O treino do corredor de meio fundo - reflexões e propostas de trabalho 2001/2002 Filipe Pedro Paulo Colaço
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Introdu o Ao longo dos ú ltimos anos temos vindo a assistir ao que muitos designam por crise do meio fundo e fundo fu ndo Portugu Por tugues, es, já que, n o só vã o escasse escasseando ando resul resultado tadoss de alto alto ní vel interna internacion cional, al, como como parece parece exist existirir uma falta falta de novos valores no meio fundo e fundo fun do nacional.
Doss Do ssie ierr de Pr Prop opos osta tass Pontos abordados
Se por um lado, os resultados que, durante muitos anos, atletas como Carlos Lopes, Fernando Mamede, Rosa Mota e mais recentemente Fernanda Ribeiro, Carla Sacramento, Rui Silva e Paulo Guerra nos foram habituando, se vã o transformando transformando em memó memó rias cada cada vez vez mais longí longí nquas, a verdade verdade é que a falta de profundidad profundidadee nos rankings rank ings nacionais nacionais nos parece parece indicar indicar,, para alé m de outros factores factores,, a possí vel existê existê ncia de problema problemass metodoló gicos no processo de treino a que temos temos que estar particularmente particularmente atentos. atentos. Se rejeitarmos a ideia de os atletas Portugueses da actualidade serem menos dotados geneticamente, teremos
• Os atletas (3) ent o que que ter ter em con conside sideraç raç o uma uma possí possí vel “de “desac sactua tualiz lizaçaç o” de mei meios os e mé tod todos os de tre treino ino que pos possa sa ter ter tornado os nossos atletas menos competitivos. • Factores limitantes no processo de treino (5) • Estrutur Estruturaçaç o e Planif Planifica ica o anual anual do proce processo sso de treino treino(6) (6) Nesta perspectiva, e inserido num projecto de Centro de Treino, integrado na cadeira de Metodologia II Capacid Capa cidade ade aeró aeró bia (10) (10) Atletismo, do 4º Ano da licenciatura em Desporto e Educaç o Fí sica da Faculdade de Ci ncias do Desporto Potêtê nc Po ncia ia aer bi biaa (11) (11) e de Educaç o Fí sica da Universidade do Porto, Porto, assumimos assumimos este trabalho como uma excelente oportunidade Capacid Capa cidade ade anaeró anaeró bia l cti ctica ca (12) (12) para a aquisiç aquisiç o de conhec conheciment imentos os e experiê experiê ncias decorr decorrente entess da activid actividade ade prá prá tica do do dia-a-dia dia-a-dia do corredor corredor de meio fundo e fundo de modo a que, numa perspectiva inovadora, possamos explora explorar r novos caminhos no Potêtê nc Po ncia ia anae anaeróró bi biaa (13) (13) processo de treino deste tipo de corredores. Rampas, dunas e corrida em areia (14) Trei reino no de for a (15) Neste Nes te sentid sentido, o, a elabor elaboraçaç o deste deste trabalh trabalhoo visou visou a concret concretizaç izaç o do referi referido do Centro Centro de Trein reinoo durante durante a é poc pocaa Té cni cnica ca de corrida corrida (31) (31) de 2001/2002 2001/2002,, com um grupo grupo de 5 atleta atletass de meio fundo e fundo fundo sob a orientaç orientaç o de Paulo Paulo Colaç o. Assim • Avaliaç Avaliaç o e control controloo fisioló fisioló gico do processo processo de treino treino sendo, ao longo da é poca fomos fomos desenvolvendo desenvolvendo todo um trabalho de elaboraç elaboraç o e acompanha acompanhamento mento do do processo de treino destes atletas. Mas, mais que acompanhar, observar, registar e relatar, a riqueza desta (40) experiê ncia permitiu-nos explorar, discutir, experimentar, experimentar, descobrir e contribuir para um vasto enriquecimento • Uma escola (in)suficiente? (45) pessoal ao ní vel do tre treino ino de meio fundo e fundo. Perante Perante as questõ questõ es e os problemas problemas com que diariamente • Conclusã Conclusã o (47)
nos depará depará mos, fomos procuran procurando do obter as as melhores melhores respostas respostas para cada cada situa o particular particular,, o que se traduziu traduziu num constante constante processo processo de aprendizag aprendizagem em e actualizaç actualizaç o de conhecimento conhecimentos.s.
A verdade é que a concretizaç o de um projecto deste gé nero obriga a que sejamos, acima de tudo, agentes de reflexã reflexã o, num processo processo em que que as dú vidas sã o constantes constantes e em que que os problemas problemas surgem surgem a todo todo o momento. momento. Estas sã o ent o as grand Estas grandee preocu preocupa pa es deste deste tra trabal balho ho.. Acima Acima de tudo tudo,, deixar deixar bem bem clar claroo nã o só os probl problem emas as surgidos, com com també m as perspectivas perspectivas que que se foram desenvolven desenvolvendo do e as reflexõ reflexõ es que fizeram fizeram parte do do nosso quotidiano. quotidi ano. Prete Pretendemos, ndemos, desde jájá , vincar vincar a nossa prefe preferêrê ncia pela pela reflexã reflexã o e discussã o em deter deterimento imento da mera acumulaç acumulaç o e registo de dados de treino. treino. Assim, e sempre sempre numa perspectiv perspectivaa de trabalho trabalho de grupo, fomos procurando encontrar encontrar novas formas de pensar o processo processo de treino, novos novos meios e mé todos de treino ou, tã o somente, somente, novos meios meios interpret interpretativ ativos os dos meios e m todos de treino treino à muito conhec conhecidos idos por todos todos n s. A procura de novos exercí exercí cios, de novas perspectivas perspectivas de treino, treino, de confronto com outras outras realidades e formas de abordar o processo de treino, foi algo que norteou a nossa actividade e que procuraremos reflectir neste relat rio. Isto Isto porque, porque, o treino, treino, talvez talvez a par par da medicina, medicina, é das actividade actividadess que mais mais reflex o exige por por parte parte do condutor condutor do processo processo.. A multiplicida multiplicidade de de factores factores que que intervê intervê m na melhoria melhoria da presta presta o desportiva, desportiva, a grande possibilidade possibilidade de ajustamen ajustamento to de diversos parâ parâ metros da carga, carga, a interferê ncia provocada provocada pela vida vida pessoal de cada atleta, atleta, entre tantos outros outros factores, fazem com que a vida de um treinador seja um autê autê ntico e constante sobressalto na consciê ncia e na atitude reflectiva que o deve caracterizar caracterizar.. Pelo menos, este foi o sentime sent imento nto com com que ficá ficá mos ap s a realizaç realizaç o deste deste trabalh trabalhoo e acredita acreditamos mos que que este rela relatótó rio possa possa consti constituir tuir,, no futuro, futuro, um ponto de referê ncia na procura procura de um trabalho trabalho cada vez mais mais evoluí do e eficaz no processo processo de treino.
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Doss Do ssie ierr de Pr Prop opos osta tass Pontos abordados
Se por um lado, os resultados que, durante muitos anos, atletas como Carlos Lopes, Fernando Mamede, Rosa Mota e mais recentemente Fernanda Ribeiro, Carla Sacramento, Rui Silva e Paulo Guerra nos foram habituando, se vã o transformando transformando em memó memó rias cada cada vez vez mais longí longí nquas, a verdade verdade é que a falta de profundidad profundidadee nos rankings rank ings nacionais nacionais nos parece parece indicar indicar,, para alé m de outros factores factores,, a possí vel existê existê ncia de problema problemass metodoló gicos no processo de treino a que temos temos que estar particularmente particularmente atentos. atentos. Se rejeitarmos a ideia de os atletas Portugueses da actualidade serem menos dotados geneticamente, teremos
• Os atletas (3) ent o que que ter ter em con conside sideraç raç o uma uma possí possí vel “de “desac sactua tualiz lizaçaç o” de mei meios os e mé tod todos os de tre treino ino que pos possa sa ter ter tornado os nossos atletas menos competitivos. • Factores limitantes no processo de treino (5) • Estrutur Estruturaçaç o e Planif Planifica ica o anual anual do proce processo sso de treino treino(6) (6) Nesta perspectiva, e inserido num projecto de Centro de Treino, integrado na cadeira de Metodologia II Capacid Capa cidade ade aeró aeró bia (10) (10) Atletismo, do 4º Ano da licenciatura em Desporto e Educaç o Fí sica da Faculdade de Ci ncias do Desporto Potêtê nc Po ncia ia aer bi biaa (11) (11) e de Educaç o Fí sica da Universidade do Porto, Porto, assumimos assumimos este trabalho como uma excelente oportunidade Capacid Capa cidade ade anaeró anaeró bia l cti ctica ca (12) (12) para a aquisiç aquisiç o de conhec conheciment imentos os e experiê experiê ncias decorr decorrente entess da activid actividade ade prá prá tica do do dia-a-dia dia-a-dia do corredor corredor de meio fundo e fundo de modo a que, numa perspectiva inovadora, possamos explora explorar r novos caminhos no Potêtê nc Po ncia ia anae anaeróró bi biaa (13) (13) processo de treino deste tipo de corredores. Rampas, dunas e corrida em areia (14) Trei reino no de for a (15) Neste Nes te sentid sentido, o, a elabor elaboraçaç o deste deste trabalh trabalhoo visou visou a concret concretizaç izaç o do referi referido do Centro Centro de Trein reinoo durante durante a é poc pocaa Té cni cnica ca de corrida corrida (31) (31) de 2001/2002 2001/2002,, com um grupo grupo de 5 atleta atletass de meio fundo e fundo fundo sob a orientaç orientaç o de Paulo Paulo Colaç o. Assim • Avaliaç Avaliaç o e control controloo fisioló fisioló gico do processo processo de treino treino sendo, ao longo da é poca fomos fomos desenvolvendo desenvolvendo todo um trabalho de elaboraç elaboraç o e acompanha acompanhamento mento do do processo de treino destes atletas. Mas, mais que acompanhar, observar, registar e relatar, a riqueza desta (40) experiê ncia permitiu-nos explorar, discutir, experimentar, experimentar, descobrir e contribuir para um vasto enriquecimento • Uma escola (in)suficiente? (45) pessoal ao ní vel do tre treino ino de meio fundo e fundo. Perante Perante as questõ questõ es e os problemas problemas com que diariamente • Conclusã Conclusã o (47)
nos depará depará mos, fomos procuran procurando do obter as as melhores melhores respostas respostas para cada cada situa o particular particular,, o que se traduziu traduziu num constante constante processo processo de aprendizag aprendizagem em e actualizaç actualizaç o de conhecimento conhecimentos.s.
A verdade é que a concretizaç o de um projecto deste gé nero obriga a que sejamos, acima de tudo, agentes de reflexã reflexã o, num processo processo em que que as dú vidas sã o constantes constantes e em que que os problemas problemas surgem surgem a todo todo o momento. momento. Estas sã o ent o as grand Estas grandee preocu preocupa pa es deste deste tra trabal balho ho.. Acima Acima de tudo tudo,, deixar deixar bem bem clar claroo nã o só os probl problem emas as surgidos, com com també m as perspectivas perspectivas que que se foram desenvolven desenvolvendo do e as reflexõ reflexõ es que fizeram fizeram parte do do nosso quotidiano. quotidi ano. Prete Pretendemos, ndemos, desde jájá , vincar vincar a nossa prefe preferêrê ncia pela pela reflexã reflexã o e discussã o em deter deterimento imento da mera acumulaç acumulaç o e registo de dados de treino. treino. Assim, e sempre sempre numa perspectiv perspectivaa de trabalho trabalho de grupo, fomos procurando encontrar encontrar novas formas de pensar o processo processo de treino, novos novos meios e mé todos de treino ou, tã o somente, somente, novos meios meios interpret interpretativ ativos os dos meios e m todos de treino treino à muito conhec conhecidos idos por todos todos n s. A procura de novos exercí exercí cios, de novas perspectivas perspectivas de treino, treino, de confronto com outras outras realidades e formas de abordar o processo de treino, foi algo que norteou a nossa actividade e que procuraremos reflectir neste relat rio. Isto Isto porque, porque, o treino, treino, talvez talvez a par par da medicina, medicina, é das actividade actividadess que mais mais reflex o exige por por parte parte do condutor condutor do processo processo.. A multiplicida multiplicidade de de factores factores que que intervê intervê m na melhoria melhoria da presta presta o desportiva, desportiva, a grande possibilidade possibilidade de ajustamen ajustamento to de diversos parâ parâ metros da carga, carga, a interferê ncia provocada provocada pela vida vida pessoal de cada atleta, atleta, entre tantos outros outros factores, fazem com que a vida de um treinador seja um autê autê ntico e constante sobressalto na consciê ncia e na atitude reflectiva que o deve caracterizar caracterizar.. Pelo menos, este foi o sentime sent imento nto com com que ficá ficá mos ap s a realizaç realizaç o deste deste trabalh trabalhoo e acredita acreditamos mos que que este rela relatótó rio possa possa consti constituir tuir,, no futuro, futuro, um ponto de referê ncia na procura procura de um trabalho trabalho cada vez mais mais evoluí do e eficaz no processo processo de treino.
