MANUAL DE FORMAÇAÃ O
UFCD 8914 IDOSOS EM FASE TERMINAL – CUIDADOS PALIATIVOS
Área de Formação: 762 – Trabalho Social e Orientação
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ÍNDICE Objetivos....................................................................................................3 Conteúdos programáticos..........................................................................3 Carga horária.............................................................................................3 Introdução.................................................................................................4 Desenvolvimento.......................................................................................5 1.Definição de cuidados paliativos.............................................................5 1.1.Alicerces dos cuidados paliativos..............................................................................6 1.2.Necessidades de um idoso com doença terminal.................................................11 1.3.Sentimentos dos doentes em fase terminal e dos seus familiares....................13 2.Sintomas mais comuns do idoso em fase terminal...............................17 2.1.Dor...............................................................................................................................18 2.2.Dispneia......................................................................................................................20 2.3.Vómitos e náuseas....................................................................................................22 2.4.Obstipação..................................................................................................................24 2.5.Anorexia......................................................................................................................24 2.6.Depressão...................................................................................................................26 3.Papel do técnico de ação direta em geriatria, nos cuidados paliativos. 28 3.1.Posição do técnico de geriatria...............................................................................29 3.2.Comunicação neste tipo de panorama...................................................................32 3.3.Questões mais frequentemente levantadas pelos idosos...................................35 3.4.Momento de reflexão sobre a vida.........................................................................37 4.Análise da informação proveniente de um instrumento de avaliação para a obtenção das principais necessidades dos doentes paliativos......40 5.Técnicas de intervenção no idoso em estado terminal..........................45 Bibliografia..............................................................................................52 Sites Consultados.....................................................................................52 Conclusão.................................................................................................53
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Objetivos No final da Ação, os/as formandos/as deverão ser capazes de:
Identificar as necessidades dos idosos em estado terminal e adequar as atividades desenvolvidas de acordo com as mesmas;
Reconhecer os sintomas mais comuns dos idosos em estado terminal;
Descrever o papel do técnico de geriatria no apoio ao idoso em fase terminal.
Conteúdos programáticos
Definição de cuidados paliativos o Alicerces dos cuidados paliativos o Necessidades de um idoso com doença terminal o Sentimentos dos doentes em fase terminal e dos seus familiares Sintomas mais comuns do idoso em fase terminal: o Dor o Dispneia o Vómitos e náuseas o Obstipação o Anorexia o Depressão Papel do técnico de ação direta em geriatria, nos cuidados paliativos o Posição do técnico de geriatria o Comunicação neste tipo de panorama o Questões mais frequentemente levantadas pelos idosos o Momento de reflexão sobre a vida Análise da informação proveniente de um instrumento de avaliação para a
obtenção das principais necessidades dos doentes paliativos Técnicas de intervenção no idoso em estado terminal
Carga horária
25 horas
INTRODUÇÃO O termo "cuidados paliativos" é utilizado para designar a ação de uma equipe multiprofissional a pacientes fora de possibilidades terapêuticas de cura. A palavra "paliativa" é originada do latim palliun que significa manto, proteção, ou seja, proteger Páá giná 3 de 53
aqueles em que a medicina curativa já não mais acolhe. Segundo o Manual dos Cuidados Paliativos, a origem do mesmo se confunde historicamente com o termo "hospice" - abrigos que tinham a função de cuidar dos viajantes e peregrinos doentes. Essas instituições eram mantidas por religiosos cristãos dentro de uma perspectiva caridosa. O movimento hospice contemporâneo foi introduzido pela inglesa Cicely Saunders em 1967, com a fundação do Saint Christopher Hospice, no Reino Unido. Essa instituição prestava assistência integral ao paciente desde o controle dos sintomas até alívio da dor e sofrimento psicológico. A partir de então surge uma nova filosofia no cuidar dos pacientes terminais. Os Cuidados Paliativos foram definidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1990, e redefinidos em 2002, como sendo uma abordagem que aprimora a qualidade de vida, dos pacientes e famílias que enfrentam problemas associados com doenças, através da prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor, e outros problemas de ordem física, psicossocial e espiritual1. Seus princípios incluem: reafirmar a importância da vida, considerando a morte como um processo natural; estabelecer um cuidado que não acelere a chegada da morte, nem a prolongue com medidas desproporcionais (obstinação terapêutica); propiciar alívio da dor e de outros sintomas penosos; integrar os aspectos psicológicos e espirituais na estratégia do cuidado; oferecer um sistema de apoio à família para que ela possa enfrentar a doença do paciente e sobreviver ao período de luto. Devem reunir as habilidades de uma equipe interdisciplinar para ajudar o paciente a adaptar-se às mudanças de vida impostas pela doença, pela dor, e promover a reflexão necessária para o enfrentamento desta condição de ameaça à vida para pacientes e familiares. O processo de viver se prolongou de uma forma exponencial nas últimas décadas, devido às inovações tecnológicas que impactaram no aumento da sobrevida, e isto nos faz perceber que a morte, na maioria das vezes, já não é um episódio e sim um processo, às vezes até prolongado, demorando anos e até mesmo décadas dependendo da enfermidade.
DESENVOLVIMENTO
1.Definição de cuidados paliativos
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1.1.Alicerces dos cuidados paliativos Entende-se por Paliação o alívio do sofrimento do doente. Por Ação Paliativa, qualquer medida terapêutica, sem intuito curativo, que visa minorar, em internamento ou no domicílio, as repercussões negativas da doença sobre o bem-estar global do doente. As ações paliativas são parte integrante da prática profissional, qualquer que seja a doença ou a fase da sua evolução. Por Futilidade Diagnostica e Terapêutica, procedimentos diagnósticos e terapêuticos que são desadequados e inúteis, face à situação evolutiva e irreversível da doença, e que podem causar sofrimento acrescido ao doente e à família. Em linha com a OMS, podem definir-se os Cuidados Paliativos como uma abordagem que visa melhorar a qualidade de vida dos doentes – e suas famílias – que enfrentam problemas decorrentes de uma doença incurável e/ou grave e com prognóstico limitado, através da prevenção e alívio do sofrimento, da preparação e gestão do fim de vida e do apoio no luto, com recurso à identificação precoce e tratamento rigoroso dos problemas não só físicos mas também psicossociais e espirituais. Os Cuidados Paliativos são cuidados intensivos de conforto. São prestados de forma multidimensional e sistemática por uma equipa multidisciplinar, cuja prática e método de tomada de decisões são baseados na ética clínica (CCOMS). Os cuidados Paliativos são dispensados com base nas necessidades e não apenas no diagnóstico ou no prognóstico, pelo que podem ser introduzidos de forma estruturada em fases mais precoces da doença (qualquer que ela seja), mesmo quando outras terapêuticas, cuja finalidade é prolongar a vida, estejam a ser utilizadas. Assumirão importância progressivamente maior à medida que as necessidades dos doentes assim o justifiquem. Configuram, portanto, um modelo de intervenção flexível, não exclusivo nem dicotómico, conducente à prestação de cuidados com continuidade, partilhados e preventivos. Todas as pessoas com doenças crónicas sem resposta à terapêutica de intuito curativo e com prognóstico de vida limitado, são candidatas a Cuidados Paliativos. Páá giná 6 de 53
Inicialmente, este tipo de Cuidados destinava-se apenas aos doentes com cancro, nos estádios terminais da doença. Com o desenvolvimento crescente da paliação, o âmbito da prestação de Cuidados Paliativos alargou-se a situações como as insuficiências avançadas de órgão, a SIDA em estádio terminal, as doenças neurológicas degenerativas, as demências na sua fase final, entre outras, que passaram a figurar no vasto leque das patologias cujos doentes beneficiarão deste tipo de Cuidados. Os Cuidados Paliativos constituem uma resposta organizada à necessidade de tratar, cuidar e apoiar ativamente os doentes com prognóstico de vida limitado. São prestados por equipas e unidades específicas de Cuidados Paliativos, em internamento ou no domicílio, segundo níveis de diferenciação. Têm como componentes essenciais: o alívio dos sintomas; o apoio psicológico, espiritual e emocional; o apoio à família; o apoio durante o luto e a interdisciplinaridade. A família deve ser ativamente incorporada nos cuidados prestados aos doentes e, por sua vez, ser ela própria objeto de cuidados, quer durante a doença, quer durante o luto. Para que os familiares possam, de forma concertada e construtiva, compreender, aceitar e colaborar nos ajustamentos que a doença e o doente determinam, necessitam de receber apoio, informação e educação. A prática dos Cuidados Paliativos assenta nos seguintes princípios: a) Afirma a vida e encara a morte como um processo natural; b) Encara a doença como causa de sofrimento a minorar; c) Considera que o doente vale por quem é e que vale até ao fim; d) Reconhece e aceita em cada doente os seus próprios valores e prioridades; e) Considera que o sofrimento e o medo perante a morte são realidades humanas que podem ser clínica e humanamente apoiadas; f) Considera que a fase final da vida pode encerrar momentos de reconciliação e de crescimento pessoal;
