A melhor amiga do Investidor Junho 2015
Blue O valor do tempo Um dos ativos mais importantes da sua vida
Entenda a diferença entre EBIT e EBITDA Página 3
De onde vem a renda mínima dos FIIs? Página 06
Setores, a nova ferramenta da Bastter Página 08
Edição 65
EXPEDIENTE
Junho 2015
*por Equipe Bastter
EDITORIAL REVISTA BASTTER BLUE Edição de junho de 2015 Revista virtual mensal com artigos sobre o mercado financeiro
Já dizia o poeta e dramaturgo William Shakespeare há mais de 400 anos: "o tempo é algo que não volta atrás”.
Diretor geral: Bastter
[email protected] Administrativo: Mary Hissa
[email protected] Projeto gráfico e edição: Núria Saldanha
[email protected]
NESTA EDIÇAO 03 - EBIT e EBITDA , por Bastter 04 - Até logo, mestre! , com Predador 0 6 - R e n d a m í n i m a é dinheiro alienígena , por André L F S Bacci 07 - Entendendo o Dólar , por Elaine Mello 08 - Setores das Empresas, a n o v a f e r r a m e n t a d a , por Thiago Battistella Bastter 09 - Como estudar o setor de consumo) , por Henrique Mota 10 - O valor do tempo, por Daniel Borges 11 - A reportagem sobre o melhor investimento do mês , por Paulo Ramirez
E na edição de número 65 da Bastter Blue, o nosso colaborador Daniel Borges traz o assunto à tona. Ele diz que o tempo é único e que não devemos desperdiçá-lo com coisas que não acrescentam valor à nossa existência. Pensando aqui em todos os aspectos relacionados ao tempo, podemos dizer que ele é um dos ativos mais precisos no portfólio da vida e que precisa ser muito bem administrado. Quem tem pressa e está sempre querendo acelerar as coisas, por exemplo, acaba se atrapalhando no caminho. Isso vale para aqueles que acham que vão conseguir tudo o que sonharam em uma semana, ou que vão ficar ricos do dia para a noite com um investimento milagroso qualquer. Por outro lado, há aquelas pessoas que pensam que o tempo é um recurso infinito e que preferem deixar para amanhã ou, quem sabe, para o ano que vem o que podem - e deveriam - começar agora. Esse conceito se encaixa bem
no perfil de quem não poupa, de quem não planeja o futuro pensando que tem a vida toda para isso. Podemos também falar de tempo como um momento adequado para tomar esta ou aquela decisão. Ou ainda para encarar esse ou aquele desafio. Depois de quase 15 anos dedicados ao auxílio dos pequenos investidores, o nosso querido Predador recebeu uma interessante proposta do mercado e resolveu aceitar o desafio. Agora o Predador não terá mais tempo suficiente para se dedicar às dúvidas dos pequenos investidores, mas prometeu que vai se fazer presente sempre que puder. O tempo é único e não volta atrás. Também não existe tempo à venda, né Elaine Mello? Por isso, tente administrá-lo da melhor forma possível e com o que importa de verdade: a família, a saúde, os estudos e a preparação financeira para o futuro. Não deixe para amanhã o investimento que pode ser feito hoje, nem ache que vai ficar rico arriscando todo o seu capital em operações de risco. Respeite o tempo!
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Edição 65
Junho 2015
*por Bastter
EBIT e EBITDA Estamos colocando EBIT e EBITDA nos quadros de ações da Bastter.com. Já incluímos o indicador em quase 50 empresas e devemos colocar nas 100 principais. Vou tentar passar aqui uma visão simplificada do EBIT e EBITDA e no que pode nos ajudar. Sou um grande adepto do lucro líquido. É o dado que mais me agrada numa empresa, mas reconheço que as vezes ele está distorcido, por isso o EBIT e EBITDA podem ter seu valor, inclusive na avaliação de dividas.
