário um investimento inicial mais alto na aquisição de fôrmas metálicas, mas ele é recuperado tão mais rápido quanto maior a repetitividade obtida. Um dos inconvenientes do sistema é a pequena flexibilidade de intervenção nas instalações embutidas nas paredes, principalmente. A viabilidade do sistema dependerá, ainda, dos preços do concreto praticados no mercado. Alvenaria estrutural
Paredes de concreto
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o rc u t o L o n u r B
O sistema já é dominado por países latino-americanos, visitados por construtores brasileiros interessados em conhecer de perto a técnica utilizada nessas regiões. Por lá, a tecnologia é utilizada tanto em edifícios populares como em construções de médio e alto padrão. Com a expansão do mercado de habitação popular e o crescimento da demanda por sistemas construtivos de rápida execução, a elaboração de projetos de edifícios com paredes estruturais de concreto deve ser uma alternativa viável para um futuro bem próximo. Com a
Atualmente, o sistema estrutural preferido dos construtores que entram no mercado, já que possibilita a execução simultânea da vedação e da estrutura. Além disso, os pavimentos prontos são rapidamente liberados para a execução dos revestimentos. Nesse sistema construtivo, quanto mais detalhado o projeto, principalmente o executivo, menor o risco de comprometer o orçamento da obra com perdas de material. Para reduzi-las, fachadas e ambientes internos devem ser dimensionados de maneira a evitar cortes desnecessários de blocos. A execução das instalações também deve ser bem planejada, para reduzir a necessidade de recortes na alvenaria.
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Horizonte planejado Projeto e execução de condomínios horizontais para baixa renda exigem atenção especial à logística, simplicidade construtiva e eliminação de etapas
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Condomínio Villa Flora, da Rossi, em Sumaré (SP)
roduzir condomínios horizontais P para baixa renda é um desafio que envolve os departamentos de orçamento e, principalmente, de engenharia. Se a intenção é vender casas ou apartamentos em edifícios de até quatro andares – a definição de residência horizontal – para famílias com renda até 12 salários mínimos,é mínimos, é imprescindível enxugar o orçamento. Há algumas maneiras de reduzir custos de produção sem colocar em risco o desempenho do produto final.A final. A primeira delas – difundida pela indústria convencional, convencional,sobretud sobretudoo a eletrônica – é, justamente, tratar o resultado dos trabalhos da construção civil como um produto de fato. fato. O que significa aumentar ao máximo a industrialização, simplificando simplific ando processos, processos, para, simulta simulta-neamente,viabilizar a repetição maciça maciça de fórmulas que se mostrem adequadas. "Quanto maior a igualdade, me-
lhor o resultado.É resultado. É essencial que se busque a industrialização", industrialização", pontua o consultor Salvador Benevides. Ele, no entanto, reconhece que as construtoras ainda não encontraram uma forma de caminhar nesse novo mercado que trabalha com milhares de unidades.. "É um mercado unidades mercado rico em demanda, mas há pouca pouca experiência para atenderr tal volume",alerta. atende volume", alerta.A A estratégia apontada é diluir os altos al tos investimentos iniciais em sistemas industrializados e repetitivos em meio a esses milhares de unidades a serem construídas. Nesse momento é possível perceber a importância de construir numa velocidade adequada. adequada. Além de otimizar o uso de equipamentos e mão-deobra, permite obter ganhos com com a manipulação do capital.Ou seja,enquanto a construtora distancia a execução da venda – o início do recebimento do início dos gastos – consegue obter ren-
dimentos adicionais. "A velocidade não é mais inversamente proporcional proporcional ao custo", custo", observa Benevides. No entanto, é importante notar que construir o mais rápido possível pode não ser o ideal.Quem ideal. Quem alerta para essa questão é o diretor de Negócios da Rossi,o engenheir engenheiroo Renato Diniz. Diniz. Para ele é melhor manter uma constância executiva do que alternar picos de trabalho e tempos de ociosidade da mãode-obra que levem a alterações nas equipes dos empreiteiros. empreiteiros.Dessa Dessa forma é possível reduzir os custos dos subcontratados e, assim, os próprios ao negociar melhores condições. Tecnologia e planejamento
"É um mercado bem diferente daquele que prega a flexibilização e o pleno atendimento ao cliente",ressalta Espinelli referindo-se à incompatibilidade entre produção em série e perso35
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CAPA
Escantilhões Ferramentas
Andaime
Bloco elétrico
Bloco de concreto empilhado corretamente e próximo a aplicação
Aço para alvenaria
Acesso
Fonte: Renato Diniz, diretor de negócios da Rossi 36
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Cronograma curto, a obra ainda esta fazendo terraplenagem mas já iniciou outros serviços.
Energia
Grout
Água
Central de betoneira coberta e móvel
Baias montadas, com agregados e próximas
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CAPA
Adequações econômicas A Rodobens tem trabalhado para os segmentos que recebem de cinco a dez salários mínimos. mínimos. Qual o custo médio de construção de uma unidade voltada para essa faixa de renda?
O custo médio e o valor de venda variam em função do preço do terreno e do custo da infra-estrutura, mas em média temos, para uma casa de 57 m 2 de área útil, o custo de R$ 49,3 mil. Isso sem considerar terreno, mas incluindo o custo de construção, da infra-estrutura urbana e de lazer e todo o custo de incorporação e legalização. O valor de venda para a entrega da casa em um ano gira em torno de R$ 86,7 mil.
execução de um grande volume de casas num curto espaço de tempo. Todavia, Todavia, relacionamos a diminuição dos custos à eliminação dos serviços de chapisco, emboço e reboco de paredes, eliminação de retirada de entulhos e a velocidade de execução que o sistema propicia com a conseqüente redução de despesas indiretas. Quais tecnologias construtivas foram adotadas para reduzir os custos?
Quais foram as principais adequações de projeto e execução para enxugar os custos?
Execução de fundações tipo radier e execução de paredes com concreto aerado auto-adensável aplicado em moldes de plástico ou alumínio, possibilitando paredes já prontas para a pintura, colocação de azulejos e acabamentos finais. A cobertura é de telhas cerâmicas apoiadas em estruturas metálicas e forro de gesso acartonado.
O enfoque maior não é relativo r elativo à redução do custo propriamente dito, e sim na adoção de um sistema que permita a
Quais os principais problemas enfrentados quando da execução?
nalização. "Até acho que no futuro nalização."Até futuro haverá quem tente e viabilize a flexibilização", zação ", apos aposta. ta.Atu Atualmen almente, te,oo máxim máximoo que algumas empresas têm feito é prever futuras ampliações para as casas. Num mercado tão diverso do convencional, alguns dos conceitos que ditam as regras da construção civil são revisados. Nesse mercado mercado para a baixa
renda, os talentos da engenharia não são postos à prova na exceção, nos projetos suntuosos, mas na capacidade de repetição isenta de erros. Ao salientar que o equacionamento de custos baixos exige muito projeto, planejamento e controle controle em volume,o volume, o professor da Poli é taxativo: "empresa ruim não terá espaço". Mesmo que
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Por ser bastante conhecida, com desempenho atestado e execução simples, a alvenaria estrutural é opção corriqueira entre imóveis econômicos enquanto não surgem tecnologias inovadoras 38
s n e b o d o R o ã ç a g l u v i D
Geraldo Cêsta
diretor técnico da Rodobens Negócios Imobiliários Os problemas de execução ocorreram durante a fase de protótipo, quando o conhecimento e a prática ainda eram insuficientes, e também na correta formulação do concreto, que precisa garantir resistência, trabalhabilidade, isolamento térmico e acústico e isenção de retração. Outra questão foi relativa à definição da melhor opção de fôrma e o domínio da sua operação. Hoje temos em ambos os casos controle da operação e permanecemos em constante evolução, graças aos acordos firmados com nossos parceiros fornecedores.
