Centro Educacional Brasil Central Nível: Educação Básica Modalidade: Educação de Jovens e Adultos a Distância Etapa: Ensino Médio
APOSTILA DE FILOSOFIA
Índice Módulo I -Surgimento da Filosofia -Principais pensadores pré-socratas -Sofistas -Sócrates -Os Sistematizadores -Filosofia Medieval Módulo II -Renascença -Surgimento da Ciência -Teoria do conhecimento -Racionalismo -Empirismo -Idealismo -Iluminismo -Principais aspectos da filosofia política Módulo III -Aspectos da filosofia contemporânea -Existencialismo -Pragmatismo -Utilitarismo -Positivismo -Ética -Estética
INTRODUÇÃO Na nossa vida cotidiana, ou mesmo desde o início da humanidade há algo que nos motiva a estar sempre buscando a compreensão daquilo que ainda não conhecemos. Essa motivação inicial que nos leva em busca da origem ou da essência, até mesmo da busca de um momento inicial, resumindo, somos levados a perguntar o “porquê” das coisas. Há algo que nos leva a um “espanto” originado na dúvida. O tempo inteiro somos movidos pelo questionamento sobre a origem das coisas. Sejam externas como a origem do pão, da casa, de uma planta ou do universo, ou ainda coisas internas como a nossa origem, o nosso fim, o motivo de estarmos passando por esta ou por aquela situação, porque nos mantemos unidos a uma sociedade, qual é o valor do nosso trabalho. Essas e outras perguntas permanecem. O esforço para tentar respondê-las é válido. Mesmo que sem sucesso. Tudo isto que parece muitas vezes distante do nosso pensamento, mas presente na nossa vida, no cotidiano já é investigado pela filosofia. Alguns pensadores gregos iniciaram esses questionamentos, recebendo respostas que coincidiam com a realidade da sua época. Hoje as perguntas mudaram, as respostas também, a sociedade está em constante evolução, assim como as teorias científicas e até mesmo as teorias religiosas. reli giosas. Mas a vontade de questionar, a dúvida motivadora do avanço e do conhecimento da humanidade permanece. Desta forma, a filosofia surgida na antiguidade grega é hoje ainda forma de se alcançar o conhecimento. E não só isso, alcançar, questionar e aprimorar através de um processo racional e compreensivo. Este estudo que se inicia agora é a primeira parte de um processo que já existe dentro de nós. É a partir da nossa necessidade de descobrir o mundo que nós inauguramos o saber filosófico. Como o pensamento filosófico evolui a partir da história da humanidade, humanidade, fazemos aqui uma seleção dos mais importantes fatos e
pensadores pensadores da história da filosofia. Analisamos também seus questionamentos. É importante ter em mente que a filosofia é o próprio questionamento, ou seja, muitas teorias que são desenvolvidas de forma alguma correspondem à verdade pronta e acabada. Na verdade, são apenas pontos que sugerem novos questionamentos e novas descobertas. Que o “espanto filosófico” apareça com estas páginas, assim como a vontade de compreender e ampliar o conhecimento surjam nestas páginas. Boa leitura!
Centro Educacional Brasil Central Modalidade: Educação de Jovens e Adultos- a Distância Etapa: Ensino Médio
Disciplina: Filosofia MÓDULO I – 1° ANO SURGIMENTO DA FILOSOFIA Para compreender o surgimento da filosofia, primeiramente, é necessário entender as condições para que este conhecimento ocorra. Inicialmente podemos falar que a filosofia surge na Grécia, aproximadamente no século VII a. C. devido condições peculiares de uma cidade-estado. O império grego possui cidades-estado denominadas pólis que possuem autonomia frente a outras cidades. Nestas cidades os costumes, leis e regras morais são próprios. Assim também como a economia, o trabalho, a escravidão e o militarismo. A filosofia surge em Athenas. Esta cidade é considerada o berço da cultura e do conhecimento, sendo diferente das demais cidades-estado. Suas características são: •
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Economia crescente baseada no ressurgimento e exploração do comércio; Divulgação das artes e da cultura grega; Desenvolvimento da Democracia, em sentido um pouco diferente do atual, onde a democracia é a atividade dos cidadãos (habitantes da cidade) incluindo aí apenas homens livres, com mais de 45 anos, quites com o serviço militar. Desta forma as mulheres, crianças e escravos não são considerados cidadãos e não possuem voz. Confluência da cultura das demais cidades gregas. A praça pública ( ágora) é o centro da cidade. Ocorrem lá desde transações comerciais até a defesa do direito e da cidadania.
Atribui-se ao poeta Homero a compilação da cultura grega, dos mitos e da sociedade nas obras Ilíada e Odisséia. Estes escritos são considerados o fundamento da sociedade grega. A partir destas características diferentes das demais cidades gregas, Athenas desponta para a origem do pensamento filosófico por possibilitar um questionamento sobre o homem. Com a economia, o homem é capaz de consumir e atribuir valor para isto. A arte e a cultura são consideradas conhecimentos divinos. Essa abre caminho para a música, o teatro que é a própria vida do homem grego e da ginástica como forma de manter a saúde e condicionamento do corpo. A democracia é um dos aspectos mais importantes por dar expressão ao homem e daí, portanto, o homem pode defender suas ideias, defender seus direitos. A democracia abre espaço para a compreensão da política do direito e da força de uma argumentação racional. A partir daí, a racionalização do pensamento é capaz não só da análise da vida e da política, mas também passa a ser critério para analisar qualquer coisa.
LÓGOS Uma característica especial deste momento é o surgimento do lógos traduzido inicialmente por palavra. Porém seu significa vai além. O lógos é a própria racionalização do pensamento, é a busca por um discurso de base comprovável em contraposição a outros tipos de conhecimento. A tradição grega aponta para a passagem do conhecimento de forma tradicional, através da tradição oral (histórias contadas pelos habitantes mais antigos, considerados mais sábios). Através do surgimento do discurso racional, esses argumentos baseados na tradição são agora refutados. Toda a sociedade grega é baseada em mitos de ordem religiosa. O papel da razão filosófica é compreender o mundo de forma mais abrangente e menos metafísica. Entendese por metafísica os conceitos que estão além do mundo físico e não são compreendidos de
maneira palpável. Para sua compreensão são necessários, muitas vezes, argumentos de natureza esotérica ou mística, pois o conhecimento metafísico extrapola a realidade. O lógos por sua vez possui como missão a compreensão da realidade através da própria realidade, deixando de lado aspectos místicos e religiosos. O conceito de Deus é um conceito metafísico, assim como liberdade e a verdade, uma vez que, são conceitos diferentes de dureza ou maciez, esses podem ser vistos ou tocados, enquanto o conceito de Deus, liberdade e verdade pura, só podem ser imaginados.
A metafísica também é uma área de estudo da filosofia. Toda a base mitológica de uma cultura é baseada na metafísica. O lógos, portanto, assume a função de interpretar o mundo de forma diferente do mito.
MITO A religião grega é definida por ser politeísta e nessa concepção os deuses têm características humanas. Suas ações são bem contextualizadas e difundidas através dos mitos. Em outros termos, mito, é o relato de uma história verdadeira, ocorrida nos tempos dos princípios, quando com a interferência de entes sobrenaturais, uma realidade passou a existir, seja uma realidade total, o universo, ou tão-somente um fragmento, um monte, uma pedra, uma ilha, uma espécie animal ou vegetal, um comportamento humano. Mito é, pois, a narrativa de uma criação: conta-nos de que modo algo, que não era, começou a ser. De outro lado, o mito é sempre uma representação coletiva, transmitida através de várias gerações e que relata uma explicação do mundo. O termo mito é originário do verbo grego contar. Resumindo, o mito é a tentativa de explicação da realidade através de histórias muitas vezes fantasiosas e exageradas sobre forças antagônicas e rivais.
