Unidade III
Unidade III RELAÇÕES ENTRE PROCESSOS PSICOLÓGICOS E CONTEXTOS GRUPAIS, INSTITUCIONAIS E COMUNITÁRIOS: QUESTÕES CONCEITUAIS E METODOLÓGICAS 7 PSICOLOGIA SOCIAL E MUDANÇA 7.1 Grupos e transformação social O enfrentamento de questões típicas dos indivíduos envolvidos em grupos e instituições sociais tem sido alvo constante da psicologia, encampando áreas como o trabalho, a educação e a saúde. Tais áreas têm se valido dos conhecimentos vindos de uma psicologia atenta aos fenômenos grupais e institucionais, e que, em uma de suas vertentes, reconhece os determinantes sociais, políticos e éticos dessas esferas, assim como o envolvimento e o compromisso dos profissionais envolvidos com essas questões, como suportes necessários para esse enfrentamento. As famílias e as comunidades estão entre esses grupos. Para as vertentes críticas da psicologia dos grupos, estão no centro desse embate as relações entre os atores presentes nessas cenas e as dimensões simbólicas e imaginárias que demarcamnas, acessíveis pelo discurso, pelo comportamento e pelos “afetos” envolvidos em uma dada situação grupal (SAWAIA e LANE, 1994). Experiências de intervenção junto a grupos sociais, como têm sido descritas na literatura (CAMPOS, 2001), indicam que as ações que promovem mudanças se dão tanto nos espaços macro, do formato e da organização do grupo, quanto nos espaços micro, da dinâmica dos relacionamentos e afetos nos grupos. Nessas circunstâncias, os mediadores são colocados junto aos atores institucionais, como sujeitos e protagonistas desse processo. Assume-se aqui que a discussão sobre a neutralidade do mediador tem dois obstáculos. O primeiro vai ser superado pelo entendimento de que sua ação está fundada em um compromisso crítico em que, respeitada a alteridade, o reconhecimento da diferença do outro, o mediador se apresente não apenas como detentor de conhecimento e técnica, mas também como sujeito da intervenção. Na constatação de que a ação implica uma relação intersubjetiva que derruba a separação necessária entre sujeito e objeto (MINAYO, 2006) recai essa primeira crítica à neutralidade. O segundo obstáculo, mais delicado, diz respeito à outra neutralidade, aquela que coloca o mediador fora da cena como figura inerte cuja presença, como já foi dito, é mera função. As práticas psicológicas têm, a duras penas, sustentado essa separação da corporeidade do profissional/mediador, que garantiria a efetividade de sua ação. Mas na experiência concreta do trabalho interventivo em grupos, essa separação é dificilmente efetivada. Como atuar em um campo de maneira inerte quando se ocupa também a posição de “jogador”? Como isolar-se no papel de “conselheiro”, “assessor” ou “consultor” em uma ação que não é apenas técnica, mas 56
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também ética e política, na qual o mediador também é protagonista? Dessa forma, na instalação de relações que, guardadas as diferenças de saberes e posições, suportem a construçã o de projetos comuns, é que decai essa neutralidade. O mediador não é aquele que oferece conhecimento e disposição para o trabalho, mas aquele que faz do projeto do grupo – ou da comunidade – também seu próprio projeto de mudanças para um grupo do qual ele também faz parte. A literatura sobre as ações de intervenção junto a grupos sociais preconiza diferentes momentos (BAREMBLITT, (BAREMBLITT, 1986). O primeiro prime iro deles diz respeito à caracterização do grupo, o que vai acontecer, de fato, durante todo o processo da intervenção. Consiste em localizar quais são seus membros e os lugares por eles ocupados, o mapeamento das posições relativas ocupadas pelos atores institucionais; a localização das forças de coesão e afastamento envolvidas nesses relacionamentos; a identificação das fantasias associadas a esses lugares.
Figura 13 - O trabalho com grupos implica caracterizar e conhecer
Esse reconhecimento implica conhecer e analisar a própria história do grupo g rupo como parte daquilo que determina sua dinâmica de lugares e afetos. Isso deve levar também a uma análise crítica das demandas do grupo, em função não apenas das especificidades locais, mas também em vista das condições sociais, econômicas e políticas nas quais ele se encontra (o que pode apontar instâncias como a globalização ou as políticas públicas). A ação do profissional/mediador vai ser localizada no que tange à sua dimensão política, situando-o como responsável, também, pelo combate à discriminação e à exclusão social, instrumentalizandoo para colocar à vista os discursos de grupos marginalizados e fora do “jogo” social. Nesse sentido, “transformação e mudança” significam que ele irá realizar intervenções que levem à instrumentalização do grupo para que ele próprio trate de sua dimensão imaginária. Isso significa intervenções que produzam no grupo os meios ou condições necessárias para que esse possa alcançar sua “consciência de grupo”, isto é, a posição de grupo sujeito (GUATTARI, 2005), recuperando ou instituindo sua cidadania. 57
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também ética e política, na qual o mediador também é protagonista? Dessa forma, na instalação de relações que, guardadas as diferenças de saberes e posições, suportem a construçã o de projetos comuns, é que decai essa neutralidade. O mediador não é aquele que oferece conhecimento e disposição para o trabalho, mas aquele que faz do projeto do grupo – ou da comunidade – também seu próprio projeto de mudanças para um grupo do qual ele também faz parte. A literatura sobre as ações de intervenção junto a grupos sociais preconiza diferentes momentos (BAREMBLITT, (BAREMBLITT, 1986). O primeiro prime iro deles diz respeito à caracterização do grupo, o que vai acontecer, de fato, durante todo o processo da intervenção. Consiste em localizar quais são seus membros e os lugares por eles ocupados, o mapeamento das posições relativas ocupadas pelos atores institucionais; a localização das forças de coesão e afastamento envolvidas nesses relacionamentos; a identificação das fantasias associadas a esses lugares.