seja possível ajustar detalhes ao longo da execução, execução, o investimento em projeto é maior no início para evitar a disseminação de erros em escala. escala. "É um desafio obter desempenho com pouco espaço, pouco dinheiro e pouco tempo, atendendo tanto o incorporador quanto o usuário final", comenta o arquiteto Gil Carvalho, Carvalho, do escritório Dávila Arquitetura. Dessa maneira, a construção de protótipos que permitam perceber eventuais problemas construtivos, de interface, é comum nesse mercado. Uma vez que o modelo almejado será repetido à exaustão, torna-se proporcionalmente menos oneroso testar alternativas antecipadamente. Ainda mais porque em decorrência da menor margem de lucro não há fôlego financeiro para eventuais manutenções. O desenvolvimento de projetos do modelo adotado pela Bairro Novo, por exemplo, exemplo, para construção de unidades econômicas levou seis meses, conta Marcelo Moacyr, diretor de construção dessa joint venture estabelecida entre Odebrecht Empreendimentos Imobiliários e Gafisa. Gafisa. Esse peTÉCHNE 130 | JANEIRO DE 2008
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ríodo serviu para definir processos, atender diferentes legislações e adaptar vãos, obtendo melhores paginações de fôrmas, revestimentos, esquaesquadrias e portas. "Priorizamos a utilização de elementos-padrão, com o mínimo de elementos especiais", especiais",salienta. salienta. A empresa trabalha com paredes e lajes de concreto moldadas simultaneamente com o uso de fôrmas de alumínio. Essas dispensam revestimentos e já embutem detalhes de fachada. As fundações são em radier ou baldrame de concreto concreto.. Essa metodologia é adotada para casas de dois e três dormitórios geminadas e edifícios de até quatro andares, considerados edificações horizontais. Moacyr conta que, comparando casas e apartamentos, o custo por metro quadrado de área privativa é praticamente o mesmo, havendo diferenças mais significativas no que diz respeito à complexidade das fundações. Quando questionado sobre a possibilidade de utilizar alvenaria estrutural, Moacyr conta que que o estudo de outras possibilidades executivas esbarra em fatores culturais. Como realizam pesquisas de percepção e aceitação do público, perceberam que "existem processos que ainda são rejeitados". Em paralelo,nesse caso específico,além de a alvenaria estrutural não propiciar muita vantagem econômica,as paredes de concreto garantem controle dimensional, velocidade e menor demanda por mão-de-obra. mão-de-obra. Nesse caso, ao concontrário do afirmado anteriormente, é "obrigatório ter velocidade ou a conta não fecha", o que demonstra que as construtoras ainda estão definindo as melhores soluções de acordo com seus modelos de trabalho. Outros importantes gargalos da construção de casas em escala industrial são as coberturas e o próprio terreno. As primeiras devem ser pensadas para que custem pouco, tenham bom desempenho, com ausência de manutenção, e que sejam fáceis de executar.. "Numa casa de acabamentos executar simples, a cobertura pode ser o item mais caro", caro", alerta Ubiraci Ubiraci Espinelli. Espinelli. Já os terrenos,escas terrenos, escassos, sos, podem apresenapresentar problemas para as fundações, exi-
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Equipamentos que antes poderiam ser caros para aquisição, como fôrmas metálicas, tornam-se indispensáveis indispensáveis para viabilizar tecnologias como a das paredes de concreto
Pontos importantes O que deve ser considerado no projeto e execução de casas com baixo custo Combate ao retrabalho e à manutenção Flexibilidade de adaptação de projeto a diferentes condições climáticas, padrões culturais e legislações Redução no consumo de insumos e não-geração de resíduos Padrão de acabamento Ganho de escala Adequação da velocidade construtiva Logística de canteiro Fonte: Guanandi - WT WTorre orre
gindo soluções onerosas demais. Nesses casos, um terreno ruim pode inviabilizar um empreendimento. Logística específica
A relação com o espaço do terreno está dentre as maiores diferenças entre projetos verticais e horizontais, assim como a seqüência executiv executiva. a. Enquanto um prédio multipavimentos concentra a execução num espaço pequeno,aa construção de unidades no, unidades horizontais é espalhada em grandes loteamentos. No caso de um prédio também é mais fácil saber quais etapas serão realizadas, pois os processos são cíclicos. cíclicos. Quando as unidades não estão empilhadas e a construção de uma não depende da conclusão do pavimento inferior, inferior, o planejamento logístico deve, obrigatoriamente, ser diferente. Eis aí uma importante variável característica de empreendimentos
horizontais. "Não se pode subes horizontais. subestimar timar o transporte, pois as distâncias ficam muito grandes", alerta Espinelli. "A distribuição deve ser pontual, não centralizada", centrali zada",recom recomenda. enda. Ressurge aí, com grande importância, a figura do projeto de processo. Os planejamentos devem considerar desde o layout do canteiros até o microplanejamento de execução e cronogramas, com previsão de ferramentas de controle. "T "Temos emos de descer a níveis bastante detalhados de observação", recomenda recomenda Espinelli. Ao planejar é possível desenvolver sistemas e processos mais inteligentes, que demandem menos gestão. "É um momento muito rico. Acho que vamos começar a fazer efetivamente tudo o que sempre foi pregado pela boa engenharia", genharia ", aposta aposta.. Condomínios horizontais demandam mais investimentos em urbanismo e infra-estrutura urbana. Embora não seja possível determinar uma quantidade ideal de unidades para obter o melhor retorno, retorno, grandes volumes ajudam a diluir esses investimentos. Para os compradores, ter muitos vizinhos pode significar valores de prestação e de condomínio reduzidos. Isso especialmente se forem previstos equipamentos de uso comum que auxiliem na redução de gastos, como malls de lojas e creches. "Esses condomínios se tornam grandes comunidades e têm que dar condições para que as pessoas morem bem, com lazer e baixos custos", custos", afirma Gil Carvalho. Bruno Loturco
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INTERNACIONAL
Missão Colômbia Busca por formas de baratear e agilizar a construção de unidades habitacionais leva engenheiros a Bogotá para observar tecnologia já conhecida, mas pouco disseminada crescente facilitação de acesso A ao crédito imobiliário tem empurrado a indústria da construçã construçãoo civil para um caminho bastante diverso daquele trilhado até então. Em vez de um número restrito de empreendimentos de médio e alto padrão, ganham campo produtos que
atendem às camadas sociais de renda mais baixa. De acordo com estimativas da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), a expectativa é de que a demanda cresça gradualmente até atingir um patamar de 1,5 milhão de unidades construídas anualmente
em 2012. Atualmente o déficit habitacional é de cerca de sete milhões de moradias, sendo que "para "para os grupos menos favorecidos – os 12% mais pobres da população brasileira –, estima-se uma necessidade de cerca de 1,6 milhão de novas casas entre 2007 e 2010". Os dados são do estudo da
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Enxutos e de construção rápida, os apartamentos de interesse social colombianos custam pouco mais de R$ 22 mil e conta m com subsídios governamentais 40
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FGV Projetos, O Crédito Imobiliário no Brasil – Caracterização e Desafios, de março de 2007. Para suprir tal demanda há que se buscar alternativas aos sistemas convencionais. Mesmo porque os sistemas construtivos mais comuns atualmente não teriam, em princípio,condições pio, condições de atender ao volume de obras. Para evitar problemas com a oferta de mão-de-obra, equipamentos e projetos, faz-se necessário buscar industrialização. O gerente do IBTS (Instituto Brasileiro de Telas Soldadas), João Batista Rodrigues da Silva, afirma que o setor que representa ainda registra alguma ociosidade produtiva, mas que, mesmo assim, as maiores empresas já planejam expansões. A Abesc (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem) afirma que suas associadas estão preparadas para absorver um crescimento de até 20% no próximo ano. "Nosso problema não é dosagem, é caminhão, caminhão, mas estamos comprando equipamentos", sentenciou seu presidente, Wagner Lopes. Missões técnicas têm sido organizadas pelas principais entidades representativas da construção civil. A própria ABCP já havia ido ao México, em 2002, ao Chile e também à Colômbia, Colô mbia, já nesse ano, ano, para conheconhecer protótipos e tecnologias construtivas. Entre os últimos dias 4 e 6 de dezembro uma nova missão visitou a Colômbia para melhor observar a construção de unidades habitacionais com paredes de concreto concreto.. A escolha pelo país do presidente Álvaro Uribe, em detrimento do Chile, se deu devido às semelhanças com o Brasil no que diz respeito ao déficit habitacional. "Aprimoraram processos construtivos, buscando velocidade, daí a utilização de pare-
Busca por industrialização esbarra na falta de ra cionalidade e organização dos canteiros colombianos
Após a colocação de todas as armaduras do pavimento, assim como de todas as instalações elétricas e hidráulicas, as fôrmas são posicionadas para receber o concreto 41
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INTERNACIONAL o c r u t o L o n u r B : s o t o F
A portabilidade dos elementos está dentre as principais características do sistema, que dispensa equipamentos de transporte
Os painéis fechados e a possibilidade de concretar paredes e lajes ao mesmo tempo levam à necessidade de um concreto mais fluido, mas não necessariamente auto-adensável
des de concreto em tipologias de diferentes segmentos", justifica Ary Fonseca Júnior, da ABCP. ABCP. Também alguns dos custos da construção colombiana são semelhantes. Baseados apenas na experiência profissional – e não em dados oficiais –, os engenheiros nativos contaram que cada metro quadrado construído custa cerca de US$ 150 e que o metro cúbico do concreto vale aproximadamente US$ 120. As referências são para unidades habitacionais de 50 m 2. Missão técnica
A Téchne esteve presente nessa missão, que visitou obras na Região Metropolitana de Bogotá cujos partidos estruturais são totalmente baseados nas paredes de concreto concreto,, moldadas com fôrmas de alumínio. alumínio. Os objetivos das construtoras que adotaram o sistema são aumentar a produtividade, reduzir a quantidade de mão-deobra e aumentar a velocidade de execução. Os benefícios nesse sentido devem compensar os investimentos necessários para compra das fôrmas. Foram visitadas obras de diversos estratos sociais, sociais, de cinco a 18 pavimentos e valores de venda variáveis entre R$ 22 mil e R$ 190 mil, todas com pa42
Para baratear os custos, as esquadrias são de PVC e têm vidros com 3 mm de espessura. Instalações elétricas apenas nas paredes – e não nas lajes – simplificam processos
redes de concreto. Fonseca, da ABCP, afirma que o sistema traria mais competitividade por ser uma alternativa à execução de paredes com blocos de concreto ou painéis pré-moldados. A primeira obra visitada v isitada foi concebida pela Metrovivienda, Metrovivienda, uma empresa pública que promove a construção e aquisição de moradias de interesse social. Um prédio com térreo mais cinco cinco pavimentos e quatro apartamentos
por andar, cada um com 42 m 2. Com apenas duas portas – a de entrada e a do banheiro –, os apartamentos têm paredes esbeltas, esquadrias em PVC com vidros de 3 mm e instalações elétricas apenas nas paredes para simplificar a execução.A cobertura dos apartamentos do último andar é em telha metálica tipo sanduíche, sanduíche,sem sem forro, forro, e a caixa d'água fica no térreo, com bombeamento contínuo. TÉCHNE 130 | JANEIRO DE 2008
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Composta por construtores, representantes de associações e de instituições ligadas à construção civil, missão visitou Bogotá para observar tecnologia de paredes de concreto
Participantes da missão Vaquero y Arcindo Vaquero
Maior, consultor Maior, Junior, ABCP (Associação Ary Fonseca Junior, Brasileira de Cimento Portland) Alexandre Moura, Inpar Aloysio Cyrino, Cytec Benedicto Aloysio Empreendimentos Imobiliários Claidson Dias Correia, Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) Cezar Batista de Faria, Construtora EMCCAMP Eduardo Pinheiro Campos Filho, Construtora EMCCAMP Eliron Maja Souto Junior, Rossi Residencial Fernando Mehe Mathias, FMM Engenharia Gustavo Zenker, Zenker, FMM Engenharia Francisco Celso Silva Rocha, Premo Construções e Empreendimentos Ivo Carlos Ferreira, FMM Engenharia João Batista Rodrigues da Silva, IBTS (Instituto Brasileiro Brasileir o de Telas Telas Soldadas)
Com as fundações em sapata executadas até dois meses antes do início da estrutura, são concretados dois apartamentos por dia.No dia. No dia seguinte, os vizinhos a esses. esses.Mais Mais um dia dia e a concretagem ocorre acima dos dois primeiros já desenformados.