MITO DE PANDORA “Então ordenou que Hefesto, o Deus-ferreiro do mundo subterrâneo, fizesse a mulher. Hefesto fez uma mulher belíssima chamada Pandora e a apresentou a Zeus antes de ela descer à superfície da Terra. Zeus, admirado com a obra de Hefesto, despachou Pandora para a Terra, mas antes lhe deu uma grande e belíssima caixa de marfim ornamentada fechada e também lhe deu a chave, dizendolhe: “Quando você se casar, ofereça esta caixa como dote ao seu marido, mas a caixa só pode ser aberta após seu casamento”. Porém Epimeteu viajava constantemente e, certa vez, ficou muito tempo longe de casa. Pandora sentia-se só e triste. Lembrou-se da caixa e foi até o canto onde estava guardada. Pandora pareceu ouvir pequenas vozes gritando lá de dentro e dizendo: “Deixe-nos sair!”. Deixe-nos sair...”. Pandora foi correndo buscar a chave e imediatamente abriu a tampa da caixa. Para sua grande surpresa centenas de pequeninas e monstruosas criaturas, parecendo terríveis insetos, saíram voando lá de dentro, com um zumbido assustador. Muitas dessas horríveis criaturas a picaram na face e nas mãos e saíram em enxame pela janela, fazendo um barulho infernal. Logo a nuvem desses insetos cobriu o sol, e o dia ficou escuro e cinzento. Apavorada Pandora fechou a caixa e sentou-se sobre a tampa. Mas a voz prosseguiu de dentro da caixa: O mito de Pandora ilustra a vivacidade do homem e sua curiosidade, mas também demonstra a origem do mal para os gregos. Essa é a explicação mitológica, onde se percebe claramente aspectos místicos e religiosos que são a base dos mitos. Os mitos ocorrem ainda hoje, com outras funções e outros aspectos, utilizados muitas vezes pela mídia ou pela ideologia dominante.
As sociedades em geral, independentes da sua organização, possuem explicações mitológicas diretamente ligadas à cultura do povo. Na mesopotâmia, por exemplo, o poema de Gilgamesh e o Enuma elish, com mitos consolidados durante o terceiro e o segundo milênios antes da era cristã, baseados na fertilidade dos deuses. Na história das sociedades humanas a diversos exemplos de mitos que possuem a função de explicar a origem da humanidade. As sociedades em geral, independentes da sua organização, possuem explicações mitológicas diretamente ligadas à cultura do povo. Na mesopotâmia, por exemplo, o poema de Gilgamesh e o Enuma elish, com mitos consolidados durante o terceiro e o segundo milênios antes da era cristã, baseados na fertilidade dos deuses. Na história das sociedades humanas a diversos exemplos de mitos que possuem a função de explicar a origem da humanidade.
MITO E FILOSOFIA Os mitos são utilizados não apenas pela cultura grega para a explicação de sentimentos, objetos, anseios, vida, morte e etc. Porém, com a implementação da sociedade democrática e o desenvolvimento da razão as explicações mitológicas tornam-se insuficientes. É instaurado no homem grego à vontade de descobrir superando a explicação mitológica que não é mais racionalmente aceita. A filosofia surge para explicar o que inicialmente é demonstrado pelos mitos, mas de forma racional. Os primeiros pensadores são denominados pré-socratas e buscam a explicação racional.
ETIMOLOGIA - FILOSOFIA Atribui-se o surgimento da filosofia como atividade própria do sábio ou em direção à sabedoria. Desta forma, a palavra filosofia é a junção de outras duas palavras gregas: phylos (filo) e sophia (sofia), que por sua vez significam: Filo - Amigo ou amante. Aquele que deseja e se compromete afetuosamente e
incondicionalmente a outrem em atitude de amor e lealdade. Sofia - Sabedoria = A sabedoria para o grego era algo divino, que era revelado aos mortais pelos deuses. A sabedoria não era adquirida por mérito, mas por dádiva dos deuses. Partindo do conceito etimológico, a ideia sobre o que possa vir a ser a Filosofia, numa perspectiva de três faces conceituais. Filosofia é razão - O Filósofo é a razão em movimento na busca de si mesma. A Filosofia surge na Grécia Arcaica na passagem das explicações míticas-religiosas para as explicações racionais-filosóficas sobre questões inerentes ao ser e ao mundo. A ideia da Filosofia como razão consolidou-se na afirmação de Aristóteles: "O homem é um animal racional". Filosofia é Paixão - O Filósofo antes de tudo é uma amante da sabedoria. Toda atitude humana, inicialmente é passional. O que move o mundo não é a razão, mas a paixão. "O coração tem razões que a própria razão desconhece". Pascal. Filosofia é Mito - O Filósofo é um mítico em busca da verdade velada. Só pensamos naquilo que cremos, e só cremos naquilo que queremos. O mito para a Filosofia é vital, pois cria ícones possíveis do mundo das ideias. "Há mais mistérios entre os céus e a terra do que pressupõe a vossa vã Filosofia". William Shakespeare. O termo “verdade” deriva da palavra grega aletheia, onde o prefixo a corresponde à negação e letheia corresponde à véu, desta forma aletheia seria retirar o véu ou revelar. A Filosofia começa como atividade simples e racional em busca da verdade. Este tipo de pensamento é tomado como précientífico, pois, traz uma atitude próxima a atitude científica. Os gregos ainda não fazem a ciência como estabelecemos atualmente, mas já demonstram indicações para o seu surgimento.
PRÉ-SOCRATAS
Os primeiros filósofos recebem a denominação de pré-socratas, em outras palavras, são aqueles homens que iniciam a atividade reflexiva antes dos questionamentos de Sócrates. Esta denominação tanto serve para determinar o período filosófico como também para marcar o tipo de pensamento encontrado nesta época. São características deste momento: A compreensão da natureza, da origem do mundo e de todas as coisas. A tentativa de explicar o mundo através da cosmologia; A negação do mito, ou seja, da cosmogonia . O mito é traço marcante da cultura e base de todo o conhecimento. Abandonar o mito é atividade questionável e penosa, pois, colocava em jogo a racionalidade humana frente à religiosidade humana; Explicação racional do mundo; Solução dos problemas entre realidade e a aparência, ou seja, entre o mundo e Deus. Estas são características comuns do pensamento pré-socrático, porém os pensadores tinham visões diferentes do mundo e sempre abordavam de pontos de vista diversos. •
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Cosmogonia - A palavra Cosmogonia vem do grego κοσµογονία; κόσµος "universo" e γονία "nascimento". É o termo que abrange todas as teorias das origens do universo, sendo elas religiosas, científicas e mitológicas. Cosmologia - é a ciência que estuda a estrutura e evolução do Universo. O uso do método científico, baseado em um conjunto de observações que resultam em um modelo capaz de fazer previsões que podem ser testadas experimentalmente.
Os principais representantes foram:
Tales de Mileto (624-548 a.C.) "Água”.
Tales de Mileto, fenício de origem, é considerado o fundador da escola jônica. É o mais antigo filósofo grego. Tales não deixou nada escrito, mas sabemos que ele ensinava ser a água a substância única de todas as coisas. A terra era concebida como um disco boiando sobre a água, no oceano. Cultivou também as matemáticas e a astronomia, predizendo, pela primeira vez, entre os gregos, os eclipses do sol e da lua. Segundo Tales, a água, ao se resfriar, torna-se densa e dá origem a terra; ao se aquecer transforma-se em vapor e ar, que retornam como chuva quando novamente esfriados. Desse ciclo de seu movimento (vapor, chuva, rio, mar, terra) nascem as diversas formas de vida, vegetal e animal.