Figura 13 - O trabalho com grupos implica caracterizar e conhecer
Esse reconhecimento implica conhecer e analisar a própria história do grupo g rupo como parte daquilo que determina sua dinâmica de lugares e afetos. Isso deve levar também a uma análise crítica das demandas do grupo, em função não apenas das especificidades locais, mas também em vista das condições sociais, econômicas e políticas nas quais ele se encontra (o que pode apontar instâncias como a globalização ou as políticas públicas). A ação do profissional/mediador vai ser localizada no que tange à sua dimensão política, situando-o como responsável, também, pelo combate à discriminação e à exclusão social, instrumentalizandoo para colocar à vista os discursos de grupos marginalizados e fora do “jogo” social. Nesse sentido, “transformação e mudança” significam que ele irá realizar intervenções que levem à instrumentalização do grupo para que ele próprio trate de sua dimensão imaginária. Isso significa intervenções que produzam no grupo os meios ou condições necessárias para que esse possa alcançar sua “consciência de grupo”, isto é, a posição de grupo sujeito (GUATTARI, 2005), recuperando ou instituindo sua cidadania. 57
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Essas ações não visam às coletividades como unidades totais, mas concebem que o coletivo e o social estão indissociavelmente ligados. Dessa forma, o reconhecimento dessa perspectiva faz com que essas intervenções possam ser nomeadas como psicossociais. No Brasil, intervenções psicossociais têm alcançado as famílias e comunidades. O entendimento sobre o que se chama aqui de comunidade é decisivo para a definição dessas ações. A preocupação com os grupos sociais face a face, como em uma família, vai constituir o primeiro objeto daqueles interessados em tratar da dinâmica dos (pequenos) grupos no caminho da mudança e do combate à exclusão. No caso da família, ela é reconhecida como o lugar por excelência dos encontros afetivos e dos seus desdobramentos simbólicos e imaginários, sendo determinante determinant e na constituição e na socialização dos sujeitos sujei tos (BERGER e LUCKMAN, 2006). As ações junto ju nto à famíli fam ílias, as, como com o no caso cas o da saúde saú de (Progr (Pr ograma ama Ação Açã o Famíli Fam ília; a; Progra Pro grama ma Saúde Saú de da Famíli Fam ília), a), aproveitam-se dessa circunstância para construir uma porta de entrada aos serviços públicos que se apoie nas especificidades de estrutura, relacionamento e cultura de famílias de uma certa região. Essas singularidades serão decisivas para poder-se intervir nas relações dos indivíduos com a cultura da saúde: o cuidado com o corpo, o saber sobre o processo saúde-doença, as modalidades de cura e tratamento. É nesse cenário que os indivíduos e as comunidades – tendo a família como lugar de mediação – poderão associar-se aos profissionais para a construção de um projeto comum no qual todos são protagonistas.
7.2 A comunidade De acordo com Sawaia (1996), a ideia de comunidade entra para o campo da ciência como apropriação de um conceito tão antigo quanto a humanidade. O uso da palavra “comunidade” nas práticas profissionais e científicas refere com muita frequência àquilo que está fora do consultório (na área de saúde, por exemplo), e um “compromisso com o povo”, o que deve ser tomado com cuidado pois pode-se dar em termos ingênuos (no mínimo) ou ideológicos, e não necessariamente críticos. Nessa direção, a comunidade é apresentada como o lugar em que se conservam a pureza étnica e cultural, onde está a origem da sociedade. Associada à vida comum e solidária, a comunidade está em oposição à vida típica do mundo globalizado, individualista e competitiva, um entendimento que guarda um saudosismo de volta às origens. Por outro lado, deve-se considerar que na história desse entendimento, a ideia de comunidade também foi combatida quando, desde o Iluminismo, a comunidade (e a tradição) foram tomadas como inimigas das mudanças sociais e do progresso. Tais utopias comunitárias seriam reativas ao individualismo e à modernidade. Um uso perverso desse termo pode ser localizado também quando se fala da conjunção pobreza e criminalidade, em uma alusão mais elegante aos moradores dos bairros pobres, cortiços e favelas localizados nas nossas cidades. Essa concepção muito comum de comunidade a aproxima de um gueto, isto é, um espaço separado dentro das cidades ocupado por grupos minoritários que ali se isolam – ou são isolados. No trecho abaixo da música Resumo da Matéria do rapper Gog, esse sentido está muito bem ilustrado (você pode ter acesso à letra completa pelo link ) 58
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Resumo da Matéria (Gog) Cenas fortes periferia Mas nem mesmo a mão na morte nos tira alegria A vida dura difícil é o oficio A fronteira entre o descaso e a cidadania: um precipício Um barraco uma tela uma geladeira velha Um amontoado de madeira favela Uma casa uma cela Um local que só se vem à noite Pra dormir e mal Cidadão de bem na condicional Meio-dia o coração gela Pouco quase nada na panela E o sistema determina O crime é o clima Qual a diferença entre esse e você Vou dizer é a força A força de vontade Onde há amor não tem grade O sentimento a felicidade Pode estar em qualquer lugar Vem pra cá a sinuca As biras no botecos O samba de morro A união acima dos tecos Legal bem legal Futebol nos campinhos de terra Refrão chegando mandei ideia Eu e você juntos: resumo da matéria.
Em meados do século XX, especialmente na psicologia, o termo “comunidade” foi associado com grande ênfase a um modelo de intervenção social de origem americana, cujo mote era a melhora das condições de vida por meio da “modernização” cultural e econômica. A fragilidade desse entendimento estava tanto na sua definição espacial – comunidade associada a bairros pobres e proletários – quanto na ideia de normatização como forma de integração. Nesse contexto, Guareschi (1996) afirma que é preciso buscar a presença da comunidade nos grupos. Para ele, a comunidade não é uma decorrência necessária do fenômeno grupal e nem sempre havendo grupo há comunidade. Essa presença depende, assim, de um tipo especial de “relação” entre os participantes daquele grupo, uma relação na qual, como sugere Guareschi seguindo um mote marxista, todos os indivíduos daquele grupo possam ser reconhecidos pelo nome, todos possam falar e ser ouvidos, um grupo – uma relação – no qual as pessoas se conhecem e se estimam. 59
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Esse processo de construção da comunidade não ocorre, evidentemente, só no âmbito da miséria e do abandono social – embora nesses grupos a “função” comunidade possa ser especialmente importante para potencializar ações reivindicatórias e de transformação social. Acontecendo com todos os grupos humanos que confrontam o paradigma da individualidade e se defrontam com seus limites e com a finitude dos grupos (GUATTARI, 2005), a construção de um espaço comunitário vai exigir a construção de um “nós” pela interiorização de valores comunitários como projetos de cada indivíduo. O que significa tanto uma tomada de consciência (da exclusão e da desapropriação) quanto de “inconsciência”, isto é, daquilo que é próprio de cada indivíduo, que é da ordem do desejo. A relação comunitária, para Guareschi, se mostra como oposto a um outro tipo de relação, típico das sociedades contemporâneas modernas que vivem sob o jugo do individualismo e da exclusão: a relação de dominação. Essa, muito mais presente no nosso dia a dia, é cultivada pela competição desenhada pelo capitalismo, pelo desejo que mantemos entranhado de sermos mais do que os outros como garantia para o ser. A alternativa à submissão é, perversamente, a dominação. As relações comunitárias, dessa forma, estão para confrontar e não conviver com essa outra modalidade de relações, exigindo a supressão ou a ultrapassagem da dominação.