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Os atletas
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1. Juan Oliveira Prin Pr inci cipai paiss dist dist nc ncia iass de comp compet etiçiç o 800m • Renato Silva 1.49.68 (02)
1500m • Pedro Carrasco 3.46.13 (92)
5000m • Licí nio Pimentel Pimentel 14.16 (00)
Meia Maratona • Jo o Pedro Pedro 1.04.32 (00)
30000 obstá 300 obstá cul culos os • Juan Oliveira 9.25.43 (01)
Data de Nascimento: 14 de Fevereiro de 1978 Morada: Vagos Nacionalidade: Venezuelana Profissã Profi ssã o: Desenh Desenhador ador Anos de Prá tica de Atletismo: 12 anos Clube que Representa: GRECAS Dados Antro Antropomé pomé trico tricoss Altura: 1,71 m Peso: 60 Kg Curriculum Desportivo • Iniciado II – 1992/93 2º classificado no Corta-Mato D.N. Jovem - Fase Nacional 2º classificado nos 1500 m D.N. D.N. Jovem – Fase Fase Nacional • Juvenil I – 1993/94 3º class classifica ificado do nos 1500 1500 m obstá culo culoss do Campeonato Campeonato Nacional Nacional • Juvenil II – 1994/95 Vencedor do cross do Agrupamento das Beiras - Zona Centro 5º classificado nos 3000 m do Campeonato Nacional Nacional (ar livre) Campe o Nacional Nacional de 1500 1500 m obst culo culoss • Jú nior I – 1995/96 Vencedor dos dos 3000 m obstá culos do Agrupamento das Beiras Beiras • S ni nioor Vencedor dos dos 3000 m obstá culos do Agrupamento das Beiras Beiras - 2001
2. Licí nio Pimentel Data de Nascimento: 12 de Abril de 1977 Morada: Mira Nacionalidade: Portuguesa Profissã Profi ssã o: Cabeleir Cabeleireiro eiro Anos de Prá tica de Atletismo: 10 anos Clube que Representa: GRECAS Dados Antro Antropomé pomé trico tricoss Altura: 1,68 m Peso: 55 Kg Curriculum Desportivo • Iniciado II – 1991/92 4º classificado no Corta-Mato D.N. Jovem - Fase Nacional 2º cla classi ssific ficado ado no no Cross Cross Inte Inter-r-Ass Associ ociaçaç es 4º classificado nos 800 m D.N. Jovem – Fase Fase Nacional • Juvenil I – 1992/93 5º classificado nos 800 m D.N. Jovem – Fase Fase Nacional • Juvenil II – 1993/94 3º cla classi ssific ficado ado no no Cross Cross Inte Inter-r-Ass Associ ociaçaç es 3º classificado no Campeonato Nacional Nacional de Cross Cross 4º classificado nos 1500 1500 m do Campeonato Nacional Nacional (ar livre) • Jú nior I – 1994/95 Vencedor dos dos 800 m do Agrupamento das Beiras – Zona Centro (ar livre) • Jú nior II – 1995/96 2º classificado no Cross Longo do Campeonato Militar Militar Vencedor dos dos 800 e 1500 m do do Agrupamento das Beiras – Zona Centro (ar livre) • S ni nioor 2º classificado no Cross Longo do Campeonato Militar Militar - 1997 Vencedor do Cross do Agrupamento das Beiras Beiras (sub-23 anos) – 1998; 1999 1999 Campeã o Nacional de Cross (sub-23 anos) - 1998 Vencedor dos dos 1500 m do Agrupamento das das Beiras (sub-23 anos)– 1998 Vencedor dos dos 3000 m do Agrupamento das Beiras Beiras (sub-23 anos) – 1999 Vencedor dos dos 5000 m do Agrupamento das das Beiras (sub-23 anos) – 1999 Vencedor dos dos 1500 m do Agrupamento das das Beiras – 2000 Vencedor dos dos 3000 m do Agrupamento das Beiras Beiras (pista coberta) – 2001 3
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Os Atletas Caracte Cara cteririzaç zaç o individua individuall
3. Pedro Carrasco Data de Nascimento: 2 de Fevereiro de 1972 Morada: Morad a: Vila Nova Nova de Famalicã Famalicã o Nacionalidade: Portuguesa Prof Pr ofisissãsã o: Té cn cnic icoo tê xt xtilil Anos de Prá tica de Atletismo: 16 anos anos Clubee que representa: Club representa: CCD Ribeirã Ribeirã o Dados Antro Antropomé pomé trico tricoss Altura: 1, 70 m Peso: 59 Kg Curriculum Desportivo • Iniciado II - 1986/87 Vencedor do Corta-Mato D.N. Jovem Jovem - Fase Nacional Vencedor dos dos 800 e 1500 m D.N. D.N. Jovem – Fase Nacional Vencedor do Cross da FISEC (Bé lgica) • Juvenil I - 1987/88 Campeã o Nacional Nacional de Cross Cross Vencedor do Cross da FISEC (Espanha) • Juvenil II - 1988/89 Campeã o Nacional Nacional de 1500 m (ar livre) livre) • Jú nior I - 1989/1990 1989/1990 3º classifi classificado cado nos nos 1500 1500 m do Campeonato Campeonato Naciona Nacionall (ar livre) • Jú nior II - 1990/91 3º classificado no Campeonato Nacional Nacional de Cross Cross Campeã o Nacional Nacional de 1500 m (ar livre) livre) Semifinalista do Campeonato Campeonato da Europa Europa de Juniores (Gré cia) em 1500 m • S nio iorr Campeã o Nacional de 1500 m (pista coberta) - 1995 Vice-campeã o Nacional de 1500 m (pista coberta) – 1992; 1999 3º classificado no Campeonato Campeonato Nacional de 800 m (pista coberta) – 1992; 1994
4. Renato Silva Data de Nascimento: 22 de Agosto de 1981 Morada: Vagos Nacionalidade: Portuguesa Profissã Profi ssã o: Estud Estudante ante Anos de Prá tica de Atletismo: 11 anos anos Clube que Representa: GRECAS Dados Antro Antropomé pomé trico tricoss Altura: 1,86 m Peso: 70 Kg Curriculum Desportivo • Iniciado II – 1995/96 Vencedor do cross do Agrupamento das Beiras – Zona Centro Vencedor do Km Jovem do Agrupamento das BeirasBeiras- Zona Centro 2º class classifica ificado do nos 800 m do Olí mpico Jovem Jovem – Fase Nacional Nacional • Juvenil I – 1996/97 2 classificado nos 1500m 1500m dos Jogos Desportivos Desportivos PALOP’S (Moç ambique) • Juvenil II – 1997/98 Vencedor do cross do Agrupamento das Beiras – Zona Centro Vencedorr dos 400 m/bar. da Fase Final do Nacio Vencedo Nacional nal de Clube Clubess - 2ª divisã o 3º classificado nos 400 m do Campeonato Nacional Nacional (ar livre) Vice-campeã o Nacional de 800 m (ar livre) • Jú nior I – 1998/99 Vencedor dos dos 400 m barreiras do Agrupamento das Beiras – Zona Zona Centro Vencedor dos dos 800 m do Agrupamento das Beiras – Zona Centro Recordista Distrital de 800 m ( pista coberta) – 1’56”00 Recordista Distrital de 800 m (ar livre) – 1’52”34 Participaç Parti cipaç o no Campeon Campeonato ato do Mundo de Corta-M Corta-Mato ato Escola Escola (Letó nia)
• Jú nior II – 1999/2000 Vice-campeã o Nacional de 800 m (pista coberta) Vencedor dos dos 800 m do Agrupamento das das Beiras – Zona Centro Vice-campeã o Nacional de 400 m barreiras barreiras (ar livre) Vice-campeã o Nacional de 800 m (ar (ar livre) Recordista Distrital Distrital Jú nior e Absoluto Absoluto de 400 m barreiras (ar livre) livre) – 53”98 • Sé ni nioor Vencedor dos dos 800 m do Agrupamento das das Beiras – Zona Centro – 2001 2001 3º classificado nos 800 m do Campeonato Nacional Nacional de Sub-23 anos (ar livre) livre) - 2001
5. Joã o Pedro Pedro Data de Nascimento: 28 de Junho de 1974 Morada: Vagos Nacionalidade: Portuguesa Profissã Profi ssã o: Auxi Auxiliar liar Administrativ Administrativoo Anos de Prá tica de Atletismo: 17 anos anos Clube que representa: SC Salgueiros Dados Antro Antropomé pomé trico tricoss Altura: 1,76 m Peso: 59 Kg Curriculum Desportivo • Juvenil II – 1990/91 Campe o Nacional Nacional de Cross Cross Vice-campeã o Nacional de 3000m (ar livre) livre) Recordista de Aveiro de 3000m (ar livre) - 8’34” • Jú nior II – 1992/93 4º classificado no Campeonato Nacional Nacional de Cross 57º classificado no Campeonato do Mundo de Cross (Espanha) 3º classificado nos 5000m do Campeonato Nacional Nacional (ar livre) Mí nimos A em 5000m (14’19”) para o Campeonato da Europa de Juniores Juniores • Sé ni nioor 13º class classifica ificado do no Cross Cross de La Mandri Mandriaa (Itá lia) -1996 -1996 Vice-campeã o Nacional de Sub-23 de 5000m 5000m (ar livre) – 1996 11º classificado no Cross Internacional de Fuensalida Fuensalida (Espanha) - 1997
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Factores limitantes Sã o bem conhecidas as necessidades do treino de Alto Rendimento. Necessidades que obrigam os atletas a disporem do tempo necessá rio para repouso, processos de recuperaç o, apoio mé dico, mas, acima de tudo, do tempo necessá rio para que as cargas aplicadas possam ser devidamente assimiladas pelo organismo. Nã o foi por acaso, que Moniz Pereira tanto lutou por obter as condiç es de tempo necessá rias para que os seus atletas pudessem competir de igual forma com os melhores atletas do mundo em grandes competi es internacionais. A falta de tempo para a prepara o dos seus atletas era o motivo principal que limitava a obtenç o dos resultados considerados poss veis para os seus atletas (Pereira, 1980). A obtenç o das condi es de tempo necessá rias para o processo de treino, foi, segundo Moniz Pereira, o principal factor para que surgissem no panorama internacional atletas como Carlos Lopes, Fernando Mamede, Aniceto Simõ es, Anacleto Pinto e Helder Jesus. Ao longo dos anos, com o evoluir dos processos de treino, melhoria constante de marcas e aumento do volume e intensidade de treino, esta questã o é ainda mais premente. Actualmente, qualquer atleta que procure um elevado ní vel de prestaç es tem for osamente de dispô r de facilidades profissionais e de tempo disponí vel para treinar e descansar. Esta é uma realidade que nã o podí amos deixar de abordar neste trabalho, já que , na nossa perspectiva, um dos factores que mais tê m condicionado a actividade desportiva dos atletas que acompanhamos. Foi perfeitamente visí vel a interferê ncia negativa da falta de tempo para treinar e descansar, as consequê ncias em alguns atletas de uma vida particularmente agitada e as consequentes quebras repentinas de rendimento associadas a este modo de vida muito pouco propí cio ao treino. Por outro lado, tendo em conta a impossibilidade destes atletas disporem de maiores facilidades que lhes permitam treinar e descansar mais, a responsabilidade de orientaç o por parte do treinador tem de reflectir diariamente este problema. Treinar atletas nestas circunstâ ncias exige por parte do treinador uma grande flexibilidade no cumprimento do treino planeado. Mais do que cumprir um determinado plano de treino e determinados volumes e intensidades de trabalho, torna-se absolutamente necessá rio adequar o trabalho previsto s condiç es em que o atleta se encontra diariamente no local de treino. “ Actualmente, nã o podemos admitir que os nossos atletas, que treinam 90 minutos por dia apó s oito horas de trabalho profissional, vã o competir, com aqueles que se preparam duas e trê s vezes por dia, num total de seis horas, seguido do necessá rio repouso reparador”. Moniz Pereira (1975).
Este foi um dos pontos chaves que nos pareceu influenciar determinantemente todo o processo de treino. Algo que sentimos ser necessá rio integrar no nosso pensamento como treinadores. Aliá s, ser treinador nestas circunst ncias, exige cuidados mais especiais do que treinar atletas que tê m outra possibilidade de assimilaç o das cargas de treino. Trata-se assim de um problema que mereceu destaque da nossa parte, já que a realidade do cumprimento do plano de treino (por vezes levada a extremos prejudiciais ao atleta) é , nestas circunstâ ncias, uma verdadeira utopia.
Plano de Preparaç o Olí m pica. Bibliografia aconselhada: Pereira, M. (1980). Carlos Lopes e a Escola Portuguesa de Meio Fundo. Sá da Costa Editora.