EBIT significa
Earnings Before Interests and Taxes, ou seja,
lucros antes dos juros e impostos, No Brasil, muitas vezes é chamado de LAJIR. Com o EBIT você tem uma visão da empresa sem o resultado financeiro, ou do lucro operacional da empresa. A l g u m a s e m p r e s a s t ê m resultados financeiros positivos, e assim o EBIT é menor do que o Lucro Líquido (LL), outras têm resultados financeiros negativos, fazendo com que o EBIT seja maior do que o Lucro Líquido. Uma das coisas que o EBIT me mostra é se os juros estão pesando, o que fica fácil de ver na proporção do EBIT para o
Lucro Líquido. Se uma empresa tem, por exemplo, 300M de LL e um EBIT de 600M, significa que os juros da dívida estão pesando. Raramente tudo isso vai ser imposto, a não ser que seja uma situação especial, não recorrente. Claro que podemos abrir o balanço e olhar, mas basta ver se a proporção se repete a cada trimestre ou é próxima, ou ainda se há uma distorção isolada para saber se é não recorrente. Um EBIT muito menor que o LL pode significar que a empresa apresenta um resultado financeiro positivo muito alto, as vezes maior do que o resultado operacional, o que pode preocupar alguns, apesar de não ser necessariamente algo ruim, é preciso ficar de olho. Em suma, o EBIT vai nos dizer o que a empresa ganhou operando propriamente dito. Depois temos o EBITDA : Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization,
ou seja, agora somamos ao EBIT o que a empresa gastou c om a mo rt iz aç ã o e depreciação. No Brasil é chamado também de LAJIDA, lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização. Teoricamente o EBITDA é uma medida da geração de caixa da
empresa, pois pegamos o que ela realmente gera das suas ativid ad es quan do descontamos o resultado financeiro e a depreciação e a amortização. Há limitações, é claro, e nenhum dado deve ser analisado isoladamente. Alguns valores podem não ser recebidos, algumas despesas podem não ser pagas, este não é um valor totalmente preciso como por exemplo o Fluxo de Caixa Livre. De qualquer forma, serve como uma bela estimativa da geração de caixa da empresa, do que ela realmente faz de dinheiro com sua atividade fim. Outra utilidade do EBITDA é a análise das dívidas, pois a maioria das empresas utiliza
DÍVIDA LÍQUIDA/EBITDA como uma avaliação de suas dívidas, sendo o número 3 um padrão muito utilizado como um limite do equilíbrio. Outra vantagem é que muitas vezes os não recorrentes que atingem o LL não chegam ao EBITDA. Isso nem sempre é verdade, mas em muitas empresas o EBITDA é um número mais constante com menos variância do que o LL e portanto mais fácil de analisar pelos quadros. Bastter.com.
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Edição 65
Junho 2015
Enfim, agora temos três marcadores do lucro das empresas à disposição nos quadros da Bastter.com: Quem quiser estudar mais a fundo o assunto, temos os consultores Mille e Senesino que se aprofundam bem mais no assunto. *Bastter é médico formado em 1992 pela UFRJ. Professor de Educação Física, formado em 1990, pela UERJ. Agente autônomo de investimentos e palestrante.
Até logo, Predador! Grande referência na comunidade desde o surgimento do site, em junho de 2001, Ricardo Hissa deixa suas funções na Bastter.com para encarar novos desafios profissionais e nós estamos torcendo por ele! O grande conhecimento sobre o mercado, a simplicidade e o discurso franco, com boas pitadas de bom humor, são as marcas deste mestre da Bolsa. Predador foi um dos criadores da Bastter.com e ajudou a sedimentar a Filosofia Bastter de investimentos, ajudando milhares de pequenos investidores ao longo de quase 15 anos de dedicação. Com as novas atividades do nosso parceiro de longa data, o grupo dele será incorporado pelo consultor Thiago Battistella e passa a se chamar Operações com Opções. A boa notícia é que o Predador continua ligado à Bastter.com e prometeu aparecer sempre que for possível. Você também pode continuar seguindo os ensinamentos dele pelo livro Lições de um Mestre da Bolsa. Confira o que alguns dos integrantes da nossa equipe têm a dizer sobre o predador.
Que a força esteja com vocês! “O Predador é uma figura excepcional, com experiência e conhecimento no mercado financeiro que poucas pessoas têm no país. Com seu jeito pitoresco e divertido, transmite as mensagens de maneira clara e objetiva, facilitando muito o aprendizado do pequeno investidor.”
Thiago Battistella.
