Roteiro da Peça do Livro - ‘Memórias de um Sargento de Milícias’ PISADELAS E BELISCÕES Narrador: Era no tempo do rei. Estava Leonardo em um navio de volta ao Brasil por ter-se aborrecido com seus ofícios e com sua pátria. Estava também t ambém Maria-daHortaliça, Hortaliça, portuguesa rechonchuda e bonitona, que desperta o interesse de um Leonardo jovem, não mau, porém maganao e bem apeçoado. De acordo com os costumes da terra, passa por ela este e lasca uma tremenda pisadela, retribuída com um forte beliscão nas costas. O mesmo episodio repete-se e esta declaração declaração em código se manifesta tão logo pisam em terra firme. Maria começa a ser acometida por certos enjôos suspeitos. Os amantes vão morar juntos. Sete meses depois... (Barulho de choro de bebê) A TRAIÇÃO DE MARIA-DA-HORTALIÇA Narrador: passemos passemos por alto sobre os anos que decorreram decorreram desde o nascimento nascimento e batizado do nosso memorando, memorando, que tem o mesmo nome de que o pai, e vamos encontrá-lo já na idade de sete anos. Digamos apenas que o menino cresceu como traquinas que anunciava ser desde que nasceu. E a Maria, sempre saiola, começava a fazer Leonardo arrepender-se de tudo o que tinha feito por ela e tinha razão... Por três ou quatro vezes, já havia acontecido de esbarrar com o capitão to navio que tinha vindo de Lisboa no caminho de casa o que lhe causou suspeitas... (Capitão pula a janela e Pataca chega logo em seguida) (Homens começam a cercar a casa) Pataca: Sua vadia!! (engasga e começa a tremer de nervoso) (Maria recua dois passos) Maria: Saia daqui, Leonardo! Pataca: Não me chame pelo nome! Ou te tranco a boca a socos... Maria: saia daqui, já lhe disse! Quem te mandou por-se aos namoricos comigo a bordo? (Pataca fica furioso e começa a bater em Maria loucamente) loucamente) (Maria começa a correr e gritar pelo compadre) Maria: ai, ai, acuda senhor compadre... compadre... Senhor compadre! (bate forte na porta da casa dele que esta trabalhando na barbearia.) (Pataca, vira de costas e vê Leonardo e lhe da um pontapé nos glúteos.) Pataca: é filho de uma pisadela e de um beliscão, mereces um pontapé ate que te acabe a casta!
(Leonardo não chora e é levantado pelas orelhas. Vai correndo a casa do padrinho furioso e tremulo.) Padrinho: você perdeu o juízo, compadre? Leonardo: não foi o juízo, foi a honra! (em tom dramático) (Maria chega à barbearia chorando) Maria: maldita foi a hora que eu fui nascer! (Fala embolado pronunciando as palavras pisadela e beliscão, navio...) Depois de um momento de euforia Leonardo chegou a uma resolução e, juntando as folhas dispersas botou o chapéu na cabeça. Leonardo: que vá tudo pro inferno! (sai furioso e gritando) Narrador: Maria também exaltada e sentindo os restos das pancadas que levou chegou a uma resolução. Maria: levarei tudo à justiça! SAUDADES DA TERRA Narrador: muito tempo depois do acontecido, volta Pataca, hesitante, mas ainda decidido em uma reconciliação com Maria. Chegando à barbearia, encontra-se com seu compadre, fazendo o filho estremecer na cadeira com a lembrança do pontapé fatídico que o tinha arremessado para o outro lado da sala. (Leonardo bate na porta mas exita em entrar) Padrinho: entre homem, o passado é passado, deixe de bobagens. Padrinho: comadre, tudo esta acabado, venha cá! (Ninguém respondeu) Padrinho: há de estar ai a chorar metida em algum canto... (Começa a procurar por Maria) Leonardo aparece de costas para o padrinho, mete as mãos no bolso e se aproxima do padrinho. Pataca: o dito por não dito, mudei de resolução. Padrinho: olhe, homem... Pataca: nada, nada, está tudo acabado Padrinho: homem... Escute... A comadre... Pataca: não quero saber dela está tudo acabado, já disse ... Padrinho: a comadre foi embora (gritando) (Estático, Pataca começa a chorar)