7.3 Psicologia Social comunitária Sob a ótica da crítica e do compromisso social, a psicologia comunitária é a ciência que tem por objeto a exclusão, em uma perspectiva que nega a neutralidade científica e que pretende não apenas interpretar o mundo teoricamente, mas transformá-lo (SAWAIA, 1996). Segundo Lane (2000), a história da Psicologia Social comunitária na América Latina está associada ao interesse em instituir comunidades autônomas, capazes de reivindicar ações do governo que pudessem satisfazer suas necessidades básicas. Logo de início, a expressão “conscientização” aparece no vocabulário de pensadores que almejavam o desenvolvimento de consciências individuais e grupais. Paulo Freire, no Brasil, e Orlando Fals Borda, na Colômbia, são os autores que irão dar forma conceitual e prática a esses interesses que sustentavam a formulação da educação popular como intervenção que será associada à “nova” psicologia comunitária nascente. Nova, porque antes disso a expressão psicologia comunitária, importada da psicologia americana, dizia respeito a práticas de caráter assistencialista, muito distantes de trabalhos que buscassem a efetiva constituição de comunidades. Os primeiros trabalhos que lidaram com as práticas comunitárias no Brasil foram realizados no meio rural, e seus propositores eram, na sua maioria, cientistas sociais preocupados com a organização de grupos que pudessem gestar práticas assistenciais, especialmente na educação (LANE, 1996). Contando com o apoio da Igreja Católica, essas iniciativas da década de 1940 originaram os primeiros centros comunitários. Logo após, e no contexto do pós-guerra, com o apoio do governo americano, são instituídos, com o nome de “centros comunitários”, grupos voltados para o “desenvolvimento” das comunidades em uma perspectiva que abolia a crítica e, fora das discussões ideológicas, localizava nos próprios sujeitos pobres e excluídos as condições de sua exclusão. Esse modelo assistencialista continua existindo em várias localidades brasileiras, baseado na “doação” de bens e serviços para comunidades carentes, com o apoio dos governos e da sociedade civil, e é, 60
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de certa forma, hegemônico. Essas ações caracterizam-se pelo apelo ao trabalho voluntário, à ação localizada, pontual, descontextualizada e acrítica. Nelas, a ação do psicólogo restringe-se à clínica e está distanciada de uma posição profissional engajada e comprometida com o combate efetivo à exclusão (SAWAIA, 1996). Segundo Lane (1996) os trabalhos que podem ser considerados precursores da Psicologia Social comunitária no Brasil, desenvolvidos durante a década de 1970, buscavam as populações dos bairros populares para atendimentos em saúde mental (Projeto de Saúde Comunitária do Jardim Santo Antônio), saúde e educação (Centro de Educação Popular do Instituto Sedes Sapientiae), gênero e autonomia (Psicodrama Pedagógico).
Figura 14 - A psicologia social comunitária privilegia o trabalho com grupos em situação de exclusão
Esses trabalhos, caracterizados pela ação interdisciplinar, eram marcados pela importância dada à auto-organização das populações envolvidas, pelo aspecto conscientizador das ações empreendidas e, principalmente, pela localização desse profissional como um animador, mediador ou educador popular, e nunca como uma liderança (LANE, 1996). Historicamente, surgida em meio à crise da Psicologia Social em meados dos anos 1970, a Psicologia Social comunitária se apresentou como uma abordagem diferenciada dos modelos assistencialistas e voltada para outra inserção profissional e política do psicólogo. Andery (1986), em um dos primeiros trabalhos sobre a instalação e o impacto da Psicologia Social comunitária, indicava sua vocação para estabelecer um compromisso com os grupos dominados e excluídos da sociedade, desafiando modelos de ação profissional do psicólogo, que cumpriam o papel de atender à elite e estar a serviço do controle social. Essa nova inserção profissional apontava também para uma nova prática do psicólogo e eliminava a possibilidade de uma ação fundada na neutralidade. 61
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As práticas em psicologia comunitária sofreram duramente nessas primeiras investidas. De um lado, pelas dificuldades metodológicas e teóricas que as ações de campo representavam. Afinal, aqui o psicólogo sai do conforto do consultório, da sala de aula, dos gabinetes acadêmicos, literalmente para a rua, solicitando um grande desafio nessa sua nova inserção. Mas, por outro lado, em uma perspectiva nem sempre discutida nos “livros-textos”, o trabalho do psicólogo comunitário sofreu com a desconfiança da elite no período da Ditadura (1964-1988), com a repressão que não via com bons olhos a realização de ações que estimulavam o pensamento livre e a crítica, enquanto promoviam a busca pela transformação da sociedade. Seus resultados, ainda assim, mostraram-se muitas vezes efetivos quando capazes de despertar a crítica do status quo e de mobilizar as populações sujeitas à exclusão e ao sofrimento para a mudança de suas realidades. Nesse trabalho buscava-se heroicamente a participação direta dessas populações no processo de investigação e transformação. Dito de outra maneira, os próprios participantes estavam envolvidos no diagnóstico e nas intervenções psicossociais, o que exigia, necessariamente, presença efetiva das populações atendidas no estabelecimento de objetivos comuns. Com isso, a prática dessa Psicologia Social comunitária levava a uma intervenção importante também sobre a disposição desse psicólogo, que era solicitado a realizar uma ação não de exercício de autoridade, daquele que possui um saber, mas, sem destituir sua função profissional, constituir parcerias, com a composição e compartilhamento de responsabilidades, levando a incertezas e desafiando a identidade profissional. Contemporaneamente, a Psicologia Social comunitária também veio sendo alvo de reflexões que procuram incluir mais ativamente, na teoria e na prática, as dimensões subjetivas presentes nas comunidades e a presença do afeto como categoria de análise (SAWAIA, 1994). Vale dizer que, embora a reação aos modelos assistencialistas nos cenários latino-americano e brasileiro implicasse ações que deveriam levar à tomada de consciência das populações mais pobres em relação à exploração social, a instalação de uma necessária posição crítica junto a essas populações, porém, expandiu em muito os interesses pelos fenômenos coletivos sem buscar solucionar as dimensões subjetivas dessas populações. Dessa forma, a atualização da preocupação ética e política e de compromisso com a busca de uma sociedade justa e não excludente solicitou compreender uma comunidade como lugar de integração e autonomia tanto para o desenvolvimento da individualidade quanto para o reconhecimento das relações intrínsecas entre o coletivo e os indivíduos. Assim as ações nas comunidades passam a ter uma dimensão ético-política que defende a libertação de cada um e a liberdade de todos, o que pode ser conseguido mediante um discurso compartilhado e construído coletivamente, mas que não deixa de considerar os componentes subjetivo-afetivos presentes nesses grupos. Assim, as intervenções possíveis junto aos grupos sociais que se pretendem instituir enquanto comunidades, dentro dos princípios de uma nova relação, devem ser compreendidas em um âmbito que é o psicossocial, como descrito acima, o que faz menção a estas duas esferas, a individual e a social, como possuindo uma relação dialética e não instituídas como polaridades. Essas intervenções se dão no âmbito das relações e, dentro de uma perspectiva crítica, devem produzir transformações sobre aquelas relações que, além de comportar assimetrias e diferenças, são também relações de dominação (econômica, política ou cultural), visando que as próprias comunidades possam se constituir como autônomas e responsáveis pela sua gestão (autogestão). 62
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As ações sobre os grupos humanos, no âmbito das comunidades, exigem a disponibilidade para dar conta das características históricas, políticas, sociais e culturais de um determinado grupo. O trabalho com esses grupos acontece no intercruzamento de diferentes campos: o do contexto político e social, e o do imaginário do grupo no qual se realiza a intervenção. Isso tudo em meio a um contexto do qual participa ativamente o profissional/mediador envolvido nessa intervenção. Não se trata de ação neutra ou distante dos sujeitos, mas profundamente marcada por relações que se dão também entre os responsáveis pela intervenção – um conjunto que pode conter alunos, professores e profissionais de diferentes especialidades – e aqueles que são alvo daquela ação: a comunidade.