"O Predador é um guru da Bastter.com. Com sua sabedoria ajudou a desenvolver a Filosofia Bastter, aproximando as finanças da vida das pessoas. Todos nós aprendemos muito com ele e sem sua generosidade e conhecimento não estaríamos hoje
juntos aqui, aprendendo e ampliando este trabalho todos os dias." Henrique Mota
"O Predador é uma lenda, um ícone, um oconcour." Paulo Ramirez
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Edição 65
As lições de um mestre da Bolsa Em bate-papo com a Bastter Blue, Predador fala sobre experiências no mercado, com os pequenos investidores e sobre os desafios que terá pela frente. Confira!
Com quase todos perdi contato, mas a memória vai ficar.
Pode falar para onde vai? Qual é o desafio?
Você por todo esse tempo se
Vou trabalhar com custos na área de saúde. É o mesmo ramo no qual trabalhei na década de 1990. O maior desafio é me adaptar a trabalhar fora de casa outra vez.
Alguma vez o mercado te surpreendeu? Nenhum mercado trouxe maior surpresa e ensinamento do que o Tupi. Devido à rapidez do movimento das opções. Confirmou que o risco é algo físico, contábil e não imaginado ou teórico. Mas anos depois surpreendeu mais ainda ao mostrar que um potencial gigante pode virar mico.
O que mais gosta na rotina de consultor da Bastter.com?
dedicou a ajudar pequenos investidores. O que aprendeu com eles? Por incrível que pareça o que mais aprendi com os pequenos investidores foi operações com PUT. Antes de eu aprender eles já sabiam, isso foi muito legal.
A Bastter foi responsável por mudanças na sua vida? Basicamente a chance de viajar pelo país e fazer tantos amigos.
O chat sempre foi a minha ferramenta preferida.
Você pode dar alguma dica pa r a os pe qu en os investidores? Não acreditar em nada e sempre mensurar o risco máximo da operação.
Epistemologia Que tipo de saber se deve ter para operar Bolsa:
A visão do amador: ganha na Bolsa quem é capaz de
!
prever o futuro (tenta o impossível: controlar o mercado, mas o mercado sempre terá um componente de imponderável).
A visão do profissional: ganha na bolsa quem souber
!
limitar riscos e se defender do erro.
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Edição 65
Junho 2015
*por André L F S Bacci
Renda mínima é dinheiro alienígena Na revista passada falamos de montar séries, em especial, calcular série de renda real em fundos com renda mínima garantida (RMG). Da matéria surgiu uma questão básica, mas que poucas vezes foi feita: afinal, de onde vem o dinheiro da renda mínima? Para responder essa questão é preciso antes entender os dois tipos básicos de RMG praticados no mercado: RMG por complemento externo e RMG por saldo interno. A r e n d a m í n i m a p o r complemento externo ocorre quando uma entidade se compromete a complementar a distribuição de um FII em um certo patamar, por um certo tempo. Bem literalmente é um contrato que alguém faz com o FII, com uma regra bem simples: todo mês o FII calcula a renda real dele e, caso essa renda real seja menor que o patamar do contrato, a entidade vai lá e entrega a diferença. Note que esse dinheiro a mais não tem a ver com o fundo. É um dinheiro de fora, "do além", um contrato financeiro. Não faz parte do resultado operacional do fundo, pelo contrário, a renda mínima só ocorre quando o fundo falha em produzir um resultado específico e que daí gera a complementação da distribuição. Aqui surge a justificativa da matéria anterior. Deve-se retirar a renda mínima da conta
justamente porque ela não faz parte do FII. É um artificialismo, uma coisa temporária que atrapalha a análise. Fora o risco de crédito, já que a RMG complementada externamente depende da tal entidade todo mês. É uma promessa que o complemento vai ser depositado, mas pode acontecer do garantidor dar o calote. Já aconteceu isso, aliás. Para evitar o problema do calote existem as rendas mínimas com saldo interno. Nesse caso, a entidade deposita o dinheiro todo de uma vez só numa conta compartilhada. Continua tendo o contrato, que agora diz que, se um FII não alcançar o patamar do contrato, daí o dinheiro é