Anaximandro de Mileto (611-547 a.C.) "Ápeiron”. Anaximandro de Mileto, geógrafo, matemático, astrônomo e político, discípulo e sucessor de Tales e autor de um tratado Da Natureza, põe como princípio universal uma substância indefinida, o ápeiron (ilimitado), isto é, quantitativamente infinita e qualitativamente indeterminada. Deste ápeiron (ilimitado) primitivo, dotado de vida e imortalidade, por um processo de separação ou "segregação" derivam os diferentes corpos. Para ele, o princípio da "physis" (natureza) é o ápeiron (ilimitado). Atribui-se a Anaximandro a confecção de um mapa do mundo habitado, a introdução na Grécia do uso do gnômon (relógio de sol) e a medição das distâncias entre as estrelas e o cálculo de sua magnitude (é o iniciador da astronomia grega). Anaxímenes de Mileto (588-524 a.C.) "Ar" Segundo Anaxímenes, a arkhé (princípio) que comanda o mundo é o ar, um elemento não tão abstrato como o ápeiron, nem palpável demais como a água. Tudo provém do ar, através de seus movimentos: o ar é respiração e é vida; o fogo é o ar rarefeito; a água, a terra, a pedra são formas cada vez mais condensadas do ar. As diversas coisas que existem, mesmo apresentando qualidades diferentes entre si, reduzem-se a variações quantitativas (mais raro, mais denso) desse
único elemento. Anaxímenes julga que o elemento primordial das coisas é o ar.
Pitágoras de Samos (571-70 a.C) “Números” Fundador da escola pitagórica nasceu em Samos pelos anos Segundo o pitagorismo, a essência, o princípio essencial de que são compostas todas as coisas, é o número, ou seja, as relações matemáticas. Os pitagóricos, não distinguindo ainda bem forma, lei e matéria, substância das coisas, consideraram o número como sendo a união de um e outro elemento. Da racional concepção de que tudo é regulado segundo relações numéricas, passa-se à visão fantástica de que o número seja a essência das coisas. Zenão de Eléia (464/461 a.C) “Movimento” A característica de Zenão é a dialética. Ele é o mestre da Escola Eleática; nela seu puro pensamento torna-se o movimento do conceito em si mesmo, a alma pura da ciência - é o iniciador da dialética. "Afirmai vossa mudança: nela enquanto mudança é o nada para ela, ou ela não é nada" . Nisso consistia o
movimento determinado, pleno para aquela mudança; Zenão falou e voltou-se contra o movimento como tal ou puro movimento. ���������� ��� ��������� � ��������� ������ �� ���������� � ���������� �� �������� ��� ������� ��� �� ����� ������ � �� ������� �� ����������
Demócrito “átomos” Todas as coisas são inicialmente formadas a partir do movimento. O movimento pressupõe que haja espaço. Para compreender do que são formadas todas as coisas seria necessário subdividi-las em partes cada vez menores, por exemplo, uma casa é composta por telhados, paredes, piso, encanamentos e etc. Ao subdividir uma parede encontraríamos tijolo, areia, cimento e assim por diante. Cada elemento deste subdividido leva necessariamente a um outro tipo de elemento que o compõe, chega-se a um momento em que encontramos algo extremamente pequeno e comum a todos os elementos. Este pedaço seria
athomo onde a partícula a representa a negação e thomos representa parte, chegamos, portanto
ao conceito de átomo que seria a menor parte da matéria, indivisível e presente em todos os corpos. As diversas explicações desenvolvidas pelos pensadores pré-socratas muitas vezes não chegam a soluções definitivas, são aporias (pensamento que não possui resposta) e levam a confusão, pois devem ser analisadas dentro de um contexto. A partir do séc. V a.C. ocorre a consolidação da democracia grega em Athenas e com isso o eixo do pensamento não gira mais em torno da natureza e sim do homem e suas relações. A esse segundo momento da filosofia clássica dá-se o nome de período sistemático. A preocupação deste momento é organizar todo o conhecimento desenvolvido até agora.
SOFISTAS Após as grandes vitórias gregas, atenienses, contra o império persa, houve um triunfo político da democracia, como acontece todas as vezes que o povo sente, de repente, a sua força. E visto que o domínio pessoal, em tal regime, depende da capacidade de conquistar o povo pela persuasão, compreende-se a importância que, devia ter a oratória e, por conseguinte, os mestres de eloqüência. Os sofistas, desejosos em conquistar fama e riqueza no mundo, tornaram-se mestres de eloqüência, de retórica, ensinando aos homens ávidos de poder político a maneira de conseguilo. Diversamente dos filósofos gregos em geral, o ensinamento dos sofistas não era ideal, desinteressado, mas muito bem retribuído. O conteúdo desse ensino abraçava todo o saber, a cultura, uma enciclopédia, não para si mesma, mas como meio para fins práticos e empíricos e, portanto, superficial. A época de ouro da sofística foi - pode-se dizer - a segunda metade do século V a.C. O centro foi Atenas, a Atenas de Péricles, capital democrática de um grande império marítimo e cultural.
Retórica – Arte de manipular e convencer alguém a praticar um ato ou até mesmo, de concordar com determinada ideia. Muito útil na esfera democrática para convencer os demais. Eloqüência – Arte de falar bem, utilizando palavras que causam efeito e auxiliam na retórica. Os sofistas, portanto viajavam por diversas cidades ensinando técnicas para os filhos dos políticos que estavam interessados em se perpetuar no poder. O grande problema deste momento é a relativização da verdade. Não se busca mais conhecer a realidade das coisas e sim guiá-las de acordo com a vontade. A verdade desta forma torna-se coisa relativa. Deste momento os principais pensadores são: Protágoras de Abdera Protágoras nasceu em Abdera - pátria de Demócrito, cuja escola conheceu - pelo ano 480. Viajou por toda a Grécia, ensinando na sua cidade natal, na Magna Grécia, e especialmente em Atenas, onde teve grande êxito, sobretudo entre os jovens, e foi honrado e procurado por Péricles e Eurípedes. Inferiu Protágoras a relatividade do conhecimento. Essa doutrina enunciou-a com a célebre fórmula: “o homem é a medida de todas as coisas”. Esta máxima significava mais exatamente que de cada homem individualmente considerado dependem as coisas, não na sua realidade física, mas na sua forma conhecida. Górgias de Leôncio Górgias nasceu em Abdera, na Sicília, em 480-375 a.C - correlacionado com Empédocles - representa a maior expressão prática da sofística, mediante o ensinamento da retórica; teoricamente, porém, foi um filósofo ocasional, exagerador dos artifícios da dialética eleática. Górgias declara que a sua arte produz a persuasão que nos move a crer sem saber, e não a persuasão que nos instrui sobre as razões intrínsecas do objeto em questão. Os sofistas serão duramente combatidos por Sócrates que refaz a atividade filosófica,
sendo considerado o grande patrono da filosofia.