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g) Assenta na conceção central de que não se pode dispor da vida do ser humano, pelo que não antecipa nem atrasa a morte, repudiando a eutanásia, o suicídio assistido e a futilidade diagnóstica e terapêutica; h) Aborda de forma integrada o sofrimento físico, psicológico, social e espiritual do doente; i) É baseada no acompanhamento, na humanidade, na compaixão, na disponibilidade e no rigor científico; j) Centra-se na procura do bem-estar do doente, ajudando-o a viver tão intensamente quanto possível até ao fim; k) Só é prestada quando o doente e a família a aceitam; l) Respeita o direito do doente escolher o local onde deseja viver e ser acompanhado no final da vida; m) É baseada na diferenciação e na interdisciplinaridade. As dimensões mais relevantes em Cuidados Paliativos dizem respeito a: Doença, sua evolução e tratamento; Aspetos físicos (sintomas), emocionais, sociais; Dimensão espiritual; Cuidados à família/cuidador; Luto; Cuidados dos últimos dias Aspetos práticos.. A atitude perante o idoso em fim de vida tem sido sujeita a alterações ao longo do tempo. O profissional de saúde tem o dever de fazer valer os direitos das pessoas em fim de vida, porque o moribundo é antes de mais um ser único com necessidades, valores, convicções, que tem direitos durante o processo de morrer. Páá giná 8 de 53
A Portaria n.º 52/2012 referência os seguintes os direitos do doente em fim de vida: 1.Receber cuidados paliativos adequados à complexidade da situação e às necessidades da pessoa, incluindo a prevenção e o alivio da dor e de outros sintomas; 2. Escolher o local de prestação de cuidados paliativos e os profissionais, exceto em casos urgentes, nos termos dos princípios gerais da Lei de Bases da Saúde; 3. Fazer-se acompanhar, nos termos da lei; 4. Ser informado sobre o seu estado clínico, se for essa a sua vontade; 5. Participar nas decisões sobre cuidados paliativos que lhe são prestados, nomeadamente para efeitos de determinação de condições, limites ou interrupção dos tratamentos; 6. Ver garantidas a sua privacidade; 7.Receber informação objetiva e rigorosa sobre condições de internamento. Podemos acrescentar alguns direitos, que o profissional deve valorizar e servirse deles para enriquecer a relação com o doente em fim de vida: Direito de ser tratado como um ser humano até morrer; Direito de ser aliviado na dor; Direito de participar nas decisões relativas aos cuidados que lhe são
prestados; Direitos de contar, com a constante atenção médica e com a continuidade de cuidados, mesmo que os objetivos de cura devam ser
mudados para objetivos de suporte; Direito de ser tratado por pessoas sensíveis, motivadas, competentes, que tentem compreender as necessidades de quem se encontra a morrer e encontrem satisfação pessoal na ajuda que lhe dão em relação à
morte; Direito a ser tratado por pessoas capazes de conservar sentimento de
confiança, qualquer que sejam as mudanças que possam advir; Direito a que lhe respondam honestamente às suas questões; Direito a não ser enganado; Páá giná 9 de 53
Direito de conservar um sentimento de esperança qualquer que seja a
mudança que possa vir a acontecer; Direito de exprimir à sua maneira os seus sentimentos e emoções, face à
sua própria morte; Direito de conservar a sua individualidade e de não ser julgado pelas
suas decisões que podem ser contrárias às convicções dos outros; Direito a discutir e aprofundar a sua experiência religiosa e espiritual,
qualquer que seja o significado que ela tenha para os outros; Direito para a aceitação da morte, a receber a ajuda da família e esta
também receba ajuda; Direito a não morrer só; Direito de esperar que a dignidade do seu corpo seja respeitada após a
sua morte; Direito de morrer em paz e com dignidade.
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1.2.Necessidades de um idoso com doença terminal Apesar da representação da morte ter mudado ao longo dos tempos, as necessidades dos doentes e famílias não mudaram em relação aos antepassados. o que existe são múltiplas representações sobre a trajetória ideal de morrer. A boa morte é frequentemente associada à imagem de uma morte natural, pacífica, dignificante e não prolongada. A ambição da dignidade na morte, como na vida, é comum a todas as pessoas. Querer morrer sem sofrimento, seja ele físico, psicológico ou espiritual, é um anseio comum a todos os seres humanos, mesmo que raramente pensem no fim dos seus dias. no entanto a morte pode ser esperada, como por exemplo no curso de uma doença prolongada, em que as pessoas vivem num período particularmente difícil da sua existência que corresponde à fase terminal da vida. Estamos a falar de pessoas com doenças avançadas, incuráveis e progressivas a quem é dito que “já não há nada a fazer”, reiterando ao doente e família a esperança de uma boa morte. Os idosos residentes nestas instituições na sua maioria encontram-se numa situação de doença crónica, isto é não curável, progressiva e irreversível, sendo os cuidados paliativos a resposta de saúde adequada a esta população. os cuidados paliativos no idoso não diferem na sua filosofia e desenvolvimento dos doentes mais jovens, mas devem ser tomadas em consideração algumas peculiaridades em relação às caraterísticas dos idosos, no momento da avaliação. No caso dos idosos há uma maior proporção de doenças crónicas, de etiologia não oncológica, incuráveis, avançadas e progressivas. Nestes idosos com doenças não oncológicas a evolução é mais lenta, renunciar ao tratamento curativo é mais difícil, o doente e a sua família normalmente não tem a mesma perceção da gravidade da situação como nas doenças oncológicas, estabelecer um prognóstico é mais difícil e o risco de erro é elevado. A avaliação destes doentes requer a intervenção de uma equipa multidisciplinar, o objetivo será o estabelecimento e monitorização de um plano Páá giná 11 de 53
individualizado. Por isso os cuidados paliativos na terceira idade são complexos e desafiantes, tornando-se fundamental o trabalho em equipa. A ocorrência de uma boa morte depende de fatores inerentes ao contexto social e cultural em que o doente se encontra inserido, assim como de aspetos associados à evolução da doença. Cuidar para morrer bem exige cuidados altamente individualizados baseados na continuidade do relacionamento, com trabalho em equipa eficaz, planeamento prévio, atenção específica para a preparação da morte e discussão adequada dos tratamentos. Será de relevância os profissionais de uma estrutura residencial poderem escutar, olhar e absorver o que os idosos em fim de vida direta ou indiretamente lhes transmitem, no que concerne á escolha individual do lugar onde gostariam de ser cuidados, evitar internamentos hospitalares desnecessários e suspensão de tratamentos fúteis, poderá ajudar no bem morrer. As perceções sobre uma boa ou má morte encontram-se relacionadas com o desenvolvimento de certas interações entre os desejos dos doentes, a capacidade de atingir as expectativas dos vários intervenientes e o controlo que é exercido sobre o processo de morrer. Os idosos residentes em estruturas residenciais sofrem muitas vezes de solidão, da indignidade da dependência e mudanças indesejadas na aparência física. Alguns não têm interação significativa ou nenhuma com a família ou amigos ou representante espiritual durante a fase final da vida. Os profissionais de saúde estão sensíveis que os cuidados individualizados e as relações terapêuticas fortes ajudam na prestação de cuidados em fim de vida e dão alento ao longo do processo de morrer. Para o idoso institucionalizado a Estrutura Residencial é o local onde passou parte da sua vida e por isso, também se torna uma casa, um albergue e um local seguro para morrer. Os cuidados paliativos são os indicados a prestar aos idosos de uma estrutura residencial, pois tem como meta proporcionar ao idoso e família e/ou pessoa significativa condições para que alcancem uma boa qualidade de vida até á morte, oferecendo assim uma boa morte.
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1.3.Sentimentos dos doentes em fase terminal e dos seus familiares O idoso que se encontra em fim de vida pode ser denominado como doente terminal, moribundo ou mesmo como próximo da morte. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) estes doentes terão de possuir uma doença avançada terminal e incurável, escassa ou nula possibilidade de resposta ao tratamento ativo, presença de problemas, sintomas intensos, múltiplos e oscilantes, grande impacto social no doente, família, amigos e equipa de saúde, relacionado com o sofrimento e processo de morte e um prognóstico de vida limitado. Não pode ser esquecido que o doente em fim de vida é um ser único, mas tem caraterísticas comuns. Salientamos um conjunto de características comuns aos doentes em fim de vida: Deterioração evidente e progressiva do estado físico, acompanhada de diminuição do nível de consciência, desorientação e dificuldade na
comunicação; Dificuldade progressiva na ingestão de deglutição, com origem na debilidade crescente ou nas alterações do estado de consciência,
desinteresse pelos alimentos; Falência de muitos órgãos, acompanhada por vezes, de falência de
controlo de esfíncteres; Sintomas físicos variáveis de acordo com a patologia de base, embora as alterações da respiração e as perturbações da consciência possam
ganhar relevo; Sintomas psico-emocionais: como angustia, agitação crises de medos ou pânico, pesadelos, manifestados de acordo com a gravidade do estado
do doente; Evidência e/ou perceção emocional, verbalizada ou não, da realidade da situação terminal.