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Planifica o do treino Esta é a parte inicial e decisiva no processo de treino. Trata-se de um verdadeiro mapa de orientaç o para o treinador, atravé s do qual se consegue ter uma perspectiva de trabalho longitudinal mais eficaz e segura. Condicionantes
Como pudemos verificar anteriormente, na verdade, todos os atletas do nosso grupo de treino, tinham diferentes condicionantes que limitaram de uma forma decisiva o cumprimento da planificaç o definida anteriormente. Desses factores destacamos, para cada atleta, os seguintes: - Juan Oliveira: Trabalho na á rea do desenho té cnico estando simultaneamente a trabalhar e a estudar. Com uma vida relativamente agitada, foi sofrendo com frequê ncia diversas perturbaç es digestivas devido a deficiê ncias do foro alimentar, provocadas pela comida fornecida no local de estudo. - Licí nio Pimentel: Com uma vida nã o muito agitada, mas que sempre o obrigou a passar longas horas do dia de p , devido à sua profiss o (cabeleireiro). O seu processo de recuperaç o é bastante dificultado, apresentando queixas frequentes ao ní vel muscular e acusando sempre uma grande dificuldade de recupera o de treino para treino.
Links de interesse: •http://www.centralparktc.org/middle.htm •http://www.centralparktc.org/roadwork00.htm •http://www.pnc.c
- Pedro Carrasco: Atleta com uma vida muito difí cil. Iniciou a é poca desportiva a trabalhar longe de casa, fazendo muitas horas de trabalho e com necessidade de sair de casa muito cedo e regressando muito tarde. Durante este perí odo, nunca conseguiu treinar com o grupo de treino a nã o ser ao fimde-semana. Curiosamente, este atleta teve uma grande subida de forma coincidente com um perí odo da é poca em que esteve desempregado por vá rios meses. - Renato Silva: Estudante e, de todos os atletas do grupo de treino, o que maiores facilidades tinha para o treino, já que apesar de ter deslocaç es diá rias para a escola onde passa grande parte do dia, foi, ainda assim, o que apresentou maior flexibilidade de horá rios.
Bibliografia aconselhada:
•Bravo, J.; Pascua, M.; Gil, F.; Ballesteros J. e Campra, E. (1990). Atletismo I- Carreras e Marcha. Comité Olí mpico Españ ol. •Benson, T. e Ray, I. (1998). Run with the best. Tafnews. •Brook, N. (1992). E ndurance Running Events. British Athletic Federation. •Daniels, J. (1998). Daniel’s Running Formula. Human Kinetics. •Fleck, J. e Kraemer, J. (1997). Designing Resistance Training Programs. Human Kinetics. •Greene, L. e Pate, R. (1997). Training for young distance runners. Human Kinetics. •Jarver, J. (1979). Middle Distances. Tafnews. •Martin, D. e Co e, P. (1994). Training Distance Runners. Leisure Press.
- Joã o Pedro: Uma vida particularmente agitada, com responsabilidade de secretariado numa empresa agrí cola. A sua vida profissional sempre se caracterizou por lhe provocar uma acomula o excessiva de stress ao qual nunca respondeu da melhor forma. Perante este panorama, foi absolutamente necessá rio ter as seguintes precauç es: 1. Optar por um modelo de periodizaç o simples, de modo a evitar, com os anos anteriores, uma acomulaç o de perí odos competitivos com as consequentes agressõ es que provocam. 2. Optar por uma má xima flexibiliza o do processo de treino, respeitando ao má ximo as sensaç es de fadiga individuais de modo a evitar uma maior acumulaç o de carga quando os atletas, na realidade, nã o estã o preparados para a receber e assimilar. 3. Optar por, em determinados momentos de maior dificuldade individual, diminuir a carga de treino ou mesmo optar por perí odos de descanso, mesmo que estes nã o estejam previstos no plano de treino.
•Paiva, M. (1995). Escola Portuguesa de Meio fundo e fundo, mito ou realidade? FCDEF - Universidade do Porto. 6
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Estrutura o e planificaç o anual do processo de treino C o ns id er a e s b á s ic as
Sem se esquecer todas estas condicionantes no processo de treino com reflexos evidentes em toda a planificaç o anual, houve um conjunto de ideias chave que fomos registando ao longo desta é poca desportiva e que nos parecem ser particularmente importantes para orientar a nossa actividade no processo de treino: (i) Uma boa planificaç o de treino, que permita uma boa progressã o na capacidade de rendimento deverá ser capaz de prevenir o surgimento de les es. Deste modo a planificaç o deve prever um desenvolvimento harmonioso da forç a, velocidade e resistê ncia durante todo o ano desportivo. (ii) A evoluç o de um ní vel de preparaç o baixo até ní veis de rendimento mais elevados, deverá ser muito progressiva e incluir uma grande diversidade de exercí cios e cvá rios estí mulos para as diferentes apacidades motoras. (iii) A diversidade de meios e exercí cios utilizados é fundamental para criar uma adaptaç o gradual no organismo com estí mulos de treino que devem variar ao longo do ano. (iv) Promover um trabalho constante que vise uma mobilizaç o das fibras de contracç o rá pida, de modo a manter uma boa capacidade de enerva o muscular e de velocidade de contra o das fibras. (v) Utiliza o de corridas a diferentes intensidades de esfor o. (vi) Procurar uma grande variabilidade nos locais de treino. Esta preocupaç o, na nossa perspectiva, em especial no trabalho com jovens corredores assume-se assim como algo de particularmente importante para garantir um maior aproveitamento de todo o trabalho realizado. (vii) Assumir o treino da forç a como umas das capacidade motoras mais importantes para o rendimento do corredor. Melhoria da capacidade aeró bia
•Corrida cont nua de mé dia/longa dura o. •Perí odos de corrida normalmente de 30 a 60 minutos. •Objectivo bá sico: adaptaç o cardiovascular à corrida. •Esforç o entre 70% a 80% do VO2max. •Intensidades vigiadas de modo a evitar intensidades de corrida exageradamente rá pidas.
Té cnica de corrida
•Exercí c ios té cnicos de corrida (skippings). •Corrida curtas de velocidade com correc o té cnica. •Corridas de velocidade realizadas em pequen as descidas. •Passadas saltadas. •Pé s coxinhos
Melhoria da Potê ncia aer bia •Corridas de fartlek com variaç es de intensidade e inclinaç es de terreno. •Treinos de 2 a 8 minutos de corrida r pida a velocidades pró ximas da Velocidade Má xima Aeró bia ( VMA ). •Treinos intervalados com perí o dos de recuperaç o compreendidos entre 40” a 1’30” de acordo com o tipo de treino. •Distâ ncias utilizadas compreedidas entre 100 metros e 400m. •Treinos fraccionados com distâ ncias de 800 a 3.000 metros e intervalos normalmente de 2 a 3 minutos.
Manutenç o de um bom n í v e l de s a d e
Massagem e recuperaç o N utr i o
Melhoria da capacidade anaeró bia
•Corridas rá pidas com distâ ncias de 200 a 800 metros a intensidades iguais ou superiores a 95% d o VO2max. •Repetiç es de distâ ncias curtas percorridas a um ritmo superior ao VO2 max . •Recuperaç es completas.
Avalia o e c ont rolo do t rein o Repouso Treino de forç a
•Treinos em circuito. •Escadas (em esforç o conc ntrico e excê ntrico). •Rampas. •Corridas curtas em areia.
Mobilidade geral
•Exercí cios de flexibilidade. •Exercí c ios gerais para o desenvolvimento da forç a. •Lanç amentos. •Jogos.
Figura 1 - Preocupaç es bá sicas na estruturaç o dos conteú dos de treino para o desenvolvimento das diferentes capacidades motoras que consideramos fundamentais para os atletas do nosso grupo.
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Estrutura o e planificaç o anual do processo de treino Pe rio d iz a o
A periodizaç o anual de treino para os atletas, baseada numa periodizaç o simples, foi organizada da segunite forma: Etapa de base Etapa fundamental Etapa espec fica Etapa pré -competitiva Etapa competitiva Etapa de transi o
Setembro/Outubro Outubro/Novembro/Dezembro/ Janeiro Fevereiro/Març o/Abril Maio/Junho Junho/Julho Agosto
6 semanas 16 semanas 12 semanas 6 semanas 9 semanas 4 semanas
Figura 2 - Estrutura de periodizaç o simples definida para a é poca desportiva de 2002.
O excesso de competiç es ao longo de uma é poca desportiva obriga, por vezes, os atletas a terem de responder a um ní vel competitivo elevado ao longo de quase todo o ano. Este facto, por si só , pode proporcionar situaç es de sobre-treino, favorecer o aparecimento de lesõ es e mesmo alguma desmotivaç o dos atletas perante a competiç o. Por este facto, parece-nos importante a perspectiva de fazer intercalar entre é pocas desportivas de dupla periodiza o, é pocas de periodizaç o simples, que permitam alguma diminuiç o de quantidade de treino especí fico e, com isso, promover uma poca de recupera o do atleta. Contudo, esta nã o parece ser uma preocupa o normalmente praticada no nosso paí s (Paiva, 1995), já que as solicita es dos clubes levam a que, normalmente, o corredor de meio fundo Portugues tenha sempre dois grandes per odos competitivos por é poca, normalmente associados ao corta-mato de Inverno e a um per odo de pista no Verã o (Figura 3)
Figura 3 - Periodizaç o anual considerando as alteraç es efectuadas em cada uma das fases de treino adoptadas por Moniz Pereira (Paiva, 1995). Legenda: PP1 - Perí odo Preparató rio 1; PC 1 - Perí odo Competitivo 1; PT 1 Per odo de Transiç o 1; PP2 - Perí o do Preparató rio 2; PC 2 - Per odo Competitivo 2; PT 2 - Perí odo de transiç o 2; EPG - Etapa de Preparaç o Geral; EPE 1 - Etapa de Preparaç o Especí fica 1; EC1 Etapa Competitiva 1; ET1 - Etapa de Transiç o 1; EPE2 - Etapa de Preparaç o Especí f ica 2; EC 2 - Etapa Competitiva 2; ET 2 - Etapa de Transiç o 2.
De qualquer modo, esta perspectiva de periodiza o simples pode ter repercussõ es importantes na pró xima poca desportiva que, ao ser estruturada na base de uma dupla periodizaç o, poderá ter reflexos bem positivos nos dois per odos competitivos da pró xima poca. Esta perspectiva ultrapassa, deste modo, o simples conceito de preparaç o anual, estando definido um modelo de preparaç o plurianual que, nã o tendo sido objectivo deste Centro de Treino, fica apenas abordado nas suas preocupa es mais importantes. Deste modo, e apesar desta opç o se poder reflectir numa poca com resultados um pouco aqué m do que se poderia prever, a sua introduç o poderá ser particularmente importante nas é pocas seguintes. Esta opç o tem ainda reflexos nos conte dos de treino utilizados, já que contempla menor especificidade do treino, bem como ní veis de intensidade globais mais baixos do longo da é poca. A componente mais geral do trabalho realizado, é superior a outras é pocas de dupla periodizaç o e esta opç o obriga a que a selecç o dos meios e mé todos de treino seja criteriosamente realizada, de modo evitar exageros nas intensidades do trabalho realizado ao longo da é poca desportiva.
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Estruturaç o e planificaç o anual do processo de treino Conte dos de treino
No que diz respeito à distribuiç o dos m todos de treino ao longo da é poca desportiva podemos desde já realç ar a preocupa o que houve nã o só na sua variabilidade, como també m na forma como foram colocadas de acordo com a etapa de treino em que os atletas se encontravam (figura 4).
Figura 4 - Distibuiç o dos diferentes meios e mé todos de treino ao longo da é poca desportiva (nú mero de sessõ es semanais).
A forma como estes conte dos de treino foram organizados ao longo da é poca, obedeceu nã o só ao respeito pelos princí pios do treino, mas també m ao respeito pelas dificuldades em conciliar a execuç o de um plano de treino com a vida pessoal de cada atleta, que tantas vezes impossibilitou a concretizaç o das tarefas de treino previstas. Neste sentido, apesar das dificuldades, preocupamo-nos em definir a estrutura base, salvarguadando sempre a possibilidade de a alterar de acordo com todas as condicionantes existentes (figura 5).
Figura 5 - Apresentaç o simplificada dos conteú dos de treino em cada uma das etapas de treino. Legenda: cc - Corrida contí n ua;
A variabilidade dos conteú dos de treino sentiu-se preferencialmente ao ní vel da estrutura do treino definida para cada dia. O facto de ser necessá rio conciliar horá rios de treino especí ficos para que todos nos pudessemos encontrar num determinado local de treino, conforme o treino seleccionado para esse dia, fez com que, ao longo de quase toda a poca desportiva, os dias destinados para cada mé todo de treino, fossem sempre os mesmos. Esta situaç o é , na nossa opiniã o, longe de ser a melhor, já que os atletas sã o levados a desenvolver rotinas pouco favorá vies aos seus ní veis de motivaç o para determinado tipo de treino mais exigente. Contudo, acaba por ser a soluç o poss vel que permite a sua realizaç o para todo o grupo de treino. Ainda assim, sempre que possí vel, procurouse que os dias destinados a determinados tipos de treino mais exigentes pudessem variar.