Pataca: pois bem, está tudo acabado, adeus compadre... Padrinho: e o menino? (Pataca fica quieto) Padrinho: pois bem, vamos para sua nova casa, Leonardinho. Narrador: No outro dia ficaram sabendo que Maria havia fugido com o capitão do navio Padrinho: foram saudades da terra! PRIMEIROS INFORTÚNIOS Narrador: Nosso personagem cresceu criando problemas para seu padrinho, porém o maior foi o da Igreja com o padre. Compadre: Padre gostaria de colocar meu afilhado como sacristão em sua Igreja (Animado) Padre: Claro, vai ser ótimo ter-lo na casa de Deus. (Padre sorri) (Sai o compadre e no mesmo cenário entram Leonardo (Filho) e a Cigana.) Leonardo (Filho): O padre ta ai?(Gritando) Cigana: Fala baixo garoto! Que tu quer com o ele? Padre: Entre!(Apressado) As pessoas não podem me ver aqui, entre garoto! Leonardo (Filho): -Vim dizer que a missa é as 10 amanhã. Padre: -As dez? Isso é mais tarde que o normal! (confuso) Narrador: No dia seguinte, às nove horas... A partir daí se dá uma confusão, passam os figurantes e algum grita ‘Cadê o Padre? Tá atrasado para a missa’. Os mesmos saem e começa um dialogo entre o Padre e Leonardo. Padre: -Garoto! Que horas era a missa?(Com muita raiva em sua voz) Leonardo (Filho): -Nem eu lembro muito bem da hora que eu falei... Por que não pergunta para aquela mulher que o senhor tava. Figurantes : Oh! Padre: -Que moça? (Espantado) Leonardo (Filho): -Aquela Cigana que tava lá onde o senhor tava! Ela ouviu! Eu falei às 9h!
Padre: -Calunia! Esse mentiroso tem grande imaginação! Desde que entrou aqui só causou problemas! O quero fora daqui! Narrador: Um detalhe que não contamos a vocês é que Leonardo morria de amores pela cigana que ele encontrou aos amassos com o Padre. Essa mesma cigana rejeitou nosso herói por ele ser meirinho, então ele resolveu se vingar do padre e de seu antigo amor...l O DIA DA VINGANÇA Narrador: Na cidade do Rio de Janeiro, na época de nossa história, havia um rapaz chamado Chico-Juca, afamadíssimo e temível. Dava pancada por dinheiro e ia a qualquer lugar armar uma desordem de propósito. Esse homem era o desespero de Vidigal, o rei absoluto, o árbitro supremo de tudo o que acontecia na cidade. Este que nunca tinha conseguido por as mãos em Chico-Juca. Como diria a vizinha de nosso herói, “ esse menino tem maus bofes” e tem mesmo... Chico-Juca era conhecido de Leonardo e foi a ele mesmo que nosso menino foi à procura para se vingar, este que iria à casa da cigana naquela mesma noite. Porém, nosso travesso menino também chamou o Vidigal para ir àquele local, alertando ao Vidigal que Chico-Juca estaria lá... O sarilho estava armado! Leonardo, observando os acontecimentos que viriam a acontecer, ficou escondido próximo à casa da cigana. Começa uma musica alta e um batuque forte na casa. Entra Chico-Juca. Rapaz da Viola: Isto passa de mais... varro... menos essa, Sr. Chico Juca; nada de graças pesadas com essa moça, cá que é coisa minha. Chico-Juca: você respiga? Rapaz da Viola: tenho dito, Chico-Juca, nada de graças com ela! Chico-Juca arranca a viola da mão dele e aceita em cheio na cabeça. Começa a confusão. Chega Vidigal, com figura tranqüila. Vidigal: Então, que briga é essa? Cigana olha diversas vezes para a porta do quarto e se aproxima dele. Vidigal: Reviste aquele quarto! Cigana grita. Vidigal abre a porta do quarto e se espanta ao encontrar o Padre em ceroulas curtas e largas e meias pretas. Todos começam a rir. Narrador: a conseqüência de mais essa travessura de nosso menino foi que o padre ficou mau visto e abandonou a cigana, deixando Leonardo satisfeito. LUISINHA D. Maria: -Que bom ver vocês! Essa é minha sobrinha. (Animada) -Então... Eu estava querendo ver os fogos. Por que não vamos juntos? (Contente)