SÓCRATES Nascido em Athenas, filho de um escultor e de uma parteira, busca o conhecimento filosófico durante toda sua vida. É conhecido por seu caráter reto e por seu valor enquanto soldado, magistrado e senador. Mas, em geral, conservou-se afastado da vida pública e da política contemporânea, que contrastavam com o seu temperamento crítico e com o seu reto juízo. Iniciou sua vida pública filosofando aos 70 anos de idade, questionando em praça pública o conhecimento dos ditos “sábios” (sofistas) buscando a compreensão sobre a essência de todas as coisas. Morreu aos 71 anos após o processo que culminou em sua execução por “corromper a juventude” e “não cultuar os deuses da cidade”. Tais acusações eram de cunho político, porém, após a contagem dos votos foi decretada sua derrota. Destaca-se em Sócrates seu método de fazer filosofia, sua notável busca espiritual e a compreensão filosófica do homem. A filosofia socrática é definida por Antropológica. Sócrates adotava sempre o diálogo, que revestia uma dúplice forma, conforme se tratava de um adversário a enfretar ou de um discípulo a instruir. No primeiro caso, assumia humildemente a atitude de quem aprende e ia multiplicando as perguntas até colher o adversário presunçoso em evidente contradição e constrangê-lo à confissão humilhante de sua ignorância. A esse processo pedagógico, em memória da profissão materna, denominava-se maiêutica ou engenhosa obstetrícia do espírito, que facilitava o nascimento das ideias. A introspecção é o característico da filosofia de Sócrates. E exprime-se no famoso lema conhece-te a ti mesmo - isto é, torna-te consciente de tua ignorância - como sendo o ápice da sabedoria, que é o desejo da ciência mediante a virtude. E alcançava em Sócrates intensidade e profundidade tais, que se concretizava, se personificava na voz interior divina do gênio ou demônio.
Como é sabido, Sócrates não deixou nada escrito. Todo conhecimento a seu respeito é derivado dos seus discípulos. "Conhece-te a ti mesmo" - o lema em que Sócrates cifra toda a sua vida de sábio. O perfeito conhecimento do homem é o objetivo de todas as suas especulações e a moral, o centro para o qual convergem todas as partes da filosofia. Moral . É a parte culminante da sua filosofia. Sócrates ensina a bem pensar para bem viver. O meio único de alcançar a felicidade ou semelhança com Deus, fim supremo do homem, é a prática da virtude. A virtude adquiri-se com a sabedoria ou, antes, com ela se identifica. O interesse filosófico de Sócrates volta-se para o mundo humano, espiritual, com finalidades práticas, morais. Sócrates é o fundador da ciência em geral, mediante a doutrina do conceito, assim é o fundador, em particular da ciência moral , mediante a doutrina de que eticidade significa racionalidade, ação racional. Virtude é inteligência, razão, ciência, não sentimento, rotina, costume, tradição, lei positiva, opinião comum. Tudo isso tem que ser criticado, superado, subindo até à razão, não descendo até à animalidade - como ensinavam os sofistas. Após a morte de Sócrates a filosofia tornase objeto de estudo de algumas poucas escolas. As principais serão o Liceu e a Academia. PLATÃO Aos vinte anos, Platão travou relação com Sócrates - mais velho do que ele quarenta anos - e gozou por oito anos do ensinamento e da amizade do mestre. Platão, ao contrário de Sócrates, interessou-se vivamente pela política e pela filosofia política. Voltando para Atenas, Platão dedicou-se inteiramente à especulação metafísica, ao ensino filosófico e à redação de suas obras, atividade que não foi interrompida a não ser pela morte. Como já em Sócrates, assim em Platão a filosofia tem um fim prático, moral: é a grande ciência que resolve o problema da vida. Platão estende tal indagação ao campo metafísico e cosmológico, isto é, a toda a realidade. Deve, logo, existir, além do fenômeno, um outro mundo de realidades, objetivamente dotadas dos mesmos atributos dos conceitos subjetivos
que as representam. Essas realidades chamamse Ideias. As ideias não são, pois, no sentido platônico, representações intelectuais, formas abstratas do pensamento, são realidades objetivas, modelos e arquétipos eternos de que as coisas visíveis são cópias imperfeitas e fugazes. Assim a ideia de homem é o homem abstrato perfeito e universal de que os indivíduos humanos são imitações transitórias e defeituosas. O sistema metafísico de Platão centraliza-se e culmina no mundo divino das ideias; e essas se contrapõem a matéria obscura e incriada. Entre as ideias e a matéria estão o Demiurgo e as almas, através de que desce das ideias à matéria aquilo de racionalidade que nesta matéria aparece. Desta forma pretende a distinção entre um sistema filosófico dialético no qual as ideias representam a realidade das coisas e estão presentes no mundo das ideias, enquanto, a realidade é a aparência ou mera cópia da realidade conhecida primeiramente no mundo das ideias, de onde provinham todas as almas. Em filosofia política, na sua obra “República”, Platão desenvolve a ideia do reifilósofo, ou seja, o domínio político da cidade exercido pelo filósofo que é o que possui mais conhecimento e melhor discernimento. Ainda é encontrada nessa obra a célebre alegoria da caverna que remete a prisioneiros de uma caverna que não conseguem enxergar a realidade ao redor, uma comparação aos domínios políticos e ideológicos que cerceiam a verdade.
ARISTÓTELES Segundo Aristóteles, a filosofia é essencialmente teorética: deve decifrar o enigma do universo, em face do qual a atitude inicial do espírito é o assombro do mistério. O seu problema fundamental é o problema do ser, não o problema da vida. O objeto próprio da filosofia, em que está a solução do seu problema, são as essências imutáveis e a razão última das coisas, isto é, o universal e o necessário, as formas e suas relações. Entretanto, as formas são
imanentes na experiência, nos indivíduos, de que constituem a essência. A filosofia aristotélica é, portanto, conceptual como a de Platão, mas parte da experiência; é dedutiva, mas o ponto de partida da dedução é tirado - mediante o intelecto da experiência. A filosofia, pois, segundo Aristóteles, dividir-se-ia em teorética, prática e poética, abrangendo, destarte, todo o saber humano, racional. Aristóteles é o criador da lógica, como ciência especial, sobre a base socrático platônica; é denominada por ele analítica e representa a metodologia científica. Partindo como Platão do mesmo problema acerca do valor objetivo dos conceitos, mas abandonando a solução do mestre, Aristóteles constrói um sistema inteiramente original. Os caracteres desta grande síntese são: 1. Observação fiel da natureza - Platão, idealista, rejeitara a experiência como fonte de conhecimento certo. Aristóteles, mais positivo, toma sempre o fato como ponto de partida de suas teorias, buscando na realidade um apoio sólido às suas mais elevadas especulações metafísicas. 2. Rigor no método - Depois de estudar as leis do pensamento, o processo dedutivo e indutivo, aplica-os, com rara habilidade, em todas as suas obras, substituindo à linguagem imaginosa e figurada de Platão, em estilo lapidar e conciso e criando uma terminologia filosófica de precisão admirável. Pode considerar-se como o autor da metodologia e tecnologia científicas. Geralmente, no estudo de uma questão, Aristóteles procede por partes: a) começa a definir-lhe o objeto; b) passa a enumerar-lhes as soluções históricas; c) propõe depois as dúvidas; d) indica, em seguida, a própria solução; e) refuta, por último, as sentenças contrárias. 3. Unidade do conjunto - Sua vasta obra filosófica constitui um verdadeiro sistema, uma verdadeira síntese. Todas as partes se compõem, se correspondem, se confirmam.