As fases da doença comportam a fase antes do diagnóstico de doença incurável e fatal, em que pode já existir uma consciência ou desconfiança que se está a desenvolver uma doença física grave. Esta fase inclui a fase de testes e exames prévios ao diagnóstico. Páá giná 13 de 53
De seguida temos a fase aguda que ocorre na altura do diagnóstico, em que o doente é forçado a entender o novo diagnóstico e rapidamente fazer decisões acerca dos cuidados e tratamentos que se seguirão. A fase seguinte é a fase crónica que compreende o período de tempo entre o diagnóstico e o resultado do tratamento. É a fase em que o doente tenta lidar com as novas e antigas exigências da vida, enquanto tenta por em prática (novas) estratégias de coping com os efeitos secundários do tratamento e sintomas da doença. A fase de recuperação segue esta fase, e caracteriza-se pela capacidade do doente lidar de forma adaptada com os efeitos mentais, sociais, físicos, religiosos e financeiros da doença. Por fim, a fase final ou terminal de uma doença fatal, que se caracteriza pela proximidade da morte. O foco de atenção transita de tentar curar a doença para prolongar a vida e providenciar o máximo de conforto possível. Esta última fase da vida decorre de uma forma gradual e natural, com um agravamento que se constata de dia para dia e com evidente deterioração do estado geral. as fases de adaptação do meio familiar de doentes em risco de vida por doenças paliativas, compreendem quatro grandes fases. Na primeira, a fase de enfrentar a realidade, o doente acabou de receber o diagnóstico, mantendo-se ainda as suas funções no meio familiar. A família desenvolve diversas respostas, compartimentadas em 5 subfases: 1) Impacto: caracterizada pelo choque, a ansiedade e a desorganização funcional da família; 2) Desorganização funcional: os membros da família são incapazes de manter os seus papéis habituais, existe a diminuição da estabilidade e da autonomia familiar, e a família torna-se menos capaz de procurar outros sistemas de apoio social; 3) Procura de uma explicação: há a tentativa de compreender racionalmente o processo da doença, procurando informação científica; Páá giná 14 de 53
4) Pressão social: pode ocorrer quando a família ainda não venceu o desespero, o isolamento e a vulnerabilidade. A família está exposta a questões colocadas pelo meio social e muitas vezes sente-se frustrada porque ela própria não tem respostas; 5) Perturbações emocionais: surgem profundas alterações de todos os membros da família, existem emoções súbitas e inconstantes, à medida que os valores e objetivos da família se alteram, alterando e perturbando a dimensão emocional dos membros da família. A segunda fase desta adaptação familiar é a fase de reorganização durante o período precedente à morte, caracterizada pela fase em que o doente suspende as suas funções familiares habituais em detrimento de receber cuidados médicos. A família passa então pela redistribuição de papéis e reorganização das memórias. É uma fase onde se passa bastante tempo a recordar a história pessoal do doente. A terceira fase, a fase da perda, coincide com a eminência da morte. A separação ocorre quando existe a alteração de consciência do doente e a família experiencia a crueldade e frieza da perda e da solidão. Segue-se o luto, onde pode haver culpabilização por parte dos membros da família, e mesmo ativação de processos de luto anteriores mal resolvidos. A última fase, do restabelecimento, é a etapa final de adaptação da família, que se desenvolve após a resolução com sucesso do luto, e abrange a expansão da rede social. As pessoas que tomam consciência da sua morte iminente (e, por vezes, as pessoas que lhes são mais vinculadas) tendem a desenvolver um processo que contém cinco fases que podem não seguir, obrigatoriamente, uma sequência ou ser vivenciadas da mesma forma por todos os indivíduos: negação e isolamento, raiva, negociação, depressão e aceitação. Na fase de negação e isolamento, o doente diante da informação da inevitabilidade da sua morte, inicialmente não acredita naquilo que os profissionais de saúde lhe dizem.
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Quando não é possível negar o que é uma certeza, entra numa segunda fase, da raiva, da ira, da inveja, “Porque eu?”, as pessoas que acreditam em Deus começam a culpá-lo, “Que Deus é este que me deixa morrer”. Porém, diante da impossibilidade de impedir a morte, o doente torna-se agressivo. Tal agressividade volta-se contra si mesmo, contra Deus e contra as pessoas que o rodeiam. Os profissionais que trabalham com doentes terminais percebem que esta raiva assenta num profundo desespero, por parte do doente que se vê confrontado com a morte, que lhe inspira medo e do qual quer fugir. A superação desta raiva carateriza a terceira fase, a negociação, em que o doente tenta negociar um prazo maior, “Vou morrer, sim, mas não já, e sim no ano que vem”. Na fase da depressão, o doente terminal chega ao momento da despedida do mundo, e nesse momento, percebe o verdadeiro valor da vida. A despedida torna-o triste, mas realizá-la é a condição para poder aceitar a morte. Apesar de a morte estar para breve o doente em fim de vida é um ser humano que ama, e como tal deve continuar a ser amado, cuidado e respeitado porque continua vivo até que o momento da morte se estenda sobre ele. O idoso em processo de fim de vida perante a realidade da sua situação, perceciona a morte. Esse momento único na sua vida será influenciado pelos seus aspetos culturais, pela sua personalidade, pelo tipo de aprendizagens anteriores que teve e pelas mensagens que obtém dos profissionais. Deste modo, cada elemento da equipa deve tomar consciência das mensagens que envia no processo de cuidar e dos direitos de que idoso em fim vida dispõe. No centro de todas as atitudes a tomar deve estar garantido o conforto, o apoio psicológico e espiritual do idoso em processo de fim de vida e família proporcionando uma boa morte.
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2.Sintomas mais comuns do idoso em fase terminal
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2.1.Dor A dor é descrita como “uma experiencia sensitiva e emocional desagradável, associada a dano real ou potencial dos tecidos, ou descrita em termos de tais danos”. Esta definição reforça que a dor é uma experiência única, individual, modificada pelo conhecimento prévio de um dano que pode ser existente ou presumido. Devemos, independentemente da situação, considerar a dor e acreditar no doente sempre que este a refere, da forma como a descreve e com a intensidade que menciona. A prevalência da dor é alta mas varia consoante o estudo, sendo um dos sintomas mais prevalentes. Este sintoma tem um grande impacto na qualidade de vida dos doentes. A dor pode ser classificada, relativamente à sua base temporal, como aguda ou crónica. A dor aguda tem um início bem definido e geralmente está relacionada com sinais físicos e objetivos, com ativação do sistema nervoso simpático, e a duração pode ser de horas a semanas. Na dor crónica o padrão temporal normalmente é menos bem definido, persistindo por meses ou até mesmo anos, estando associada a alterações da qualidade de vida do doente. A dor pode ainda ser dividida em três grandes categorias, relativamente aos mecanismos responsáveis pela sua sustentação, nomeadamente em nociceptiva, neuropática e idiopática. A dor nociceptiva está relacionada com o dano tecidular e pode ser subdividida em dor somática ou visceral consoante seja causada por lesões somáticas ou viscerais. A dor neuropática está associada a alterações no sistema nervoso central ou periférico. Pode afetar um só nervo, mononeuropatia, ou vários, mononeuropatia múltipla, ou ser difusa designando-se por polineuropatia. Páá giná 18 de 53
Pode ainda ser constante ou intermitente, em queimadura ou lancinante e pode acompanhar-se de alodinia, quando a dor advém de um estímulo que normalmente não seria doloroso, e de hiperpatia, em que a dor ocorre por reação exagerada a um estímulo, no local da alteração. Quando a dor é desproporcionada em relação à lesão observada, em comparação com a dor que a maioria das pessoas com uma lesão semelhante, ou aparece sem qualquer lesão observável é classificada como dor idiopática. Nos doentes com esta alteração normalmente há indícios que indicam um predomínio dos fatores psicológicos. Na avaliação da dor, para além dos aspetos já mencionados para a avaliação de todos os sintomas, deve-se ter em atenção a localização da dor e se existir dor em vários locais estes devem ser avaliados individualmente. Deve ser feito um exame físico e se necessário exames complementares de diagnóstico de forma a ser tratada uma possível causa. Se na avaliação da resposta do tratamento este não for adequado deve-se reavaliar a situação. Para o controlo da dor é necessário o recurso a tratamento farmacológicos, que habitualmente são suficientes uma vez que, segundo Gonçalves (2011), somente cerca de 10 a 20% dos doentes não consegue obter o controlo deste sintoma com os tratamentos convencionais. Como intervenções não farmacológicas são importantes o apoio emocional proporcionado aos doentes com recurso a diálogo e escuta ativa que os pode ajudar a abstrair da dor e a relaxar assim como massagens de conforto e recurso a distrações como a música, televisão e familiares. Pode existir uma posição de conforto que ajude a diminuir a dor enquanto a medicação de resgate não surte efeito pelo que é importante, se for possível, encontrar essa posição.