sacado da conta para cobrir a diferença. Embora esse caso tenha eliminado o risco de crédito da entidade, não mudou o problema de análise. Para pagar o rendimento maior, irreal, o fundo imobiliário morde na própria carne. Pega parte do patrimônio e entrega esse dinheiro como se fosse renda. Na verdade, o FII vai diminuindo de tamanho toda vez que ocorre uma complementação de renda. Uma observação importante: o dinheiro está no fundo, mas não é do fundo. A regra geral de renda mínima por saldo diz que, se sobrar dinheiro na conta, esse dinheiro é devolvido para quem depositou, que não é o FII. Essa é uma situação pior que a
anterior. Na RMG por complemento externo, o dinheiro vem de fora, mas não mexe no patrimônio do fundo. Na RMG por saldo, o dinheiro alienígena aparece na contabilidade do fundo só para desaparecer de qualquer jeito. Ou pelos saques mensais, ou pelo saque final, se sobrar alguma coisa. Dificulta análise de renda e de variação patrimonial. E daí a justificativa, ainda mais forte, para retirar a renda mínima da análise. No fim, a renda mínima é uma espécie de não recorrente. É verdade que é um não recorrente as vezes longo, que pode durar anos a fio. E mesmo assim deve ser tratado como não recorrente comum: deve ser retirado das contas afim de melhorar as análises. Porque no final só sobra a renda real. No dia que o contrato de renda mínima se encerra (ou o saldo interno acaba), a renda mínima para. Súbita e completamente. Vira só uma lembrança, talvez amarga, que ainda continua distorcendo análises a frente por contaminar os dados históricos. Sobra só o investimento real, com o seu resultado real. Nada a mais, nunca mais. *André L F S Bacci é tecnólogo por formação e investidor por profissão. Ingressou na Bolsa em 2007 e não parou mais. Especializou-se em FIIs, inclusive com livro, cursos presenciais e chat semanal sobre o assunto. André é colaborador da Bastter.com.
Edição 65
Junho 2015
*por Elaine Mello
Entendendo o Dólar O mercado de câmbio está agitado com muitas notícias, devido à alta do dólar. Para quem precisa comprar a moeda, uma das dúvidas mais comuns é entender por que o Câmbio Turismo é mais caro do que o Câmbio Comercial. Você está preparando sua viagem para o exterior e quando faz a cotação, leva um susto: “Mas como assim R$ 3,18? Eu acabei de ver num site de notícias o dólar a R$ 2,98”. Então, vamos entender o porquê da diferença. A moeda em espécie demanda vários custos para ser comercializada, pois tratam-se de notas de dinheiro em mãos:
• custo com estoque do papel moeda; • custo com manutenção de estrutura das lojas de câmbio. Já o dólar comercial é a referência do mercado (base da taxa PTAX medida pelo Banco Central), utilizado em operações de importação e exportação e negociado mediante contratos em formato eletrônico, por isso, livre desses custos. Abaixo estão as difere ntes nomenclaturas do Dólar:
Dólar PTAX : medida pelo Banco Central, é a taxa média das negociações no mercado do dólar comercial entre as instituições financeiras.
• custo com importação das notas dos países de origem; • custo com seguro contra sinistros;
Dólar Comercial: cotação base do mercado e utilizado em negociações comerciais internacionais.
• custo com transporte de segurança;
Dólar Turismo: sua cotação deriva do dólar comercial, adicionando os custos citados. É
utilizado para viagens, nas operações com moeda espécie, cartões e remessas bancárias internacionais de pessoa física.
Dólar Paralelo: mercado não regulamentado do dólar, onde as negociações são feitas ilegalmente, sem registro no Banco Central. Dólar à Vista: taxa de referência para negociações de contratos de câmbio no mercado financeiro. Dólar Futuro: ativo negociado no mercado financeiro (compra ou venda), com preço de liquidação e data futura prédeterminados. *Elaine Mello é s ó c i a d a PYXIS A c a d e m i a d e I n v e s t i m e n t o s , idealizadora do projeto Bolsa & Batom, voltado à evolução do comportamento financeiro da mulher, que promove Educação Financeira e desmistifica a Bolsa de Valores. www.pyxis-ai.com.br.