Saiba mais
Há muita vida, iniciativa e superação dentro das comunidades. Para uma visão panorâmica dessas realidades, especialmente no Rio de Janeiro, visite os sites Viva Favela () e Observatório de Favelas ().
8 PSICOLOGIA NAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE E DESENVOLVIMENTO SOCIAL 8.1 Psicologia e políticas públicas No início da sua história como atividade profissional, a psicologia esteve associada intensamente aos interesses da elite nas práticas de controle social e estigmatização da diferença. Os serviços oferecidos pelos profissionais de psicologia, isto é, naquele momento, as práticas de intervenção clínica, estavam restritos até, pelo menos, a década de 1980, a uma pequena parte da população que era capaz de arcar com os seus honorários (YAMAMOTO, 2003). A crise econômica iniciada na década de 1970 foi corresponsável por uma mudança no perfil profissional do psicólogo que, graças à falência do modelo profissional liberal de consultório, passa a se inserir no mercado de trabalho – muitas vezes, deve-se considerar, a contragosto – enquanto empregado. Outros campos se abriram, especialmente no setor de bem-estar, alavancado pela recondução democrática do país. Ainda assim, vale registrar que o desejo de ser um “psicólogo profissional liberal”, a despeito da falta crônica de psicólogos na assistência social e na saúde pública, continua dramaticamente alimentando a procura pela formação. Com esse cenário, revigorado a partir da reinvenção do estado democrático brasileiro com a condução de Fernando Henrique Cardoso e com a eleição de Luís Inácio da Silva, seria possível dizer que os psicólogos estão efetivamente comprometidos com as políticas públicas de atendimento à camadas mais amplas da população? Um dos elementos decisivos para se discutir esse tema é a questão social, que Yamamoto (2003, p.43), a partir de uma perspectiva crítica, define como o conjunto de problemas políticos, sociais e econômicos 63
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postos pela emergência da classe operária no processo de constituição da sociedade capitalista, ou “a manifestação no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia”. A “questão social” que irá alimentar o setor de bem-estar seria assim um efeito da legitimação política do estado por meio da institucionalização de direitos e garantias sociais. A questão social, como definida acima, é tratada mediante políticas sociais setorizadas (saúde, educação, desenvolvimento social, segurança etc.) que procuram tratar das sequelas da questão social, cenário no qual virão atuar as profissões do setor bem-estar, como a psicologia, para lidar com a importância e os limites dessa atuação. Entre as décadas de 1980 e 90, as políticas públicas no Brasil, como entre outros países latinoamericanos, sofreram um importante revés da agenda neoliberal, que, entre outros princípios, sustentava a instituição de um estado mínimo, com a desmontagem dos serviços de bem-estar social. No país, seja pela própria precariedade dos serviços, seja pela barragem oferecida mais recentemente pelo governo federal, isso não se concretizou, embora ainda revele um grande conflito vivido na sociedade. Hoje esse debate se encontra na pauta do dia, por exemplo, em relação à saúde, quanto à importância ou não de se possuir um serviço público e universal, que não seja subfinanciado.
Saiba mais
Em relação ao subfinanciamento da saúde, veja a discussão sobre a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 29, atualmente em análise no congresso, pelo link . Por outro lado, Yamamoto (2003) indicava como havia um espaço aberto – e promissor – para a ação do profissional de psicologia no campo das ações de bem-estar, por exemplo, nos movimentos sociais, no campo e na cidade, na atenção à criança e ao adolescente etc. O autor sugeria a importância do alinhamento da categoria aos setores progressivos como caminho para sustentação de políticas sociais consequentes no trato da questão social. O lugar e a contribuição da psicologia para as políticas públicas e a questão social devem ser consideradas a partir tanto da sua inserção profissional como da produção de conhecimento – e das escolhas envolvidas nessa produção. No que diz respeito especialmente à Psicologia Social , uma das suas principais contribuições para esse debate se situa no âmbito da organização popular, na atenção aos grupos que demandam as políticas de bem-estar, sendo o campo mais específico, o que lida teórica e metodologicamente com essas condições da psicologia social comunitária. Aqui, por exemplo, a ação que busca a construção de espaços de encontro nas relações intersubjetivas desafia a ideia de uma subjetividade isolada (solipsista) ou universal, na construção de projetos coletivos. As contribuições da psicologia sócio-histórica para as políticas públicas, de acordo com Gonçalves (2003), dizem respeito ao reconhecimento da historicidade das subjetividades, e como essas são 64
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diferenciadas em função da desigualdade que marca a sociedade. Dessa forma, as diretrizes dessas políticas não podem ser universais e devem considerar essas diferenças. Considerar as subjetividades não é considerá-las como fenômenos “em si”, mas dentro desse quadro das intersubjetividades e dos projetos coletivos, buscando localizar o indivíduo como sujeito histórico, portanto, reconhecendo seu vínculo com a coletividade e seu compromisso com a transformação social (GONÇALVES, 2003). Em resumo, é preciso elaborar políticas públicas que levem em conta a historicidade das experiências subjetivas e que não podem ser construídas para sujeitos universais – ou únicos – sob o perigo dessas contribuírem para a manutenção da desigualdade. Por conta desse cenário de valorização da ação profissional como resultado das políticas públicas, houve, desde os anos 2000, um movimento importante da classe dos psicólogos no sentido de situar e sustentar a psicologia no âmbito das políticas de proteção social, inclusive no que diz respeito à própria capacitação e adequação profissional (técnica e política), o que pode ser visto nas discussões anuais do CFP (Conselho Federal de Psicologia) sobre saúde pública e educação ou mesmo na instituição do CREPOP (Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas). O CREPOP surge em 2006 com o objetivo de “consolidar a produção de referências para atuação dos psicólogos em políticas públicas, por meio de pesquisas multicêntricas coordenadas nacionalmente” (CREPOP, 2007). Dessa forma, a ação dos profissionais de psicologia passou a ser suportada por um grande conjunto de informações coletadas entre os próprios profissionais atuantes em diferentes setores atendidos por políticas públicas. Constituído como centro de pesquisa e com presença em todo o país, ele reúne e disponibiliza informações que possam colaborar para a ação do psicólogo em diferentes campos. Atualmente, o CREPOP possui dados referentes a pesquisas relacionadas à atuação de psicólogos em políticas públicas nos seguinte campos: •
Álcool e outras drogas.