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2.2.Dispneia A dispneia na Agonia poderá ser um sintoma de novo ou estar presente previamente. Na base da dispneia poderão estar os efeitos diretos da neoplasia (envolvimento do parênquima, linfangite carcinomatosa) ou os seus efeitos indiretos (obstrução, derrame pleural, tamponamento cardíaco extenso, ascite, síndrome da veia cava superior). Entre outras causas estão as complicações da doença (pneumonia, tromboembolia pulmonar, hemoptise, anemia, urémia, acidose) ou complicações do tratamento (fibrose pulmonar rádica ou associada à quimioterapia, cardiomiopatia). A ansiedade e o “pânico da morte” podem atuar como um ciclo vicioso, agravando a sintomatologia. Para além destes aspetos, o desgaste orgânico característico da fase agónica condiciona o aparecimento de alterações significativas no padrão respiratório, muitas vezes de difícil controlo. Inicialmente, pode ocorrer taquipneia devido a astenia, ansiedade e retenção de dióxido de carbono, mas, com a exaustão dos músculos respiratórios, a frequência respiratória diminui. A disfunção do centro respiratório, em particular, a diminuição da sensibilidade à pressão parcial de oxigénio, pode originar períodos erráticos de bradipneia e apneias primárias. Nas últimas horas a minutos, a respiração agónica traduz-se em episódios de gemido intercalados por apneias de 1 a 3 minutos. O gemido é um reflexo de Auto ressuscitação gerado a nível bulbar. Ocorre em resposta à hipoxémia severa, resultando na abertura espástica da boca com contração do diafragma e retração do osso hióide Resulta na diminuição da pressão intratorácica durante a inspiração, promovendo o retorno venoso e aumentando a pressão intratorácica na expiração. Este mecanismo melhora a oxigenação pulmonar, a perfusão coronária e a contractilidade, com aumento do débito cardíaco Páá giná 20 de 53
Contudo, no doente agónico, o ciclo enfraquece progressivamente até se estabelecer a apneia terminal. Se não for possível identificar ou intervir sob a causa da dispneia (por exemplo se o estado de saúde do doente não permitir intervenções invasivas), ou ainda se este fator não reverter com as intervenções realizadas, até porque as causas, como já referido anteriormente, tendem a ser múltiplas, o tratamento passa a incidir sobre o alívio da dispneia. A escolha das intervenções farmacológicas também vão depender da gravidade do sintoma, impacto no doente e do seu prognóstico. Estas baseiam-se predominantemente na utilização de opióides e benzodiazepinas. As medidas não farmacológicas que se devem adotar são: Permitir que o doente expresse o que está a sentir e dar respostas tranquilizadoras mas honestas, se houver questões, e
transmitir a
intenção de aliviar ao máximo todo o sofrimento que o doente possa vir
a sentir; Incentivar a presença constante de alguém que apoie e ajude a
tranquiliza-lo; Arejar o quarto com o recurso a uma ventoinha ou abrir uma janela; Possibilitar a utilização de um leque; levantar a cabeceira do leito a 45º
ou consoante a vontade do doente; E outras intervenções que ajudem o doente a relaxar e a sentir-se melhor.
Estas medidas são muito importantes para assegurar o bem-estar do doente e devem acompanhar as farmacológicas.
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2.3.Vómitos e náuseas As náuseas são descritas como uma sensação desagradável de vontade e necessidade em vomitar e os vómitos como o esvaziamento forçado do conteúdo gástrico A náusea é um sintoma subjetivo e na sua manifestação podem interferir vários fatores, nomeadamente os de caráter psicológico. A náusea crónica é definida como o sintoma que persiste num período superior a uma semana, na ausência de uma causa bem definida e limitada, como por exemplo a quimioterapia ou a radioterapia. Quanto à etiologia das náuseas e dos vómitos pode ser única ou múltipla. De forma a sistematizar a avaliação, podem ser divididas em quatro etapas. A primeira etapa consiste na caraterização do episódio de náuseas e vómitos, recorrendo ao registo e monitorização de forma sistemática e rigorosa da evolução dos sintomas e da sua resposta à terapêutica. Seguidamente deve-se verificar se os episódios estão ou não relacionados com outros sintomas. Para determinar a etiologia, como terceira etapa, é fundamental a história clínica, um exame físico e se necessário recorrer a exames complementares de diagnóstico. A caraterização destes sintomas inclui frequência e ritmo, variação ao longo do tempo, fatores desencadeantes, de agravamento e de alívio, sintomas acompanhantes e resposta às intervenções clínicas, assim como o volume e o aspeto do vómito. É fundamental esclarecer alterações do trato gastrointestinal, como regurgitações, hematemeses, obstipação, oclusão intestinal, e considerar as consequências da sintomatologia, como a interferência com o aporte oral, estado de hidratação e estado de consciência. A quarta e última etapa referem-se à reavaliação, uma vez que só com a avaliação periódica, diária, ou mesmo várias vezes ao longo do dia se necessário, e atenta dos sintomas é possível uma correta identificação do problema e a definição da melhor estratégia para o seu controlo. Como intervenções não farmacológicas deve-se manter um ambiente confortável, tranquilo, com ar fresco e evitando odores fortes, incluindo os dos alimentos. Páá giná 22 de 53
As refeições devem ser em pequena quantidade, frequentes, em intervalos regulares, com boa apresentação, ajustadas aos hábitos e gostos do doente, mas preferencialmente compostas por alimentos com baixo teor de gordura, frios, com poucos condimentos e picantes, uma vez que habitualmente são melhor tolerados. Deve-se garantir uma ingestão adequada de líquidos e no caso de intolerância oral pode-se recorrer à via SC para hidratação. A correta higiene oral é fundamental mas também pode ser necessário incentivar banhos regulares de forma a evitar maus odores, o que pode desencadear a náusea.
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2.4.Obstipação A obstipação é um sintoma definido pela WGO (2010) como uma dificuldade persistente para evacuar, uma sensação de esvaziamento incompleto e/ou movimentos intestinais pouco frequentes, a cada três ou quatro dias ou com menor frequência, na ausência de sintomas de alarme ou causas secundárias. A prevalência deste sintoma eleva-se a 52% e é frequente em doentes oncológicos, especialmente na fase de doença avançada, por diminuição da atividade física, permanência na cama, medicamentos, hidratação e alimentação deficitária. A obstipação deve ser prevenida para evitar situações mais complicadas como a oclusão intestinal. Pacheco, quanto mais precoces forem as intervenções, maiores são as possibilidades de se evitar o instalar de uma obstipação/oclusão. de forma a prevenir a obstipação deve-se controlar diariamente a hidratação, estimulando a ingestão hídrica, e verificar a dieta para que esta favoreça os alimentos ricos em fibras e com propriedades laxantes e restrinja os com propriedades obstipantes. Devem ser criadas condições favoráveis ao respeito dos hábitos de eliminação, como a privacidade. A imobilidade deve ser evitada, reforçando e incentivando a prática do exercício físico realçando os seus benefícios e se tal não for possível favorecer as mudanças de posição. A massagem abdominal visa o conforto e a diminuição da dor local provocada pelas cólicas, ajudando também à progressão do bolo fecal e das fezes no tubo digestivo. Deve ser feita com movimentos circulares efetuados no sentido dos ponteiros do relógio e o próprio doente pode fazer isto, se tiver força para isso, ou pode-se ensinar à família. Esta intervenção pode favorecer uma relação do doente com a família e com os profissionais que o ajude a reencontrar conforto e segurança num momento em que o corpo emite ruídos ou odores muitas vezes vividos com embaraço. 2.5.Anorexia A anorexia é um sintoma comum na fase avançada da doença oncológica. Pode ser induzida pelo cancro, pela terapêutica ou por anormalidades no metabolismo intermediário. Páá giná 24 de 53
Pode causar um impacto quer no doente quer na família, por estar associada à deterioração da saúde e morte. Este sintoma tem múltiplos fatores etiológicos mas apenas alguns são reversíveis o que torna fundamental a ajuda ao doente e à família de forma a aceitarem e a adaptarem-se a esta situação. As intervenções devem ter em consideração a fase da doença, porque em fases mais avançadas a anorexia é natural e deve ser aceite, favorecendo a adaptação a uma redução na ingestão e mantendo o prazer e a satisfação na comida e bebidas ingeridas. Desta forma os objetivos devem ser adequados ao doente e podem ser manter o peso e a funcionalidade, ou manter o prazer na ingestão de alimentos e bebidas conforme o gosto e a vontade do doente ou até mesmo apenas o conforto. Deve-se proporcionar informação adequada à família e ao doente de forma a minimizar a ansiedade. Existem diversos estudos que demonstram que devido às alterações metabólicas, as dietas hipercalóricas, com recurso à alimentação entérica ou parentérica, não trazem benefícios nestas situações. Deve-se tentar maximizar a via oral flexibilizando o tipo, a quantidade e o horário das refeições. A nutrição por via oral é a primeira opção na dieta individualizada, sempre que possível iniciada por alimentos correntes e se necessário com suplementos hipercalóricos e hiperproteicos. As refeições devem ser mais frequentes, em menor volume e com conteúdo calórico e proteico superior.
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2.6.Depressão A depressão carateriza-se pelos critérios de diagnóstico, que incluem sintomas psicológicos e físicos. Verifica-se uma dificuldade na adaptação à doença e um sofrimento intenso e evidente que interfere no dia a dia de doente com depressão. A avaliação da depressão é importante porque o tratamento tem uma boa resposta em cerca de 80% dos casos. Mas encontram-se algumas dificuldades nesta avaliação por falta de formação específica na área dos profissionais, subjetividade do sintoma e sobreposição de sintomas, como a tristeza por conhecimento do prognóstico e os sintomas físicos como por exemplo a anorexia, obstipação e perda de peso. Nos doentes oncológicos em estádio avançado deve-se ter em consideração que os sintomas somáticos da depressão não podem ser elementos de avaliação, uma vez que são inerentes a esta fase. Devido a este fato alguns autores substituíram estes sintomas somáticos por sintomas psicológicos. Outros autores, de modo a evitarem o subdiagnóstico de depressão, utilizam um critério inclusivo, em que integram todos os sintomas, e existem ainda outros autores que utilizam um critério exclusivo em que não integram nenhum sintoma somático. Da não correta avaliação e tratamento da depressão podem advir diversas consequências como a diminuição da qualidade de vida, agravamento de outros sintomas, sobrecarga emocional e física para a família, redução da adesão ao tratamento e maior tempo de internamento, entre outros. As medidas não farmacológicas requerem que se estabeleça uma relação de empatia entre os profissionais e o doente, criando-se disponibilidade para uma escuta ativa. Com uma comunicação honesta, em que é fornecida informação atualizada sobre o tratamento e prognóstico (consoante a vontade do doente), corrigemse preconceitos e ideias erradas e estabelecem-se expectativas e finalidades a curto prazo. É também importante identificar e reforçar experiências difíceis do passado, já superadas, e as formas como foram ultrapassadas para que se possam aplicar a esta situação. Páá giná 26 de 53
Se o doente consentir, os familiares devem ser informados acerca do sintoma e de como podem influenciar positivamente, podendo inclusivamente permanecer um cuidador junto do doente de forma a reduzir o sentimento de isolamento.