José Jardim Junior, Abyara
Planejamento Imobiliário José Vaz de Oliveira, Construtora Modelo Luis Felipe Zeeni Younes, Younes, Guanandi – WTorre Mauricio Marcello Viegas, Mac Empreendimentos Imobiliários Sandra Ralston, Guanandi – WTorre Tarcisio Carvalho Prezia, Mac Empreendimentos Imobiliários Thiago N. C. Bittencourt, Rossi Residencial Vanessa Visacro, Sebrae-MG (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais) Wagner Lopes, Abesc (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem) J unior,, Inpar Waltermino Pereira da Silva Junior Djaniro Silva, Santa Bárbara Engenharia Fabio Matheus, WTorre Engenharia e Construção Gaspar Betancour, BKO
Em outra obra, essa com 18 pavipavimentos e pertencente ao chamado estrato 4 (o estrato 6, 6, o mais alto, alto, abrange os empreendimentos de altíssimo padrão), paredes com 15 cm e lajes com 10 cm de espessura compõem a estrutura. O concreto mais fluido,
mas que não chega a ser auto-adensável, é desenformado após três dias e reescorado por 28 dias. Com fôrmas e trabalhadores divididos por setores, setores, a entrega das três torres ocorrerá em agosto. Outras três, no mesmo terreno e que ainda nem começaram a ser levantadas, serão entregues em dezembro de 2008. Os apartamentos têm têm de 90 m2 a 94 m 2 e custarão, para o cliente final, cerca de US$ 60 mil. mil. O jogo de fôrmas dessa obra, o primeiro a ser adquirido pela construtora em 1998,já 1998, já conta 2.200 ciclos ciclos de concretagem desde então. Utilizando desmoldante a cada concretagem, a única manutenção necessária é a limpeza com água. Um último exemplo é o de um prédio de 13 pavimentos e 48 apartamentos cujo prazo de execução da estrutura é de seis semanas. Diariamente são lançados 63 m 3 de concreto nas fôrmas, o que significa a concretagem de dois apartamentos. Também nesse caso a execução é alternada, com metade dos pavimentos prontos a cada ciclo. Adaptações
A viabilização dessa tecnologia no Brasil não depende de fatores técnicos, mas de mercado. mercado. É o que afirma o gegerente geral de construção da Cytec, Aloysio Cyrino."Não é usado em larga escala no Brasil por fatores econômicos e de falta de produção em escala", afirma. Ele também alerta para o risco de uma disparada nos preços no caso de um eventual incremento na demanda. "A repetitividade repetitividade deve viabilizar a compra da fôrma, mas é necessánecessário precificar o processo", processo", pondera. Para Ary Fonseca, da ABCP, a única ressalva para adoção de sistemas semelhantes no Brasil é a ausência de fôrmas de alumínio. "Mas temos outras opções de fôrmas disponíveis aqui",ressalva.Outra vantagem apontada pela ABCP é a redução da mão-de-obra necessária para executar vedações e revestimentos, pois é possível concretar paredes e lajes simultaneamente. Bruno Loturco
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IMPERMEABILIZAÇÃO
Túnel estanque Conheça os principais cuidados de projeto e execução de impermeabilização de túneis
C
onstruir e realizar intervenções em estruturas subterrâneas são tarefas de extrema complexidade, que exigem engenharia apurada. Com a impermeabilização de túneis não é diferente.O ferente. O serviço requer especificação especificação adequada, deve estar respaldado em um projeto de impermeabilização e ser acompanhado por rigoroso controle durante a execução execução.. Até pouco tempo, o assunto não recebia muita atenção. atenção. Acreditava-s Acreditava-see que o concreto,por ser pouco permeável, por si só bastaria para controlar a entrada de água. No entanto, embora o concreto projetado exerça um papel importante no sistema de impermeabilização da estrutura, na atual tecnotecnologia de execução de túneis ele não possui condições de garantir sozinho a estanqueidade e evitar umidade, gotejamentos e infiltrações. "Estruturas subterrâneas estão em estado de movimento permanente em função de variações de temperatura, mudanças de umidade, atividades tectônicas e outras fontes de deformações. A conseqüência disso no concreto são fissuras que abrem e fecham periodicamente", conta o diretor técnico da Geocompany,, Roberto Kochen. Geocompany "Quando falamos em túneis como os construídos construídos no Brasil, Brasil, estamos tratando de estruturas contínuas, sem juntas, o que aumenta ainda mais a pressão sobre o concreto", acrescenta o professor Antônio Domingues de Figueiredo,, da Poli-USP. Figueiredo A necessidade de garantir túneis mais duráveis e que assegurem o fun44
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cionamento de equipamentos e instalações sensíveis sensíveis à umidade, bem como a maior exigência dos usuários por salubridade e, principalmente, por reduzir custos e inconvenientes das intervenções para manutenção, manutenção, têm aumentado a exigência por estanqueidade nessas estruturas. Entre as técnicas mais utilizadas em túneis executados pelo método NATM NA TM (New Austrian Austri an Tunneling Method),aa injeção de silicatos, thod), silicatos,espuma espuma de poliuretano ou gel acrílico é uma das mais simples e rápidas.A solução mais
se assemelha a um reparo e consiste em, uma vez identificados os pontos de infiltração na estrutura, fazer injeções químicas que ajudem a preencher os vazios no concreto concreto.. Tarcísio Barreto Celestino, presidente do Comitê Brasileiro de Túneis, explica que esse sistema é aplicável em rochas de ótima qualidade e com baixo índice de infiltração. Para situações mais críticas, as mantas projetadas e as membranas de PVC são mais indicadas. Empregadas com sucesso em obras como nos túneis da Usina HiTÉCHNE 130 | JANEIRO DE 2008
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drelétrica de Machadinho, no Rio Grande do Sul, a membrana elástica projetada costuma ser aplicada sobre o revestimento primário de concreto após a instalação de tubos de injeção para consolidação do maciço (conforme previstos em projeto), e de vergalhões chumbados na rocha para posterior montagem da armação. O objetivo é evitar danificar a membrana impermeável depois da aplicação. Uma vez vez projetada a membrana, e respeitado o tempo de cura do produto, aplica-se uma camada de concreto projetado, que serve de proteção mecânica à membrana.Só membrana. Só então se inicia a armação e o lançamento de concreto (revestimento secundário) e finalmente os serviços de injeção de consolidação/impermeabilização lidação/impermeab ilização do maciço. A execução típica prevê, ainda, a extração de amostras a cada 20 m² para checagem da espessura. Nesse tipo de solução, o controle de espessura do concreto e da membrana é crítico."A crítico. "A projeção do concreconcreto ocorre em escala macroscópica, macroscópica, enquanto na impermeabilização falamos em milímetros de espessura", espessura", comenta Celestino.Por isso,segundo ele,em túneis impermeabilizados com membranas, é recomendável recomendável a utilização de aplicação robotizada,muito robotizada, muito mais precisa. "É quase impossível garantir o controle de espessura apropriado com a projeção projeção manual", manual", alerta. Geomembranas de PVC
Nos últimos anos, uma solução de impermeabilização de túneis que tem se firmado é a com geomembranas de PVC em espessuras variando de 1,5 mm a 3,0 mm, conforme a necessidade específica do túnel e das condições locais. O engenheiro Flávio Henrique Lobato, gerente de engenharia da Construtora Construto ra Andrade Gutierrez, des-
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Aplicação de membrana elástica projetável para impermeabilização em túnel de concreto
taca que nos países europeus, a impermeabilização com manta de PVC é empregada em obras subterrâneas há mais de 30 anos. "Inclusive, por norma, é obrigatória a aplicação desse sistema de impermeabilização em túneis localizados abaixo do lençol freátic freático", o", diz. No Brasil, Brasil, o sistema sistema foi utilizado de forma pioneira recentemente pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) na ampliação subterrânea da Estação da Luz, em São Paulo. Depois disso, o Metrô decidiu adotar a solução nas obras das linhas 2 (Verde) e 4 (Amarela), em andamento. andamento. Indicado mesmo para condições difíceis de aplicação,o aplicação, o método consiste na aplicação de geomembranas de PVC entre as camadas de concreto primária e secundária. secundária. A união entre as mantas pode ser feita por meio de cola ou soldagem por termofusão das sobreposições. Para proteção, as mantas são envoltas em geotêxtil do tipo nãotecido de polipropileno polipropileno.. Os sistemas de impermeabilização com geomembranas podem ser utilizados de duas formas, de acordo com Roberto Kochen. A primeira, parcial, é conhecida como impermeabilização tipo "guarda-chuva". Como diz o nome, nesse tipo de solução a
manta é inserida apenas na abóbada e nas laterais do túnel e, por isso, é necessário prever um sistema de drenagem longitudinal nos limites da impermeabilização. A outra opção é o sistema fechado ou "tipo "tipo submarino". submarino". Nela, Nela,cria-se cria-se um ambiente estanque, com impermeabilização também no arco invertido de fundo. fundo. "Com a impermeabilização impermeabilização totalmente fechada, fechada, a drenagem é necessária apenas durante a fase construtiva.Com trutiva. Com isso, isso,evita-se evita-se uma drenagem permanente que pode ser custosa pela necessidade de bombeamento constante, com gastos elevados de energia elétrica", compara Kochen. Kochen. Minimização de problemas
Em ambos os sistemas a execução do serviço é uma operação delicada, pois é nessa fase que que surgem os principais problemas, como perfurações na manta e soldas não totalmente estanques.Até por isso,há isso, há estratégias específicas para minimizar problemas como eventuais vazamentos. vazamentos.A A principal delas, que deve estar estar contemplada no projeto de impermeabilização, é a compartimentação em trechos de 10 m de comprimento comprimento,, por exemplo exemplo.. Dessa forma, restringe-se a área de trabalho se houver vazamento. 45
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IMPERMEABILIZA ÇÃO
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A utilização de mantas de PVC exige atenção especial às armaduras, que podem perfurar o sistema de impermeabilização
Impermeabilização adotada no túnel LK-3 de interligação na Estação da Luz, em São Paulo. No local foram usadas geomembranas de PVC na espessura de 3 mm obtidas pelo processo de calandragem, multicamada e geotêxtil não-tecido de polipropileno de 500 g/m²
Além disso,o disso, o concreto que servirá servirá de base para aplicação da manta precisa estar uniforme, livre de irregulariir regularidades que possam exercer pressão pontual sobre a manta e, conseqüent conseqüenteemente, perfurá-la."A manta precisa ficar bem esticada, sem pontos possíveis de abaulamento. Da mesma maneira, o posicionamento posicionamento das armaduarmaduras merece cautela,para evitar ev itar furos na manta", ressalta Celestino, lembrando que todos esses cuidados fazem com que a aplicação da membrana projetada seja mais veloz e de menor custo do que a colocação das mantas de PVC. De acordo com com Celestino, a introdução desse tipo de impermeabilização traz mudanças conceituais e de projeto significativas.Afinal, significativas.Afinal,aa tecnologia construtiva adotada para túneis no Brasil (NATM) sempre esteve associada à utilização de camadas sucessivas de concreto (projetado ou moldado in loco) como revestimento definitivo sobre uma camada de concreto projetado (de suporte), sempre contando com a condição monolítica do conjunto para o dimensionamento das estruturas. "Quando introduzimos as geomembranas entre os dois revestimentos,perdemo tos, perdemoss a 'monoliticidade' da estrutura,oo que exige desprezar trutura, desprezar a contribuição do revestimento de concreto de suporte", explica. Isso faz com que