•
Atenção à mulher em situação de violência.
•
Centros de Atenção Psicossocial – CAPS.
•
CRAS-SUAS.
•
Diversidade sexual e promoção da cidadania LGBTT.
•
DST/HIV/AIDS.
•
Educação básica.
•
Enfrentamento à Violência, Abuso e Exploração Sexual Contra Crianças e Adolescentes.
•
Esporte. 65
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•
Medidas Socieducativas em Meio aberto/Liberdade assistida.
•
Medidas Socioeducativas em Unidades de Internação.
•
Mobilidade urbana, transporte e trânsito.
•
Programas de educação inclusiva.
•
Proteção social especial.
•
Serviços de atenção básica à saúde.
•
Serviços hospitalares do SUS.
•
Sistema Prisional Brasileiro.
•
Vara de Família no poder judiciário.
Por meio do site () é possível acessar os documentos de referência publicados, os resultados das pesquisas realizadas, as legislações e documentos a respeito de diversas políticas públicas, a agenda de eventos nacionais e regionais relacionados à psicologia e políticas públicas e ainda as notícias sobre seleções e concursos para contratação de psicólogos.
8.2 Saúde coletiva As ações de saúde desenvolvidas sob o espírito pioneiro e transformador do SUS, presente nos programas de atenção a saúde, como o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM) ou o Programa Saúde da Família (PSF), são exemplos de como o profissional de psicologia pode ser solicitado a sair de seu invólucro teórico-técnico para assumir o protagonismo da ação de saúde. O HumanizaSUS, outro projeto de atenção que visa à humanização dos serviços públicos de saúde, é também emblemático desses princípios. A saúde pública no Brasil tem como momento marcante as deliberações da Assembleia Nacional Constituinte de 1988, que, entre outras decisões fundou o Sistema Único de Saúde (SUS), sistema de atendimento a todos os brasileiros, regido pelos princípios da universalidade, equidade e integralidade, e com a participação da sociedade na sua gestão. Os psicólogos vêm ingressando no campo por meio de sua participação nas Unidades Básicas de Saúde e nos CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), modelo alternativo ao tratamento manicomial. Se a entrada não parece assim uma dificuldade, a maneira como esse trabalho veio sendo desenvolvido ainda é alvo de muita controvérsia. Como um exemplo para esse debate, ainda vigora como prática hegemônica nesses serviços a reprodução dos modelos clínicos tradicionais e da psicoterapia oferecida pelos profissionais. A problematização da ação de saúde, o engajamento em movimentos (como a Reforma Sanitária, movimento de profissionais de saúde que foi o berço do SUS), parece distante da prática da maioria desses profissionais. O resultado é que apesar do aumento da oferta dos serviços a uma parcela maior da população, esse serviço, nem sempre pode ser compreendido no sentido crítico e comprometido, o que acaba por desqualificá-lo como ação transformadora. 66
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Do ponto de vista da inserção técnica e da especificidade do trabalho psicológico no contexto da saúde, as ideias de intersubjetividade, identidade, processo grupal e vínculo poderão se materializar nas relações que se dão entre os diferentes atores que participam dessas cenas. Nas práticas de saúde, esses elementos vão transparecer e determinar o modo como elas podem ser exercidas, suas perspectivas e limites. O campo da psicologia social da saúde tem se mostrado como área que organiza e se presta ao desenvolvimento de ações de saúde que envolvem as relações entre profissionais e a população-alvo desses serviços, e entre os próprios serviços. Ele é visto como integrado aos mesmos princípios que têm orientado a implantação de serviços públicos de saúde na direção do atendimento das necessidades sociais.
Figura 15 - Trabalho com gestantes é um dos focos dos psicólogos na saúde pública
Mary Jane Spink (2003) afirma que a Psicologia Social da saúde tem como referências para a atuação duas questões. A primeira é a condição do contexto da intervenção, na qual é destacada a importância de se compreender a história e o contexto da instituição para a implementação de uma ação de saúde, assim com as pessoas que a compõem – profissionais e clientela. Devem ser consideradas nessas práticas a realidade local, a cultura de relações e as histórias das pessoas que recorrem a esses serviços. A segunda condição diz respeito à alteridade. De acordo com Spink, as intervenções devem levar em conta os processos de construção da identidade mediados pelas circunstâncias sociais e culturais, o que irá possibilitar reconhecer a alteridade e lidar com o diverso. Nesses termos, a ação de saúde reconhece o outro, mesmo que diferente, como uma pessoa com direitos iguais a todos e valorizada enquanto sujeito. Rompendo com enfoques mais tradicionais centrados no indivíduo, a Psicologia Social da saúde dá suporte para atuações de saúde engajadas, centradas em uma perspectiva coletiva e de comprometimento com os direitos sociais e com a cidadania, principalmente nos serviços de atenção primária à saúde. Aqui, 67
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focaliza- se a prevenção da doença e a promoção da saúde, incentiva-se uma relação de parceria entre todos os envolvidos, integrados em um processo de transformação crítica e democrática que potencializa e fortalece a qualidade de vida para toda a comunidade como estratégia permanente de ação. Focase assim a construção de projetos institucionais coletivos (comunitários) que serão encampados pela equipe como um todo, em uma abertura para a diversidade, com alternativas que possam traduzir-se em corresponsabilidade, tão almejada no sistema de saúde (CAMARGO-BORGES; CARDOSO, 2005). Um exemplo que materializa essas preocupações é a proposição de alguns dos trabalhos com grupos conduzidos no âmbito da saúde (SOUZA; CARVALHO, 2003). Essas práticas podem levar ao estabelecimento de vínculos sob um ambiente acolhedor de troca e aprendizagem mútua entre profissionais e a população, e apresenta-se como espaço privilegiado para o compartilhamento de informações e de experiências que incentivariam a parceria entre todos (inclusive os “não doentes”) no trato com a saúde da comunidade. Os resultados do trabalho de Souza e Carvalho mostram que o atendimento em “grupo de doentes” pode promover um espaço para a ampliação de perspectivas individuais sobre a etiologia e tratamento, e ainda, o que parece mais expressivo, a possibilidade de criação de uma rede de apoio social mútuo cujos efeitos extrapolam a relação com a doença. Isso poderia ser multiplicado nas ações de atenção básica voltadas à saúde da mulher que as equipes do PSF estão capacitadas para oferecer, como a atenção à saúde da adolescente e da mulher na terceira idade, nas ações de atendimento à diabetes, hipertensão e saúde do trabalhador, que também atingem as mulheres, e especialmente nas ações específicas de saúde da mulher, com atenção ao pré-natal, à prevenção de câncer ginecológico e à prevenção do HIV-Aids.