FILOSOFIA GRECO-ROMANA A filosofia desenvolvida pelos dois maiores pensadores da antiguidade é
considerada um sistema, pois, abrangem todo o conhecimento desenvolvido na época em diversas áreas. O restante da filosofia desenvolvida na antiguidade é denominada filosofia greco-romana. Não há neste período grandes pensadores de destaque. Este período culmina no fim do império grego e no auge do império romano. Os romanos não se preocuparam em desenvolver novos sistemas. Dentro da filosofia o maior destaque cabe a Cícero. Neste período a filosofia torna-se cosmopolita e volta-se para as cidades e a vida nestas, desenvolvendo sistemas, códigos de ética, análises morais, etc. Os principais destaques são: Ceticismo - O termo cético vem da palavra grega skepsis, que significa "exame". Atualmente, dizemos que uma pessoa cética é alguém que não acredita em nada, mas não é bem assim. Um filósofo cético é aquele que coloca suas crenças e as dos outros sob exame, a fim de verificar se elas são realmente dignas de crédito ou não. Pirro de Elis é considerado o fundador do ceticismo. Segundo ele, não podemos ter posições definitivas sobre determinado assunto, pois mesmo pessoas muito sábias podem ter posições absolutamente opostas sobre um mesmo tema e ótimos argumentos para fundamentar suas posições. Nesse caso, Pirro nos aconselha a suspensão do juízo e a mantermos nossa mente tranqüila (ataraxia). Cinismo - O Cinismo surgiu em Atenas por volta dos séculos III e IV a.C. e deve-se a Antístenes, um filósofo grego, o crédito de iniciador de tal filosofia. Os cínicos sempre repudiaram a visão materialista presente na sociedade. Eles pregavam justamente o oposto, que a infelicidade do homem provinha dessa tara por bens materiais, e que para alcançar a felicidade não era preciso esbanjar posses, apenas o necessário bastaria para se viver bem e que para ser feliz era preciso viver de acordo com a natureza e sempre próximo a ela. Antístenes atribuía ao poder e à riqueza o papel de corruptores do caráter humano, e dizia ainda que os verdadeiros homens não deveriam viver conforme as leis, mas sim conforme sua natureza.
– Diziam dos filósofos que permaneciam próximo a estoa (portais) das cidades gregas e desta forma ficaram conhecidos como estóicos. Estes pensadores também buscavam a ataraxia através de uma vida em consenso com a razão e com a natureza. Viver conforme os ditames da razão. A morte é certa e inevitável e para estes autores a única fonte de preocupação. Porém não há nada o que se fazer em relação à morte, daí, portanto o melhor é eliminar as preocupações tolas do corpo, eliminando as paixões e buscando a razão. Epicurismo – Filosofia iniciada por Epicuro ou também conhecida por Jardins, uma vez que seus adeptos permaneciam nos jardins da cidade. Esta filosofia é marcada pela busca do prazer. Um corpo que tem prazer necessariamente não possui mal algum que o aflija, ou perturbação na alma. A busca pelo prazer leva a ataraxia. Os prazeres defendidos são sempre aqueles que trazem bem-estar ao corpo e nunca após a sua consolidação algum tipo de insatisfação ou preocupação. Há prazeres do tipo necessários que são os prazeres que o corpo precisa, como a alimentação. Há prazeres contingentes que podem ser saciados algumas vezes, como boas bebidas e roupas caras. E finalmente prazeres vaidosos que são adquiridos na política ao impor vontades ou impor a execução de ordens. Esses prazeres nunca podem ser saciados, pois, despertam o que há de pior na alma humana. Após esse período, com o fim dos grandes impérios antigos, a religiosidade ganha expressão e passa também a influenciar a filosofia desenvolvida no período. Estoicismo
FILOSOFIA MEDIEVAL Esse período é marcado pelo desenvolvimento do cristianismo que ultrapassa a condição de seita judaica, pelos ideais de caridade e pelo apoio fornecido às pessoas da época. O cristianismo vai ganhando destaque. Passa a ser implementada no final do império romano como religião oficial. Desta forma, durante um grande período da história da humanidade, denominado Idade Média a religião é considerada a grande fonte
ideológica. Todas as formas de conhecimento estavam ou ligadas à Igreja Católica ou determinadas por esta. Nesse período, a filosofia perde um pouco de suas características reflexivas e inovadoras e passa a ser auxiliar da teologia. Entende-se por teologia o estudo das manifestações religiosas dentro de uma cultura. A filosofia não poderia contradizer o que era determinado pela teologia e pela religião de maneira geral. Dois períodos dentro da filosofia medieval se destacam, são eles a patrística e a escolástica. Patrística – período compreendido entre os séculos II e VIII da era Cristã. Este período da cultura cristã é designado com o nome de Patrística e representa o pensamento dos Padres da Igreja, que são os construtores da teologia católica, guias, mestres da doutrina Cristã. O pensamento grego é muito diferente do pensamento cristão herdado da cultura judaica, desta forma, seria necessário uma adaptação dos principais conceitos e ideias, de forma que os gregos pudessem compreender as bases do pensamento cristão. Elementos como criação, bem, mal, pecado, inferno entre outros, eram desconhecidos dos gregos, uma vez que estes eram politeístas e possuíam outros princípios. Dentre os pensadores desse período destaca-se Santo Agostinho. Ele desenvolve os conceitos de salvação, mal, pecado, livre-arbítrio. Escolástica – A Escolástica representa o último período do pensamento cristão, que vai do começo do século IX até o fim do século XVI, isto é, da constituição do sacro romano império bárbaro, ao fim da Idade Média, que se assinala geralmente com a descoberta da América (1492). Este período do pensamento cristão se designa com o nome de escolástica, porque era a filosofia ensinada nas escolas da época, pelos mestres, chamados, por isso, escolásticos. As matérias ensinadas nas escolas medievais eram representadas pelas chamadas artes liberais, divididas em trívio - gramática, retórica, dialética - e quadrívio - aritmética,
geometria, astronomia, música. A escolástica surge, historicamente, do especial desenvolvimento da dialética. Santo Tomás de Aquino é o pensador de mais destaque da dialética. Para Tomás de Aquino, porém, converge diretamente o pensamento helênico, na sistematização imponente de Aristóteles. O pensamento de Aristóteles chega a Tomás de Aquino enriquecido com os comentários pormenorizados, especialmente de pensadores árabes. A metafísica tomista pode-se dividir em geral e especial. A metafísica geral - ou ontologia - tem como objeto o ser em geral e as atribuições e leis relativas. A metafísica especial estuda o ser em suas grandes especificações: Deus, o espírito, o mundo. Daí temos a teologia racional - assim chamada, para distingui-la da teologia revelada; a psicologia racional (racional, porquanto é filosofia e se deve distinguir da moderna psicologia empírica, que é ciência experimental); a cosmologia ou filosofia da natureza (que estuda a natureza em suas causas primeiras, ao passo que a ciência experimental estuda a natureza em suas causas segundas).
Centro Educacional Brasil Central Modalidade: Educação de Jovens e Adultosa Distância Etapa: Ensino Médio Disciplina: Filosofia MÓDULO II – 2° ANO RENASCIMENTO Durante os séculos XV e XVI intensificou-se, na Europa, a produção artística e científica. Esse período ficou conhecido como Renascimento ou Renascença. O Renascimento foi uma nova visão de mundo estimulada pela burguesia em ascensão. Suas principais características eram o racionalismo (em oposição à fé), o antropocentrismo (em oposição ao teocentrismo) e o individualismo (em oposição ao coletivismo cristão). São características também desse momento o ressurgimento do comércio, o antropocentrismo (a valorização do homem), o surgimento da ciência, e o capitalismo financeiro. O Renascimento permite o desenvolvimento de novas teorias filosóficas, de novos movimentos de compreensão do mundo sem o crivo dominador da religião. Esse processo alcança todo o mundo conhecido e desconhecido, promovendo descobertas, navegações e novas relações entre os países. A principal característica deste momento é a liberdade criadora do intelecto humano.