Compadre: Sim, claro que podemos ir. Meu rapaz vai com a gente, e sua menina? Vai também? D. Maria: -Oh!Claro! Ela nunca viu os fogos. Saem os quatro juntos, andando ao local dos fogos. Leonardo e Luisinha foram de braços dados. Sentaram-se todos na esteira. Luisinha: Olhe! Olhe! Olhe! (admirada) Aproxima-se de Leonardo, bota a mão em seu ombro. (Imagem de fogos) Leonardo (Filho): -Nunca irei esquecer! Foi lindo (Feliz)! E ficou melhor, pois você estava comigo. (vergonha em sua voz) Luisinha: -Isso é agrado seu... (Envergonhada). Deixe de coisa. Compadre: -Vamos rapaz! Se despesa que já é tarde. Leonardo (Filho): -Mas já?(Cara triste) Compadre: -Sim! Vá rápido! (com tom de raiva em sua voz) Luisinha: -é uma pena que tens que ir. (Triste) Narrador: Cessado-se os fogos,voltaram para casa. Luisinha agora sentia-se menos envergonhada, desatou a tagarelar com Leonardo como se fossem velhos amigos e agora, de mãos dadas. A despedida foi alegre para todos e tristíssima para os dois. Padrinho: Até mais D. Maria, prometemos voltar! (Leonardo sorri) Saem todos da cena e entram D. Maria e José Manuel e o mesmo fica olhando pra Luisinha. José Manuel: -Pois fique sabendo que com sua sobrinha quero casar. Ela tem uma grande beleza e já é uma moça. D. Maria: -Ah sim, estas certo. (confusa) Fora da casa se encontram Leonardo e seu Compadre Leonardo (Filho): -Estou com muito ciúme compadre! Eu a amo tanto! Compadre: -Então você tem que falar com ela. Leonardo (Filho): -Então vou sim! DECLARAÇÃO (enquanto o narrador fala, aparece Leonardo andando de um lado para o outro, com um bloco na mão e lápis no outro atônito com o que dizer a Luisinha) Narrador: Leonardo levou muitas semanas para compor e estudar o que havia de dizer a Luisinha quando aparecesse o momento decisivo. Enfim, depois de muitas
lutas consigo mesmo para vencer o acanhamento, tomou um dia a resolução de acabar com o medo, e dizer-lhe a primeira coisa que lhe viesse à boca. Então ... Leonardo se dirige ao encontro de Luisinha Leonardo (Filho): -Luisinha? -Ah! A senhora sabe... Uma coisa? (ansioso) Luisinha começa a rir. Luisinha: -O que? Não entendi... (Confusa) Leonardo (Filho): -Então, a senhora sabe ou não sabe? Luisinha começa a continuou a rir Leonardo: -Quero dizer então... Que eu te quero muito bem!(Sorrindo) Luisinha fica envergonhada dá de costas a Leonardo e caminha pelo corredor. (Os dois saem da cena e dão espaço para o Leonardo (Pai), Chiquinha e a Comadre) (A cena a se passar é do parto de Chiquinha) CHIQUINHA Narrador: Mas o que aconteceu com o Leonardo Pataca? Bem... o pai de nosso menino apartara-se em laços amorosos com a filha da comadre, a Chiquinha. Chegou finalmente o dia de aparecer o resultado desejado: ao amanhecer, manifestava os primeiros sintomas... (Pataca anda de um lado para o outro, nervoso e Chiquinha morrendo de dor) Leonardo (Pai): -Não sirvo para isto... Estas coisas não se dão com minha cabeça. Estou tremendo como se fosse comigo. Comadre: -Ah ela está tendo o bebe. Vamos comigo querida para o outro quarto. -Você Leonardo fique ai e espere. (A Comadre bota no pescoço Chiquinha bentinhos, terço etc. Chiquinha amarrou um lenço branco na cabeça e meteu-se embaixo dos lençóis e começou a rezar. Sentada na beirada da cama, a comadre parava a cada instante para dar ordens à Pataca. Comadre: agora, so lhe resta esperar pela natureza! Passa-se um minuto enquanto Leonardo (Pai) anda pelo palco se coloca um som de choro de bebe e vem à comadre avisar da boa notícia. Comadre: -É uma garota! Leonardo o pai: -Isso é coisa boa! Com o outro que era homem não me fui feliz. INTRIGAS DA COMADRE Narrador: Já se via que a vida da nossa comadre era trabalhosa e demandava sérios cuidados, lhe dispunha uma grande soma de atividades e apesar de gastar muito tempo nos deveres do ofício e na igreja, sempre lhe sobrara algum tempo. Começou pois a ocupá lo ao tomar a peito a causa dos amores de Leonardo com Luisinha.