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3.Papel do técnico de ação direta em geriatria, nos cuidados paliativos
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3.1.Posição do técnico de geriatria Os enfermeiros têm uma preparação única para prestar cuidados compassivos aos doentes terminais e respetivas famílias. O alívio da dor e do sofrimento constitui uma responsabilidade fundamental da enfermagem e os enfermeiros têm uma formação especializada no tratamento da dor, cuidados paliativos e em auxiliar as pessoas a lidarem com o luto, a morte e o processo de morte. O Conselho Internacional de Enfermeiros (CIE) sustenta que os enfermeiros são membros chave das equipas multidisciplinares que cuidam dos doentes terminais e respetivas famílias. O CIE apoia as associações nacionais de enfermagem nos seus esforços para: Defender a participação do enfermeiro em abordagens multidisciplinares
ao cuidado dos doentes terminais e respetivas famílias. Promover a integração dos seguintes aspetos na formação básica e pósbásica do currículo de enfermagem: aptidões na avaliação e gestão da dor, respeito pelos valores culturais, o direito dos doentes terminais tomarem decisões informadas, incluindo o direito a escolher ou a recusar
o tratamento e o direito a uma morte digna. Prestar apoio aos enfermeiros que lidam com questões complexas
relacionadas com a morte e o processo de morte. Encorajar os enfermeiros a prestarem cuidados compassivos durante a fase terminal da vida, a respeitarem os padrões éticos e as normas culturais na morte e no luto, considerar as necessidades dos membros da família em casa, no ambiente hospitalar, em hospícios, lares ou
outros locais onde são prestados cuidados terminais. Promover cuidados de enfermagem que respeitem os princípios éticos e
culturais da legislação nacional de enfermagem. Promover o envolvimento dos enfermeiros em discussões, políticas e legislação relacionadas com as questões da morte e do processo de morte, incluindo o cuidado dos doentes terminais e das respetivas famílias. Páá giná 29 de 53
O trabalho em cuidados paliativos pressupõe uma equipa interdisciplinar, em que todos os elementos são fundamentais. Não obstante este aspeto a enfermagem tem uma função primordial porque acompanha o doente durante vinte e quatro horas e cria com ele uma relação particularmente próxima o que a torna uma profissão essencial na avaliação, monitorização e controlo dos sintomas. O técnico de geriatria tem como função essencial, de acordo com o respetivo perfil profissional, restar cuidados de apoio direto ao idoso, em contexto domiciliar e institucional, contribuindo para o seu bemestar biopsicossocial, tendo em consideração os objetivos definidos pela equipa técnica local e os princípios deontológicos de atuação. Deve estabelecer a articulação com a equipa técnica responsável, a fim de reportar a evolução do estado físico, psíquico e emocional, situações anómalas e/ ou agravamento do estado de saúde do idoso, tendo em consideração as orientações e procedimentos definidos pela equipa. No que respeita aos cuidados de saúde a pessoas em fim de vida, o técnico de geriatria deve auxiliar na prestação de cuidados aos utentes, de acordo com orientações do enfermeiro: Identificar as necessidades das pessoas com doença crónica
incapacitante e terminal, seus cuidadores e familiares; Promover intervenções junto de pessoas com
incapacitante e terminal, cuidadores e seus familiares; Envolver os cuidadores da pessoa em situação de doença crónica,
doença
crónica
incapacitante ou terminal, para otimizar resultados na satisfação das
necessidades; Promover parcerias terapêuticas com o indivíduo portador de doença
crónica incapacitante, cuidadores e família; Respeitar a singularidade e autonomia individual, quando responde a
vivências individuais específicas, a processos de morrer e de luto; Negociar objetivos/ metas de cuidados, mutuamente acordadas dentro
do ambiente terapêutico; Reconhecer os efeitos da natureza do cuidar em indivíduos com doença crónica e incapacitante e terminal, nos seus cuidadores e familiares,
sobre si e outros membros da equipa, respondendo de forma eficaz; Colaborar com outros membros da equipa de saúde.
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Cuidar do doente em fase terminal, não é deveras uma tarefa fácil. Torna-se premente satisfazer as suas necessidades: físicas, psíquicas emocionais e ou afetivas e espirituais, o que requer do profissional de saúde, para além dos conhecimentos técnico-científicos adequados, comprometimento, sensibilidade, facilidade de comunicação, entre outros. O resultado do cuidar é a soma dos cuidados de todos os profissionais de saúde, da família e do próprio doente, influenciando assim a vivência e o impacto que a doença terminal terá na sua vida. A arte de cuidar do outro, assume duas componentes essenciais: a arte de cuidar físico e a arte de cuidar do outro. A arte de cuidar o físico centra-se na adequação das necessidades fisiológicas às capacidades do doente. A arte do cuidar do outro, envolve, para além disso, um conjunto de atitudes que se centram no respeito pela outra pessoa, de forma a proporcionar um cuidar digno, humano, afetuoso no modo de estar presente. Torna-se pois fundamental que o doente se sinta seguro e confiante e não se sinta sozinho, entregue à sua própria morte. O cuidar em fim de vida implica o desenvolvimento de uma relação de ajuda e empática do enfermeiro pelo doente/família, tal como a Sociedade francesa de acompanhamento e de cuidados paliativos (SFAP), afirma “A função do cuidar só se pode exercer na relação com o outro, gravemente doente e por vezes a morrer. A melhor maneira de viver a experiência de cuidar doentes terminais é vivê-la de forma desarmada, não banalizando a morte e aprendendo com todos aqueles que estão a morrer Cuidar é, ainda, desenvolver atitudes de conforto e encorajamento, mesmo quando a cura já não é possível e, neste caso, ajudar a pessoa a viver melhor até ao momento da sua morte, em suma Cuidar é o ideal moral da enfermagem, pelo que o seu objetivo é proteger, melhorar, e preservar a dignidade humana. Ao cuidar do doente terminal deve ter-se em mente que todos os momentos deverão ser privilegiados, deve empenho para escutar, transmitir segurança e proporcionar um ambiente de conforto, não esquecendo, nunca, que essa pessoa tem o direito a morrer com dignidade.
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3.2.Comunicação neste tipo de panorama A comunicação constitui uma área de extrema importância em Cuidados Paliativos enquanto instrumento básico de relação do ser humano e enquanto ferramenta terapêutica com objetivos específicos. Objetivos que se prendem com a compreensão do processo de doença e na forma como esta afeta o doente, para que os profissionais possam ajudar no processo de adaptação à sua nova realidade, com sinceridade e respeito pelo princípio da autonomia. Comunicar eficazmente com o doente, com a família e com a equipa exige uma tarefa árdua aos profissionais para que utilizem e desenvolvam as perícias basilares e essenciais. Foi realçada a importância que a comunicação assume na transferência dos cuidados curativos para os cuidados paliativos frequentemente associada a um défice na informação fornecida aos doentes sobre a filosofia dos cuidados paliativos e a não desmistificação de ideias pré concebidas sobre esta filosofia de cuidados que fomenta a instauração de expectativas irrealistas, o aumento da insegurança, de desesperança e da dependência assim como, um corte afetivo e físico com profissionais de saúde que assistiam anteriormente o doente. Outro dos problemas comunicacionais reside no surgimento da conspiração do silêncio, isto é, o pedido para ocultar informação relacionada com o diagnóstico e/ou prognóstico. Trata-se de uma questão de difícil solução, dada a sensibilidade contextual a questões como a dor, o sofrimento e mesmo a morte. Muitas famílias tendem a reduzir o padrão de comunicação com o seu familiar doente, com o objetivo de protegê-lo e protegerem-se a si próprios, por receio que o doente não suporte a realidade por medo do sofrimento e/ou por dificuldade em lidar com a situação. Esta é muitas vezes percecionada como destrutiva, contendo-se as expressões de sentimentos e emoções e individualizando-se o sofrimento. Estas situações permitem uma consciencialização dos profissionais para a problemática da comunicação, levantando a necessidade de formação e desenvolvimento de estratégias a este nível, quer para o seu reconhecimento, quer para o evitamento de juízos de valor. Páá giná 32 de 53
O universo dos objetivos da comunicação em cuidados paliativos inclui: 1. Determinar o nível de compreensão do doente relativamente à sua condição clínica e prognóstico. Nenhuma comunicação poderá deveras ser dita eficaz caso este objetivo não esteja satisfeito. 2. Determinar a quantidade de informação clínica que o doente quer saber. Personalizar a transmissão desta informação, não forçar informações ao doente que ele mostra não querer saber, respeitando os princípios éticos e desejos do doente. 3. Determinar o nível de vontade do doente participar ativamente nas tomadas de decisões relevantes. Personalizar esta participação tendo em conta o nível de tolerabilidade e as possíveis limitações do doente. 4. Determinar se o doente quer incluir os seus significativos (determinar quais são) na disseminação da informação disponível e nas tomadas de decisão. 5. Nos objetivos 1., 2., e 3., respeitar sempre as pessoas significativas para o doente. 6. Ativamente desenvolver compreensão pela pessoa que o doente é. Saber qual o significado desta doença para este doente. Saber qual é a personalidade deste doente, quais as suas estratégias de coping, dimensão espiritual, objetivos, prioridades, valores, etc. Qual a natureza do sofrimento deste doente. 7. Determinar as redes de apoio do doente e dos seus significativos (profissionais de saúde e cuidadores). Providenciar intervenções que otimizem estar redes de apoio. 8. Utilizando a informação constante dos objetivos anteriores, informar os profissionais relevantes, permitir o coping e o melhor entendimento da Páá giná 33 de 53
realidade pelo doente e profissionais de saúde. A mesma informação poderá ter que ser abordada mais do que uma vez afim de ser totalmente integrada como realidade do doente. Relembrar que a negação é um mecanismo de coping muito poderoso e que a integração de informações na realidade própria é um processo, não um acontecimento pontual e único. 9. Utilizando a informação constante dos objetivos anteriores, tentar facilitar as decisões que sejam no melhor interesse do doente, mas ter sempre presente que o doente é autónomo, ativo e superior na sua tomada de decisão. 10. Atentar nas necessidades emocionais de todos os envolvidos, afim de relevar a sua individualidade e dignidade. 11. Utilizando a informação constante de todos os objetivos anteriores, estabelecer significativos,
uma
aliança
construindo
terapêutica
com
relações
que
os
doentes
sejam
e
seus
sustentadas
reciprocamente ao longo do tempo. Assim, é importante compreender os motivos inerentes à situação, tendo sempre como base os princípios da honestidade, da verdade e do custo/benefício da divulgação da informação, assumindo uma atitude de suporte e de ajuda na construção de elos de comunicação entre os vários intervenientes, tanto a nível individual como através de conferências familiares, permitindo a partilha da informação e a expressão emocional.