questionar, proporcionando sempre novos conhecimentos. A ciência inicialmente confronta os conhecimentos fornecidos pelo senso comum, ou seja, pelos conhecimentos desenvolvidos pela tradição sem comprovação ou mesmo sem questionamento. Há no senso comum aspectos do misticismo, desejos e sentimentos, e ao contrário o senso científico baseia-se apenas na razão. As teorias podem ser, e geralmente são, concebidas antes de serem feitas as observações necessárias para testá-las. A "ciência" é à busca de ordem através de paradigmas que possibilite conhecer como o mundo se comporta em busca de soluções, por meio da razão. Paradigma – princípios formadores de uma teoria. A partir destes princípios todos os outros aspectos são aceitos. Atualmente aceita-se a teoria do big bang como a teoria formadora do universo, este é o paradigma para compreender o surgimento da Terra e suas alterações. A ciência se caracteriza pelo método utilizado para o seu desenvolvimento. Galileu Galilei e René Descartes são os principais pensadores responsáveis pelo desenvolvimento do método científico que pode ser rapidamente compreendido por:
SURGIMENTO DA CIÊNCIA Não é o objetivo tratar das condições que foram à causa do surgimento da ciência, mas é importante salientar que desde os gregos a humanidade busca um caminho mais racional e claro em relação ao desenvolvimento do conhecimento. O que faz com que um conhecimento seja considerado científico é a própria questão do método. Nesse momento a razão é a principal ferramenta, exclui-se a emoção, convicção religiosa e o misticismo, para daí aplicar um método que seja decisivo e conduza o pensamento para conhecer e
TEORIA DO CONHECIMENTO A teoria do conhecimento se interessa pela investigação da natureza, fontes e validade do conhecimento. Entre as questões principais que ela tenta responder estão as seguintes: O que é o conhecimento? Como nós o
alcançamos? Podemos conseguir meios para defendê-lo contra o desafio cético? Essas questões são, implicitamente, tão velhas quanto a própria filosofia. Mas, primordialmente na era moderna, a partir do século XVII em diante - como resultado do trabalho de Descartes e Locke em associação com a emergência da ciência moderna – é que ela tem ocupado um plano central na filosofia. Basicamente é conceituada como o estudo de assuntos que outras ciências não conseguem responder e se divide em quatro partes, sendo que três delas possuem correntes que tentam explicá-las: I - O conhecimento como problema, II - Origem do Conhecimento e III - Essência do Conhecimento e IV – Possibilidade do Conhecimento. Dentre as explicações da teoria do conhecimento surgem correntes que buscam a compreensão da questão do conhecimento. Veremos as principais e seus representantes.
RACIONALISMO Teoria do conhecimento que defende que o conhecimento deve ser buscado por todos, porém para ser alcançado exige que se dispensem completamente os sentidos, pois de acordo com Descartes, os sentidos podem ser enganados e toda a forma de conhecimento deve priorizar o raciocínio e deixar de lado os sentidos, só no intelecto é que o conhecimento pode ser alcançado. A fonte do conhecimento verdadeiro é a razão operando por si mesma, sem o auxílio da experiência sensível e controlando a própria experiência sensível. Alguns autores que defendem esta teoria são: Descartes, Espinosa, Leibniz e Pascal.
EMPIRISMO O empirismo é uma teoria filosófica que defende o conhecimento da razão, da verdade e das ideias racionais através da experiência. Os sentidos funcionam como coletores da realidade e transferem essas impressões para que o cérebro as analise. Através da vivência o conhecimento vai se acumulando e sendo organizado.
CRITICISMO KANTIANO Em sentido estrito, o termo criticismo é empregado para denominar a filosofia kantiana. Esta se propõe investigar as categorias ou formas a priori do entendimento. Sua meta consiste em chegar a determinar o que o entendimento e a razão podem conhecer, encontrando-se livres de toda experiência, bem como os limites impostos a este conhecimento. Procura aliar o conhecimento desenvolvido tanto pelo intelecto racionalista quanto pelo sentidos empíricos. Principais pensadores da Teoria do conhecimento: René Descartes – Nascido num pequeno povoado da França, desenvolve muito cedo estudos em matemática e filosofia. Defensor do racionalismo. Dedica-se a viajar e conhecer o mundo. Forma-se médico e matemático. Descartes quer estabelecer um método universal, inspirado no rigor matemático e em suas "longas cadeias de razão". Seu método consiste na evidência, análise, síntese e amplitude. Parte da dúvida questiona todas as possibilidades do conhecimento. Esta dúvida tem caráter metódico. Desenvolve a partir da dúvida o cogito, ou seja, através da possibilidade da dúvida chega na evidência da existência em “Penso, logo existo”. A partir do controle da natureza, através da ciência o homem torna-se “senhor da natureza”. Francis Bacon - O iniciador do empirismo é Francis Bacon. Desenvolve experiência e o método dedutivo. Entretanto, o que interessa mais a Bacon não é esta ciência dos princípios comuns, e sim a ciência da natureza, e, portanto, o Novum organum, que deveria conter precisamente as regras para a construção da ciência da natureza. O empirismo é a fonte do conhecimento segundo Bacon, porém o pensamento deve evitar cometer alguns erros. Na sua linguagem imaginosa Bacon chama as causas destes erros comuns, fantasmas - idola - e os divide em quatro grupos fundamentais. 1) Idola tribus (ídolos da tribo), a saber, os erros da raça humana "fundamentados em sua natureza como tal";
2) Idola specus (ídolos da caverna - por alusão à caverna de Platão) determinados pelas disposições subjetivas de cada um; 3) Idola fori, (ídolos do fórum) erros da praça, provenientes do comércio social ou da linguagem imperfeita; 4) Idola theatri, (ídolos do teatro) isto é, os erros provenientes das escolas filosóficas, que substituem o mundo real por um mundo fantástico, por um jogo cênico. John Locke – Grande entusiasta do empirismo, desenvolve uma teoria do conhecimento, mesmo aceitando a metafísica tradicional, e do senso comum pelo que concerne a Deus, à alma, à moral e à religião. No entanto, a experiência é dúplice: externa e interna. A primeira realiza-se através da sensação, e nos proporciona a representação dos objetos (chamados) externos: cores, sons, odores, sabores, extensão, forma, movimento, etc. A segunda realiza-se através da reflexão, que nos proporciona a representação das próprias operações exercidas pelo espírito sobre os objetos da sensação, como: conhecer, crer, lembrar, duvidar, querer, etc. Nas ideias proporcionadas pela sensibilidade externa, Locke distingue as qualidades primárias, absolutamente objetivas, e as qualidades secundárias, subjetivas (objetivas apenas em sua causa). Locke exclui absolutamente as ideias e os princípios que deles se formam, derivam da experiência; antes da experiência o espírito é como uma folha em branco, uma tabula rasa. A partir daí a nossa vivência vai completando esta „folha em branco e definindo novas conclusões a partir da experiência. Immanuel Kant - Kant distingue o conhecimento sensível (que abrange as instituições sensíveis) e o conhecimento inteligível (que trata das ideias metafísicas). O método de Immanuel Kant é a "crítica", isto é, a análise reflexiva. Consiste em remontar do conhecimento às condições que o tornam eventualmente legítimo. Os juízos rigorosamente verdadeiros, isto é, necessários e universais, são a priori, isto é independentes dos azares da experiência, sempre particular e contingente. Possui grandes questionamentos ‟
em relação à religiosidade, moral e ética, além da própria teoria do conhecimento.