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Estruturaç o e planificaç o anual do processo de treino Capacidade Aeró bia
Um dos aspectos fundamentais de qualquer modelo de planificaç o anual, reside na correcta selec o dos Meios e Mé todos de treino adequados para o desenvolvimento de cada capacidade fí sica. De seguida desenvolveremos, em detalhe, a forma como foram seleccionados e organizados ao longo desta é poca desportiva, procurando sempre que possí vel propor novas experiê ncias ao ní vel do treino. CAPACIDADE AERÓ BIA
Figura 6- A escolha de locais de treino agradá veis e em contacto permanente com a natureza foi umas das preocupaç es constantes ao longo de toda a é poca desportiva.
(i) Corrida cont nua Duraç o: Normalmente entre 40 a 60’. Para o atleta Joã o Pedro estes perí odos de corrida contí nua chegaram a treinos de 1.45h, já que os volumes de treino eram superiores tendo em conta os seus objectivos competitivos. Por oposiç o, o atleta Renato Silva (atleta de 800m) fez sempre volumes de corrida mais reduzidos e ligeiramente mais rá pidos tendo em conta a especificidade da sua distâ ncia de competiç o. Intensidade: Deve ser uniforme, até 60% do VO2max, com velocidades de corrida normalmente compreendidas entre 3’.40” para os treinos de corrí da contí nua lenta; de 3’.15” a 3’.40” para teinos de corrida contí nua r pida. Local de treino: Preferencialmente plano, para evitar alteraç es de ritmo e permitir um bom estado de equilí brio durante a corrida. (ii) Fartlek Duraç o: Habitualmente de 20 a 45’. Dadas as exig
ncias deste tipo de treino, a sua duraç o nã o dever ultrapassar uma hora de esforç o (Bravo et al., 1990). Contudo, e tendo em conta que utilizá mos este tipo de trabalho preferencialmente no iní cio da é poca, em que os ní veis fí sicos dos atletas ainda sã o relativamente baixos, nã o ultrapass mos perí odos de 45’. Intensidade: Este tipo de trabalho caracteriza-se precisamente por uma grande variabilidade nas intensidades de corrida, que podem variar de acordo com o pré -estabelecido pelo treinador ou mesmo pelo pró prio atleta, ou de acordo com as caracterí sticas acidentais do terreno. Local de treino: Os locais de treino foram sempre zonas com terreno acidentado e preferencialmente em contacto com a natureza, com percursos agradá veis que motivassem os atletas a, de uma forma natural,, imprimirem ritmos de corrida fortes, nos perí odos definidos para tal. Propostas: • Maior individualizaç
Bibliografia aconselhada: Santos P. (1995). Controlo do treino em corredores de meio fundo e fundo-avalia ç o da capacidade aeró bia com base no limiar lá ctico das 4 mmol/l determinado em testes de terreno. Dissertaç o apresentada à s provas de doutoramento. Faculdade de Ci ncias do Desporto e de Educaç o Fí s ica da Universidade do Porto.
Nota: Uma perspectiva interessante para a melhoria do sistema aeró bio, é -nos proposta por Daniels, naquilo que o autor define como tempos de corrida realizados à intensidade correspondente ao limiar anaeró bio. Neste sentido, propõ e a realizaç o de treinos de 20’ a esta intensid ade, ou de treinos em que sã o repetidas corridas de 1 a 10’ (ou mesmo 15’) com intervalos muito curtos (normalmente de um m inuto ou menos).
o das intensidades de corrida. Esta é uma das maiores dificuldades associadas ao desenvolvimento da capacidade aeró bia. Normalmente os atletas tê m uma tendê ncia para realizarem a sua corrida a intensidades demasiado elevadas. Este um problema comum no Meio Fundo Portuguê s e bem descrito em alguns trabalhos experimentais (Santos, 1995). Torna-se assim necess rio, alé m da determinaç o das intensidades adequadas para cada atleta, consciencializá -los para que compreendam a necessidade de, em determinados treinos, as intensidades terem de respeitar com rigor as velocidades determinadas. • Aumento do volume de treino aeró
bio. É controversa a determina o dos volumes ó ptimos de corrida para um corredor de meio fundo (Bravo et al., 1990). Sã o vá rios os treinadores que utilizam volumes de corrida consideravelmente diferentes e que obtê m resultados bastante relevantes, Pareceu-nos que um ligeiro incremento dos volumes globais de corrida contí nua poderia trazer benefí cios para todos os atletas deste grupo de treino. Contudo, a pouca disponibilidade para se poder aumentar esses volumes e para permitir que a carga administrada tivesse o respectivo perí odo de recuperaç o e assimilaç o da carga, levou-nos a manter volumes que consideramos mais baixos do que os desejá veis.
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Estrutura o e planificaç o anual do processo de treino Po t n cia A e r b ia
POTÊ NCIA AERÓ BIA
(i) Treino Fraccionado Dist ncias : Utilizá mos preferencialmente dist ncias de 800/1000/1500/2000 e 3000m. Intensidade: Normalmente individualizada, tendo por base as velocidades determinadas nos testes
da V4 entretanto realizados (velocidade de corrida correspondente ao limiar das 4 mmol). Intervalo: De 1 a 3 minutos. (ii) Treino intervalado Distâ ncias: Principalmente 200 e 400m. Intensidade: Adequada a cada grupo de atletas, de acordo com as disciplinas efectuadas. Por exemplo, num treino de repetiç es de 400m, poderí amos ter a seguinte estrutura: Joã o Pedro (Estrada/Meia Maratona) - 12x400 para 65/66” Licí nio Pimentel (1500/5000m) - 12x400 para 64/65” Pedro Carrasco (1500) - 12x400 para 63/64” Renato Silva (800m) - 10x400 para 66” Intervalo: De 1 minuto a 1’30” Propostas: Figura 7 - Algumas dificuldades em utilizar uma pista em alguns treinos e por outro lado a necessidade de fazer variar os locais de treino, levou a que durante a é poca desportiv a, alguns treinos fraccionados fossem realizados fora da pista de atletismo.
• Maior combina o de dist ncias na mesma sessã o de treino. Apesar de nã o permitir tã o facilmente uma perspectiva comparativa entre diferentes sessõ es de treino, esta estrat gia pode ter uma influê ncia muito positiva nos ní veis de motivaç o dos atletas durante o treino. • Realizaç
o de treinos intervalados na pista com sapatos de competiç o no perí odo pré -competitivo. Tendo por base as dificuldades de que falá mos anteriormente, nem sempre realizá mos os treinos intervalados na pista. Contudo, a maior especificidade necessá ria a partir do perí odo pré -competitivo, deverá concretizar-se na realizaç o destes treinos na pista, com os sapatos de competiç o, de modo a que o atleta possa realizar os treinos a velocidades muito pró ximas das velocidades de competiç o. Este cuidado terá consequê ncias positivas na atitude t cnica do atleta e num trabalho muscular altamente especí fico. Notas Finais: A estrutura de trabalho com vista à melhoria dos ní veis de Potê ncia Aeró bia é , na sua essê ncia, bastante semelhante à que tem vindo a ser protagonizado pela maioria dos treinadores portugueses (Paiva, 1995). Contudo, o acesso a determinadas forma de avalia o fisioló gica tem-nos permitido um trabalho mais individualizado procurando encontrar intensidades de esforç o especí ficas para cada atleta. Desta forma, o treino em grupo ganha uma nova dimens o na construc o de sub-grupos de treino de acordo com a sua capacidade aeró bia, podendo mesmo haver alteraç es de um atleta de um grupo para outro grupo, mediante alteraç es que se venham a verificar nas suas capacidades. Esta situa o ocorreu particularmente com o atleta Pedro Carrasco, que ao longo da é poca desportiva teve alteraç es muito significativas nos seus indicadores aeró bios (nomeadamente na VMA e V4), que motivaram a alteraç o significativa das suas intensidades de corrida neste tipo de trabalho. Contudo, as distâ ncias utilizadas, n mero de repetiç es e intervalos sã o muito semelhantes aos protagonizados em Portugal, pela Escola Portuguesa de Meio Fundo e Fundo.
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Estruturaç o e planificaç o anual do processo de treino Capacidade Anaeró bia Lá ctica
CAPACIDADE ANAERÓ BIA LÁ CTICA
(i) Treino Intervalado Intensivo Distâ ncias: Sã o quase sempre de 200 e 400m. Intensidade: Elevada. Por exemplo, para atletas que efectuem treinos intervalados extensivos de 400m para 63/65”, realizaram este tipo de treino para 58/60”. Intervalo: entre repetiç es:60”; entre sé ries:3’.
(ii) Treino de ritmo-resistê ncia Distâ ncias : Normalmente, utilizá
mos distâ ncias de 500m, 800m, 1000m e 1200m, muitas vezes
combinadas entre si. Intensidade: Elevada, pr xima das intensidades de competiç o. Aliá s, este tipo de trabalho com a aproximaç o do perí odo competitivo, ganha caracterí sticas que nos permitem designá -lo por treino de ritmo, já que a velocidade de corrida se aproxima muito das intensidades de competi o. Intervalo: De 3 a 8’. (ii) Treino de ritmo-competiç o Distâ ncias: 2 a 4 repetiç es inferiores à dist ncia da competi o. Int ensidade: Com ritmos de passagem semelhantes aos pretendidos para a competiç o. Intervalo: De 10 a 20’. Figura 8 - De todos os atletas da amostra, Renato Silva foi, naturalmente, o atle ta que mais trabalhou o sistema anaeró bio dada a elevada dependê ncia que o tipo de competi es que realiza apresenta em relaç o ao metabolismo anaeró bio l ctico.
Propostas: • Realizaç
o em condi es mais pró ximas das competitivas. Pelos motivos já enunciados anteriormente este tipo de trabalho foi frequentemente realizado fora da pista de atletismo, o que, na nossa opiniã o, terá contribuido para que o proveito deste tipo de treino nã o seja atingido na sua plenitude. Seria por isso adequado que os atletas efectuassem o seu treino na pista com sapatos de competiç o, de modo a que os ritmos de treino estejam em sintonia com as condiç es a que realmente se realiza a competiç o.
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Estrutura o e planificaç o anual do processo de treino Potê ncia Anaeró bia L ctica
POTÊ NCIA ANAERÓ BIA LÁ CTICA
(i) Velocidade-Resist ncia Distâ ncias: Até 100 metros. Intensidade: De 90 a 95%. Intervalo: De 2 a 3 minutos. Propostas: • Realizaç
Figura 9 -A reali za o de inumeras sessõ es de treino fora das condiç es de competiç o (pista), poderá ter levado a que a quali dade pretendida atrav s de treinos mais intensos, nã o tenha sido alcanç ada.
o destes treinos na pista com sapatos de competi o. A maior especificidade pretendida com este tipo de trabalho, deverá concretizr-se na realizaç o destes treinos na pista, com os sapatos de competiç o, de modo a que o atleta possa realizar treinos a velocidade elevada e com uma atitude té cnica desejá vel. Notas Finais: De modo a podermos incluir algumas melhorias na atitude té cnica dos atletas nomeadamente na redu o dos tempos de apoio, procurá mos fazer este tipo de treino sempre que possí vel em terrenos com uma descida muito ligeira, ou mesmo, a favor do vento. Este cuidado imprime nos atletas uma atitude de maior facilidade na corrida, com benef cios na atitude t cnica e volitiva no treino. Esta preocupaç o parece-nos importante e de grande utilidade no processo de treino, inclusivamente em corredores de meio fundo.
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Estrutura o e planificaç o anual do processo de treino Rampas, Dunas e C orrida em Areia
RAMPAS, DUNAS E CORRIDA EM AREIA
Figura 10 - Os treinos realizados na praia revelaram-se muito do agrado dos atletas, o que se torna particularmente revelante tendo em conta a dificuldade normalmente associada a este tipo de treino. A utili zaç o da praia como meio previligiado de treino, pode assim ter efeitos muito bené ficos nos atletas.