Gozando de intimidade e crédito de D. Maria não perdia junto dela ocasião de desconceituar José Manuel e movia uma intriga surdíssima e constante contra o rival. (Comadre entra, D. Maria coloca os óculos e comadre faz sinal pra Luisinha sair) D. Maria: Então o que me diz, senhora, da desgraça da pobre velha? Comadre: Pois foi ali, nas barbas de todos. Não havia um instante que a moça havia chegado com a velha, e que se tinham as duas ajoelhado ao pé de mim D. Maria: Pois a comadre estava lá? Comadre: Antes não estivesse D. Maria: Mas o diabo é que ninguém saber quem foi o maldito que fugiu com a moça... Comadre: Tenho perguntado a todos e ninguém sabe dizer-me (dá uma risadinha) D. Maria: É porque todos estavam cegos... Comadre: Mas não estava eu, por mal de meus pecados, que antes tivesse... D. Maria: Pois viu e sabe com quem foi, vamos, quero saber quem foi o ladrão da moça e do dinheiro (remexendo-se) Comadre: Juras guardar segredo? Foi o nosso grande camarada... o boa peça do José Manuel D. Maria: O que é que diz, Comadre? (surpresa) Comadre: Pois vi, com estes olhos que a terra há de comer (arregalando os olhos com os dedos) Major Vidigal entra na cena Major Vidigal: -Vamos! Você está preso! No outro dia sendo liberto da prisão conversa José Manuel conversa com Major Vidigal. José Manuel: -Mas quem há de ter me acusado? -Será que aquele Leonardo? Mas ele nem é homem dessas coisas... (Confuso) Major Vidigal: -Terá que recuperar a amizade de D. Maria pois ela crê que você que a roubou. MUDANÇAS EM LUISINHA Narrador: desde o dia em que Leonardo fizera a sua declaração amorosa uma mudança notável se começou a operar em Luisinha, a cada hora se tornava mais sensível a diferença tanto do seu físico como do seu moral, seus contornos começavam a arredondar-se; seus braços, até aí finos e sempre caídos, engrossavam-se e tornavam-se mais ágeis; suas faces magras e pálidas, enchiam-se e tomavam essa cor que só sabe ter o rosto da mulher em certa época da vida; a cabeça, que trazia habitualmente baixa, erguia-se agora graciosamente; os olhos, até
aqui amortecidos, começavam a despedir lampejos brilhantes; falava, movia-se, agitava-se. A ordem de suas ideias alterava-se também, o seu mundo interior, começava a alargar os horizontes, a iluminar-se, parecia agora a participar da vida, de tudo que a cercava, tudo isso dava em resultado ao nosso amigo Leonardo, um aumento considerável de amor porém nem por isso lhe nasciam mais esperanças. (Depois da declaração não se tinha adiantado nem mais uma polegada, a única coisa que alentava Leonardo, era um súbito rubor subia às faces de Luisinha quando acontecia que se encontrassem os olhos dela com os seus. A soma total destas adições era uma raiva que lhe crescia na alma, aumentando todos os dias de intensidade contra José Manuel, a quem seus cálculos atribuía todo o seu atraso) ADEUS AO COMPADRE Em alguns dias a vida de Leonardo veio a alterar-se, o compadre caiu gravemente enfermo, e em alguns dias entregou sua alma a Deus. Não mais que depressa determinou-se que a comadre viria a se juntar ao afilhado a vir morar com ele na casa de Leonardo-Pataca, assim ficava também reunida à sua filha, e à sua neta. CHIQUINHA CONTRA LEONARDO Chiquinha, a amante de Leonardo Pataca e filha da comadre, e depois que moravam todos juntos, não perdia uma só dessas ocasião em virtude da antipatia que tinha ao rapaz, para fustigar de