8.3 Sistema CRAS/SUAS Compreendido o objetivo das políticas públicas como aquilo que vai ao encontro do sujeito e acompanha o movimento não apenas da satisfação das necessidades, mas também do desejo (coletivo), é especialmente importante se falar das políticas públicas de assistência e desenvolvimento social. A desigualdade na nossa sociedade pode ser compreendida como questão estrutural, isto é, sob condições “normais” de funcionamento político, social, econômico; a própria sociedade gera desigualdade. Na nossa sociedade, desigualdade e pobreza estão intrinsecamente ligadas. As políticas do estado para a pobreza têm sido só recentemente voltadas para dar conta dessa situação, e ainda assim, há muitas dúvidas se a mera distribuição de renda via programas sociais como o Bolsa Família ou como o BCEPLOAS é capaz de retirar grandes contingentes de pessoas da miséria. Nesse cenário surge o SUAS, Serviço Único de Assistência Social, cuja proposição também se origina nas deliberações da constituinte de 1988. Instituído em 2005 como política pública, o SUAS deveria garantir ações de assistência social à população. A aplicação do SUAS se dá por duas grandes estruturas – a Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial. De acordo com a PNAS (2004), a Proteção Social Básica (PSB) tem um caráter preventivo. Seu objetivo é atender à população considerada de alta vulnerabilidade, prevenindo situações de risco mediante práticas que promovam o desenvolvimento de potencialidades e o fortalecimento das 68
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relações, especialmente no âmbito da família e da comunidade. Suas ações de vigilância social promovem o desenvolvimento de serviços e programas de acolhimento, convivência e socialização e incluem a oferta de benefícios eventuais e de Prestação Continuada (BPC). Os equipamentos que viabilizam essas ações de prevenção são o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) e a rede de serviços sócioeducativos, com ação local, territorializada e voltada para clientelas específicas. Em São Paulo, a PSB pode ser reconhecida no trabalho que veio sendo realizado até 2011 pelo Programa Ação Família, que configura um tipo de atuação que privilegia a lógica do trabalho em rede, que é permanente, não-ocasional e que depende do reconhecimento das condições concretas nas quais o trabalho será realizado – a realidade local – e na percepção daquilo que pode ser modificado. Já a Proteção Social Especial (PSE) destina-se a famílias e indivíduos em condição de alta vulnerabilidade que tiveram seus direitos violados ou ameaçados, seja por violência física ou psicológica, o que inclui abuso, abandono ou afastamento do convívio familiar. Suas ações compreendem acompanhamentos, encaminhamentos e apoios que garantam a efetividade da Proteção. De acordo com o PNAS, a unidade responsável pela PSE é Centro de Referência Especializada em Assistência Social (CREAS), que oferece esses serviços de maneira continuada e gratuita, além de promover a articulação entre o serviço, a rede de assistência social e às políticas públicas. (MDS, 2011).
Figura 16 - Psicólogos no SUAS atuam em ações preventivas junto a crianças e adolescentes
A participação dos psicólogos nessa política, indicados como os profissionais que atuariam junto aos assistentes sociais, reflete o reconhecimento das contribuições técnicas e políticas que os psicólogos poderiam trazer para essa associação na consolidação da PNAS, Política Nacional de Assistência Social. A ação do psicólogo viria na direção de provocar a participação, o protagonismo 69
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e o fortalecimento das populações sob condição de vulnerabilidade. Sua integração ainda é, no entanto, um desafio, pois não se trata apenas de demandar recursos já disponíveis no arsenal teórico-prático do psicólogo, mas provocar também a instrução de novos conhecimentos, novas práticas, ou ainda, novos problemas que viriam de sua inserção compromissada nesse campo (POLÍTICA, 2010). De acordo com Porto (2010), os saberes e práticas da psicologia poderiam participar do processo instituído previsto pela PNAS e instituído pelo SUAS, que pretende levar à superação das condições de vulnerabilidade e risco social de grandes contingentes da nossa população. Esse processo elenca a visita domiciliar, o trabalho com pequenos grupos comunitários, a entrevista e o acolhimento (estratégias já disponíveis no campo da psicologia) para dar conta dos objetivos desses programas, integrando o trabalho com a população juntamente com o desenvolvimento comunitário.
8.4 Formação profissional do psicólogo social O lugar e a contribuição da psicologia para as políticas públicas e a questão social devem ser consideradas a partir tanto da sua inserção profissional como da produção de conhecimento – e das escolhas envolvidas nessa produção. A formação de profissionais é elemento fundador desse embate, ensejando a discussão sobre dentro de quais referenciais os futuros profissionais devem ser capacitados e inseridos. Isso tanto dentro da psicologia como nas outras carreiras que fazem interface com as políticas de bem-estar – na saúde, na educação, na assistência social No entanto, apesar dos esforços em contrário, as práticas psicológicas junto às políticas públicas não têm ainda conseguido superar nem a hegemonia da identidade profissional do psicólogo como clínico e provedor de atendimentos individuais, distante das políticas públicas na educação, na saúde e na assistência social, por exemplo; nem o domínio dos modelos assistencialistas nas práticas comunitárias. O surgimento do SUS (Sistema Único de Saúde), na esteira do processo de redemocratização brasileiro, assim como a proposta de criação de um Sistema Único de Assistência Social (SUAS), junto às ações concretas de sindicatos de psicólogos, do conselho federal e dos conselhos estaduais de psicologia, têm indicado que esse é um cenário que tende a se reverter. Nessas condições, a ação profissional do psicólogo nas comunidades, com os saberes e práticas da Psicologia Social comunitária, abre uma perspectiva importante de materialização desses princípios, em um contexto que oferece aos psicólogos não apenas a possibilidade de exercitar a veia crítica cultivada na graduação e pós-graduação, mas emprego e renda. A formação de profissionais sensibilizados para essas práticas e preparados teórica e tecnicamente para exercê-las, também tem se mostrado um grande desafio para as instituições de ensino superior que reconhecem a importância dessa preparação. Quando, ao longo da graduação, os alunos são colocados em contato com demandas diferentes daquelas que são mais facilmente identificadas à rotina do psicólogo, a de uma clínica particular e isolada das questões sociais, esses sujeitos confrontam não apenas a diferença da prática, mas também a incerteza do sucesso dessas intervenções. Como vimos acima, no entanto, os resultados dessas ações, em que pesem suas dificuldades, revelam as enormes potencialidades de ações de investigação e transformação (RAMOS; CARVALHO, 2008). 70
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Para Ramos e Carvalho (2008), essas práticas de formação exigem muito mais do que o empreendimento teórico e a discussão acadêmica. É necessário o contato com as situações de exclusão, a experiência de conhecer e estranhar (que exigirá o deslocamento físico), mas também o simbólico para as “comunidades”, os guetos que cercam ou se insinuam nas entranhas das grandes cidades. Finalmente, trata-se de buscar produzir, pelo desafio e pela impossibilidade, o compromisso necessário para o seu próprio mergulho nessa realidade e no desejo de transformá-la.