todas as exigências estruturais precisem ser atendidas pela camada de concreto secundária, resultando espessuras totais de revestimento maiores e, possivelmente, possiv elmente,custos custos adicionais adicionais.. Requisitos de projeto
O que determina a escolha da técnica de impermeabilização de túneis, antes de tudo, é a condição geológica do maciço que será escavado. escavado. O engenheiro Roberto Kochen conta que maciços pouco permeáveis (argilas, por exemplo) naturalmente levam a menores vazões de infiltração e menores pressões na membrana de impermeabilização. Já maciços muito muito fraturados em rocha concentram pressões de água (pressões neutras) na membrana de impermeabilização impermeabilização.. Também é levada em conta a composição química da água e do terreno, já que certas substâncias dissolvidas em ambos podem reagir e atacar a impermeabilização e revestimento do túnel. Nesse sentido, um requisito que o projeto de impermeabilização deve atender é a demanda de desempenho de estanqueidade. Um túnel rodoviário em que a principal exigência seja garantir a segurança dos motoristas, por exemplo, exemplo, pode admitir infiltração maior do que um túnel metroviário dotado de complexa infra-estrutura
elétrica embutida. É importante ver se se a estrutura permite, por exemplo, a drenagem de parte da água. "Internacionalmente, cionalment e, aceita-s aceita-see infiltração de 1 l 2 de água/m /dia. Mas em situações em que isso não é admitido, a opção é adotar um sistema completamente fechado", comenta Celestino. Celestino. Por fim,para fim, para controlar a entrada de água,de água, de pouco adianta um eficiente sistema de impermeabilização instalado sobre uma superfície de concreto mal projetada e executada. "Independente da tecnologia adotada,manta adotada, manta ou membrana, o concreto projetado de revestirevestimento primário deve apresentar baixa permeabilidade e fissuração", ressalta Antônio Figueiredo. Figueiredo. Segundo o professor da Poli-USP, Poli-USP, no caso de um sistema com mantas,o mantas, o concreto minimiza minimiza a incidência de água que irá escorrer entre o contato manta/concreto projetado, diminuindo a necessidade de bombeamento da água.Já água. Já no caso da membrana, o concreto projetado projetado tem um papel ainda mais relevante, pois garantirá uma melhor condição de aplicação do material da membrana. Assim, qualquer que seja a situação, situação,éé fundamental rigoroso controle de fissuração do concreto projetado do revestimento primário, o que pode ser ser conseguido com com a introdução de fibras de aço. Juliana Nakamura
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ARTIGO
Envie artigo para:
[email protected].
[email protected]. O texto não deve ultrapassar o limite de 15 mil caracteres (com espaço). Fotos devem ser encaminhadas separadamente em JPG.
Infra-estrutura de grandes conjuntos habitacionais aquecimento do mercado imobiliário, especialmente de 2004 para cá, acrescenta exigências adicionais de planejamento aos órgãos governamentais governamen tais ligados à habitação a fim de evitar que erros graves cometidos em décadas passadas se repitam. As estimativas e pesquisas sobre o déficit habitacional indicam que faltam cerca de 8 milhões de moradias no País, dos quais 93% concentrados em famílias com renda de até cinco salários mínimos. Em 2006, foram produzidas 1,5 mi-
O
José Roberto Bernasconi engenheiro civil, advogado e presidente do Sinaenco (Sindicato da Arquitetura e da Engenharia)
lhão de unidades, a maioria para as classes de renda de mais de cinco salários mínimos. Produzir unidades habitacionais na escala requerida para suprir esse gigantesco déficit exige,fundamentalmente, um planejamento rigoroso, além da contratação de projetos em
nível executivo com a antecedência e a qualidade necessárias, como método essencial para a realização de obras bem-pensadas e bem-executadas. Hoje já se tem plena consciência, até mesmo pelos equívocos cometidos nos anos 1960 a 1980, 1980, de que não é possível desenvolver megaprojetos habitacionais em locais distantes dos centros urbanos, sem oportunidades de emprego, de saúde, educação e lazer, e que exigem investimentos pesados em infra-estrutura de transportes e de saneamento, por exemplo.
P C B A o ã ç a g l u v i D
Implantação de conjuntos habitacionais deve considerar a existência de infra-estrutur a social e de transportes, além de uso misto para geração de empregos locais 48
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Conjuntos habitacionais como a Cohab de Itaquera, situada no extremo leste de São Paulo e implantada nos anos 1970, quando a região não possuía nenhum tipo de infra-estrutura de saúde, educação e lazer e os transportes eram extremamente precários, ajudaram a formar os conceitos conceitos atuais, que rejeitam esse tipo de implantação e preconizam uma concepção mais abrangente e sustentável para os complexos de moradia populares. Regularização do lote
Quando se pensa em conjuntos habitacionais voltados para a baixa renda, é necessário prever que a primeira – e fundamental – infra-estrutura reside no lote plenamente regularizado, que garanta ao adquirente um imóvel com titularidade e registro de imóveis. Esse é o primeiro e essencial passo para garantir a cidadania plena ao comprador de um imóvel popular. Algumas companhias habitacionais, como a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), em São Paulo, já estão adotando essa medida. A titularidade, com a regularização da propriedade do imóvel, também é essencial para equacionar a questão das moradias em áreas de favela. De acordo com pesquisa realizada pelo SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) e Fundação Getúlio Vargas, divulgada em novembro novembro último, último, o número de moradores em favelas vem crescendo nas principais cidades. Em 1993, englobava 1,190 milhão de pessoas enquanto dez anos depois esse número atingia 1,860 milhão de moradores, montante que atingiu 1,972 1,972 milhão em 2006. Mesmo com a relativamente lenta evolução no período 2003-2006, devido ao aumento de renda, que permitiu a passagem de considerável consideráv el contingente de brasileiros
das classes D e E para a C, ainda assim o elevado custo dos terrenos e das habitações "normais" nas principais cidades impede o acesso ao mercado formal a milhares de pessoas. Nesse caso, a solução continua sendo sendo o subsídio habitacional, em parte ou no todo,para todo, para resolver a questão do déficit de moradias – cujo prazo para resolução é estimado em 15 anos pelo Ministério das Cidades/Secretaria Nacional da Habitação. Outro ponto importante de planejamento é a definição de usos mistos nas regiões que receberão os novos conjuntos habitacionais, muitos deles – públicos e privados – compostos por milhares de unidades. O planejamento urbano pode induzir à instalação, por exemplo, de indústrias não-poluentes (montadoras de produtos eletroeletrônicos, confecções etc.), comércio e áreas de lazer, contemplando boa parte das necessidades de emprego daquela população e evitando que os moradores dos conjuntos habitacionais necessitem perder até seis horas diárias somente na locomoção entre a residência e o local de trabalho. Importante para a qualidadee de vida, esse planejamento qualidad planejamento urbano ajuda a reduzir o pico de demanda de transporte. Tecnologia para a sustentabilidade
Os novos conjuntos habitacio-
nais, porém, precisam ser concebidos, cada vez mais, como complex complexos os sustentáveis em importantes pontos de sua infra-estrutura,visando infra-estrutura, visando a ecoeconomizar recursos do Estado, Estado, dos seus moradores e a ajudar na preservação ambiental, um dos pressupostos mais difundidos neste início do século 21. Há, portanto, a necessidade de ser pensada, ainda na fase de projeto dos conjuntos habitacionais, a instalação de itens fundamentais de sustentabilidade, como pequenas estações de tratamento de esgoto (ETE), diminuindo os custos de transporte e de tratamento do esgoto em grandes complexos, complex os, além de mecanismos que permitam a reutilização de água servida na irrigação de áreas verdes, limpeza de calçadas e áreas de lazer e na descarga de bacias sanitárias. Ganham os moradores, moradores, a sociedade/Essociedade/Estado e o meio ambiente. Outro item importante, que a CDHU e algumas companhias habitacionais de Santa Catarina já estão implantando em novos conjuntos, é a instalação de coletores fotovoltaicos de energia solar, fazendo com que, com relativamente pequeno investimento inicial, parte considerável da energia elétrica consumida nos conjuntos seja fornecida pela natureza, especialmente nos momentos de pico, quando há maior consumo de eletricidade. No Nor49
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ARTIGO deste, Norte e Centro-Oeste brasileiro, principalmente, a abundância de luz solar durante praticamente o ano inteiro faz com que essa produção energética tenha dimensão considerável, embora nos Estados do Sudeste-Sul também haja grande vantagem em sua implantação. A instalação de coletores de lixo para reciclagem é outro item de sustentabilidade que ajuda a diminuir a necessidade de infra-estrutura de destinação e tratamento do lixo – especialmente tendo em vista a quase falência desse segmento nas metrópoles e principais centros urbanos brasileiros, com o fim de áreas disponíveis para implantação de aterros sanitários. A reciclagem de lixo também traz, como subproduto positivo, a possibilidade de geração para os condomínios de pequena receita, que permite o custeio de despesas e investimentos nos equipamentos condominiais, com usufruto dos moradores e melhoria da qualidade de vida local. Os projetos também devem ser pensados com áreas verdes abundantes e equipamentos de retenção de água e de diminuição de sua velocidade, visando evitar a ocorrência de enchentes. Providências aparentemente básicas, elas muitas vezes são ignoradas por contratantes e projetistas. Isso ocorre também devido à contratação de projetos em cima da hora, por pregão presencial ou eletrônico, ou seja, pelo menor preço, com resultados desastrosos em termos de qualidade, durabilidade e custo das obras e de diminuição de sua vida útil. Assim, deve-se evitar a implantação tipo tipo terra arrasada, pela qual a topografia é simplesmente ignorada e morros são destruídos, destruídos, com pesada movimentação de terra, gerando desmatamento intensivo e, algumas vezes, problemas de recalque diferencial por falta de compactação adequada,entre adequada, entre diversos diversos outros. A implantação em platôs, que respeitam as curvas de nível, contando com projetos cuidadosos de drenagem, ao lado da instalação de áreas verdes, que ajudam a reter as águas 50
Déficit habitacional
1%
em 2006