língua ao pobre rapaz. (Leonardo entra na sala de cara amarrada) Chiquinha: Traga melhor cara o dia de amanhã. (Leonardo se senta, com raiva e joga uma almofada no chão, rebentam-se os fios, Chiquinha levanta, põe as mãos na cintura) Chiquinha: Que desaforo! Vir da rua todo esfogueteado, e de propósito, muito de propósito, só pra me desfeitear, como se fosse aqui o dono da casa!!!! Leonardo filho: Não se meta com a minha vida, porque também nao me importo com a sua! Se me diz mais meia palavra...perco-lhe o respeito... eu nunca lhe dei confiança; e apesar de a senhora ser lá o que de meu pai...perco lhe o respeito! Chiquinha: você sempre mostra que tem raça de saloio! (Patacão entra apressado, e se coloca na frente do filho) Patacão: Pedaço de mariola!!!!! pensa que isso aqui é como a casa do seu padrinho? quero aqui muito respeito a todos...do contrário se já te dei um pontapé que te fz andar muitos anos por fora, de ou agora outro que te ponha longe daqui pra sempre! (Chiquinha se dirige a Patacão) Chiquinha: Nunca pensei que na sua companhia viesse a sofrer semelhante coisa.. (Leonardo filho sai) REMÉDIO AOS MALES Narrador: O pobre rapaz saiu porta afora, caminhando apressadamente, olhava de vez em quando para trás, pois julgara ver ainda o pai, e foi lá andar consigo para as
bandas de Cajueiros, guiado por um rumor que ouvia, viu atrás de umas moitas rapazes e raparigas. Amigo: Olá Leonardo! por que cargas d'água veio parar a essas alturas? Narrador: Trocados os comprimentos com o seu antigo camarada, Leonardo chegouse ao rancho. Amigo: Ora, como tu estás? Leonardo filho: ora nem te digo, morreu meu padrinho, fui para casa de meu pai...hoje mesmo, brigo lá com a cuja dele, ele corre de espada atrás de mim e eu me safo. Parei ali adiante, e as gargalhadas que vocês aqui davam... Amigo: Sei do resto.. e agora tu não tens para onde ir? Leonardo: homem... eu ia ver (e os dois riem) (Vidinha começa a cantar uma modinha com uma viola, Leonardo ouviu boquiaberto à modinha, depois da modinha, Leonardo logo chega perto de Vidinha) Modinha: “se os meus suspiros pudessem aos teus ouvidos chegar, verias que uma paixão tem poder de assassinar não são de zelos os meus queixumes, nem de ciúme abrasador são das saudades que me atormentam da ausência do meu amor” Leonardo: Cante uma outra modinha Vidinha: Qual...estou já tão cansada que nem posso! Qual...pois se eu também já cantei tudo que sabia, qual, meu Deus! nem posso mais! Narrador: Ninguém contara a Leonardo que a família era composta de duas irmãs, ambas viúvas, ou pelo menos se diziam ser, uma com três filhos e outra com três filhas, morando na mesma casa, não há nada mais natural, um primo pra cada prima, está tudo arranjado, cumpre porém ainda a observar que o amigo do Leonardo tomara conta de uma das primas, e que deste modo vinha a haver três primos para duas primas, sabia-se que haviam dois primos pretendentes a uma só prima, e essa era Vidinha. O AGREGADO Narrador: passaram-se assim algumas semanas, Leonardo, depois de acabadas todas as cerimônias acabou sendo declarado à casa de Tomás da Sé. Leonardo estava decididamente apaixonado por Vidinha, era uma rapariga que tanto tinha de bonita