(i) Rampas Podemos distingir dois tipos de rampas que podem ser realizados em diferentes momentos da é poca desportiva, cumprindo objectivos distintos no processo de preparaç o dos atletas: • Rampas de for a: Procura-se, acima de tudo, associar a corrida a um desenvolvimento dos ní veis de forç a dos atletas. Este tipo de rampas caracteriza-se por ter uma forte inclina o que obriga os atletas a produzirem elevados ní veis de forç a para as subirem. • Rampas de transferê ncia: Tratam-se de rampas em que o atleta procura uma maior transferê ncia dos ní veis de forç a obtidos, com a utilizaç o de rampas mais suaves, que permitam a obten o de elevados ní veis de velocidade. Podemos ainda classificar diferentes tipos de rampas de acordo com a distâ ncia a percorrer. Assim, podemos ter: • Rampas Curtas - Inferiores a 100m, com uma inclinaç o de 10 a 15%. Devem ser percorridas a velocidades elevadas com recuperaç o activa de 3 a 5’. • Rampas mé dias - Entre 100 e 250m e uma inclinaç o de 5 a 10%. Devem ser percorridas a intensidades igualmente elevadas. Intervalos de 2-3’. Trata-se de um treino que conduz a uma grande acumulaç o lá ctica e que exige v rios dias para supercompensaç o. • Rampas longas - Podem ser realizadas sobre os princ pios que regem a organizaç o do treino intervalado ou de ritmo-resistê ncia, já referidos anteriormente. (ii) Dunas Treinos realizados em zonas de areia, com subidas e descidas de forte inclinaç o, com corrida rá pida ou lenta, procurando grandes variaç es das condiç es de terreno e de intensidades de corrida. ii) Corrida em Areia Procura-se uma maior transferê ncia dos ganhos da forç a para a corrida, realizá mos treinos de corrida em areia molhada (junto à gua), de modo a que, alé m da forç a necess ria para a corrida, se pudesse atingir velocidades de corrida relativamente elevadas e uma atitude té cnica mais pró xima da que caracteriza a corrida em piso mais duro. Propostas: • Maior combinaç
o de treinos deste tipo. O trabalho realizado e experiê ncias já efectuadas em anos anteriores, sugerem-nos que, provavelmente, uma maior combinaç o destes diferentes tipos de treino, possa ter efeitos muito positivos na melhoria dos ní veis de forç a dos atletas durante a corrida. • Maior nú
mero de sessõ es de treino de rampas. Na verdade, nesta é poca desportiva terá faltado uma maior quantidade de treino de rampas, como um meio por excelê ncia para melhorar os ní veis de forç a durante a corrida. Este é um conte do que deverá ser incrementado em anos posteriores no processo de treino destes atletas.
Figura 11 - As zonas de mata, com pisos em areia foram frequentemente escolhidas para a realizaç o deste tipo de treinos. 14
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Estrutura o e planificaç o anual do processo de treino Treino de forç a - Considera es gerais TREINO DE FORÇ A
O treino de forç a em meio fundo, ao contrá rio do que muitas vezes se pensa, é fundamental nã o só para a melhoria da presta o, como mesmo para a preven o de lesõ es e manuten o de um estado de condiç o f sica de base que esteja de acordo com as necessidades da prá tica desportiva de rendimento. Nesta perspectiva, atribuí mos a este tipo de trabalho uma import ncia decisiva para a melhoria da forma do corredor de meio fundo. Contudo, é particularmente frequente, treinadores e atletas negligenciarem a importâ ncia do treino de forç a, em virtude da falta de tempo, ou mesmo, por nã o lhe atribuí rem o valor suficiente que justifique a sua inclusã o no treino do corredor de meio fundo e fundo. Este é um pensamento que, com dificuldade, procurá mos contrariar. A realidade condicionou-nos a possibilidade de trabalhar esta capacidade condicional da forma que realmente desejariamos. Contudo, as preocupaç es existiram sempre ao longo de toda a é poca desportiva e deverã o fazer parte do treino de qualquer um destes atletas, principalmente se alguns deles passarem a dispor de mais tempo para o processo de treino. Assim, procurá mos que os atletas tivessem pelo menos uma sessã o de treino de forç a por semana, sempre que possí vel duas, de modo a que os efeitos deste tipo de trabalho realmente se fizessem sentir. Estes cuidados envolveram os seguintes tipos de trabalho: 1. Treino com bolas medicinais. 2. Treino de escadas. 3. Treino de forç a isomé trica. 4. Treinos em circuito. 5. Treinos com cargas adicionais. 6. Treino pliomé trico (abordado nas sec es destinadas à té cnica de corrida e escadas). Nã o somos, contudo, muito adeptos de sessõ es de treino com cargas adicionais, se bem que, em determinados momentos especí ficos da é poca, possam ser utilizadas para promover um aumento mais rá pido dos ní veis de forç a em determinadas estruturas musculares. Contudo, as dificuldades de transfer ncia dos ní veis de forç a obtidos, levam-nos a procurar optar por mé todos de maior especificidade e que nã o envolvam riscos acrescidos de lesõ es. Procur mos ainda ao longo de todo o ano realizar exercí cios de forç a isomé trica, nã o só para promover um desenvolvimento mais eficaz de determinadas atitudes posturais fundamentais para a corrida, mas també m por se tratar de um tipo treino muito eficaz na melhoria dos ní veis de for a dos atletas.
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Estrutura o e planificaç o anual do processo de treino Treino de forç a - Treino com bolas med icinais
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O treino com bolas medicinais de pesos diferentes permite um trabalho muscular muito distinto com a possibilidade de diversificar, nã o só os grupos musculares envolvidos como o tipo de estimulos provocados numa determinada estrutura.
Exercí c io 1a - Torç es laterais do tronco com os 1a braç os estendidos.
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Exercí c io 1b - Torç es laterais do tronco dificultadas por os atletas procurarem alcanç ar a bola por lados d istintos.
Exercí cio 2 - Estiramento total do tronco.
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Exercí cio 3 - Abdominal com bola medicinal. Exercí c io 4 - Rotaç es laterais do tronco na 4 posiç o de sentado o que obrig a a que a rotaç o seja exclusivamente reali zada por acç o de torç o do tronco.
Exercí c io 5 - Eleva o das pernas com bola medicinal entre os pé s.
Exercí c io 6 - Abdominal com bola medicinal entre os joelhos.
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Estrutura o e planificaç o anual do processo de treino Treino de forç a - Treino com bolas medicinais
Exercí c io 7 - Eleva o das pernas com bola medicinal presa entre os pé s, terminando com extens o do corpo e coloca o da bacia.
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Exercí cio 8 - Abdominal com bola medicinal e lanç amento da bola para companheiro.
Exercí cio 9 - Extensã o de pernas procurando “xutar” a bola para o colega. 9
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Estruturaç o e planificaç o anual do processo de treino Treino de forç a - Treino com bolas med icinais
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Exercí c io 10 - Exercí c io combinado de flexã o e extensã o do tronco, com bola medicinal presa entre os pé s. 18
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Exercí c io 11 - Lanç amento lateral de bola medicinal sobre um apoio.
Estrutura o e planificaç o anual do processo de treino Treino de forç a - Treino com bolas med icinais
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Reflexõ es finais
A realizaç o de exercí cios com bolas medicinais é uma forma particularmente boa para desenvolver os ní veis gerais de forç a muscular de um modo particularmente agradá vel, podendo mesmo adquirir caracterí sticas lú dicas muito importantes. Com este tipo de trabalho, torna-se possí vel solicitar grupos musculares particularmente importantes para uma boa postura na corrida, de modo a se atingir um ní vel de execuç o té cnica na corrida muito boa. Contudo, e apesar dos evidentes benefí cios que este trabalho pode trazer ao corredor de meio fundo, a verdade é que este tipo de trabalho da forç a nã o foi muito utilizado durante esta é poca desportiva. A falta de tempo para o treino por parte dos atletas do grupo de treino, foi levando a que este trabalho fosse relegado para segundo plano. De qualquer modo, julgamos fundamental que este trabalho seja utilizado durante a é poca desportiva, com ê nfase particular nos per dos preparató rios, como forma de provocar um bom reforç o muscular.
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Estruturaç o e planificaç o anual do processo de treino Treino de forç a - Escadas
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A utilizaç o de escadas no processo de treino pode revelar-se como um excelente meio para o desenvolvimento do treino de forç a e adquirir caracterí sticas de treino pliomé trico muito relevantes para o corredor de meio fundo. Neste sentido podemos apresentar alguns dos exercí cios que utilizá mos com maior ferquê ncia: Exercí cio 1 - Subida de escadas em skipping alto. 1
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Exercí c io 2 - Subida a p s juntos. Exercí c ios 3 - Escadas ao pé coxinho.
Exercí cio 5 - Subida de escadas amplas em Step. 4
Exercí cio 6 - Descida de escadas com apoios alternados.
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Exercí c io 7 - Descidas de escadas a pé s juntos.
Exercí cio 7 - Skippings tibio-tá rsicos com o objectivo de promover algumas transferê ncias 7 dos ganhos de forç a para o tipo de apoio realizado na corrida.
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Estrutura o e planificaç o anual do processo de treino Treino de forç a - Escadas
Reflexõ es finais
O treino de escadas foi frequentemente utilizado durante a é poca desportiva. Os benefí cios deste tipo de trabalho parecem evidentes e sã o frequentemente apontados pelos impacto positivo no aumento dos ní veis de forç a elá stica dos atletas. A sua organizaç o pode, contudo variar significativamente. Assim, o nú mero de degraus utilizados, a sua altura, a forma como se realiza a recuperaç o, os tempos de intervalo e a estrutura organizativa da sessã o de treino, tê m no seu todo uma influê ncia decisiva nos ganhos alcan ados com este trabalho. A utilizaç o do treino de escadas no grupo de treino obedeceu a alguns princí pios de grande simplicidade que tinham como finalidade potenciar os efeitos destes treinos. Assim, os treinos de escadas foram sempre associados a uma grande diversidade de exercí cios, nomeadamente de exercí cios de forç a e pliometria. Por outro lado, nestas sess es de treino procurou-se que o trabalho de escadas fosse realizado nã o apenas em subida mas també m durante a descida, sob a forma de pequenos saltos em profundidade para a realizaç o de algum trabalho excê ntrico. Deste modo, procurou-se incrementar os efeitos bené ficos produzidos por cada apoio na corrida, atravé s de contactos que deveriam ser o mais reactivos poss vel. Estes apoios foram realizados apó s a queda de um degrau para o outro, trabalhando-se desta forma diferentes estruturas musculares e com incidê ncias de trabalho consideravelmente distintas. Aliá s, a corrida acaba por ter uma componente pliomé trica de pequena magnitude, mas que, somada ao longo de vá rios apoios, assume uma importâ ncia decisiva nos n veis de fadiga dos corredores e na sua capacidade de presta o. A combinaç o com outro tipo de exercí cios, principalmente direccionados para o desenvolvimento da forç a muscular, permitiram que, numa mesma sessã o de treino, se pudesse abranger todo um conjunto de m todos de treino da forç a. Normalmente, na estrutura de treino que dispomos, nã o serí amos capazes de englobar todos estes mé todos de treino de forç a, dada a dificuldade em realizar mais sessõ es de treino de forç a. Foi ainda evidente as melhorias induzidas nos atletas com este trabalho, particularmente sentidas ao nivel do corta-mato, em que os atletas sentiram ní veis de forç a particularmente bons, quando comparados com outras poca desportivas. Parece-nos por isso fundamental que este tipo de trabalho se venha a repetir em pocas seguintes e mesmo, se possí vel, refor ado atrav s do aumento do nú mero de sessõ es ou de aumento do volume de treino.
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Estruturaç o e planificaç o anual do processo de treino Treino de forç a - Exercí c ios est ticos
A utilizaç o de exercí cios de forç a está tica surge como um excelente meio de treino da forç a para corredores de meio fundo. De facto, com este tipo de trabalho podemos intervir de uma forma muito precisa no reforç o dos mú sculos mais respons veis pela manutenç o de uma boa atitude postural na corrida, particularmente quando se trata de mú sculos que durante a corrida intervê m de uma forma menos dinâ mica, como é o caso dos mú sculos da zona abdominal, lombares e dorsais. A facilidade com que se pode realizar este tipo de trabalho muscular, com pouco apetrechamento e utilizando principalmente o peso do pró prio corpo, torna-o muito acessí vel para o treinador e o atleta, que podem desenvolver programas completos de treino de forç a com muito sucesso. EXERCÍ CIOS: Exercí c io 1: 1. Posi o inicial. 1a. Elevaç o da perna esquerda. 1b. Eleva o da perna direita. 1c. Flex o das pernas em posiç o de barreiras. 1d. Elevaç o das pernas com pequena carga no tornozelo.
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Exercí c io 2: 2. Posi o inicial. 2a. Eleva o da perna esquerda. 2b. Elevaç o da perna direita. 2c. Elevaç o das pernas com pequena carga no tornozelo.
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Exercí c io 3: 2. Posi o inicial. 2a. Elevaç o da perna esquerda e braç o direito. 2b. Elevaç o da perna direita e braç o esquerdo.
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Exercí cio 4 - Prancha lateral com apoio nas mã os.
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5. Prancha lateral com apoio no antebraç o.
6. Cadeira invertida.
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7. Abdominal. 8. Lombar.
9. Prancha facial com bola. 10. Cadeira invertida com bola.
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11. Lomb ar/isquiotibiais.
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12. Posiç es de equií b rio num só apoio. 12
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Reflexõ es finais
Este tipo de trabalho de forç a, foi dos mais desenvolvidos ao longo da é poca desportiva. Na verdade, os atletas terã o beneficiado consideravelmente com este trabalho ao ní vel da prevenç o de les es bem como na adopç o de uma atitude té cnica com um comportamento postural bastante bom. A grande diversidade de exercí cios que se podem realizar a este ní vel permitem ainda solicitar facilmente nã o só diferentes grupos musculares, como també m, para uma mesma estrutura muscular, utilizar diferentes exercí cios para evitar alguma monotonia no processo de treino. 13. Lom bares/isquiotibiais.
Este é , seguramente, um tipo de trabalho de grande utilidade para os corredores de meio fundo e que pode ser realizado ao longo de toda a é poca desportiva com uma grande facilidade, e em qualquer local de treino, sem que sejam necessá rias grandes condiç es materiais de treino.