Coabitação Cortiços Rústico Improvisados
42%
55%
2% Fonte: SindusCon-SP/FGV
pluviais, com a implantação de reservatórios (piscininhas) em cada edifício, também são medidas que diminuem a possibilidade de enchentes, por reter, nos momentos de maior vazão,aa água,que vazão, água, que pode ser ser empregada também nas atividades de reúso (irrigação,limpeza, gação, limpeza, descarga sanitária). Transporte
A questão do transporte é uma das mais sensíveis em conjuntos habitacionais em geral, e em especial nos megaconjuntos que começam a ser construídos. Eles exigirão forte atenção dos administradores públicos, muitas vezes requerendo atuação conjunta de prefeituras e governos estaduais/federal a fim de projetar e implementar corredores de ônibus – em vez das linhas de circulação tradicional tradicional –, trens metropolimetropolitanos e implantação e ampliação de sistemas de metrô integrados, de forma a otimizar os recursos e melhorar a eficiência dos sistemas. sistemas. É necessário,portanto, neces sário,portanto,que que os planejamentos governamentais nos diversos níveis prevejam recursos compartilhados para resolver essa questão, que deve sempre ser planejada em conjunto com o zoneamento das cidades e a destinação de incentivos às indústrias não-poluidoras, comércio,, serviços e lazer para gerar mércio empregos na região dos complexos habitacionais e diminuir a demanda por transporte público. Programas como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento)
precisam destinar recursos para esse item, especialmente nas metrópoles, sem o que dificilmente os problemas acumulados nessa área há décadas serão resolvidos. É importante lembrar que, dos R$ 6,175 bilhões bilhões destinados pelo PAC à infra-estrutura social e urbana em 2007, apenas R$ 485 milhões foram para a rubrica Metrôs e Transporte Coletivo, ou o equivalente a 7,85% do total. Além disso, também é necessário lembrar que, do total previsto pelo PAC para infra-estrutura infra-estrutu ra social e urbana, que inclui saneamento, habitação, recursos hídricos, metrôs e transporte cocoletivo e irrigação, menos de 2%, ou pouco mais de R$ 39 milhões, haviam sido pagos até setembro de 2007. Em saneamento, dos R$ 2,236 bilhões previstos na Dotação Anual de 2007 do Governo Federal, apenas ridículos R$ 867 mil foram liquidados nesse período. A implantação de conjuntos habitacionais – tanto os megalançamentos privados que começamos a observar em nossos principais centros, inspirados no exemplo mexicano, mexicano, e também os complexos públicos residenciais populares populares –, neces necessita, sita, portanto portanto,, de acurado planejamento, da contratação de projetos de qualidade pelo sistema de melhor técnica, nos prazos corretos. corret os. Senão Senão,, conti continuarem nuaremos os a observar os problemas atualmente sentidos na implementação do PAC, PAC, que patina pela falta de projetos, numa constatação de que planejar é preciso, em todos os sentidos. TÉCHNE 130 | JANEIRO DE 2008
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PRODUTOS & TÉCNICAS ACABAMENTOS
REVESTIMENTO Indicado para o revestimento interno de alvenaria de blocos cerâmicos e de concreto, o Pav Fin Revestimento Interno é uma argamassa fina criada para substituir a aplicação do gesso. O produto é uma mistura homogênea de cimento Portland, cal hidratada, agregados minerais e aditivos químicos especiais que, segundo o fabricante, melhoram o desempenho das argamassas. Pav Mix (19) 3289-4122 www.pavmix.com.br
TINTAS
COBERTURA, IMPERMEABILIZAÇÃO E ISOLAMENTO
CONCRETO E COMPONENTES PARA A ESTRUTURA
A Suvinil lança sua nova linha de acrílicos "sem cheiro", à base de água. Com menor emissão de compostos orgânicos voláteis (VOC) na atmosfera, os quatro principais acrílicos da marca – Toque de Seda, Limpa Fácil, Fosco e Semi-Brilho – já e stão sendo comercializados. Suvinil (11) 4347-1976 www.suvinil.com.br
DISTANCIADOR TELHA A Munte Construções Industrializadas desenvolveu o Sistema de Cobertura Contínua Munte, desenvolvido para coberturas de grandes áreas sem captação de águas pluviais no interior do edifício. O produto prevê a sobreposição das telhas em seu eixo longitudinal, de forma que essas fiquem inclinadas, conduzindo as águas pluviais até uma viga-calha na extremidadee do edifício. extremidad Munte (11) 4143-8000 www.munte.com.br
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A Coplas lança o MR 18-50, o novo distanciador circular tipo "rolete". Sua abertura lateral permite instalação após a armação das ferragens para fundações, proporcionando, segundo a empresa, maior rapidez e economia no processo. Coplas (11) 4543-6126 www.coplas.com.br
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CONCRETO E COMPONENTES PARA A ESTRUTURA
ESTRUTURAS E PEÇAS METÁLICAS
INSTALAÇÕES COMPLEMENTARES E EXTERIORES
ADITIVO O Viamix Expansivo, da Viapol, é utilizado para preencher espaços em argamassas, por conta do fechamento oferecido pelo aditivo. Também Também é utilizado em injeção de calda de cimento em bainha de concreto protendido, favorecendo a expansão da mistura. Viapol (12) 3653-3144 www.viapol.com.br
TUBOS DE CONCRETO O Grupo Singulare, fabricante de galerias para águas pluviais, já participou de diversas obras em concreto em rodovias paulistas. Presta também serviços de canalização de córregos. Sua unidade fabril produz 100 galerias diárias dos mais variados tamanhos, em sete linhas de operação. Singulare (11) 4012-7450 www.singulare.com.br
CHAPAS DE METAL A aplicação das Chapas Perfuradass da Permetal é ideal Perfurada para fachadas, grades, portões, guarda-corpos,, decoração de guarda-corpos ambientes, revestimento de colunas, entre outros. As chapas são fabricadas em aço carbono, inox ou alumínio; galvanizadas, pintadas, curvadas, dobradas ou estampadas; e em espessuras que variam de 0,5 mm a 19 mm. Permetal (11) 6823-9205 www.permetal.com.br
SENSORES DE PRESENÇA A Multilaser lança a linha de sensores e alarmes Security, indicada para uso em residências ou empresas. A linha inclui desde sensores simples, que ao detectar movimentos disparam alarmes, até os sensores com discador automático, que também discam para números de telefones pré-programado pré-programados. s. Multilaser 0800-7722367 www.multilaser.com.br
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PRODUTOS & TÉCNICAS INSTALAÇÕES COMPLEMENTARES E EXTERIORES
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E DE TELECOMUNICAÇÕES
AQUECEDORES Fabricante brasileira de equipamentos solares para banho e piscina, a Transsen comercializa uma vasta linha de reservatórios térmicos, coletores solares, controladores analógicos e digitais. A empresa produz anualmente cerca de 8,5 mil equipamentos. Transsen 0800-7737050 www.transsen.com.br
CAPA DE PISCINA
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E DE TELECOMUNICAÇÕES
INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS
A Lao Engenharia traz ao mercado a Cover Pool, uma capa retrátil com acionamento feito por controle remoto ou painel de comando. Segundo a empresa, a cobertura reduz em até 70% os gastos com manutenção, já que cria uma barreira que impede a queda de folhas do jardim e outros detritos na água, reduzindo os custos com filtragem e aplicação de produtos químicos. Lao Engenharia SAC: (11) 4617-3400 www.laoengenharia.com.br
SINALIZAÇÃO A Sinacon conta com profissionais com mais de 15 anos no segmento de sinalização de vias. A empresa atua no ramo de sinalização de segurança, comunicação visual, engenharia eletrônica com painéis solares e construção civil. Sinacon (11) 3932-7222
[email protected]
CABEAMENTO O Sistema DLP Evolutiva, da Pial Legrand, foi projetado para simplificar a execução de passagens de cabos. A tampa flexível torna as instalações mais rápidas, segundo o fabricante. O produto dispensa o corte da tampa nos cotovelos, proporcionando melhor estética e menor tempo de execução. Pial Legrand www.legrand.com.br 0800-118008
JANELAS, PORTAS E VIDROS
DUCHA FIO DE PROTEÇÃO O Cabo Flexível SIL Brasileirinho é indicado como condutor de proteção em instalações elétricas. Pode ser encontrado nas seções nominais que vão de 1,5 mm² a 6 mm², em rolos de 100 m, carretéis ou na versão "encartelado", disponíveis em 15 m e 25 m. Sil (11) 6488-2000 www.sil.com.br
METAIS PARA BANHO A Série Silver Crown, da Roca, é composta por misturadores monocomando para lavatório, bidê, banheira e ducha e uma opção de misturador para lavatório com três furos. Eles são equipados com limitador de temperatura máxima da água misturada e com um sistema de controle que permite graduar o volume de água entre o modo econômico e de grande consumo. Roca (11) 4588-4600 www.rocabrasil.com.br
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A Lorenzetti lança uma ducha com design clássico e corpo articulável, a LorenBella. A inspiração para o projeto do produto baseia-se, segundo a fabricante, nos metais do século XVIII. A fabricante oferece o produto na cor cromada e garantia de 12 anos a partir da data de compra. Lorenzetti 0800-0160211 www.lorenzetti.com.br
JANELAS Há 30 anos no segmento de esquadrias, a Sasazaki foi uma das primeiras empresas a obter a certificação ISO 9001. Com uma fábrica de 73.000 m² de área construída e mais de 1.350 funcionários, a empresa possui distribuidores por todo o Brasil. Sasazaki 0800-179922 www.sasazaki.com.br
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MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS
VEDAÇÕES, PAREDES E DIVISÓRIAS
DRYWALL
VIBRADOR DE CONCRETO A Robert Bosch apresenta ao setor da construção seu novo vibrador de concreto, com motor de 1.400 W de potência e alta capacidade de adensamento do concreto. Com tamanhos diferenciados de mangotes (1,5 m e 3,5 m de comprimento) e um sistema de troca rápida desses componentes, é possível adequar o produto a diversas utilizações. Bosch 0800-7045446 www.bosch.com.br
O Gypsom, chapa para drywall de alta performance acústica da Lafarge Gypsum, ganhou uma nova versão: o GypSOM Q10, com perfurações quadradas de 10 mm x 10 mm. Segundo a fabricante, o produto é ideal para execução de forros em locais projetados para oferecer boa performance e conforto acústico como auditórios, restaurantes e bibliotecas. Lafarge 0800-2829255 www.gypsum.com.br
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OBRA ABER ABERT TA Livros
Tintas imobiliárias de qualidade – livro de rótulos da Abrafati
Abrafati (Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas) 480 páginas Editora Blucher www.blucher.com.br Parte do acervo de informações da Abrafati está compilada nessa publicação, que destaca e descreve as características dos principais produtos disponíveis no mercado nacional. Nas primeiras páginas são encontradas informações técnicas e de caráter geral sobre tintas, com esclarecimentos e recomendações para as etapas de preparação da superfície, ferramentas e acessórios necessários, processo de aplicação e cuidados essenciais. Também Tam bém há comentários sobre so bre problemas mais comumente enfrentados. Os produtos e suas especificações técnicas são apresentados na segunda parte, com dados úteis para escolha, venda e aplicação das tintas, incluindo foto da embalagem. Todos Todos os produtos apresentados são de empresas qualificadas pelo Programa Setorial da Qualidade.