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3.3.Questões mais frequentemente levantadas pelos idosos A informação e a comunicação estão relacionadas, mas são conceitos diferentes. A informação é unidirecional, ao passo que a comunicação é multidirecional. A comunicação é uma ferramenta terapêutica essencial e um dos instrumentos básicos em cuidados paliativos. Os doentes em fase terminal necessitam de expressar os seus sentimentos, as suas preocupações, medos e dúvidas, precisam de alguém que seja capaz de os escutar para, de forma gradual e ao seu ritmo, se irem apercebendo da sua situação, compreendendo o que estão a viver. ninguém pretende terminar a sua vida na indiferença, nem ser enviado para outro mundo sem o saber. Paralelamente, todos os doentes têm direito a receber informação clara e objetiva da sua doença, tratamento e prognóstico. Tal como definido pela Carta dos Direitos e Deveres do Doente (2008), esta informação deve ser prestada de forma clara, devendo terse sempre em conta a personalidade, o grau de instrução e as condições clínicas e psíquicas do doente. De facto, os dilemas na informação não se colocam a nível da informação funcional, mas essencialmente a nível da informação técnica "potencialmente dolorosa" - comunicar más notícias relativas a diagnóstico/prognóstico graves pois este tipo de informação tem sempre algo de relativo, subjetivo, provoca desprazer nos profissionais e a sua transmissão tende a ser evitada. Contudo, embora existam imperativos éticos e legais, o profissional de saúde nunca deve esquecer, que dar uma má notícia a um doente, é um ato inquestionavelmente Humano. Neste contexto, a forma como o profissional dialoga e comunica com o doente tem por vezes mais importância que o próprio conteúdo da mensagem. Existem duas grandes tendências sobre o tipo de informação a dar ao doente: a corrente norte-americana que defende que o doente deve ser informado sobre tudo o que diz respeita ao seu diagnóstico, prognóstico, tratamentos e riscos Páá giná 35 de 53
inerentes; e a corrente europeia que é apologista de que não deve ser proporcionada toda a verdade, sobretudo em caso de doença com mau prognóstico. Com efeito, na actualidade, a polémica mantém-se e as opiniões ainda são diversas no domínio da informação, colocando-se entre dois pólos extremos, a "verdade" e a "mentira", sendo que uns se aproximam mais da verdade e outros da mentira e outros, ainda, optam pelo silêncio. A comunicação gradual da verdade num contexto de continuidade de cuidados e de encorajamento conduz quase sempre ao aumento da esperança. A relação doente-profissional fundamenta-se na verdade, sendo enriquecida pela honestidade e comprometida pela mentira. Encontrar o equilíbrio é o ideal, pois dizer a verdade não significa dizer toda a verdade, mas sim aquela que o doente, é capaz de receber e suportar. Deve ser dada ao ritmo e circunstância de cada pessoa. O importante é nunca mentir. Em saúde não há lugar para a mentira nem para a arrogância médica. A relação profissional de saúde deve ser uma relação de verdade e de cumplicidade. A comunicação no contexto dos cuidados paliativos, quando adequada e adaptada às limitações do doente, permite minimizar o seu sentimento de isolamento e de abandono, proporcionando-lhe qualidade de vida e bem-estar psicológico, encorajando a verbalização de sentimentos, sobretudo sobre a morte e o morrer, e ajudando-o, portanto, a aceitar a sua morte. Os doentes e os seus cuidadores valorizam muito a comunicação face a face com os profissionais de saúde/sociais que são capazes de se envolver a nível emocional com os doentes, de ouvir, de perceber que tipo de informação os doentes querem saber, e de fornecer informação com simpatia e clareza. No entanto existem insatisfações quer por parte dos doentes, quer dos seus significativos, quer mesmo dos profissionais, que reconhecem as suas dificuldades e limitações nas competências de comunicação nesta área tão articular. As principais queixas de insatisfação apresentadas pelos doentes paliativos e suas famílias, relativamente aos profissionais de saúde, incluem relações problemáticas doente/família – profissional de saúde; desvalorização das opiniões do doente e família; transmissão pobre de informações relevantes, incluindo insensibilidade nesta transmissão; e dificuldade do profissional de saúde em perceber a perspetiva do doente e/ou família. Páá giná 36 de 53
Trabalhar em cuidados paliativos não é fácil, é um longo caminho a ser percorrido através de diferentes aprendizagens vividas em diferentes situações até o atingir da maturidade plena que permite acompanhar e proporcionar ao doente terminal uma morte digna. Neste contexto, e na área da comunicação, as competências subjacentes à transmissão de más noticias e o apoio ao doente e à família na negação do silêncio são fundamentais para uma resposta adequada às suas necessidades.
3.4.Momento de reflexão sobre a vida Com o aproximar do último porto, o receio da morte, da dor e do sofrimento, fazem reemergir as questões fundamentais que marcaram a sua existência. Esse processo pode eventualmente causar ansiedade, medo, angústia e desespero existencial, mas, quando ultrapassado, pode conduzir a um estado de serenidade, paz e bem-estar espiritual culminando no encontro do eu mais íntimo. Assim, perante o fim, a espiritualidade tem sido um ponto fulcral, de extrema importância, de ajuda aos doentes, sobretudo em fases terminais, a efectuar a sua última caminhada de forma serena, em paz consigo e com o mundo. A espiritualidade pode ser definida como uma tendência natural do Ser Humano em procurar um sentido para a vida através de juízos que ultrapassam o palpável: um sentido de ligação a algo superior, podendo incluir ou não uma participação religiosa formal. A espiritualidade é a alusão a um poder superior, a uma força que se torna numa fonte de ajuda, que proporciona uma resiliência, na presença de fatores e condições adversas, ultrapassando a experiência imediata e restabelecendo a esperança.
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Está intimamente ligada a questões existenciais, do significado e propósito da vida, acreditando em ideias do foro espiritual para explicar o porquê da sua existência. A espiritualidade faz parte da condição humana, sendo descoberta à luz das experiências e descobertas de cada um. É marcada por uma unicidade incomparável, podendo ser reconhecida como propósito de vida, forma de autoconhecimento, ligação a algo superior, entre outras. Com tudo isto, podemos afirmar que o Homem em toda a sua plenitude, é um ser de necessidades espirituais, seja a necessidade de encontrar respostas para a sua existência, para o sentido e valor da sua vida, a necessidade de amor e de relacionamento com os outros, ou de perdão e esperança. A realização dessas necessidades espirituais é por uns conseguida através de práticas religiosas, por outros através do contacto com a natureza, das relações com os outros ou mesmo através da música, da leitura, da pintura ou de outras formas de arte. Quando as referidas necessidades espirituais, próprias de cada um, não são alcançadas, o Ser Humano cai no designado sofrimento existencial, marcado por mecanismos de clivagem do eu, isolamento da comunidade humana e separação com o transcendente, manifestando-se sobretudo por sentimentos de culpa, medo e isolamento, descontrolo e desespero e, por último, vazio existencial. Este tipo particular de cuidado, orientado para a dimensão espiritual, não deve ser desvalorizado, da mesma forma que não se desvalorizam as dimensões física, psicológica e social. O cuidado espiritual ajuda o doente na descoberta de si próprio, da sua identidade e do seu autoconhecimento; promove o relacionamento com os outros; intensifica o contacto com a natureza, reduz os níveis de ansiedade, produz conforto e proporciona bem-estar e paz interior; promove a relação com uma divindade superior, ajudando a pessoa a sentir-se confortada, a lutar contra o medo, a manter a força interior e lutar contra a solidão; promove a esperança. Desta forma, poder-se-á dizer que o cuidado espiritual é um cuidado individualizado e singular. Na etapa final da vida é natural que haja um (re)despertar da dimensão espiritual, uma vez que o sofrimento intensifica as questões relacionadas com o sentido da vida e intensifica a necessidade de procurar ou fortalecer as relações Páá giná 38 de 53
que a pessoa estabelece consigo, com os outros, com a natureza ou com uma entidade superior. Por outras palavras, é necessário, antes de mais, que o enfermeiro ou profissional de saúde esteja desperto para as necessidades espirituais do doente (intuição) identificando, depois, o momento adequado para intervir. Apesar destas considerações, a presença física, por si só, não é suficiente, sendo necessário comunicar de forma assertiva e eficaz (relação interpessoal), colocando, sempre em primeiro plano as necessidades da pessoa (altruísmo). Por fim, importa ter presente que a espiritualidade e, por conseguinte, as necessidades espirituais repercutem-se em todos os aspetos da vida humana (integração), o que impõe uma abordagem global, holística.