Pérolas do Fórum Thiago.Peão New, foi você? Fantástico - Japoneses projetam elevador para ir da Terra ao espaço a 200 New_Ibov km/h Não, mas e uma boa ideia. O ideal seria um elevador movido a imãs e sem cabos para subir e descer. Essa ideia também poderia ser usada para levar placas solares ao espaço e criar uma fazenda solar fora da Terra, mas com a energia sem fio iria 07
Edição 65
Junho 2015
*por Thiago Battistella
Setores das Empresas, a nova ferramenta da Bastter Temos mais uma novidade na Bastter.com, a nova seção de Setores das empresas listadas na Bolsa. Nessa área vamos poder verificar a quantidade de empresas que cada setor possui, valor total de mercado, percentual representativo na Bovespa, valor patrimonial e lucro. Você também possui essas ferramentas disponíveis para a montagem de sua carteira no Trading System do Bem.
Munidos de todas essas informações, além de uma análise entre todos os setores existentes, é bem simples fazer diversos exercícios com as empresas de nossa carteira, tais como: verificar como elas se encontram frente às suas principais concorrentes, como anda o desempenho do setor dentro do cenário econômico nacional e ver a diversificação setorial da carteira como um todo. Um exemplo bem simples, é ver se o setor teve lucro ou
prejuízo e fazer uma comparação com a empresa contida nele. Caso o setor esteja passando por uma fase ruim e determinada companhia a ele pertencente andando pelo caminho inverso, uma conclusão possível que podemos chegar é que ela tem uma boa governança corporativa em relação a seus pares. Que, no caso, seria um dado positivo. O oposto também pode ser observado. Se temos um setor lucrativo, com bons números e uma empresa incluída nele está mal das pernas, ela merece uma avaliação mais detalhada. Pergunte ao RI desta companhia qual o motivo disso, mostre-se informado da realidade do setor e das concorrentes para que tenha respostas mais convincentes e coerentes. Analise se o retorno da empresa faz sentido ou estão tentando te enrolar. É muito natural que no longo prazo os setores passem por fases boas e ruins, nada cresce pra sempre o tempo todo, isso faz parte de um ciclo econômico saudável. O que vai fazer a diferença são as empresas preparadas para enfrentar esses períodos com naturalidade e até se aproveitar disso para crescer. Mas muita atenção, não tente utilizar essa ferramenta para as lamentáveis previsões de futuro que existem por aí, você não vai
conseguir adivinhar qual setor ficará bom ou ruim e nem tampouco utilizar essa ferramenta para trocar de empresa. Utilize isso como uma ajuda extra para obter informações úteis na escolha e manutenção de uma empresa em seu portfólio. A diversificação de setores em uma carteira de Ações é de extrema importância, pois afasta o risco não sistêmico, isto é, se ocorrer alguma crise ou medida que afete diretamente os resultados de um setor em específico, sua carteira não vai sentir tanto essa influência negativa. É o mesmo raciocínio da quantidade de empresas na carteira, quanto mais diversificada em valor, melhor. Porém, vale lembrar que nem por isso é obrigatório ser sócio de todos os setores existentes, é uma escolha muito pessoal e cabe a cada investidor definir quais são seus critérios nessa seleção. O principal é sempre procurar ter boas empresas, se forem de segmentos diferentes, vai ser ainda melhor.