A obra em aço de Zanettini
Siegbert Zanettini 96 páginas J. J. Carol Editora colecaoportfoliobrasil.com.br Com prefácio do arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, a publicação compila a obra do arquiteto que escolheu o aço para expressar a linguagem arquitetônica. Lelé salienta a atualidade do trabalho de Zanettini, que indica os caminhos para a sustentabilidade da profissão. Zanettini considera a obra do arquiteto de grande importância para a formação das novas gerações na profissão. Dos exemplos selecionados, destacam-se a adoção de processos industrializados e a observação de conceitos de reutilização. Para cada um dos exemplos o arquiteto comenta a situação específica, que levou às decisões de projeto e de construção.
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João Walter Toscano
João Walter Toscano Toscano 104 páginas J. J. Carol Editora colecaoportfoliobrasil.com.br Os projetos apresentados nesse livro foram implantados na malha de transportes urbanos da cidade de São Paulo, estações de trem e metrô, terminais rodoviários, intervenções em áreas ou edifícios tombados. Dentre os casos escolhidos estão a Estação da Luz e a Praça do Monumento do Ipiranga. Também está presente a obra da Estação Largo 13 de maio, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Trens Metropolitanos). Metropo litanos). Para cada um dos projetos apresentados o arquiteto tece comentários sobre as escolhas do projeto, as características locais e o processo construtivo.
Manual orientativo para especificação de aduela de concreto
10 páginas ABTC (Associação Brasileira dos Fabricantes de Tubos Tubos de Concreto) www.abtc.com.br O intuito desse manual desenvolvido pela ABTC é estabelecer parâmetros técnicos para a participação de empresas em concorrências de aduelas de concreto. Por isso, trata-se, na verdade, de um modelo da parte técnica de um edital de licitação para concorrência, tomada de preços ou cartaconvite para fornecimento desses elementos – galerias celulares – pré-fabricados de concreto. A finalidade é garantir a qualidade dos produtos ofertados e uniformizar exigências no processo de seleção. Embora destinado a órgãos governamentais, o documento pode ser adotado também por empresas privadas.
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Sites
Otis – 100 anos no Brasil
122 páginas Elevadores Otis www.otis.com Ao completar seu centenário no Brasil, a Otis Elevadores lança esse livro contendo o histórico tecnológico da empresa. Presente em mais de 200 países, a Otis tem o mercado brasileiro como um dos mais bem-sucedidos da sede mundial. Em todo o mundo tem mais de 215 mil funcionários e registra vendas globais anuais superiores a US$ 47,8 bilhões. A publicação traz inúmeras fotos que registram a trajetória da empresa ao longo do tempo. Comenta sobre inovações tecnológicas desde o tempo em que os chamados elevadores de segurança eram movidos a vapor até o desenvolvimento desenvolvime nto do Gen2, que trabalha com cintas de aço revestidas de poliuretano. Também Ta mbém há fotos dos prédios brasileiros equipados com elevadores Otis.
Tributação das Operações Imobiliárias *
Alexandre Tadeu Navarro Pereira Gonçalves 360 páginas Editora Quartier Latin do Brasil Vendas Ve ndas pelo portal www.piniweb.com.br A intenção do autor autor,, advogado que conta mais de 15 anos de atuação na área imobiliária, não é esgotar completamente os assuntos propostos, mas concentrar os principais aspectos tributários que dizem respeito ao cotidiano das operações e empreendimentos imobiliários, tornando mais rápida e prática a consulta a pontos que usualmente provocam dúvidas. Ciente da complexidade da linguagem jurídica, Alexandre Pereira Gonçalves buscou expressar os conceitos de forma tal que pudessem ser absorvidos não somente por especialistas da área, mas também por administradores de empresas imobiliárias e contadores.
Manual técnico Lwart – produtos impermeabilizantes
Fone: 0800-7274343 Lwart Proasfar Química www.lwart.com.br A Lwart lança o manual técnico para sanar quaisquer eventuais dúvidas que digam respeito às possibilidades de aplicação de seus produtos. Esse catálogo funcional de impermeabilizantes abrange não apenas as especificações técnicas dos produtos, mas como e em quais situações adotar cada alternativa.Abarca desde problemas comuns com umidade localizada como impermeabilização de grandes construções. Traz também informações sobre normatizações do setor s etor.. Para adquirir o manual é necessário entrar em contato com o 0800-7274343 ou o site www.lwart.com.br, no link Lwart Proasfar Química, Manual Técnico.
Espaço Brasileiro de Arquitetura
Fone: (11) 9393-1616 www.eb-arq.com O escritório de arquitetura EB-A, ou Espaço Brasileiro de Arquitetura, chegou ao País recentemente com a proposta de trazer conceitos arquitetônicos diferenciados e contemporâneos. Desenvolvido em flash e com layout moderno, o site traz informações dos projetos residenciais, comerciais, institucionais e de urbanismo desenvolvidos pela equipe do escritório. O EB-A está presente também em Angola, na África, e em Portugal. O espaço virtual da empresa oferece acesso fácil a todo o conteúdo por apresentar uma navegaçãoo intuitiva e simples. navegaçã
* Vendas Vendas PINI Fone: 4001-6400 (nas principais cidades) ou 0800-5966400 (nas demais cidades) www.LojaPINI.com.br 57
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AGENDA Seminários e conferências Desafios e Oportunidades do Mercado de Baixa Renda 28/02/2008 São Paulo O seminário reunirá especialistas, pesquisadores, projetistas, construtores e incorporadores para discutir discutir,, em profundidade, os diferenciais competitivos necessários para atuar no mercado de habitações econômicas, caracterizado por margens apertadas, necessidade de escala e eficiência na engenharia de produto. A proposta é realizar um intercâmbio de experiências entre os profissionais, principalmente aqueles envolvidos com as fases de concepção, projeto, planejamento e execução de empreendimentos para a classe C. Fone: (11) 2173-2396 E-mail:
[email protected] www.piniweb.com/desafiosbaixarenda SNCC – Seminário Nacional da Construção Civil Civil no Brasil: desafios e oportunidades 10 e 11/3/2008 Brasília O seminário reunirá setor privado, poder público e pesquisadores para debater os processos construtivos e as perspectivas das cadeias produtivas; a gestão do conhecimento como elemento de inovação que permite acompanhar as transformações em curso e o papel da construção civil na inserção social. E-mail:
[email protected] www.snccb.com.br Sinco 2008 – IV Simpósio Internacional sobre Concretos Especiais 22 a 24/5/2008 Sobral (CE) 58
O evento discutirá os componentes dos concretos especiais, características, propriedades, possibilidades de aplicações. O Sinco é realizado pelo Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto), Iemac (Instituto de Estudo dos Materiais de Construção) e a UVA (Universidade Estadual Vale do Acaraú). Fone: (88) 3611-6796 www.sobral.org/sinco2008/ Eco Building – Fórum Internacional de Arquitetura e Tecnologias para a Construção Sustentável 23 a 25/5/2008 São Paulo O fórum fomentará a discussão sobre a construção sustentável por meio de conceitos de arquitetura fundamentais e complexos, a aplicação de materiais, tecnologias e soluções construtivas. Haverá análises de casos, regulamentações e tendências de mercado nacionais e internacionais para a sustentabilidade na construção. E-mail: ecobuilding2008@anabbrasil www.anabbrasil.org/ecobuilding2008
Feiras e exposições The International Builders' Show 13 a 16/2/2008 Orlando (EUA) A International Builders Show mostrará as soluções construtivas utilizadas no mercado norte-americano. O evento ocorrerá em uma área superior a 74 mil m², com 1.600 expositores de produtos que vão desde materiais básicos de construção a aparelhos domiciliares e recursos para acabamento e decoração de interiores. www.buildersshow.com Vitória Stone Fair – 25a Feira Internacional do Mármore e Granito 19 a 22/2/2008 Serra (ES)
A feira reúne os lançamentos de máquinas, equipamentos, ferramentas e insumos do mercado mundial. www.vitoriastonefair.com.br Revestir 11 a 14/3/2008 São Paulo Em sua sexta edição, o evento reunirá novamente os maiores fabricantes de revestimentos e fornecedores, apresentando novidades e tendências, além de dar oportunidade para realizar negócios com o mercado nacional e internacional. Fone: (11) 4613-2000 E-mail:
[email protected] www.exporevestir.com.br Fensterbau/Frontale – Feira Fensterbau/Frontale Internacional de Janelas e Fachadas 2 a 5/4/2008 Nuremberg (Alemanha) A 11a edição da Feira Internacional de Janelas e Fachadas – Tecnologias, Tecnologias, Componentes, Elementos de Construção abrangerá, no setor de janelas e fachadas, técnicas de aplicação, revestimentos e ferragens. O evento acontece bienalmente e recebe expositores e visitantes de todos os países. E-mail:
[email protected] [email protected] www.ahkbrasil.com www.nuernbergmesse.de 16a Feicon Batimat – Feira Internacional da Indústria da Construção 8 a 12/4/2008 São Paulo O evento apresentará novidades em alvenaria e cobertura, esquadrias, instalações elétricas, hidráulicas, sanitárias, equipamentos elétricos, TÉCHNE 130 | JANEIRO DE 2008
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dispositivos, condutores, fios, cabos e tendências do mercado. Fone: (11) 6914-9087 E-mail:
[email protected] www.feicon.com.br Expolux – Feira Internacional da Indústria da Iluminação 8 a 12/4/2008 São Paulo A Expolux 2008 apresenta as principais tecnologias e inovações dirigidas ao setor de iluminação, abrangendo produtos para iluminação residencial, industrial e pública. E-mail:
[email protected] www.expolux.com.br Coverings 29/4 a 2/5/2008 Orlando (EUA) A Coverings reúne os setores de revestimentos cerâmicos, rochas ornamentais, utensílios e acessórios para cozinhas e banheiros, vidros, madeira, artesanato para revestimento, equipamentos, produtos da cadeia de revestimentos (argamassa, rejunte, películas anti-ruptura, produtos antiderrapantes, de limpeza e seladores). A feira feira é a maior do setor em terras americanas e uma das principais do calendário internacional da área. E-mail: coveringsinfo@ntpshow