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4.Análise da informação proveniente de um instrumento de avaliação para
a
obtenção
das
principais
necessidades
dos
doentes
paliativos
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O controlo de sintomas tem na sua base alguns pontos comuns a todos os sintomas, tanto na avaliação como na monitorização e no tratamento. A avaliação de sintomas deve ser realizada de forma sistemática na admissão e nas evoluções diárias, tendo em consideração as discrepâncias encontradas entre o que o doente refere e o que os profissionais e até a própria família referem como sintomas e intensidade dos mesmos. É fundamental acreditar sempre no que o doente diz e ter em consideração que os sintomas subjetivos são influenciados por muitos fatores. A subjetividade é inerente à avaliação de sintomas e deve-se ter em atenção que uma causa de sofrimento num doente pode não o ser noutro, ou num seu familiar, ou no profissional de saúde. Deve-se tentar determinar as características e o início dos sintomas, fatores de alívio e de exacerbação, os sinais e sintomas associados, impacto no dia a dia e resposta a terapêuticas anteriores. Deve-se ter em consideração a causa dos sintomas que podem advir da própria doença, do tratamento, da debilidade e da comorbilidade. É importante verificar qual o mecanismo patológico subjacente a um determinado sintoma, para o poder tratar adequadamente, e registar a resposta obtida, seja positiva ou negativa, o que vai ajudar no planeamento da estratégia de controlo eficaz. Por último é fulcral determinar o impacto do sintoma na vida do doente. Ao longo dos anos foram desenvolvidos diversos instrumentos para a avaliação de sintomas, entre os quais alguns específicos para determinados sintomas. Apesar destes instrumentos, em qualquer avaliação a principal ferramenta envolve múltiplas conversas com o doente e os familiares em que o profissional deverá conhecer os antecedentes do doente antes de se concentrar na avaliação dos sintomas, de forma a poder responder às questões colocadas e conseguir lidar com as emoções demonstradas pelo doente e a sua família, e em que se deve ter em consideração: A posição do doente e do profissional, visto que se o doente estiver virado de forma a não ver o profissional, por exemplo, ou se o profissional se mantiver em pé, distante, virado para a porta não vai ser possível estabelecer uma conversa produtiva entre os dois;
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O tempo disponível para a conversa, pois o doente poderá ter dificuldade em comunicar ou até querer esclarecer alguns aspetos acerca dos
sintomas o que exige tempo; A presença de familiares, que podem ajudar na avaliação dos sintomas quando estão presentes diariamente e conhecem a situação clínica. Esta presença deverá ser desejada pelo doente e não deverá perturbar a
conversa; O desejo do doente em comunicar, pois o doente deverá querer participar na conversa que pode decorrer noutra altura se assim o desejar.
O controlo de sintomas consiste em saber reconhecer, avaliar e tratar adequadamente os múltiplos sintomas que surgem no decorrer da doença e que têm repercussões diretas no bem-estar do doente, sendo um dos objetivos básicos dos cuidados paliativos. O controlo inadequado dos sintomas ao longo da trajetória da doença não só produz mais sofrimento como pode ter um efeito adverso na progressão da própria doença. Assim, ao se controlarem adequadamente os sintomas pode-se, para além de estar a favorecer a qualidade de vida, estar a aumentar a quantidade da mesma. Sem nunca esquecer que os cuidados paliativos valorizam a vida e consideram que o objetivo central é a redução do sofrimento e a promoção da máxima qualidade de vida possível. A tarefa de avaliação e controlo de sintomas é complexa pelo que a descrevemos alguns princípios gerais do controlo sintomático: Avaliar antes de tratar: determinar a causa ou causas dos sintomas; Explicar as causas dos sintomas e as medidas terapêuticas de forma
clara e acessível ao doente e à família; Não esperar que o doente se queixe mas perguntar e observar de forma
a antecipar, tanto quanto possível, o aparecimento dos sintomas; Adotar uma estratégia terapêutica mista, com recurso a medidas farmacológicas e não farmacológicas.
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Estabelecer prazos para o cumprimento dos objetivos terapêuticos e adotar estratégias de prevenção de sintoma que possam surgir, como
deixar medicação de resgate prescrita. Monitorizar os sintomas: utilizando
estandardizados e recorrendo a métodos de registo adequados; Reavaliar regularmente as medidas terapêuticas; Dar atenção ao detalhe: de forma a otimizar o controlo dos sintomas e a
instrumentos
de
medida
minimizar os efeitos secundários adversos das medidas terapêuticas instituídas. Encontram-se diversas escalas para avaliar a intensidade dos sintomas. Destacamos a Escala Visual Analógica, a Escala Numérica e a Escala Verbal pois são simples de serem utilizadas em todos os sintomas do doente no dia-a-dia e permitem a avaliação e a monitorização dos sintomas. A Escala Visual Analógica (figura 1) é considerada sensível, simples, reproduzível e universal, e é representada por um segmento de reta com 10 cm, onde um dos extremos é identificado como “ausência do sintoma” e o outro como “a maior intensidade imaginável”, ou expressões equivalentes; o doente marca no segmento o ponto que corresponde à intensidade do seu sintoma e a intensidade corresponde à distância em milímetros desde da extremidade identificada como “ausência de dor” e o ponto marcado. Na Escala Numérica (figura 2) já estão presentes os números, que podem ser de 0 a 10 como o exemplo representado na figura 3 ou de 0 a 4 por exemplo, e o doente escolhe entre estes a intensidade da sua dor. Nas Escalas Verbais (figura 3) a intensidade é representada em palavras, como por exemplo: ausente, ligeira, moderada, intensa e a maior intensidade imaginável.
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O tratamento de qualquer sintoma deve-se iniciar pela explicação das razões que justificam os sintomas, de forma a reduzir o seu impacto psicológico e, sempre que possível, deve-se incluir o doente no processo de decisão terapêutica, fazendo com que este se sinta respeitado, aumentando a sua autoestima A monitorização dos sintomas permite sistematizar o seguimento, clarificar os objetivos e validar os resultados das terapêuticas instituídas, de modo a promover a reavaliação contínua das intervenções utilizadas. Esta reavaliação constante permite não só avaliar a eficácia terapêutica mas também identificar a progressão da doença, desenvolvimento da tolerância aos fármacos e o aparecimento de efeitos adversos dos mesmos.
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5.Técnicas de intervenção no idoso em estado terminal
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Alimentação Existem vários sintomas preocupantes que devem ser minimizados, para que o doente possa viver o mais confortavelmente possível: Fraqueza Para o doente poder recuperar energias é necessário aumentar a
ingestão diária de calorias e proteínas; Derreta margarina em comidas como torradas, sopas, vegetais, massas,
arroz ou ovos cozidos; Opte por maionese em vez de molhos para saladas; Sirva manteiga de amendoim e adicione natas ao chocolate quente, à
fruta ou outras sobremesas; Junte sementes ou nozes aos vegetais, saladas, massas ou sobremesas; Faça batidos com uma dose extra de gelado; Cozinhe com leite em vez de água; acrescente carne ou peixe às sopas e
gratinados; Utilize queijo gratinado em pratos de massa, vegetais ou gratinados; Sirva fruta com todo o tipo de queijo.
Perda de apetite Sirva as refeições do doente quando ele tiver fome, mesmo que não seja
dentro do horário “normal”; Um pouco de exercício (como um pequeno passeio a pé) estimula o
apetite; Varie as refeições e sirva-as de forma apelativa; Utilize temperos como sumo de limão, menta, manjerico e outras
especiarias para conferir aos alimentos sabores e cheiros estimulantes; As suas atenções e reparos devem limitar-se àquilo que o doente conseguiu comer e não no que deixou no prato.
Náuseas e vómitos O doente deve ingerir líquidos uma hora antes ou depois da refeição
para não se sentir muito cheio; Comer alimentos ricos em hidratos de carbono (como tostas ou torradas), especialmente logo de manhã; Páá giná 46 de 53
Deve comer sempre devagar, mastigando bem a comida; Descansar após as refeições para facilitar a digestão; Se o próprio cheiro da confeção dos alimentos incomodar o doente, mantenha-o fora da cozinha ou opte por servir refeições frias compostas por produtos lacticínios, sandes, saladas, sobremesas ou fruta.
Diarreia O doente deve comer várias refeições ao longo do dia, em vez das
habituais três principais; Evitar alimentos gordos e fritos; eliminar temporariamente da sua dieta
os produtos lacticínios se forem estes a causa da diarreia; Beber muitos líquidos para repor rapidamente aqueles que perdeu.