*Thiago Battistella é economista com Especialização em Gestão Financeira e Consultor da Bastter.com. Participa ativamente do portal, onde ministra chats semanais, publica análises, coordena cursos e grupos de estudos na área de ações e opções. 08
Edição 65
Junho 2015
*por Henrique Mota
Como estudar o setor de consumo Entender os setores é fundamental para melhorar a diversificação da sua carteira, mas é claro que o conhecimento e a preferência de cada um é o que vai definir o portfólio. A melhor dica aqui é mesmo diluir os riscos com participações em empresas de diferentes setores e a sugestão é que a análise parta da empresa para o setor e não o contrário. É melhor começar de um ponto menor e depois ampliar a visão, especialmente para nós investidores pessoa física não profissionais. As em p re s a s d e c o n s u m o geralmente atuam em mercados de ampla concorrência, por isso precisam encontrar estratégias de negócios diferenciadas para terem vantagens competitivas, custos menores e desenvolver marcas fortes. A receita incremental e a verticalização costumam ser muito usadas para gerar uma integração entre todos os produtos ou serviços ofertados, ligando cadeia de suprimentos aos diferentes consumidores interessados. O resultado financeiro dessa intensa atividade e a missão corporativa são a razão de sua existência. Se o ciclo de vida dos produtos ou serviços da empresa estiverem em fase de maturidade, isso poderá exigir um esforço grande
de reposicionamento. A mudança de paradigma de um setor pode despertar interesse dos consumidores e também dos concorrentes. Se nada for feito e esses produtos e serviços forem muito importantes para a geração de receita da empresa, a próxima fase será o declínio do ciclo de vida dos produtos, o que pode afetar os resultados. Um constante processo de pesquisa e desenvolvimento é fundamental para as empresas de varejo e consumo. Não estamos falando somente em inovação de produtos, serviços e marcas, mas também em relação aos processos internos e atendimento aos clientes. Processos mais ágeis reduzem custos e geram ganhos de eficiência, agregando maior valor, geração de caixa satisfação dos clientes. Patrimônio menor, grande investimento em capital de giro e aumento do capital circulante cíclico ou ativo circulante cíclico são características típicas do setor, devido ao dinâmico giro diário das lojas. Observe como a empresa conduz a gestão de marcas, o ciclo de vida dos produtos/serviços e como isso é feito pela concorrência. Tente entender de que forma a empresa pode se reinventar para entregar o que se propõe e superar os
obstáculos do cenário mac roe con ômi co, da concorrência e das preferências do consumidor. Além da atividade fim, avalie os valores e se as práticas sustentáveis e sociais estão integradas aos processos de negócio. Essa também é uma forma de fortalecimento de marca. O ROE pode aparecer distorcido, pois, por precisarem de patrimônio menor, algumas empresas utilizam o ganho de escala e a distribuição de um sistema de franquias para reduzir custos e compartilhar despesas e experiências com franqueados. Essa estratégia pode ir das lojas até consultoras Natura, por exemplo. Nessas situações a relação dívida líquida/ebitda deve ser monitorada e verificada em lojas, no Youtube, verificando as campanhas. Se você for cliente, melhor ainda. A outra é poder reduzir a atividade e os custos nos momentos de crise, descontinuando linhas, fechando algumas lojas não rentáveis, enquanto se prepara para as mudanças no segmento de varejo.
*Henrique Mota é músico, entusiasta do mercado financeiro e colaborador da bastter.com.
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Junho 2015
*por Daniel Borges
O valor do tempo Como psicólogo tenho profundo interesse pelos aspectos comportamentais do mundo de finanças, especialmente nas diferentes relações que o ser humano tem com seu dinheiro. Porém, independente de nossa preferência entre gastar e acumular, há um ativo que é comum a todos e não pode ser negociado em nenhum mercado: o tempo. Vivemos num sistema que age de forma irônica: começamos sem dinheiro e, para obtê-lo, empregamos nosso tempo. Quando finalmente temos dinheiro o suficiente, o que mais queremos é ter tempo para usufruir da vida tranquila que o dinheiro bem administrado pode trazer. Imagine se você tivesse mais recursos financeiros do que o suficiente para uma vida livre, onde seu tempo não fosse mais necessário para obtenção de mais dinheiro. Qual seria sua preocupação? Tempo, lógico! Afinal de contas, você quer viver o máximo possível e aproveitar a vida em sua plenitude. Estou certo de que essa é a maior preocupação de magnatas como Gates, Buffett e Slim. Por mais que ainda estejam envolvidos em seus negócios e doando seu tempo a eles, internamente esses bilionários possuem plena noção de que não há como reverter o processo do tempo e devem dar