[email protected] .com www.coverings.com
Cursos e treinamentos MBA na Poli/Usp 2/2008 São Paulo O Pece (Programa de Educação Continuada da Escola Politécnica da USP) abriu inscrições para mais de 20 cursos presenciais e à distância em Engenharia. Entre as opções de MBAs há as áreas de Tecnologia da Informação, Engenharia Financeira, Real Estate, Gerenciamento de Facilidades, Energia, Gestão de Qualidade e Tecnologias Tecnologias Ambientais e de Produtos. Já entre os cursos de especialização, há os de Engenharia de Segurança no Trabalho, Trabalho, Gestão de Projetos de Sistemas Estruturais – Edificações e Tecnologia Metroferroviária. Entre os cursos à
distância, três temas estão com inscrições abertas: Higiene Ocupacional (Especialização), Engenharia de Segurança no Trabalho (Especialização) e Gestão e Tecnologias Tecnologias Ambientais Ambientais (MBA). As inscrições para os cursos se encerram em fevereiro de 2008. Fone: (11) 2106-2400 E-mail:
[email protected] www.pece.org.br Patologias das Construções 15 e 16/2/2008 Goiânia O curso oferecerá condições para analisar patologias mais freqüentes em edificações, enfocando causas, agentes, mecanismos de formação e formas de recuperação. O evento será ministrado por Ercio Thomaz, professor da FAAP e pesquisador do IPT. Fone: (11) 2626-0101 E-mail:
[email protected] www.aeacursos.com.br A Concepção Estrutural na Arquitetura em Aço 22 e 23/2/2008 Recife O curso pretende destrinchar a mecânica do comportamento do aço, dos sistemas estruturais e como executar edifícios utilizando estruturas em aço. Fone: (11) 3816-0441 www.ycon.com.br Gestão de Contratos na Construção Civil 23/2/2008 Porto Alegre Serão oferecidos conhecimentos básicos para se resguardar juridicamente em contratações profissionais, seja como contratado para concepção de projetos, para a execução de obras ou na contratação de prestadores de serviços na construção civil. Fone: (11) 2626-0101 E-mail:
[email protected] www.aeacursos.com.br Estruturas Metálicas 23/2, 23/ 2, 1o e 8/3/2008 São Paulo
O segundo módulo do curso promovido pela Abece Abece (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) tratará de assuntos como flambagem lateral de vigas, elementos fletidos e comprimidos, vigas esbeltas etc. Fone: 3097-8591 Email:
[email protected] www.abece.com.br A concepção estrutural na arquitetura em concreto armado 14 e 15/3/2008 Recife O objetivo do curso é esclarecer a mecânica do comportamento do concreto armado e dos sistemas estruturais. Fone: (11) 3816-0441 www.ycon.com.br Light + Building 6/4 a 11/4/2008 Frankfurt (Alemanha) A feira reúne questões que intercalam design da construção, iluminação, eletrotecnologia e automação de casas e edifícios. www.light-building.messefrankfurt.com Auto-implementação para IS0 Auto-implementação 9000/2000, atendendo aos Requisitos do PBQP-H 14/5/2008 Porto Alegre O curso tratará da sistemática de normalização dos processos, os requisitos da Norma ISO 9001 versão 2000, e o SIQ-Construtoras. Outro ponto é a capacitação para atuar como auditores internos do sistema da qualidade da empresa. Fone: (51) 3021-3440 www.sinduscon-rs.com.br
Concursos Holcim Awards Inscrições até 29/2/2008 A segunda edição do prêmio promovido pela Holcim Foundation reúne novamente projetos de construções sustentáveis de todo o mundo. As construções participantes não podem ter sido iniciadas antes de 1o/6/2006 e o material deve ser enviado em inglês. www.holcimawards.org 59
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COMO CON CONSTRU STRUIR IR
Patrícia Tozzini Ribeiro, engenheira civil ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) – Regional MG
[email protected]
Casa de alvenaria alvenaria estrutural estrutural I
dealizada pela ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), em parceria com a ONG Água e Cidade e a Universidade de São Paulo, a Casa 1.0 consiste em uma habitação de alvenaria de blocos de concreto, otimizada, otimiza da,passív passível el de adaptação,personalização e ampliação,dependendo do aporte financeiro disponível para o morador. A Casa 1.0 ( foto 1) alia, em um mesmo produto, tecnologias comprovadamente eficazes, resultando no emprego correto dos materiais, redução do desperdício e cuscusto da produção. Déficit habitacional
Segundo dados do IBGE, o déficit de moradias no Brasil é muito expressivo e representa uma lacuna de
investimentos e qualidade de vida da investimentos população brasileira. Para amenizar o problema da habitação no País o projeto Casa 1.0 surgiu como uma alternativa viável e de baixo custo que alia racionalização, planejamento e projeto. Considerada um dos maiores desejos dos brasileiros, brasileiros, a casa própria é, além de uma conquista, conquista, parâmetro de desenvolvimento da qualidade de vida da população e progresso social do País. Contexto
A partir do chamado boom da construção civil, e para solucionar o déficit habitacional brasileiro, a Casa 1.0 transformou-se em um produto comercial de fácil aquisição (como um kit customizado), sem burocra-
cia, de baixo custo e com com possibilidade de financiamento em até 20 anos, via instituições de crédito imobiliário. A moradia, comercializada atualmente em vários Estados do País, País, é composta de dois dois quartos quartos,, sala, cozin cozinha, ha, banhei banhei-ro e área de serviço, podendo ser revestida ou não ( foto 2). Tecnologias
O aumento da demanda por obras e a necessidade de agilidade nos processos construtivos estimularam a procura por tecnologias que suportassem esse crescimento do mercado de forma sistemática e ampla. A conjuntura econômica propiciou o surgimento de tecnologias de vanguarda como a parede de concreto e pré-fabricados, bem como a consolidação da tecnologia da alvenaria es-
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Foto 1 – Casa 1.0 em São José da Lapa (MG) 60
Foto 2 –Vista – Vista interna da Casa 1.0 TÉCHNE 130 | JANEIRO DE 2008
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trutural com blocos de concreto, que é a essência da Casa 1.0. Alvenaria estrutural
A alvenaria estrutural racionalizada de blocos de concreto é um sistema construtivo em que a parede desempenha duas funções: vedação (fechamento) e elemento estrutural, suportando as ações verticais e horizontais. O desempenho do sistema está diretamente relacionado com a qualidade do componente.Há no mercado uma grande variedade de produtos que não atendem aos critérios estabelecidos pelas normas brasileiras, por isso é imprescindível a busca contínua pelo bloco de qualidade. Uma das características importantes é que o bloco deve ser vazado, ou seja, sem fundo, aproveitando-se os furos para a passagem das instalações e para a aplicação do graute (concreto de alta plasticidade). Não tendo fundo, há também uma grande economia de argamassa de assentamento assentamento.. Segundo a NBR 6136:2006, os blocos vazados de concreto devem atender,quanto atender, quanto ao seu uso, uso, às seguintes classes: Classe A – com função estrutural, para o uso em elementos de alvenaria a lvenaria acima ou abaixo do nível do solo Classe B – com função estrutural, para o uso em elementos de alvenaria a lvenaria acima do nível do solo Classe C – sem função estrutural, para o uso em elementos de alvenaria acima do nível do solo Os blocos vazados de concreto devem atender, quanto à resistência característica à compressão, compressão, às classes de resistência mínima conforme a tabela 3 da NBR 6136:2006, 6136:2006, que estabelece para as classes A, B e C, respecti-
vamente,f bk MPa, f bk bk ≥ 6,0 MPa, bk ≥ 4,0 MPa e f bk bk ≥ 3,0 MPa. Quanto às dimensões, a NBR 6136:2006 admite as especificações, com tolerâncias dimensionais de ± 3 mm para a altura e comprimento e ± 2 mm para a largura. O desrespeito às tolerâncias gera: desalinhamentos e desaprumos das paredes, custos adicionais com consumo de argamassa de revestimento e alteração da excentricidade de cargas. Utilizam-se, mais freqüentemente, duas famílias de blocos: a família 29 e a família 39. A família 29 é composta de três elementos básicos: o bloco B29 (14 cm x 19 cm x 29 cm), o bloco B14 (14 cm x 19 cm x 19 cm) e o bloco B44 (44 cm x 19 cm x 14 cm), cuja unidade modular é sempre múltipla de 15 (14 cm + 1 cm de espessura de junta). Dessa forma, evitase o uso de compensadores. A família 39 é composta de três
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elementos básicos: o bloco B39 (39 cm x 19 cm) e largura variável; o bloco B19 (19 cm x 19 cm) e largura variável e o bloco B54 (54 cm x 19 cm) e largura variável. Os módulos dessa família são múltiplos de 20 (19 cm + 1 cm de espessura de junta) e, por terem larguras que, segundo a revisão da NBR 6136 de 2006, variam de 9 cm a 19 cm, essa família exige elementos compensadores, já que seu comprimento nem sempre será múltiplo da largura. Os elementos compensadores são necessários não só para ajuste de vãos de esquadrias, mas também para compensação da modulação em planta baixa. Quando da utilização de blocos com largura de 14 cm, é necessário lançar mão de um bloco especial, que é o bloco B34 (34 cm x 19 cm x 14 cm), para ajuste da unidade modular nos encontros com amarração em "L" e em "T", para
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14 4
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Número da parede Espessura da parede
Planta – Modelo de alvenaria 61
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Foto 3 – Preparação da fundação
Foto 4 – Marcação da primeira fiada
conseguirmos amarração perfeita entre as alvenarias. Essa racionalização proporciona mais eficácia e economia ao sistema, que apresenta vantagens significativas: Redução de armaduras Redução de fôrmas Eliminação das etapas de moldagem dos pilares e vigas Facilidade na montagem da alvenaria Redução de desperdícios e retrabalho Para se obter o resultado esperado da alvenaria estrutural modular em blocos de concreto é fundamental que o projeto seja otimizado, otimizado, ou seja, ofereça um espaço bem planejado, seja flexível para mudanças futuras ou simplesmente utilize a engenharia de forma a reduzir custos, como, por exemplo, a definição de uma única parede hidráulica.