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Estruturaç o e planificaç o anual do processo de treino Treino de forç a - Treino em Circuito
O treino em circuito é seguramente uma das formas mais utilizadas ao ní vel do treino de meio fundo. De uma forma simples e sem utilizaç o de grandes recursos, é possí vel realizar um treino de forç a, com uma componente cardiovascular muito significativa, com exercí cios muito pró ximos de situaç es de corrida e com uma capacidade de transferê ncia dos ganhos de forç a muito elevada. Este meio de treino foi muito utilizado durante a é poca desportiva, com enfâ se muito particular em exercí cios com uma estrutura mec nica que tivessem uma forte transferê ncia para a corrida. A estrutura de realizaç o destes circuitos de treino, envolvia normalmente 8 a 12 estaç es de treino/exercí cios em que eram realizados 30 segundos de exercí cios com 30 segundos de intervalo. Os atletas iam mudando de esta o para esta o e, numa sessã o de treino, podiam ser realizadas entre 1 a 3 s ries com 3 minutos de intervalo. EXERCÍ CIOS MAIS UTILIZADOS: Exercí c io 1: 1 - Skipping alto no lugar. 2 - Saltar à corda. 3 - Abdominal. 4 - Flexã o plantar/dorsal. 5 - Afundos com troca de perna.
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6 - Step-Up
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7 - Exerc cio combinado - Flexã o de braç os/extensã o de pernas/salto vertical/agachamento/flexã o de braç os.
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Estrutura o e planificaç o anual do processo de treino Treino de forç a - Treino em Circuito
Reflexõ es finais
O treino em circuito coloca o atleta perante exig ncias elevadas no que diz respeito aos seus ní veis de for a/resist ncia, provocando ní veis de fadiga muscular muitas vezes semelhantes s geradas em competiç o. Trata-se de um tipo de treino muito versá til, que pode incluir exerc cios de uma grande diversidade e no qual se podem gerir os tempos de intervalo e de exercí cio da forma que se julgar mais conveniente e de acordo com o ní vel de preparaç o de cada atleta. É um tipo de treino que exige ao atleta uma elevada capacidade de gestã o do esfor o, o que, caso nã o seja conseguido por parte deste, pode precipitar o final da sess o de treino ou mesmo criar condi es favorá veis à ocorrê ncia de acidentes e ao aparecimento de lesõ es. De uma forma muito simples, torna-se possí vel desenvolver harmoniosamente os ní veis de for a de um atleta sem cargas adicionais ou com cargas ligeiras, com ní veis de intensidade de esforç o elevadas e, se assim se pretender, com uma focaliza o muito particular em determinadas estruturas musculares. Por outro lado, este tipo de treino permite ao atleta manter bons ní veis de motivaç o, uma vez que permite controlar a evoluç o do nú mero de repetiç es que realiza para cada exercí cio. Por outro lado, a possibilidade de se organizarem sessõ es de treino com os mesmos objectivos, mas com grande vari abilid ade de exercí cios , permi te uma melhor assi mi la o da s cargas de treino.
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Estrutura o e planificaç o anual do processo de treino Treino de forç a - Treino com cargas adicionais
A utilizaç o de cargas adicionais é bastante comum no atletismo, nomeadamente com a utilizaç o de cargas livres (halteres). A utilizaç o de halteres no atletismo permite que o atleta possa desenvolver os seus ní veis de forç a, vencendo desiquilí brios provocados por um elevado nú mero de graus de liberdade, que permite a realizaç o de movimentos mais completos e com uma maior mobilizaç o da estrutura muscular. A necessidade de vencer a acç o da gravidade e de determinados desiquil brios, permite ao atleta desenvolver ainda mais a sua estrutura muscular responsá vel pelo seu equilí brio. No entanto, ao ní vel do meio fundo a utiliza o de halteres, na nossa perspectiva, nã o se revela tã o importante quanto o é nas disciplinas t cnicas do atletismo. Neste sentido, a sua utilizaç o apenas se justifica em determinados momentos muito especí ficos da é poca, nos quais surge a necessidade de se realizar um maior reforç o muscular ou mesmo algum trabalho de hipertrofia. EXERC CIOS MAIS UTILIZADOS: 1 - Step-Up com carga.
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2 - Afundos.
3 - Meio-agachamento.
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Reflexõ es finais
O treino de forç a com cargas adicionais foi pouco utilizado ao longo da é poca desportiva, o que se pode justificar pelos motivos anteriormente apresentados. De qualquer modo, em determinados momentos da é poca, nomeadamente para aumentar os ní veis de forç a no per odo preparató rio ou para a recuperaç o de lesõ es, este tipo de trabalho poderia ser um pouco mais utilizado. Julgamos, por isso que, em anos seguintes, se poderá recorrer mais frequentemente à utilizaç o de cargas adicionais durantes estes perí odos.
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Estrutura o e planificaç o anual do processo de treino Té cnica de corrida
TÉ CNICA DE CORRIDA
A obtenç o de elevados ní veis de rendimento no atletismo pressupõ e uma grande preocupaç o com a formaç o té cnica dos atletas no processo de treino. Esta preocupaç o, apesar de assumir maior dimensã o nas disciplinas té cnicas, nã o deixa de ser v lida e importante ao n vel do meio fundo, onde todos os aspectos relacionados com a optimizaç o mecâ nica da corrida podem valer frac es de segundo tã o importantes a partir de um determinado ní vel de rendimento. Poré m, nã o podemos ver a té cnica de corrida como algo que só deva ser trabalhado por atletas de alto ní vel. Na verdade, a formaç o do jovem corredor deve passar em grande medida por uma forma o té cnica adequada, que lhe permita correr com maior economia de esforç o e no caso das disciplinas de meio fundo curto, com uma reduç o, a maior possí vel, dos tempos de apoio durante a corrida. Nesta medida, a formaç o de corredores, tem de passar inevitavelmente por uma trabalho té cnico rigoroso e sé rio. Nã o bastará dizer aos atletas quantas repeti es devem fazer e quantos exercí cios farã o parte da sessã o de treino. O treino té cnico exige uma presenç a contante do treinador e uma intervenç o sistemá tica, no sentido de corrigir erros ou mesmo potenciar a corrida caracterí stica de um determinado atleta. O trabalho da té cnica nã o deve, contudo, interferir no estilo de corrida do atleta, mas apenas intervir na correc o de erros que claramente prejudicam a corrida ou entã o na procura de optimiza o de determinadas ac es t cnicas da corrida. Contudo, para alé m da correcç o de erros ou optimizaç o da corrida, o treino té cnico pode ter uma influê ncia muito importante na melhoria dos n veis de forç a e de enervaç o do mú sculo. O treino té cnico pode potenciar o envio de estí mulos ao mú sculo da forma mais correcta e o mais rapidamente possí vel. Este trabalho neuro-muscular é fundamental para que o corredor possa ser rá pido quando realmente necessita e para que seja capaz de impô r grandes mudanç as de ritmo na sua corrida. Alé m disso, o trabalho de té cnica de corrida, nomeadamente sem calç ado, incrementa um trabalho muscular muito especí fico, mobilizando principalmente os mú sculos mais utilizados na corrida. Tradicionalmente, a estrutura de treino do meio fundo e fundo em Portugal, nã o assume este tipo de trabalho com a import ncia que este deveria ter. Deste modo, a inclusã o de um trabalho mais regular de té cnica de corrida no meio fundo portugu s, especialmente na formaç o do jovem corredor, seria certamente uma mais valia a acrescentar a uma escola tã o rica em termos de treino no meio fundo. Este foi um dos conteú dos de treino que exige ao treinador um acompanhamento mais frequente e cuidadoso, n o só ao ní vel dos feedbacks emitidos aos atletas, como també m ao ní vel da pró pria demonstraç o dos exerc cios.
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Figura 1 - Skipping baixo. 1
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Figura 2 - Skipping mé dio.
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Figura 3 - Skipping alto.
Figura 4 - Calcanhares aos glú teos.
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Figura 5 - Skipping mé dio com as mã os nos gl teos.
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Figura 6 - Skipping tibio-t rsico.
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Figura 7 - Saltitares.
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Figura 8 - Passadas saltadas.
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Figura 9 - Coxinhos.
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Reflexõ es finais
Antes de mais, é notó ria a dificuldade que os atletas t m em dispor de tempo suficiente para realizarem este trabalho com frequê ncia. Assim, o trabalho dedicado à té cnica de corrida, acaba por ser muito pouco. Esta dificuldade, frequentemente sentida por nó s, obrigou a que, em grande parte do ano, o trabalho té cnico de corrida apenas se efectuasse uma vez por semana, ao fim-de-semana. Nã o temos dú vidas em afirmar que há necessidade de se fazer algo mais no sentido de aumentar o tempo dedicado ao desenvolvimento/melhoria da té cnica de corrida. A té cnica de corrida tem de deixar de funcionar apenas como uma forma de aquecimento mais espec fico para treinos e competiç es e passar a assumir em definitivo a grande import ncia que de facto tem. Os atletas evidenciaram uma elevada qualidade té cnica, qualidade essa que foi melhorando significativamente ao longo da é poca desportiva. No futuro, julgamos ser fundamental que se aposte neste tipo de trabalho, em especial, no treino de jovens atletas.
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Controlo do Treino A avaliaç o fisioló gica dos atletas tem sido uma constante nas ú ltimas é pocas desportivas, nas quais se tem procurado inter-ligar tanto quanto possí vel alguns indicadores fisioló gicos com o processo de treino e resultados competitivos. Contudo, nem sempre é fá cil utilizar esses indicadores no processo de treino. De qualquer modo notou-se ao longo do ano uma grande preocupaç o na individualizaç o do processo de treino, o que també m só se torna possí vel com um processo de avalia o que permita a obten o de indicadores objectivos e individualizados. Deste modo, ao longo desta poca desportiva e para alé m do processo de avaliaç o e controlo do treino que o treinador deve sempre realizar, foram efectuados testes de avaliaç o fisioló gica, nomeadamente testes de VO2max em tapete rolante e testes de determina o do limiar aeró bio/anaer bio na pista de atletismo. Todos os atletas foram evidenciando melhorias em alguns dos indicadores, ainda que alguns revelassem uma tendê ncia superior de melhoria em alguns dos par metros estudados. Fomos assim procurando, ao longo da é poca, que os resultados nos permitissem individualizar o treino. Deste modo, de uma forma sinté tica podemos ter em conta as grandes preocupç es que foram orientando a nossa intervenç o ao ní vel do controlo do treino de corredores. O que a seguir se apresenta, assenta numa revisã o da literatura em torno dos conceitos e testes de controlo do treino que mais utiliz mos ao longo desta é poca desportiva e que fomos fazendo referê ncia ao longo deste trabalho.