Saiba mais
Você ficou interessado em conhecer melhor o PNAS e o SUAS? No site do Ministério do Desenvolvimento Social () estão disponíveis informações sobre princípios, programas e serviços relacionados às políticas públicas de assistência social.
Resumo
Nesta unidade foram apresentadas a história, os princípios e as práticas da Psicologia Social comunitária. Seu desenvolvimento na América Latina e no Brasil responde à proposta de trabalhar com a pobreza e a exclusão, em uma perspectiva teórico-prática que posiciona o psicólogo como agente de transformação, e desloca sua prática profissional da ação individualizada e distante das questões sociais para um empreendimento engajado e militante. As possibilidades apontadas pela Psicologia Social comunitária demonstram a potencialidade das práticas de intervenção construídas a partir de ações que buscam a parceria com os participantes para a instituição de relações comunitárias. Comunidade aqui não significa gueto, o que a palavra designa no senso comum, mas um espaço de encontro, respeito e possibilidade de elaboração de projetos coletivos. As relações da psicologia com as políticas públicas têm ganhado espaço e aberto áreas de atuação profissional para psicólogos que ainda identificam o seu fazer profissional com as atividades clínicas. Apesar dessas novas inserções, a melhor integração do psicólogo junto à essas políticas é ainda um grande desafio. Na saúde, na esteira da implementação do SUS, o psicólogo ainda busca encontrar um lugar que não seja a mera repetição do “modelo de consultório” nos equipamentos de saúde, apesar dos instrumentos provenientes da Psicologia Social e comunitária que tem a sua disposição. Esses mesmos instrumentos, o trabalho com pequenos grupos, a visita domiciliar, o acolhimento, também são extremamente úteis no âmbito das políticas de assistência social. Nesse caso, porém, o lugar do psicólogo já está 71
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institucionalmente garantido como parceiro dos assistentes sociais. Finalmente, é importante destacar o cuidado com a formação, que deve ser capaz de preparar o profissional para atuar em num campo carente de técnicos e sensibilizá-lo para o compromisso e o seu próprio desejo de mudança.
Exercícios
1. Na integração da prática dos psicólogos às políticas públicas, uma ação que é típica desse profissional e que pode ser largamente utilizada, diz respeito ao trabalho com grupos em uma perspectiva crítica e transformadora da realidade. Em relação aos cuidados que devem ser levados em conta nessa intervenção, identifique a alternativa incorreta: A) Localização dos membros dos grupos e dos lugares ocupados por esses atores institucionais. B) Caracterização das forças de coesão e afastamento envolvidas nos relacionamentos. C) Identificação das fantasias presentes nas relações grupais. D) Caracterização da história do grupo como dinâmica de lugares e afetos. E) Realização de diagnóstico psicopatológico dos membros do grupo. Resposta: (E) Realização de diagnóstico psicopatológico dos membros do grupo. Comentário: a ação diagnóstica individual não diz respeito às condições de conhecimento e familiarização que suportam o trabalho de intervenção, como nas outras alternativas. 2. Em uma perspectiva crítica, a ideia de comunidade deve ser diferenciada de outras concepções usualmente identificadas à comunidade. Qual das alternativas abaixo não corresponde às concepções usualmente associadas à palavra comunidade? A) A comunidade é o repositório perdido dos bons relacionamentos e da liberdade. B) A comunidade é o conjunto de pessoas que vivem solidariamente, condição que pode ser encontrada nos grupos guiados pelas tradições. C) A comunidade deve ser entendida a partir de um tipo de relação entre os seus membros, onde cada um pode falar e ser ouvido. D) A comunidade pode ser encontrada nos grupos pobres e sujeitos às condições de exclusão, nas favelas e cortiços urbanos. E) Comunidade diz respeito a um conjunto de pessoas que, independente da condição social, vivem em uma situação ausente de diferenças e conflitos. 72
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Resposta: (C) A comunidade deve ser entendida a partir de um tipo de relação entre os seus membros, onde cada um pode falar e ser ouvido. Comentário: todas as alternativas falam das concepções senso-comum de comunidade, com exceção da alternativa (C) que remete à relação comunitária e para a conhecida definição de Marx. 3. Não é característica da psicologia social comunitária: A) Trabalho em prol da saúde mental coletiva. B) Administração científica dos recursos da comunidade. C) Conscientização e politização de comunidades. D) Educação popular de grupos socialmente excluídos. E) Produção de capacidade de organização e autogestão em grupos excluídos. Resposta: (B) Administração científica dos recursos da comunidade. Comentário: todas as alternativas tratam de possíveis ações desenvolvidas no âmbito da Psicologia Social comunitária, com exceção dessa que sugere que o trabalho tem um caráter tutoral. 4. Escolha a alternativa correta. São características da psicologia comunitária, conforme o modelo proposto pela PSO latino-americana: A) Incentivo ao comodismo e à passividade dos grupos assistidos. B) Concentração das ações na resolução de problemas a curto prazo. C) Incentivo às relações baseadas na cooperação e comunicação dentro dos grupos. D) Centralização das responsabilidades sobre as ações e decisões durante a intervenção. E) Interpretação da situação por parte do profissional visando o diagnóstico da melhor direção a ser seguida pela comunidade. Resposta: (C) Incentivo às relações baseadas na cooperação e comunicação dentro dos grupos. Comentário: nessa alternativa, diferente das outras, está indicada a preocupação com a autogestão e a autonomia dos grupos atendidos. 5. Suponha uma situação na qual um psicólogo social vá fazer um trabalho de intervenção junto a adolescentes de um bairro de periferia que apresentam um histórico de envolvimento com drogas pesadas e criminalidade. Aponte entre as alternativas abaixo qual seria recomendável no caso, tendo em vista as discussões sobre ideologia e identidade realizadas nessa disciplina. 73
