Elizete Felix e Luiz Kleber Kleber Queiroz Senhores críticos, basta! Deixai-me passar sem pejo, Que o trovador sertanej sertanejo o Vai V ai seu pinho dedilhar dedilhar... ... Eu sou da terra onde as almas São todas de cantadores - Sou do Pajeú das Flores Tenho razão de cantar! (Primeira estrofe do Poema “Aos Críticos”
de Rogaciano Leite, 1950)
Definições
Cantoria: Desafio entre cantadores do nordeste brasileiro. Na cantoria não há acompanhamento musical durante durante a solfa. Os instrumentos executam pequeninos trechos antes e depois do canto. canto. O trecho tocado é rápido e sempre em ritmo diverso do que foi usado no canto (...) Canto de solista ou de conjunto, entoado sem preocupação de justeza; canto desafinado. (ANDRADE, 1989)
Desafio: Disputa poética, cantada, parte de improviso e parte decorada, entre os cantadores. É gênero que recebemos de Portugal e conhecido em todo o Brasil, mantido especialmente no Nordeste Brasileiro, mais no sertão que na orla litorânea. (CASCUDO, 1988) Todo cantador deve ser repentista: nem merece esse nome quem não é adestrado nas improvisações (MOTA, 1978) Repente: Versos de Improviso. Canto improvisado. “Repentes Cantados ao Som de viola”. (ANDRADE, 1989)
Cantadores são poetas populares que perambulam pelos sertões, cantando versos próprios e alheios; mormente os que não desdenham ou temem o desafio, peleja intelectual em que, perante o auditório ordinariamente numeroso, são postos em evidência os dotes de improvisação de dois ou mais vates matutos. (MOTA, (MOTA, 1978) A Cantoria de Viola nordestina, também conhecida como repente, é uma das muitas manifestações de cultura popular encontradas no Nordeste (...). Seus produtores – conhecidos como cantadores, repentistas ou violeiros – não devem ser confundidos com outras categorias de poetas populares do Nordeste: escritores de folhetos ou emboladores. (AYALA, 1988) Cantoria é como se classifica de um modo geral a poesia popular em versos. Ela se divide em tradicional e de improviso. A tradicional é representada principalmente pelos folhetos folhetos (...) . São chamados de Cordel ou Romance. (LAMAS, 1986)
São várias as razões que levam os estudiosos a confundir o repente com o folheto. Uma delas é que o folheto, quando vendidos em feiras, é declamado ou cantado pelos vendedores (...). Soma-se a isto o fato de os poemas publicados em folheto terem sido parte integrante da cantoria, sendo cantados com acompanhamento de viola nos intervalos do improviso (...) (AY (AYALA, 1988) (...) deve ficar claro que folheto, embolada e repente são manifestações poéticas distintas (...) Cada qual tem sua história, seu conjunto de produtores, suas formas de produção, veiculação e consumo e suas normas estéticas. (AY (AYALA, 1988) ● Os emboladores, ou coquistas, embora sejam
também improvisadores, além de utilizarem instrumentos de percussão, percussão, com o pandeiro e o ganzá, desenvolvem gêneros poéticos diferentes dos que constituem a cantoria de viola. (AYALA, 1988)
Embolada , Coco de embolada , Coco-de-improviso ou Coco de repente (...)
Consiste em uma dupla de "cantadores" que, ao som (...) do pandeiro, montam versos rápidos e improvisados onde um tenta denegrir a imagem do que lhe faz dupla com versos ofensivos (...). O ofendido deve improvisar uma resposta rápida. Caso não consiga, seu par é coroado triunfante. Não deve ser confundido com cantoria onde a música e a respos ta são lentas, melodiosas e o tema principal é a vida cotidiana. Os cantadores de coco comumente apresentam-se em espaços abertos - praças, praças, vias públicas e feiras feiras livres. livres. O público vai se reunindo em torno deles, atraídos por seus versos e pelo som dos instrumentos, sem ser necessária uma divulgação prévia. Os repentistas, por sua vez, apresentam-se em locais previamente delimitados: uma sala ou varanda de uma residência, bar, mercado municipal, barracas de bebidas em feiras livres, palco de teatro ou ginásio de esportes (...) e Palanques montados em praças públicas. A platéia (...) se dirige para lá essencialmente motivada pelo espetáculo. (AYALA, 1988)
Cantoria: Considerações Musicais
O Sistema musical das melodias de cantoria é expressivamente modal e com ritmo mais acentuadamente oratório, ao passo que o instrumento usa as escalas tonais e é a tempo, executando interlúdios entre os dois cantadores e até mesmo ligeiros floreios durante o canto. (LAMAS, 1986) O cantador do nordeste tem sua maneira peculiar de cantar. (...) a emissão se faz naturalmente. Cantam como se estivessem falando. Daí o canto ser nasalado. (LAMAS, 1971) (...) sem graves, com agudos estridentes; uma voz roufenha, mas duma resistência admirável; indo após seis horas de canto (...) a um estado de frescura que a outros corresponderia ao desfalecimento. (...) O timbre áspero, alto, tem um ímpeto agressivo de combate, de corpo a corpo. (...) É uma voz livre dentro dum canto livre. (CASCUDO, (CASCU DO, 2005) Instrumental: viola e rabeca afinada “entre a viola de arco e o violino” (LAMAS, 1971).
Alguns Gêneros Poéticos Usados na Cantoria
Sextilhas - seis versos de sete sílabas, rimas nos versos versos pares. De sete pés – pés – septilha De oito pés Quadras Mourão de cinco pés – pés – dialogado: ABAAA , Mourão de sete pés – pés – AABBAAA – rima mais usada: ABCBDDB Martelo – Martelo – toada rápida “usado nas pelejas violentas” feito em décimas. Embolada – Embolada – martelo de cinco sílabas Dez pés em quadrão - martelo de sete sílabas Gabinete – Gabinete – martelo de dez sílabas Galope – Galope – sextilha em decassílabos Ligeira – quadra bipartida c versos de 7 sílabas, rima em á e precedida do refrão “ai d-a dá” verso. Rima: AAABBCCB Quadrão – Quadrão – Se canta alternadamente só um verso. Obra de nove por seis – estrofe de 9 versos onde 6 deles têm 7 sílabas e o
segundo, o quinto e o oitavo tem três. Galope à beira-mar - estrofe de dez versos de onze sílabas, com o estribilho cuja palavra final é mar.
Bibliografia
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Popular
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In:
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