ILUMINISMO Este movimento surgiu na França do século XVII e defendia o domínio da razão sobre a visão teocêntrica que dominava a Europa desde a Idade Média. Segundo os filósofos iluministas, essa forma de pensamento tinha o propósito de iluminar as trevas em que se encontrava a sociedade. Os pensadores que defendiam estes ideais acreditavam que o pensamento racional deveria ser levado adiante substituindo as crenças religiosas e o misticismo, que, segundo eles, bloqueavam a evolução do homem. O homem deveria ser o centro e passar a buscar respostas para as questões que, até então, eram justificadas somente pela fé. O Iluminismo foi mais intenso na França, onde influenciou a Revolução Francesa através de seu lema: Liberdade, igualdade e fraternidade. Também teve influência em outros movimentos sociais como na independência das colônias inglesas na América do Norte e na Inconfidência Mineira, ocorrida no Brasil. Principais representantes do iluminismo francês: Condillac: filósofo mais notável do iluminismo francês é Estevão Bannot de Condillac. Ele imagina o homem como uma estátua, privada de toda sensação (tabula rasa) e que, em dado momento, começa a ter uma sensação de olfato. A sensação odorosa (de uma rosa) torna-se memória, quando, afastada a primeira sensação e sobrevindo outra, a primeira permanece com uma intensidade atenuada. Montesquieu: A política de Montesquieu, exposta no Espírito das Leis (1748), surge como essencialmente racionalista. Ela se caracteriza pela busca de um justo equilíbrio entre a autoridade do poder e a liberdade do cidadão. Para que ninguém possa abusar da autoridade, "é preciso que, pela disposição das coisas, o poder detenha o poder". Daí a separação entre poder legislativo, poder executivo e poder judiciário. Montesquieu, porém, possui, sobretudo
concepção racionalista das leis que não resultam dos caprichos arbitrários do soberano, mas são "relações necessárias que derivam da natureza das coisas". Voltaire: Voltaire, inimigo encarniçado do cristianismo, é um deísta convicto: a organização do mundo, sua finalidade interna, só se explicam pela existência de um Criador inteligente. mantém o princípio de um Deus justiceiro. É certo que esse Deus policial é, sobretudo requisitado para manter a ordem social e as vantagens econômicas aproveitadas por Voltaire e os outros grandes burgueses.
FILOSOFIA POLÍTICA A filosofia enquanto pensamento reflexivo permeia por diversas áreas. Uma delas que se destaca a partir da idade moderna é a filosofia política. A filosofia política tem por objetivo analisar as relações entre os ideais para gerenciar a administração pública, a vida prática e as relações entre política e sociedade. Definindo política como toda relação social. A partir da consolidação dos estados nacionais na Europa, desenvolve-se a necessidade de compreensão dos movimentos políticos e seus significados. A origem da análise política inicia-se na modernidade e chega aos dias atuais com cada vez mais força. Os principais pensadores são: Nicolau Maquiavel - No inicio da modernidade, o pensamento político sofre uma profunda revolução com o pensamento de Maquiavel. Ele rejeita toda a filosofia política anterior que estava direcionada ao modo de governar. Em sua obra O príncipe, Maquiavel procurou mostrar a verdade efetiva dos fatos, bem como se da de fato a conquista e a manutenção do poder. Para Maquiavel o poder esta distante da ética, ao menos no sentido da teoria política grega. Maquiavel pode ser considerado o precursor da ciência política, tendo em vista vários aspectos, porém o mais relevante talvez seja o fato do mesmo ser o solo da ação dos governantes. Foi Maquiavel quem primeiro empregou o termo Estado no pensamento político. Sua ética é definida pela expressão: “os fins justificam os meios” e, daí, o poder
deve ser conquistado e mantido com a força necessária. Thomas Hobbes - É partindo dos fundamentos racionalistas, Hobbes elabora sua justificação para o despotismo. Para ele, o direito, em todos os casos, reduz-se à força; mas distingue dois momentos na história da humanidade: o estado natural e o estado político. No estado natural, o poder de cada um é medido por seu poder real; cada um tem exatamente tanto de direito quanto de força e todos só pensam na própria conservação e nos interesses pessoais. Isto leva a um momento de violência, onde permanece a luta de todos contra todos. Na expressão “o homem é o lobo do homem” chega à definição de que o homem possui a natureza má, ou seja, o homem naturalmente é levado ao mal, pela cobiça, inveja e etc. Para superar este estado violento, o homem submete-se ao poder do soberano. Renega o seu direito à liberdade para que o soberano instaure a paz. Jean Jacques Rousseau – A partir dos ideais deste pensador consolida-se a revolução francesa. Inicialmente este pensador parte do princípio contrário ao de Hobbes, compreende que o homem inicialmente é bom, ou seja, vive em equilíbrio com a natureza e com outros homens. Esta corresponde à teoria do bom selvagem, como por exemplo, a vida indígena. Porém, em algum momento, que não fica claro, os homens desenvolvem a propriedade privada. A sociedade a partir daí muda. Não há na sociedade chances e oportunidades para todos. O ato de possuir altera a concepção pacífica do homem, que a partir daí caí no estado de violência, de todos contra todos. O primeiro pensamento socialista é atribuído a Rousseau. Neste momento a sociedade estabelece um contrato social no qual os indivíduos se comprometem a cumprir um determinado papel, enquanto o soberano garante segurança e bem-estar a todos. John Locke - Locke não admite, naturalmente, ideias e princípios inatos nem sequer no campo da moral. A sua moral , todavia, é muito mais intelectualista do que empirista, pois ele lhe reconhece o caráter de verdadeira ciência, universal e necessária. Quanto à política, Locke deriva a lei civil da lei
natural, racional, moral, em virtude da qual todos os homens - como seres racionais - são livres e iguais, têm direito à vida e à propriedade; e, entretanto na vida política, não podem renunciar a estes direitos, sem renunciar à própria dignidade, à natureza humana. Locke admite um originário estado de natureza antes do estado civilizado. Não, porém, no sentido brutal e egoísta de inimizade universal, como dizia Hobbes; mas em um sentido moral, em virtude do qual cada um sente o dever racional de respeitar nos outros a mesma personalidade que nele se encontra. Locke admite também a passagem do estado de natureza ao estado civilizado, porquanto, no primeiro, falta à certeza e a regularidade da defesa e da punição, que existe no segundo, graças à autoridade do superior. Entretanto, estipulando este contrato social, os indivíduos não renunciam a todos os direitos, porquanto os direitos que constituem a natureza humana (vida, liberdade, bens), são inalienáveis. John Rawls – Pensador contemporâneo que a analisa as relações sociais frente ao poder público. Busca a compreensão de teorias muito necessárias atualmente como a justiça, a igualdade, as questões étnicas, etc. Segundo John Rawls, a correção das injustiças sociais, só pode advir da prática de uma política que vise à equidade. A partir da verificação dos setores sociais mais desfavorecidos (em razão da raça, sexo, cultura ou religião), devem-se criar mecanismos para que todos, não obstante as discrepâncias que haverão de existir, possam ser capazes de ter suas diferenças supridas e possam comungar de uma máxima efetivação da justiça social. Essas correções provirão a partir de um arcabouço inicial equânime, onde todos aduzem suas opiniões, delimitam os verdadeiros princípios de justiça e terminam numa concordância acerca daqueles que deverão configurar o estado inicial e as instituições que devem determinar a maximização dos direitos e deveres dos homens e a perpetuação do bem-estar social. A análise da política vai além da própria manifestação do pensamento político independente de ideologias ou posições políticas. Para a política é necessário também analisar as relações sociais, as implicações de
determinadas ações na vida do povo. As questões democráticas também serão conferidas pela filosofia de forma geral. A crítica sobre o papel político dos governantes, quanto dos próprios eleitores também é objeto de reflexões filosóficas. Segue um poema para levar a uma breve crítica.
O Analfabeto Político Bertolt Brecht O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.