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Av alia o e contr olo fisio ló gic o do tr ein o
No atletismo nacional t m sido vá rios os casos de jovens atletas que alcanç aram elevado ní vel competitivo e que, uma vez chegados ao escalã o sé nior, nã o conseguiram dar seguimento à evoluç o de resultados antes conseguida, vendo o seu ní vel de presta o desportiva estagnado. Este fenó meno, bastante frequente em especial no nosso meio fundo e fundo, pode ser explicado atravé s de diferentes factores como volumes e intensidades de treino desajustadas à idade dos atletas, erros metodoló gicos no processo de treino, participaç o excessiva em competi es (na sua maioria com elevado ní vel competitivo), falta de acompanhamento mé dico, entre outros aspectos. A realizaç o de testes de avaliaç o fisioló gica permite nã o só explicar o rendimento dos atletas como tamb m controlar o processo de treino dos mesmos. Neste sentido, a aplicaç o reflectida deste tipo de avaliaç o permite ao treinador optar, de forma sustentada, pelas melhores opç es visando a obtenç o de elevados resultados (se possí vel com menor dispê ndio energ tico), a diminui o da incid ncia de lesõ es e de estados de sobretreino, diminuindo assim a estagna o desportiva e o abandono precoce da prá tica desportiva. Ou seja, a aplica o de testes de avaliaç o ajuda o treinador na escolha das melhores solu es visando a economia e eficiê ncia do processo de treino, n o só com o objectivo de melhorar a prestaç o desportiva dos atletas, mas també m de diminuir a monotonia e rotina do pró prio processo. Decorrente desta necessidade tê m sido desenvolvidos vá rios testes de controlo de treino, nã o só a ní vel laboratorial como també m ao ní vel do terreno (Heck et al, 1985). Este ú ltimo tipo de testes, por utilizar meios habituais de treino e competiç o dos atletas, fornece dados com maior validade e aplicabilidade para a prá tica desportiva (Oliveira, 1999). Este aspecto leva-nos a questionar o modo como determinados resultados foram obtidos e, numa outra perspectiva, a imaginar os resultados que determinados atletas poderiam ter atingido se o seu processo de treino tivesse sido bem orientado, controlado e individualizado. Tendo por base que a prestaç o desportiva de atletas de meio fundo e fundo (atletas com os quais foi realizado este trabalho) depende, entre outros factores, do seu metabolismo aeró bio, é aconselhá vel e desejá vel avaliar o referido metabolismo de modo a evitar alguns dos erros acima referidos. Com efeito, no nosso paí s existem alguns estudos (Colaç o 1999; Santos, 1995) que salientam a necessidade e a utilidade da adopç o de mé todos de controlo de treino mais evolu dos e precisos. Avaliaç o do Metabolismo Aeró bio
O rendimento de qualquer atleta é fortemente influenciado pelo seu perfil fisioló gico (Åstrand e Rodahl, 1986). No que se refere à prestaç o aer bia, esta pode ser determinada tanto pela capacidade como pela potê ncia dos sistemas energé ticos musculares. A potê ncia má xima aeró bia, expressa pelo consumo má ximo de oxigé nio (VO2 max), traduz a capacidade de produç o de energia aeró bia, pelas fibras musculares activas , a uma taxa elevada (Bangsbo et al, 1993). Por seu lado, a capacidade aeró bia, normalmente determinada e expressa pelo limiar anaeró bio (Lan), reflecte a capacidade de manutenç o de uma intensidade de exercí cio relativamente elevada, durante um perí odo prolongado de tempo, sem que ocorram aumentos pronunciados do lactato sanguí neo (Heck et al, 1985). Deste modo, podemos facilmente identificar dois caminhos distintos para a determinaç o da presta o aeró bia dos atletas: o VO2 max e o Lan. Consumo Má ximo de Oxigé nio – VO 2max
O VO2max é um par metro por excelê ncia de avalia o da potê ncia m xima aeró bia, sendo considerado por alguns investigadores como o melhor indicador do sistema cardiovascular (Brooks et al, 1996). Por VO2max podemos entender a má xima quantidade de oxigé nio captada e, posteriormente, transportada e utilizada pelos tecidos, por unidade de tempo. A sua determinaç o pode ser efectuada por mé todos directos e indirectos. Nos mé todos indirectos utilizam-se testes má ximos ou submá ximos e a sua avalia o baseia-se na regressã o linear entre o consumo de oxig nio e a frequê ncia cardí aca. No entanto, o recurso a um parâ metro pouco fiá vel como é a frequê ncia cardí aca, “aconselha” a encarar estes testes com algumas reservas (Santos, 1995). Quando avaliado atravé s de mé todos directos, procedimento por nó s adoptado durante o processo de treino, o VO2max é determinado atravé s do recurso à expirometria, ou seja, à aná lise das fracç es gasosas expiradas durante a realizaç o de um teste progressivo que conduza à exaustã o (Åstrand e Rodahl, 1986). Durante o exercí cio fí sico, à medida que a intensidade do esforç o vai aumentando, o consumo de oxig nio aumenta tamb m, até ao ponto em que se atinge um valor má ximo, correspondendo ao VO2max. Mesmo que a carga aumente, o consumo de oxigé nio apó s esse ponto será igual ou mesmo inferior. Quando se trabalha com atletas de alto ní vel, o alcanç ar de um plateau é um par metro fundamental uma vez que permite relacionar o consumo de oxigé nio com a velocidade ou a carga de trabalho (Åstrand e Rodahl, 1986). Por outro lado, a possibilidade de poder ser expresso em termos relativos (mililitros por quilograma por minuto) ou em termos absolutos (litros ou mililitros por minuto) “exige” uma interpreta o cuidadosa dos resultados do VO2max. 41
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Em ambiente laboratorial, as avalia es sã o normalmente realizadas em cicloergó metro ou, como no nosso caso, em tapete rolante. Regra geral, os valores obtidos no cicloergó metro sã o 10 a 15% inferiores aos provenientes do tapete rolante (Brooks et al, 1996). Contudo, estas condi es de realizaç o limitam fortemente os padrõ es de execu o té cnica (desconforto provocado pelo equipamento) e induzem fenó menos de fadiga perifé rica precoce, conduzindo a alteraç es na performance , pelo que o transfer dos dados para o treino encontra-se, de certa forma, limitado. O treino pode, no entanto, provocar aumentos do VO 2 max de aproximadamen te 10 a 20% (Brooks et al, 1996). Durante muito tempo, o VO2max foi considerado como o parâ metro mais influente na performance em corridas de duraç o (Foster, 1983) e o melhor par metro para avaliar capacidade aeró bia. Contudo, alguns estudos verificaram que melhorias no desempenho aeró bio de certos atletas nã o era acompanhado pelos correspondentes aumentos de VO2max (Mader, 1991), o que deixava antever que o consumo de oxig nio nã o podia ser o nico responsá vel pela performance aer bia. Começ ou a surgir a evidê ncia que outros factores teriam que ser considerados na presta o em provas de duraç o. Nesta perspectiva, o má ximo consumo de oxigé nio, por si só , nã o consegue explicar como é que, atletas com semelhantes valores semelhantes de VO2max, obtinham resultados substancialmente diferentes no mesmo tipo de competiç es (Hagerman, 1992). Heck e seus colaboradores (1985) chegaram entretanto à conclusã o que a utilizaç o do VO2max na avaliaç o da bia apenas se deve aplicar a esfor os de curta dura o, ou seja, que conduzam à exaust o do atleta em perí odos que variam entre os 3 e 10 minutos. Ainda segundo os mesmos autores, para esfor os de resist ncia de mé dia (10 a 30 minutos) e longa (mais de 30 minutos) duraç o, o VO2max é um parâ metro insuficiente para a avalia o da capacidade de endurance. No seguimento destas conclusõ es, Arcelli (1982) considera este parâ metro unicamente como indicador das possibilidades do atleta, dado que este apenas fornece informaç es sobre as disponibilidades de oxigé nio e sobre a sua utilizaç o pelo organismo, nã o especificando a quantidade real de oxigé nio que é utilizada pela musculatura activa.
performance aer
Deste modo, e embora se considere o VO2max como um parâ metro fisioló gico capaz de estabelecer diferenç as entre atletas de diferentes disciplinas, as fracas correla es encontradas entre competiç o de mé dia/longa dura o e VO2max (Kumagai et al, 1982), vieram comprovar que este parâ metro poderá nã o ser o melhor indicador para a resist ncia de mé dia e longa dura o. Limiar Anaeró bio – Lan
Como já vimos anteriormente, para actividades de resistê ncia de mé dia e longa duraç o, o VO2max pode ser considerado como um indicador insuficiente do estado fisioló gico dos atletas. Deste modo, os objectivos estabelecidos para o treino deste tipo de actividades visam outros parâ metros fisiol gicos mais influentes na sua performanc e . Dos estudos entretanto realizados sobressaiu a ideia que, para os esforç os de mé dia e longa duraç o, a prestaç o dos atletas seria limitada pela capacidade de adopç o de intensidades elevadas de corrida a uma percentagem elevada do seu VO2max, sem que tal se traduzisse em aumentos pronunciados da lactatemia (Pereira, 1996). Esta manutenç o de ní veis baixos de lactato sanguí neo só é possí vel atravé s da adopç o de intensidades de corrida inferiores à s correspondentes ao VO2max dos atletas, e que sã o inclusivamente inferiores à s correspondentes ao Lan (Santos, 1995), aspecto verificado na maioria das competiç es de longa duraç o. Em jeito de conclus o, pode-se referir que os esforç os de longa duraç o sã o realizados apelando apenas a uma fracç o da capacidade m xima aer bia dos atletas. Nesta perspectiva, alguns estudos documentaram a performance aeró bia como sendo mais dependente do perfil metab lico associado à s concentraç es de lactato, do que do VO2max (Heck et al, 1985; Santos, 1995). Para estes mesmo autores, a melhor forma de avaliar com precisã o a capacidade aer bia dos atletas é atravé s da mediç o destes indicadores metabó licos em esforç os submá ximos. O Lan começ ou entã o a afirmar-se como um parâ metro fulcral para a avaliaç o e controlo do treino de endurance (Heck et al, 1985; Mader, 1991; Santos, 1995), dado que elevados ní veis de lactato sanguí neo influenciam negativamente a performance de endurance , uma vez que diminuem a fracç o de VO2max utilizada (Åstrand e Rodahl, 1986). Para esta afimaç o muito contribuiu també m a facilidade de utilizaç o deste tipo de metodologia. Como tal, a investigaç o e o controlo de treino neste campo passaram a ter como principal objectivo a aná lise das concentraç es sanguí neas deste metabolito. Parece assim mais ou menos consensual a ideia de que existem dois tipos de resposta metabó lica ao exerc cio de longa duraç o (Mader, 1991): q manutenç o de uma determinada intensidade de carga durante um longo perí odo de tempo num estado de steady-state , estado esse em que as necessidades energé ticas sã o suportadas pelo metabolismo oxidativo. Este estado é traduzido por um equilí brio entre a produç o e a remoç o do cido lá ctico - resposta caracterí stica dos desportos ditos de endurance; q necessidade de forma o e acumula o adicional de á cido lá ctico para manter durante um certo perí odo de tempo uma determinada intensidade de exercí cio. Este tipo de esforç o conduz mais rapidamente a um estado de fadiga, uma vez que provocam alteraç es no ambiente fí sico-quí mico das c lulas musculares. Em fun o dos n veis de formaç o e acumulaç o de lactato adicional, o atleta entrará em fadiga num perí odo entre os 30” e os 15’. 42
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Av al ia o e contr olo fisi oló gic o do tr ein o
Entre estes dois tipos de resposta metabó lica, existe um ponto de transiç o designado por limiar anaeró bio , ponto esse que significa a exist ncia de uma mudanç a do fornecimento exclusivo de energia pela via oxidativa para um fornecimento adicional de energia glicolí tica (Mader, 1991). Por outras palavras, existe uma intensidade de exercí cio a partir da qual, qualquer aumento de carga, ainda que pequeno, conduz a uma repentina acumula o das concentraç es de lactato sanguí neo (Heck et al, 1985; Mader, 1991), à qual geralmente se atribui um valor de 4 mmol (Heck et al, 1985). Importa ainda referir que os dois tipos de exercí cio anteriormente focados conduzem també m a estados diferenciados de respostas cá rdio-vasculares e respirató rias (verificá veis pelas alteraç es das trocas gasosas e da frequ ncia card aca). A aná lise e avaliaç o destes dados referentes aos dois tipos de actividades possibilita a avaliaç o da capacidade aeró bia de forma indirecta (nã o invasiva), sendo esta, contudo, menos precisa e fiá vel, e com menor transferê ncia para o terreno, para o treino, comparativamente aos mé todos invasivos (Santos, 1995). A investigaç o realizada (Hagerman, 1992) permitiu observar que atletas com limiares mais elevados obtinham frequentemente melhores performances que atletas com VO 2max mais elevados, mas com valores inferiores de Lan. Contudo, nã o nos podemos esquecer que, para se possuir um limiar elevado, o atleta necessita de possuir um VO2max igualmente elevado, pelo que quando expresso em percentagem do VO2max, o limiar lá ctico é um dos melhores indicadores de performance de endurance . Nesta perspectiva, cruzar informaç es de outros par metros influentes na performance (VO2max, economia de corrida, utilizaç o fraccional do VO2max) com as retiradas do Lan, é o melhor caminho para conhecer todo o potencial do atleta. De facto, a utilizaç o do limiar anaer bio no campo do treino veio possibilitar n o só a avaliaç o da capacidade aeró bia dos atletas, como també m orienta es importantes e precisas para o processo de treino (Heck et al, 1985; Santos, 1995). Atravé s deste indicador é possí vel analisar e individualizar a carga de treino, reajustar essa mesma carga com base na lactatemia e avaliar longitudinalmente a eficá cia do processo de treino (Colaç o, 1999). Deste modo, o recurso a estes mé todos permite que os atletas melhorem a sua percepç o de diferentes intensidades de esforç o (Pereira, 1996) e constituem-se como um dos melhores meios de individualizaç o das