CANDIDATO MANUEL DE JESUS RAPOSO DESTERRO PLANO DE AULA TEMA: As diferentes formas de violência DURAÇÃO: Previsão de duas aulas sequenciais PÚBLICO: Alunos do Ensino Médio (da 1ª a 3ª Série) OBJETIVOS - Compreender criticamente as diversas formas de manifestação da violência - Reconhecer a existência de diferentes formas de violência: simbólica, física e psicológica.
CONTEÚDO - O que é violência - Violências simbólicas, físicas e psicológicas.
DESENVOLVIMENTO Explique para a turma que vocês irão debater nas próximas aulas as diferentes formas de violência. Comece a aula com a seguinte pergunta: "o que é violência?". Em seguida, anote as principais respostas no quadro. Conte para a turma que, para buscar essa resposta com um olhar sociológico, vocês vão ler algumas definições para o termo. Segundo o "Caderno do Professor", elaborado pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2009), "violência é: 1) uma ação que causa alguma forma de dano a outro ser humano, direta ou indiretamente; 2) para a Organização Mundial da Saúde (OMS), no Relatório Mundial sobre Violência e Saúde (2002), violência é o uso intencional de força física ou do poder contra si mesmo, outra pessoa, um grupo ou uma comunidade". Cite também a definição que está no Dicionário de Sociologia (JOHNSON, A. 1997) em que a violência é classificada como um "comportamento causador de prejuízos às vítimas da agressão, uma pessoa ou um objeto". No fim da aula, destaque no quadro quais tipos de violência levantados pelos alunos na provocação inicial da aula ainda não foram categorizados. Garanta que em sua seleção de imagens estejam presentes situações que expressem outros tipos de violência, como a psicológica e a simbólica: bullying , discriminação racial ou de classe. Não cite essas outras formas de violência, pois elas serão alvo de explicação mais detalhada na próxima etapa. Finalize a aula questionando se, à luz dos conceitos trabalhados no início da discussão, os exemplos levantados pela turma e ainda não categorizados também são formas de violência.
Retome o conteúdo da aula passada apresentando as imagens e os exemplos citados pelos alunos e que ainda não classificados. Pergunte novamente se tais exemplos são formas de violência e ouça as diferentes opiniões dos alunos. Em seguida, argumente que muitas vezes em nosso cotidiano lidamos e vivenciamos com situações em que a violência não é "perceptível". Ou melhor, nem sempre a violência é física, como uma briga, mas também pode ser psicológica ou simbólica. Violência psicológica é um tipo de violência que geralmente ocorre de forma "indireta", como humilhações, ameaças, palavrões, privação de liberdade, entre outras. Diferente da forma "direta" e explícita da violência física é importante ressaltar o caráter implícito da violência psicológica. A agressão não ocorre necessariamente em seu corpo, mas a violência gera transtornos de natureza psicológica, constrangendo a vítima a adotar comportamentos contra sua vontade ou tirando-lhe a liberdade. Neste caso, a pessoa agredida pode se sentir culpada pelos transtornos que lhe ocorrem, o que dificulta a posterior responsabilização autores dessa violência, como os próprios casos de bullying . Já a violência simbólica é um tipo de atentado, desvalorização ou restrição do patrimônio material ou imaterial de determinado grupo identificado culturalmente. Ou, em outras palavras, são relações estabelecidas entre grupos dominantes e dominados que aparecem de forma "naturalizada". É importante ressaltar, assim como no caso da violência psicológica, que a violência simbólica é sutil e permeia nosso cotidiano de forma implícita. Segundo o sociólogo Pierre Bourdieu, a violência simbólica é um poder exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo que exercem. Isso ocorre porque um grupo absorve de maneira involuntária o discurso de outro. Ela se expressa como uma forma "legítima" de relação entre dominantes e dominados. É possível exemplificar a violência simbólica com a frequente associação feita pela mídia entre o terrorismo e os povos árabes, a presença majoritária de pessoas de cor de pele branca em comerciais de TV, ou mesmo a difusão da ideia de que homens são mais fortes que mulheres o que "justifica" serem "violentos". O conceito de violência simbólica está no livro A reprodução, escrito por Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron. Nele, os autores buscam investigar como as sociedades de classe se reproduzem e como, ao fazerem isso, reproduzem as desigualdades que lhe são inerentes. Neste sentido, a questão que guia os autores no livro é como se processa a reprodução da estrutura de classes sociais. Os autores apontam que, além da posição de classe determinada pelas diferenças econômicas, há uma reprodução cultural, que se enquadra na teoria mais ampla do poder simbólico e que estuda como são impostos os sentidos. Ou seja, de que forma a dominação simbólica reforça e legitima a dominação social.
Nas sociedades de classes existem representações e concepções "espontâneas" acerca dos agentes envolvidos em uma relação. Suas ações "espontâneas", muitas vezes, estão de acordo com as posições que tais agentes possuem na estrutura de classe. Portanto, há uma relação de poder intrínseca aos agentes envolvidos, uma relação de dominação e dominado que é (re) produzida culturalmente. É aí que nasce a ideia de violência simbólica. Segundo Stephen Stoer (2008, p. 86) - A genética cultural da "reprodução". Educação, Sociedade e Culturas, nº26, 85-90: "Todo o poder que exerce violência simbólica, isto é, todo o poder que consegue impor significações e impô-las como legítimas, dissimulando as relações de poder que estão na base da sua força, junta a sua própria força simbólica específica a essas relações de poder» (ibid.: 4). Podemos portanto afirmar que: a) o poder da violência simbólica consiste em impor significados; b) o poder da violência simbólica baseia-se nas relações de poder (a distribuição desigual do poder resultante da sociedade de classes); c) as relações de poder são dissimuladas por processos de legitimação; e d) escondendo as relações de poder, a violência simbólica estabelece-se e aumenta a sua própria força."
Peça, ao final da aula, que os alunos se organizem em grupos e pesquisem diferentes formas de veiculação na mídia da violência e seus tipos. A ideia é que os alunos apresentem em forma de cartaz ou com vídeos, na aula seguinte, os achados e argumentem quais os tipos de violência que pesquisaram e por que classificaram daquela maneira.
AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM Avalie os alunos segundo dois aspectos: participação dos alunos nos debates e na discussão em grupos e na realização da tarefa a ser apresentada posteriormente. Leve em conta se os alunos compreenderam o tema e os conceitos passados. A apresentação em grupo pode ser avaliada da seguinte forma: - Participação de cada membro do grupo na execução e discussão do tema; - A criatividade, organização e apresentação dos trabalhos em grupo.
BIBLIOGRAFIA JOHNSON, Allan. (1997) Dicionário de Sociologia. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar; CADERNO DO PROFESSOR, volume 4 do 2º ano do Ensino Médio da disciplina de Sociologia, elaborado pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. ROSENDO, Ana Paula. A Reprodução: Elementos para uma Teoria do Sistema de Ensino. Disponível em: . Acesso em: 05 dez 2015. LEITE, Pedro Dias. Como Pensam os Criminosos. Veja, São Paulo, Ed.2346, p.19,22-23, 6 nov 2013. Disponível em: . Acesso em: 05 dez 2015.