muito valor aos momentos que trazem um nível elevado de satisfação (trabalhando ou não, vai de cada um). Acredito que você já sabe pelo menos um pouquinho de tudo isso que escrevi. O que talvez você não saiba é como a tecnologia, que muitas vezes tem a proposta de agilizar a vida e nos fazer ganhar tempo, se mal empregada, tem o poder de nos distrair e fazer o tempo simplesmente evaporar. Alguns fatos impressionantes: • Nos EUA, adolescentes entre 13 a 17 anos enviam 4 mil mensagens de textos por mês. Uma média de uma mensagem a cada 6 minutos enquanto estão acordados. Imagine se você tivesse que viver uma vida onde a cada 6 minutos você precisa parar tudo o que está fazendo para realizar uma mesma tarefa? Pois é, esse mundo é real. • Ainda nos EUA, 28% dos acidentes de trânsito envolvem a utilização de telefones celulares (falando ou digitando). Já foi comprovado que manusear o celular enquanto se dirige oferece o mesmo risco de dirigir bêbado. • Quando recebemos uma notificação em redes sociais (ex: fulano te tagueou em uma foto), a chance de você não somente ver a foto mas também de parar o que está fazendo e passar os próximos 20 minutos lendo
atualizações dessa rede social ocorre em 80% das vezes? • Recompensas intermitentes são as formas mais viciantes e mais difíceis de controlar. Sabe quem as usa? Nós, o dia todo, descendo com o dedinho no celular pelas redes sociais para ler centenas de atualizações inúteis de amigos na esperança de achar algo legal entre elas. Sabe quem também utiliza o modelo de recompensa intermitente para viciar seus clientes e usuários? Slot machines dos cassinos. A área do cérebro que te faz ficar checando por atualizações de email ou mensagens em redes sociais é a mesma que te faz apertar de forma interminável os botões das slot machines. Pense nisso quando estiver por vários minutos com os olhos grudados e os dedos agitados em seu smartphone. Esse artigo é um alerta para todos nós que diariamente buscamos nossa independência financeira. Repensemos nossa relação com a tecnologia e as pessoas e saibamos definir nossas reais prioridades. Utilize seus preciosos minutos com sites e redes sociais que possam trazer conteúdo e informações para melhorar a sua vida. Cuide de seu tempo. Você só tem um. *Daniel Borges é psicólogo, investe na Bolsa de Valores desde 2003. 10
Edição 65
Junho 2015
*por Paulo Ramirez
A reportagem sobre o melhor investimento do mês Muita gente fica ansiosa esperando pelo final do mês apenas para ler a famosa reportagem, que na verdade é um relatório sobre os melhores investimentos do mês. Se você é da turma que se baseia neste tipo de informação, com certeza irá se decepcionar. Trata-se apenas um relato do que já aconteceu, isto é, o passado, e não é garantia de que irá se repetir. Geralmente quando dizem assim: “o Bolsa de Valores foi o pior investimento do mês”, o que realmente querem dizer é que o índice IBOV teve um desempenho abaixo das outras modalidades de investimento. Isso não diz nada ao investidor. Só tem sentido se ele tem uma carteira que reflete a composição deste índice ou se ele aplica em um fundo indexado ao IBOV. O investidor pode ter uma carteira com composição que traga lucro no mês, ao contrário do índice. Ao mesmo tempo, um especulador pode estar “vendido” no índice e ter auferido bons lucros. O relatório de resultados mensais das diversos tipos de
investimento é apenas informação velha. Quando a imprensa noticia, por exemplo, “o ouro foi o melhor investimento do mês”, provavelmente o ouro está no “topo” e a partir daí vai iniciar um movimento de queda. Naquele mês específico ele subiu muito, mas pode estar testando uma resistência. Comprar ouro nestas condições é muito complicado.
Eu falei sobre o ouro, mas poderia ser qualquer outro ativo, entre eles ações, títulos da dívida pública ou commodities em geral. Optar por investir apenas pela “reportagem do final do mês” não é a saída mais inteligente e pode se tornar um grande pesadelo. Seria muito simplista investir desta maneira apenas pela
leitura pura e simples de um relatório. Muitas vezes o investidor sequer lê o relatório e sai comprando o “investimento da vez”. Sempre falo que mais que investir em informação, o melhor é investir em “formação”. É importante desenvolver a capacidade crítica e se tornar um “investidor ativo”. Quanto ao “investidor passivo”, nem é preciso explicar o que ele vai encontrar pela frente, não é mesmo? Portanto, leia a reportagem do melhor investimento do mês com ressalvas, mantenha seu plano de investimento, e confira se suas metas estão sendo atingidas. Se não puder fazer isso, é melhor ignorar a reportagem e fugir da manada.
* Paulo Ramirez é formado em engenharia elétrica pela Escola de Engenharia Mauá. Educador financeiro, com cursos ministrados presenciais e via web. É também analista dos sites Investing.com e ADVFN, além de responsável pelas análises diárias do IBOV e ações no site da Bastter.com. Blog www.pctedesco.com.br .
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