intensidades de treino (Santos, 1996). Nos ú ltimos anos, e relativamente ao Lan, tê m surgido inú meros conceitos, divergindo essencialmente na duraç o dos patamares dos testes incrementais de determina o, na magnitude dos aumentos de carga entre cada patamar e na concentraç o de lactato em que se apoiam para a eventual ocorrê ncia do limiar (Mader, 1991). Estas divergê ncias revelaram que aspectos como a intensidade e a duraç o do esforç o tê m influê ncia nos resultados finais (Heck et al, 1985). Qualquer que seja o conceito adoptado e o protocolo utilizado, o fornecimento adicional de energia glicolí tica, que simboliza o limiar, é detectado pelo aumento n o linear da concentra o de á cido lá ctico em funç o da carga aplicada (Mader, 1991). Convé m sublinhar que um aspecto importante para evitar eventuais equí vocos de avaliaç o, prende-se com a consist ncia e uniformiza o dos protocolos a aplicar. O limiar aeró bio-anaeró bio de Mader e seus colaboradores (1976) apresenta um conjunto de vantagens na avaliaç o de esfor os de endurance relativamente aos outros conceitos, uma vez que, devido à sua fá cil e r pida determinaç o (4 patamares incrementais de carga com duraç o superior a 5 minutos), permite uma avalia o mais objectiva dos esforç os de longa duraç o, possuí ndo ainda grande transfer ncia para o treino do atleta (Mader, 1991). Os incrementos de carga sã o de 0,4 m/s. Com a aplica o deste protocolo, estes autores constataram que à carga de 4 mmol/l, na curva de concentraç o do lactato, correspondia um estado de equilí brio de lactato, daí a habitual designa o de limiar das 4 mmol/l, concentra o essa que corresponde ao desvio do suporte energé tico exclusivo pela via oxidativa para o suporte parcial pela via glicolí tica (Mader et al, 1985). A determinaç o da velocidade de corrida correspondente ao limiar permite entã o a determinaç o de intensidades de esforç o correspondentes a valores de lactato distintos de acordo com o tipo de trabalho que se pretende realizar. Apesar da grande variedade de conceitos proposta, pensamos que este mé todo de Mader e seus colaboradores (1976) apresenta um conjunto de vantagens que o torna preferí vel, tendo sido o mé todo por n s adoptado para a avaliaç o da capacidade aeró bia dos atletas ao longo da é poca desportiva . Segundo vá rios autores (Heck et al, 1985; Mader, 1991), as principais vantagens do mé todo sã o: - por ser um mé todo invasivo, apresenta um grau de fiabilidade elevado - mé todo v lido, com elevadas correlaç es com o MaxLass - testes de terreno validados a partir de testes laboratoriais - determina o simples, interpola o linear - insere-se na planificaç o do atleta - tecnicamente fá cil, recolha de sangue capilar no ló bulo da orelha - baixos custos, reduzido nú mero de doseamentos
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Av alia o e contr olo fisio ló gic o do tr ein o
Como principais caracter sticas deste mé todo podemos apontar: - local de realizaç o: pista de atletismo (400 ou 200m) - duraç o dos patamares: entre 5 e 10 minutos - nú mero de patamares: 4 patamares - velocidades utilizadas: 3’37” / 3’20” / 3’05” / 2’52” (4,6 / 5,0 / 5,4 / 5,8 m/s) - distâ ncia por patamar: 2000m - duraç o do teste: entre 25 e 30 minutos - recolhas de sangue: no final de cada patamar - tempo de recolha do sangue: inferior a 1’30” - local de recolha: ló bulo da orelha A realizaç o destes processos de avaliaç o permite uma determinaç o eficaz da velocidade de corrida correspondente à s 4 mmol/l (V4), o que possibilita uma maior intervenç o no treino adequando as intensidades de corrida contí nua e dos treinos intervalados, s capacidades aer bias do atleta em determinado momento. A determinaç o de velocidades de corrida referentes à intensidade de esforç o correspondente a outras concentraç es sanguí neas de lactato que nã o 4 mmol/l, a determinaç o das intensidades ó ptimas de esfor o para cada atleta, o conhecimento da evoluç o da capacidade aer bia ao longo de uma é poca desportiva, a evolu o da V4 e da frequ ncia cardí aca, sã o informaç es bastante teis para o processo de treino dos atletas de endurance e que justificam a utilizaç o deste conceito no treino. A simplicidade dos procedimentos e o enorme conjunto de dados que nos fornecem, justificam um investimento por parte dos té cnicos no sentido de intervirem e dominarem estas estrat gias de controlo do treino, nomeadamente ao ní vel da corrida de mé dia e longa duraç o. No entanto, e apesar da estrutura do rendimento em disciplinas de mé dia e longa duraç o depender muito da capacidade aeró bia, e nomeadamente da V4, esta n o é a soluç o de todos os problemas, pelo que é aconselhá vel correlacionar os diferentes dados dispon veis. Bibliografia recomendada:
Arcelli, E. (1982). Especificaciones del entrenamiento aerobio para el medio fondo rapido . Cuadernos de Atletismo; 8: 25-29. Åstrand, P. e Rodahl, K. (1986). Textbook of work Physiology: physiological basis of exercises . 3rd Edition. McGraw Hill International Editions. New York. Bangsbo, J., Petersen, A. e Michalsik, L. (1993). Accumulated O 2 deficit during intense exercise and muscle characteristics of elite athletes. Int. J. Sports Med.; 14: 207-213. Brooks, G., Fahey, T. e White, T. (1996). Exercise physiology: human bioenergetics and its applications . 2nd Edition, Mayfield Publishing Company. Califórnia. Oliveira, P. (1999). A avaliação da capacidade aeróbia e anaeróbia em corredores juniores de meio fundo. Dissertação apresentada às provas de Mestrado. Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto. Foster, C. (1983). VO 2max and training indices as determinants of competitive Running performance. J. Sports Sci.; 1: 13-22. Hagerman, F. (1992). Energy metabolism and fuel utilization. Med. Sci. Sports Exerc. ; 24 (S): 309-314. Heck H., Mader A., Hess G., Mucke S., Muller R. and Hollmann W. (1985) Justification of the 4 mmol/l Lactate Threshold. Int. J. Sports Med .; 6: 117130. Kumagai, S., Tanaka, K., Matsura, Y., Matsuzaka, A., Hirakoba, K. e Asano, K. (1982). Relationships of the anaerobic threshold with the 5 km and 10 mile races. Eur. J. Appl. Physiol. ; 49: 13-23. Mader, A. (1991). Evaluation of the endurance performance of marathon runners and theoretical analysis of the test results. J. Sports Med. Phys. Fitness . 31 (1): 1-19. Mader, A., Liesen, H., Heck, H., Philippi, H., Rost, R., Schürch, P. e Hollmann, W. (1976). Zur Beurteilung der sportartspezifischen Ausdauerleistungsfähigkeit im Labor. Sportarzt. Sportmed ; 24 (4), 80 (5), 26 (5). Pereira, J. (1996). Limiar anaeróbio – fundamentação fisiológica e aplicação no treino. Investigação médico desportiva , 8: 27-41. Santos, P. (1995). Controlo de treino em corredores de meio-fundo e fundo. Avaliação da capacidade aeróbia com base no limiar láctico das 4 mmol/l determinado em testes de terreno . Dissertação apresentada às provas de Doutoramento. Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto. Santos, P. (1996). Relação entre a capacidade aeróbia e a intensidade e o volume de corrida contínua em meio fundo e fundo. Revista Atletismo, 173: 31-33. 44
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Uma escola (in)suficiente? O meio fundo e fundo Portuguê s, catapultado pelos feitos de Carlos Lopes em 1976, alcanç ou um elevado ní vel desportivo, constatado nã o só pelas medalhas conquistadas como tamb m pelos lugares ocupados pelos atletas nacionais nos rankings europeus e mundiais. De facto, o atletismo tem-se constituí do como um dos desportos com mais relevo no nosso paí s. Este sucesso, alcanç ado por atletas como Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro, Manuela Machado, entre muitos outros, despertou o interesse dos mais variados estudiosos do atletismo, que desde cedo o procuraram compreender e explicar. Será uma questã o gené tica? Será uma questã o social? Polí tica? Metodoló gica? Contudo, nos ú ltimos anos, temos assistido a uma relativa crise nesta á rea do atletismo, facilmente constatada pela falta de profundidade dos nossos rankings e pela escassez de medalhas conquistadas em grandes campeonatos. Se rejeitarmos a ideia de os atletas portugueses da actualidade serem menos dotados geneticamente, teremos ent o que ter em consideraç o uma possí vel “desactualizaç o” de meios e mé todos de treino que possa ter tornado os atletas portugueses menos competitivos. Este é um problema que, em nossa opiniã o, carece de ser resolvido, uma vez que a detec o e eliminaç o de possí veis erros metodoló gicos no processo de treino dos nossos atletas, em muito podem contribuir para que o meio fundo e fundo nacional saia desta situa o. Paiva (1995), confirmou a existê ncia de uma escola portuguesa de meio fundo e fundo, escola essa que se caracteriza pela adopç o de uma metodologia bastante semelhante, ou mesmo igual, à metodologia de Má rio Moniz Pereira. De uma forma sumá ria, apresentaremos de seguida as principais caracterí sticas da Metodologia de Treino de Meio Fundo e Fundo de Má rio Moniz Pereira. Uma das suas principais caracterí sticas relaciona-se com a utilizaç o de uma periodizaç o dupla que se traduz em dois macrociclos, um de Inverno e outro de Verã o (ver pá g. 8). Esta organiza o reflecte a estruturaç o do treino em funç o das competiç es: Campeonatos de Portugal e Mundial de Cross (Inverno) e Campeonatos da Europa ou do Mundo de Pista e Jogos Olí mpicos (Verã o). Estes dois macrociclos diferenciam-se pela variedade de meios e m todos de treino utilizados e por diferentes dinâ micas de carga: aumento da intensidade e do volume de treino no Inverno e aumento da intensidade e diminuiç o do volume de treino no Verã o. Em nossa opiniã o, a adop o de uma periodizaç o dupla durante vá rias é pocas consecutivas pode resultar numa acumula o adicional de estados de fadiga, resultantes da existê ncia de dois perí odos competitivos bastante agressivos, o que, associado ao elevado nú mero de competiç es realizadas por é poca, poderá condicionar a desejá vel evolu o dos atletas e diminuir a longevidade da sua carreira. Alé m disso, Moniz Pereira defendia que os seus atletas deveriam competir durante toda a é poca, uma vez que, segundo o mesmo, os atletas poderiam estar em forma durante 8 a 10 meses. Atendendo ao elevado ní vel competitivo do atletismo actual pensamos que tal opiniã o é , no mí nimo, discutí vel, e as ltimas pocas tê m-nos dado alguma razã o. Se compararmos o nosso meio fundo com o meio fundo espanhol, por exemplo, podemos encontrar duas formas diferentes de planeamento. Uma, a dos nossos atletas, caracteriza-se pela procura de um bom estado de forma durante praticamente todo o ano e pela constante participaç o em competiç es. Contudo, o que infelizmente se tem verificado, é que os meio fundistas e os fundistas portugueses, quando chegam à s grandes competiç es, encontram-se j numa fase descendente de forma fí sica devido à extens o da pró pria poca e ao elevado nú mero de participa es em desgastantes competiç es. Ao inv s, os atletas espanh is programam a sua é poca em fun o das grandes competiç es, aparecendo em grande forma nesses mesmos momentos (o que lhes tem proporcionado vá rias medalhas). Voltando à estrutura de treino tradicional da escola portuguesa de meio fundo e fundo, e utilizando os conceitos adoptados por Paiva (1995), os dois macrociclos sã o divididos em mesociclos, que por sua vez se dividem em microciclos. Cada microciclo é constituí do, normalmente, por 12 a 13 unidades de treino, e possui uma estrutura tí pica que se repete ciclo ap s ciclo. Assim, num microciclo constituí do por 12 sessõ es de treino, 9 serã o destinadas à corrida cont nua, com duraç o de 60’ excepto ao domingo, dia em que os atletas realizam uma sessã o mais longa, normalmente 90’. As restante 3 sessõ es serã o destinadas ao treino intervalado extensivo mé dio (à Terç a-feira), ao treino de rampas (no Inverno) ou treino intervalado intensivo (no Verã o) que seria realizado à Quarta ou à Quinta-feira, e ao treino intervalado extensivo curto (normalmente à Sexta ou ao Sá bado). Nas semanas de competiç o, geralmente, sã o eliminadas as sessõ es de treino intervalado extensivo mé dio (Inverno) ou de treino intervalado intensivo (Ver o). Deste modo, os meios e mé todos de treino preferencialmente utilizados pela escola portuguesa de meio fundo e fundo resumemse, essencialmente, à corrida contí nua, ao treino intervalado extensivo mé dio e curto, ao treino de rampas e ao treino intervalado intensivo (figura 6). Contudo, Paiva (1995) constatou que alguns treinadores portugueses recorrem també m a outros meios e mé todos de treino como o fartlek, dunas, corrida em areia, entre outros, embora em nú mero reduzido de sessõ es de treino.
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Escola Portuguesa de M eio-Fundo e Fundo. Que futuro?
Em nossa opiniã o, a estrutura de treino tí pica da escola portuguesa de meio fundo e fundo caractriza-se pela (monó tona) repetiç o de um reduzido nú mero de meios e mé todos de treino. Esta escassez de conteú dos de treino traduz-se num conjunto de estí mulos semelhantes aos quais o organismo se vai habituando comprometendo a desejá vel adaptaç o fisioló gica ao treino. Nesta perspectiva, será desejá vel alargar os conteú dos do treino de modo a aproveitar a capacidade de treinabilidade do corpo humano e a solicitar outras capacidades condicionais. Deste modo, pensamos ser necessá rio incluir no processo de treino uma maior variabilidade de intensidades de corrida e de capacidades solicitadas. Neste sentido, a inclusã o, na estrutura de treino, de sess es de trabalho destinadas à té cnica de corrida, ao treino pliomé trico, à flexibilidade, ao reforç o muscular e articular pode trazer um conjunto de vantagens, nã o só ao ní vel de melhorias de rendimento como també m ao ní vel de preven o de lesõ es.
Figura 6 - Meios e mé todos de treino fundamentais da escola portuguesa de meio fundo e fundo.
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