como de movediça, era uma formidável namoradeira, portanto nao foram de mal algum recebidas as finezas de Leonardo. (cena de Leonardo abraçando Vidinha) Narrador: Um dia desandou em descompostura e foi pego por um dos primos em flagrante gozo de uma primacia amorosa, um abraço que trocava ele com Vidinha, pois dessa vez quase fora expulso. Narrador: Outro dia forjaram uma patuscada semelhante à que dera origem ao conhecimento de Leonardo com a família, deviam sair de madrugada da cidade e passarem o dia fora. Chegaram ao lugar determinado ao romper do dia, correu tudo sem nenhum sinal de descontentamento. Exceto quando o Major Vidigal os avistou. (Vidigal se aproxima) Vidigal: Não tenham medo de mim, que não sou nenhum papa-crianças, nem eu venho desmanchar prazeres de ninguém. Quero só saber qual de vocês é o amigo Leonardo. (sorrindo) (Vidinha faz cara de choro) Leonardo: sou eu... Vidigal: Ora, não se assustem, este amigo vai conosco, se puder, ele voltará em breve. Vidinha: Qual, meu Deus! que mal ele fez? (E um dos granadeiros que veio com o Vidigal conduz Leonardo, o Vidigal segue eles) Vidigal: Adeus minha gente! Vidinha: foi malsinação! (chorando) LUISINHA SE JUNTA A JOSÉ MANUEL Narrador: era um sábado a tarde, na casa de D. Maria andavam as crias e mais escravos de dentro pra fora, espanava-se a sala, arrumavam-se cadeiras, corria-se, falava-se, gritava-se. Luisinha, conduzida por D. Maria partiu depressa para a igreja, José Manuel, fez outro tanto, tal que depois das boas obras de um mestre-de-reza reabilitara-se completamente junto a D. Maria, e tratou logo de pedir a mão de Luisinha a qual lhe foi prometida, Leonardo tinha abandonado Luisinha, ela portanto aceitou indiferentemente a proposta. Mulher 1: E o filho do Leonardo-Pataca ficou vendo estrelas? Mulher 2: Por força: venceu esse porque é um espertalhão. A FUGA Narrador: Voltemos ao Leonardo, que agora se encontra na delegacia por causa da trama de José Manuel... (começam gritos e assovios) Opa, mas o que é isso? (Leonardo escapa das mãos de Vidigal e vai a casa de Vidinha)
Saem eles novamente e volta para a casa de Vidinha, chega Leonardo correndo e esbarra com ela. Vidinha: -Leonardo! Que faz aqui? Leonardo (Filho): -Na hora que passei por um tumulto me livrei das mãos do capitão corri e fugi para cá. -O Major deve estar atrás de mim! Saem os dois e entram a Comadre e o Major Comadre: -Major! Liberte meu afilhado! Major Vidigal: -Aquele Fugiu! Comadre: -Não vá atrás dele, te imploro! Major Vidigal: -Vou pensar no seu caso. BATISADO Major Vidigal: - Vem comigo que preciso de você. - É o seguinte você irá me ajudar a partir de agora. Leonardo (Filho): - Sim! Claro! Major Vidigal: - Estamos atrás de um tal de Teotônio ele é conhecido por ser ladrão e fazer muitas caretas. - Ele estará no batizado de sua irmã. Leonardo: sou malvisto em casa de meu pai, replicou este à proposta do major Vidigal: é hoje um bom dia de conciliação... Leonardo: talvez não queiram me receber ... minha madrasta não gosta de mim, aquela víbora ... Vidigal: víbora ou não, há de ir! (casa de Leonardo-Pataca) Barulho Toc,Toc,Toc Comadre: -Se abaixem que é um granadeiro! Deve ter vindo atrás de ti Teotônio. Leonardo (Filho): -Isso é jeito de receberem o filho do pai da garota? Abram que é o Leonardo! Comadre: -Entre querido, mas por que a roupa? Todos se assustaram. O Teotônio ta ai, não o querem preso, é irmão de Chiquinha. Leonardo (Filho): -Vim só ver o batizado, fui liberado do quartel. Passa um minuto todos conversam ao mesmo tempo Leonardo (Filho): -Sr. Teotônio, se puser o é daquela porta fora, o major te prende.