A alvenaria modulada é projetada como um jogo de peças de encaixe, dispondo os blocos em fiadas alternadas de forma a utilizar na amarração amarra ção o mínimo possível de peças. Com isso, evita-se o uso de peças pré-moldadas ou a quebra de blocos, com elevação da produtividade da mão-de-obra. O projeto é determinante para a montagem da alvenaria em obra. Deve conter o máximo de informações referentes a detalhes arquitetônicos, estruturais, de instalações elétricas e hidrossanitárias, pois, uma vez compatibilizadas com o processo construtivo, serão facilmente incorporadas na execução simultânea dos sistemas. Ressalta-se Ressalta-se que a modulação da planta baixa somente é definida após a execução das elevações das alvenarias, quando quando se dá realmente o processo de compatibilização com as instalações. Somente após a inserção dos vãos das janelas, e principalmente os shafts que abrigam as instalações
Foto 5 – Colocação de gabarito da janela
Foto 6 – Assentamento de verga pré-moldada
Projeto modulado
hidrossanitárias, é que se conclui a posição definitiva dos blocos em planta baixa. Outros elementos fundamentais para o projeto são os chamados blocos-canaletas (utilizados em vergas e contravergas, apoio das lajes ou término das alvenarias sem laje), os blocos tipo J (utilizados nas paredes externas, dispensando o uso de fôrmas na extremidade das lajes) e os blocos compensadores (principalmente utilizados na amarração de portas e esquadrias). Uma das vantagens do planejamento da produção por meio do projeto é a previsão de futuras ampliações pelo proprietário, conforme se demonstra nas figuras a seguir. Observe que atendendo aos princípios de racionalização e economia, economia, a parede que divide o banheiro e a cozinha concentra todas as instalações hidráulicas (veja planta). Início de execução
Com a planta de primeira fiada, a equipe inicia a execução da alvenaria. Faz-se, primeiramente, a locação das instalações, porque as tubulações elétricas deverão coincidir com os furos dos blocos e as instalações hidrossanitárias, com os shafts. Instalações e armaduras coincidem com os furos dos blocos de concreto graças à precisão dimensional e ao uso da família adequada de componentes. Com os pontos precisamente demarcados, as fundações já podem ser exeexecutadas (foto 3). Em primeiro lugar verificam-se o esquadro e as diferenças de níveis nos pontos da laje que delimitarão a alvenaria. Em seguida, marca-se o alinhamento das paredes, indicando a posição em que devem ser assentados os blocos. A conclusão dos serviços de marcação é definida pela colocação dos escantilhões e finalização do assentamento dos blocos da primeira fiada. Com esses procedimentos, garante-se o perfeito nivelamento e alinhamento das fiadas subseqüentes ( foto 4). Elevação
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A elevação da alvenaria começa a partir da execução da segunda fiada. TÉCHNE 130 | JANEIRO DE 2008
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Foto 7 – Instalações e alvenaria
Fotos 8 e 9 – Execução de instalações hidráulicas acessíveis
Nessa fase serão marcados os vãos das esquadrias, lembrando-se que os vãos das portas já foram locados na primeira fiada. É realizado também o embutimento dos eletrodutos, são definidos os locais para as instalações de água e esgoto (shafts) e os detalhes estruturais (armação e concretagens). Todos esses detalhes deverão estar contidos nas elevações das paredes cujas soluções foram estabelecidas na fase de projeto. projeto. A argamassa é aplicada uniformemente sobre as paredes longitudinais e transversais dos blocos (foto 5). Durante a execução da alvenaria, são verificados o nível e o alinhamento, garantindo a precisão dimensional da parede. As juntas verticais são totalmente totalmen te preenchidas,podendo preenchidas, podendo ser trabalhadas com efeitos arquitetôni arquitetôni-cos (no caso de alvenaria de blocos aparentes),, pintura direta sobre bloaparentes) cos, entre outros outros acabamentos. acabamentos. Peças pré-moldadas nas aberturas de portas e janelas agregam valor ao processo industrializado. Contramarcos pré-fabricados, além do efeito arquitetônico, tetônic o, permitem maior produtividade e precisão na elevação da alvenaria (foto 6 ). ).
síveis, de modo que o serviço seja feito sem necessidade de quebrar a parede (foto 7 ). ). Instalações de água e esgoto, entretanto, não podem ser embutidas de forma convenc convencional. ional. Elas caminharão por espaços que deverão ser acessíveis,, a fim de facilitar a manuacessíveis tenção e o conserto. Para que não fiquem visíveis, as instalações hidrossanitárias podem ocupar shafts, que são projetados dentro dos padrões de modulação da alvenaria (fotos 8 e 9). Integradas ao conceito de racionalizaçãoo e indus nalizaçã industrializaç trialização, ão, as instalações hidrossanitárias também podem ser pré-montadas em kits para cada unidade. A instalação fica restrita ao encaixe do kit nas prumadas principais, o que limita as interferências no processo executivo. executivo. Os blocos com caixas elétricas deverão ser preparados antes da execu-
ção da alvenaria e assentados no local indicado nas elevações (foto 10 ). ). Revestimento
Na alvenaria com blocos de concreto, pela precisão do componente e da execução, execução, o revestimento pode ser aplicado diretamente sobre o bloco, eliminando camadas como o chapisco e o emboço. Alguns fabricantes de tintas já possuem produtos que podem ser aplicados diretamente com garantia da durabilidade e estanqueidade da alvenaria (foto 11). Controle da qualidade
É imprescindível que os blocos de concreto estruturais obedeçam às características estabelecidas para que se obtenha o máximo de vantagens oferecidas pelo sistema. Quem define o tipo, ou a família, é o arquiteto.
Instalações
O estudo da interferência entre instalações e alvenaria é importante para a racionalização do processo construtivo e para os serviços de manutenção.Para nutenção. Para facilitar a manutenção ou reparo, as instalações devem estar em posições adequadas e serem aces-
Foto 10 – Blocos com caixas embutidas
Foto 11 – Pintura acrílica externa diretamente sobre o bloco 63
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Itens Descrição
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Manutenção periódica (anos) Garantia Gratuita Responsabilidade anos empresa do cliente 6 meses 1 2 3 4 5 6 7 8
Esquadr Esqu adria ia de fe ferro rro,, fe ferr rrage agens ns e rodapés Azulejo, cerâmica e rejunte Peitoris, soleiras Louças, metais e acessórios Ralos e caixas sifonadas Interruptores, tomadas e quadro disjuntor Forro de PVC Forro de madeira Esquadria de alumínio Pintura Instalações hidrossanitárias Instalações elétricas Instalações telefônicas
5 5 5 1 1 1 1 1 1 5 1 5 5 5
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Tabela 1 – Garantias e serviços técnicos de manutenção periódica
Caberá ao engenheiro de estruturas informar a classe de resistência que será adotada. Recebimento dos blocos
É necessário que haja no canteiro espaço reservado para a armazenagem com segmentação dos blocos por tipos e classes de resistência. resistência. A verificação deve ser realizada visualmente antes e durante o descarregamento. Os blocos devem ser homogêneos, compactos, ter os cantos vivos, sempre livres de trincas e imperfeições que possam prejudicar o assentamento ou afetar a resistência e a durabilidade da construção. Controle tecnológico
No canteiro de obras, assim que os blocos são recebidos, devem ser separadas amostras para cada lote, para que sejam encaminhadas a um laboratório e ensaiadas. É importante que as amostras sejam coletadas aleatoriamente, representand representandoo as características do lote, seguindo as quantidades estabelecidas pela NBR 6136:2006. 6136:2006. As amostras coletadas serão marcadas identificando a data da coleta e o lote e posteriormente enviadas a um laboratório para os ensaios. 64
Manutenção
As paredes da Casa 1.0, por serem construídas em alvenaria estrutural com blocos de concreto, concreto, são autoportantes e, por isso, é terminantemente proibido derrubar ou abrir buracos nas paredes, exceto os previstos no projeto de ampliação. Caso seja necessário furar uma parede, deve-se verificar o posicionamento do quadro de distribuição e dos alinhamentos verticais de interruptores terruptor es e tomadas, para evitar acidentes com fios elétricos. Em paredes de azulejos, recomenda-se executar as furações nas juntas (rejuntes) a fim de preservar a superfície esmaltada e a própria estabilidade da fixação da peça. Em caso de perfuração em tubulação de água, deve-se fechar o registro da cozinha ou banheiro e acionar um profissional (encanador) para solução do problema. Ao se perfurar a parede, parede, para colocação de objetos, deve-se verificar alguns aspectos físicos: Ao colocar algum parafuso na parede, usar bucha de náilon, para evitar rachaduras Para objeto de peso elevado, usar bucha plástica de tamanho adequado
Confira detalhes das possibilidades de expansão da Casa 1.0 em www.revistatechne.com.br
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS NBR 5706:1977 – Coordenação Modular da Construção. NBR 5726:1982 – Série Modular de Medidas. NBR 6136: 6136: 2006 – Blocos Blocos Vazados de Concreto Simples para Alvenaria – Requisitos. NBR 12118:2006 – Blocos Vazados de Concreto Simples para Alvenaria – Métodos de Ensaio. Práticas Recomendadas – Alvenaria com Blocos de Concreto (PR1 a PR5). ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland). Disponível no site www.abcp.org.br Caderno Analítico de Normas – Sistemas à Base de Cimento Cimento.. ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland). Manual Técnico para Implementação – Habitação 1.0. ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland). Déficit Habitacional Quantitativo. IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Evolução do PIB, PIB da Construção Civil e Taxa Taxa de Juros. IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Blocos Vazados Vazados de Concreto Simples para Alvenaria Estrutural. Programa Qualimat Sinduscon-MG.
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