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A) Desenvolvimento de estratégias que levem cada adolescente a se diferenciar progressivamente do grupo, formando assim uma identidade individual positiva e deixando a identidade grupal negativa de lado. B) Tentativa de promover a ressocialização dos adolescentes a partir do contato com formas superiores de cultura como, por exemplo, música erudita e literatura clássica. C) Promoção, em um primeiro momento, da coesão grupal por meio de atividades que fortaleçam o vínculo entre os integrantes do grupo. D) Desenvolvimento de estratégias que impliquem a aceitação das diferenças e das escolhas como necessárias para garantir identidades individuais positivas. E) Construir um referencial identitário no qual seja privilegiada a preservação da autoestima de cada indivíduo e reassegurada a manutenção dessa identidade positiva. Resposta: (C) Promoção, em um primeiro momento, da coesão grupal por meio de atividades que fortaleçam o vínculo entre os integrantes do grupo. Comentário: enquanto (A) e (D) estão erradas ao tratarem da identidade individual, (B) está errada ao falar de uma forma superior de cultura e (E) está errada ao focar a questão da autoestima de cada um como ação a ser desenvolvida. 6. São considerados riscos para o psicólogo comunitário: A) Multidisciplinaridade. B) Etnocentrismo. C) Compartilhar os dados obtidos com a comunidade. D) Identificação com o grupo. E) Politização da prática profissional. Resposta: (B) Etnocentrismo. Comentário: o risco está na compreensão que as experiências culturais trazidas pelo psicólogo podem ser tomadas como modelos para sua intervenção. 7 Indique a alternativa correta. Os trabalhos em Psicologia Social comunitária requerem uma práxis que deve produzir impactos psicossociais no cotidiano das pessoas e, nesse sentido, possibilitar processos de politização e de participação coletiva dos sujeitos. Essa perspectiva de ação possibilita a formação de sujeitos: A) Que reconhecem o seu papel na sociedade e seu devido lugar para viverem felizes. B) Que admitem a possibilidade de se adaptarem melhor à sociedade. 74
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C) Que se reconhecem como atores sociais e conscientes da realidade. D) Que são conscientes de sua realidade e de que não podem transformá-la. E) Que compreendem a sociedade como uma abstração. Resposta: (C) Que se reconhecem como atores sociais e conscientes da realidade. Comentário: todas as outras alternativas tratam de aspectos que divergem dos princípios da Psicologia Social comunitária, como as alternativas (A), (B) e (D) que tratam da sua impotência e comodismo, assim como (E) que tiram sua materialidade. 8. Marque a alternativa correta sobre a Psicologia Social comunitária. A) Só existe uma verdadeira psicologia comunitária quando essa se insere na sociedade por meio da participação do psicólogo nas questões sociais. Essa ação se orienta como práxis, ou seja, na superação da alienação. B) A Psicologia Social comunitária nasceu da inserção dos psicólogos nos serviços públicos de saúde. Essa mudança na organização da saúde pôs os psicólogos pela primeira vez diante da realidade social do Brasil. C) A Psicologia Social comunitária surge do reconhecimento das carências sociais de uma grande parte da população brasileira e da necessidade de desenvolver políticas assistencialistas. D) A atuação de um psicólogo comunitário se confunde com a de um líder de grupo. Cabe a ele estabelecer as necessidades e esclarecer a população para que essa possa fortalecer a reivindicação de melhorias. E) A psicologia comunitária tem trazido recursos importantes para a eliminação estrutural da pobreza, na medida em que conduz os indivíduos a superarem suas limitações e vencerem seus medos. Resposta: (A) Só existe uma verdadeira psicologia comunitária quando essa se insere na sociedade por meio da participação do psicólogo nas questões sociais. Essa ação se orienta como práxis, ou seja, na superação da alienação. Comentário: apenas nessa alternativa vai ser destacada a ação possível dentro da Psicologia Social comunitária, isto é, o compromisso com a mudança e a estratégia de confronto com a ideologia e com a alienação. 9. Como parte da ação dos psicólogos brasileiros no campo das políticas públicas encontra-se o trabalho com grupos. No campo da saúde, alguns grupos têm sido tratados como alvos privilegiados de intervenção. Entre esses podemos destacar, quer pelo seu caráter estruturador, quer pela sua característica de vulnerabilidade: A) Idosos e profissionais. 75
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B) Famílias e homens. C) Trabalhadores e mulheres. D) Adolescentes e comunidades. E) Crianças e estudantes. Resposta: (D) Adolescentes e comunidades. Comentário: essa é a única alternativa que apresenta um grupo caracterizado por ser uma unidade organizadora (a comunidade) e um grupo vulnerável (adolescentes). 10. Em relação à participação dos psicólogos na Política Nacional de Assistência Social, pode-se dizer que: I. Os psicólogos têm posição privilegiada, atuando junto aos profissionais de serviço social. II. A ação do psicólogo viria provocar o fortalecimento das populações sob condições de vulnerabilidade. III. A integração do psicólogo ainda é um desafio, pois se trata de identificar novos conhecimentos, práticas e problemas. IV. Nesse contexto, os psicólogos devem ser reconhecidos pela sua prática na atenção individual. Está correto o que se afirma apenas em: A) I e II. B) II e IV. C) I, II e IIII. D) I, III e IV. E) I, II, III e IV. Resposta: (C) I, II e IIII. Comentário: a alternativa IV faz menção a algo que não está entre as competências desejáveis para o trabalho junto a PNAS, isto é, a prática de atendimento individual.
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FIGURAS E ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 Disponível em: FIGURA 2 Disponível em: FIGURA 3 Disponível em: FIGURA 4 Disponível em: FIGURA 5 Disponível em: FIGURA 6 Disponível em: FIGURA 7 Disponível em: FIGURA 8 Disponível em: FIGURA 9 Disponível em: FIGURA 10 Disponível em: FIGURA 11 Disponível em: 77
FIGURA 12 Disponível em: FIGURA 13 Disponível em: FIGURA 14 Disponível em: < www.everystockphoto.com/photo.php?imageId=3577212&searchId=185ea817c4f82 8692369d9c6ea207e6b&npos=25> Figura 15 Disponível em: FIGURA 16 Disponível em: REFERÊNCIAS Audiovisuais
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