Sai um personagem com um pano na cabeça e corcunda. Major Vidigal: -Te peguei safado! “Corcunda”: -Que isso? Sou só um corcunda! Que te fiz? Solte-me! Major Vidigal: -Vá para o inferno! Que faz você na rua há essa hora? Leonardo (Filho): -Ele já saiu! Tava de pano branco e chapéu! Major Vidigal: -Que merda! Era o corcunda!Ele me enganou! Leonardo (Filho): -Idiota! (Rindo do Major) Major Vidigal: -Você o ajudou! Está preso como cúmplice na fuga dele.
LIBERDADE A LEONARDO Saem todos e D. Maria entra e se encontra com a Comadre D. Maria: -Estou arrependida! Que briga besta tivemos! Comadre: -Sim! Mas eu não deveria ter mentido sobre José Manuel! D. Maria: -Lusinha anda sofrendo na mão de José Manuel. É um chato e ranzinza. Comadre: -Coitada! Pois meu afilhado está novamente preso! Pobre coitado. D. Maria: -Podemos nos ajudar e ao mesmo tempo ajudar eles. Comadre: -Sim!(Chorando) -O pobre vai passar mais tempo na prisão e vai levar chibatada! D. Maria: -Sei como ajudar! Lembro bem que o Major Vidigal tinha um caso por uma amiga minha, Maria Regalada, ela provavelmente nos irá ajudar nessa questão. É uma boa mulher. (Saem as duas andando e se encontram com Maria Regalada sentada em uma cadeira ). D. Maria: -Querida! Estava te procurando! Ainda bem que estavas aqui. Maria Regalada: -Oh! Amiga! Há quanto tempo! Estava com saudades, então o que está acontecendo? Pareces-me preocupada. D. Maria: -Sim, estou, e muito!
-Está é minha amiga, ela também veio tratar do mesmo problema com ti. Maria Regalada: -Então? Qual é o problema? D. Maria: -Você se lembra de Major Vidigal? Maria Regalada: -Sim lembro... O amava, mas ele só pensava no trabalho. Não deu certo nosso relacionamento. D. Maria: -Preciso de sua ajuda para tirar o afilhado dela da prisão. Sei que você consegue. Ele ainda te ama. Maria regalada: -Sim, irei ajudar. Ele tem uma mente e coração de pedra, mas talvez me escute. Saem todas e muda um pouco o cenário. Entram as três juntas para falar com o Major. Maria Regalada: -Vim aqui para pedir que libertes o seu granadeiro Leonardo. (O Major sai de perto com raiva) Major Vidigal: -Não posso! Você sabe disso! Não posso fazer nada! É a Lei! Todas começam a chorar Maria Regalada: -Mas se o senhor quiser, ele pode sair! Major Vidigal: -Bem, sim, mas a lei... -Me vieram chorando agora estou também! -Está bem! Prometo ajudar! -imagina se me vêem aqui, chorando com essas 3 mulheres. A MORTE É JUIZ Narrador: Alguns dias depois, José Manuel foi acometido na rua de um violento ataque apoplético ao voltar do cartório após uma discussão com o procurador de Dona Maria. Luisinha entrou em desespero, coitada ... Na cena que se segue Luisinha grita e José Manuel está caído no chão, ele sai carregado por figurantes. Durante o Velório chega Leonardo com farda de sargento de granadeiros. Leonardo (Filho): -Vim aqui te ver meu eterno amor! Luisinha: -Oh! (Começa a chorar) Leonardo (Filho): -Não poderei me casar se for Sargento de granadeiros então me rebaixei para o cargo de Sargento de Milícias. Comadre fala com o Major Vidigal pedindo outra ajuda. Comadre: -Poderia fazer isso por ele? Poderia rebaixá-lo?
Major Vidigal:-Sim claro! Desejo felicidades a ele. (Com Maria Regalada ao seu lado e sorrindo) Saem todos e depois volta Leonardo e o Major Major Vidigal: -Aqui estão Leonardo, sua baixa de tropa de linha e sua nomeação de sargento de milícias. Leonardo (Filho): -Muito obrigado. (sai gritando) -Luisinha! Agora podemos nos casar! Festa, casamento, todos estão feliz e os dois caminham e termina.