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e
MÓDULO III – 3° ANO ASPECTOS DA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA As Filosofias do século XX trouxeram uma série de desenvolvimentos teóricos contrários em relação ao que se refere a validade do conhecimento através de conceitos e abstrações absolutas. As certezas decorrentes do pensamento clássico foram derrubadas, embora permaneçam como problemas sociais, econômicos e científicos, juntamente com formas novas de conflito e reivindicações concernentes à organização geopolítica e do sistema-mundo contemporâneo. O que é a lógica e o que é a ética? São perguntas que surgem após o século XX. As formas e caminhos para estes empreendimentos são diversos e distintos. Contudo, suponhamos que seja essencial uma unidade de sentido, diríamos que essas filosofias contestam princípios da ciência moderna (aproximadamente do séc. XVI ao séc. XX), novos estudos na filosofia da ciência, filosofia da matemática e a Epistemologia acrescentaram aparentemente tendências antagônicas na contabilidade da consciência e seus objetos. Os avanços na relatividade, na quântica, na física nuclear e, nas ciências generativas, como a ciência cognitiva, cibernética, genética e na rica produção literária, artística, como no Cinema e na Música, foram uma forma enriquecedora de propagar pensamentos filosóficos.
EXISTENCIALISMO Existencialismo é uma corrente filosófica surgida entre os séculos XIX e XX, a qual tem por base a afirmação dos ideais de liberdade, responsabilidade e subjetividade do ser humano. Esse, segundo o pensamento
filosófico, tem livre arbítrio e deve utilizar a razão para fazer as melhores escolhas. Essa corrente procura analisar o homem como indivíduo, e é ele quem faz sua própria existência. Percebe-se assim, a preocupação em explicar o sentido das vidas humanas de uma forma subjetiva, ao invés de se preocupar com verdades científicas relativas ao universo, que fora o centro de outras correntes filosóficas. Jean Paul Sartre – O objetivo de Sartre consiste em desacreditar a ideia de uma necessidade, exterior a nós, que derivaria de uma estabilidade das coisas ou de uma ordem moral objetiva. Os indivíduos já não são tributários de um caráter determinado ou de uma essência definida, donde resultariam todas as suas propriedades e todos os seus atos, nem dos constrangimentos que lhes vêm de fora, isto é, da sociedade ou de Deus. O princípio primeiro da existência concreta dos indivíduos tem que se situar numa opção profunda, absolutamente gratuita, pela qual eles se escolhem absolutamente. A negação ou a não necessidade de Deus permite a liberdade do indivíduo, pois não há nada determinado e desta forma o homem é o único responsável por suas atitudes. Desenvolve a máxima: “o homem é condenado a ser livre”. A partir daí desenvolve a importância da política e da escolha. A escolha é a fonte de liberdade humana.
PRAGMATISMO O pragmatismo é, antes de tudo, um método, do qual decorre uma teoria da verdade. Apesar de constituir um movimento aberto e antidogmático, e ainda que seus teóricos não tenham elaborado um sistema completo, há traços gerais comuns entre seus defensores. Para os pragmáticos, o conhecimento é concebido como essencialmente modificador da realidade, portanto, a construção da verdade deve corresponder à construção da própria realidade. Conhecimento e ação se convertem em termos equivalentes. O eixo central da teoria pragmática é a ênfase na utilidade “prática” da filosofia. O pragmatismo foi
entendido como uma perspectiva em torno do conceito de verdade que, em seu processo de expansão, atingiu os setores representados pela ética e a religião. A teoria pragmática da verdade sustenta que o critério de verdade está nos efeitos e conseqüências de uma ideia, em sua eficácia, em seu êxito, no que depende, portanto, da concretização dos resultados que espera obter.
UTILITARISMO Em teoria moral, o utilitarismo determina que o número de benefícios ou malefícios, que é originado em cada ação, determina diretamente o prazer e a dor para o maior número de indivíduos, como o prazer é identificado ao bem e a dor é identificada ao mal, o utilitarismo sustenta que o fazer bem produz a felicidade e que o fazer mal produz a infelicidade para o maior número de indivíduos. Embora não seja um princípio do Direito, o princípio da utilidade vai ser usado para justificar a punição de uma ação sempre que ela determina o equilíbrio entre a felicidade e a infelicidade, quando a punição é comparada a esta ação.
POSITIVISMO O positivismo admite, como fonte única de conhecimento e critério de verdade, a experiência, os fatos positivos, os dados sensíveis. Nenhuma metafísica, portanto, como interpretação, justificação transcendente ou imanente, da experiência. A filosofia é reduzida à metodologia e à sistematização das ciências. A lei única e suprema, que domina o mundo concebido positivisticamente, é a evolução necessária de uma indefectível energia naturalista, como resulta das ciências naturais. Dessas premissas teoréticas decorrem necessariamente as concepções morais hedonistas e utilitárias, que florescem no seio do positivismo.
ÉTICA Etimologicamente falando, ética vem do grego "ethos", e tem seu correlato no latim
"morale", com o mesmo significado: Conduta, ou relativo aos costumes. Podemos concluir que etimologicamente ética e moral são palavras sinônimas. Vários pensadores em diferentes épocas abordaram especificamente assuntos sobre a ÉTICA: Os pré-socráticos, Aristóteles, os Estóicos, os pensadores Cristãos (Patrísticos, escolásticos e nominalistas), Kant, Espinoza, Nietzsche, Paul Tillich etc. A ética, portanto consiste na análise da ação segundo a moral. Tem variados significados de acordo com a época em que se vive. Relaciona-se ética também a vida profissional. A uma espécie de tipo de conduta que deve ser realizado por um profissional. Principais tipos de ética: Ética normativa – Baseia-se em princípios e regras morais fixas. Ética profissional e religiosa na qual impõe obrigação das regras desenvolvidas. Ética Teleológica – Compreende-se por teleologia o alcance de um resultado. Baseia-se em ética imoral (não obedece aos princípios morais) e baseia-se também na ética de que os fins justificam os meios. Ética Situacional – Baseia-se em ética amoral (amoral diferencia-se de imoral, pois amoral representa uma cultura que não possui moral). Baseia-se nas circunstâncias. Tudo é relativo e temporal, tudo é possível, tudo vale.
ESTÉTICA A estética, como conceito e disciplina filosófica, ou melhor, como um dos objetos de estudos da filosofia, surgiu no final do século XVIII com Alexander Baumgarten, que a definiu como: "a ciência do conhecimento sensitivo". Essa ciência se propõe a investigar as capacidades naturais do conhecimento, suas potências e desenvolvimento, através de práticas perceptivas. Logo, podemos afirmar que além de ser a ciência da arte e do belo, a Estética trata de estilos de vida, no modo singular de ser, ver e de estar no mundo, segundo a arte e seu desenvolvimento. Portanto, analisar a arte é pensar a existência Estética do artista,
valendo-se de um modo de vida ou de uma maneira de viver, já que o artista tem um domínio afetivo da arte e a exterioriza através de sua liberdade e do seu processo de percepção.
FENOMENOLOGIA Compreende-se a fenomenologia como a visão contemporânea da teoria do conhecimento. Tem por objetivo a análise do conhecimento e dos objetos. Um bom começo no estudo da Fenomenologia é a definição da palavra fenômeno. Do grego phainomenon, particípio presente de phainesthai, parecer. Fenomenologia é, de fato, uma investigação que busca a essência inerente da aparência. A Fenomenologia nasceu, grosso modo, como um questionamento no modo científico de pensar: uma crítica à metafísica (postura epistemológica que fundamenta a técnica moderna de conhecimento). Ao discutir a questão do sentido do ser, Heidegger demonstra que a Fenomenologia compreende a verdade com um caráter de provisoriedade, mutabilidade e relatividade, radicalmente diferente do entendimento da metafísica que pressupõe a verdade una, estável e absoluta. Essa é uma das razões por que dizemos que a Fenomenologia é uma postura ou atitude (um modo de compreender o mundo) e não uma teoria (modo de explicar). A Fenomenologia orienta o seu olhar para o fenômeno, ou seja, na relação sujeito-objeto (ser-no-mundo). Isso, em última análise, representa o rompimento do clássico conceito sujeito/objeto.