Prisão de ventre O doente deve seguir uma dieta rica em fibras (cereais, arroz e massas
integrais, fruta e vegetais frescos), Beber muitos líquidos, Se o doente tiver dificuldades em engolir, deve cozer ou passar a fruta e
os vegetais. Se o doente mantém a capacidade de deglutição, devem oferecer-se líquidos frios, sumos de fruta, gelados, gelatinas, pedaços de ananás de
acordo com o gosto pessoal. Se a deglutição não está presente, pequenas porções água semilíquida, gelo, uma gaze húmida ou, em alternativa, o uso de um humidificador ou de um nebulizador, poderão ser uma opção viável. Pode recorrer-se à aplicação de lágrimas artificiais para minimizar o desconforto ocular. Estes cuidados deverão ter lugar idealmente a cada 2 horas.
Eliminação A astenia ou a perda do controlo dos esfíncteres podem conduzir o doente à condição de incontinente para urina e fezes, pelo que é importante manter a pele limpa e seca. A disfunção urinária, quer sob a forma de retenção quer sob a forma de incontinência, é observada em cerca de 50% dos doentes nas últimas 48 horas de vida. Devem ser utilizados materiais absorventes como fraldas e resguardos que permitam manter o doente confortável o máximo tempo possível. No que se Páá giná 47 de 53
refere à eliminação intestinal, a obstipação é frequente. Não devem ser tomadas medidas invasivas, a não ser que o doente manifeste sinais de desconforto. A eliminação vesical deve ser cuidadosamente monitorizada, pelo menos a cada quatro horas. Pode ser necessário colocar sonda vesical. Em doentes com neoplasia abdominal inferior deve ser considerada a possibilidade de compressão da bexiga pelo tumor. Higiene e hidratação A mucosa oral e nasal deve ser humedecida a cada quinze a trinta minutos, recorrendo à utilização de água em aerossol ou aplicação de esponja humedecida. Na mucosa oral pode usar-se água com chá ou pode ser ainda aplicada uma solução de saliva artificial. Estas medidas contribuem para a diminuição de sensação de sede, reduzir a halitose e o risco de solução de continuidade. A utilização de um preparado gelificado (por exemplo saliva gelificada para a mucosa oral e soro fisiológico gelificado para as narinas) pode ser útil para reduzir a evaporação da mucosa oral e nasal quando o doente não está a cumprir oxigenoterapia (se estiver com oxigénio, a solução gelificada não deve conter petróleo). Devem ser evitados os produtos com glicerina ou bálsamos que contenham limão na sua composição, pelo facto de poderem provocar irritação e contribuírem para uma maior desidratação dos lábios. A hidratação da mucosa oral deve, portanto, ser reforçada e constitui uma intervenção que pode ser conduzida pela família, que, na impossibilidade de alimentar o doente, se vê envolvida num cuidado que lhe proporciona bemestar. Quando o doente não é capaz de pestanejar, a conjuntiva deve ser hidratada com gel oftálmico lubrificante a cada três ou quatro horas, ou com soro fisiológico a cada quinze a trinta minutos. O doente pode ainda preocupar-se com a sua aparência – a perda de cabelo, peso, as olheiras e a mudança de cor da sua pele são alterações físicas significativas e, por vezes, chocantes. O cuidador pode ajudar o doente a sentir-se melhor com a compra de alguns chapéus divertidos ou lenços bonitos para cobrir a cabeça. Sono e Repouso Páá giná 48 de 53
O conforto pode ser definido como uma experiência imediata e holística, consolidada pela satisfação das necessidades básicas relativamente aos estados de alívio, tranquilidade e transcendência. O alívio é o estado em que uma necessidade específica foi satisfeita; a tranquilidade corresponde a um estado de calma ou satisfação e a transcendência diz respeito ao estado no qual a pessoa sente que tem potencial para superar os seus problemas ou o seu sofrimento. Este é o grande desafio para as práticas profissionais que devem atender à integridade de cada pessoa e conseguir ultrapassar uma dinâmica, geralmente complexa, tensa, desgastante e traumatizante, que corrobora para que as relações entre as pessoas nem sempre sejam pautadas pelo respeito e pela compreensão. Dessa forma, tornam-se possíveis práticas que contemplem as necessidades e minimizem o sofrimento de pessoas que, num determinado momento de suas vidas, necessitam de um atendimento complexo e especializado em saúde. É importante que a equipa terapêutica transmita segurança e mantenha uma atitude de respeito face ao comportamento do doente. Manter constantes os elementos da equipa responsáveis pelo seu acompanhamento pode ser útil para evitar maior confusão e desorientação. O descanso noturno deve ser facilitado. O ambiente deve também transmitir segurança, calma e tranquilidade, permitindo, por exemplo a presença de objetos familiares ao doente, uma luz de presença durante a noite e evitar que o doente permaneça sozinho. A instalação de um quadro de delírio constitui fonte de stress para a família e para a equipa prestadora de cuidados. O papel do profissional de saúde é muito importante no controlo deste tipo de sintomas. Deve tranquilizar a família, referindo que o facto de o doente manifestar comportamentos que não eram habituais (como utilizar “calão” ou mesmo linguagem obscena, ser “desobediente”…) tem relação com a evolução do declínio do estado geral. A comunicação constitui uma arma importante, mas a sua eficácia é maior quando as questões emocionais e de conflito são exploradas numa fase mais precoce, de forma a permitir que se esclareçam e resolvam. Controlo da dor e outros sintomas Páá giná 49 de 53
Uma das maiores preocupações de um doente terminal é o controlo da dor aguda ou crónica que debilita a pessoa até esta já não conseguir executar as suas tarefas diárias. Muitas vezes, o doente pode estar a sofrer desnecessariamente, o que pode ter um efeito negativo na sua luta pela vida. Ter qualidade de vida até ao final de uma doença terminal é fulcral, por isso, é necessário averiguar e experimentar quais os medicamentos e/ou tratamentos que possam controlar essa dor. Mantenha um historial sobre todos os medicamentos que o doente toma e possíveis reações, assim como uma análise sobre quais os tratamentos mais efetivos ou não, para poder informar o médico. O controlo da dor continua a ser prioridade nesta fase, pelo que é fundamental mantê-lo, se for o caso, ou consegui-lo, caso esse objetivo ainda não tenha sido atingido. Quando o doente, nesta fase, ainda mantém dor, é, como referi, difícil avaliá-la pelas dificuldades de comunicação que entretanto vão surgindo. Deste modo, torna-se muito importante estar atento a sinais de desconforto, quer estes aconteçam em repouso ou durante a prestação de um cuidado, como a mobilização, alternância de decúbito, tratamento de uma ferida. Nestes casos, a dor irruptiva deve ser previsível e, portanto, evitada, através da administração de analgesia adequada. Os sinais de dor ou desconforto devem ser avaliados, pelo menos de quatro em quatro horas, pelo médico ou pelo enfermeiro. Considerações finais Quando o idoso se encontra mais debilitado deverá tentar-se aliviar o desconforto de ser mobilizado, desperto, ou perturbado, a rotina não deverá ser a mesma. As medicações diárias desnecessárias deverão ser suspensas quando um idoso tem dificuldade em engolir ou a se recusar a fazê-lo. Para aliviar o incómodo da incontinência, os cuidados perineais deverão ser realizados com mais frequência. Em relação a sintomas de anorexia, a alimentação forçada não pode ser uma medida a tomar, optar-se por fornecer quantidades fracionadas dos alimentos preferidos e desejados. Os pedaços de gelo e cuidados orais mais frequentes aliviarão o desconforto da boca seca. Habitualmente quando se fala da morte os indivíduos demonstram mais receio de como será a morte, se haverá sofrimento do que propriamente o desaparecerem do mundo, há um enorme medo do desconhecido de algo que Páá giná 50 de 53
não é possível controlar mas que é uma das grandes certezas que se têm, a morte. É pois importante que os cuidadores que rodeiam os idosos conversem com eles e ouçam as suas expectativas, pois assim poderão estar a ajudar na tomada de decisões. Para isso cudar do idoso dignamente, fora das possibilidades terapêuticas deve passar pelo respeito da integridade da pessoa, garantindo que as suas necessidades básicas sejam honradas: 1. Seja mantido livre de dor tanto quanto possível e que o sofrimento seja cuidado; 2. Receba continuidade de cuidados e não seja abandonado; 3. Tenha controle tanto quanto for possível no que se refere a informações e decisões a respeito de seu tratamento; 4. Seja ouvido e acolhido como pessoa, em seus medos, pensamentos, sentimentos, valores de fé e esperanças; 5. Tenha a possibilidade de escolher despedir-se da vida, onde ele achar melhor.
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Bibliografia
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biocomportamentais,
Sousa, Aurora, Sintomas em cuidados paliativos: da avaliação ao controlo , Dissertação de mestrado, Universidade do Porto, 2012 Sites Consultados
Ordem dos enfermeiros http://www.ordemenfermeiros.pt/ Direção-Geral da Saúde http://www.dsg.pt
Conclusão Páá giná 52 de 53
Os cuidados paliativos são intervenções destinadas aos pacientes que estão numa situação de terminalidade de vida. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), CP são intervenções que amenizam sintomas desagradáveis, provocados pela progressão de uma doença ou pelo tratamento proposto. A faixa etária dos idosos é a que com maior frequência está sujeita a essas intervenções, principalmente aqueles submetidos às terapias longas para doenças crónicas, tais como demência, neoplasia, cardiopatia, pneumopatia e nefropatia. O impacto do envelhecimento na saúde passou a ser mais valorizado em Portugal, a partir do final da década de 1980 e, como consequência, as práticas clínicas especializadas direcionadas ao idoso passaram a ser vistas como fundamentais. Existem barreiras que precisam ser ultrapassadas para que os Cuidados Paliativos sejam disseminados: as crenças e escassez de esclarecimentos técnicos dos membros das equipas.
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